Projeto e Metodologia de Suspensão
Projeto e Metodologia de Suspensão
Projeto e Metodologia de Suspensão
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24 a 26 de setembro de 2018 no campus Viçosa da UFV
Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica – DEP
Universidade Federal de Viçosa – UFV
Mateus Brener Reis de Sá, Naelton Elias de Souza Cabral, Lucas Vinicius de Bem Juliane,
Lucas Benini Commented [MB1]: Sem acréscimos, apenas reformulei alguns
valores que estavam errados nos padrões de simulação. O resto está
Universidade Federal de Viçosa (UFV), Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica ok.
Campus UFV – CEP:36570-000 – Viçosa – Minas Gerais
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
Resumo: O sistema de suspensão de um carro tipo Fórmula SAE está essencialmente ligado à
segurança do piloto e ao desempenho do veículo. Logo, o projeto de todos seus componentes deve
ser realizado cuidadosamente para que atendam a solicitações em situações normais e de estresse. O
presente trabalho visa dimensionar o balancim do protótipo Fórmula SAE GXE01. Trata-se de um
dispositivo do sistema de suspensão traseira do veículo da equipe Fórmula UFVolts Majorados que
possui duas funções principais, reduzir a força transmitida ao chassi e regularizar o movimento do
carro, visto que a interligação entre ambas as rodas possui princípios de funcionamento similar ao de
uma barra estabilizadora. A simulação do balancim baseou-se na análise por elementos finitos. As
forças impostas pela push rod foram reduzidas de 1893 N para 1163 N e suportadas, de modo que o
coeficiente de segurança estático alcançado foi de 2,32 para o material de Aço AISI 1020. Além disso,
realizou-se a optimização topológica do componente, o que proporcionou uma redução de massa de
27% comparado à massa inicial.
1. INTRODUÇÃO
Entende-se por suspensão veicular o conjunto de componentes responsável por absorver os
choques, vibrações ou irregularidades do solo que seriam transmitidos à estrutura ou ao ocupante.
Além de absorver qualquer tipo de irregularidade, sistemas de suspensão também estão diretamente
ligados à estabilidade e, por consequência, à segurança dos ocupantes (Araújo, 2012). Hoje em dia
existem vários tipos de suspensão aplicados para os mais variados veículos. Os principais tipos de
suspensão são hotchkiss, four-link, trailing arm, multi-link, MacPherson e double wishbone.
Para as mais variadas configurações de veículos tem-se um determinado tipo de suspensão
adequado, como por exemplo, a suspensão adotada no protótipo GXE01 da Universidade Federal de
Viçosa (UFV), consiste no tipo double wishbone com acréscimo do sistema de balancim e pushrods.
Esse tipo de suspensão não preza pelo conforto do usuário, dando prioridade à segurança, adotando
ângulos e medidas que tornam o carro bastante estável nas curvas e nas situações de maior solicitação.
O resultado dessa configuração é uma suspensão bastante dura, que faz com que o piloto se sinta
desconfortável, mas tenha um carro com o máximo de aderência e potência transmitida (Pinto, 2007).
O presente trabalho tem como objetivo de dimensionar e simular o balancim da suspensão
monochoque do protótipo GXE01 da Equipe UFVolts Majorados. O dimensionamento e simulação
deste componente foi efetuado em sistemas CAD/CAE.
2. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
O cálculo estrutural é, indubitavelmente, o aspecto mais visado para garantir a resistência
mecânica do componente, sendo a função do engenheiro projetista de analisar os fundamentos da
Resistência dos Materiais e a natureza física do problema proposto. Contudo, geralmente as estruturas
almejadas possuem geometrias complexas para serem analisadas pelo método matemático de
equilíbrio de estruturas. Por isso, os métodos analíticos com uma forma de resolução numérica de um
sistema de equações diferencias, como o método de elementos finitos, são aplicados para obtenção
de cálculos mais precisos. Na análise computacional utilizando métodos dos elementos finitos simula-
se a estrutura com uma montagem de elementos de modo que a estrutura é modelada por um agregado
de estruturas simplificadas (pontos) conectados por nós (Filho, 2000). Cada ponto é analisado de
forma que se a estrutura como um todo está em equilíbrio, o ponto também estará.
3. TRANSFERÊNCIA DE CARGA
A resposta do veículo em situações de curvas proporciona uma transferência lateral de carga,
causada especialmente pela inércia, de modo que aumenta a carga nas rodas externas e diminui nas
internas. A quantidade de massa transportada depende de fatores como altura do centro de gravidade,
raio da curva e velocidade. Milliken (1995) propõe que a transferência lateral pode ser calculada pela
Eq. (1):
𝑚𝑒 𝑥𝑎𝑐 𝑥ℎ𝑐𝑔
∆𝑙𝑎𝑡 = (1)
𝑏𝑒
4. METODOLOGIA
O desdobramento do estudo dividiu-se em três etapas. Primeiramente, foi feita uma revisão
bibliográfica sobre dinâmica veicular, voltada especialmente para projetos de suspensão e para
análises por elementos finitos. Posteriormente, desenvolveu-se todos os cálculos e tomadas de
decisões visando dimensionar um sistema de suspensão otimizado para atender aos interesses da
Equipe UFVolts. Por fim, realizou-se as análises de resistência do componente em sistemas
CAD/CAE com os valores das forças aplicadas no balancim para avaliar sua resistência conforme o
material de fabricação disponível para utilização da equipe.
Cabe salientar que as chapas de fixação entre push rod e balancim foram projetadas para a
mesma angulação da fixação entre push rod e braços de suspensão, de modo que não será necessário
a análise das forças decompostas (Fig. 2). Acresce que será considerada a hipótese de que a força
suportada pelo balancim possui seu valor crítico quando o carro está em movimento realizando uma
curva em alta aceleração (1.5 G) e com alta transferência de carga lateral. A transferência de carga
longitudinal não foi considerada por possui efeito menor sobre a traseira do carro (considerando
arranque, já que o balancim está posicionado no eixo traseiro do veículo).
Figura 2 – Vista traseira do balancim com angulação com chapas de fixação da push rod.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Forças atuantes no veículo
Após o mapeamento dos parâmetros da Tab. 1, aplicou-se os devidos valores às incógnitas da Eq.
(1) e encontrou-se as relações apresentadas pela Tab. 2. Nota-se que os valores obtidos para a roda externa
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variam conforme os braços de alavancas formados entre as forças da roda até o push rod e que a força no
amortecedor corresponde ao deslocamento esperado na mola (0,1 m).
A força transmitida pela push rod tende a mover o balancim em movimento rotacional com
relação ao seu eixo. Considerou-se que o deslocamento da mola do amortecedor será igual ao arco do
movimento do balancim e, dessa maneira, encontrou-se uma posição de equilíbrio com a variação de
57,76°. Dessa forma, em equilíbrio estático, a força no balancim será de 1.163,53 N, proporcionando
uma redução de 19% com relação a força aplicada na roda.
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Figura 4 – Redução de massa do balancim indicada pelo software Ansys®.
Após a reformulação da geometria com os alívios de massa, realizou-se uma nova simulação para
verificar a máxima tensão sobre o balancim. O software Ansys® retornou o valor de tensão máxima igual
à 169,97 MPa (Fig. 6).
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5.4 Fator de Segurança
Dado o valor de tensão máxima obtido no item anterior, calculou-se o fator de segurança para o
componente em questão pela Eq. (2):
Sendo a tensão máxima prevista para a peça a fornecida pelo software Ansys® de 169,97 MPa e a
tensão de escoamento de 393 MPa (Norton, 2013), o coeficiente de segurança calculado é de 2,32.
6. CONCLUSÕES
Este trabalho apresentou o dimensionamento e simulação numérica do balancim do sistema de
suspensão para o protótipo GXE01 da Equipe UFVolts Majorados. Visto o exposto, conclui-se que:
O projeto final do balancim atende as solicitações impostas pelo projeto do protótipo GXE01,
apresentando um coeficiente de segurança de 2,32;
A otimização topológica proporcionou uma redução de 27% com relação ao projeto inicial,
mantendo o desempenho e funcionalidade do componente;
Redução de 19% da força aplicada na roda em relação à força transmitida para o conjunto mola-
amortecedor.
Em trabalhos futuros, cabe o estudo da viabilidade de fabricação do componente, visto que
apresenta uma complexa geometria.
7. AGRADECIMENTOS
À Equipe Fórmula UFVolts Majorados, por todo apoio, aprendizado e amizade. Ao
Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica (DEP) e à UFV pelo suporte no Projeto
Fórmula UFVolts Majorados.
8. REFERÊNCIAS
MILLIKEN, W. F.; MILLIKEN, D. L. “Race Car Vehicle Dynamics”. SAE Inc Editions. 1995.
FILHO, A. A. “Elementos Finitos: A Base da Tecnologia CAE”. 2.ed. São Paulo: Editora Érica. 2000.
PINTO, T. H. A. “Projeto e Desenvolvimento do Sistema de Suspensão e Direção de um Veículo
Fórmula SAE”. Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) – Centro de Tecnologia,
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, 2007. 78f.
SODRÉ, D. J. R. “Análise Plástica Limite por Elementos Finitos e Programação Matemática”. Tese
(Doutorado em Engenharia Aeronáutica e Mecânica) - Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São
José dos Campos, 2007. 211 f.
BARROSO, D.A. “ESTUDO DO BALANCIM DA SUSPENSÃO DO PROTÓTIPO FÓRMULA
SAE”. Monografia (Graduação em Engenharia Mecânica) – Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, CE, 2009. 65f.
NORTON, R. L. “Projeto de Máquinas”. 4.ed. Worcester: Bookman. 2013.
9. APÊNDICES
Para análise da força que reagiria ao movimento rotacional do balancim, era necessário analisar a
resposta da força do conjunto mola-amortecedor. Para isso, realizou-se o teste de compressão da mola,
conforme a Fig. A-1.
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Fig. A-1 – Ensaio de compressão da mola.
Os dados coletados da máquina de compressão são plotados na Fig. A-2. Cabe salientar que o
coeficiente da reta do respectivo gráfico indica o valor da constante elástica (K) da mola, de 1.4716 N/m
(FigA-2).
1000
900 y = 14716x - 5.7197
800 R² = 0.9986
700
600
500
400
300
200
100
0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.12
Deslocamento da Mola (m)