Escala Agressividade

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Maria Inês Bustamante

BUSCA DE EVIDÊNCIAS DE VALIDADE: ESCALA PARA


AVALIAÇÃO DE TENDÊNCIA À AGRESSIVIDADE

Apoio:

ITATIBA
2014
i
Maria Inês Bustamante

BUSCA DE EVIDÊNCIAS DE VALIDADE: ESCALA PARA


AVALIAÇÃO DE TENDÊNCIA À AGRESSIVIDADE

Dissertação/Tese apresentada ao Programa de


Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da
Universidade São Francisco, Área de
Concentração - Avaliação Psicológica, para
obtenção do título de Doutor.

ORIENTADOR: PROF. DR. CLÁUDIO GARCIA CAPITÃO

ITATIBA
2014
ii

157.93 Bustamante, Maria Inês.


B99b Busca de evidências de validade: Escala para Avaliação de
Tendência à Agressividade / Maria Inês Bustamante – Itatiba, 2014
99 p.

Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação


Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.
Orientação de: Cláudio Garcia Capitão.

1. Avaliação psicológica. 2. Agressividade. 3. Universitários


4. Suporte familiar. 5. Qualidade de vida. I Capitão, Cláudio
Garcia. II. Título.

.
iii
iv
Dedicatória

Dedico este trabalho primeiramente aos meus filhos, Mariana e André por
iluminarem minha vida.
Dedico também aos meus pais, Luiz e Mádia, meus mestres e incentivadores
maiores, sempre no meu coração e em meus pensamentos.
Dedico ainda à Cecília, Zé, Júlia, Eduardo, Joana, Natália, Paulinho, Duduti, Rita,
Augusto, Vinícius, Cléssio e Carolina.
Nada seria possível sem a melhor família do mundo!
v
Agradecimentos

Agradeço primeiramente ao professor Fermino Fernandes Sisto pelo incentivo inicial para
este doutorado.
Ao professor Cláudio Garcia Capitão pela disponibilidade em assumir minha orientação e
me acompanhar até aqui.
Ao professor Dr. Marcos Antônio Batista pela amizade, parceria e paciência com todas as
minhas dúvidas e por participar das Bancas de qualificação e defesa.
Aos professores Dra. Monalisa Muniz Nascimento, Dr. Rodolfo Augusto Matteo Ambiel e
Cristian Zanon, pelas contribuições na Qualificação desta Tese e pela disponibilidade em
fazer parte novamente da Defesa final.
Aos professores Mayra Silva de Souza e Lucas de Francisco Carvalho por aceitarem ficar
de prontidão para a suplência das Bancas de qualificação e Defesa
Às professoras Dra. Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly e Dra. Claudette
Maria Medeiros Vendramini pela amizade, ensinamentos e exemplo de grandes
pesquisadoras.
Às amigas Sandra Maria Sales Oliveira e Eliane Sousa de Oliveira Fernandes pelo
companheirismo e pelas viagens que acabavam parecendo passeios, pela boa companhia.
Aos dirigentes e alunos da Universidade onde foi feita a coleta de dados, pela
disponibilidade e cooperação.
À colega Sandra Maria Garcia de Aquino e a todos os professores do Curso de Psicologia
da Univás que me apoiam e incentivam sempre.
Às mais que amigas Marcilena e Mariana pela revisão das traduções.
Aos meus filhos ..... sem palavras.....são meus amores.
À minha grande incentivadora e parceira de todas as horas, minha irmã, Cecília.
À Joana, que chegou apressadinha me fazendo querer concluir o quanto antes este trabalho,
para ser uma tia avó mais presente em sua vida.
vi
Resumo

Bustamante, M. I. (2014). Busca de Evidências de Validade: Escala para Avaliação de


Tendência à Agressividade. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Psicologia, Universidade São Francisco, Itatiba, São Paulo.

A presente tese de Doutorado tem como objetivo buscar evidências de validade para a
Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade – EATA, e para isso dividiu-se o
trabalho em três estudos. Primeiramente será apresentada, em um artigo teórico, uma
revisão da literatura quanto aos diferentes modelos explicativos do comportamento
agressivo. Estes modelos teóricos perfazem uma teia complexa de interações de fatores
ambientais e pessoais como potencialmente responsáveis pela ocorrência do
comportamento agressivo. O segundo artigo apresenta o estudo de busca de evidências de
validade baseadas na estrutura interna para a EATA. Participaram do estudo 480
universitários, com idade entre 18 e 55 anos, com média de 24 anos, de cursos nas áreas de
Ciências Humanas (41,2%), Ciências Biológicas (41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), de
uma Universidade do Sul de Minas Gerais. Foi realizada Análise Fatorial Confirmatória,
sendo que modelo testado não se apresentou apropriado para o conjunto de dados
observados. Procedeu-se então à Análise Fatorial Exploratória, que resultou em uma escala
com 32 itens, subescala A com 18 itens ( alfa de Cronbach = 0,83), subescala B com 6 itens
(alfa de Cronbach = 0,75) e subescala C com 7 itens ( alfa de Cronbach = 0,63). Nas duas
análises não se confirmou a estrutura original e para a amostra estudada se propõe uma
nova configuração do instrumento. No terceiro artigo, utilizando a Escala para Avaliação de
Tendência à Agressividade definida no artigo anterior e nomeada EATA- Novo Estudo,
será apresentado o estudo de busca de evidências de validade baseadas nas relações com
outras variáveis, sendo o Inventário de Percepção de Suporte Familiar – IPSF e o
WHOQOL-Bref, questionário de avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial
da Saúde - OMS. Foram encontradas correlações significativas entre os três instrumentos,
indicando que os construtos tendência à agressividade, percepção do suporte familiar e
qualidade de vida estão parcialmente relacionados.

Palavras-chave: avaliação psicológica; agressividade; universitários; suporte familiar;


qualidade de vida.
vii
Abstract

Bustamante, M. I. (2014). Search for evidence of Validity: Scale for the Assessment of
tendency to Aggressiveness. Doctoral Thesis, Stricto Sensu Graduate Program in
Psychology, Universidade São Francisco, Itatiba, São Paulo.

This Doctoral thesis aims to search for evidences of validity to the Scale for the Assessment
of Tendency to Aggressiveness - EATA. At first will be presented, in a theoretical article, a
review of the literature regarding the differents aggressive behavior explanatory models.
These theoretical models make up a complex web of interactions between environmental
and personal factors as potentially responsible for the occurrence of aggressive behavior.
The second article presents the study to search for evidence of validity based on internal
structure to EATA. Study participants were 480 university students, aged between 18 and
55 years, with an average of 24 years, of courses in the areas of Human Sciences (41.2 % ),
Biological Sciences (41.2 %) and Exact Sciences (17.5 % ), of an University of the South
of Minas Gerais. Was performed Confirmatory Factor Analysis, and model tested was not
appropriate for the set of observed data. Then was performed the Exploratory Factor
Analysis, which resulted in a scale with 32 items, subscale A with 18 items (Cronbach's
alpha = 0.83), subscale B with 6 items (Cronbach's alpha = 0.75) and subscale C with 7
items (Cronbach's alpha = 0.63). In both analyzes were not confirmed the original structure
and for the studied sample it is proposed a new instrument configuration.The third article
will be presented the study with the Scale for the Assessment of a tendency to
Aggressiveness set in the previous study, and which will be named EATA- New Study, in
search of evidence of validity based on relations with other variables, being the Inventory
of Perception of Family Support - IPSF and WHOQOL-Bref questionnaire for the
evaluation of Quality of Life te World Health Organization WHO. Significant correlations
were found between the three instruments, indicating that the constructs tendency toward
aggressiveness, perception of family support and quality of life are partially related.

Keywords: psychological assessment; aggressiveness; university students; family support;


quality of life.
viii
Resumen

Bustamante, M. I. (2014). Búsqueda de Evidencias de validez: Escala de Evaluación de la


Tendencia a la Agresividad. Tesis Doctoral, Programa Posgrado Stricto Sensu en
Psicología de la Universidade de São Francisco, Itatiba, São Paulo.

Esta tesis doctoral tiene como objetivo buscar evidencias de validez de la Escala de
Evaluación de la Tendencia a la Agresividad - EATA. En primer lugar se presentará en un
artículo teórico, una revisión de la literatura sobre los diferentes modelos explicativos de la
conducta agresiva. Estos modelos teóricos conforman una compleja red de interacciones de
los factores ambientales y personales como potencialmente responsables de la aparición de
la conducta agresiva. En el segundo artículo se presentará el estudio de la búsqueda de
evidencias de la validez basada en la estructura interna de la EATA. Los participantes del
estudio fueron 480 estudiantes universitarios entre 18 y 55 años, con una media de 24 años
de cursos en las áreas de Ciencias Humanas (41,2%), Ciencias Biológicas (41,2%) y
Ciencias Exactas (17,5% ), de la Universidad del Sur de Minas Gerais. Se realizó la
Análisis Factorial Confirmatoria siendo que el modelo de prueba no se presentó apropiado
para el conjunto de datos observado. A continuación, se procedió a la Análisis Factorial
Exploratoria, que se tradujo en una escala con 32 ítems, la subescala con 18 artículos (alfa
de Cronbach = 0,83) subescala B con seis puntos (alfa de Cronbach = 0,75) y C subescala
con 7 ítems (alfa de Cronbach = 0,63). Sin embargo, en ambos análisis no se ha confirmado
la estructura original y para la muestra estudiada se propone una nueva configuración del
instrumento. En el tercer artículo se presentará el estúdio con la Escala de Evaluación de la
Tendencia a la Agresividad definida en el estudio anterior, y será nombrado EATA- Nuevo
Estudio, en la búsqueda de evidencias de validez basada en las relaciones con otras
variables, el Inventario de Percepción de Apoyo Familiar - IPSF y el WHOQOL-Bref,
cuestionario de Evaluación de la Calidad de Vida de la Organización Mundial de la Salud -
OMS. Se encontraron correlaciones significativas entre los tres instrumentos, indicando que
los constructos tendencia hacia la agresividad, la percepción de apoyo familiar y la calidad
de vida se relacionan parcialmente.

Palabras clave: evaluación psicológica; agresividad; universitarios; apoyo familiar; calidad


de vida.
ix

Sumário
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................x

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ...................................................................xi

LISTA DE ANEXOS ..........................................................................................................xii

APRESENTAÇÃO................................................................................................................. 1

ARTIGO 1 .............................................................................................................................. 4

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5

CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................ 23

REFERÊNCIAS .... ........................................................................................................... 23

ARTIGO 2 ............................................................................................................................ 29

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 31

MÉTODO ............................................................................................................................. 40

Participantes ................................................................................................................... 40

Instrumentos..................................................................................................................... 40

Procedimentos .................................................................................................................42

RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 43

CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................. 53

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 54

ARTIGO 3 ........................................................................................................................... 58

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 60

MÉTODO ............................................................................................................................. 71

Participantes ................................................................................................................... 71

Instrumentos..................................................................................................................... 71

Procedimentos .................................................................................................................74

RESULTADOS ................................................................................................................... 75
x
DISCUSSÃO ........................................................................................................................78

CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................. 83

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 84

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................90

ANEXOS ..............................................................................................................................92
xi
Lista de tabelas

Artigo 2 - Busca de evidências de validade baseadas na estrutura interna da EATA

Tabela 1- Análise Fatorial Exploratória com extração de itens com valor > 0,30................45

Tabela 2- Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo feminino ................. 46

Tabela 3- Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo masculino ................47

Tabela 4- Análise Fatorial Exploratória com extração de itens com carga fatorial >0,35..48

Tabela 5- Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo feminino ....................51

Tabela 6- Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo masculino ..................51

Tabela 7- Precisão dos itens da EATA por fator ..................................................................53

Artigo 3 - Tendência à agressividade: evidências de validade com base nas relações

com outras variáveis.

Tabela 1-Correlação entre fatores EATA - Novo Estudo e IPSF ....................................... 76

Tabela 2- Correlação entre fatores da EATA- Novo Estudo e do Whoqol- Bref ............... 77
xii

Lista de abreviaturas e símbolos

AERA – American Educational Research Association

APA – American Psychological Association

BPAQ – Buss Perry Aggression Questionnaire

CBCL – Child Behavior Checklist

CFP – Conselho federal de Psicologia

CID-10 – Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde

DIF – Funcionamento Diferencial dos Itens

DP – Desvio Padrão

DSM IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4ª ed.

DSM V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª ed.

EATA – Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade

IPSF – Inventário de Percepção de Suporte Familiar

MGA – Modelo Geral de Agressão

NCME – Nacional Council on Measurement in Education

OMS – Organização Mundial da Saúde

WHOQOL_Bref – Instrumento abreviado de Avaliação da Qualidade de Vida


xiii

Lista de Anexos

Anexo 1- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .....................................................92

Anexo 2- Ficha de Caracterização .......................................................................................93

Anexo 3- Carta de autorização para coleta de dados ...........................................................94

Anexo 4 - Pedido de autorização para coleta de dados ........................................................95

Anexo 5 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa .......................................................96

Anexo 6 - WHOQOL-Bref....................................................................................................97
1

Apresentação

O homem demorou muitos séculos para entender as diferenças individuais, os

comportamentos estranhos, os problemas mentais graves, e para isso lançou mão das mais

variadas explicações às quais o distanciavam da realidade de encarar esses processos como

parte da condição humana. Muitos cientistas no início do século XIX preocupavam-se com

a mensuração das diferenças individuais ou com o que havia de comum no comportamento

das pessoas, e nesse contexto surgiram os testes psicológicos (Werlang, Villemor Amaral &

Nascimento, 2010).

Quanto mais se moderniza a sociedade, mais variadas e urgentes se tornam as

necessidades de avaliar o comportamento das pessoas de uma forma mais precisa, porque

com base em tais avaliações são tomadas decisões que afetam profundamente a vida dessas

mesmas pessoas. Dessa forma, faz-se necessário realizar avaliações confiáveis, pois,

segundo Pasquali (2001), a avaliação afeta toda a atividade humana.

A avaliação psicológica é uma das mais importantes competências profissionais do

psicólogo, que utiliza de diversas técnicas, para o entendimento do comportamento

psicológico de pessoas e grupos (Tavares, 2003). O teste psicológico é uma das técnicas

utilizadas na avaliação psicológica, pelo qual se pode fazer inferências sobre a conduta e

funcionamento cognitivo e emocional do indivíduo avaliado (Muñiz, 2004).

“A responsabilidade social da Psicologia se expressa por meio de seus métodos e suas

técnicas, os quais devem ser confiáveis, válidos e fidedignos para a população na qual eles

serão empregados” (CFP, 2010, p.16). Neste sentido, sempre houve por parte da

Associação Psicológica Americana (APA), e também por outras instituições correlatas, a


2

preocupação com relação à cientificidade dos testes psicológicos, demonstrando uma

necessidade de estabelecer critérios para a padronização e uso dos testes. A legitimidade

dos testes precisa ser fundamentada em estudos que comprovem suas qualidades

psicométricas, de forma a estarem adequados às especificações que garantam

reconhecimento e credibilidade por parte da comunidade científica e dos leigos (Noronha &

Vendramini, 2003).

A escolha do tema deste estudo teve o propósito de atender uma das principais

demandas da avaliação psicológica, quanto à oferta de instrumentos qualificados e que

auxiliem no direcionamento de investigações diagnósticas com maior segurança. A Escala

para Avaliação de Tendência à Agressividade – EATA, criada por Sisto (2012) preenche

uma lacuna quanto à escassez de instrumentos publicados para avaliar a agressividade

relacionada a jovens e adultos.

O tema agressividade tem sido uma preocupação da sociedade como um todo e

avaliações confiáveis deste construto poderão contribuir no entendimento e prevenção do

comportamento agressivo. As pesquisas, no Brasil, que tratam do conceito agressividade, se

relacionam principalmente à violência dentro e em relação à escola, com informações

aferidas indiretamente, ou seja, por meio de relatos de pais e professores e relacionadas em

sua maioria a crianças.

A EATA teve seu manual publicado pela Editora Casa do Psicólogo e passou a fazer

parte da lista dos testes aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia em 2012. Segundo

Borsa e Bandeira (2011), mesmo que o instrumento apresente propriedades psicométricas

satisfatórias nos estudos originais, tais resultados não podem ser generalizados para outros

estudos, são necessários novos estudos para verificar a qualidade do instrumento naquela
3

amostra e contexto específico. Neste sentido, propôs-se buscar evidências de validade para

a EATA.

O presente estudo está organizado em forma de artigos científicos, com vistas à

submissão e futura publicação em periódicos. Serão apresentados três artigos, sendo um

teórico e dois empíricos.

O primeiro irá elucidar sobre o tema da Agressividade, trazendo visões diferentes de

diversas abordagens teóricas que têm sido utilizadas pela psicologia para a compreensão do

comportamento agressivo, desde as teorias clássicas até teorias mais atuais e algumas

formas de classificações a partir das mesmas. O segundo Artigo versa sobre evidências de

validade baseadas na estrutura interna da Escala para Avaliação de Tendência à

Agressividade – EATA, apresentando a Análise Fatorial Confirmatória e Análise Fatorial

Exploratória. O Artigo 3 apresenta a Análise de Evidências de Validade em Relação a

outras Variáveis, por meio do Inventário de Percepção do Suporte Familiar - IPSF e do

Instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde - WHOQOL-Bref.

Assim sendo, aventa-se a hipótese, a partir dos resultados obtidos, de que havendo uma

maior tendência à agressividade encontrar-se-á percepção negativa do suporte familiar e

pior percepção da qualidade de vida pelos jovens participantes desta pesquisa.


4

ARTIGO 1

CONSIDERAÇÕES SOBRE AGRESSIVIDADE

CONSIDERATIONS ABOUT AGGRESSIVENESS


CONSIDERACIONES ACERCA DE LA AGRESIVIDAD

Maria Inês Bustamante (1), Universidade São Francisco, Itatiba

Cláudio Garcia Capitão (2), Universidade São Francisco, Itatiba

Sobre os autores:

1. Psicóloga, Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP. Docente do Curso de


Graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Sapucaí.
e-mail: [email protected]

2. Psicólogo, Especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar, Pós-Doutorado em


Psicologia Clínica pela PUC-SP. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-
Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.
e-mail: [email protected]
End.: Av. Alexandre Rodrigues Barbosa, 45 – CEP 13251-900 – Itatiba/SP – Brasil.
Fones: +55 (11) 4534-8046 | +55 (11) 4534-8046

RESUMO

A agressividade configura-se como um construto complexo e multidimensional, que possui


diferentes definições e múltiplas variáveis envolvidas. O comportamento agressivo é
definido como o ato ou conduta intencional, que visa causar algum dano físico ou
psicológico a alguém ou a um grupo de pessoas. O presente artigo tem como objetivo
apresentar as diferentes perspectivas teóricas que têm sido utilizadas pela psicologia para a
compreensão do comportamento agressivo, desde as teorias clássicas como a Teoria dos
Impulsos ou Instintos, Teoria da Frustração Agressão e Teoria do Aprendizado social, até
teorias mais atuais como a teoria Neoassociacionista de Berkowitz, Teoria do
Processamento da Informação Social, Teoria do Interacionismo Social e o Modelo Geral de
Agressão.

Palavras Chave: psicologia, comportamento agressivo, modelos teóricos.


5

ABSTRACT

The aggressiveness is configured as a complex and multidimensional construct, which has


different definitions and multiple variables involved. The aggressive behavior is defined as
intentional act or conduct that aims to cause any physical or psychological damage to
someone or a group of people. The present article aimed to present these theories and some
forms of classifications from the same. Different theoretical perspectives have been used by
psychology to the understanding of aggressive behavior, since the classical theories such as
the Theory of Impulses or Instincts, Theory of Frustration-aggression and Social Learning
Theory, until more current theories as Neoassociacionist Theory of Berkowitz, Theory
Social Information Processing, Theory of Social Interactionism and the General Model of
Aggression.

Key words: psychology, aggressive behavior, theoretical models.

RESUMEN

La agresividad se caracteriza por ser um constructo complejo y multidimensional que posee


distintas definiciones y múltiples variables involucradas. El comportamiento agresivo se
define como el acto o la conducta intencional, que tiene como objetivo causar cualquier
daño físico o psicológico a una persona o a un grupo de personas. El presente artículo
tenían como objetivo presentar estas teorías y algunas formas de clasificaciones a partir de
ellas. Diferentes perspectivas teóricas han sido utilizado por la psicología para la
comprensión de la conducta agresiva desde las teorías clásicas, como la teoría de los
impulsos o instintos, teoría de la Frustración Agresión y la teoría del Aprendizaje Social,
incluso teorías más actuales como la teoría de la Neoasociacionista Berkowitz, teoría del
Interaccionismo Social y el Modelo General de Agresión.

Palabras clave: psicologia, comportamiento agresivo, modelos teóricos.

INTRODUÇÃO

O homem deveria humanizar-se na medida em que cresce e adquire experiência.

Humanizar-se no sentido de diferenciar-se dos animais, valorizando virtudes como justiça,

compaixão, amor, tolerância, entre outras, porém, num mundo tão cheio de divergências e

contrastes sociais, as relações humanas parecem correr perigo. A agressividade é uma das

tendências na resolução de conflitos interpessoais e com presença constante na mídia.


6

Parece plausível falar em um aumento epidêmico de “fenômenos agressivos” na

sociedade, e isso tem sido foco da mídia quando diferentes jornais e programas de TV

apresentam diariamente várias formas de expressão das condutas agressivas e antissociais.

Vale ressaltar que o Conselho Nacional do Ministério Público divulgou uma pesquisa em

2012, elaborada a partir de inquéritos policiais de 2011 e 2012 objetivando verificar a

proporção de assassinatos acontecidos por motivos fúteis e/ou por impulso. Foram

incluídos nessa categoria brigas, ciúmes, conflitos entre vizinhos, desavenças, discussões,

violências domésticas, desentendimentos no trânsito, dentre outros. No ano de 2013, o

Ministério da Justiça divulgou também uma pesquisa no mesmo sentido, verificando um

alto percentual de crimes praticados com armas de fogo em situações cotidianas, como

brigas entre vizinhos e violência doméstica (Waiselfisz, 2013).

Estudos relacionados a este construto poderão contribuir, acredita-se, com o

desenvolvimento de políticas e programas de prevenção e controle de alguns problemas

sérios que são correlatos com o comportamento agressivo. Neste sentido o presente artigo

apresenta alguns aspectos conceituais sobre agressividade, desde modelos biológicos a

modelos psicológicos, que dão conta de uma teia complexa de interações entre fatores

ambientais e pessoais, de natureza cognitiva, emocional e fisiológica. A frustração, o afeto

negativo, a aprendizagem, o processamento deficiente de informação, assim como

diferentes combinações destes processos são considerados como potenciais responsáveis

pela ocorrência de comportamentos agressivos.

A palavra Agressividade deriva do latim (ad gradior), significando um movimento

(gradior) para a frente (ad) e, portanto, uma forma de ir à procura de metas, mover-se

ativamente para um objeto qualquer, dando a ideia de uma disposição para enfrentar

obstáculos, de não recuar. Em outras palavras, trata-se de uma manifestação de força e


7

afirmação pessoal (Zimerman, 2001). O termo agressividade, com o tempo, passou a ter

dois significados bem distintos: um positivo de força, de afirmação e de exercício do poder

pessoal, de capacidade para superar obstáculos; e outro negativo de hostilidade, de ofensa

às pessoas, de disposição para a violência e para a lesão física ou moral.

As definições quanto à agressão e agressividade encontradas são várias, dependendo

dos modelos teóricos adotados. De acordo com o Dicionário de Psicologia Dorsch (2001)

sobre a origem da agressão, confrontam-se três concepções, que serão vistas adiante: Teoria

dos Impulsos ou Instintos de Freud e de Lorenz; Hipótese da Frustração-Agressão de

Dollard e Miller; e a Teoria do Aprendizado Social , de Bandura e Walters.

A visão psicanalítica clássica, além de suas contribuições que ainda se fazem

presentes nas discussões sobre o tema, inspirou muitos autores ao estudo sobre a

agressividade e posteriormente outras abordagens começaram a questionar a ideia de

impulso, instinto, abrindo caminhos para pesquisas sobre fatores de aprendizagem presentes

em vários estudos publicados. Sem a pretensão de apresentar a totalidade destes estudos,

alguns poderão elucidar este estudo sobre o tema.

Apesar da Etologia e da psicanálise serem teorias distintas, verificam-se na literatura

alguns pontos em comum entre elas, por exemplo, a visão de que o impulso agressivo é

inato e assim, inevitável. A Etologia enfatiza a determinação genética do comportamento, e

foi fortemente influenciada pela teoria evolucionista de Darwin. Lorenz (1995) a define

como sendo o ramo da Biologia voltado para o estudo comparado do comportamento

humano e animal.

Konrad Lorenz desenvolveu uma série de estudos e postulações teóricas sobre o

comportamento agressivo verificado em homens e em animais, como por exemplo, o

Clássico livro “Agressão” (1973), resultado de minuciosa pesquisa sobre o comportamento


8

agressivo. Para o autor a agressividade é um instinto como qualquer outro e, em condições

naturais, é essencial para a preservação da vida, para a organização social e para a

manutenção e sobrevivência da espécie.

A Etologia traz à tona a determinação genética do comportamento, e quanto a isto,

Carvalho (1998) ressalta que o controle genético não exclui efeitos da experiência.

Expressões de medo, raiva e alegria são muito precoces e universais, porém a criação é que

garantirá o desenvolvimento dos padrões instintivos de apego com suas ligações com o

medo, protestos de raiva, tanto à separação involuntária da figura de apego quanto à

aproximação involuntária ou abrupta de estranhos, para as crianças. A compreensão desses

processos requer um entendimento das características da natureza do indivíduo, em

interação com seu ambiente (Bussab, 2000).

A postulação teórica a respeito da agressão formulada por Lorenz é sustentada por

dois elementos básicos, sendo: a) tanto homens quanto animais são dotados de

agressividade e esta é reservada à sobrevivência do indivíduo e da espécie e b) a agressão

pode ser represada e manifesta por razões internas devido ao acúmulo de energia do

impulso agressivo represado anteriormente, o que para o autor explicaria os impulsos

assassinos e cruéis do homem. Quanto aos impulsos represados, Lorenz postula ainda que

mesmo sem estímulos externos, a energia do impulso represado pode ser tão intensa que

poderá explodir sem motivo aparente. Neste sentido, a agressão não é uma reação aos

estímulos externos e sim resultado de uma excitação elaborada internamente, ou seja, a

espontaneidade do instinto é que torna a agressividade perigosa.

Alguns processos de “desumanização” mencionados por Lorenz (1973) mostram

desajustes provocados pelo modo de vida atual, ou seja, pelas características do ambiente

contemporâneo em contraste com o ambiente natural. A exemplo disto cita a densidade


9

demográfica, a superpopulação parece desencadear uma defesa da profusão de contatos

sociais, ao que o homem não está naturalmente preparado e que favorece um tipo de

desumanização e agressividade. Outras características ainda citadas por Lorenz que

contribuem para o desequilíbrio dos sistemas naturais de relacionamento são, a tecnologia

que cega as pessoas para certos valores e as priva de tempo para atividades humanas; a

ruptura de tradições que impedem as gerações mais jovens de se entenderem com os mais

velhos, perturbando as identificações; o armamento artificial intensificado em armas de

longa distância cada vez mais destruidoras; fazendo a quebra do equilíbrio natural.

Ainda na obra de Lorenz, “Agressão” (1973), este refere que é nosso dever

aprofundar o conhecimento do nosso próprio comportamento e das conexões causais que o

regulam, e dentre as várias linhas de estudo, cita o estudo das possibilidades de descarregar

sobre objetos de substituição a agressão em sua forma primitiva, também o estudo

psicanalítico da sublimação, forma tipicamente humana de catarse que poderá distender as

pulsões agressivas reprimidas. Ferrari (2006), quanto ao estudo da psicanálise, refere que

rastrear o assunto agressividade na obra de Freud significa deparar-se com vários conceitos

como, autoerotismo, narcisismo, sadismo, masoquismo, tendência restituitória, pulsão de

morte, o mito do Pai, e termos como hostilidade, crueldade, intenção e tendência agressiva,

todos eles ligados a Eros e Thanatos.

Kristensen, Lima, Ferlin, Flores e Hackmann (2003) enfatizam que para Freud a

agressividade começa a se formar junto ao desenvolvimento do indivíduo. Em “O ego e o

id” (1923/1996), Freud fala sobre duas pulsões que englobam os instintos, sendo a pulsão

de vida, Eros, que abarca todas as pulsões que objetivam a criação ou manutenção da

unidade tais como as pulsões sexuais e as de autoconservação e a pulsão de morte,

Thanatos, que visa eliminar as tensões. Um derivado importante do instinto de morte é a


10

agressividade, que aparece como autodestruição quando voltada para o interior, podendo

também voltar-se para fora, como pulsão de agressão. Neste segundo caso, essa pulsão está

a serviço de Eros, pois destrói outro objeto ao invés de destruir seu próprio eu.

A agressividade humana, segundo Freud, está inscrita na ordem social, referente à

herança de uma lei a que o humano se submete. Dessa forma, para Freud, no humano há

hostilidade e ódio. Tais afetos expressam que há uma intenção agressiva por parte do eu, ou

seja, algo diferente de instinto agressivo. Ao afirmar que o ódio não é simplesmente o

negativo do amor, ele dá provas de já ter à sua disposição uma complexa teoria

metapsicológica da agressividade. A tese central de Freud está contida na sua afirmação de

que “os verdadeiros protótipos da relação de ódio não provém da vida sexual, mas da luta

do ego para preservar-se e manter-se” (Freud, 1915/1996, p.160).

Contrariando Freud, que privilegiou a libido, Klein (1930/1996) tomou como foco a

agressividade e sua influência no desenvolvimento psíquico, afirmando que a angústia tem

sua origem no excesso de agressividade experimentado pelo bebê nos primeiros meses de

vida. Explica que o ego é obrigado a lidar com a angústia que advém desse excesso

pulsional, tendo assim, que criar mecanismos defensivos, expulsando de si a agressividade

e dirigindo-a contra o objeto com a intenção de destruí-lo. A agressividade então se torna

fonte de perigo, pois ao liberar a angústia, estabelece-se o medo da retaliação por parte do

objeto atacado. É importante frisar que assim como Freud, Klein coloca a angústia como

promotora de mecanismos de defesa, que utilizados pela criança, serão atualizados na vida

adulta à medida que o sujeito vivencie situações geradoras de angústia. Klein (1946/1991)

ainda afirma que a angústia é derivada da pulsão de morte assumindo especificamente a

forma da agressividade.
11

Para Bion (1991) a formação do pensamento tem como ponto de partida a frustração

de algumas necessidades básicas que são impostas ao bebê, e sua capacidade menor ou

maior de tolerar o ódio resultante de frustrações. Quando a capacidade de tolerância é

insuficiente, a experiência é internalizada como algo mau que deve ser expulso e a criança

reage com agitação e o adulto com atuações.

Costa (1986, p.30), psicanalista brasileiro que tem se dedicado ao tema, fala de

violência como “o emprego desejado da agressividade, com fins destrutivos” e

principalmente percebida por quem observa ou recebe esta agressividade, havendo assim a

intencionalidade na agressão, ou seja, uma ação violenta. Portanto, para o autor, só há

violência “quando o sujeito que sofre a ação agressiva sente no agente da ação um desejo

de destruição.” A agressividade, ao contrário da violência, inscreve-se dentro do próprio

processo de construção da subjetividade, uma vez que seu movimento ajuda a organizar o

labirinto identificatório de cada sujeito.

Vilhena e Maia (2002) ainda contribuem com a temática quando afirmam que a

tendência antissocial e a agressividade podem tomar vários rumos, dependendo do papel

que a família desempenha. Para as autoras, a violência que hoje se vê está relacionada à

família que deveria ser a referência e o suporte à agressividade do bebê e do adolescente

que infringe regras, e hoje tem falhado em seu papel de contenedora dos impulsos

agressivos, que acabam por transformarem-se em destrutividade, violência e delinquência.

Quanto à agressividade especificamente, as mesmas autoras ainda referem que esta

passa pela questão da negligência e falha nas funções materna primária e paterna. Quando o

adulto, como referência, não for bastante forte, ou estiver fragilizado para assumir

responsabilidades, a criança será responsabilizada muito cedo pelos seus atos, ou seja, pais

com medo de assumir o lugar de pais, este lugar terá que ser preenchido por algo ou alguém
12

que está fora da família. Sem essas funções parentais sendo exercidas de forma

suficientemente boa, a criança acaba por perder seus referenciais identificatórios. Surge

assim, uma família adolescente, sem um papel que caiba à criança e outro aos adultos: os

papéis ou aparecem invertidos, ou aparecem diluídos. A agressividade e a violência que se

vê hoje em dia, e que assustam, representam uma última tentativa de estabelecimento de um

diálogo, que já foi rompido (Vilhena & Maia, 2003).

Em relação aos modelos teóricos apresentados, pode-se dizer que concordam em

pelo menos três pontos básicos. Primeiro que a agressão é instintiva, inata; segundo que é

impulsionada por uma energia interna do organismo, levando-o a comportamentos

agressivos, e por fim, que essa energia armazenada precisa ser descarregada por meio de

atividades sociais para que não haja acúmulo e consequências piores (Kristensen et al.,

2003).

Quanto às divergências entre a perspectiva etológica de Lorenz e a teoria

Psicanalítica de Freud, vê-se principalmente o entendimento da função da agressão. Para a

etologia a função é adaptadora, é necessária para a organização e a preservação da vida.

Para Freud a agressão é destrutiva, é o maior impedimento à evolução da civilização e por

outro lado é inútil tentar eliminá-la, pois ela é resultado da interação de forças inatas, uma

característica psicológica da civilização que, entretanto, pode ser amenizada por meio de

práticas socialmente construtivas (Chaves, 2006).

Assim como nas concepções psicanalíticas, na teoria da Frustração/Agressão a não

satisfação de um impulso traz como consequência a agressividade. Porém, Dollard, Doob,

Miller, Mowrer e Sears (1939, citados por Rodrigues, 1970), criticaram o conceito

desenvolvido por Freud quanto à energia psíquica e postularam ao invés do conceito de


13

instinto de morte e agressivo, a ideia de incidências de frustrações como antecedentes

motivacionais aos comportamentos agressivos

Tal como formulada por Dollard, et al. (1939) citados por Rodrigues (1970), a

hipótese aqui considerada estabelece que "agressão é sempre uma consequência de

frustração" e que "... a existência de frustração sempre leva a alguma forma de agressão" (p.

1). Depois desta publicação, Miller, Sears, Mowrer, Doob e Dollard, (1941) propuseram

uma modificação nesta última afirmação, alterando-a da seguinte maneira: "Frustração

produz instigações a diversos tipos de resposta, uma das quais é uma instigação a alguma

forma de agressão" (p. 338). Os proponentes desta hipótese caracterizam frustração, quando

houver uma interferência que impeça o alcance a um objetivo estabelecido, seja como uma

barreira física, social, como regras e leis, ou uma simples interrupção.

Rosenzweig (1944,1948) refere-se à agressão como uma das respostas alternativas a

uma situação de frustração. Quanto a frustração o autor define como sendo

uma emoção que ocorre nas situações onde algo obstrui ou dificulta a satisfação de uma

necessidade vital. Quanto mais importante for o objetivo, maior será a frustração. Existem

dois tipos de frustrações, a frustração primária ou privação é caracterizada pela quantidade

de estresse e insatisfação resultantes da não satisfação de uma necessidade. A secundária é

constituída pela presença de obstáculos ou dificuldades encontradas no caminho para a

satisfação de uma necessidade.

As reações à frustração podem ser examinadas sob três perspectivas principais,

segundo Rosenzweig (1944). A predominância do obstáculo constitui a reação em que a

pessoa persiste na situação frustrante. Na defesa do ego, a pessoa insiste no que está

sentindo, colocando-se como a parte mais importante da resposta, e lança a culpa sobre

outra pessoa, aceita a responsabilidade ou afirma que a responsabilidade não é de ninguém.


14

Já a persistência da necessidade consiste em pedir ajuda de outra pessoa para a solução do

problema, ou seja, a tendência da resposta é direcionada para a solução do problema

inerente à situação frustradora.

O mesmo autor dividiu as respostas que englobam a reação de defesa do ego frente

à frustração em três tipos. Extrapunitivo é quando a agressão é dirigida para fora, a pessoa

atribui a frustração a outros. Intrapunitivo é aquele que direciona a agressão para dentro de

si mesmo, resultando em culpa e remorso. Impunitivo quando a agressão é evitada, isto é,

não se constitui força geradora de resposta. A situação frustradora é percebida como sem

importância. Outra formulação importante na teoria da frustração- Agressão, é a de

tolerância à frustração, que define pela atitude da pessoa suportar frustração sem perder sua

adaptação psicológica, sem recorrer a respostas inadequadas.

De acordo com Mergargee e Hokanson (1976) nem sempre a ocorrência de

frustração gera um comportamento agressivo, pois os seres humanos são instruídos desde

pequenos, por meio do processo de socialização, a suprimir e controlar as reações

agressivas de forma a não expressá-las diante de um acontecimento frustrante. Entretanto,

isso não significa que tais tendências tenham sido anuladas, podem apenas ter sido

disfarçadas, reprimidas ou temporariamente desviadas de seu objetivo. A agressão pode

também não ser direcionada para a fonte causadora de frustração, principalmente quando

outras pessoas possam desaprovar ou punir tal comportamento e assim pode ser transferida

para outro alvo que resulte em menor probabilidade de punição. Assim, em síntese, a

manifestação da agressão depende, dentre outros fatores, da posição hierárquica ocupada

pelo possível agressor e pelo alvo a quem esta agressão seria direcionada. Em

contrapartida, a intensidade com que a agressão é expressa vai variar de acordo com fatores
15

como: a força despendida para se chegar a um determinado objetivo, o valor que lhe é

atribuído e o grau de interferência (Kristensen et al., 2003).

Em oposição à visão de que a agressividade depende de impulsos internos e ou

inatos, e também da ideia de que os comportamentos agressivos sejam resultado de

frustrações, a Psicologia Social postula que o contexto social e o ambiente têm papel

determinante nas condutas agressivas. Assim, a Teoria da Aprendizagem Social defende

que a aquisição de respostas comportamentais agressivas acontece por modelagem, ou seja,

a aquisição de um repertório de comportamentos agressivos é feita pela observação dos

outros, memorizando as consequências, pelo reforço ou punição envolvidos na situação,

que podem estar presentes na família ou apresentados na mídia. A hostilidade e a

agressividade tendem a ser muito imitadas, principalmente pelas crianças (Bandura, Azzi &

Polydoro, 2008).

"O aprendizado seria excessivamente trabalhoso, para não mencionar perigosos, se

as pessoas dependessem somente dos efeitos de suas próprias ações para informá-las

sobre o que fazer. Por sorte, a maior parte do comportamento humano é aprendida

pela observação através da modelagem. Pela observação dos outros, uma pessoa

forma uma ideia de como novos comportamentos são executados e, em ocasiões

posteriores, esta informação codificada serve como um guia para a ação”. (Bandura

et al., 2008, p. 22)

Além do fato de observar, outros fatores estão envolvidos nesta aprendizagem, o

status do modelo, o sexo, o papel que este modelo ocupa no contexto familiar, ou social.

Normalmente estes modelos ocupam lugar de importância na relação com este jovem,

mesmo que essa relação seja real ou imaginária.


16

Neste sentido, Cecconello, Antoni e Koller (2003) discutiram sobre estilos parentais

e práticas educativas e sua influência sobre o comportamento das crianças. Para esses

autores, pais autoritários que usam de punição física como prática educativa tendem a

formar filhos com problemas de comportamento agressivo excessivo.

Bandura et al. (2008) afirmam que atos extremamente violentos não podem ser

espontâneos, inatos, mas precisam ser aprendidos e treinados. São aprendidos lentamente e

necessitam de modelos que os pratique, que demonstrem tipos de recompensas ou punições

recebidas.

Segundo Marler, Trainor e Davis (2005) são os pais os primeiros modelos

comportamentais observados e são eles os principais responsáveis pelo universo social da

criança. Os autores enfatizam ainda que a aprendizagem social atua diretamente sobre a

formação do repertório não apenas da criança com tendência a ser um adulto problemático,

mas que também serão modelos e podendo ainda criar ambientes prejudiciais às gerações

seguintes.

Ferreira (2011) acrescenta que a probabilidade de uma pessoa atuar em função desta

aprendizagem, vai depender das contingências ambientais percebidas, se houver incentivo

adequado será maior a probabilidade de demonstração de comportamento agressivo. No

entanto nem todas as pessoas que observam atos agressivos se tornam agressivas, pois

diferenças individuais fazem a diferença.

Alguns teóricos preocupados com a variedade de fatores implicados nos estudos

sobre a agressividade procuraram formular sínteses incrementando os estudos nesta área.

Surgem assim, a partir da década de 1990 alguns modelos teóricos, que serão apresentados

a seguir, como: cognitivismo neo-associacionista, processamento de informação social,

interacionismo social e modelo geral de agressão baseado em estruturas de conhecimento.


17

Berkowitz (1989) constatou que a frustração causava um estado de agressividade,

uma preparação emocional para agredir, não causava agressão. A causalidade foi então o

ponto de partida para a teoria de mediação psicológica chamada de neo-associacionismo

cognitivo, que estabelece que a frustração é uma das muitas condições que provocam um

estado afetivo negativo, e este, por sua vez, pode desencadear tendências de luta e fuga

consideradas como redes de componentes emocionais, cognitivos, fisiológicos e motores

que estão associativamente ligados.

Na concepção de Berkowitz (1989), nem toda frustração leva necessariamente à

expressão do comportamento agressivo, pois nem sempre a frustração apresenta um caráter

aversivo, dependendo basicamente de como o sujeito experiência determinado evento. Se a

experiência afetiva negativa é interpretada de modo a produzir ira, é possível que as

tendências agressivas venham a ser ativadas, mas se é interpretada como medo, então há

razões para ser desencadeado um comportamento de fuga.

De acordo com esta teoria o comportamento agressivo pode ser visto por duas

perspectivas: agressão reativa ou afetiva e agressão instrumental. A primeira refere-se às

reações agressivas que são provocadas por estímulos aversivos indicando que haveria uma

propensão inata de atacar impulsivamente a fonte do estímulo aversivo ou mesmo um outro

alvo qualquer. Desta forma, entende-se que um indivíduo tende a apresentar uma

diminuição do comportamento agressivo logo após ter emitido uma resposta agressiva, no

entanto, isto não quer dizer que a pessoa será menos agressiva quando for estimulada numa

próxima vez. A agressão instrumental, por sua vez, ao invés de uma reação, é um

comportamento apreendido com o objetivo de alcançar recompensas e evitar punições. Este

sistema agressivo se estabelece a partir do anterior (agressão reativa), entretanto, autores


18

como Tedeschi e Felson (1994) apontam que o sistema de agressão reativa é mais

significativo e característico para auxiliar a compreensão da agressão em humanos.

Interessante perceber nesta teoria é que outras condições explicativas do

comportamento agressivo podem ser levadas em conta, desde que eliciem um estado

afetivo negativo grande o bastante para ativar uma rede cerebral associativa, na qual

padrões de reação agressiva estão guardados na memória (Berkowitz 1983, 1989). Como

por exemplo os incidentes que provocam dor física ou psicológica. Assim, um ambiente

desagradável pode elevar a possibilidade de agressão: o calor, o ruído e a densidade

populacional (Baron & Bell, 1975; Sherrod, Moore & Underwood, 1979; Lawrence &

Andrews, 2004), têm sido exemplos associados ao aumento de comportamentos agressivos.

Estes fatores funcionam como antecedentes por desencadearem estados afetivos negativos

que, conjuntamente com a mediação de fatores cognitivos, podem gerar uma atuação

agressiva (Ferreira, 2011).

Anderson e Bushman (2001) enfatizam que se deve fazer a distinção em relação aos

objetivos imediatos e últimos do comportamento, na formulação de novos modelos

teóricos, que representariam uma segunda geração de paradigmas. Assim, um outro modelo

emergente na literatura que também enfatiza a influência dos aspectos pessoais e

situacionais no comportamento agressivo é conhecido como modelo do Processo de

Informação Social.

De acordo com a teoria de Zillmann (1988) as emoções, em larga medida, são

consequências da forma como a informação for processada pelo indivíduo, influindo na

resposta comportamental, quer seja para instigar uma resposta agressiva, quer seja para

inibi-la. Assim, um indivíduo que percebe erroneamente seu ambiente como hostil e assim
19

o interprete, mais facilmente vai responder de modo inadequado, aumentando a

probabilidade de agressão.

Neste sentido, a teoria do processamento de informação social de Crick e Dodge

(1994) enfatiza que a relação entre os estímulos externos e as respostas comportamentais, é

mediada pela representação mental do significado de ambos. Esta teoria foi inicialmente

formulada tendo em vista o ajustamento social em crianças considerando quatro processos

mentais básicos; a codificação de estímulos ambientais, a representação e interpretação

destes estímulos, a busca mental por possíveis respostas e a seleção de uma resposta

(Dodge & Coie, 1987).

Segundo Kristensen et al. (2003), a partir de reformulações do estudo inicial, os

mesmos autores (1994) ainda desenvolveram um novo modelo pelo qual concluíram que

uma vez que a criança recebe um retorno de seu comportamento, e que este retorno

contribui para a codificação do estímulo, tem-se então o caráter cíclico do modelo. Sendo

assim, dependendo do tipo de interação entre o indivíduo e o ambiente, é possível que se

desenvolva uma tendência atributiva hostil, na qual o indivíduo tende a atribuir intenções

agressivas a seus pares.

Partindo do estudo de Dodge e Coie (1987), foi proposto o “modelo unificado de

processamento de informação para a agressão” (p.89), e o conceito chave de sua abordagem

é o de script mental. Um script mental sugere, ao indivíduo, que situações já ocorridas

podem se repetir, gerando estratégias de comportamento e reação frente a elas e quais

seriam os resultados mais prováveis dos seus comportamentos. “Por isso, fantasias e

expectativas sobre a agressão estão fortemente correlacionadas com a expressão de muitos

tipos de comportamento agressivo. Estas cognições se desenvolvem na infância e, uma vez


20

cristalizadas, tornam-se resistentes à mudança” (Huesmann, Moise, Podolski & Eron,

1997).

A permanência de um script dependerá do resultado de seu uso produzir ou não as

consequências desejadas pelo sujeito, fator este que constitui a chamada aprendizagem

instrumental. A interpretação das consequências, sejam elas compensadoras ou punitivas,

influenciará a permanência ou não do script, uma vez que nem sempre o sujeito irá atribuir,

por exemplo, uma resposta negativa da sociedade diretamente ao ato agressivo que cometeu

(Kristensen et al., 2003).

Em suma, o conceito proposto por Huesmann et al. (1997) refere-se à aquisição,

recuperação e permanência de um comportamento apreendido em uma situação semelhante

à vivenciada atualmente, chamada pelo autor de script, ressaltando a importância do

aprendizado vivenciado pela criança. Um outro modelo atualmente defendido, que também

leva em consideração a avaliação do sujeito é a perspectiva do Interacionismo Social.

Os principais representantes desta abordagem são Tedeschi e Felson (1994) e para

estes autores o termo agressão tende a direcionar a análise, focalizando apenas aspectos

internos, psicológicos e biológicos, e ignorando os objetivos sociais dos atores (termo

usado para sujeitos) ao agir de forma coercitiva (termo usado para comportamento

agressivo). Segundo os autores citados, estes termos, atores e coercitivo, possuem uma

maior identificação com a literatura sobre poder, conflito, justiça e identidades sociais.

Definindo-se agressão como a intenção de causar dano, implica em que escolhe-se

causar dano. Esta é a principal preocupação de Tedeschi e Felson, ou seja, averiguar porque

as pessoas decidem se comportar de forma coercitiva. Parte-se de uma análise baseada num

modelo de decisão de acordo com o qual o ator examina quais são os meios alternativos

para chegar a um dos três objetivos seguintes, controlar o comportamento de outros atores,
21

restaurar a justiça, ou assegurar e proteger identidades. A fim de atingir estes objetivos, os

atores direcionam suas escolhas em função das recompensas esperadas bem como dos

custos e da probabilidade de resultados. Frente ao exposto, aponta-se que neste modelo o

foco é mais individual uma vez que suas postulações baseiam-se na decisão do ator em agir

ou não de forma coerciva. Em contrapartida, o último modelo a ser apresentado,

denominado de modelo geral da agressão, volta-se mais para uma proposta integrativa

procurando abarcar tanto fatores pessoais quanto os situacionais ou ambientais (Chaves

2006).

O modelo geral de agressão (MGA) de Anderson e Bushman (2002) tenta integrar

as teorias existentes e já citadas neste trabalho. Nos fundamentos deste modelo são

enfatizados esquemas perceptuais, esquemas pessoais e scripts comportamentais, que se

desenvolvem a partir da experiência dos sujeitos, acabam por influenciar as percepções em

diferentes níveis. Na medida em que vão sendo utilizadas, tendem a se tornar

automatizadas, mantendo-se associadas com estados afetivos e orientando a resposta

comportamental do sujeito frente às demandas ambientais.

Segundo os autores, o modelo focaliza a pessoa na situação, e encontra sustento na

Psicologia Social, especialmente na vertente representada por Higgins (1990, citado por

Kristensen et al., 2003). Para ele, as crenças pessoais, que são uma função tanto da pessoa

quanto da situação, são determinantes básicos da significância psicológica dos eventos,

influenciando assim na reação das pessoas aos eventos.

Este modelo considera que só a interação dos fatores pessoais com fatores

situacionais pode conduzir a aumentos de pensamentos hostis e de sentimentos agressivos

e, dependendo da existência de tempo e de recursos cognitivos (Anderson & Bushman,

2001; Anderson & Anderson, 2008). Por fatores pessoais entende-se tudo aquilo que o
22

indivíduo traz para a situação, desde atitudes, crenças, traços, repertórios de

comportamento. Os fatores situacionais incluem todas as características da situação em

pauta, que podem aumentar ou inibir a probabilidade de ocorrência de comportamento

agressivo, desde insultos, provocações, à mera presença de uma arma.

De acordo com Anderson e Huesmann (2003) todo comportamento social,

incluindo o comportamento agressivo, pode ser entendido como o resultado da combinação

de fatores pessoais (que determinam a propensão para a agressão), situacionais (que

instigam ou inibem a agressão), com fatores distais, ambientais e biológicos que os

modificam, inibindo ou intensificando a sua ação. A agressão ocorre quando os

componentes pessoais, onde se incluem os traços de personalidade, e os situacionais

interagem, de modo a ativar estruturas de conhecimento pré-existentes que facilitam aquele

tipo de resposta (Timmerman, 2007).

Pode-se ver até aqui que crianças, jovens e adultos exibem comportamentos

agressivos por várias razões e de várias formas. Entretanto, se essas condutas se mostram

severas e frequentes, elas podem indicar sinais de psicopatologia. De acordo com o DSM V

(APA, 2014), o comportamento agressivo é considerado disfuncional quando não

controlado ou amplamente desproporcional e inadequado à situação ou ao contexto. O

comportamento agressivo pode ocorrer no contexto de muitos transtornos mentais, como

Transtorno da Personalidade Anti-Social, Transtorno da Personalidade Borderline,

Transtorno Psicótico, Episódio Maníaco, Transtorno da Conduta ou Transtorno de Déficit

de Atenção/Hiperatividade, porém isto extrapola o objetivo do presente artigo.


23

CONSIDERAÇÕES

Ao longo deste estudo procurou-se demonstrar como a compreensão do fenômeno

da agressão demanda uma abordagem múltipla. Além das perspectivas “clássicas”, modelos

mais recentes buscam oferecer descrições mais detalhadas dos processos cognitivos

envolvidos na agressão humana.

A partir destas perspectivas teóricas, pode-se pensar que a agressão é tanto uma

consequência da adaptação aos fatores psicossociais e ambientais, quanto uma

consequência dos efeitos biológicos no desenvolvimento psicossocial. Assim,

características individuais e variáveis contextuais exercerão influência na manifestação e

manutenção dos comportamentos agressivos.

O comportamento agressivo é multideterminado e apresenta inúmeras

consequências desfavoráveis a curto, médio e longo prazo. Por esse motivo, são

importantes estudos que abordem o presente tema na tentativa de aprimorar a prevenção,

bem como o processo de avaliação das condutas agressivas nas várias fases da vida.

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29

ARTIGO 2

BUSCA DE EVIDÊNCIAS DE VALIDADE BASEADAS NA ESTRUTURA


INTERNA DA EATA

SEARCH FOR EVIDENCE OF VALIDITY BASED ON THE INTERNAL


STRUCTURE OF THE EATA

BÚSQUEDA DE EVIDENCIAS DE VALIDEZ BASADO EN LA ESTRUCTURA


INTERNA DE LA EATA

Maria Inês Bustamante (1), Universidade São Francisco, Itatiba


Cláudio Garcia Capitão (2), Universidade São Francisco, Itatiba

Sobre os autores:
1. Psicóloga, Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP. Docente do Curso de
Graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Sapucaí.
E-mail: [email protected]
2. Psicólogo, Especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar, Pós-Doutorado em Psicologia
Clínica pela PUC-SP. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação Stricto Sensu em
Psicologia da Universidade São Francisco.
E-mail: [email protected]
End.: Av. Alexandre Rodrigues Barbosa, 45 – CEP 13251-900 – Itatiba/SP – Brasil.
Fones: +55 (11) 4534-8046 | +55 (11) 4534-8046

RESUMO

O tema agressividade tem sido uma preocupação da sociedade como um todo e avaliações
válidas e confiáveis deste construto poderão contribuir no entendimento e prevenção do
comportamento agressivo. O presente estudo objetivou buscar evidências de validade
baseadas na estrutura interna para a Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade –
EATA. Participaram do estudo 480 universitários de cursos nas áreas de Ciências Humanas
(41,2%), Ciências Biológicas (41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), de uma Universidade do
Sul de Minas Gerais. A idade dos participantes variou de 18 a 55 anos, com média de 24
anos (DP = 6,31). Foi realizada uma Análise Fatorial Confirmatória, com o Programa EQS
6.1, usando o método de estimação Maximum Likelihood, sendo que o modelo testado não
se apresentou apropriado para o conjunto de dados observados. Procedeu-se então à Análise
Fatorial Exploratória, com o programa SPSS, que resultou em uma escala com 32 itens,
com boas propriedades psicométricas, composta por subescala A com 18 itens ( alfa de
Cronbach = 0,83), subescala B com 6 itens (alfa de Cronbach = 0,75) e subescala C com 7
itens ( alfa de Cronbach = 0,63). Nas duas análises não se confirmou a estrutura original e
para a amostra estudada se propõe uma nova configuração do instrumento, EATA – Novo
Estudo.
30

Palavras Chave: avaliação psicológica, análise fatorial, agressividade.

ABSTRACT

The theme aggressiveness has been a concern of the whole society and reliable assessments
of this construct may contribute to the understanding and prevention of aggressive
behavior. The aim of this study was to search for evidence of validity based on internal
structure to the Scale for the Assessment of a Tendency to Aggressiveness - EATA. The
participants of the study were 480 university students of courses in the areas of Human
Sciences (41,2 %), Biological Sciences (41,2 %) and Exact Sciences (17,5 %), of a
University in the South of Minas Gerais, Brazil. The participants age ranged from 18 to 55
years, with a average of 24 years (SD = 6.31).We performed a Confirmatory Factor
Analysis, with the Program EQS 6.1, using the method of estimation Maximum Likelihood,
being that the tested model was not appropriate for the set of observed data. Then it was
submitted to the Exploratory Factor Analysis, using the SPSS program, which resulted in a
scale with 32 items, being subscale A with 18 items (Cronbach's alpha = 0.83), subscale B
with 6 items (Cronbach's alpha = 0.75) and subscale C with 7 items (Cronbach's alpha =
0.63). In both analyzes the original structure were not confirmed and for the studied sample
it is proposed a new instrument configuration, EATA – Novo Estudo.

Key words: psychological assessment, factor analysis, aggressiveness.

RESUMEN

El tema agresividad ha sido uma preocupación de la sociedad en general y evaluaciones


confiables de este constructo puede contribuir en la comprensión y la prevención de la
conducta agresiva. El presente estudio tuvo como objetivo reunir evidencias de validez
basadas en la estructura interna de la Escala para la Evaluación de Tendencia a la
Agresividad - la EATA. Los participantes del estudio fueron 480 estudiantes universitarios
em las áreas de Ciencias Humanas (41,2%), Ciencias Biológicas (41,2%) y Ciencias
Exactas (17,5%), de la Universidad del Sur de Minas Gerais. La edad de los participantes
osciló entre 18 a 55 años, con una media de 24 años (DE = 6.31). Fue realizada un análisis
factorial confirmatorio con el programa de NCA 6.1, utilizando el método de máxima
verosimilitud de la estimación Maximum Likelihood, siendo que el modelo de prueba no
se presentó apropiado para el conjunto de datos observado. A continuación, se procedió el
Análisis Factorial Exploratorio, con el programa SPSS, lo que resultó en una escala con 32
ítems, siendo subescala A con 18 ítems (alfa de Cronbach = 0,83), subescala B con 6 ítems
(alfa de Cronbach = 0 , 75) y subescala C con 7 ítems (alfa de Cronbach = 0,63). En las dos
análisis non se han confirmado la estructura original y para la muestra estudiada se propone
una nueva configuración del instrumento, EATA – Novo Estudo.

Palabras clave: evaluación psicológica, análisis factorial, agresividad.


31

INTRODUÇÃO

O presente estudo teve como propósito atender uma das principais demandas da

avaliação psicológica, ou seja, a oferta de instrumentos qualificados e que auxiliem a

Psicologia a direcionar suas investigações diagnósticas com maior segurança. Não obstante,

também proporcionar aos pesquisadores novos instrumentos para o estudo do

comportamento humano, no caso a tendência à agressividade.

A Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade – EATA (Sisto, 2012) foi

criada frente à escassez de instrumentos brasileiros que avaliassem a agressividade

relacionada a jovens e adultos. Teve seus principais estudos iniciados em 2005 (Sisto,

Bartholomeu, Rueda, & Granado, 2005; Sisto, Bartholomeu, Santos, Rueda & Suehiro,

2008a; Sisto, Bartholomeu, Santos, Rueda & Suehiro, 2008b) até sua publicação em 2012

(Sisto, 2012). Em meio ao processo de construção deste instrumento deu-se início ao

presente estudo, em 2010, com o intuito de atender a Resolução CFP 002/2003 que institui

critérios mínimos de qualidade para considerar um teste psicológico apto para uso

profissional.

Mesmo hoje a EATA já estando aprovada pelo CFP e tendo apresentado

propriedades psicométricas satisfatórias nos estudos anteriores, sabe-se que tais resultados

não podem ser generalizados, são necessários novos estudos para verificar a qualidade do

instrumento em amostra e contexto específico (Borsa & Bandeira, 2011). Neste sentido, o

presente estudo objetiva buscar evidências de validade para a Escala para Avaliação de

Tendência à Agressividade - EATA, por meio da análise da estrutura interna dos itens.

A agressividade e a violência dirigidas contra as gerações mais jovens da sociedade

brasileira ou cometidas por estes mesmos jovens, são temas que têm gerado polêmica e
32

preocupação social. A importância do assunto é ressaltada na mídia, quando noticia jovens

que praticam infrações violentas ou adolescentes e crianças que sofrem maus-tratos físicos

e psicológicos cometidos muitas vezes por seus próprios familiares, ou pelas instituições

socioeducativas (Moreira, Vilhena, Cruz & Novaes, 2009).

No período da adolescência, que compreende uma fase de crescimento e maturação,

tanto no sentido físico, como psicológico, esses indivíduos estão sujeitos a diversos riscos.

Segundo Carlini-Cotrim, Gazal-Carvalho e Gouveia (2000) e Farias-Júnior e Lopes (2004),

a preocupação com os comportamentos que aumentam os riscos de morte e adoecimentos,

como uso de álcool e de outras substâncias, hábitos alimentares e condutas agressivas dos

adolescentes e jovens vêm sendo estudados por se caracterizarem como fatores que

contribuem para o crescimento de morbimortalidades. Países desenvolvidos como os

Estados Unidos e outros países desenvolvem pesquisas que monitoram comportamentos de

jovens, por entender que uma possível intervenção e mudança de determinadas condutas

poderiam ter impacto positivo no quadro de saúde e qualidade de vida da juventude e dos

adultos.

Aparentemente há um trajeto da agressividade que começa na infância com

manifestações de raiva e pode derivar em comportamentos agressivos e antissociais na

adolescência com associações com ingestão de bebidas alcoólicas e drogas ilegais além de

sintomas depressivos. Essa sequência pode apresentar diferenciações relacionadas ao sexo,

pois as pessoas do sexo masculino têm maiores possibilidades de manifestar problemas

em relação à bebida e as do sexo feminino de manifestar sintomas de depressão, em

idades semelhantes (na adolescência e início da fase adulta), conforme defendido por

Arnett (2004, citado por Sisto, 2012).


33

Na juventude, alguns sentimentos podem estar relacionados à agressividade, como a

vontade de se tornar “poderoso”, “vencedor”. Nesse contexto, duas situações poderiam

evidenciar condutas agressivas: a busca imediata e sem limites para alcançar estes status e

outra no sentido da frustração, ideação agressiva e raiva por não conseguir o sucesso

almejado (Sisto, 2012).

Segundo Leme (2004), a agressão é uma conduta episódica, com evolução variável,

que assume diferentes formas de manifestação, e está sujeita à influência de variáveis tanto

biológicas como sociais ou pessoais, que somadas às variáveis situacionais impulsionam

esse comportamento. Neste sentido, alguns pressupostos teóricos procuram responder sobre

a natureza da agressão, desde modelos biológicos a modelos psicológicos formam uma teia

complexa de interações, em que a frustração, o afeto negativo, a aprendizagem, o

processamento deficiente de informação, a bem como diferentes combinações entre todos

estes conceitos, são considerados como potenciais responsáveis pela ocorrência de

comportamentos agressivos. A personalidade também, como agente e produto da

construção de padrões afetivos, cognitivos e comportamentais é vista como componente

fundamental para a compreensão dos fatores pessoais predisponentes de manifestações

agressivas (Ferreira, 2011).

Referindo-se a comportamento agressivo, Sisto (2008) esclarece que este construto

pode ser definido como uma ação intencional para machucar, ou irritar alguém, física ou

emocionalmente ou ainda produzir danos materiais, físicos ou psicológicos. Vê-se então a

importância do componente intencionalidade, pois um dano acidental, sem intenção, não é

considerado agressivo. Porém, estudos sobre este tema deparam-se com a dificuldade em

mensurar a intencionalidade, o que tem levado pesquisadores a inferi-la pela frequência dos

comportamentos apresentados.
34

No contexto das influências culturais, estudos apontam que a agressividade das

crianças tem se relacionado com habilidades sociais pobres e rejeição entre pares, ao

mesmo tempo em que ocorreria, em uma frequência muito elevada, nos segmentos sociais

mais baixos (Coie, Terry, Lenox, Lochman & Hyman, 1996). No entanto, Prinstein e

Cillessen (2003) asseveraram em seu estudo que certos grupos de pessoas jovens, com

status social elevado e competente, socialmente também manifestavam comportamentos

agressivos em vários níveis de intensidade. Crianças de nível socioeconômico alto, com

comportamento agressivo, também foram identificadas. Esses dados colocaram em

evidência a natureza heterogênea do comportamento agressivo.

Eysenck (1995) citado por Sisto (2005) defendeu a hipótese de que a intensidade de

resposta agressiva esteja relacionada com a personalidade, assim, valeu-se do pressuposto

de que existe um núcleo constante e outro variável, e esse núcleo constante foi denominado

de traço, entendendo por traço uma disposição ou tendência. Embora os níveis de

agressividade sejam amplamente variáveis de pessoa para pessoa, a agressão extrema é

muitas vezes incluída no domínio da psicopatologia, e não é preocupante apenas pelo ato,

mas também por frequentemente ocorrer juntamente com outras psicopatologias (Sisto,

2012).

O comportamento agressivo, é importante ressaltar, não se configura

necessariamente sinônimo de psicopatologia (Lisboa & Koller, 2001). Tal comportamento é

considerado disfuncional quando não controlado ou não adequado à situação ou ao

contexto. Porém, é importante conhecer as características essenciais, de acordo com o

DSM V (APA, 2014) para o diagnóstico de transtornos que envolvam o comportamento

agressivo.
35

O Transtorno de conduta é um padrão comportamental repetitivo e persistente no

qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes

e apropriadas para a idade. Os comportamentos específicos característicos do Transtorno de

Conduta encaixam-se em uma das quatro categorias: agressão a pessoas e animais,

destruição de propriedades, fraude ou roubo e grave violação a regras. Pessoas agressivas,

com transtorno de conduta costumam inadequadamente perceber as intenções dos outros

como hostis e ameaçadoras e responder com agressividade, julgando seu ato justificado

(APA, 2014).

Os sintomas do transtorno de Conduta variam de acordo com a idade à medida que

o indivíduo desenvolve força física, capacidades cognitivas e maturidade sexual. Os

primeiros comportamentos sintomáticos são leves, como mentiras ou pequenos furtos.

Quando atingem a idade adulta, os sintomas de agressão, destruição de propriedades,

falsidade, violação de regras, incluindo violência contra pessoas podem acontecer em casa

ou no trabalho, podendo-se considerar o diagnóstico de transtorno de personalidade

antissocial. Ressalta-se que o transtorno de personalidade antissocial que está também

relacionado a um padrão difuso de indiferença e violação de direitos dos outros, só pode ser

firmado para maiores de 18 anos que tenham apresentado transtorno de conduta antes dos

15 anos de acordo com o DSM V (APA, 2014).

As pesquisas, no Brasil, que tratam do conceito agressividade, relacionam-se

principalmente à violência e via de regra tratam deste fenômeno com crianças e dentro e em

relação à escola (Lisboa & Koller, 2001; Sposito, 2001; Sisto, 2005; Silva, 2006; Sisto &

Oliveira, 2007; Candreva et al., 2009; Joly, Dias & Marini, 2009). Desse modo, as

informações sobre agressividade no Brasil ou são aferidas indiretamente, pelo relato de pais
36

e professores, sendo poucos os estudos que citam escalas e informam dados de validade ou

remetem a estudos dessa natureza (Sisto, 2012).

Neste sentido, Borsa e Bandeira (2011) fizeram uma Análise da produção científica

Brasileira sobre instrumentos psicológicos de avaliação do comportamento agressivo de

crianças e relataram que as pesquisas relacionadas a esse construto foram incrementadas a

partir de 2000. Relatam ainda que o instrumento mais utilizado foi o CBCL- Child

Behavior Checklist (Achenback, 1991-2001), seguido da Escala de Agressividade para

Crianças e Jovens (Sisto & Basi, 2000). Enfatizam que a maior parte dos estudos não

trazem informações sobre propriedades psicométricas do instrumento, menos ainda novas

análises que permitam a verificação de adequação da medida para novas amostras. As

autoras concluem reafirmando a existência de poucos estudos sobre agressividade na

literatura nacional.

A escassez se apresenta ainda maior quando se busca instrumentos que avaliem o

comportamento agressivo de jovens e adultos, e foi neste sentido que Sisto, et al. (2005)

buscaram verificar a existência de critérios que pudessem caracterizar pessoas mais

agressivas em relação ao gênero. A construção dos itens do instrumento para captar a

agressividade em universitários teve como base as condutas mais relevantes descritas do

CID-10 e DSM-IV, quanto aos transtornos de conduta e inicialmente foram elaborados 151

itens, na forma de frases assertivas, que foram submetidos à análise de conteúdo, resultando

em um instrumento com 81 itens, para os quais o participante da pesquisa deveria informar

sobre sua ocorrência, respondendo se nunca, às vezes ou sempre. Participaram do estudo

180 universitários, dos cursos de Engenharia e Psicologia, de ambos os sexos, 58,8%

mulheres e 41,2% homens, com idades entre 19 e 25 anos. Alguns exemplos dos itens desta

escala são: Altero a voz quando não sou atendido ou entendido; Falo dos outros pelas
37

costas; Gosto de bater em animais; Faço chantagem para atingir meu objetivo. Concluíram

que existem condutas mais tipicamente masculinas, mais tipicamente feminina e comum a

ambos os sexos, porém, enfatizaram que a questão não recai sobre discutir se homens são

mais agressivos que mulheres e sim que existem tipos característicos de agressividade

masculina e feminina, e que futuros estudos poderão influir no entendimento e controle de

tal comportamento.

Sisto, et al. (2008a), buscaram evidência de validade de construto relacionada ao

funcionamento dos itens para diferenciar sexos utilizando a escala criada por Sisto, et al.

(2005). Contaram com a participação de 445 universitários dos cursos de Engenharia,

Computação e Psicologia, com idades entre 18 e 65 anos, de ambos os sexos, sendo 57,2%

mulheres. Os 81 itens do instrumento foram analisados por meio do modelo Rasch. Vinte e

oito itens apresentaram funcionamento diferencial, sendo 15 condutas mais características

de pessoas do sexo feminino e outras 13 mais características do sexo masculino. Os índices

de precisão foram de 0,99 para os itens e 0,86 para as pessoas. Concluiu-se que a

agressividade pode ser medida separadamente em razão do sexo.

Posteriormente, Sisto, et al. (2008b) objetivaram analisar fatorialmente dois

instrumentos para mensurar agressividade. Para a construção dos instrumentos, foi utilizado

o estudo relatado anteriormente, em que os itens sem DIF fizeram parte de ambas as

escalas, acrescidos dos mais comuns aos homens, no caso da escala masculina (59 itens) e

dos mais comuns às mulheres, no caso da escala feminina (66 itens). Houve participação de

445 estudantes universitários, de ambos os sexos, de cursos de Engenharia e Psicologia,

com idades entre 18 e 65 anos. O estudo fatorial foi realizado separadamente por sexo, por

meio de análise por componentes principais, com rotação Varimax. Na escala feminina

foram encontrados três fatores, F1. Irritabilidade (α=0,80), F2. Condutas Manipuladoras
38

(α=0,70) e F3. Condutas Antissociais (α=0,69) e na masculina quatro fatores, sendo F1.

Condutas Anti-sociais (α=0,78) e F2. Irresponsabilidade (α=0,77), F3. Condutas

Manipuladoras (α=0,65) e F4. Inescrupulosidade (α=0,59). Os índices de consistência

interna foram considerados dentro dos parâmetros usuais e aceitos, indicando que as escalas

apresentaram características psicométricas básicas para uso em pesquisa.

Bustamante e Sisto (2012), utilizando a EATA, avaliaram a tendência à

agressividade em universitários e compararam os escores com a amostra normativa do

instrumento, verificando também diferenças entre gênero, curso e faixa etária. Participaram

do estudo 251 universitários dos cursos de Engenharia e Psicologia de uma Universidade de

São Paulo, com idades entre 18 e 50 anos. Os resultados evidenciaram que os participantes

da pesquisa apresentaram menos tendência a agressividade que os da amostra normativa.

Em todo o estudo os homens apresentaram médias mais altas. Dentre eles, os alunos do

curso de engenharia se destacaram com maior tendência à agressividade. Verificou-se que

os estudantes mais novos apresentaram escores significativamente mais altos.

Dentre os poucos estudos com instrumentos de avaliação além da EATA, que

mensurassem a agressividade em universitários, encontra-se o estudo de Gouveia, Chaves,

Peregrino, Branco e Gonçalves (2008), que objetivou adaptar para o contexto brasileiro o

Questionário de Agressão de Buss-Perry – BPAQ (Buss & Perry, 1992), reunindo

evidências de sua validade de construto. Com a participação de 308 estudantes de João

Pessoa, sendo 155 universitários e 153 do Ensino Médio, com idade média de 18,8 anos, e a

maioria do sexo feminino (65,9%). Foram utilizados quatro instrumentos, sendo, Escala de

Identificação Grupal, Questionário dos Valores Básicos, Questionário de Justificação da

Violência e BPAQ (Buss & Perry, 1992). Este último foi elaborado originalmente em

língua inglesa, compondo-se de 29 itens que, teoricamente, avaliam a agressão em quatro


39

dimensões, a saber: agressão física, agressão verbal, raiva, e hostilidade. Os resultados

demonstraram que, embora tenham emergido apenas dois fatores na Análise Fatorial

Exploratória, uma Análise Fatorial Confirmatória corroborou a estrutura teórica desta

medida, definida por quatro fatores de primeira ordem denominados raiva (α= 0,71),

hostilidade (α =0,62), agressão verbal (α= 0,52) e agressão física (α= 0,65), e um de

segunda ordem nomeado como agressão (α= 0,81). As pontuações dos homens não

diferiram daquelas das mulheres na maioria dos fatores de agressão, excetuando na sua

dimensão afetiva, a raiva, em que estas apresentaram maiores pontuações. Os pesquisadores

supõe que este dado talvez indique uma perspectiva mais aberta e assertiva da mulher que

estuda, que passa a impor seus direitos e a se posicionar nos seus relacionamentos sociais.

Oliveira, Chamon e Mauricio (2010) em um estudo exploratório com estudantes de

uma universidade do interior do estado de São Paulo, estudaram as representações sociais

da violência, contando com 20 universitários das áreas exatas, humanas e biológicas, com

média de idade de 21,6 anos. Utilizaram de vinte entrevistas semiestruturadas, que foram

analisadas qualitativamente com auxílio do software Alceste. Os resultados apontaram duas

classes de representação da violência: Perspectiva social e política e Perspectiva Familiar.

O grupo que se voltou para a perspectiva familiar representou a agressividade como fruto

do desequilíbrio da família e de sua baixa qualidade de vida, que se intensifica com os

problemas sociais. Nesse grupo misturaram todos os cursos, não sendo exclusivo de

nenhuma área acadêmica. Conclui-se que as representações sociais dos estudantes sugerem

uma apropriação do saber científico, havendo proximidade de raciocínio entre os estudantes

da mesma área.

A avaliação psicológica é uma das mais importantes competências profissionais do

psicólogo, que utiliza de diversas técnicas para o entendimento do comportamento


40

psicológico de pessoas e grupos (Tavares, 2003). O processo de validação é constituído por

um conjunto de evidências que possam assegurar cientificamente as interpretações dos

escores do teste (Urbina, 2007). Neste sentido, a busca de evidências de validade baseadas

na estrutura interna é focada na relação entre o teste e seus itens. Mostram que por meio de

análises estatísticas é possível identificar a contribuição de cada item no resultado total do

teste e se são adequados para a avaliação do domínio que se quer medir. Envolve a

verificação da coesão entre a estrutura prevista com a observada, ou seja, busca indicar o

quanto a estrutura de relações entre os itens e os fatores são coerentes com a estrutura

proposta pela teoria. Estes estudos podem ser feitos por métodos tradicionais de análise

fatorial exploratória e também por meio de análise fatorial confirmatória (Primi, Muniz &

Nunes, 2009), como será apresentado no presente estudo, que objetiva buscar evidências de

validade para a Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade - EATA, por meio da

análise da estrutura interna dos itens, com a Análise Fatorial Confirmatória e a Análise

Fatorial Exploratória.

MÉTODO

Participantes

Participaram do estudo 480 estudantes universitários de uma Universidade

particular no Sul de Minas Gerais, de oito cursos das áreas de Ciências Humanas (41,2%),

Ciências Biológicas (41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), sendo a maioria (67,5%) do sexo

feminino. A idade dos participantes variou de 18 a 55 anos, com média de 26 anos e moda

de 22 anos (DP= 6,31).


41

Instrumentos

Foram utilizados dois instrumentos, sendo, uma Ficha de Caracterização da amostra

e o EATA - Escala para Avaliação da Tendência à Agressividade.

Ficha de Caracterização

A Ficha de Caracterização da amostra criada pela pesquisadora contendo questões

que abordam dados de identificação pessoal, profissional e social.

EATA – Escala para Avaliação da Tendência à Agressividade

A Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade foi elaborada por Sisto

(2005) com base nas descrições de transtornos de conduta do CID-10 (Organização

Mundial de Saúde [OMS], 1993) e do DSM-IV (APA, 1995), e engloba 40 questões

relacionadas a condutas agressivas. As respostas dadas a cada item informam sobre a

tendência de uma pessoa e sua maior ou menor possibilidade de manifestar agressividade,

zero (0) se achar que manifesta esta conduta raramente ou nunca, o um (1), se às vezes se

comportar desta maneira e o dois (2) se achar que é muito frequente.

A EATA não fornece uma medida unidimensional. Ela possui três dimensões e

fornece uma quarta medida. A Subescala A, com 10 itens, tem como núcleo condutas que

são comuns a ambos os sexos, a Subescala B, com 14 itens, possui como núcleo as

condutas mais comuns ao sexo feminino e, por fim, a Subescala C, com 16 itens, engloba

conteúdos que são mais comuns a pessoas do sexo masculino. Como os itens de cada

subescala são independentes, é possível se ter mais dois tipos de informação. Um deles se

refere à pontuação total da EATA e isso possibilita conhecer a situação do examinando

frente a um grupo bem maior para efeitos de comparação. Outra informação possível
42

concerne ao perfil ou tipo de pessoa. Essa informação é produto da combinação das

subescalas. Para isso, identifica-se o nível de agressividade da pessoa e se classifica a

pessoa conforme seu tipo.

A precisão da EATA foi fornecida com base nos estudos das subescalas A, B e C e

para o teste como um todo. Os coeficientes computados foram: Alfa de Cronbach de 0,94;

Spearman-Brown de 0,93 e Guttman de 0,93 e Modelo Rasch de 0,87. Além disso, para

testar a consistência interna dos itens constatou-se que a retirada de qualquer item não

modificaria o coeficiente já determinado. Os estudos de evidência de validade

demonstraram que o instrumento apresenta bons critérios de validade, com alfa de

Cronbach de 0, 85, demonstrando boa precisão.

Procedimentos

Inicialmente foi obtida a autorização dos responsáveis pela universidade para

composição da amostra. Em seguida, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade São Francisco, protocolo CAAE: 0326.0.142.000-11. Foram

então agendados, com os professores e alunos, os dias e horários para aplicação dos

instrumentos. A abordagem dos participantes da pesquisa foi feita em sala de aula, quando

se explicou os objetivos e procedimentos do trabalho. Os estudantes que concordaram em

fazer parte do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e

responderam respectivamente à Ficha de Caracterização e à EATA. O tempo médio de

aplicação foi de 15 minutos.

Análise de Dados
43

A análise estatística foi realizada com base nos programas: EQS 6.1 (Structural

Equation Modeling Software) e SPSS 20.0. (Statistical Package for Social Sciences for

Windows). Utilizou-se da Análise Fatorial Confirmatória para os dados do EATA com

vistas a busca de Evidências de Validade baseada na Estrutura Interna e para a Precisão

usou-se o coeficiente Alpha de Cronbach, Sperman Brown e Gutman. Em função dos

resultados apresentados na Análise Fatorial Confirmatória procedeu-se a Análise Fatorial

Exploratória do instrumento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados serão apresentados procurando responder a Análise Confirmatória e

Análise Exploratória da Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade – EATA e

precisão.

Análise Fatorial Confirmatória

Os itens inicialmente foram avaliados com estatísticas descritivas. As Curtoses

encontradas variaram de -1,014 a 190,627, indicando pouca variabilidade de respostas.

Principalmente os itens 4, 5, 6, 13, 14, 17, 18, 20, 21, 25, 26, 28, 39 e 40 apresentaram

curtoses acima de 10,788, discriminando pouco as respostas dos participantes.

Foi realizada uma Análise Fatorial Confirmatória, com o Programa EQS 6.1, usando

o método de estimação Maximum Likelihood, para buscar evidência de validade para a

EATA, em uma amostra de universitários. Vale observar que os estudos originais também

utilizaram amostras de universitários.

O modelo testado não indicou índices de ajuste apropriados, verificou-se

χ²(737)=1996,87, p<0,001; CFI=0,69; RMSEA=0,60. Estes resultados indicam que a


44

EATA original não é apropriada para o conjunto de dados observados, ou seja, o modelo

testado não se sustenta empiricamente neste estudo. Sendo assim, decidiu-se por fazer uma

Análise Exploratória com vistas a analisar a estrutura interna para a amostra em questão.

Análise Fatorial Exploratória

Com intuito de explorar a estrutura interna do instrumento, aplicou-se aos dados

coletados uma análise fatorial por componente principal, rotação promax e eigenvalue ou

autovalor ≥ 1. Para verificar a adequação dos dados à análise fatorial usou-se a medida de

adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), cujo resultado foi de 0,860 ao nível

de significância de p = 0,000, indicando que os dados estavam apropriados para fatoração.

E o teste de esfericidade de Bartlett forneceu um χ² = 6100,152, e p = 0,000, resultado esse

que referendou o anterior.

A tomada de decisão sobre o número de fatores foi realizada após a observação do

critério scree plot que apontou para uma estrutura com 3 fatores, conforme Figura 1. Para a

retenção do item no fator atribuiu-se carga fatorial igual ou superior a 0,30. Analisaram-se

assim as características dos itens em cada um dos fatores após a rotação dos dados na

análise fatorial.

Com base na análise do Scree Plot percebe-se claramente 3 fatores, revelando uma

estrutura semelhante à da escala original. Procedeu-se primeiramente à análise com

extração de itens com valor > 0,30, como apresentada na Tabela 1.


45

Tabela 1.

Análise Fatorial Exploratória com extração de itens com valor > 0,30.

Fatores
I II III
Provoco os outros relembrando falhas que cometeram 0,642
Aumento uma informação para provocar sentimento de culpa nos outros 0,639
Altero o tom de voz quando não sou atendido ou entendido 0,579
Gosto de controlar informações para os outros fazerem o que quero 0,568
Quando sinto raiva tenho vontade de descontar em alguém 0,546
Distorço ou amenizo uma informação que poderia me trazer prejuízos 0,545
Quando faço algo errado, disfarço ou saio para não perceberem que fui eu 0,530
Quando encontro com a turma sempre tenho uma fofoca para contar 0,512
Cometo erros passados mesmo sabendo do dano causado 0,501
Sinto vontade de fazer coisas independentemente das normas 0,462 0,342
Quando não gosto de alguém, sinto vontade de criar uma situação para desafiá-lo 0,443
Falo dos outros pelas costas 0,442
Culpo outra pessoa por coisas que fiz 0,405
Gosto de mostrar meus conhecimentos 0,396
Ponho apelidos maldosos em pessoas 0,391 0,316
Quando quebro alguma coisa digo que foi outra pessoa 0,375 0,328
Gosto de incomodar os outros 0,365
Gosto de brigar 0,361
Durante uma conversa não deixo espaço para o outro se colocar 0,345
Faço ultrapassagens em locais proibidos 0,814
Gosto de correr com o carro 0,757
Dirijo após ingestão de bebida alcoólica 0,649
Tenho vontade de andar armado 0,575
Descarrego extintores para brincar ou extravasar tensão 0,529 0,330
Se não tiver perigo de ser visto, entro no cinema sem pagar 0,516
Gosto de xavecar pessoas com menos de 18 anos 0,348
Relato sentimentos não verdadeiros para iniciar um relacionamento sexual 0,348
Deixo de alimentar meu animal de estimação para puni-lo 0,684
Gosto de bater em placas de trânsito 0,570
Xingo pessoas por não querer ter relações sexuais comigo 0,568
Gosto de bater em animais 0,550
Gosto de brincar de empurrar ou provocar quedas para causar constrangimento 0,518
Quebro e/ou arranco plantas de jardins 0,495
Ameaço contar “segredos” da pessoa para forçá-la a fazer algo 0,476
Utilizo o nome de alguém para conseguir benefícios sem seu conhecimento 0,445
Gosto de deixar as pessoas com raiva de mim 0,338
Estaciono o carro numa vaga para deficientes físicos 0,304
Método de Análise de Componentes Principais
Método de Rotação Promax

Pela análise exploratória para extração dos itens com peso fatorial > 0,30, observa-

se que 4 itens obtiveram carga em mais que um fator, quais sejam, no Fator I, os itens 23 e

27 tiveram carga fatorial também no Fator II, e o item 39 além do Fator I também no Fator

III. No Fator II, apenas o item 18 obteve carga fatorial distribuída também no Fator III. Os
46

itens 1 (Ao cometer um erro mostro indiferença), 8 (Quando não gosto de alguém sinto

vontade de esconder a verdade para prejudicá-lo) e 13 (Transo sem preservativo com

diferentes parceiros) não apresentaram carga fatorial acima de 0,30 e foram eliminados.

Após a configuração dos 3 fatores, calculou-se o coeficiente de precisão para cada

fator. A escala passou a ter 37 itens, ficando o Fator I com 19 itens e alfa de Cronbach

0,83; o Fator II com 8 itens e alfa de Cronbach 0,76 e o Fator III com 10 itens e alfa de

Cronbach 0,69. Ainda para verificar se cada item se mantinha comum às subescalas de

itens comuns a ambos os sexos, sexo feminino e sexo masculino, achou-se por bem

submetê-los a análise do teste t conforme preconiza a Teoria Clássica dos Testes.

Tabela 2

Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo feminino

Itens sexo do N Média DP Sig.


participante (p)
Falo dos outros pelas costas masculino 156 0,45 0,54
feminino 324 0,58 0,54 0,01
Durante uma conversa não deixo espaço para o outro masculino 156 0,13 0,38
se colocar feminino 324 0,22 0,44 0,04
Quando encontro com a turma sempre tenho uma fofoca masculino 156 0,34 0,54
para contar feminino 324 0,67 0,66 0,001

Pelo teste t, foi verificado que os ítens 3, 19 e 37 são itens nos quais as mulheres

tenderam a pontuar mais que os homens. Sendo que no estudo original a subescala B era

composta por 14 itens, inclusive estes três.


47

Tabela 3.

Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo masculino

Itens sexo do N Média DP Sig.


participante (p)

Relato sentimentos não verdadeiros para iniciar um masculino 156 0,44 0,60 0,001
relacionamento sexual feminino 324 0,10 0,34
Tenho vontade de andar armado masculino 156 0,28 0,55 0,001
feminino 324 0,09 0,34
Descarrego extintores para brincar ou extravasar tensão masculino 156 0,09 0,35 0,03
feminino 324 0,02 0,17
Gosto de correr com o carro masculino 156 0,61 0,61 0,001
feminino 324 0,24 0,50
Ponho apelidos maldosos em pessoas masculino 156 0,35 0,51 0,001
feminino 324 0,23 0,48
Se não tiver perigo de ser visto, entro no cinema sem masculino 156 0,24 0,54 0,001
pagar feminino 324 0,07 0,32
Dirijo após ingestão de bebida alcoólica masculino 156 0,41 0,60 0,001
feminino 324 0,15 0,40
Faço ultrapassagens em locais proibidos masculino 156 0,42 0,57 0,001
feminino 324 0,09 0,33
Gosto de controlar informações para os outros fazerem o masculino 156 0,29 0,55 0,03
que quero feminino 324 0,19 0,44
Gosto de xavecar pessoas com menos de 18 anos masculino 156 0,26 0,51 0,001
feminino 324 0,06 0,26

Os itens 11, 12, 18, 22, 23, 26, 30, 32, 34 e 36 foram itens mais comumente

pontuados pelos homens. Na escala original a Subescala C, com itens mais comumente

masculinos era composta por 16 itens, incluindo estes apresentados na Tabela 3, com

exceção do item 34, que no estudo original era um item da subescala B, mais pertinente ao

sexo feminino.

Com base nesses resultados e em função de alguns itens apresentarem carga fatorial

em dois fatores, pensou-se em uma nova Análise Fatorial exigindo uma carga fatorial

>0,35, para verificar a possibilidade de obter fatores mais definidos (Tabela 4)


48

Tabela 4

Análise Fatorial Exploratória com extração de itens com carga fatorial >0,35.

Fatores
I II III
Provoco os outros relembrando falhas que cometeram 0,642
Aumento uma informação para provocar sentimento de culpa nos outros 0,639
Altero o tom de voz quando não sou atendido ou entendido 0,579
Gosto de controlar informações para os outros fazerem o que quero 0,568
Quando sinto raiva tenho vontade de descontar em alguém 0,546
Distorço ou amenizo uma informação que poderia me trazer prejuízos 0,545
Quando faço algo errado, disfarço ou saio para não perceberem que fui eu 0,530
Quando encontro com a turma sempre tenho uma fofoca para contar 0,512
Cometo erros passados mesmo sabendo do dano causado 0,501
Sinto vontade de fazer coisas independentemente das normas 0,462
Quando não gosto de alguém, sinto vontade de criar uma situação para 0,443
desafiá-lo
Falo dos outros pelas costas 0,442
Culpo outra pessoa por coisas que fiz 0,405
Gosto de mostrar meus conhecimentos 0,396
Ponho apelidos maldosos em pessoas 0,391
Quando quebro alguma coisa digo que foi outra pessoa 0,375
Gosto de incomodar os outros 0,365
Gosto de brigar 0,361
Faço ultrapassagens em locais proibidos 0,814
Gosto de correr com o carro 0,757
Dirijo após ingestão de bebida alcoólica 0,649
Tenho vontade de andar armado 0,575
Descarrego extintores para brincar ou extravasar tensão 0,529
Se não tiver perigo de ser visto, entro no cinema sem pagar 0,516
Deixo de alimentar meu animal de estimação para puni-lo 0,684
Gosto de bater em placas de trânsito 0,570
Xingo pessoas por não querer ter relações sexuais comigo 0,568
Gosto de bater em animais 0,550
Gosto de brincar de empurrar ou provocar quedas para causar 0,518
constrangimento
Quebro e/ou arranco plantas de jardins 0,495
Ameaço contar “segredos” da pessoa para forçá-la a fazer algo 0,476
Utilizo o nome de alguém para conseguir benefícios sem seu conhecimento 0,445
Método de Análise de Componentes Principais
Método de Rotação Promax

Os resultados obtidos pela Análise Fatorial Exploratória para extração dos itens com

peso fatorial > 0,35 mostraram uma estrutura fatorial diferente da proposta inicialmente

por Sisto (2012). Os itens 1, 6, 8, 11, 13, 19, 20 e 36 não apresentaram carga fatorial igual

ou maior que 0,35, tendo ficado a escala com 32 itens.


49

O Fator I (18 itens) reuniu itens que no estudo normativo do EATA eram do núcleo

de respostas predominantemente femininas. Com a nova configuração quatro itens que

eram relacionados a ambos os sexos, subescala A, passaram a compor este fator, sendo eles

de números 7, 27, 38 e 39. Também passaram a fazer parte deste fator os itens 23 e 35 que

eram anteriormente da subescala C ou núcleo de condutas predominantemente masculinas.

O Fator II ( 6 itens) agrupou itens que pertenciam inicialmente à subescala C relacionada a

condutas mais masculinas, sendo estes os itens de números 12, 18, 22, 26, 30 e 32 . O Fator

III (8 itens) agrupou itens da subescala A (4, 25, 28 e 40) e da subescala C ( 5, 14, 17 e 21)

do estudo inicial do EATA.

Pode-se perceber pelos itens agrupados nesta nova configuração da Escala, que

alguns itens mais comuns ao sexo masculino, se mantiveram agrupados no Fator II, porém,

no Fator I agruparam-se itens das 3 subescalas e o Fator III ficou com 50% de itens da

subescala A e 50% da subescala C. Mesmo não havendo itens com carga fatorial em mais

de um fator, como ocorreu na análise com carga fatorial >0,30, a configuração ficou

bastante diferente da original.

Vale lembrar que em estudo preliminar para a construção da EATA Sisto, et al.

(2008b) dividiram a escala feminina em três, sendo Irritabilidade, Condutas Manipuladoras

e Condutas Antissociais, e a masculina em Condutas antissociais, Condutas Manipuladoras,

Irresponsabilidade e Inescrupulosidade. Já Gouveia et al. (2008), em estudo utilizando

outro instrumento, o Buss-Perry, dividiram e nomearam os fatores do questionário como

Raiva, Hostilidade, Agressão Verbal e Agressão Física. Da forma como ficaram agrupados

os itens da EATA após Análise Exploratória com carga Fatorial > 0,35, o Fator I inclui

itens relacionados à agressividade verbal, como, “Distorço ou amenizo uma informação que

poderia me trazer prejuízos”, “Aumento uma informação para provocar sentimento de culpa
50

nos outros”, “Gosto de controlar informações para os outros fazerem o que quero” e

também itens que se referem a hostilidade, como, “Gosto de incomodar os outros”, “Sinto

vontade de fazer coisas independentemente das normas”e “Quando não gosto de alguém,

sinto vontade de criar uma situação para desafiá-lo”.

O Fator II agrupou itens correspondentes a condutas antissociais e quebra de regras,

como “Faço ultrapassagens em locais proibidos”, “Gosto de correr com o carro” e “Dirijo

após ingestão de bebida alcoólica”. O Fator III reuniu itens mais relacionados a raiva e a

agressão física, como “Gosto de bater em animais”, “Gosto de brincar de empurrar ou

provocar quedas para causar constrangimento”, “Gosto de bater em placas de trânsito”.

Os itens eliminados da escala neste estudo, “Ao cometer um erro mostro

indiferença”, “Quando não gosto de alguém sinto vontade de esconder a verdade para

prejudicá-lo”, “Relato sentimentos não verdadeiros para iniciar um relacionamento sexual”,

“Transo sem preservativo com diferentes parceiros”, “Durante uma conversa não deixo

espaço para o outro se colocar”, ” Estaciono o carro numa vaga para deficientes físicos”,

“Gosto de xavecar pessoas com menos de 18 anos” não apresentaram carga fatorial maior

que 0,35 o que indica que para os participantes desta pesquisa estes itens não se

relacionaram a tendência à agressividade como os demais. Ressaltando que nos estudos

iniciais do EATA estes itens se relacionavam às três subescalas ou seja evidenciavam

tendências a agressividade tanto do núcleo de respostas mais femininas (2 itens) quanto

masculinas (3 itens) e também relacionadas aos dois sexos (2 itens).

Ainda para verificar se os itens que ficaram se mantinham como comuns a ambos os

sexos, ao sexo feminino ou ao sexo masculino, procedeu-se a análise do teste t, apresentado

nas Tabelas 5 e 6.
51

Tabela 5

Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo feminino

sexo do N Média DP Sig


participante (p)
Quando encontro com a turma sempre tenho uma masculino 156 0,34 0,54 0,001
fofoca para contar feminino 324 0,67 0,66
Falo dos outros pelas costas masculino 156 0,45 0,54 0,01
feminino 324 0,58 0,55

Pelo teste t, foi verificado que os itens 3 e 37 são itens nos quais as mulheres

tenderam a pontuar mais que os homens. Sendo que no estudo original a subescala B (itens

mais comuns ao sexo feminino) era composta por 14 itens, inclusive estes dois. Nesta nova

configuração da escala estes itens compõe o Fator I, e caracterizam ações de agressividade

verbal.

Tabela 6

Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo masculino

sexo do N Média DP Sig


participante (p)
Gosto de controlar informações para os outros fazerem masculino 156 0,29 0,55 0,03
o que quero feminino 324 0,19 0,44
Ponho apelidos maldosos em pessoas masculino 156 0,35 0,51 0,01
feminino 324 0,23 0,48
Faço ultrapassagens em locais proibidos masculino 156 0,42 0,57 0,001
feminino 324 0,09 0,34
Gosto de correr com o carro masculino 156 0,61 0,61 0,001
feminino 324 0,24 0,50
Dirijo após ingestão de bebida alcoólica masculino 156 0,41 0,60 0,001
feminino 324 0,15 0,40
Tenho vontade de andar armado masculino 156 0,28 0,55 0,001
feminino 324 0,09 0,34
Descarrego extintores para brincar ou extravasar masculino 156 0,09 0,35 0,03
tensão feminino 324 0,02 0,17
Se não tiver perigo de ser visto, entro no cinema sem masculino 156 0,24 0,54 0,001
pagar
feminino 324 0,07 0,31
52

Os itens 12, 18, 22, 23, 26, 30, 32 e 34 foram itens mais comumente pontuados

pelos homens. Na escala original a Subescala C com itens mais comumente masculinos era

composta por 16 itens, incluindo estes apresentados na Tabela 4, com exceção do item 34

(Gosto de controlar informações para os outros fazerem o que quero), que no original era

um item da subescala B , mais pertinente ao sexo feminino. Quanto à nova configuração da

escala, os itens apresentados na Tabela 7, como mais respondidos pelos homens fazem

parte do Fator II, composto por ações relacionadas a condutas antissociais e quebra de

regras, com exceção do item 34 (Gosto de controlar informações para os outros fazerem o

que quero) e do 23 (Ponho apelidos maldosos em pessoas) que aparecem como parte do

Fator I, caracterizando agressividade verbal.

De acordo com Sisto (2005), a questão não é saber quem é mais ou menos

agressivo, dentre homens e mulheres, e sim se há tipos de condutas agressivas mais

comuns a cada um deles. Neste sentido os resultados encontrados corroboram parcialmente

os achados de Sisto (2005), Sisto et al. (2005), Sisto et al. (2008a) pois não podemos

afirmar quais os tipos de ações agressivas são mais comuns para as mulheres, já quanto aos

homens, os resultados indicam que eles tendem mais a infringir regras, como beber e

dirigir, dirigir em alta velocidade, fazer ultrapassagens em locais proibidos ou andar

armado.

Precisão

A Precisão ou confiabilidade dos itens foi calculada para o EATA utilizando-se os

métodos pelo coeficiente alfa de Cronbach, o método das metades de Spearman-Brown e

Gutman. Os índices de precisão são apresentados na Tabela 7 para os fatores I, II e III .


53

Tabela 7

Precisão dos itens da EATA por fator

Fator Numero de Itens Alfa de Cronbach Sperman Braun Gutman


I 18 O,83 0,81 0,80
II 6 0,75 0,69 0,65
II 8 0,68 0,66 0,65

O Fator I referente a Agressividade Verbal e Hostilidade, composto por 18 itens,

atingiu índices de 0,83 para Alfa de Cronbach, 0,81 método das metades de Spearman-

Brown e 0,80, sugerindo homogeneidade alta para ambas as técnicas utilizadas. Para o

Fator II, Condutas antissociais e Quebra de Regras Sociais, os índices de precisão para Alfa

de Cronbach foi 0,75, Spearman-Brown 0,69 e Gutman 0,65, o que mostra boa consistência

destes fatores. Os índices de precisão para o Fator III – Raiva e Agressão Física, composto

por 8 itens, atingiram para o Alfa de Cronbach 0,68, Spearman-Brown 0,66 e Gutman

0,65. Todos índices aceitos pela Comissão Consultiva com base na resolução CFP

002/2003.

CONSIDERAÇÕES

Este estudo foi proposto para verificação da adequação da estrutura interna da

EATA, ou seja, investigar por meio de Análise Fatorial se os três fatores e a divisão dos

itens da EATA em estudo original (Sisto, 2012) seria confirmado para a população ora

estudada. Não tendo sido confirmada a estrutura original da escala pela Análise Fatorial

Confirmatória, efetuaram-se Análises Fatoriais Exploratórias para buscar um formato mais

apropriado à amostra.
54

As análises fatoriais demonstraram que para a EATA (Sisto, 2012) a composição

em três fatores é apropriada, porém para a população que compôs o presente estudo a

estrutura destes fatores se apresentou diferente da original.

Considerando o conteúdo dos itens, o Fator I agregou ideias de “agressividade

verbal e hostilidade” na interação com outras pessoas, além do uso de comportamento

dissimulado, indicando indivíduos que tendem a usar da agressividade para se impor e

conseguir vantagens. No Fator II os itens se relacionaram especificamente a “condutas

antissociais”, quebra de regras sociais e infrações. Já o Fator III apresentou itens

relacionados à “raiva e agressões físicas”, perfil de pessoas mais temperamentais, raivosas,

com condutas impulsivas.

Destaca-se a importância de outros estudos com diferentes tipos de validade, com

diversas outras variáveis, em diferentes culturas e em diferentes contextos, tanto para a

EATA, quanto para o formato da EATA apresentado no presente estudo, que sugere-se

nomear de EATA- Novo Estudo.

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58

ARTIGO 3

TENDÊNCIA À AGRESSIVIDADE: EVIDÊNCIAS DE VALIDADE COM BASE


NAS RELAÇÕES COM OUTRAS VARIÁVEIS.

TENDENCY TOWARDS AGGRESSIVENESS: EVIDENCE OF VALIDITY BASED


ON RELATIONSHIPS WITH OTHER VARIABLES.

TENDENCIA A LA AGRESIVIDAD: EVIDENCIAS DE VALIDEZ BASADO EN


LAS RELACIONES CON OTRAS VARIABLES.

Maria Inês Bustamante (1), Universidade São Francisco, Itatiba


Cláudio Garcia Capitão (2), Universidade São Francisco, Itatiba

Sobre os autores:
1. Psicóloga, Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP. Docente do Curso de
Graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Sapucaí.
E-mail: [email protected]
2. Psicólogo, Especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar, Pós-Doutorado em Psicologia
Clínica pela PUC-SP. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação Stricto Sensu em
Psicologia da Universidade São Francisco.
E-mail: [email protected]
End.: Av. Alexandre Rodrigues Barbosa, 45 – CEP 13251-900 – Itatiba/SP – Brasil.
Fones: +55 (11) 4534-8046 | +55 (11) 4534-8046

RESUMO

O comportamento agressivo é definido como uma ação intencional para machucar, ou


irritar alguém, física ou emocionalmente ou produzir danos materiais, físicos ou
psicológicos. O presente estudo objetivou buscar evidências de validade baseadas nas
relações com outras variáveis entre a EATA (Escala para Avaliação da Tendência à
Agressividade) - Novo Estudo, o IPSF (Inventário de Percepção de Suporte Familiar) e o
WHOQOL-Bref (questionário de Qualidade de Vida da OMS). Participaram do estudo 480
universitários de cursos nas áreas de Ciências Humanas (41,2%), Ciências Biológicas
(41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), de uma Universidade do Sul de Minas Gerais. A idade
dos participantes variou de 18 a 55 anos, com média de 24 anos (DP=6,31). Foram
encontradas correlações significativas entre os três instrumentos. Entre a EATA – Novo
Estudo e o IPSF, a Agressividade Verbal e Hostilidade apresentou correlação moderada
com Fator Adaptação Familiar (r=0,30, p<0,001) e a EATA – Novo Estudo Total também
com a Adaptação Familiar (r=0,29, p<0,001). Com o WHOQOL-Bref também foram
encontradas correlações altamente significativas entre a EATA – Novo Estudo total e a
dimensão Relações Sociais (r=-0,16, p<0,001), assim como entre Agressividade Verbal e
Hostilidade e Relações Sociais (r=-0,16, p<0,001). Os resultados indicaram que os
59

construtos tendência à agressividade, percepção do suporte familiar e qualidade de vida


estão parcialmente relacionados.

Palavras-chave: avaliação psicológica; agressividade; universitários; suporte familiar;


qualidade de vida.

ABSTRACT

The aggressive behavior is defined as an intentional action to hurt or irritate someone,


physically or emotionally or produce material, physical or psychological damage. The aim
of this study was to search for evidence of validity based on relations with other variables
between the EATA (Scale for Assessing the tendency to Aggressiveness) - New Study, the
IPSF (Inventory of Perception of Family Support) and the WHOQOL-Bref (Quality of Life
questionnaire of the WHO). Study participants were 480 university students of courses in
the areas of Human Sciences (41.2 %), Biological Sciences (41.2 %) and Exact Sciences
(17.5 %), of a University in the South of Minas Gerais. The age of participants ranged from
18 to 55 years, with a mean of 24 years (SD=6.31). Significant correlations were found
between the three instruments. Between the EATA - New Study and the IPSF, Verbal
Aggressiveness and hostility showed moderate correlation with Family Adaptation Factor
(r=0.30, p<0.001) and the EATA - New Study Total also with the Family Adaptation
(r=0.29, p<0.001). With the WHOQOL-Bref were also found correlations were highly
significant between the EATA - New Study total and size Social Relations (r=0.16,
p<0.001), as well as between Verbal Aggressiveness and hostility and Social Relations (r=-
0.16, p<0.001). The results indicated that the constructs tendency to aggressiveness,
perception of family support and quality of life are partially related.

Keywords: psychological assessment; aggressiveness; university students; family support;


quality of life.

RESUMEN

El comportamiento agresivo se define como un acto intencional para herir o molestar a


alguien, física o emocionalmente o producir daños materiales, físicos o psicológicos. El
presente estudio tuvo como objetivo reunir pruebas de validez basada en las relaciones con
otras variables entre la EATA (Escala para la Evaluación de la Tendencia a la Agresividad)
- Nuevo Estudio, el IPSF (Inventario de Percepción de Apoyo Familiar) y el WHOQOL-
Bref (cuestionario de la Calidad de Vida de la OMS). Los participantes del estudio fueron
480 estudiantes universitarios de cursos en las áreas de Ciencias Humanas (41,2%),
Ciencias Biológicas (41,2%) y Ciencias Exactas (17,5%), de la Universidad del Sur de
Minas Gerais. La edad de los participantes osciló entre 18 a 55 años, con una media de 24
años (DE=6.31). Se encontraron correlaciones significativas entre los tres instrumentos.
Entre la EATA - Nuevo Estudio y la IPSF, la Agresividad Verbal y Hostilidad mostraron
correlación moderada con el Factor Adaptación Familiar (r=0,30, p<0,001) y la EATA -
60

Nuevo Estudio Total también con Adaptación Familiar (r=0,29, p<0,001). Con el
WHOQOL-Bref también se encontraron correlaciones altamente significativas entre la
EATA - Nuevo Estudio Total con Relaciones Sociales (r=-0.16, p<0,001), y lo mismo entre
Agresividad Verbal y Hostilidad y las Relaciones Sociales (r=-0,16, p<0,001). Los
resultados indicaron que los constructos tendencia hacia la agresividad, percepción de
apoyo familiar y la calidad de vida se relacionan parcialmente.

Palabras clave: evaluación psicológica; agresividad; universitarios; apoyo familiar; calidad


de vida.

INTRODUÇÃO

A agressividade pode ser vista como uma energia positiva, que conduz o indivíduo

na busca de soluções para seus problemas, atrelada à sobrevivência da espécie, porém, vem

sendo objeto de estudo da psicologia principalmente quanto aos seus aspectos relacionados

a ações hostis e destrutivas. As perspectivas inatistas entendem a agressão como um

distúrbio da personalidade que evidencia instintos destrutivos, como reação impulsiva à

dor, seja ela real ou imaginada, como reação a uma barreira imposta a algo desejado ou

como forma de libertar tensão acumulada, uma reação catártica (Ribeiro & Sani, 2009).

Para Freud (1930/2010) agride-se ao outro para evitar que impulsos inatos de

autodestruição se voltem contra si próprio. Lorenz (1973) no mesmo sentido entendeu o

comportamento agressivo como uma energia instintiva universal que acumulada precisa ser

descarregada. Hoje, acredita-se que experiências individuais interagem com o legado

biológico (Ferreira, 2011). As teorias psicossociais veem a agressão como um

comportamento aprendido por meio do reforço e da modelagem (Bandura, Azzi, &

Polydoro, 2008), uma resposta à frustração (Dolard et al. 1939, citado por Rodrigues,

1970); um resultado de déficits de processamento (Dodge & Coie, 1987) que levam à

atribuição de intencionalidade negativa ao outro, e assim à ativação de scripts


61

condicionantes; uma escolha direcionada para recompensas, custos e probabilidades de

resultados esperados. E ainda a personalidade somada a fatores situacionais fazem parte dos

componentes explicativos da agressão, segundo Ribeiro e Sani (2009). A agressão é afinal

um comportamento humano complexo e, por isso, é duvidoso que uma única teoria consiga

por si própria aproximar-se da integração, ao demonstrar um grau de adequação suficiente

para a diversidade de variáveis, processos explicativos e interações envolvidas.

Sisto (2012) definiu o comportamento agressivo como uma ação intencional para

machucar, ou irritar alguém, física ou emocionalmente ou produzir danos materiais, físicos

ou psicológicos. A intencionalidade do ato é imprescindível, pois um dano acidental não é

considerado agressivo, porém por não haver uma forma de mensurar a intenção, esta tem

sido inferida pela frequência dos comportamentos.

Pode-se dizer que vários fatores, como os demográficos, pessoais, socioculturais e

ambientais, têm grande influência sobre o tipo de estratégias de enfrentamento mobilizado

em cada circunstância específica. A idade e o sexo parecem fatores cruciais nestas

interações segundo Piko (2001). Para a autora, as diferentes formas de reação ou de

respostas podem emergir dos processos de socialização que contribuem para os estereótipos

referentes aos sexos. Ela acrescenta ainda, que as diferenças nos estilos de resposta surgem

no processo de socialização, na interação com a família, educadores e amigos, quando são

internalizados os estereótipos referentes aos sexos, podendo direcionar a tendência

masculina a agir com maior agressividade em situações nas quais as meninas tenderiam a

não fazê-lo, buscando outras formas para resolver os problemas.

Na literatura pode-se encontrar resultados bastante variados quanto a diferenças de

manifestações agressivas relacionadas ao sexo, existindo indicativos de que elas dependem

do tipo de agressão. Nesse sentido, aparentemente, as agressões físicas são mais


62

características do sexo masculino, enquanto que as mulheres usam mais estratégias

indiretas de agressão (Sisto, 2005; Sisto, Bartholomeu, Rueda, & Granado, 2005).

Os primeiros estudos para a construção de um instrumento de medida da tendência à

agressividade em jovens e adultos, no Brasil, se desenvolveram neste sentido, ou seja,

buscando verificar a existência de critérios que pudessem caracterizar pessoas mais

agressivas em relação ao sexo. Sisto, et al. (2005) buscaram elaborar itens para um

instrumento que verificasse a agressividade em universitários. Este estudo teve como base

as condutas mais relevantes descritas do CID-10 e DSM-IV, quanto aos transtornos de

conduta. Participaram do estudo 180 universitários, dos cursos de Engenharia e Psicologia,

de ambos os sexos, 58,8% mulheres e 41,2% homens, com idades entre 19 e 25 anos. Os

autores concluíram que existem condutas mais tipicamente masculinas, mais tipicamente

feminina e comum a ambos os sexos, porém, enfatizaram que a questão não recai sobre

discutir se homens são mais agressivos que mulheres e sim que existem tipos característicos

de agressividade masculina e feminina, e que futuros estudos poderão influir no

entendimento e controle de tal comportamento.

Sisto, Bartholomeu, Santos, Rueda e Suehiro (2008a), buscaram evidência de

validade de construto relacionada ao funcionamento dos itens para diferenciar sexos

utilizando a escala criada por Sisto et al. (2005). Contaram com a participação de 445

universitários dos cursos de Engenharia, Computação e Psicologia, com idades entre 18 e

65 anos, de ambos os sexos, sendo 57,2% mulheres. Os 81 itens do instrumento foram

analisados por meio do modelo Rasch. Vinte e oito itens apresentaram funcionamento

diferencial, sendo 15 condutas mais características de pessoas do sexo feminino e outras 13

mais características do sexo masculino. Os índices de precisão, alfa de Crombach, foram de


63

0,99 para os itens e 0,86 para as pessoas. Concluiu-se que a agressividade pode ser medida

separadamente em razão do sexo.

Posteriormente, Sisto, Bartholomeu, Santos, Rueda e Suehiro (2008b) objetivaram

analisar fatorialmente dois instrumentos para mensurar agressividade, com a participação

de 445 estudantes universitários, de ambos os sexos, de cursos de Engenharia e Psicologia,

com idades entre 18 e 65 anos. Para a construção dos instrumentos, foi utilizado o estudo

relatado anteriormente, em que os itens sem DIF fizeram parte de ambas as escalas,

acrescidos dos mais comuns aos homens, no caso da escala masculina (59 itens) e dos mais

comuns às mulheres, no caso da escala feminina (66 itens). O estudo fatorial foi realizado

separadamente por sexo, por meio de análise por componentes principais, com rotação

Varimax. Na escala feminina foram encontrados três fatores, F1. Irritabilidade, F2.

Condutas Manipuladoras e F3. Condutas Antissociais e na masculina quatro fatores, sendo

F1. Condutas Anti-sociais e F2. Irresponsabilidade, F3. Condutas Manipuladoras e F4.

Inescrupulosidade. Os índices de consistência interna foram considerados dentro dos

parâmetros usuais e aceitos, indicando que as escalas apresentaram características

psicométricas básicas para uso em pesquisa.

À partir dos estudos citados pode-se contar com um instrumento de medida do

construto agressividade voltado para a população de jovens e adultos, a Escala para a

Avaliação de Tendência à Agressividade – EATA, publicada e aprovada pelo Conselho

Federal de Psicologia em 2012. Até esta data só era possível estudar o construto por meio

de Instrumentos traduzidos e adaptados, como o estudo de Gouveia, Chaves, Peregrino,

Branco e Gonçalves (2008), que objetivou adaptar para o contexto brasileiro o Questionário

de Agressão de Buss-Perry – BPAQ (Buss & Perry, 1992), reunindo evidências de sua

validade de construto. Com a participação de 308 estudantes de João Pessoa, sendo 155
64

universitários e 153 do Ensino Médio, com idade média de 18,8 anos, e a maioria do sexo

feminino (65,9%). Foram utilizados quatro instrumentos, sendo, Escala de Identificação

Grupal, Questionário dos Valores Básicos, Questionário de Justificação da Violência e

BPAQ (Buss & Perry, 1992). Este último foi elaborado originalmente em língua inglesa,

compondo-se de 29 itens que, teoricamente, avaliam a agressão em quatro dimensões, a

saber: agressão física, agressão verbal, raiva, e hostilidade. Os resultados demonstraram

que, embora tenham emergido apenas dois fatores na Análise Fatorial Exploratória, uma

Análise Fatorial Confirmatória corroborou a estrutura teórica desta medida, definida por

quatro fatores de primeira ordem denominados raiva (α= 0,71), hostilidade (α =0,62),

agressão verbal (α= 0,52) e agressão física (α= 0,65), e um de segunda ordem nomeado

como agressão (α= 0,81). As pontuações dos homens não diferiram daquelas das mulheres

na maioria dos fatores de agressão, excetuando na sua dimensão afetiva, a raiva, em que

estas apresentaram maiores pontuações.

Em um estudo exploratório com estudantes de uma universidade do interior do

estado de São Paulo, Oliveira, Chamon e Mauricio (2010) estudaram as representações

sociais da violência, contando com 20 universitários das áreas exatas, humanas e

biológicas, com média de idade de 21,6 anos. Utilizaram de vinte entrevistas

semiestruturadas, que foram analisadas qualitativamente com auxílio do software Alceste.

Os resultados apontaram duas classes de representação da violência: Perspectiva social e

política e Perspectiva Familiar. O grupo que se voltou para a perspectiva familiar

representou a agressividade como fruto do desequilíbrio da família e de sua baixa qualidade

de vida, que se intensifica com os problemas sociais. Identificaram a violência como sendo

gerada pela falta de amor, carinho, respeito, falta de estrutura psicológica e negligência.
65

Em uma revisão da literatura mundial sobre violência familiar e problemas de

comportamento agressivo, Pesce (2009) mostrou que a violência conjugal é causa potencial

de agressividade e transgressão em crianças. Encontrou ainda nos artigos estudados, que

comportamentos agressivos em crianças tendem a manter-se ao longo do tempo e de forma

cada vez mais acentuada, fato que aponta para estratégias de prevenção desses agravos a

serem desenvolvidas nos contextos escolar, familiar e da saúde.

No mesmo sentido do estudo citado, Vilhena e Maia (2002) afirmam que a

tendência antissocial e a agressividade podem tomar vários caminhos, dependendo do papel

que desempenha a família. Esta deve ser o lugar de referência e suporte à agressividade do

bebê e, no futuro, ao adolescente que infringe as leis sociais. Para as autoras a violência que

se vê na sociedade de hoje está relacionada a uma “falha básica da família no que tange ao

seu papel de contenedora dos impulsos agressivos”, podendo estes transformarem-se em

destrutividade, violência e delinquência (p.38).

Ramires (2001), quanto aos fatores que favorecem o desenvolvimento da

agressividade, coloca a influência familiar em primeiro plano. A família, em momentos de

crise, pode atuar como sistema protetor, quando ajuda o jovem a lidar com situações

problemas, ou como agente estressor, contribuindo para o surgimento de doenças mentais

em seus membros (Féres-Carneiro, 1992). A mesma autora (1997) reforça que a eficácia do

suporte familiar varia de acordo com as especificidades de cada núcleo familiar, assim

como a forma como cada membro percebe o suporte recebido. Neste sentido, Baptista

(2005) enfatiza que o suporte familiar pode ser considerado um amortecedor dos efeitos dos

estressores, sendo então de grande importância para a resiliência psicológica, competência

social, autoconceito e baixa prevalência de transtornos ansiosos e de humor.


66

Quanto aos instrumentos relacionados ao construto suporte familiar, poucos têm

como objetivo investigar a percepção dos próprios participantes quanto ao suporte familiar

recebido, independente de idade (Baptista, 2005). Algumas iniciativas quanto a

instrumentos relacionados ao suporte familiar devem ser citadas, como, Féres-Carneiro

(1997) que desenvolveu uma Entrevista Familiar Estruturada (EFE); Pasquali e Araújo

(1986) desenvolveram o Questionário de Percepção dos Pais (QPP); Lummerts e Biaggio

(1987) também desenvolveram uma escala para medir o nível de satisfação do adolescente

em sua família; Costa, Teixeira e Gomes (2000) traduziram e adaptaram

a Escala de Responsividade e Exigência Parental, de Lamborn, Mounts, Steinberg,

Dornbusch (1991); Gomide (2003) desenvolveu um Inventário de Estilos Parentais (IEP); e

Benetti e Balbinotti (2003) desenvolveram uma escala nomeada de Inventário de Práticas

Parentais.

Nesse contexto, Baptista (2005) desenvolveu o Inventário de Percepção de Suporte

Familiar (IPSF) que avalia a percepção do indivíduo ante o suporte que recebe da sua

família. Consta de 42 questões e possui três dimensões, 1) afetivo-consistente: com 21 itens

e evidencia as relações afetivas positivas intra-familiares, desde o interesse pelo outro, até a

expressão verbal e não verbal de carinho, clareza nos papéis e regras dos integrantes da

família, bem como a habilidade nas estratégias de enfrentamento de situações-problema; 2)

adaptação familiar: com um total de 13 itens que expressam sentimentos negativos em

relação à família, como isolamento, exclusão, raiva, vergonha, relações agressivas de brigas

e gritos, irritação, incompreensão e, ainda, percepção de relações de competição na família,

interesse e culpabilidade entre os membros em situações de conflito; 3) autonomia familiar:

composto por 8 itens, demonstra a percepção de autonomia que o indivíduo tem de sua

família, o que denota relações de confiança, privacidade e liberdade entre os membros da


67

família. Já foram encontradas evidências de validade de construto e critério para o

inventário, tais como os estudos de Rigotto (2006), Aquino (2007), Souza (2007) e

Baptista, Santos, Alves e Souza (2008).

Ainda neste sentido, Souza, Baptista e Alves (2008) buscaram evidência de validade

baseada na relação com outras variáveis entre o Inventário de Percepção de suporte

Familiar (IPSF) e o Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG). Participaram do

estudo 530 universitários com faixa etária de 17 a 54 anos. Foram utilizados o IPSF –

Inventário de Percepção de Suporte Familiar e o QSG – Questionário de saúde Geral de

Goldberg. Na maioria das dimensões os dois instrumentos correlacionaram-se negativa e

significativamente, indicando que o instrumento em questão pode ser considerado

adequado para avaliar a percepção de suporte familiar. Concluiu-se que quanto maior o

suporte familiar percebido, menores manifestações de doença mental.

Souza, Baptista e Baptista (2010) objetivaram avaliar a relação entre suporte

familiar, saúde mental e comportamentos de risco, de 766 estudantes universitários, com

média de idade igual a 21,53 e desvio padrão de 2,38 anos. Foi utilizado o Inventário de

Percepção de Suporte Familiar (IPSF), o Self Reporting Questionnaire (SRQ-20) e um

Questionário de Identificação dos Comportamentos dos Estudantes (QICE). Foram

encontradas correlações significativas entre os escores dos três instrumentos, o que

demonstra que estas três variáveis estão inter-relacionados. Na análise de regressão, com

modelo stepwise, encontrou-se que a saúde mental, os comportamentos de risco de

violência contra si, violência sexual e poucas atividades de lazer predizem a variável

dependente Suporte Familiar Total, sendo a saúde mental, aquela com maior

preponderância.
68

O principal efeito do suporte social e familiar se dá quando a pessoa se sente amada,

valorizada, reconhecida, acolhida, protegida e participante de uma rede de recursos e

informações. O indivíduo percebendo esse suporte, encontra forças para enfrentar situações

adversas, o que traz consequências positivas para seu bem estar, diminuição do estresse,

aumento da autoestima e do bem estar psicológico e consequente melhora na qualidade de

vida (Campos, 2004).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 1998) a Qualidade de Vida (QV)

é definida como a percepção do indivíduo de sua posição no contexto da cultura e sistema

de valores nos quais a pessoa está inserida, em relação aos seus objetivos, expectativas,

padrões e preocupações (FAMED, 1998). Nessa perspectiva, o conceito pressupõe a

avaliação subjetiva dos indivíduos acerca de diferentes componentes físicos, psicológicos,

culturais, sociais e espirituais (WHOQOL, 1995). Qualidade de Vida poderá ser um

conceito de importância e potencialmente transformador na forma como o jovem se torna

importante em seu meio e no futuro adulto.

As pesquisas que investigam a qualidade de vida têm utilizado tanto indicadores

objetivos quanto subjetivos, dirigidos às estimativas subjetivas das circunstâncias de vida,

ou aos julgamentos de satisfação e das emoções (Gilman & Huebner, 2000). O documento

da OMS (1998), sobre instrumentos de avaliação de QV foi construído valendo-se de

quatro grandes dimensões, isto é, saúde física, aspectos psicológicos, sociabilidade e

relações com o ambiente, além de avaliação global da qualidade de vida. Dentre essas

dimensões, atualmente, pode-se afirmar que desemprego, exclusão social e, sobretudo, a

violência e a agressividade, podem ter grande influência na qualidade de vida.

Entretanto, investigações que visam identificar a relação entre o estilo de vida e a

qualidade de vida ainda são escassas. Além disso, a maioria dos estudos como os de
69

Martins, França e Kimura (1996), Santos (2006), Nogueira (2006) e Zortéa (2010)

focalizam somente as pessoas que possuem doenças crônicas, e dessa forma, os aspectos

relacionados à QV de pessoas saudáveis ainda são pouco estudados. Porém, sabe-se que

Países desenvolvidos como os Estados Unidos e outros países investem em pesquisas que

monitoram comportamentos de jovens, por entender que uma possível intervenção e

mudança de determinadas condutas poderiam ter impacto positivo no quadro de saúde, nas

relações sociais e familiares e na qualidade de vida da juventude e dos adultos.

Coutinho, Maciel e Araújo (2009) referem que bullying é o conjunto de atitudes

agressivas, caracterizadas pela intencionalidade, repetição do ato e uso da relação desigual

de poder. Enfatizam que este fenômeno coletivo incide por todo o tecido social,

acarretando, sobretudo, implicações psicossociais às pessoas envolvidas neste tipo de

violência, comprometendo a saúde e influenciando negativamente na qualidade de vida. Os

autores desenvolveram uma pesquisa investigando a relação entre o indicativo de situações

de violência no contexto escolar com a qualidade de vida dos adolescentes. Participaram 82

adolescentes, com idades entre 12 e 16 anos, e os instrumentos utilizados foram, um

questionário bio-sócio-demográfico, a Escala de Acoso Escolar Percibido e o instrumento

de avaliação da Qualidade de Vida (WHOQOL-bref). Concluíram que a violência na escola

correlacionou-se negativa e significativamente com qualidade de vida demonstrando o

caráter prejudicial da violência tipo bullying, que acarreta diversas implicações ao escopo

social.

Os estudos sobre instrumentos psicológicos são de grande importância para que

avaliações possam ser mais confiáveis e precisas em todos os contextos da atuação

profissional do psicólogo. Assim, a investigação para que testes psicológicos sejam

adequados para sua utilização, de forma a medirem aquilo a que se propõe medir, que
70

apresentem validade para sua interpretação, justifica estudos como este que objetiva buscar

evidências de validade para a Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade -

EATA, em Relação a Outras Variáveis, por meio do Inventário de Percepção do Suporte

Familiar - IPSF e do Instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde -

WHOQOL-Bref.

A primeira evidência de validade será investigada com o Inventário de Percepção de

Suporte Familiar, que avalia a percepção que o indivíduo tem de seu suporte familiar; neste

sentido aventa-se a hipótese de que os participantes que apresentarem melhor percepção de

suporte familiar apresentem menos tendência à agressividade, ou seja, que a correlação

entre os instrumentos seja negativa ou divergente, com exceção do fator II do IPSF que tem

seus itens invertidos. A segunda evidência de validade será estudada com o teste de

Qualidade de Vida- WHOQOL-Bref, procurando verificar se há correlação entre a

tendência à agressividade e a qualidade de vida dos indivíduos, e espera-se da mesma

forma, encontrar correlações divergentes, porém significativas, entre os dois construtos.

Importante informar que para este estudo foi utilizado como instrumento a escala

resultante de estudo anterior, em que, por meio de analise Fatorial Exploratória e

Confirmatória da EATA (Sisto, 2012), o instrumento original não se confirmou para a

população estudada, sendo esta a mesma participante do presente estudo. Assim, para as

análises do presente estudo será utilizada a Escala que será aqui nomeada EATA- Novo

Estudo, composta por três fatores relacionados ao tipo de agressividade implicada nas

ações, contendo como na original 3 fatores, porém, com estrutura diferente, sendo: Fator I

“Agressividade Verbal e Hostilidade”, Fator II “Condutas Antissociais” e Fator III “Raiva e

Agressão Física”.
71

MÉTODO

Participantes

Participaram deste estudo 480 estudantes universitários de uma Universidade no Sul

de Minas Gerais, de oito cursos das áreas de Ciências Humanas (41,2%), Ciências

Biológicas (41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), sendo 32,5% do sexo masculino e 67,5% do

sexo feminino. A faixa etária dos participantes variou entre 18 e 55 anos, com média de 26

anos e moda de 22 anos (DP= 6,31).

Instrumentos

Os instrumentos utilizados foram: Ficha de Caracterização do participante, o EATA

- Novo Estudo- Escala de Avaliação da Tendência a Agressividade, o IPSF -Inventário de

Percepção do Suporte Familiar e o WHOQOL- Bref, escala abreviada de Qualidade de

Vida da Organização Mundial de Saúde.

Ficha de Caracterização

Foi criada pela pesquisadora uma Ficha de Caracterização dos participantes da

pesquisa, contendo questões que abordam dados de identificação pessoal, profissional e

social.

EATA - Escala para Avaliação de Tendência a Agressividade

A Escala para Avaliação de Tendência a Agressividade engloba questões

relacionadas a condutas agressivas, e as respostas dadas a cada item informam sobre a

tendência de uma pessoa e sua maior ou menor possibilidade de manifestar agressividade.


72

A EATA original compõe-se de 40 itens, possui três dimensões e fornece uma

quarta medida. A Subescala A, com 10 itens, tem como núcleo condutas que são comuns a

ambos os sexos, a Subescala B, com 14 itens, possui como núcleo as condutas mais comuns

ao sexo feminino e, por fim, a Subescala C, com 16 itens, engloba conteúdos que são mais

comuns a pessoas do sexo masculino.

Em estudo anterior com a mesma população do presente estudo foram realizadas as

Análises Confirmatória e Exploratória que resultaram em uma escala com 32 itens, sendo

Fator I com 18 itens (alfa de Cronbach = 0,83), Fator II com 6 itens (alfa de Cronbach =

0,75) e Fator III com 7 itens (alfa de Cronbach = 0,63). Nas duas análises não se confirmou

a estrutura original e para a amostra estudada se propôs uma nova configuração do

instrumento, que então será utilizada nas análises do presente estudo e será referida como

EATA- Novo Estudo.

Considerando o conteúdo dos itens, o Fator I “Agressividade Verbal e Hostilidade”

agregou ideias de agressividade verbal na interação com outras pessoas, de comportamento

hostil e dissimulado. No Fator II “Condutas Antissociais” os itens se relacionam

especificamente a quebra de regras sociais e infrações. Já o Fator III “Raiva e Agressão

Física” apresenta o perfil de pessoas mais temperamentais, raivosas, com condutas

impulsivas.

IPSF – Inventário de Percepção de Suporte Familiar

O IPSF elaborado por Baptista (2005) e aprovado pelo Conselho Federal de

Psicologia, teve como base instrumentos nacionais e internacionais que mensuravam

suporte familiar. A construção dos itens, foi realizada por meio de uma pesquisa com 100
73

estudantes universitários de Psicologia, utilizando de uma pergunta aberta, “Na sua opinião,

o que é uma família ideal?”.

Posteriormente, realizou-se uma pesquisa com 1064 estudantes com idade entre 17 e

64 anos, de instituições particulares e públicas do Estado de São Paulo. O instrumento final

IPSF, por Baptista (2007) constou de 42 afirmações sobre a compreensão a respeito da

percepção sobre o suporte ou assistência familiar recebido, que ficaram divididas em três

dimensões: Fator 1 – Afetivo-Consistente: Essa dimensão contém 21 itens e evidencia as

relações afetivas positivas intra-familiares (Alfa de Cronbach de 0,91). Fator 2 – Adaptação

Familiar: Com um total de 13 itens que expressam sentimentos negativos em relação à

família (Alfa de Cronbach de 0,90). Fator 3 – Autonomia Familiar: Composto por 8 itens,

demonstra a percepção de autonomia que o indivíduo tem de sua família (Alfa de Cronbach

de 0,77).

O escore total pode chegar a 84 pontos, sendo que um escore de 0 a 53 é

considerado um nível Baixo de percepção do suporte familiar, um escore de 54 a 63 é

considerado nível Médio-Baixo, um escore 64 a 70 é considerado Médio-Alto e um escore

de 71 a 84 é considerado nível Alto (Baptista et al., 2008).

O WHOQOL – Bref (Organização Mundial da Saúde: Avaliação de Qualidade de Vida)

A necessidade de instrumentos curtos que demandem pouco tempo para seu

preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias, fez com que o Grupo

de Qualidade de Vida da OMS desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-100, o

WHOQOL-Bref (WHOQOL GROUP, 1998b). Para tanto foi estudada uma amostra de 250

pacientes, com média de idade de 43,06 (Dp = 15, 36), sendo que 125 (50%) eram

pacientes ambulatoriais e 125 (50%) estavam internados.


74

A versão abreviada é composta pelas 26 questões que obtiveram os melhores

desempenhos psicométricos e conceituais, extraídas da versão original e resguardando o

caráter abrangente do Instrumento. Composto por 4 domínios, o Domínio 1 representa o

físico, e descreve situações relacionadas com dor e desconforto, o Domínio 2 representa o

desempenho psicológico e descreve sentimentos positivos, Domínio 3 representa relações

sociais e descreve sobre relações pessoais, suporte social e atividade sexual, quanto ao

Domínio 4, este representa o meio ambiente e descreve segurança física e proteção. O

Domínio geral descreve como o indivíduo percebe sua qualidade de vida e sua saúde.

Este questionário apresenta evidências de validade e precisão. No que se refere a

consistência interna o coeficiente Cronbach mostra valores satisfatórios tanto para as

questões (0,91) quanto para os domínios (0,77).

Procedimentos

Após a autorização dos responsáveis pela universidade para composição da amostra,

o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco

em 22/9/11, protocolo CAAE: 0326.0.142.000-11. A seguir foram agendados com os

professores e alunos, os dias e horários para aplicação dos instrumentos. A abordagem dos

participantes da pesquisa foi feita em sala de aula, quando os participantes assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os participantes responderam

respectivamente à Ficha de Caracterização, a EATA, o IPSF e o WHOQOL-Bref. O tempo

médio de aplicação foi de 25 minutos.


75

Análise de Dados

A análise estatística foi realizada com base no programa Statistical Package for

Social Sciences for Windows, SPSS, versão 20.0. Foi empregada a técnica estatística

paramétrica para comparar distribuição dos dados e correlação entre as variáveis.

Inicialmente foi realizada a estatística descritiva da amostra, com dados como sexo,

idade, estado civil, área de graduação, curso, estado civil dos pais, se moram com eles,

religião, se trabalham e renda familiar. O próximo passo foi a busca de evidências de

validade com base em outras variáveis, sendo estas os resultados obtidos pelo IPSF e pelo

WHOQOL- Bref.

RESULTADOS

Foram estimadas as associações das pontuações da EATA- Novo Estudo com o

IPSF e WHOQOL-Bref, por coeficientes de correlação de Pearson, e os resultados serão

apresentados respectivamente. A pontuação com escores altos no EATA indica maior

agressividade, em contrapartida no IPSF quanto maior o escore melhor a percepção de

suporte familiar, com exceção do fator Adaptação Familiar que tem sua pontuação

invertida. Assim, como se esperava, as correlações entre esses dois instrumentos foram

negativas, excetuando as correlações com o Fator Adaptação Familiar, como apresentadas

na Tabela 1 e descritas a seguir.


76

Tabela 1.

Correlação entre fatores EATA - Novo Estudo e IPSF (N= 480).


IPSF IPSF IPSF IPSF
Afetivo Adaptação Autonomia Total
Consistente Familiar
EATA - Novo Estudo r -0,13** 0,30*** -0,10* -0,04
Fator I
Agressividade p 0,005 0,001 0,022 0,445
Verbal e Hostilidade
EATA - Novo Estudo r -0,13** 0,13** -0,02 -0,08
Fator II
Condutas p 0,004 0,005 0,751 0,083
Antissociais
r -0,08 0,14** 0,08 -0,05
EATA - Novo Estudo
Fator III p 0,080 0,002 0,068 0,296
Raiva e Agressão Física
r -0,15*** 0,29*** -0,10* -0,06
EATA - Novo Estudo
Total p 0,001 0,001 0,033 0,216
*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).
**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).
***. A correlação é significativa no nível 0,001 (2 extremidades).

A escala EATA - Novo Estudo total não apresentou correlação com significância

estatística em relação ao IPSF total, porém correlacionou-se negativamente e com

significância estatística com os Fatores Afetivo Consistente (r=-0,15, p<0,001) e

Autonomia (r=-0,10, p<0,03) do IPSF; e positivamente com o Fator Adaptação Familiar

(r=0,29, p<0,001). Quanto à relação entre os fatores foram encontradas correlações baixas,

porém com significância estatística. As correlações estão sendo apresentadas considerando

a interpretação de Duffy, Mclean e Monshipouri (2011).

O Fator I “Agressividade Verbal e Hostilidade” (EATA- Novo Estudo) apresentou

correlação negativa e desprezível, porém com significância estatística com os fatores

Afetivo Consistente (r=-0,13, p< 0,01) e Autonomia (r=-0,10, p<0,05), e correlação

positiva moderada com o Fator Adaptação Familiar (r=0,30, p<0,001). O Fator II

“Condutas Antissociais” (EATA- Novo Estudo) apresentou correlação desprezível, porém


77

com significância estatística com o fator Afetivo Consistente (r = -0,13; p< 0,01) e positiva

e moderada com o Fator Adaptação Familiar (r=0,30; p<0,01). O Fator III “Raiva e

Agressão Física” (EATA- Novo Estudo) apresentou correlação desprezível porém com

significância estatística com o Fator Adaptação Familiar (r=0,14; p<0,01).

As associações das pontuações do EATA - Novo Estudo com o Questionário de

Qualidade de Vida da OMS – WHOQOL- Bref estão apresentados na Tabela 2 a seguir.

Neste caso também vale lembrar que altos escores no EATA - Novo Estudo indicam maior

tendência à agressividade, sendo que maior pontuação no WHOQOL-Bref indica boa

qualidade de vida, assim se espera obter correlações negativas entre esses instrumentos, ou

seja, o aumento em uma variável se relaciona com a diminuição na outra.

Tabela 2.

Correlação entre fatores da EATA- Novo Estudo e do Whoqol- Bref (N= 480).

Whoqol Whoqol Whoqol Whoqol Whoqol Whoqol


Físico Psicológico Relações Meio Auto Bref
Sociais Ambiente Avaliação Total
EATA-
r -0,07 -0,08 -0,16*** -0,09 -0,12* -0,13**
Fator I
Agressividade
p 0,124 0,070 0,001 0,053 0,010 0,006
Verbal e Host.
EATA-
r -0,06 -0,03 -0,09* -0,03 -0,04 -0,06
Fator II
Condutas
p 0,167 0,508 0,047 0,470 0,339 0,162
Antissociais
EATA-
r -0,01 -0,05 -0,11* -0,10* -0,05 -0,09
Fator III
Raiva e
p 0,774 0,244 0,022 0,030 0,237 0,052
agressão física
r -0,07 -0,08 -0,16*** -0,09* -0,11* -0,13**
EATA Total
p 0,108 0,078 0,001 0,042 0,015 0,005

*. A correlação é significativa no nível 0,05 (2 extremidades).


**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).
***. A correlação é significativa no nível 0,001 (2 extremidades).
78

Ainda considerando a interpretação de coeficiente de correlação de Duffy, Mclean e

Monshipouri (2011), quanto a relação entre a EATA - Novo Estudo e o WHOQOL-Bref,

foram encontradas correlações negativas e descritas pelos autores como desprezíveis,

porém com significância estatística. Demonstrando que quanto maior a tendência à

agressividade pior a qualidade de vida, pois de acordo com Sampieri, Collado e Lucio

(2013) mesmo a correlação menor que 0,30 sendo fraca, ela pode ajudar a explicar o

vínculo entre as variáveis.

A Agressividade Verbal e Hostilidade (Fator I – EATA- Novo Estudo) apresentou

correlação negativa e desprezível, porém com significância estatística com os fatores

Relações Sociais (r =-0,16, p<0,001), Autoavaliação (r =-0,12, p<0,05) e WHOQOL-Bref

total (r=-0,13, p<0,01). Condutas Antissociais (Fator II – EATA- Novo Estudo) apresentou

correlação desprezível, porém com significância estatística apenas com o fator Relações

sociais (r=-0,09, p<0,05). Raiva e Agressão Física (Fator III – EATA- Novo Estudo)

apresentou correlação desprezível porém com significância estatística com os Fatores

Relação Social (r=-0,11, p<0,05) e Meio Ambiente (r=-0,10, p<0,05). A EATA - Novo

Estudo Total não apresentou correlação estatisticamente significativa com os fatores Físico

e Psicológico do WHOQOL-Bref, e apresentou correlação desprezível e com significância

estatística com os Fatores Relação Social (r=-0,16, p<0,001), Meio Ambiente (r=0,09,

p<0,05), Auto avaliação (r=-0,11, p<0,05) e com o WHOQOL-Bref total (r=0,13, p<0,01).

DISCUSSÃO
O presente estudo investigou as relações existentes entre os construtos avaliados por

três instrumentos, Tendência à Agressividade (EATA – Novo Estudo), Percepção de

Suporte Familiar (IPSF) e Qualidade de Vida (WHOQOL-Bref), entre estudantes


79

universitários. A expectativa inicial era de que as correlações entre os instrumentos e,

portanto, entre os construtos, se mostrassem em sua maioria negativa e significativa.

Negativa em função de a EATA - Novo Estudo avaliar agressividade como comportamento

negativo, e tanto o IPSF quanto o WHOQOL-Bref avaliarem aspectos positivos do

comportamento, com exceção do Fator Adaptação familiar do IPSF que por ser invertido

avalia comportamentos negativos relacionados ao suporte familiar.

Confirmando as expectativas iniciais, as correlações encontradas foram fracas (r =

<0,10), muito fracas (r = 0,10 a 0,25) ou médias (r = 0,25 a 0,50) de acordo com Sampieri,

Collado e Lucio (2013); baixas (r < 0,30) e médias (r = 0,30 a 0,70) segundo Spencer

(1995); e de desprezível (<0,19) a moderada (r = 0,30 a 0,39) de acordo com Duffy, Mclean

e Monshipouri (2011). Neste sentido, os mesmos autores referem que considerando que a

psicometria trabalha com construtos psíquicos, correlações moderadas ou baixas podem ser

valiosas para a psicologia, e que embora fracas podem ajudar a explicar o vínculo entre as

variáveis. Gouveia et al. (2009) ainda afirmam que quanto maior for a amostra menor

precisara ser o coeficiente de correlação para que seja estatisticamente significativo.

Os resultados encontrados na correlação entre Agressividade Verbal e Hostilidade

(EATA - Novo Estudo) e as dimensões Afetivo Consistente, Autonomia Familiar e

Adaptação do IPSF, estão de acordo com a literatura. Essas relações demonstram que

quanto menor a percepção de relações afetivas positivas com a família, pouca liberdade e

confiança entre os familiares, relações familiares agressivas e competitivas, com brigas e

irritações e pouca habilidade para resolução de problemas, maior a tendência à

agressividade na interação com outras pessoas, uso de agressividade para se impor e

conseguir vantagens. Neste sentido a teoria da aprendizagem social (Bandura, et al. 2008)

faz prognóstico de um aumento de respostas agressivas em decorrência do fornecimento de


80

modelos agressivos. Também no estudo de Oliveira et al. (2010), os universitários

identificaram a violência como sendo gerada pela falta de amor, carinho, respeito, falta de

estrutura psicológica e negligência da família.

Quanto às correlações encontradas entre Condutas Antissociais (EATA – Novo

Estudo) e as dimensões Afetivo Consistente e Adaptação Familiar do IPSF, percebe-se que

os comportamentos de quebra de regras sociais e infrações, estão relacionados a situações

familiares como isolamento, exclusão, incompreensão, competitividade e culpabilidade

entre os membros. Pela teoria da frustração-agressão (Dolard et al. 1939 citado por

Rodrigues, 1970), o indivíduo frustrado pela incompreensão e não acolhimento familiar

dirige sua agressividade para outros, culpabilizando-os pela sua insatisfação.

A correlação encontrada entre o Fator Raiva e Agressão Física (EATA - Novo

Estudo) e o Fator Adaptação Familiar (IPSF), reafirma que quanto maior a tendência a

condutas impulsivas e de raiva, e até mesmo agressões físicas, maior a percepção de

incompreensão, exclusão, competitividade na família, e ainda de relações familiares

agressivas, com brigas e gritos. Souza et al. (2010), neste sentido, relacionam o suporte

familiar à saúde mental, comportamentos de risco e de violência contra si e violência

sexual, referindo que algumas condutas podem trazer riscos para a própria pessoa e para a

comunidade. Para Vilhena e Maia (2002) a violência que se vê na sociedade está

relacionada a uma falha no papel da família em conter impulsos agressivos, sendo que estes

podem se transformar em destrutividade, violência e delinquência. O estudo de Pesce

(2009), também corrobora os resultados encontrados, ao revelar que “...a violência conjugal

predomina nos estudos como tipo de maus tratos familiar com potencial para causar

problemas de agressividade...” (p. 507).


81

A EATA - Novo Estudo total, se correlacionou com os três Fatores do IPSF,

Afetivo Consistente, Adaptação Familiar, e Autonomia, indicando que uma maior

tendência à agressividade está relacionada a percepções negativas no relacionamento

familiar, como relações agressivas, falta de apoio, de afeto, de confiança e de liberdade

entre os membros da família. As principais fontes de estilos de comportamento agressivo

são a agressão modelada e reforçada pela família, segundo Bandura et al. (2008). Segundo

Pesce (2009), pais que utilizam punição, seja verbal, psicológica ou física, estão mostrando

que a agressão é uma forma apropriada de resolução de conflitos e de relacionamento entre

homens e mulheres.

Coerentes com estes resultados estudos confirmam que a percepção negativa do

suporte familiar está relacionada a situações que potencialmente podem levar ao

comportamento agressivo, como por exemplo, o estresse psíquico (Souza et al., 2008).

Campos (2004) refere que quando não há percepção do apoio recebido pela família o

indivíduo não enfrenta as situações e problemas, há o aumento do estresse e diminuição do

bem estar psicológico e da autoestima.

Neste sentido, Oliveira et al. (2010), sobre representação social da violência

apontam duas perspectivas de representação do construto, perspectiva social e política e

perspectiva familiar. Referem que pela perspectiva familiar os indivíduos representam a

agressividade como fruto do desequilíbrio familiar e de sua baixa qualidade de vida, que se

intensifica com problemas sociais.

Na literatura científica investigada para este estudo, não foram encontrados estudos

que descrevessem as interações entre tendência à agressividade e qualidade de vida. O

presente estudo mostrou que, ainda que significativa, a correlação entre esses dois

construtos se mostrou nula ou desprezível. Como esperado, essa interação ocorreu em


82

direção negativa, o que revelou que, quanto mais tendência à agressividade, menor a

possibilidade de se ter uma percepção positiva da qualidade de vida.

Nos resultados encontrados entre Agressividade Verbal e Hostilidade (EATA –

Novo Estudo) e do WHOQOL-Bref, foi verificada correlação significativa com o domínio

Relações Sociais, Autoavaliação e com o Geral. Este resultado revela que quanto maior a

tendência à agressividade hostil e verbal na relação com outras pessoas e também a

tendência em usar da agressividade para se impor e conseguir vantagens, pior é a percepção

da qualidade de vida, das relações pessoais e do suporte social. O indivíduo não percebendo

um bom suporte social, não encontrará forças para enfrentar situações adversas, acabando

por recorrer à agressividade, promovendo consequentemente diminuição de sua qualidade

de vida, segundo Campos (2004).

Condutas Antissociais (EATA – Novo Estudo) correlacionou-se com Relações

Sociais (WHOQOL-Bref), indicando que quanto pior a percepção das relações sociais e do

suporte social recebido mais tendências a comportamentos de quebra de regras e infrações.

Neste contexto, segundo Coutinho et al. (2009), os jovens são passíveis de influências

sociais importantes, o fenômeno da violência e agressividade emergem como uma situação

à qual estes jovens estão expostos e com a qual devem criar representações para delinear

suas ações sociais.

O Fator Raiva e Agressão Física (EATA – Novo Estudo) apresentou correlação com

as dimensões Relações Sociais e Meio Ambiente (WHOQOL-Bref). Essa relação indica

que pessoas com perfil temperamental, com condutas impulsivas e de raiva têm pior

percepção de suas relações pessoais, sociais e familiares, revelando insatisfação com o

apoio recebido dos amigos, com o lugar onde mora, quanto a seus recursos financeiros, e

quanto a saúde. Coutinho et al. (2009) reporta que a violência é um problema social que
83

acarreta implicações para o convívio social, e na diminuição na qualidade de vida do

indivíduo. Os mesmos autores ainda referem que a qualidade de vida depende de fatores

intrínsecos e extrínsecos aos indivíduos e, nesse arcabouço, as condições sociais, dentre as

quais se incluem os comportamentos agressivos, devem ser reconhecidas como relevantes,

uma vez que são passíveis de influenciar a percepção dos indivíduos acerca da qualidade de

vida.

Obteve-se correlação significativa entre a EATA – Novo Estudo Total e os

domínios Relações Sociais, Meio Ambiente, Auto Avaliação e Total do WHOQOL-Bref,

assim, a percepção negativa do suporte social, familiar, da saúde e da qualidade de vida

para os participantes deste estudo prediz maior tendência à agressividade. Segundo Bandura

(2008), o suporte social é um meio de influência fundamental no comportamento das

pessoas, já que auxilia na determinação de quais comportamentos serão desenvolvidos ou

ativados, mediante interações recíprocas entre o meio social e o indivíduo. O

comportamento agressivo é reportado pela literatura científica como um problema social

que acarreta implicações para a sociedade, dentre as quais a diminuição na qualidade de

vida do indivíduo segundo Coutinho et al. (2009).

CONSIDERAÇÕES

De acordo com o estudo realizado, objetivando buscar evidência de validade

baseada na relação entre variáveis para a EATA- Novo Estudo foram encontradas

correlações significativas entre os três instrumentos, indicando que os construtos tendência

à agressividade, percepção do suporte familiar e qualidade de vida estão parcialmente

relacionados, já que não se buscavam correlações médias ou tampouco altas, considerando


84

que são construtos diferentes. As evidências encontradas neste estudo corroboram estudos e

teorias relacionadas ao comportamento agressivo.

Diante dos resultados encontrados pode-se concluir que a tendência à agressividade

está associada à convivência social e em família sem expressões de afeto e carinho, que

geram inseguranças e modelos agressivos. Neste contexto a qualidade de vida fica também

comprometida quanto à insatisfação nas relações pessoais e sociais, podendo levar o

indivíduo a condutas agressivas que comprometam sua saúde física e Psicológica.

Uma limitação no estudo destes construtos foi a escassez de estudos principalmente

com relação à qualidade de vida de pessoas sem patologias. A população estudada também

pode ser vista como limitante para o estudo por ser composta em sua maioria por jovens

com potencial sócio econômico e cultural mais privilegiado que a população em geral. Por

outro lado há a importância de se avaliar comportamentos em universitários, pois são

jovens em formação e ainda há, pela via da escola, a possibilidade de prevenção de

patologias e de comportamentos de risco.

Os dados do presente estudo levam a crer que a agressividade é um construto

importante a ser investigado e que ainda se encontra inacabado em sua definição e

mensuração. Ressalta-se que novas pesquisas devem ser realizadas buscando outras

evidências de validade para a EATA e também para a EATA - Novo Estudo, com outras

variáveis, com populações diferentes, diferentes culturas e diferentes contextos.

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90

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo primeiro da presente tese foi a busca de evidências de validade para a

Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade - EATA, principalmente por não

haver dentre os instrumentos aprovados para o uso dos psicólogos no Brasil, outro

instrumento medindo este construto em jovens e adultos. Para tanto pensou-se como ponto

de partida, numa revisão de literatura sobre os conceitos da agressividade. Assim, no

primeiro artigo foram expostos diferentes modelos explicativos do comportamento

agressivo. Tais modelos apontam para uma interação de fatores ambientais e pessoais, entre

os quais a personalidade, como potencialmente responsável pela ocorrência de

comportamentos agressivos. Conclui-se que diferentes tipos de agressões tendem a ocorrer

conjuntamente, o que leva à suposição de que tratam de dimensões contínuas que coexistem

em diferentes graus e diferem para cada pessoa.

No segundo artigo, focando a busca de evidências de validade para a EATA, foram

realizadas, a Análise Fatorial Confirmatória e a Análise Fatorial Exploratória, sendo que

nas duas análises não se confirmou a estrutura original da EATA. Assim, para a amostra

estudada se propôs uma nova configuração do instrumento, não mais com fatores

relacionados ao sexo e sim pelo tipo de tendência à agressividade referida pelos

participantes. Confirmando o que foi descrito no primeiro artigo, quanto ao fato de

diferentes tipos de agressão coexistirem em diferentes graus para cada pessoa.

No terceiro artigo continuou-se a investigação acerca das propriedades

psicométricas para a nova estrutura da EATA, com vistas à busca de evidências de validade

baseadas nas relações com outras variáveis, sendo o Inventário de Percepção de Suporte

Familiar – IPSF e o WHOQOL-Bref, questionário de avaliação de Qualidade de Vida da


91

Organização Mundial da Saúde OMS. Confirmou-se a hipótese de que uma maior

tendência à agressividade está relacionada a uma percepção negativa do suporte familiar e

também a uma percepção ruim da qualidade de vida.

Pesquisas apontam que o ingresso em cursos superiores pode trazer dificuldades de

interação e de ajustamento às novas demandas, trazendo risco para a saúde mental do

estudante. Nesse sentido, o estudo com universitários tem sua importância pelo fato de que

a escola tem a oportunidade e o compromisso de compreender o que efetivamente se passa

em cada momento de emergência desses comportamentos e, com isso, manejá-los de forma

a contribuir pra a saúde mental de quem ainda está em formação.

Como conclusão pode-se afirmar que a estrutura original da EATA não se

confirmou para os 480 participantes da presente pesquisa, porém, o instrumento com uma

nova estrutura sustentou a medida do construto em questão, tendência à agressividade.

Além de que, foram encontradas evidências de validade parciais para a EATA- Novo

Estudo quando correlacionada ao IPSF e ao WHOQOL-Bref.

Os dados do presente estudo levam a crer que a agressividade é um construto

importante a ser investigado e que ainda se encontra inacabado em sua definição e

mensuração. Acredita-se que este estudo pôde fornecer elementos para o debate sobre a

avaliação da agressividade. Ressalta-se então, a importância da continuidade dos estudos

aqui apresentados, visando mais investigações quanto à EATA original e também à EATA-

Novo Estudo, buscando outras evidências de validade, com outras variáveis, com

populações diferentes, diferentes culturas e diferentes contextos.


92

ANEXO 1.

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO (1ª via)

EVIDÊNCIAS DE VALIDADE PARA A ESCALA DE AVALIAÇÃO DA


TENDÊNCIA À AGRESSIVIDADE – EATA

Eu,........................................................................................... ...............................................,
RG......................................., abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido
para
participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade dos
pesquisadores Maria Inês Bustamante e Professor Dr. Cláudio Garcia Capitão, do Curso de
Doutorado da Universidade São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 - O objetivo da pesquisa é buscar evidências de validade para a Escala de Avaliação da
Tendência a Agressividade por meio do Inventário de Percepção do Suporte Familiar e do
Instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde - WHOQOL-Bref.
2- Durante o estudo serão utilizados três instrumentos, sendo, a EATA - Escala de
Avaliação da Tendência a Agressividade, o IPSF - Inventário de Percepção do Suporte
Familiar e o WHOQOL- Bref, escala abreviada de Qualidade de Vida da Organização
Mundial de Saúde e uma ficha de caracterização. A aplicação dos instrumentos foi
agendada previamente com os professores e será realizada em sala de aula, com duração
média de 40 minutos. Esse procedimento será realizado em diversas turmas de cursos nas
áreas de saúde, humanas e exatas.
3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação na referida pesquisa;
4- A resposta a estes instrumentos não causam riscos conhecidos à minha saúde física e
mental, não sendo provável, também, que causem desconforto emocional;
5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, o que
não me causará nenhum prejuízo;
6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: (11) 24548981;
8 - Poderei entrar em contato com a responsável pelo estudo, Maria Inês Bustamante
sempre que julgar necessário pelo telefone (35) 34492154;
9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu
poder e outra com o pesquisador responsável.

_____________________ , _____________
Local data

Assinatura do participante
...................................................................................
93

ANEXO 2.

- FICHA DE CARACTERIZAÇÃO

Data da aplicação: _____/_____/______.

01) Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

02) Data nascimento: _____/____/________

03) Estado civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Separado ( ) Divorciado ( ) Viúvo

04) Tem Filhos? ( ) Não ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais

05) Mora com o(s) filho(s)? ( ) Sim ( ) Não

06) Cursando graduação na área de : ( ) Saúde ( ) Humanas ( ) Exatas

07) Curso: __________________________

08) Os pais são: ( ) Solteiros ( ) Casados ( ) Separados ( ) Divorciados

( ) Mãe Falecida ( ) Pai Falecido

09) Reside com os pais? ( ) Sim ( ) Não

10) Número de Irmãos: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ou mais

11) Religião: ( ) católico ( ) evangélico ( ) espírita ( ) outras

12) Trabalha? ( )Sim ( ) Não


94

ANEXO 3.

Pouso Alegre, 20 de Agosto de 2011

Ilmo. Prof. Dr. Felix Ocaris Bazano


Reitor da UNIVÁS

Ref.: Autorização para coleta de dados de pesquisa.

Venho pedir sua autorização para coleta de dados da pesquisa


“Evidências de Validade para a Escala para Avaliação da Tendência à

Agressividade - EATA”, do curso de pós-graduação stricto sensu – Doutorado,


da Universidade São Francisco, sob a responsabilidade dos pesquisadores, Maria
Inês Bustamante e Prof. Dr. Cláudio Garcia Capitão. Esta pesquisa tem como
objetivo buscar evidências de validade para o EATA - Escala de Avaliação da
Tendência a Agressividade, por meio do IPSF Inventário de Percepção de Suporte
familiar e do WHOQOL-bref – Instrumento de Qualidade de Vida da Organização
Mundial de Saúde. Os participantes serão estudantes da UNIVÁS, regularmente
matriculados em cursos das áreas de saúde, humanas e exatas. A coleta de
dados deverá acontecer em sala de aula em dias e horários agendados com os
coordenadores dos cursos e professores. Os instrumentos da pesquisa são três
questionários e uma ficha de caracterização, e os alunos levarão em média 50
minutos para respondê-los. Para quaisquer outros esclarecimentos sobre a
pesquisa, coloco-me a seu inteiro dispor.

Grata,

_____________________________
Maria Inês Bustamante
95

ANEXO 4.

Pouso Alegre, 20 de Agosto de 2011

Ref.: Pedido de autorização para coleta de dados de pesquisa.

Autorizo a coleta de dados da pesquisa “Evidências de Validade para a

Escala para Avaliação da Tendência à Agressividade - EATA”, sob


responsabilidade dos pesquisadores, Maria Inês Bustamante e Prof. Dr. Cláudio
Garcia Capitão, guardando o cuidado de agendamento de datas e horários com os
coordenadores dos cursos de graduação.

___________________________________
Prof. Dr.Félix Ocáris Bazano
Reitor da Universidade do Vale do Sapucaí
96

ANEXO 5.
97

ANEXO 6

WHOQOL-Bref

INSTRUÇÕES

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua
vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma
questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá
ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que
você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas
últimas duas semanas, uma questão poderia ser:

nada Muito médio muito completamente


pouco
Você recebe dos outros o apoio de que 1 2 3 4 5
necessita?

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que
necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu
"muito" apoio como abaixo.
Muito
nada médio muito completamente
pouco
Você recebe dos outros o apoio de que
1 2 3 4 5
necessita?

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
muito nem ruim /
Ruim boa muito boa
ruim nem boa
Como você avaliaria sua qualidade
1 1 2 3 4 5
de vida?
muito nem satisfeito muito
Insatisfeito satisfeito
insatisfeito nem insatisfeito satisfeito
Quão satisfeito(a) você está
2 com a 1 2 3 4 5
sua saúde?

As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
muito mais ou
nada bastante extremamente
pouco menos
Em que medida você acha que sua
dor
3 (física) impede você de fazer o que 1 2 3 4 5
você
precisa?
O quanto você precisa de algum
tratamento 1 2 3 4 5
4
médico para levar sua vida diária?
5 O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5
98

Em que medida você acha que a


sua vida 1 2 3 4 5
6
tem sentido?
O quanto você consegue se
7 1 2 3 4 5
concentrar?
Quão seguro(a) você se sente em
sua vida 1 2 3 4 5
8
diária?
Quão saudável é o seu ambiente
físico
1 2 3 4 5
9 (clima, barulho, poluição,
atrativos)?

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer
certas coisas nestas últimas duas semanas.
muito
nada médio muito completamente
pouco
Você tem energia suficiente para
seu 1 2 3 4 5
10
dia-a- dia?
Você é capaz de aceitar sua
aparência 1 2 3 4 5
11
física?
Você tem dinheiro suficiente para
1 2 3 4 5
12 satisfazer suas necessidades?
Quão disponíveis para você estão
as
1 2 3 4 5
13 informações que precisa no seu
dia-a-dia?
Em que medida você tem
oportunidades de atividade de 1 2 3 4 5
14
lazer?

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários
aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito nem ruim
ruim bom muito bom
ruim nem bom
Quão bem você é capaz de se
15 1 2 3 4 5
locomover?
nem
muito satisfeito Muito
Insatisfeito satisfeito
insatisfeito nem satisfeito
insatisfeito
Quão satisfeito(a) você está
1 2 3 4 5
16 com o seu sono?
Quão satisfeito(a) você está
com sua
17 1 2 3 4 5
capacidade de desempenhar as
atividades do seu dia-a-dia?
Quão satisfeito(a) você está
com sua 1 2 3 4 5
18
capacidade para o trabalho?
Quão satisfeito(a) você está
1 2 3 4 5
19 consigo
99

mesmo?
Quão satisfeito(a) você está
com suas
20 relações pessoais (amigos, 1 2 3 4 5
parentes,
conhecidos, colegas)?
Quão satisfeito(a) você está
1 2 3 4 5
21 com sua vida sexual?
Quão satisfeito(a) você está
com o apoio que você recebe 1 2 3 4 5
22
de seu amigos?
Quão satisfeito(a) você está
com as 1 2 3 4 5
23
condições do local onde mora?
Quão satisfeito(a) você está
com o seu acesso aos serviços 1 2 3 4 5
24
de saúde?

Quão satisfeito(a) você está 1 2 3 4 5


25
como seu meio de transporte?

As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas
últimas duas semanas.
Algumas muito
nunca frequentemente sempre
vezes freqüentemente
Com que freqüência você tem
sentimentos negativos tais como
26 mau 1 2 3 4 5
humor, desespero, ansiedade,
depressão?
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

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