Escala Agressividade
Escala Agressividade
Escala Agressividade
Apoio:
ITATIBA
2014
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Maria Inês Bustamante
ITATIBA
2014
ii
.
iii
iv
Dedicatória
Dedico este trabalho primeiramente aos meus filhos, Mariana e André por
iluminarem minha vida.
Dedico também aos meus pais, Luiz e Mádia, meus mestres e incentivadores
maiores, sempre no meu coração e em meus pensamentos.
Dedico ainda à Cecília, Zé, Júlia, Eduardo, Joana, Natália, Paulinho, Duduti, Rita,
Augusto, Vinícius, Cléssio e Carolina.
Nada seria possível sem a melhor família do mundo!
v
Agradecimentos
Agradeço primeiramente ao professor Fermino Fernandes Sisto pelo incentivo inicial para
este doutorado.
Ao professor Cláudio Garcia Capitão pela disponibilidade em assumir minha orientação e
me acompanhar até aqui.
Ao professor Dr. Marcos Antônio Batista pela amizade, parceria e paciência com todas as
minhas dúvidas e por participar das Bancas de qualificação e defesa.
Aos professores Dra. Monalisa Muniz Nascimento, Dr. Rodolfo Augusto Matteo Ambiel e
Cristian Zanon, pelas contribuições na Qualificação desta Tese e pela disponibilidade em
fazer parte novamente da Defesa final.
Aos professores Mayra Silva de Souza e Lucas de Francisco Carvalho por aceitarem ficar
de prontidão para a suplência das Bancas de qualificação e Defesa
Às professoras Dra. Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly e Dra. Claudette
Maria Medeiros Vendramini pela amizade, ensinamentos e exemplo de grandes
pesquisadoras.
Às amigas Sandra Maria Sales Oliveira e Eliane Sousa de Oliveira Fernandes pelo
companheirismo e pelas viagens que acabavam parecendo passeios, pela boa companhia.
Aos dirigentes e alunos da Universidade onde foi feita a coleta de dados, pela
disponibilidade e cooperação.
À colega Sandra Maria Garcia de Aquino e a todos os professores do Curso de Psicologia
da Univás que me apoiam e incentivam sempre.
Às mais que amigas Marcilena e Mariana pela revisão das traduções.
Aos meus filhos ..... sem palavras.....são meus amores.
À minha grande incentivadora e parceira de todas as horas, minha irmã, Cecília.
À Joana, que chegou apressadinha me fazendo querer concluir o quanto antes este trabalho,
para ser uma tia avó mais presente em sua vida.
vi
Resumo
A presente tese de Doutorado tem como objetivo buscar evidências de validade para a
Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade – EATA, e para isso dividiu-se o
trabalho em três estudos. Primeiramente será apresentada, em um artigo teórico, uma
revisão da literatura quanto aos diferentes modelos explicativos do comportamento
agressivo. Estes modelos teóricos perfazem uma teia complexa de interações de fatores
ambientais e pessoais como potencialmente responsáveis pela ocorrência do
comportamento agressivo. O segundo artigo apresenta o estudo de busca de evidências de
validade baseadas na estrutura interna para a EATA. Participaram do estudo 480
universitários, com idade entre 18 e 55 anos, com média de 24 anos, de cursos nas áreas de
Ciências Humanas (41,2%), Ciências Biológicas (41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), de
uma Universidade do Sul de Minas Gerais. Foi realizada Análise Fatorial Confirmatória,
sendo que modelo testado não se apresentou apropriado para o conjunto de dados
observados. Procedeu-se então à Análise Fatorial Exploratória, que resultou em uma escala
com 32 itens, subescala A com 18 itens ( alfa de Cronbach = 0,83), subescala B com 6 itens
(alfa de Cronbach = 0,75) e subescala C com 7 itens ( alfa de Cronbach = 0,63). Nas duas
análises não se confirmou a estrutura original e para a amostra estudada se propõe uma
nova configuração do instrumento. No terceiro artigo, utilizando a Escala para Avaliação de
Tendência à Agressividade definida no artigo anterior e nomeada EATA- Novo Estudo,
será apresentado o estudo de busca de evidências de validade baseadas nas relações com
outras variáveis, sendo o Inventário de Percepção de Suporte Familiar – IPSF e o
WHOQOL-Bref, questionário de avaliação de Qualidade de Vida da Organização Mundial
da Saúde - OMS. Foram encontradas correlações significativas entre os três instrumentos,
indicando que os construtos tendência à agressividade, percepção do suporte familiar e
qualidade de vida estão parcialmente relacionados.
Bustamante, M. I. (2014). Search for evidence of Validity: Scale for the Assessment of
tendency to Aggressiveness. Doctoral Thesis, Stricto Sensu Graduate Program in
Psychology, Universidade São Francisco, Itatiba, São Paulo.
This Doctoral thesis aims to search for evidences of validity to the Scale for the Assessment
of Tendency to Aggressiveness - EATA. At first will be presented, in a theoretical article, a
review of the literature regarding the differents aggressive behavior explanatory models.
These theoretical models make up a complex web of interactions between environmental
and personal factors as potentially responsible for the occurrence of aggressive behavior.
The second article presents the study to search for evidence of validity based on internal
structure to EATA. Study participants were 480 university students, aged between 18 and
55 years, with an average of 24 years, of courses in the areas of Human Sciences (41.2 % ),
Biological Sciences (41.2 %) and Exact Sciences (17.5 % ), of an University of the South
of Minas Gerais. Was performed Confirmatory Factor Analysis, and model tested was not
appropriate for the set of observed data. Then was performed the Exploratory Factor
Analysis, which resulted in a scale with 32 items, subscale A with 18 items (Cronbach's
alpha = 0.83), subscale B with 6 items (Cronbach's alpha = 0.75) and subscale C with 7
items (Cronbach's alpha = 0.63). In both analyzes were not confirmed the original structure
and for the studied sample it is proposed a new instrument configuration.The third article
will be presented the study with the Scale for the Assessment of a tendency to
Aggressiveness set in the previous study, and which will be named EATA- New Study, in
search of evidence of validity based on relations with other variables, being the Inventory
of Perception of Family Support - IPSF and WHOQOL-Bref questionnaire for the
evaluation of Quality of Life te World Health Organization WHO. Significant correlations
were found between the three instruments, indicating that the constructs tendency toward
aggressiveness, perception of family support and quality of life are partially related.
Esta tesis doctoral tiene como objetivo buscar evidencias de validez de la Escala de
Evaluación de la Tendencia a la Agresividad - EATA. En primer lugar se presentará en un
artículo teórico, una revisión de la literatura sobre los diferentes modelos explicativos de la
conducta agresiva. Estos modelos teóricos conforman una compleja red de interacciones de
los factores ambientales y personales como potencialmente responsables de la aparición de
la conducta agresiva. En el segundo artículo se presentará el estudio de la búsqueda de
evidencias de la validez basada en la estructura interna de la EATA. Los participantes del
estudio fueron 480 estudiantes universitarios entre 18 y 55 años, con una media de 24 años
de cursos en las áreas de Ciencias Humanas (41,2%), Ciencias Biológicas (41,2%) y
Ciencias Exactas (17,5% ), de la Universidad del Sur de Minas Gerais. Se realizó la
Análisis Factorial Confirmatoria siendo que el modelo de prueba no se presentó apropiado
para el conjunto de datos observado. A continuación, se procedió a la Análisis Factorial
Exploratoria, que se tradujo en una escala con 32 ítems, la subescala con 18 artículos (alfa
de Cronbach = 0,83) subescala B con seis puntos (alfa de Cronbach = 0,75) y C subescala
con 7 ítems (alfa de Cronbach = 0,63). Sin embargo, en ambos análisis no se ha confirmado
la estructura original y para la muestra estudiada se propone una nueva configuración del
instrumento. En el tercer artículo se presentará el estúdio con la Escala de Evaluación de la
Tendencia a la Agresividad definida en el estudio anterior, y será nombrado EATA- Nuevo
Estudio, en la búsqueda de evidencias de validez basada en las relaciones con otras
variables, el Inventario de Percepción de Apoyo Familiar - IPSF y el WHOQOL-Bref,
cuestionario de Evaluación de la Calidad de Vida de la Organización Mundial de la Salud -
OMS. Se encontraron correlaciones significativas entre los tres instrumentos, indicando que
los constructos tendencia hacia la agresividad, la percepción de apoyo familiar y la calidad
de vida se relacionan parcialmente.
Sumário
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................x
APRESENTAÇÃO................................................................................................................. 1
ARTIGO 1 .............................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 5
CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................ 23
ARTIGO 2 ............................................................................................................................ 29
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 31
MÉTODO ............................................................................................................................. 40
Participantes ................................................................................................................... 40
Instrumentos..................................................................................................................... 40
Procedimentos .................................................................................................................42
CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................. 53
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 54
ARTIGO 3 ........................................................................................................................... 58
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 60
MÉTODO ............................................................................................................................. 71
Participantes ................................................................................................................... 71
Instrumentos..................................................................................................................... 71
Procedimentos .................................................................................................................74
RESULTADOS ................................................................................................................... 75
x
DISCUSSÃO ........................................................................................................................78
CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................. 83
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 84
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................90
ANEXOS ..............................................................................................................................92
xi
Lista de tabelas
Tabela 1- Análise Fatorial Exploratória com extração de itens com valor > 0,30................45
Tabela 2- Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo feminino ................. 46
Tabela 3- Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo masculino ................47
Tabela 4- Análise Fatorial Exploratória com extração de itens com carga fatorial >0,35..48
Tabela 5- Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo feminino ....................51
Tabela 6- Itens no teste t que referendam maior pontuação ao sexo masculino ..................51
Tabela 2- Correlação entre fatores da EATA- Novo Estudo e do Whoqol- Bref ............... 77
xii
DP – Desvio Padrão
Lista de Anexos
Anexo 6 - WHOQOL-Bref....................................................................................................97
1
Apresentação
comportamentos estranhos, os problemas mentais graves, e para isso lançou mão das mais
parte da condição humana. Muitos cientistas no início do século XIX preocupavam-se com
das pessoas, e nesse contexto surgiram os testes psicológicos (Werlang, Villemor Amaral &
Nascimento, 2010).
necessidades de avaliar o comportamento das pessoas de uma forma mais precisa, porque
com base em tais avaliações são tomadas decisões que afetam profundamente a vida dessas
mesmas pessoas. Dessa forma, faz-se necessário realizar avaliações confiáveis, pois,
psicológico de pessoas e grupos (Tavares, 2003). O teste psicológico é uma das técnicas
utilizadas na avaliação psicológica, pelo qual se pode fazer inferências sobre a conduta e
técnicas, os quais devem ser confiáveis, válidos e fidedignos para a população na qual eles
serão empregados” (CFP, 2010, p.16). Neste sentido, sempre houve por parte da
dos testes precisa ser fundamentada em estudos que comprovem suas qualidades
reconhecimento e credibilidade por parte da comunidade científica e dos leigos (Noronha &
Vendramini, 2003).
A escolha do tema deste estudo teve o propósito de atender uma das principais
para Avaliação de Tendência à Agressividade – EATA, criada por Sisto (2012) preenche
A EATA teve seu manual publicado pela Editora Casa do Psicólogo e passou a fazer
parte da lista dos testes aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia em 2012. Segundo
satisfatórias nos estudos originais, tais resultados não podem ser generalizados para outros
estudos, são necessários novos estudos para verificar a qualidade do instrumento naquela
3
amostra e contexto específico. Neste sentido, propôs-se buscar evidências de validade para
a EATA.
diversas abordagens teóricas que têm sido utilizadas pela psicologia para a compreensão do
comportamento agressivo, desde as teorias clássicas até teorias mais atuais e algumas
formas de classificações a partir das mesmas. O segundo Artigo versa sobre evidências de
Assim sendo, aventa-se a hipótese, a partir dos resultados obtidos, de que havendo uma
ARTIGO 1
Sobre os autores:
RESUMO
ABSTRACT
RESUMEN
INTRODUÇÃO
compaixão, amor, tolerância, entre outras, porém, num mundo tão cheio de divergências e
contrastes sociais, as relações humanas parecem correr perigo. A agressividade é uma das
sociedade, e isso tem sido foco da mídia quando diferentes jornais e programas de TV
Vale ressaltar que o Conselho Nacional do Ministério Público divulgou uma pesquisa em
proporção de assassinatos acontecidos por motivos fúteis e/ou por impulso. Foram
incluídos nessa categoria brigas, ciúmes, conflitos entre vizinhos, desavenças, discussões,
alto percentual de crimes praticados com armas de fogo em situações cotidianas, como
sérios que são correlatos com o comportamento agressivo. Neste sentido o presente artigo
modelos psicológicos, que dão conta de uma teia complexa de interações entre fatores
(gradior) para a frente (ad) e, portanto, uma forma de ir à procura de metas, mover-se
ativamente para um objeto qualquer, dando a ideia de uma disposição para enfrentar
afirmação pessoal (Zimerman, 2001). O termo agressividade, com o tempo, passou a ter
dos modelos teóricos adotados. De acordo com o Dicionário de Psicologia Dorsch (2001)
sobre a origem da agressão, confrontam-se três concepções, que serão vistas adiante: Teoria
presentes nas discussões sobre o tema, inspirou muitos autores ao estudo sobre a
impulso, instinto, abrindo caminhos para pesquisas sobre fatores de aprendizagem presentes
alguns pontos em comum entre elas, por exemplo, a visão de que o impulso agressivo é
foi fortemente influenciada pela teoria evolucionista de Darwin. Lorenz (1995) a define
humano e animal.
Carvalho (1998) ressalta que o controle genético não exclui efeitos da experiência.
Expressões de medo, raiva e alegria são muito precoces e universais, porém a criação é que
garantirá o desenvolvimento dos padrões instintivos de apego com suas ligações com o
dois elementos básicos, sendo: a) tanto homens quanto animais são dotados de
pode ser represada e manifesta por razões internas devido ao acúmulo de energia do
assassinos e cruéis do homem. Quanto aos impulsos represados, Lorenz postula ainda que
mesmo sem estímulos externos, a energia do impulso represado pode ser tão intensa que
poderá explodir sem motivo aparente. Neste sentido, a agressão não é uma reação aos
desajustes provocados pelo modo de vida atual, ou seja, pelas características do ambiente
sociais, ao que o homem não está naturalmente preparado e que favorece um tipo de
que cega as pessoas para certos valores e as priva de tempo para atividades humanas; a
ruptura de tradições que impedem as gerações mais jovens de se entenderem com os mais
longa distância cada vez mais destruidoras; fazendo a quebra do equilíbrio natural.
Ainda na obra de Lorenz, “Agressão” (1973), este refere que é nosso dever
regulam, e dentre as várias linhas de estudo, cita o estudo das possibilidades de descarregar
pulsões agressivas reprimidas. Ferrari (2006), quanto ao estudo da psicanálise, refere que
rastrear o assunto agressividade na obra de Freud significa deparar-se com vários conceitos
morte, o mito do Pai, e termos como hostilidade, crueldade, intenção e tendência agressiva,
Kristensen, Lima, Ferlin, Flores e Hackmann (2003) enfatizam que para Freud a
id” (1923/1996), Freud fala sobre duas pulsões que englobam os instintos, sendo a pulsão
de vida, Eros, que abarca todas as pulsões que objetivam a criação ou manutenção da
agressividade, que aparece como autodestruição quando voltada para o interior, podendo
também voltar-se para fora, como pulsão de agressão. Neste segundo caso, essa pulsão está
a serviço de Eros, pois destrói outro objeto ao invés de destruir seu próprio eu.
herança de uma lei a que o humano se submete. Dessa forma, para Freud, no humano há
hostilidade e ódio. Tais afetos expressam que há uma intenção agressiva por parte do eu, ou
seja, algo diferente de instinto agressivo. Ao afirmar que o ódio não é simplesmente o
negativo do amor, ele dá provas de já ter à sua disposição uma complexa teoria
que “os verdadeiros protótipos da relação de ódio não provém da vida sexual, mas da luta
Contrariando Freud, que privilegiou a libido, Klein (1930/1996) tomou como foco a
sua origem no excesso de agressividade experimentado pelo bebê nos primeiros meses de
vida. Explica que o ego é obrigado a lidar com a angústia que advém desse excesso
fonte de perigo, pois ao liberar a angústia, estabelece-se o medo da retaliação por parte do
objeto atacado. É importante frisar que assim como Freud, Klein coloca a angústia como
promotora de mecanismos de defesa, que utilizados pela criança, serão atualizados na vida
adulta à medida que o sujeito vivencie situações geradoras de angústia. Klein (1946/1991)
forma da agressividade.
11
Para Bion (1991) a formação do pensamento tem como ponto de partida a frustração
de algumas necessidades básicas que são impostas ao bebê, e sua capacidade menor ou
insuficiente, a experiência é internalizada como algo mau que deve ser expulso e a criança
Costa (1986, p.30), psicanalista brasileiro que tem se dedicado ao tema, fala de
principalmente percebida por quem observa ou recebe esta agressividade, havendo assim a
violência “quando o sujeito que sofre a ação agressiva sente no agente da ação um desejo
processo de construção da subjetividade, uma vez que seu movimento ajuda a organizar o
Vilhena e Maia (2002) ainda contribuem com a temática quando afirmam que a
que a família desempenha. Para as autoras, a violência que hoje se vê está relacionada à
que infringe regras, e hoje tem falhado em seu papel de contenedora dos impulsos
passa pela questão da negligência e falha nas funções materna primária e paterna. Quando o
adulto, como referência, não for bastante forte, ou estiver fragilizado para assumir
responsabilidades, a criança será responsabilizada muito cedo pelos seus atos, ou seja, pais
com medo de assumir o lugar de pais, este lugar terá que ser preenchido por algo ou alguém
12
que está fora da família. Sem essas funções parentais sendo exercidas de forma
suficientemente boa, a criança acaba por perder seus referenciais identificatórios. Surge
assim, uma família adolescente, sem um papel que caiba à criança e outro aos adultos: os
pelo menos três pontos básicos. Primeiro que a agressão é instintiva, inata; segundo que é
agressivos, e por fim, que essa energia armazenada precisa ser descarregada por meio de
atividades sociais para que não haja acúmulo e consequências piores (Kristensen et al.,
2003).
outro lado é inútil tentar eliminá-la, pois ela é resultado da interação de forças inatas, uma
característica psicológica da civilização que, entretanto, pode ser amenizada por meio de
Miller, Mowrer e Sears (1939, citados por Rodrigues, 1970), criticaram o conceito
Tal como formulada por Dollard, et al. (1939) citados por Rodrigues (1970), a
frustração" e que "... a existência de frustração sempre leva a alguma forma de agressão" (p.
1). Depois desta publicação, Miller, Sears, Mowrer, Doob e Dollard, (1941) propuseram
produz instigações a diversos tipos de resposta, uma das quais é uma instigação a alguma
forma de agressão" (p. 338). Os proponentes desta hipótese caracterizam frustração, quando
houver uma interferência que impeça o alcance a um objetivo estabelecido, seja como uma
uma emoção que ocorre nas situações onde algo obstrui ou dificulta a satisfação de uma
necessidade vital. Quanto mais importante for o objetivo, maior será a frustração. Existem
pessoa persiste na situação frustrante. Na defesa do ego, a pessoa insiste no que está
sentindo, colocando-se como a parte mais importante da resposta, e lança a culpa sobre
O mesmo autor dividiu as respostas que englobam a reação de defesa do ego frente
à frustração em três tipos. Extrapunitivo é quando a agressão é dirigida para fora, a pessoa
atribui a frustração a outros. Intrapunitivo é aquele que direciona a agressão para dentro de
não se constitui força geradora de resposta. A situação frustradora é percebida como sem
tolerância à frustração, que define pela atitude da pessoa suportar frustração sem perder sua
frustração gera um comportamento agressivo, pois os seres humanos são instruídos desde
isso não significa que tais tendências tenham sido anuladas, podem apenas ter sido
também não ser direcionada para a fonte causadora de frustração, principalmente quando
outras pessoas possam desaprovar ou punir tal comportamento e assim pode ser transferida
para outro alvo que resulte em menor probabilidade de punição. Assim, em síntese, a
pelo possível agressor e pelo alvo a quem esta agressão seria direcionada. Em
contrapartida, a intensidade com que a agressão é expressa vai variar de acordo com fatores
15
como: a força despendida para se chegar a um determinado objetivo, o valor que lhe é
frustrações, a Psicologia Social postula que o contexto social e o ambiente têm papel
agressividade tendem a ser muito imitadas, principalmente pelas crianças (Bandura, Azzi &
Polydoro, 2008).
as pessoas dependessem somente dos efeitos de suas próprias ações para informá-las
sobre o que fazer. Por sorte, a maior parte do comportamento humano é aprendida
pela observação através da modelagem. Pela observação dos outros, uma pessoa
posteriores, esta informação codificada serve como um guia para a ação”. (Bandura
status do modelo, o sexo, o papel que este modelo ocupa no contexto familiar, ou social.
Normalmente estes modelos ocupam lugar de importância na relação com este jovem,
Neste sentido, Cecconello, Antoni e Koller (2003) discutiram sobre estilos parentais
e práticas educativas e sua influência sobre o comportamento das crianças. Para esses
autores, pais autoritários que usam de punição física como prática educativa tendem a
Bandura et al. (2008) afirmam que atos extremamente violentos não podem ser
espontâneos, inatos, mas precisam ser aprendidos e treinados. São aprendidos lentamente e
recebidas.
criança. Os autores enfatizam ainda que a aprendizagem social atua diretamente sobre a
formação do repertório não apenas da criança com tendência a ser um adulto problemático,
mas que também serão modelos e podendo ainda criar ambientes prejudiciais às gerações
seguintes.
Ferreira (2011) acrescenta que a probabilidade de uma pessoa atuar em função desta
entanto nem todas as pessoas que observam atos agressivos se tornam agressivas, pois
Surgem assim, a partir da década de 1990 alguns modelos teóricos, que serão apresentados
uma preparação emocional para agredir, não causava agressão. A causalidade foi então o
cognitivo, que estabelece que a frustração é uma das muitas condições que provocam um
estado afetivo negativo, e este, por sua vez, pode desencadear tendências de luta e fuga
tendências agressivas venham a ser ativadas, mas se é interpretada como medo, então há
De acordo com esta teoria o comportamento agressivo pode ser visto por duas
reações agressivas que são provocadas por estímulos aversivos indicando que haveria uma
alvo qualquer. Desta forma, entende-se que um indivíduo tende a apresentar uma
diminuição do comportamento agressivo logo após ter emitido uma resposta agressiva, no
entanto, isto não quer dizer que a pessoa será menos agressiva quando for estimulada numa
próxima vez. A agressão instrumental, por sua vez, ao invés de uma reação, é um
como Tedeschi e Felson (1994) apontam que o sistema de agressão reativa é mais
comportamento agressivo podem ser levadas em conta, desde que eliciem um estado
afetivo negativo grande o bastante para ativar uma rede cerebral associativa, na qual
padrões de reação agressiva estão guardados na memória (Berkowitz 1983, 1989). Como
por exemplo os incidentes que provocam dor física ou psicológica. Assim, um ambiente
populacional (Baron & Bell, 1975; Sherrod, Moore & Underwood, 1979; Lawrence &
Estes fatores funcionam como antecedentes por desencadearem estados afetivos negativos
que, conjuntamente com a mediação de fatores cognitivos, podem gerar uma atuação
Anderson e Bushman (2001) enfatizam que se deve fazer a distinção em relação aos
teóricos, que representariam uma segunda geração de paradigmas. Assim, um outro modelo
Informação Social.
resposta comportamental, quer seja para instigar uma resposta agressiva, quer seja para
inibi-la. Assim, um indivíduo que percebe erroneamente seu ambiente como hostil e assim
19
probabilidade de agressão.
mediada pela representação mental do significado de ambos. Esta teoria foi inicialmente
destes estímulos, a busca mental por possíveis respostas e a seleção de uma resposta
mesmos autores (1994) ainda desenvolveram um novo modelo pelo qual concluíram que
uma vez que a criança recebe um retorno de seu comportamento, e que este retorno
contribui para a codificação do estímulo, tem-se então o caráter cíclico do modelo. Sendo
desenvolva uma tendência atributiva hostil, na qual o indivíduo tende a atribuir intenções
seriam os resultados mais prováveis dos seus comportamentos. “Por isso, fantasias e
1997).
consequências desejadas pelo sujeito, fator este que constitui a chamada aprendizagem
influenciará a permanência ou não do script, uma vez que nem sempre o sujeito irá atribuir,
por exemplo, uma resposta negativa da sociedade diretamente ao ato agressivo que cometeu
aprendizado vivenciado pela criança. Um outro modelo atualmente defendido, que também
estes autores o termo agressão tende a direcionar a análise, focalizando apenas aspectos
usado para sujeitos) ao agir de forma coercitiva (termo usado para comportamento
agressivo). Segundo os autores citados, estes termos, atores e coercitivo, possuem uma
maior identificação com a literatura sobre poder, conflito, justiça e identidades sociais.
causar dano. Esta é a principal preocupação de Tedeschi e Felson, ou seja, averiguar porque
as pessoas decidem se comportar de forma coercitiva. Parte-se de uma análise baseada num
modelo de decisão de acordo com o qual o ator examina quais são os meios alternativos
para chegar a um dos três objetivos seguintes, controlar o comportamento de outros atores,
21
atores direcionam suas escolhas em função das recompensas esperadas bem como dos
foco é mais individual uma vez que suas postulações baseiam-se na decisão do ator em agir
denominado de modelo geral da agressão, volta-se mais para uma proposta integrativa
2006).
as teorias existentes e já citadas neste trabalho. Nos fundamentos deste modelo são
Psicologia Social, especialmente na vertente representada por Higgins (1990, citado por
Kristensen et al., 2003). Para ele, as crenças pessoais, que são uma função tanto da pessoa
Este modelo considera que só a interação dos fatores pessoais com fatores
2001; Anderson & Anderson, 2008). Por fatores pessoais entende-se tudo aquilo que o
22
Pode-se ver até aqui que crianças, jovens e adultos exibem comportamentos
agressivos por várias razões e de várias formas. Entretanto, se essas condutas se mostram
severas e frequentes, elas podem indicar sinais de psicopatologia. De acordo com o DSM V
CONSIDERAÇÕES
da agressão demanda uma abordagem múltipla. Além das perspectivas “clássicas”, modelos
mais recentes buscam oferecer descrições mais detalhadas dos processos cognitivos
A partir destas perspectivas teóricas, pode-se pensar que a agressão é tanto uma
consequências desfavoráveis a curto, médio e longo prazo. Por esse motivo, são
bem como o processo de avaliação das condutas agressivas nas várias fases da vida.
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Disponível:
http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/mapa2013_homicidios_juventude.pdf
Artmed Editora.
29
ARTIGO 2
Sobre os autores:
1. Psicóloga, Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP. Docente do Curso de
Graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Sapucaí.
E-mail: [email protected]
2. Psicólogo, Especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar, Pós-Doutorado em Psicologia
Clínica pela PUC-SP. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação Stricto Sensu em
Psicologia da Universidade São Francisco.
E-mail: [email protected]
End.: Av. Alexandre Rodrigues Barbosa, 45 – CEP 13251-900 – Itatiba/SP – Brasil.
Fones: +55 (11) 4534-8046 | +55 (11) 4534-8046
RESUMO
O tema agressividade tem sido uma preocupação da sociedade como um todo e avaliações
válidas e confiáveis deste construto poderão contribuir no entendimento e prevenção do
comportamento agressivo. O presente estudo objetivou buscar evidências de validade
baseadas na estrutura interna para a Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade –
EATA. Participaram do estudo 480 universitários de cursos nas áreas de Ciências Humanas
(41,2%), Ciências Biológicas (41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), de uma Universidade do
Sul de Minas Gerais. A idade dos participantes variou de 18 a 55 anos, com média de 24
anos (DP = 6,31). Foi realizada uma Análise Fatorial Confirmatória, com o Programa EQS
6.1, usando o método de estimação Maximum Likelihood, sendo que o modelo testado não
se apresentou apropriado para o conjunto de dados observados. Procedeu-se então à Análise
Fatorial Exploratória, com o programa SPSS, que resultou em uma escala com 32 itens,
com boas propriedades psicométricas, composta por subescala A com 18 itens ( alfa de
Cronbach = 0,83), subescala B com 6 itens (alfa de Cronbach = 0,75) e subescala C com 7
itens ( alfa de Cronbach = 0,63). Nas duas análises não se confirmou a estrutura original e
para a amostra estudada se propõe uma nova configuração do instrumento, EATA – Novo
Estudo.
30
ABSTRACT
The theme aggressiveness has been a concern of the whole society and reliable assessments
of this construct may contribute to the understanding and prevention of aggressive
behavior. The aim of this study was to search for evidence of validity based on internal
structure to the Scale for the Assessment of a Tendency to Aggressiveness - EATA. The
participants of the study were 480 university students of courses in the areas of Human
Sciences (41,2 %), Biological Sciences (41,2 %) and Exact Sciences (17,5 %), of a
University in the South of Minas Gerais, Brazil. The participants age ranged from 18 to 55
years, with a average of 24 years (SD = 6.31).We performed a Confirmatory Factor
Analysis, with the Program EQS 6.1, using the method of estimation Maximum Likelihood,
being that the tested model was not appropriate for the set of observed data. Then it was
submitted to the Exploratory Factor Analysis, using the SPSS program, which resulted in a
scale with 32 items, being subscale A with 18 items (Cronbach's alpha = 0.83), subscale B
with 6 items (Cronbach's alpha = 0.75) and subscale C with 7 items (Cronbach's alpha =
0.63). In both analyzes the original structure were not confirmed and for the studied sample
it is proposed a new instrument configuration, EATA – Novo Estudo.
RESUMEN
INTRODUÇÃO
O presente estudo teve como propósito atender uma das principais demandas da
Psicologia a direcionar suas investigações diagnósticas com maior segurança. Não obstante,
relacionada a jovens e adultos. Teve seus principais estudos iniciados em 2005 (Sisto,
Bartholomeu, Rueda, & Granado, 2005; Sisto, Bartholomeu, Santos, Rueda & Suehiro,
2008a; Sisto, Bartholomeu, Santos, Rueda & Suehiro, 2008b) até sua publicação em 2012
presente estudo, em 2010, com o intuito de atender a Resolução CFP 002/2003 que institui
critérios mínimos de qualidade para considerar um teste psicológico apto para uso
profissional.
propriedades psicométricas satisfatórias nos estudos anteriores, sabe-se que tais resultados
não podem ser generalizados, são necessários novos estudos para verificar a qualidade do
instrumento em amostra e contexto específico (Borsa & Bandeira, 2011). Neste sentido, o
presente estudo objetiva buscar evidências de validade para a Escala para Avaliação de
Tendência à Agressividade - EATA, por meio da análise da estrutura interna dos itens.
brasileira ou cometidas por estes mesmos jovens, são temas que têm gerado polêmica e
32
que praticam infrações violentas ou adolescentes e crianças que sofrem maus-tratos físicos
e psicológicos cometidos muitas vezes por seus próprios familiares, ou pelas instituições
tanto no sentido físico, como psicológico, esses indivíduos estão sujeitos a diversos riscos.
como uso de álcool e de outras substâncias, hábitos alimentares e condutas agressivas dos
adolescentes e jovens vêm sendo estudados por se caracterizarem como fatores que
jovens, por entender que uma possível intervenção e mudança de determinadas condutas
poderiam ter impacto positivo no quadro de saúde e qualidade de vida da juventude e dos
adultos.
adolescência com associações com ingestão de bebidas alcoólicas e drogas ilegais além de
idades semelhantes (na adolescência e início da fase adulta), conforme defendido por
evidenciar condutas agressivas: a busca imediata e sem limites para alcançar estes status e
outra no sentido da frustração, ideação agressiva e raiva por não conseguir o sucesso
Segundo Leme (2004), a agressão é uma conduta episódica, com evolução variável,
que assume diferentes formas de manifestação, e está sujeita à influência de variáveis tanto
esse comportamento. Neste sentido, alguns pressupostos teóricos procuram responder sobre
a natureza da agressão, desde modelos biológicos a modelos psicológicos formam uma teia
pode ser definido como uma ação intencional para machucar, ou irritar alguém, física ou
considerado agressivo. Porém, estudos sobre este tema deparam-se com a dificuldade em
mensurar a intencionalidade, o que tem levado pesquisadores a inferi-la pela frequência dos
comportamentos apresentados.
34
crianças tem se relacionado com habilidades sociais pobres e rejeição entre pares, ao
mesmo tempo em que ocorreria, em uma frequência muito elevada, nos segmentos sociais
mais baixos (Coie, Terry, Lenox, Lochman & Hyman, 1996). No entanto, Prinstein e
Cillessen (2003) asseveraram em seu estudo que certos grupos de pessoas jovens, com
Eysenck (1995) citado por Sisto (2005) defendeu a hipótese de que a intensidade de
de que existe um núcleo constante e outro variável, e esse núcleo constante foi denominado
muitas vezes incluída no domínio da psicopatologia, e não é preocupante apenas pelo ato,
mas também por frequentemente ocorrer juntamente com outras psicopatologias (Sisto,
2012).
agressivo.
35
qual são violados direitos básicos de outras pessoas ou normas ou regras sociais relevantes
como hostis e ameaçadoras e responder com agressividade, julgando seu ato justificado
(APA, 2014).
falsidade, violação de regras, incluindo violência contra pessoas podem acontecer em casa
relacionado a um padrão difuso de indiferença e violação de direitos dos outros, só pode ser
firmado para maiores de 18 anos que tenham apresentado transtorno de conduta antes dos
principalmente à violência e via de regra tratam deste fenômeno com crianças e dentro e em
relação à escola (Lisboa & Koller, 2001; Sposito, 2001; Sisto, 2005; Silva, 2006; Sisto &
Oliveira, 2007; Candreva et al., 2009; Joly, Dias & Marini, 2009). Desse modo, as
informações sobre agressividade no Brasil ou são aferidas indiretamente, pelo relato de pais
36
e professores, sendo poucos os estudos que citam escalas e informam dados de validade ou
Neste sentido, Borsa e Bandeira (2011) fizeram uma Análise da produção científica
partir de 2000. Relatam ainda que o instrumento mais utilizado foi o CBCL- Child
Crianças e Jovens (Sisto & Basi, 2000). Enfatizam que a maior parte dos estudos não
literatura nacional.
comportamento agressivo de jovens e adultos, e foi neste sentido que Sisto, et al. (2005)
CID-10 e DSM-IV, quanto aos transtornos de conduta e inicialmente foram elaborados 151
itens, na forma de frases assertivas, que foram submetidos à análise de conteúdo, resultando
mulheres e 41,2% homens, com idades entre 19 e 25 anos. Alguns exemplos dos itens desta
escala são: Altero a voz quando não sou atendido ou entendido; Falo dos outros pelas
37
costas; Gosto de bater em animais; Faço chantagem para atingir meu objetivo. Concluíram
que existem condutas mais tipicamente masculinas, mais tipicamente feminina e comum a
ambos os sexos, porém, enfatizaram que a questão não recai sobre discutir se homens são
mais agressivos que mulheres e sim que existem tipos característicos de agressividade
tal comportamento.
funcionamento dos itens para diferenciar sexos utilizando a escala criada por Sisto, et al.
Computação e Psicologia, com idades entre 18 e 65 anos, de ambos os sexos, sendo 57,2%
mulheres. Os 81 itens do instrumento foram analisados por meio do modelo Rasch. Vinte e
de precisão foram de 0,99 para os itens e 0,86 para as pessoas. Concluiu-se que a
instrumentos para mensurar agressividade. Para a construção dos instrumentos, foi utilizado
o estudo relatado anteriormente, em que os itens sem DIF fizeram parte de ambas as
escalas, acrescidos dos mais comuns aos homens, no caso da escala masculina (59 itens) e
dos mais comuns às mulheres, no caso da escala feminina (66 itens). Houve participação de
com idades entre 18 e 65 anos. O estudo fatorial foi realizado separadamente por sexo, por
meio de análise por componentes principais, com rotação Varimax. Na escala feminina
foram encontrados três fatores, F1. Irritabilidade (α=0,80), F2. Condutas Manipuladoras
38
(α=0,70) e F3. Condutas Antissociais (α=0,69) e na masculina quatro fatores, sendo F1.
interna foram considerados dentro dos parâmetros usuais e aceitos, indicando que as escalas
instrumento, verificando também diferenças entre gênero, curso e faixa etária. Participaram
São Paulo, com idades entre 18 e 50 anos. Os resultados evidenciaram que os participantes
Em todo o estudo os homens apresentaram médias mais altas. Dentre eles, os alunos do
Peregrino, Branco e Gonçalves (2008), que objetivou adaptar para o contexto brasileiro o
Pessoa, sendo 155 universitários e 153 do Ensino Médio, com idade média de 18,8 anos, e a
maioria do sexo feminino (65,9%). Foram utilizados quatro instrumentos, sendo, Escala de
Violência e BPAQ (Buss & Perry, 1992). Este último foi elaborado originalmente em
demonstraram que, embora tenham emergido apenas dois fatores na Análise Fatorial
medida, definida por quatro fatores de primeira ordem denominados raiva (α= 0,71),
hostilidade (α =0,62), agressão verbal (α= 0,52) e agressão física (α= 0,65), e um de
segunda ordem nomeado como agressão (α= 0,81). As pontuações dos homens não
diferiram daquelas das mulheres na maioria dos fatores de agressão, excetuando na sua
supõe que este dado talvez indique uma perspectiva mais aberta e assertiva da mulher que
estuda, que passa a impor seus direitos e a se posicionar nos seus relacionamentos sociais.
da violência, contando com 20 universitários das áreas exatas, humanas e biológicas, com
média de idade de 21,6 anos. Utilizaram de vinte entrevistas semiestruturadas, que foram
O grupo que se voltou para a perspectiva familiar representou a agressividade como fruto
problemas sociais. Nesse grupo misturaram todos os cursos, não sendo exclusivo de
nenhuma área acadêmica. Conclui-se que as representações sociais dos estudantes sugerem
da mesma área.
escores do teste (Urbina, 2007). Neste sentido, a busca de evidências de validade baseadas
na estrutura interna é focada na relação entre o teste e seus itens. Mostram que por meio de
teste e se são adequados para a avaliação do domínio que se quer medir. Envolve a
verificação da coesão entre a estrutura prevista com a observada, ou seja, busca indicar o
quanto a estrutura de relações entre os itens e os fatores são coerentes com a estrutura
proposta pela teoria. Estes estudos podem ser feitos por métodos tradicionais de análise
fatorial exploratória e também por meio de análise fatorial confirmatória (Primi, Muniz &
Nunes, 2009), como será apresentado no presente estudo, que objetiva buscar evidências de
validade para a Escala para Avaliação de Tendência à Agressividade - EATA, por meio da
análise da estrutura interna dos itens, com a Análise Fatorial Confirmatória e a Análise
Fatorial Exploratória.
MÉTODO
Participantes
particular no Sul de Minas Gerais, de oito cursos das áreas de Ciências Humanas (41,2%),
Ciências Biológicas (41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), sendo a maioria (67,5%) do sexo
feminino. A idade dos participantes variou de 18 a 55 anos, com média de 26 anos e moda
Instrumentos
Ficha de Caracterização
zero (0) se achar que manifesta esta conduta raramente ou nunca, o um (1), se às vezes se
A EATA não fornece uma medida unidimensional. Ela possui três dimensões e
fornece uma quarta medida. A Subescala A, com 10 itens, tem como núcleo condutas que
são comuns a ambos os sexos, a Subescala B, com 14 itens, possui como núcleo as
condutas mais comuns ao sexo feminino e, por fim, a Subescala C, com 16 itens, engloba
conteúdos que são mais comuns a pessoas do sexo masculino. Como os itens de cada
subescala são independentes, é possível se ter mais dois tipos de informação. Um deles se
frente a um grupo bem maior para efeitos de comparação. Outra informação possível
42
A precisão da EATA foi fornecida com base nos estudos das subescalas A, B e C e
para o teste como um todo. Os coeficientes computados foram: Alfa de Cronbach de 0,94;
Spearman-Brown de 0,93 e Guttman de 0,93 e Modelo Rasch de 0,87. Além disso, para
testar a consistência interna dos itens constatou-se que a retirada de qualquer item não
Procedimentos
então agendados, com os professores e alunos, os dias e horários para aplicação dos
instrumentos. A abordagem dos participantes da pesquisa foi feita em sala de aula, quando
Análise de Dados
43
A análise estatística foi realizada com base nos programas: EQS 6.1 (Structural
Equation Modeling Software) e SPSS 20.0. (Statistical Package for Social Sciences for
Exploratória do instrumento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
precisão.
Principalmente os itens 4, 5, 6, 13, 14, 17, 18, 20, 21, 25, 26, 28, 39 e 40 apresentaram
Foi realizada uma Análise Fatorial Confirmatória, com o Programa EQS 6.1, usando
EATA, em uma amostra de universitários. Vale observar que os estudos originais também
EATA original não é apropriada para o conjunto de dados observados, ou seja, o modelo
testado não se sustenta empiricamente neste estudo. Sendo assim, decidiu-se por fazer uma
Análise Exploratória com vistas a analisar a estrutura interna para a amostra em questão.
coletados uma análise fatorial por componente principal, rotação promax e eigenvalue ou
autovalor ≥ 1. Para verificar a adequação dos dados à análise fatorial usou-se a medida de
critério scree plot que apontou para uma estrutura com 3 fatores, conforme Figura 1. Para a
retenção do item no fator atribuiu-se carga fatorial igual ou superior a 0,30. Analisaram-se
assim as características dos itens em cada um dos fatores após a rotação dos dados na
análise fatorial.
Com base na análise do Scree Plot percebe-se claramente 3 fatores, revelando uma
Tabela 1.
Análise Fatorial Exploratória com extração de itens com valor > 0,30.
Fatores
I II III
Provoco os outros relembrando falhas que cometeram 0,642
Aumento uma informação para provocar sentimento de culpa nos outros 0,639
Altero o tom de voz quando não sou atendido ou entendido 0,579
Gosto de controlar informações para os outros fazerem o que quero 0,568
Quando sinto raiva tenho vontade de descontar em alguém 0,546
Distorço ou amenizo uma informação que poderia me trazer prejuízos 0,545
Quando faço algo errado, disfarço ou saio para não perceberem que fui eu 0,530
Quando encontro com a turma sempre tenho uma fofoca para contar 0,512
Cometo erros passados mesmo sabendo do dano causado 0,501
Sinto vontade de fazer coisas independentemente das normas 0,462 0,342
Quando não gosto de alguém, sinto vontade de criar uma situação para desafiá-lo 0,443
Falo dos outros pelas costas 0,442
Culpo outra pessoa por coisas que fiz 0,405
Gosto de mostrar meus conhecimentos 0,396
Ponho apelidos maldosos em pessoas 0,391 0,316
Quando quebro alguma coisa digo que foi outra pessoa 0,375 0,328
Gosto de incomodar os outros 0,365
Gosto de brigar 0,361
Durante uma conversa não deixo espaço para o outro se colocar 0,345
Faço ultrapassagens em locais proibidos 0,814
Gosto de correr com o carro 0,757
Dirijo após ingestão de bebida alcoólica 0,649
Tenho vontade de andar armado 0,575
Descarrego extintores para brincar ou extravasar tensão 0,529 0,330
Se não tiver perigo de ser visto, entro no cinema sem pagar 0,516
Gosto de xavecar pessoas com menos de 18 anos 0,348
Relato sentimentos não verdadeiros para iniciar um relacionamento sexual 0,348
Deixo de alimentar meu animal de estimação para puni-lo 0,684
Gosto de bater em placas de trânsito 0,570
Xingo pessoas por não querer ter relações sexuais comigo 0,568
Gosto de bater em animais 0,550
Gosto de brincar de empurrar ou provocar quedas para causar constrangimento 0,518
Quebro e/ou arranco plantas de jardins 0,495
Ameaço contar “segredos” da pessoa para forçá-la a fazer algo 0,476
Utilizo o nome de alguém para conseguir benefícios sem seu conhecimento 0,445
Gosto de deixar as pessoas com raiva de mim 0,338
Estaciono o carro numa vaga para deficientes físicos 0,304
Método de Análise de Componentes Principais
Método de Rotação Promax
Pela análise exploratória para extração dos itens com peso fatorial > 0,30, observa-
se que 4 itens obtiveram carga em mais que um fator, quais sejam, no Fator I, os itens 23 e
27 tiveram carga fatorial também no Fator II, e o item 39 além do Fator I também no Fator
III. No Fator II, apenas o item 18 obteve carga fatorial distribuída também no Fator III. Os
46
itens 1 (Ao cometer um erro mostro indiferença), 8 (Quando não gosto de alguém sinto
diferentes parceiros) não apresentaram carga fatorial acima de 0,30 e foram eliminados.
fator. A escala passou a ter 37 itens, ficando o Fator I com 19 itens e alfa de Cronbach
0,83; o Fator II com 8 itens e alfa de Cronbach 0,76 e o Fator III com 10 itens e alfa de
Cronbach 0,69. Ainda para verificar se cada item se mantinha comum às subescalas de
itens comuns a ambos os sexos, sexo feminino e sexo masculino, achou-se por bem
Tabela 2
Pelo teste t, foi verificado que os ítens 3, 19 e 37 são itens nos quais as mulheres
tenderam a pontuar mais que os homens. Sendo que no estudo original a subescala B era
Tabela 3.
Relato sentimentos não verdadeiros para iniciar um masculino 156 0,44 0,60 0,001
relacionamento sexual feminino 324 0,10 0,34
Tenho vontade de andar armado masculino 156 0,28 0,55 0,001
feminino 324 0,09 0,34
Descarrego extintores para brincar ou extravasar tensão masculino 156 0,09 0,35 0,03
feminino 324 0,02 0,17
Gosto de correr com o carro masculino 156 0,61 0,61 0,001
feminino 324 0,24 0,50
Ponho apelidos maldosos em pessoas masculino 156 0,35 0,51 0,001
feminino 324 0,23 0,48
Se não tiver perigo de ser visto, entro no cinema sem masculino 156 0,24 0,54 0,001
pagar feminino 324 0,07 0,32
Dirijo após ingestão de bebida alcoólica masculino 156 0,41 0,60 0,001
feminino 324 0,15 0,40
Faço ultrapassagens em locais proibidos masculino 156 0,42 0,57 0,001
feminino 324 0,09 0,33
Gosto de controlar informações para os outros fazerem o masculino 156 0,29 0,55 0,03
que quero feminino 324 0,19 0,44
Gosto de xavecar pessoas com menos de 18 anos masculino 156 0,26 0,51 0,001
feminino 324 0,06 0,26
Os itens 11, 12, 18, 22, 23, 26, 30, 32, 34 e 36 foram itens mais comumente
pontuados pelos homens. Na escala original a Subescala C, com itens mais comumente
masculinos era composta por 16 itens, incluindo estes apresentados na Tabela 3, com
exceção do item 34, que no estudo original era um item da subescala B, mais pertinente ao
sexo feminino.
Com base nesses resultados e em função de alguns itens apresentarem carga fatorial
em dois fatores, pensou-se em uma nova Análise Fatorial exigindo uma carga fatorial
Tabela 4
Análise Fatorial Exploratória com extração de itens com carga fatorial >0,35.
Fatores
I II III
Provoco os outros relembrando falhas que cometeram 0,642
Aumento uma informação para provocar sentimento de culpa nos outros 0,639
Altero o tom de voz quando não sou atendido ou entendido 0,579
Gosto de controlar informações para os outros fazerem o que quero 0,568
Quando sinto raiva tenho vontade de descontar em alguém 0,546
Distorço ou amenizo uma informação que poderia me trazer prejuízos 0,545
Quando faço algo errado, disfarço ou saio para não perceberem que fui eu 0,530
Quando encontro com a turma sempre tenho uma fofoca para contar 0,512
Cometo erros passados mesmo sabendo do dano causado 0,501
Sinto vontade de fazer coisas independentemente das normas 0,462
Quando não gosto de alguém, sinto vontade de criar uma situação para 0,443
desafiá-lo
Falo dos outros pelas costas 0,442
Culpo outra pessoa por coisas que fiz 0,405
Gosto de mostrar meus conhecimentos 0,396
Ponho apelidos maldosos em pessoas 0,391
Quando quebro alguma coisa digo que foi outra pessoa 0,375
Gosto de incomodar os outros 0,365
Gosto de brigar 0,361
Faço ultrapassagens em locais proibidos 0,814
Gosto de correr com o carro 0,757
Dirijo após ingestão de bebida alcoólica 0,649
Tenho vontade de andar armado 0,575
Descarrego extintores para brincar ou extravasar tensão 0,529
Se não tiver perigo de ser visto, entro no cinema sem pagar 0,516
Deixo de alimentar meu animal de estimação para puni-lo 0,684
Gosto de bater em placas de trânsito 0,570
Xingo pessoas por não querer ter relações sexuais comigo 0,568
Gosto de bater em animais 0,550
Gosto de brincar de empurrar ou provocar quedas para causar 0,518
constrangimento
Quebro e/ou arranco plantas de jardins 0,495
Ameaço contar “segredos” da pessoa para forçá-la a fazer algo 0,476
Utilizo o nome de alguém para conseguir benefícios sem seu conhecimento 0,445
Método de Análise de Componentes Principais
Método de Rotação Promax
Os resultados obtidos pela Análise Fatorial Exploratória para extração dos itens com
peso fatorial > 0,35 mostraram uma estrutura fatorial diferente da proposta inicialmente
por Sisto (2012). Os itens 1, 6, 8, 11, 13, 19, 20 e 36 não apresentaram carga fatorial igual
O Fator I (18 itens) reuniu itens que no estudo normativo do EATA eram do núcleo
eram relacionados a ambos os sexos, subescala A, passaram a compor este fator, sendo eles
de números 7, 27, 38 e 39. Também passaram a fazer parte deste fator os itens 23 e 35 que
condutas mais masculinas, sendo estes os itens de números 12, 18, 22, 26, 30 e 32 . O Fator
III (8 itens) agrupou itens da subescala A (4, 25, 28 e 40) e da subescala C ( 5, 14, 17 e 21)
Pode-se perceber pelos itens agrupados nesta nova configuração da Escala, que
alguns itens mais comuns ao sexo masculino, se mantiveram agrupados no Fator II, porém,
no Fator I agruparam-se itens das 3 subescalas e o Fator III ficou com 50% de itens da
subescala A e 50% da subescala C. Mesmo não havendo itens com carga fatorial em mais
de um fator, como ocorreu na análise com carga fatorial >0,30, a configuração ficou
Vale lembrar que em estudo preliminar para a construção da EATA Sisto, et al.
Raiva, Hostilidade, Agressão Verbal e Agressão Física. Da forma como ficaram agrupados
os itens da EATA após Análise Exploratória com carga Fatorial > 0,35, o Fator I inclui
itens relacionados à agressividade verbal, como, “Distorço ou amenizo uma informação que
poderia me trazer prejuízos”, “Aumento uma informação para provocar sentimento de culpa
50
nos outros”, “Gosto de controlar informações para os outros fazerem o que quero” e
também itens que se referem a hostilidade, como, “Gosto de incomodar os outros”, “Sinto
vontade de fazer coisas independentemente das normas”e “Quando não gosto de alguém,
como “Faço ultrapassagens em locais proibidos”, “Gosto de correr com o carro” e “Dirijo
após ingestão de bebida alcoólica”. O Fator III reuniu itens mais relacionados a raiva e a
indiferença”, “Quando não gosto de alguém sinto vontade de esconder a verdade para
“Transo sem preservativo com diferentes parceiros”, “Durante uma conversa não deixo
espaço para o outro se colocar”, ” Estaciono o carro numa vaga para deficientes físicos”,
“Gosto de xavecar pessoas com menos de 18 anos” não apresentaram carga fatorial maior
que 0,35 o que indica que para os participantes desta pesquisa estes itens não se
Ainda para verificar se os itens que ficaram se mantinham como comuns a ambos os
nas Tabelas 5 e 6.
51
Tabela 5
Pelo teste t, foi verificado que os itens 3 e 37 são itens nos quais as mulheres
tenderam a pontuar mais que os homens. Sendo que no estudo original a subescala B (itens
mais comuns ao sexo feminino) era composta por 14 itens, inclusive estes dois. Nesta nova
verbal.
Tabela 6
Os itens 12, 18, 22, 23, 26, 30, 32 e 34 foram itens mais comumente pontuados
pelos homens. Na escala original a Subescala C com itens mais comumente masculinos era
composta por 16 itens, incluindo estes apresentados na Tabela 4, com exceção do item 34
(Gosto de controlar informações para os outros fazerem o que quero), que no original era
escala, os itens apresentados na Tabela 7, como mais respondidos pelos homens fazem
parte do Fator II, composto por ações relacionadas a condutas antissociais e quebra de
regras, com exceção do item 34 (Gosto de controlar informações para os outros fazerem o
que quero) e do 23 (Ponho apelidos maldosos em pessoas) que aparecem como parte do
De acordo com Sisto (2005), a questão não é saber quem é mais ou menos
os achados de Sisto (2005), Sisto et al. (2005), Sisto et al. (2008a) pois não podemos
afirmar quais os tipos de ações agressivas são mais comuns para as mulheres, já quanto aos
homens, os resultados indicam que eles tendem mais a infringir regras, como beber e
armado.
Precisão
Tabela 7
atingiu índices de 0,83 para Alfa de Cronbach, 0,81 método das metades de Spearman-
Brown e 0,80, sugerindo homogeneidade alta para ambas as técnicas utilizadas. Para o
Fator II, Condutas antissociais e Quebra de Regras Sociais, os índices de precisão para Alfa
de Cronbach foi 0,75, Spearman-Brown 0,69 e Gutman 0,65, o que mostra boa consistência
destes fatores. Os índices de precisão para o Fator III – Raiva e Agressão Física, composto
por 8 itens, atingiram para o Alfa de Cronbach 0,68, Spearman-Brown 0,66 e Gutman
0,65. Todos índices aceitos pela Comissão Consultiva com base na resolução CFP
002/2003.
CONSIDERAÇÕES
EATA, ou seja, investigar por meio de Análise Fatorial se os três fatores e a divisão dos
itens da EATA em estudo original (Sisto, 2012) seria confirmado para a população ora
estudada. Não tendo sido confirmada a estrutura original da escala pela Análise Fatorial
apropriado à amostra.
54
em três fatores é apropriada, porém para a população que compôs o presente estudo a
EATA, quanto para o formato da EATA apresentado no presente estudo, que sugere-se
REFERÊNCIAS
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e gênero: uma questão de estilo de agressividade. In: Joly, M. C. R. A.; Santos, A. A. A.;
ARTIGO 3
Sobre os autores:
1. Psicóloga, Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP. Docente do Curso de
Graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Sapucaí.
E-mail: [email protected]
2. Psicólogo, Especialista em Psicologia Clínica e Hospitalar, Pós-Doutorado em Psicologia
Clínica pela PUC-SP. Docente dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação Stricto Sensu em
Psicologia da Universidade São Francisco.
E-mail: [email protected]
End.: Av. Alexandre Rodrigues Barbosa, 45 – CEP 13251-900 – Itatiba/SP – Brasil.
Fones: +55 (11) 4534-8046 | +55 (11) 4534-8046
RESUMO
ABSTRACT
RESUMEN
Nuevo Estudio Total también con Adaptación Familiar (r=0,29, p<0,001). Con el
WHOQOL-Bref también se encontraron correlaciones altamente significativas entre la
EATA - Nuevo Estudio Total con Relaciones Sociales (r=-0.16, p<0,001), y lo mismo entre
Agresividad Verbal y Hostilidad y las Relaciones Sociales (r=-0,16, p<0,001). Los
resultados indicaron que los constructos tendencia hacia la agresividad, percepción de
apoyo familiar y la calidad de vida se relacionan parcialmente.
INTRODUÇÃO
A agressividade pode ser vista como uma energia positiva, que conduz o indivíduo
na busca de soluções para seus problemas, atrelada à sobrevivência da espécie, porém, vem
sendo objeto de estudo da psicologia principalmente quanto aos seus aspectos relacionados
dor, seja ela real ou imaginada, como reação a uma barreira imposta a algo desejado ou
como forma de libertar tensão acumulada, uma reação catártica (Ribeiro & Sani, 2009).
Para Freud (1930/2010) agride-se ao outro para evitar que impulsos inatos de
comportamento agressivo como uma energia instintiva universal que acumulada precisa ser
Polydoro, 2008), uma resposta à frustração (Dolard et al. 1939, citado por Rodrigues,
1970); um resultado de déficits de processamento (Dodge & Coie, 1987) que levam à
resultados esperados. E ainda a personalidade somada a fatores situacionais fazem parte dos
um comportamento humano complexo e, por isso, é duvidoso que uma única teoria consiga
Sisto (2012) definiu o comportamento agressivo como uma ação intencional para
considerado agressivo, porém por não haver uma forma de mensurar a intenção, esta tem
respostas podem emergir dos processos de socialização que contribuem para os estereótipos
referentes aos sexos. Ela acrescenta ainda, que as diferenças nos estilos de resposta surgem
masculina a agir com maior agressividade em situações nas quais as meninas tenderiam a
indiretas de agressão (Sisto, 2005; Sisto, Bartholomeu, Rueda, & Granado, 2005).
agressivas em relação ao sexo. Sisto, et al. (2005) buscaram elaborar itens para um
instrumento que verificasse a agressividade em universitários. Este estudo teve como base
de ambos os sexos, 58,8% mulheres e 41,2% homens, com idades entre 19 e 25 anos. Os
autores concluíram que existem condutas mais tipicamente masculinas, mais tipicamente
feminina e comum a ambos os sexos, porém, enfatizaram que a questão não recai sobre
discutir se homens são mais agressivos que mulheres e sim que existem tipos característicos
utilizando a escala criada por Sisto et al. (2005). Contaram com a participação de 445
analisados por meio do modelo Rasch. Vinte e oito itens apresentaram funcionamento
0,99 para os itens e 0,86 para as pessoas. Concluiu-se que a agressividade pode ser medida
com idades entre 18 e 65 anos. Para a construção dos instrumentos, foi utilizado o estudo
relatado anteriormente, em que os itens sem DIF fizeram parte de ambas as escalas,
acrescidos dos mais comuns aos homens, no caso da escala masculina (59 itens) e dos mais
comuns às mulheres, no caso da escala feminina (66 itens). O estudo fatorial foi realizado
separadamente por sexo, por meio de análise por componentes principais, com rotação
Varimax. Na escala feminina foram encontrados três fatores, F1. Irritabilidade, F2.
Federal de Psicologia em 2012. Até esta data só era possível estudar o construto por meio
Branco e Gonçalves (2008), que objetivou adaptar para o contexto brasileiro o Questionário
de Agressão de Buss-Perry – BPAQ (Buss & Perry, 1992), reunindo evidências de sua
validade de construto. Com a participação de 308 estudantes de João Pessoa, sendo 155
64
universitários e 153 do Ensino Médio, com idade média de 18,8 anos, e a maioria do sexo
BPAQ (Buss & Perry, 1992). Este último foi elaborado originalmente em língua inglesa,
que, embora tenham emergido apenas dois fatores na Análise Fatorial Exploratória, uma
Análise Fatorial Confirmatória corroborou a estrutura teórica desta medida, definida por
quatro fatores de primeira ordem denominados raiva (α= 0,71), hostilidade (α =0,62),
agressão verbal (α= 0,52) e agressão física (α= 0,65), e um de segunda ordem nomeado
como agressão (α= 0,81). As pontuações dos homens não diferiram daquelas das mulheres
na maioria dos fatores de agressão, excetuando na sua dimensão afetiva, a raiva, em que
de vida, que se intensifica com os problemas sociais. Identificaram a violência como sendo
gerada pela falta de amor, carinho, respeito, falta de estrutura psicológica e negligência.
65
comportamento agressivo, Pesce (2009) mostrou que a violência conjugal é causa potencial
cada vez mais acentuada, fato que aponta para estratégias de prevenção desses agravos a
que desempenha a família. Esta deve ser o lugar de referência e suporte à agressividade do
bebê e, no futuro, ao adolescente que infringe as leis sociais. Para as autoras a violência que
se vê na sociedade de hoje está relacionada a uma “falha básica da família no que tange ao
crise, pode atuar como sistema protetor, quando ajuda o jovem a lidar com situações
em seus membros (Féres-Carneiro, 1992). A mesma autora (1997) reforça que a eficácia do
suporte familiar varia de acordo com as especificidades de cada núcleo familiar, assim
como a forma como cada membro percebe o suporte recebido. Neste sentido, Baptista
(2005) enfatiza que o suporte familiar pode ser considerado um amortecedor dos efeitos dos
como objetivo investigar a percepção dos próprios participantes quanto ao suporte familiar
(1997) que desenvolveu uma Entrevista Familiar Estruturada (EFE); Pasquali e Araújo
(1987) também desenvolveram uma escala para medir o nível de satisfação do adolescente
Parentais.
Familiar (IPSF) que avalia a percepção do indivíduo ante o suporte que recebe da sua
e evidencia as relações afetivas positivas intra-familiares, desde o interesse pelo outro, até a
expressão verbal e não verbal de carinho, clareza nos papéis e regras dos integrantes da
relação à família, como isolamento, exclusão, raiva, vergonha, relações agressivas de brigas
composto por 8 itens, demonstra a percepção de autonomia que o indivíduo tem de sua
inventário, tais como os estudos de Rigotto (2006), Aquino (2007), Souza (2007) e
Ainda neste sentido, Souza, Baptista e Alves (2008) buscaram evidência de validade
estudo 530 universitários com faixa etária de 17 a 54 anos. Foram utilizados o IPSF –
adequado para avaliar a percepção de suporte familiar. Concluiu-se que quanto maior o
média de idade igual a 21,53 e desvio padrão de 2,38 anos. Foi utilizado o Inventário de
demonstra que estas três variáveis estão inter-relacionados. Na análise de regressão, com
violência contra si, violência sexual e poucas atividades de lazer predizem a variável
dependente Suporte Familiar Total, sendo a saúde mental, aquela com maior
preponderância.
68
informações. O indivíduo percebendo esse suporte, encontra forças para enfrentar situações
adversas, o que traz consequências positivas para seu bem estar, diminuição do estresse,
de valores nos quais a pessoa está inserida, em relação aos seus objetivos, expectativas,
ou aos julgamentos de satisfação e das emoções (Gilman & Huebner, 2000). O documento
relações com o ambiente, além de avaliação global da qualidade de vida. Dentre essas
qualidade de vida ainda são escassas. Além disso, a maioria dos estudos como os de
69
Martins, França e Kimura (1996), Santos (2006), Nogueira (2006) e Zortéa (2010)
focalizam somente as pessoas que possuem doenças crônicas, e dessa forma, os aspectos
relacionados à QV de pessoas saudáveis ainda são pouco estudados. Porém, sabe-se que
Países desenvolvidos como os Estados Unidos e outros países investem em pesquisas que
mudança de determinadas condutas poderiam ter impacto positivo no quadro de saúde, nas
de poder. Enfatizam que este fenômeno coletivo incide por todo o tecido social,
caráter prejudicial da violência tipo bullying, que acarreta diversas implicações ao escopo
social.
adequados para sua utilização, de forma a medirem aquilo a que se propõe medir, que
70
apresentem validade para sua interpretação, justifica estudos como este que objetiva buscar
WHOQOL-Bref.
Suporte Familiar, que avalia a percepção que o indivíduo tem de seu suporte familiar; neste
entre os instrumentos seja negativa ou divergente, com exceção do fator II do IPSF que tem
seus itens invertidos. A segunda evidência de validade será estudada com o teste de
Importante informar que para este estudo foi utilizado como instrumento a escala
população estudada, sendo esta a mesma participante do presente estudo. Assim, para as
análises do presente estudo será utilizada a Escala que será aqui nomeada EATA- Novo
Estudo, composta por três fatores relacionados ao tipo de agressividade implicada nas
ações, contendo como na original 3 fatores, porém, com estrutura diferente, sendo: Fator I
Agressão Física”.
71
MÉTODO
Participantes
de Minas Gerais, de oito cursos das áreas de Ciências Humanas (41,2%), Ciências
Biológicas (41,2%) e Ciências Exatas (17,5%), sendo 32,5% do sexo masculino e 67,5% do
sexo feminino. A faixa etária dos participantes variou entre 18 e 55 anos, com média de 26
Instrumentos
Ficha de Caracterização
social.
quarta medida. A Subescala A, com 10 itens, tem como núcleo condutas que são comuns a
ambos os sexos, a Subescala B, com 14 itens, possui como núcleo as condutas mais comuns
ao sexo feminino e, por fim, a Subescala C, com 16 itens, engloba conteúdos que são mais
Análises Confirmatória e Exploratória que resultaram em uma escala com 32 itens, sendo
Fator I com 18 itens (alfa de Cronbach = 0,83), Fator II com 6 itens (alfa de Cronbach =
0,75) e Fator III com 7 itens (alfa de Cronbach = 0,63). Nas duas análises não se confirmou
instrumento, que então será utilizada nas análises do presente estudo e será referida como
impulsivas.
suporte familiar. A construção dos itens, foi realizada por meio de uma pesquisa com 100
73
estudantes universitários de Psicologia, utilizando de uma pergunta aberta, “Na sua opinião,
Posteriormente, realizou-se uma pesquisa com 1064 estudantes com idade entre 17 e
percepção sobre o suporte ou assistência familiar recebido, que ficaram divididas em três
família (Alfa de Cronbach de 0,90). Fator 3 – Autonomia Familiar: Composto por 8 itens,
demonstra a percepção de autonomia que o indivíduo tem de sua família (Alfa de Cronbach
de 0,77).
preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias, fez com que o Grupo
WHOQOL-Bref (WHOQOL GROUP, 1998b). Para tanto foi estudada uma amostra de 250
pacientes, com média de idade de 43,06 (Dp = 15, 36), sendo que 125 (50%) eram
sociais e descreve sobre relações pessoais, suporte social e atividade sexual, quanto ao
Domínio geral descreve como o indivíduo percebe sua qualidade de vida e sua saúde.
Procedimentos
o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco
professores e alunos, os dias e horários para aplicação dos instrumentos. A abordagem dos
Análise de Dados
A análise estatística foi realizada com base no programa Statistical Package for
Social Sciences for Windows, SPSS, versão 20.0. Foi empregada a técnica estatística
Inicialmente foi realizada a estatística descritiva da amostra, com dados como sexo,
idade, estado civil, área de graduação, curso, estado civil dos pais, se moram com eles,
validade com base em outras variáveis, sendo estas os resultados obtidos pelo IPSF e pelo
WHOQOL- Bref.
RESULTADOS
suporte familiar, com exceção do fator Adaptação Familiar que tem sua pontuação
invertida. Assim, como se esperava, as correlações entre esses dois instrumentos foram
Tabela 1.
A escala EATA - Novo Estudo total não apresentou correlação com significância
(r=0,29, p<0,001). Quanto à relação entre os fatores foram encontradas correlações baixas,
com significância estatística com o fator Afetivo Consistente (r = -0,13; p< 0,01) e positiva
e moderada com o Fator Adaptação Familiar (r=0,30; p<0,01). O Fator III “Raiva e
Agressão Física” (EATA- Novo Estudo) apresentou correlação desprezível porém com
Neste caso também vale lembrar que altos escores no EATA - Novo Estudo indicam maior
qualidade de vida, assim se espera obter correlações negativas entre esses instrumentos, ou
Tabela 2.
Correlação entre fatores da EATA- Novo Estudo e do Whoqol- Bref (N= 480).
agressividade pior a qualidade de vida, pois de acordo com Sampieri, Collado e Lucio
(2013) mesmo a correlação menor que 0,30 sendo fraca, ela pode ajudar a explicar o
total (r=-0,13, p<0,01). Condutas Antissociais (Fator II – EATA- Novo Estudo) apresentou
correlação desprezível, porém com significância estatística apenas com o fator Relações
sociais (r=-0,09, p<0,05). Raiva e Agressão Física (Fator III – EATA- Novo Estudo)
Relação Social (r=-0,11, p<0,05) e Meio Ambiente (r=-0,10, p<0,05). A EATA - Novo
Estudo Total não apresentou correlação estatisticamente significativa com os fatores Físico
estatística com os Fatores Relação Social (r=-0,16, p<0,001), Meio Ambiente (r=0,09,
p<0,05), Auto avaliação (r=-0,11, p<0,05) e com o WHOQOL-Bref total (r=0,13, p<0,01).
DISCUSSÃO
O presente estudo investigou as relações existentes entre os construtos avaliados por
comportamento, com exceção do Fator Adaptação familiar do IPSF que por ser invertido
<0,10), muito fracas (r = 0,10 a 0,25) ou médias (r = 0,25 a 0,50) de acordo com Sampieri,
Collado e Lucio (2013); baixas (r < 0,30) e médias (r = 0,30 a 0,70) segundo Spencer
(1995); e de desprezível (<0,19) a moderada (r = 0,30 a 0,39) de acordo com Duffy, Mclean
e Monshipouri (2011). Neste sentido, os mesmos autores referem que considerando que a
psicometria trabalha com construtos psíquicos, correlações moderadas ou baixas podem ser
valiosas para a psicologia, e que embora fracas podem ajudar a explicar o vínculo entre as
variáveis. Gouveia et al. (2009) ainda afirmam que quanto maior for a amostra menor
Adaptação do IPSF, estão de acordo com a literatura. Essas relações demonstram que
quanto menor a percepção de relações afetivas positivas com a família, pouca liberdade e
conseguir vantagens. Neste sentido a teoria da aprendizagem social (Bandura, et al. 2008)
identificaram a violência como sendo gerada pela falta de amor, carinho, respeito, falta de
entre os membros. Pela teoria da frustração-agressão (Dolard et al. 1939 citado por
Estudo) e o Fator Adaptação Familiar (IPSF), reafirma que quanto maior a tendência a
agressivas, com brigas e gritos. Souza et al. (2010), neste sentido, relacionam o suporte
sexual, referindo que algumas condutas podem trazer riscos para a própria pessoa e para a
relacionada a uma falha no papel da família em conter impulsos agressivos, sendo que estes
(2009), também corrobora os resultados encontrados, ao revelar que “...a violência conjugal
predomina nos estudos como tipo de maus tratos familiar com potencial para causar
são a agressão modelada e reforçada pela família, segundo Bandura et al. (2008). Segundo
Pesce (2009), pais que utilizam punição, seja verbal, psicológica ou física, estão mostrando
homens e mulheres.
comportamento agressivo, como por exemplo, o estresse psíquico (Souza et al., 2008).
Campos (2004) refere que quando não há percepção do apoio recebido pela família o
agressividade como fruto do desequilíbrio familiar e de sua baixa qualidade de vida, que se
Na literatura científica investigada para este estudo, não foram encontrados estudos
presente estudo mostrou que, ainda que significativa, a correlação entre esses dois
direção negativa, o que revelou que, quanto mais tendência à agressividade, menor a
Relações Sociais, Autoavaliação e com o Geral. Este resultado revela que quanto maior a
da qualidade de vida, das relações pessoais e do suporte social. O indivíduo não percebendo
um bom suporte social, não encontrará forças para enfrentar situações adversas, acabando
Sociais (WHOQOL-Bref), indicando que quanto pior a percepção das relações sociais e do
Neste contexto, segundo Coutinho et al. (2009), os jovens são passíveis de influências
à qual estes jovens estão expostos e com a qual devem criar representações para delinear
O Fator Raiva e Agressão Física (EATA – Novo Estudo) apresentou correlação com
que pessoas com perfil temperamental, com condutas impulsivas e de raiva têm pior
apoio recebido dos amigos, com o lugar onde mora, quanto a seus recursos financeiros, e
quanto a saúde. Coutinho et al. (2009) reporta que a violência é um problema social que
83
indivíduo. Os mesmos autores ainda referem que a qualidade de vida depende de fatores
uma vez que são passíveis de influenciar a percepção dos indivíduos acerca da qualidade de
vida.
para os participantes deste estudo prediz maior tendência à agressividade. Segundo Bandura
CONSIDERAÇÕES
baseada na relação entre variáveis para a EATA- Novo Estudo foram encontradas
que são construtos diferentes. As evidências encontradas neste estudo corroboram estudos e
está associada à convivência social e em família sem expressões de afeto e carinho, que
geram inseguranças e modelos agressivos. Neste contexto a qualidade de vida fica também
com relação à qualidade de vida de pessoas sem patologias. A população estudada também
pode ser vista como limitante para o estudo por ser composta em sua maioria por jovens
com potencial sócio econômico e cultural mais privilegiado que a população em geral. Por
mensuração. Ressalta-se que novas pesquisas devem ser realizadas buscando outras
evidências de validade para a EATA e também para a EATA - Novo Estudo, com outras
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(WHOQOL): position paper from the world healt organization. Social and Science
CONSIDERAÇÕES FINAIS
haver dentre os instrumentos aprovados para o uso dos psicólogos no Brasil, outro
instrumento medindo este construto em jovens e adultos. Para tanto pensou-se como ponto
agressivo. Tais modelos apontam para uma interação de fatores ambientais e pessoais, entre
conjuntamente, o que leva à suposição de que tratam de dimensões contínuas que coexistem
nas duas análises não se confirmou a estrutura original da EATA. Assim, para a amostra
estudada se propôs uma nova configuração do instrumento, não mais com fatores
psicométricas para a nova estrutura da EATA, com vistas à busca de evidências de validade
baseadas nas relações com outras variáveis, sendo o Inventário de Percepção de Suporte
estudante. Nesse sentido, o estudo com universitários tem sua importância pelo fato de que
confirmou para os 480 participantes da presente pesquisa, porém, o instrumento com uma
Além de que, foram encontradas evidências de validade parciais para a EATA- Novo
mensuração. Acredita-se que este estudo pôde fornecer elementos para o debate sobre a
aqui apresentados, visando mais investigações quanto à EATA original e também à EATA-
Novo Estudo, buscando outras evidências de validade, com outras variáveis, com
ANEXO 1.
Eu,........................................................................................... ...............................................,
RG......................................., abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido
para
participar como voluntário do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade dos
pesquisadores Maria Inês Bustamante e Professor Dr. Cláudio Garcia Capitão, do Curso de
Doutorado da Universidade São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 - O objetivo da pesquisa é buscar evidências de validade para a Escala de Avaliação da
Tendência a Agressividade por meio do Inventário de Percepção do Suporte Familiar e do
Instrumento de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde - WHOQOL-Bref.
2- Durante o estudo serão utilizados três instrumentos, sendo, a EATA - Escala de
Avaliação da Tendência a Agressividade, o IPSF - Inventário de Percepção do Suporte
Familiar e o WHOQOL- Bref, escala abreviada de Qualidade de Vida da Organização
Mundial de Saúde e uma ficha de caracterização. A aplicação dos instrumentos foi
agendada previamente com os professores e será realizada em sala de aula, com duração
média de 40 minutos. Esse procedimento será realizado em diversas turmas de cursos nas
áreas de saúde, humanas e exatas.
3 - Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
minha participação na referida pesquisa;
4- A resposta a estes instrumentos não causam riscos conhecidos à minha saúde física e
mental, não sendo provável, também, que causem desconforto emocional;
5 - Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, o que
não me causará nenhum prejuízo;
6 – Meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na
pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima,
incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 - Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para
apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa pelo telefone: (11) 24548981;
8 - Poderei entrar em contato com a responsável pelo estudo, Maria Inês Bustamante
sempre que julgar necessário pelo telefone (35) 34492154;
9- Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu
poder e outra com o pesquisador responsável.
_____________________ , _____________
Local data
Assinatura do participante
...................................................................................
93
ANEXO 2.
- FICHA DE CARACTERIZAÇÃO
ANEXO 3.
Grata,
_____________________________
Maria Inês Bustamante
95
ANEXO 4.
___________________________________
Prof. Dr.Félix Ocáris Bazano
Reitor da Universidade do Vale do Sapucaí
96
ANEXO 5.
97
ANEXO 6
WHOQOL-Bref
INSTRUÇÕES
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua
vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma
questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá
ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que
você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas
últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de que
necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu
"muito" apoio como abaixo.
Muito
nada médio muito completamente
pouco
Você recebe dos outros o apoio de que
1 2 3 4 5
necessita?
Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor resposta.
muito nem ruim /
Ruim boa muito boa
ruim nem boa
Como você avaliaria sua qualidade
1 1 2 3 4 5
de vida?
muito nem satisfeito muito
Insatisfeito satisfeito
insatisfeito nem insatisfeito satisfeito
Quão satisfeito(a) você está
2 com a 1 2 3 4 5
sua saúde?
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.
muito mais ou
nada bastante extremamente
pouco menos
Em que medida você acha que sua
dor
3 (física) impede você de fazer o que 1 2 3 4 5
você
precisa?
O quanto você precisa de algum
tratamento 1 2 3 4 5
4
médico para levar sua vida diária?
5 O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5
98
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer
certas coisas nestas últimas duas semanas.
muito
nada médio muito completamente
pouco
Você tem energia suficiente para
seu 1 2 3 4 5
10
dia-a- dia?
Você é capaz de aceitar sua
aparência 1 2 3 4 5
11
física?
Você tem dinheiro suficiente para
1 2 3 4 5
12 satisfazer suas necessidades?
Quão disponíveis para você estão
as
1 2 3 4 5
13 informações que precisa no seu
dia-a-dia?
Em que medida você tem
oportunidades de atividade de 1 2 3 4 5
14
lazer?
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários
aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito nem ruim
ruim bom muito bom
ruim nem bom
Quão bem você é capaz de se
15 1 2 3 4 5
locomover?
nem
muito satisfeito Muito
Insatisfeito satisfeito
insatisfeito nem satisfeito
insatisfeito
Quão satisfeito(a) você está
1 2 3 4 5
16 com o seu sono?
Quão satisfeito(a) você está
com sua
17 1 2 3 4 5
capacidade de desempenhar as
atividades do seu dia-a-dia?
Quão satisfeito(a) você está
com sua 1 2 3 4 5
18
capacidade para o trabalho?
Quão satisfeito(a) você está
1 2 3 4 5
19 consigo
99
mesmo?
Quão satisfeito(a) você está
com suas
20 relações pessoais (amigos, 1 2 3 4 5
parentes,
conhecidos, colegas)?
Quão satisfeito(a) você está
1 2 3 4 5
21 com sua vida sexual?
Quão satisfeito(a) você está
com o apoio que você recebe 1 2 3 4 5
22
de seu amigos?
Quão satisfeito(a) você está
com as 1 2 3 4 5
23
condições do local onde mora?
Quão satisfeito(a) você está
com o seu acesso aos serviços 1 2 3 4 5
24
de saúde?
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas nas
últimas duas semanas.
Algumas muito
nunca frequentemente sempre
vezes freqüentemente
Com que freqüência você tem
sentimentos negativos tais como
26 mau 1 2 3 4 5
humor, desespero, ansiedade,
depressão?
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