Luta Antimanicomial No Cenário Contemporâneo: Desafios Atuais Frente A Reação Conservadora
Luta Antimanicomial No Cenário Contemporâneo: Desafios Atuais Frente A Reação Conservadora
Luta Antimanicomial No Cenário Contemporâneo: Desafios Atuais Frente A Reação Conservadora
Introdução
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Assistente Social, Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial; Mestre em Política Social
pela UFF, Doutora em Serviço Social pela PUC/SP; Pós-doutoranda em Serviço Social e Política Social
pela UNIFESP. Professora Adjunta na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. E-mail:
[email protected].
Rachel Gouveia Passos
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Psiquiatra, comunista e um dos percursores da Reforma Psiquiátrica Italiana.
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Basaglia (2005) desconstrói a compreensão tradicional de doença mental. Para ele o sujeito não porta
uma doença, a ”loucura” passa a ser compreendida como existência-sofrimento. Seria uma experiência
subjetiva que compõe a construção desse sujeito e sua relação no/com o mundo. Logo, não há cura para
algo que é dele. Nesse sentido, a Reforma Psiquiátrica propõe uma outra forma de lidar com essa
experiência através do cuidado em saúde mental. Para maior aprofundamento sobre a temática do
cuidado em saúde mental buscar Passos (2016).
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Identificamos estratégias manicomiais e higienistas na atuação da Prefeitura Municipal do Rio de
Janeiro, via Secretaria Municipal de Assistência Social, em destaque nos anos de 2011 e 2012, no
momento que utilizou o recolhimento e a internação compulsória como estratégia de retirada de pessoas
em situação de rua e que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas. A cidade dos megaeventos
apropriou-se de recursos manicomiais para ajustar-se aos interesses do grande capital.
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No Rio de Janeiro, o Núcleo Estadual da Luta Antimanicomial (NEMLA) vem construindo com outros
movimentos sociais e frentes de luta novas estratégias. Além disso, o NEMLA também compõe o Fórum
de Trabalhadores da Saúde Mental do Rio de Janeiro e o Fórum de Trabalhadores do Programa
Residencial Terapêutico do Município do Rio de Janeiro. Ambos os fóruns surgiram para reivindicarem
melhores condições de trabalho e o pagamento de salários e indenizações. Para maior aprofundamento
sobre a Rede de Saúde Mental do município do Rio de Janeiro buscar Passos (2016).
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a. Liberdade
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Para maior aprofundamento acerca do Projeto ético-político profissional buscar Netto (2009);
CRESS/RJ (2013).
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b. Emancipação
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1934 que existia para proteger os “doentes mentais”. Além dessa lei,
inúmeras portarias de cunho federal, outras de âmbitos estaduais e
municipais foram promulgadas no Brasil.
De acordo com Marx (2010), esse processo de reconhecimento
do Estado em relação a essas pessoas é identificado como
emancipação política. A viabilização da emancipação política das
pessoas em sofrimento psíquico não veio descolada de uma
determinada liberdade – ainda que restrita na sociedade capitalista -,
e do fim da tutela por parte do Estado. O reconhecimento dessa
emancipação vem sendo construído a partir de inúmeras dificuldades
e impasses.
A emancipação política na saúde mental também pode ser
observada na participação massiva dos usuários e familiares em
espaços de representação política, como: conselhos de saúde,
congressos acadêmicos, conferências de saúde mental, como
gestores de políticas públicas, representantes de entidades, lideranças
políticas e etc.. Abrir as portas do hospício de forma responsável, na
direção de uma liberdade que viabiliza o cuidado em saúde mental,
está possibilitando a emancipação política de sujeitos que eram
considerados incapazes e improdutivos.
A viabilização dos direitos sociais para esses sujeitos
proporcionou uma outra forma de estar e viver na sociedade. Apesar
dos direitos sociais estarem vinculados as múltiplas políticas públicas
e suas articulações expressas pela intersetorialidade e integralidade, a
saúde mental assumiu responsabilidades, principalmente para as
pessoas internadas a longo prazo, e implantou algumas estratégias
que pudessem proporcionar a vida em sociedade. São elas: 1º)
Moradia: implantação dos serviços residenciais terapêuticos; 2º)
Transferência de renda: Programa “De Volta para Casa”; 3º) Centros
de Atenção Psicossocial e ambulatórios: locais de cuidado em saúde
mental; 4º) Centros de Convivência e Lazer: atividades direcionadas
ao lazer e cultura; 5º) Projetos de trabalho e geração de renda: para
aqueles que não conseguem inserir-se no mercado de trabalho.
Possibilitar a emancipação política é o início da caminhada. É
necessário direcionar as ações para a concretude da emancipação
humana, não deixando de refletir sobre os limites da cidadania na
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c. Direitos Humanos
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Podemos assinalar que nessa unificação não houve consenso em relação a postura política do PT.
Como a Reforma Psiquiátrica só conseguiu avançar, nos municípios, através das gestões do partido dos
trabalhadores, ficou extremamente difícil para diversos atores antimanicomiais realizar uma análise de
conjuntura que problematizasse a postura ética e política do partido.
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Considerações Finais
Referências Bibliográficas
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Recebido em 08/05/2017 e
aceito em 11/06/2017.
Resumo: O presente artigo tem por objetivo tratar acerca da Luta Antimanicomial e
seus desafios no cenário contemporâneo, dando destaque aos ataques das forças
conservadoras manicomiais. Propõe-se a realizar uma aproximação entre três princípios
antimanicomiais que coadunam com o projeto ético-político do Serviço Social, uma vez
que ambos vinculam-se a um determinado projeto societário de transformação. Por fim,
apresenta algumas estratégias adotadas pela Luta Antimanicomial diante da reação
conservadora.
Palavras-chave: Luta Antimanicomial. Reação Conservadora. Projeto ético-político.
Title: Anti-manicomial fight in the contemporary scenario: current challenges facing the
conservative reaction
Abstract: The aim of this article is to discuss the Anti-asylum struggle and its ethical
and political challenges in the contemporary scenario, highlighting the attacks of
conservative asylum forces. It proposes to make an approximation between three anti-
asylum struggle principles that are in line with the ethical-political project of Social Work,
since both are linked to a particular corporate transformation project. Finally, it presents
some strategies adopted by the Anti-asylum struggle before the conservative reaction.
Keywords: Anti-asylum Struggle; Conservative Reaction; Ethical-political Project.
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