Criacao e Manejo de Caes
Criacao e Manejo de Caes
Criacao e Manejo de Caes
ANDRADE, A., PINTO, SC., and OLIVEIRA, RS., orgs. Animais de Laboratório: criação e experimentação
[online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. 388 p. ISBN: 85-7541-015-6. Available from SciELO Books
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Criação e manejo de cães
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INTRODUÇÃO
Todos os cães pertencem a uma só espécie (Canis familiaris), com múltiplas raças e variedades, descendendo
provavelmente do lobo sul-americano (Canis lupus pallipes). Após milhares de anos de domesticação, a espécie
difundiu-se rapidamente pelo planeta, sendo encontrada desde as regiões equatoriais e tropicais até o Ártico
(Hubrecht, 1995).
Já no antigo Egito, os cães vão surgir retratados em papiros e pinturas, como é o caso das raças basenji e
afghan-hound, contando já com aproximadamente 5 mil anos, como também em esculturas representando o
deus Anúbis (o guardião dos mortos). Essas duas raças não estão perfeitamente representadas nas atuais
(Correa & Correa, 1982).
Quando os exploradores chegaram ao continente americano, trouxeram seus cães, mas já encontraram
aproximadamente 20 raças americanas, das quais hoje só restam duas: o cão pelado mexicano, assim chamado
por não possuir pêlos, e o cão dos esquimós. Na Austrália restou o dingo, hoje selvagem e também
semidomesticado pelos aborígenes. Em toda a África restaram cães, dos quais o mais antigo é o basenji, que se
espalhou por esse continente, sul da Ásia e Índia; possivelmente foi esse cão que chegou à Austrália e, através
dos milênios, se transformou no dingo. Em toda a Ásia e ilhas do Pacífico, existiram outras raças de cães
ancestrais (Correa & Correa, 1982).
Atualmente, o homem seleciona os cães de acordo com as qualidades que lhe interessam, entre as quais
podemos citar porte, beleza, agilidade, faro, pelagem e comportamento instintivo. Por meio de cruzamentos
inter-raciais e seleção artificial é também possível criar novas raças que atendam a critérios específicos.
Para fins experimentais, a raça mais utilizada é o beagle, em razão de seu porte médio (10 kg-25 kg),
temperamento dócil e padronização racial.
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ANIMAIS DE LABORATÓRIO
REDUÇÃO DO ESTRESSE
O manejo de um cão deve ser realizado, sempre que possível, pelos mesmos tratadores e pesquisadores.
Caso isso não seja viável, as técnicas de manejo devem ser padronizadas, o que torna imprescindível o treinamento
conjunto de toda a equipe diretamente envolvida com os cães no biotério.
Outro fator de estresse que pode ser reduzido é o ruído, cujo controle deve ser considerado no design dos
boxes e do biotério como um todo. O uso de materiais abafadores de ruído e de portas acústicas, bem como de
corredores amplos, permite minimizar o ruído a que cães, funcionários e pesquisadores estarão sujeitos (Milligan,
Sales & Khirnykh, 1993).
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Criação e manejo de cães
ALIMENTAÇÃO
Como todos os carnívoros, o cão precisa de alimentos bem absorvíveis e balanceados; eles devem fornecer
proteínas para crescimento e vigor, representadas por carnes, ovos, leite e laticínios; carboidratos como o arroz,
o trigo e outros; lipídios ou gorduras que tanto fornecem energia como dão forma ao corpo; minerais como o
cálcio e o fósforo para os ossos, o ferro para evitar a anemia, favorecendo a formação de hemoglobina nos
glóbulos vermelhos do sangue; o sódio, o potássio e numerosos outros elementos (Correa & Correa, 1982).
As vitaminas presentes nesse tipo de dieta estimulam as funções vitais, como a vitamina A, que favorece a
absorção de alimentos; as vitaminas do grupo B, imprescindíveis ao metabolismo e à respiração celulares; a
vitamina C, que estimula a reparação de feridas e lesões e fortalece os vasos sangüíneos; a vitamina D, que
comanda a calcificação dos ossos; a vitamina E, importante na reprodução e antioxidante biológico, e a vitamina K,
necessária para a coagulação do sangue (Correa & Correa, 1982).
No caso da opção por rações comerciais, deve-se atentar para a especificidade envolvida na idade dos
cães: há rações mais ricas em proteínas e energia para filhotes em crescimento, até os seis meses de idade, e
rações de manutenção, que devem ser oferecidas após seis meses ou um ano de idade. Um problema potencial
das rações comerciais é a monotonia na alimentação, o que pode ser contornado oferecendo-se aos cães,
eventualmente, alimentos preparados no biotério.
MANEJOS DE ROTINA
A BORDAGEM DO C ÃO
Primeiramente, a postura do cão deve ser observada – o comportamento típico de um cão acuado é o
recuo até o fundo do boxe. Nesse caso, é recomendável que se adote um tom de voz suave e firme, e que a
pessoa, ao efetuar a abordagem, abaixe-se até alcançar o mesmo nível do cão. Isso fará com que o animal não
se sinta ameaçado. Movimentos bruscos podem estressar o cão, fazendo com que este tome atitudes agressivas
e tente morder. Se isso acontecer, tratadores experientes devem ser chamados para auxiliar nos trabalhos de
contenção do animal.
CONTENÇÃO DO C ÃO
Contenção Mecânica
A contenção em recumbência esternal é utilizada na ausência de agressividade por parte do cão, ainda
que o uso da mordaça seja recomendável para evitar acidentes. Um cão em recumbência esternal permanece
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ANIMAIS DE LABORATÓRIO
com o esterno apoiado sobre a mesa de manipulação, ao mesmo tempo em que o tratador coloca o braço sob
seu pescoço a fim de controlar os movimentos da cabeça, enquanto segura, com o outro braço, o dorso do
animal, apoiando a mão sobre a nuca do cão para evitar que o mesmo se levante. Essa posição facilita a punção
de veias cefálicas e jugulares, a aplicação de injeções e pequenos curativos.
Para cães agressivos, no entanto, a forma mais usual de contenção é a coleira-laço, constituída de haste de
madeira com uma tira de couro regulável presa na extremidade. Outro instrumento utilizado e que apresenta
melhor eficiência é o puçá trançado com fios de náilon ou algodão.
Contenção Química
A aplicação combinada de sedativos e analgésicos é utilizada para o transporte do cão e procedimentos
mais traumáticos, durante os quais o cão pode expressar reações de defesa e tentar morder o tratador/pesquisador.
Quando usados isoladamente, os sedativos têm um efeito tranqüilizante que auxilia no manejo do animal.
Alguns agentes têm também efeito analgésico. No entanto, nenhum analgésico pode ser empregado isoladamente
para procedimentos dolorosos, como a cirurgia, atuando somente como pré-anestésico. Para a realização da
contenção química, é indispensável a presença de um veterinário, que indicará o tipo de droga e a dosagem a
ser empregada de acordo com o tipo de procedimento e as características do animal.
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Criação e manejo de cães
M EDICAMENTOS
• antibióticos e antiinflamatórios;
• antidiarréicos;
• vermífugos para vermes redondos e vermes chatos;
• vacinas de rotina;
• analgésicos e sedativos de administração interna e externa;
• anestésicos locais e gerais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEBAK, J. & BECK, A. M. The effect of cage size on play and aggression between dogs in purpose-bred beagles.
Laboratory Animal Science, 43:457-459, 1993.
CORREA, W. M. & CORREA, C. N. M. A Saúde do Cão. Botucatu: J. M. Varela Editores Ltda., 1982. (Série
Saúde Animal)
FREEDMAN, D. G.; KING, J. A. & ELLIOT, O. Critical period in the social development of dogs. Science, 133:1016-
1017, 1961.
HUBRECHT, R. Dogs and dog housing. In: SMITH, C. P. & TAYLOR, V. (Eds.) Environmental Enrichment
Information Resources for Laboratory Animals: 1965 - 1995: birds, cats, dogs, farm animals, ferrets, rabbits,
and rodents. AWIC Resource Series n.2. Beltsville – Potters Bar: U.S. Department of Agriculture – MD
and Universities Federation for Animal Welfare (Ufaw). p.49-62, 1995.
MILLIGAN, S. R.; SALES, G. D. & KHIRNYKH, K. Sound levels in rooms housing laboratory animals: an
uncontrolled daily variable. Physiology and Behaviour, 53:1067-1076, 1993.
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