A Sombra PDF
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A SOMBRA
CURITIBA
2006
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Agradeço minha família cujo auxílio e
sacrifício foram imprescindíveis para esta
etapa e, de forma especial aos docentes que
foram espetaculares no tratamento e na
forma de ensinar e incentivar à busca do
conhecimento científico. .
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO................................................................................................4
1. DEFINIÇÃO DE SOMBRA..........................................................................6
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................25
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INTRODUÇÃO
Estudar o relacionamento dos indivíduos com o seu meio interno, fazer com
que conheça melhor a si mesmo, as suas próprias qualidades, e como conseguir
encontrar um equilíbrio entre o que se é e o que a sociedade exige dele para poder
encontrar uma harmonia entre estes dois pólos, é o que se espera elucidar.
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do eu alcançando o equilíbrio entre a unilateralidade do consciente e as profundezas
do inconsciente. Leva-se ao reencontro das potencialidades enterradas.
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1. DEFINIÇÃO DE SOMBRA
Jung diz que “todo individuo é acompanhando por uma sombra e quanto
menos ela estiver incorporada a sua vida consciente, tanto mais escura e espessa
ela se tornará” (2002 – Ed. Vozes).
O ego está para sombra como a luz esta para as trevas. E é isso que nos
torna humanos, ou seja, imperfeitos. Todos nos possuímos uma sombra ou somos
possuídos por ela.
Jung viu a sombra como uma personalidade inferior que tem seus próprios
conteúdos, imagens e julgamentos de valor, que são semelhantes aos da
personalidade superior.
Hoje se entende por uma parte da psique inconsciente que esta mais
próxima da consciência, mesmo que não seja completamente aceita por ela.
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Por ser contrária a nossa atitude consciente daquilo que gostaríamos de ser,
não permitimos a sua expressão, assim ficando inconsciente, oculta.
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2. FORMAÇAO DA SOMBRA
Podemos perceber que ser pai, mãe, guardador em geral requer muita
consciência, paciência e sabedoria fora do comum, em se tratando com criatividade
o problema da sombra.
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Não se pode ir muito além em direção a permissividade, nem em direção a
resistência extremada. A solução ou a melhor opção talvez seria a própria
consciência dos pais a respeito do problema da própria sombra.
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3. COMO RECONHECER E TRABALHAR A SOMBRA?
Quando alguém nos repreende por um erro podemos sentir muita raiva
dentro de nós, ai está provavelmente uma parte da sombra inconsciente, e natural
que fiquemos aborrecidos com tais pessoas, mas o que fazer quando tal conteúdo
vem através dos próprios sonhos?
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modo diferente do que pretendíamos, analisar nosso senso de humor e nossas
identificações, estudar nossos sonhos, devaneios e fantasias” (1991 – Cultrix, SP).
Essa herança inclui uma parte da sombra que nos é transmitido e que
absorvemos no psíquico do ambiente familiar.
Por outro lado, mesmo que entremos em contato com a sombra de modo
correto, ela pode ser um choque para nossa personalidade consciente. Percebemos
tantos sentimentos reprimidos tais como agressividade e tantos outros que nos
impediram de agir resolutamente.
Hilman disse que a raiva pode saudável, por exemplo, numa situação
intolerável. Sem nossa sombra, então, podemos bloquear a capacidade de
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reagirmos de forma saudável em certas situações na vida, sejam intoleráveis para o
nosso espírito. (1984 – Ed. Paulinas, SP).
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4. CASO CLÍNICO
4.1 QUEIXA
4.2 HISTÓRICO
C., um rapaz de 25 anos, filho caçula de dois irmãos. A mãe era dona de
casa, o pai aposentado e o irmão mais velho era deficiente mental (paralisia
cerebral).
Gostaria de ter feito medicina para ajudar o irmão, mas optou por psicologia,
pelo mesmo motivo.
Em outros momentos fala como foi boa sua infância, de suas paixões, de
como brincava na rua com seus colegas. Sentia tudo muito saudável.
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C. via sua mãe como se ela tivesse nascido só para cuidar do irmão, sem
vaidade diferente da noiva. Quanto ao pai, diz que era muito ausente pouco afetuoso
e desconfiava que ele tivesse outro filho fora do casamento.
Teve um sonho que o seu pai tinha morrido, sua mãe ligou avisando e ele
não teve qualquer reação. Na mesma sessão relata outro sonho com o ex-sogro -
“estava pelado, tinha câncer e andava pelas ruas com muleta”.
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A partir deste relato, ele contou sobre um relacionamento anterior que para
ele se mantinha significativo e comparando-o com o atual. Considerava essa pessoa
melhor que a sua noiva. Dizia ser ela mais resolvida, decidida do que a atual.
Mas na realidade nunca a traiu e nem gostaria – relatava que tinha muito
medo dela descobrir mesmo que ele já tivesse morrido. Aconteceu que a relação
ficou estremecida e o noivado terminou, desistindo do casamento, ficaram poucos
tempos separados e logo voltaram só como namorados.
Contudo isso começou a fazer coisas para si, como práticas esportivas, ir a
jogos de futebol, sair com seus amigos – ele relatava que por um lado era bom, mas
às vezes sentia-se vazio. Sentia falta dela.
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Começou a correr atrás de projetos, trabalho – se afirmar profissionalmente.
O pai oferecia-lhe muitas oportunidades se ele voltasse a morar com eles, na cidade
deles, mas isso ele não queria, apesar de ser tentador.
Neste período teve um sonho – “uma casa que por fora era de uma tia
materna e por dentro era um quarto da bisavó paterna, com a cadeira de balanço,
encontrou um álbum de fotos dele pequeno com os pais juntos, primos e de festas
familiares – quando ele olhando passava para próximo a que ele já tinha visto ficava
em branco. De repente estavam dentro de um ônibus, ele era pequeno e cada grupo
ia descendo em um lugar. Chegou a um salão de festas junto com os pais e o irmão,
saíram e viram 02 aviões acrobata, um caiu e havia uma galinha no fio da luz que
queimou – caiu e virou um frango assado”.
Teve vários sonhos nas suas últimas sessões – “que voava, outros que era
pai de uma criança de meses, correndo de carro”.
Na última que ele veio, estava ansioso, com muitos projetos, queria voltar a
tocar guitarra, fazer nova tatuagem, “diz que estava se integrando com seu lado
místico, mas com consciência”.
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5. ANÁLISE DE CASO
5.1 CASO I
Seus sonhos que se repetiam que ele estava sempre caindo no ar e nunca
chegava ao chão, mostravam quanto na realidade ele flutuava.
Quase sempre que se referia ao seu pai e as vezes a mãe era em tom de
crítica e desqualificação, só que ao mesmo tempo não conseguia se desvencilhar
dessa constelação familiar, matando seu papel de provedor e do bom filho, estava
preso, tanto que despendia deles. Inconscientemente havia um desejo a de se
desprender de toda a sombra familiar, a vontade de se casar a procura do amado
perfeito, um ato produzido pela Persona que é o oposto de sombra. Para ele poder
sustentar.
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Vê-se o quanto seu lado sombrio estava inconsciente, a sua inocência de
ansiar por relacionamentos a prova de desapontamentos, bem narciso.
Ele não suportava ser criticado, ser visto de modo diferente do que ele
pretendia ser, que é sua sombra.
Ele gostava de vir para análise, sempre trabalhou bem, mas sempre com um
desejo de ser uma pessoa melhor.
Criticava seu pai e foi se percebendo parecido, o que lhe causava medo e
quanto mais diferente tentava ser, mais semelhante ele ficava.
Quando ele foi acolhendo, reconhecendo seu lado sombrio, mais fácil foi de
aceitar os outros e se relacionar.
Isso tudo não é fácil, é um processo, ele que queria algo extraordinário para
si, percebeu que era só um ser humano e não um super herói. Então a análise não
ficou mais tão interessante. Ele não deu conta, o puer não deprime para poder se
desenvolver, isso mostra sua identificação com a persona idealizada.
É justamente essa confrontação com a sombra constitui uma das fases mais
importantes do processo analítico, tornando-se assim comprometido.
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CONCLUSÃO
Ele estava muito identificado com a sua persona, veio para analise com um
desejo de tentar moldar mais ainda a persona do bom rapaz da perfeição que havia
incorporado.
Mas mesmo o processo analítico não ter avançado o tempo que ele veio foi
suficiente para depositar nele a humildade e sair um pouco de sua inocência infantil.
O importante de se conduzir é que a sombra não pode ser vista numa visão
unilateral, só como ruim, pelo contrário é a chance de se desenvolver um lado
criativo que estava adormecido dentro de nossa alma.
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GLOSSÁRIO DE TERMOS JUNGUIANOS
ARQUÉTIPO Um a priori algo sem conteúdo, isto é, uma forma que não
recebeu conteúdo e que está situada além do tempo espaço; como um núcleo a
partir do qual um mecanismo dinâmico de investimento de energia psíquica sob a
forma de imagens. O Arquétipo, como um a priori, é herança da humanidade e,
portanto, é coletivo.
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ESTÁGIO DA INFÂNCIA Tem início com o nascimento e dura até a
puberdade. É o estágio no qual a criança muito nova não tem um ego consciente,
isto é, existe pouca ou nenhuma organização em suas percepções e sua memória
consciente é muito fugaz. Não existe continuidade de consciência e nem senso de
identidade pessoal, pois é programada pelos pais. Este estágio foi chamado de
Tenra Infância. Posteriormente, durante este estágio, o ego começa a formar-se,
parcialmente, em conseqüência de uma ampliação da memória e vai se energizando
e individualizando um complexo de ego em torno do qual vai surgindo uma sensação
do próprio eu (a criança começa a falar de si na primeira pessoa), emerge da
clausura paterna, ou do útero psíquico.
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com freqüência é capaz de ativa-lo, de torna-lo mais consciente e de acelerar-lhe a
velocidade de ocorrência.
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deliberadamente criados por artistas. Além dos símbolos encontrados em sonhos ou
fantasias do indivíduo, há também símbolos coletivos importantes, que são
geralmente imagens religiosas, tais como a cruz, a estrela de seis pontas de David e
a roda da vida budista. Imagens, em termos junguianos, via de regra representam
conceitos que nós não podemos definir com clareza ou compreender plenamente.
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UROBOROS Motivo universal de uma serpente enrolada em um círculo,
mordendo a própria cauda. Representa o estágio anterior ao delineamento e
separação dos opostos, um estágio precoce do desenvolvimento da personalidade.
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BIBLIOGRAFIA
Zweig, Connie; Wolf, Steve. O Jogo das Sombras – Rio de Janeiro, Editora
Vozes, 2000.
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