Sebenta - Edição-De-09 - 01 - 2017 FAMILIA E MENORES PDF
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NOGUEIRA DA COSTA
Procurador da República
Juiz de Direito
SEBENTA
_________________________________________________________
Família e Menores
BREVE FORMULÁRIO
5. Na redação anterior do art.º 1911.º do Cód. Civil, a mãe não casada não ne-
cessitava sequer, ao contrário do pai, de lançar mão de qualquer pedido de regula-
ção do exercício das responsabilidades parentais para poder tutelar, junto de qual-
quer entidade pública ou privada, a sua posição de progenitora guardiã. Com a eli-
minação da presunção do art.º 1911.º, n.ºs 1 e 2, do Cód. Civil, atualmente, as res-
ponsabilidades parentais relativas às questões de particular importância para a
vida do filho são exercidas em comum por ambos os progenitores nos termos que
vigoravam na constância do matrimónio, salvo nos casos de urgência manifesta, em
que qualquer dos progenitores pode agir sozinho, devendo prestar informações ao
outro logo que possível (cf. artigos 1901.º, 1906.º, n.º 1, 1911.º e 1912.º, todos do
Código Civil)
O exercício conjunto (das responsabilidades parentais), porém, refere-se
apenas aos “atos de particular importância”; a responsabilidade pelos “atos da vida
quotidiana” cabe exclusivamente ao progenitor com quem o filho se encontra.
- que os pais estejam de acordo, devendo existir um baixo nível de conflito en-
tre eles, ou mesmo nenhum;
- que tenham com a criança uma relação afetiva de idêntica profundidade e re-
levância;
- que os pais sejam capazes de acordar num programa educativo quanto à sa-
úde, disciplina, religião, tratamentos médicos e estabelecimento de ensino;
- que os pais tenham recursos financeiros para manter duas casas separadas
com condições de acolher a criança.
9. A guarda compartilhada não pode ser uma medida para satisfazer os interes-
ses dos pais, mas sim uma medida que providencie pelo melhor desenvolvimento e
educação da criança, que deve crescer com uma ideia clara do que é um lar fixo e
estável, que tem direito a construir um círculo específico de amigos e um ambiente
estável.
- tem uma enorme necessidade de controlo, dos outros e das situações, sendo
muito inflexível na leitura que faz do mundo e das pessoas que o rodeiam;
- sente-se mais confortável quando as coisas são como ele as lê e as vê, apre-
sentando dificuldades em admitir leituras e opiniões diferentes da sua;
- apresenta dificuldades em colocar-se no lugar do outro e em perceber outras
perspetivas que não as dele;
- demonstra arrogância e atitudes altivas;
- pontua, em situações de crise, a incompetência do outro;
- é impulsivo, embora por vezes aparente alguma teatralidade e exagero na
expressão emocional;
- assume, por vezes, uma imagem social de “l’enfant terrible” que gosta de
manter associada a crença de que é único e especial;
- revela ter relações interpessoais intensas e instáveis.
13. Em vez de uma «guarda alternada», deve ser fixada, nos acordos de regula-
ção do exercício das responsabilidades parentais, uma residência principal da cri-
ança para efeitos jurídicos, conforme exige a lei (cf. art.º 82.º, n.º 1, e 85.º, n.º 1, am-
bos do Código Civil), admitindo-se, nos casos em que os pais estejam de acordo e
tenham capacidade de cooperação e de diálogo, a fixação de estadias alternadas
junto de ambos, com exercício conjunto das responsabilidades parentais em relação
às questões de particular importância (cf. guarda compartilhada).
14. Para Clara Sottomayor, Temas de Direito das Crianças, Almedina, 2014, pág.
103, as crianças em idade pré-escolar, sobretudo antes dos 4 anos, não devem ser
sujeitas a um regime de “guarda compartilhada”, por implicar desorganização da
vinculação com ambos os pais e as crianças entre os 4 e os 10 anos não devem ser
sujeitas ao regime de “guarda compartilhada” quando existam conflitos entre os
pais, dados os inconvenientes para a sua estabilidade e para a saúde física e psíqui-
ca.
Esta opinião começa, todavia, a ser posta em causa.
Cito aqui um texto de Ricardo Simões, Presidente da Direção da Associação
Portuguesa para a Igualdade Parental e Direito dos Filhos:
«Qualquer preferência inicial por parte da criança acaba por desaparecer por volta dos 18 meses, quan-
do os convívios com ambos os progenitores se mantêm regulares e pouco espaçados.
O Direito de Família e das Crianças tem vindo a substituir os grandes princípios filosóficos por juízos
morais assentes no conhecimento científico sobre a Psicologia e o desenvolvimento da criança. A desinstituciona-
lização da família e recentramento na criança levanta desafios à legitimação das práticas jurídicas em função
das aspirações dos cidadãos. Na sociedade onde a informação se encontra acessível de forma mais ou menos
democrática através da internet, assistimos à proliferação de pseudociência, que frequentemente é confundida
com evidência científica. Assim, assistimos nesta área à circulação de dogmas que pouco devem à atual evidência
científica de outras Ciências Sociais, colocando em causa o superior interesse de qualquer criança a conviver com
ambos os progenitores ou pais.
O alerta para o uso de pseudociência e a seleção sectária de estudos para fazer valer determinados pon-
tos de vista, já tem sido dado há algum tempo por Linda Nielsen, uma reputada investigadora norte-americana
nesta matéria.
Segundo esta investigadora os mitos e a evidência científica sobre a residência alternada podem ser sin-
tetizados da seguinte forma:
Mito
Os progenitores têm de estar de acordo;
Evidência científica
Em crianças com residência alternada observou-se que 50% a 80% dos progenitores não concordou inici-
almente com a mesma.
Mito
A comunicação entre eles tem que ser frequente e positiva;
Evidência científica
A comunicação em residência alternada é essencialmente formal, não presencial e limitada.
Mito
Ambos têm que trabalhar como uma equipa;
Evidência científica
A Parentalidade em residência alternada é essencialmente uma parentalidade paralela, também típica das
residências únicas, ou seja, não existem diferenças entre modelos.
Mito
Não pode existir conflito ou o mesmo deve ser praticamente inexistente.
Evidência científica
Com a residência alternada em 59% das situações o conflito mantém-se, em 40% diminui e em apenas 1%
aumenta
Estes mitos estão também plasmados na nossa doutrina jurídica e ainda prevalecem no ensino do Direi-
to e junto dos magistrados. Mas a realidade, com base nas investigações dos últimos 25 anos e pela própria obser-
vação empírica das práticas dos profissionais em Portugal, é outra. Se a lógica doutrinal para a aceitação da
residência única observa comportamentos semelhantes por parte dos progenitores com a criança em residência
alternada, então as condições impostas “a priori” não passam de uma construção abstrata e ideologicamente
determinada.
A justificação da modelo de residência com base na situação de conflito no momento da regulação do
exercício das responsabilidades não é só rejeitada pela evidência científica, mas ainda confirmada empiricamente
em diferentes estudos, e em particular no livro recém-publicado, “A Família das Crianças no Divórcio dos Pais”, do
Juiz de Direito, Joaquim Manuel Silva. A ideia, com várias décadas, que a residência única era o único modelo que
defendia a criança da violência do conflito parental, é uma ideia contradita pela própria realidade, especialmente
nos últimos 20 anos em Portugal, com o aumento exponencial de divórcios e consequentemente do número alar-
mante de incumprimentos, até aos dias de hoje. Assim, não podemos continuar com o paradigma baseado na
avaliação do conflito parental para definir regimes de residência para as crianças. O conflito parental é negativo
para as crianças em qualquer dos regimes. Mas porque é devemos relativizar de alguma maneira o conflito?
Geralmente um ou ambos os progenitores tendem a exagerar no conflito aquando da separação/divórcio para
impedir a residência alternada e/ou os contactos da criança com o outro. Conflito presente não significa conflito
no futuro. Aliás, os estudos demonstram que o conflito tende a diminuir passados 12 a 24 meses, o que nos leva à
questão: teremos que condicionar toda uma vida de uma criança em função de um momento transitório de confli-
to parental por parte dos seus progenitores?
Nesse sentido, não podemos associar a menor ou maior qualidade parental à existência de conflito, mas
antes ter em conta que os tempos de convívio e a qualidade do mesmo têm mais impacto na criança do que o
conflito parental. Se estes dados nos apontam para que a residência alternada se apresente, à partida, como a
melhor opção para a criança, a verdade é que exigem também uma alteração do paradigma de intervenção junto
da família da criança. Ou seja, o superior interesse da criança passa não só por amplos convívios com ambos os
progenitores, mas igualmente pela redução ou eliminação do conflito parental, através de uma intervenção que
se quer mais terapêutica e menos institucional.
Por fim, um dos maiores mitos nesta matéria: as crianças até aos 3 anos não devem ter residência alter-
nada e os contatos com o progenitor não residente, geralmente o pai, devem ser limitados. A esmagadora maioria
dos investigadores na área da vinculação e do desenvolvimento infantil dizem-nos que não existe uma única figu-
ra de referência, mas antes que a criança estabelece vinculações com ambos os progenitores e quase ao mesmo
tempo. Qualquer preferência inicial por parte da criança acaba por desaparecer por volta dos 18 meses, quando
os convívios com ambos os progenitores se mantêm regulares e pouco espaçados. O investigador e Professor em
Psiquiatria na Universidade do Texas, Richard Warshak, elaborou em 2014 um relatório, apoiado por 110 profis-
sionais, onde ficou claro que a residência alternada é adequada a crianças de qualquer idade, ou seja, que as
pernoitas de bebés com os progenitores não residentes não apresentam, genericamente, resultados negativos
para os mesmos.
Com isto não se pretende dizer que a residência alternada seja adequada para todas as crianças, mas
que, atualmente, a evidência científica nos chama à atenção para a necessidade de mudança de paradigma sobre
o que é o superior interesse da criança. É preciso estar atento, informado e não recusar as evidências cientificas
da Psicologia, Sociologia e sobre o desenvolvimento da criança.»
c) Outros fatores:
19. As famílias que recorrem aos tribunais para obter a resolução dos seus con-
flitos são as que revelam menos capacidade para executar soluções de partilha das
responsabilidades parentais e da guarda.
Não se deve utilizar a partilha da guarda como um meio para resolver litígios
em situações familiares altamente conflituosas.
24. A preferência do filho, cuja opinião deva ser tomada em conta, é um critério
muito importante a atender na fixação da residência do mesmo.
A Observação Geral n.° 12 sobre o direito da criança a ser ouvida
(CRC/C/GC/12, 1 de julho de 2009) do Comité das Nações Unidas para os Direitos da
Criança interpreta o direito da criança a ser ouvida, que é um dos quatro princípios
orientadores da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, empre-
gando o termo «garantem», que é um termo jurídico especialmente forte, que não
deixa qualquer margem para a discricionariedade dos Estados Partes. A referida
Observação refere o facto de a idade não poder, por si só, determinar a importância
dos pontos de vista da criança. Na sua Observação Geral n.º 5, o Comité observa jus-
tamente que: «se é relativamente fácil dar a impressão de que se ouve uma criança,
dar o devido valor aos seus pontos de vista, pelo contrário, exige uma verdadeira
mudança.»
O artigo 3.º da Convenção Europeia sobre o Exercício dos Direitos da Criança
(STE n.º 160) conjuga o direito a ser ouvido com o direito a ser informado: em pro-
cessos judiciais, as crianças devem receber toda a informação relevante, ser consul-
tadas e exprimir os seus pontos de vista, e ser informadas sobre as possíveis conse-
quências da adoção desses pontos de vista e as eventuais consequências de qual-
quer decisão.
Importa, no entanto, ter presente que o stress da criança com o divórcio dos
pais pode prejudicar o seu testemunho e capacidade de decisão e que o reconheci-
mento do direito da criança a ser ouvida não pode representar uma demissão dos
adultos nem a delegação das suas responsabilidades nas crianças, o que seria uma
forma de abandono ou de maltrato psicológico.
«…A menoridade não é vista, pela lei, como um bloco, mas como um processo
gradual do desenvolvimento, ao longo do qual as crianças vão adquirindo autono-
mia e capacidade de decisão, sendo admitidas maioridades parciais.» (Temas de
Direito das Crianças, Clara Sottomayor, pág. 59, 2014, Almedina).
26. A não separação dos irmãos e a continuidade das relações da criança são fa-
tores também muito importantes a atender.
27. O art.º 1906.º, n.º 6, do Cód. Civil consagra o direito de vigilância, ao consa-
grar que «Ao progenitor que não exerça, no todo ou em parte, as responsabilidades
parentais assiste o direito de ser informado sobre o modo do seu exercício, desig-
nadamente sobre a educação e as condições de vida do filho.»
28. Com a alteração introduzida no art.º 1906.º, n.º 3, do Cód. Civil, fica claro que
as questões de gestão quotidiana serão da competência do progenitor com quem o
menor se encontre e não apenas do progenitor com quem resida. Este poder-dever
não preclude, todavia, o direito e dever do progenitor com quem o menor reside de
definir as orientações educativas mais relevantes.
O exercício conjunto (das responsabilidades parentais) refere-se apenas aos
“atos de particular importância”; a responsabilidade pelos “atos da vida quotidiana”
cabe exclusivamente ao progenitor com quem o filho se encontra.
29. O art.º 1906.º, n.º 4, do Cód. Civil introduziu a figura da delegação de respon-
sabilidades relativas a atos da vida corrente:
- vestir o filho;
- alimentar o filho;
- as decisões usuais relativas à disciplina da criança;
- as decisões relativas ao tipo de alimentação;
- as decisões sobre atividades e ocupação de tempos livres, os contactos sociais;
- as tarefas de levar e ir buscar o filho regularmente à escola;
- o acompanhar nos trabalhos escolares e efetuar a respetiva matrícula (no en-
sino público obrigatório);
- as decisões quanto à higiene diária, ao vestuário e calçado;
- a imposição de regras de convivência;
- as decisões sobre idas ao cinema e saídas à noite, consultas médicas de rotina;
- o uso e a utilização de telemóvel e do computador.
- etc.
30. A Lei n.º 105/2009, de 14.09, regula a participação de menor em atividade de
natureza cultural, artística ou publicitária, nos termos referidos no art.º 81.º do Có-
digo do Trabalho.
33. No artigo 1903.º do Cód. Civil, alterado pela Lei n.º 137/2015, de 07.09, esta-
belece-se que «Quando um dos pais não puder exercer as responsabilidades paren-
tais por ausência, incapacidade ou outro impedimento decretado pelo tribunal, ca-
berá esse exercício unicamente ao outro progenitor ou, no impedimento deste, por
decisão judicial, à seguinte ordem preferencial de pessoas…» As expressões ausên-
cia e incapacidade têm um sentido vulgar e não técnico-jurídico (cf. «Poder Paternal
e Responsabilidades parentais», 2.ª Edição, Helena Gomes de Melo e outros, Quis
Juris, página 168):
34. Embora se possam suscitar algumas dúvidas quanto ao conteúdo dos pode-
res e deveres passíveis de transferência, a possibilidade de confiança da criança a
terceira pessoa ou a instituição passou a estar prevista no artigo 1907.º do Código
Civil, eliminando-se a referência a “estabelecimento de reeducação ou assistência”.
- a tutela (cf. art.º 67.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível), verificados
os pressupostos do art.º 1921.º do Cód. Civil, designadamente se os pais hou-
verem falecido, estiverem inibidos, estiverem há mais de seis meses impedi-
dos de facto de exercerem as responsabilidades parentais ou se forem incógni-
tos;
- a confiança a terceira pessoa (cf. arts. 1903.º, 1907.º e 1918.º do Cód. Civil e
40.º, n.º 5, do Regime Geral do Processo Tutelar Cível) no âmbito de ação de
regulação ou de alteração do exercício das responsabilidades parentais, na se-
quência de acordo ou de sentença.
Artigo 31.º
Direito de guarda, direito de visita e segurança
1. As Partes deverão adotar as medidas legislativas ou outras que se revelem ne-
cessárias para assegurar que os incidentes de violência abrangidos pelo âmbito de
aplicação da presente Convenção sejam tidos em conta na tomada de decisões re-
lativas à guarda das crianças e sobre o direito de visita das mesmas.
2. As Partes deverão adotar as medidas legislativas ou outras que se revelem ne-
cessárias para assegurar que o exercício de um qualquer direito de visita ou de
um qualquer direito de guarda não prejudique os direitos e a segurança da vítima
ou das crianças.
Artigo 51.º
Avaliação e gestão do risco
1. As Partes deverão adotar as medidas legislativas ou outras que se revelem ne-
cessárias para garantir que todas as autoridades competentes avaliem o risco de
mortalidade, a gravidade da situação e o risco de repetição da violência, de modo
a gerirem o risco e, se necessário, proporcionarem segurança e apoio coordena-
dos.
2. As Partes deverão adotar as medidas legislativas ou outras que se revelem ne-
cessárias para que, em todas as fases da investigação e da aplicação das medidas
de proteção, a avaliação referida no n.º 1 tenha devidamente em conta o facto de
os perpetradores de atos de violência abrangidos pelo âmbito de aplicação da
presente Convenção possuírem ou terem acesso a armas de fogo.
10 - Nos casos previstos no número anterior, o regime de visitas pode ser condiciona-
do, contemplando a mediação de profissionais especializados ou, verificando-se os
respetivos pressupostos, suspenso nos termos do n.º 3.
II. ALIMENTOS
41. A medida da obrigação de alimentos que recai sobre os pais é muito mais
ampla do que a consagrada no art.º 2003.º do Cód. Civil, a qual abrange apenas o que
é indispensável ao sustento, habitação e vestuário, deixando de fora, nomeadamen-
te, as despesas com a educação, mas pressupõe sempre a exigência de prestações de
conteúdo patrimonial.
42. O Ac. Rel. Lisboa, de 25.09.2008, relator Granja da Fonseca, processo n.º
6146/2008-6, decidiu que aos créditos de alimentos não se aplicam os limites mí-
nimos de impenhorabilidade fixados pelo n.º 2 do art.º 824.º do Cód. Proc. Civil (na
redação do DL n.º 38/2003, de 08.03) – cf. a penhora não pode abranger a totalidade
dos rendimentos do progenitor faltoso, por tal pôr em crise o princípio base da dig-
nidade humana, pelo que se deverá ter por não penhorável, de modo a assegurar a
sobrevivência do devedor, a parte dos seus rendimentos equivalente, não ao salário
mínimo nacional, mas ao rendimento social de inserção, que no subsistema de soli-
dariedade social se assume como o mínimo dos mínimos compatíveis com a digni-
dade humana).
O Acórdão n.º 394/2014, do Tribunal Constitucional publicado no Diário da
República n.º 108, Série II, de 5.6.2014, julga inconstitucional a norma extraída do
artigo 189.º, n.º 1, alínea c), do Regime Jurídico da Organização Tutelar de Menores,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 314/78, de 27 de outubro, na redação da Lei n.º
32/2003, de 22 de agosto, na medida em que prive o obrigado à prestação de ali-
mentos do mínimo indispensável à sua sobrevivência.
Entretanto, o artigo 738.º do Cód. Proc. Civil, na sua nova redação, dispõe o
seguinte:
Artigo 738.º
Bens parcialmente penhoráveis
2
Nos termos do art.º 7.º, n.º 1, da Portaria n.º 378-B/2013, de 31.12, o valor é de 197,55 euros
6 - Ponderados o montante e a natureza do crédito exequendo, bem como
as necessidades do executado e do seu agregado familiar, pode o juiz, ex-
cecionalmente e a requerimento do executado, reduzir, por período que
considere razoável, a parte penhorável dos rendimentos e mesmo, por pe-
ríodo não superior a um ano, isentá-los de penhora.
7 - Não são cumuláveis as impenhorabilidades previstas nos n.ºs 1 e 5.
Acontece, porém, que a Lei n.º 62/2013, de 26.08, atribui aos Tribunais de Família
e de Menores:
Assim sendo, a Lei n.º 62/2013 afastou as execuções por alimentos do regime
geral do art.º 85.º do CPC. Estas execuções continuam a correr por apenso e nos Tri-
bunais de Família e de Menores.
Consulte-se ainda o artigo 6.º, al.ª d), do Regime Geral do Processo Tutelar
Cível.
A execução especial por alimentos segue o regime dos artigos 933.º e seguin-
tes do Código de Processo Civil:
Artigo 933.º
Termos que segue
1 - Na execução por prestação de alimentos, o exequente pode requerer a
adjudicação de parte das quantias, vencimentos ou pensões que o execu-
tado esteja percebendo, ou a consignação de rendimentos pertencentes a
este, para pagamento das prestações vencidas e vincendas, fazendo-se a
adjudicação ou a consignação independentemente de penhora.
2 - Quando o exequente requeira a adjudicação das quantias, vencimentos
ou pensões a que se refere o número anterior, é notificada a entidade en-
carregada de os pagar ou de processar as respetivas folhas para entregar
diretamente ao exequente a parte adjudicada.
3 - Quando requeira a consignação de rendimentos, o exequente indica lo-
go os bens sobre que há de recair e o agente de execução efetua-a relati-
vamente aos que considere bastantes para satisfazer as prestações venci-
das e vincendas, podendo para o efeito ouvir o executado.
4 - A consignação mencionada nos números anteriores processa-se nos
termos dos artigos 803.º e seguintes, com as necessárias adaptações.
5 - O executado é sempre citado depois de efetuada a penhora e a sua opo-
sição à execução ou à penhora não suspende a execução.
Artigo 934.º
Insuficiência ou excesso dos rendimentos consignados
1 - Quando, efetuada a consignação, se mostre que os rendimentos consig-
nados são insuficientes, o exequente pode indicar outros bens e volta-se a
proceder nos termos do n.º 3 do artigo anterior.
2 - Se, ao contrário, vier a mostrar-se que os rendimentos são excessivos, o
exequente é obrigado a entregar o excesso ao executado, à medida que o
receba, podendo também o executado requerer que a consignação seja li-
mitada a parte dos bens ou se transfira para outros.
3 - O disposto nos números anteriores é igualmente aplicável, consoante as
circunstâncias, ao caso de a pensão alimentícia vir a ser alterada no pro-
cesso de execução.
Artigo 935.º
Cessação da execução por alimentos provisórios
A execução por alimentos provisórios cessa sempre que a fixação deles fi-
que sem efeito, por caducidade da providência, nos termos gerais.
Artigo 936.º
Processo para a cessação ou alteração dos alimentos
1 - Havendo execução, o pedido de cessação ou de alteração da prestação
alimentícia deve ser deduzido por apenso àquele processo.
2 - Tratando-se de alimentos provisórios, observam-se termos iguais aos
dos artigos 384.º e seguintes.
3 - Tratando-se de alimentos definitivos, são os interessados convocados
para uma conferência, que se realiza dentro de 10 dias; se chegarem a
acordo, é este logo homologado por sentença; no caso contrário, deve o
pedido ser contestado no prazo de 10 dias, seguindo-se à contestação os
termos do processo comum declarativo.
4 - O processo estabelecido no número anterior é aplicável à cessação ou
alteração dos alimentos definitivos judicialmente fixados, quando não ha-
ja execução; neste caso, o pedido é deduzido por dependência da ação
condenatória.
Artigo 937.º
Garantia das prestações vincendas
Vendidos bens para pagamento de um débito de alimentos, não deve orde-
nar-se a restituição das sobras da execução ao executado sem que se mos-
tre assegurado o pagamento das prestações vincendas até ao montante
que o juiz, em termos de equidade, considerar adequado, salvo se for pres-
tada caução ou outra garantia idónea.
47. A via do art.º 48.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível, quando possí-
vel, é mais célere que o recurso à execução especial de alimentos prevista nos art.ºs
933.º e segs. do Cód. Proc. Civil. Há quem sustente que o incidente de incumprimen-
to pode iniciar-se logo com o desconto nos rendimentos, sem prévia declaração de
incumprimento, uma vez demonstrado o mesmo. Todavia, para que o Fundo de Ga-
rantia possa intervir deve existir declaração prévia de incumprimento.
48. Para a fixação dos alimentos, o tribunal não se deve limitar a atender ao va-
lor atual dos rendimentos atual e conjunturalmente auferidos pelo devedor, deven-
do valorar, de forma global e abrangente, a sua condição social, a sua capacidade
laboral e todo o acervo de bens patrimoniais do que seja ou possa a vir a ser deten-
tor (cf. Ac. STJ de 12.11.2009, relator: Lopes do Rego; processo n.º 110-A/2002).
- Ac. Rel. Coimbra de 13.03.2001 (Apelação n.º 3605/00) e Ac. Rel. Lisboa, de
13.10.2005: presume-se que ganha o salário mínimo nacional, não constando que
sofra de enfermidade ou deficiência que o impossibilite de trabalhar; deve aqui
ter-se em conta a prova por presunção judicial extraída dos factos apurados por
via testemunhal (artigos 349.º e 351.º do Cód. Civil;
- Ac. Rel. Guimarães, de 25.09.2002: determinou que a situação de desemprego
não dispensa o progenitor de cumprir a obrigação de alimentos, que será calcula-
da atenta a sua capacidade de trabalhar e de auferir rendimentos;
- Há quem entenda que, mesmo nestes casos, deverá fixar-se alimentos, já que de
outra forma ficará inviabilizada a intervenção do mesmo, o qual pressupõe uma
prestação determinada e o não cumprimento da mesma. E argumenta-se que se
os alimentos forem fixados por acordo e existir incumprimento a seguir o efeito
desejado é o mesmo.
- Todavia, o certo é que antes de se fazer intervir o Fundo de Garantia, deve pro-
curar-se apurar a existência de responsáveis subsidiários (cf. art.º 2009.º do Cód.
Civil):
Artigo 2009.º
a) O cônjuge ou o ex-cônjuge;
b) Os descendentes;
c) Os ascendentes;
d) Os irmãos;
3. Se algum dos vinculados não puder prestar os alimentos ou não puder saldar in-
tegralmente a sua responsabilidade, o encargo recai sobre os onerados subsequen-
tes.
Quanto à demanda prévia dos obrigados do art.º 2009.º do Código Civil, afi-
gura-se-nos a mesma imperiosa, até porque a família deve responder em
primeira linha e a obrigação do Estado é residual.
52. Rendimento líquido para efeitos do art.º 1.º da Lei n.º 75/98 e alínea b) do n.º
1 do art.º 3.º do Dec. Lei n.º 164/99 na redação original não era o rendimento do
menor ou do agregado familiar menos as despesas comuns e inerentes à vivência do
menor ou de um agregado familiar, tais como despesas com a habitação e alimenta-
ção que não tinham que ser deduzidas (Ac. RP de 24.02.2005, processo 0530542, e
de 25.01.2007, processo 1914/06.3), mas sim o rendimento que se recebe efetiva-
mente, ou seja, o rendimento bruto menos as deduções específicas das categorias de
rendimentos (cf. também o Ac. RC de 25.05.2010, processo 2215/05.6) – exemplos:
contribuições obrigatórias para a segurança social e imposto sobre o rendimento).
Com a nova redação da Lei n.º 75/98, de 19.11, introduzida pela Lei n.º 66-
B/2012, de 31.12, e do Decreto-Lei n.º 164/99, de 13.05, na redação do Decreto-Lei
n.º 70/2010, de 16.06, o alimentado não pode ter rendimento ilíquido superior ao
valor do indexante dos apoios sociais (IAS) nem beneficiar nessa medida de rendi-
mentos de outrem a cuja guarda se encontre.
53. Segundo o AUJ do STJ de 07.07.2009, proc. n.º 09A0682, o Fundo de Garantia
de Alimentos só respondia a partir da data da decisão judicial que julgou o incidente
de incumprimento do devedor originário, ordenou a sua intervenção e fixou o mon-
tante que deverá suportar, contemplando as prestações que se vencerem a partir
dessa data, não tendo aplicação o disposto no art.º 2006.º do Cód. Civil. Embora o
Fundo responda a partir da data da decisão, o pagamento das prestações apenas é
exigível no mês seguinte ao da notificação da decisão do Tribunal (art.º 4.º, n.º 5, do
DL n.º 164/99). A prestação a cargo do Fundo é independente e autónoma da do de-
vedor originário.
Nos termos do art.º 4.º, n.º 4, do DL n.º 164/99, de 13.05, na redação do De-
creto-lei n.º 70/2010, de 16.06, o IGFSS, I. P., inicia o pagamento das prestações, por
conta do Fundo, no mês seguinte ao da notificação da decisão do tribunal, não ha-
vendo lugar ao pagamento de prestações vencidas. E nos termos do n.º 5 desse art.º
4.º, a prestação de alimentos é devida a partir do 1.º dia do mês seguinte ao da deci-
são do tribunal.
Pelo ACÓRDÃO Nº 481/2014 (Processo n.º 801/2012, 1.ª Secção; relatora:
Maria Lúcia Amaral), o Tribunal constitucional decidiu «Não julgar inconstitucional
a norma constante do artigo 4.º, n.º 5, do Decreto-Lei nº 164/99, de 13 de maio, na
interpretação de que a obrigação de o Fundo de Garantia de Alimentos Devidos a
Menores assegurar as prestações a menor judicialmente fixadas, em substituição do
devedor de alimentos, só se constitui com a decisão do tribunal que determine o
montante da prestação a pagar por este Fundo, não sendo exigível o pagamento de
prestações respeitantes a períodos anteriores a essa decisão, e, em consequência,
conceder provimento ao recurso…» interposto pelo Ministério Público.
54. As prestações de alimentos a pagar pelo Fundo de Garantia eram fixadas pelo
tribunal e não podiam exceder, mensalmente, por cada devedor, o montante de 4
UC, devendo o tribunal atender, na fixação deste montante, à capacidade económica
do agregado familiar, ao montante da prestação de alimentos fixada e às necessida-
des específicas do menor (art.º 3.º, n.º 3, do Decreto-Lei n.º 164/99, de 13.05).
O pagamento levado a cabo pelo Fundo era independente do montante fixado
ao obrigado a alimentos que não cumpriu, devendo o tribunal atender à capacidade
económica do agregado familiar, ao montante da prestação de alimentos fixada e às
necessidades específicas do menor. Perguntava-se: e poderia exceder o montante de
4 UC por cada devedor?
Em face do disposto no art.º 2.º, n.º 1, da Lei n.º 75/98 e 3.º, n.º 3, do DL
164/99, na redação original, vinha-se maioritariamente defendendo que, mesmo
em caso de pluralidade de menores, o limite máximo que o Fundo podia ser obriga-
do a suportar era de 4 UCs por devedor. Contudo, no Acórdão do STJ de 04.06.2009
(relatora: Maria Prazeres Beleza; processo n.º 91/03.2TQPDL.S1), e já antes o Acór-
dão da Relação de Lisboa de 20.09.2007 (relatora: Fátima Galante; processo n.º
5846/2007-6; neste acórdão já se sustentava que, em caso de pluralidade de meno-
res filhos de um só devedor, o tribunal podia condenar para além de das 4 UCs refe-
ridas), o STJ entendeu que, sob pena de incongruência com o objetivo do regime
legal, o limite máximo de 4 UCs por devedor a que aludem as disposições citadas
tinha de ser entendido em relação a cada menor beneficiário. Este acórdão do STJ
tem um voto de vencido do juiz conselheiro Salvador da Costa.
Com a nova redação do art.º 3.º, n.º 5, do Decreto-Lei n.º 164/99, de 13.05, in-
troduzida pelo Decreto-Lei n.º 70/2010, de 16.06, as prestações a que se refere o n.º
1 são fixadas pelo tribunal e não podem exceder, mensalmente, por cada devedor, o
montante de 1 IAS (cf. 421,32 €), devendo aquele atender, na fixação deste montan-
te, à capacidade económica do agregado familiar, ao montante da prestação de ali-
mentos fixada e às necessidades específicas do menor. Pergunta-se, pois, se o limite
máximo de 1 IAS (421,32 € - Portaria 4/2017, de 03.01) por devedor a que alude a
disposição citada tem de ser entendido em relação a cada menor beneficiário.
55. Nos casos em que o progenitor que deva pagar alimentos o não possa fazer e
isso seja verificável de forma incontornável pelo tribunal, ou se condena mesmo
assim o referido progenitor numa prestação simbólica, passando depois o Fundo a
Intervir de forma autónoma, ou se condena desde logo o Fundo. Trata-se de matéria
sob discussão jurídica. Todavia, a solução da condenação direta do Fundo de Garan-
tia é mais discutível.
http://www.cji-dgaj.mj.pt/Paginas/terceiros.aspx
Instrumento de cooperação judiciária internacional aplicável:
http://www.cji-dgaj.mj.pt/Paginas/terceiros_2.aspx
- Indisponível (art.º 2008.º, n.º 1, do Cód. Civil), pois não pode haver renún-
cia ao mesmo, sob pena de nulidade do contrato – art.º 280.º do Cód. Civil),
podendo, contudo, deixar de se peticionar alimentos ou renunciar-se a
prestações vencidas;
- Trata-se de uma obrigação conjunta e não solidária (art.º 513.º do Cód. Ci-
vil), já que o devedor apenas responde de acordo com as suas reais possibi-
lidades, sendo, então, a regra a conjunção e não a solidariedade;
- Nos termos do art.º 737.º, n.º 1, do Cód. Civil, o credor de alimentos goza
de privilégio mobiliário geral.
62. Não integra o conceito de alimentos o subsídio familiar a crianças e jovens (cf.
Decreto-Lei n.º 133-B/97, de 30.05, alterado pelos Decretos-Lei n.º 341/99, de
25.08, e 250/2001, de 21.09).
63. Na fixação dos alimentos atende-se, no que respeita às possibilidades do alimentan-
te:
64. Para determinação das necessidades atuais do alimentando tem que se atender:
65. Na fixação dos alimentos devidos a menor, filho de pais separados, ter-se-á
presente o disposto nos artigos 2003.º e 2004.º do Cód. Civil, mas o tribunal julgará
de harmonia com a equidade, segundo os critérios de um bom pai de família (cf. Ac.
Rel. Évora, de 31.03.1977).
Salário (do devedor) de Janeiro do ano a atualizar : salário de janeiro do ano anterior x pensão de alimentos
do ano anterior = pensão atualizada
69. Não se pode ignorar que o progenitor que tem a guarda de uma criança acaba
sempre por gastar mais, todos os meses, com o seu sustento pois está em contacto
com as suas necessidades diariamente. Assim, não se devem admitir reduções na
prestação mensal a pagar no mês em que a criança está a passar férias com o proge-
nitor sem a guarda ou nos períodos de tempo correspondentes ao exercício normal
do direito de visita, em que a criança está em casa deste e a seu cargo. Note-se que a
diminuição de despesas do progenitor que detém a guarda refere-se, principalmen-
te, às despesas de alimentação, já que as restantes (vestuário, educação, saúde) não
são substancialmente alteradas pelo facto de o menor estar a visitar o progenitor
que não tem a guarda.
A pensão de alimentos não é para a mãe, é para o menor.
71. Os alimentos definitivos não devem ser restituídos em caso algum, podendo
ainda o alimentado exigir a diferença que existir a seu favor, caso os definitivos se-
jam em valor superior aos provisórios.
72. Os alimentos provisórios são devidos desde o primeiro dia do mês subse-
quente à data do respetivo pedido (art.º 386.º do Cód. Proc. Civil), sendo os alimen-
tos definitivos devidos desde a data da propositura da ação (art.º 2006.º do Cód.
Civil).
73. Tem aplicação o disposto no artigo 777.º do Cód. Proc. Civil aos casos do art.º
48.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível, o qual regula o depósito ou entrega
da prestação devida:
Até 2011: o exercício em comum era irrelevante para efeitos de dedução de despe-
sas com os filhos, particularmente quando só tinham um filho, uma vez que apenas um dos
progenitores podia apresentar despesa com o filho.
3
Art.º 13.º, n.º 5, do CIRS:
«Para efeitos do disposto no número anterior, e desde que devidamente identificados pelo número fiscal
de contribuinte na declaração de rendimentos, consideram-se dependentes:
a) (…);
b) Os filhos, adotados e enteados, maiores, bem como aqueles que até à maioridade estiveram sujei-
tos à tutela de qualquer dos sujeitos a quem incumbe a direção do agregado familiar, que não tenham
mais de 25 anos nem aufiram anualmente rendimentos superiores ao valor da retribuição mínima
mensal garantida;
c) (…);
d) (…).
tâncias pagas em pensões de alimentos. No caso do progenitor que não tem a custódia dos
filhos, apenas poderá beneficiar da dedução à coleta das importâncias respeitantes a pen-
sões de alimentos decretadas por sentença judicial ou resultantes de acordo homologado
nos termos civis.
O progenitor que recebe a pensão de alimentos tem de indicar no IRS, no campo
destinado a rendimento de pensões, a totalidade do valor recebido (no anexo A), e o pro-
genitor que paga a pensão de alimentos pode abater ao seu imposto 20% do valor pago,
com um limite mensal, preenchendo o anexo H, no campo respetivo.
No caso dos progenitores que ficam com o encargo de pagar a pensão, o Fisco consi-
dera como dedução apenas 20% do total, com um limite mensal máximo. Tenha em aten-
ção que só o valor decidido em Tribunal ou por acordo em Conservatória pode ser deduzi-
do. O montante deverá ser declarado no quadro seis do anexo H.
Todos montantes que ultrapassem o valor fixado não são aceites pelo Fisco.
Portanto, caso o progenitor que paga a pensão decida, voluntariamente, aumentar o
valor estabelecido pelo Tribunal, este não será tido em conta para efeitos de dedu-
ções de IRS. Para que seja considerado pelo Fisco, é preciso que o Tribunal reconhe-
ça o novo valor e o homologue. O pedido de homologação do acordo deve ser dirigi-
do ao juiz do tribunal da área da residência.
O progenitor que recebe a pensão de alimentos, também tem de declarar como ren-
dimento o valor que aufere no anexo A.
A pensão de alimentos declara-se no IRS já que é encarada como um rendimento da
categoria H. Contudo, se a pensão for paga voluntariamente (filhos a pais, por exemplo),
quem a recebe não tem de declarar a mesma.
Cumpre salientar que em face da impossibilidade de o progenitor não guardião de-
duzir as despesas extraordinárias (tudo o que não sejam alimentos, “stricto sensu”) na sua
declaração fiscal, será um bom regime a previsão de duas prestações fixas por conta de
tais despesas, a pagar aquando do recebimento do subsídio de férias e de natal (para quem
receba por inteiro), em montante que cubra as despesas anuais a esse título. É que este
regime tem a vantagem de não se andar a discutir por fatura/recibo e o devedor não é
surpreendido, pois sabe quando tem a pagar e o quê. Obviamente não se incluem as des-
pesas muito extraordinárias: próteses, óculos, operações cirúrgicas, etc. Neste caso, para
que o progenitor não guardião possa deduzir esse valor, convém dizer que são
“prestações complementares a título de sustento”, pois esta expressão – sustento –
tem um âmbito que vai para além dos meros alimentos strictu sensu.
Por isso, de acordo com o disposto no artigo 90.º do CIRE [cf. Os credores
da insolvência, como previsto no artigo 128º, nº 3, do CIRE, se nele quiserem
obter pagamento, têm o ónus de reclamar no processo de insolvência os seus
créditos, qualquer que seja a sua natureza e fundamento e ainda que o crédito
em apreço esteja reconhecido por decisão definitiva. Por isso também se prevê
no artigo 173.º do CIRE que “O pagamento dos créditos sobre a insolvência ape-
nas contempla os que estiverem verificados por sentença transitada em julgado”],
“Os credores da insolvência [cf. Credores da insolvência são os que vêm previstos
no n.º 1, do artigo 47.º do CIRE, ou seja, todos os titulares de créditos de natureza
patrimonial sobre o insolvente, ou garantidos por bens integrantes da massa in-
solvente, cujo fundamento seja anterior à data da declaração de insolvência e logo
que ocorra esta declaração, qualquer que seja a sua nacionalidade e domicílio]
apenas poderão exercer os seus direitos em conformidade com os preceitos do
presente Código, durante a pendência do processo de insolvência.”
Assim, por tudo quanto precede, conclui-se que não ocorre qualquer extin-
ção dos créditos exequendos referentes a prestações alimentares existentes à
data da declaração de insolvência, ainda que não tenham sido reclamados na in-
solvência.
85. O direito de convívio deve ser visto como um direito natural decorrente da
relação biológica, por isso designado como direito de conteúdo altruístico ou poder
funcional, por não servir exclusivamente o titular do “poder-dever”, mas o interesse
do outro - da criança ou do jovem - devendo ser exercido tendo em vista a realização
do fim que está na base da sua concessão, ou seja, a manutenção e fomento da rela-
ção de afetividade e de amizade entre a criança e os seus progenitores.
87. Paulo Guerra e Helena Bolieiro, A Criança e a Família - Uma Questão de Direi-
to(s), pág. 189, sustentam que o progenitor guardião tem o direito de conhecer o
local onde vai ter lugar o exercício do direito de convívio (visitas) do outro progeni-
tor, podendo acordar os progenitores ou ser decidido pelo tribunal alguma limita-
ção a tal exercício, eventualmente proibindo o titular desse direito de abandonar o
país com o filho. Importa, no entanto, conjugar o direito de vigilância do progenitor
que tem a guarda com o direito à reserva da intimidade da vida privada do progeni-
tor que tem o direito de convívio (visita).
Exemplos:
Sobre o assunto, consulte-se o art.º 40.º, n.ºs 9 e 10, do Regime Geral do Pro-
cesso Tutelar Cível
Assiste-se cada vez mais à transformação do conflito conjugal num conflito paren-
tal, com perturbação da convivência familiar (outro progenitor e família alargada, tidos
como “adversários”).
O progenitor que não tem a guarda não pode ser visto sequer como um mero visi-
tante, devendo antes «fazer parte» da relação parental.
Não se exige um casal parental após a separação, mas exige-se pais para sempre.
«Pai» é uma palavra que todos conhecem, é uma palavra universal. Ela indica uma
relação fundamental cuja realidade é antiga como a história do homem. Contudo, hoje che-
gou-se a afirmar que a nossa seria «uma sociedade sem pais». Noutros termos, sobretudo
na cultura ocidental, a figura do pai estaria simbolicamente ausente, esvaecida, removida.
Num primeiro momento isto foi sentido como uma libertação: libertação do pai-
patrão, do pai como representante da lei que se impõe de fora, do pai como censor da feli-
cidade dos filhos e impedimento à emancipação e à autonomia dos jovens. Por vezes havia
casas em que no passado reinava o autoritarismo, em certos casos até a prepotência: pais
que tratavam os filhos como servos, sem respeitar as exigências pessoais do seu cresci-
mento; pais que não os ajudavam a empreender o seu caminho com liberdade – mas não é
fácil educar um filho em liberdade -; pais que não os ajudavam a assumir as suas próprias
responsabilidades para construir o seu futuro e o da sociedade.
O problema dos nossos dias não parece ser, todavia, tanto a presença dos pais, mas
ao contrário, a sua ausência, o seu afastamento. Por vezes os pais estão concentrados em si
mesmos e, sem querer, deixam as crianças sozinhas, sem os afetos devidos. Outras vezes
são afastados, por força de conjunturas sociais ou mesmo de comportamentos que bem ou
mal se designam de «alienação parental».
Alguns exemplos:
4 As acusações de abuso sexual ocorrem, principalmente, quando os filhos ainda são pequenos e facilmente
manipuláveis, podendo afirmar-se que a criança é vítima de manipulação e abuso emocional por parte do progenitor alie-
nante, que objetivamente a utiliza como instrumento para denegrir a imagem do outro progenitor.
O resultado deste comportamento é, sobretudo, a destruição psicológica da criança. Com efeito, perante as pre-
tensas denúncias de abuso sexual e até se demonstrar a inconsistência das queixas, os senhores juízes sentem-se compelidos
a ordenar a suspensão imediata das visitas da criança ao pai, interrompendo a normal convivência entre ambos, até que
sejam realizados os estudos periciais e realizados os relatórios sociais e psicológicos que permitam aferir da veracidade ou
não das denúncias. Sendo fundamentais, algumas vezes, estes estudos são demorados, permitindo apurar, muitas vezes, que
se tratavam de falsas acusações.
Como consequência deste conflito, alguns efeitos devastadores sobre a saúde emocional da criança podem vir
verificar-se, nomeadamente, um sentimento incontrolável de culpa, por ter sido cúmplice inconsciente das injustiças prati-
cadas contra o progenitor acusado, dificuldade no estabelecimento de relações interpessoais, por ter sido traída e usada pelo
progenitor acusador, uma das pessoas em quem mais confia, desenvolver um sentimento de vida polarizada, doenças psicos-
somáticas de ansiedade e nervosismo sem razão aparente, depressão crónica, transtornos de identidade e de imagem de
desespero, um sentimento de isolamento, rejeição, insegurança, baixa auto-estima, comportamento hostil ou agressivo, entre
outros sintomas de profundo mal-estar.
Ao criar falsas acusações de maus-tratos e abuso sexual e ao afastar a criança da vida do outro progenitor e da
família respetiva, o comportamento do progenitor acusador configura a promoção de um maltrato violento sob a forma de
abuso para com a criança.
3) Relativamente ao critério de falta de ambivalência, convém explicar que,
habitualmente, e mesmo quando se nutre sentimentos fortes por alguém, nin-
guém é absolutamente maravilhoso ou completamente mau; existe uma mis-
tura de sentimentos, particularmente no caso de relações familiares. Mesmo
crianças abusadas sexualmente são capazes de reconhecer situações agradá-
veis que viveram com o abusador, noutras circunstâncias, e mulheres maltra-
tadas pelos maridos podem recordar com saudade algumas lembranças do
noivado. Só mesmo o filho de um pai alienado seria capaz de expressar um
sentimento de ódio puro, sem qualquer ambivalência perante um progenitor,
o que se deveria ao efeito do progenitor reportado como alienador, e permiti-
ria identificar este alegado síndrome.
6) Nos casos em que a SAP está bem consolidado, não existe qualquer senti-
mento de culpabilidade do menor relativamente aos sentimentos gerados no
progenitor alienado, nem relativamente a uma eventual exploração económica
deste, encarando-se todos os sacrifícios como uma obrigação natural. Quando
um menor acusa o progenitor odiado de ter maltratado o outro membro do
casal sem evidências ou certezas, estará geralmente consciente da invenção ou
interpretação dos factos, mas não terá paradoxalmente afetos negativos; justi-
fica os seus atos, mesmo os mais injustos, com o facto de a meta que pretende
atingir estar acima de qualquer prioridade, visando uma "colagem" ao proge-
5
Muitas vezes o progenitor alienado é infantilizado pelo progenitor alienador.
nitor alienador e defendendo-o e "defendendo-se", com vigor, de uma amea-
çadora rutura com este.
7) No que diz respeito ao sétimo critério, pode existir com a referência a ce-
nas, paisagens, conversas e termos que o filho adota como próprios ou vividos
na primeira pessoa, mesmo que nunca tenha estado presente quando ocorre-
ram ou sejam incoerentes com a idade. Quando entrevistado, o menor necessi-
ta de um maior esforço para "recordar" factos, as recordações são mais incon-
gruentes, têm menos pormenores e maior número de contradições, aspetos
que se podem tornar mais evidentes se forem ouvidos, por exemplo, dois ir-
mãos separadamente, ou se estiver presente a mãe (nos casos em que é alie-
nadora), que interrompe com esclarecimentos, intervém com olhares ou con-
tactos físicos subtis.
Tal ocorreu pela primeira vez no caso Elsholz v Germany, seguindo-se outros ca-
sos, como Sahin v Germany, Sommerfeld v Germany, Hoffman v Germany, Soderback v
Sweden, Kuppinger v. Alemanha.
Perante uma situação de alienação parental teremos de perceber em que grau de
abuso estamos: leve, moderado ou severo.
Como resumo do que fica dito, devemos considerar que, à dor da desilusão vem
juntar-se a aceitação final da culpa. Quando estes indivíduos revivem o seu passado, in-
cluirão claramente, tanto as ações do pai alienador, como as suas próprias iniciativas, das
quais – mesmo desconhecendo a sua origem – se culpabilizarão sem reservas. Valores ina-
dequados, destruição de crenças estruturais, dor e culpa, é a herança que terão que assu-
mir um dia.
Um progenitor SAP não é um educador adequado, uma vez que educa os seus filhos
de acordo com modelos patológicos e valores rejeitados pela nossa sociedade.
Considerando a classificação (ligeira, moderada e grave) em que se diagnostique a SAP,
devem inevitavelmente tomar-se determinadas decisões que impliquem necessariamente
uma mudança substancial na realidade verificada até ao momento.
Expor a criança a uma longa e destrutiva batalha emocional, num contexto em que
o progenitor alienador é quem imagina e convoca os problemas, para depois expor, expli-
cita ou implicitamente, a criança aos mesmos, levando ainda a que o outro progenitor, de-
sesperado, se defenda, num contraditório sem fim, é um maltrato. A investigação psicoló-
gica sobre esta matéria, realizada em vários países, constata unanimemente, que não é a
separação dos pais que origina desadaptações sociais, mas sim o clima de violência, menti-
ra que a pode caraterizar. O que seria expectável e não acontece é que que os próprios pais
fossem os protetores primordiais da criança e não a causa dos seus problemas.
A criança sujeito ao conflito parental é levada a agir com receios/medos face aos
conflitos, pelo que podem estar em causa as saudáveis lealdades de relação com os pais.
Não faz sentido que a consagração explícita do chefe de família seja, hoje, substitu-
ída pelo exercício, tácito, do «poder maternal».
Dada a colossal diferença de proximidade emocional com que os menores são cria-
dos, em relação a cada um dos pais e também dado o conflito marcado entre estes, os me-
nores desenvolvem importante aversividade emocional6 em relação ao progenitor que
não tem a sua guarda, que também é, em regra, visto negativamente pelo outro.
Por outro lado, o modo negativo como o progenitor cuidador vê o outro, agrava e
«prova» este sentimento negativo em relação ao progenitor que não tem a guarda. O pro-
ceso de identificação fica comprometido, pois a transmissão da imensa parte da herança
cultural da criança é paralisada brutalmente.
6
É neste contexto que podemos perceber que certos progenitores alienantes tenham roupas exclusivamen-
te reservadas para serem utilizadas aquando dos convívios com o progenitor alienado ou que digam «tens
de ir ao teu pai, porque se não fores ele vai queixar-se ao Tribunal e não paga a pensão de alimentos.»
ca urgente centrada na relação existente entre mãe e filho e vice-versa, beneficiando am-
bos de apoio individual especializado em serviço público de saúde, de forma a garantir o
desenvolvimento da autonomia da mãe e do filho.
O problema dos afetos não se resolve, portanto, apenas com decisões judiciais. Mas
também não se resolve, em muitos casos, sem uma boa decisão judicial.
Esses efeitos a longo prazo podem trazer inúmeros sintomas patológicos distintos.
Eles giram ao redor da noção de dificuldade do vínculo, quando se funciona somente
num modo dominante/dominado, de uma necessidade de controlo, sobre seu corpo, por
exemplo, e de segurança quando todo o resto escapa, de uma visão do mundo irrevogá-
vel e maniqueísta. Essas crianças, uma vez adultas, têm a impressão de padecer mais do
que decidir sua vida.
Para ser mais concreto, as crianças alienadas são mais predispostas do que outras
à anorexia, bulimia, toxicomania, relações sexuais precoces e condutas de risco em geral,
suicídio e acidentes suicidas, a interromper precocemente os estudos, a desenvolver uma
personalidade antissocial ou border line.
Ela terá muitas dificuldades em construir uma vida adulta equilibrada, principal-
mente no comportamento amoroso ou em relação aos seus próprios filhos.
Por outro lado, cumpre não esquecer a regra do favorecimento do progenitor que
mais favorece o convívio com o outro.
Além disso, o mau relacionamento entre pais e avós não deve ser impeditivo do
contacto dos menores com a família alargada, avós incluídos.
Há uma obrigação positiva de adoção de remédios efetivos, que são os que pre-
vinem e resolvem.
http://www.dgsi.pt/jtrp.nsf/56a6e7121657f91e80257cda00381fdf/c7eabcdb5ab87fdf80
257d1d00326e02?OpenDocument
O progenitor que fica com o filho junto de si, se for elemento facilitador do contacto
com o outro progenitor e criar oportunidades para que tal aconteça, permitirá ao filho/a
em causa sentir-se à vontade e aceite no seu novo ambiente familiar permitindo-lhe reor-
ganizar-se nos seus afetos na nova realidade da rutura conjugal, mantendo-se assim con-
dições adequadas/ideais para que o convívio e relacionamento com ambos os progenito-
res decorram com normalidade. Por outro lado, se tal não se verificar, a criança é colocada
no centro de um dilema sem solução, o da lealdade a um dos pais com exclusão do outro.
Além de poder ser explicado à criança o papel do tribunal na decisão das questões
familiares e a importância de ela própria poder ser ouvida no processo, não parece benéfi-
co para uma criança que é chamada a pronunciar-se sobre a situação de conflito dos seus
progenitores sobre si própria, qualquer forma de “preparação para ser ouvida.” O que so-
bressai como fundamental é a importância de que a abordagem à criança nessas circuns-
tâncias permita que ela expresse os seus sentimentos e emoções de forma natural e sem
receios, sem que se sinta colocada em causa a lealdade a ambos os progenitores.
Para tal, deve ser solicitada perícia pedopsiquiátrica ao Instituto Nacional de Medi-
cina Legal e Ciências Forenses que procederá à sua distribuição (cf. artigos 2.º, 3.º e 24.º da
Lei n.º 45/2004, de 19.08).
O afeto não existe naturalmente nas relações de filiação biológica ou nas relações
socioafetivas. Todavia, importa distinguir os diversos casos, pois nos casos em que a o
distanciamento afetivo é provocado por um progenitor alienante, trata-se de um verdadei-
ro maltrato e não de um caso de simples inexistência de afeto.
Ainda que não seja caso de inibição do exercício das responsabilidades parentais, o
regime de convívios pode ter de ser adaptado a uma realidade afetiva concreta.
Em relações consideradas como sadias ou normais, cada um tem seu lugar bem
atribuído. Para simplificar, tomemos o modelo clássico do pai e da mãe. Podemos muito
facilmente reutilizar o modelo substituindo o “pai” e a “mãe” arbitrariamente definidos
como progenitor 1 e progenitor 2. A mãe carrega o seu feto e a relação é fusional nos pri-
meiros meses de vida. O pai, como terceiro elemento, vai proteger a mãe durante esta rela-
ção fusional, depois ajudará a criança a deixar esta relação fusional para pouco a pouco se
interessar pelo mundo externo e comunicar diferentemente. Ele vai tirar a criança da om-
nipotência que esta relação tão íntima com a mãe lhe conferia. Mais tarde, é possível que a
mãe intervenha por sua vez como terceira pessoa para reequilibrar uma relação muito
fusional com o pai. Assim, pelo jogo das trocas, a criança vai progressivamente construir
sua personalidade a partir de um modelo masculino e feminino, ou mais simplesmente a
partir da noção de diferença entre os dois progenitores. Essa diferença relativiza a força
decisional e autoritária de cada progenitor, a força da personalidade da criança. Cada um
tem o espaço para se construir e existir no respeito e na diferença. Ela permite a experi-
mentação de uma alteridade e a construção da personalidade da criança.
Por outro lado, nessa relação de triangulação, se cada um está em seu devido lugar,
numa visão ideal, os progenitores protegem seus filhos, respeitam suas necessidades fun-
damentais, ensinam-lhes os limites que não devem ser ultrapassados e desta forma edu-
cam-nos, isto é, ajudam-nos a crescer.
O menor alienado é uma criança em perigo por isso mesmo. Estabeleceu uma rela-
ção fusional e patológica com um dos progenitores.
Não interessa a história da não relação entre os progenitores, mas sim a urgente
necessidade de que aprendam a comunicar enquanto pais.
O menor alienado carece de ser ajudado pelo progenitor alienado e por todos a
deixar esta relação fusional para pouco a pouco se interessar pelo mundo externo e comu-
nicar diferentemente.
Os casos de abandono afetivo podem dar lugar a indemnização por danos morais.
Estas ações indemnizatórias também devem ser propostas nas instâncias cíveis.
A competência dos Juízos de família e menores não resulta do art.º 122.º, n.º 1, al.ª
g), da Lei n.º 62/2013, de 26.08, onde se estabelece:
I – Temos para nós que a referência na parte final da al. g) do artº 122º da LOSJ à palavra “famí-
lia” tem de ser entendida como referida às ações sobre o estado civil das pessoas, fazendo qualifi-
car o conceito de “estado civil” usado este no seu sentido restrito, pois que os tribunais de família
têm tido, desde que foram criados pela Lei 4/70, de 29/4 (regulamentados pela primeira vez pelo
Decreto-Lei nº 8/72, de 7/1) uma esfera de competência especializada para ações que versam o
Direito da Família, pois se o legislador pretendesse romper com esta tradição, estendendo a com-
petência daquele tribunal de competência especializada a um tipo de ações em que não há lugar à
aplicação de normas de Direito da Família, tinha o dever de o fazer expressamente e de forma ine-
quívoca no texto da lei e não o fez, certamente por desnecessário, apontando no sentido restrito.
II - As ações de interdição não se reportam sobre o estado civil das pessoas, mas apenas com a si-
tuação pessoal que lhes afeta a sua capacidade de exercício de direitos. E o facto das ações sobre o
estado das pessoas pressuporem um registo, como nas ações de interdição, tal não implica que es-
tas assumam essa natureza.
III - A alínea g) do art. 122º da Lei 62/2013, de 26 de Agosto, não confere competência, em razão
da matéria, às secções de família e menores para preparar e julgar as ações de interdição, sendo
as “outras ações relativas ao estado civil das pessoas e família” da competência material das sec-
ções de família e menores (alª g) do nº 1 do art.º 122º da Lei 62/2013) que são aquelas que cor-
respondem às condições ou qualidades pessoais e que têm como fonte as relações jurídicas familia-
res, no sentido estrito de “estado civil” como referimos.
Nos casos muito graves deparar-nos-emos com uma situação em que o próprio
progenitor alienador se dá conta do seu erro, ou admite-o publicamente, mas já não con-
segue controlar a criança ou jovem e inverter o processo.
Não sendo viável o recurso à família alargada nem a simples mudança da guarda,
resta a possibilidade de institucionalização.
E uma vez aqui chegados, teremos uma maior felicidade e segurança no futuro,
pois teremos apagado más memórias, que não ajudam nunca a ser-se feliz.
Resumo:
Note-se que a litigância dos pais em torno da parentalidade, por maioria de razão,
quando ascende ao meio judicial, provoca danos que, embora não se traduzam em provas
analíticas ou imagiológicas, são irreparáveis, para sempre, não devendo, por isso, sosse-
gar-nos a aparente indiferença das crianças diante de tamanhos litígios (o que só é possí-
vel quando o choque que decorre deles se torne quotidiano e banal). Cumpre recordar que
a aparente resiliência das crianças aos conflitos esconde e ilude o stress pós-traumático
inevitável.
IV. REGULAMENTO BRUXELAS II BIS (NOVO REGULAMENTO BRUXELAS II): REGU-
LAMENTO (CE) N.º 2201/2003 DO CONSELHO, DE 27.11.2003 (cf. entrou em vigor
em 1 de agosto de 2004 e tornou-se aplicável a partir de 1 de março de 2005)
99. Para que se assegure a dispensa do exequatur, nos processos das Conserva-
tórias de Registo Civil devem ser ouvidas as crianças, ou consignar-se por que razão
se entendeu não deverem serem ouvidas.
100. Certidão relativa ao direito de visita a emitir pelo juiz: anexo III ao Regula-
mento.
Embora o Regulamento não o diga, o juiz pode incluir nos fundamentos da
sua decisão uma descrição das razões pelas quais a criança não foi ouvida.
Todas as obrigações especificadas na certidão referentes ao direito de visita
são, em princípio, diretamente executórias nos termos das novas disposições.
102. A emissão da certidão não é suscetível de recurso (art.º 43.º, n.º 2, do Regu-
lamento).
103. O juiz pode declarar a sua decisão executória, ainda que não exista trânsito
em julgado. Neste caso deve recorrer ao artigo 28.º do Regime Geral do Processo
Tutelar Cível. Cumpre recordar que os recursos no Regime Geral do Processo Tute-
lar Cível têm o efeito que o tribunal fixar (art.º 32.º, n.º 4), tendo efeito meramente
devolutivo como regra.
104. A parte que requerer a execução da decisão em matéria de visita noutro Es-
tado-Membro deve apresentar uma cópia da decisão e a certidão. Esta não carece de
ser traduzida, com exceção do disposto no ponto 12 do Anexo III relativo às disposi-
ções respeitantes ao exercício do direito de visita (art.º 45.º).
106. Dois conceitos de rapto (cf. art.º 2.º, n.º 11, do Regulamento): deslocação ilíci-
ta; retenção ilícita.
110. Considerando o prazo de seis semanas para decidir, exceto em caso de cir-
cunstâncias excecionais que o impossibilitem (art.º 11.º, n.º 3, do Regulamento), a
audição deve efetuar-se da forma mais célere e eficaz possível, podendo recorrer-se
às disposições do REGULAMENTO (CE) N.º 1206/2001 DO CONSELHO, DE
28.05.2001, aplicável a toda a União Europeia, com exceção da Dinamarca, desde
01.01.2004, e que substitui a Convenção de Haia de 1970.
112. O sistema instituído pela Convenção de Haia de 1980 apela nos seus artigos
7.º, al.ª c), e 10.º a um encorajamento de soluções amigáveis, podendo afirmar-se a
existência de uma fase pré-contenciosa prévia a toda a ação judicial, que, a não exis-
tir, deve ser justificada.
114. Nos termos do art.º 49.º do Regulamento, o disposto no Capítulo III (Reco-
nhecimento e Execução), com exceção da Secção 4, é igualmente aplicável à fixação
do montante das custas de processos instaurados ao abrigo do presente regulamen-
to e à execução de qualquer decisão relativa a essas custas.
115. As medidas relativas aos bens da criança não relacionadas com a sua prote-
ção não são abrangidas pelo Regulamento, mas pelo Regulamento (CE) n.º 44/2001,
incumbindo ao juiz avaliar, no caso concreto, se uma medida relativa aos bens da
criança está ou não relacionada com a sua proteção). [cf. Considerando 9].
Entretanto entrou em vigor o Regulamento (CE) n.º 4/2009, de 18 de dezem-
bro (competência, à lei aplicável, ao reconhecimento e à execução das decisões e à
cooperação em matéria de obrigações alimentares).
118. Em geral, este regime comunitário derroga as convenções existentes que ha-
jam sido celebradas entre dois ou mais Estados-Membros, designadamente quanto
às matérias reguladas pelo Regulamento Bruxelas II bis (artigo 59.º, n.º 1, artigo
62.º, n.º1).
122. Nos termos do art.º 9.º, quando uma criança se desloca legalmente de um
Estado-Membro para outro e passa a ter a sua residência habitual neste último, os
tribunais do Estado-Membro da anterior residência habitual da criança mantêm a
sua competência, em derrogação do artigo 8.º, durante um período de três meses
após a deslocação, para alterarem uma decisão, sobre o direito de visita proferida
nesse Estado-Membro antes da deslocação da criança, desde que o titular do direito
de visita, por força dessa decisão, continue a residir habitualmente no Estado-
Membro da anterior residência habitual da criança. Esta regra não é aplicável se o
titular do direito de visita referido tiver aceitado a competência dos tribunais do
Estado-Membro da nova residência habitual da criança, participando no processo
instaurado nesses tribunais, sem contestar a sua competência.
123. O artigo 12.º regula os casos de extensão de competência. Aqui importa ter
em consideração que os tribunais do Estado-Membro que, por força do artigo 3.º,
são competentes para decidir de um pedido de divórcio, de separação ou de anula-
ção do casamento, são competentes para decidir de qualquer questão relativa à res-
ponsabilidade parental relacionada com esse pedido quando:
127. Transferência para um tribunal melhor colocado para apreciar a ação (artigo
15.º): uma flexibilização do regime da competência tendo em vista o interesse supe-
rior da criança.
129. Cumpre, por fim, salientar que se deve recorrer ao art.º 55.º do Regulamento
(CE) n.º 2201/2003 do Conselho de 27 de novembro de 2003 (cf. Autoridade Central
portuguesa: DGRSP), no caso de menores que se desloquem para o estrangeiro e se
encontrem em situação de perigo, no sentido de, através da Autoridade Central des-
se país estrangeiro, se comunicar às autoridades locais da nova residência da crian-
ça, que a mesma pode estar ou está em perigo e se encontra carente de proteção. Em
casos mais graves, pode recorrer-se ao art.º 31.º, al.ª c), da Convenção de Haia de
1996.
V. NORMAS DE CONFLITOS
130. Tal como dispõe o art.º 25.º do Cód. Civil, as relações de família são reguladas
pela lei pessoal dos respetivos sujeitos.
Determina o art.º 31.º, n.º 1, do Cód. Civil que a lei pessoal é a da nacionali-
dade do indivíduo.
Todavia, as regras processuais aplicáveis são as do direito processual portu-
guês.
131. Caso de menor que seja portuguesa mas resida em Angola, onde os pais tam-
bém se encontrem e exista necessidade de regular o exercício das responsabilida-
des parentais:
O artigo 57.º, n.º 1, do Código Civil (Relações entre pais e filhos) estabelece que “1.
As relações entre pais e filhos são reguladas pela lei nacional comum dos pais e, na falta
desta, pela lei da sua residência habitual comum; se os pais residirem habitualmente em
Estados diferentes, é aplicável a lei pessoal do filho.»
Recorre-se, em primeiro lugar, às conexões que exprimem uma ligação estreita com
a vida familiar. Só na falta de nacionalidade comum ou residência habitual comum dos pais
é que releva a lei pessoal do filho.
O domínio de aplicação da lei reguladora das relações entre pais e filhos abrange, no
essencial, a responsabilidade parental.
Nos termos do art.º 251.º, «A medida dos alimentos devidos a filhos menores, sem-
pre que o obrigado tenha vencimento ou rendimento determinável, deverá consoante as
circunstâncias, ser fixada entre o mínimo de um quarto e o máximo de metade da totali-
dade do valor auferido.»
O Código da Família de Angola não prevê a guarda compartilhada, mas prevê o prin-
cípio do interesse superior da criança na fixação do regime de regulação do exercício das
responsabilidades parentais, via esta que autoriza, quando justificada, a guarda comparti-
lhada.
Nos termos do art.º 9.º, n.º 7, do RGPTC (Lei n.º 141/2015, de 08.09, «Se no mo-
mento da instauração do processo a criança residir no estrangeiro e o tribunal por-
tuguês for internacionalmente competente, é competente para apreciar e decidir a
causa o tribunal da residência do requerente ou do requerido.»
Temos, pois, de recorrer ao artigo 59.º (Competência internacional) do Cód. Proc. Ci-
vil, o qual estabelece que: «Sem prejuízo do que se encontre estabelecido em regulamentos
europeus e em outros instrumentos internacionais, os tribunais portugueses são interna-
cionalmente competentes quando se verifique algum dos elementos de conexão refe-
ridos nos artigos 62.º e 63.º ou quando as partes lhes tenham atribuído competência nos
termos do artigo 94.º»
De acordo com o artigo 62º, do Código de Processo Civil, para que, como visto, reme-
te a segunda parte do artigo 59º daquele Código:
b)Ter sido praticado em território português o facto que serve de causa de pedir na
ação, ou algum dos factos que a integram;
c)Quando o direito invocado não possa tornar-se efetivo senão por meio de ação
proposta em território português ou se verifique para o autor dificuldade apreciável na
propositura da ação no estrangeiro, desde que entre o objeto do litígio e a ordem jurídica
portuguesa haja um elemento ponderoso de conexão, pessoal ou real."
5-Se alguma das providências disser respeito a duas crianças, filhos dos mesmos
progenitores e residentes em comarcas diferentes, é competente o tribunal em que a pro-
vidência tiver sido requerida em primeiro lugar.
6-Se alguma das providências disser respeito a mais do que duas crianças, filhos dos
mesmos progenitores e residentes em comarcas diferentes, é competente o tribunal da
residência do maior número delas.
9-Sem prejuízo das regras de conexão e do previsto em lei especial, são irrelevantes
as modificações de facto que ocorram após a instauração do processo."
Sendo aqui de assinalar que no transcrito n.º 8, não se define qualquer critério de
atribuição de competência internacional aos tribunais portugueses, mas, tão só, de atribui-
ção de competência territorial ao tribunal nacional, na hipótese de ele ser internacional-
mente competente.
Ora, estando ambos os pais a residir em Angola, que são os requeridos na ação, a
ação não podia ser proposta em tribunal português segundo as regras de competên-
cia territorial estabelecidas na lei portuguesa. É que o critério de competência terri-
torial é o da residência dos réus (art.º 80.º, n.º 1, e 82.º, n.º 1, do Cód. Proc. Civil),
pelo que sendo esta em Angola, não podia a ação ser proposta em Portugal.
Por outro lado, a menor reside em Angola, não se podendo invocar aqui uma
interpretação no sentido de que o interesse superior da menor deveria prevalecer
na fixação da competência, por ser provável a sua confiança a residente em Portu-
gal, a terceira pessoa a que se refere o art.º 151.º do Código da Família de Angola.
Não se pode também invocar a exceção do art.º 62.º, n.º 1, al.ª c), do Cód. Proc. Civil
(consagra o princípio da necessidade, segundo o qual a ação pode ser instaurada nos tri-
bunais portugueses quando uma situação jurídica, que apresenta uma ponderosa conexão,
pessoal ou real, com o território português, só possa ser reconhecida em ação proposta
nos tribunais nacionais, ou constituir para o autor dificuldade apreciável a sua propositura
no estrangeiro), que estabelece a competência internacional dos Tribunais portugueses
«Quando o direito invocado não possa tornar-se efetivo senão por meio de ação proposta
em território português ou se verifique para o autor dificuldade apreciável na propositura
da ação no estrangeiro, desde que entre o objeto do litígio e a ordem jurídica portuguesa
haja um elemento ponderoso de conexão, pessoal ou real.» É que os pais e a menor estão
em Angola!
132. Menor portuguesa, mãe e pai angolanos, residindo todos em Angola, comuni-
cando a Conservatória de Registo Civil o nascimento para averiguação oficiosa de
paternidade:
O artigo 56.º, n.º 1, do Código Civil (Constituição da filiação)) estabelece que “1. À constituição da
filiação é aplicável a lei pessoal do progenitor à data do estabelecimento da relação.»
A ideia orientadora, neste preceito é a de, na medida do possível, regular a sociedade familiar por
uma lei única.
Recorre-se, em primeiro lugar, às conexões que exprimem uma ligação estreita com a vida famili-
ar. Só na falta de nacionalidade comum ou residência habitual comum dos pais é que releva a lei pessoal
do filho (cf. art.º 56.º, n.º 2, do Cód. Civil).
Nos termos do art.º 184.º, n.º 2, do Código da Família de Angola, a ação de investigação de pa-
ternidade pode ser proposta oficiosamente, pelo representante do Ministério Público, até três anos após
o nascimento (al.ª a)) ou pelo filho ou pelo seu representante legal (cf. mãe), durante a menoridade
do filho.
A criança vai residir em Angola, pois aí reside a mãe, e aí residem quer o indigitado progenitor
quer as testemunhas indicadas, tendo os factos relativos à conceção da criança sido praticados em Ango-
la.
A regra geral, em matéria de competência internacional, é o foro do domicílio do réu, seja qual
for a sua nacionalidade.
Temos, pois, de recorrer ao artigo 59.º (Competência internacional) do Cód. Proc. Civil, o qual es-
tabelece que: «Sem prejuízo do que se encontre estabelecido em regulamentos europeus e em outros
instrumentos internacionais, os tribunais portugueses são internacionalmente competentes quando se
verifique algum dos elementos de conexão referidos nos artigos 62.º e 63.º ou quando as partes
lhes tenham atribuído competência nos termos do artigo 94.º»
De acordo com o artigo 62º, do Código de Processo Civil, para que, como visto, remete a segunda
parte do artigo 59º daquele Código:
b)Ter sido praticado em território português o facto que serve de causa de pedir na ação, ou al-
gum dos factos que a integram;
c)Quando o direito invocado não possa tornar-se efetivo senão por meio de ação proposta em ter-
ritório português ou se verifique para o autor dificuldade apreciável na propositura da ação no estran-
geiro, desde que entre o objeto do litígio e a ordem jurídica portuguesa haja um elemento ponderoso de
conexão, pessoal ou real."
Ora, estando o réu na ação de investigação de paternidade a instaurar a residir em Angola, a ação
não pode ser proposta em tribunal português segundo as regras de competência territorial esta-
belecidas na lei portuguesa. É que o critério de competência territorial é o da residência dos réus
(art.º 80.º, n.º 1, e 82.º, n.º 1, do Cód. Proc. Civil), pelo que sendo esta em Angola, não pode a ação
ser proposta em Portugal.
Por outro lado, a menor vai residir em Angola, onde reside a mãe e família materna, da
qual algumas pessoas são testemunhas.
Não se pode também invocar a exceção do art.º 62.º, n.º 1, al.ª c), do Cód. Proc. Civil (consagra o
princípio da necessidade, segundo o qual a ação pode ser instaurada nos tribunais portugueses quando
uma situação jurídica, que apresenta uma ponderosa conexão, pessoal ou real, com o território portu-
guês, só possa ser reconhecida em ação proposta nos tribunais nacionais, ou constituir para o autor difi-
culdade apreciável a sua propositura no estrangeiro), que estabelece a competência internacional dos
Tribunais portugueses «Quando o direito invocado não possa tornar-se efetivo senão por meio de ação
proposta em território português ou se verifique para o autor dificuldade apreciável na propositura da
ação no estrangeiro, desde que entre o objeto do litígio e a ordem jurídica portuguesa haja um elemento
ponderoso de conexão, pessoal ou real.» É que os pais e testemunhas estão em Angola!
Termos em que se torna imperioso excecionar a incompetência internacional dos tribunais portu-
gueses para conhecer da filiação desta menor, exceção esta de incompetência absoluta, de conhecimento
oficioso em qualquer estado do processo (artigos 96.º, 97.º e 99,º, n.o 1, do Código de Processo Civil).
Deverá sim, a mãe da menor, dirigir-se em Angola ao Ministério Público junto do Tribunal compe-
tente, para pedir a abertura de processo para investigação da paternidade, ou agir em representação da
filha, durante a sua menoridade, na propositura de ação de investigação de paternidade.
Deve, pois, ser declarada a incompetência internacional do Tribunal para a propositura da ação,
determinando-se o arquivamento dos autos de averiguação oficiosa de paternidade.
135. Não sendo obrigatória a constituição de advogado nestes processos, a não ser
na fase de recurso (cf. art.º 18.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível), por for-
ça do disposto no art.º 18.º, n.º 2, do Regime Geral do Processo Tutelar Cível, conju-
gado com o art.º 4.º da LPCJP, é obrigatório nomear defensor ao menor, quando o
interesse superior do mesmo se demarque do dos progenitores e não obstante a
presença no processo do Ministério Público.
138. Embora o artigo 28.º Regime Geral do Processo Tutelar Cível permita que o
tribunal possa decidir, a título provisório, matérias que possam ser apreciadas a
final, discute-se se é possível proferir sentença homologatória do regime na parte
acordada e regular provisoriamente outras questões durante a conferência de pais
ou anteriormente à realização da audiência de julgamento (cf. a favor, Helena Go-
mes de Melo e outros, em Poder Paternal e Responsabilidades Parentais, 2.ª edição,
pg. 53).
139. Compete aos Centros Distritais do Instituto da Segurança Social I.P. a realiza-
ção dos inquéritos e a assessoria técnica no âmbito dos processos tutelares cíveis
(artigo 3.º, alínea p), do Decreto-Lei n.º 214/2007, de 29 de maio, e Portaria n.º
638/2007, de 30 de maio).
140. Não faz sentido fazer depender do relatório social a elaborar pela Segurança
Social a prova dos montantes de despesas e receitas dos pais do menor, sendo como
são normalmente todas elas provadas por documentos – a entidade que elabora o
relatório social não tem que servir de mediador de a informação, devendo o tribu-
7
Sobre a audição obrigatória da criança que tenha maturidade para ser ouvida, para além deste
artigo 4.º, al.ª i), da LPCJP, consultem-se os artigos 5.º e 35.º, n.º 3, do RGPTC, artigo 1901.º, n.ºs 2 e 3,
do Código Civil, artigos 12.º, n.ºs 1 e 2, da Convenção de Nova Iorque, artigo 12.º da Convenção sobre os
Direitos da Criança de 1989 e os artigos 23.º, al.ª b), art.ºs 11.º, n.º 2, e 42.º, n.º 2, al.ª a), do Regulamento
(CE) do n.º 2201/2003 Conselho de 27.11.2003 e art.º 13.º da Convenção de Haia de 25-10-1980.
nal solicitar a produção de tal prova documental a quem invoca despesas e receitas,
funcionando aí muito, também a equidade, podendo, oficiosamente, o tribunal soli-
citar diretamente às competentes autoridades ou entidades alguma informação de
que careça – cf. neste sentido, Paulo Guerra e Helena Bolieiro, A Criança e a Família -
Uma Questão de Direito(s), pg.264., nota 175.
141. Caso o tribunal entenda necessário, podem ser realizados exames médicos e
psicológicos, acautelando-se os necessários consentimentos para o efeito, mas de-
vendo evitar-se a submissão excessiva da criança ou jovem a estes exames, aprovei-
tando, para o efeito, outros relatórios e exame realizados noutros processos (cf. ar-
tigo 147.º-B, n.º 3 da Organização Tutelar de Menores e economia do art.º 21.º do
Regime Geral do Processo Tutelar Cível).
142. Pode ainda o juiz nomear ou requisitar assessores técnicos, a fim de assisti-
rem a diligências, prestarem esclarecimentos, realizarem exames ou elaborarem
pareceres, devendo estes prestar toda a colaboração quando prestem serviços em
instituições públicas ou privadas e prevalecendo o serviço do tribunal sobre qual-
quer outro (artigo 21.º e segs. do Regime Geral do Processo Tutelar Cível).
143. Perícias:
Não se verificando nenhuma das hipóteses da 2.ª parte do n.º 3 do art.º 480.º
do CPC, a parte tem direito a assistir às perícias médico-legais e fazer-se assistir por
assessor técnico (nos termos do art.º 480.º/3, 1.ª parte, do CPC).
O critério de envio aos peritos de elementos que constem do processo decor-
re do disposto nos arts. 481.º/1 do CPC e 10.º, n.º 1 da Lei 45/2004 (cf. «No exercício
das suas funções periciais, os médicos e outros técnicos têm acesso à informação
relevante, nomeadamente à constante dos autos, a qual lhes deve ser facultada em
tempo útil pelas entidades competentes por forma a permitir a indispensável com-
preensão dos factos e uma mais exaustiva e rigorosa investigação pericial.»): qual-
quer informação relevante, de forma a permitir a indispensável compreensão dos
factos e uma mais exaustiva e rigorosa investigação pericial.
149. O art.º 41.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível não impede que o in-
cidente de incumprimento seja suscitado por referência a processo em que o menor
tenha sido confiado a terceira pessoa (cf. art.ºs 1903.º e 1907.º do Cód. Civil).
Contra este entendimento, no âmbito da OTM revogada, sustentando que ca-
so o menor tenha sido confiado a terceira pessoa, parecia não ser possível o recurso
ao incidente de incumprimento do art.º 181.º uma vez que a disposição normativa
em causa circunscreveria essa possibilidade apenas aos progenitores, Paulo Guerra
e Helena Bolieiro, A Criança e a Família - Uma Questão de Direito(s), pg. 246, nota
147; Tomé d’Almeida Ramião, Organização Tutelar de Menores Anotada e Comenta-
da, 9.ª edição, pg. 137; nesta linha de pensamento, nestes casos deveria ser instau-
rada nova regulação do exercício das responsabilidades parentais (Ac. RP de
26/07/1979 in BMJ 290.º-468) – o problema foi agora expressamente solucionado,
pois o artigo 181.º da OTM foi substituído pelo art.º 41.º do Regime Geral do Proces-
so Tutelar Cível, que tornou inequívoco que o incidente de incumprimento pode ser
suscitado por referência a processo em que o menor tenha sido confiado a terceira
pessoa.
150. O prazo de dois dias previsto no artigo 181.º da Organização Tutelar de Me-
nores passou a ser de cinco dias por força do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 457/80, de
10 de outubro, e este prazo, por sua vez, passou a ser de dez dias, por força do artigo
6.º do Decreto-Lei n.º 329-A/95, de 12 de dezembro. Agora, com o art.º 41.º, n.º 3, do
Regime Geral do Processo Tutelar Cível, o prazo volta a ser de 5 dias, muito embora
a realização de conferência seja a regra e não a notificação para alegar.
151. Por se tratar de causa que não importa a constituição de mandatário, tendo o
requerimento de “incumprimento da prestação de alimentos” sido apresentado di-
retamente pelo requerente, deve promover-se a sua notificação para, no prazo de
10 dias, efetuar o pagamento da taxa de justiça devida, calculada de acordo com o
disposto no artigo 11º da Portaria n.º 419-A/2009 de 17 de Abril (ou juntar docu-
mento comprovativo da concessão do benefício de apoio judiciário, na modalidade
de dispensa de tal pagamento), sob pena de desentranhamento do referido reque-
rimento e a devolução do mesmo ao requerente, nos termos definidos pelos artigos
14º, n.º 6 do Regulamento das Custas Processuais e 145º, n.ºs 1 e 3, e 642.º, n.º 2, do
Código de Processo Civil.
156. Artigo 48.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível: a cobrança coerciva
de alimentos é uma fase pré-executiva e não uma ação executiva pelo que não admi-
te oposição à execução (artigos 728.º e segs. do Código de Processo Civil) (Ac. RE de
02.07.1981, in CJ, IV, pg. 266).
157. Não são legalmente admitidas deduções ao montante dos alimentos emer-
gentes da efetivação dos descontos (e.g. comissões bancárias ou postais) as quais
serão a cargo do devedor.
162. Nos termos do art.º 738.º, n.º 4, do Código de Processo Civil , no caso de dívi-
da de alimentos, é impenhorável a quantia equivalente à totalidade da pensão social
do regime não contributivo – nos termos do art.º 12 da Portaria n.º 65/2016, de
01.04, o quantitativo mensal das pensões provisórias de invalidez que esteja a ser
concedido à data da entrada em vigor desta portaria FOI fixado em € 202,34.
VII. AÇÃO TUTELAR COMUM DO ARTIGO 67.º DO REGIME GERAL DO PROCESSO TU-
TELAR CÍVEL
165. Providências tutelares cíveis para as quais não se prevê, em termos legais,
qualquer tramitação específica:
169. Para efeitos do disposto no art.º 1921.º, n.º 1, al.ª c), do Cód. Civil, um pai só
está impedido de facto de exercer as responsabilidades parentais quando, querendo,
não as pode exercer (o caso de pais hospitalizados de forma contínua e prolongada,
os pais reclusos com longas penas, os ais ausentes no estrangeiro, por emigração,
por estudos, e longe do filho, ou o caso do filho que vem estudar para Portugal com
um familiar, com o consentimento dos pais, etc.).
Quando os pais se demitam do exercício dessas responsabilidades, deve ins-
taura-se antes ação limitativa ou de inibição e não tutela.
A tutela não é o meio idóneo para provar culpas dos progenitores.
Sobre isto, consulte-se Helena Bolieiro/Paulo Guerra, em a “A Criança e a
Família – Uma Questão de Direito(s)”, pág. 298 e segs., Coimbra Editora.
170. O menor deve ser ouvido sobre a nomeação do tutor, quando tenha 12 anos
ou maturidade suficiente (cf. art.º 5.º e 35.º, n.º 3, do Regime Geral do Processo Tu-
telar Cível e LPCJP).
173. Já os juros compulsórios são líquidos, à luz do art.º 829-A, n.º 4, do Cód. Civil,
o qual estabelece que «Quando for estipulado ou judicialmente determinado qual-
quer pagamento em dinheiro corrente, são automaticamente devidos juros à taxa de
5% ao ano, desde a data em que a sentença de condenação transitar em julgado, os
quais acrescerão aos juros de mora, se estes forem também devidos...».
X. MULTA E INDEMNIZAÇÃO
175. O art.º 41.º, n.º 1, do Regime Geral do Processo Tutelar Cível prevê a multa e
a indemnização em caso de incumprimento.
XI. INIBIÇÃO/LIMITAÇÃO
177. Inibição: de pleno direito (art.º 1913.º do Cód. Civil) ou judicial (art.º 1915.º
do Cód. Civil: culpa, inexperiência, enfermidade, ausência ou outras razões e grave
prejuízo).
Inibição: total ou parcial (art.º 1915.º, n.º 2, do Cód. Civil).
Inibição em relação a filhos que nasçam depois: art.º 1915.º, n.º 3, do Cód. Civil.
183. Nos termos do artigo 58.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível (Outras
medidas limitativas do exercício das responsabilidades parentais), o Ministério Pú-
blico ou qualquer das pessoas aí referidas pode requerer as providências previstas
no n.º 2 do artigo 1920.º do Código Civil ou outras que se mostrem necessárias
quando a má administração de qualquer dos progenitores ponha em perigo o pa-
trimónio do filho e não seja caso de inibição do exercício das responsabilidades pa-
rentais (cf. n.º 1 do art.º 52.º d0 mesmo diploma legal) e nos casos referidos no nú-
mero 1 desse preceito observar-se-á o disposto nos artigos 54.º a 56.º (cf. n.º 2 do
art.º 58.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível).
O artigo 1920.º, n.º 2, do Cód. Civil estatui que «Atendendo em especial ao va-
lor dos bens, pode nomeadamente o tribunal exigir a prestação de contas e de in-
formações sobre a administração e estado do património do filho e, quando estas
providências não sejam suficientes, a prestação de caução.»
Outras medidas possíveis são o retirar a administração de certo e determi-
nado bem da esfera de ação do progenitor, entregando-a a terceiro ou a não entrega
a esse progenitor dos rendimentos de certo bem (ou seja, tais proventos não passam
pelas suas mãos, para evitar a delapidação) – cf. neste sentido, Helena Boliei-
ro/Paulo Guerra, em a “A Criança e a Família – Uma Questão de Direito(s)”, pág. 284,
Coimbra Editora.
CASO PRÁTICO 1
Caros colegas
Muito agradecia as vossas sugestões para a seguinte situação:
Num processo de regulação de responsabilidades parentais, em que a guarda da me-
nor, com 5 anos, foi atribuída ao progenitor e este alterou o seu domicílio para terri-
tório Espanhol, estipulou-se que a progenitora teria direito a passar as férias da Pás-
coa e 15 dias das férias de Verão com a menor. Para tal a progenitora devia ir buscar
a menor a casa do pai, a Espanha e o pai vir, depois, buscar a menor a casa da mãe,
sita na ilha Terceira.
A mãe veio suscitar o incumprimento, por parte do progenitor, que nas férias da pás-
coa se recusou a entregar-lhe a menor para vir passar férias.
Veio agora requerer que se diligencie pela solicitação às entidades espanholas, para
que colaborem com a progenitora, no sentido de e caso haja recusa, obriguem o pro-
genitor a entregar a menor à mãe, a fim de esta poder efetivar o seu direito de visita.
O que se pode fazer nesta situação?
Agradeço sugestões, com alguma urgência.
Muito obrigada.
Respostas e comentários
1 - RE: violação do direito de visitas - residente em Espanha [Ana Leal 17-07-
2009 09:41]
Colega, aqui vai o meu contributo, que espero lhe seja útil.
A esta matéria aplica-se o Regulamento (CE) n.º 2201/2003 do Conselho, de 27 de
nov. de 2003, relativo à competência , ao reconhecimento e à execução de decisões
em matéria matrimonial e em matéria de responsabilidade parental.
Nos termos dos arts. 40.º e 41.º, o direito de visitas é reconhecido e goza de força
executória.
A decisão proferida pelo Tribunal Português será reconhecida e executada em Es-
panha, sem necessidade de reconhecimento e "exequatur", desde que acompanhada
da certidão a que se refere o art.º 41.º, n.ºs 1 e 2.
Esta certidão é emitida pelo juiz desde que verificados os requisitos estabelecidos
naquele preceito.
Para a emissão da certidão utiliza-se o formulário constante do Anexo III, e utiliza-
se a nossa língua.
A Autoridade Central em Portugal é a Direção-Geral de Reinserção Social, através da
qual será dirigido o pedido à sua congénere Espanhola que, por sua vez, o fará che-
gar ao Tribunal Competente.
CASO 2
que tinha a sua residência habitual em Portugal, é o da guarda conjunta, mas é leva-
do sem o consentimento da mãe para França, pelo seu pai, que para aí foi trabalhar
seria o francês.
A.1. Antes do fim do prazo de um ano de o menor estar a residir em França, a mãe
pediu à DGRSP o regresso da criança, mas depois veio a desistir do pedido de re-
gresso e não apresentou novo pedido dentro do prazo de um ano da deslocação ilíci-
ta.
Nota 1: passa a ser competente o tribunal francês, pois o menor, decorrido um ano, adqui-
A.2. Após um ano da deslocação ilícita do menor, que ficou a residir em França, a
Nota 1: tendo decorrido mais de um ano após a data em que mãe tomou conhecimento da
deslocação da criança ou devia ter tomado, competente é o tribunal francês, pois o menor
francês proferiu uma decisão de retenção, cuja cópia foi enviada ao tribunal compe-
tente em Portugal (cf. art.º 11.º, n.º 6, do Regulamento). O tribunal português cum-
prazo de 3 meses.
Nota 1: o Tribunal Português arquiva o processo.
francês proferiu uma decisão de retenção, cuja cópia foi enviada ao tribunal compe-
tente em Portugal (cf. art.º 11.º, n.º 6, do Regulamento). O tribunal português cum-
Nota 1: a decisão de retenção francesa deixa de prevalecer (cf. art.º 11.º, n.º 8, do Regula-
mento).
Diversamente da cláusula de ordem pública que figura no artigo 34.°, ponto 1, do Regulamento (CE) n.°
44/2001 do Conselho, de 22 de dezembro de 2000, relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à
execução de decisões em matéria civil e comercial (JO 2001, L 12, p. 1), que foi objeto do acórdão “Diageo
Brands”, C-681/13, EU:C:2015:471, n.° 42, o artigo 23.°, alínea a), do Regulamento n.° 2201/2003 exige
que a decisão sobre uma eventual recusa de reconhecimento seja tomada tendo em conta o superior
interesse da criança.
Uma alegada violação do artigo 15.° do referido Regulamento pelo tribunal de um Estado-Membro não
permite ao tribunal de outro Estado-Membro, da residência habitual da criança, controlar a competência desse
primeiro tribunal, para onde ela foi deslocada e que recuse o seu regresso, não obstante o facto de a proibição
enunciada no artigo 24.° do mesmo regulamento não conter uma referência expressa ao referido artigo 15.°
O juiz do Estado da residência habitual, perante uma decisão que recuse o regresso da criança, não po-
de, sob pena de pôr em causa a finalidade do Regulamento n.° 2201/2003, recusar o reconhecimento de
uma decisão de outro Estado-Membro, apenas por considerar que, nessa decisão, o direito nacional ou o
direito da União foi mal aplicado.
O Regulamento n.° 2201/2003 contém, no seu artigo 11.°, disposições específicas relativas ao regresso
de uma criança que foi ilicitamente deslocada ou retida num Estado-Membro diferente do da sua residência
habitual imediatamente antes da sua deslocação ou retenção ilícitas.
Além disso, este artigo prevê, no seu n.° 8, um procedimento autónomo que permite resolver o even-
tual problema de decisões conflituantes na matéria (v., neste sentido, acórdãos Rinau, C-195/08 PPU,
EU:C:2008:406, n.° 63, e Povse, C-211/10 PPU, EU:C:2010:400, n.° 56).
Assim, a questão da retenção ilícita de uma criança deve ser resolvida não através de uma recusa de re-
conhecimento, com fundamento no artigo 23.°, alínea a), do Regulamento n.° 2201/2003, de uma decisão,
formulada no Estado para onde a criança foi deslocada, mas, sendo caso disso, recorrendo ao procedimento
previsto no artigo 11.° deste regulamento.
Assim, o Tribunal de Justiça da União Europeia, 4ª Secção, pelo Acórdão de 19 nov. 2015, Proces-
so C-455/15 (Relator: Alexandra Prechal; Processo: C-455/15) declarou o seguinte:
A.5. Após a deslocação ilícita, e dentro do prazo de um ano, o pai, autor da desloca-
ção ilícita, pede ao Tribunal Português que lhe confie a criança, o que este veio a
fazer.
Artigo 35.º
Audição da criança
que:
mas pessoas;
f ) A criança possa fazer -se acompanhar do seu representante legal ou, se apro-
priado, por um adulto da sua escolha, salvo decisão razoável em contrario no que
que todas as audições da vítima ou, se apropriado, com uma criança na qualida-
das possam ser aceites em tribunal como elementos de prova, segundo as regras
sujeição da vítima a uma segunda intervenção traumática por força do processo que afinal
a deve proteger.
sobrepuserem às de recolha de vestígios, para que num único momento se proceda, com
fia de lesões.
da Biomedicina, art.ºs 6.º a 8.º, e também o Código Deontológico dos Médicos, designa-
O artigo 5.º do Regime Geral do processo Tutelar Cível estabelece regras sobre a
Este dispositivo deve ser conjugado com o artigo 35.º, n.º 3, do mesmo diploma le-
gal.
- convívios;
- alimentos;
- horários;
- crimes sofridos;
- crimes presenciados;
O recurso às declarações para memória futura deve ser um dos primeiros atos do
inquérito-crime, assim se evitando a contaminação da prova.
O artigo 131.º do Cód. Proc. Penal prevê a perícia para a avaliação da capacidade e
dever de testemunhar:
Artigo 131.º
Assim sendo, a avaliação da credibilidade não passa pela avaliação do sujeito, mas
pela avaliação do seu depoimento numa situação concreta.
A respeito do art.º 131.º, n.º 3, do Cód. Proc. Penal conhecem-se duas teses:
Tese 1: a avaliação pericial do art.º 131.º, n.º 3, do Cód. Proc. Penal deve cen-
trar-se sobre a capacidade de a criança testemunhar e não sobre a sua credibi-
lidade, pois este juízo pertence ao tribunal (cf. Ac. Rel. Lisboa, de 18-01-2006 e
Ac. STJ de 07.12.1999); e
Tese 2: a avaliação pericial pode incidir sobre a credibilidade do testemunho.
(cf. Ac. STJ de 23-10-2008, processo 08P2869):
A criança colabora mais ativamente quando existe uma relação de confiança, de-
vendo evitar-se a preocupação excessiva em seguir um protocolo de entrevista.
Por outro lado, o entrevistador deve estar atento às indicações por parte da criança
no sentido de perceber se esta relação de confiança foi ou não estabelecida, dando particu-
lar atenção às manifestações não verbais, desde as mais explícitas (ex.: chorar, pedir para
sair da sala) até às mais subtis (ex.: evitar manter contacto visual, curvar-se sobre si pró-
pria).
O recurso a temas neutros pode ser um ótimo auxiliar de trabalho. Assim, importa
saber se a criança admite não saber de algo – ex.: qual a cor do meu carro? Se a resposta
for não sei, deve reforçar-se a correção da resposta.
É a partir dos 3 anos que a criança começa a ser capaz de fornecer detalhes sobre
experiências pessoais.
Ao ouvir uma criança não nos podemos esquecer de quem são os seus organizado-
res vinculativos na aprendizagem das dificuldades do encontro, da importância dos con-
sensos para superar conflitos.
Importa perceber sempre que importância a criança atribui ao diálogo como forma
de superar conflitos e se percebe que o diálogo pressupõe o respeito e a admiração mú-
tuos, mas também a diversidade. Será que a criança ou o jovem se toma como unidade de
medida, fechando-se nos seus particularismos? Tem a criança capacidade de alargar o seu
eu, distinto de todos os outros, de forma positiva, dando espaço aos outros para se corri-
girem, como ela também necessita disso mesmo?
XIII. COBRANÇA DE ALIMENTOS E CUSTAS NO ESTRANGEIRO
Introdução:
NOTA 1)
«Se o(a) credor(a) residente em Portugal desconhecer o paradeiro do(a) devedor(a) (Estado de
residência ou onde trabalha) como deve proceder?
- Nome completo;
- Endereço completo;
Do(a) devedor(a)
A Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) não informará o(a) credor(a) da(s) mora-
da(s) obtida(s), já que se destina(m) exclusivamente à apresentação por esse do pedido para
fixação/alteração/cobrança da pensão de alimentos no Estado em que o(a) devedor(a) foi loca-
lizado.
NOTA 2:
Av. D. João II, n.º 1.08.01 D/E, Ed. H - Pisos 0 e 9.° ao 14.°
1990-097 LISBOA
1) Até 28-02-2002 (Convenção para a Cobrança de Alimentos no
Estrangeiro concluída em Nova Iorque)
- Certidão da sentença ou decisão que fixa os alimentos, quando exista (acompanhada da certidão da sentença
ou decisão que altera os alimentos, quando exista) - a emitir pelo Tribunal/Conservatória - com a menção de
que a mesma foi notificada às partes e transitou em julgado, salvo tratando-se de alimentos provisórios
- Certidão (anexo V) - Só para a Suíça (a) - referida nos artigos 54.º e 58.º ou 57.º, n.º 4, da “Convenção Lugano
II” (preenchimento on-line obrigatório, pelo Tribunal ou Conservatória competente)
- Formulário Anexo I (decisões após 18/06/2011) ou II (decisões anteriores a 18/06/2011) do Regulamento (CE)
4/2009- Só para a Dinamarca (b) - Extrato de uma decisão/transação judicial em matéria de obrigações alimen-
tares sujeita a um procedimento de reconhecimento e declaração de força executória (preenchimento online
obrigatório, pelo Tribunal/Conservatória competente)
- Documento da Segurança Social, quando exista, que comprove em que medida o/a Requerente beneficiou de
apoio judiciário no Estado de origem
O Ministério Público deve aí abrir um processo administrativo, com vista a apurar se a execução é viável e se o
devedor pretende pagar, o que a acontecer torna inútil o prosseguimento.
Não esquecer que previamente a qualquer execução, o Ministério Público atrás referido deve solicitar à Procu-
radoria-Geral Distrital junto do Tribunal de Relação (cf. art.º 979.º do CPC) a revisão e confirmação da sentença
estrangeira.
CPC
Artigo 978.º
Necessidade da revisão
1 - Sem prejuízo do que se ache estabelecido em tratados, convenções, regulamentos da União Europeia e leis espe-
ciais, nenhuma decisão sobre direitos privados, proferida por tribunal estrangeiro, tem eficácia em Portugal, seja qual
for a nacionalidade das partes, sem estar revista e confirmada.
2 – (…)
Artigo 980.º
Requisitos necessários para a confirmação
Para que a sentença seja confirmada é necessário:
a) Que não haja dúvidas sobre a autenticidade do documento de que conste a sentença nem sobre a inteligência da
decisão;
b) Que tenha transitado em julgado segundo a lei do país em que foi proferida;
c) Que provenha de tribunal estrangeiro cuja competência não tenha sido provocada em fraude à lei e não verse sobre
matéria da exclusiva competência dos tribunais portugueses;
d) Que não possa invocar-se a exceção de litispendência ou de caso julgado com fundamento em causa afeta a tribu-
nal português, exceto se foi o tribunal estrangeiro que preveniu a jurisdição;
e) Que o réu tenha sido regularmente citado para a ação, nos termos da lei do país do tribunal de origem, e que no
processo hajam sido observados os princípios do contraditório e da igualdade das partes;
f) Que não contenha decisão cujo reconhecimento conduza a um resultado manifestamente incompatível com os prin-
cípios da ordem pública internacional do Estado Português.
Nos termos do art.º 6.º, n.º 1, da Convenção de Nova Iorque, agindo dentro dos limites dos poderes conferidos
pelo credor, a DGAJ toma, em nome deste, todas as medidas adequadas a assegurar a cobrança de alimentos.
Assim, poderá transigir, e, sendo necessário, intentar e prosseguir, através do Ministério Público, uma ação de
alimentos (cf. alimentos não fixados ainda), bem como fazer executar toda e qualquer decisão, ordem ou outro
ato judicial.
Embora previstas em diversas legislações (no Brasil, é regida pelo art.º 232.º do Código de Processo Civil), as
citações editais não têm sido consideradas válidas para fins de homologação de sentença estrangeira.
1.1) Petição de reconhecimento e revisão de sentença estrangeira
(artigos 978.º e seguintes do Cód. Proc. Civil)
proferida pelo Tribunal de … , nos termos da qual o cidadão de nacionalidade … R….., re-
sidente na rua …, em …, foi condenado a pagar alimentos à sua filha menor M…, nascida a
…/…/…,
1.º
Por decisão proferida pelo mencionado tribunal, datada de …/…/…, no Processo n.º
…/…, foi o referido cidadão condenado a pagar à sua ex-mulher …, residente em …, alimen-
tos para o sustento da filha menor de ambos, de nome M…, no montante de …, com início
em …/…/… e até a mesma atingir a maioridade.
2.º
Tal decisão transitou em julgado, segundo a legislação do país em que foi proferida,
ou seja,….
3.º
Não existe qualquer dúvida sobre a autenticidade do documento no qual consta a
decisão em causa nem sobre a inteligência da decisão.
4.º
O tribunal que a proferiu tinha competência para tal.
5.º
Não ocorre também qualquer exceção de litispendência ou caso julgado.
6.º
Foram, igualmente, cumpridos os demais trâmites legais, designadamente, o réu foi
regularmente citado para a ação, nos termos da lei do país do tribunal de origem, e no pro-
cesso foram observados os princípios do contraditório e da igualdade das partes.
7.º
De modo algum, a decisão proferida contraria os princípios de ordem pública ou as
disposições de direito privado português (cf. artigo1921.º e ss. do Cód. Civil)
8.º
Encontram-se, assim, verificados todos os requisitos enumerados no art. 980.º do
Cód. Proc. Civil.
Nestes termos,
Citado o réu para, no prazo de 15 dias do art.º 981.º do Cód. Proc. Civil, deduzir
a sua oposição, e seguidos os demais trâmites legais, deve tal decisão ser revista e
confirmada por este Venerando Tribunal, com todas as consequências legais.
Nota: alterado pelo Regulamento (UE) n.º 156/2012, de 22/02) em matéria de alimentos
Nota: Este Regulamento entrou em vigor em 01-03-2002 e cessou integralmente a sua vigência a 10-01-2015,
por força do artigo 80.º do Regulamento (UE) n.º 1215/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de
dezembro de 2012, relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria
civil e comercial (JOUE 20 dezembro), com efeitos a partir de 10 de janeiro de 2015.
Nota: o Regulamento (UE) n.º 1215/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 12 de dezembro de 2012,
relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria civil e comercial
(JOUE 20 dezembro) não se aplica a obrigações alimentares e aplica-se à Dinamarca, por força do Acordo entre
a CE e o Reino da Dinamarca relativo à competência judiciária, ao reconhecimento e à execução de decisões
em matéria civil e comercial.
ANEXO I. Regras de competência nacionais referidas no artigo 3.º, n.º 2, e no artigo 4.º, n.º 2
ANEXO II - Tribunais ou autoridades competentes a quem deve ser apresentado o requerimento mencionado
no artigo 39.º
ANEXO III - Tribunais dos Estados-Membros onde devem ser interpostos os recursos previstos no artigo 43.º,
n.º 2
ANEXO IV - recursos que podem ser interpostos nos termos do artigo 44.º
ANEXO V. Certidão referida nos artigos 54.º e 58.º do regulamento relativa às decisões e transações judiciais
ANEXO VI. Certidão referida no n.º 4 do artigo 57.º do regulamento relativa aos atos autênticos
As decisões proferidas num Estado-Membro e que nesse Estado tenham força executiva podiam ser executa-
das noutro Estado-Membro depois de nele terem sido declaradas executórias, a requerimento de qualquer
parte interessada (art.º 38.º, n.º 1) e qualquer das partes podia interpor recurso da decisão sobre o pedido de
declaração de executoriedade (art.º 43.º, n.º 1). Ou seja, ao reconhecimento/executoriedade das sentenças, era
aplicável o Regulamento (CE) n.º 44/2001; e não o que resultava dos art.º 1094.º e ss. do CPC (cf. artigos 978.º e
segs do CPC Novo).
O recurso da declaração de executoriedade era interposto no prazo de um mês a contar da sua notificação e se
a parte contra a qual a execução fora promovida tivesse domicílio num Estado-Membro diferente daquele onde
foi proferida a declaração de executoriedade, o prazo seria de dois meses e começava a correr desde o dia em
que tivesse sido feita a citação pessoal ou domiciliária, prazo não suscetível de prorrogação em razão da dis-
tância.
Nenhum imposto, direito ou taxa proporcional ao valor do litígio podia ser cobrado no Estado-Membro requeri-
do no processo de emissão de uma declaração de executoriedade (art.º 52.º).
Nos termos do art.º 33.º do Regulamento, o reconhecimento da sentença estrangeira é automático ou ipso iure;
depois de noutro Estado-membro "ter sido declarada executória, a requerimento de qualquer parte interessa-
da" (cf. art.º 38.º, n.º 1, do Reg. Bruxelas I)".
Tratar-se-ia de uma ação não contraditória em que a parte requerida não podia apresentar observações (art.º
41.º); a apresentar ao tribunal ou à autoridade competente indicada na lista constante do anexo II ao Regula-
mento (art. 39.º, n.º 1, do Regulamento), que em Portugal é hoje a Secção da Instância Central de Família e
Menores dos Tribunais de Comarca.
A declaração de executoriedade era dada após um simples controlo formal e o próprio art.º 41.º do Regulamen-
to determinava que "a decisão será imediatamente declarada executória quando estiverem cumpridos os trâmi-
tes previstos no artigo 53.º, sem verificação dos motivos referidos nos artigos 34.º e 35.º"; isto é, havia como
que uma presunção favorável ao reconhecimento.
a) Ordem Pública:
É a declaração de executoriedade e não a própria decisão que deve ser compatível com a ordem pública (cf. Ac. Rel.
Lisboa de 12-09-2013; processo 7614/12.4TBCSC.L1-6; relator: Olindo Geraldes)
De acordo com o TCE, o recurso à cláusula de ordem pública só é concebível quando o reconhecimento ou a execu-
ção da decisão proferida noutro Estado viole de uma forma inaceitável a ordem jurídica do Estado requerido, por aten-
tar contra um princípio fundamental.
A fim de respeitar a proibição de revisão de mérito da decisão estrangeira, esse atentado deve, todavia, constituir uma
violação manifesta de uma regra de direito considerada essencial na ordem jurídica do Estado requerido ou de um
direito reconhecido como fundamental nessa ordem jurídica.
Por outro lado, é o reconhecimento e não a própria decisão que deve ser compatível com a ordem pública do Estado
do reconhecimento.
b) Invocação do ato que iniciou a instância não ter sido comunicado em tempo útil e de modo a permitir a
defesa:
Este fundamento, de recusa de reconhecimento, tutela o direito de defesa do réu, no caso de falta de citação ou de
citação intempestiva; e que se articula com o disposto no art.º 26.º do Regulamento, que visa acautelar o direito de
defesa do réu revel.
Por outras palavras, quando, excecionalmente, as garantias do direito do Estado de origem e do Regulamento não
forem suficientes, o art.º 34.º, n.º 2, permite, em certos casos, que o reconhecimento seja recusado.
Efetivamente, de acordo com o art.º 26.º, n.º 2, do Regulamento o juiz "deve suspender a instância, enquanto não se
verificar que a esse requerido foi dada a oportunidade de receber o ato que iniciou a instância, ou ato equivalente, em
tempo útil para apresentar a sua defesa, ou enquanto não se verificar que para o efeito foram efetuadas todas as dili-
gências".
E por ato que iniciou a instância deve entender-se todo aquele ato ou atos que dão a possibilidade ao requerido de
fazer valer os seus direitos antes de ser proferida no estado de origem uma decisão com força executiva
Isto é, se o réu domiciliado num Estado-Membro não comparecer em tribunal, o tribunal deve verificar oficiosamente se
o réu teve a possibilidade de receber a citação ou ato equivalente, em tempo útil para apresentar a sua defesa; e,
enquanto não verificar que o réu recebeu o ato ou que para o efeito foram efetuadas todas as diligências, deve sus-
pender a instância.
É justamente a violação deste preceito que é sancionada, em sede de reconhecimento, com o fundamento de recusa
previsto no art.º 34.º, n.º 2.
Porém, sublinha-se, o próprio art.º 26.º, n.º 2 não exige que o réu tenha tido efetivo conhecimento da citação ou ato
equivalente em tempo útil; basta que lhe tenha sido dada oportunidade de receber a citação ou ato equivalente, cor-
rendo por sua conta os atrasos causados pela sua própria negligência ou pela dos seus colaboradores.
O tribunal pode condenar o réu à revelia mesmo que não possa ser apresentada nenhuma certidão que prove que o
réu foi notificado do ato que iniciou a instância, desde que se prove que para o efeito foram efetuadas todas as diligên-
cias junto das autoridades competentes do Estado em cujo território se situa o domicílio do réu, de modo a contactar
esse réu em tempo útil
Factos a alegar na dita Ação Declarativa de Reconhecimento de Decisão Estrangeira pelo Ministério Público:
• Os referentes à decisão:
– Todos aqueles donde decorre que a decisão tem força executiva e cumpre os requisitos impostos pelo
instrumento internacional que se invoca;
• Trânsito em julgado
• Mesmo sem trânsito, desde que no Estado requerente tenha conferido força executiva à decisão.
Pedido:
A nossa posição:
Nos termos do art.º 33.º do Regulamento, o reconhecimento da sentença estrangeira é automático ou ipso
iure; depois de noutro Estado-membro "ter sido declarada executória, a requerimento de qualquer parte inte-
ressada" (cf. art.º 38.º, n.º 1, do Reg. Bruxelas I)".
Tornando-se necessária a declaração de executoriedade, o Regulamento não exigia qualquer ação judicial
autónoma para o efeito, mas apenas um requerimento, um pedido de declaração de executoriedade.
No Código de Processo Civil e na lei portuguesa não se prevê qualquer ação especial para o efeito.
A declaração de executoriedade era dada após um simples controlo formal e o próprio art.º 41.º do Regula-
mento determinava que "a decisão será imediatamente declarada executória quando estiverem cumpridos os
trâmites previstos no artigo 53.º, sem verificação dos motivos referidos nos artigos 34.º e 35.º"; isto é, havia
como que uma presunção favorável ao reconhecimento.
Aliás, sendo um procedimento não contraditório em que a parte requerida não podia apresentar observações
(art.º 41.º), não se vê a utilidade da propositura de qualquer ação autónoma de caráter declarativo, tratando-se
de cobrar alimentos devidos a menor, uma vez que as execuções respetivas correm nas Secções da Instância
Central de Família e de Menores.
Assim, o Ministério Público deveria instaurar a execução e pedir na execução, como preliminar ao seu pros-
seguimento, a declaração de executoriedade, havendo recurso da decisão sobre o pedido de declaração de
executoriedade, e não embargos, ao abrigo do art.º 43.º, n.º 1, do Regulamento em causa.
A burocracia dos tribunais, porém, depressa se encarregou de inventar uma ação…sem refletir adequadamen-
te sobre o que se pretendia: um mero controlo formal.
3) A partir de 30-01-2009 até 30-07-2014 (Regulamento (CE) n.º
4/2009, de 18 de Dezembro)
Pedido incidental:
• Declaração de que a decisão tem força executória.
O requerido não pode intervir nesta fase, mas esta decisão admite recurso, e
não embargos, a interpor no prazo de 30 ou 45 dias, consoante o requerido
tenha ou não a sua residência habitual no EM onde corre a ação – art.º 32.º
n.º 5
→ Decisões proferidas nos Estados-Membros vinculados pelo Protocolo da Haia de 2007: Supressão
do exequatur (Secção 1 do Capítulo IV - artigos 17.º a 22.º)
→ Decisões proferidas nos Estados-Membros não vinculados pelo Protocolo da Haia de 2007: Decla-
ração de executoriedade (Secção 2 do Capítulo IV - artigos 23.º a 38.º)
No caso do Reino Unido é importante ter em consideração a reserva feita no que respeita às despesas
com o processo, ou seja, podendo beneficiar de apoio judiciário, é importante que o requeira em Portugal para
efeitos de acionar os mecanismos de cobrança, pois no Reino Unido cobram os custos do processo.
O Reino Unido não está vinculado pelo Protocolo de Haia de 2007, pelo que não existe supressão de
exequátur. Mas o reconhecimento e a declaração de força executiva da decisão, nos termos do disposto no
art.º 26.º e cons. 26, ficam a cargo da DGAJ.
No caso do Reino Unido deve usar-se sempre os anexos II e VI do Regulamento (CE) Nº 4/2009 do Con-
selho, de 18 de Dezembro de 2008, relativo à competência, à lei aplicável, ao reconhecimento e à execução das
decisões e à cooperação em matéria de obrigações alimentares. Para o efeito, consulte o seguinte linK:
http://www.cji-dgaj.mj.pt/Paginas/documentosr4_antes.aspx
Nota: o artigo 1.º do Regulamento de Execução (UE) 2015/228 da Comissão, de 17 de fevereiro de 2015, substi-
tuiu os anexos I a VII do Regulamento (CE) n.º 4/2009 do Conselho relativo à competência, à lei aplicável, ao
reconhecimento e à execução das decisões e à cooperação em matéria de obrigações alimentares (JOUE 20
fevereiro).
Nota: Vide alínea d) do n.º 13.A.6 do anexo do Regulamento (UE) n.º 517/2013 do Conselho, de 13 de maio de
2013, que adapta determinados regulamentos e decisões nos domínios da livre circulação de mercadorias,
livre circulação de pessoas, direito das sociedades, política da concorrência, agricultura, segurança alimentar,
legislação veterinária e fitossanitária, política de transportes, energia, fiscalidade, estatísticas, redes transeu-
ropeias, sistema judiciário e direitos fundamentais, justiça, liberdade e segurança, ambiente, união aduaneira,
relações externas, política externa, de segurança e de defesa e instituições, devido à adesão da República da
Croácia (JOUE 10 junho), que altera os anexos I a VII.
Nota: o Regulamento (EU) n.º 1142/2011, de 10 de novembro estabelece os anexos X e XI do Reg CE n.º 4/2009
relativo à competência, à lei aplicável, ao reconhecimento e à execução das decisões e à cooperação em maté-
ria de obrigações alimentares
Nota: Dec 2009/451/CE, de 8 de junho (intenção do Reino Unido de aceitar o Reg CE n.º 4/2009 relativo à com-
petência, à lei aplicável, ao reconhecimento e à execução das decisões e à cooperação em matéria de obriga-
ções alimentares)
Nota: conjugar com o Protocolo de Haia, de 23 de novembro de 2007 (lei aplicável às obrigações alimentares),
em relação a Estados vinculados pelo mesmo.
Estados a que se aplica: Estados Membros da EU, com exceção da Dinamarca, ao qual se aplica a Convenção de Nova Iorque
Certidão da sentença ou decisão que fixa os alimentos com a menção de que a mesma
foi notificada às partes e de que transitou em julgado, salvo tratando-se de alimentos
provisórios (a solicitar no Tribunal ou na Conservatória)
Dados bancários
Formulário em EXCEL
Procuração passada à Autoridade Central requerida:
A extrair de:
http://www.cji-dgaj.mj.pt/Paginas/documentosr4_antes.aspx
Certidão da sentença ou decisão que fixa os alimentos com a menção de que a mesma
foi notificada às partes e de que transitou em julgado, salvo tratando-se de alimentos
provisórios (a solicitar no Tribunal ou na Conservatória)
Dados bancários
Formulário em EXCEL
Transcrição parcial:
Logo, fácil é de concluir que a mesma carece de força executiva por falta da respetiva decla-
ração de executoriedade”.
(…)
Assim:
(Considerando 9) «Um credor de alimentos deverá poder obter facilmente, num Estado-
Membro, uma decisão que terá automaticamente força executória noutro Estado-Membro
sem quaisquer outras formalidades».
(Considerando 22) «A fim de assegurar a cobrança rápida e eficaz de uma prestação de ali-
mentos e prevenir os recursos dilatórios, deverá, em princípio, ser atribuída força executó-
ria provisória às decisões em matéria de obrigações alimentares proferidas num Estado-
Membro. É, pois, conveniente prever no presente regulamento que o tribunal de origem de-
va poder declarar a decisão executória a título provisório, mesmo que o direito nacional não
preveja a força executória de pleno direito e mesmo que tenha sido ou possa ainda vir a ser
interposto recurso da decisão, nos termos do direito nacional».
(Considerando 24) «As garantias proporcionadas pela aplicação das normas de conflito de
leis deverão justificar que as decisões em matéria de obrigações alimentares proferidas num
Estado-Membro vinculado pelo Protocolo da Haia de 2007 sejam reconhecidas e tenham
força executória em todos os outros Estados-Membros, sem necessidade de qualquer outra
formalidade e sem qualquer forma de controlo quanto ao fundo no Estado-Membro de exe-
cução».
(Considerando 44) «O presente regulamento deverá alterar o Regulamento (CE) n.º 44/2001
substituindo as disposições desse regulamento aplicáveis em matéria de obrigações alimen-
tares. Sob reserva das disposições transitórias do presente regulamento, os Estados-
Membros deverão, em matéria de obrigações alimentares, aplicar as disposições do presen-
te regulamento sobre a competência, o reconhecimento, a força executória e a execução das
decisões e sobre o apoio judiciário em vez das disposições do Regulamento (CE) n.º 44/2001
a contar da data de aplicação do presente regulamento».
São as seguintes as normas que ora importa realçar alusivas ao seu âmbito de aplicação e
definições.
SECÇÃO 1
1. As decisões proferidas num Estado-Membro vinculado pelo Protocolo da Haia de 2007 são
reconhecidas noutro Estado-Membro sem necessidade de recurso a qualquer processo e sem
que seja possível contestar o seu reconhecimento.
a) Uma cópia da decisão que reúna as condições necessárias para comprovar a sua autenti-
cidade;
b) O extrato da decisão emitido pelo tribunal de origem utilizando o formulário cujo modelo
consta do anexo I;
Uma decisão que tenha por efeito alterar, com base na alteração das circunstâncias, uma
decisão anterior em matéria de obrigações alimentares não é considerada uma decisão in-
compatível na aceção do segundo parágrafo.
1. A parte que pretenda invocar noutro Estado-Membro uma decisão reconhecida na aceção
do n.º 1 do artigo 17.º, ou nos termos da Secção 2, deve apresentar uma cópia dessa decisão
que reúna as condições necessárias para comprovar a sua autenticidade.
2. Se for caso disso, o tribunal perante o qual a decisão reconhecida for evocada pode pedir à
parte que pretenda invocar essa decisão que apresente um extrato emitido pelo tribunal de
origem utilizando o formulário constante, conforme o caso, do anexo I ou do anexo II.
O tribunal de origem deve emitir esse extrato igualmente a pedido de qualquer das partes
interessadas.
Uma decisão proferida num Estado-Membro não pode em caso algum ser revista quanto ao
mérito no Estado-Membro em que seja pedido o reconhecimento, a força executória ou a
execução.
Ora, atendendo ao que dispõe o Artigo 75.º do Regulamento de 2009 dúvidas não haverá
quanto à aplicação do referido Regulamento à execução em apreço.
Com efeito, nos termos do art. 75.º, n.º 1, do Regulamento, este só é aplicável, em regra, aos
processos já instaurados posteriormente à data da sua aplicação.
Ora, a secção 3 do capítulo IV do regulamento dispõe precisamente, no seu art.º 41.º, sobre o
processo e as condições de execução da decisão, sendo que o art.º 42.º proíbe qualquer revi-
são da sentença.
Assim, muito embora a sentença que prevê a obrigação de alimentos seja anterior à entrada
em vigor do regulamento, a execução dessa decisão ficará abrangida por esse regulamento à
luz dos arts. 41.º e 75.º, n.º 2, al. a), do regulamento.
A decisão aqui apresentada como título executivo, satisfaz as condições para ser encarada
como título executivo perante um Tribunal português, de molde a poder desencadear, nesta
jurisdição, um processo executivo, sem necessidade de ser sujeita ao processo de revisão
previsto no art.º 1094 e ss. do CPC (cf. artigos 978.º e seguintes do CPC Novo).
Assim, a sentença francesa junta aos autos constitui título executivo em Portugal, sem a pré-
via obtenção do correspondente exequatur.
Se for caso disso, o tribunal perante o qual a decisão reconhecida for evocada pode pedir à
parte que pretende invocar a decisão que apresente um extrato emitido pelo tribunal de
origem utilizando o formulário constante, conforme o caso, do anexo I ou do anexo II do Re-
gulamento citado. Não pode é obstar à sua execução.
Uma vez que as questões regidas pela Convenção são igualmente abrangidas pelo Re-
gulamento (CE) n.º 4/2009 do Conselho, de 18 de dezembro de 2008, relativo à compe-
tência, à lei aplicável, ao reconhecimento e à execução das decisões e à cooperação em
matéria de obrigações alimentares, a União decidiu, neste caso particular, assinar sozi-
nha a Convenção e declarar-se competente em relação a todas as matérias regidas pela
Convenção.
Suíça
Islândia
Noruega
Noruega
Suíça
Islândia
Instrução do Pedido:
ISLÂNDIA: Tramitação - Direta entre os Interessados
http://www.cji-dgaj.mj.pt/Paginas/terceiros.aspx
No âmbito dos Acordos Bilaterais com os PALOP não é possível solicitar a instau-
ração de uma ação para fixação de alimentos, a determinação da Maternida-
de/Paternidade, localização de paradeiro e obtenção de documentos.
Cabo Verde - Acordo Sobre Cobrança de Alimentos entre a República Portuguesa e a Repú-
blica de Cabo Verde, de 3 de março de 1982
São Tomé e Príncipe - Acordo sobre Cobrança de Alimentos entre a República Portuguesa e
a República Democrática de S. Tomé e Príncipe - Decreto n.º 44/84, de 1/8
Requerimento
Certidão da sentença ou decisão que fixa os alimentos com a menção de que a mesma foi notificada às partes e de que transi-
tou em julgado (salvo tratando-se de alimentos provisórios)
Dados bancários.pdf
http://www.cji-dgaj.mj.pt/Paginas/terceiros_2.aspx
- Para não atrasar o processo, o juiz deve convidar as partes para que escla-
reçam se aceitam participar desde logo numa conferência de pais, onde pode
ser obtido acordo, sem prejuízo do direito de recurso do art.º 33.º;
De forma muito genérica, em matéria civil e comercial, para a cobrança de custas no espa-
ço da União Europeia, pode optar-se, em alternativa, por usar um dos três instrumentos
legais de cooperação seguintes:
III. O Regulamento (CE) Nº 805/2004, de 21 de abril de 2004, que cria o título execu-
tivo europeu para créditos não contestados (cf. os Anexos I a VI do Regulamento
(CE) 805/2004 foram substituídos pelo Regulamento CE n.º 1869/2005, de 16 de
novembro).
Para que uma decisão que condene em custas seja certificada como Título Executivo Euro-
peu têm de se verificar o preenchimento das condições previstas no artigo 6.º, que prevê,
entre outros requisitos cumulativos, que o crédito não tenha sido contestado e o devedor
seja consumidor.
O artigo 7.º deste Regulamento dispõe que «Sempre que uma decisão inclua uma decisão
com força executória sobre o montante dos custos das ações judiciais, incluindo as taxas de
juro, essa decisão será certificada como Título Executivo Europeu igualmente no que respeita
aos custos, a não ser que o devedor tenha especificamente contestado a sua obrigação de
suportar esses custos durante a ação judicial, em conformidade com a legislação do Estado-
Membro de origem.» Poder-se-ia sustentar a sua aplicabilidade a todos os casos de deci-
sões judiciais, o que a letra da lei não proíbe, mas a interpretação que vem sendo feita,
segundo o Ponto de Contacto, é a de restringir aos casos visados diretamente pelo Regu-
lamento em causa – consumidores.
1. Nos termos do artigo 32.º considera-se decisão qualquer decisão proferida por
um tribunal de um Estado-Membro independentemente da designação que lhe seja dada,
tal como acórdão, sentença, despacho judicial ou mandado de execução, bem como a fixa-
ção pelo secretário do tribunal do montante das custas do processo.
2. Nos termos do artigo 38.º, se a decisão for exequível em Portugal sê-lo-á também
noutro Estado-Membro se o requerente pedir nesse Estado a declaração de executorieda-
de. Assim, terá de ser requerida no país requerido (ex.: França), o reconhecimento e
a declaração de executoriedade da decisão de custas em questão proferida em Por-
tugal.
· uma cópia da decisão (que satisfaça as condições necessárias para atestar a sua
autenticidade) e
· a certidão acima referida (art.º 39.º, n.º 1, art.º 40.º, n.º 3, e art.º 53.º),
http://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlascivil/html/rc_jccm_courtsapplication_p
t.jsp?countrySession=2&#statePage1
1. Nos termos do artigo 32.º considera-se decisão qualquer decisão proferida por um
tribunal de um Estado-Membro, independentemente da designação que lhe for dada, tal
como acórdão, sentença, despacho judicial ou mandado de execução, bem como as deci-
sões de fixação do montante das custas do processo pela secretaria do tribunal.
2. Nos termos do art.º 24.º, n.º 5, os tribunais do Estado-Membro do lugar da execução têm
competência exclusiva, independentemente do domicílio das partes.
5. As notificações dos Estados-Membros a título dos artigos 75.° e 76.° do Regulamento n.°
1215/2012 figuram no Portal Europeu da Justiça.
8. Nos termos do artigo 36.º, n.º 1, do Regulamento, as decisões proferidas num Estado-
Membro são reconhecidas nos outros Estados-Membros sem quaisquer formalidades.
9. Nos termos do artigo 39.º, se a decisão for exequível em Portugal sê-lo-á também
França, sem que seja necessária qualquer declaração de executoriedade.
10. Para efeitos da execução no estrangeiro, por exemplo em França, de uma decisão pro-
ferida noutro Estado-Membro, o requerente deve facultar às autoridades de execução
competentes:
12. Se for requerida a execução de uma decisão proferida noutro Estado-Membro, a certi-
dão emitida nos termos do artigo 53.o é notificada à pessoa contra a qual a execução é re-
querida antes da primeira medida de execução. A certidão deve ser acompanhada da deci-
são se esta ainda não tiver sido notificada a essa pessoa. (artigo 43.º, n.º 1).
13. O processo de execução de decisões proferidas noutro Estado-Membro rege-se pela lei
do Estado-Membro requerido (artigo 41.º, n.º 1).
2. Uma decisão que tenha sido certificada como Título Executivo Europeu no Estado-
Membro de origem (Portugal) será reconhecida e executada no outro Estado-Membro (em
Espanha) sem necessidade de declaração da executoriedade ou possibilidade de contesta-
ção do seu reconhecimento.
Em conclusão:
A)
- Fora dos países da União Europeia (onde não é possível recorrer ao instrumento
do título executivo europeu), a eventual cobrança de custas processuais contínua
dependente dos procedimentos diplomáticos do “exequatur”, de acordo com crité-
rios de índole político-governamental, não detendo aí o Ministério Público qualquer
legitimidade para promover a sua execução. Assim, sendo-lhe entregues certidões
para instauração de execução por custas, devem elas ser enviadas ao Ministério da
Justiça para os efeitos necessários, pela via hierárquica.
NOTA:
Sobre o assunto:
Processo: 225-C/1998.C1
Sumário:
tos (CE) nºs 1347/2000 e 2201/2003, refere-se em exclusivo à dissolução do vínculo matrimonial.
rida por um tribunal francês que fixe uma indemnização decorrente do decretamento do divórcio, não
é abrangida por qualquer desses Regulamentos, não sendo objeto de reconhecimento automático, não
constituindo, essa parte da sentença francesa, título executivo em Portugal, sem a prévia obtenção do
correspondente exequátur.
as condenações em custas proferidas nas ações de divórcio por eles abrangidas, permitindo, assim, a
instauração de um processo executivo em Portugal, assente numa condenação em custas proferida por
re Civile francês, constitui, nesse direito processual, uma condenação em custas (paralela da condena-
ção em procuradoria por um tribunal português), sendo exequível em Portugal ao abrigo de qualquer
MODELO 1
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos artigos 35.ºº e segs. e 43.º, n.º 1, do
Regime Geral do Processo Tutelar Cível, e 3.º, n.º 1, al. p), e 5.º, n.º 1, al. g), do Estatuto do
Ministério, vem propor
Contra:
J…; e
M…,
1.º
O requerente pretende ver regulado o exercício das responsabilidades parentais
em relação ao menor D…, nascido a .../…/…, em … (Doc.1).
2.º
O menor é filho dos requeridos (Doc. 1).
3.º
Os requeridos não são casados entre si.
4.º
O menor reside com a requerida.
5.º
Os requeridos não estão de acordo sobre a forma do exercício das responsabilida-
des parentais.
6.º
Impõe-se, assim, fixar os termos em que o exercício das responsabilidades paren-
tais deverá ser exercido.
O Procurador da República
MODELO 2
URGENTE
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos artigos 28.º, 13.º, 35.º e segs. e 43.º,
n.º 1, Regime Geral do Processo Tutelar Cível, e 3.º, n.º 1, al. p), e 5.º, n.º 1, al. g), do Es-
tatuto do Ministério, vem propor
Contra:
J…; e
M…,
1.º
A menor é filha dos requeridos, os quais são casados um com o outro – cf. docu-
mentos juntos sob os nºs.1 e 2.
2.º
Na sequência de desentendimento conjugal registado na passada quarta-feira, o
requerido adquiriu bilhetes de avião para o voo da TAP que se realizará às 15 horas do dia
de hoje com destino ao Rio de Janeiro, pretendendo levar consigo a menor, o que conta
com a oposição da requerida.
3.º
Com efeito, a requerida teme que o requerido concretize as ameaças que vem fa-
zendo de se ausentar em definitivo na companhia da criança para país estrangeiro, colo-
cando a filha fora do alcance da progenitora e inviabilizando que a criança mantenha con-
tactos com aquela última.
4.º
Deve pois, o exercício das responsabilidades parentais ser regulado de acordo com
o interesse da menor, segundo circunstâncias a averiguar.
5.º
Reveste urgência, no quadro acabado de descrever, a fixação de um regime provi-
sório que acautele adequadamente os interesses da criança, face ao clima de desentendi-
mento reinante entre os requeridos, capaz de comprometer o bem-estar integral daquela.
O Procurador da República
MODELO 3
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos artigos 6º, al. c), 40º, n.ºs 1 e 5, do
Regime Geral do Processo Tutelar Cível, e dos artigos 1907.º do Código Civil e 3.º, n.º 1, al.
p), e 5.º, n.º 1, al. g), ambos do Estatuto do Ministério Público, vem requerer a instauração
da presente
Em benefício da menor:
Diana …,
Contra:
.José e
.Maria,
casados, residentes na rua …,
1.º
A menor Diana é filha dos requeridos (documento n.º 1).
2.º
Os requeridos apresentam atraso cognitivo que afeta a sua capacidade de exercício
das responsabilidades parentais.
3.º
Desde o nascimento da Diana que a mesma vive com o avô materno.
4.º
Os requeridos revelam muitas dificuldades na gestão das atividades da vida diária,
tendo sido sinalizados ao Projeto CLDS+ para intervenção do Centro de Apoio Familiar de
Proximidade, com o objetivo de se intervir na organização e higiene do espaço habitacio-
nal, não tendo sido possível qualquer intervenção por falta de colaboração e envolvimento
da família.
5.º
A mãe da menor tem 34 anos de idade, recebe a título da sua incapacidade um sub-
sídio mensal vitalício de 176,76 € e uma pensão de sobrevivência de 113,51 € de sua mãe
adotiva, Maria da Conceição Ribeiro Peralta, já falecida, sendo seu «procurador» na Segu-
rança Social o avô materno da menor, pai adotivo da mãe desta.
6.º
O pai da menor encontra-se desempregado, sem registo de salários no sistema de
Segurança Social, realizando pequenos trabalhos que lhe sejam solicitados, sem qualquer
relevância económica.
7.º
A menor viveu sempre aos cuidados do avô materno, tendo sido confiada ao mes-
mo no processo de promoção e de proteção …/… a correr termos na CPCJ de …, não exis-
tindo outros apoios na família alargada.
8.º
A situação económica do avô materno é desafogada e permite que este assegure à
menor todo o apoio económico necessário.
9.º
A menor apresenta-se cuidada e feliz junto deste,
10.º
mantendo o convívio com os pais,
11.º
existindo um bom relacionamento entre todos.
12.º
Por conseguinte, nenhum dos progenitores da menor se encontra em condições de
cumprir a totalidade dos seus deveres para com a menor, devendo o exercício das respon-
sabilidades parentais ser confiado em exclusivo ao avô materno José M...
13.º
Deve ser estabelecido um regime de visitas livre e amplo da menor aos pais, de
modo a manter e solidificar o relacionamento entre todos, podendo os pais da menor con-
viver com ela sempre que queiram, sem prejuízo das orientações educativas do avô ma-
terno.
14.º
Os pais da menor não têm capacidade de pagar alimentos e o avô não necessita de
apoio económico deles.
Termos em que se requer que, D. e A., a presente ação, se citem os requeridos para
uma conferência de pais, com a presença do avô materno e das Dr.ªs Filipa… ou Teresi-
nha…, responsáveis pelo acompanhamento do processo de promoção e de proteção na
CPCJ de …, tendo em vista a formalização de acordo no sentido de se:
O Procurador da República
A.2. Ação de Incumprimento da Prestação de Alimentos
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos artigos 41º, n.º 1, do Regime geral do
processo Tutelar Cível, e 3.º, n.º 1, al. a), e 5.º, n.º 1, al. c), do Estatuto do Ministério Públi-
co, vem propor,
Contra
António, residente na …,
1.º
O menor Igor nasceu no dia …/…/…
2.º
A menor Marta nasceu no dia …/…/…
3.º
São ambos filhos do requerido e de Luísa (documentos nºs 1 e 2), residindo com a
mãe, no …
4.º
Por decisão proferida em …/…/…, no processo de divórcio por mútuo consentimento
que correu os seus termos na Conservatória do Registo Civil da …, sob o n.º …, foi decreta-
do o divórcio do requerido e de Luísa e foram homologados os acordos quanto à regulação
do exercício das responsabilidades parentais dos filhos menores e quanto à casa de mora-
da de família (documento n.º 3).
5.º
No acordo quanto à regulação do exercício das responsabilidades parentais ficou as-
sente que os menores Igor e Marta ficavam à guarda e cuidados da mãe, a quem competia
o exercício das responsabilidades parentais, foi estabelecido um regime de visitas e o pai,
aqui requerido, ficou obrigado a contribuir com a quantia mensal de € 75 por cada menor,
no valor global de € 150 (cento e cinquenta euros), a pagar através de transferência ban-
cária ou depósito em conta bancária titulada por LA, até ao dia 5 do mês a que disser res-
peito.
6.º
Sucede que o requerido não efetuou nenhuma transferência bancária ou depósito em
conta bancária titulada por Luísa.
7.º
Pelo que, na presente data, a quantia total em dívida ascende a 1.950 € (mil novecen-
tos e cinquenta euros).
O Procurador da República
A.3. Ação de Incumprimento da Prestação de Alimentos
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos artigos artigo 41.º, n.º 3, Regime Ge-
ral do Processo Tutelar Cível, e 3.º, n.º 1, al. a), e 5.º, n.º 1, al. c), do Estatuto do Ministério
Público, vem propor,
Contra
1.º
O menor Gonçalo…, nasceu no dia …/…/…, é filho do requerido e de Adelai-
de…(documento n.º 1) e reside com a mãe, na rua …, em ….
2.º
Por decisão proferida em …/…/…, no processo de divórcio por mútuo consentimento
que correu os seus termos na Conservatória do Registo Civil de …, sob o n.º 12 do ano de
…, foi decretado o divórcio do casal e foi homologado o acordo quanto à regulação do exer-
cício das responsabilidades parentais do filho menor supraidentificado (documento n.º 2).
3.º
No acordo quanto à referida regulação ficou assente que o menor ficava à guarda e
cuidados da mãe, a quem competia o exercício das responsabilidades parentais, foi estabe-
lecido um regime de visitas e o pai, aqui requerido, ficou obrigado a contribuir com a
quantia mensal de € 250 (duzentos e cinquenta euros), a atualizar de acordo com o coefi-
ciente inflacionário a publicar por portaria, e ainda com metade do valor das despesas não
suportadas pelos Serviços Sociais do Ministério da ….
4.º
Sucede que o requerido não efetuou o pagamento dos alimentos de 01-01-2008 a 31-
07-2008, no valor global de 1.500€ (mil e quinhentos euros),
5.º
não tendo pago também os alimentos de 01-04-2009 a 31-07-09, no valor global de
1.000€ (mil euros),
6.º
tendo pago apenas 85 € (oitenta e cinco euros) em abril de 2009.
7.º
Pelo que, até ao mês de julho de 2009, inclusive, a quantia total em dívida ascende a
2.415€ (dois mil e setecentos euros), sem contar com a atualização que teve lugar em ja-
neiro de 2009.
8.º
O pai do menor trabalha no restaurante “F…H..”, sito na Avenida…, em….
9.º
Importa determinar nos autos, para além do pagamento devido, acrescido de juros
de mora vencidos e vincendos e compulsórios vencidos e vincendos, estes à taxa de 5% ao
ano, nos termos do art.º 829.º-A, n.º 4, do Cód. Civil, o desconto da prestação de alimentos
no salário do requerido, nos termos do art.º 48.º1, al. b), e 2, do Regime Geral do Processo
Tutelar Cível, porquanto decorreu por diversas vezes o prazo de 10 dias de tal dispositivo
legal, sem que nada fosse pago.
O Procurador da República
A.4. Ação de Alteração da Regulação do Exercício das Responsabilidades Parentais
de …
Comarca de …
O Ministério Público junto deste Tribunal vem, nos termos do artigo 42.º, n.º 1, do
Regi-me Geral do Processo Tutelar Cível, intentar
contra:
- Joaquim …
- Judite …
1.º
2.º
O jovem ficou a viver com a mãe, com exercício conjunto das responsabilidades pa-
rentais em relação às questões de particular importância, fixando-se um regime de conví-
vios com o pai e ficando este vinculado a pagar 75 € de alimentos ao filho, pois suportaria
também igual prestação em relação a filha já maior de idade e que se encontra já a traba-
lhar.
3.º
4.º
O requerido aufere subsídio de férias por inteiro e seria mais funcional a fixação de
uma quantia fixa por conta do referido subsídio como prestação complementar a título de
sustento, de valor não inferior a 150 € (cento e cinquenta euros), desonerando-se o mes-
mo das referidas despesas, à exceção das que se relacionassem com próteses, aparelhos
dentários, aparelhos auditivos, intervenções cirúrgicas, lentes e óculos, que seriam
suportadas na proporção de metade por cada progenitor, na parte não compartici-
pada, devendo ser comunicadas ao progenitor devedor no prazo máximo de 30 dias,
acompanhadas de apresentação das faturas respetivas, a emitir em nome do menor,
sendo pagas em idêntico prazo por transferência bancária.
5.º
Valor este que passaria a ser de 200 € (duzentos euros) caso o requerido auferisse
também o subsídio de Natal por inteiro, sendo 100 € (cem euros) por conta de cada subsí-
dio.
6.º
Acontece ainda que o valor dos alimentos – 75 € (setenta e cinco euros) - é muito
baixo e não conforme ao rendimento líquido do requerido, que aufere 1.322,87 € mensais,
isto apesar de ter uma filha menor, Maria Cristina, nascida a …/…/…, em …, e a sua esposa
se encontrar grávida, prevendo-se o nascimento de mais uma criança.
7.º
8.º
Acontece ainda que existem sinais de que o Pedro Miguel foi afastado do convívio
do pai, não aceitando de forma injustificada a retoma desse convívio, sendo importante
adequar o regime de convívios a esta realidade, acionando-se a audição técnica especiali-
zada (cf. art.º 23.º do R.G.P.T.C.), que permita a reaproximação entre o pai e filho, com ma-
nifesta vantagem para este, que também deve conviver com os seus irmãos consanguíneos.
Pelo exposto, requer-se a V. Ex.ª que, nos termos do art.º 42.º, n.º 2, al.ª b), do
R.G.P.T.C., autuada a presente ação por apenso à Ação de Regulação do Exercício das
Responsabilidades Parentais n.º …, da 3.ª Secção de Família e de Menores (Juiz 2), da
Instância Central de … - Comarca de …, a distribuir previamente nesta 2.ª Secção de
Família e de Menores, devendo ser requisitada para o efeito:
(NOME,
Procurador da República)
A.5. Ação de Limitação do Exercício das Responsabilidades Parentais
Em benefício da menor:
AE…
Contra:
SE …,
FF …
1.º
A menor AE nasceu no dia 18 de setembro de 1996 e é filha dos réus (documento
n.º 1).
2.º
Os réus não casaram um com o outro e a menor reside, desde bebé, com os avós
maternos – AE e ME – e com duas tias e um tio maternos,
3.º
Numa casa que dispõe de cozinha, 3 quartos e uma casa de banho,
4.º
Na qual partilha um dos quartos com as tias, dispondo de cama própria.
5.º
Até ao final do mês de outubro de 2007, SE (mãe da menor) e o seu marido residi-
ram num anexo junto à casa dos avós de A, dispondo de um quarto e uma cozinha.
6.º
Atualmente residem em …
7.º
O padrasto da A tem hábitos alcoólicos e fala com rispidez,
8.º
Razão pela qual a menor sente medo de estar com ele.
9.º
A mãe da menor mostrou vontade de levar a menor para viver consigo e com o seu
marido, o que colocaria a menor numa situação de perigo, face à incapacidade que revelou
para zelar pela segurança e saúde da menor, o que a determinou a entregar a menor aos
avós maternos desde bebé.
10.º
A menor não tem quaisquer contactos com o pai, o aqui réu FF, que não a procura.
11.º
Por conseguinte, nenhum dos progenitores da menor se encontra em condições de
cumprir a totalidade dos seus deveres para com a menor.
12.º
O rendimento do agregado onde a menor está inserida é constituído pelo venci-
mento do avô AE, no valor de € 450 (quatrocentos e cinquenta euros).
13.º
Ao nível escolar, a menor apresenta um bom desempenho, é cumpridora, revela
gosto pela escola, não teve dificuldades de integração pese embora num primeiro momen-
to se mostrasse introvertida, é meiga, prestável e correta.
14.º
Foi instaurado processo de promoção e proteção, com o n.º …, do 1.º Juízo deste
Tribunal, relativo à menor A, porém, considerando que as medidas de promoção e prote-
ção têm uma duração máxima e visam pôr cobro a uma situação de perigo (v. artigos 3.º,
nºs 1 e 2, 35.º, à exceção da al. g) do n.º 1, 60.º e 61.º da Lei de Proteção de Crianças e Jo-
vens em Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro), é necessário definir a
situação futura da A e assegurar que a menor beneficia de orientação psicopedagógica e de
apoio que permitam um adequado desenvolvimento, acompanhamento, supervisão e es-
tabilidade, o que só será possível com a adoção de uma providência tutelar cível.
15.º
Deve ser estabelecido um regime de visitas da menor aos pais, sobretudo à mãe, de
modo a manter e solidificar o relacionamento entre ambas.
16.º
Os pais da menor devem ficar obrigados a suportar o montante que vier a ser fixa-
do a título de alimentos.
O Procurador da República
A.6. Ação Tutelar Comum - Instituição de Tutela
O Ministério Público vem, ao abrigo do disposto nos artigos 3.º, al. a), 6.º, al.ª a), e
67.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível, 3.º, n.º 1, al. p), e 5.º, n.º 1, al. g), do Estatu-
to do Ministério, e artigos 124.º, 1921.º, n.º 1, als. c), 1923.º, n.º 1, 1927.º e 1931.º do Códi-
go Civil, propor
em benefício da menor:
1.º
A Vanessa … é filha de Maria …, divorciada, residente em parte incerta, com último
endereço conhecido em …, constando também do seu assento de nascimento que é filha de
Custódio …, divorciado, pedreiro e residente na rua …, em …,
2.º
O averbamento de paternidade esse que apenas foi efetuado com base na presun-
ção do artigo 1826.º, n.º 1, do Código Civil, posto que, na altura, a mãe da menor era casada
com o Custódio … e não afastou tal presunção,
3.º
Tendo sido interposta ação de impugnação de paternidade em representação da
menor, que deu lugar à Ação Ordinária n.º …/…, do … Juízo deste Tribunal Judicial de …,
onde a menor é representada pela sua avó materna Lurdes …, casada, residente ...
4.º
O Custódio … não reconhece a paternidade da menor,
5.º
E a Maria … atribui a paternidade da menor a um tal António …, residente em …
6.º
A menor Vanessa … foi entregue pela mãe aos cuidados de Margarida … , viúva, re-
formada, residente em …, com três meses de idade,
7.º
Ausentando-se para parte incerta desde então
8.º
E nunca mais visitando ou contactando a menor.
9.º
Desde os referidos três meses de idade que tem sido, pois, a Margarida … a cuidar
da menor, alimentando-a, vestindo-a, ensinando-a a andar, a falar, a comer e assim se es-
tabelecendo entre ambas uma relação em tudo idêntica à que os pais têm com os seus fi-
lhos.
10.º
Os familiares da mãe da menor também nunca a procuraram, salvo raras visitas
realizadas há muito pelo avô materno, o qual, entretanto, deixou de aparecer em casa da
Margarida …,
11.º
Desinteressando-se da situação da sua neta.
12.º
O Custódio … ou a sua família nunca se interessaram pela situação da menor e pe-
los motivos já indicados.
13.º
O António … é pessoa desconhecida da menor.
14.º
A menor, por outro lado, não chegou a conhecer a mãe.
15.º
A Vanessa … frequenta desde setembro o 1º ano de escolaridade da escola Básica
do …, no período da tarde,
16.º
Sendo a Margarida … ou o seu filho Gustavo …, solteiro, segurança, com esta última
residente, de 48 anos de idade, que a vão levar e buscar à escola.
17.º
Até hoje a menor é assídua e pontual,
18.º
Com um rendimento escolar adequado.
19.º
A Vanessa … encontra-se inscrita no Centro de Saúde de …, sendo acompanhada
pela médica de família Dr.ª …,
20.º
Apresentando um desenvolvimento normal para a sua idade.
21.º
A Margarida … é pessoa estimada pelos seus vizinhos e pessoas que a conhecem,
22.º
Tendo acolhido várias crianças na situação da Vanessa …,
23.º
A quem providenciou pelos cuidados necessários ao seu crescimento em segurança
e com carinho,
24.º
Tendo todos uma grande adoração por ela,
25.º
Mantendo relações de afetividade mesmo depois de se autonomizarem.
26.º
Não obstante a idade da Margarida …, o certo é que foi a única “mãe” que a menor
realmente teve.
27.º
Na residência onde a menor e a Margarida … habitam residem também o Gustavo
… e Luísa …, solteira, doméstica,
28.º
Que conhecem a menor desde sempre e têm por ela grande amor e carinho, sendo
figuras gratas à menor, em especial o Gustavo …, seu padrinho.
29.º
Impõe-se assim a nomeação judicial de pessoa que represente a menor e zele pelos
seus interesses, defendendo-os, ou seja, a nomeação de tutor à menor,
30.º
Constituído que seja e ouvido o Conselho de Família,
31.º
Tudo nos termos das disposições conjugadas dos artigos 1951.º, 1952.º, n.º 2, e
1931.º, todos do Código Civil.
**
**
O Procurador da República
A.7. Tutela de menores confiados a estabelecimento de educação ou assistência
O Magistrado do Ministério Público junto deste Tribunal , vem nos termos dos arts.
3.º, al. a), e 67.º do Regime Geral do Processo Tutelar Cível, 3.º n.º 1, al. p), e 5º, n.º 1, al. g),
ambos do Estatuto do Ministério Público, e 1921.º, n.º 1, al. c), 1923.º, 1962.º, nºs 1 e 2,
do Código Civil, propor
em benefício do menor :
1.º
O menor nasceu em …, na freguesia de … e é filho de Isabel …. - doc. nº 1.
2.º
O pai do menor é desconhecido, encontrando-se omissa a paternidade no assento
de nascimento do menor. - doc. nº 1.
3.º
O Ricardo encontra-se acolhido no Lar ..., desde …,
4.º
Sendo esta instituição que cuida do menor, assegurando-lhe os cuidados básicos
inerentes ao seu desenvolvimento, desde essa altura.
5.º
A mãe do menor, portadora de deficiência mental, foi expulsa de casa dos progeni-
tores quando estes tiveram conhecimento da sua gravidez.
6.º
Nesta sequência, Isabel passou a pernoitar pelas ruas, dormindo em matas e num
lagar, situação que se manteve até ao nascimento do Ricardo.
7.º
Dada a ausência de suporte familiar, após o nascimento do menor Ricardo, surgiu a
necessidade de acolher mãe e filho numa instituição.
8.º
O que veio a acontecer, ficando este no Lar ...
9.º
Posteriormente, o menor Ricardo passou a ser acolhido no lar …
10.º
Onde se encontra desde …, não tendo desde essa data visitas da mãe ou de qual-
quer outro familiar.
11.º
A mãe do menor demonstrou, durante os últimos 12 anos, um total alheamento e
indiferença perante o filho.
12.º
Desconhece-se o paradeiro da mãe, assim como de outros familiares.
13.º
Nos últimos tempos, o Ricardo apresenta atitudes comportamentais problemáti-
cas, indiciando uma tendência para atos delinquentes.
14.º
Não existe qualquer familiar em condições de exercer a tutela, designadamente
avós,
16.º
Uma vez que, também estes, sempre demonstraram um total alheamento pelo ne-
to.
17.º
Alheamento este bem patente desde a altura em que a mãe do Ricardo se encon-
trava grávida deste, e que se manteve até os dias de hoje.
18.º
Quando não exista pessoa em condições de exercer a tutela, o menor é confiado à
assistência pública.
19.º
Exercendo as funções de tutor o diretor do estabelecimento público ou particular,
onde tenha sido acolhido o menor (artigo 1962.º, nºs 1 e 2 do Código Civil).
20.º
Assim, deverá o cargo de tutor ser exercido por …, diretor do Lar …, onde o menor
se encontra desde ….
O Procurador da República
A.8. Ação de Inibição do Exercício das Responsabilidades Parentais
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos artigos 3.º, al. h), 6.º, al.ª h), 9.º e
52.º e ss do Regime Geral do Processo Tutelar Cível e dos artigos 1915º do Código Civil e
3.º n.º 1, al. p) e 5º, n.º 1, al. g) ambos do Estatuto do Ministério Público, vem requerer, por
apenso à Ação de Regulação do Exercício das Responsabilidades Parentais suprarreferida, a
instauração da presente
Contra:
Manuel…., residente …
1.º
A menor Carolina …, nasceu a …/…/…, e é filha de Manuel … e Maria … – cf. certidão
de nascimento que se junta como documento 1.
2.º
No âmbito da ação n.º …/…, foi homologado, em …/…/…, o respetivo acordo de re-
gulação do exercício das “responsabilidades parentais”, tendo a menor ficado à guarda e
cuidados da mãe – cf. doc. 2.
3.º
Por seu turno, fixou-se o seguinte regime de visitas da menor ao progenitor: “O pai
poderá estar com a menor aos Domingos, entre as 15.00 horas e as 17.00 horas, sem preju-
ízo de outro convívio solicitado pelo pai e dentro da disponibilidade da mãe e da menor.”
4.º
Sucede que, o pai da menor apenas esteve com a criança em dois fins de semana,
sendo que, desde fins de abril de 2002, nunca mais esteve com ela – cf. doc. 3.
5.º
Realizou-se nova conferência de pais, em 12 de junho de 2002, onde se tentou efe-
tuar acordo entre ambos os pais, o que não foi possível, e onde se solicitou ao IRS a elabo-
ração de relatório social sobre os progenitores da menor - cf. doc. 4.
6.º
No relatório social respeitante ao requerido é referido que este “não parece preo-
cupado com as necessidades da filha.” – cf. doc. 5.
7.º
Também ali é feita referência ao facto do requerido não ter procurado a filha, sen-
do que este não o faz por dificuldades de relacionamento com a requerida e a mãe desta.
8.º
Atenta a informação anterior, decidiu-se convocar o requerido para prestar decla-
rações acerca do seu não cumprimento do direito de visitas – cf. doc. 6.
9.º
Nessa medida, foi convocado para nova diligência, que teve lugar no dia 03 de de-
zembro de 2002, e onde o progenitor se comprometeu a cumprir o regime de visitas esti-
pulado o que iria começar a fazer no fim de semana seguinte – cf. doc. 7.
10.º
Contudo, o mesmo voltou a não exercer o seu direito de visitas em relação à menor
– cf. doc. 8.
11.º
Por essa razão, foi convocada nova conferência de pais, realizada em 6 de maio de
2003, tendo-se apurado que o progenitor da menor, desde março e até fins de abril de
2003, esteve com a menor, aos Domingos, durante cerca de três horas, num café da zona
da sua residência – cf. doc. 9.
12.º
Procedeu-se à realização de nova conferência de pais, a 26 de maio de 2003, onde o
progenitor se comprometeu, mais uma vez, a visitar a menor – cf. doc. 10.
13.º
No entanto, em janeiro de 2004, o pai ainda não havia exercido o seu direito de vi-
sitas – cf. doc. 11
14.º
Razão pela qual foi convocada nova conferência de pais realizada em 20 de feverei-
ro de 2004, onde, novamente, o progenitor se comprometeu a visitar a menor – doc. 12.
15.º
Sucede que, mais uma vez, o pai da menor nunca procurou estar com a menor, ten-
do sido marcada nova conferência de pais, a qual ocorreu a 03 de dezembro de 2004 e
onde referiu ter intenção de ver a filha – doc. 13 e 14.
16.º
O que nunca se verificou - doc. 15.
17.º
Realizou-se nova conferência, a 28 de janeiro de 2005, na qual alegou não ter cum-
prido as visitas por falta de meio de transporte, e que doravante já o poderia fazer – doc.
16.
18.º
Contudo, e como em dezembro ainda não havia visitado a menor, foi realizada nova
conferência de pais, onde o requerido, para além de ter confirmado não visitar a filha há
cerca de quatro anos e que durante um ano e meio não o fez porque não tinha transporte,
referiu não ter qualquer interesse em querer efetuar as visitas à menor - doc. 17 e 18.
19.º
Por esse motivo, decidiu-se conceder um prazo de 60 dias ao progenitor, findos os
quais o mesmo seria confrontado com a questão da necessidade de efetuar as visitas à sua
filha.
20.º
Decorrido tal prazo, o requerido reafirmou o seu desinteresse em estar com a sua
filha, não querendo estabelecer com esta qualquer tipo de contacto – doc. 19.
21.º
O requerido não demonstra qualquer preocupação pelo destino da sua filha, não
mais a procurando, visitando ou por ela mostrando qualquer interesse.
22.º
O requerido nunca pagou a pensão de alimentos nem contribuiu até ao presente
com qualquer montante para a subsistência e educação da filha, sendo o Fundo de Garan-
tia de Alimentos Devidos a Menores que o tem substituído nessa tarefa, embora sabendo
que a mãe da criança tem escassos proventos económicos - doc. 6.
23.º
O requerido não só infringiu culposamente o dever de visitas para com a filha, com
grave prejuízo desta, como intencionalmente se alheia e rejeita o seu poder-dever parental
com aquela, apesar de estar ciente das necessidades afetivas e de referência parental que a
criança necessita para o seu desenvolvimento harmonioso.
Nessa medida,
24.º
Deve o requerido ser inibido totalmente de exercer as responsabilidades parentais
relativamente à filha.
(nota: sendo indicado o menor como testemunha, aplicam-se as regras do art.º 5.º do
RGPTC, devendo requerer-se expressamente, para que não existam esquecimentos:
- a não utilização de traje profissional aquando da audição da criança;
- que a tomada de declarações seja realizada em ambiente informal e reservado,
com vista a garantir, nomeadamente, a espontaneidade e a sinceridade das respos-
tas, devendo a criança ser assistida no decurso do ato processual por um técnico
especialmente habilitado para o seu acompanhamento, previamente designado pa-
ra o efeito;
- que a inquirição seja feita pelo juiz, podendo o Ministério Público e os advogados
formular perguntas adicionais).
O Procurador da República
A.9. Ação de Inibição do Exercício das Responsabilidades Parentais
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos artigos 3.º, al. h), 6.º, al.ª h), 9.º e
52.º e ss do Regime Geral do Processo Tutelar Cível e dos artigos 1915º do Código Civil e
3.º, n.º 1, al. p), e 5.º, n.º 1, al. g), ambos do Estatuto do Ministério Público, vem requerer,
por apenso à Ação de Regulação do Exercício das Responsabilidades Parentais suprarreferi-
da, a instauração da presente
Contra:
Sónia Catarina …,
1.º
O menor Bruno R. é filho de Sónia Catarina e de Paulo Jorge...
2.º
No âmbito da ação em epígrafe identificada foi o menor confiado aos avós pater-
nos, que passaram a deter o exercício das respetivas responsabilidades parentais a partir
de …/…/….
3.º
Por seu turno, fixou-se um regime de visitas do menor à progenitora, mas, muito
embora esta tenha sido convocada por diversas vezes a Tribunal, tendo em vista alertá-la
para a necessidade do menor estar consigo, aquela nunca o exerceu, salvo situações muito
esporádicas, com duração de minutos e muito espaçadas no tempo, pese embora as expec-
tativas geradas e frustradas no menor, a quem não procurou nem telefonou.
4.º
No entanto, durante todo este tempo Sónia Catarina esteve quase sempre desem-
pregada e com muito tempo para estar com o menor.
5.º
A mãe do menor residiu durante vários meses e até inícios de 2012 na rua …, em …,
em casa situada próximo da dos avós paternos do menor, a qual se situa na Avenida …,
naquela mesma cidade, mas nem assim o procurou aí ou mesmo na escola do mesmo.
6.º
A …/…/… a mãe do menor Bruno tinha ido buscá-lo uma única vez.
7.º
A …/…/… esteve com o filho 20 minutos, tendo feito promessas em relação a pren-
das, que não cumpriu.
8.º
A …/…/… não telefonou e não apareceu, tendo o menor estado à sua espera.
9.º
A …/…/… telefonou, mas não apareceu.
10.º
A …/…/… e a …/…/… não telefonou e não apareceu.
11.º
O menor ficou desde então e em diversos sábados à espera que a mãe aparecesse, o
que não aconteceu, nem tendo a mesma telefonado.
12.º
No período de …/…/… a …/…/…, após conferência neste Tribunal, a Sónia Catarina
esteve duas vezes com o seu filho.
13.º
Ao longo deste tempo a Sónia Catarina não tem revelado quaisquer esforços e si-
nais que sugiram real desejo de querer aproximar-se do seu filho e estabelecer vínculos
afectivos de si muito frágeis, conforme afirmado em conclusão inserta no relatório da D.-
G.R.S.P. de …/…/…, junto ao processo em epígrafe identificado.
14.º
A requerida não demonstra qualquer preocupação pelo seu filho, não mais o pro-
curando, visitando ou por ele mostrando qualquer interesse.
15.º
Nunca tendo contribuindo com qualquer quantia monetária para o sustento do
menor.
16.º
A requerida não só infringiu culposamente o dever de visitas para com o filho, com
grave prejuízo deste, como intencionalmente se alheia e rejeita o seu poder-dever parental
em relação àquele, apesar de estar ciente das necessidades afetivas e de referência paren-
tal que a criança necessita para o seu desenvolvimento harmonioso.
Nessa medida,
17.º
Deve a requerida ser inibido totalmente de exercer as responsabilidades parentais
relativamente ao seu filho Bruno R.
(nota: sendo indicado o menor como testemunha, aplicam-se as regras do art.º 5.º do
RGPTC, devendo requerer-se expressamente, para que não existam esquecimentos:
- a não utilização de traje profissional aquando da audição da criança;
- que a tomada de declarações seja realizada em ambiente informal e reservado,
com vista a garantir, nomeadamente, a espontaneidade e a sinceridade das respos-
tas, devendo a criança ser assistida no decurso do ato processual por um técnico
especialmente habilitado para o seu acompanhamento, previamente designado pa-
ra o efeito;
- que a inquirição seja feita pelo juiz, podendo o Ministério Público e os advogados
formular perguntas adicionais).
O Procurador da República
A.10. Pedido de reconhecimento de direito de convívio e sua regulamentação em
favor dos avós.
contra:
- Ana…, solteira, e
- Paulo Jorge…, solteiro, eletricista,
1.º
O Ministério Público pretende ver regulado o exercício do direito de convívio, no
que respeita aos avós paternos do menor
2.º
O menor é filho dos requeridos (cf. doc. 1).
3.º
Com eles residindo e a eles pertencendo o exercício das responsabilidades paren-
tais.
4.º
Acontece que estando o menor aos cuidados dos pais, a mãe do mesmo e a avó pa-
terna encontram-se desentendidas e a primeira não permite que os avós paternos, Teresa
M. e Joaquim A., casados, residentes na rua …, em …, estejam com a menor ou pelo menos
que esteja com eles com a frequência normal entre avós e netos.
5.º
Os avós paternos pretendem gozar da presença do menor, sendo do interesse su-
perior deste que, apesar dos conflitos existentes e supra-aludidos, possa conviver com tais
ascendentes, situação esta a que corresponde o direito previsto no art. 1887-A do Cód.
Civil.
6.º
Impõe-se, assim, regular as visitas aos avós paternos.
O Procurador da República
A.11. Pedido de homologação judicial de acordo de limitação do exercício das res-
ponsabilidades parentais
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos art.ºs 35.º e segs do Regime Geral
do Processo Tutelar Cível e art.ºs 1903.º, n.º 1, al.ª b), e 1907.º, n.º 1, 1.ª parte, 2 e 3, do
Cód. Civil, vem formular ao abrigo do disposto no art.º 43.º, n.º 2, do Regime Geral do Pro-
cesso Tutelar Cível
em ação de regulação do exercício das responsabilidades parentais
- António…, casado, e
- Isabel…, casada,
residentes na rua …,
1.º
O menor José … nasceu a …/…/…, em Luanda – Angola, (cf. doc. 1).
2.º
Os seus pais residem em Angola.
3.º
O menor encontra-se a residir em Portugal há cerca de dois anos,
4.º
estudando na Escola …, em …, onde frequenta o 9.º ano de escolaridade,
5.º
tendo vindo para Portugal para aqui prosseguir os seus estudos.
6.º
O menor José vive com a sua irmã Conceição Ramos…, nascida a …/…/…, em Ango-
la, residente na rua …, em …,
7.º
sendo esta que tem cuidado dele e pretende exercer as responsabilidades parentais por
referência ao menor.
8.º
Os pais do menor solicitaram ao Ministério Público a formulação do presente pedi-
do de homologação, tendo subscrito os documentos que se juntam.
R., pois, a V. Ex.ª, que, D. e A. a presente ação, se digne pro-
ceder à audição do menor e de Conceição Ramos, com vista
à homologação do acordo apresentado, nos termos do art.º
1903.º, n.º 1, al.ª b), do Cód. Civil e 43.º, n.º 2, do Regime Ge-
ral do Processo Tutelar Cível, ao qual o Ministério Público
nada tem a opor.
O Procurador da República
A.12. Pedidos de homologação judicial de acordo de exercício das responsabilidades
parentais (dois modelos)
Modelo 1
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos arts. 43.º, n.ºs 1, e 35.º e seguintes
do Regime Geral do Processo Tutelar Cível e art.ºs 1906.º, n.º 1, e 1912.º do Cód. Civil, vem
formular
em ação especial de regulação do exercício das responsabilidades parentais
O Procurador da República
Modelo 2
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos arts. 43.º, n.ºs 1, e 35.º e seguintes
do Regime Geral do Processo Tutelar Cível e art.ºs 1906.º, n.º 1, e 1912.º do Cód. Civil, vem
formular
em ação especial de regulação do exercício das responsabilidades parentais
cujo teor aqui se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.
___________________________________________________
(Procurador da República)
A.13. Requerimento de abertura de processo de promoção e de proteção, com pedi-
do de aplicação de medida provisória
URGENTE
Em benefício do menor:
1.º
O menor Damião ... tem 13 anos de idade e encontra-se confiado à mãe Berta ... na
ação de regulação do exercício das responsabilidades parentais supraidentificada.
2.º
Na residência onde vivem habitava um tio do menor que se mostrava violento à
frente do menor para com Berta, tendo deixado a referida residência, no início do corrente
ano, mas aí mantendo um quarto fechado,
3.º
Residência essa onde tal tio do menor continua a ir como se ainda aí vivesse, a
qualquer hora do dia ou da noite.
4.º
Depois da saída de tal tio foi viver para aquela residência uma tia materna do me-
nor, Paula ..., desempregada, a qual passou a ocupar a sala, estando o menor e a sua mãe
confinados ao quarto, ao quarto de banho e à cozinha.
5.º
Tal tia alcooliza-se com frequência, entra tarde em casa nesse estado e é violenta,
6.º
O que se tem vindo a agravar, ao ponto de na noite .../.../..., cerca das 2h00, após ter
entrado alcoolizada em casa, a tia do menor bateu e pontapeou por diversas vezes a porta
do quarto onde o menor e a mãe dormem, tentando entrar no mesmo, com intenção de
agredir a mãe do menor,
7.º
Chegando a bater com um martelo de cortar carne na porta do quarto,
8.º
O que levou a mãe do menor a pegar num ferro para se defender.
9.º
De manhã, nesse mesmo dia, as discussões recomeçaram, pelo que a mãe solicitou
ao pai do menor que o fosse buscar, o que este fez.
10.º
A mãe do menor apresenta forte instabilidade psicológica, tendo sido internada
compulsivamente num passado recente no Hospital Sobral Cid.
11.º
Atualmente encontra-se sem acompanhamento médico.
12.º
Desde há algum tempo até ao presente controla toda a vida do menor, não permi-
tindo a ocupação dos seus tempos livres com a prática desportiva – basquetebol e natação
-, alegando que o seu filho não é bem tratado, o que é contrariado pelo menor.
13.º
A Berta ... não deixa o menor expressar livremente a sua opinião na presença de
terceiros.
14.º
Quanto o menor se encontra em casa dos avós paternos telefona com frequência,
tentando controlar os tempos livres do menor, não permitindo, por exemplo, que o menor
vá para casa de outros colegas.
15.º
Raramente o menor consegue estar sozinho, pois a mãe não o permite.
16.º
Quando o menor emite uma opinião favorável aos avós paternos ou em relação ao
pai, a mãe interrompe-o e desvaloriza tal tipo de opiniões, afirmando que o menor está a
ser manipulado pelo pai e pelos avós.
17.º
A Berta ... dorme no mesmo quarto e na mesma cama juntamente com o menor, o
que já não é adequado à idade do menor, pela necessidade que tem de autonomia e de
privacidade, por forma a conseguir ter equilíbrio emocional.
18.º
O menor tem em casa dos avós um quarto próprio, com computador e os mesmos
são pessoas bem consideradas e idóneas segundo os elementos que se juntam, que desde
sempre têm acompanhado a situação do menor, apoiando-o e também a mãe, em especial
quando foi internada.
19.º
O menor vai todos os dias a casa dos avós paternos após a escola.
20.º
O pai do menor, Luís ... , reside em casa dos pais, sita na rua ..., em ..., estando a ser
acompanhado pelo CAT e mostrando-se abstinente do consumo de drogas.
21.º
A situação de violência existente na casa da mãe do menor, as condições em que
vivem e já descritas, a situação de instabilidade emocional da mãe do menor constituem
perigo manifesto para o equilíbrio emocional do menor, estando ainda exposto a situações
de violência.
22.º
A mãe do menor não colaborou com a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens
em Perigo, no sentido de o menor ser provisoriamente acolhido em casa dos avós pater-
nos, o que vai de encontro, inclusive, ao desejo do menor, que ameaça fugir de casa da mãe
se tal não acontecer.
23.º
Importa por termo à situação de perigo a que se encontra sujeito o menor.
Nestes termos, requer-se que, Autuado como processo de promoção e proteção, se:
O Procurador da República
A.14. Requerimentos de abertura de processo de promoção e de proteção, com pe-
dido de aplicação de medida provisória.
MINUTA 1
URGENTE
O Ministério Público vem, nos termos dos artigos artigos 9.º, n.º 8, 11.º, al.ª c), 34º,
al.ªs a) e b), 73.º, n.º 1, al. b), 105.º, n.º 1, da Lei n.º 147/99, de 01.09, na redação das Leis
n.ºs 31/2003, de 22.08, e 142/2015, de 08.09, requerer a
Em benefício de:
1.º
No dia …/…/…, nasceu na Maternidade …, em …, a bebé suprarreferida, filha de
Sónia F…, de 16 anos de idade.
2.º
A mãe da menor é acompanhada na consulta de Risco Psicossocial/Adolescentes
da Unidade de Intervenção Precoce da referida Maternidade desde o dia …/…/…
3.º
Durante as consultas Sónia F… teve fortes dificuldades de comunicação,
4.º
apresentando um discurso pouco fluente e
5.º
nunca demonstrando qualquer vinculação à bebé.
6.º
Sónia F… refere que a gravidez não foi planeada, sendo fruto de um relacionamen-
to com Fernando, cujos demais elementos de identificação se desconhecem ainda, de 24
anos de idade, com quem verbaliza não ter um sentimento afetivo de grande proximidade.
7º
Sónia F… vive atualmente com Fernando em casa dos pais dela, com quem mantém
um relacionamento conflituoso.
8.º
O agregado referido em 7.º apresenta grandes carências económicas e era benefi-
ciário de Rendimento Social de Inserção, prestação que foi cancelada por incumprimento
do acordo.
9.º
A casa não apresenta condições de habitabilidade para albergar mais alguém, mui-
to menos um bebé segundo informação de membros da Junta de Freguesia de …,
10.º
sendo de referir que neste tempo todo nada foi feito para melhorar as condições habitaci-
onais para acolher a bebé, nem tal foi requerido à Empresa Municipal …,
11.º
para além de que Sónia F… e Fernando se encontrarem na casa atribuída aos pais da mes-
ma sem o conhecimento e consentimento da referida empresa.
12.º
O pai de Sónia F… mantém hábitos alcoólicos e é referenciado como indivíduo vio-
lento dentro do agregado familiar.
13.º
O agregado é multiproblemático, pelas razões indicadas no relatório que se anexa
da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, salientando-se o referido nos pontos ante-
riores e ainda a dependência quase exclusiva de apoios sociais, a má gestão dos recursos
económicos disponibilizados, o cancelamento do RSI e a sinalização dos pais de Sónia F…
como negligentes em relação aos filhos, que são quatro.
14.º
De acordo com informações do Centro de Apoio à Vida, Sónia F… foi para lá enca-
minhada, no entanto, raramente compareceu às sessões marcadas,
15.º
alegando a distância a que reside e falta de dinheiro para o transporte.
16.º
Revelou sempre uma postura de desinteresse para com as problemáticas aborda-
das e chegou mesmo a verbalizar a sua tristeza por estar grávida,
17.º
Em audição de Sónia F…, que teve lugar a …/…/…, referiu que só por se encontrar
fora do prazo legal não foi possível realizar a interrupção voluntária da gravidez, conforme
pretendia.
18.º
Sónia F… considera-se incapaz de cuidar da filha.
19.º
Questionada sobre a possibilidade de ir para uma Instituição para adolescentes
grávidas e/ou com filhos, recusou.
20.º
Quanto a autorizar o encaminhamento da bebé para adoção, mostrou-se com dúvi-
das, particularmente por achar que os pais e o Fernando ficariam muito aborrecidos e por
ter medo de, mais tarde, se arrepender dessa decisão.
21.º
Apesar de Fernando ter verbalizado querer ser pai, o certo é que esteve sempre
muito pouco presente durante o período de gravidez,
22.º
não tendo condições socioeconómicas para sustentar a filha,
23.º
sendo ainda manifesto o desinteresse dos pais de Fernando, ausentes durante a gravidez.
24.º
A medida que melhor salvaguarda o interesse superior da bebé e de Sónia F…seria
o acolhimento de ambas em instituição, nos termos do art.º 35º, n.º 1, al. f), da Lei n.º
147/99, de 01.09, na redação da Lei n.º 31/03, de 22.08, o que, porém, é recusado por Só-
nia F…
25.º
Não havendo assim condições para a bebé ter alta da Maternidade, importa por
termo à situação de perigo a que se encontra sujeita.
O Procurador da República
Minuta 2
URGENTE
O Ministério Público vem, nos termos dos 9.º, n.º 8, 11.º, al.ª c), 34º, al.ªs a), 73.º,
n.º 1, al. b), 91.º, 92.º e 105.º, n.º 1, da Lei n.º 147/99, de 01.09, na redação das Leis n.ºs
31/2003, de 22.08, e 142/2015, de 08.09, requerer a
Em benefício de:
1.º
Conforme consta do expediente que, em anexo, se junta e que aqui se dá por intei-
ramente reproduzido, o menor António...., de 8 anos, nascido em 00.00.00, filho de Luís,
encontra-se neste Tribunal onde chegou conduzido pela P.S.P., na sequência da detenção
do seu progenitor F.........., ocorrida no dia de hoje;
2.º
No âmbito do processo n.º........ acaba de ser decretada a prisão preventiva do pro-
genitor do menor;
3.º
Tal facto e a circunstância de não se conhecer a existência de qualquer outro fami-
liar ou terceira pessoa idónea e apta a assegurar a prestação ao menor dos cuidados ade-
quados ao seu crescimento e desenvolvimento integral, colocam-no em situação de clara
desproteção e perigo para a sua integridade física;
4.º
Urge pois decretar o seu acolhimento residencial, como forma de impedir que o
menor fique entregue a si próprio, em clara situação de desproteção.
5.º
O pai do menor encontra-se descompensado e opõe-se a qualquer intervenção em
sede de promoção e de proteção, não indicando, todavia, qualquer solução adequada para
o menor.
Pelo exposto, uma vez que, tanto quanto flui dos elementos de convicção disponí-
vel, o menor seria sujeito a uma situação de perigo sério e grave para a sua saúde e segu-
rança, caso nenhuma medida fosse tomada – cf. art.º 3.º, n.º1, e 2.º, al.ª a) da L.P.C.J.P.-,
requer-se que, Autuado como processo de promoção e proteção:
f. uma vez que, por força do disposto nos arts. 59.º, n.º 2, e 54.º,
n.º 3, da mencionada Lei, tal medida será dirigida e controlada
por este tribunal, impendendo sobre a referida entidade o de-
ver de elaborar relatório relativo ao acompanhamento de exe-
cução da medida aplicada, promove-se que se comunique a tal
instituição o teor da decisão que vier a ser proferida, com a
menção a que deverá remeter a este tribunal, em tempo útil
(ou seja, antes de decorrido o prazo de seis meses acima aludi-
do), relatório social relativo ao diagnóstico da situação do me-
nor e à definição do seu projeto de promoção e proteção.
O Procurador da República
MINUTA 3
URGENTE
O Ministério Público vem, nos termos dos artigos 9.º, n.º 8, 11º, al. c), 34º, al.ªs a),
73.º, n.º 1, al. b), 91.º, 92.º e 105.º, n.º 1, da Lei n.º 147/99, de 01.09, na redação das Leis
n.ºs 31/2003, de 22.08, e 142/2015, de 08.09, requerer a
Em benefício de:
1.º.
Conforme consta do expediente que, em anexo, se junta e que aqui se dá por intei-
ramente reproduzido, o menor Alberto......, de 10 anos, nascido em 00.00.00, filho de ...,
encontra-se, desde o passado dia …/…/…, no Centro de Acolhimento Temporário de …, sito
na rua …;
2.º
O menor em referência ingressou na referida unidade, após solicitação da P.S.P.,
por virtude dos factos a seguir descritos.
3.º
No dia …/…/…, cerca das 22 horas e 30 minutos, o menor foi encontrado por um
agente da P.S.P., na Av. …, em …, afirmando encontrar-se perdido;
4.º
O menor referia na ocasião não saber indicar o nome dos pais, dando como morada
da sua residência a rua ........;
5.º
Porém, diligências levadas a cabo pela P.S.P. de imediato – e que se prolongaram
pela madrugada subsequente –, naquela morada e noutras artérias da referida localidade,
não permitiram apurar o local onde se situava a residência do referido menor, nem estabe-
lecer contacto com os seus progenitores, com outro familiar ou pessoa que pudesse forne-
cer qualquer elemento relevante a tal respeito;
6.º
O menor referiu ainda naquela altura que saíra de casa ao anoitecer e que os pais
na altura ali se não encontravam;
7.º
Posteriormente, de acordo com o informado pelo Centro de Acolhimento Tempo-
rário, o menor terá mencionado que naquele dia saíra de casa para ver um jogo de futebol
e que fora encontrava pela P.S.P., quando, cerca das já mencionadas 22 horas e 30 minutos,
vagueava na via pública, recusando-se a regressar a casa por ser alvo de maus tratos por
parte do progenitor.
8.º
Em razão de tal facto, a entidade policial providenciou o imediato acolhimento ins-
titucional do menor no mencionado Centro de Acolhimento, conduzindo-o às suas respeti-
vas instalações.
9.º
Encontrava-se, pois, o menor, à data em que deu entrada no Centro de Acolhimento
Temporário, em situação de clara desproteção e perigo para a sua integridade física, sem
que lhe fossem dispensados os cuidados necessários à sua segurança e bem-estar e ao seu
adequado equilíbrio psicológico;
10.º
Veio a apurar-se, por outro lado, que, à data de tal acolhimento, se mostrava arqui-
vado, desde 00.00.00, o processo de promoção e proteção que, sob o n.º XXX/…, correra
termos na C.P.C.J. de …, o qual se iniciara com a notícia da existência de maus tratos físicos
infligidos pelo pai do menor a este último;
11.º
Constata-se também que, na sequência da notícia do acolhimento do menor no re-
ferido Centro, a C.P.C.J. deliberou, em XX do corrente mês de abril, a reabertura de tal pro-
cesso e “a aplicação de medida de promoção e proteção de caráter urgente, no sentido de
ser assegurada a proteção do menor supracitado em casa de acolhimento temporário”;
12.º
Urge, porém, acionar o procedimento de confirmação judicial a que alude o estatu-
ído no art.º 92.º da L.P.C.J.P., certo que a lei não confere legitimidade, para efeito de con-
firmação de medidas adotadas no quadro de urgência a que alude o art.º 91.º do mesmo
diploma, às Comissões de Proteção de Crianças e Jovens;
13.º
Desconhece-se, por completo, a existência de quaisquer familiares ou de qualquer
outra pessoa disponível para, com idoneidade e aptidão, dispensar ao menor os cuidados e
apoio necessários à satisfação das suas necessidades de alimentação, saúde e segurança e
ao seu bem-estar, em ordem a que lhe possa ser proporcionado um ambiente estável e
securizante e um desenvolvimento sadio e equilibrado, nas vertentes física e psíquica.
Pelo exposto, uma vez que, tanto quanto flui dos elementos de convicção disponí-
vel, o menor seria sujeito a uma situação de perigo sério e grave para a sua saúde e segu-
rança, caso nenhuma medida fosse tomada – cf. art.º 3.º, n.º 1, e 2.º., als. a) e c) da L.P.C.J.P.
-, atendendo a que não dispunha de qualquer familiar ou terceira pessoa que lhe proporci-
onassem as condições mínimas adequadas para o seu adequado processo de crescimento e
desenvolvimento integral, requeiro:
f. uma vez que, por força do disposto nos arts. 59.º, n.º 2, e 54.º,
n.º 1 da mencionada Lei, tal medida será dirigida e controlada
por este tribunal, impendendo sobre a referida entidade o dever
de elaborar relatório relativo ao acompanhamento de execução
da medida aplicada, promove-se que se comunique a tal institui-
ção o teor da decisão que vier a ser proferida, com a menção a
que deverá remeter a este tribunal, em tempo útil (ou seja, antes
de decorrido o prazo de seis meses acima aludido), relatório so-
cial relativo ao diagnóstico da situação do menor e à definição do
seu projeto de promoção e proteção;
O Procurador da República
MINUTA 4
URGENTE
O Ministério Público vem, nos termos dos artigos 91.º, 92.º, 105.º e 11.º, al.ª c), da
L.P.C.J.P., e tendo também presente o disposto nos artºs 3.º, n.ºs 1 e 2, al.ª c), e 34.º, als. a) e
b), da mencionada Lei n.º 147/99, de 01.09, na redação das Leis n.ºs 31/2003, de 22.08, e
142/2015, de 08.09, requerer a
Em benefício de:
Pedro.........., com três anos de idade, filho de C............. e de M.........., atualmente inter-
nado no Hospital da Estefânia, em Lisboa,
1.º
O Pedro encontra-se internado na Unidade de Queimados do Hospital D. Estefânia
em Lisboa.
2.º
3.º
Necessitando, por isso, de ser sujeito a terapêuticas que incluem transfusões de
sangue.
4.º
Os pais do Ricardo, por motivos religiosos, recusam dar autorização para este tipo
de tratamento.
5.º
Colocando, desse modo, o Ricardo numa situação de perigo atual e concreto para a
sua saúde e integridade física.
6.º
Impõe-se, pois, decretar uma medida de promoção e proteção que permita afastar
tal situação de perigo em que o menor se encontra, proporcionando-lhe de imediato os
cuidados de saúde que promovam e protejam a sua saúde, bem-estar e desenvolvimento
integral.
7.º
Tal medida deverá ser decidida desde já e a título provisório, nos termos previstos
no art.º. 37.º da L.P.C.J.P.
Assim, requer-se a V. Ex.ª:
O Procurador da República
A.15. Requerimento de abertura de processo de promoção e de proteção.
URGENTE
O Ministério Público, por apenso à Ação de Divórcio n.º …/…, do ….º Juízo (com
apenso A de incumprimento), vem, nos termos dos artigos 11.º, al. c), 34.º, al.ªs a) e b),
73.º, n.º 1, al. b), 105.º, n.º 1, da Lei n.º 147/99, de 01.09, na redação das Leis n.ºs 31/2003,
de 22.08, e 142/2015, de 08.09, requerer a
Em benefício do menor:
Tomás …,
1.º
2.º
3.º
No dia 22-01-2010 exibiu dois canivetes na sala de aula e aos seus colegas, na Es-
cola …,
4.º
5.º
mas reveladora da instabilidade emocional do menor, o qual tem revelado dificul-
dades ao nível da aprendizagem e no cumprimento das regras da escola,
6.º
7.º
Sendo uma criança muito agitada e que normalmente arranja conflitos no recreio
com os colegas.
8.º
9.º
A mãe afirma que se paga o ATL é aí que o mesmo deve fazer os trabalhos de casa,
adotando uma postura de desresponsabilização em relação ao acompanhamento educati-
vo do menor.
10.º
11.º
12.º
13.º
A mãe do menor adota uma postura acusatória em relação ao pai do mesmo, à re-
velia do interesse superior da criança.
14.º
15.º
A mesma dificulta o exercício do direito de visitas por parte do pai do menor, não
obstante se tratar de um verdadeiro direito subjetivo deste último, que sai prejudicado.
16.º
Porém, afirma ser o pai que não visita o filho, dizendo que o mesmo se interessa
mais pela namorada.
17.º
18.º
19.º
Nestes termos, requer-se que, Autuado como processo de promoção e proteção, se:
O Procurador da República
A.16. Pedido de regresso de menor ao Estado da residência habitual (Hungria)
URGENTE
O Ministério Público, nos termos dos artigos 3.º, n.º 1, al.ª a), do E.M.P., 1.º, al.ªs a)
e b), 2.º, 3.º, 4.º, 5.º, al.ª a), 6.º, 7.º, al.ªs a), b) e f), 11.º, 12.º e 14.º, todos da Convenção dos
Aspetos Civis do Rapto Internacional de Crianças, concluída em Haia, em 25.10.1980, rati-
ficada pelo Estado Português pelo DL n.º 33/83, de 15.05, e pela Hungria, conforme aviso
do MNE, publicado no DR – 1.ª Série A, de 17.07, e artigos 1.º e 2.º do DL n.º 246-A/2001,
de 14.09, artigos 10.º e 11.º do Regulamento (CE) n.º 2201/2003 do Conselho, de
27.11.2003, art.º 1887.º do Código Civil e art.º 28.º do Regime Geral do Processo Tutelar
Cível, vem propor
Contra,
B…,
1.º
(…)
7.º
8.º
9.º
Como atrás se referiu, existe manifesto perigo de a progenitora abandonar o nosso
país com o menor para parte incerta de Moçambique, pelo que qualquer contacto prévio
com a mesma irá potenciar tal perigo de fuga.
10.º
11.º
Por tais razões a autoridade central de Portugal não desenvolveu quaisquer dili-
gências tendentes a conseguir a reposição voluntária do menor, nos termos do art.º 7.º, al.ª
c), da Convenção de Haia.
Termos em que, D. e A., a presente ação tutelar, de forma a evitar novos danos ao
menor, se requer:
O Procurador da República
Nota 1: normalmente, deve existir uma fase pré-contenciosa, ao abrigo do art.º 7.º,
al.ª c), da Convenção de Haia de 1980, cujas diligências se devem articular na peti-
ção.
Nota 3: em situações em que não exista perigo de fuga, deve ouvir-se o progenitor
incumpridor na ação, previamente à decisão.
Nota 5: cumpre recordar que os recursos nesta matéria têm efeito meramente devo-
lutivo (cf. art.º 32.º, n.º 4, do Regime Geral do Processo Tutelar Cível e 124.º, n.º 2, da
LPCJP: o efeito do recurso é fixado no Tribunal Recorrido). Por outro lado, não rele-
vam para o cômputo do prazo de 6 semanas mencionado no art.º 11.º, n.º 3, do Regu-
lamento (CE) n.º 2201/2003 do Conselho, de 27.11.2003.
Nota 6: vigora o princípio da audição da criança ou jovem até aos 16 anos, salvo se
tal for considerado inadequado em função da sua idade ou grau de maturidade
(art.º 11.º, n.º 2, do Regulamento (CE) n.º 2201/2003 do Conselho, de 27.11.2003). E
o art.º 13.º da Convenção de Haia de 25 de outubro de 1980 frisa mesmo que a opo-
sição da criança, cuja idade e maturidade justifiquem a consideração das suas opi-
niões, pode fundamentar a decisão de recusa do pedido de regresso.
B. FILIAÇÃO
B.1. Ação Complexa - Investigação de Maternidade e Impugnação de Paternidade
Presumida
1. Joaquina …; e
2. Lopes …;
1.º
Em …/…/…, nasceu Filipa …, na freguesia de …, concelho de ...
2.º
A …/…/…, foi lavrado o assento de nascimento, sob o n.º …., na Conservatória do
Registo Civil da Figueira da Foz, nele se mencionando que a menor é filha da 1ª Ré, Joaqui-
na … e de Lopes … (documento n.º 1)
3.º
A …/…/…, foi lavrado o averbamento nº 1 ao mesmo assento de nascimento, do se-
guinte teor: "A menção de maternidade declarada fica sem efeito por não ser possível noti-
ficar a mãe. Em consequência, fica sem efeito a menção da paternidade” – (Documento nº
1).
4.º
Ora, a 1ª Ré, Joaquina … é, efetivamente a mãe da Autora, Filipa …, pois foi ela que a
deu à luz no dia …/…/…, pelas 4h00, no Hospital …. – conforme documento nº 2, cujo teor
se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.
5.º
Após o nascimento da Autora, a 1ª Ré Joaquina …, sempre se assumiu publicamen-
te como mãe da mesma.
6.º
No meio social e familiar da menor, todos reconhecem Joaquina … como sendo a
sua mãe.
7.º
Aliás, todas as pessoas que os conhecem sabem que a Autora é filha da 1ª Ré, e as-
sim a consideram.
8.º
A 1ª Ré residiu com a menor desde o seu nascimento, alimentando-a, acompa-
nhando-a e velando pela sua segurança, saúde e educação, na qualidade mãe, sendo que
desde agosto de 2005, na rua …, em …
9.º
Até ao ano letivo de 2005/2006, onde a menor esteve inscrita na Escola …, a Ré
sempre matriculou a menor nos estabelecimentos de ensino, que esta frequentava, apre-
sentando-se como sua encarregada de educação.
10.º
Por outro lado, os Réus contraíram casamento um com o outro em …/…/…, em Lis-
boa, o qual ainda não foi dissolvido – Documento nº 3, cujo teor se dá por integralmente
reproduzido para todos os efeitos legais.
11.º
No entanto, não foi fruto das relações sexuais mantidas entre os Réus que Joaquina
… viria a engravidar e a dar à luz a Autora.
12.º
De facto, os Réus cessaram a comunhão de cama, mesa e habitação, desde pelo me-
nos 1984, anos antes do nascimento da Autora, Filipa …
13.º
Não mantendo, a partir daí, qualquer contacto de natureza sexual.
14º
Aliás, o 2º Réu nem sequer conhece a Autora e nunca a tratou como filha.
15.º
Face ao exposto, pretende a Autora ver reconhecida a maternidade, nos termos do
disposto nos artigos 1814º e 1816º, nºs 1 e 2, alínea a), do Código Civil e afastada a pater-
nidade presumida, nos termos do artigo 1823º, nº 1, do Código Civil.
Nestes termos, e nos mais de direito, deve a presente ação ser julgada procedente,
por provada, e, em consequência:
PARA TANTO,
Devem os RR ser citados para contestarem, querendo, no prazo e sob legal comina-
ção, seguindo-se os demais termos processuais adequados.
Rol de Testemunhas:
1. A.
2. B…
testemunhas estas cuja notificação se requer seja realizada pelo Tribunal tendo em vista
a sua comparência em audiência de julgamento (cf. art.º 507.º, n.º 2, do Código de Pro-
cesso Civil).
O Procurador da República
B.2. Impugnação de Maternidade e de Perfilhação e Investigação de Maternidade
contra
1.º
No dia 18 de novembro de 2001, às 19h32m, no Hospital …, nasceu uma menina,
conforme Boletim que se junta como documento 1 e se dá por integralmente reproduzido
para todos os efeitos legais.
2.º
A parturiente e mãe daquela menina, conforme teor do citado documento 1, é a ré
Maria A.
3.º
Após sair daquela instituição de saúde, a ré Maria A entregou a criança aos cuida-
dos da ré Inês C, companheira de um seu irmão, o réu António F, por não ter condições
materiais para cuidar da sua filha.
4.º
Em 6 de dezembro de 2001, a ré Inês C e o seu companheiro, o réu António F, de-
clararam na Conservatória do Registo Civil de … o nascimento da criança filha de Maria A
no dia 25 de novembro de 2001, conforme certidão de assento de nascimento que se junta
como documento 2 e se dá por integralmente reproduzida para todos os efeitos legais.
5.º
Mais declararam ser o pai e a mãe desta criança, à qual puseram o nome de Sandra
M, conforme teor do documento 2.
6.º
A gravidez da ré Maria A é do conhecimento e estava à vista de todos os elementos
da comunidade em que se integrava, familiares, amigos e vizinhos.
7.º
Concomitantemente, é do conhecimento daquela comunidade, bem como de fami-
liares, amigos e vizinhos que a ré Inês C não engravidou durante o ano de 2001.
8.º
É igualmente do conhecimento da comunidade, familiares, amigos e vizinhos que a
menor Sandra M é filha da ré Maria A.
9.º
E também é do conhecimento da comunidade, familiares, amigos e vizinhos que a
menor Sandra M não é filha do réu António F.
10.º
Aliás, realizado exame no Instituto de Medicina Legal de … (cf. doc. n.º 5), aí se con-
cluiu que a análise dos diversos marcadores genéticos de Joaquim M, Maria A e Sandra M:
a) não permite excluir Joaquim M e Maria A como progenitores de Sandra M;
b) a análise estatística conduziu a um índice de filiação IF=152555000000000000
e a uma probabilidade de filiação W=99,9999999999999993%, quando compara-
do este casal com outro ao acaso da população.
11.º
Os réus Inês C e António F, este até ser preso preventivamente em 23 de abril de
2002, tiveram a seu cargo, cuidaram, alimentaram, e educaram a menor Sandra M até ao
dia 11 de novembro de 2003.
12.º
Neste dia, a ré Inês C visitou o réu António P no estabelecimento prisional regional
de …, acompanhada da menor Sandra M, quando no decurso de uma rixa entre elementos
daquela família, a menor foi levada por Joaquim M, companheiro da ré Maria A.
13.º
A menor Sandra M encontra-se atualmente a residir com a ré Maria A e o seu com-
panheiro Joaquim M, na rua …
14.º
Na presente ação é possível, por não existirem os obstáculos previstos na norma
contida no n.º 1 do artigo 37º do Código de Processo Civil, formular os pedidos de impug-
nação e reconhecimento da maternidade, dada a relação de dependência entre os pedidos
e a identidade quanto aos factos de que depende a sua procedência, de acordo com a nor-
ma contida no n.º 2 do artigo 37º do Código de Processo Civil (cf., neste sentido, acórdão
do STJ de 21 de maio de 1992, in BMJ n.º 417, pág. 743 e seguintes).
Termos em que deve a presente ação ser julgada procedente, por provada, e, em
consequência:
a) declarar-se que Inês C e António F não são a mãe e o pai, respetivamente,
de Sandra M,
b) ordenando-se o cancelamento do averbamento de maternidade constan-
te do registo do assento de nascimento tal como o averbamento de paterni-
dade ali existente referente à menor Sandra M; e
c) declarar-se que Maria A é a mãe de Sandra M,
d) ordenando-se a inscrição no assento de nascimento de tal maternidade.
Para tanto, requer-se a V. Exª se digne ordenar a citação dos réus para contestar,
querendo, seguindo-se os ulteriores termos até final.
Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).
Junta: cinco documentos.
Rol de testemunhas:
testemunhas estas cuja notificação se requer seja realizada pelo Tribunal tendo em vista
a sua comparência em audiência de julgamento (cf. art.º 507.º, n.º 2, do Código de Pro-
cesso Civil).
O Procurador da República
B.3. Impugnação e Investigação de Paternidade
O Ministério Público junto deste tribunal vem, nos termos do n.º 1 do artigo 23.º do
Código de Processo Civil, dos artigos 1838.º, n.ºs 1 e 2, do artigo 1839.º, alínea c) do n.º 1
do artigo 1842.º, n.º 1 e 2 do artigo 1846.º, 1847.º, 1869.º, alíneas c) e e) do n.º 1 do artigo
1871.º e 1873.º todos do Código Civil, da alínea a) do n.º 1 do artigo 3.º, da alínea c) do n.º
1 do artigo 5.º do EMP e do n.º 2 do artigo 36.º do Código de Processo Civil,
Propor,
Em representação do menor
Ação declarativa constitutiva, com processo comum, sob a forma única, para impug-
nação de paternidade presumida e investigação de paternidade
Contra:
1.º
O menor Diogo … nasceu a …, na freguesia de …, concelho de … e é filho da Ré Ma-
rina, no estado de casada com o 2.º Réu José Manuel.
2.º
Razão pela qual funcionou a presunção legal de paternidade que consta do artigo
1826.º do Código Civil, relativamente ao marido da mãe.
Para tanto,
Devem os réus ser citados para contestarem, querendo, seguindo-se os demais
trâmites até final.
Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).
Junta: sete documentos.
*
Para Prova
1. Por Documentos:
- Certidão de nascimento n.º … do Diogo;
- Certidão de nascimento n.º … de Marina, com o averbamento do seu casamento com José
Manuel;
- Certidão de casamento n.º … de Martins com Paula Virgínia;
- Certidão de nascimento n.º … de Martins;
- Certidão de óbito n.º … de Martins;
- Certidão de nascimento n.º … de Igor José;
- Certidão de nascimento n.º … de Helena Pat.
2. Pericial
Requer-se a realização de exames hematológicos, no Instituto de Medicina Legal de
…, em ordem a que se façam, nas pessoas da 1.ª Ré, Marina Isabel, do 2º Réu, José Manuel,
do menor Diogo, da 4ª Ré, Helena Pat e do 5.º Réu Igor José, determinações nos sistemas
de polimorfismos de ADN para estabelecimento da paternidade do menor.
Requer-se ainda o exame com base no ADN a extrair do falecido Martins que se en-
contra sepultado no cemitério de …
3. Por Testemunhas
a) Ana…
b) Maria…
c) Olga…
testemunhas estas cuja notificação se requer seja realizada pelo Tribunal tendo em vista
a sua comparência em audiência de julgamento (cf. art.º 507.º, n.º 2, do Código de Pro-
cesso Civil).
O Procurador da República
B.4. Ação Oficiosa de Investigação de Paternidade
O Ministério Público junto deste Tribunal vem, nos termos dos artigos 3º, n.º 1, al.
p), 5º, n.º 1, al. g), do E.M.P. e artigos 1865.º, n.º 5, e 1868.º do Código Civil, interpor
contra
- RUI ALEXANDRE …,
1.º
A menor Mariana …nasceu a …/…/…, na freguesia de …, concelho de … (cf. certidão
emitida pela Conservatória do Registo Civil de …, que se junta como documento número
um e se dá por integralmente reproduzida) - (Doc. 1).
2.º
A menor foi registada como sendo filha de Maria …, e residente na rua …, em ..., en-
contrando-se a sua paternidade omissa.
3.º
A mãe da menor e o réu Rui Alexandre … mantiveram um relacionamento íntimo,
com relações de cópula completa, durante vários anos, com início por volta de 1995, rela-
cionamento esse que se manteve após o nascimento da menor Mariana.
4.º
Nos primeiros 120 dias dos 300 dias que antecederam o nascimento da menor Ma-
riana, a mãe desta só manteve relações de cópula com o réu.
5.º
Durante tal período de tempo, o réu e a mãe da menor Mariana foram vistos juntos
por várias vezes por Fernanda …, solteira, residente em …, no restaurante onde esta traba-
lhava.
6.º
Na verdade, pelo menos durante o segundo semestre de 2001, a mãe da menor vi-
veu num apartamento sito em …, o qual foi arrendado e mobilado pelo réu.
7.º
As faturas do mobiliário referido no número anterior foram emitidas em nome da
sociedade com a denominação “O..., Lda.”, contribuinte número …, com sede na rua …, em
…, da qual o réu é sócio-gerente, respeitando aos bens a seguir discriminados:
- Quadro (100×50) ABS/PR/BR.239967/100505057;
…
(Docs. 2 a 6)
8.º
Naquele apartamento o réu passava algumas noites, dormindo no quarto da mãe
da menor, facto que foi presenciado, nomeadamente, por Lurdes …, residente em …, em
setembro de 2001, enquanto ali passava alguns dias de férias.
9.º
Lurdes …presenciou ainda, por várias vezes em que esteve junto do casal, a afirma-
ção feita pelo réu de que gostaria muito de ter um filho com a mãe da menor.
10.º
Já em 1 de fevereiro de 2002, o réu assumiu solidariamente com a mãe da menor
Mariana o cumprimento de todas as cláusulas, seus aditamentos e renovações de um con-
trato de arrendamento de um apartamento sito na rua …, ou seja, foi fiador da mãe da me-
nor no referido contrato
(Doc. 7)
11.º
Após o nascimento da menor Mariana, o réu sempre fez visitas regulares à mesma,
em casa da mãe, sita em …,
12.º
Mantendo com a menor uma relação de grande proximidade e carinho, compran-
do-lhe prendas e revelando uma verdadeira relação pai/filha.
13.º
Em 11 de dezembro de 2002, o réu esteve em casa da mãe da menor e teve a mes-
ma ao colo, deitou-se junto dela e brincou com ela, factos que foram presenciados por
Hermínia …, residente na rua …
14.º
O réu foi apresentado a Tiago …, residente na rua …, como pai da Mariana, apresen-
tação que aceitou e assumiu com orgulho.
15.º
Após tal apresentação, Tiago … viu o réu na casa referida em 7º por várias vezes.
16.º
Ao chegar à referida casa, o réu perguntava sempre pela sua filha, referindo-se com
isso à menor Mariana.
17.º
As pessoas que frequentam a casa da mãe da menor, entre as quais Lurdes …, Tiago
… e Hermínia …, atribuem a paternidade daquela ao réu.
18.º
Face a tudo o que acima ficou exposto, nos termos conjugados dos artigos 1798º e
1871.º, n.º 1, alínea e), do Código Civil, deve presumir-se a paternidade da menor Mariana
por parte do réu.
19.º
Entre o réu e a mãe da menor não existe qualquer relação de afinidade ou paren-
tesco que impeça a propositura da presente ação, nos termos do artigo 1866.º, alínea a),
do Código Civil
(Docs. 8 e 9)
20.º
Junto do 2.º Juízo do Tribunal de Família e Menores de …, correu os seus termos
sob o n.º …/…, processo de averiguação oficiosa da paternidade da menor Mariana, no
âmbito da qual foi proferida decisão no sentido da viabilidade da propositura da presente
ação de investigação
Junta:
Os seguintes dez documentos:
Docs….
Valor: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo).
***
testemunhas estas cuja notificação se requer seja realizada pelo Tribunal tendo em vista a
sua comparência em audiência de julgamento (cf. art.º 507.º, n.º 2, do Código de Processo
Civil).
***
Nos termos dos artigos 1801º do Código Civil e 475º, n.º 1, do Código de Processo
Civil, requer-se a realização de exames hematológicos à menor, à sua mãe e ao réu, a efe-
tuar pela Delegação do Centro do Instituto Nacional de Medicina Legal, pretendendo-se
com os mesmos aferir da possibilidade de exclusão da paternidade do réu e, em caso nega-
tivo, qual a probabilidade de tal paternidade.
O Procurador da República
B.5. Ação Declarativa Constitutiva de Impugnação de Perfilhação
MODELO 1
O Ministério Público, junto deste tribunal, vem nos termos do disposto nos artigos
3.º, n.º 1, al. p), 5.º, n.º 1, al. g), do E.M.P. e artigos 1859.º, nºs. 1 e 2, do Código Civil, inten-
tar,
Contra:
.Luís Manuel …,
.Guida Elisabete …,
e
1.º
A menor Sílvia Elisabete, nasceu a 17-07-1998, em …, tendo esse facto sido decla-
rado na Conservatória do Registo Civil de …, pelo que foi lavrado o competente assento de
nascimento, conforme certidão do assento de nascimento que se junta como documento 1
e se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.
2.º
Foi declarante a mãe do menor, e esta foi registada como sendo filha da mesma,
Guida Elisabete (cf. doc. 1).
3.º
No respetivo assento de nascimento ficou ainda a constar a paternidade da menor
(cf. doc. 1), sendo seu pai registral o réu Luís Manuel.
4.º
Contudo, este último não é o pai da menor Sílvia Elisabete.
5.º
Os réus foram submetidos à realização de exames hematológicos no Serviço de
Genética e Biologia Forenses, SGBF-C – Delegação do Centro do Instituto Nacional de Me-
dicina Legal, tendo os resultados do exame excluído a paternidade do réu (cf. doc. 2).
Requerimento Probatório:
O Procurador da República
MODELO 2
O Ministério Público, junto deste tribunal, vem nos termos do disposto nos artigos
3.º, n.º 1, al. p), 5.º, n.º 1, al. g), do E.M.P. e artigos 1859.º, nºs. 1 e 2, do Código Civil, inten-
tar,
Contra:
.Mário José…,
.Licínia Margarida…
e
1.º
O menor Luís Alberto nasceu a …/…/…, na freguesia de …, concelho de …, tendo es-
se facto sido declarado na Conservatória do Registo Civil de …, pelo que foi lavrado o com-
petente assento de nascimento, conforme certidão do assento de nascimento que se junta
como documento 1 e se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos legais.
2.º
Foi declarante a mãe do menor, e este foi registado apenas como sendo filho da
mesma, Licínia Margarida, divorciada, residente na rua … (cf. doc. 1).
3.º
No respetivo assento de nascimento ficou omissa a paternidade do menor (cf. doc.
1).
4.º
Em …/…/…, a mãe do menor e o réu Mário José declararam perante a funcionária
da Conservatória do Registo Civil de … ser o réu o pai do menor.
5.º
Face a tal declaração, foi pela mesma funcionária lavrado o averbamento n.º 1 ao
assento de nascimento n.º … do ano de …, do menor Luís Alberto, no qual passou a constar
como sendo pai do menor, Mário José.
6.º
Contudo, Mário José antes do nascimento do Luís Alberto, não teve qualquer rela-
cionamento sexual com a mãe do menor, Licínia Margarida.
7.º
O réu Mário José conheceu a mãe do menor apenas em outubro do ano de …, cerca
de um ano e oito meses depois do nascimento do Luís Alberto.
8.º
O réu conheceu Licínia Margarida em virtude de a mãe daquele, Celeste Maria, ser
empregada doméstica da avó materna do menor.
9.º
O réu desconhece a identidade do pai do menor.
10.º
A mãe do menor, porque o queria batizar, pediu ao réu para declarar na Conserva-
tória do Registo Civil da Figueira da Foz ser o pai do menor.
11.º
Também lhe disse que o pai do Luís Alberto não queria assumir a paternidade des-
te, sendo que por isso não podia batizar o filho.
12.º
O réu assentiu no que a mãe do menor lhe pediu e manifestou a sua disponibilida-
de para perfilhar o filho daquela, o que fez.
13.º
Os réus, foram submetidos à realização de exames hematológicos no Instituto Na-
cional de Medicina Legal de …, no âmbito do inquérito n.º … , que correu termos neste
tribunal, tendo os resultados do exame excluído a paternidade do réu (cf. doc. 2).
14.º
O Ministério Público deduziu acusação pelos factos atrás aludidos contra Mário Jo-
sé e Licínia Margarida, imputando-lhes, em coautoria, o crime de …, do Código Penal, tendo
o tribunal dado como provada a matéria da acusação e condenado estes pela prática do
referido crime, no processo comum singular n.º , que correu termos no … juízo deste tri-
bunal. (cf. doc. 3).
testemunhas estas cuja notificação se requer seja realizada pelo Tribunal tendo em vista a
sua comparência em audiência de julgamento (cf. art.º 507.º, n.º 2, do Código de Processo
Civil).
O Procurador da República
B.6. Ação de Impugnação de Paternidade Presumida em Representação de Menor
contra:
Raquel …;
e
Carlos Alberto…,
1º
Em …/…/…, nasceu, em …, o menor Vasco Rafael (Doc. nº1),
2º
Filho de Raquel,
3º
Que, à data da conceção e do nascimento do menor, se encontrava casada com Car-
los Alberto.
4º
A paternidade do réu foi oficiosamente averbada ao assento de nascimento da me-
nor (Doc. nº1).
5º
Porém, o marido da mãe do menor, o Carlos Alberto, não é o pai do menor.
6º
Visto que, desde finais do ano de …, a mãe do menor e o Carlos Alberto estão sepa-
rados, não mais tendo voltado a viver juntos, a encontrarem-se ou a terem relações sexu-
ais.
7º
Nunca tendo o R. Carlos Alberto contactado com o menor, nem o tratado ou assu-
mido como filho.
8º
A mãe do menor vive, desde …, com Vasco José, em comunhão de cama, mesa e ha-
bitação, como se de marido e mulher se tratassem.
9º
Com quem manteve e só com ele manteve relações sexuais de cópula, no período
legal da conceção do menor.
10º
Das quais resultou a gravidez e posterior nascimento do mesmo.
11º
No círculo de relações familiares e de amizade da Ré Raquel o menor é reputado
como sendo filho do Vasco José, a quem a paternidade é atribuída.
12º
Pelo que, nos termos dos arts. 1838.º, 1839.º, n.º 1, 1842.º, n.º 1, al. c) e 1846.º, n.º
1, do Cód. Civil, importa impugnar a paternidade presumida.
PARA TANTO,
REQUER-SE A Vª. EX.ª. QUE, D. E A., SE DIGNE MANDAR CITAR OS RR, PARA CON-
TESTAREM, QUERENDO, SEGUINDO-SE OS DEMAIS TRÂMITES LEGAIS ATÉ FINAL.
Rol de Testemunhas
(…)
testemunhas estas cuja notificação se requer seja realizada pelo Tribunal tendo em vis-
ta a sua comparência em audiência de julgamento (cf. art.º 507.º, n.º 2, do Código de
Processo Civil).
O Procurador da República
B.7. Ação de Impugnação de Paternidade Presumida em Representação de Menor
Contra:
- Marta …;
e
- Paulo Alexandre …,
1º
Em …/…/… nasceu, na freguesia de …, concelho de Lisboa, Alexandra Filipa, a qual
foi registada na Conservatória do Registo Civil de Lisboa, sob o assento n.º … (documento
nº1),
2º
como filha de Marta,
3º
que, à data da conceção e do nascimento da menor, se encontrava casada com Pau-
lo Alexandre (documento n.º2).
4º
A paternidade do réu foi oficiosamente averbada ao assento de nascimento da me-
nor.
5º
Porém, o marido da mãe da menor, o Paulo Alexandre, não é o pai da menor.
6º
Visto que, desde o ano de …, a mãe da menor e o Paulo Alexandre estão separados,
não mais tendo voltado a viver juntos, a encontrarem-se ou a terem relações sexuais.
7º
Nunca tendo o réu Paulo Alexandre contactado com a menor, nem a tratado ou
assumido como filha.
8º
A mãe da menor vive, desde inícios do ano de …, com Jorge Manuel, em comunhão
de cama, mesa e habitação, como se de marido e mulher se tratassem.
9º
Com quem manteve e só com ele manteve relações sexuais de cópula, no período
legal da conceção da menor.
10º
Das quais resultou a gravidez e posterior nascimento da mesma.
11º
No círculo de relações familiares e de amizade da ré Marta Alexandra a menor é
reputada como sendo filha do Jorge Manuel, a quem a paternidade é atribuída.
12º
Do relatório da perícia de investigação da paternidade resulta uma paternidade
praticamente provada (99,999999987%) relativamente a Jorge Pereira (documento nº3).
13º
Pelo que, nos termos dos artigos 1838.º, 1839.º, n.º 1, 1842.º, n.º 1, al. c) e 1846.º,
n.º 1 do C. Civil, importa impugnar a paternidade presumida.
Para tanto
Requer-se a V. Exa., que, D. e A., se digne mandar citar os réus, para contestarem,
querendo, seguindo-se os demais trâmites legais até final.
Junta: 3 documentos.
Rol de Testemunhas:
- M;
- B;
- I;
- A.
testemunhas estas cuja notificação se requer seja realizada pelo Tribunal tendo em vista a
sua comparência em audiência de julgamento (cf. art.º 507.º, n.º 2, do Código de Processo
Civil).
O Procurador da República
B.8. Ação Oficiosa de Investigação de Paternidade (aplicação da Lei Pessoal do réu)
O Ministério Público, ao abrigo do disposto nos art.º 3.º, n.º 1, al. p) e 5.º, n.º 1, al.
g) do respetivo Estatuto e artigos 1865.º, n.º 5, e 1868.º do Código Civil, vem propor
I - Da Lei aplicável:
1º
O Réu é de nacionalidade Guineense.
2º
Estatui o art.º 25.º do Código Civil que “O estado dos indivíduos, a capacidade das
pessoas, as relações de família e as sucessões por morte são regulados pela lei pessoal
dos respetivos sujeitos (…)” (negrito nosso).
3º
Por seu turno o art.º 31.º, n.º 1, do mesmo diploma prescreve que “a lei pessoal é a
da nacionalidade do indivíduo”, leia-se do Réu.
4º
Assim, in casu, será de aplicar as normas do Código Civil Português de 1966, apro-
vado pelo Decreto-Lei n.º 47344/66, de 25 de Novembro, que regiam a matéria da investi-
gação da paternidade ilegítima (arts. 1824.º e seguintes), ainda vigente na Guiné Bissau, cf.
Doc. n.º 1.
II - Da ação
5º
Em 29 de novembro de 2008, nasceu, na freguesia da …, concelho e distrito de …, o
menor Didier …, cujo assento de nascimento foi lavrado, em 2 de dezembro de 2008, na
Conservatória do Registo Civil de …, nele se omitindo a paternidade e mencionando que o
menor é filho de Crisália S… (cf. doc. n.º 2).
6º
O menor, todavia, também é filho de Daniel Pedro.
7º
Na verdade, o Réu e a mãe do menor mantiveram, desde 2006 até outubro de 2008
um relacionamento íntimo entre si,
8º
No âmbito do qual passaram a manter um com o outro, com regularidade, relações
sexuais de cópula completa.
9º
Foi em consequência de tais relações sexuais que o menor foi gerado.
10º
Durante os primeiros cento e vinte dias dos trezentos que precederam o nascimen-
to do menor, isto é entre 27 de janeiro e 26 de maio de 2008, a mãe deste apenas manteve
relações sexuais com o Réu.
11º
Presumindo-se, desta forma, a paternidade nos termos do art.º 1860.º, n.º 1, alínea
c), e 1866.º do Decreto-Lei n.º 47344/66, de 25 de novembro.
12º
O próprio Réu endereçou à mãe do menor um documento onde reconhece a pater-
nidade (doc. n.º 3).
13º
Documento esse que faz também presumir a paternidade do Réu, nos termos dos
arts. 1796.º, 1860.º, n.º 1, alínea b), e 1866.º do Decreto-Lei n.º 47344/66, de 25 de no-
vembro.
14º
Para além disso, o Réu e a sua família, nomeadamente a mãe e irmãos, consideram
e tratam o Didier como filho daquele primeiro, o que também constitui presunção de pa-
ternidade nos termos do art.º 1860.º alínea a), 1861.º e 1866.º do Decreto-Lei n.º
47344/66, de 25 de novembro.
15º
Entre a mãe do menor e o R. não existem relações de parentesco ou de afinidade
que obstem à propositura da presente ação (artigo 1866.º, al. a) do Decreto-Lei n.º
47344/66, de 25 de novembro) (Doc. n.º 4 e 5).
16.º
A presente ação foi julgada viável por despacho judicial de 10/05/2010, proferido
no processo de averiguação oficiosa de paternidade n.º …, do …Juízo deste Tribunal de…
(doc. n.º 6).
Prova testemunhal:
(…)
testemunhas estas cuja notificação se requer seja realizada pelo Tribunal tendo em vista a
sua comparência em audiência de julgamento (cf. art.º 507.º, n.º 2, do Código de Processo
Civil).
O Procurador da República
C. Autorização Para a Prática de Atos/Suprimento de consentimento
Estando estes processos abrangidos pelo RCP (art.º 2.º) e não existindo qualquer norma
que atribua um regime especial, deverá aplicar-se o regime geral:
a) Pagamento de uma taxa de justiça inicial, tendo em conta as regras da sua determinação
previstas no CPC (aplicável subsidiariamente ex vi art.º 19.º do DL 272/2001) e no RCP,
salvo se o requerente beneficiar de isenção ou apoio judiciário;
b) Pagamento dos encargos nos termos dos artigos 19.º e 20.º do RCP;
A taxa de justiça inicial rege-se pelos artigos 7.º, n.º 1, e Tabela II do Reg. Custas Processu-
ais (último item): 0,75 UC da taxa de justiça normal, ou seja, 102 € x 75% = 76,50 €.
Cumpre ainda atender ao art.º 6.º, n.º 3, do Reg. Custas Processuais (redução em 90% da
taxa de justiça).
- recusa pelos serviços: art.º 558.º, al.ª e), e 552.º, n.º 1, al.ª f), ambos do Cód. Proc.
Civil.
- se passou nos serviços, dever-se-á aplicar o art.º 305.º, n.º 3, do Cód. Proc. Civil
que determina que «Quando a petição inicial não contenha a indicação do valor e,
apesar disso, haja sido recebida, deve o autor ser convidado, logo que a falta se-
ja notada e sob cominação de a instância se extinguir, a declarar o valor; nes-
te caso, dá-se conhecimento ao réu da declaração feita pelo autor e, se já tiverem
findado os articulados, pode o réu impugnar o valor declarado pelo autor.»
- recusa pela Secretaria (art.º 558.º, al.ª f), do Cód. Proc. Civil);
- não havendo recusa pelos serviços do MP, a lei é omissa – aplicar-se-á o art.º
305.º, n.º 3, do CPC por analogia, conjugadamente com o art.º 560.º do Cód. Proc.
Civil? Isto é, deve o requerente ser convidado, logo que a falta seja notada e
sob cominação de a instância se extinguir, a juntar a autoliquidação da taxa
de justiça no prazo de 10 dias, considerando-se a ação proposta na data em
que a primeira petição foi apresentada em juízo, caso o requerente cumpra o
determinado? Pensamos que sim.
C.1. Despachos
Despacho 1
*
Factos Provados:
- Os requerentes são pais do menor Américo R…, nascido a …/…/…, em …;
- Por sentença de …, do … Juízo deste Tribunal Judicial de …, o menor foi confiado à
mãe, cabendo o exercício das responsabilidades parentais aos pais, conforme averbamen-
to ao assento de nascimento do menor;
- Em 28.05.1997 o requerente marido doou ao menor, com autorização da esposa, a
nua propriedade do prédio melhor descrito no artigo 2.º do requerimento inicial (prédio
rústico descrito sob a ficha … de …),
- Que, à data da doação era um bem próprio do requerente, tendo o mesmo reservado
para si o respetivo usufruto;
- Tal prédio é composto por terra pedregosa, coberta de mato e arbustos silvestres,
não sendo agricultado há mais de trinta anos;
- Não se pode construir no local, por força do PDM em vigor;
- O terreno apenas tem interesse para eventual construção de acesso a casas de habi-
tação;
- Mário J…, residente em …, propôs-se adquirir a nua propriedade do prédio em causa
por … € (… euros);
- Os requerentes são tidos por pessoas idóneas e bons pais.
*
Motivação de facto:
Na valorização da prova, antes de mais, foram valorados os elementos constantes dos
documentos autênticos juntos aos autos que, nos termos do artigo 371.º, n.º 1 do Código
Civil, fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade pública
respetiva, não tendo sido ilididos com base na sua falsidade.
Foi ainda tido em consideração os depoimentos das testemunhas indicadas, designa-
damente José … e Gaspar … (identificados a fls. 29 a 30 dos presentes autos, onde foi regis-
tado o respetivo depoimento), já que mostraram que conheciam o prédio em questão des-
de há bastante tempo, realizando um depoimento que se nos afigurou isento, lógico e, por-
tanto, merecedor de confiança para o esclarecimento da verdade.
A testemunha José ... referiu mesmo que alienou prédio rústico situado nas proximida-
des, com uma área de cerca de 1000 (mil) metros quadrados e onde também não se podia
construir, ao Mário J…, tendo recebido pelo mesmo … € (… euros).
A ponderação de tudo o que ficou exposto, na sua conjugação com o depoimento das
testemunhas ouvidas e das regras da experiência comum permitiu o esclarecimento do
Ministério Público no que se refere à factualidade supra mencionada.
Reputa-se também de particular importância para a convicção firmada o facto de o
prédio se situar em Espaço Agrícola de Grau I – Solo da Reserva Agrícola Nacional (RAN),
nele não sendo possível levar a cabo qualquer edificação (cf. documento de fls…).
*
Do direito:
Nos termos do disposto na al. a) do n.º 1 do artigo 1889.º do Código Civil, os pais não
podem, sem autorização do tribunal, alienar ou onerar bens, salvo tratando-se de aliena-
ção onerosa de coisas suscetíveis de perda ou deterioração.
A ratio do preceito é a proteção dos bens dos menores (Moitinho de Almeida, Reforma
do Código Civil, 1981, pg. 148). Com efeito, por força da sua dependência natural e incapa-
cidade de exercício, poderão ser objeto de diligências no sentido de aquisição dos seus
bens por valores inferiores ao mercado.
Conforme refere Castro Mendes (Teoria Geral, 1979, 2.º, pg. 208), quanto à adminis-
tração, os pais exercem-na ex vi do artigo 1878.º, n.º1 do Código Civil e, nessa medida, ali-
enarão os bens cuja alienação seja ato de administração, ainda que não se trate de coisas
móveis suscetíveis de perda ou deterioração. Só quanto aos atos de disposição vale a res-
trição do artigo 1889.º, n.º 1, al. a): só podem alienar (ou onerar) elementos estáveis do
património do filho com autorização do Tribunal.
Tribunal, nesta aceção, tem de ser entendido em sentido amplo, abrangendo não só o
tribunal em sentido estrito, como também o Ministério Público. Conforme expresso no
preâmbulo do Decreto-Lei n.º 272/01, de 13 de outubro (retificado pela Declaração de
Retificação nº 20-AR/2001, de 30 de novembro; alterado pelo DL n.º 324/2007, de 28.09,
Lei n.º 61/2008, de 31.10, e DL n.º 122/2013, de 26.08), que procedeu à transferência da
competência decisória em processos cuja principal ratio é a tutela dos interesses dos inca-
pazes ou ausentes do processo jurisdicional para o Ministério Público.
Assim, dispõe a al. b) do n.º 1 do artigo 2.º do Decreto-Lei citado que é da exclusiva
competência do Ministério Público as decisões relativas a pedidos de autorização para a
prática de atos pelo representante legal do incapaz, quando legalmente exigida.
Ora, resulta da factualidade dada como provada que o valor oferecido pelo imóvel é
justo, tendo em atenção as suas características supraenunciadas, pelo que o deferimento
do requerido acautelará os interesses do menor.
*
F – Decisão
Por tudo o exposto, sendo de concluir, face aos elementos constantes dos autos, pela
justeza da pretensão dos requerentes, ao abrigo do preceituado nos artigos 1889.º, n.º 1,
al. a), do Código Civil e al. b) do n.º 1 do artigo 2.º do Decreto-Lei citado, vai a mesma defe-
rida, autorizando-se os requerentes a vender, em representação do seu filho António R…, a
nua propriedade do prédio rústico sito no lugar de …, freguesia de …, inscrito na matriz
sob o artigo … daquela freguesia e descrito na Conservatória do Registo Predial de … sob a
ficha … de … pelo valor de … € (…euros).
Prazo para a escritura de compra e venda: dois meses.
Uma vez efetuada a venda do imóvel, devem os requerentes no prazo de 15 dias fazer
prova nos autos do depósito de tal valor em conta aberta em nome do menor a prazo não
inferior a um ano.
Notifique.
Custas pelo menor, nos termos do artigo 7.º, n.º 1, do Regulamento das Custas pro-
cessuais («A taxa de justiça nos processos especiais fixa-se nos termos da tabela I, salvo os
casos expressamente referidos na tabela II, que fazem parte integrante do presente Regu-
lamento.») e Tabela II (último item) do Regulamento das Custas processuais: 0,75 UC
de taxa de justiça normal.
…/…
O Procurador da República
Despacho 2
Todavia, será que a exceção referida no artigo 2.º, n.º 2, al. b), do sobredito di-
ploma, exclui da competência do MP a apreciação de decisões relativas a casos
deste estrito jaez (uma permuta de bem imóvel)? Incluir-se-á tal factologia, nu-
ma leitura interpretativa, na «autorização para outorga de partilha extrajudici-
al»?
Despacho:
- foi casada em comunhão de adquiridos com Luís José, o qual veio a falecer a
15.06.2010, na freguesia de São Martinho do Bispo, concelho de Coimbra;
- a herança aberta por óbito de Luís José encontra-se por partilhar, sendo certo que este
não deixou testamento ou qualquer disposição de última vontade;
- esta outra fração trata-se da fração autónoma designada pela letra «C», correspondente
ao rés do chão, lado Esquerdo, entrada B, de um apartamento do tipo T3, destinado à habi-
tação, com uma garagem na cave, sito na rua …, n.º …, na Quinta da Borleteira, freguesia de
Tavarede, concelho da Figueira da Foz, inscrito na respetiva matriz sob o artigo n.º …. e
descrito na 1.º Conservatória do Registo Predial da Figueira da Foz sob a Ficha n.º …;
- ora, porque a fração faça parte da comunhão hereditária, não pode a requerente outor-
gar a competente escritura de permuta ou venda, nem assinar quaisquer documentos ine-
rentes ao negócio, nomeadamente na competente Repartição de Finanças e Conservatória
do Registo Predial, sem a necessária autorização.
Neste conspecto, pretende a requerente que seja elaborada decisão no sentido do su-
primento do consentimento do menor para a outorga da escritura e para todos os actos de
registo ou outros que lhe sejam conexos.
Citados a avó materna do menor, Maria de Fátima, num primeiro momento, e os avós
paternos do menor, Francisco Pereira e Rosa Pereira, já em momento posterior – enquanto
parentes sucessível mais próximos, para além da requerente, cujo paradeiro se conheça –,
nos termos e para os efeitos do disposto no artigo 3.º, n.º 3, do Decreto-Lei n.º 272/2001,
de 13 de outubro, os mesmos não contestaram o pedido formulado pela requerente em
representação do menor, nem juntaram quaisquer documentos.
Foram inquiridas Gracinda Maria (fls. 14 e 15) e Maria Luísa, ambas tias da requerente,
que se revelaram conhecedoras da respetiva dinâmica familiar; a primeira testemunha
esclareceu também alguns pormenores quanto ao negócio que a requerente pretende ce-
lebrar.
Da conjugação dos elementos documentais juntos aos autos e da prova testemunhal nos
mesmos produzida, resultaram os seguintes
Factos Provados:
1. A requerente foi casada em comunhão de adquiridos com Luís José, o qual veio a fale-
cer a 15.06.2010, na freguesia de São Martinho do Bispo, concelho de Coimbra.
3. A herança aberta por óbito de Luís José encontra-se por partilhar, sendo certo que
este não deixou testamento ou qualquer disposição de última vontade;
5. Tal fração constitui a casa de morada de família da requerente de seu filho menor Gui-
lherme.
6. Após o decesso ocorrido, a requerente não consegue viver no espaço que durante
anos partilhou com Luís José, sofrendo de problemas psicológico-emocionais por conti-
nuar a habitar numa casa que lhe proporciona inúmeras recordações do cônjuge precoce-
mente falecido.
8. Esta outra fração trata-se da fração autónoma designada pela letra «C», corresponden-
te ao rés-do-chão, lado Esquerdo, entrada B, de um apartamento do tipo T3, destinado à
habitação, com uma garagem na cave, sito na Rua Luís Cajão, n.º 21, na Quinta da Borletei-
ra, freguesia de Tavarede, concelho da Figueira da Foz, inscrito na respetiva matriz sob o
artigo n.º 4107 e descrito na 1.º Conservatória do Registo Predial da Figueira da Foz sob a
Ficha n.º 271.
- a «Fozneto Construções, Lda», por sua vez dona e legítima proprietária da fração autó-
noma identificada em 8), cederá, à laia de permuta, à requerente Sandra Flor, esta outra
fração;
- a requerente Sandra Flor pagará de tornas a quantia de € 90.000,00 (noventa mil eu-
ros), sendo que, aquando do contrato-promessa de permuta, efetuado, na Figueira da Foz,
a …/…/…, esta entregou já à «Fozneto Construções, Lda.» o montante de € 20.000,00 (vin-
te mil euros), a título de sinal e princípio de pagamento por conta do preço acordado;
- o remanescente do preço, ou seja € 70.000,00 (setenta mil euros), será pago, no ato da
escritura pública, pela requerente Sandra Flor à «Fozneto Construções, Lda.», com recurso
a financiamento bancário;
Existem situações em que, para a concretização de certos atos ou negócios jurídicos, a lei
exige a autorização do Tribunal, como sucede relativamente à venda, pelos pais, de bens
pertencentes a filhos menores.
Com efeito, o artigo 1889.º, n.º 1, alínea a), do Código Civil, determina que “os pais, como
representantes do filho, não podem, sem autorização do tribunal, alienar ou onerar bens,
salvo tratando-se de alienação de coisas suscetíveis de perda ou deterioração”.
*
Pelo exposto, considerando os elementos de prova reunidos nos autos e ao abrigo
do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º, do Decreto-Lei n.º 272/2001, de 13 de outu-
bro, e por entender que o mesmo se reputa como necessário, justificado e compatível com
os interesses do menor Guilherme, autorizo:
Destarte:
Custas pelo menor, nos termos do artigo 7.º, n.º 1, do Regulamento das Custas
processuais («A taxa de justiça nos processos especiais fixa-se nos termos da tabela I,
salvo os casos expressamente referidos na tabela II, que fazem parte integrante do presen-
te Regulamento.») e Tabela II (último item) do Regulamento das Custas processuais:
0,75 UC de taxa de justiça normal.
Local/Data
(Despacho processado a computador e revisto integralmente pelo signatário).
O Procurador da República
Despacho 3
A – Relatório
*
Helena Maria, em …/…/…, intentou o presente processo de autorização judicial
para venda de bens de menores, nos termos do art. 2º e ss. do DL 272/01, de 13 de outu-
bro.
Para tanto alegou que:
- na qualidade de legal representante da sua filha Hanna Mónica, de 12 anos de
idade, consigo residente, pretende alienar a quota parte indivisa do prédio ur-
bano propriedade da menor;
- esta quota parte do prédio, adveio à propriedade da sua filha menor através de
escritura de doação, outorgada no dia …/…/… no 1.º Cartório Notarial da Fi-
gueira da Foz;
- doação esta outorgada por uma tia da ora requerente, de nome Judite M., a qual
fez uma doação à Helena do usufruto do referido prédio, à menor Hanna de ½
da nua propriedade desse prédio e a um outro filho da ora requerente de nome
Marco Alexandre, da outra metade da nua propriedade desse mesmo prédio;
- este prédio urbano tem somente 24 m2 de superfície coberta e não reúne con-
dições de habitabilidade para si e para a sua filha menor Hanna;
- o outro filho da ora requerente, de nome Marco Alexandre, comproprietário de
½ da nua propriedade do referido prédio é solteiro e maior;
- por não ter espaço na casa da mãe, foi-lhe cedido em comodato um pequeno
andar arrendado, sito no Bairro …, Bloco 4, rés do chão dt.º, na Figueira da Foz.
- ora, a casa doada, situa-se numa zona nobre da Figueira da Foz, no chamado
Bairro Novo, que é o coração da cidade;
- situa-se perto do Casino, numa rua pedonal, onde existem vários cafés, bares e
restaurantes;
- para viver é uma zona (especialmente no Verão e em todos os fins de semana
do ano) muito barulhenta, mas dada a sua situação, a casa tem um valor co-
mercial – dado o fim a que pode ser destinada – muito superior ao seu valor
real.
- pretende vender essa casa e comprar uma outra, numa zona da cidade menos
nobre, mas onde, além de conseguir ter outras condições habitabilidade, tenha
melhor qualidade de vida e mais espaço;
- foram consultadas várias agências imobiliárias, no sentido de avaliarem o bem
em apreço e os valores por elas referidos situam-se cerca dos € 124 600.
- a casa a adquirir seria comprada nas mesmas proporções daquela que preten-
de vender, isto é, ½ da nua propriedade em nome da menor, metade da nua
propriedade em nome do seu filho Marco e o usufruto para a requerente.
- o ato, cuja realização se pretende, visa satisfazer uma necessidade urgente e é
de proveito evidente para a menor, além de ser também proveitoso para os
demais comproprietários alienantes.
- de acordo com a Regulação do Exercício das Responsabilidades Parentais que
correu termos pelo … Juízo, sob o n.º 188/97, do Tribunal Judicial da Figueira
da Foz, detém o exercício das responsabilidades parentais.
Face a este elementos, a requerente pretende que lhe seja autorizada a venda de ½
da nua propriedade do prédio descrito, de que é titular a sua filha menor Hanna, pela
quantia não inferior a € 31 150, montante este que após se efetuar a venda ficaria deposi-
tada na Caixa Geral de Depósitos a favor da menor, até a requerente comprovar que vai
adquirir nova habitação, nas proporções referidas ou, autorizar a requerente para proce-
der à negociação e permuta do referido prédio, por uma habitação que reúna as condições
necessárias de habitabilidade ao seu agregado familiar, caso a hipótese de uma permuta se
venha a realizar.
Citados os parentes sucessíveis mais próximos da menor, os mesmos não contesta-
ram o pedido formulado pela requerente.
Procedeu-se à avaliação do bem em causa, encontrando-se o respetivo relatório a
fls. 66 a 69, tendo sido avaliado o imóvel pelo perito indicado em € 97 650,00 (noventa e
sete mil, seiscentos e cinquenta euros).
*
O Ministério Público é competente em razão da nacionalidade (artigos 62.º do Có-
digo de Processo Civil, ex vi do artigo 3.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 272/01, de 13.10, e 3.º
do Estatuto do Ministério Público, aprovado pela Lei n.º 47/86, de 15 de outubro) e maté-
ria (artigo 2.º, n.º 1, al. b), do Decreto-Lei n.º 272/01, de 13.10, aplicável ex vi do artigo
1889.º/1 a) do Código Civil).
Nos termos do disposto no artigo 122.º do Código Civil, é menor quem ainda não
tiver completado dezoito anos e como tal carece de capacidade para o exercício de direitos
(cf. artigo 123.º do Código Civil)
A sua incapacidade é suprida pelas responsabilidades parentais (artigo 1877.º e
1878.º, ambos do Código Civil).
Nos termos do disposto na al. a) do n.º 1 do artigo 1889.º do Código Civil, os pais
não podem, sem autorização do Tribunal, alienar ou onerar bens, salvo tratando-se de
alienação onerosa de coisas suscetíveis de perda ou deterioração.
O artigo 2.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 272/01 preceitua que compete em exclusivo
ao Ministério Público a decisão relativamente a tais pedidos.
O processo é isento de nulidades que o invalidem de todo.
As partes são dotadas de personalidade e capacidade judiciária, têm legitimidade
para a ação e estão patrocinadas.
A Hanna Mónica nasceu a …/…/…. Ainda não atingiu, pois, a maioridade, já que tem
apenas 13 anos de idade.
O processo é isento de nulidades que o invalidem de todo.
As partes são dotadas de personalidade e capacidade judiciária, têm legitimidade
para a ação e estão patrocinadas.
*
Realizaram-se as seguintes diligências:
a) citação dos parentes sucessíveis mais próximos da menor;
b) inquirição das testemunhas Carlos Francisco, Maria Helena Simões e Marco Ale-
xandre (cf. fls. 49 dos autos)
c) nomeação como perito do arquiteto Rui Manuel para avaliação do bem imóvel
constante do requerimento e junção do respetivo relatório.
*
B - Factos Provados
1. Hanna Mónica é filha da requerente Helena Maria (cf. certidão de nasci-
mento de fls. 25.
2. Na presente data, Hanna, tem menos de 18 anos de idade – nasceu em 24
de julho de ….
3. O exercício das responsabilidades parentais encontra-se entregue à mãe
da menor (cf. fls. 31 a 34).
4. A menor tem como pai Benedict Charles.
5. O imóvel de que a menor é comproprietária é composto de rés-do-chão
destinado a comércio e 1.º andar sito na Rua de S. Lourenço n.º … Figuei-
ra da Foz, inscrito na matriz urbana da freguesia de … sob o artigo n.º ….
e descrito na 1.ª Conservatória do Registo Predial na ficha n.º … de …,
onde se encontra a favor da menor Hanna (a sua quota parte) através da
inscrição G-4 (cf. folhas 11 a 18).
6. Esta quota-parte do prédio, adveio à propriedade da sua filha menor
através de escritura de doação, outorgada no dia …/…/… no 1.º Cartório
Notarial da Figueira da Foz (cf. fls. 19 a 23).
7. Esta doação foi outorgada por uma tia da ora requerente, de nome Judi-
te, a qual fez uma doação à Helena do usufruto do referido prédio, à me-
nor Hanna de ½ da nua propriedade desse prédio e a um outro filho da
ora requerente de nome Marco Alexandre, da outra metade da nua pro-
priedade desse mesmo prédio.
8. O prédio urbano tem somente 24 m2 de superfície coberta e não reúne
condições de habitabilidade para si e para a sua filha menor Hanna.
9. O outro filho da ora requerente, de nome Marco Alexandre, comproprie-
tário de ½ da nua propriedade do referido prédio é solteiro e maior.
10. Por não ter espaço na casa da mãe, foi-lhe cedido em comodato um pe-
queno andar arrendado, sito no Bairro …, na Figueira da Foz.
11. A casa doada, situa-se numa zona nobre da Figueira da Foz, no chamado
Bairro Novo, que é o coração da cidade.
12. Situa-se perto do Casino, numa rua pedonal, onde existem vários cafés,
bares e restaurantes.
13. Considerando a implantação no local, a área do imóvel, a existência de
rede de águas, de eletricidade, de saneamento e telefónica, de ilumina-
ção pública, as acessibilidades aí existentes, a qualidade ambiental do lo-
cal, o estado do prédio imóvel, as possibilidades de construção previstas
no âmbito respetivo P.D.M., bem como a imagem associada à zona do
Bairro Novo, Figueira da Foz, foi pelo perito atribuído como valor de
mercado a quantia de € 97 650.
*
C - Motivação de facto
Na valorização da prova, antes de mais, foram valorados os elementos constantes
dos documentos autênticos juntos aos autos que, nos termos do art.º 371.º/1 do Código
Civil, fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade pública
respetiva, não tendo sido ilididos com base na sua falsidade.
Foi ainda tido em consideração os depoimentos das testemunhas indicadas, desig-
nadamente Carlos Francisco, Maria Helena, Marco Alexandre, bem como as declarações da
avó materna da menor Maria Manuela (todos identificados a fls. 49 dos presentes autos),
já que, não obstante serem pessoas próximas da Requerente, mostraram que conheciam o
prédio em questão desde há bastante tempo, realizando um depoimento que se nos afigu-
rou isento e portanto merecedor de confiança para o esclarecimento da verdade.
As testemunhas acabadas de referir com razão de ciência devidamente controlada,
depuseram de forma consentânea, objetiva e sem reparos, evidenciando conhecimento
direto dos factos sobre que depuseram e merecendo dessa forma, no que se refere aos
mesmos, a credibilidade do tribunal.
A ponderação de tudo o que ficou exposto, na sua conjugação com o depoimento
das testemunhas ouvidas e das regras da experiência comum permitiu o esclarecimento
do Ministério Público no que se refere à factualidade supra mencionada. Reputa-se tam-
bém de particular importância para a convicção firmada a perícia realizada, a qual permi-
tiu fazer uma análise circunstanciada e conhecedora do imóvel objeto do presente pedido
de autorização. Elenca os critérios que utilizou na avaliação e que correspondem a índices
objetivos do mercado. Por outro lado, é pessoa de reconhecida idoneidade, tendo sido in-
dicada por uma entidade independente (Câmara Municipal da Figueira da Foz), tendo uma
relação diária com o mercado imobiliário, sendo de credibilizar plenamente o seu relatório
pericial.
*
D - Questão a decidir nos presentes autos
1ª - autorização de venda do imóvel de que Hanna Mónica é comproprietária.
*
E - Fundamentação de Facto
Nos termos do disposto no art.º 122.º do Código Civil é menor quem ainda não
tiver completado 18 anos. Tendo Hanna Mónica nascido em …/…/…, a sua incapacidade de
exercício é suprida pelas responsabilidades parentais – arts. 124.º, 1877.º e 1878.º, todos
do Código Civil.
Nos termos do disposto na al. a) do n.º 1 do art.º 1889.º do Código Civil, os pais não
podem, sem autorização do tribunal, alienar ou onerar bens, salvo tratando-se de aliena-
ção onerosa de coisas suscetíveis de perda ou deterioração.
A ratio do preceito é a proteção dos bens dos menores (Moitinho de Almeida, Re-
forma do Código Civil, 1981, pg. 148). Com efeito, por força da sua dependência natural e
incapacidade de exercício, poderão ser objeto de diligências no sentido de aquisição dos
seus bens por valores inferiores ao mercado.
Conforme refere Castro Mendes (Teoria Geral, 1979, 2.º, pg. 208), quanto à admi-
nistração, os pais exercem-na ex vi 1978.º/1 e nessa medida alienarão os bens cuja aliena-
ção seja ato de administração, ainda que não se trate de coisas móveis suscetíveis de perda
ou deterioração (v.g. pedras de uma pedreira). Só quanto aos atos de disposição vale a
restrição do art.º 1889.º/1 a): só podem alienar (ou onerar) elementos estáveis do patri-
mónio do filho com autorização do Tribunal.
Tribunal, nesta aceção, tem de ser entendido em sentido amplo, abrangendo não só
o tribunal em sentido estrito, como também o Ministério Público. Conforme expresso no
preâmbulo do DL 272/01, de 13 de outubro, sujeito à Declaração de Retificação n.º 20-
AR/2001, DR de 30 de novembro (suplemento), este diploma procedeu à transferência da
competência decisória em processos cuja principal ratio é a tutela dos interesses dos inca-
pazes ou ausentes do processo jurisdicional para o Ministério Público.
Assim, dispõe a al. b) do n.º 1 do art.º 2.º que é da exclusiva competência do Minis-
tério Público as decisões relativas a pedidos de autorização para a prática de atos pelo
representante legal do incapaz, quando legalmente exigida.
Ora, da factualidade dada como provado resultou inequivocamente provado que o
domicílio onde a menor reside com a mãe oferece condições de habitabilidade algo precá-
rias. Porém, em momento algum do processo se fez qualquer menção da existência de uma
proposta de compra do imóvel, nem sequer do interesse de algum eventual comprador
para o mesmo. Bem como não se avançaram quaisquer valores que tenham sido oferecidos
para uma futura aquisição. Por outro lado, ao arrepio do que vem alegado, também nunca
se menciona que imóvel a mãe da menor estaria interessada em adquirir com o dinheiro
proveniente da venda do imóvel que agora se pretende obter autorização. De igual modo,
não se concretiza este pedido de autorização judicial em nenhum negócio imobiliário de
troca da presente fração por um outro imóvel que oferecesse melhores condições de habi-
tabilidade para a menor, e assim sendo, se coadunasse com o interesse desta criança.
Importa ainda referir que, e uma vez que estamos perante um processo de jurisdi-
ção voluntária, havendo um interesse fundamental tutelado pelo direito, mas que ao Mi-
nistério Público cumpre regular nos termos mais convenientes8, procedeu-se à notificação
da requerente para que viesse indicar nos autos a habitação que pretende adquirir, por
que valor e qual a sua localização, uma vez que só na posse destes elementos se tornaria
possível aquilatar da bondade da pretensão da requerente, atento sempre o superior inte-
resse da criança. Nesta sequência, Helena Maria veio requerer que lhe fosse concedido um
prazo não inferior a 60 dias, pois ainda não concretizou nenhum negócio para a venda da
casa objeto dos autos. Decorrido esse prazo e respetivas prorrogações mais nenhuma in-
formação foi trazida aos autos, o que nos permite concluir que a situação se mantém inal-
terada.
Os dados do problema, conforme nos são apresentados, expressam-se de forma
pouco consistente, desacompanhada de dois elementos essenciais para a prolação de uma
decisão sustentada, designadamente: elementos respeitantes à proposta de compra do
imóvel de que versam os presentes autos e a descrição pormenorizada do imóvel que a
requerente pretende comprar para aí passar a habitar com a sua filha Hanna, menor de
idade. Só na posse destes elementos, o Ministério Público estaria em condições de se pro-
nunciar sobre a nobreza de uma tal permuta para os interesses deste agregado familiar,
maxime da menor, sob pena de estar a sufragar uma intenção temerária que não acautela-
ria o património e bem-estar desta criança que aqui se pretende proteger.
A não ser assim, com o presente processo de autorização judicial, estar-se-ia a as-
sinar uma carta em branco, permitindo ao requerente que procedesse segundo o seu livre
arbítrio, destituído de qualquer controlo. Ora, não foi nestes termos que o legislador pre-
viu este regime, tornando-se necessário, aquando do pedido de autorização que se juntem
todos os dados inerentes à compra e venda que se pretende ver autorizada.
Considerando todas estas circunstâncias de facto, há que concluir que inexistem
elementos que permitam concluir que existe uma vantagem a favor da menor caso o bem
seja de facto vendido, na medida em que não se mostram salvaguardados os interesses da
menor, a que se reporta o art.º 1889.º/1 a) do Código Civil, sobretudo por falta de apresen-
tação de elementos essenciais à boa decisão da causa.
*
F - Decisão
Pelo exposto, julgo o presente processo improcedente, por não provado e conse-
quentemente:
a) não se autoriza a venda de ½ da nua propriedade do prédio descrito no art.º
1.º do requerimento inicial
8
Para um maior desenvolvimento na perspetiva processual vide, Antunes Varela, Manual de
Processo Civil, pág. 69.
b) não se autoriza a requerente que proceda à negociação e permuta do referido
prédio, por uma habitação que reúna as condições necessárias de habitabilida-
de ao seu agregado familiar, caso a hipótese de uma permuta se venha a viabi-
lizar.
*
Custas pela menor, nos termos do artigo 7.º, n.º 1, do Regulamento das Custas
processuais («A taxa de justiça nos processos especiais fixa-se nos termos da tabela I,
salvo os casos expressamente referidos na tabela II, que fazem parte integrante do presen-
te Regulamento.») e Tabela II (último item) do Regulamento das Custas processuais:
0,75 UC de taxa de justiça normal.
*
Notifique.
*
Local/data
Processei, imprimi, revi e assinei o texto, seguindo os versos em branco.
O Procurador da República
Despacho 4
A – Relatório
*
Luís Florindo, em representação da menor, Maria Ribeiro Paula, nascida a …/…/…,
intentou o presente processo de autorização judicial para a partilha extrajudicial do acer-
vo hereditário jacente por óbito de José Mesquita Ribeiro, nos termos do art.º 2.º e ss. do
DL 272/01, de 13 de outubro.
Para tanto alegou que:
- na qualidade de legal representante da sua filha Maria Ribeiro Paula, de 8 anos
de idade, consigo residente, pretende que se autorize a partilha extrajudicial da
herança aberta por óbito de José Mesquita Ribeiro;
- José Mesquita Ribeiro, que era natural da freguesia de Lavos, onde teve a sua
última residência no lugar de Costa de Lavos, faleceu em …/…/…, sem deixar
testamento ou qualquer outra disposição de última vontade, no estado de viú-
vo de Maria de Jesus Vieira Mesquita;
- Como seus únicos e universais herdeiros, deixou Natália Maria Mesquita Ribei-
ro, id. a fls. 14, Helena Maria, id. a fls. 11, e Alzira Mesquita Ribeiro, solteira,
maior, falecida em …/…/…, tendo-lhe sucedido, a sua filha menor, de 8 anos de
idade Maria Ribeiro Paulo;
- José Mesquita Ribeiro deixou herança constituída por um único bem imóvel –
Casa de Habitação de rés-do-chão e 1.º andar, sita em Costa de Lavos, inscrita
na matriz urbana da freguesia de Lavos, sob o art.º …., com o valor patrimonial
de € 279, 85 (duzentos e setenta e nove euros e oitenta e cinco cêntimos);
- é de grande interesse e deveras vantajoso para os interessados, se convencio-
nar, agora, a partilha dos bens da aludida herança, formalizando-a validamente
por via notarial.
*
Face a estes elementos, o requerente pretende que seja autorizado que se conven-
cione, por via notarial, a partilha, nos termos legais, dos bens deixados por óbito de José
Mesquita Ribeiro, falecido em …/…/…, na freguesia de Santo António dos Olivais – Coim-
bra, natural da freguesia de Lavos, onde teve a sua última residência habitual.
Citado o parente sucessível mais próximo da menor, o mesmo não contestou o pe-
dido formulado pelo requerente.
*
O Ministério Público é competente em razão da nacionalidade (artigos 62.º do Có-
digo de Processo Civil, ex vi do artigo 3.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 272/01, de 13.10, e 3.º do
Estatuto do Ministério Público, aprovado pela Lei n.º 47/86, de 15 de outubro) e matéria
(artigo 2.º, n.º 1, al. b), do Decreto-Lei n.º 272/01, de 13.10, aplicável ex vi do artigo
1889.º/1 a) do Código Civil).
Nos termos do disposto no artigo 122.º do Código Civil, é menor quem ainda não
tiver completado dezoito anos e como tal carece de capacidade para o exercício de direitos
(cf. artigo 123.º do Código Civil)
A sua incapacidade é suprida pelas responsabilidades parentais (artigo 1877.º e
1878.º, ambos do Código Civil).
Nos termos do disposto na al. a) do n.º 1 do artigo 1889.º do Código Civil, os pais
não podem, sem autorização do Tribunal, alienar ou onerar bens, salvo tratando-se de
alienação onerosa de coisas suscetíveis de perda ou deterioração.
O artigo 2.º, n.º 1 do Decreto-Lei n.º 272/01 preceitua que compete em exclusivo
ao Ministério Público a decisão relativamente a tais pedidos.
O processo é isento de nulidades que o invalidem de todo.
As partes são dotadas de personalidade e capacidade judiciária, têm legitimidade
para a ação e estão patrocinadas.
A Maria Ribeiro Paula nasceu a …/…/…. Ainda não atingiu, pois, a maioridade, já
que tem apenas 8 anos de idade.
O processo é isento de nulidades que o invalidem de todo.
As partes são dotadas de personalidade e capacidade judiciária, têm legitimidade
para a ação e estão patrocinadas.
*
Realizaram-se as seguintes diligências:
a) citação do parente sucessível mais próximo da menor;
b) inquirição das testemunhas Natália Maria e Helena Maria (cf. fls. 20 dos autos).
*
B - Factos Provados
1. Maria Ribeiro Paulo é filha única de Alzira Mesquita Ribeiro, falecida no
dia …/…/… (cfr. certidão de nascimento de fls. 16 e certidão de assento
de óbito de fls. 17)
2. Na presente data, Maria Paula, tem menos de 18 anos de idade – nasceu
em …/…/… (cf. fls. 16).
3. A menor tem como pai o requerente Luís Florindo, o qual sobre a menor
exerce as responsabilidades parentais (certidão de nascimento de fls.
16);
4. José Augusto Mesquita, que era natural da freguesia de Lavos, onde teve
a sua última residência no lugar de Costa de Lavos, faleceu em …/…/…,
sem deixar testamento ou qualquer outra disposição de última vontade,
no estado de viúvo de Maria de Jesus Vieira Mesquita (certidão de óbito
de fls. 15)
5. Como seus únicos e universais herdeiros, deixou Natália Maria Mesquita
Ribeiro Dionísio Penedo, id. a fls. 14, Helena Maria Vieira Ribeiro, id. a
fls. 11 e Alzira Mesquita Ribeiro, solteira, maior, falecida em …/…/…,
tendo-lhe sucedido, a sua filha menor, de 8 anos de idade Maria Ribeiro
Paulo;
6. José Mesquita Ribeiro deixou herança constituída por um único bem
imóvel – Casa de Habitação de rés-do-chão e 1.º andar, sita em Costa de
Lavos, inscrita na matriz urbana da freguesia de Lavos, sob o art.º ….,
com o valor patrimonial de € 279, 85 (duzentos e setenta e nove euros e
oitenta e cinco cêntimos) - doc. de fls. 3 a 9;
7. é de grande interesse e deveras vantajoso para os interessados, se con-
vencionar, agora, a partilha dos bens da aludida herança, formalizando-a
validamente por via notarial.
*
C - Motivação de facto
Na valorização da prova, antes de mais, foram valorados os elementos constantes
dos documentos autênticos juntos aos autos que, nos termos do art.º 371.º/1 do Código
Civil, fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade pública
respetiva, não tendo sido ilididos com base na sua falsidade.
Foi ainda tido em consideração os depoimentos das testemunhas indicadas, desig-
nadamente Natália Dionísio Penedo e Helena Maria Vieira Ribeiro (identificadas a fls. 21
dos presentes autos), já que, não obstante serem pessoas com interesse nos presentes
autos, mostraram que conheciam o imóvel em questão desde há bastante tempo, bem co-
mo a situação pessoal da menor, realizando um depoimento que se nos afigurou isento e
portanto merecedor de confiança para o esclarecimento da verdade, corroborando inte-
gralmente os factos alegados pelo requerente.
As testemunhas acabadas de referir com razão de ciência devidamente controlada,
depuseram de forma consentânea, objetiva e sem reparos, evidenciando conhecimento
direto dos factos sobre que depuseram e merecendo dessa forma, no que se refere aos
mesmos, a credibilidade do tribunal.
A ponderação de tudo o que ficou exposto, na sua conjugação com o depoimento
das testemunhas ouvidas e das regras da experiência comum permitiu o esclarecimento
do tribunal no que se refere à factualidade supra mencionada.
*
D - Questão a decidir nos presentes autos
1ª - autorização para convencionar partilha extrajudicial da herança deixada por
óbito de José Mesquita Ribeiro.
*
E - Fundamentação de Facto
Nos termos do disposto no art. 122.º do Código Civil é menor quem ainda não tiver
completado 18 anos. Tendo Maria Paula nascido em …/…/…, a sua incapacidade de exercí-
cio é suprida pelas responsabilidades parentais – arts. 124.º, 1877.º e 1878.º, todos do
Código Civil.
O requerente é ascendente da menor em primeiro grau na linha reta, sendo o titu-
lar das responsabilidades parentais de Maria Paula.
As responsabilidades parentais são um conjunto de poderes-deveres, um poder funci-
onal, irrenunciável e intransmissível que deve ser exercido altruisticamente, no interesse do
filho, tendo em vista o seu integral e harmonioso desenvolvimento físico, intelectual e moral
(cf. arts. 1874.º, 1878.º, 1882.º, 1885.º e ss. e 1997.º, todos do Código Civil).
Nos termos do disposto no art.º 2033.º/1 do Código Civil, os menores têm capaci-
dade sucessória.
No momento em que faleceu José Mesquita Ribeiro (cf. fls. 15), a menor foi chama-
da à titularidade das relações jurídicas do falecido – goza assim do direito de representa-
ção, já que é descendente da filha do autor da sucessão (cf. arts. 2039.º, 2041.º e 2042.º do
Código Civil).
Relativamente ao autor da sucessão, a partilha da herança, quanto à menor faz-se
não por cabeça, mas por estirpe,9 o que na prática, corresponde a que a menor, uma vez
que é filha única e não existe cônjuge, vai herdar a totalidade da quota hereditária que
caberia à sua mãe.
Conforme resulta de fls. 6 e 7, os herdeiros ao registarem os prédios, traduziram de
forma expressa a vontade, enquanto sucessíveis prioritários, de adquirir a herança (vide
Gomes da Silva, Direito das Sucessões, pág. 281). A aceitação da herança ou legado é um
ato jurídico unilateral e recetício, que corresponde ao exercício do direito de suceder con-
ferido a um sucessível através da manifestação de vontade de adquirir efetivamente a he-
rança ou legado. Revela sem dúvida esta intencionalidade, a inscrição no registo predial.10
Ora, verifica-se que os pais, como representantes do filho podem, sem autorização
do tribunal, aceitar herança sem encargos, cf. resulta do art.º 1889.º/1 l) do Código Civil a
contrario. E foi o que de facto aconteceu nos presentes autos.
Porém, nos termos do disposto na al. l) do n.º 1 do art.º 1889.º do Código Civil, os
pais não podem, sem autorização do tribunal, convencionar partilha extrajudicial
A ratio do preceito é a proteção dos bens dos menores (Moitinho de Almeida, Re-
forma do Código Civil, 1981, pg. 148). Com efeito, por força da sua dependência natural e
incapacidade de exercício, poderão estes ser objeto de diligências no sentido de verem a
sua quota no acervo hereditário sonegada. E é isso que se pretende evitar com os presen-
tes autos. Com esse escopo, o art.º 1889.º/1 l) do Código Civil impôs que, para que se con-
9
Pereira Coelho, Sucessões, 2ª edição, 1968, pág. 209.
10
Cfr. Acórdão do STJ de 10/02/97, BMJ 472, 443.
vencione partilha extrajudicial dos bens de herança de menor, seja necessária autorização
do Tribunal.
Tribunal, nesta aceção, tem de ser entendido em sentido amplo, abrangendo não só
o tribunal em sentido estrito, como também o Ministério Público. Conforme expresso no
preâmbulo do DL 272/01, de 13 de outubro, sujeito à Declaração de Retificação n.º 20-
AR/2001, DR de 30 de novembro (suplemento), este diploma procedeu à transferência da
competência decisória em processos cuja principal ratio é a tutela dos interesses dos inca-
pazes ou ausentes do processo jurisdicional para o Ministério Público.
Assim, dispõe a al. b) do n.º 1 do art.º 2.º que é da exclusiva competência do Minis-
tério Público as decisões relativas a pedidos de autorização para a prática de atos pelo
representante legal do incapaz, quando legalmente exigida.
Na redação do Código Civil anterior ao Decreto-Lei n.º 227/94, de 8 de setembro, a
herança deferida a menor só podia ser aceite a benefício de inventário. Nos termos das
disposições conjugadas do art.º 2052.º e 2053.º do Código Civil em vigor, não tem de ser
necessariamente partilhada através de inventário, podendo recorrer-se à partilha extraju-
dicial. Isto claro, com as limitações já aludidas impostas pela lei civil, no que se refere à
necessária autorização judicial para o efeito.
Verifica-se, in casu, que todos os interessados estão de comum acordo em que a
partilha se realize de forma extrajudicial, cumprindo o art.º 2102.º do Código Civil.
Ora, da factualidade dada como provado é possível extrair os elementos necessá-
rios para a prolação de uma decisão sustentada, designadamente: elementos respeitantes
à qualidade de herdeira legitimária da menor, bem como os elementos referentes aos de-
mais herdeiros e a descrição pormenorizada do imóvel que constitui o acervo hereditário.
Na posse destes elementos, o Ministério Público está em condições de se pronunci-
ar sobre a nobreza de se convencionar partilha extrajudicial e os termos em que esta deve
ser feita, acautelando o património e bem-estar desta criança que aqui se pretende prote-
ger.
Considerando todas estas circunstâncias de facto, havendo o acordo de todos os
herdeiros e estando salvaguardados os interesses da menor, é de conceder autorização
para partilha judicial da verba única, a que corresponde casa de habitação com rés-do-
chão e 1.º andar, inscrita na matriz urbana da freguesia de Lavos, sob o art.º …, com o valor
patrimonial de € 279,85 (duzentos e setenta e nove euros e oitenta e cinco cêntimos, de-
vendo esta ser equidividida em três partes de igual valia.
*
F – Decisão
Pelo exposto, julgo o presente processo procedente, por provado e consequente-
mente:
a) Autorizo o requerente, na qualidade de legal representante da menor, que
convencione extrajudicialmente, por via notarial a partilha, nos termos legais,
do bem deixado por óbito de José Mesquita Ribeiro.
b) Esta partilha deverá consistir na divisão do bem imóvel casa de habitação de
rés-do-chão e 1º andar, sita em Costa de Lavos, inscrita na matriz urbana da
freguesia de Lavos, sob o art.º …, a que corresponde o valor patrimonial de €
279, 85 (duzentos e setenta e nove euros e oitenta e cinco cêntimos), em três
partes iguais, adjudicando-se uma delas a Natália Maria, filha do de cujus, outra
a Helena Maria, também filha do de cujus, e a última à menor Maria Paulo, neta
do de cujus e que herda em representação da sua mãe, Alzira Mesquita, já fale-
cida, nos termos dos arts. 2131.º, 2133.º/1 a), 2136.º e 2138.º, todos do Código
Civil.
*
Uma vez efetuada a partilha extrajudicial, no prazo de 15 dias após a realização da
mesma, deve o requerente fazer prova nos autos dos moldes em que esta foi efetuada.
*
Custas pela menor, nos termos do artigo 7.º, n.º 1, do Regulamento das Custas
processuais («A taxa de justiça nos processos especiais fixa-se nos termos da tabela I,
salvo os casos expressamente referidos na tabela II, que fazem parte integrante do presen-
te Regulamento.») e Tabela II (último item) do Regulamento das Custas processuais:
0,75 UC de taxa de justiça normal.
*
Notifique.
Local/Data
O Procurador da República
Despacho 5
Processo n.º
Catarina Isabel, com os sinais dos autos, vem requerer ao Ministério Público, ao abrigo do
art.º 2.º, n.º 1, al.ª b), do DL n.º 272/2001, de 13.10, autorização para, em nome dos menores, seus
filhos, proceder à venda do veículo de matrícula …-…-…EM e da arma que também identifica, bens
estes pertencentes à herança ilíquida e indivisa por óbito de Pedro Miguel, falecido a 12-05-2…, da
qual são únicos herdeiros a requerente e seus filhos Tiago Miguel e Pedro Dinis, menores de idade.
Note-se que mesmo que o valor apurado nas vendas fosse depositado em conta conjunta
aberta em nome da mãe e dos menores, o certo é que tal propósito não é mencionado na petição,
pois do seu artigo 15.º resulta que o destino a dar ao valor em causa seria fazer face a despesas
correntes do agregado familiar, e mesmo que fosse não estaria suficientemente garantido o interes-
se superior dos menores, que será o da conservação desse valor, até razão imperiosa em contrário.
Assim, decide-se pela incompetência material do Ministério Público para conhecer do pedido
formulado.
Custas pela requerente, nos termos do art.º 7.º, n.º 4, e Tabela II do Regulamento das Custas
Processuais, que fixo em 0,5 UC (51,00 €), sem prejuízo do apoio judiciário concedido.
Local/Data
O Procurador da República
Despacho 6
(Suprimento de consentimento)
Proc. n.º …
Nuno Cláudio (id. a fls. 2), pai da menor Ana Rute …, veio requerer o suprimento
do consentimento de Liliana …, mãe da menor, nos termos do disposto no art.º 2.º, n.º 1,
alínea a), do Decreto-Lei nº 272/2001, de 13 de outubro, com vista a instruir o compe-
tente processo de junção ao nome da criança dos apelidos paternos “C… D…” na Conserva-
tória do Registo Civil.
Para tanto alegou que a Ana Rute nasceu a 17 de junho de …., na freguesia de …, na
cidade de ...
A criança foi registada como filha de Liliana, solteira à data do registo, sendo, pos-
teriormente, em 30 de outubro de …., perfilhada pelo requerente.
A criança encontra-se aos cuidados de Celeste …, bisavó paterna, desde os 4 meses
de vida, tendo esta última sido instituída tutora daquela por sentença proferida no proces-
so de tutela n.º …/…, em 16 de abril de ….
A mãe encontra-se ausente em parte incerta desde os 4 meses de vida da criança,
não estabelecendo qualquer contacto com a menor.
O pai encontra-se a trabalhar na Áustria mantendo, contudo, uma relação de gran-
de proximidade com a menor, contactando-a frequentemente e passando com ela as férias,
nomeadamente as do Verão e do Natal.
Do nome da menor não constam os apelidos do pai, sentindo a mesma um imenso
desgosto por este facto.
Este sentimento é partilhado pelo pai da menor.
Pretende, pois, o requerente que seja suprido o consentimento da mãe para adição
ao nome da criança dos apelidos paternos “C… D…”.
*
Foram citados (fls. 45) os pais da ausente, avós maternos da menor, nos termos e
para os efeitos do art.º 3.º, n.º 3, alínea a), e n.º 4 do Decreto-Lei n.º 272/2001, de 13 de
outubro, não tendo deduzido oposição.
*
O Ministério Público é competente em razão da nacionalidade (art.º 62.º, do Códi-
go de Processo Civil, ex vi do art.º 3.º, nº 1, do Decreto-Lei n.º 272/01, de 13/10, e 3.º, do
Estatuto do Ministério Público, aprovado pela Lei n.º 47/86, de 15 de Outubro) e da maté-
ria (art.º 2.º, n.º 1, alínea a), do Decreto-Lei n.º 272/01, de 13/10).
*
Procedeu-se à inquirição das testemunhas arroladas e da criança.
Factos provados:
- A menor Ana Rute nasceu a …/…/…, na cidade de …
- A menor é filha de Liliana e de Nuno Cláudio.
- A paternidade da menor foi estabelecida por perfilhação, em …/…/…
- A menor está aos cuidados da bisavó paterna desde os 4 meses de vida.
- A mãe encontra-se em parte incerta desde essa data, não mantendo qualquer
contacto com a criança.
- O pai apesar de se encontrar a trabalhar na Áustria mantém uma relação de
grande proximidade e afeto com a criança, contactando-a frequentemente e passando com
ela as férias escolares.
- No nome da menor apenas consta o apelido da mãe “Nunes”.
- A criança tem manifestado à requerente o desejo de integrar no seu nome os ape-
lidos paternos “C… D…”, sentindo um imenso desgosto face à omissão daqueles apelidos.
- Tal sentimento é partilhado pelo progenitor.
*
Motivação de facto:
Na formação da convicção acerca da matéria de facto, antes de mais, foram valora-
dos os elementos constantes dos documentos autênticos juntos aos autos que, nos termos
do art.º 371.º, do Código Civil, fazem prova plena dos factos que referem como praticados
pela autoridade pública respetiva, não tendo sido ilididos com base na sua falsidade.
Foram ainda tidos em conta os depoimentos das testemunhas Luís Pena (id. a fls.
56) e Ema Almeida (id. a fls. 59) que depuseram de forma isenta, esclarecendo que são
vizinhos da requerente e da Ana Rute Nunes, a qual conhecem desde bebé.
Acrescentaram também que a mãe da criança nunca a visitou, desde a data em que
a mesma foi confiada aos cuidados da requerente.
Referiram ainda que por diversas vezes a Ana Rute lhes manifestou o desejo de no
seu nome serem integrados os apelidos paternos.
Foi, por fim, determinante o testemunho de Ana Rute Nunes (id. a fls. 61) que, ape-
sar da sua tenra idade, 12 anos, demonstrou grande maturidade, manifestando o desejo de
que, no seu nome, figurassem os apelidos do pai.
*
Do Direito:
Prescreve o art.º 104.º, nº 1, do Código de Registo Civil que: “ O nome fixado no as-
sento de nascimento só pode ser modificado mediante autorização do conservador dos Regis-
tos Centrais”.
O legislador verteu nesta norma registral uma das características essenciais do
nome das pessoas, a sua imutabilidade desde a sua menção no respetivo assento de nas-
cimento, admitindo, contudo, excecionalmente a derrogação daquele princípio mediante o
recurso ao processo especial regulado no art.º 278.º e seguintes, do Código de Registo Ci-
vil.
Casos há, porém, em que a alteração do nome pode ter lugar independentemente
de autorização do Conservador dos Registos Centrais, constituem eles as exceções enume-
radas no n.º 2 do citado art.º 104.º
De entre aquelas exceções importa, para a solução do caso em apreço, ter em conta
o disposto na alínea a) do n.º 2 daquela norma que permite a alteração fundada em estabe-
lecimento da filiação posterior ao assento de nascimento.
Esta exceção tem plena aplicabilidade no caso concreto, dado que a paternidade
foi estabelecida por perfilhação, em momento posterior à feitura do assento de nascimen-
to.
A alteração do nome faz-se nestes casos de acordo com o disposto no n.º 3 do
mesmo normativo, ou seja, a requerimento do interessado na Conservatória do Registo
Civil.
Estando em causa a alteração do nome de filho menor a legitimidade para tal pe-
dido cabe a ambos os progenitores ou a um deles com o acordo do outro. (Neste sentido
vide Parecer do Conselho Consultivo da PGR n.º 21/81, publicado no BMJ nº 312, pág. 127).
In casu, face ao desconhecimento do paradeiro da mãe da criança, não é possível
obter o seu consentimento.
Para obviar a esta situação o legislador conferiu ao Ministério Público legitimidade
para suprir tal consentimento, é o que resulta do estatuído no art.º 2.º, n.º 1, alínea a), do
Decreto-Lei nº 272/01, de 13/10.
A decisão a tomar acerca da supressão ou não do consentimento da mãe, ausente
em parte incerta, para alteração do nome da filha terá como critério orientador o interesse
desta última, aplicando-se analogicamente o disposto no art.º 1875.º, n.º 2, do Código Civil
(cf. «A escolha do nome próprio e dos apelidos do filho menor pertence aos pais; na falta
de acordo, decidirá o juiz, de harmonia com o interesse do filho.»).
No fundo, será a densificação e aplicação prática deste conceito indeterminado “in-
teresse do filho” que orientará o desfecho dos presentes autos.
Volvendo aos autos, importa, em primeira linha, conferir especial enfoque ao dese-
jo manifestado pela Ana Rute Dias, no sentido de ao seu nome serem acrescentados os
apelidos paternos “Castro Dias”.
O direito à identidade pessoal que abrange o direito ao nome tem expresso assen-
to e proteção constitucional no art.º 26.º, n.º 1, da CRP.
O nome é muito mais do que uma forma de identificação, aparece embrenhado de
simbolismo genealógico, é através do mesmo, mormente dos apelidos, que se consegue
identificar os progenitores, bem como os demais parentes e afins.
É certo que não é obrigatório que o nome seja composto por apelidos paternos e
maternos (art.º 1875.º, n.º 1, do Código Civil), contudo a tradição vai no sentido de ambos
os pais, pretendendo perpetuar a sua linhagem, transporem para o nome dos filhos o seu
apelido.
Sendo historicamente esta a regra é perfeitamente compreensível que uma meni-
na de 12 anos procure ter uma composição do nome idêntica à dos seus pares, sobretudo
quando o que está em causa é a adição dos apelidos do único progenitor com o qual man-
tém uma relação de proximidade.
De destacar ainda que a escolha do nome dos filhos é um direito legalmente con-
ferido a ambos os progenitores (art.º 1875.º, n.º 2, do Código Civil), contudo, ao pai da
criança não foi, in casu, possível exercer este direito aquando do registo da criança, dado
que só intervém no processo registral posteriormente aquando da perfilhação, estando já
definido o nome e apelidos da criança.
Estando a mãe em parte incerta, constituiria um desvirtuar do espírito legislativo,
que o pai não pudesse requerer o adicionamento dos seus apelidos, quando este é também
o desejo da Ana Rute, pelo simples facto daquela, face à ausência, não dar o seu acordo
aquele requerimento.
*
Decisão:
Face ao exposto e porque é a solução que melhor satisfaz o interesse da Ana Rute
supre-se o consentimento da mãe, Liliana Graça Nunes, para efeitos de adicionamento ao
nome da menor dos apelidos paternos “C… D…”.
Local/Data
O Procurador da República
Despacho 7
(Suprimento de consentimento)
Proc. n.º
Celeste Ferreira Dias Castro, na qualidade de tutora da menor Ana Rute Nunes
(Processo de Tutela n.º …/…, que correu termos no 1.º Juízo deste Tribunal), veio requerer
o suprimento do consentimento de Liliana Graça Nunes, mãe da menor, nos termos do
art.º 2.º, n.º 1, alínea a), do Decreto-Lei nº 272/2001, de 13 de outubro, com vista a ins-
truir o competente processo de alteração do nome da menor na Conservatória do Registo
Civil.
Para tanto alegou que a Ana Rute Dias nasceu a …/…/…, na freguesia de …, na ci-
dade de …
A criança foi registada como filha de Liliana Graça Nunes, solteira à data do regis-
to, sendo, posteriormente, em …/…/…, perfilhada por Nuno Cláudio Castro Dias Alves.
A criança encontra-se aos cuidados da requerente, bisavó paterna, desde os 4 me-
ses de vida, tendo esta última sido instituída tutora daquela por sentença proferida no
processo suprarreferido, em …/…/….
A mãe encontra-se ausente em parte incerta, desde os 4 meses de vida da criança,
não estabelecendo qualquer contacto com a menor.
O pai encontra-se a trabalhar em França, mantendo, contudo, uma relação de
grande proximidade com a menor, contactando-a frequentemente e passando com ela as
férias, nomeadamente as do Verão e do Natal.
Do nome da menor não constam os apelidos do pai, sentindo a mesma um imenso
desgosto por este facto.
Este sentimento é partilhado pelo pai da menor.
Pretende, pois, a requerente que seja suprido o consentimento da mãe para adição
ao nome da criança dos apelidos paternos “Castro Dias”.
Questão Prévia:
Prescreve o art.º 104.º, n.º 1, do Código de Registo Civil que: “ O nome fixado no as-
sento de nascimento só pode ser modificado mediante autorização do Conservador dos Regis-
tos Centrais”.
O legislador verteu nesta norma registral uma das características essenciais do
nome das pessoas, a sua imutabilidade desde a sua menção no respetivo assento de nas-
cimento, admitindo, contudo, excecionalmente a derrogação daquele princípio mediante o
recurso ao processo especial regulado no art.º 278.º e ss., do Código de Registo Civil.
Casos há, porém, em que a alteração do nome pode ter lugar independentemente
de autorização do Conservador dos Registos Centrais, constituem eles as exceções enume-
radas no n.º 2 do citado art.º 104.º
De entre aquelas exceções importa, para a solução do caso em apreço, ter em conta
o disposto na alínea a), do n.º 2, daquela norma que permite a alteração fundada em esta-
belecimento da filiação posterior ao assento de nascimento.
Esta exceção tem plena aplicabilidade no caso concreto, dado que a paternidade
foi estabelecida por perfilhação, em momento posterior à feitura do assento de nascimen-
to.
A alteração do nome faz-se nestes casos de acordo com o disposto no n.º 3 do
mesmo normativo, ou seja, a requerimento do interessado na Conservatória do Registo
Civil.
Estando em causa a alteração do nome de filho menor a legitimidade para tal pe-
dido cabe a ambos os progenitores ou a um deles com o acordo do outro. (Neste sentido
vide Parecer do Conselho Consultivo da PGR n.º 21/81, publicado no BMJ n.º 312, pág. 127).
Esta faculdade de alteração do nome do filho menor constitui um direito próprio
dos progenitores, não integrando o conteúdo das responsabilidades parentais, nem reves-
tindo a natureza de um direito próprio do filho que aos pais cumpra exercer, em represen-
tação do menor, logo, como refere aquele Parecer do Conselho Consultivo da PGR, terá de
ser exercida por ambos os progenitores ainda que estejam reguladas as responsabilidades
parentais.
Transpondo tal ensinamento para os presentes autos, concluímos, desde logo, que
a requerente não poderá despoletar, enquanto tutora da menor, junto da Conservatória do
Registo Civil o procedimento tendente à adição ao nome da menor dos apelidos paternos.
Ora, se a requerente não tem legitimidade para instruir o processo junto da Con-
servatória do Registo Civil, não tem também, consequentemente, legitimidade para impul-
sionar os presentes autos, dado que neles não se pretende mais do que uma decisão prévia
e que constitui conditio sine qua non de tal instrução.
Refere o art.º 30.º, n.º 1, do Código de Processo Civil, aplicável por força da remis-
são operada pelo art.º 19.º do Decreto-Lei n.º 272/2001, de 13/10 que: “ O autor é parte
legítima quando tem interesse direto em demandar (…)”.
Densificando aquele conceito indeterminado acrescenta o n.º 2 daquela norma: “O
interesse em demandar exprime-se pela utilidade derivada da procedência da ação (…)”.
In casu, a procedência da ação e o consequente suprimento do consentimento da
mãe da menor não reveste qualquer utilidade para a requerente, dado que a mesma não
poderá, per si, dirigir-se à Conservatória do Registo Civil e requerer a alteração do nome
da criança, uma vez suprido o consentimento da mãe ausente.
Sendo a requerente parte ilegítima e configurando esta falta de pressuposto pro-
cessual uma exceção dilatória insuprível (art.º 577.º, alínea e), do Cód. Proc. Civil) de co-
nhecimento oficioso (art.º 578.º, do Cód. de Proc. Civil), o Ministério Público abstém-se de
conhecer do pedido formulado e absolve a requerida da instância, nos termos do art.º
278.º, n.º 1, alínea d), do Código de Processo Civil.
Decisão:
Face ao exposto absolve-se da instância a requerida Liliana Nunes, nos termos do
art.º 278.º, n.º 1, alínea d), do Cód. de Proc. Civil.
Custas a cargo da requerente.
Notifique.
Processei, imprimi, revi e assinei o texto, seguindo os versos em branco (art. 131.º, n.º 5, do C. P. Civil).
Local/Data
O Procurador da República
Despacho 8
Processo:
O requerimento omite o valor, pelo que não deveria ter sido recebido pelos servi-
ços do Ministério Público (cf. art.º 558.º, al.ª e), do Cód. Proc. Civil).
Por outro lado, não se refere no mesmo que legitimidade tem o requerente para
formular o pedido, pois desconhece-se que relação de parentesco ou de representação tem
em relação ao menor.
Nos termos do art.º 531.º do Cód. Proc. Civil, por decisão fundamentada do decisor,
pode ser excecionalmente aplicada uma taxa sancionatória quando a ação, oposição, re-
querimento, recurso, reclamação ou incidente seja manifestamente improcedente e a par-
te não tenha agido com a prudência ou diligência devida. Não obstante o requerimento dos
autos padecer dos aludidos vícios, certo é que estamos perante um procedimento menos
formal, sendo compreensível que as partes não dominem alguns dos seus contornos jurí-
dicos, pelo que não aplico a norma do art.º 531.º do Cód. Proc. Civil.
Nos termos do art.º 12.º, n.º 1, al.ª e), do Cód. Proc. Civil, fixo como valor do proces-
so o da linha 1 da Tabela I-B anexa ao Reg. Custas Processuais (2.000 €), e condeno o re-
querente em custas no valor de 0,5 UC, ou seja, 51 € (cinquenta e um euros).
Local, data
O Procurador da República
Despacho 9
Processo:
Citados os avós maternos, nada disseram. Todavia, o avô materno já se havia pronunciado a
fls. 16 em sentido favorável.
O Ministério Público apenas pode autorizar a aceitação do reembolso e não atos de parti-
lha, por força do disposto no art.º 2.º, al.ª b), do Decreto-Lei n.º 272/2001, de 13.10, na redação
atual, o qual dispõe que «O disposto no número anterior não se aplica: a) (…) b) Às situações
previstas na alínea b), quando esteja em causa autorização para outorgarem partilha extrajudicial e o representante
legal concorra à sucessão com o seu representado, sendo necessário nomear curador especial, bem como nos casos em
que o pedido de autorização seja dependente de processo de inventário ou de interdição.»
Nestes termos, não havendo oposição nem prejuízo para o menor, autoriza-se a reque-
rente, em nome e em representação do seu filho menor, Xavier…, nascido a …/…/…, a aceitar
o reembolso do seguro de capitalização de uma conta bancária solidária, no valor de
1.759,40 € (mil setecentos e cinquenta e nove euros e quarenta cêntimos), da qual era coti-
tular com o pai do menor, António José, falecido a …/…/…, conta essa com o NUC (Número
Único de Conta) … existente no Banco …
Custas pelo menor, nos termos do artigo 7.º, n.º 1, do Regulamento das Custas Processuais
(«A taxa de justiça nos processos especiais fixa-se nos termos da tabela I, salvo os casos expressa-
mente referidos na tabela II, que fazem parte integrante do presente Regulamento.») e Tabela II
(último item) do Regulamento das Custas processuais: 0,75 UC de taxa de justiça normal, sem pre-
juízo do apoio judiciário concedido, devendo a requerente pedir na Segurança Social e juntar
aos autos a retificação da decisão de apoio judiciário no sentido de a ação proposta ser em
representação do seu filho menor, pois tal não consta da decisão junta.
Local, data
O Procurador da República
Despacho 10
Processo:
Rosa Maria, na qualidade de mãe de Diogo e Miguel, menores de idade, veio requerer
autorização ao Ministério Público para:
Os menores estão à guarda e cuidado da requerente mãe, com exercício conjunto das
responsabilidades parentais em relação às questões de particular importância, conforme
regime acordado no processo de divórcio, sem oposição do Ministério Público.
A requerente alega que têm morado numa casa emprestada de casal emigrado no
Luxemburgo, que tem uma poupança de 26.000 € (vinte e seis mil euros) no banco, que
poderá ser também utilizada, em caso de necessidade.
Esclarece que suportará o encargo do empréstimo com o seu salário, pois aufere
cerca de 1.200 € como enfermeira no Centro de Saúde de …, podendo pagar a prestação
mensal do empréstimo a contrair, que será de cerca de 300 € (trezentos euros).
Foi inquirida a mãe dos menores a fls. 48, tendo sido chamada a atenção para um
conjunto de aspetos que foram agora vertidos no contrato de empreitada, que é na moda-
lidade «chave na mão», conforme dele consta. E fez novas simulações de empréstimo, con-
cluindo-se ser mais favorável a primeira com o Banco …
O menor Miguel foi inquirido, atenta a sua idade, foram-lhe explicados os termos do
presente processo e a pretensão formulada pela sua mãe, tendo demonstrado estar ciente
e concordar, sendo consensual entre todos – progenitores e filhos.
Apreciando:
Sendo vantajosa para os menores a pretensão apresentada, que ficarão pro-
prietários do terreno e da habitação, ainda que com o ónus da hipoteca, mas sendo a
sua mãe a suportar o pagamento do empréstimo bancário, tendo condições econó-
micas para o efeito, e sendo justo que se reserve o direito de uso e de habitação para
a mesma, nestas condições, a extinguir com a morte ou nos termos do Código Civil,
julgo procedente, por provada, a pretensão formulada, pelo que:
Custas pelos menores, nos termos do artigo 7.º, n.º 1, do Regulamento das Custas
processuais («A taxa de justiça nos processos especiais fixa-se nos termos da tabela I, sal-
vo os casos expressamente referidos na tabela II, que fazem parte integrante do presente
Regulamento.») e Tabela II (último item) do Regulamento das Custas processuais: 0,75 UC
de taxa de justiça normal.
Local, data
O Procurador da República
Despacho 11
Processo:
Alega ainda ter o propósito de adquirir nova habitação com o resultado da venda,
que já procura, para ambos residirem.
Apreciando:
Havendo aceitação sucessória, mas sem que tenha havido ainda partilha, a herança
constitui uma universalidade de direito, com individualidade própria, sendo os herdeiros
apenas titulares de um direito indivisível, não sendo o co-herdeiro proprietário de cada
uma das coisas que a compõem, cabendo-lhe apenas uma quota ideal. Qualquer deles é
apenas titular de uma quota ideal da totalidade dos bens.
Permitindo a lei, desde que haja acordo de todos os interessados, a venda de bem
determinado de herança não partilhada (artigo 2091.º do Código Civil) pode pedir-se au-
torização para se proceder a essa venda, não se mostrando necessário proceder-se a pré-
via partilha, se afinal o objetivo pretendido é a venda de um determinado imóvel integrati-
vo da herança indivisa.
Necessitam, isso sim mas apenas, de autorização nos termos previstos no art.°
1889.°, n.° 1, alínea a), do Cód. Civil.
Portanto, antes de se proceder à partilha, mas depois de aceite a herança, esta pode
ser alienada na sua totalidade pelos vários herdeiros. Todavia também pode ser alienada
em parte, ou seja, apenas o “quinhão hereditário” que caiba a um só ou apenas a alguns
dos co-herdeiros.
É certo que, havendo vários herdeiros, antes de se proceder à partilha nenhum deles
tem um direito real sobre os bens da herança em concreto, nem sequer sobre uma quota-
parte em cada um deles (não existe um regime de verdadeira compropriedade). Tem, po-
rém, cada um deles direito ao quinhão hereditário, ou seja, à respetiva quota-parte ideal
da herança global em si mesma.
Todavia, por maioria de razão, parece nada obstar a que se proceda à venda de um
bem determinado da herança, desde que haja acordo de todos os interessados, nos termos
do artigo 2091.º do CC. É que, salvo os atos de mera administração, só os herdeiros em
conjunto podem exercer os direitos relativos à herança. No caso de todos os herdeiros
serem maiores parece nenhuma questão se colocar, até porque se trata de uma prática
normalmente seguida. Mas, existindo menores, será necessário pedir autorização
para essa venda. Concedida esta, a solução seria a mesma, desde que houvesse acordo
entre todos os interessados. Este acordo é essencial.
Da realização do ato para cuja prática se requer autorização judicial deverá resultar
a entrega do respetivo preço, o qual deverá integrar o acervo hereditário em substituição
do bem de que se pretende dispor.
. autorização para vender determinados bens da herança, uma vez que há acor-
do de todos os interessados, nos termos do artigo 2091.º do CC; e
Realizada que foi a citação do familiar mais próximo, veio o mesmo declarar estar de
acordo com a venda.
Ouvido o menor, atenta a sua idade, disse estar de acordo com a venda, que lhe foi
explicada.
DECISÃO:
Assim, porque o negócio de venda das duas frações é vantajoso para o menor, au-
torizo a legal representante do menor Rúben, nascido a …/…/…, em …, designada-
mente Gracinda..., a proceder à venda das frações autónomas F e D, artigo matricial
urbano … de …, localizadas na rua …, em …, descritas na Conservatória de Registo
Predial da … sob a ficha … da freguesia de …, pelo preço e termos acordados no con-
trato-promessa celebrado com Manuel … e Ana Cristina … (promitentes-
compradores) a …/…/…, devendo o menor ser representado por Maria Luísa…, auto-
rização extensiva aos atos de registo que lhe sejam conexos.
Custas pelo menor, nos termos do artigo 7.º, n.º 1, do Regulamento das Custas pro-
cessuais («A taxa de justiça nos processos especiais fixa-se nos termos da tabela I, salvo os
casos expressamente referidos na tabela II, que fazem parte integrante do presente Regu-
lamento.») e Tabela II (último item) do Regulamento das Custas processuais: 0,75 UC de
taxa de justiça normal.
Local, data
O Procurador da República
D. Inquérito Tutelar Educativo
D.1. Inquérito Tutelar Educativo – suspensão do processo
Cls.
Tais factos são suscetíveis de integrarem, sob a forma consumada, um crime de ofensa à in-
tegridade física p. e p. pelo art.º 143.º, n.º 1, do Código Penal, punível com pena de prisão até 3
anos ou pena de multa em relação a maiores de 16 anos.
De fls. 9 resulta que o menor não tem qualquer antecedente em sede de medidas tutelares
educativas.
Realizada a sua audição a fls. 17 a 18, esclarece as suas dificuldades escolares, admite que
este ano não deu grande atenção aos estudos.
Quanto aos factos ocorridos com o Rafael, que é seu colega de turma, esclarece que tudo
começou na aula de matemática, pois estava a fazer um teste e o Rafael, que estava atrás de si
estava a olhar para si a rir e a gozar, o que levou a que o viesse a abordar depois da aula de
educação física, tendo, nessa altura, agarrado o pulso do braço esquerdo do Rafael e pergunta-
do ao mesmo porque razão ele tinha estado a gozar consigo, após o que lhe desferiu uma bofe-
tada na cara, não sendo verdadeiro ter-lhe dado um murro.
Esclarece que o seu procedimento não foi correto e tendo-lhe sido perguntado porquê,
respondeu inicialmente que o comportamento relatado é errado porque lhe podiam acontecer
coisas más por fazer isto e vir a ter problemas com a polícia. Após algum diálogo com o Bruno,
concordou que a razão de ser se deve encontrar antes na necessidade de respeito pela digni-
dade do outro, por forma a construirmos uma sociedade civilizada, livre e segura, em que os
problemas se resolvam através dos meios legais, sem recurso à violência particular.
Como projeto para as férias de verão referiu que vai ficar em casa, vai jogar “playstation” e
também estudar com a tia um bocadinho todos os dias, para recuperar as matérias do 6.º ano.
Aceita pedir desculpa ao Rafael na presença do Magistrado e cumprir as injunções que se
entenderem por convenientes.
Dispõe o artigo 84.º, n.º 1, da Lei Tutelar Educativa (aprovada pela Lei n.º 166/99, de 14 de
setembro, aplicável ao caso dos autos na sua redação da Lei n.º 4/2015, de 15/01), que,
1 - Verificando-se a necessidade de medida tutelar e sendo o facto qualificado como crime
punível com pena de prisão de máximo não superior a cinco anos, o Ministério Público pode deci-
dir-se pela suspensão do processo, mediante a apresentação de um plano de conduta, quando o
menor:
a) Der a sua concordância ao plano proposto;
b) Não tiver sido sujeito a medida tutelar anterior;
c) Evidenciar que está disposto a evitar, no futuro, a prática de factos qualificados pela lei
como crime.
Pelo que a aplicação da suspensão do processo em inquérito tutelar educativo depende da
verificação de três requisitos.
O primeiro, de carácter objetivo, é a exigência de o facto criminoso praticado pelo menor
ser de reduzida ou média gravidade, em concreto, tratar-se de facto qualificado como crime
punível com pena de prisão de máximo não superior a cinco anos.
O segundo critério, de natureza subjetiva, prende-se com a necessidade de aplicação de
uma medida tutelar, que terá de ser justificada pela necessidade de educação do menor para o
direito e de inserção do menor de forma digna e responsável na vida em comunidade, enquan-
to finalidades das medidas tutelares educativas (artigo 2.º, n.º 1, da Lei Tutelar Educativa).
Por fim, é necessário que o menor apresente um plano de conduta que evidencie estar dis-
posto a evitar, no futuro, a prática de factos qualificados pela lei como crime.
Na situação em apreço nos autos, o menor praticou um facto qualificado como crime puní-
vel com pena de prisão de máximo não superior a cinco anos.
Subjetivamente, o menor praticou um facto ilícito típico, o que justifica a necessidade de
corrigir a sua personalidade, de o educar para o respeito futuro pelo direito e para a vida em
sociedade, em suma de garantir a sua socialização.
Quanto ao conteúdo do plano de conduta, o legislador forneceu um catálogo exemplificati-
vo de condutas que o podem integrar (n.º 4 do artigo 84.º da Lei Tutelar Educativa), sendo que,
neste caso concreto, considerando que o menor assumiu a responsabilidade pelos seus atos,
manifestando presentemente algum sentido crítico, reconhecendo o valor das normas e reve-
lando aptidão para avaliar o impacto dos seus comportamentos nos outros, tendo cumprido
castigo disciplinar, é adequada e suficiente a aplicação das medidas propostas no seu interro-
gatório e pela D.-G.R.S.P., com a concordância dos pais do menor e deste último.
Na situação dos autos é importante que os pais do menor contribuam para a sua formação
e inserção correta na sociedade, adotando atitudes firmes e consistentes, de modo a travar os
comportamentos do filho, não o desculpabilizando e exigindo-lhe não só o cumprimento de
regras mas também de objetivos no que respeita à sua formação, evitando o seu convívio com
jovens sem perspetiva de futuro e reforçando-lhe a necessidade de respeito pela sua autorida-
de.
Cumpre salientar a mais-valia consistente no facto de o Bruno revelar comprometimento
com o acompanhamento em consultas de pedopsiquiatria.
Plano de Conduta:
- Apresentar um pedido de desculpa ao Rafael, na presença do magistrado do Ministé-
rio Público;
- Não faltar às consultas de pedopsiquiatria, devendo os pais identificar o serviço onde
as consultas têm lugar;
- Não faltar ao respeito devido a outrem;
- Não falta às aulas e fazer os trabalhos de casa que lhe forem assinalados;
- A suspensão durará até 31-12-2015.
Local, data
______________________________________________________
(Procurador da República)
D.2. Inquérito Tutelar Educativo – plano de conduta e suspensão do processo
PLANO DE CONDUTA
1. IDENTIFICAÇÃO
NOME:
FILIAÇÃO:
DATA DE NASCIMENTO:
IDADE:
NATURALIDADE:
NACIONALIDADE:
RESIDÊNCIA:
CARTÃO DE CIDADÃO N.º /VÁLIDO ATÉ:
2. PROCESSO
TRIBUNAL:
SECÇÃO:
INQUÉRITO TUTELAR EDUCATIVO N.º
3. OBJETIVOS DE REPARAÇÃO
4. OBJETIVOS GERAIS
Local, data
O Menor
Os Pais/Representante legal
Este é um exemplo de plano de conduta, da responsabilidade do menor.
Estando cumpridos os requisitos dos artigos 84.º e 85.º da LTE, o menor, na ausên-
cia de plano de conduta seu e dos progenitores, pode ser convidado a apresentar o plano
de conduta, aquando da sua audição, que pode ser alterado por sugestão do Ministério
Público
Sendo junto aos autos o plano de conduta, nada mais resta do que suspender pro-
são do processo em processo penal, só que com menção dos objetivos específicos da LTE.
DESPACHO DE SUSPENSÃO
Compulsados os autos, verifica-se que no dia 28-01-2015, pelas 9h30, o menor Ivan, nas-
cido a …, conduzia na rua …, em Coimbra, o ciclomotor de matrícula …-…-…, de marca Funda-
dor, sem estar habilitado com licença de condução para o efeito.
Tais factos são suscetíveis de integrarem, sob a forma consumada, um crime de condução
sem habilitação legal p. e p. pelo art.º 3.º, n.º 1, do Decreto-Lei n.º 2/98, de 3 de janeiro (na
redação do DL n.º 44/2005, de 23/02, DL n.º 265-A/2001, de 28/09, Rect. n.º 1-A/98, de
31/01), punível com pena de prisão até 1 ano ou pena de multa até 120 dias em relação a mai-
ores de 16 anos.
O menor não tem antecedentes em sede de medidas tutelares educativas (cf. fls. 11).
Assume os factos, esclarecendo que foi a primeira vez que os praticou (cf. fls. 21).
A D.-G.R.S.P. elaborou o relatório social de fls. 25 a 27, onde refere, em síntese, que se trata
de um jovem de 15 anos que respeita, por norma, os valores normativos e os limites que lhe
são socialmente impostos no seu meio familiar e comunitário, acompanhando jovens com o
mesmo perfil, dissociados de condutas de risco e que a própria família considera referências
positivas, denotando-se, todavia, alguma imaturidade, tendo presente o esperado para a sua
faixa etária, o que, aliado a alguma permissividade da mãe, na ausência do pai, facilita a assun-
ção de comportamentos disruptivos em contexto escolar e que prejudicam seriamente os re-
sultados a esse nível. O jovem mostra-se, todavia, arrependido e refere não voltar a praticar
atos idênticos.
A mãe do menor e este último concordam com a suspensão a seguir determinada.
Dispõe o artigo 84.º, n.º 1, da Lei Tutelar Educativa que,
«1 - Verificando-se a necessidade de medida tutelar e sendo o facto qualificado
como crime punível com pena de prisão de máximo não superior a cinco anos, o
Ministério Público pode decidir-se pela suspensão do processo, mediante a
apresentação de um plano de conduta, quando o menor:
a) Der a sua concordância ao plano proposto;
b) Não tiver sido sujeito a medida tutelar anterior;
c) Evidenciar que está disposto a evitar, no futuro, a prática de factos qualifica-
dos pela lei como crime. ..»
Pelo que a aplicação da suspensão do processo em inquérito tutelar educativo depende da
verificação de três requisitos.
O primeiro, de carácter objetivo, é a exigência de o facto criminoso praticado pelo menor
ser de reduzida ou média gravidade, em concreto, tratar-se de facto qualificado como crime
punível com pena de prisão de máximo não superior a cinco anos.
O segundo critério, de natureza subjetiva, prende-se com a necessidade de aplicação de
uma medida tutelar, que terá de ser justificada pela necessidade de educação do menor para o
direito e de inserção do menor de forma digna e responsável na vida em comunidade, enquan-
to finalidades das medidas tutelares educativas (artigo 2.º, n.º 1, da Lei Tutelar Educativa).
Por fim, é necessário que o menor apresente um plano de conduta que evidencie estar dis-
posto a evitar, no futuro, a prática de factos qualificados pela lei como crime.
Na situação em apreço nos autos, o menor praticou um facto qualificado como crime puní-
vel com pena de prisão de máximo não superior a cinco anos.
Subjetivamente, o menor praticou um facto ilícito típico, o que justifica a necessidade de
corrigir a sua personalidade, de o educar para o respeito futuro pelo direito e para a vida em
sociedade, em suma de garantir a sua socialização.
Quanto ao conteúdo do plano de conduta, o legislador forneceu um catálogo exemplificati-
vo de condutas que o podem integrar (n.º 4 do artigo 84.º da Lei Tutelar Educativa), sendo que,
neste caso concreto, considerando que o menor assumiu a responsabilidade pelos seus atos,
tratando-se o dos autos um episódio isolado, manifestando o menor, presentemente, sentido
crítico, é adequada e suficiente a aplicação das medidas propostas a fls. 28 e aceites.
Na situação dos autos é importante que os pais do menor contribuam para a sua formação
e inserção correta na sociedade.
Plano de Conduta:
- Não poder obter a licença de condução de ciclomotores;
- Não poder faltar injustificadamente às aulas;
Durando a suspensão do processo desde a notificação deste despacho até 31-12-2015.
Local, data
______________________________________________________
(Procurador da República)
D.3. Inquérito Tutelar Educativo – requerimento de abertura de fase jurisdicional
O Ministério Público, nos termos dos artigos 86.º, 89.º, 90.º e 92.º da Lei n.º
166/99, de 14 de setembro (Lei Tutelar Educativa), vem requerer a abertura da fase ju-
risdicional relativamente aos menores:
- João Carlos…;
- António César…; e
- Joel André…,
Porquanto,
O menor João Carlos, que tinha 15 anos à data dos factos, encontra-se integrado
no seu sistema familiar de origem, frequentando um curso de educação e formação, com
equivalência ao 9.º ano de escolaridade.
Trata-se de um curso que pretende paralelamente a obtenção de qualificação
profissional (empregado comercial), que tem vindo a permitir superar o baixo nível de
interesse manifestado pela frequência de ensino regular.
Praticando, paralelamente, atividades desportivas, como jogador de futebol, fe-
derado, a situação do menor tem vindo a evoluir de forma favorável e aparentemente dis-
sociada de fatores de risco.
Da avaliação efetuada pela D.-G.R.S.P., os indicadores obtidos apontam para ade-
quado nível de integração sociofamiliar e escolar, não traduzindo o menor particulares
necessidades de educação para o direito.
O menor António César, que tinha 15 anos à data dos factos, é um jovem inseri-
do numa família bem integrada socialmente e que traduz preocupação com o acompa-
nhamento do seu processo educativo.
A nível escolar veio a optar por um curso de educação e formação, com equiva-
lência ao 9º ano de escolaridade, mantendo um adequado nível de integração escolar. Nos
tempos livres mantém-se vinculado a atividades de carácter desportivo, nomeadamente
“prática de futebol de salão”.
O menor tem vivenciado com apreensão e preocupação a pendência destes au-
tos, estando consciente da necessidade de não repetir tal comportamento.
O menor Joel André, que tinha 13 anos à data dos factos, é o filho mais novo de
um casal que traduz preocupação com o seu processo educativo e socialização.
A frequentar regularmente o 9.º ano de escolaridade, na Escola …, o menor surge
bem integrado, não surgindo indicadores dignos de registo e que mereçam particular
atenção, do ponto de vista comportamental e relacional.
A frequência de atividades desportivas, na qualidade de federado, surge como fa-
tor de proteção, ao verificar-se que o menor reconhece que eventuais comportamentos
podem condicionar a sua “performance”.
Denotando algum nível de imaturidade à data dos factos, ainda que compreensí-
vel, atenta a sua idade, tal facto e o contexto grupal poderão ter contribuído para a sua
prática.
Da avaliação efetuada, verifica-se que o menor surge como um jovem bem inte-
grado a nível sociofamiliar e escolar, não traduzindo a sua situação necessidades particu-
lares de educação para o direito.
O Ministério Público, nos termos do artigo 90.º, al. e), da Lei Tutelar Educa-
tiva, propõe:
PROVA
a) Documental:
b) Pericial:
_______________________________________________________________________________________________________
Processei, imprimi, revi e assinei o texto, seguindo os versos em branco – artigo 94.º, n.º 2, do Código de Processo Penal.
Local, data
O Procurador da República
E. Adoção/Apadrinhamento Civil
Vista em …/…/…
________________________________________________________________________________________________________
N.º …/…
I) Parecer do Ministério Público previsto no artigo 27.º, al.ª g), da Lei n.º
143/2015, de 08.09
No âmbito do Processo de Promoção e Proteção n.º …/…, que correu os seus ter-
mos no 1.º Juízo do Tribunal de Família e Menores de …, foi aplicada ao menor Rodrigo a
medida de confiança a pessoa selecionada para a adoção, prevista nos artigos 35.º, n.º 1,
g), 38.º-A e 62.º-A, da LPCJP, a indicar pela Equipa da Adoção da Segurança Social.
Por decisão de …/…/…, foi o menor Rodrigo confiado à guarda e cuidados do casal
José e Maria José.
- “[N]este momento é uma criança alegre (contrastando com o ar triste que inici-
almente apresentava)”.
Para que a adoção possa ser decretada, para além de realizar o superior interesse
da criança, têm ainda de se verificar os seguintes requisitos cumulativos (artigo 1974.º do
Código Civil):
1) Apresentar reais vantagens para o adotando, avaliadas depois
de ter estado ao cuidado do adotante;
A adoção do menor Rodrigo pelo casal José e Maria José realiza o superior interes-
se do menor, na medida em que a sua família natural se revelou incapaz de o cuidar e a
vivência no seio de uma família, por contraposição à institucionalização, promove de for-
ma mais eficaz o desenvolvimento, crescimento e educação do menor.
Por outro lado, a adoção apresenta reais vantagens para o menor adotando, uma
vez que, de acordo com o relatório de inquérito efetuado pela Segurança Social depois de o
menor estado a residir com os adotantes cerca de 9 meses o seu estado de espírito alterou-
se, pois apresentava um ar triste antes de ingressar na família dos adotantes e depois
transformou-se numa criança alegre. Tal afirmação é ainda suportada pelas conclusões
emitidas pela Segurança Social em tal relatório de inquérito (“estarem reunidas as condi-
ções necessárias para poder ser decretada a adoção plena”).
Por último, está bem patente nas conclusões do inquérito da Segurança Social que
já se criaram laços próprios da filiação entre o adotando e o casal adotante, pelo que tam-
bém este requisito se verifica.
Para que o tribunal modifique o nome próprio do adotando, tal modificação deve
salvaguardar o interesse do menor, designadamente à sua identidade pessoal, e favorecer
a integração na nova família (artigo 1988.º, n.º 2, do Código Civil).
Posto que os adotantes apenas pretendem alterar o segundo nome próprio do me-
nor, esta alteração salvaguarda a sua identidade pessoal e, tratando-se de um nome esco-
lhido pela sua nova família, também favorece a integração.
Assim, uma vez que a ligação da criança ocorreu em tenra idade, não há nenhum
inconveniente para a vivência da criança com o novo nome próprio e salvaguarda os seus
interesses, sou de entendimento que o tribunal modifique o nome do menor nos termos
requeridos (v. Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 06-11-2007, proferido no
processo n.º 8155/2007-7, in CJ XXXII, Tomo V/2007).
________________________________________________________________________________________________________
Data…
O Procurador da República
E.2. Confiança judicial com vista a futura adoção
O Ministério Público já não pode propor a antiga ação especial de confiança judicial com
vista a futura adoção, que deixou de existir, pois tramita-se agora a medida em processo de
promoção e de proteção.
E.3. Consentimento Prévio Com Vista a Futura Adoção
URGENTE
O Ministério Público, nos termos do artigo 27.º al.ª e), e 35.º do Regime Jurídico do
processo de Adoção e 1981º e 1982 do Código Civil, vem requerer a prestação de consen-
timento prévio com vista a futura adoção por parte de
Berta…,
Mais se requer que uma vez prestado o referido consentimento seja entregue ao Minis-
tério Público junto deste Tribunal duas certidões do mesmo, com vista à sua junção ao
processo de promoção e proteção n.º … da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em
Perigo de … e à sua remessa à equipa de adoção de ...
Espera deferimento.
O Procurador da República
E.3.1. Auto de Consentimento Prévio Com Vista a Futura Adoção
Data:
Hora:
Menor:
Progenitor:
- A identidade do adotante não pode ser revelada aos pais naturais do adotado, salvo se
aquele declarar expressamente que não se opõe a essa revelação;
- O adotado perde os seus apelidos de origem, sendo o seu novo nome constituído, com
as necessárias adaptações, nos termos do artigo 1875.° do Código Civil.
Neste momento, pelo mesmo foi dito que dá o seu consentimento com vista à futura adoção plena do
seu filho …., nascido a …, declarando que se opõe a que a sua identidade seja revelada ao futuro adotante.
Mais referiu que o faz de forma livre, consciente das consequências do seu ato e depois de se ter
aconselhado.
_______________________________________________________________
(O progenitor)
______________________________________________________________
(O Mm.º Juiz)
______________________________________________________________
(funcionário)
E.4. Petição de ação constitutiva de vínculo de apadrinhamento civil (via eletrónica
– art.º 19.º, n.º 8, do da Lei n.º 103/2009, de 11.09, na redação da lei n.º 141/2015,
de 08.09): homologação de compromisso de apadrinhamento civil, lavrado na CPCJ
ao abrigo dos art.ºs 10.º, al.ª b), e 16.º da Lei citada.
O Ministério Público junto deste Tribunal vem, ao abrigo do disposto nos arts. 3.º,
n.º 1, al. a), do E.M.P., 72.º, n.º 3, da LPCJP e 19.º da Lei 103/2009, de 11.09, na redação da
lei n.º 141/2015, de 08.09, instaurar a presente
relativamente à menor:
- V…………, nascida a,
Filha de
e de
- L…., residente na …,
1.º
(…)
5.º
6.º
7.º
8.º
Porque tal afeição e desejo são recíprocos, a CPCJ de XXX , em …/…/…, celebrou
acordo de promoção e proteção, aplicando à menor a medida de confiança a pessoa idó-
nea, confiando-a à guarda do sobredito casal (cf. cópia do acordo que se anexa).
9.º
10.º
Por decisão de …/…/… – cf. doc. junto – a Segurança Social (…), considerou que o
referido casal, revelando maturidade, capacidade afetiva e estabilidade emocional, ter ca-
pacidades educativas e relacionais, possuir condições económicas e habitacionais, apre-
sentar estabilidade profissional e familiar e ausência de limitações de saúde, reúne as con-
dições para continuar a exercer as funções parentais, proporcionando à menor um ambi-
ente harmonioso e estável.
11.º
12.º
Na sequência dessa habilitação e sob a iniciativa da CPCJ de XXX, foi alcançado e ce-
lebrado – em …/…/… – o compromisso de apadrinhamento civil da menor XXX por
parte de XXX, casado, XXX e de XXX, casada, Técnica Superior XXX , ambos residentes na
morada acima mencionada.
13.º
14.º
Mostra-se assinado por todos quanto nele têm de intervir e corresponde também à
vontade e desejo da menor.
15.º
Tal como resulta do relatório social anexo, a menor XXX mantém-se a residir em
casa dos candidatos a seus padrinhos civis, onde se inseriu rápida e harmoniosamente.
16.º
17.º
18.º
20.º
Tem mantido contactos regulares com a mãe e irmãos, a quem telefona e visita.
21.º
Com o pai, não tem mantido contactos, já que ele não a procura e a criança não re-
vela nisso vontade.
22.º
23.º
Nestes termos e face ainda ao teor dos documentos que se anexam, requer-se
a V.ª Ex.ª que, D. e. A. a presente ação, por ser do manifesto interesse da menor e por
se mostrarem reunidos todos os demais pressupostos legais para tanto, de harmo-
nia com o previsto no artigos 13.º, n.º 1, al.ª b), 16.º e 19.º:
O Procurador da República
E.5. Petições de homologação de compromisso de apadrinhamento civil, por apenso
a processo de promoção e de proteção.
E.5.1. Petição de homologação de compromisso de apadrinhamento civil, lavrado na
Segurança Social e por apenso a processo de promoção e de proteção.
1.º
2.º
No processo de promoção e proteção n.º …/… deste tribunal em …/…/… foi aplica-
da à menor a medida de acolhimento em instituição, a título provisório, a qual veio a ser
substituída em …/…/… pela medida de apoio junto de outro familiar, neste caso a tia Lígia,
por estar em perigo junto da progenitora por ter sido vítima de maus tratos físicos por
parte do seu companheiro e por esta ter negligenciado os cuidados de higiene habitacional
e pessoal, educação e acompanhamento médico da menor e irmãos, tendo tal medida sido
decretada em termos definitivos por decisão judicial de …/…/….
3.º
4.º
A menor desde 2001 que mantém com uma relação de grande proximidade e afeto
mútuos e desde 2004 que vive permanentemente no agregado familiar desta.
5.º
A encontra-se bem inserida no agregado familiar de Maria Helena, o qual é consti-
tuído atualmente apenas pelas duas e pretende continuar aí inserida, apesar de manter
contactos frequentes com a mãe e irmãos que visita regularmente.
6.º
7.º
Sente grande afeição por Maria Helena, sendo que esta também nutre grande afeto
por aquela.
8.º
9.º
Maria Helena é reformada e recebe uma reforma de …, vive em casa própria, ….
10.º
Neste momento quer , quer , quer a progenitora da se mostram favoráveis ao apa-
drinhamento civil da por ,definindo desta forma juridicamente a situação da menor, tendo
em conta que o superior interesse da mesma.
11.º
Em …/…/… foi celebrado o respetivo compromisso de apadrinhamento civil na Se-
gurança Social.
12.º
Foi elaborado pela Segurança Social relatório de avaliação psicossocial que conclui
que tem vindo a assumir as responsabilidades parentais relativamente a revelando com-
petência afetiva e educativa, com condições habitacionais, económicas e de saúde, pelo que
o apadrinhamento civil é adequado.
O Procurador da República
E.5.2. Petição de homologação de compromisso de apadrinhamento civil, lavrado no
Ministério Público e por apenso a processo de promoção e de proteção.
Processo n.º …
(promoção e proteção)
em favor da menor
Os Progenitores da menor:
Carla Sofia …;
Carlos Manuel …;
e
Os Padrinhos :
Maria Alice …;
Manuel Almeida ….
1.º
A menor Ana Rita nasceu a …/…/… e é filha de Carla Sofia e Carlos Manuel, con-
forme certidão de assento de nascimento que ora se junta e se dá por integralmente re-
produzido (doc. n.º 1).
2.º
O quadro vivencial dos progenitores do menor caracterizava-se por uma situação
de disfuncionalidade familiar que resultou na separação dos mesmos após o nascimento
do segundo filho – Pedro Miguel …, nascido a…
3.º
Após a separação dos progenitores, os filhos menores Ana Rita e Pedro Miguel pas-
saram a residir em casa dos avós maternos, na companhia da mãe, família igualmente dis-
funcional e problemática, caracterizada pelo consumo excessivo de álcool, parcos recursos
económicos, más condições habitacionais, violência do avô e grande conflitualidade entre
o avó e a sua filha.
4.º
Os menores passaram a ser vítimas de negligência generalizada ao nível dos cuida-
dos básicos – higiene, segurança, saúde e alimentação -, por parte da mãe, que evidenciava
fracas competências parentais, associadas a alguma debilidade mental.
5.º
Por vezes, a Ana Rita ia para a escola sem tomar o pequeno-almoço e a avó mater-
na era quem ia às reuniões da escola e acompanhava a avaliação da neta.
6.º
Por seu turno, o progenitor dos menores nunca se interessava pelo bem-estar dos
mesmos, não os visitando com frequência.
7.º
A progenitora levava consigo a menor Ana Rita para o restaurante, propriedade do
casal Maria Alice e Manuel Almeida, o que fez com que a mesma se fosse aproximando e
aos poucos a menor começou a gostar de ficar com esta família e a não regressar com a sua
mãe a casa.
8.º
A partir de Dezembro de …, a Ana Rita acabou por integrar o agregado familiar do
referido casal.
9.º
No início e enquanto trabalhava para o casal, a progenitora estava com a Ana Rita
sempre que a menina regressava da escola.
10.º
Porém, a progenitora, quando deixou de trabalhar no restaurante da família, foi as-
sumindo uma postura de progressivo afastamento da Ana Rita.
11.º
Perante este quadro familiar, em que os menores se encontravam em perigo e por
forma a garantir o seu bem-estar e desenvolvimento, a sua situação passou a ser acompa-
nhada pela Comissão de Proteção de Crianças de Jovens de …
12.º
Desse acompanhamento resultou que, o irmão Pedro Miguel foi, posteriormente,
apadrinhado civilmente por um casal e à Ana Rita foi aplicada medida de confiança a pes-
soa idónea, no casal Maria Alice e Manuel Almeida, nos termos do artigo 35.º, alínea c), da
L.P.C.J.P., no âmbito do processo de promoção e proteção n.º …, que correu termos neste
Tribunal, por decisão datada de …/…/…, a qual foi mantida por despachos de …/…/… e
…/…/…
13.º
Em …/…/…, a medida foi declarada cessada, por inexistência de perigo, uma vez
que a Ana Rita estava bem integrada no agregado familiar que a acolheu, o qual lhe pro-
porcionava a satisfação de todas as suas necessidades e convive com os seus progenitores
sempre que o deseja.
14.º
A Ana Rita tem uma relação de grande proximidade e afeto mútuos com o casal
Maria Alice e Manuel Almeida.
15.º
A Ana Rita encontra-se bem inserida no agregado familiar do casal e pretende ali
continuar inserida, apesar de manter contactos frequentes com a mãe, pai e irmãos.
16.º
A Ana Rita frequenta o 9.º ano de escolaridade na Escola Básica e Secundária J… ,
sita em …
17.º
É uma aluna assídua, pontual, com aproveitamento escolar bastante razoável, sen-
do bastante esforçada, trabalhadora e disponível, encontrando-se motivada para frequen-
tar o curso de hotelaria, em …
18.º
O casal tem 3 filhos, já maiores, que acolheram a Ana Rita de forma calorosa, tendo
uma posição favorável à presença da jovem na família, sendo que apenas André Almeida
reside na morada de família.
19.º
O casal demonstra atitudes de preocupação, responsabilidade e efetividade em re-
lação a Ana Rita, desempenhando as funções parentais a que se comprometeram ao aco-
lher a jovem e demonstrando a capacidade para prestarem todos os cuidados básicos,
proporcionando-lhe estabilidade emocional e psicológica.
20.º
A casa onde moram possui condições de habitabilidade, dispondo a Ana Rita de um
quarto individual.
21.º
A situação económica do casal é suficiente para satisfazer as necessidades materi-
ais que a Ana Rita tem, sendo que os rendimentos da família proveem da atividade profis-
sional de Maria Alice e do subsídio de desemprego de Manuel Almeida.
22.º
Ora, ao abrigo do disposto no artigo 2.º da Lei n.º 103/2009, de 11.09, na redação
da lei n.º 141/2015, de 08.09, que aprova o Regime Jurídico do Apadrinhamento Civil, “o
apadrinhamento civil é uma relação jurídica, tendencionalmente de carácter permanente,
entre uma criança ou jovem e uma pessoa singular ou uma família que exerça os poderes e
deveres próprios dos pais e que com ele estabeleçam vínculos afetivos que permitam o seu
bem-estar e desenvolvimento, constituída por homologação ou decisão judicial e sujeita a
registo civil”.
23.º
Da conjugação do artigo 4.º com o artigo 11.º, n.º 4, do mencionado diploma, po-
dem apadrinhar pessoas maiores de 25 anos, sem necessidade de serem habilitadas se
tiverem sido designadas como padrinhos, pessoas idóneas, a quem a menor tenha sida
confiada no processo de promoção e proteção.
24.º
A Ana Rita foi confiada ao casal Maria Alice e Manuel Almeida, como já vimos, no
âmbito de processo de promoção e proteção, por aplicação de medida de confiança a pes-
soa idónea, não necessitando, por conseguinte, os mesmos de serem habilitados.
25.º
A Ana Rita manifesta o forte desejo de permanecer junto desta família, que identi-
fica como sendo sua e também é intenção do casal em avançar com o apadrinhamento
civil.
26.º
Assim sendo, neste momento, quer a Ana Rita, quer o casal Maria Alice e Manuel
Almeida, quer os seus progenitores se mostram favoráveis ao apadrinhamento civil, defi-
nindo desta forma, juridicamente, a situação da menor, tendo sempre como baluarte o
superior interesse da mesma.
27.º
Em …/…/…, por iniciativa do Ministério Público, nos termos do artigo 10.º, n.º 1,
alínea a), do Regime Jurídico do Apadrinhamento Civil, foi celebrado o respetivo compro-
misso de apadrinhamento civil nos Serviços do Ministério Público, ao qual a Ana Rita deu o
seu consentimento, bem como os padrinhos e a progenitora, subscrevendo o mesmo, con-
forme documentos que ora se juntam e se dão por integralmente reproduzidos (doc. n.º 2).
28.º
Foi, posteriormente, dado consentimento pelo progenitor da Ana Rita, bem como
pelo representante da entidade encarregue de acompanhar o apadrinhamento civil, os
quais declararam subscrever o mesmo, conforme documentos que ora se juntam e se dão
por integralmente reproduzidos (doc. n.º 3 e 4).
29.º
Foi, ainda, elaborado pela Segurança Social, relatório de avaliação psicossocial que
conclui que o casal tem vindo a assumir as responsabilidades parentais relativamente à
Ana Rita, revelando competência afetiva e educativa, com condições habitacionais, econó-
micas e de saúde, pelo que, o apadrinhamento civil é adequado, conforme documentos que
ora se juntam e se dão por integralmente reproduzidos (doc. n.º 5).
30.º
Face ao exposto, considerando-se estarem reunidos os requisitos legais para ho-
mologação do apadrinhamento civil da Ana Rita e atento o teor do relatório suprarreferi-
do, bem como o compromisso celebrado e os demais elementos que constam do processo
principal, vislumbra-se de todo relevante definir a situação da Ana Rita, por forma a salva-
guardar o seu superior interesse e porque apresenta reais vantagens para a mesma.
O Procurador da República
E.6. Compromisso de Apadrinhamento Civil
1 PREÂMBULO
O pai da menor não beneficia dos direitos expressamente consignados na Lei 103/2009,
de 11 de setembro, atento o facto de estarem reunidos os requisitos para a dispensa de
consentimento do progenitor ao abrigo do disposto no art.º 14.º, n.º 4, alíneas a) e b), da
Lei n.º 103/2004. Com efeito, o pai da menor não contacta a criança desde que ela nasceu.
Nome com-
pleto:
Data de Nas-
Sexo: Idade: Anos
cimento:
BI ou CC: Contactos:
NIF:
Nome com-
pleto:
Data de Nas-
Sexo: Anos
cimento:
Morada:
Código Pos-
Contactos:
tal:
BI ou cartão
Outros Contactos:
cidadão:
NIF:
Local de Tra-
Telefone
balho :
Nome com-
pleto:
Data de Nas-
Sexo: Idade: Anos
cimento:
Morada:
Código Pos-
Contactos:
tal:
BI ou cartão
Outros Contactos:
cidadão:
NIF:
Nome com-
pleto:
Data de Nas-
Sexo: Idade: Anos
cimento:
Morada:
Código Pos-
Contactos:
tal:
BI ou cartão
Outros Contactos:
cidadão:
NIF:
Passa a caber ao padrinho civil o exercício das responsabilidades parentais. Tal significa que é da
competência do padrinho garantir a segurança, o sustento, velar pela saúde e dirigir a educação da
afilhada, representá-la e administrar os seus bens, em conjunto com a mãe da criança.
a) a escolha e inscrição da criança em estabelecimento de ensino privado ou público, mas já não, qual
o estabelecimento de ensino público;
b) as intervenções cirúrgicas que impliquem risco para a vida ou integridade física da criança (inclu-
indo as estéticas);
c) o exercício de uma atividade laboral por parte da criança ou adolescente (incluindo as passagens de
modelos, participação em espetáculos e atividades artísticas ou de publicidade);
d) a escolha da orientação religiosa até aos dezasseis anos (artigos 1886.º do Código Civil e 11.º da Lei
da Liberdade Religiosa);
e) as saídas (de férias ou participando em atividades) para o estrangeiro;
f) a localização ou determinação do centro de vida (a alteração de residência que implique uma mu-
dança geográfica para local distante dentro do próprio país ou para o estrangeiro);
g) a prática de atividades desportivas que impliquem risco para a vida, saúde ou integridade física;
h) a celebração de casamento aos dezasseis anos (artigos 1612.º do Código Civil e 149.º do Código de
Registo Civil);
i) uso de contraceção ou a interrupção da gravidez até aos dezasseis anos (artigo 142.º do Código
Penal);
j) a obtenção da licença de condução de ciclomotores e de carta de condução de motociclos de cilin-
drada não superior a 125 cm3;
k) o exercício do direito de queixa (artigos 1881.º do Código Civil e 113.º do Código Penal): tendenci-
almente deverá ser de ambos os progenitores que tenham a guarda conjunta;
l) as decisões de administração que envolvam onerações ou alienações de bens ou direitos da criança
(artigo 1889.º do Código Civil);
m) as decisões que envolvam questões de disciplina grave relativas à criança ou adolescente, nomea-
damente aquelas que possam implicar a aplicação de medida educativa disciplinar sancionatória;
n) a escolha da naturalidade (artigo 101.º, n.º 2 do Código de Registo Civil);.
o) a escolha de ensino universitário ou profissional;
p) mudança de domicílio para o estrangeiro ou das Ilhas ou para as Ilhas;
q) receber indemnização a pagar ao menor (cf. Acórdão da Rel. Porto de 20.09.1994, CJ XIX, IV, 34);
r) requisição de passaporte;
s) orientação profissional do filho;
t) outros casos: «Poder Paternal e Responsabilidades parentais», 2.ª Edição, Helena Gomes de Melo e
outros, Quis Juris, páginas 139 e seguintes.
O REGIME DAS VISITAS DOS PAIS OU DE OUTRAS PESSOAS, FAMILIARES OU NÃO, CUJO
CONTACTO COM A CRIANÇA OU JOVEM DEVA SER PRESERVADO (especificar os dias da
7
semana, horário, local e condições em que as visitas se deverão realizar, salvo acordo
expresso em contrário entre as partes)
Tal direito não se reconhece ao progenitor, atento o disposto no art.º 14.º, n.º 4, alíneas a) e b), da
Lei n.º 103/2004.
MONTANTE (incluir valor, forma de pagamento e prazo) DOS ALIMENTOS DEVIDOS PE-
8
LOS PAIS:
Exemplo: Se a mãe do menor integra o agregado familiar do padrinho, consignar que lhe cabem os
direitos sociais consignados no art.º 23.º da Lei 103/2009, de 11.09, na redação da lei n.º
141/2015, de 08.09.
E por ser a expressão da verdade, assinam o presente, para que produza os seus legais e
jurídicos efeitos.
Padrinho Civil:
____________________________________________________________________________________
Mãe do menor:
____________________________________________________________________________________
Procurador da República:
____________________________________________________________________________________
Neste domínio e com vista a determinar os procedimentos a seguir, há que dividir os paí-
ses em dois grandes grupos: os que pertencem a União Europeia e os outros.
De facto relativamente aos países da União Europeia a aludida carta rogatória é expedida
ao abrigo e nos termos do REGULAMENTO COMUNITÁRIO (CE) 1206/2001, de 28-05-
2001
enquanto que, relativamente aos demais países, tal rogatória é expedida ao abrigo e nos
temos da CONVENÇÃO DE HAIA de 18 de março de 1970, Sobre Obtenção de Provas
no Estrangeiro em Matéria Civil ou Comercial.
Esta distinção é muito relevante, não só porque os formulários a utilizar são diferentes
mas também porque os procedimentos a adotar são diversos.
Assim e quanto a estes, quando a carta é expedida nos termos do Regulamento Comuni-
tário o expediente é enviado diretamente para o Tribunal territorialmente competente de
Estado-Membro onde deve ser cumprida.
http://ec.europa.eu/justice_home/judicialatlascivil/html/te_searchmunicipality_pt.jsp
Diversamente, quando expedimos uma carta nos termos da Convenção de Haia o expedi-
ente é enviado para a DGAJ, a quem incumbe o seu encaminhamento, através da respetiva
congénere do Estado destinatário, para o Tribunal respetivo.
Naturalmente que, em ambos os casos, o nosso pedido tem de ser formalizado através do
formulário respetivo e deve ser instruído com os seguintes documentos:
o ARTIGO 1849.º
o ARTIGO 1850.º
o ARTIGO 1852.º
o ARTIGO 1853.º
o ARTIGO 1858.º
o ARTIGO 60.º;
o ARTIGO 61.º;
o ARTIGO 62.º;
o ARTIGO 63.º;
o ARTIGO 64.º;
o ARTIGO 65.º;
Todos estes documentos têm de ser traduzidos na língua do país destinatário da carta ro-
gatória.
Porque o conteúdo desses documentos é praticamente igual (o que é diferente são os no-
mes, moradas e datas), existe no SIMP a sua tradução nas línguas mais utilizadas11, assim
se obtendo maior celeridade e economia processuais.
Uma última nota para referir que, quer quando se expede carta precatória para o consula-
do português quer quando se envia carta rogatória para Tribunal estrangeiro para audição
da mãe do menor deve, cumulativamente, pedir-se também imediatamente a audição do
pretenso progenitor que aquela indique – e a subscrição por este de termo de perfilhação
se este aceitar a paternidade do menor –, bem como das testemunhas por ambos indica-
das, caso residam na área do consulado / país do tribunal deprecado.
11
Relativamente à língua alemã disponibiliza-se ainda a tradução dos algarismos e meses do ano
F.1. ANEXO: questões a colocar a mãe que regista filho sem menção da paternidade
em consulado de Portugal no estrangeiro.
b) Se só com o pretenso pai manteve relações sexuais nos primeiros 120 di-
as dos 300 que precederam o nascimento da menor (caso tenha mantido re-
lações sexuais com outro(s) indivíduo(s) nesse período de tempo solicita-se
o fornecimento da sua identificação nos mesmos termos);
FORMULÁRIO A
(no SIMP encontram-se as versões em língua estrangeira)
Pedido de obtenção de provas nos termos do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º
1206/2001 do Conselho, de 28 de maio de 2001, relativo à cooperação entre os tri-
bunais dos Estados-Membros no domínio da obtenção de provas em matéria civil e
comercial (JO L 174 de 27.06.2001, p.1)
3. Tribunal requerente
3.2. Endereço:
3.3. Tel.:
3.4. Fax:
4. Tribunal requerido
4.1. Denominação:
4.2. Endereço:
4.4. Fax:
5. Demandante
5.2.3.País: Portugal
5.3. Tel.:
5.4. Fax:
6. Representantes do demandante
6.1. Nome:
6.2. Endereço:
6.2.3. País:
6.3. Tel.:
6.4. Fax:
7. Demandado
7.1. Nome:
7.2. Endereço:
7.2.3 País:
7.3. Tel.:
7.4. Fax:
8. Representantes do demandado
8.1. Nome:
8.2. Endereço:
8.3.2. País:
8.3. Tel.:
8.4. Fax:
9.2. É solicitada a presença das partes e, se for caso disso, dos seus repre-
sentantes:
10.2.1. Nome:
10.2.2. Identificação
10.2.3. Cargo
10.2.4. Funções
11. Natureza e objeto da ação e exposição sumária dos factos (eventualmente em ane-
xo):
Averiguação Oficiosa de Paternidade cujo objeto visa a efetiva identificação
do progenitor
(através da progenitora) e da consequente perfilhação
12.2.3. Tel.:
12.2.4. Fax:
12.2.8.1. Juramento:
Data:
O PROCURADOR DA REPÚBLICA
F.3. Pedido de obtenção de provas - Regulamento (CE) n.° 1206/2001, do Conselho
da União Europeia, de 28 de Maio de 2001: Oficio-Circular n.° 36/2003, da DGAJ/
DSJCJI
"A partir de 1 de Janeiro de 2004 será aplicável o Regulamento n.° 1206/2001, do Conselho
da União Europeia, de 28 de maio de 2001, aos pedidos de obtenção de provas em matérias
civil e comercial entre os tribunais dos seguintes Estados-Membros da União Europeia: Ale-
manha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo,
Países Baixos (Holanda), Portugal, Reino Unido e Suécia. No âmbito do referido regulamento
destacam-se os seguintes aspetos:
1. O pedido
b) Se, de modo diverso, se pretender que a obtenção de provas seja efetuada pelo magistrado
português, mediante a utilização da teleconferência, o tribunal português deve elaborar o
pedido através do formulário I (por lapso, o n.° 1 do artigo 4.° do regulamento, na versão
portuguesa, refere o formulário H, e a epígrafe da secção 4 do capítulo II alude ao tri-
bunal requerido quando está em causa o tribunal requerente).
Quanto às línguas a utilizar, os pedidos devem ser formulados do seguinte modo: no que se
refere à parte pré-impressa do formulário, pode ser utilizada qualquer uma das línguas ofi-
ciais da União Europeia. Quanto à parte a preencher, deve ser utilizada uma das seguintes
línguas:
c) Numa outra língua que o Estado-Membro requerido tenha indicado poder aceitar.
Tendo em conta as declarações que alguns Estados-Membros já efetuaram, são as seguintes
as línguas que podem ser utilizadas nos pedidos efetuados para os seguintes Estados-
Membros:
Alemanha: alemão e inglês; Áustria: alemão e inglês; Espanha: espanhol e português; Fin-
lândia: finlandês, sueco e inglês; França: francês; Grécia: grego, francês e inglês; Itália: itali-
ano; Luxemburgo: francês e alemão;
Todos os eventuais documentos que o tribunal requerente enviar para a execução do pedido
devem ser acompanhados de uma tradução na língua em que o pedido tiver sido redigido.
2. Receção do pedido
Recebido o pedido, o tribunal requerido deve enviar um aviso de receção ao tribunal reque-
rente, no prazo de sete dias a contar da receção, utilizando o formulário B. É utilizado o
mesmo aviso de receção quando no for possível, desde logo, tratar o pedido por ocorrer uma
das seguintes situações:
b) O documento não é legível. Caso não seja competente para a realização do pedido, o tri-
bunal deve retransmiti-lo ao tribunal competente, informando o tribunal requerente, utili-
zando para o efeito o formulário A (vd. a sua parte final).
3. Pedido incompleto
b) Não ter sido efetuado um depósito ou adiantamento de pagamento, se a tal houver lugar,
nos termos do n.° 3 do artigo 18.°, o tribunal requerido deve informar o tribunal requerente
nos termos do artigo 8.°, utilizando, para o efeito, o formulário C.
4. Recusa de execução
Quando o tribunal requerido recusar a execução do pedido por:
d) Não ser efectuado o depósito ou adiantamento de pagamento a que possa haver deve noti-
ficar o tribunal requerente, utilizando para o efeito o formulário H (por lapso, o n.° 4 do
artigo 14.° do regulamento, na versão portuguesa, refere o formulário G).
5. Notificação de atrasos
Se o tribunal requerido não puder proceder à execução do pedido no prazo de 90 dias a con-
tar da data da receção, deve informar do facto o tribunal requerente, utilizando para o feito
o formulário G. Para tanto o tribunal requerido deve indicar os motivos que estão na origem
do atraso e o lapso de tempo que considera necessário para executar o pedido.
7. Outras comunicações
8. Custas
Em regra, a execução dos pedidos não pode dar lugar ao reembolso de taxas ou custas. Tal
regra não se aplica a:
b) Custos resultantes da aplicação dos n.°s 3 e 4 do artigo 10.º Quanto seja requerido o pare-
cer de um perito, o tribunal requerido pode, antes de executar o respetivo pedido, solicitar ao
tribunal requerente que efetue um depósito adequado ou um adiantamento sobre as despe-
sas a efetuar. Nos demais casos, um depósito ou um adiantamento não poderão ser condição
de execução do pedido.
9. Entidade central
10. Anexos
- O n.º 2 do artigo 19.º do Regulamento foi alterado pelo ponto 1 do n.º 2 do anexo do Regu-
lamento CE n.º 1103/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de outubro de 2008,
que adapta à Decisão 1999/468/CE do Conselho certos atos sujeitos ao procedimento previs-
to no artigo 251.º do Tratado, no que se refere ao procedimento de regulamentação com
controlo (JOUE 14 novembro);
- O artigo 20.º do Regulamento foi alterado pelo ponto 2 do n.º 2 do anexo do Regulamento
CE n.º 1103/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de outubro de 2008, que
adapta à Decisão 1999/468/CE do Conselho certos actos sujeitos ao procedimento previsto
no artigo 251.º do Tratado, no que se refere ao procedimento de regulamentação com con-
trolo (JOUE 14 novembro).
- Vide Acórdão TJUE (Primeira Secção), de 17 de fevereiro de 2011, que declara: « Os artigos
14.° e 18.° do Regulamento (CE) n.° 1206/2001 do Conselho, de 28 de maio de 2001, relativo
à cooperação entre os tribunais dos Estados-Membros no domínio da obtenção de provas em
matéria civil ou comercial, devem ser interpretados no sentido de que um tribunal requeren-
te não está obrigado a pagar ao tribunal requerido um adiantamento da compensação a
atribuir à testemunha inquirida nem ao respetivo reembolso.»
ACORDO DE REGULAÇÃO DO
1.º
2.º
3.º
4.º
5.º
Na semana em que o menor não esteja com o pai/mãe ao fim de semana, es-
te(a) último(a), à quarta-feira, irá buscá-lo à escola ou a casa da mãe/pai, neste caso
não havendo escola, sendo entregue na escola no dia seguinte, ou em casa da mãe,
até às 10h00, não havendo escola.
6.º
O menor passará com o pai/mãe o período compreendido entre o 1.º dia
após o termo do primeiro período escolar e as 11h30 do dia 25 de dezembro do
mesmo ano, ficando o restante período com a mãe/pai, alternando nos anos subse-
quentes.
Ou, Natal com um dos progenitores e Páscoa com o outro, alternando nos anos seguintes.
7.º
Ou, Natal com um dos progenitores e Páscoa com o outro, alternando nos anos seguintes.
8.º
9.º
10.º
11.º
Os pais podem viajar nas férias escolares com o(s) filho(s) dentro da União
Europeia e para países terceiros, neste caso, desde que para lugar seguro, devendo
comunicar ao outro progenitor o país de destino e manterem-se telefonicamente
contactáveis.
12.º
13.º
As despesas com a educação (material escolar, livros, viagens de estudo, re-
feições escolares), as atividades extracurriculares, desporto e explicações, estas
últimas três modalidades de despesas a combinar entre os progenitores, devendo a
aceitação revestir a forma escrita, médicas, consultas incluídas, e médico-
medicamentosas, todas na parte não comparticipada, serão comunicadas ao proge-
nitor devedor no prazo máximo e obrigatório de 30 dias, sob pena de não serem
exigíveis, acompanhadas de apresentação das faturas/recibos, a emitir em nome do
menor, devendo ser pagas no prazo de 30 dias, por transferência bancária.
OU
Neste caso,
14.º
15.º
Opção 4 - Salário (do devedor) de Janeiro do ano a atualizar : salário de janeiro do ano
anterior x pensão de alimentos do ano anterior = pensão atualizada
(exemplo: 1100: 1050= 1,047 x 250 € = 261,75 €, ou seja, atualizou-se a pensão de 250
€ para 261,75 €)
16.º
Não integra o conceito de alimentos o subsídio familiar a crianças e jovens
(cf. Decreto-Lei n.º 133-B/97, de 30.05, alterado pelos Decretos-Lei n.º 341/99, de
25.08, e 250/2001, de 21.09), que será processado ao progenitor com quem o me-
nor reside.
Os progenitores:
____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
O menor
(deve dar a sua concordância, caso tenha maturidade ou, pelo menos, 10 anos):
__________________________________________________________________
ACORDO DE REGULAÇÃO DO
(guarda compartilhada)
1.º
O menor terá o seu domicílio civil e fiscal com o pai/mãe, para efeitos do art.º
85.º do Código Civil.
2.º
3.º
4.º
O menor passará uma semana alternada com o pai e com a mãe, a começar
no dia___________, devendo a troca processar-se ao domingo, após o jantar.
5.º
6.º
8.º
9.º
10.º
Os pais podem viajar nas férias escolares com o(s) filho(s) dentro da União
Europeia e para países terceiros, neste caso, desde que para lugar seguro, devendo
comunicar ao outro progenitor o país de destino e manterem-se telefonicamente
contactáveis.
11.º
12.º
OU
13.º
_______________________________________________________________________________________________________,
da agência ____________________________ do Banco________________________________________________,
não sendo legalmente admitidas deduções ao montante dos alimentos emergentes
da efetivação dos descontos (e.g. comissões bancárias ou postais) as quais serão a
cargo do devedor.
14.º
Opção 4 - Salário (do devedor) de Janeiro do ano a atualizar : salário de janeiro do ano
anterior x pensão de alimentos do ano anterior = pensão atualizada
(exemplo: 1100: 1050= 1,047 x 250 € = 261,75 €, ou seja, atualizou-se a pensão de 250
€ para 261,75 €)
15.º
Os progenitores:
____________________________________________________________________
___________________________________________________________________
O menor
(deve dar a sua concordância, caso tenha maturidade ou, pelo menos, 10 anos):
__________________________________________________________________
G.1.1. Anexos ao acordo
ANEXO I
- Não envolvas os filhos nas disputas que tens com o(a) teu (tua) ex-companheiro(a);
- Estimula a relação deles com o outro progenitor e ambas as famílias alargadas;
- Entrega-os ao outro progenitor no caso de férias ou ausências e não a terceiros;
- Facilita o contacto telefónico dos filhos com o outro progenitor;
- Entrega-lhes toda a correspondência e prendas do outro progenitor;
- Valoriza sempre (ou, pelo menos, não desvalorizes) o outro progenitor;
- Não permitas críticas na presença dos filhos em relação ao outro progenitor;
- Faculta ao outro progenitor todas as informações escolares e de saúde dos vossos
filhos;
- Permite a participação do outro progenitor, se for conveniente, nas idas ao médico e
às reuniões da escola;
- Avisa o outro progenitor do evoluir das situações (ex.: novas consultas, resultados de
exames médicos, etc.);
- Consulta o outro progenitor antes de decidires questões relevantes;
- Faculta informações ao outro progenitor a respeito da escola, desporto, etc.;
- Não marques atividades nos fins de semana em que os vossos filhos menores vão
para o outro progenitor;
- Providencia pelo sustento (cf. alimentação, vestuário, etc.) dos vossos filhos; e
- Caso já exista um acordo ou decisão judicial de regulação do exercício das responsa-
bilidades parentais, cumpre e respeita sempre os termos lá fixados, pagando a pensão
de alimentos e as quantias lá fixadas, respeitando os períodos de visitas lá fixados e
facilitando o convívio dos vossos filhos com o outro progenitor;
Em suma, sede FELIZES com os vossos filhos!
Caso tenhas dúvidas:
- dirige-te aos serviços do Ministério Público da tua área;
- consulta o teu advogado;
- consulta o teu assistente social.
ANEXO III
- Indisponível (art.º 2008.º, n.º 1, do Cód. Civil), pois não pode haver renúncia ao
mesmo, sob pena de nulidade do contrato – art.º 280.º do Cód. Civil), podendo,
contudo, deixar de se peticionar alimentos ou renunciar-se a prestações vencidas;
- Trata-se de uma obrigação conjunta e não solidária (art.º 513.º do Cód. Civil), já
que o devedor apenas responde de acordo com as suas reais possibilidades, sen-
do, então, a regra a conjunção e não a solidariedade;
- Nos termos do art.º 737.º, n.º 1, do Cód. Civil, o credor de alimentos goza de pri-
vilégio mobiliário geral.
d) de sexta a domingo;
e) de sexta a segunda;
f) 5.ª feira após a escola até segunda-feira, a entregar na escola, quinzenalmente, passando
a quarta-feira (ou outro dia a definir) com o progenitor não guardião, desde a saída da
escola nesse dia e deixando na escola na quinta-feira ou em casa do progenitor guardião,
se for feriado, nas semanas em que não passa de 5.ª feira a segunda com o progenitor não
guardião.
- Alimentos:
a) ver Tabela;
No que concerne à obrigação de alimentos, importa referir que o art.º 36.º, n.º 3, da
C.R.P. estabelece o princípio de igualdade de deveres de ambos os progenitores na manu-
tenção dos filhos.
Com este princípio não pretende a lei que cada progenitor contribua com me-
tade do necessário à manutenção dos filhos, antes se visa que sobre cada um deles
impenda a responsabilidade de assegurar, na medida das suas possibilidades, o que
for necessário ao sustento, habitação e vestuário (alimentos naturais), bem como à
instrução e educação do menor (alimentos civis).
Como se vê, o conceito de sustento ultrapassa a simples necessidade de alimenta-
ção, abrangendo a satisfação de todas as necessidades vitais de quem carece de alimentos,
nomeadamente as relacionadas com a saúde, os transportes, a segurança, a educação e
instrução (art.º 2003.º do CC).
Por outro lado, a obrigação de sustento dos pais para com os menores é mais vasta
do que a existente nos restantes casos de direito a alimentos definidos na lei (art.º 2009.º,
do CC).
Com efeito, a obrigação de sustento dos pais não se afere pelo estritamente neces-
sário à satisfação das necessidades básicas dos seus filhos, compreendendo o indispensá-
vel à promoção adequada do desenvolvimento físico, intelectual e moral dos mesmos, sem
embargo de se ter em linha de conta as possibilidades dos pais para a satisfação daquelas
necessidades, prescrevendo o art.º 2004.º, n.º 1, do CC que os alimentos devem ser pro-
porcionais aos meios daquele que houver de prestá-los e à necessidade daquele que hou-
ver de recebê-los.
- idade do menor;
- etc.
d) Princípios a considerar:
- pré-escolar;
- escola primária;
Obs.: não se consideram as despesas com prestações de casa/renda de casa, que deverão ser consideradas
à parte, nem as despesas médicas, medico-medicamentosas e escolares, que deverão ser pagas à parte.
Obs.: As referências a salários mínimos de países estrangeiros incluem subsídios (férias e/ou Natal).
1.155,35 €
(salário
mínimo nos
EUA em 2016)
1.501,82 €
(salário
mínimo na
Bélgica em
2016)
1.507,80 €
(salário
mínimo na
Holanda em
2015)
1.529,03 €
(salário
mínimo no
Reino Unido
em 2015)
1.546,35 €
(salário
mínimo na
Irlanda em
2015)
1.550 €
1.575 €
1.600 €
1.650 €
1.675 €
1.700 €
1.750 €
1.775 €
1.800 €
27,50 % 30,50% 31,50%
1.825 €
1.850 €
1.875 €
1.950 €
1.975 €
2.025 €
2.050 €
2.075 €
2.100 €
2.125 €
2.150 €
2.175 €
2.200 €
2.225 €
2.250 €
2.275 €
2.300 €
2.325 €
2.350 €
2.375 €
2.400 €
2.425 €
2.450 €
2.475 €
2.500 €
2.525 €
2.550 €
2.575 €
2.600 €
2.625 €
2.650 €
2.675 €
2.700 €
2.725 €
2.750 €
2.775 €
2.800 €
2.825 €
2.850 €
2.875 €
2.900 €
2.925 €
(sensivelmente
o salário médio
na União
Europeia)
3.000 €
TABELA DE ENCARGOS
(progenitor não guardião)
Renda de casa:
Prestação da casa:
IMI:12=
Condomínio (média mensal):
Água:
Luz:
Gás:
TV/NET:
Telemóvel:
Seguro da casa:12=
Seguro do carro:12=
Revisões do carro:12=
Imposto Único de Circulação:
Alimentação (pequeno-almoço, almoço,
lanche e jantar):
Vestuário e calçado:
Despesas de saúde:
Produtos de higiene pessoal:
Cabeleireiro/barbeiro:
Produtos de limpeza para a casa:
Lazer, recreação e cultura:
Outra despesa:
- combustível: ________________________________
- transportes: _________________________________
- ____________________________ _________________________________
Outra despesa:
- ____________________________ _________________________________
Total:
G.4.2. Tabelas de Encargos (filho menor)
1 Roupa e calçado: 30 €
(360 € POR ANO)
2 Alimentação em casa e na escola: 167,40 €
(5,40 € dia – valor da alimentação na
cantina da Universidade Pública)
3 Saúde: 10 €
4 Água: 5€
5 Luz: 10 €
6 Gás: 5€
7 Transporte: 25 €
8 Internet: 10 €
9 Atividade desportiva/música/etc.: 30 €
10 Equipamento desportivo 10 €
12 Explicações: 70 €
13 Mesada: 20 €
14 Telemóvel: 9€
15 Material escolar: 13 €
16 Livros: 25 €
17 Viagens de estudo: 3€
Subtotal dos
pontos 12 a 140 €
17:
Total global
(verbas 1 a 10 442,40 €
e 11 ou 1 a 10
e 12 a 17):
PORDATA
Despesas de consumo final das famílias por tipo de bens e serviços - Portugal
(última atualização: 2016-09-26)
Total Alimentação, Vestuário Habitação, Mobiliário, Saúde Transportes e Lazer, Educação Restaurante Bens e
bebidas e e calçado água, artigos de comunicações recreação e hotéis serviços
tabaco eletricidade, decoração, e cultura diversos
gás equipamento
doméstico e
manutenção
corrente da
habitação
2014 100,7% 20,6% 6,3% 19,4% 5,2% 4,9% 14,8% 6,0% 1,3% 11,5% 10,8%
Nota 1:
- A despesa de consumo final das famílias inclui os gastos em alimentação, vestuário e outros bens não dura-
douros; as compras de eletrodomésticos, automóveis e outros bens duradouros; as contas de água, eletrici-
dade, gás, comunicações e outros serviços feitos pelas famílias.
Nota 2:
- A despesa de consumo final das famílias inclui os seguintes exemplos:
b) Rendimento em espécie, como: bens e serviços recebidos como rendimento em espécie por empregados, bens e
serviços produzidos por empresas não constituídas em sociedade pertencentes a famílias e que são reservados ao
consumo por membros da família. É o caso dos alimentos e outros produtos agrícolas, do alojamento em habitação
própria e dos serviços domésticos produzidos por pessoal remunerado (criados, cozinheiros, jardineiros, motoristas,
etc.);
c) Elementos que não são considerados consumo intermédio, como: materiais destinados a pequenas reparações
em habitações e à decoração de interiores das mesmas, como as que são normalmente efetuadas por inquilinos e
proprietários e materiais destinados a reparações e à manutenção de bens duradouros de consumo, incluindo automó-
veis;
d) Elementos não considerados como formação de capital, designadamente, bens de consumo duradouros, que
continuam a desempenhar a sua função ao longo de vários períodos contabilísticos; tal inclui a transferência de propri-
edade de alguns bens duradouros de uma empresa para uma família;
e) Serviços financeiros diretamente cobrados e a parte dos serviços de intermediação financeira indiretamente
medidos utilizada para fins de consumo final pelas famílias;
g) Serviços relativos aos fundos de pensões, pelo montante do custo implícito do serviço;
h) Pagamentos efetuados pelas famílias relativamente a licenças, autorizações, etc., que sejam consideradas
aquisições de serviços;
i) Compra da produção a preços economicamente não significativos, como no caso das entradas para um museu.
Nota 3:
- Na sua função de consumidores, as famílias podem definir-se como pequenos grupos de pessoas que parti-
lham o mesmo alojamento, agrupam os seus rendimentos e o seu património e consomem coletivamente cer-
tos tipos de bens e serviços, essencialmente o alojamento e a alimentação. Esta definição pode ser completa-
da pelo critério da existência de laços familiares ou afetivos.
Os recursos principais destas unidades são: remuneração dos empregados, rendimentos de propriedade,
transferências de outros sectores, receitas provenientes da venda de produtos mercantis e receitas imputadas
da produção de produtos destinados ao consumo final próprio.
b) empregados;
É a fonte de rendimentos mais importante (rendimentos dos empregadores, remuneração dos empregados,
etc.) da família, no seu conjunto, que determina o subsector ao qual esta pertence. Quando uma família recebe
vários rendimentos de determinada categoria, a classificação deve ser baseada no rendimento total da família
em cada categoria.
G.5.1. Gastos mensais individuais por salário mínimo
Vestuário e calçado:
Transportes e comunicações: 40 €
TOTAL: 557 €
G.6. Ficha de articulação entre o DIAP e a Instância Central de Família e de Menores
FICHA DE ARTICULAÇÃO
Magistrado de turno/titular:
DIAP/INSTÂNCIA CRIMINAL
NUIPC
INSTÂNCIA CENTRAL DE Ação tutelar
FAMÍLIA E MENORES cível e qual
* PPP
Processo
tutelar educati-
vo
CRIME
IDENTIFICAÇÃO
SUSPEITO/ARGUIDO
TIR
Caução
Apresentação periódica
Suspensão do exercício das responsabilida-
des parentais/tutela/curatutela/administração
MEDIDAS DE COAÇÃO de bens
Permanência na habitação
Datas de aplica-
não sujeita a vigilância eletrónica
ção/revisão/cessação
(dia/mês/ano) Permanência na habitação
sujeita a vigilância eletrónica
Vigilância eletrónica especial e com a
teleassistência
Proibição ou imposição de condutas
(cf. Contactos/afastamento)
Prisão preventiva
ACOLHIMENTO DE VÍ-
TIMAS EM CENTRO DE Local:
ACOLHIMENTO DE
EMERGÊNCIA OU CASA Data:
ABRIGO
IDENTIFICAÇÃO
DE VÍTIMAS
*
ADULTOS/CRIANÇAS
Interrogatório
Audição da criança
Perícias
Arquivamento/SPP/Acusação
Advogado do menor
Observações:
Ficha a acompanhar os processos-crime na contracapa.
Em cada atualização enviar cópia via SIMP ao magistrado interlocutor na Instância Central de Família e Menores, acompanhada em
anexo de cópias pertinentes.
Em cada alteração do magistrado titular do processo criminal, enviar cópia via SIMP ao magistrado titular da fase seguinte.
H. Documentos hierárquicos
H.1. Documentos hierárquicos da Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra
H.1.1. Despacho n.º 3/12, de 08.02 - PGD de Coimbra/ Procurador-Geral Distrital:
Abuso sexual de menores - Boas práticas para intervenção articulada.
Assim, acolhendo proposta formulada, a meu pedido, por equipa de magistrados que pro-
cedeu ao estudo do tema, solicito a observância do seguinte:
3 – O magistrado que seja responsável pelo inquérito criminal deve verificar se já foi ins-
taurado processo de promoção e proteção, assim como o magistrado responsável pelo
processo de promoção e proteção deve verificar se já foi, quando pertinente, instaurado
inquérito criminal. E ambos devem zelar para que esses processos entrem em comuni-
cação.
b) haja uma avaliação conjunta de cada caso, para acordo sobre as medidas
de promoção e de proteção, as medidas de coação e outras decisões interlo-
cutórias ou finais que cada magistrado haja de promover, defender ou tomar
no respectivo processo, com vista ao conseguimento da maior coerência e
eficácia na defesa do superior interesse da criança;
- Inscreva-se no SIMP: “Abuso sexual de menores – Boas práticas para intervenção articu-
lada”.
Coimbra, 8 de Fevereiro de 2012.
O Procurador-Geral Distrital,
Euclides Dâmaso Simões
Anotações:
Nota 1:
É fundamental, para este efeito, que seja organizada a comunicação entre os processos e
que se pondere a possibilidade de participação na diligência dos profissionais responsá-
veis pelas vertentes sociais, familiares e da saúde (Rui do Carmo, 2013, p. 142).
Nota 2:
«A criança tem o direito a fazer-se acompanhar por uma pessoa da sua confiança, em todas
as audições, e à nomeação de um advogado ou representante, não só nos processos de
promoção ou proteção, conforme está previsto na lei (art.º 103.º, n.º 2, da LPCJP), mas
também nos processos de regulação das responsabilidades parentais (cf. art.º 18.º do Re-
gime Geral do processo Tutelar Cível), e nos processos-crime.» (cf. sobre o assunto, Clara
Sottomayor, Temas de Direito das Crianças, pág. 305, Almedina 2014)
Nota 4:
E o Ministério Público deve pedir uma medida de proteção ao abrigo do art.º 27.º, n.º 3, do
Regime Geral do Processo Tutelar Cível.
Nota 5:
Os casos de violência doméstica não devem ser tratados da mesma forma que
os casos onde a violência não existe.
Nota 6:
DESPACHO Nº 6/2014-PGD
4 - Solicito aos Senhores Magistrados Coordenadores das comarcas que integram esta Pro-
curadoria-Geral Distrital que zelem pela rigorosa observância desta recomendação.
O Procurador-Geral Distrital,
O Procurador-Geral Distrital,
Anexos:
(…)
mapa_modelo5_1pgdc_proc_prom_prote.xls
mapa_modelo4_1pgdc_proc_tutelares_educativos.xls
H.1.4. Ordem de Serviço n.º 3/15, de 22.01 - Coimbra - Proc. da Comarca - Coordena-
ção: Mapas estatísticos bimestrais.
Nos termos da Ordem de Serviço nº23/2014, de 27/10, proferida pelo Exmº Senhor Pro-
curador-Geral Distrital, foram aprovados novos modelos de mapas estatísticos, cuja utili-
zação se encontra em vigor.
Importa agora uniformizar práticas que regulem o seu correto preenchimento e agilizem o
seu envio atempado, tendo em conta os prazos estabelecidos na referida Ordem de Servi-
ço.
1 - Os mapas nºs (…), 4-1PGDC, 5-1PGDC, (…) são enviados diretamente pelos senhores
Procuradores da República a esta Procuradoria/Coordenação.
a) – (…).
b) – (…).
3 - Todos os mapas acima referidos devem ser remetidos pelos senhores Procuradores da
República a esta Procuradoria/Coordenação até ao dia 5 do mês seguinte ao período a
que respeitam.
_________________________________________________
Importa, além disso, estabelecer uma ficha de acompanhamento dos processos judiciais a
que os mesmos se reportam, que permita, inserida no PA, imediata perceção dos trâmites
processuais.
2 – É aprovado o modelo 7 PGDC para, inserido nos PA, facilitar a perceção da tramitação
dos processos judiciais.
Memorando
Anexo Informação de Serviço sobre o assunto em epígrafe, que me foi presente pelo Se-
nhor Procurador da República Dr. Rui do Carmo, solicitando a melhor atenção dos Senho-
res Magistrados com intervenção na matéria para a implementação desta nova medida
tutelar cível, alternativa à tradicional institucionalização.
O Procurador-Geral Distrital,
Consultar no SIMP.
H.1.7. Memorando 10/2012, de 11.04: Regulação do exercício das responsabilidades
parentais – obrigatoriedade de fixação de alimentos.
MEMORANDO
2. A interpretação desse n.º 1 do art. 2004.º haverá de ser conforme com o art.º 69.º da
Constituição (que consagra o direito das crianças à proteção por parte da sociedade e do
Estado) e de ter em conta a unidade do sistema jurídico, nomeadamente as pertinentes
Recomendações do Conselho da Europa, a Convenção Europeia sobre o Exercício de Direi-
tos da Criança, de 1996, a Convenção da ONU sobre os Direitos das Crianças, de 1989, e, no
plano da legislação ordinária, a Lei 75/98, regulada pelo Dec.-Lei 164/99, de 13 de Maio
(que prevê que, subsidiariamente, o Estado assegure a prestação de alimentos).
O Procurador-Geral Distrital,
Euclides Dâmaso Simões
H.1.8. Memorando 12/2015, de 13.10: apensação de processos - Lei 141/2015 (Re-
gime Geral do Processo Tutelar Cível) e Lei 142/2015 (Proteção de Crianças e Jo-
vens em Perigo).
MEMORANDO
A recente entrada em vigor dos novos regimes do Processo Tutelar Cível e da Proteção de
Crianças e Jovens em Perigo logo despertou divergências interpretativas.
1. Com a nova redacção dos arts. 81º da LPCJP e 11º do RGPTC a apensação de processos
(de promoção e protecção, tutelar cível e tutelar educativo) respeitantes à mesma criança
ou jovem ocorre sempre, mesmo quando o processo de promoção e protecção corre ter-
mos numa comissão.
Com efeito, foi revogado o nº 2 da anterior versão do artº 81º, que fazia depender a apen-
sação de processos pendentes nas comissões de avaliação e decisão casuística do Juiz, ten-
do o legislador pretendido, manifesta e expressamente, alcançar, na instrução, análise e
decisão de cada caso, objectivos de avaliação global e conjunta, uniformidade decisória e
economia de meios.
(i) tem lugar mesmo quanto a processos findos, por força do nº 4 do artº 81º, aditado em
consequência de proposta da Senhora Procuradora-Geral da República, elaborada com
essa precisa finalidade;
(i) permitir que os Magistrados tenham uma visão unitária dos processos que vão sendo
sucessivamente instaurados relativamente a cada criança e possam tomar as decisões que,
em cada momento, melhor defendem os seus interesses;
(ii) - evitar atuações e decisões contraditórias ao longo do tempo;
(iii) evitar repetições de diligências e diminuir a carga burocrática, com ganhos de conhe-
cimento, celeridade e eficácia, quando é necessário consultar processos findos;
(iv) e potenciar uma “cultura de responsabilidade” dos magistrados pelo “caso daquela
criança”.
Devem, por isso, ser sensibilizadas as Comissões para não procederem ao seu envio mas-
sivo para tribunal.
O Procurador-Geral Distrital,
A criança vítima de crimes sexuais deve, pela sua ostensiva vulnerabilidade, merecer tra-
tamento especialmente cuidadoso por parte do Ministério Público, em cumprimento tam-
bém do Estatuto da Vítima aprovado pela Lei 130/2015, de 4 de setembro. Almeja-se so-
bretudo a máxima eficácia dos procedimentos e a menor vitimização secundária possível.
2. Logo que lhe seja transmitida a notícia do crime, o magistrado do Ministério Público
titular do inquérito, tendo em vista a recolha e troca de informação relevante, contacta o
responsável pela investigação no órgão de polícia criminal, verifica se corre termos pro-
cesso de promoção e proteção dos direitos da criança e, em caso afirmativo, contacta o
magistrado que representa o Ministério Público no processo judicial ou que é interlocutor
da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Após o que decidirá quanto ao tempo e aos
termos do requerimento a apresentar ao juiz de instrução criminal para efeitos do dispos-
to no nº2 do art.º 271º do Código de Processo Penal.
3. Se decidir que só requererá a tomada de declarações para memória futura em momento
posterior da investigação, o magistrado titular do inquérito deve fazer constar dos autos
despacho em que justifique sucintamente essa opção.
4.2. Avaliar a existência de conflito de interesses entre a criança, os seus pais, re-
presentante legal ou quem tem a guarda de facto e, havendo conflito, acordar sobre
quem a deverá representar no procedimento criminal;
5.1. Propor justificadamente ao juiz de instrução o técnico que deve ser nomeado
nos termos do nº4 do artº 271º CPP;
(iii) quando essa presença se revelar, por qualquer razão, perturbadora pa-
ra a criança;
6.1. O Ministério Público providencia pela sua nomeação nos termos do artº 22º,
n.º 3 do Estatuto da Vítima;
7. O magistrado do Ministério Público deve opor-se a que, nas situações previstas no artº
134º CPP, seja válida recusa de depoimento a prestar pela criança formulada pelos pais,
representante legal ou guardião de facto em representação da criança, considerando que
se trata de um ato pessoalíssimo que só pode ser praticado pela mesma, desde que para tal
tenha discernimento.
- Inscreva-se no SIMP “Abuso sexual de menores Boas práticas para intervenção articulada”.
O Procurador-Geral Distrital,
MEMORANDO
Tendo-se suscitado dúvidas sobre a classificação dos atos processuais de proteção jurídica
na jurisdição de menores, com projeção sobre o quantum da remuneração legalmente pre-
vista, ouvidos os Senhores Magistrados com funções de coordenação nas comarcas e nesta
Procuradoria-Geral Distrital, tomam-se como boas a interpretação e prática seguintes:
a) Os atos que possam classificar-se como de “intervenção ampla” são remunerados com
21 UR, nos termos do ponto 4.2 da tabela de honorários anexa à Portaria nº 1386/2004,
de 10 de Novembro.
b) Os atos que possam classificar-se como “intervenção ocasional” são remunerados com 5
UR, nos termos do ponto 6 da citada tabela de honorários.
c) A destrinça entre “intervenção ampla” e “intervenção ocasional” deve ser feita caso a
caso, mormente à luz dos elementos contidos no ponto 6 e na nota 2 da referida tabela (de
onde parece decorrer que um ato único não tem necessariamente de ser uma intervenção
ocasional, caso se integre numa atividade de maior abrangência - v.g. contactos prévios
com o menor e sua família, diligências sobre o contexto pessoal, familiar e escolar, acom-
panhamento a entrevista na DGRSP, para elaboração do relatório social, etc. - e que não se
esgote, à partida, naquela intervenção).
d) Para tal efeito, devem as notas de honorários do SINOA ser previamente presentes ao
Juiz e/ou ao Magistrado do Ministério Público.
O Procurador-Geral Distrital,
- o facto de, mesmo no caso de notificação do art.º 41.º, n.º 3, do RGPTC, poder
seguir-se uma conferência e uma tramitação mais complexa.
No caso 2: a lei não é líquida, mas por identidade de razão com o caso 1 e ainda
atendendo ao facto de se tratar de processo com tramitação que pode ser em tudo idêntica
à regulação do exercício das responsabilidades parentais, não existe razão para tratar tais
processos como simples incidente.
No Caso 3: O incumprimento seguido do processo especial do art.º 48.º do RGPTC
acaba por ser um único processo especial, pois as diligências executivas exigem uma de-
claração de incumprimento prévia, conforme jurisprudência largamente maioritária.
Existirá, então, razão, para desconsiderar totalmente a indicação do art.º 989.º, n.º
2, do Cód. Proc. Civil, artigo este cuja redação foi revista pelo artigo 3.º da Lei n.º
122/2015, de 1 de setembro de 2015, que alterou o Código Civil e o Código de Processo
Civil, no que respeita ao regime de alimentos em caso de filhos maiores ou emancipados
(DR 1 setembro)? Será relevante o facto de a redação do n.º 2 não ter sido mexida, tendo
coexistido no passado com a OTM, em que a alteração era seguramente uma ação autóno-
ma?
Entendemos que nos casos de simples notificação do art.º 41.º, n.º 3, parte final, do
RGPTC, em que a declaração de incumprimento se siga à notificação, sem qualquer impul-
so do patrono nomeado em sede de processo do art.º 48.º do RGPTC, se deve considerar a
existência de simples incidente.
Assim, não é legal a simples cobrança de 0,5 UC como «outros incidentes» nos ca-
sos de incumprimentos em que a tramitação não se tenha limitado à notificação do art.º
41.º, n.º 3, parte final, do RGPTC, tal como não é legal a atribuição ao patrono, fora desses
casos, de uma remuneração por incidente e não por processo. A não ser que se introduz
aqui uma interpretação corretiva, tarefa hermenêutica esta que carece de estudo mais
aprofundado.
Nos termos do art.º 26.º, n.º 1, da Portaria n.º 10/2008, de 03.01, na redação das
Portarias n.ºs 210/2008, de 29.02, e 654/2010, de 11.08, os valores das compensações
devidas aos profissionais forenses pela inscrição em lotes de escalas de prevenção ou pela
designação isolada para escalas de prevenção são os estabelecidos na Portaria n.º
1386/2004, de 10 de novembro.
Nos termos do n.º 3 desse mesmo artigo 26.º, se o profissional forense for nomea-
do para as restantes diligências do processo, nos termos do n.º 5 do artigo 3.º, apenas é
devida compensação pelo processo.
Os honorários devidos por divórcio por mútuo consentimento que corram na Con-
servatória de Registo Civil são apresentados junto da Conservatória e os devidos por esca-
la, sem intervenção, são apresentados na Secção Central ou Secretaria, sendo pagos, em
ambos os casos, pelo Cofre Geral dos Tribunais (notas 4 e 5 à Tabela).
Cumpre recordar que se o profissional forense for nomeado para as restantes dili-
gências do processo, nos termos do n.º 5 do artigo 3.º, apenas é devida compensação pelo
processo. Trata-se de norma que convoca a seguinte interpretação:
- nomeação no Inquérito Tutelar Educativo para o interrogatório do menor,
sem mais intervenção: 127,50 € (ato isolado);
Cada apenso de Processo Tutelar Cível (cf. RERP, Apenso de incumprimento, Apen-
so de PPP, Apenso de Proc. Tt.Educativo) vale como um processo para efeitos de Tabela,
exceto, conforme defendemos em cima, no caso do art.º 41.º, n.º 3, parte final, do RGPTC,
verificados os condicionalismos indicados.
Só recebe por um? Só pelo facto de terem terminado no mesmo dia, de manhã?
O artigo 5.º, n.º 1, da Portaria n.º 1386/2004, de 10 de novembro, só vale para es-
calas de urgência.
Não vale para processos em relação aos quais o patrono/defensor está já nomeado
e em que, por razões de ordem formal, se entendeu efetuar apenas uma diligência, sob
pena de não se considerar a intervenção processual anterior.
Diferente será o caso de não ter tido intervenção efetiva! Aí sim, vale o art.º 5.º, n.º
1, da Portaria n.º 1386/2004, de 10 de novembro.
Trata-se de pagar apenas por serviços efetivamente prestados. O art.º 2.º da Porta-
ria 1386/2004, de 10 de novembro, estabelece expressamente que «1 - São devidos aos
advogados, pelos serviços que prestem no âmbito da proteção jurídica, os honorários
constantes da tabela em anexo.» Portanto, refere-se a serviços prestados.
Concluindo:
Taxa de justiça: 306 € por impulso (cf. art.º 7.º, n.º 1, e Tabela I A,
do Regulamento das Custas Processuais); honorários de 535,50 €.
2.º) Incumprimento ou alteração por referência a regime judicial-
mente homologado ou fixado.
A lei não é líquida, mas por identidade de razão com o caso 1 e ain-
da atendendo ao facto de se tratar de processo com tramitação que
pode ser em tudo idêntica à regulação do exercício das responsabi-
lidades parentais, não existe razão para tratar tais processos como
simples incidente, salvo, no caso do incumprimento, por recurso a
uma interpretação corretiva.
RECOMENDAÇÃO
B) Tal princípio deverá, todavia, ser temperado com os princípios de intervenção mínima e da
proporcionalidade, no sentido de que a audição serve o propósito de melhor definir o quadro
vivencial que permitirá que a criança cresça e se desenvolva em condições de harmonia e se-
gurança, devendo, por isso, ser observada se e na medida em que se revele útil e vantajosa pa-
ra ela;
C) Em processo judicial é tendencialmente obrigatória a audição das crianças com idade igual
ou superior a 12 anos ou, não os tendo, sempre que revelem maturidade e discernimento sufi-
ciente para o efeito, salvo se a defesa do seu superior interesse o desaconselhar;
E) A decisão de não proceder à audição da criança deve ser fundamentada com as razões de
facto e de direito que a justificam e ficar processualmente documentada.
A) Com a revogação do n.º 2 do art.º 72.º da Lei Tutelar Educativa e com a alteração introduzi-
da ao seu n.º 1 através da Lei n.º 4/2015 impõe-se agora ao Ministério Público a obrigatorie-
dade de iniciar inquérito uma vez adquirida a notícia do facto, sendo irrelevante a vontade do
ofendido na intervenção relativamente aos factos de que foi vítima, ainda que integrativos de
ilícito de natureza semipública ou particular;
B) Porém, com a alteração do n.º 2 do art.º 87.º, o legislador consagrou a possibilidade exceci-
onal de o processo ser arquivado sempre que o ofendido invoque motivo tão relevante que se
sobreponha ao interesse do Estado em educar o jovem para o direito;
C) Tais situações terão que ser aferidas casuisticamente e só deverão ser atendidas em casos
relevantes e devidamente justificados;
C) Nas situações em que estão em perigo as necessidades educativas da criança e mesmo que a
CPCJ considere esgotadas todas as possibilidades de fazer regressar o jovem à escolaridade,
impõe-se que Ministério Público providencie pela instauração de processo judicial de promo-
ção e proteção (art.º 73.º);
D) O Tribunal tem o dever de proteger as crianças, não lhe sendo permitido arquivar o proces-
so de promoção e proteção durante a sua menoridade sem esgotar efetivamente os instrumen-
tos e os meios que a lei coloca ao seu alcance.
A) Na defesa dos interesses das crianças e jovens, o Ministério Público não pode alhear-se do
destino dos proventos em dinheiro correspondente ao preço a pagar nos em negócios que au-
torize;
B) Nas diligências que entenda realizar, assim como nas providências que suscitar, deve ter-se
em conta que, nos termos do disposto no art.º 1878.º n.º 1, do CC, compete aos pais, no inte-
resse dos filhos administrar os seus bens e que qualquer limitação a estes poderes só judicial-
mente pode ser decretada.
A) - Dos art.ºs 123.º, n.º 4 e 124.º, n.º 6, da LOSJ, segundo os quais a prática de atos urgentes é
assegurada pelas secções de competência genérica de instância local, ainda que a respetiva
comarca seja servida por secção de família e menores, nos casos em que esta se encontre sedi-
ada em diferente município, não decorre que quanto aos processos urgentes, a secção de famí-
lia e menores só tenha competência na área do município em que se encontre sediada e que,
quanto aos demais, continuem territorialmente competentes as instâncias locais;
B) - A intervenção das instâncias locais é residual e estritamente pontual, apenas naqueles ca-
sos em que a intervenção da secção de família e menores da instância central se mostre, de to-
do em todo, inviável, mercê das circunstâncias do caso.
B) Sem embargo, qualquer opção a tomar neste particular terá que atender à jurisprudência
uniformizadora emergente do Acórdão do STJ n.º 5/2015, de 4/5, segundo a qual a prestação
fixada a cargo do FGADM não pode exceder a obrigação a que está vinculado o devedor origi-
nário.
Assim,
RECOMENDO aos Senhores Magistrados do Ministério Público das Comarcas da área de jurisdição
do Tribunal da Relação do Porto (Aveiro, Porto, Porto Este) - e do Tribunal da Relação de Guima-
rães (Braga, Bragança, Viana do Castelo e Vila Real) a observação das conclusões acima formuladas,
consignando-se que o nível de execução e eficácia das mesmas será avaliado passados cinco meses
de vigência desta recomendação.
_________________________
III. CONVÍVIO COM O PROGENITOR QUE NÃO TEM A GUARDA FÍSICA .................................................... 43
VII. AÇÃO TUTELAR COMUM DO ARTIGO 67.º DO REGIME GERAL DO PROCESSO TUTELAR
CÍVEL ............................................................................................................................................................................... 85
CASO 2 ............................................................................................................................................................................. 91
(Deslocação ilícita de menor) ..................................................................................................................................................... 91
1.1) Petição de reconhecimento e revisão de sentença estrangeira (artigos 978.º e seguintes do Cód.
Proc. Civil) ........................................................................................................................................................................................ 104
3) A partir de 30-01-2009 até 30-07-2014 (Regulamento (CE) n.º 4/2009, de 18 de Dezembro) ......... 110
FORMULÁRIO .............................................................................................................................................................136
A. Menores ...................................................................................................................................................................137
B. FILIAÇÃO .................................................................................................................................................................190
B.1. Ação Complexa - Investigação de Maternidade e Impugnação de Paternidade Presumida ............... 191
B.2. Impugnação de Maternidade e de Perfilhação e Investigação de Maternidade ....................................... 194
B.3. Impugnação e Investigação de Paternidade............................................................................................................. 197
B.4. Ação Oficiosa de Investigação de Paternidade ........................................................................................................ 200
B.5. Ação Declarativa Constitutiva de Impugnação de Perfilhação ........................................................................ 203
B.6. Ação de Impugnação de Paternidade Presumida em Representação de Menor...................................... 207
B.7. Ação de Impugnação de Paternidade Presumida em Representação de Menor...................................... 209
B.8. Ação Oficiosa de Investigação de Paternidade (aplicação da Lei Pessoal do réu) .................................. 211
C. Autorização Para a Prática de Atos/Suprimento de consentimento ................................................213
C.1. Despachos............................................................................................................................................................215
E.3.1. Auto de Consentimento Prévio Com Vista a Futura Adoção ......................................................................... 270
E.4. Petição de ação constitutiva de vínculo de apadrinhamento civil (via eletrónica – art.º 19.º, n.º
8, do da Lei n.º 103/2009, de 11.09, na redação da lei n.º 141/2015, de 08.09): homologação de
compromisso de apadrinhamento civil, lavrado na CPCJ ao abrigo dos art.ºs 10.º, al.ª b), e 16.º da
Lei citada. .......................................................................................................................................................................................... 271
E.5. Petições de homologação de compromisso de apadrinhamento civil, por apenso a processo de
promoção e de proteção. ........................................................................................................................................................... 274
F.1. ANEXO: questões a colocar a mãe que regista filho sem menção da paternidade em consulado
de Portugal no estrangeiro. ...................................................................................................................................................... 293
F.2. Pedido de obtenção de provas nos termos do artigo 4.º do Regulamento (CE) n.º 1206/2001 do
Conselho, de 28 de maio de 2001, relativo à cooperação entre os tribunais dos Estados-Membros no
domínio da obtenção de provas em matéria civil e comercial (JO L 174 de 27.06.2001, p.1).................... 294
G. Diversos ...................................................................................................................................................................303
G.1. Modelos de ACORDO de regulação do exercício das responsabilidades parentais ................................ 304
G.6. Ficha de articulação entre o DIAP e a Instância Central de Família e de Menores ................................. 336
H.1.1. Despacho n.º 3/12, de 08.02 - PGD de Coimbra/ Procurador-Geral Distrital: Abuso sexual de
menores - Boas práticas para intervenção articulada. ................................................................................................. 340
H.1.2. Despacho n.º 6/14, de 19.11 – PGD – Procurador-Geral Distrital: presidência efetiva a atos
processuais. ..................................................................................................................................................................................... 345
H.1.3. Ordem de Serviço n.º 23/14, de 27.10 - PGD de Coimbra/Procurador-Geral Distrital: mapas
estatísticos (ITE’s e processos de promoção e de proteção). .................................................................................... 346
H.1.4. Ordem de Serviço n.º 3/15, de 22.01 - Coimbra - Proc. da Comarca - Coordenação: Mapas
estatísticos bimestrais. ............................................................................................................................................................... 348
H.1.5. Ordem de Serviço n.º 3/12, de 06.03 - PGD de Coimbra/Procurador-Geral Distrital: processos
Administrativos - fichas utilizáveis. ...................................................................................................................................... 350
H.1.6. Memorando 13/2011, de 20.10: Apadrinhamento civil (Lei 103/2009 e Dec.-Lei 121/2010). .. 351
H.1.7. Memorando 10/2012, de 11.04: Regulação do exercício das responsabilidades parentais –
obrigatoriedade de fixação de alimentos. .......................................................................................................................... 352
H.1.8. Memorando 12/2015, de 13.10: apensação de processos - Lei 141/2015 (Regime Geral do
Processo Tutelar Cível) e Lei 142/2015 (Proteção de Crianças e Jovens em Perigo). ................................... 353
H.1.9. Instrução n.º 1/16 Coimbra - PGD - Procurador-Geral Distrital: 'Abuso Sexual de menores -
Boas práticas para intervenção articulada'. ...................................................................................................................... 355