Resumo Dois Verbetes

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Resumo: “Psicanálise e teoria da libido (Dois verbetes para um dicionário de

sexologia)” (1923) de Sigmund Freud

I. Psicanálise

Denomina o procedimento de investigação do inconsciente, um tratamento para


as doenças neuróticas e uma teoria científica.
A melhor maneira de se estudar a psicanálise é fazendo um estudo epistemológico,
compreendendo o contexto histórico da vida de seu criador, Sigmund Freud.
O desenvolvimento da psicanálise remonta aos anos 1880 e aos trabalhos de
Breuer que trazendo para a consciência o que era acessado através do estado hipnótico,
conseguiu curar sintomas histéricos. Freud publicou juntamente com Breuer um trabalho
em 1895 sobre o método catártico envolvido nessa terapia.
Dessa experiência, extraímos que os sintomas histéricos têm importância e
significado e, ao descobrir esse significado, os sintomas desaparecem, coincidindo
pesquisa e terapêutica.
Entretanto, o método catártico que utilizava a hipnose, influência de
Charcot, apresentava fragilidade. Os sintomas histéricos surgiam quando processos
psíquicos carregados de afetos não conseguiam ab-reagir e dava-se a conversão somática.
A catarse ocorria com a descarga normal dos afetos através da chegada destes à
consciência, ou seja, determina-se a existência de processos psíquicos inconscientes.
Freud abandonou a catarse, pois percebeu que a patogenia se instalava quando
uma ideia contrariava as tendências dominantes do aparelho psíquico, provocando a
defesa. A técnica da hipnose também foi abandonada devido à pouca robustez da
manutenção de resultados alcançados sob esse estado, que leva a sugestão por parte do
hipnotizador. Entretanto, esse método permitiu que se desenvolvesse a técnica da
associação livre, indicando a inclinação freudiana ao determinismo psíquico.
Percebe-se, então, que a psicanálise é a arte da interpretação, com os sintomas
neuróticos sendo substitutos a outros atos psíquicos. A atenção flutuante faz com que os
inconscientes se comuniquem.
O acesso ao inconsciente mostrou a importância dos lapsos, atos falhos e chistes.
A distância entre o funcionamento psíquico normal e os sintomas patológicos diminuiu.
Através da interpretação dos sonhos, também se tem acesso ao inconsciente, e é o
sonhador que através da associação livre, permite compreender os conteúdos oníricos.
Os sonhos são realizações de desejos, através de impulsos inconscientes, sendo
submetidos a condensações e deslocamentos devido à censura onírica. A formação do
sintoma se dá de forma semelhante a essa dinâmica. Há um conflito entre o inconsciente
que busca a satisfação de um desejo, prazer, e uma tendência repressiva e desaprovadora.
A investigação da origem dos sintomas histéricos apontou para uma etiologia da
vida sexual, remontando à infância e relações simbólicas com o trauma sexual. Também
se percebeu que a função sexual começava assim que se iniciava a vida extrauterina. A
sexualidade envolve mais do que a união dos sexos ou o prazer nos genitais.
A pulsão sexual, denominada libido, tem como fonte zonas erógenas. A fantasia
tem papel importante na formação das neuroses. Os estágios de desenvolvimento são oral,
sádico-anal e genital. Porções da libido permanecem nesses estágios e originam as
fixações. A libido encontra satisfação, inicialmente pela alimentação no seio materno e
posteriormente através do próprio corpo.
Entre 2 e 5 anos, a pulsão sexual do menino é voltada para a mãe e desenvolve
uma hostilidade em relação ao pai. Essa escolha de objeto e a rivalidade estabelecida são
chamados de Complexo de Édipo, que tem importância na vida amorosa das pessoas. Há,
então, um período de latência e na puberdade o Édipo é reeditado inconscientemente, a
vida sexual floresce a partir de predisposições do desenvolvimento infantil sexual
anterior.
As pulsões sexuais que não condizem com as exigências éticas do Eu são
reprimidas por ele. Essa resistência, no entanto, pode ser vencida quando a libido encontra
outras saídas ao regredir aos pontos de fixação do desenvolvimento sexual, surgindo um
sintoma, que é constituído por esse compromisso entre a satisfação sexual substituta e a
repressão do Eu que provoca modificações tornando esse caráter sexual irreconhecível.
Outra prova de que as forças de formação da neurose são sexuais é a transferência,
a relação afetiva entre paciente e médico, positiva ou negativa, funciona como resistência
e realiza um papel importante no tratamento.
Freud demarca, então, os fundamentos da psicanálise: o inconsciente, a repressão
e a resistência, a sexualidade e o complexo de Édipo.
Dentre os avanços teóricos, tem-se o narcisismo, com a aplicação da teoria da
libido ao Eu repressor. O Eu é um reservatório da libido (narcísica) e os investimentos
libidinais fluem para os objetos e podem ser recolhidos para o Eu novamente.
Há, evidentemente, inúmeras limitações referentes ao contexto cultural e aos
conhecimentos científicos da época, inclusive uma inegável ligação entre eles. Algumas
posições na obra freudiana, como o, até então, desconhecimento da extensividade da
aplicação psicanalítica, ou termos como ativo e passivo, indivíduos sem valor e
inteligências mais fracas são, infelizmente, representativos de sua época. Entretanto,
auxiliam a perceber a inovação freudiana, ao diminuir a distância entre normalidade e
patologia e sempre apostando em posteriores desdobramentos da teoria através de
maiores investigações, sem medo de se corrigir e reorganizar toda sua teoria.
O procedimento psicanalítico busca a eliminação das resistências do paciente,
averiguando as repressões, encontrando a causa dos fenômenos, fortalecendo o Eu,
diminuindo o dispêndio psíquico resultante de conflitos internos, dessa forma, permitindo
uma vida de acordo com o desejo do indivíduo. A remoção dos sintomas é um efeito
secundário da análise exercida de forma correta e o psicanalista deve respeitar as
peculiaridades do paciente e despertar sua iniciativa, não moldá-lo ou dar-lhe conselhos.
A tomada de consciência dos desejos sexuais reprimidos, através da análise,
permite um domínio sobre eles, liberando o neurótico. A possível aptidão para questionar
a religião, a autoridade e a ética podem explicar parte da grande resistência que é
encontrada em relação à psicanálise, pois, como disse Dostoiévski, se não existe virtude,
então tudo é permitido.
A psicanálise não é, por fim, uma ciência fechada, mas baseia-se nas observações
e está em constante aprimoramento e construção.

I.Teoria da Libido

Nesse verbete, Freud fala sobre a teoria da libido, instintos, com estudos ainda não
concluídos até a época. Ressalta a contraposição dos instintos sexuais e os instintos do eu
(autoconservação), afirmando que o funcionamento psíquico tinha a ver com o jogo de
forças entre os instintos elementares.
Os instintos sexuais poderiam, segundo Freud, se decompor em instintos parciais,
que eram caracterizados por sua zona do corpo onde obtinha excitação. Esses instintos
tinham objeto e meta, onde o objeto se ligava ao instinto de modo menos firme, sendo
facilmente substituído e podendo se voltar para a própria pessoa. Já a meta seria a
satisfação pela descarga ou a transformação da atividade para a passividade. Entre os
diversos destinos dos instintos, Freud destaca a sublimação, onde há uma modificação no
objeto e na meta, que não são mais sexuais e sim de valor social ou ético.
Pensando no narcisismo, Freud coloca ele como a nova maneira de pensar na
libido dos instintos de autoconservação, já que aqui há um grande amor a si próprio,
retomando o estado armário e normal. Agora, nas neuroses de transferência entende-se
que há conflitos entre a libido objetal e a libido do Eu.
Os instintos sociais são inatos e baseiam-se na identificação com o outro.
Conseguem se aproximar a satisfação, criando laços firmes entre indivíduos, como a
relação de ternura (sexual em sua origem) entre pais e filhos, amizades e a ligação afetiva
do casamento.
Por fim, para compreender os processos que constituem a vida e conduzem a
morte, Freud pensa em duas espécies de instintos: o instinto de morte, que é aquele
desintegra o organismo, que tem como meta a morte do ser vivo; e o instinto de vida, que
é aquele que constrói, dando prosseguimento a vida e desenvolvimento. Assim, a vida
teria sempre o conflito entre esses dois instintos, às vezes com a vitória da morte, outrora
da vida. Essas concepções também estariam atuando de maneira a volta de um estágio
anterior, dando característica de uma inércia.

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