Colo: o Lugar Do Livro e Da Literatura Na Infância - Ninfa Parreiras
Colo: o Lugar Do Livro e Da Literatura Na Infância - Ninfa Parreiras
Colo: o Lugar Do Livro e Da Literatura Na Infância - Ninfa Parreiras
da literatura na infância
Ninfa Parreiras1
Resumo
A proposta da nossa reflexão em Colo: o lugar do livro e
da literatura na infância é pensar a literatura infantil, seu
desenvolvimento no país e seu alcance em bibliotecas e
escolas. Que literatura é esta? O que a distingue do livro?
Quem é a criança leitora? Conceber o colo como espaço
de acolhimento para o bebê e a leitura ajuda a romper pa
radigmas e ler em voz alta para os bebês e as crianças, cantar
e contar histórias. E, principalmente, valorizar e respeitar
os sons aparentemente sem sentido como uma linguagem
em construção. Incluir a família como responsável pela
promoção da leitura é dever dos educadores comprometidos
com a democratização da arte literária. O brinquedo é
destacado como o objeto primordial da infância, assim como
a presença dele na literatura. Ou seja, o jogar, a fantasia
e a possibilidade de imaginação são, de fato, elementos
preponderantes da literatura infantil. São citados autores da
psicanálise que nos ajudam a entender a infância e aspectos
da literatura a ela destinada, como Sigmund Freud, Sándor
Ferenczi, Donald W. Winnicott, bem como os pensadores
Walter Benjamin e Roland Barthes. Valorizamos o olhar e
a escuta como gestos de acolhimento às crianças e de apro
ximação delas à arte da palavra.
Palavras-chave: Literatura Infantil. Infância. Livros.
1
Mestre em Literatura Comparada (USP), graduada em Letras e Psicologia
(PUC-RIO), Membro Psicanalista Titular da Sociedade Brasileira de Psicanálise
Iracy Doyle.
Ninfa Parreiras
no Brasil hoje as três linguagens, a saber, texto, ilustrações
e projeto gráfico estão afinadas em obras com qualidade
estética e gráfica. Como todo objeto do mercado, o livro
pode também ter qualidade ruim. Ou não trazer literatura.
Nem por isso, deixamos de ter uma literatura qualificada,
com reconhecimento nacional e internacional.
Em um país, com três autores que venceram o maior
prêmio de literatura infantil do mundo (o pequeno Nobel do
setor), o Hans Christian Andersen, do International Board
on Books for Young People – IBBY (Lygia Bojunga, Ana Maria
Machado e Roger Mello, respectivamente em 1982, 2000 e
2014), a qualidade da nossa literatura ultrapassa as frontei
ras nacionais. Desde o projeto inaugurado por Monteiro
Lobato, na década de 20 do século passado, a literatura
infantil nacional tem se firmado como uma produção de
identidade e de características universais e atemporais, para
além dos regionalismos. Lobato, o divisor de águas da nossa
literatura, traz seres inteligentes, do interior, da roça, do
folclore, da literatura clássica, com nuances e tratamento de
linguagem respeitoso ao leitor. Nas décadas seguintes, mes
mo que com poucas produções, a literatura infantil ganhou
fôlego e destaque no mercado editorial. Lembramos ainda
a revolução na poesia trazida por Cecília Meireles, com a
obra Ou isto ou aquilo.
Temos uma geração de autores, escritores e ilustrado
res, que começaram a publicar nas décadas de 70 e 80 e
prosseguem com um compromisso com a qualidade estética
do texto e da ilustração: Sylvia Orthof, Bartolomeu Campos
de Queirós, José Paulo Paes, Elias José (que já nos deixaram)
e ainda Marina Colasanti, Ziraldo, Joel Rufino dos Santos,
João Carlos Marinho (escritores); Angela Lago, Eliardo
França, Rui de Oliveira, Nelson Cruz, Marilda Castanha,
André Neves (ilustradores). Além, claro, dos vencedores
do Prêmio HCA comentados anteriormente. A lista pode
ser bem mais longa, até porque nosso solo literário é fértil
e bem cuidado pelos artistas-agricultores.
Uma série de questões históricas, políticas, sociais e
Educ. Foco, Juiz de Fora,
Edição Especial, p. 299-312
fev 2015
300 educacionais facilitaram a consolidação de uma literatura
infantil brasileira comprometida com o belo e com a voz da Colo: o lugar do livro
e da literatura na
criança. Podemos citar: a ditadura (com o golpe militar de infância
Referências
Abstract
The purpose of our reflection on this essay, Lap: the place
of books and literature on childhood is thinking children’s
literature, its development in the country and its reach
in libraries and schools. Which literature is this? What
distinguishes the literature of the book? Who is the child
reader? Conceive lap as welcoming space for the baby and
reading helps break paradigms and read aloud to babies and
children, singing and storytelling. And above all, value and
respect the seemingly meaningless sounds as a language
under construction. Include the family as responsible
for the promotion of reading is the duty of educators
committed to the democratization of literary art. The
toy is highlighted as the primary subject of childhood as
well as his presence in the literature. That means, the play, 311 Educ. Foco, Juiz de Fora,
Edição Especial, p. 299-312
fev 2015
Ninfa Parreiras fantasy and imagination are able to indeed preponderant
elements of children’s literature. There are authors of
psychoanalysis that help us understand the childhood and
aspects of children literature as Sigmund Freud, Sandor
Ferenczi, Donald W. Winnicott, as well as the thinkers
Walter Benjamin and Roland Barthes are cited. We value
the look and listening as gestures of holding children and
bringing them to the art of the word.
Keywords: Children’s Literature. Childhood. Books.