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História da filosofia

Filosofia Antiga II (Universidade do Porto)

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Filosofia Antiga I – Resumos de «HISTÓRIA DA


FILOSOFIA - Filosofia Pagã Antiga» de Reale
1ª PARTE: As Origens Gregas do Pensamento Ocidental

Génese, natureza e desenvolvimento da ilosoia aniga


 Génese da ilosoia entre os gregos – A ilosoia como criação do génio helénico
A ilosoia, como termo ou conceito, é considerada pela maioria dos estudiosos como criação própria do génio dos
gregos. Por causa das suas categorias racionais, foi a ilosoia que possibilitou o nascimento da ciência, e em certo
senido, a gerou. E reconhecer isto signiica também reconhecer aos gregos o mérito de terem dado uma
contribuição verdadeiramente excepcional à história da civilização.

 As formas da vida grega que prepararam o nascimento da ilosoia


A ilosoia surgiu na Grécia porque, justamente na Grécia, formou-se uma temperatura espiritual paricular e um
clima cultural e políico favoráveis.
As fontes das quais derivou a ilosoia helénica foram:
- A poesia
- A religião
- As condições sociopolíicas adequadas

A POESIA: Esta antecipou o gosto pela harmonia, pela porção e pela justa medida e um modo paricular de fornecer
explicações remontando às causas, mesmo que em nível fantásico-poéico.
A RELIGIÃO: A religião grega disinguiu-se em religião pública e em religião dos mistérios. A religião pública considera
os deuses como forças naturais ampliadas na dimensão do divino, ou como aspectos caracterísicos do homem
sublimados. A religião dos mistérios (órica) considera o homem o modo dualista: como alma imortal, concebida pelo
demónio, que por culpa originária foi condenada a viver em corpo, entendido como tumba ou prisão. Do orismo
deriva a moral que põe limites precisos a algumas tendências irracionais do homem. O que agrupa essas duas formas
de religião é a ausência de dogmas ixos e vinculantes em senido absoluto.
AS CONDIÇÕES SOCIOPOLÍTICAS ADEQUADAS: Os gregos alcançaram um certo bem-estar e notável liberdade políica,
a começar pelas colónias do Oriente e do Ocidente, até ao ponto de ideniicar o “indivíduo” como “cidadão” e de
ligar estreitamente a éica com a políica.

 Os poemas homéricos e os poetas gnómicos


Para compreender a ilosoia de um povo e de uma civilização é necessário fazer referência a:
- Arte
- Religião
- Condições sociopolíicas do povo em questão

ARTE: Com efeito, a grande arte, de modo míico e fantásico, ou seja, mediante a intuição e a imaginação, tende a
alcançar objecivos que também são próprios da ilosoia.
RELIGIÃO: Analogamente, por meio da fé, a religião tende a alcançar certos objecivos que a ilosoia procura aingir
com os conceitos e com a razão.
CONDIÇÕES SOCIOPOLÍTICAS DO POVO: São as condições socioeconómicas e políicas que frequentemente
condicionam o nascimento de determinadas ideias que, de modo paricular no mundo grego, ao criar as primeiras
formas de liberdade insitucionalizada e de democracia, tornam possível o nascimento da ilosoia, que se alimenta
especialmente da liberdade.

Antes do nascimento da ilosoia, os poetas inham uma importância extraordinária na educação e na formação
espiritual do homem grego. O helenismo inicial procurou o alimento espiritual de modo predominante nos poemas
homéricos, ou seja, na Ilíada e na Odisseia.

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Os poemas homéricos apresentam algumas peculiaridades que os diferenciam de poemas que se encontram na
origem da civilização de outros povos, pois já contêm algumas das caracterísicas do espírito grego que se
demonstrarão essenciais para a criação da ilosoia.
A. Homero tem grande senso da harmonia, da proporção, do limite e da medida
B. Não se limita a narrar uma série de factos, pesquisa então causas e razões
C. Procura de diversos modos apresentar a realidade em sua inteireza, ainda de que forma míica (deuses e
homens, bem e mal)
Para os gregos também foi muito importante Hesíodo com a sua Teogonia, que relata o nascimento de todos os
deuses. A teogonia torna-se também cosmogonia, ou seja, explicação míico-poéica e fantásica de génese do
universo e dos fenómenos cósmicos, a parir do Caos originário, que foi o primeiro a se gerar. Este poema abriu o
caminho para a posterior cosmologia ilosóica, que, ao invés de usar a fantasia, buscará com a razão o “principio
primeiro” do qual tudo se gerou.
Os poetas líricos ixaram de modo estável outro conceito: a noção de limite, ou seja, a ideia de nem demasiadamente
muito nem demasiadamente pouco, isto é, o conceito da justa medida, que consitui a conotação mais peculiar do
espírito grego e o centro do pensamento ilosóico clássico.

 A religião pública e os mistérios óricos

- As duas formas de religião grega

Para compreender a génese da ilosoia grega é necessário fazer referência à Religião. Quando se fala na religião
grega, é necessário disinguir entre a Religião pública (irma o seu modelo na representação dos deuses e do culto
que nos foi dada por Homero) e a Religião dos Mistérios. Há muitos elementos em comum entre estas duas formas
de religiosidade mas também importantes diferenças que, em certos pontos de destaque, se tornam verdadeiras
aníteses. Ambas são importantes para explicar o nascimento da ilosoia, com especial destaque para a segunda.

- Alguns traços essenciais da religião pública

Para Homero e para Hesíodo pode dizer-se que tudo é divino, pois tudo o que acontece é explicado em função de
intervenções dos deuses. Os fenómenos naturais são promovidos por numes (deuses): raios e relâmpagos são
arremessados por Zeus do alto Olimpo, as ondas do mar são provocadas pelo tridente Poseidon, o sol é levado pelo
áureo carro de Apolo, etc. Mas também a vida social dos homens, a sorte, as guerras e a paz são imaginadas como
vinculadas aos deuses de modo não acidental e, por vezes, até de modo essencial.
Estes deuses são forças naturais personiicadas em formas humanas idealizadas, ou então são forças e aspectos do
homem sublimados e ixados em esplêndidas iguras antropomóricas. Zeus é a personiicação da jusiça; Atenas da
inteligência; Afrodite do amor, etc. Estes deuses são, pois, homens ampliicados e idealizados, e portanto, diferentes
do homem comum apenas por quanidade e não por qualidade. É por isso que os estudiosos classiicam a religião
pública dos gregos como uma forma de “naturalismo”, uma vez que ela pede ao homem não propriamente que ele
mude a sua natureza, ou seja, que se eleve acima de si mesmo; ao contrário, pede que siga a sua própria natureza.
Tudo o que se pede ao homem é fazer em honra dos deuses o que está em conformidade com a sua própria
natureza. Da mesma forma que a religião pública grega foi “naturalista”, também a primeira ilosoia grega o foi.

- O Orismo e suas crenças essenciais

Nem todos os gregos consideravam suiciente a religião pública e, por isso, desenvolveu-se a religião dos mistérios
com as próprias crenças e com próprias práicas.
Entre os mistérios, os que mais inluenciaram a ilosoia grega foram os mistérios óricos.
O Orismo e os Óricos derivam o seu nome do poeta trácio Orfeu, seu suposto fundador. O Orismo é
paricularmente importante porque introduz na civilização grega um novo esquema de crenças e nova interpretação
da existência humana. Ao passo que Homero considerava o homem como mortal, ponde na morte o im da sua
existência, o Orismo proclama a imortalidade da alma e concebe o homem conforme o esquema dualista que
contrapõe o corpo à alma.

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Crenças óricas:

a) No homem hospeda-se um princípio divino, um demónio (alma) que caiu num corpo por causa de uma culpa
originária;
b) Este demónio não apenas preexiste no corpo, mas também não morre com o corpo, pois está desinado a
reencarnar-se em corpos sucessivos, a im de expiar aquela culpa originária;
c) Com os seus ritos e práicas, a “vida órica” é a única em grau de pôr im ao ciclo das reencarnações e de,
assim, libertar a alma do corpo;
d) Para quem se puriicou há um prémio do além.

É possível ver em algumas lâminas óricas frases que transmitem que o úlimo desino do homem é o de “voltar a
estar junto dos deuses”.
Com este novo esquema de crenças o homem vê assim a contraposição de dois princípios em contraste e luta: a alma
(demónio) e o corpo (tumba).
Rompe-se assim a visão naturalista: o homem compreende que algumas tendências ligadas ao corpo devem ser
reprimidas, ao passo que a puriicação do elemento divino torna-se o objecivo de viver.
Sem o Orismo Não se explicaria Pitágoras, nem Heráclito, nem Empédocles e, sobretudo, não se explicaria uma
parte essencial do pensamento de Platão; ou seja, não se explicaria grande parte da ilosoia aniga.

- Falta de dogmas e de seus guardiões na religião grega

Os gregos não iveram livros sagrados ou considerados fruto de revelação divina. Não iveram uma dogmáica ixa e
imutável, os poetas consituíram o veículo de difusão de suas crenças religiosas. Essa inexistência de dogmas e
guardiões deixou ampla liberdade para o pensamento ilosóico, que não se deparou com obstáculos que teria
encontrado em países orientais, onde a livre especulação enfrentaria resistência e restrições diicilmente superáveis.

 As condições sociopolíico-económicas que favoreceram o surgimento da ilosoia

Os gregos possuíram uma liberdade políica de que os gregos se beneiciaram em relação aos povos orientais. O
homem ocidental era obrigado a um obediência tanto ao poder religioso como ao poder público, coisa que o grego
saiu privilegiado pois conseguiu construir insituições políicas livres.
Em VII e VI A.C, a Grécia deixou de ser um país predominantemente agrícola, desenvolvendo o artesanato e o
comércio. Para isso, houve necessidade de criar centros comerciais, que acarretaram forte conhecimento
demográico. Este grupo de artesãos e comerciantes alcançaram forte força económica e opôs-se à concentração do
poder políico que estava na mão da nobreza fundiária.
A ilosoia nasce primeiro das colónias e não na mãe-pátria, primeiro nas colónias Orientais da Ásia Menor (Mileto) e
depois nas colónias Ocidentais da Itália Meridional – As colónias, com a sua operacionalidade e comércio, alcançaram
primeiro a situação de bem-estar e, por causa da distância da mãe-prátria, puderam construir insituições livres antes
mesmo que ela. Depois passou (a ilosoia) para a mãe-pátria (alcançou os cumes em Atenas) na cidade onde
loresceu a maior liberdade de que os gregos gozaram.
Com a consituição e consolidação da polis (cidade-estado) o grego deixou de senir qualquer vínculo à sua liberdade
e expôs-se como cidadão.
O estado tornou-se o horizonte éico do homem grego e assim permaneceu até à era helenista. Os cidadãos seniram
os ins do estado como os seus próprios ins, o bem do estado como seu próprio bem e a liberdade do estado como a
sua própria liberdade.

 Conceito e objecivo da ilosoia aniga


Filosoia: Amor pela sabedoria; tem como objecto de estudo a realidade de todas as coisas, usa o método racional e
nisto tem contactos com a ciência. Tem como im o puro conhecimento da verdade (a contemplação da verdade – é
considerada o momento supremo da vida do homem, fonte de verdadeira felicidade).

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 As conotações essenciais da ilosoia aniga

- A ilosoia como “amor de sabedoria”

O criador do termo “ilo-soia” foi Pitágoras. O termo certamente foi cunhado por um espírito religioso que
pressupunha ser possível só aos deuses uma sabedoria, posse certa e total do verdadeiro, enquanto que ao homem
pressupunha uma aproximação com o verdadeiro.
A ilosoia apresentou três conotações, referentes:
a) Ao seu conteúdo
b) Ao seu método
c) Ao seu objecivo

- O conteúdo da ilosoia

A ilosoia quer explicar a totalidade das coisas, ou seja, a realidade toda.

“Qual é o principio de todas as coisas?”

A ilosoia propõe-se como objecto a totalidade da realidade do ser, isto é, das coisas. O “porquê” das coisas.

- O método da ilosoia

O que vale em ilosoia é o argumento da razão, a moivação lógica, o logos. A ilosoia deve ir além dos factos e das
experiências, para encontrar a causa ou as causas apenas com a razão. É neste carácter de busca de razões e causas
que confere “cieniicidade” à ilosoia. A ilosoia é portanto a pesquisa racional de toda a realidade.

Diferença entre ilosoia, arte e religião:

Filosoia Arte Religião

Capta o senido da Capta o senido da Capta o senido


totalidade do real totalidade do real da totalidade do
através do Logos. através do mito e da real através da
fantasia. crença e da fé.

- O escopo da ilosoia

O propósito da ilosoia está no puro desejo de conhecer e contemplar a verdade. Para Aristóteles os homens, ao
ilosofar, buscam o conhecer a im de saber e não para conseguir alguma uilidade práica. Só à ilosoia
consideramos livre, pois só ela é im a si mesma.

 A ilosoia como necessidade primária do espírito humano

Tal necessidade (de ilosofar) se enraíza na própria natureza do homem, pois todos os homens aspiram saber e os
homens tendem ao saber porque se sentem cheios de “estupor” ou de “maravilhamento”. No princípio icavam
maravilhados com os problemas mais simples depois foram progredindo até aos problemas relaivos à origem de
todo o universo. A raiz da ilosoia é precisamente esse “maravilhar-se”. A razão desse “maravilhar” é a do homem
perguntar-se sobre a sua origem bem como o lugar que ele próprio ocupa neste universo.

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Eu existo? – São problemas que o homem não pode deixar de se propor.


O todo tem senido e terá sempre enquanto o homem se maravilhar diante do ser das coisas e diante do seu próprio
ser.

 As fases e os períodos da história da ilosoia aniga

A ilosoia aniga grega e greco-romana tem uma história mais que milenar.

1. O período naturalista: Caracterizava-se pelo problema da physis (da natureza) e do cosmo e que, entre os
séculos VI e V a.C., viu sucederem-se os Jónios, os Pitagóricos, os Eleatas, os Pluralistas e os Físicos ecléicos.
2. O período humanista: Coincide com a úlima fase da ilosoia naturalista, tendo como protagonistas os
Soistas e Sócrates, que pela primeira vez procura determinar a essência do homem.
3. O momento das grandes sínteses de Platão e Aristóteles, que coincide com o século IV a.C., caracterizando-se
pela descoberta do supra-sensível e pela explicitação e formulação orgânica de vários problemas da ilosoia.
4. Período das Escolas Helenísicas: Vai da conquista de Alexandre Magno até ao im da era pagã e vê surgirem
os grandes movimentos do Epicurismo, do Estoicismo, do Cepicismo e a posterior difusão do Ecleismo.
5. Período religioso do pensamento véteropagão: É caracterizado sobretudo por um grandioso renascimento do
Platonismo, que culminará com o movimento neoplatónico.
6. Período do pensamento cristão: Tenta formular racionalmente o dogma da nova religião e deini-lo à luz da
razão, com categorias derivadas dos ilósofos gregos.

2ª PARTE: A Fundação do Pensamento Filosóico

 Os Naturalistas pré-socráicos

Os “Naturalistas” ou ilósofos da “physis”

 Os primeiros Jónios e a questão do “princípio” de todas as coisas

 Tales de Mileto

O pensador ao qual a tradição atribui o começo da ilosoia grega é Tales, que viveu em Mileto, na Jónia,
provavelmente nas úlimas décadas do século VII e na primeira metade do século VI a.C. Foi iniciador da ilosoia da
physis, pois foi o primeiro a airmar a existência de um princípio originário único, causa de todas as coisas que
existem, sustentando que tal princípio é a água.
O “princípio” é:
- A fonte e origem de todas as coisas;
- Termo úlimo de todas as coisas;
- Sustentáculo permanente de todas as coisas.
Em suma, pode ser deinido como aquilo do qual provêm, aquilo do qual se concluem e aquilo pelo qual existem e
subsistem todas as coisas.
Tales ideniicou a água como princípio, pois constatou que este elemento líquido está presente em todo o lado que
há vida, logo, onde não há água, não há vida.
Tales fundamenta as suas airmações sobre o raciocínio puro, sobre o logos; apresenta uma forma de conhecimento
moivado com argumentações racionais precisas.

Relação do “princípio” com a “água” e as suas implicações:

A água é a fonte úlima de vida já que tudo está ligado à humidade. Tudo vem da água, tudo sustenta a sua vida com
água e tudo termina na água. Mas não se deve acreditar que a água de Tales é o elemento ísico-químico que hoje
bebemos, esta água deve ser pensada de modo totalizante.

- A água de Tales é divina.

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Introduz-se uma nova concepção: Deus.

Onde predomina a Razão e


Ao airmar que “tudo está cheio de deuses”, Tales queria
desina-se a eliminar logo
dizer que tudo é permeado pelo princípio originário, ou
todos os deuses do politeísmo
seja, pela vida, tudo é vivo e tudo tem alma.
fantásico-poéico dos gregos.

 Anaximandro de Mileto

Discípulo de Tales, elaborou um tratado Sobre a natureza. Sustenta que a água já é algo derivado e que o “princípio”
(arché) é o ininito, ou seja, uma natureza (physis) in-inita e in-deinida, da qual provêm todas as coisas que existem.
O termo usado por Anaximandro é á-peiron, que signiica aquilo que está privado de limites, tanto externos como
internos.

Pode dar origem a todas


as coisas; todas as coisas
se geram a parir dele.

Em Anaximandro, tal como em Tales, Deus torna-se o Princípio, ao passo que os deuses tornam-se os mundos, os
universos que são numerosos. O princípio divino não nasce nem perece (morre, acaba), os universos divinos nascem
e perecem ciclicamente.
Para Anaximandro a causa da origem de todas as coisas é uma espécie de “injusiça”, enquanto a causa da corrupção
e da morte é uma espécie da “expiação” (casigo) de tal injusiça.
O mundo é consituído por uma série de contrários, que tendem a predominar um sobre o outro (ex. calor e frio). A
injusiça consisiria precisamente nessa predominância.
Como o princípio é contrário os mundos também o são, visto que o nosso mundo coexiste ao mesmo tempo com
uma série de outros mundos (todos eles nascem e morrem de modo análogo).

Génese do cosmo: De um movimento que é eterno, geram-se os primeiros dois contrários fundamentais: o frio e o
calor. Originalmente de natureza líquida, o frio teria sido em parte transformado pelo fogo-calor, que formava a
esfera periférica, no ar. A esfera fogo ter-se-ia divido em três, a esfera do sol, a esfera da lua e a esfera dos astros. O
elemento liquido ter-se-ia recolhido nas cavidades da terra, consituindo os mares.
A terra permanece suspensa sem estar sustentada, mas coninua irme devido a uma espécie de equilíbrio das forças.
Sob acção do sol, devem ter nascido do elemento líquido os primeiros animais, e pouco a pouco surgem os mais
complexos.

 Anaxímenes de Mileto

Estabelece um modelo entre o ar universal e o ar do ser humano (uma pessoa deixa a vida quando largo o úlimo
suspiro (ar)). A natureza necessita de ar para viver.
Anaxímenes pensa que o “princípio” deva ser ininito, mas que deva ser pensado como ar ininito. O ar é um
princípio ísico que consegue estar sempre entre as mudanças climáicas.

Exactamente como a nossa alma (ou seja, o princípio que dá a vida), que é ar, se sustenta e se governa, assim
também o sopro e o ar abarcam o cosmo inteiro.

AR = DIVINO

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Anaxímenes escolheu o ar como “princípio” pois ele senia necessidade de introduzir uma realidade originária que
dela permiisse deduzir todas as coisas (de modo mais lógico e mais racional do que izera Anaximandro).

O ar presta-se muito bem. O ar transforma-se consoante as necessidades para fazer nascer diversas coisas.
Ao se condensar resfria-se e torna-se em água e depois terra, ao se distender e dilatar, esquenta e torna-se fogo.
A variação de tensão da realidade originária dá origem a todas as coisas.
Anaxímenes representa a expressão mais rigorosa e mais lógica do pensamento da Escola de Mileto pois, como
processo de “condensação” e “rarefacção”, ele introduz a causa dinâmica da qual Tales ainda não havia falado e que
Anaximandro determinara inspirando-se apenas em concepções óricas.

 Heráclito de Éfeso

Heráclito de Éfeso herda dos milésios o conceito de dinamismo universal. “Tudo escorre” é a proposição
emblemáica de Heráclito, e indica o facto de que o devir é uma caracterísica estrutural de toda a realidade.

É uma guerra de opostos,


que no conjunto se compõe
em harmonia de contrários.

O mundo é, portanto, guerra nos pariculares, mas paz e harmonia no conjunto.


O princípio para Heráclito é o fogo (perfeita expressão de movimento conínuo e da dinâmica da guerra dos
contrários).
O fogo está estreitamente ligado com o conceito de racionalidade (=Logos), razão de ser da harmonia do cosmo.

 A doutrina do “tudo escorre”

Os ilósofos de Mileto notaram o dinamismo universal das coisas.

Que nascem, crescem e perecem.


O dinamismo como caracterísica essencial
do próprio “princípio” que gera, sustenta e
reabsorve todas as coisas.

Heráclito diz que “tudo se move”, “tudo escorre”, ou seja, nada permanece imóvel e ixo, tudo muda e se transmuta,
sem excepção.

“Não se pode descer duas vezes no mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo
estado, pois, por causa da impetuosidade e da velocidade da mudança, ela se dispersa e se reúne, vem e vai. (…) Nós
descemos e não descemos pelo mesmo rio, nós próprios somos e não somos.”

O rio é “aparentemente” sempre o mesmo, mas, “na realidade”, é consituído por águas sempre novas e diferentes,
que sobrevêm e se dispersam, por isso não se pode descer duas vezes na mesma água do rio.
Heráclito pode muito bem dizer que nós entramos e não entramos no mesmo rio, como também pode dizer que nós
somos e não somos, porque, para ser aquilo que somos em determinado momento, devemos não-ser-mais aquilo
que éramos no momento anterior, do mesmo modo que, para coninuarmos a ser, devemos coninuamente não-ser-
mais aquilo que somos em cada momento.

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 A doutrina da “harmonia dos contrários”

O devir ao qual tudo está desinado caracteriza-se por conínua passagem de um contrário ao outro: as coisas frias
aquecem, as quentes se resfriam, o jovem envelhece, etc. Há uma guerra perpétua entre os contrários que se
aproximam.
A guerra revela-se essencial: “A guerra é mãe de todas as coisas e de todas coisas é rainha.” Trata-se de uma guerra
que, ao mesmo tempo, é paz, e de um contraste que é, ao mesmo tempo, harmonia – Harmonia dos contrários.

 Ideniicação do “princípio” com o fogo e com a inteligência

Heráclito indicou o fogo como “princípio” fundamental, e considerou todas as coisas como transformações do fogo.
O fogo expressa de modo exemplar as caracterísicas de mudança conínua, do contraste e da harmonia. O fogo está
em constante movimento:

Morte do combusível Cinzas Fumaça Vapores

Este fogo é como “raio que governa todas as coisas”. E aquilo que governa todas as coisas é “inteligência”, é
“razão”, é “logos”, é “lei racional”. Para Heráclito a verdade consiste em captar, para além dos senidos, a
inteligência que governa todas as coisas.

 Natureza da alma e desino do homem

Tal como o orismo, Heráclito airmava que a vida do corpo é a moriicação da alma e a morte do corpo é a
vida da alma. Acreditava em casigos e prémios depois da morte.

 Os pitagóricos e o número como “princípio”


Teses pitagóricas:
1. O homem tem alma;
2. No momento da morte, a alma deixa o corpo para passar para outro corpo (reencarnação);
3. Exista uma existência da morte no corpo.

 Os números como “princípio”

Para Pitágoras o princípio da realidade não é um elemento ísico, mas o “número”. Todos os fenómenos mais
signiicaivos acontecem segundo uma realidade mensurável e exprimível com os números. O número é a causa de
cada coisa e determina a sua essência e relação com as outras. Os elementos do número, ou seja, “limite”, são o
fundamento úlimo da realidade. Cada número é síntese destes dois elementos.

Pares Impares

Prevalece o ilimitado Prevalece o limite

Se tudo é número, tudo é “ordem” (kosmos) o universo inteiro aparece como kosmos que deriva dos números.

Pitágoras: Nasceu em Samos. Os crotonienses, temendo que Pitágoras quisesse tornar-se irano da cidade,
incendiaram o prédio em que se encontrava reunido com os seus discípulos. Pitágoras morreu nestas circunstâncias.
Não há grandes ensinamentos a nível de escrita, predominando o oral. O número foi indicado como “princípio”. Não
é possível falar do pensamento de Pitágoras, considerado individual, mas sim do pensamento dos Pitagóricos.

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Número (componentes) – “Princípio”


Os pitagóricos foram os primeiros a dedicarem-se às matemáicas e izeram progredir. Nutridos por elas, acreditam
que os princípios delas fossem o de todas as coisas.
Como as coisas eram feitas à imagem dos “números”, os seus elementos eram os elementos de todas as coisas e todo
o universo era a harmonia e os números.
Os Pitagóricos acreditavam que viam mais nos números do que no fogo, água e ar. A descoberta de que em todas as
coisas existe uma regularidade matemáica, ou seja, numérica.
As músicas e os sons, à qual os pitagóricos dedicavam grande atenção são traduzíveis em determinações numéricas,
ou seja, em números.
Os pitagóricos descobriram as relações harmónicas de oitava, de quinta e de quarta, bem como as leis numéricas que
as governam. E mais, descobriram as leis numéricas que determinam os anos, as estações, etc. O número está assim
envolvido nestes fenómenos.
Jusiça: espécie de contra parida – 4 ou 9 (2x2 ou 3x3)
Ciência + inteligência: persistência e imobilidade – 1 (opinião imutável)
Para nós o número é uma abstracção mental, para eles o número não era um aspecto que nós mentalmente
abstraímos das coisas, mas sim a própria realidade, a physis das próprias coisas.

 Os elementos dos quais derivam os números

Todas as coisas derivam dos números, no entanto, os números não são o primum absoluto, mas eles mesmos
derivam de outros “elementos”. Os números são uma quanidade que pouco a pouco se delimita.

Dois elementos que consituem o número:

1. Indeterminado ou ilimitado – pares – menos perfeitos – feminino - rectangulares

2

Podemos notar que o número par deixa um campo vazio para a lecha não encontra um limite, o que mostra o seu
defeito.

2. Determinante ou limitante – ímpares – mais perfeitos – masculino - quadrados

O número ímpar apresenta sempre uma unidade a mais que os delimita e determina.

O “um” de Pitágoras não é par nem ímpar é “parímpar”. O “zero” era desconhecido. O “dez” foi ideniicado como
número perfeito, formado pelos primeiros quatro números e tendo o número 4 em cada lado. No 10 estão todas as
relações numéricas: de igualdade, a de menos-mais, cúbicos, etc.
1+2+3+4

O 1 equivale ao ponto, o 2 à linha, o 3 ao triângulo, o 4 à pirâmide – todos estes números são princípios e elementos
primos das realidades a eles homogéneas.

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 Passagem do número às coisas e fundamentação do conceito de cosmo

Se o número é ordem e se tudo é determinado pelo número, então tudo é ordem. E “ordem” se diz kosmos em
grego, os Pitagóricos chamaram o universo de “cosmo”, ou seja, “ordem”.
Cosmo: conjunto de todas as coisas. O céu, terra, deuses e homens são manidos por uma ordem, cosmo.

Os céus girando segundo o número e a harmonia, produzem”celeste música de esferas, belíssimos concertos, que
nossos ouvidos não percebem ou não sabem mais disinguir, por estarem habituados desde sempre a ouvi-los.”

Todas as coisas que se conhecem têm número, sem este, não seria possível pensar ou conhecer nada. O homem
aprendeu a ver o mundo como a ordem perfeitamente penetrável pela razão.

 Pitágoras, o Orismo e a “vida pitagórica”

A ciência pitagórica era culivada como meio para alcançar um im. Consisia na práica de um ipo de vida apto a
puriicar e a libertar a alma do corpo.
Pitágoras foi o primeiro a sustentar a doutrina da metempsicose, ou seja, a doutrina segundo a qual a alma, devido a
uma culpa originária, é obrigada a reencarnar-se em sucessivas existências corpóreas para expiar aquela culpa.
O im da vida é libertar a alma do corpo e para alcançar tal im é preciso puriicar-se. Os pitagóricos introduziram o
conceito do repto agir humano como tornar-se “seguidor de Deus”. Para os Pitagóricos o im era tornar-se seguidor
de Deus e viver em comunhão com a divindade.
Os Pitagóricos foram os indicadores daquele ipo de vida que se chamaria de bios theoreikós, “vida contemplaiva”,
ou seja, uma vida dedicada à busca da verdade e do bem através do conhecimento, que é a mais alta “puriicação”.

 Xenófanes de Cólofon

Nasceu em Cólofon, a sua problemáica é de carácter teológico e cosmológico – pensador independente.


Criica pela primeira vez toda a forma de antropomorismo e considera o elemento “terra” como o princípio do nosso
planeta.

 Críica à concepção tradicional dos deuses

Criica a concepção dos deuses que Homero e Hesíodo ixaram de forma exemplar e que era própria da religião
pública e do homem grego.
Ideniicam de modo perfeito erro de fundo do qual brotam todos os absurdos ligados a esta concepção. O erro
consiste no antropomorismo (atribuir aos deuses formas exteriores, caracterísicas que são próprias do homens).
Mas o mais grave é que o homem tende a atribuir aos deuses tudo aquilo que eles mesmos fazem, não só para o
bem, como para o mau, o que é um absurdo.
É contestada a credibilidade dos deuses tradicionais e dos seus aclamados cantores. Os grandes poetas pelos quais os
gregos se haviam formado espiritualmente declaram-se porta-voz de meniras.
Xenófanes também desmiiica várias explicações míicas dos fenómenos naturais que atribuíram aos deuses.
A ilosoia mostra assim a sua forte carga inovadora, demonstrando crenças seculares que se consideram muito
sólidas, contesta-lhes qualquer validade revoluciona inteiramente o modo de ver Deus.
Depois das críicas de Xenófanes, o homem ocidental não poderá nunca mais conceber o divino segundo formas e
medidas humanas.
As categorias de que Xenófanes dispunha para criicar o antropomorismo e denunciar a falácia da religião tradicional
eram as categorias derivadas da ilosoia da physis e da cosmologia jónica.
Airma que Deus é o cosmo, o qual “é uno, Deus, superior entre os deuses e os homens, nem por igura nem por
pensamento, semelhante aos homens”.

Deus tudo vê, tudo pensa, tudo ouve; mas sem esforço, com a força de sua mente, tudo faz vibrar.

Deus permanece sempre igual no mesmo lugar, sem se mover de modo algum pois não lhe é próprio andar ora num
lugar, ora noutro.

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O ver, ou ouvir, o pensar e a omnipotente força são atribuídos a Deus, não n uma dimensão humana, mas sim numa
dimensão cosmológica.

 Terra e água como princípios

Xenófanes pôs a terra como princípio: “tudo nasce da terra e na terra termina”; “todas as coisas que nascem e
crescem são terra e água”. Estas airmações não se referem ao cosmo inteiro, que não nasce, não morre e não entra
em devir, mas sim à esfera da nossa terra.
A existência de fósseis marinhos nas montanhas é sinal de que houve uma época em que além de terra, exisiu água
nesses lugares.
Xenófanes criica a concepção antropomórica dos deuses.

 Os Eleatas e a descoberta do ser


 Parménides e seu poema sobre o ser

Parménides de Eléia é o fundador da Escola eleáica, é um pensador revolucionário e apresenta-se como um


inovador radical. Com ele, a cosmologia recebe um abalo transformando-o numa ontologia (teoria do ser). No seu
poema Sobre a Natureza descreve três vias de pesquisa dadas pela Deusa (Parménides põe a sua doutrina na boca de
uma Deusa que o acolhe):
1. A da verdade absoluta
2. A das opiniões falazes
3. A da opinião plausível

1ª Via:

O grande princípio de Parménides é o próprio princípio da verdade. O ser é e o não-ser não é e não pode ser de
modo algum.

Ser Não ser

Posiivo Puro Negaivo Puro

Um é o absoluto contraditório do outro: Dois princípios contraditórios

Tudo aquilo que alguém pensa e diz, é. Não se pode pensar (dizer) a não ser pensando (dizendo) aquilo que é. Pensar
o nada signiica não pensar de facto. Assim o nada é impensável e indizível.

“Se existe o ser, é necessário que não exista o não-ser.”

Este princípio consitui o pilar principal de toda a lógica do Ocidente. O ser é “não-gerado” e “incorrupível”. É não
gerado visto que, se fosse gerado, deveria ter derivado de um não-ser, o que seria absurdo, dado que o não-ser não
existe, ou então deveria ter derivado do ser, o que é igualmente absurdo, porque então ele já exisiria. Por estas
razões também é impossível que o ser se corrompa.
O ser não tem um “passado” porque o passado é aquilo que não existe mais, nem um “futuro” que ainda não existe,
mas é “presente” eterno, sem inicio e sem im. O ser é imutável e imóvel, porque a mobilidade e a mudança
pressupõe um não-ser que se deveria transformar.
Ser é “todo igual”, é limitado e inito, no senido de que é “completo” e “perfeito”.
A única verdade é o ser não-gerado, incorrupível, imutável, imóvel, igual, esferiforme e uno. Todas as outras coisas
não passam de nomes vãos.

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2ª Via:
O caminho da verdade é o da razão e o caminho do erro é o dos senidos.
Os senidos pareciam testar o não-ser, à medida que parecem testar a existência do nascer e do morrer, do
movimento e do devir.
A deusa exorta Parménides a não se deixar enganar pelos senidos e pelo hábito que eles criam, contrapondo aos
senidos a razão e o seu grande princípio.
Quem anda pelo caminho do erro são aqueles que airmam que o não-ser existe e que crêem puder admiir juntos o
ser e o não-ser e quem crê que as coisas passem do ser ao não ser e vice-versa.
Caminho do erro – resume todas as posições daqueles que admitem expressamente ou fazem raciocínios que
expliquem o não-ser.

3ª Via:
O terceiro caminho dado por Deus é o das “aparências plausíveis”. Segundo Parménides, o erro está em não se ter
compreendido que os opostos se devem pensar como incluídos na unidade superior do ser.
Ambos os opostos são ser: “luz” e “morte”.
A “luz e a “morte” (e os contrários em geral) deviam perder qualquer carácter diferenciador e tornarem-se idênicas,
precisamente porque ambas são ser e o ser é todo idênico. O ser de Parménides não admite diferenciações
quanitaivas nem qualitaivas.

 Zenão e o nascimento da dialécica

Zenão, discípulo de Parménides, defende a teoria do mestre. Este aceitou de peito aberto as tentaivas de
ridicularizar Parménides, no entanto, usou um procedimento que consiste no facto de mostrar que os argumentos
usados para refutar o seu mestre eram ainda mais contraditórios.
Refutação da refutação – demonstração por absurdo.
Mostrando o absurdo em que caiam as teses opostas ao Eleaismo, estava defendendo o próprio Eleaismo. Deste
modo, Zenão fundou o método da dialécica (refutar uma refutação). Os seus argumentos mais conhecidos são os
que refutam o movimento e a muliplicidade.

 Os argumentos de Zenão contra o movimento

1º Argumento – Antes de alcançar a meta, tal corpo deve percorrer a metade do caminho que deve percorrer e antes
disso a metade da sua metade e assim por adiante até ao ininito.
“Da dicotomia”
2º Argumento – Aquiles, conhecido por ser “o pé veloz”, nunca poderá alcançar a tartaruga, conhecida por ser muito
lenta. Caso se veriicasse o oposto, se apresentariam as mesmas diiculdades do argumento anterior.
“De Aquiles”
3º Argumento – Uma lecha lançada ao arco está em repouso. Em cada um dos instantes em que o tempo de voo é
divisível, a lecha ocupa um espaço idênico, logo está em repouso nesse espaço. Se esta em cada um dos instantes
em repouso está na totalidade.
“Da lecha”
4º Argumento – A velocidade é algo relaivo e o movimento do qual é propriedade essencial, também é relaivo e
não objecivo.
Velocidade considerada como uma das propriedades essenciais do movimento.

 Os argumentos de Zenão contra a muliplicidade

1º Argumento - Para haver muliplicidade deveria haver muitas unidades pois a muliplicidade é precisamente
muliplicidade de unidades. Mas o raciocínio (contra a experiencia e os dados fenomenicos) demonstra que tais
unidades são impensáveis, porque comportam insuperáveis contradições, sendo absurdas, logo não podem exisir.

2º Argumento – Negava a muliplicidade baseando-se sobre o comportamento contraditório que muitas coisas juntas
têm em relação a cada uma delas.

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 Melisso de Samos e sistemaização do Eleaismo

Melisso sistemaizou a doutrina eleáica e corrigiu-a em alguns pontos. O ser deve ser ininito e uno (e não ininito
como dizia Parménides), porque não tem limites temporais nem espaciais e se fosse inito inha que derivar de um
não-ser, o que é impossível.
Este ser uno ininito foi classiicado por Melisso como “incorpóreo”, não no senido de que é privado de qualquer
igura que determine os corpos não podendo ter a igura perfeita de esfera como queria Parménides.
Ao contrário de Parménides, Melisso consiste na total eliminação do campo da opinião com um raciocínio: o
hipotéico múliplo poderia exisir apenas se pudesse ser como o ser uno.
Assim, o Eleaismo acaba na airmação de um ser eterno, ininito, uno, igual, imutável, imóvel, incorpóreo e com a
explícita e categórica negação do múliplo. Apenas um ser privilegiado (Deus) poderia ser como o Eleaismo exige,
mas não todo ser.

 Os ísicos Pluralistas e os ísicos Ecléicos

Empédocles – o primeiro dos pluralistas


Para Empédocles, o “nascer” e o “morrer” são impossíveis, porque o ser existe e o não-ser não existe.
Aquilo a que os homens chamaram com o nome de morte e nascimento são o misturar-se e o dissolver-se de
algumas substâncias que permanecem eternamente iguais e indestruíveis.

Água, ar, terra e fogo – A raiz de todas as coisas. São quatro elementos que dão origem à geração das coisas e
separando-se dão origem à corrupção.
Mas que forças os unem e separam?
Empédocles introduziu as forças cósmicas do amor ou da amizade e do ódio ou da discórdia respecivamente, como
causa da união e da separação dos elementos.
Tais forças predominam uma sobre a outra por períodos de tempo ixados pelo desino.
Amor – Reúnem em unidade
Ódio – Separam-se
O cosmo não nasce quando prevalece o Amor ou a Amizade, pois a predominância tal dessa forma faz com que os
elementos se reúnam formando uma unidade compacta “Esfero”.
Quando prevalece o ódio os elementos icam completamente separados e neste caso as coisas e o mundo não
existem.
O cosmo e as coisas do cosmo nascem nos dois períodos de transição, que vão do predomínio da amizade ou da
discórdia e, depois, do predomínio da discórdia ou da amizade.

 Os processos cognosciivos

São muito interessantes as relexões de Empédocles sobre a consituição dos organismos, de seus processos vitais e,
sobretudo, as suas tentaivas de explicar os processos cognosciivos.
Das coisas e dos seus poros saem elúvios que aingem os órgãos dos senidos, de modo que as partes semelhantes
dos elúvios provenientes das coisas: o fogo conhece fogo, a água conhece água, e assim por adiante.

 Os desinos do homem

A alma do homem é um demónio que foi banido do Olimpo por causa de sua culpa originária, e jogado à mercê do
ciclo dos nascimentos, sob todas as forças de vida, para expiar a sua culpa.
No poema, dá as normas de vida aptas para puriicar e libertar-se do ciclo das reencarnações, e para retornar entre
os deuses, “das humanas dores libertados, indemnes, inviolados”.

 Anaxágoras de Clazómenas: a descoberta das “homeomerias” e da Inteligência ordenadora

Anaxágoras declara-se perfeitamente de acordo sobre a impossibilidade de que não-ser exista e, portanto, de que
“nascer” e “morrer” consituam eventos reais. Coisa alguma nasce e morre e a parir das coisas que existem produz-
se um processo de divisão e composição.
Morrer: dividir-se

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Nascer: Compor-se
Estas coisas que existem e ao morrer e nascer se dividem e compõe não podem ser apenas as 4 raízes de
Empédocles.
As “sementes” dos quais derivam todas as coisas deveriam ser quantas tantas são as inumeráveis quanidades das
coisas, são precisamente sementes variadas.

Sementes – são o originário qualitaivo pensado eleaicamente como eterno e imutável. Estes originários são cada
um, o uno. Tais sementes não são apenas ininitas em número tomadas em seu conjunto (ininitas qualidades), mas
também ininitas quando tomada cada uma separadamente, ou seja, é ininitas também em quanidade: não têm
limites na grandeza nem na pequenez, porque podem ser divididas ao ininito sem que a divisão chegue a um limite,
ou seja, sem que chegue ao nada. Consituíam a massa em que tudo era “misturado junto”, logo nenhuma se
disingue.
O ilósofo Clazómenas tentava salvar a imobilidade tanto quanitaiva como qualitaiva.
- Nada vem do nada nem vai para o nada, mas está sempre no ser.

Inteligência cósmica: o movimento que faz nascer as coisas a parir de uma mistura caóica é por inteligência divina.

É ilimitada, independente e não misturada a alguma coisa, encontra-se apenas a si mesma. As coisas misturadas
seriam um obstáculo para ela, de modo que não teria poder sobre alguma coisa como tem encontrando-se a si
mesma. É a mais subil e a mais pura de todas as coisas e possui plano de tudo e força imensa.

Todas as coisas que têm vida são dominadas pela inteligência.


Intuição de um principio que é a mais pura e subil das coisas, igual a si mesma, inteligente e sábia.
Alcançamos um reinamento notável do pensamento dos pré-socráicos.

 Leucipo, Demócrito e o atomismo

A úlima tentaiva de responder aos problemas propostos pelo Eleaismo, permanecendo no âmbito da ilosoia da
physis, foi realizada por Leucipo e Demócrito, com a descoberta do conceito de átomo.
Os atomistas reairmaram a impossibilidade do não-ser, sustentado que o nascer nada mais é do que um agregar-se
de coisas que existem e o morrer o desagregar-se (separar-se) dos mesmos.

Corpos invisíveis pela pequenez e volume.


Tais corpos são indivisíveis e por isso são átomos (indivisível)

Não divisível, imutável e indestruível.

Estes átomos estão mais próximos do ser eleáico do que das quatro “razões” e das sementes ou das homeomerias
de Anaxágoras.

ÁTOMOS:
- São um ser pleno e são diferentes entre si apenas na forma ou igura geométrica e como tais mantêm ainda a
igualdade do ser eleáico.
- Forma originária: átomo – forma (forma indivisível).
- O átomo diferencia-se dos outros átomos pela igura e pela ordem e posição, podendo estas variar ao ininito.
- Para o átomo ser pensado tem que exisir o “vazio”. Sem ele os átomos não poderiam diferenciar-se nem mover-se.
- Não é percepível pelos senidos mas pela inteligência.

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- Os atomistas procuraram superar a grande aporia eleáica, buscando salvar ao mesmo tempo a “verdade” e a
“opinião”, ou seja, os “fenómenos”. A verdade é dada pelos átomos, que se diversiicam entre si somente pelas
diferentes determinações geométrico-mecânicas, bem como do vazio.
- Os vários fenómenos ulteriores e as suas diferenças derivam do diferente encontro dos átomos e do encontro
posterior das coisas por eles produzidas com os nossos senidos.

 O movimento dos átomos, a génese dos mundos e o mecanicismo

a) Movimento caóico, com os voltes em todas as direcções dados pela poeira atmosférica que se vê nos raios
de sol que se iltram através da janela;
b) Movimento em vórice, que leva os átomos semelhantes a se agregarem entre si e os diversos átomos a se
disporem de modos diversos, gerando o mundo;
c) Movimento dos átomos que se libertam de todas as coisas formando os elúvios.

Os átomos são ininitos, também são ininitos os mundos que deles derivam diferentes uns dos outros. Todos os
mundos nascem, se desenvolvem e depois corrompem-se para dar origem a outros mundos de forma cíclica e sem
im. Há átomos em certo senido privilegiados aos quais Demócrito teria considerado divinos.
- O conhecimento deriva dos átomos que se dependem de todas as coisas entrarem em contacto com os senidos.
Empédocles diz que os átomos semelhantes fora de nós impressionam os semelhantes que estão em nós, de modo
que o semelhante conhece o semelhante. Mas, Demócrito insisiu também na diferença entre conhecimento
sensorial e conhecimento inteligível: o primeiro dá-nos apenas a opinião, ao passo que o segundo nos dá a verdade.
Este diz que é na alma que está a raiz da felicidade ou da infelicidade.

 A involução em senido ecléico dos úlimos ísicos e a volta ao monismo

 Diógenes de Apolónia

Diógenes sustentou a necessidade de retornar ao monismo do princípio, porque, em sua opinião, se os princípios
fossem muitos e de natureza diferente entre si, não se poderiam misturar nem agir um sobre o outro. É necessário
que todas as coisas nasçam por transformação a parir do mesmo princípio. Esse princípio é “ar ininito”, mas é
“dotado de muita inteligência”.
A nossa alma é o ar-pensamento que respiramos, e que se exala como úlimo suspiro, quando morremos.
Ideniicou a inteligência com o princípio ar.

 Arquelau de Atenas

Arquelau também falava de “ar ininito” e de “inteligência”. Era ideniicado como “mestre de Sócrates”.
Caricaturou Sócrates nas nuvens, e as nuvens são precisamente ar, Sócrates desce das nuvens e invoca as nuvens,
isto é, ar.

3ª PARTE: A Soisica e o deslocamento do eixo da pesquisa ilosóica do cosmo


para o homem
 Origens, natureza e inalidade do movimento soista

 Signiicado do termo “soista”

“Soista” signiica sábio, e precisamente sábio em cada um dos problemas que dizem respeito ao homem e à sua
posição na sociedade.
A acepção do termo, que em si mesma é posiiva, tornou-se negaiva sobretudo pela tomada de posição fortemente
polémica de Platão e Aristóteles.
O movimento soista foi desvalorizado e considerado predominantemente como momento de grave decadência do
pensamento grego. Somente no século XX foi possível uma revisão sistemáica desses juízos e, consequentemente,
uma radical reavaliação histórica dos soistas.

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 Deslocamento do interesse da natureza para o homem

Os soistas operaram verdadeira revolução espiritual (deslocando o eixo da relexão ilosóica da physis e do cosmo
para o homem e àquilo que concerne à vida do homem como membro de uma sociedade) e , portanto, centrando os
seus interesses sobre a éica, a políica, a retórica, a arte, a língua, a religião e a educação, ou seja, sobre aquilo a que
hoje chamamos a cultura do homem. Os soistas iniciaram um período humanista da ilosoia aniga.

 Mudanças sociopolíicas que favoreceram o nascimento da Soísica

1. Crise da aristocracia, que implicou também a crise da aniga areté, os valores tradicionais, que eram
precisamente os valores apreciados pela aristocracia; e o crescente poder do povo que fez desmoronar a
convicção de que areté esivesse ligada à nascença;
2. O luxo cada vez mais maciço de estrangeiros às cidades, especialmente Atenas, com a ampliação do
comércio;
3. A difusão dos conhecimentos e experiências dos viajantes, que levavam à inevitável comparação entre usos,
costumes e leis helénicas, e usos, costumes e leis totalmente diferentes.

 Posições assumidas pelos Soistas e suas avaliações opostas

Os soistas souberam captar de modo perfeito essas instâncias da época conturbada em que viveram, sabendo
explicitá-las e dar-lhes forma e voz. É deste modo que alcançaram tanto sucesso, especialmente entre os jovens, pois
respondiam às reais necessidades do momento, propondo-lhes uma palavra nova pelo qual esperavam, já que estes
não estavam saisfeitos com a actual.

 Os diversos grupos de Soistas

Os soistas consituíam grupos que visavam as mesmas inalidades com esforços independentes a im de responder a
algumas necessidades da época.
Quatro grupos de Soistas:

1. Os grandes e famosos mestres da primeira geração que Platão considerou dignos de respeito;
2. Os “Erísicos” que perderam interesse pelos conteúdos e também perderam a reserva moral que
caracterizava os mestres;
3. Os “políico-soistas”, que uilizavam as ideias dos soistas em senido “ideológico” para inalidades políicas
caindo em excessos de vários ipos;
4. Uma escola paricular de Soistas, que não se ideniica com a dos mestres da primeira geração, e tomou o
nome de “naturalista”.

 Os mestres: Protágoras, Górgias, Pródico

 Protágoras: “o homem é a medida de todas as coisas”

Foi fundador do “relaivismo” ocidental, que ele expressou na célebre fórmula “o homem é medida de todas as
coisas, das que são por aquilo que são e das que não são por aquilo que não são”.
Por “medida”, Protágoras entendia a “norma do juízo”. Pretendia negar a existência de um critério absoluto que
discrimine ser e não-ser, verdadeiro e falso. O único critério é somente o homem, o homem individual, é este que
julga o bem e o mal, o verdadeiro e o falso, consoante o seu modo de ver as coisas. Ninguém está no erro, estão
todas com a verdade, a sua verdade.

 Os raciocínios opostos e o tornar mais forte o argumento mais fraco

O relaivismo expresso no princípio do homo mensura foi um aprofundamento adequado na sua obra “As Anilogias”,
que demonstra que em torno de cada coisa há dois raciocínios que se contrapõem.
Protágoras ensinava a “tornar mais forte o argumento mais fraco” o que não quer dizer que ensinasse a injusiça e a
iniquidade contra a jusiça e a recidão, mas simplesmente, que ele ensinava os modos como, técnica e
metodologicamente, era possível sustentar e levar à vitória o argumento que podia ser o mais fraco na discussão.

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A “virtude” que Protágoras ensinava era exactamente essa “habilidade” de saber fazer prevalecer qualquer ponto de
vista sobre a opinião oposta.
O sucesso dos seus ensinamentos deriva do facto de que os jovens consideravam que poderiam fazer carreira nas
assembleias, tribunais, na vida políica.

 O uilitarismo de Protágoras

Para Protágoras tudo é relaivo: não existe um “verdadeiro” absoluto. Existe, entretanto, algo que é mais úil, mais
conveniente e mais oportuno. O sábio é aquele que conhece esse relaivo mais úil, mais conveniente e mais
oportuno, sabendo convencer os outros a reconhece-lo e a pô-lo em práica.
O homem é medido em relação à uilidade.
Protágoras não soube dizer em que bases e em que fundamentos o soista pode reconhecer tal “úil” sociopolíico.
Para faze-lo, precisaria de ter escavado mais profundamente na essência do homem, para determinar a sua natureza.

 Górgias: o nilismo

Górgias foi o primeiro ilósofo que procurou teorizar aquilo que hoje chamaríamos de “estéica” da palavra e essência
da poesia. A arte é moção de senimento tal como a retórica, mas ao contrário dela, não visa a interesses políicos
mas ao engano poéico. Tal engano é a pura icção poéica em que quem engana age muito melhor do que quem não
engana, pela sua capacidade criadora de ilusões poéicas e quem é enganado é mais sábio do que quem não é pela
sua capacidade de captar a mensagem.
Górgias parte do nilismo para construir o ediício de sua retórica. O tratado sobre a natureza ou sobre o não-ser é
uma espécie de manifesto do nilismo ocidental, baseando-se nas três teses seguintes:
1. Não existe o ser, ou seja, nada existe. O ser não pode ser “nem uno, nem múliplo, nem incriado, nem
gerado” e portanto, será nada.
2. Se o ser exisisse, “não poderia ser cognoscível”. Existem coisas pensadas que não existem (como, por
exemplo, a Quimera). Há, então, um divórcio e ruptura entre o ser e pensamento.
3. Mesmo que fosse pensável, o ser permaneceria inexprimível. A palavra, sendo um som, signiica quando
muito um som, mas não aquilo que deriva dos outros senidos, como por exemplo uma cor ou um odor.

Esta doutrina toma o nome de “nilismo”, quanto põe o nada como fundamento de tudo.
A palavra, perdendo qualquer relação com o ser, não é mais veículo de verdade, mas torna-se portadora de
persuasão e sugestão.

 Pródico e a sinonímia

Foi mestra na arte de discursar, e Sócrates chegou a recordá-lo jocosamente como “seu mestre”. A técnica que
propunha baseava-se na sinonímia, ou seja, na disinção entre os vários sinónimos e na determinação precisa das
nuances do seu signiicado.
No campo da éica, icou famoso pela sua reinterpretação do mito de Hércules na encruzilhada, ou seja, diante da
escolha da virtude ou do vantajoso.
A sua interpretação dos deuses foi originalíssima. Segundo Pródico, os deuses são a absoluização do úil e do
vantajoso.

 Erísicos e Soistas-políicos

 Os Erísicos

Alguns Soistas, abusando da técnica da refutação, perderam-se na pesquisa de conceitos e da formulação de


dilemas insolúveis, que chamamos de soismas. Tais soistas têm nome de “Erísicos”.
Cogitaram uma série de problemas que eram formulados de modo a prever respostas tais que fossem refutáveis em
qualquer caso. Analisaram todo aquele arsenal de raciocínios capciosos e enganosos chamados de “soismas”. Platão
representa a Erísica de modo perfeito em Euidemo, mostrando todo o seu vazio.

 Os Soistas-políicos

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Derivam suas armas do nilismo e da retórica gorgiana.


Criías dessacralizou o conceito dos deuses, considerando-os uma espécie de espantalho habilmente introduzido por
um homem políico inteligente, para fazer respeitar as leis que, por si, não têm força para se impor.
Trasímaco airmou que “o justo é a vantagem do mais forte”. E Cálicles chegou a sustentar que é por natureza justo
que o forte domine o fraco, subjugando-o inteiramente.
São os resultados deteriorados da Soísica, a outra fase, mais autênica e posiiva, será revelada por Sócrates.

Maria Rita Nobre Rocha, Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

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