Infertilidade Masculina 2
Infertilidade Masculina 2
Infertilidade Masculina 2
Fundamental
CAPÍTULO Infertilidade
8 Masculina
Marcelo Vieira
Sidney Glina
UROLOGIA FUNDAMENTAL
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Infertilidade Masculina
pH 7,2-8,0
Face, atitude e virilização: identificar sinais de Concentração de
20 milhões/ml
deficiência androgênica. espermatozoides
Bolsa testicular: traz informações indiretas sobre Motilidade A+B >50%
presença e dimensão dos testículos e alterações de >14% (Kruger)b >
seu conteúdo, como nas grandes varicoceles. Morfologia
30% (OMS)
Cordão inguinal: com o paciente em posição Concentração de leucócitos <1 milhão/ml
ortostática auxiliada pela manobra de Valsalva,
permite o diagnóstico de pequenas e médias vari-
coceles, verifica a presença do ducto deferente e de A avaliação deve ser completa, em todos os seus
alterações, como granulomas ou falhas decorrentes parâmetros, com atenção especial ao volume ejaculado,
da vasectomia. pH, concentração de leucócitos, motilidade e à morfo-
Testículos: avaliar seu posicionamento, volume, logia e concentração dos espermatozoides.
e consistência. Diminuição no volume testicular Volume seminal: volume abaixo de 1,0 ml sugere
traduz-se em menor quantidade de ductos seminí- perda de ejaculado durante a coleta, ejaculação retró-
feros e pode ser consequência de deficiência hor- grada ou obstrução dos ductos ejaculatórios.
monal durante a puberdade ou de alterações locais. pH: quando ácido, sugere obstrução dos ductos
Tumores testiculares podem causar alterações da ejaculatórios; quando alcalino, infecção.
espermatogênese. Leucócitos: concentração superior a 1 milhão/ml a
Epidídimos: verificar sua presença e alterações suspeita é infecção.
de forma ou de consistência que sugiram processo Concentração, motilidade e morfologia dos esper-
inflamatório. matozoides: alterações nesses parâmetros são comuns
Pênis: verificar anomalias que impeçam o ato a todas as causas de infertilidade. É importante a clas-
sexual ou a deposição adequada do sêmen no fundo sificação de oligozoospermia severa quando a concen-
vaginal. Deve-se verificar tamanho da haste peniana, tração for inferior a 5 milhões/ml e houver diagnóstico
posição do meato uretral, curvatura e calcificação de azoospermia, uma vez que nesses pacientes existe
nos corpos cavernosos. a necessidade de investigação com perfil hormonal e
Toque retal: avaliar consistência e existência de pesquisa genética.
dor ou de cistos na linha mediana da próstata que Azoospermia: quando não se encontram esper-
possam indicar obstrução dos ductos ejaculadores. matozoides no líquido seminal. A amostra deve ser
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UROLOGIA FUNDAMENTAL
centrifugada e novamente analisada. Encontro de es- como microlitíase testicular, criptorquidia e tumor
permatozoides no centrifugado estabelece o diagnóstico de testículo. Pela via transretal, visualiza-se vesículas
de criptozoospermia e essa informação deve vir expressa seminais e cistos prostáticos, que podem estar associa-
no laudo do resultado, uma vez que tem valor prog- dos a quadros de obstrução do ducto ejaculatório. Au-
nóstico para realização de ICSI. Azoospermia pode ser sência da vesícula seminal pode acompanhar os casos
classificada como obstrutiva (espermatogênese normal de ausência congênita bilateral dos vasos deferentes.
com obstrução das vias eferentes) ou não obstrutiva Exame de todo o abdome é útil para diagnóstico de
(alteração da espermatogênese). outras malformações congênitas das vias urinárias
que acompanham as do trato genital. Em pacientes
com varicocele unilateral à direita, há a suspeita de
EXAMES COMPLEMENTARES tumores de testículo. O diagnóstico de varicocele por
A propedêutica básica determina a necessidade ultrassonografia associada ao Doppler é controversa
de complementação da investigação com exames e carece de padronização.
adicionais com o objetivo de diagnosticar a etiologia Deferentografia: utilizada na suspeita de obstru-
do fator masculino. ção do ducto ejaculatório ou do deferente, é realizada
em centro cirúrgico imediatamente antes da desobs-
trução, caso se confirme o diagnóstico.
Exames laboratoriais e avaliação genética
Urina emitida pós-masturbação: confirma a
hipótese de ejaculação retrógrada, caso sejam achados
DEFINIÇÃO DO TRATAMENTO
espermatozoides.
Cultura de sêmen: solicitada nos casos em que Tratamento clínico
houver aumento de leucócitos no ejaculado. Hipogonadismo hipogonadotrófico: adminis-
Dosagem de FSH, LH, Testosterona e Pro- tração de FSH 75 U três vezes por semana, associado
lactina: nos casos com oligozoospermia grave ou
a HCG 2000 U uma vez por semana com reavaliação,
azoospermia não obstrutiva para diagnóstico de hi-
da testosterona em 30 dias. Caso a dosagem de testos-
pogonadismo hipogonadotrófico (dosagens de FSH,
terona aumente, mantém-se o tratamento por mais
LH e testosteroma baixa), falência testicular (FSH
dois meses e reavalia-se o espermograma.
elevado) e hiperprolactinemia.
Infecção: para bactérias gram-negativas utilizam-
Cariótipo de banda G: para diagnosticar altera-
se trimetoprim ou derivados das quinolonas. Para
ções cromossômicas responsáveis pela infertilidade
Chlamydia trachomatis e Ureaplasma urealyticum
e que incidem em até 25% dos pacientes com oli-
preconiza-se o uso de tetraciclina ou de seus derivados.
gozoospermia grave ou azoospermia não obstrutiva.
Em todos os casos, a duração do tratamento deve ser,
Isoladamente, a mais prevalente é o Klinefelter.
Pesquisa sobre microdeleções do cromossomo no mínimo, por 4 semanas, devido ao difícil acesso
Y: nos casos com oligozoospermia grave ou azoosper- dos antibióticos ao ambiente prostático.
mia não obstrutiva para determinar a causa genética, Terapia antioxidante: clinicamente, antioxidan-
e na azoospermia não obstrutiva como fator prognós- tes não foram efetivos, uma vez que os resultados in
tico de recuperação de espermatozoides. vitro não se repetiram nos estudos clínicos realizados
Pesquisa sobre mutações da fibrose cística: nos em pequenas casuísticas que mostraram taxa de gra-
casais em que o homem tenha ausência congênita videz variando de 4,5 a 13%, apesar da melhora dos
bilateral do vaso deferente (ACBVD). parâmetros seminais.
Ejaculação retrógrada: tratamento com me-
dicamentos simpaticomiméticos, alfaestimulantes
Exames de imagem (efedrina e fenilpropalamina) ou com imipramina.
Ultrassonografia: utilizada para medir o testículo Na ausência de ejaculação anterógrada, indicam-se
e diagnosticar situações associadas à infertilidade, recuperação de espermatozoides da urina e ICSI.
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Infertilidade Masculina
Alto risco de
Técnica Preservação da artéria Hidrocele (%) Recidiva (%)
complicações graves
Retroperitoneal não 7 15-25 não
Inguinal não 3-30 5-15 não
Laparoscópica sim 12 5-15 sim
Inguinal microcirúrgica sim 0 1 não
Fretz e Sandlow, Urol Clin N Am. 2002;29:930.
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UROLOGIA FUNDAMENTAL
Técnicas de recuperação de
espermatozoides LEITURA RECOMENDADA
ICSI trouxe a possibilidade de homens com 1. Glina S, Vieira M, Soares JB. Infertilidade masculina. In:
Lopes AC, editor. Tratado de clínica médica. São Paulo: São
azoospermia obstrutiva que não tenham tratamento Paulo; 2006. p.2950-72.
(ACBVD), que tiveram falha reversão ou que não 2. Cedenho AP, Bortoluzzo CE, Vieira M. O que é importante
na propedêutica do homem infértil. In: Glina S, Damião R,
desejam reverter a vasectomia. Na azoospermia não editors. I Consenso Brasileiro Sobre Infertilidade Masculina.
obstrutiva, desde que encontrados espermatozoides São Paulo: BG Cultural; 1999. p.17-26.
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