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IMAGEM DO CORPO
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo realizar uma pesquisa bibliográfica sobre o processo de
consciência corporal, esquema corporal e imagem do corpo. Procurou-se encontrar
novas possibilidades pedagógicas para a educação física a partir das reflexões,
contradições e complementações entre psicopedagogia e pedagogia da educação
física. Este estudo traz para essas duas áreas reflexões de autores com formações
específicas, mas que têm interface no campo da corporeidade.
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física. Psicopedagogia. Corpo.
INTRODUÇÃO
CORPO E CULTURA
Votre (2001) em seu livro Imaginário & Representações Sociais diz que o
desafio de falar do corpo, a partir do lugar de saber do imaginário, leva-nos a olhá-lo
não como entidade metafísica, mas como um ser bio-psico-sócio-cultural. O corpo é,
portanto, polissêmico, cujos sentidos variam de sepulcro da alma, lugar do pecado,
máquina de produção, lugar do desejo e tantos outros. “São imagens que se
instituíram em diferentes culturas como maneiras próprias de ver e viver o corpo.
Significa dizer que cada cultura constrói sua imagem corporal” (p. 30).
A idéia de construção da imagem corporal via cultura, pode nos auxiliar no
campo educacional. Toffler (1998) afirma que a crise da educação não será resolvida
em sala de aula. A dimensão da sala de aula necessita ser redimensionada. As redes
de informação e comunicação, a utilização do computador, ligando a sala de aula a
uma conexão com a internet, ampliariam a pequena sala. Nesta mudança, a educação
transformar-se-ia em uma atividade na qual a hora e o lugar não teriam importância
porque muita coisa deveria acontecer fora e não dentro das salas de aula. Neste novo
processo, os professores, com efetiva participação na elaboração do projeto
educacional, como um todo, do começo ao fim, libertar-se-iam da escola-fábrica em
Cavalari (1996) não entende o corpo como objeto. Não se pode decompô-lo
para formar dele uma idéia clara. Para o autor, a idéia de corpo é sempre implícita e
confusa, “ele é sempre outra coisa além do que é, sempre sexualidade ao mesmo
tempo que liberdade, enraizado na natureza no momento mesmo em que se
transforma pela cultura, nunca fechado sobre si mesmo, e nunca ultrapassado” (p. 47-
48). Não se tem meios de conhecer o próprio corpo a não ser vivendo-o. “Sou, pois
meu corpo” (CAVALARI, 1996, p. 48)
A ratificação de que o corpo é construído pela cultura também perpassa por
Cavalari. Temos um corpo ou somos um corpo? O autor inclina-se na direção de que
não podemos tratar o corpo como um objeto. O corpo é prototípico, está sempre em
transformação e a consciência que temos dele é alcançada quando o vivenciamos.
Não podemos ter consciência corporal se não vivenciarmos o corpo. Esse vivenciar é
tanto biológico, social, psicológico como cultural.
É Merleau-Ponty um dos grandes pensadores a introduzir uma nova concepção
de corpo a partir de sua fenomenologia. A consciência, tradicionalmente, sempre foi
considerada como uma função basicamente intelectual, tendo o corpo como opositor.
Merleau-Ponty apresenta uma nova concepção de consciência em que a realidade
corporal e o cogito se complementam.
O conhecimento, nessa nova perspectiva, dá-se a partir da própria experiência
do sujeito. Todo saber, seja ele científico ou não, deriva do mundo-vivido, ou seja, dos
pensamentos, percepções e vivências na interação cotidiana do mundo social.
REVISÃO DE LITERATURA
Moreira (1992) faz uma proposta de revisão de valores no sentido de que o
corpo-objeto da educação física ceda lugar ao corpo-sujeito da educação motora; o
ato mecânico cedendo lugar ao ato da corporeidade. Este, um ato consciente e
prazeroso. O autor segue uma linha próxima aos que defendem os jogos cooperativos
e participativos em detrimento dos jogos competitivos e de resultado.
De acordo com Brandl (s.d.), “devemos reformular diversas questões do
processo ensino-aprendizagem na Educação Física” (p. 31). A autora propõe maior
autonomia aos alunos nas práticas motoras. Para ela, esse processo favorece a
consciência corporal.
Segundo Olivier (1995), o conhecimento, englobando o conhecimento de si
mesmo, passa pelo corpo. “O homem é um ser encarnado: é consciente de ter um
corpo e todos os seus atos de autoconsciência são filtrados através do corpo”
(MERLEAU-PONTY apud OLIVIER, op. cit., p.72).
Bradl (1996), com o apoio das idéias de Castellani, analisa a introdução da
dimensão cultural e histórica no conceito de consciência corporal, para ele,
consciência corporal é a
Dolto (2004) mostra como o esquema corporal pode ser afetado e perturbar a
imagem corporal. De certa forma, as relações que nosso corpo mantém com o mundo
físico se traduzem em modificações, que podem ser passageiras ou duráveis. De que
maneira a imagem corporal se constrói e se remaneja ao longo do desenvolvimento da
criança? A autora recorre, para demonstrar de que forma a imagem corporal se
constrói e se remaneja ao longo do desenvolvimento da criança, a três definições:
imagem de base, a imagem funcional e a imagem erógena. As três imagens
constituem a imagem do corpo vivente e o narcisismo do sujeito a cada estágio de sua
evolução. Essas imagens associam-se entre si.
A imagem de base é o que permite uma continuidade narcísica, ou uma
continuidade espaço-temporal que permanece e se preenche desde o nascimento. A
existência para o indivíduo provém da convicção ilusória de continuidade, o qual
sustenta seu corpo em seu narcisismo.
A imagem de base tem uma dimensão estática, já a imagem funcional é a
imagem de um indivíduo que busca a realização de seu desejo. Graças à imagem
funcional as pulsões de vida podem se dirigir ao prazer. Uma demanda localizada no
Vejamos! Os espaços para a atividade física sejam na escola ou fora dela, que
objetivam desenvolver aulas de ginástica localizada, têm espelhos, mas, segundo o
autor, somente em algumas turmas os alunos apresentam domínio do corpo.
Pergunta-se: será que a disseminação do espelho deve-se apenas ao seu caráter de
“utilidade” na aquisição da consciência corporal?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tessitura corporal é dialógica e dinâmica. O corpo se faz corpo em contato
com suas ações no cotidiano. As interações incessantes com os outros e com o
ambiente, por meio das diferentes linguagens – que são oriundas do movimento desse
corpo em função das demandas sociais, culturais, biológicas, históricas e psicológicas
– promovem o que entendemos por consciência corporal. Nesse sentido, o corpo é
aquele que propicia o conhecimento.
ABSTRACT
This paper aims to conduct a literature search on the process of body awareness, body
schema and body image. We tried to find new possibilities for teaching physical
education from the reflections, contradictions and complementation between
educational psychology and pedagogy of physical education. This study brings these
two areas reflections of authors with specific training, but that deal in the field of
corporeality.
REFERÊNCIAS
TOFFLER, A. Jornal Folha de São Paulo. Caderno MAIS, 5-8, 1 de março, 1998.