A Importância Da Teologia Bíblica
A Importância Da Teologia Bíblica
A Importância Da Teologia Bíblica
Quando alguém ouve falar de Teologia Bíblica nem sempre fica claro
a que exatamente essa expressão se refere. Alguns entendem que a expressão diz
respeito à teologia de acordo com a Bíblia, em oposição a uma teologia herética.
Outros imaginam que a referência é a uma teologia que está baseada nas Escrituras.
Nenhuma dessas sugestões é correta. A Teologia Bíblica define-se basicamente a
partir de sua distinção em relação à Teologia Sistemática e à História das Religiões.
A proposta fundamental da Teologia Bíblica é construir uma teologia a partir das
Escrituras, de modo indutivo, sem depender das categorias definidas pela Sistemática
ou pela Dogmática. Para uma descrição mais objetiva dessa distinção vale a pena
esboçar o seguinte quadro:
Exegética e Teológica
TEOLOGIA BÍBLICA Organização: Descritiva
Cânon das Escrituras
Conceitual, Tópica e e Normativa
Histórica.
Escrituras, Fenomenológica
HISTÓRIA DA
documentos de outras e Histórica:
RELIGIÃO Descritiva
religiões, literatura e Organização:
arqueologia. Cronológica e Genética.
Resumo Histórico
As raízes da teologia bíblica estão na Reforma Protestante. O ponto
de partida protestante Sola Scriptura lançou a semente para uma teologia exegética,
buscando livrar-se da Dogmática Eclesiástica. Os comentários de Calvino são os
primeiros exemplos de uma exegese bíblica histórico-gramatical, que estabelecia os
primórdios da futura teologia bíblica. Todavia, a maioria dos estudiosos define o início
do moderno estudo da teologia bíblica, ou mais especificamente, da teologia bíblica
do Antigo Testamento, a partir da palestra inaugural do professor Johann Philipp
Gabler na Universidade de Altdorf em 1787. Antes de Gabler não havia uma distinção
entre teologia dogmática e teologia bíblica. Não havia separação entre teologia do
Novo Testamento e teologia do Antigo Testamento. Gabler defendia essas distinções.
Mesmo que nunca tenha escrito uma teologia do Antigo Testamento, foi o professor
Gabler quem estabeleceu os princípios básicos e o método pelos quais seria possível
escrever uma teologia bíblica do Antigo Testamento. A base do estudioso alemão era
racionalista, e foi sobre tais fundamentos é que surgem os primórdios da teologia
bíblica. Apesar dessa influência filosófica da época, muito clara em estudiosos como
G. L. Bauer, de Wette e F. C. Baur, alguns estudiosos adotaram uma linha mais
evangélica e menos racionalista. Entre eles devem ser mencionados E. W.
Hengstenberg, F. Delitzsch e G. F. Oehler.
Entre 1880 e 1930 a incipiente teologia bíblica perdeu espaço para os
estudos da história da religião. As novas tendências filosóficas, aliadas à curiosidade
européia para com os costumes e idéias religiosas de outros povos fomentou uma
interpretação da fé bíblica dentro de um contexto religioso universal. A fé de Israel e
do cristianismo deveriam ser vistas sob parâmetros evolucionários e à luz da
comparação com as outras religiões conhecidas.
Somente depois da década de 30 do século XX foi que ressurgiu o
interesse pela teologia bíblica. Tal efervescência perdura até os anos 70. Muitos
nomes de peso surgem tanto no campo do Antigo como do Novo Testamento. Nomes
como O. Eissfeldt, W. Eichrodt, G. von Rad, B. Childs, C. Westermann, W. C. Kaiser,
S. Terrien, W. Brueggmann, R. Bultmann, H. Conzelmann, E. Käsemann, H. J. Kraus,
K. H. Schelkle, J. Jeremias, G. E. Ladd e D. Guthrie tornaram-se marcas na teologia
bíblica principalmente durantes as décadas de 30 a 70. Além disso, muito da teologia
contemporânea interagiu bastante com o pensamento bíblico e estabeleceu modelos
sistemáticos de teologia menos presos a categorias filosóficas clássicas. Aqui
merecem destaque especial os nomes de K. Barth, W. Pannenberg e Oscar Cullmann.
Nas últimas décadas a teologia bíblica continua viva, mas tem enfrentado dificuldades
e alguns até crêem que esteja em grande crise. Para entendermos melhor seus
caminhos, é preciso destacar suas principais tarefas.