O Pensamento Clínico em Diagnóstico Da Personalidade
O Pensamento Clínico em Diagnóstico Da Personalidade
O Pensamento Clínico em Diagnóstico Da Personalidade
O contexto do diagnóstico da personalidade é constituído entre outras coisas, por por múltiplos
elementos. Mencionamos alguns dos exemplos que surgem mais frequentemente: Identificação do
paciente, enquadramento da atividade diagnóstica, entrevistas e outras técnicas de investigação
clínica da personalidade, anamnese, relações psicólogo-paciente, testes psicológicos, exames
adicionais e complementares, apreciações e avaliações do material, integração dos dados,
Conclusões diagnósticas, orientações, encaminhamentos, indicações terapêuticas, parecer
psicológico, relatórios, acompanhamento, etc.
A investigação diagnóstica pretende explorar fatos que não se acha claramente visíveis para atingir
as manifestações interiores dos fatos, é forçoso existir o espírito de pesquisa que não se contente
com a simples aparências existe explicações convencionais. A diretriz de todo pesquisador
interessado não pretender saber previamente aqui possa conduzir da observação, e não se apressar
em oferecer uma explicação. O psicólogo clínico procura examinar inúmeros setores da
personalidade através de métodos e técnicas especificamente elaborados para isso, sem perder de
vista a unidade e a totalidade do ser humano.
Entrevista clínica: É o principal recurso de que dispõe o psicólogo no exercício de sua atividade
merecendo por isso atenção especial do mesmo. A entrevista clínica, além de ser constituir em uma
situação disposta para a obtenção de informações sobre ocorrências externas, propicia a observação
de fenômenos nela própria emergentes (que se manifestam diretamente). Isso leva-nos a considerar
o papel da observação clínica.
Observação clínica: cada momento de contato com paciente é uma oportunidade que se apresenta
para a observação o paciente e seus familiares utilizam conscientemente e inconscientemente todo o
percurso do processo diagnóstico para comunicar o que é ou lhes parece relevante. É indispensável
para a sua eficácia que a observação seja seletiva, isto é que focalize pontos relevantes.
a- Formas auxiliares de entrevistas: As técnicas projetivas são as que melhor se prestam a um uso
livre na clínica psicológica. Elas são introduzidas e integradas em situações de entrevista, para
facilitar a comunicação, elicitar associações livres e, especialmente com crianças, para criar uma
atmosfera favorável ao relacionamento e provocar o aparecimento de conteúdos inconscientes. A
compreensão de que esse é o papel das técnicas projetivas representa a tendência principal. Nesse
caso, a análise qualitativa de conteúdo, segundo se tem verificado, é mais útil do que as categorias
formais de avaliação.
b- Testes psicológicos: É preciso ter em mente que os testes são somente recursos com que o
psicólogo pode contar, em suas atividades e não o único método a ser utilizado. Não se pode extrair
dos testes o que eles não têm a oferecer ( que é dado por outros meios).
Jogo dos rabiscos: O examinador traça um rabisco no papel e pede para o sujeito fazer nele as
alterações que desejar, procurando dar forma a ele e fornecendo suas associações verbais. Depois
disso, ambos continuam alternadamente esse mesmo trabalho, desenhando e verbalizando.
Observação lúdica ou hora do jogo: Com os elementos essenciais contidos em uma sala destinada
a ludoterapia, ou seja, brinquedos, massas, jogos, etc. O procedimento recomenda deixar o sujeito
usar do tempo como quiser. Seu comportamento é observado geralmente sem a interferência do
profissional.
Observação, investigação e exploração não são atividades que se levem a cabo desordenadamente.
O aprofundamento da pesquisa deve ser realizado conjuntamente com a estruturação do processo
diagnóstico e a formulação dos pensamentos clínicos. Desde que haja um processo diagnóstico
estruturando-se ou estruturado a pesquisa insere-se nele. Não devem permanecer como um conjunto
de elementos desconectados entre si.
Conteúdos
Conteúdos são os dados; formas são as organizações desses dados. Ou, propriamente: Os conteúdos
são constituídos por termos que podem ser substituídos, enquanto que as formas tem caráter
permanente, aquilo que estrutura os conteúdos.
Os conteúdos são elementos variáveis de caso para caso clínico e permitem, caso concreto, a
realização da forma. Em diagnóstico da personalidade pode, com efeito, ocorrer que formas de
pensar rígidas, ou mesmo mecânicas, não leve em conta as exigências de novas estruturas que os
conteúdos apresentam. Na prática Clínica, a situação ideal na esfera dos Pensamentos clínicos é
aquela em que para cada caso, determinem sempre as formas evidenciando-se assim uma grande
flexibilidade e criatividade da parte de quem pensa. Dos múltiplos tipos de conteúdo que ocorrem
no contexto do diagnóstico da personalidade, os mais importantes são aqueles que se referem à
persoanlidade do paciente.
Como exemplos, podemos citar os seguintes: Conteúdos internos da vida mental do paciente;
conteúdos relativos ao ambiente do paciente (natureza e dinâmica das forças ambientais e das forças
incidentes sobre o paciente, psicopatologia da família situações de tensão e etc), conteúdos
históricos genéticos e históricos evolutivos (processos de maturação e desenvolvimento ,
regressões, de fixações, momentos de incidências psicopatológicas, etc); conteúdo das relações
psicólogo paciente; conteúdo des fatores socioculturais.
Em diagnóstico da personalidade ele pode embarcar fatores como sentir, perceber, intuir entre
tantos outros fatores que lhe emprestam um largo alcance. O pensamento clínico em diagnóstico da
personalidade dá-se duas maneiras fundamentais: a- objeto que queremos conhecer gente está
presente, dado, b- O objeto não está presente, não é dado. As formas ou modalidade de
pensamentos clínicos em diagnósticos da personalidade são os diferentes caminhos ou vias que
houve que o pensamento percorre em suas tentativas de diminuir a distância que existe entre os
problemas e as verdadeiras respostas a respeito daquilo que está acontecendo com o paciente
(provocando-lhe desajustamentos, perturbações e sofrimentos).
Não há uma única e sim várias formas ou modalidades de pensamento conduzir-se, considerando-se
a finalidade de realização do diagnóstico da personalidade. Na verdade, a forma em diagnóstico da
personalidade contém elevado grau de liberdade. O aparecimento de uma forma específica de
pensar, em face de um caso clínico, é decorrente de grande numero de determinantes em ação e da
interação entre eles. De modo geral, há uma resultante da estruturação desses determinantes, cujas
as operações em partes desconhecemos.
Quando o psicólogo se propõe a realizar um estudo diagnóstico, a observação clínica impõe-se fator
fundamental do trabalho. O nível de desenvolvimento deste instrumental primário do psicólogo
determine as suas possibilidades de estabelecer contato real com o paciente.
Uma das formas de pensamentos clínicos usuais nessa espécie de diagnóstico refere-se a
identificação, na experiência atual, de fatores que estiveram presentes em experiências anteriores,
de sorte que a solução diagnóstica se efetua por comparação entre essas duas situações. A
identificação é feita com auxílio da memória de experiências profissionais, por meio da analogia.
Identificação de objetos semelhantes aos da experiência anterior são termos que designam o
reconhecimento por parte do psicólogo daquilo que está presente em um objeto atual, por analogia
com outro ou outro objeto que fizeram parte de suas experiências no passado. Em outros termos,
reconhecer que algo significa, ou saber que algo acontece, em função da verificação de que certos
caracteres que o fenômeno observado é semelhante às características de outros ou outros
fenômenos, já conhecidos. O conhecimento, aqui, resulta da comparação entre o fenômeno atual,
desconhecido, e aquele ou aqueles conhecidos, por amor hoje estabelecido entre ambos os
fenômenos ou ambas as classes de fenômenos.
Essa analogia é possível em virtude da similaridade existente entre ambos, naquelas características
que importa ao observador. Se por exemplo, o psicólogo ser costumo a lidar com pessoas que ele
considera de determinado tipo, sua familiaridade com seu nome nos apresentados por essas pessoas
pode auxiliá-lo a reconhecer e lidar com novas pessoas, parecidas com elas. À semelhança é
naturalmente relativa a determinadas características ou partes da personalidade. A natureza do
pensamento em questão relaciona-se a processos relativamente simples de pensamento reprodutivo,
embora de modo algum, afirmemos que sejam mecânicos.
Para que a realização dessa modalidade de pensamento clínico apresente maior grau de confiança, é
forçoso que fique subordinada a determinadas condições, que são requeridas para o foco da
observação. Entregamos a expressão foco da observação para designar todos os aspectos de dada
perturbação da personalidade que são considerados pelo profissional em determinado caso seu foco
de observação não contiver as condições apropriadas a realização dessa modalidade, é preferível
evitar seu emprego.
São condições básicas: 1-contexto delimitado e definido a parte conhecida e a parte ser conhecida
são claramente especificados quanto à sua natureza e contornos:
2- Estrutura homogênea: as manifestações significantes de cada uma das partes existente no foco da
observação são homogêneas sob uma única estrutura;
3- coesão e harmonia: os preceitos de coesão e harmonia entre as partes devem ser obedecidas de
modo a que, em algum nível, haja unidade no fenômeno que se apresente ao foco da observação é o
sentido oposto de fragmentação;
4- Proximidade: Sendo constituintes de um mesmo objeto, a parte conhecida e a partes
desconhecidas estão próximas no tempo e ou no espaço, ressaltando-se elementos comuns entre
elas. A reunião dessas condições, por sua vez, auxilia a caracterizar e conceituar objeto, na acepção
utilizada in caput desse capítulo.
Capítulo 6- Pensamento classificatório
a- À medida que o profissional toma contato com os dados de um caso, certos aspectos chamam-
lhe atenção e causam-lhe impressões mais fortes do que outros. Em parte, isso ocorre devido à
experiência prévia. Aspectos que ele considera de importância secundária são, naturalmente,
eliminados do foco da atenção. Outros, que ele considera relevantes, permanecem no foco. Sobre
estes, ele considera sua atenção.
b- Os aspectos do caso que possuem conteúdo semelhantes costumam ser separados e agrupados,
formando-se, assim, às vezes vários grupos. Em termos topológicos estes grupos correspondem a
áreas da personalidade. Há várias maneiras pelas quais a aglutinação pode se realizar: Por
perturbações de funções, pelo significado psico dinâmico, pela dimensão histórico-genética e
evolutiva, etc. Geralmente, o profissional procura detectar características comuns entre duas ou
mais áreas, através de indicadores de relações entre elas.
d- A hipótese classificatória é confrontada com os dados do caso. Ela deve ser capaz de
compreender o conjunto das informações relevantes e constituir uma explicação satisfatória. Se não
preencher estas finalidades, deve surgir uma hipótese concorrente, caso o psicólogo persista em
seus propósitos de classificação. Pode ocorrer conflito entre diferentes hipóteses: será isto ou
aquilo? Normalmente, o aparecimento de novos fatos ou a explicitação de novos significados para
os fatos existentes tendem a solucionar o conflito. Permanece a hipótese mais provável, que se
afigura compatível com conjunto dos dados.
e- Surgindo novas hipóteses, os passos acima se são repetidos, seja em sucessão, seja paralelamente
aos anteriores. Convém distinguir, no mínimo entre processos psicóticos e processos neuróticos que
prevalecem em determinado momento na personalidade.
Sua principal característica consiste em que os fatos observados se referem aos termos de uma ou
mais teoria que eles explicitam o sentido. Os fatos que o psicólogo encontra em um paciente em
particular, ou a seu respeito, são reconhecidos como pertencentes ou relacionados a determinadas
concepções teóricas e, portanto, podem ser descrito segundo essas concepções.
A ocorrência deste tipo de pensamento prende-se a prévia existência de duas situações resolvidas:
a- Que o profissional identifique e distinga o que são e o que não são distúrbios da personalidade
em exame;
b- Que o profissional conheça as formulações teóricas com as quais ele realiza os distúrbios da
personalidade em exame e que essas formulações tragam um acréscimo ao conhecimento do
paciente.
Recorrência á teoria não representa uma mera passagem do individual ao universal mas, para atingir
o seus propósito, visa apresentar sentido ao fenômeno individual que a observação não foi capaz de
fazer emergir de outra maneira. Uma boa teoria é uma referência completa a respeito de um objeto
que, nos dados clínicos de um caso em particular, aparece somente de modo parcial. Apesar de na
observação esse objeto se apresentar incompleto, o psicólogo, sustentado pela teoria, faz afirmações
não só sobre a parte que ele é visível como, também sobre a parte invisível do mesmo. Deste modo,
não fica inteiramente cego como na fábula dos cegos e do elefante. Conhecendo uma parte do
objeto, por exemplo, a tromba, o sujeito pode fazer afirmações sobre objeto inteiro, elefante, devido
às informações teóricas que possui.
A teoria, assim, oferece indicações para a pesquisa de fenômenos que inicialmente não estão no
campo de observação, mas cuja existência é teoricamente esperada. É usada para completar o
significado do observado e esclarecer o que é inicialmente indeterminado. No entanto, é necessário
distinguir entre o uso da teoria com a finalidade de completar claro o de observação, e o uso em que
as relações estabelecidas são extrínsecas aos fenômenos. De modo geral, não parece adequado
formulasse conclusões diagnosticas através do vértice teórico quando é grande a imprecisão do
observado, esqueço gestão teórica pode ser enganosa.
Os fatos precedem as teorias. Cabe ao processo ao profissional ter em primeiro lugar contatos com
fatos, antes de recorrer à teoria explícita para explicá-lo. Isto significa evitar que os fatos sejam
obscurecidos por concepções prévias. Se os fatos precedem as teorias, o observador poderá
posteriormente encontrar teorias que se relacione ao observado, em nível diferente daquele em que
as observações são feitas através do véu diáfano das concepções teóricas. A teoria colocada antes do
fato faz o psicólogo correr o risco de se referir a outra coisa que não aos próprios fatos com as quais
necessita lidar.
Capítulo 8- dedução
O significado emerge sob condição de que ele seja um conhecimento anteriormente obtido,
pertencente a uma classe em que o caso atual está contido, efetuando-se uma interferência em
conformidade com os princípios do modelo dedutivo. O estudo modelo dedutivo psicologia clínica
é corriqueiro, no entanto é interessante notar que na maioria das vezes ocorre de modo implícito,
raramente verbalizado, e muito menos formulado em termos de proposições claramente definidos.
Outro aspecto não neglicenciável é que o modelo dedutivo não dispensa, ao contrário, exige o
emprego da observação e da investigação com a finalidade de determinar o conteúdo em noções
mais profundas das premissas em questão.
Esse modelo de pensamento clínico apresenta a particularidade de que, diante de fatos de ocorrência
que reclama soluções, o psicólogo concebe ideias ou hipóteses que surgem inicialmente com cunho
de verdade e que estimulam a imaginar e desenvolver procedimentos com o fito de verificar-las.
O sentido que atribuímos a prova de hipóteses é clínico e derivado das concepções de senso
comum, pelo qual o pensamento, diante de alguns fatos e propondo-se problemas diagnósticos,
imagina uma ou mais hipóteses a serem verificadas à luz de novas observações, de conformidade
com procedimentos conducentes a uma conclusão em que cada uma das hipóteses formuladas é ou
não rejeitada. Caso seja não rejeitada, é aumentado o seu grau de corroboração. Normalmente, As
hipóteses não são aleatórias, são ideias que se impõem como bastante fortes e plausíveis a ponto de
merecer aplicações de trabalho em pormenor sobre elas.
1- Existência de problemas a serem solucionados (Os problemas são geralmente apresentados sob a
forma de queixas);
6- Conclusões diagnósticas. A rigor, as hipóteses iniciais devem ser formuladas de modo tal que
constituam elucidação dos sintomas e demais perturbações da personalidade, que o psicólogo tem
em vista esclarecer. As hipóteses Devem constituir explicitações do significado e função desses
sintomas e perturbação.
Basicamente há dois tipos de situações destinadas a pôr a prova uma hipótese: a-Pelo uso
predominante de testes psicológicos; b- Pelo uso predominante de procedimentos clínicos. Os testes
são instrumentos que podem servir para a verificação de hipóteses definidas, e subordinam-se a
planejamentos e procedimentos que variam de conformidade com que elas requerem.
Por outro lado, a prova de hipóteses costuma, também, ser realizada dentro de uma situação
predominantemente clínica. Neste caso, são usados como meio de verificação de hipótese os
próprios dados clínicos, que surgem em consequência do emprego de métodos e técnicas clínicas
(Entrevistas, observações, técnicas de investigação clínica, etc). Sendo a hipótese e uma tentativa de
elucidação, ela evita ser resposta genérica a questões específicas, e coloca-se precisamente como
resposta específica aquelas questões que lhe deram origem. Não existe, por exemplo, valor prático
para maioria dos diagnósticos da personalidade, a afirmação vaga de que o paciente possui
problemas emocionais. Mas é, às vezes, de grande valor a especificação da natureza, estrutura,
dinâmica, significado e condições em que existem problemas emocionais.
Caracteriza-se pela verificação de que há no material clínico do paciente algo que se repete ao longo
do processo diagnóstico, tomando a forma aproximada de uma constante, que chamaremos de
dominador comum e que dá sentido aos dados do estudo diagnóstico.
A base formal dessa modalidade de pensamento clínico reside em que a conclusão é alcançada pela
constatação de que há um fator decisivo que está presente significativamente em todas as as partes
do material clínico.
Três condições são requeridas para a existência desse pensamento clínico: a- Definição de um
campo de variação para os dados ou material clínico; b- Descoberta do fator comum, que se repete
ao longo do campo de variação; e c- Presença do fator comum em cada uma das principais partes ou
passagens do estudo diagnóstico.
As pistas e indicações são, às vezes, precárias e obscuras e o significado a ser descoberto pode estar
escamoteado sob numerosas aparências discordantes e formas aparentemente desconectadas entre
si. Mas ele pode emergir, vindo a luz, quando seus sinais são corretamente interpretados.
O objeto de nossa descoberta são, então, configurações das personalidades inferidas a partir da
observação de suas partes, fragmentos, propriedades ou características que se manifestam nos dados
brutos (Não interpretados).
Há uma inferência, que se faz a partir da observação de aspectos visíveis, para aspectos não
visíveis. A área de inferência é maior ou menor dependendo das pistas e indicações disponíveis.
Normalmente, essa área é maior se a quantidade e a qualidade das informações forem baixas.
Embora seja uma das formas mais comuns e habituais do pensamento em psicologia clínica, é
evidente que ela fica na dependência do reconhecimento de sinais indicativos de certos significados,
por parte do psicólogo. Determinadas manifestações são pistas evidentes para o especialista, embora
o leigo possa não as reconhecer como tais.
Há também, o risco de se chegar a falsas conclusões, tomando-se por base dados insuficientes. E
mesmo existindo dados suficientes, o profissional pode se enganar, extraindo apenas aquelas pistas
que sugerem determinada direção, desprezando as demais. Neste caso concorre geralmente seus
desejos, preconcepções e memórias, impedindo a aproximação ao conhecimento. É preferível que o
psicólogo não se deixe ofuscar, e que se baseia em pistas realmente observadas e na solução por ela
sugeridas. Além disso, pode usar do critério de verificar se há dados que contrariem a conclusão
formulada.
Há, portanto, esclarecimento mútuo das partes entre si com vista a se atingir a conclusão, que é mais
ampla do que cada uma das partes tomadas isoladamente.
O produto final da construção é a conclusão diagnóstica, ou seja, uma concepção diagnóstica mais
geral resultante da integração sucessiva de várias interpretações perfazendo um todo unitário,
compreensível e harmônico. Reconhece-se a construção como produto terminado do estudo
diagnóstico. Nada mais é necessário acrescentar de essencial em relação aos objetivos visados, se
estes forem atingidos.
O psicólogo vê-se confrontado com a necessidade de se decidir por uma dentre as várias hipóteses
que se apresentam. É imperioso que ele considere os fatos de modo a eliminar aquelas hipóteses ou
alternativas que se revela em desacordo ou em menor acordo com eles. Há uma verdadeira atividade
mental de depuração mediante a qual são rejeitadas as alternativas menos verosímeis e, ás vezes
toda uma linha ou sistema de alternativas, em favor de outras. Assim, de tentativa para tentativa vai
havendo exclusão das alternativas, antes cogitadas, que se verificarem menos apropriadas á solução
do problema diagnóstico.
É óbvio que em cada situação o processo de tentativas será ampliado ou reduzido de acordo não só
com a natureza do material, que facilita ou oferece resistência, mas também o próprio sujeito que
concebe versões e lida com as informações.
O processo de pensar, sob essa modalidade clínica é, às vezes mais complicado do que indica nossa
descrição, quando envolve um processo de tomada de decisões progressivamente mais específicas.
É sob Esta modalidade que geralmente se coloca a maioria dos assuntos que designamos como
diagnóstico diferencial.
A ideia central contida nessa modalidade de pensamento clínica é de que, em determinado momento
do estudo de caso, todas as partes, passagens ou fases constantes do processo diagnóstico, que
apresente alguma importância semiológica, sofram representação simultânea na mente do pensador,
que as tem presente de chofre, em bloco e como totalidade. Não se trata, porém, de mera relação de
partes entre si, mas da visão inclusiva de conjunto que distingue as partes e, ao mesmo tempo, a
inserção de cada uma num contexto globalizador. O processo geral é, pois, constituído por uma
visão sincrônica em que cada segmento, ao invés de ser considerado sucessiva ou alternadamente, é
observado como seguimento e, também como parte de um todo. A visão sincrônica, quando surge,
dá sentido aos dados.
As várias partes significantes de um objeto inteiro estão inicialmente dispersas, não no objeto, mas
em nossa mente. Estas partes, ao serem encontradas por nós, permitem uma recomposição mental
da natureza do objeto inteiro. A solução diagnóstica é a descoberta do significado do objeto inteiro
a partir da observação dos fragmentos dispersos. É a recomposição desse objeto destes seus
elementos isolados que não só passam a ter significado em relação ao todo, como desvendam o
significado do próprio todo.
O sentido não aparece, de fato devida à ausência de um fator importante de tipo simples ou
complexo (que às vezes ainda precisa ser investigado), a ser incluído no processo de pensamento
clínico. No momento em que o fator que está faltando é desvendado vindo ocupar o seu lugar, então
surge sentido e significado para o conjunto das informações relevante de que dispomos. Ele é
designado pela constatação de que seu lugar deve ser preenchido. Esse fator oferece compreensão
ao todo, ou seja, faz completar uma visão de conjunto significativa em que as partes se estruturam
como unidade e totalidade. Ao oferecer sentido aqui ao conjunto, o próprio fator emergente tem
sentido como parte dele. Assim, é solucionado o problema diagnóstico, atingindo se a conclusão,
pois encontramos aquilo que faltava para que a conclusão se completasse. E completando, há
fechamento.
Na prática do diagnóstico psicológico essa modalidade de pensamento clínico pode ser descrita, em
termos gerais da seguinte maneira: O profissional, ao atender o paciente, “ouve” atentamente o que
este comunica entendendo-se por ouvir não apenas a comunicação verbal porventura existente, mas
também a não verbal. Para além da natureza e significado inteligível da comunicação oral do
paciente, e aparentemente sem qualquer relação evidente com ela, surgem de modo espontâneo
imagens intuitivas na mente do profissional. São imagens de conteúdo tal que no primeiro momento
podem ser experimentadas como fora do contexto das observações e da conversação mantida
durante a entrevista. Ao se dar atenção a elas e ao sentido que possuem, verifica-se, porém, que não
são independentes das situações emocional do paciente, ao contrário correspondem aquilo que ele
pretende comunicar a respeito de seus estados mentais mais profundos. No momento em que o
significado dessas imagens é verbalizado ao paciente, este reconhece-o como algo relevante que lhe
estado acessível á sua verbalização. Isto devido ao fato de que o paciente não consegue comunicar
por meio de palavras tudo quanto necessita, havendo áreas mentais inacessíveis a sua simbolização.
A comunicação do conteúdo destas áreas é então tentada pelo paciente de modo não verbal e pode
ser captada pelo profissional de modo igualmente não verbal, e com êxito por via de imagens
intuitivas. A estrutura dessas imagens assemelha-se a daquelas descritas pelos psicólogos como
imagens mentais; todavia apresenta uma notável peculiaridade de representar na mente do
profissional significados emocionais expressos de modo não verbal pelo paciente. A conclusão
diagnóstica, neste caso, é resultante da decifração da mensagem que surge no bojo das imagens
intuitivas. Se o paciente é realmente compreendido pelo profissional, que ele transmite significados,
é realizada uma passagem para o pensamento verbal, ou há a gênese do verbal naquela área da
personalidade. Aquilo que tinha sido um conglomerado de sensações sem nome para o paciente,
passa a ser experimentado como algo com sentido e significado emocional.
O termo intuição é, via de regra utilizado em um dos diversos sentidos que possui. Para nós é
denotativo de uma operação do aparelho mental que consiste em captar, em um conjunto de dados,
o sentido e o significado de um fato, uma ação, uma ideia ou um sentimento que dizem respeito às
camadas profundas da situação emocional não verbal de outro indivíduo, ou outros indivíduos, e
que está mais além daquilo que é manifestos nos dados imediatamente observáveis.
Um problema que se impõe e que não pode ser eludido pelo profissional ao tomar decisões
diagnostica é a diferenciação entre imagens intuitivas e outras imagens correspondentes a conteúdos
de sua própria personalidade que nada tem a ver comando interno do paciente. A diferenciação
entre elas faz-se pela experiência profissional de lidar com fenômeno dessa natureza. Por isso,
proconizamos um uso cauteloso dessa forma de pensamento clínico: No caso de não ser a única via
de acesso os fenômenos emocionais a que se refere, seria usada em combinação com outras vias que
permitissem novas verificações; no caso, porém, de se apresentar como a única via de acesso a esses
fenômenos, seria desejável que seu emprego ficasse restrito aos profissionais que passaram por
análise pessoal.
Para desenvolver seu trabalho em atmosfera mental dessa natureza, o psicólogo necessita estar
atento em sintonia não apenas em relação ao que se passa com o paciente como, somente, consigo
mesmo. Deste modo, ele pode receber e experimentar cargas afetivas intensas e profundas e, ao
mesmo tempo situar-se como mediador entre as manifestações psíquicas em estado bruto do
paciente e a respectiva transformaão em conhecimento. Ele passa a ser um instrumento desta
transformação, desde que o seu sentir, que é diferente do sentir do paciente, seja percebido e
empregado no sentido de alcançar um significado para aquilo que está envolvido na situação. O
sentir é, então, como a razão um fator constitutivo fundamental do pensamento clínico psicológico.
Além da já mencionada opção de estar preparado para experimentar intensas cargas emocionais, a
fim de desvendar-lhes o sentido, um fator essencial é o profissional estar em plena sintonia consigo
mesmo. Isto quer dizer que ele se observa atentamente com a intenção de obter compreensão do que
se passa consigo e com o paciente. Consulta suas próprias emoções para que estas lhe informem o
significado que possuem, por exemplo, um gesto aparentemente insignificante, o menor sorriso,
certas formas de olhar, de se movimentar, que ele observa nos demais e que lhe transmitem
emoções. Ao observar-se, tendo familiaridade com o fluxo do próprio mundo interno, o profissional
está em condições favoráveis para reconhecer fenômenos da vida interior de outras pessoas.
Assim, ele estabelece contato com fenômenos mentais que lhe são prenhes de sentido justamente
porque seu sentir é a expressão de experiências emocionais profundas, as quais ele tem acesso.
Nessas condições há um estado de visão aumentada ou nível de consciência ampliada relativamente
aos fenômenos da vida emocional e aos movimentos da vida em geral, no sentido de que o
psicólogo sente com profundidade e penetrância o significado de certas ocorrências profissionais
que observa. Deste modo, ele consegue comungar em uma consciência mais profunda e
universalizante da sua própria situação e das demais pessoas isto é, em contexto mais abrangente da
condição humana e da vida neste planeta. Os contextos mais abrangentes do sentir são infinitos,
expressando-se de infinitas maneiras. Eles depender do momento do sentir, da personalidade de
quem sente e, também no contexto daquilo que se observa e que está em jogo no momento do
sentir. Eles não podem ser simplesmente arrolados ou categorizados porque, assim como para a
sabedoria, não há para eles limites pensados pela nossa mente dentro do quais fiquem saturados.
Mesmo em casos extremos, quando nada sabemos informar sobre a natureza dos processos e
operações pelos quais um profissional consegue atingir determinada conclusão diagnóstica,
costumamos nos referir ao fato de ele obtê-la (se fenômeno se torna realmente significativo) como
um insight que teve a respeito daquilo que se passa com o paciente.
Indicamos, pois insight como um processo pela qual o significado de um objeto ou situação se torna
claro para pessoa que observa esse objeto ou situação. O insight, No sentido apontado, é uma
função mental que pode estar presente em todo e qualquer modalidade de pensamento clínico
descrito, desde que seja preenchida a condição de corresponder realmente a uma estruturação ou
reestruturação significativas no contexto diagnóstico, feita de tal modo que a conclusão resulte de
procedimentos mentais com sentido e significados estruturais. Excluem-se, portanto, as meras
justaposições cegas externas e mecânicas de elementos, e outras sem sentido contextual
estruturante.