A Regularização Fundiária Rural e Urbana - Reurb S, Reurb E e Reurb-I
A Regularização Fundiária Rural e Urbana - Reurb S, Reurb E e Reurb-I
A Regularização Fundiária Rural e Urbana - Reurb S, Reurb E e Reurb-I
INTRODUÇÃO
Regularização Fundiária
(lato sensu)
• Precisamos lembrar que a “Regularização Fundiária” (RF) lato sensu é um conceito aberto e amplo, o qual
se relaciona com todos os mecanismos e institutos que promovem a adequação e a conformação de um
empreendimento imobiliário ao regramento posto.
• RF lato sensu é muito mais do que constou da Lei nº 11.977/09 e agora da Lei nº 13.465/2017.
• Não se fala em Regularização Fundiária no Brasil desde 2009, mas há décadas. Desde que se perceberam
os problemas do êxodo rural (expansão desordenada do solo).
• O caminho da normalidade é o que deve ser constantemente perseguido, a fim de que as regularizações
extraordinárias não se tornem a regra. Tanto é verdade que sempre há limite temporal para suas
aplicações [Ex.: Art. 9º, §2º da Lei nº 13.4652/17 (22 de dezembro de 2016); e, art. 54, §1º da Lei nº
11.977/09)].
• Sobre estes casos (extraordinários), e sobre os casos normais (ordinários), é que trataremos aqui.
Programação
1ª PARTE: PANORAMA GERAL
3ª PARTE: CONHECER O NOVO MARCO LEGAL QUE TRATA DE REGULARIZAÇÃO DE IMÓVEIS (URBANOS E RURAIS)
1ª PARTE:
PANORAMA GERAL
• O desenvolvimento das cidades como hoje se vislumbra, com respeito às regras ambientais e urbanísticas
e pensando na sustentabilidade, necessariamente exige uma medida de combate às irregularidades.
• E aqui vem muito bem a Lei nº 13.465/17 porque, pelos institutos criados, permitirá o acesso de todo
imóvel ao sistema registral e ao mercado formal, o que interessa (i) aos Municípios (controle urbanístico
e arrecadação de tributos), (ii) ao posseiro (poderá acessar o sistema financeiro e, com isso, promover
melhorias no imóvel e na coletividade em face do seu trabalho), (iii) à sociedade em geral (conhecerá com
precisão os direitos que precisa respeitar) e (iv) ao sistema registral (poderá oportunizar segurança jurídica
a todos).
• O direito à moradia, consagrado como um direito social (art. 6º da Constituição Federal), está intimamente
ligado com o direito real de propriedade. Não se confundem, mas se correlacionam.
• Importa a quem tem sua moradia alcançar a propriedade formal, o que pode ser dar pela implementação
dos institutos previstos na Lei nº 13.465/17.
• O direito à moradia desconectado da propriedade formal reduz sobremaneira os atributos que a coisa
pode gerar (jus utendi + jus fruendi + jus disponendi).
• Ao tratarmos da regularização de imóveis, é necessário ressaltar que o ápice ou o alcance da norma jurídica
(Constituição Federal, Lei nº 4.591/64, Lei nº 6.766/79, Lei nº 9.785/99, Lei nº 10.257/01, Lei nº 10.406/02,
Lei nº 11.977/09, Lei nº 13.465/17 etc.) dar-se-á através do registro imobiliário.
• Portanto, toda regularização de imóveis deverá ter como alvo o acesso de um título hábil ao Fólio Real.
Desta forma, os interessados devem se ater aos princípios registrais previstos na Lei dos Registros Públicos
(legalidade, continuidade, disponibilidade, especialidade etc.), com certo abrandamento quando da
aplicação da Regularização Fundiária (stricto sensu).
• “O Registro de Imóveis foi o destinatário final da regularização fundiária com o dever jurídico de presidir o
procedimento e verificação dos requisitos estabelecidos na lei, os instrumentos da demarcatória e
legitimação de posse também tem por objetivo o direito de propriedade.” (Marcelo Augusto Santana de
Mello, O direito à moradia e o papel do Registro de Imóveis na regularização fundiária, Revista de Direito
Imobiliário n. 69, ano 33, julho-dezembro de 2010, p. 29 – LEITURA OBRIGATÓRIA).
COMO ESTAMOS TRABALHANDO COM IMÓVEL, IMPORTANTE CONHECER SEU CONCEITO E NATUREZA
Sempre que se vai trabalhar com IMÓVEL é preciso conhecer sua NATUREZA, se RURAL ou URBANO, para
verificar qual a legislação incidente.
- CADASTRO – Critério: DESTINAÇÃO (art. 4º, I, do Estatuto da Terra, art. 93 do Decreto nº 59.428/66 e
art. 15 do Decreto-lei nº 57/66).
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:
I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização que se DESTINA à
exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de
valorização, quer através de iniciativa privada;
- FISCAL – Critério: LOCALIZAÇÃO (Lei nº 9.393/96, Decreto nº 4.382/02 e art. 32, §1º do CTN).
Decreto nº 4.382/02.
Art. 2º. O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, de apuração anual, tem como fato gerador a
propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, LOCALIZADO fora da zona urbana do
município, em 1o de janeiro de cada ano (Lei no 9.393, de 19 de dezembro de 1996, art. 1º).
Art. 9º Para efeito de determinação da base de cálculo do ITR, considera-se imóvel rural a área contínua, formada
de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município, ainda que, em relação a
alguma parte do imóvel, o sujeito passivo detenha apenas a posse (Lei nº 9.393, de 1996, art. 1º, § 2º).
Parágrafo único. Considera-se área contínua a área total do prédio rústico, mesmo que fisicamente
dividida por ruas, estradas, rodovias, ferrovias, ou por canais ou cursos de água.
DESTINAÇÃO X LOCALIZAÇÃO
2ª CAUSA: A Lei nº 6.766/79 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano) também previu o módulo urbano, quando
estabeleceu que nenhum imóvel oriundo de loteamento poderia ter área inferior a 125m².
SUGESTÕES DE ESTUDO
AGENDA 21 e AGENDA HABITAT
A Agenda 21 é um programa de ação, baseado num documento de 40 capítulos, que constitui a mais
ousada e abrangente tentativa já realizada de promover, em escala planetária, um novo padrão de
desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.
Trata-se de um documento consensual para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade
civil de 179 países num processo preparatório que durou dois anos e culminou com a realização da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), em 1992, no Rio de
Janeiro, também conhecida por ECO-92.
Além da Agenda 21, resultaram desse processo cinco outros acordos: a Declaração do Rio, a Declaração de
Princípios sobre o Uso das Florestas, o Convênio sobre a Diversidade Biológica e a Convenção sobre Mudanças
Climáticas.
- Dinâmica demográfica e sustentabilidade;
- Promoção do desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos.
http://www.ecolnews.com.br/agenda21/
http://jus.uol.com.br/revista/texto/1692/n
HISTÓRICO DOS PROBLEMAS COM
IMÓVEIS RURAIS
1. Código Civil de 1916: Regulou a aquisição da propriedade imobiliária, inclusive a formação de condomínio
comum, não impondo restrições para o parcelamento do solo.
OBS.: Até então, os problemas oriundos da formação de condomínios eram poucos, porque, via de regra, cada
imóvel era de apenas um proprietário.
2. Art. 65 da Lei nº 4.504/64 (ESTATUTO DA TERRA): Criou o módulo rural – área mínima de parcelamento do
imóvel rural -, o qual foi substituído, posteriormente, pela fração mínima de parcelamento (Art. 8º, §3º,
da Lei nº 5.868/72).
OBS.: Com tal restrição, multiplicaram-se os condomínios e os problemas, pois começaram a ser alienadas e
oneradas frações ideais de imóveis, gerando um caos para muitos proprietários. Hoje, esta situação é vista
com restrições.
Lei nº 5.868/72
Art. 8º - Para fins de TRANSMISSÃO, A QUALQUER TÍTULO, na forma do Art. 65 da Lei número 4.504, de 30 de
novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser desmembrado ou dividido em área de tamanho
inferior à do módulo calculado para o imóvel ou da fração mínima de parcelamento fixado no § 1º
deste artigo, prevalecendo a de menor área. (VER DECRETO Nº 62.504/68)
§ 3o São considerados NULOS e de nenhum efeito quaisquer atos que infrinjam o disposto neste artigo não
podendo os serviços notariais lavrar escrituras dessas áreas, nem ser tais atos registrados nos Registros
de Imóveis, sob pena de responsabilidade administrativa, civil e criminal de seus titulares ou
prepostos.
REDAÇÃO ANTERIOR
§ 4º - O disposto neste artigo não se aplica aos casos em que a alienação da área se destine comprovadamente
a sua anexação ao prédio rústico, confrontante, desde que o imóvel do qual se desmembre permaneça
com área igual ou superior à fração mínima do parcelamento.
REDAÇÃO ATUAL
§ 4o O disposto neste artigo NÃO SE APLICA: (Redação dada pela Lei nº 13.001, de 2014)
I - aos casos em que a alienação da área destine-se comprovadamente a sua anexação ao prédio rústico,
confrontante, desde que o imóvel do qual se desmembre permaneça com área igual ou superior à
fração mínima do parcelamento; (Incluído pela Lei nº 13.001, de 2014)
II - à emissão de concessão de direito real de uso ou título de domínio em programas de regularização fundiária
de interesse social em áreas rurais, incluindo-se as situadas na Amazônia Legal; (Incluído pela Lei nº
13.001, de 2014)
III - aos imóveis rurais cujos proprietários sejam enquadrados como agricultor familiar nos termos da Lei
no 11.326, de 24 de julho de 2006; ou (Incluído pela Lei nº 13.001, de 2014)
IV - ao imóvel rural que tenha sido incorporado à zona urbana do Município. (Incluído pela Lei nº 13.001, de
2014)
OBRIGAÇÕES DO REGISTRADOR IMOBILIÁRIO
Criados os módulos rural e urbano, o Estado outorgou aos Registradores Imobiliários e, também, aos
Notários, o dever de fiscalização destas normas (assim como de várias outras não afetas ao Direito Notarial e
Registral), impedindo a lavratura de Escrituras Públicas e a realização de Registros com inobservância das
citadas legislações, sob pena de NULIDADE do ato e de responsabilidade do Titular.
O Registrador, ao receber título para registro em sua Serventia, cujo conteúdo contenha indícios ou
evidências de loteamento irregular ou clandestino, deverá impugná-lo, noticiando o fato imediatamente ao
representante do Ministério Público local.
REGRA SOBRE A PROPRIEDADE: ALODIALIDADE (exclusividade). Vale para imóveis urbanos e rurais.
Art. 1.231 do Código Civil. A propriedade presume-se PLENA E EXCLUSIVA, até prova em contrário.
Art. 504 do CC. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte
quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der conhecimento da venda, poderá,
depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e
oitenta dias, sob pena de decadência.
Não raras vezes, os títulos que aportam no Registro Imobiliário aparentam não apresentar problemas.
Em que pese a lei não vedar a formação do condomínio comum, mas também não o incentiva (PRINCÍPIO
DA EXCLUSIVIDADE – art. 1.231 do CC), os Notários e Registradores devem estar atentos a situações desta
natureza.
Desta forma, o Oficial, usando o seu prudente critério, deverá impedir o ingresso no Álbum Imobiliário de
títulos de alienação de áreas ideais, ou que não contenham alguma motivação suficiente para não atender
a condição de exclusividade.
Assim, ficou criado e instituído por lei um grande problema. Tais restrições se aplicam a qualquer espécie
de imóvel. Recomenda-se muita atenção sempre que se está por estabelecer uma situação que crie um
condomínio indivisível.
Por exemplo, tanto para os imóveis urbanos, quanto para os rurais, exige-se MOTIVAÇÃO para a aquisição
de fração ideal que represente área inferior ou ao módulo urbano, ou à fração mínima de parcelamento
(Ver arts. 61 e 65 do Estatuto da Terra, art. 94 do Decreto nº 59.428/66, art. 8º da Lei nº 5.868/72 e item 4
da Instrução nº 17-b do INCRA. Ver, também, proc. 592095053 do TJRS).
Ex. URBANO: Formação de um condomínio edilício, regido pela Lei nº 4.591/64 e pelo Código Civil de 2002
(também é forma de regularização de imóvel).
REFLEXÕES:
Será que não é chegado o momento de repensarmos SE os conceitos há muito estabelecidos, que são fontes
de mais problemas do que soluções, são ou não adequados para o Brasil?
Será que Carta Magna, quando fixou que a propriedade atenderá a sua função social, recepcionou as vetustas
legislações que vão, em parte, de encontro aos interesses da própria sociedade?
URBANOS
– Loteamento e Desmembramento (Lei nº 6.766/79 e arts. 1.224 e segs. do Código de Normas local);
– Desdobro/Fracionamento (ver art. 1.241 do Código de Normas local – procedimento simples)
– Condomínio Edilício (incorporação imobiliária e instituição de condomínio – Lei nº 4.591/64, arts.
1.331 e segs. do Código Civil e arts. 1.259 e segs. do Código de Normas local);
– Regularização Fundiária de Interesses Social e Específico (Lei nº 13.465/17);
– Regularização de Áreas Públicas decorrentes de Parcelamento do Solo (art. 195-A da Lei nº 6.015/73
e art. 22 da Lei nº 6.766/79);
– Regularização de Áreas Públicas (Discriminatória – Lei nº 6.383/76);
– Regularização Fundiária na Amazônia Legal (Lei nº 11.952/09);
– Imóveis da União;
– Regularização de Imóveis da União (Lei nº 5.972/73 e Lei nº 11.481/07);
– Regularização de Quilombos (Decreto nº 4.887/03).
RURAIS
– Decreto-lei nº 58/37 e art. 53 da Lei nº 6.766/79.
2ª PARTE:
IMÓVEIS URBANOS
1. DESDOBRO/FRACIONAMENTO
2. LOTEAMENTO
• 2.1. LOTEAMENTO COMUM
• 2.2. LOTEAMENTO FECHADO
3. DESMEMBRAMENTO
4. CONDOMÍNIOS
• 4.1. CONDOMÍNIO COMUM (CIVIL)
• 4.2. CONDOMÍNIO EDILÍCIO
OBS.: Condomínio de Lotes passou a integrar a Lei nº 13.465/17 (art. 58) e a Lei nº 6.766/79 (art. 2º, §7º e art.
4º, §4º).
OBS.: Temos que estudar com igual ou com maior vigor os meios ordinários de regularização, não só os
extraordinários (foco na Prevenção!).
LOTEAMENTOS CLANDESTINOS
OU IRREGULARES
A problemática enfrentada pelos operadores do Direito no que tange ao assunto da regularização fundiária
de imóveis URBANOS é, num primeiro momento, a inação por parte da Administração Pública
Municipal no sentido de fiscalizar e inibir a formação de loteamentos clandestinos ou irregulares.
Ver trabalho Marcelo Augusto Santana de Melo (Boletim do IRIB em revista de março/abril de 2004).
IMÓVEIS RURAIS
Lei nº 6.766/79
Art. 53. Todas as alterações de uso do solo rural para fins urbanos dependerão de prévia audiência do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, do Órgão Metropolitano, se houver, onde se localiza o
Município, e da aprovação da Prefeitura municipal, ou do Distrito Federal quando for o caso, segundo as
exigências da legislação pertinente.
3. Regularização Fundiária:
Reflexões sobre as Inovações Legislativas
• Esta breve exposição pretende refletir sobre a Regularização Fundiária decorrente da publicação da Lei nº
13.465/17.
• Importa mencionar que a citada norma também alterou outras legislações, como a Lei nº 6.015/73 (art.
216-A) e a Lei nº 9.514/97, assuntos que NÃO constaram da MPV nº 759/16.
Por exemplo, o art. 216-A da Lei nº 6.015/73 possivelmente será corrigido readequando a presunção
decorrente do silêncio, agora presumindo a concordância, o que será benéfico para as regularizações. Também
trata sobre novos títulos averbáveis.
Sobre a Lei nº 9.514/97, houve a alteração de diversos dispositivos, ficando regido com maior precisão o valor
do imóvel para fins de leilão, o procedimento de intimação (com hora certa) e outras questões relacionadas
com os empreendimentos PMCMV e FAR etc. (ver http://registrodeimoveis1zona.com.br/?p=2039)
CRÍTICAS à MP nº 759/16
Textos adaptados da publicação feita por Rosane Tierno, no grupo [email protected], intitulado
“Câmara pode retomar na quarta debate da MP da regularização”
1. Exigências urbanísticas são relegadas em favor de aspectos de mercado.
2. Permissão para que os assentamos urbanos sejam regularizados sem intervenções urbanísticas e
infraestrutura.
3. O Projeto de Lei de Conversão 12/2017 dispensa a exigência do Habite-se nos casos de regularização de
conjuntos habitacionais localizados em áreas Reurb-S, favelas, cortiços (denominados no texto com o eufemismo
de “condomínios urbanos simples”) e construções sobre lajes.
4. “No substitutivo da MP 759/2016 foram incluídos itens novos que nada tem a ver com regularização fundiária,
isto é, com a regularização do que já está feito. Trata-se da permissão para que lei municipal criem “loteamentos
de acesso controlado” e “condomínios de lotes” ainda a serem empreendidos”. Com tais dispositivos, ao invés
de integrar as áreas hoje informais à cidade formal, a MP amplia os “muros” que as separam”.
5. CONTRADIÇÃO COM OS COMPROMISSOS ASSUMIDOS COM A ONU - “Os processos desencadeados pela MP
759 não contribuem para a efetiva implementação da Nova Agenda Urbana de forma a tornar as cidades e os
assentamentos humanos mais inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. A Nova Agenda foi recém definida
pelas Nações Unidas na conferência Habitat III e do qual o Brasil foi um dos signatários”.
Pergunto: O que fazer com o que está consolidado? Trazer para o mundo jurídico formal é o melhor caminho,
SMJ.
4. Regularização Fundiária:
MARCO REGULATÓRIO
• Até a publicação da MP nº 759/16 vinham sendo bem aplicadas as regularizações da Lei nº 11.977/09.
• Hoje temos um novo MARCO REGULATÓRIO em face da Lei nº 13.465/17, com grandes novidades.
5. Regularizações Fundiárias Rural e Urbana da
Lei nº 13.465/17
• Com a publicação da lei no DOU de 12.7.2017, contamos com nova legislação dispondo sobre:
– regularização fundiária rural e urbana;
– regularização fundiária da Amazônia Legal;
– procedimentos de alienação de imóveis da União;
– normas de interesse do registro eletrônico no país.
6. Histórico da Aprovação
• A MP nº 759/16 entrou em vigor na data da sua publicação (art. 74), em 23/12/2016.
• Foi aprovado, em 31/5/2017, no Congresso Nacional o PL 12/2017 (conversão da MP 759/17).
• Convertido em lei pela aprovação da Lei nº 13.465/17, publicada no DOU de 12.7.2017.
Lei nº 13.465/2017
• Art. 2º A Lei nº 8.629, passa a vigorar com as seguintes alterações:
Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:
II - Pequena Propriedade - o imóvel rural:
a) de área até 4 (quatro) módulos fiscais, respeitada a fração mínima de parcelamento;
Pontos mais relevantes da Lei nº 13.465/17 para a RFR
a) Parâmetros para fixação do preço da terra fixados em lei (art. 18, §5º da Lei nº8.629/93);
b) Simplificação das cláusulas resolutivas e modernização dos instrumentos de fiscalização;
Regularização Fundiária Urbana - REURB
Conceito de REURB
• De acordo com o artigo 9º, a Lei nº 13.465/17 instituiu normas gerais e procedimentos aplicáveis, no
território nacional, à Regularização Fundiária Urbana - Reurb, a qual abrange medidas jurídicas,
urbanísticas, ambientais e sociais que visam à regularização de núcleos urbanos informais.
• Como se vê, a Lei modificou os conceitos de regularização fundiária urbana, ao alterar o campo de atuação
de “assentamento irregular” para núcleo urbano informal, o qual tem um maior alcance.
Art. 11, I
I - núcleo urbano: assentamento humano, com uso e características urbanas, constituído por unidades
imobiliárias de área inferior à fração mínima de parcelamento prevista na Lei n o 5.868, de 12 de dezembro de
1972, independentemente da propriedade do solo, ainda que situado em área qualificada ou inscrita como
rural;
Art. 11, II
II - núcleo urbano informal: aquele clandestino, irregular ou no qual não foi possível realizar, por qualquer modo,
a titulação de seus ocupantes, ainda que atendida a legislação vigente à época de sua implantação ou
regularização;
Conceitos
Para um melhor entendimento sobre o que abarca os conceitos de Núcleo Urbano Informal e de Núcleo Urbano
Informal Consolidado, trataremos dos três tipos apontados:
• Irregulares
• Clandestinos
• Regulares sem titulação a ocupante
Tipos de Irregularidades
• Irregularidade Formal - que não lograram registro imobiliário por defeito ou falta na documentação
(muitas vezes envolve loteamentos de glebas sem titulação em nome do loteador).
• Irregularidade Material - loteamentos que não cumpriram com as obrigações assumidas junto à
municipalidade (especialmente no que se refere a não-realização, a contento, das obras de infraestrutura).
Art. 11,
IV - demarcação urbanística: procedimento destinado a identificar os imóveis públicos e privados abrangidos
pelo núcleo urbano informal e a obter a anuência dos respectivos titulares de direitos inscritos na matrícula dos
imóveis ocupados, culminando com averbação na matrícula destes imóveis da viabilidade da regularização
fundiária, a ser promovida a critério do Município;
Art. 11,
V - Certidão de Regularização Fundiária (CRF): documento expedido pelo Município ao final do procedimento
da Reurb, constituído do projeto de regularização fundiária aprovado, do termo de compromisso relativo a sua
execução e, no caso da legitimação fundiária e da legitimação de posse, da listagem dos ocupantes do núcleo
urbano informal regularizado, da devida qualificação destes e dos direitos reais que lhes foram conferidos;
Art. 11,
VIII - ocupante: aquele que mantém poder de fato sobre lote ou fração ideal de terras públicas ou privadas em
núcleos urbanos informais.
• Ocupam o imóvel como se proprietários fossem, diferente daqueles que contrataram com o proprietário
do imóvel objeto da Reurb (locatário, arrendatário etc.)
Detenção x Posse
• DETENÇÃO: é uma posse degradada, juridicamente desqualificada pelo ordenamento vigente*
• Não induzem posse os atos daqueles que detêm a coisa por mera permissão ou tolerância do proprietário
(art. 1.208, 1ª parte, do CC).
• A pessoa que ocupa imóvel público não é possuidor, mas sim detentor do imóvel.
• POSSE: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade (Art. 1.196 do Código Civil).
• A detenção de área privada não configura como “ocupante” para fins de REURB.
Adequação a Realidade
• Referente a aplicação da Reurb, a Lei nº 13.465/17 autoriza a dispensa, pelos Municípios, das regras
urbanísticas estabelecidas para o desenvolvimento urbano (Art. 11, §1º).
• Esta facilidade alcança as duas modalidades da Regularização (Art. 13):
– Reurb de interesse social - Reurb-S
– Reurb de interesse específico - Reurb-E
ATENÇÃO: Art. 11, §5º: A Lei nº 13.465/17 NÃO se aplica aos núcleos urbanos informais situados em
áreas indispensáveis à segurança nacional ou de interesse da defesa, assim reconhecidas em decreto
do Poder Executivo federal (ver Leis nº 5.709/71 e 6.634/79).
Tamanho da Área Rural
• Como se sabe, o imóvel rural se caracteriza pela sua destinação e não pela localização.
• Por isso, é importante ressaltar que o imóvel rural pode estar dentro do perímetro urbano (Ex.: Porto
Alegre tem imóveis rurais).
• Com as alterações legislativas, agora é permitido o desmembramento ou divisão em área de tamanho
inferior à do módulo ou da fração mínima de parcelamento.
• Notificações para cancelamento de registros no CAR (Cadastro Ambiental Rural ) e demais cadastros: Incra,
o Ministério do Meio Ambiente e a Receita Federal do Brasil serão notificadas pelo Registrador, após o
registro da REURB (Art. 44, §7º)
Área de Preservação Permanente
• É possível a Reurb em área de preservação permanente (Art. 11, §2º), desde que elaborado estudos
técnicos que justifiquem as melhorias ambientais em relação à situação anterior, inclusive por meio de
compensações ambientais, quando for o caso.
• A regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária.
Lei nº 13.465/2017
• Art. 12. A aprovação municipal da Reurb de que trata o art. 10 corresponde à aprovação urbanística do
projeto de regularização fundiária, bem como à aprovação ambiental, se o Município tiver órgão
ambiental capacitado.
...
• § 4º A aprovação ambiental da Reurb prevista neste artigo poderá ser feita pelos Estados na hipótese de
o Município não dispor de capacidade técnica para a aprovação dos estudos de que trata este artigo.
Atenção!
• A lei impõe a necessidade de melhoria das condições ambientais (art. 11, §3º).
• Não bastará manter o meio ambiente como está, terá de fazer algo a mais.
cota máxima maximorum (nível de água mais elevado para o qual a barragem foi projetada).
Exemplo
Constatação de APP
• Não será exigida APP no entorno de reservatórios artificiais de água que não decorram de barramento ou
represamento de cursos d’água naturais (Art. 4º, §1º do Código Florestal) – Exemplo: Açudes.
Conceitos
Art. 2º da Lei nº 9.985/2000
Unidade de Conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos. (Ex.: Área de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista,
etc.)
Uso Sustentável: exploração do ambiente visando a sua manutenção, de forma socialmente justa e
economicamente viável.
Unidades de Conservação e Uso Sustentável
A Lei nº 9.985/2000 dispõe os diferentes tipos de Unidades de Uso Sustentável, nas quais poderá ser verificada
a possibilidade de aplicação da Reurb.
Projeto da REURB
• A Reurb pode abranger área de unidade de conservação de uso sustentável, conforme Art. 11, §2º e §3º
da Lei nº 13.465/17 e dispositivos da Lei nº 9.985/2000, sendo necessária:
– conformidade com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade;
– anuência do órgão gestor da unidade;
– estudo técnico comprovando que essa intervenção implique na melhoria das condições ambientais.
Lei nº 13.465/2017
• (Repetindo) Art. 11, § 5º. Esta Lei não se aplica aos núcleos urbanos informais situados em áreas
indispensáveis à segurança nacional ou de interesse da defesa, assim reconhecidas em Decreto do Poder
Executivo Federal.
OBJETIVOS da REURB
• O art. 10 apresenta os objetivos da Reurb. Entre outros, é possível apontar (i) garantir o direito social à
moradia digna e às condições de vida adequadas; (ii) garantir a efetivação da função social da
propriedade; (iii) ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar
de seus habitantes; (iv) concretizar o princípio constitucional da eficiência na ocupação e no uso do solo;
• Na Lei nº 11.977/09 estes objetivos estavam elencados como Princípios.
Análise do art. 10 frente a Constituição Federal
• A Lei nº 13.465/07 trouxe algumas alterações para os objetivos.
• Aqui serão demonstrados os textos que sofreram alterações, bem como os novos objetivos inseridos e seus
reflexos à luz da Constituição Federal.
Art. 10, I - identificar os núcleos urbanos informais que devam ser regularizados, organizá-los e assegurar a
prestação de serviços públicos aos seus ocupantes, de modo a melhorar as condições urbanísticas e ambientais
em relação à situação de ocupação informal anterior;
CF/88
Art. 30. Compete aos Municípios:
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,
do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
Art. 10, III - ampliar o acesso à terra urbanizada pela população de baixa renda, de modo a priorizar a
permanência dos ocupantes nos próprios núcleos urbanos informais regularizados;
CF/88
Art. 30. Compete aos Municípios:
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,
do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
CF/88
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos;
Art. 10, V - estimular a resolução extrajudicial de conflitos, em reforço à consensualidade e à cooperação entre
Estado e sociedade;
CF/88
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se [...] pelos seguintes princípios:
VII - solução pacífica dos conflitos;
Art. 10, VI - garantir o direito social à moradia digna e às condições de vida adequadas;
CF/88
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a
segurança, [...]na forma desta Constituição.
Art. 10, VII - garantir a efetivação da função social da propriedade;
CF/88
Art. 5º, XXIII. A propriedade atenderá a sua função social;
Art. 182 §2º. A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.
Art. 10, VIII - ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus
habitantes;
CF/88
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes.
CF/88
Art. 30, VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: ...
CF/88
Art. 5º, XXII - é garantido o direito de propriedade;
Art. 3º, IV da Lei 11.977/09 – No Programa Minha Casa Minha Vida há prioridade de atendimento às famílias
com mulheres responsáveis pela unidade familiar.
Novos Objetivos
Lei nº 13.465/17
Novo Inciso: II - criar unidades imobiliárias compatíveis com o ordenamento territorial urbano e constituir sobre
elas direitos reais em favor dos seus ocupantes;
Modalidades da REURB
• A REURB, como dito anteriormente, compreende duas modalidades (Art. 13):
• E a Regularização Inominada (art. 71 da Lei nº 11.977/09)? Agora está tratada no art. 69 da Lei nº
13.465/17.
Lei nº 13.465/17
Art. 13, § 5º. A classificação do interesse visa exclusivamente à identificação dos responsáveis pela implantação
ou adequação das obras de infraestrutura essencial e ao reconhecimento do direito à gratuidade das custas e
emolumentos notariais e registrais em favor daqueles a quem for atribuído o domínio das unidades imobiliárias
regularizadas.
Reurb-S
• É aplicável a núcleos urbanos informais ocupados predominantemente por população de baixa renda,
observado o disposto em ato do Poder Executivo Federal.
OBS.: A falta de regulamentação não impede sua imediata aplicação.
• A característica significativa da Reurb-S é a “população de baixa renda”, tendo em vista as isenções e
particularidades deste tipo de regularização. Necessária regulamentação, tendo em vista a necessidade de
fixação de critérios de definição de “baixa renda”.
Lei nº 13.465/17
• Art. 18. O Município e o Distrito Federal poderão instituir, como instrumento de planejamento urbano,
Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS.
Isenção de Emolumentos
No §1º do Art. 13 foram previstas gratuidades de emolumentos na Reurb-S, conforme a lista que segue:
I - o primeiro registro da Reurb-S, o qual confere direitos reais aos seus beneficiários;
II - o registro da legitimação fundiária;
III - o registro do título de legitimação de posse e a sua conversão em título de propriedade;
IV - o registro da CRF e do projeto de regularização fundiária, com abertura de matrícula para cada unidade
imobiliária urbana regularizada;
V - a primeira averbação de construção residencial, desde que respeitado o limite de até setenta metros
quadrados;
VI - a aquisição do primeiro direito real sobre unidade imobiliária derivada da Reurb-S;
VII - o primeiro registro do direito real de laje no âmbito da Reurb-S; e
VIII - o fornecimento de certidões de registro para os atos previstos neste artigo.
Ressarcimento
• Com o fim de viabilizar o ressarcimento aos Registradores pelos atos gratuitos da Reurb-S, o artigo 73
obriga os Estados a criarem e a regulamentarem fundos específicos destinados à compensação, total ou
parcial, dos custos referentes aos atos registrais da Reurb-S previstos nesta Lei.
• Desta forma, a Reurb-E se aplica a população que não se enquadra como “baixa renda”, não percebendo
as isenções de emolumentos e demais benefícios dispostos no PL.
Lei nº 13.465/17
PARTICULAR ADQUIRINDO IMÓVEL PÚBLICO:
Art. 16. Na Reurb-E, promovida sobre bem público, havendo solução consensual, a aquisição de direitos reais
pelo particular ficará condicionada ao pagamento do justo valor da unidade imobiliária regularizada, a ser
apurado na forma estabelecida em ato do Poder Executivo titular do domínio, sem considerar o valor das
acessões e benfeitorias do ocupante e a valorização decorrente da implantação dessas acessões e benfeitorias.
Comparação
• O §2º do Art. 13 traz uma exceção legal, ao determinar que os atos registrais da Reurb independem de
comprovação do pagamento de tributos ou penalidades tributárias, sendo vedado ao registro de imóveis
exigir sua comprovação.
Conjunto Habitacional de Interesse Social
• Existem no Brasil diversos conjuntos habitacionais de moradias direcionadas a população de baixa renda
que foram construídos ao longo dos anos pelo Poder Público.
• No Rio Grande do Sul, o exemplo disto é a COHAB - Companhia de Habitação do Estado do RS, cujas as
construções não seguiram os trâmites legais, sendo necessário posterior regularização através de convênio,
ainda em vigor, com o Poder Judiciário, Notários e Registradores.
• A Reurb-S poderá ser utilizada com o fim de regularizar os Conjuntos Habitacionais de Interesse Social
existentes em 22/12/2016, conforme §3º do Art. 13.
Utilização Mista
• Na Reurb, os Municípios e o Distrito Federal poderão admitir o uso misto de atividades como forma de
promover a integração social e a geração de emprego e renda no núcleo urbano informal regularizado
(Art. 13, §4º).
• A regularização não está restrita a imóveis para moradia, pois busca o desenvolvimento dos ocupantes
como um todo.
• Por isso, poderão ser regularizados imóveis utilizados para fins sociais (creches, associações, centros
culturais) bem como para fins comerciais (fomentar a geração de emprego).
• Esta caracterização depende do reconhecimento pelo Poder Público (Art. 23, §1º, III)
Área de Risco
Art. 39
• Muitos são os Núcleos Urbanos Informais localizados em áreas de riscos geotécnicos, inundações e de
outros riscos especificados em lei (desmoronamento, alagamento, deslizamentos, crateras, aterros, áreas
contaminadas, etc.).
• Não é aplicável a Reurb em áreas de risco quando não implementadas as medidas indicadas em estudos
técnicos.
ÁREA CONTAMINADA
• É aquela onde comprovadamente há poluição causada por quaisquer substâncias ou resíduos que nela
tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados, e que causa impacto
negativo à saúde humana e ao meio ambiente.
Tragédia de Mariana
Solução
Art. 39
• Se houver área de risco no Núcleo Informal Urbano, será obrigatória a realização de estudos técnicos para
análise da viabilidade da Reurb e implantação das medidas indicadas para a devida:
– Eliminação;
– Correção; ou
– Administração do risco na parcela por ele afetada.
Impossibilidade
Art. 39
• Caso seja verificado, pelos estudos técnicos, que a área de risco não comporta eliminação, correção ou
administração, não poderá ser procedida a Regularização.
• Em se tratando de Reurb-S, o Município ou Distrito Federal procederá a realocação dos ocupantes do local.
Dos legitimados para requerer a Regularização Fundiária Urbana
Lei nº 13.465/17
Art. 14,
§1º Os legitimados poderão promover todos os atos necessários à regularização fundiária, inclusive requerer os
atos de registro.
§ 3º O requerimento de instauração da Reurb por proprietários de terreno, loteadores e incorporadores que
tenham dado causa à formação de núcleos urbanos informais, ou os seus sucessores, não os eximirá de
responsabilidades administrativa, civil ou criminal.
Legitimação Fundiária
• Art. 23. A legitimação fundiária constitui forma originária de aquisição do direito real de propriedade,
conferido por ato do Poder Público, exclusivamente no âmbito da Reurb, àquele que detiver em área
pública ou possuir em área privada, como sua, unidade imobiliária com destinação urbana, integrante de
núcleo urbano informal consolidado existente em 22 de dezembro de 2016.
• §2º Por meio da legitimação fundiária, em qualquer das modalidades da Reurb, o ocupante adquire a
unidade imobiliária com destinação urbana livre e desembaraçada de quaisquer ônus, direitos reais,
gravames ou inscrições, eventualmente existentes em sua matrícula de origem, exceto quando esses
disserem respeito ao próprio legitimado.
• Ainda mais, determina requisitos mínimos para o beneficiário da Reurb-S e nada trata sobre a Reurb-E.
Requisitos na Reurb-S:
Art. 23, §1º Apenas na Reurb-S, a legitimação fundiária será concedida ao beneficiário, desde que atendidas as
seguintes condições:
I - o beneficiário não seja concessionário, foreiro ou proprietário de imóvel urbano ou rural;
II - o beneficiário não tenha sido contemplado com por legitimação de posse ou fundiária de imóvel urbano
com a mesma finalidade, ainda que situado em núcleo urbano distinto; e
• III - em caso de imóvel urbano com finalidade não residencial, seja reconhecido, pelo Poder Público, o
interesse público de sua ocupação.
Opinião
• Entendo que a Legitimação Fundiária não se aplica a REURB-E, porque um dos objetivos da norma é
atingir a população de baixa renda que detém imóvel público ou possui imóvel particular em situação
consolidada.
• Tanto é que o §1º do Art. 23 expõe de forma expressa estes beneficiários.
• Caso seja o entendimento da aplicação da Legitimação Fundiária a REURB-E, a meu ver, o beneficiário
teria de cumprir os mesmos requisitos previstos no Art. 23, §1º, para não ocorrer uma injustiça.
Amazônia Legal
• Todos os instrumentos dispostos na Lei nº 13.465/17 são aplicáveis na regularização fundiária das
ocupações incidentes em terras situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal (Lei 11.952/09),
incluindo a Legitimação Fundiária.
Por este ato o outorgante, MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE, pessoa jurídica de direito público interno, com CNPJ
nº ... e com sede nesta Capital, na ..., neste ato representado por seu Prefeito Municipal, ..., pelo Secretário
Municipal de Habitação, ..., e pelo Secretário Municipal de Planejamento, ..., no uso das atribuições previstas na
Lei nº 13.465/17 e na Lei Municipal nº ..., confere ao outorgado, FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro, pedreiro,
com RG sob o nº e com CPF sob o nº, residente nesta cidade, na rua ... nº ..., no âmbito da Rerub-S para o núcleo
urbano denominado ..., localizado na ..., o direito real de propriedade, por já possuir como sua, a unidade
imobiliária com destinação urbana que segue: (Descrever a unidade imobiliária regularizada). A unidade
imobiliária acima descrita integrou o projeto de regularização fundiária aprovado em ..., implementado sobre o
imóvel objeto da M-..., então de propriedade de ..., e Certidão de Regularização Fundiária expedida em ... Fica
constando que o outorgado atende às condições previstas nos incisos I, II e III do §1º do art. 23 da Lei nº
13.465/17, tendo declarado e provado que não é concessionário, foreiro ou proprietário de imóvel urbano ou
rural; e, não foi contemplado com legitimação de posse ou fundiária sobre qualquer outro imóvel no território
brasileiro. No caso de imóvel urbano com finalidade não residencial, o outorgante reconhece o interesse público
de sua ocupação (só se aplica aos imóveis não residenciais). Consoante previsão legal (art. 23, §2º da Lei nº
13.465/17), o outorgado recebe a citada unidade imobiliária livre e desembaraçada de quaisquer ônus, direitos
reais, gravames ou inscrições, eventualmente existentes na matrícula de origem. Para a outorga do ato lavrou-
se o respectivo termo que dá origem a este título no livro competente, estando assinado pelos representantes
do outorgante e pelo outorgado, dispensados os reconhecimentos das respectivas firmas nos termos do
parágrafo único do art. 47 da Lei nº 13.465/17.
Porto Alegre – RS, 20 de outubro de 2017.
FULANO DE TAL
Adquirente
Legitimação de Posse
Lei nº 13.465/17
• Art. 11, VI
Legitimação de Posse: ato do Poder público destinado a conferir título, por meio do qual fica reconhecida a
posse de imóvel objeto da Reurb, conversível em aquisição de direito real de propriedade na forma desta Lei,
com a identificação de seus ocupantes, do tempo da ocupação e da natureza da posse;
Transmissão
• Apesar de ser um direito concedido “intuitu personae”, é possível a transmissão da legitimação de posse
por ato inter vivos (compra e venda, doação, permuta etc.), desde que o adquirente cumpra as condições
necessárias - Art. 25, §1º. Caso contrário, o Poder Público poderá cancelar o título - Art. 27.
• A lei também autoriza a transmissão causa mortis. Neste caso, como não se trata de ato de liberalidade,
mas sim de fato jurídico stricto sensu (morte), entendo não ser necessário cumprir as condições dispostas
na Lei.
Conversão em Propriedade
• A legitimação de posse será convertida em propriedade, automaticamente, após decorrido o prazo de 5
anos de seu registro (art. 26). A Lei nº 11.977/09 trazia uma possibilidade.
• Foi aumentado o alcance da conversão, não se limitando as condições do art. 183 da Constituição Federal,
podendo ser preenchidos os requisitos para usucapião estabelecidos em lei.
Lei nº 13.465/17
• CONVERSÃO AUTOMÁTICA DA PROPRIEDADE, Art. 26
Os beneficiários que atendem os termos e as condições do art. 183 da Constituição, passados 5 anos, terão a
conversão automática da propriedade independentemente de prévia provocação ou prática de ato registral.
Sugestão!
Art. 183 da CF
• Cabe ao Registrador, inserir observação no registro da Legitimação de Posse, informando que:
"Não havendo alteração, ocorrerá a conversão automática em propriedade no dia XX/XX/XX (data que
completar os 5 anos do registro da legitimação de posse).”
Propriedade
• A legitimação de posse, após ser convertida em propriedade, constitui forma originária de aquisição - Art.
26, §2º da Lei nº 13.465/17.
• A unidade imobiliária restará livre e desembaraçada de quaisquer ônus, direitos reais, gravames ou
inscrições eventualmente existentes em sua matrícula de origem, exceto quando estes disserem respeito
ao próprio beneficiário. E se existir hipoteca, penhora etc.?
Lei nº 13.465/17
O Art. 15, II da Lei nº 13.465/17 não contemplou:
• Usucapião de Servidões (10 anos, art. 1.379 CC)
• Usucapião Familiar
Porém, o caput do artigo não é taxativo, sendo possível aceitar as hipóteses acima (“..., sem prejuízo de outros
que se apresentem adequados, ...”).
Usucapião Extrajudicial
Lei nº 13.465/17
• A Lei, no art. 7º, trouxe alterações e adequações ao procedimento da usucapião extrajudicial.
• Art. 216-A, § 2º Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares ... notificado ...
interpretado o seu silêncio como concordância.
• Também foi regulamentado o procedimento, prevendo a publicação de edital e diretrizes quando se tratar
de condomínio edilício (§§11 segs.).
Espécies de Usucapião
Usucapião Familiar
• Em cumprimento a um dos objetivos da REURB “Art. 10, XI - conceder direitos reais, preferencialmente em
nome da mulher”, poderá ocorrer a conversão em propriedade somente em nome de um dos cônjuges
com a denominada usucapião familiar, prevista pelo art. 1.240-A do Código Civil.
Necessário:
• Apresentação da sentença, com certidão de trânsito em julgado, reconhecendo o abandono do lar pelo ex-
cônjuge ou ex-companheiro.
• Atendimento aos demais requisitos legais para seu reconhecimento.
Concentração na Matrícula
• Após a legitimação de posse, poderão ocorrer na matrícula imobiliária averbações direcionadas aos
ocupantes, em cumprimento ao Princípio da Concentração.
• Lei nº 13.097/15 – Art. 54, §único: “Não poderão ser opostas situações jurídicas não constantes da
matrícula no Registro de Imóveis...”.
• Art. 1.510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua
construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente construída
sobre o solo.
Origem
• Outros Nomes: Direito de Sobrelevação ou Superfície de 2º Grau*
• A Lei (§1º) prevê que também se construa no subsolo, a exemplo do Direito de Superfície previsto no
Estatuto da Cidade.
• O Direito Real de Laje pode ser sobre imóveis públicos ou privados, §1º do Art. 1.510-A do CC.
Origem
• Não existia o direito real de laje, pois os direitos reais são taxativos, isto é, os que constam expressamente
de lei.
• A prática surgiu nas favelas onde é comum a alienação a terceiros do direito de construir sobre a sua laje.
Direito de Fruição
x
Direito de Propriedade
O Direito Real de Laje apresenta este binômio, pois de um lado é direito real de fruição sobre coisa
alheia, ou seja, sobre imóvel de outra pessoa.
Por outro lado, é um autêntico direito de propriedade, em razão da construção realizada na Laje.
Requisitos
• Só é possível o Direito de Laje no âmbito da regularização fundiária???
• Sobreposição ou solidariedade de edificações (uma construção sobre a outra).
• A construção primitiva deve constar da matrícula (regularidade com Município e Registro de Imóveis).
• Posição vertical das Construções.
• Isolamento funcional entre as duas construções, havendo acesso independente na construção objeto do
direito real de laje.
• É imprescindível a Autorização do Poder Público Municipal.
Lei nº 13.465/17
LAJES SUCESSIVAS
• Art. 1.510-A, § 6º O titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um
sucessivo direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das
demais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.
Lei nº 13.465/17
• Art. 1.510-C – O titular do Direito Real de Laje é solidário na conservação das partes da construção-base
comum a todos (alicerces, instalações de água, luz...), nos termos estipulados.
Condomínio Edilício
x
Direito Real de Laje
• No condomínio edilício há partes de uso comum entre todas as unidades imobiliárias, além de fração de
terreno para cada proprietário de unidade imobiliária.
• Os imóveis arrecadados poderão ser utilizados aos programas habitacionais, à prestação de serviços
públicos, ao fomento da REURB-S ou serão objeto de concessão do direito real de uso a entidades civis ...
(Lei nº 13.465/17, Art. 65)
Venda de Imóvel
Imóveis objeto de REURB-E poderão ser vendidos diretamente aos ocupantes, sem exigências da 8.666/93 (arts.
6º e 84 da Lei nº 13.465/17).
Requisitos:
• Imóveis ocupados até 22/12/2016.
• Inscrito e em dia com as obrigações junto a SPU.
• Por beneficiário até 2 imóveis (1 residencial e 1 comercial)
• Venda à vista ou parcelada (Alienação Fiduciária)
REURB-I
A regularização fundiária URBANA inominada
(OU DE ANTIGOS loteamentos)
Características
A regularização fundiária de loteamentos implantados de acordo com a legislação vigente antes do
advento da atual Lei de Loteamentos, também chamada de Lei do Parcelamento do Solo Urbano (Lei n.
6.766/1979), está disciplinada em conformidade com a previsão do artigo 69, parágrafos 1º e 2º da Lei nº
13.465/17.
Essa é uma forma de regularização fundiária urbana que pode ser designada como INOMINADA já que na
Lei anterior (n. 11.977/2009) e na atual não foi atribuído um nome específico a ela.
Características
Destina-se a promover a regularização de antigos loteamentos instalados antes da vigência da Lei n.
6.766/1979 e que não tenham obtido o respectivo registro de parcelamento perante o Registro Imobiliário.
Antes de 20 de dezembro de 1979, data em que entrou em vigor a Lei n. 6.766/1979, quem pretendesse
vender terrenos urbanos mediante o pagamento do preço a prazo, em prestações ou à vista, deveria, antes
de anunciar a venda, preencher as formalidades constantes do Decreto-Lei n. 58/1937, regulamentado
pelo Decreto n. 3.079/1938, sendo a matéria modificada, posteriormente, pelo Decreto-Lei n. 271/1967.
Lei nº 13.465/17
Art. 69. As glebas parceladas para fins urbanos anteriormente a 19 de dezembro de 1979, que não possuírem
registro, poderão ter a sua situação jurídica regularizada mediante o registro do parcelamento, desde que esteja
IMPLANTADO E INTEGRADO À CIDADE, podendo, para tanto, se utilizar dos instrumentos previstos nesta Lei.
Procedimento
Art. 69. § 1º
DOCUMENTOS:
I - planta da área em regularização assinada pelo interessado
responsável pela regularização e por profissional legalmente habilitado, contendo:
• perímetro da área a ser regularizada, as subdivisões das quadras, lotes e áreas publicas, com as dimensões
e numeração dos lotes, logradouros, espaços livres e outras áreas com destinação específica;
• Acompanhada da (ART/CREA) ou (RRT/CAU). DISPENSADA quando o responsável técnico for servidor ou
empregado público;
II – descrição técnica do perímetro da área a ser regularizada, dos lotes, áreas públicas e outras áreas com
destinação específica, quando for o caso;
III - documento expedido pelo Município, atestando que o parcelamento foi implantado antes de 19 de
dezembro de 1979 e de que está integrado à cidade.
• Atestado, Alvará ou Certidão emitida pelo Órgão Municipal competente.
Benefício
Art. 69, § 2º A apresentação da documentação prevista no § 1º dispensa apresentação do projeto de
regularização fundiária, de estudo técnico ambiental, de CRF ou de quaisquer outras manifestações,
aprovações, licenças ou alvarás emitidos pelos órgãos públicos.
Art. 70. As disposições da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, não se aplicam à Reurb, exceto quanto ao
disposto nos arts. 37, 38, 39, 40, caput e §§ 1º ao 4º, 41, 42, 44, 47, 48, 49, 50, 51 e 52 da referida Lei.
Do Procedimento Administrativo
Lei nº 13.465/17
• A lei incorporou no texto legal todo o Procedimento Administrativo, bem como os detalhes do Projeto de
Regularização, dispensando ato posterior do Poder Executivo Federal.
• Foram utilizados artigos da antiga lei, com inserções trazidas pelas emendas propostas a Comissão Mista
do Senado Federal.
Lei nº 13.465/17
Art. 19. O poder público poderá utilizar o procedimento de DEMARCAÇÃO URBANÍSTICA, com base no
levantamento da situação da área a ser regularizada e na caracterização do núcleo urbano informal a ser
regularizado.
• Imóveis situados em mais de uma circunscrição: registro nos dois Ofícios e abertura de matrícula no RI
em que está a maior porção da unidade imobiliária regularizada (Art. 43)
Lei nº 13.465/17
O Art. 41 traz os Requisitos Mínimos da CRF:
I – o nome do núcleo urbano regularizado;
II – a localização;
III – a modalidade da regularização;
IV – as responsabilidades das obras e serviços constantes do cronograma;
V – a indicação numérica de cada unidade regularizada, quando houver;
• VI – a listagem com nomes dos ocupantes que houverem adquirido a respectiva unidade, por título de
legitimação fundiária ou mediante de ato único de registro, bem como:
– o estado civil;
– a profissão;
– o número de inscrição no cadastro das pessoas físicas do Ministério da Fazenda e do registro geral
da cédula de identidade e sua a filiação.
Prenotação e Autuação
• O Registrador protocolará a CRF e lavrará uma autuação, indicando as peças apresentadas, numerando-as
e reunindo tudo em um processo.
• Neste momento é verificada a existência de algum protocolo vigente sobre o imóvel objeto da Reurb.
Qualificação
• O princípio da qualificação, muito invocado pelos juristas espanhóis, consiste no direito-dever que o
Registrador tem de analisar o ato, aderindo ao mesmo, inclusive para efeitos de responsabilidade.
• Infere-se que o Registrador Imobiliário é independente para realizar a qualificação dos documentos a ele
apresentados, a fim de verificar a sua legalidade para o lançamento do título no Fólio Real.
• Qualificação fundada nos princípios da Reurb, não como modo ordinário de regularização.
Lei nº 13.465/17
• Art. 44 dispõe que o prazo de qualificação é de 15 (quinze) dias para:
– Emitir nota explicativa de Exigências; OU
– Iniciar a prática dos atos registrais.
Retificação da Matrícula
• Antes de praticar o ato de registro da Reurb, será procedida a averbação da área indicada no memorial
descritivo, atualizando o fólio real com os levantamentos realizados pelos profissionais habilitados (Art.
46).
Descrição Precária
“Terreno urbano com a área de mais ou menos 320 metros quadrados, situado na rua sem denominação
especial, nesta Capital, com as seguintes confrontações: ao Norte com a rua sem denominação especial; ao Sul,
com quem de direito; ao Leste, com terras de sucessores de Alexandrino; e, ao Oeste, com um riacho.”
• Nestes casos, o Registrador Imobiliário irá fazer a averbação da área da Reurb na matrícula de origem e
posteriormente abrirá matrícula nova para proceder aos demais atos registrais (Art. 46, §1º).
Notificação
• Caso o Registrador verifique que a Reurb atingiu área diversa da matrícula/transcrição constante na
documentação ou tenha área superior a descrita na referida matrícula, este notificará os confrontantes
para a devida ciência do processo administrativo.
Lei nº 13.465/17
• Art. 46, §2º
§ 2º As notificações serão emitidas de forma simplificada, indicando os dados de identificação do núcleo urbano
a ser regularizado, sem a anexação de plantas, projetos, memoriais ou outros documentos, convidando o
notificado a comparecer à sede da serventia para tomar conhecimento da CRF com a advertência de que o não
comparecimento e a não apresentação de impugnação, no prazo legal, importará em anuência ao registro.
Área Remanescente
• Na hipótese da Reurb compreender parte da matrícula, será procedida a averbação do destaque da área a
ser legalizada, conforme descrição do memorial e planta referente a área objeto da regularização (Art. 46,
§3º).
• Assim, será aberta nova matrícula da área destacada para a prática dos demais atos, não sendo necessária
a apuração do remanescente.
Inexistência de Origem
• Pode ocorrer a impossibilidade de identificação da matrícula ou transcrição no qual está localizado o
núcleo urbano informal.
• Ocorrendo isto, será aberta uma matrícula com a descrição constante na CRF (Art. 50, II).
Ato Único
• A exemplo da Usucapião Especial Coletiva (Art. 10, §2º da Lei nº 10.257/01), poderá ser constituído o
direito real individualizado a cada ocupante mediante a apresentação do título único da Regularização
Fundiária (Art. 221, §3º da Lei nº 6.015/73).
• Este instrumento é válido na Reurb-S, em áreas públicas (Art. 17 da Lei nº 13.465/17).
Lei nº 13.465/17
• Art. 45. Quando se tratar de imóvel sujeito a regime de condomínio geral a ser dividido em lotes com
indicação, na matrícula, da área deferida a cada condômino, o Município poderá indicar, de forma
individual ou coletiva, as unidades imobiliárias correspondentes às frações ideais registradas, sob sua
exclusiva responsabilidade, para a especialização das áreas registradas em comum.
• Parágrafo único. Na hipótese de essa informação não constar do projeto de regularização fundiária
aprovado pelo Município, as novas matrículas das unidades imobiliárias serão abertas mediante
requerimento de especialização formulado pelos legitimados de que trata esta Lei, dispensada a outorga
de escritura pública para indicação da quadra e do lote.
Estremação
Formas:
• Identificação dos lotes no Projeto da Reurb; ou
• Requerimento de especialização formulado pelo titular da fração ideal, pelos seus legítimos sucessores
ou pelo responsável pela regularização, se a especialização não estiver na CRF.
ESTREMAÇÃO
Exemplo de estremação
MATRÍCULA (MÃE) Nº 1.987
IMÓVEL - UMA ÁREA DE TERRAS, URBANA, de forma irregular, com a área superficial de vinte e cinco mil metros
quadrados (25.000.00m²), situada na Rua Dos Imigrantes, lado PAR, no Bairro São José, nesta cidade, com as
seguintes confrontações: AO NORTE, com o imóvel de propriedade de Fulano de Tal; AO SUL, com o imóvel de
propriedade do espólio de Sicrano de Tal; AO LESTE, com a Estrada Dos Imigrantes; e AO OESTE, com imóvel de
propriedade de Beltrano de Tal.-
QUARTEIRÃO – É formado pelas ........-
PROPRIETÁRIOS – BELTRANO DE TAL e sua esposa FULANA DE TAL, falecidos, que eram brasileiros, inscritos no
CPF/MF sob os números 001.002.003-04 e 002.003.004-05, casados pelo regime da comunhão "universal" de
bens, anteriormente à vigência da Lei 6.515/77.-
TÍTULO AQUISITIVO - T-3.263, folha 70 do livro 3-I, de 31 de março de 1929 do registro de imóveis de São
Leopoldo - RS, conforme certidão expedida em 30 de dezembro de 1976, arquivada nesta serventia sob o
número 98 - Pasta 4/1977.-
Registrador e/ou substituto: _________________________.-
EMOLUMENTOS –
R-1/1.987 - Em 1º de fevereiro de 1977.-
TÍTULO - Legítimas paterna e materna -
TRANSMITENTES - Os espólios de Beltrano de Tal e de Fulana de Tal.-
ADQUIRENTE - FULANA DE TAL, ........-
FORMA DO TÍTULO - Formal de partilha passado em ... (idem ao anterior) ....-
IMÓVEL - A parte ideal equivalente a 1/10 do imóvel objeto desta matrícula.-
VALOR - No imóvel objeto desta matrícula, avaliado para efeitos fiscais em Cr$350.000,00, o valor de
Cr$35.000,00.-
CONDIÇÕES - Não constam.-
PROTOCOLO - Título apontado sob o número ...., em 01/02/1977.-
Porto Alegre, 4 de fevereiro de 1977.-
Registrador e/ou substituto: __________________________________.-
EMOLUMENTOS -
Exemplo de estremação
ABERTURA DA MATRÍCULA DO TERRENO/LOTE LOCALIZADO/ESTREMANDO M-40.000
IMÓVEL - TERRENO URBANO constituído do lote número um (1) da quadra número um (1) de uma planta
particular, que no mapeamento geral corresponde ao lote número um (1) da quadra número um (1) do setor
04H08, de forma retangular, com a área superficial de seiscentos metros quadrados (600,00m²), situado na Rua
Dos Imigrantes, nesta cidade, distante a face leste dez metros (10,00m) da esquina formada com a Rua
Marianinha, com as seguintes dimensões e confrontações; AO NORTE, na extensão de dez metros (10,00m),
com o alinhamento da Rua Dos Imigrantes, onde faz frente; AO SUL, na mesma extensão, com parte do lote
número doze (12) de propriedade de Marianinha de Tal; AO LESTE, na extensão de sessenta metros (60,00m),
com o lote número dois (2) de propriedade de Pitangueira de Pomar; e AO OESTE, na mesma extensão, com os
lotes número três (3) de propriedade de Florestino de Acácio, e quatro (4) de propriedade de Bergamota de
Goiabeira.-
QUARTEIRÃO – É formado pelas Ruas Dos Imigrantes, Marianinha, Vinte e Cinco de Outubro e Primeiro de
Março.-
PROPRIETÁRIA - SICRANA DE TAL, ..........-
TÍTULO AQUISITIVO – M-1.987 do livro 2-registro geral, de 1º de fevereiro de 1977, objeto do R-13/20.773, de
3 de dezembro de 1986 e do R-17/1.987, de 28 de julho de 2017 – “Projeto More Legal IV” – desta serventia.-
PROTOCOLO – Título apontado sob o número ....., em 28/07/2017, conforme escritura pública de .....-
Porto Alegre, 29 de julho de 2017.-
Registrador e/ou Substituto: ________________________________.-
EMOLUMENTOS -
Aquisição da Propriedade
• Além da Legitimação Fundiária e da conversão da posse em propriedade, a Lei trouxe a novidade de
aquisição da propriedade mediante apresentação do Justo Título pelo ocupante (Art. 52,§único).
• Este é um grande avanço da regularização que está adotando as regras estabelecidas no caso de
desapropriação para fins de loteamento popular (Art. 26, §6º da Lei 6.766/79), desburocratizando o
acesso a propriedade.
Requisitos do ocupante:
• Título hábil (compromissos de compra e venda, cessões e promessas de cessão)
• Prova de quitação das obrigações como adquirente
Os títulos serão registrados nas matrículas das unidades imobiliárias abertas, conferindo a PROPRIEDADE aos
ocupantes, e não direito real à aquisição.
Registro da Reurb
• Após sanadas as situações referentes a matrícula/transcrição de origem e procedida a averbação de
especialização da área objeto da Reurb, é realizado o Registro da Reurb (Art. 51).
• Posteriormente, abre-se uma matrícula para cada uma das unidades imobiliárias.
Lei nº 13.465/17
Art. 44, § 1º O registro do projeto Reurb aprovado importa:
I - a abertura de nova matrícula quando for o caso;
II - abertura de matrículas individualizadas para os lotes e áreas públicas resultantes do projeto de regularização
aprovado; e
III - o registro dos direitos reais indicados na CRF junto às matrículas dos respectivos lotes, dispensada a
apresentação de título individualizado.
Art. 50. Nas matrículas abertas para cada parcela, deverão constar nos campos referentes ao registro anterior
e ao proprietário:
I - quando for possível a identificação: a matrícula anterior e o nome de seu proprietário;
II - quando não for possível: todas as matrículas anteriores atingidas pela Reurb e a expressão “proprietário não
identificado”.
A maioria está elencada no art. 15, mas também há outros indicados no corpo da lei.
• Legitimação Fundiária
– Abertura de Matrícula em nome do ocupante indicado pelo Poder Público (Art. 23, §3º)
• Legitimação de Posse
– Abertura de Matrícula em nome do proprietário original
– Registro da Legitimação de Posse (Art. 167, I, “41” da Lei nº 6.015/73)
– Registro da conversão da legitimação de posse em propriedade (Art. 167, I, “41” da Lei nº 6.015/73)
• As unidades desocupadas alcançadas pela Reurb terão as suas matrículas abertas em nome do titular
originário do domínio da área (Art. 54).
Condomínios
• O registro da Reurb produzirá efeito de instituição e especificação de condomínio, quando for o caso,
regido pelas disposições legais específicas, hipótese em que fica facultada aos condôminos a aprovação de
convenção condominial (Art. 48).
Conclusão
A cooperação entre todos os agentes envolvidos (Poder Público Executivo, Ministério Público, Defensoria
Pública, Notários, Operadores do Direito...) é fundamental para a regularização fundiária, o que exige do
Registrador Imobiliário postura pró-ativa, apontando caminhos e colocando-se à disposição da Comunidade
para a resolução dos seus conflitos.
Muito Obrigado!
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