Cartografia Basica Igdema Ufal Uni 1 Car Dis Geral
Cartografia Basica Igdema Ufal Uni 1 Car Dis Geral
Cartografia Basica Igdema Ufal Uni 1 Car Dis Geral
GENERALIDADES DE CARTOGRAFIA
Maceió, Alagoas
janeiro de 2018
CAMPUS A. C. SIMÕES
Av. Lourival de Melo Mota s/n, BR-104 Norte, km 14, Bloco 06 – Igdema, Cidade Universitária,
CEP 57072-970 Maceió, Alagoas - 0XX82-3214-1440/1441/1442/1443/1444/1445
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1
1.1 DEFINIÇÕES, OBJETO, OBJETIVOS E DIVISÃO DA CARTOGRAFIA
Definições de cartografia
2
“Arte de traçar ou gravar cartas geográficas ou topográficas”
(DICIONÁRIO CONTEMPORÂNEO DA LÍNGUA PORTUGUESA apud
OLIVEIRA, 1993).
“Arte de compor cartas geográficas” (NOVO DICIONÁRIO BRASILEIRO
MELHORAMENTOS apud OLIVEIRA, 1993).
Nas definições acima ficou claro que tanto ciência como arte fazem parte do
conteúdo da Cartografia, embora nos dias atuais, a técnica tem se tornado cada vez mais
presente, em especial, aquelas que fazem uso da tecnologia da geoinformação, como: o
geoprocessamento, o tratamento digital de fotografias aéreas e imagens espectrais de alta
resolução espacial, dos levantamentos de campo por meio de GPS (Global Positioning
System) geodésicos e topográficos.
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Objeto e objetivos da cartografia
Divisão da cartografia
Cartografia Sistemática
A Cartografia Sistemática, também conhecida como: Geral, Topográfica,
Topocartografia ou Cartografia Original produz trabalhos de feição detalhada, enfocando
aspectos da superfície tridimensional da superfície terrestre para o plano. Faz uso de
convenções e escalas padrão, contemplando à execução dos mapeamentos básicos que
buscam o equilíbrio das representações altimétricas e planimétricas dos acidentes naturais e
culturais, visando à melhor percepção das feições gerais da superfície representada. Sua
preocupação central está na localização precisa dos fatos, na implantação e manutenção das
redes de apoio geodésico, na execução dos recobrimentos aerofotogramétricos e na
elaboração e atualização dos mapeamentos básicos. Principais características da Cartografia
Sistemática:
5
f) utiliza o arcabouço de cartas topográficas e geográficas;
g) cresce gradativamente devido às necessidades das geociências e do
planejamento da vida moderna dos povos;
h) auxiliada pela cartografia sistemática;
i) exige a colaboração de profissionais de áreas afins e cartógrafos de alto
nível;
j) área de multiplicidade de assuntos: requer talento profissional;
k) os mapas produzidos pela cartografia temática sofrem alterações
contínuas: p. ex.: mapas econômicos e populacionais.
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Quadro 1 - Distinção entre cartografia sistemática e cartografia temática
Quanto ao público
Amplo e diversificado Especializado e reduzido
que atende
Quanto à Em geral, os documentos podem ser Duração mais limitada, pois os dados são
durabilidade da usados por longo tempo superados com mais rapidez
informação
Quanto ao nível de Maior ênfase para dados qualitativos Dados quantitativos e qualitativos
informação
Quanto ao preparo Documentos executados por Documentos podem ser executados por
do executor especialistas em cartografia pessoas não especialistas em cartografia
Quanto ao
Em geral, tem significado qualitativo
significado das Significado quantitativo e qualitativo
cores
TEXTO AUXILIAR 1
INTRODUÇÃO*
O Padrão da Terra. O homem é “como uma formiga sobre um tapete”, diz P. E. James1,
que pode conhecer perfeitamente a estrutura do mesmo no seu redor, mas sem a idéia do que
está além do seu campo visual. Para reduzir as grandes dimensões da superfície terrestre a
proporções tais que possam ser compreendidas numa simples vista, o geógrafo faz uso dos
mapas.
Com estas palavras, James situou o problema essencial da cartografia, ou seja, a
confecção de mapas.
Vamos imaginar que nossas formigas concebam a idéia de conhecer o aspecto geral do
tapete, e que elas tenham ordenado a algumas, procurarem medir exatamente vários pontos, e
a outras coletarem estas medidas, aplicarem os resultados no desenho para obterem o
panorama do todo. O exame do desenho revelará a configuração do que elas ignoravam, e sem
dúvida alguma, as formigas irão propor várias teorias para conseguir da natureza o meio final
desta representação.
Como é mais fácil o problema destas formigas diante do tapete, do que do homem diante
da Terra em que vivemos! O homem é um milhão de vezes menor, em comparação com a
Terra, do que a formiga em relação ao maior dos tapetes; e o mais rico e complicado tapete
oriental oferece um aspecto menos complexo do que a superfície terrestre.
O processo da representação da figura da superfície da terra consta de três fases: o
agrimensor mede o terreno, o cartógrafo reúne os resultados das medidas anteriores e os
transporta para o mapa, e o geógrafo interpreta os fatos assim expostos.
Estreitamente ligado a este processo, está o trabalho do geólogo, cujo estudo das
estruturas rochosas fornece a informação básica para uma melhor compreensão da
configuração da superfície. Deve-se observar de um modo especial o trabalho do cartógrafo: a
confecção de mapas; as outras fases citadas, Agrimensura e Geografia, são objetos de uma
extensa bibliografia própria.
Definição e Classificação da Cartografia. O objeto da cartografia consiste em reunir e
analisar dados e medidas das diversas regiões da Terra, e representar graficamente em escala
reduzida, os elementos da configuração que possam ser claramente visíveis.
Para pôr em evidência a configuração da superfície terrestre, o instrumento principal do
cartógrafo é o mapa. Mas, outras representações, tais como modelos de relevo, globos,
fotografias aéreas, imagens de satélites, imagens de radar e cartogramas, são assuntos próprios
para serem tratados em cartografia.
Um mapa é, no seu conceito mais elementar, uma representação convencional da
superfície terrestre, vista de cima, na qual se colocam letreiros para a identificação. A palavra
“representação” é usada aqui no seu mais alto significado: um mapa representa melhor o que
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se conhece da Terra, do que o que se vê de certa altura. Alguns mapas são tão abstratos e
convencionais que dificilmente se reconhece neles uma representação do quadro original.
Em muitos mapas especiais, somente um determinado aspecto da configuração é
representado, como sucede com os mapas pluviométricos.
Por outro lado os mapas representam detalhes que não são realmente visíveis por si
mesmos como, por exemplo, as fronteiras políticas, os letreiros, os paralelos e meridianos, etc.
Além disso, os mapas não estão necessariamente limitados a representar a superfície terrestre,
pois existem mapas celestes, da lua, etc., e também mapas geológicos do subsolo. Porém em
todos os casos uma grande extensão horizontal apresenta-se reduzida a um tamanho menor.
No estudo de confecção de um mapa são considerados os itens seguintes: (1) a escala; (2)
o sistema de projeção ou canevá de coordenadas sobre o qual se desenha o mapa; (3) as
convenções cartográficas ou os elementos representados por símbolos, tais como estradas,
cidades, montanhas e outros detalhes; (4) o letreiro; (5) o título, a quadrícula e outros
elementos complementares.
Os mapas podem ser classificados quanto à escala, ou quanto ao assunto, da seguinte
maneira:
1. Mapas gerais
2. Mapas especiais
a. Mapas políticos.
b. Mapas urbanos (plantas cadastrais).
c. Mapas de comunicações, mostrando estradas de ferro e de rodagem etc.
d. Mapas científicos de diferentes classes.
e. Mapas econômicos ou estatísticos.
f. Mapas artísticos para ilustração de anúncios ou propaganda.
g. Cartas náuticas e aéreas;
h. Mapas cadastrais, desenhados em grande escala e que representam as propriedades e
áreas cultivadas, etc.
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O estudante deve conhecer as projeções mais usuais e ser capaz de construí-las. Contudo,
a teoria matemática das projeções será para ele de pouco valor prático. Naturalmente, ele
deverá estar capacitado para selecionar com inteligência, especialmente os métodos modernos
de representação do relevo. Mediante exercícios práticos aprenderá o enquadramento dos
mapas, o letreiro e o desenho correto. Se ele deseja seu próprio trabalho publicado, deverá
conhecer os métodos de reprodução dos mapas. Um passo mais avançado no estudo da
cartografia consiste na preparação de mapas especiais, globos e relevos.
Que disciplina deverá cursar um candidato a cartógrafo? Deverá conhecer os meios de
que deve dispor e ter habilidade para inteligentemente generalizar e fazer uma seleção correta
dos detalhes. Reunir dados, analisá-los e mais ou menos interpretá-los requer grande
conhecimento de geografia.
Sem isto, o cartógrafo seria somente um desenhista de topografia. Para representar a
configuração da Terra com habilidade, o cartógrafo deve ter conhecimento de belas-artes,
desenho técnico, sensoriamento remoto e geoprocessamento.
Também convém conhecer algumas noções de trigonometria plana e esférica, para a
melhor compreensão das projeções. Como a Cartografia e a Topografia estão intimamente
ligadas, naturalmente é recomendado o estudo em nível limitado de Agrimensura e Geodésia.
Completam a formação científica do cartógrafo, os conhecimentos de Geologia,
Geomorfologia, Climatologia e Oceanografia. Diz-se que um cartógrafo tem 50% de
geógrafo, 30% de artista, 10% de matemática e outros 10% do restante.
Não há limite para a bagagem de conhecimentos de um cartógrafo. Em sua prática, o
autor encontrou tão diversos assuntos, como as espécies de barcos com que Orellana2 desceu
o Amazonas, o fato ao qual estão ligados os nomes de Hamada e Hanra para significar que a
superfície rochosa é de cor vermelha, as dimensões e características de um aeroporto
moderno.
Nota: (1) Preston E. James (1899 - 19??), foi um geógrafo norte-americano, nascido no Brookline (Massachussetes); fez parte do Conselho
Nacional de Geografia - CNG (1949-1950), autor de “América Latina” e “Uma Geografia do Homem”; (2) Orellana. Francisco de Orellana
(1490-1546) foi um explorador espanhol nascido em São Domingos (Estremadura); descobriu o rio Amazonas em 1541; é lhe atribuída à
fundação de Guayaquil - Equador; participou da expedição de Gonçalo Pizarro, na região conhecida pelo mesmo nome como “País canela”;
foi o primeiro homem que se tem conhecimento a navegar todo o curso do rio Amazonas.
(*) RAISZ, E. Cartografia geral. Tradução de Neide M. Schneider, Péricles A. M. Neves e Revisão de Celso
Santos Meyer. Rio de Janeiro: Científica, 1969. 414p. Tradução da 2ª edição do livro: “General Cartography” de
Erwin Raisz.
TEXTO AUXILIAR 2
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vistas à obtenção de um documento de caráter altamente técnico, o mapa, objetivando
representar os aspectos naturais e artificiais da superfície terrestre, de outros astros ou mesmo
do céu. Enfim, a organização do espaço, seja ele terrestre ou não, é mostrada através de
mapas, os quais resultam de uma série de operações que fazem parte de um campo definido da
atividade humana: a Cartografia.
No que diz respeito à arte, não podemos esquecer que um mapa deve respeitar
determinados aspectos estéticos, pois trata-se de um documento que quando usado precisa ser
agradável às vistas, razão pela qual necessita de uma boa disposição de seus elementos
(traços, símbolos, cores, letreiro, margens, legenda, etc.) Devemos salientar que arte não quer
dizer complexidade. Obviamente, que dependendo de sua finalidade, o mapa poderá ser mais
complexo ou não. Entretanto, mesmo quando é grande o número de informações, não se pode
esquecer da clareza, da harmonia entre seus componentes e da simplicidade. Tudo isto em
conjunto resulta num documento esteticamente agradável. Em qual quer de suas modalidades,
a arte é uma expressividade e uma sensibilidade.
Para Kant, filósofo alemão, é belo tudo aquilo que, sem nenhuma intelectualização, é
objeto de uma satisfação do espírito. Muitas vezes já vimos mapas em paredes, simplesmente
com a intenção de ornamentar salas e outros ambientes. E a manifestação do belo. E a arte em
Cartografia.
No livro intitulado Curso de Cartografia Moderna (1988), o autor, Cêurio de Oliveira,
discute esta questão e chega a afirmar que a Cartografia "não é uma ciência nem uma arte,
mas é, sem dúvida alguma, um método científico que se destina a expressar fatos e fenômenos
observados na superfície da Terra, e, por extensão, na de outros astros, como a Lua, Marte,
etc, através de simbologia própria.” (p.14)
Afinal, Cartografia é ciência ou arte? Percebe-se que a discussão sobre tal questão
permite uma série infindável de argumentações, podendo alongar-se bastante. Sendo ou não, o
fato é que não se pode negar sua relevância para a sociedade em geral, tendo em vista o amplo
uso que grande parte da população faz dos produtos cartográficos. Por outro lado, é
incontestável que tanto ciência como arte estão manifestadas em todo trabalho cartográfico.
Ser ou não ciência ou arte, a nosso ver, parece irrelevante, se considerarmos a grande
utilidade que a Cartografia sempre representou em todas as sociedades, desde épocas as mais
antigas, e, muito principalmente, pelo papel exercido no mundo moderno, quando chega a ser
praticamente indispensável como auxiliar nos mais variados campos do conhecimento
humano. Apesar de tudo, não deixa de ser um tema apaixonante que pode ser amplamente
explorado em discussões, com grande proveito, por professores e estudantes.
Não resta a menor dúvida que os homens se preocuparam, desde muito cedo, em fixar
os limites de seu horizonte espacial, de seu território, ou mesmo de seu itinerário, seja ele
terrestre, fluvial ou marítimo. Houve sempre a preocupação de representar seu meio ambiente
de forma duradoura, seja em paredes de grutas, casca de árvore ou outros materiais
disponíveis, como intuito de informar o segredo das rotas de caça, das fontes de água, das
áreas de segurança e das zonas de perigo. Assim sendo, não se pode negar a importância que
os mapas representaram na orientação dos mais variados povos, estando sempre presentes nos
grandes momentos da história da humanidade, mostrando sua utilidade como instrumento de
planejamento e de administração. Além disso, os mapas também podem ser vistos sob a ótica
da ideologia, como instrumento de dominação.
Para compreendermos isso, é interessante fazermos uma passagem, mesmo que
sucinta, sobre a história dos mapas, quando poderemos entender o seu uso ideológico e a
importância de termos uma visão da evolução da Cartografia, não como um legado europeu
ao mundo, mas como manifestação cultural própria de cada povo, de cada época e de cada
espaço geográfico. Assim, poderemos entender que mesmo os mapas mais modernos, com
todo o avanço tecnológico de hoje, ainda estão longe de refletir certas verdades, pois omitem,
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propositadamente, algumas informações como, por exemplo, instalações militares. Não só nos
mapas antigos, mas também nos modernos, continuam presentes os mitos, as lendas, os
interesses estratégicos e ideológicos.
Segundo Lima (ca. 1990) , a Cartografia é, sem dúvida, um dos ramos da engenharia
mais promissores. A grande necessidade que tem o nosso país de acelerar o conhecimento e o
dimensionamento do seu solo objetivando a sua utilização plena e racional nas diferentes
áreas do conhecimento humano, fato este evidenciado, quando o homem necessita para a sua
sobrevivência. Para tal, este utiliza como suporte às inúmeras aplicações da Cartografia,
abrindo uma perspectiva em curto prazo, um excelente mercado de trabalho para o
Engenheiro Cartógrafo. Levantamento recente realizado pela Associação Brasileira de
Engenheiro Cartógrafo retrata as alternativas de mercado de trabalho para os profissionais da
área nos setores de planejamento e gestão de empresas estatais, mistas e provadas. Assim,
tem-se aberta uma perspectiva, de aumento considerado ao atual contingente de engenheiros
cartógrafos no mercado de trabalho, demonstrando que esta jovem área do conhecimento é
um elo importante para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Brasil, crescente
desde o inicio da década de 1990.
São várias as aplicações da Cartografia na sociedade moderna, segundo Lima (Ca.
1990), como:
a) projetos de engenharia;
b) ação fiscalizadora e tributária do governo;
c) planejamento e desenvolvimento agrícola;
d) conhecimento e controle do espaço náutico e aeronáutico;
e) indústria naval, aeronáutica e automobilística;
f) estudo de correntes marítimas;
g) preservação da memória nacional dos monumentos e sítios históricos e
arqueológicos;
h) descobrimentos de jazidas petrolíferas, reservas minerais, lençóis d’ água
subterrâneo, cardumes etc;
i) elucidação de acidentes de trânsito (rodovias ou ferrovias), crimes, roubos e de
incêndios;
15
j) medicina e na veterinária;
k) avaliação demográfica, controle ambiental e planejamento urbano;
l) catástrofes naturais como inundações e secas, contribuição para minorar seus
prejuízos.
Para uma melhor compreensão da potencialidade da Cartografia, as suas aplicações
serão descritas a seguir, segundo o autor acima:
(B)
(A) (C)
17
É sabido que o homem precisa planejar melhor a utilização da terra. Atualmente, ele
precisa cada vez mais de uma série de complexas informações a respeito da terra, para que
esse planejamento seja eficaz a curto, médio e longo prazo.
18
Figura 4 - Fragmento de uma carta náutica de parte do litoral do estado do Rio de Janeiro –
Brasil.
O usual apresentado pelas cartas aeronáuticas tem como lema representar a superfície
da terra com suas culturas e relevo para satisfazer especificamente as necessidades da
navegação aérea, enquanto as cartas náuticas são resultados de levantamentos dos mares, rios,
canais e lagoas navegáveis e se destinam à segurança da navegação.
(B)
(A)
Disponível em: (A) <http://goo.gl/poegYt> e (B) <http://goo.gl/2eGrX5>. Acesso em: 8 de set. 2014.
19
Na indústria aeronáutica utiliza-se para determinação espacial de regimes turbulentos
e medição em modelo do túnel aerodinâmico. Na indústria automobilística usa-se para
digitalização de modelos de veículos, determinação de deformação do mesmo, divido a cargas
e comprovação do seu comportamento em rodovias.
Figura 6 - Dinâmica costeira de parte do litoral do estado do Rio Grande do Norte – Brasil.
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Na preservação da memória nacional dos monumentos e sítios históricos e arqueológicos
Para esse tipo de aplicação, uma das técnicas fundamentais da Cartografia, a
Fotogrametria, é empregada para cadastramento, avaliação, restauração e conservação dos
Monumentos, Sítios Históricos e Arqueológicos. Essa técnica permite representar em um
plano, o levantamento do objeto. A fotogrametria permite registrar uma perspectiva muito
completa e precisa. Essa condição é mostrada na figura 7 abaixo, que representa o mapa do
dossiê de tombamento do conjunto urbano de Rodrigo Silva, Ouro Preto, estado de Minas
Gerais (Brasil).
Atualmente, a conservação dos Monumentos Históricos assume uma importância
cada vez maior em nossa sociedade. Isso pode ser constatado pela „‟Convenção da Haia para
a Proteção de Monumentos Históricos em caso de guerra‟ e do ‟Ano Europeu de
Conservação dos Monumentos e de Defesa do Patrimônio Artístico da Pátria 1975‟. Estas
reuniões conseguiram sensibilizar a atenção dos órgãos competentes do governo com relação
à importância da realização de levantamentos para a conservação dos Monumentos
Históricos.
Figura 7 - Mapa do dossiê de tombamento do conjunto urbano de Rodrigo Silva, Ouro Preto,
estado de Minas Gerais – Brasil.
21
Na elucidação de acidentes de trânsito (rodovias ou ferrovias), crimes, roubos e de
incêndios
Nessas aplicações mais uma vez, a fotogrametria é empregada com grande sucesso
não somente pela redução de tempo e pessoal. Notadamente nos caso de acidentes de trânsito,
em que é de Importância que o lugar do acidente seja liberado ao tráfego o mais rápido
possível. A variação dos valores paramétricos de tempo de execução e pessoal envolvido nas
tarefas fotogramétricas depende de cada caso. Com os equipamentos fotogramétricos obtém-
se uma precisão incomparavelmente maior, e mais confiante do que, por exemplo, das
diligências para verificação dos processos quando se realizam mediante os métodos
convencionais, nas investigações de acidentes de trânsito, assassinatos, roubos e incêndios.
Uma das principais vantagens da aplicação da fotogrametria terrestre, nesses casos, consiste
na disponibilidade das informações armazenadas que, qualquer tempo, pode-se dispor para
dirimir qualquer dúvida que por acaso venha a surgir durante o processo. A figura 8 abaixo
mostra duas aplicações da Cartografia, uma é o Mapa-Imagem de Vulnerabilidade de
Incêndio da cidade de Belém – Estado do Pará.
22
Na medicina e na veterinária
Na medicina aplica-se para estudos antropológicos e etnológicos, localização de
corpos estranhos, de roturas ósseas, deformações articulares etc., por meio da fotogrametria
de raios X. Na veterinária aplica-se na medição das dimensões dos corpos dos animais para
determinação do estado de crescimento, para seleção de animais adequados para cria e
estudos biodinâmicos, como mostram a figura 9 abaixo. A figura abaixo representa (A) um
indivíduo posicionado para coleta de imagens por processo fotogramétrico e (B) imagem
radiológica vertebral no plano frontal, em decúbito lateral direito, na qual, as setas indicam
sistema de coordenadas cartesianas (x,y), em que o centro do processo espinhoso serve como
origem.
(A)
(B)
Para isso são empregadas imagens fornecidas por satélites transmitindo para as
estações receptoras terrestres medições das radiações eletromagnéticas e que, posteriormente,
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são convertidas em imagens e mapas (analógicas e digitais) através de portadores fotográficos
e ou pelo emprego de iconoscópios. A figura 11 abaixo mostra o mapa de jazidas de petróleos
na costa do estado do Espírito Santo - Brasil.
Atualmente, essas imagens já vêm sendo amplamente utilizadas tanto por empresas
públicas como privadas, auxiliando as investigações de potencial de recursos minerais e que,
dificilmente, seriam detectadas somente na pesquisa de campo.
24
Avaliação demográfica, controle ambiental e planejamento urbano
Graças às imagens satélites com suas coberturas amplas da superfície terrestre, vem
se tornando cada vez mais importante o seu emprego no controle do desenvolvimento urbano
ajudando consideravelmente os planejadores a: definir novas estruturas municipais tais como
rodovias e ferrovias, uso do solo etc.; redefinir ocupação de áreas, tendo em vista o controle
ambiental; controlar a construção de habitações em áreas sujeita a inundação; calcular o ritmo
de crescimento de expansão urbana e sua população, entre outros. A figura 11 abaixo mostra o
mapa dos principais equipamentos urbanos da cidade de Belo Horizonte, estado de Minas
Gerais.
27
Figura 14 - Mapa dos Camônios - Bedolina do vale do rio Pó, Capo di Ponte, norte da Itália -
3000 a.C. - 1000 a.C.
Até mesmo os povos iletrados fizeram uso de mapas, como: os indígenas das ilhas
Marshall, Pacífico Sul (Figura 16); os índios Peles Vermelhas (América do Norte); o índio
brasileiro, representação das cabeceiras do rio Xingu, Amazônia (Figura 17) e os esquimós da
baía de Hudson, Ilhas Baccker – Canadá (OLIVEIRA, 1993).
28
Figura 16 - Mapas dos nativos das ilhas Marsall – Pacífico Sul
(A)
(B)
Disponível em: (A) <http://goo.gl/7knFi3> (B) <http://goo.gl/VMRDMf> Acesso em: 3 nov. 2014.
29
Os chineses fizeram uso de mapas para representar o seu território, com destaque, as
nove províncias da época de Ta-Yú, Dinastia Hsia (China) - 2282 – 2196 a. C., gravados em
urnas de bronze; Destaca entre os chineses, Pei Hsiu - Pai da Cartografia Chinesa. Os chineses
atingiram certo nível científico e foram os responsáveis juntamente com os árabes pela
invenção da bússola primitiva, denominada de Kina Kompass, precursora da bússola moderna
mostarda na figura 18 abaixo (DREYER-EIMBACKE, 1992; OLIVEIRA, 1993, DUARTE,
1994).
(B)
(A)
Disponível em: (A) <http://goo.gl/WGXYAs> (B) <http://goo.gl/6QkUU2>. Acesso em: 3 nov.
2014.
Embora a atração exercida pelo imã já fosse conhecida pelos egípcios e gregos,
foram os chineses que descobriram o sentido direcional do imã, e que inventaram o txi-nã
(carro indicador do sul), precursor da bússola, como mostra a figura 19 abaixo.
Os chineses também foram responsáveis pela criação de técnicas e métodos para a
divisão de terrenos em estrutura retilínea; quadrículas para localização de lugares; a
orientação para indicação de distâncias exatas entre localidades e a anotação de ângulos nas
estradas (OLIVEIRA, 1993).
30
Figura 19 - O Txi-nã: carro indicador
do sul
(Figura 20).
Com os gregos se realizou pela primeira vez uma cartografia autêntica, na qual
merece destaque: Marino de Tiro e Cláudio Ptolomeu (séc. 11 a. C.) e os fabulosos trabalhos
dos geógrafos Jônicos, como: a confecção do mapa-múndi de Anaximandro de Mileto (611-
547 a.C.) gravado sobre pedra e o seu aperfeiçoamento e descrição sistemática do mapa-
múndi realizada por Hecateu de Mileto (500 a.C.), representando a terra num disco metálico.
O mundo é assim, concebido como sendo uma espécie de disco, embora filósofos da época já
defendessem uma Terra esférica. As obras de Hecateu não chegaram até os dias atuais, o que
se conhece do seu trabalho são por referências de outros sábios antigos Os gregos
construíram também o “1º GLOBO”, de Eudóxio de Cnidos (c. 400 – c.347 a. C.) – encontra-
se atualmente no Museu de Napóles; a construção do mapa-múndi em projeção plana-
quadrada de Dicearco de Messina (c. 320 a. C.); o globo celeste de Arquimedes de Siracusa
32
(c. 287 - 212 a. C.); o mapa-múndi com paralelos e meridianos de Erastóstenes de Alexandria
(ca. 276-192 a.C.); a construção do globo de 3 m de diâmetro - Cratos de Malus (séc. II; a.C.)
e os numerosos mapas construídos por Cláudio Ptolomeu, publicados em sua obra Geografia
(150 d.C.), nas quais somente apenas reproduções chegaram até os dias atuais (SOUKUP,
1976; DREYER-EIMBACKE, 1992; OLIVEIRA, 1993; DUARTE, 1994).
A figura 22 abaixo mostra a reconstrução aproximada de um possível mapa do
mundo de Hecateu de Mileto, com topônimos traduzidos.
33
Figura 23 - Mapa-mundi reconstituído de Eratóstenes (220 a.C.).
34
Figura 25 - Groma romana.
Os romanos ao contrário dos
gregos não realizaram grandes
levantamentos cartográficos, eles
absorveram as técnicas e instrumentos
deixados por estes para sim, realizar
intensos levantamentos do seu Império,
como: o nivelamento das cidades e
edifícios; a demarcação quadrangular das
suas terras, utilizando a Groma, mostrada na
figura 25 ao lado (OLIVEIRA, 1993).
Fonte: OLIVEIRA, C. de (1993, p.20)
35
A Tábua Peutingeriana consiste em uma coleção de 11 folhas, guardadas na antiga
Biblioteca Imperial de Viena (Áustria) representando as terras situadas entre os Oceanos
Atlântico e Índico. Na verdade, supõe-se tratar de uma cópia mais recente do século XIII, do
Mapa-Múndi de Marcus Vispanus Agrippa, levantado por ordem do imperador Otávio
Augusto entre 30 – 12 a. C. (SOUKUP, 1976; OLIVEIRA; 1993; DUARTE, 1994).
Os Indianos deram grande importância no desenvolvimento das ciências
matemáticas, mas foram poucos os documentos cartográficos indianos preservados,
especialmente após a ocupação européia. Em alguns mapas percebe-se a influência das três
principais religiões: budismo, hinduísmo e jainismo, como é o caso do Mapa Jainista, que tem
no centro, a representação do Monte Sagrado Sumeru Meru, como mostrado na Figura 27
abaixo (DUARTE, 1994).
36
Idade Média
(A) (B)
Fonte: OLIVEIRA, C. de (1993. p. 20)
38
Apesar da obscuridade da Idade Média, são produzidos neste período: os mapas-
mundi do mosteiro alemão de Ebstorf e da Catedral de Hereford (séc. XV) com
impressionante riqueza de detalhes. O primeiro foi elaborado no mosteiro alemão de Ebstorf
(1230-1250) este representação composto por 30 folhas (3,58 x 3,56 m) em pergaminho, trata-
se de um mapa mural foi destruído quando de um bombardeio sobre Hannover em 1943, na
Segunda Guerra Mundial (Figura 31 e 32). Restam cópias em bibliotecas alemãs e na
Biblioteca Nacional de Paris (SOUKUP, 1976; OLIVEIRA, 1993; ALCÂNTARA, 2012).
39
Figura 32 - Detalhe do mapa monástico medieval - Mosteiro de Ebstorf –
Alemanha (1230-1250).
40
Figura 33 - Mapa monástico medieval - Catedral de Hereford.
Os maias e astecas também merecem destaque, já que possuíam uma rica tradição
cartográfica, que acabou por adquirir novas características após a conquista pelos espanhóis.
Entre suas contribuições está o cenário geográfico constante no manuscrito Pré-Hispânico
conhecido pelo nome de Códice Vindobonense, representando na figura 36 (DUARTE, 1994).
43
Figura 36 - Cenário geográfico constante no manuscrito pré-hispânico conhecido pelo nome
de Códice Vindobonense.
Ainda durante a Idade Média, o surgimento das Cartas Portulanas, Idealizadas pelos
almirantes e capitães da frota genovesa (segunda metade do séc. XIII), marcando
definitivamente o período de transição para a entrada da cartografia na Idade Moderna. A
Carta de Pisa ou Pisana (1300) é o exemplar mais antigo, contendo o desenho de rosa dos
ventos, que cobre todo o espaço do marítimo, resultando num conjunto de retas entrecruzadas,
facilitando ao navegador fixar a rota a seguir. Essas cartas foram baseadas em medições feitas
à bússola e utilizadas para fins práticos de navegação no mar mediterrâneo, composta por
minucioso sistema de rosa-dos-ventos e de rumos, como pode ser observadas nas figuras 37 e
38 abaixo, o original e a sua reprodução (SOUKUP, 1976; DREYER-EIMBACKE, 1992;
OLIVEIRA, 1993).
44
Figura 37 – Reprodução fotográfica da Carta Pisana – Portulano (Ca. 1258 – 1291).
45
Figura 39 - Portulano do almirante da frora
imperial chinesa Zheng He.
46
nos quais as linhas costeiras representavam, com uma aproximação surpreendente, a realidade
(SOUKUP, 1976; DREYER-EIMBACKE, 1992; OLIVEIRA, 1993; DUARTE, 1994).
Idade Moderna
47
Na Idade Moderna, se dá também, o aperfeiçoamento das caravelas; a criação do
astrolábio (medições dos astros). A elaboração das cartas de marear (roteiros); No Egito é
descoberto, o mapa da mina de ouro da Núbia, a NE da África (Figura 41) - mais
precisamente da mina de Wadi Hammamat, até então importante fonte de granito, grauvaque e
ouro -, provavelmente de 1300 – 1234 a.C., época do Faraó Ramsés. Conhecido também
como o Mapa de Turim, este descreve as minas de Wadi Hammamat, considerado aquele de
cunho topográfico mais antigo (SOUKUP, 1976).
49
Essa representação é considerado o primeiro mapa do mundo com "Brasil". Esse
mapa se encontra preservado na Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores, Rio de
Janeiro. Nesse mapa, o centro de Jerusalém e do sul-se era muito incomum em 1512. Alguns
detalhes apontam para uma ampliação de uma pequena ilustração de livro como fonte. Em um
estágio de transmissão anterior foi provavelmente centrado no meridiano de Roma. Os rios
nesse mapa são notáveis preciso (SOUKUP, 1976).
Talvez o maior vulto da cartografia no início da Idade Moderna, foi o matemático e
geógrafo belga Gerard Kremer ou Gerardus Mercator (1512 – 1594), mostrado na figura 45
abaixo, responsável por uma série de trabalhos que terminaram por modificar a Geografia de
Cláudio Ptolomeu, inaugurando uma nova época para a cartografia, o que lhe valeu o título de
Pai da Cartografia Moderna. Mercator cria uma nova projeção cartográfica, que serviu de
bases para a criação de outros tipos de projeções e produz também o Atlas (Figura 46) e o
mapa da Europa, conforme mostrado na figura 47 (DREYER-EIMBCKE, 1992; DUARTE,
1994).
Disponível em: <http://goo.gl/F2scuo>. Acesso em: 3 Disponível em: <http://goo.gl/vkoPPR>. Acesso em:
nov. 2014. 3 nov. 2014.
50
Figura 47 - Mapa da Europa produzido por Gerardus Mercator.
52
O mapa de Piri Reis também mostra com detalhes a costa do Brasil e a borda leste da
América do Sul. O mapa também mostra várias ilhas do Atlântico, incluindo os Açores e
Canárias, assim como a mítica ilha Antília. Muitos estudiosos acreditam que o mapa contém
elementos sobre o hemisfério sul, como a costa da Antártica por sob a calota polar,
considerados como prova de conhecimentos sobre cartografia que foram comprovados
recentemente. (Mapa de Piri Reis – Wikipédia, a enciclopédia livre, 2014).
O mapa de Piri Reis só foi redescoberto em 1929, desde hoje resta apenas a metade
ocidental, representando as Antilhas, o leste da América do Sul, e o noroeste da África e
Europa. Do tipo portulano, cortado por linhas loxodrômicas, indicando as direções dos ventos,
foi confeccionado com base em mapas portugueses e árabes. Nele, está registrada a costa do
continente americano, tornando-o o primeiro a mostrar a América do Norte e América do Sul
juntas. As legendas, em língua turca, informam que “os nomes, deu-os Colombo, para que por
eles sejam conhecidas”. (Mapa de Piri Reis – Wikipédia, a enciclopédia livre, 2014).
Acredita-se que Piri Reis tenha obtido essa informação através de um dos
marinheiros de Cristóvão Colombo, mais tarde aprisionado e feito escravo pelos turcos.
Embora se trate de um mapa elaborado no antigo sistema portulano, as posições de latitude e
longitude estão marcadas corretamente, técnica que só se tornou possível em 1790, com a
invenção do astrolábio adequado, conforme citado na obra de Graham Hancock. Já segundo
Gregory McIntosh, em seu livro, o mapa de Piri Reis se comparado à outros mapas da mesma
época que também usavam a projeção portulana, não tinha precisão, sendo os mapas de
Ribero, de Ortelius e o de Wright-Molyneux, muito melhores As indicações cartográficas de
Piri Reis mostram a conformação das regiões polares exatamente como estavam antes da
última glaciação e não na situação atual. Não se sabe em qual mapa ele se baseou que pudesse
conter informações de 10 mil anos atrás (Mapa de Piri Reis – Wikipédia, a enciclopédia livre,
2014).
No século XVII, paralelo ao aumento da produção cartográfica em mapas
geográficos e de navegação, houve uma evolução no setor de cartas de interesse local e de
limitada extensão, elaboradas, cada vez mais frequentemente, que podem ser consideradas
como as percussoras das cartas topográficas atuais Ainda nesse século são publicados vários
mapas e atlas pela família Sanson (França) pelo cartógrafo Nicolau Sanson (1600-1667),
influenciados pela cartografia belga de Gerardi Mercatoris “o Mercator”, como: Adriano e
Guilherme (filhos de Nicolau); Pedro Durval (genro de Nicolau); os geógrafos e cartógrafos
Gilles Roberto de Vougendy (1688 - 1766), neto de Nicolau e Didier Roberto de Vougendy
(c.1723–1786), bisneto de Nicolau. (OLIVEIRA, 1993; DUARTE, 1994). Em 1615, o
53
astrônomo e matemático holandês Willebrord Snellius (1580 – 1626) realiza a 1ª triangulação
usando um teodolito; Décadas depois, os brilhantes matemáticos Jean Dominique Cassini
(1625 – 1712) e Guilherme Delisle (1675 – 1726), entre outros, recebem todo apoio do
governo Colbert (ministro Luís XIV) para realização de levantamentos cartográficos da
França (OLIVEIRA, 1993).
O século XVII marca o início da execução de grandes levantamentos nas áreas da
geodésia e cartografia, realizados em especial pela França, Inglaterra e Alemanha. O
sacerdote católico e notável astrônomo Jean Picard (1620 – 1682), utiliza em 1669, um
quadrante equipado com lunetas. Antes mesmo que a era dos grandes levantamentos tivesse
inicio, extensos esforços, na Europa, já datavam de um passado de atividades no sentido de
cartografar detalhes topográficos com o auxílio da bússola e de um tipo de hodômetro. Um
objeto muito utilizado no século XVI foi o carro topográfico (Figura 49), em que um
mostrador ou quadrante registrava as revoluções ou voltas executadas pelas as rodas do carro,
enquanto ao mesmo tempo em que o topógrafo e o seu ajudante (auxiliar) traçavam o croqui
da estrada e das imediações, mediante a uma bússola (OLIVEIRA, 1993).
Idade Contemporânea
55
Figura 51 - Mapa japonês do fim do século XVIII mostrando o sudeste asiático no
centro do mundo.
57
Ainda nesse período, César François Cassini sugere o levantamento trigonométrico
entre Londres e Dover, cruzando o Canal da Mancha (Figura 54), o General William Roy,
como o encarregado dessa missão de levantamento pela Royal Society (OLIVEIRA, 1993).
Em 1787, o astrônomo, geodesista e cartógrafo francês, Jean Dominique Comte de Cassini –
Cassini IV (1748 — 1845), bisneto de Giovanni Domenico Cassini, inicia a triangulação entre
Londres e Paris (SOUKUP, 1976).
58
explorador alemão Friedrich Wilhelm Heinrich Alexander von Humboldt (1769 - 1859), o
barão de Humboldt, mais conhecido como Alexander von Humboldt (SOUKUP, 1976).
Apesar do notável progresso na confecção dos mapas quanto à precisão geométrica e
da variação do tipo, continuou a reprodução dos mapas a limitar-se, até o fim do século XIX,
à gravação em cobre, isto é, a impressão unicolor e, assim, também, a representação do relevo
em cartas topográficas, feita sempre pelo sistema de hachuras de Lehmann (SOUKUP, 1976).
A cartografia passou a basear-se, desde meados do século XIX, em uma série de
invenções, que levaram, às vezes, dezenas de anos para serem empregadas rotineiramente,
podendo-se considerar esta época a da cartografia técnica. Dentre as diversas invenções pode-
se citar: a litografia, a fotografia, a heliogravura, a tricromia, a impressão offset, o processo
fotomecânico do escultor e cartógrafo alemão Karl Wenschow (1884 – 1947) para a
impressão das sombras no relevo, o desenho automático do conteúdo pelo estereoplanígrafo
do inventor alemão na área da óptica Carl Zeiss - 1816 – 1888 (SOUKUP, 1976; OLIVEIRA,
1993). Foi importante também a simplificação do desenho dos letreiros pela impressão
tipográfica (carimbagem) e pela confecção mecânica (normógrafo), e outras invenções,
vieram facilitar grandemente o desenho, encurtar o tempo de trabalho e economizar pessoal
especializado, graças, sobretudo, à mecanização de certas operações, até então feitas
manualmente< Surge assim, a época da Cartografia técnica é, também, a época das cartas
topográficas e geográficas multicoloridas e das edições vultosas, justificadas pelo aumento do
consumo (SOUKUP, 1976).
Ainda nessa época foi muito importante a Figura 55 – Semicírculo: aparelho
usado no séc. XVIII para medição de
construção e uso do quadrante de Bouguer, do ângulos.
matemático, físico e hidrógrafo francês Pierre
Bouguer (1698 - 1758) que trazia o Sol para o
horizonte, a fim de que o observador pudesse
observá-los simultaneamente foi importantíssimo
para realização de diversos levantamentos, dentre os
quais, a medição do arco de meridiano (1735 a
1745) entre Cotchesqui e Tarqui, no Equador, a fim
de ser determinar o tamanho e a forma da Terra.
Nesse sentido, a criação do semicírculo foi aparelho
bastante usado para a medição de ângulos conforme
mestrado na figura 55 ao lado (OLIVEIRA, 1993). Fonte: OLIVEIRA, C. de (1993, p.24).
59
Nos séculos XIX e XX a produção cartográfica é marcada tanto pela qualidade como
quantidade, com o surgimento e aperfeiçoamento de diversos instrumentos, como: teodolitos
(eletrônicos e digitais); estereoscópios (bolso e de espelho); planímetros; pantógrafos;
câmeras fotográficas (aerofotogramétricas analógicas e digitais); curvímetros; restituidores
(analógicos e digitais); hodômetros; aviões, foguetes e satélites artificiais (imagens de
satélites, radar e aerofotografias); impressão em off-set; computadores; softwares: sistemas de
levantamento e tratamento de dados e informações cartográficas; rastreadores de satélites
Global Positioning System (GPS), entre outros. Algumas dessas figuras são mostradas nas
figuras 56 e 57 (OLIVEIRA, 1993).
Figura 56 – Alguns instrumentos cartográficos surgidos e aperfeiçoados nos séc. XIX e XX
(B)
Planímetro
(A)
Curvímetro
(C)
Pantógrafo
(D)
(E)
Disponíveis em: (A) <http://goo.gl/qlOriY>, (B) <http://goo.gl/8RDxB9>, (C) <http://
http://goo.gl/ysRIT2>, (D) <http://goo.gl/FCtdH9> e (F) <http://goo.gl/3KrLlZ>. Acesso em: 3 de nov. de
2014.
60
Figura 57 – Alguns instrumentos cartográficos surgidos e aperfeiçoados nos séc. XIX e XX
(A) (B)
(C) (D)
(F)
Hodômetro
(E)
(G)
Disponíveis em: (A) <http://goo.gl/wA7HaL>, (B) <http://goo.gl/i0Zg8W>, (C) < http://goo.gl/ZS7rRI>,
(D) <http://goo.gl/kQR3FU>, (E) <http://goo.gl/EtJtM1>, (F) <http://grafica.marcos.zip.net/> e
(G)<http://goo.gl/DJPUhb>. Acesso em: 3 de nov. de 2014.
61
artísticos; Os documentos cartográficos e aerofotográficos mais detalhados e informatizados,
com a criação de ortocartas, ortofotocartas; cartogramas e imagens orbitais (espectrais e
radargramétricas), mapa-imagem, etc (OLIVEIRA, 1993).
No dia vinte e sete de abril de 1500, logo ao pisar em terra foi realizada a primeira
operação cosmográfica em solo “brasileiro” com a medição do sol ao meio-dia utilizando o
astrolábio, feita por João Emenelaus como mostra a figura 58 (OLIVEIRA, 1993).
62
Figura 59 - Carta do Brasil de 1519.
Dentre os vários trabalhos cartográficos sobre o Brasil, nos séculos XVI e XVII,
merecem destaque os de George Marcgrave, cartógrafo alemão que veio para o Brasil com
Maurício de Nassau (DIRETORIA DE HIROGRAFIA E NAVEGAÇÃO, 2011).
No século XVI, em 1513, é divulgado o mapa mundo de Piri Reis, na qual aparece o
Brasil como sendo uma terra de animais ferozes de pêlo branco, tendo a forma de bois de seis
63
chifres. Surgem também os primeiros mapas sem expressão de delineamento do litoral e com
denominação variada: Terra de Santa Cruz; Terra Nova; Terra Incógnita; Terra de Papagaios;
Terra de Brazília; Terra de Antropófagos. No final do século XVI é elaborada a Planta da baía
da Guanabara, como mostrado na figura 61 abaixo (OLIVEIRA, 1993).
Figura 61 - Planta da baía da Guanabara do final do séc.
XVI.
65
Figura 64 – Mapa das Quatorze Capitanias Hereditárias do
holandês Ianne Blaeu – 1640.
Figura 65 - Planta da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro - Impressão Regia de 1812
por Ferreira Souto.
71
Em 1960 são editadas quatro folhas das Regiões Norte e Centro-Oeste. Os EUA, à
frente das operações estratégicas no mundo todo, visando à vitória final contra a Tríplice
Aliança promovem uma extensa cobertura aerofotogramétrica em áreas ainda poucos
desenvolvidos cartograficamente, tendo como base o Sistema Trimetrogon. Assim, foram
fotografados dois terços do território brasileiro em áreas sem mapeamento regular, com a
participação efetiva da geodésia oficial norte-americana no Brasil – Inter-American Geodetic
Survey – IAGS (OLIVEIRA, 1993).
A partir de 1964, a Diretoria de Serviço Geográfico do Exército - DSG-Ex e o
Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, principais órgãos de Cartografia no
Brasil, realizam coberturas sistemáticas de cartas topográficas a partir de fotografias aéreas,
no sentido de preencher o imenso vazio territorial brasileiro, nas escalas 1: 100 000, 1: 50 000
e 1: 250 000. Outros órgãos também produzem mapas e cartas, como, a Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais –
CPRM, o Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM (OLIVEIRA, 1993).
Entre 1970 e 1980, ocorre o pleno desenvolvimento dos levantamentos geodésicos de
apoio básico, estendendo-se pela Amazônia Legal. A partir da década de 1970 passa-se a
utilizar o sensoriamento remoto na elaboração de mapas temáticos por empresas do setor
público e Universidades. São Utilizados modernos métodos e emprego de técnicas e
instrumental avançado, como por exemplo, o levantamento de radar da Amazônia, cobrindo
em um ano 4 milhões de quilômetros quadrados e a elaboração de cartas planimétricas com
precisão de 10 metros nas escalas 1: 250 000 e 1: 1 000 000. De 1971 a 1983 é executado o
Projeto Radambrasil pelos militares, iniciado logo após do sucesso do radar da Amazônia,
Projeto Radam. Em meados da década de 1980, a cobertura aerofotogramétrica abrange 2/3
do território brasileiro (OLIVEIRA, 1993).
Na década de 90 intensifica-se a utilização do geoprocessamento para criação e
gerenciamento de banco de dados e informações através do tratamento digital de produtos
sensores voltado para mapeamentos temáticos por empresas do setor público e privado.
O século XXI tem se caracterizado pela consolidação do setor misto e privado frente
aos mapeamentos sistemáticos e temáticos no Brasil, tendo como base, a utilização da
cartografia digital, do geoprocessamento, do sensoriamento remoto, voltados para a execução
de levantamentos geodésicos e aerofotogramétricos.
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SAIBA MAIS...
Para saber mais sobre alguns dos assuntos desta unidade, assista aos vídeos:
História da Cartografia.
Disponível em:<http://goo.gl/z27Ykz>
A evolução da cartografia.
Disponível em:<http://goo.gl/hhGb6P>
História da Cartografia.
Disponível em:<http://goo.gl/eIDXp1>
ACESSE TAMBÉM:
74
HANCOCK, G. As Digitais dos Deuses. (Ruy Jungmann, trad.). São Paulo: Record. 2001.
618p.
HARLEY, J. B; WOODWARD, D. The history of cartography: cartography in prehistoric,
ancient, and medieval Europe and the Mediterranean Chicago: University of Chicago, 1987.
599p.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Noções Básicas de Cartografia.
Diretoria de Geociências - DGC. Rio de Janeiro: IBGE, 1998. 128p. Disponível em:
<http://goo.gl/Y8Ql3U> Acesso em: 15 de dez. de 2015.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Noções Básicas de Cartografia.
Departamento de Cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1999. 130p. (Manuais Técnicos em
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JOLY, F. A Cartografia. Tradução por Tânia Pellegrini. Campinas: Papirus, 1990. 136p.
LIMA, A. T. de O. Curso de Engenharia Cartográfica da UFPE. Um breve histórico; Uma
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MAPA DE PIRI REIS – Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: <
http://goo.gl/ogL675 >. Acesso em: 3 de nov. de 2014. 2 de out. de 2014. [s.n.t].
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