Desenho Da Figura Humana
Desenho Da Figura Humana
Desenho Da Figura Humana
RESUMO
O Desenho da Figura Humana tem sido bastante usado para avaliação cognitiva e de desenvolvimento infantil.
Os sistemas de avaliação mais conhecidos e mais empregados internacionalmente são: o apresentado por
Goodenough (1926) e revisado por Harris (1963) e o proposto por Koppitz (1973). Este estudo investigou a
validade concorrente entre o Teste R-2 e o Desenho da Figura Humana, empregando os dois sistemas. O R-2,
Teste Não Verbal de Inteligência para Crianças, avalia o fator geral da inteligência. A amostra foi composta
por 1540 crianças, de 5 a 11,5 anos, de ambos os sexos, escolares da cidade de São Paulo. A aplicação dos dois
instrumentos foi individual, tendo sido solicitado o Desenho de um Homem e depois aplicado o R-2. Para a
amostra total, a correlação entre o R-2 e o sistema de Koppitz foi 0,575 e com o de Goodenough-Harris foi de
0,606 e, entre as duas avaliações do desenho, foi de 0,899, que é significante e alta. Concluiu-se que os dois
sistemas de pontuação do Desenho do Homem são adequados para avaliação cognitiva de crianças.
Palavras-chave: Teste R-2; Teste de Goodenough-Harris; Desenho de figuras humanas; Indicadores maturacionais
de Koppitz; validade de testes.
ABSTRACT
HUMAN FIGURE DRAWING’S VALIDITY FOR GOODENOUGH-HARRIS TEST AND KOPPITZ MATURITY
INDICATORS IN SÃO PAULO CHILDREN’S.
The Human Figure Drawing has been often used to assess child development. The assessment systems more
known and more utilized internationally are the presented by Goodenough (1926), revised by Harris (1963)
and the proposed by Koppitz (1973). The objective of this study was to investigate the concomitant validity
between R-2 Test and the Human Figure Drawing, by both systems. The R-2, Non Verbal Intelligence Test for
Children, evaluates the general factor of intelligence. The sample was composed by 1540 children, from 5 to
11.5 years old, of both sexes, students from São Paulo city. The children were assessed individually being asked
initially to Draw a Man and the R-2 Test. Correlations between R-2 and Koppitz system was 0.575 and with
Goodenough-Harris was 0.606 to global sample. Correlation between drawing assessments was 0.899, which
is high and significant. It was concluded that both point systems of Man Drawing are suitable for children’s
cognitive assessment.
Key words: Test R-2; psychological tests; Goodenough-Harris Test; Human Figure Drawing; Koppitz Maturity
Indicators; tests validity.
Endereço para correspondência: Rua Fradique Coutinho, 1590 apto. 63, São Paulo – SP.
CEP: 05416-002; Telefone/fax: (11) 3816-3545; e-mail: [email protected]
HELENA RINALDI ROSA
INTRODUÇÃO
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Outro sistema de avaliação foi proposto por Koppitz (1973), que considerou o
DFH como teste de maturidade e também como teste projetivo. Assim, estabeleceu um
sistema de avaliação do Desenho da Figura Humana constituído de itens evolutivos, cuja
freqüência cresce de acordo com o aumento da idade da criança, e outro com itens que
considerou indicadores de problemas emocionais. Partiu da hipótese básica de que o Desenho
da Figura Humana:
O R-2, Teste Não Verbal de Inteligência para Crianças, foi elaborado por Rynaldo de
Oliveira e editado pela Editora Vetor (Rosa e Alves, 2000). Destina-se à avaliação da inteligência
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não-verbal (fator geral da inteligência, baseado na Teoria Bifatorial de Spearman e que subsidia
também o Teste das Matrizes Coloridas de Raven), em crianças de 5 a 11 anos. A padronização
do teste foi desenvolvida como Dissertação de Mestrado pela autora junto ao Instituto de
Psicologia da USP (Rosa, 2000).
“variam amplamente, mas a maioria é maior do que 0,50. Para crianças do jardim da
infância, o DFH apresentou uma correlação mais alta com a aptidão numérica e mais
baixa com a velocidade perceptual e a exatidão do que para crianças de 4ª série (Harris,
1963). Esses achados sugerem que o teste pode medir funções um pouco diferentes em
idades diferentes”.
Na revisão dos estudos sobre o DFH feita por Scott (1981), o Teste Goodenough-
Harris apresentou coeficiente médio de validade igual a 0,49, comparado com 14 diferentes
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medidas de inteligência e a autora concluiu pela pouca evidência empírica para o uso do
Goodenough-Harris como medida de inteligência.
MÉTODO
Sujeitos
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Em cada escola foi planejado o sorteio de oito crianças por faixa etária, quatro
de cada sexo, compondo assim as 200 crianças para cada faixa etária com amplitude de seis
meses. Por motivos práticos, a distribuição de freqüência da amostra final, por idade, sexo e
tipo de escola foi levemente diferente da que foi originalmente planejada e é apresentada
na Tabela 1.
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Pode-se observar que a maioria das crianças está na série esperada para a idade,
como indica a tabela.
MATERIAL
PROCEDIMENTO
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RESULTADOS
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DISCUSSÃO
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Abell, von Briesen e Watz (1996) também obtiveram correlações mais altas com
o WISC-R e com o Stanford-Binet com a escala de Goodenough-Harris do que com a de
Koppitz, justificando esse resultado pelo fato de a avaliação Goodenough-Harris ser mais
longa e detalhada do que a de Koppitz.
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As correlações mais baixas com o R-2 aos 5 anos talvez se devam a uma diferença
entre as funções avaliadas pelos dois testes nesta faixa etária, que diminui a partir dos 6
anos, contudo observa-se uma correlação maior quando são consideradas todas as faixas
etárias. Deve ser lembrado ainda que o R-2 só é aplicável a partir de 5 anos, enquanto o
desenvolvimento do grafismo é observado desde os 3,5 ou 4 anos.
Para Nick e Kellner (1971) é possível esperar correlações por volta de 0,60 a
0,70 entre dois testes diferentes para a mesma aptidão. Acrescentam ainda que, ao investigar
a correlação entre um teste e um critério (validade), pode-se esperar valores entre 0,20 e
0,60, e neste caso, pode-se aceitar valores pouco elevados de correlação (entre 0,20 e 0,40),
porque sempre é possível combinar vários tipos de provas e obter correlações múltiplas
mais elevadas com o critério que se deseja predizer. Esses autores lembram ainda que a
variabilidade do grupo em que foi obtido influencia o coeficiente de correlação, sendo que
esta se torna maior conforme aumenta a variabilidade do grupo, o que de certa forma explica
o maior valor de correlação quando se considera a amostra total.
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HELENA RINALDI ROSA
CONCLUSÕES
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HELENA RINALDI ROSA
Rosa, H.R. & Alves, I.C.B. (2000). R-2: Teste Não Verbal de Inteligência para Crianças.
Manual. São Paulo: Vetor Editora.
Recebido em 18/07/07
Revisto em 17/01/08
Aceito em 22/01/08
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