Homiletica PDF
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NITERÓI, 2004
Seminário Evangélico para o
Aperfeiçoamento de Discípulos
e Obreiros do Reino - SEMEADOR
Supervisão Editorial:
Pr. Luiz Cláudio Flórido
Projeto Gráfico,
Edição e Impressão:
Mídia Express Comunicação
Comunidade Cristã
Jesus para o Mundo
Apresentação
E
ste livro foi escrito pela equipe de redatores do Seminário
Evangélico Para o Aperfeiçoamento de Discípulos e Obreiros
do Reino - SEMEADOR com base em fundamentos
recolhidos de várias fontes: autores cristãos
reconhecidamente inspirados por Deus, estudos aceitos e adotados por
outros seminários evangélicos de prestígio e, acima de tudo, a visão
específica que o Espírito Santo tem atribuído ao ministério da
Comunidade Cristã Jesus Para o Mundo.
Por se tratar de conteúdo bíblico, o assunto aqui tratado não se
esgota, em nosso entendimento, nas páginas deste ou de qualquer
outro livro. Cremos no poder revelador da Palavra de Deus, que nos
oferece novas induções a cada releitura. Por isso, o objetivo maior do
SEMEADOR não se limita ao estudo teológico, mas sim em trazer a
presença de Deus e a Palavra Rhema na vida de discípulos e obreiros
que queiram um verdadeiro compromisso com o Seu Reino.
A Bíblia e a presença de Deus são, portanto, requisitos indispensáveis
para os alunos do SEMEADOR, tanto no estudo deste livro como
durante as aulas.
“Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te atemorizes,
nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde
quer que andares.” Josué 1:9
Equipe de Redação
Índice
Capítulo 1
Definindo Homilética 7
A Arte de Pregar
Capítulo 2
A Base do Sermão 19
O Texto, o Tema e o Título
Capítulo 3
A Estrutura do Sermão 29
Introdução, Corpo e Conclusão
Capítulo 4
Classes de Sermão 41
Tópico, Textual e Expositivo
Bibliografia 52
Programa Curricular 54
Homilética
Definindo Homilética
A Arte
de pregar
D
eus planejou a Igreja para manifestar a sua “multiforme sa-
bedoria” através da mensagem (Ef. 3:10). Em toda a histó-
ria bíblica, Deus inspirou sua Palavra na boca de arautos e
na pena de escritores. Profetas, reis e sacerdotes foram os
pregoeiros de Deus no Antigo Testamento. No Novo Testamento, a procla-
mação, da Palavra passou a ter significação importante através da prega-
ção. A partir da experiência dos discursos em público, a oratória começou
a ser encarada com interesse e seriedade pelos líderes da Igreja Primitiva.
Surgiu, então, a necessidade de desenvolver “a arte da pregação” por mé-
todos que incluíssem a oratória, a eloqüência e a retórica. Esses três ele-
mentos formam a Homilética Sacra.
Homilética é arte de pregar em público. Arte é algo que desenvolve-
mos no dia-a-dia, ao colocar em prática dotes naturais. A prática dos dotes,
acaba dando corpo e substância aquilo que desenvolvemos, levando-nos ao
conceito final, no caso em questão, ao que chamamos de homilética.
A homilética não é propriamente a elaboração de um esboço no pa-
pel, nem tampouco seu uso normal, mas é a prática do sermão, da prega-
ção. O termo homilética vem da palavra grega Hehomilia. O verbo Homi-
lein era usado pelos gregos sofistas para expressar o sentido de
“relacionar-se”, “conversar”. Desta palavra vem Hemoletike, que traduzi-
da quer dizer “eloqüência na pregação de sermões, palestra ou discurso”.
Qualquer pregador, mesmo que nem anote os versículos – base de
sua pregação - ainda assim, não há dúvida de que irá obedecer regras con-
tidas na homilética. Toda a prática do cristianismo, no que concerne à
10 Homilética
A ARTE DE PREGAR
O sucesso do pregador depende não só de oração e estudo freqüente
das Escrituras, mas também da sua persistência em, continuamente, me-
lhorar a sua capacidade de expressar a Palavra de Deus. A comunicação
clara é indispensável ao bom desempenho na exposição da mensagem. A
arte de pregar possui vários aspectos: a voz, a técnica da oratória e o co-
nhecimento da língua pátria.
O segredo do sucesso de uma pregação está no fato do pregador se
colocar sob a influência e unção do Espírito Santo, e saber manter esta
Semeador 11
O PREGADOR
Pregador é alguém que recebe a mensagem de Deus e a entrega aos
homens. É o que trata com Deus os interesses dos homens; e, com os ho-
mens os interesses de Deus. O pregador não é um entregador de recados.
É um porta-voz de Deus. A pregação é a tarefa primordial da Igreja e,
por conseguinte, dos que exercem o ministério da Palavra. Num certo
sentido todo crente é um pregador do Evangelho, pelo dever de testemu-
nhar de Cristo, mas nem todos são ministrantes da Palavra.
pressão máxima de sua personalidade, por isso, como “em nenhuma outra
vocação, no ministério o caráter é decisivo”. A personalidade do pregador
deve ser a sua identidade.
- Transmissão: Um dos textos mais importantes para o pregador é II
Coríntios 5:20: “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, co-
mo se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos pois da parte de Cristo que vos
reconcilieis com Deus”. Para transmitir a mensagem do Evangelho, o pre-
gador precisa estar embebido na atmosfera da escritura de Paulo, conscien-
te do seu papel de embaixador de Cristo. O pregador deve receber a men-
sagem divina e transmiti-la aos homens.
- Objetividade: Se o pregador tiver objetividade ao pregar, se visar
unicamente a salvação de almas e a edificação da igreja será bem sucedido.
O sucesso da pregação verifica-se quando a mensagem é objetiva e redimi-
da em louvor e glória a Deus, não ao pregador. A objetividade envolve o
alvo, o sucesso e o resultado da pregação.
- Experiência: A mensagem pregada, antes de tudo, deve ser sentida
e experimentada na vida do pregador. O pregador dá ao povo da comida
que já o saciou. Arthur S. Hoyt escreveu: “O homem chamado por Deus
tem uma visão de Deus, uma visão da necessidade humana, uma visão da
oportunidade”.
EXERCÍCIO
sultado.
vida do pregador.
dor.
mensagem.
Homilética
A Base do Sermão
O Texto, o Tema
e o Título
A
base do sermão é constituída pelo texto bíblico, pelo tema
e pelo título. Nos primórdios da Igreja, a pregação era in-
formal, porém explanativa. Por não haver ainda um méto-
do específico de pregação, os apóstolos discorriam sobre
passagens do Antigo Testamento e explicavam-nas aos ouvintes, comparan-
do-as com os ensinos de Cristo. Com a expansão do Cristianismo no pri-
meiro século, a forma de pregação começou a sofrer influências, e um cer-
to líder cristão, chamado Orígenes, passou a substituir o uso dos textos bí-
blicos – e a conseqüente explanação dos mesmos – por interpretações ale-
góricas. Entretanto, não prevaleceu essa forma.
mas e títulos que não vulgarizem o púlpito sagrado. O lugar onde se prega
a Palavra de Deus deve ser consagrado. Atitudes irreverentes, títulos e te-
mas extravagantes, sensacionalistas, irônicos e críticos fogem ao propósito
espiritual dos sermões.
Para finalizar este capítulo, podemos citar algumas fontes de geração
de temas e títulos, como por exemplo, a leitura de um bom livro, jornal ou
revista; uma notícia, frase, pregação ou palestra poderão ajudar na escolha
de um tema ou título. A leitura de bons livros, não somente evangélicos,
poderão enriquecer a cultura do pregador. Organizar uma biblioteca pró-
pria é muito importante. Deve-se também estar em dia com os assuntos a-
tuais. Os meios de comunicação lhe darão um panorama dos problemas
mundiais. Outra fonte é ter em mãos um bloco de anotações, ou uma agen-
da pessoal, para anotar pensamentos e idéias novas que brotarem na mente,
nas circunstâncias e lugares diversos.
Mas, o mais importante, e a principal fonte de inspiração é a Bíblia.
O hábito de ler, meditar, estudar em oração a Palavra de Deus dará ao pre-
gador a capacidade espiritual para elaborar os seus sermões.
28 Homilética
EXERCÍCIO
lo.
Homilética
A Estrutura do Sermão
Introdução,
Corpo e
Conclusão
A
té esse ponto estudamos o lado técnico e prático do ser-
mão. Agora estudaremos as partes que constituem o todo
de um sermão. Três são as partes essenciais que formam a
estrutura do sermão: INTRODUÇÃO, CORPO e CON-
CLUSÃO. Elas fazem parte da organização do sermão com as devidas di-
visões básicas, para orientar o pregador na elaboração e apresentação da
mensagem.
A INTRODUÇÃO DO SERMÃO
É o ponto de contato entre o pregador e o auditório. Tecnicamente,
denomina-se “exórdio”, e é parte vital do sermão. A introdução deve ser
feita quando o pregador tiver fixado o propósito do sermão, escolhido o
texto, determinado o tema e organizado o esboço; então, ele estará pronto
para preparar a introdução do sermão. A introdução deve ser preparada
por último, pois é através dela que o pregador apresentará ao auditório o
que irá falar no sermão.
A introdução é algo inteiramente preparatório. Presta-se a mostrar,
em síntese, a proposição do sermão. O pregador precisa ter a habilidade
em despertar o interesse dos ouvintes para a mensagem no momento da
apresentação da introdução.
O CORPO DO SERMÃO
É a parte principal. Tem a ver com a ordem das divisões, constituída
de pontos e subpontos. Outros nomes também são dados ao corpo do ser-
mão: argumentação, tratamento, movimento, esboço, esqueleto e discus-
são. O corpo do sermão envolve a organização do mesmo com suas divi-
sões técnicas, que orientam o pregador na apresentação da mensagem. Po-
demos defini-lo como uma associação de idéias que finalizam num só alvo.
Ele deve ser bem apresentado e ao mesmo tempo mesclado com o sa-
bor da graça de Deus. Somente assim, o pregador pode se enquadrar no
exemplo típico do divino Mestre. Dele se diz: “.. Todos...se maravilhavam
das palavras de graça que saíam da sua boca...” (Lc. 4:22).
Para se elaborar o corpo do sermão não basta a idéia geral do assun-
to, tem que se levar em conta as divisões e subdivisões quantas forem ne-
cessárias. Entretanto, precisam estar ligadas e conservar a ordem lógica. O
objetivo das divisões é explicar, provar e aplicar os argumentos expostos.
Esses três modos indicam “o princípio, o meio e o fim”, que devem norte-
ar um sermão.
CONCLUSÃO
É o epílogo, a parte final de um discurso. A aplicação final e definiti-
va do sermão está na conclusão, porque nesta parte o pregador chega ao
clímax da mensagem. O êxito da mensagem depende de uma boa conclu-
são. É fundamental que o pregador saiba entrar e sair do sermão.
No sentido homiliasta, a conclusão é a síntese de todas as verdades
que foram ditas no corpo do sermão. Ela deve ser breve. Lamentavelmen-
te, alguns pregadores, se esquecem da importância da conclusão, e, como
resultado, seus sermões, embora cuidadosamente preparados, fracassam no
ponto crucial.
Não cabe na conclusão discutir outros pensamentos. Seu propósito é
reafirmar verdades expostas, determinar e indicar meios, oferecer oportu-
nidade, e, essencialmente, fazer o fechamento do que já foi dito no ser-
mão.
Existem alguns modos de se elaborar a conclusão:
38 Homilética
EXERCÍCIO
4. ____ Frases e provérbios podem ser utilizados como fonte para uma
introdução
7. ____ Cada sermão deve ter uma ordem, pode ser lógica ou cronoló-
gica.
Classes de Sermão
Tópico,
Textual
e Expositivo
N
o capítulo anterior, tratamos acerca da estrutura do ser-
mão. Neste capítulo, veremos como trabalhar essa estru-
tura. São vários os tipos de sermões a serem pregados.
Três classes de sermões englobam todos os tipos possí-
veis: evangelísticos, doutrinários, avivalísticos, exegéticos e ocasionais.
Eles são denominados: (1) Sermão Tópico; (2) Sermão Textual; (3) Ser-
mão Expositivo. Há textos bíblicos que servem para qualquer classe de
sermões. Como cada pregador tem características próprias, a classe e o
tipo de sermão têm muito a ver com a preferência pessoal.
AS CLASSES DE SERMÃO
1. Sermão tópico ou temático
É aquele cujas divisões são extraídas do tema ou assunto, indepen-
dentemente do texto bíblico. Nesta classe de sermão, o texto bíblico for-
nece o assunto, a idéia e o pensamento que norteará a mensagem.
A dissertação do sermão temático não se concentra no texto, ou nu-
ma parte das escrituras; e sim, em todas as partes das escrituras onde
aquele tema está em foco. O título principal em tal sermão, naturalmente,
não se baseia na análise de um versículo ou passagem, como geralmente
se faz em outros sermões, mas na análise do assunto. Na seleção do te-
ma, deve-se buscar a direção do Espírito Santo, que dará à medida que se
passa tempo em oração e meditação na Palavra de Deus.
Uma das vantagens da pregação temática é que o pregador é levado
44 Homilética
2. Sermão textual
É aquele que se baseia no texto bíblico. É aquele em que as divi-
sões principais são derivadas de um texto constituído de uma breve por-
ção da Bíblia. Essa porção pode ser, dependendo da natureza do sermão,
uma linha, um versículo ou até mesmo dois ou três versículos. Não deve
ser mais do que isto, pois nesse caso não se trata mais de uma porção pa-
ra um sermão textual, e, sim uma porção para um sermão expositivo.
A importância dos sermões textuais está na preocupação com a in-
terpretação do texto. Exige-se habilidade para tratar o texto com o respei-
to exegético que ele requer. Pesquisar o seu contexto gramatical, históri-
co e geográfico, doutrinário ou teológico, linguagem literal ou figurada
etc., é o requisito mínimo para se elaborar um sermão textual com efici-
ência e clareza.
Há três tipos de sermões textuais: Natural, Analítico e Sintético. Os
três tipos derivam de texto bíblico, mas, cada um tem a sua forma pró-
pria de elaboração .
Semeador 45
3. Sermão expositivo
É aquele que externa, que mostra ou expõe uma verdade contida
num determinado texto da Escrituras. É, antes de qualquer outra coisa,
um modo de ensinar. De modo mais explícitom sermão expositivo tem a
função primária de colocar à vista o que está obscuro, de declarar a ver-
dade que está inserida na Palavra de Deus.
A missão do pregador num sermão expositivo é o de colocar diante
do povo o que Deus colocou em sua Palavra, sem aumentar ou diminuir o
que está literalmente escrito. O pregador deve tirar o tema do texto, pois
a maior parte do material deste sermão provém diretamente do texto.
O sermão expositivo não obriga o pregador a fazer uma exegese
minuciosa de cada versículo. Este sermão não é uma coletânea de pensa-
mentos espirituais escoradas em versículos bíblicos, ele é o esboço tópico
de uma passagem, que é periférico e superficial.
Para o preparo de sermões expositivos, alguns conselhos são úteis e
contribuirão para uma compreensão maior, vejamos:
a.Não fuja do texto, fique nele e explique-o .
b.Estude plenamente cada frase e cada palavra do texto. Interpre-
tando-o dentro das regras de hermenêutica.
c.Escolha textos que contenham aplicação prática, não viole o pro-
pósito, nem o significado do texto em seu contexto original.
d.Cultive a leitura sistemática da Palavra de Deus, acompanhada de
oração constante.
e.Cultive o hábito de anotar pensamentos e referências bíblicas.
f.Cuidado com as falsas aplicações que produzem conceitos errados
e desviam os ouvintes da autêntica doutrina.
Semeador 47
Exemplo:
Tema: Cristo, o Senhor dos Senhores
Texto: Colossenses 1
Introdução: Saudação inicial de Paulo (vv.1,2) e Ação de Graças
(vv. 3-8)
Divisões:
I – Cristo, o Senhor Pleno (vv. 13-23)
II – Cristo, o Senhor do ministério de Paulo (vv. 24-29)
III – Confessou seu pecado (vv. 19,21)
Conclusão: Cristo conquistou o senhorio sobre todas as coisas, na
Sua vitória no Calvário.
4. Recursos de ilustração
A ilustração tem por finalidade fazer com que o ouvinte veja com os
olhos da mente. Ilustrar é esclarecer, elucidar, comentar e explicar. Pode
ter, também, o sentido de transmitir conhecimentos, de instruir. Normal-
mente, a ilustração envolve algo conhecido de todos. Pode vir na forma de
uma parábola, história verídica, alegoria, experiência pessoal, fato históri-
co ou aspecto histórico-biográfico. Adquirimos nossos conhecimentos atra-
vés dos cinco sentidos naturais: visão, audição, tato, olfato e paladar. A vi-
são e a audição assimilam mais conhecimentos que os outros sentidos.
Portanto, o pregador deve explorar esses dois agentes físicos para
50 Homilética
EXERCÍCIO
tual.
positivo.
7. ____ A ilustração tem por finalidade fazer o ouvinte ver com os olhos
da mente.
BIBLIOGRAFIA
Homilética. EETAD.