Rosani Junckes PDF
Rosani Junckes PDF
Rosani Junckes PDF
RESUMO: O presente trabalho aborda o tema mediação, apresentando o projeto realizado pelos bolsistas do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), que contempla a leitura, escrita e oralidade
para alunos de turmas iniciais do Ensino Fundamental de Escolas Públicas. Atuam neste Projeto 20 bolsistas do
Curso de Licenciatura Pedagogia da Unisul, que ministram aulas no contraturno. O projeto acontece nas
seguintes escolas da Região da Grande Florianópolis: Escola Estadual Básica Professor Aníbal Nunes Pires,
Escola Estadual Básica Professora Claudete Maria Hoffmann Domingos e Centro Educacional Municipal
Governador Vilson Kleinubing, atendendo em número de aproximadamente 80 crianças, com faixa etária entre 8
a 10 anos num período de 2 meses.Pelos resultados apresentados,o trabalho vem mostrando a importância da
mediação pedagógica nas atividades desenvolvidas,pois através de técnicas, brincadeiras, jogos, histórias e
diferentes leituras,está refletido o desenvolvimento das crianças que, muitas vezes, se sentem tristes e excluídas
por não conseguirem ler e/ou escrever.
1 Introdução
A interação entre professor e aluno vem se tornando mais dinâmica, devido aos
avanços nos âmbitos social, educacional, tecnológico e de mercado. A globalização e as
tecnologias de comunicação e informação proporcionaram também avanços no modo de vida
das pessoas e conseqüentemente no trabalho e na educação.
A atuação dos profissionais da área de educação vem se remodelando com a finalidade
de atender às demandas dos alunos, não só transmitindo conhecimento, mas buscando a
interação e estimulando os alunos para desenvolverem suas habilidades e concretizarem
iniciativas e sonhos.
Essencialmente, o profissional da educação necessita saber conceitos básicos, como:
educação, sociedade, aprendizagem, conhecimento para o êxito da sua atuação.
Da mesma forma, o professor precisa conhecer a realidade de seus alunos, como
vivem e se relacionam com o meio, pois isso permite que ele se aproxime de sua classe.
Compreendendo seus alunos, o professor tem a possibilidade de atuar e interferir
positivamente no processo educacional e na formação desses indivíduos.
Também, é importante que o professor conheça a escola em que trabalha qual seu
papel na comunidade na qual estão inseridos, seus objetivos e valores, pois, conhecendo o
ambiente como um todo é possível estabelecer formas de trabalho mais interessantes para
professor e aluno.
Como reforça Santos (2013), a educação deve não apenas formar trabalhadores para as
exigências do mercado de trabalho, mas cidadãos críticos capazes de transformar um mercado
de exploração em um mercado que valorize uma mercadoria cada vez mais importante: o
conhecimento. Dentro deste contexto, é imprescindível proporcionar aos educandos uma
compreensão racional do mundo que o cerca, levando-os a um posicionamento de vida isento
de preconceitos ou superstições e a uma postura mais adequada em relação a sua participação
como indivíduo na sociedade em que vive e do ambiente que ocupa.
1
Coordenadora de Área PIBID Grande Florianópolis. Especialista em Inclusão e Políticas
Públicas- UNISUL
1
Nesse sentido, este artigo busca relatar como o projeto do PIBID vem contribuindo
com a formação de alunos de turmas iniciais do Ensino Fundamental de Escolas Públicas,
contemplando a leitura, escrita e oralidade, considerando o trabalho realizado pelos bolsistas
designados para atuar no projeto. As avaliações a respeito dos resultados apresentados foram
obtidas por meio de relatórios apresentados periodicamente pelos bolsistas. Esses relatórios
retratam o panorama das classes estudadas em cada escola participante, possibilitando
conhecer quais as necessidades dos alunos observados durante o projeto.
2 O processo de ensino-aprendizagem
A esse respeito, Freire (1996) menciona que os sistemas de ensino precisam fornecer o
apoio necessário, favorecendo, inclusive, a qualificação do professor. Para o autor, antes de
qualquer tentativa de discussão de técnicas, de materiais, de métodos para uma aula dinâmica
é indispensável que o professor se ache repousado, no saber de que a pedra fundamental é a
curiosidade do ser humano. É ela que faz perguntar, conhecer, atuar, mais perguntar, re-
conhecer.
Cagliari (2002) acredita que a escola moderna se envolveu num emaranhado de teorias
e métodos, mas se afastou da realidade de seus alunos. Para o autor, o aluno não aprende
porque a escola não ensina e não sabe ensinar, e os que aprendem o fazem em grande parte,
apesar do que a escola ensina.
Na visão do autor supramencionado,
a escola usa e abusa da força da linguagem para ensinar a para deixar bem claro o
lugar de cada um na instituição e até na sociedade. Fora de seus muros. A maneira
como se fala, como se deixa falar, sobretudo como se pergunta e como são aceitas as
respostas, muitas vezes é usada não para avaliar o desenvolvimento intelectual do
aluno, mas como um subterfúgio para lhe dizer que é burro, incapaz ou excelente.
(CAGLIARI, 2002, p. 25).
3
aquisição do conhecimento de seus alunos, de como eles se situam em termos de
desenvolvimento emocional e de como eles vêm evoluindo no processo de interação social,
pois assim, o ele pode encaminhar o processo de aprendizagem de forma agradável e
produtiva. Dessa forma, ele estará mais livre para selecionar métodos e técnicas, buscando os
rumos e o ritmo que considerar mais adequados a sua turma, colocando sua sensibilidade
acima de qualquer modelo pré-estabelecido.
Adequar a metodologia e os recursos audiovisuais de forma que haja a comunicação
com os alunos, é também, uma forma de fazer da aula um momento propício à aprendizagem.
É importantíssimo que o professor tenha, também, competência humana, para que possa
valorizar e estimular os alunos, a cada momento do processo ensino-aprendizagem. A
motivação é imprescindível para o desenvolvimento do indivíduo, pois bons resultados de
aprendizagem só serão possíveis à medida que o professor proporcionar um ambiente de
trabalho que estimule o aluno a criar, comparar, discutir, rever, perguntar e ampliar idéias.
(SANTOS, 2013).
4
sempre estão ligadas aos acontecimentos que vêm de casa, tendo relação com o convívio com
pais e amigos.
Fontana (2000) afirma que é preciso que o adulto assuma o seu papel com o objetivo
claro da relação de ensino (que é o de ensinar), levando em consideração a condição de ambos
os lados dessa prática, como parceiros intelectuais, desiguais em termos de desenvolvimento
psicológico e dos lugares sociais ocupados no processo histórico, mas por isso mesmo,
parceiros na relação contraditória do conhecimento.
Apesar de considerar a interação do meio na formação individual, Vygotsky não
desconsidera as definições biológicas da espécie humana, mas afirma que estas são
sobrepostas ao convívio com o meio, por exemplo, uma criança jamais aprenderá a escrever,
apesar de ter habilidades para tal, se estiver no convívio de uma sociedade que não usa os
signos para se comunicar. Entretanto, ao mudar para um ambiente onde as pessoas usem
destes para manterem contato, possivelmente a mesma irá desenvolver a prática da escrita,
que será viabilizada junto um agente que proporcione o desenvolvimento de tal destreza
(COUTINHO; OLIVEIRA, 2011).
Vale destacar que para que o professor tenha êxito em sua empreitada, a de educar,
considera-se como um dos fatores importantes, a afetividade da relação aluno-professor em
sala de aula, pois se deve levar em conta que muitas crianças não têm em casa o afeto
necessário para alavancar sua autoestima. Entende-se que a afetividade em sala de aula pode
auxiliar o professor e o aluno a atingirem seus objetivos, seja este para alfabetizar ou para a
apropriação do conhecimento em classes mais avançadas.
A afetividade surge à medida que os seres humanos estabelecem relações entre si e
com a natureza, ocasião em que vivenciam emoções e sentimentos, isto é, reagem
afetivamente aos acontecimentos. (ALMEIDA,1999). O desenvolvimento do ser humano e a
consciência de si vão sendo construída pelo sujeito nas suas relações com o outro e isto
acontece no dia a dia em sala de aula quando professor e aluno trocam momentos de afeição,
respeito nisso resulta em um melhor aprendizado.
O papel da afetividade processo de desenvolvimento da personalidade da criança é
imprescindível, já que se manifesta primeiramente no comportamento e posteriormente na
expressão. Além disso, a afetividade desempenha um papel fundamental na interação social
da criança.
As relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica,
necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma
relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente (ALMEIDA, 1999).
O olhar do professor para o seu aluno é indispensável para a construção e o sucesso da
sua aprendizagem. Isto inclui dar garantia as suas idéias, valorizar sugestões, analisar,
acompanhar seu desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando diferentes
conversas. É preciso ter clareza de que cada aluno é diferente um do outro, com diferentes
retornos da aprendizagem. Cabe aos professores verem como eles se desenvolvem, dentro de
seus limites, mas sempre motivando e estimulando-os com mediação e propostas pedagógicas
diferenciadas, que despertem a curiosidade e interesse por parte das crianças.
É necessário que professor se torne criativo no momento de elaborar seus planos de
aula, sempre procurando inovar e, assim, ministrar uma aula na qual os alunos possam
interagir com entusiasmo, facilitando assim seu aprendizado. No caso dos alunos do PIBID, o
professor precisa sempre buscar ver o que é necessário para cada criança, elaborar e colocar
em prática seu plano para conseguir atingir seu propósito. A mediação, nesse caso, faz com
que o aluno participe e se sinta parte desse processo.
O que está à disposição dos professores hoje é um corpo de conhecimentos que, se não
dá conta de tudo, pelo menos ilumina os processos através dos quais as crianças conseguem
ou não aprender certos conteúdos (WEISZ, 2002).
5
Um grande contingente de crianças convive na escola restrita pelos textos e
materiais didáticos que circulam em seu contexto social, limitado pelos seus espaços
mediadores de práticas e em especial, por uma prática pedagógica que, assumindo a
lamentação como escudo, se exime de realizar o que é preciso: esforçar-se por
ensinar a ler, escrever, falar, a ouvir; esforçar-se por cada um a seu modo, suprir
necessidades culturais que os outros espaços não são capazes de provocar. (MELLO,
2004, p.53).
Outro aspecto importante quando se analisa a ação docente é que o professor hoje se
mantém mais aberto a novas idéias e estratégias, ou seja, há uma tendência por parte dos
professores em melhorar sua prática através da reflexão sobre a própria ação com o objetivo
de superar suas deficiências e desenvolver aspectos positivos, tanto no que se refere à
interação professor-aluno, como na qualidade do processo de aprendizagem (BORTONI-
RICARDO, 2008).
Muitas vezes, o professor de sala de aula não utiliza métodos que facilitem o
aprendizado de seu aluno especificamente, porém na sala do PIBID, onde acontece um
aprendizado mais direcionado a criança com dificuldade, isso se torna um diferencial no
trabalho realizado pelos bolsistas, pois a adaptação e estratégias utilizadas facilitam o
aprendizado dessas crianças que são atendidas em pequenos grupos. Freqüentemente o
discurso é diferente da prática, que é quando o verdadeiro aprendizado acontece. Os
resultados positivos acontecem e é percebido por meio da melhora no desempenho escolar
dessas crianças na sala regular, e, isso trás benefícios tanto para os alunos quanto para os
próprios bolsistas que vêem o resultado de seus esforços.
O modo como se entende e age a respeito da heterogeneidade possibilita não deixar o
professor se abater pela adversidade e, até mesmo, de utilizá-la para crescer. Uma das causas
do fracasso do ensino é que tradicionalmente, a prática mais comum era aquela em que o
professor apresentava o conteúdo partindo de definições, exemplos, demonstração de
propriedades, seguidos de exercícios de aprendizagem, fixação e aplicação, pressupondo-se
que o aluno aprendia pela reprodução. Considerava-se que uma reprodução correta era
evidência de que ocorrera a aprendizagem. Essa prática mostrou-se ineficaz, pois a
reprodução correta poderia ser apenas uma simples indicação de que o aluno aprendeu a
reproduzir, mas não aprendeu o conteúdo. (SANTOS, 2013).
Entende-se que, grande parte dos professores que atua nas salas regulares não
apresenta a preparação adequada, pensando sempre que teriam em suas salas de aula alunos
nota dez alunos exemplares, alunos que só lhe trariam alegrias. Neste caso, existe uma
homogeneidade dentro das salas de aula, que se refere a padrões bem diferentes aos
imaginados pelo professor. Por isso, a importância de se entender o trabalho que um professor
mediador deve fazer para conseguir atingir seus objetivos.
Sabe-se que nenhum professor, mesmo com todos os saberes necessários, conseguirá
chegar a atingir todos os seus objetivos. Percebe-se que, mesmo com as necessidades dos
professores explicitadas, diante dos conflitos e dilemas de suas atividades de ensinar, ocorre
uma conscientização do professor de que sua prática envolve um comportamento de
observação, reflexão crítica e reorganização de suas ações. (ALMEIDA; MENDES;
HAYASHI, 2008).
O trabalho realizado pelos bolsistas necessita encaminhar-se no sentido de promover
atividades significativas para o aluno, que possibilite a reflexão e ação em direção a um
processo melhor elaborado de construção seja de um texto, frase, leitura e até mesmo a fala.
O desafio do professor está em integrar seus papéis, desempenhando-os de maneira
que não estejam em conflito básico com seu autoconceito. Discrepância entre as expectativas
da comunidade escolar sobre o professor e o que este espera de si mesmo, podem fazer do
6
ensino uma tarefa difícil e extenuante, resultando na instalação de um conflito psíquico, em
que o educador sente-se confuso e inseguro em relação ao que realiza e o que acredita ser o
ideal em sua tarefa pedagógica (LINDGREN,1971).
Para Dolzan e Rego (1997), a idéia de mediação na escola, através de uma perspectiva
de Vygotskiana, coloca que a construção do conhecimento está diretamente relacionada à
interação entre sujeito/sujeito e sujeito/objeto. Desta forma, se pensa que, hoje em dia, muitas
escolas valorizam a homogeneidade dos alunos podem não ser bem sucedidas em seus
propósitos, pois, percebe-se, pela idéia de mediação e troca, que a heterogeneidade dos alunos
tem grande importância. Isto acontece porque os “diferentes” podem ser mais criativos e
compartilhar novos conhecimentos.
3 Considerações finais
7
aluno parecia ser algo distante. Atualmente estas questões estão superadas, pois os resultados
e trabalhos são reconhecidos na comunidade acadêmica.
Por fim, o desempenho, o trabalho desenvolvido e a participação de todos envolvidos
no PIBID têm trazido um melhor entendimento do que é a formação para poder atuar em sala
de aula, tudo gira em torno da mediação, todos são mediados para se ter um resultado que traz
uma completa satisfação, resultados positivos que com certeza no desenrolar da profissão, no
caminhar pela área da educação sempre levaremos algo que foi plantado e o PIBID têm esse
papel fundamental, despertar para o aprendizado, para a mediação para a conquista no espaço
educacional sendo ele na escola.
Referências
8
SANTOS, Elenir Souza. Trabalhando com alunos:subsídios e sugestões: o professor como
mediador no processo ensino aprendizagem. Revista do Projeto Pedagógico; Revista Gestão
Universitária, n. 40. Disponível em:
<http://www.udemo.org.br/RevistaPP_02_05Professor.htm>. Acesso em: 18 abr. 2013.
WEISZ, Telma. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2002.