Relatividade Geral

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Relatividade Geral

Na relatividade geral, a velocidade da luz não é mais mantida constante, mas


depende do sistema de coordenadas quando um campo gravitacional está
presente. A idéia fundamental da relatividade geral é que todos sistemas de
coordenadas gaussianos são equivalentes para a formulação das leis gerais
da natureza, de modo que as equações não devem mudar de forma ao serem
submetidas a substituições arbitrárias das variáveis gaussianas. As
transformações de Lorentz não satisfazem esta condição.

A equação de campo de Einstein [Albert Einstein, Sitzungsberichte der


Preuβische Akademie der Wissenschaften (Berlin), 844 (1915)] modificada
para incluir a constante cosmológica Λ [Albert Einstein, Sitzungsberichte der
Preuβische Akademie der Wissenschaften (Berlin), 142 (1917)] pode ser
escrita como:

(1.22)

onde é o tensor espaço-tempo, são as componentes do tensor


métrico e dependem do sistema de coordenadas usado e da unidade da

coordenada temporal, é o tensor momentum-energia, que depende da


distribuição e movimento das massas e do campo eletromagnético, éa
constante cosmológica, que pode ser nula, e

é a constante gravitacional de Einstein. Na equação (22), onde os dois


índices i e k variam de 0 a 3 e R=gikRik é o traço, necessário para que o
divergente covariante do lado esquerdo seja nulo, já que a divergência
covariante do tensor energia-momentum é nula pela conservação de energia-
momentum no limite da relatividade especial. Os dois primeiros termos à
esquerda do sinal de igualdade representam a curvatura do espaço-tempo, o
termo à direita as forças que atuam neste sistema e o terceiro termo à
esquerda, da constante cosmológica , representa a energia do vácuo, que
normalmente é assumida nula. Para pequenas regiões do espaço-tempo, o
espaço pode ser considerado plano e as coordenadas Lorentzianas. Neste caso,
Para um gás, o tensor energia-momentum em coordenadas curvilíneas pode
ser escrito como:

(1.23)

onde

é a densidade de energia da matéria, incluindo a energia de repouso, medida


no sistema em repouso com a matéria, é a pressão isotrópica, e

é a quadri-velocidade do gás.

A conservação de energia-momentum é expressa pela lei fundamental de


geometria:

A equação (22) pode ser escrita como:

(1.24)

A equação da geodésica (world line) de uma partícula pode ser definida em


termos do seu tempo próprio e da sua quadri-velocidade como:

(1.25)
Escolhendo-se um sistema de coordenadas tal que:

podemos escrever os componentes da equação (25) como:

(1.26)

onde são os símbolos de Christoffel [Elwin Bruno Christoffel (1829-


1900)], se as coordenadas formam uma base:

Note que, na equação (26), as componentes da ``derivada'' ( ) precisam


ser corrigidas pelos termos proporcionais aos símbolos de Christoffel porque
as coordenadas generalizadas de Gauss podem variar rapidamente, levando a
mudanças nas componentes de um vetor mesmo que o vetor não varie.

Ou seja, a equação em coordenadas curvilíneas que define a linha geodésica


(linha que seguirá uma partícula livre) conectando dois pontos no espaço-
tempo é dada por:

que pode ser resolvida especificando-se os valores iniciais de e

para .

Para descrever completamente um espaço-tempo curvo, o matemático alemão


Georg Friedrich Bernhard Riemann (1826-1866), que obteve seu doutorado
sob a supervisão de Gauss, demonstrou que é preciso de um tensor de ordem
4:
chamado de tensor de curvatura de Riemann. Com este tensor de quarta ordem
podemos construir um tensor de segunda ordem por contração:

onde índices repetidos significam soma, pela convenção da soma de Einstein.


Este tensor de segunda ordem é chamado de tensor Ricci [Georgorio Ricci-
Curbastro (1853-1925)], que contraído nos dá a curvatura escalar do espaço-
tempo:

A densidade de massa-energia, medida por um observador de quadri-


velocidade é dada por:
Levantando e Baixando Índices
Da mesma forma que os componentes de um vetor mudam quando mudamos
a base do espaço vetorial, os componentes de um tensor também mudam sob
transformações de base. Os índices de um tensor, superiores (contravariante)
ou inferiores (covariantes) descrevem como ele se transforma com uma
mudança de base. Se um índice de um tensor se transforma como um vetor
com o inverso da transformação de base (por exemplo, a posição e a
velocidade variam de forma oposta ao da nova base) ele é dito contravariante
e é denotado com um índice superior. Um índice que se transforma com a
transformação própria base é chamado covariante e é indicado com um índice
inferior.

Nas equações acima, algumas vezes aparece a componente covariante de

Lorentz e outras vezes a componente contravariante . A relação entre


elas é:

sendo que

e
Cosmologia na Relatividade Geral
A observação de que o Universo é homogêneo e isotrópico, e que está em
expansão segundo a lei de Hubble, produz condições suficientes para que a
Teoria da Relatividade Geral prediga concretamente a topologia e a evolução
do Universo.

Para um sistema isotrópico e homogêneo, podemos escrever as coordenadas


em um sistema esférico, e considerar somente a coordenada radial, que
chamaremos de , distância média entre as galáxias, e a coordenada
temporal, . Pode-se demonstrar que a componente i=0, k=0 ou i=t, k=t do

tensor de Einstein :

é dada por:

A condição de homogeneidade implica que a métrica deve ser homogênea.


Para uma esfera de raio r, em três dimensões, uma geodésica é dada por:

Para uma métrica de Friedmann, onde para cada valor de o espaço-tempo


representa um hiper-esfera quadri-dimensional de circunferência própria

, e o locus define esferas de área , temos:

A circunferência própria ( ) é dada por:


a área da superfície ( ):

e o volume ( ) da quadri-esfera:

Neste caso,

A equação (24), com , se reduz a:

(1.27)

já que pela equação (23):

Como o volume total deste Universo fechado é , identificando


como a massa total em prótons, nêutrons, elétrons, etc.,
e a equação (27) pode ser escrita como:

(1.28)

Fazendo a mudança para variáveis adimensionais

a equação (28) pode ser re-escrita como:

que nós já resolvemos com a solução da equação (14) para o caso do


Universo fechado. A densidade total é dada por:

Quando o Universo está dominado por matéria,

onde
e como:

Quando o Universo era dominado pela radiação:

onde

Podemos expandir a equação (27) para pequeno em:

e integrar, assumindo para ,


ou seja,

O físico-matemático americano Howard Percy Robertson (1894-1979) e o


matemático inglês Arthur Geoffrey Walker (1909-), demonstraram em 1935 e
1936 que a métrica mais geral que satisfaz a condição de homogeneidade e
isotropia para a geometria do espaço-tempo é a chamada métrica de
Robertson-Walker:

Esta métrica pode ser convertida para a forma de Friedmann, com um fator
de renormalização. Para a métrica de Robertson-Walker, a componente (00)
da equação de campo de Einstein se reduz a:

Como na Equação (3), podemos identificar a constante de Hubble como:

A trajetória de uma galáxia que se move junto com a expansão do Universo é

dada por constante, enquanto que a trajetória de um fóton

satisfaz . Portanto a distância que um fóton


percorre afastando-se radialmente ( e mantidos constantes) de uma
fonte é governada pela equação diferencial:

(1.29)

Logo of fótons sempre atravessam uma distância própria em um intervalo

de tempo próprio à velocidade da luz ,

Após ser emitido por uma fonte isotrópica, o fóton atravessa uma esfera de

área em um tempo , mas esta área não é igual a ,

pois depende do valor de e de .

Por exemplo, para um Universo de Einstein-de Sitter, isto é, plano, K=0 e

Se o fóton for emitido num tempo , o desvio para o vermelho na


recepção será dado por:

A equação (29), para , se reduz a:


de modo que

onde é a área da esfera centrada na fonte e passando pelo

tempo presente. Como ,

já que para o Universo plano . Tendo em vista que

Universo plano é Euclidiano, é a distância no presente da fonte,


também chamada de distância de comovimento, ou distância radial própria.
O raio de comovimento atual é de 21 giga anos-luz.

A distância que o fóton atravessou deste que foi emitido, chamada de


distância de viagem da luz, é dada por:

e portanto uma fonte com alto valor de está mais longe do que a distância
atravessada pela luz.

Definindo a pressão de cada componente como ,


implica que a densidade será expressa como
e o parametro de desaceleração

para um universo dominado por matéria e constante cosmológica, já

que , e .

A radiação do fundo do Universo é normalmente decomposta em esféricos


harmônicos

e o momentum de multipolo é dado por

relacionado à separação angular


O valor de do primeiro "pico Doppler", um aumento na potência devido a
oscilações acústicas, é diretamente proporcional ao valor

de , pois é a escala angular subentendida pelo raio de


Hubble quando os fótons da radiação de fundo se originaram, na época da
recombinação.
Efeitos da Constante Cosmológica
Se a constante cosmológica não for nula, o Universo se torna dominado por
uma densidade de energia do vácuo positiva, constante e não

nula . A evolução da métrica neste caso logo se aproxima de

Enquanto a luz viaja da fonte ao observador, seu comprimento de onda se


expande por um fator proporcional ao aumento de a(t).

Se atualmente contribui com 70% da densidade de energia total em um


universo plano (K=0), então o universo se tornará dominado por em cerca
de metade da idade atual.

Podemos expressar a idade em função do deslocamento para o

vermelho , da razão da densidade de matéria para a densidade

crítica, , e da razão da densidade de energia do vácuo para a densidade

crítica, , como

Se o universo for plano, e a integral resulta em


No limite , recuperamos a relação entre a idade e o deslocamento
para o vermelho de um universo plano normal:

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