Poesia No Parnasianismo e Simbolismo PDF
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Roteiro das
Atividades
Poesia no parnasianismo e
no simbolismo | Canção
2ª Série do Ensino Médio | 3º Bimestre | 1º Ciclo
Roteiro de Atividades
APRESENTAÇÃO
O Roteiro de Atividades tem a função de servir de material didático modelar, no sentido da sua
conexão explícita com os descritores do Currículo Mínimo e do seu nível de articulação entre ativida-
des de leitura, uso da língua e produção textual.
O material pode ser utilizado em sala de aula na primeira etapa de cada ciclo que compõe as
disciplinas de acompanhamento do bimestre e, já na primeira tarefa de cada ciclo das disciplinas do
Aperfeiçoamento, você vai ser incentivado a ajustá-lo às características da sua sala de aula. A partir
do segundo ciclo do bimestre, esse tipo de roteiro também vai servir como ponto de referência para
que você mesmo construa seu próprio material didático. Além disso, ao longo desse processo você
será convidado a compartilhar dúvidas e experiências relativas a esse processo de implementação do
Currículo Mínimo com seus colegas, em fóruns virtuais criados justamente pra isso, e terá sempre o
acompanhamento do seu tutor para ajudá-lo a resolver dificuldades e a aperfeiçoar o material que
estará sendo produzido.
Outro ponto importante para reforçar a flexibilidade do esquema de trabalho que está propos-
to neste curso é que cada um dos roteiros apresentados a você foi elaborado para ser percorrido ao
longo de apenas duas semanas de aula. Sendo assim, nos períodos sem cobertura você poderá des-
dobrar mais livremente atividades que julgar mais interessantes, rever conteúdos ou explorar outros
pontos cobrados pelas avaliações externas.
Em termos da sua estrutura geral, os roteiros se apresentam em duas versões: uma para o professor
e outra para o aluno. Constituem-se internamente de texto gerador, atividades e respostas comentadas.
O texto gerador é do gênero privilegiado pelo eixo bimestral do Currículo Mínimo, copiado e
reproduzido para servir como ponto de partida de um trabalho que está previsto para percorrer duas
semanas de aula. O texto, com direitos autorais liberados e atual, procura atender aos interesses dos
alunos e tem extensão apropriada para compor a carga horária prevista para as aulas.
As atividades dirigem-se aos alunos do ensino básico e exploram o texto gerador em seções
dedicadas à leitura, ao uso da língua e à produção textual. As atividades têm comandos suficiente-
mente precisos para gerar variações controladas e comentários que sirvam de orientação para você
avaliar a produção dos seus alunos. Incentivam, ainda, o uso produtivo das Tecnologias da Informação
e da Comunicação (TICs).
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TEXTO GERADOR I
O primeiro texto gerador desse ciclo, As pombas, é de autoria de Raimundo Correia. A obra
desse poeta normalmente remete a temas como a natureza, a perfeição formal dos objetos e a cultura
clássica. Já sua poesia filosófica, de meditação, é marcada pela desilusão e por um forte pessimismo.
Ressalta-se a força lírica do autor, principalmente quando canta a natureza, conforme se observa no
poema As pombas. Esse texto é um soneto, no qual se evidencia não somente o tema da natureza,
mas também o culto à forma através do uso de vocábulos raros, de inversões frasais (hipérbatos), de
rimas ricas e de verbos decassílabos. A partir desse texto, serão trabalhadas habilidades dos eixos
Leitura e Uso da língua.
As pombas
(Raimundo Correia)
ATIVIDADE DE LEITURA
QUESTÃO 1
Os poetas parnasianos tinham como um de seus preceitos básicos o culto da forma. Por essa
razão, cultivavam o soneto: composição poética de 14 versos distribuídos em dois quartetos e dois
tercetos, apresentando métrica regular – normalmente versos alexandrinos (12 sílabas poéticas) e
decassílabos (10 sílabas poéticas) – e rima.
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b. ( ) É um soneto de versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD/EED
(nos tercetos).
c. ( ) É um soneto de versos alexandrinos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos
tercetos).
d. ( ) É um soneto de versos decassílabos, com as rimas ABBA (nos quartetos) e CCD (nos
tercetos).
B) Muitos sonetos parnasianos cultivaram a rima rica, ou seja, rimas entre palavras de clas-
ses gramaticais diferentes. No poema “As pombas”, temos um exemplo de rima rica na se-
guinte alternativa:
a. ( ) soltam/voltam
b. ( ) abotoam/voam
c. ( ) pombais/mais
d. ( ) nortada/revoada
Habilidade trabalhada:
Reconhecer a estrutura do soneto e os recursos prosódicos para diferenciá-lo das formas poé-
ticas não fixas.
Resposta comentada:
O Texto Gerador I, o soneto “As pombas”, é um exemplo bastante ilustrativo do culto à forma
preconizado no Parnasianismo. O soneto é uma forma fixa, ou seja, uma estrutura rígida. Normalmen-
te, é formado por 14 versos distribuídos em 2 quartetos e 2 tercetos, mas também há sonetos forma-
dos por 2 quartetos e um dístico. É importante ressaltar que a opção por uma forma fixa já denota
certa preocupação com a estrutura formal da poesia. Soma-se à rigidez da forma, a preocupação com
as rimas.
Antes de iniciar a correção desta questão, é necessário realizar a escansão dos versos no qua-
dro. A título de exemplo, apresenta-se, a seguir, a escansão da primeira estrofe do poema.
Fazer a escansão é importante não apenas para que os alunos possam ser induzidos à resposta
correta, mas também para sanarem possíveis dúvidas relativas à divisão de sílabas poéticas. A escan-
são dos versos de “As pombas”, que possuem 10 sílabas poéticas, naturalmente fará com se elimine
duas possibilidades de respostas, já que as opções “A” e “C” afirmam serem alexandrinos (12 sílabas)
os versos do poema. Entretanto, restam duas alternativas a serem analisadas pelo aluno: “B” e “C”, que
afirmam serem decassílabos os versos.
Após a escansão, é importante montar no quadro o esquema da rima do poema. Para isso,
lembre aos alunos que, a cada rima diferente que se apresenta no poema, atribui-se uma letra (A, B,
C, D, E etc.).
As pombas
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No azul da adolescência as asas soltam, ( E )
(Raimundo Correia)
Com relação ao esquema de rimas, apenas a análise dos quartetos não é suficiente para que se
responda a questão. O aluno precisará observar, também, os tercetos para concluir que a alternativa
correta é a letra “B”. Caso o aluno marque a opção “D” como correta, ele possivelmente não terá aten-
tado para o fato de que a rima do primeiro terceto é “-am” (abotoam/voam), enquanto a do segundo
terceto é “-tam” (soltam/voltam.). Ainda que a turma não manifeste dúvidas a respeito dessa diferen-
ciação, vale a pena ressaltá-la.
B) Inicialmente, é importante definir as rimas ricas e pobres por oposição. Enquanto as pri-
meiras são formadas por palavras de categorias gramaticais diferentes, as rimas pobres são
constituídas por palavras de mesma classe gramatical. A opção “A” provavelmente não cau-
sará dúvidas nos alunos, tendo em vista que as duas palavras são verbos bastante usuais
em nossa língua. O mesmo pode ser dito com relação à opção “B”, que também possui dois
verbos comumente utilizados. A opção que pode provocar dúvidas no aluno é a “D”, por
conter vocábulos que não fazem do vocabulário cotidiano. Por essa razão, é importante
sugerir a busca dessas palavras no dicionário quando da leitura do poema. Outra possibili-
dade seria simplesmente colocar os significados no quadro, para que os alunos percebam
mais facilmente tratar-se de dois substantivos. Com isso, o aluno eliminará a opção “D”. Na
indicação da resposta correta (letra “C”), é importante ressaltar não somente que perten-
cem a classes de palavras diferentes (substantivo/advérbio), mas também o fato de essa
ser uma construção típica nos poemas parnasianos. Aproveite para lembrar que os poetas
parnasianos primavam não só pelas rimas, como ainda pelo emprego de vocábulos raros
que normalmente não são usados na composição das mesmas.
“As pombas” é um soneto terminado com “chave de ouro”, isto é, um verso final bem escrito,
que procura condensar uma ideia e arrematar o poema com um belo efeito. A figura de linguagem
que contribuiu para a construção do efeito “chave de ouro” no referido poema foi:
a. ( ) antítese
b. ( ) elipse
c. ( ) anáfora
d. ( ) hipérbato
Habilidade trabalhada:
Identificar os efeitos de sentido produzidos pelo emprego de figuras de sintaxe como elipse,
anáfora, hipérbato.
Resposta comentada:
Antes de iniciar correção, é interessante relembrar junto aos alunos em que consiste cada uma
das figuras que aparecem nas alternativas da questão. Pode ser reforçada a ideia de que a antítese
consiste na aproximação de palavras e ideias antônimas (opostas). Vale lembrar que este recurso ex-
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pressivo teve extraordinário desenvolvimento no Barroco. Já a anáfora consiste na repetição de uma
ou mais palavras no princípio dos versos ou no início de cada um dos segmentos da frase. Ocorre
anáfora, por exemplo, nos dois primeiros versos do poema (“Vai-se” / “Vai-se”). No que diz respeito à
figura elipse, que não apresenta ocorrência no poema “As pombas”, dizemos que consiste na omissão
de termos facilmente subentendidos por meio do contexto. Por último, o professor pode abordar o
hipérbato (opção “B”), resposta correta da questão.
O hipérbato é uma das figuras de linguagem mais cultivadas pelos poetas parnasianos. Consis-
te na apresentação indireta dos elementos composicionais da frase (sujeito, verbo, complementos),
visando à pomposidade, ao enobrecimento da linguagem propriamente dita. Tendo esse breve apa-
rato teórico, os alunos serão levados a perceber que a única figura de linguagem presente no último
terceto é o hipérbato. Após a indicação da resposta correta, cabe a explicação de que a ordem direta
dos últimos versos seria “mas as pombas voltam aos pombais/ e eles não voltam mais aos corações”.
TEXTO GERADOR II
O segundo texto gerador do ciclo intitula-se A um poeta. Seu autor, Olavo Bilac, é considera-
do o “ourives da linguagem” devido a sua preocupação com a forma poética. Bilac buscava escrever
sonetos com versos alexandrinos e, como os outros poetas da tríade, colocou-se à margem dos gran-
des acontecimentos políticos e sociais do seu tempo. A um poeta, soneto de verbos decassílabos,
tematiza o ofício de ser poeta e clarifica o ideal da arte pela arte, um dos principais lemas da estética
parnasiana. A partir desse texto, serão trabalhadas habilidades dos eixos Leitura e Uso da língua.
A um poeta
(Olavo Bilac)
Beneditino – Aquele que segue as regras de São Bento, fundador do sistema monástico
cristão. Monge da Ordem de São Bento.
Estéril – Improdutivo.
Suplício – Aflição.
Turbilhão – Movimento.
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ATIVIDADE DE LEITURA
QUESTÃO 3
Em “A um poeta”, Olavo Bilac aproxima o ofício de ser poeta ao ofício de um escultor: ambos
buscam moldar, perfeitamente, a forma de seus objetos estéticos. Tendo por base a leitura do poema
de Olavo Bilac e do fragmento acima, responda:
A) Explique por que o último verso da 1ª estrofe é representativo do ideal da “arte pela arte”.
Habilidade trabalhada:
Reconhecer o ideal estético da arte pela arte em contraposição à análise objetiva da realidade.
Resposta comentada:
O Texto Gerador II é um poema que tematiza o ofício de ser poeta. “A um poeta” aborda o
modo de fazer poesia proposto pelos parnasianos. O soneto de Bilac é bastante representativo
do ideal “da arte pela arte”, segundo o qual a arte não tem nenhum sentido utilitário e nenhum
compromisso com a humanidade, a não ser com a beleza. Apesar de contemporâneo ao Realis-
mo/Naturalismo, a estética parnasiana foi muito diferente de ambas. Isso porque, enquanto esses
A) Na resposta desta questão, espera-se que o aluno demonstre ter percebido que o últi-
mo verso da primeira estrofe traduz a ideia de que, para alcançar a forma perfeita, faz-se
necessário o poeta trabalhar bem com o objeto da poesia, ou seja, a palavra. É importante
que a resposta do aluno reconheça o valor que os poetas parnasianos atribuíam à forma do
poema. O professor pode mostrar que a ideia de trabalhar arduamente para moldar a for-
ma da poesia (“Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua”), além de estar presente nesse verso,
estende-se na segunda quadra. Seria interessante, após a correção desta questão, levar ao
conhecimento dos alunos outro poema de Bilac que aborda o ofício de ser poeta, “Profissão
de fé”. Veja fragmentos:
Imito o amor
(...)
A frase; e,enfim,
como um rubim.
Dobrada ao jeito
sem um defeito.”
Em “Profissão de fé”, o eu-lírico afirma invejar um ourives, ou seja, alguém que se dedica a um
trabalho paciente, minucioso e delicado. Acentua, ainda, a importância da escolha das palavras pre-
cisas, do cuidado com as frases e realça o “polimento” dos versos, para que o poema se torne uma
espécie de objeto precioso e belo, semelhante a uma joia.
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É importante ressaltar, junto aos alunos, o fato de o eu-lírico advertir que o resultado final da
poesia deve ocultar todo esforço que o poeta empregou na construção dos versos. O ato de criação
da poesia, em “A um poeta”, é comparado a um extremo sofrimento. Tal sofrimento, contudo, jamais
deve transparecer no resultado final. O que o aluno precisa depreender é que a forma perfeita alcan-
çada com bastante esforço pelo poeta deve parecer natural, ou seja, as dificuldades de sua construção
não podem ser vistas. Como possibilidades de resposta há dois pares de versos: “Mas que na forma
se disfarce o emprego / Do esforço; e trama viva se construa” e “Não se mostre na fábrica o suplicio / Do
mestre. E, natural, o efeito agrade”.
Termos acessórios da oração são aqueles que, embora não integrem necessariamente a es-
trutura básica da oração, contribuem por informarem características ou circunstâncias relativas a um
substantivo, pronome ou verbo. O aposto é um dos termos acessórios da oração, que tem por função
explicar, esclarecer, resumir ou comentar algo sobre um termo de natureza nominal. Em “A um poeta”,
destaque um aposto e diga o nome ao qual ele está relacionado.
Habilidade trabalhada:
Resposta comentada:
Para que o aluno identifique o aposto no poema, é necessário reforçar a ideia de que o aposto
é um termo cuja função é explicar, esclarecer, identificar de modo mais exato ou resumir um nome
O Ídolo
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E de seu negro mármore no trono
(Alberto de Oliveira)
Austero – Severo.
ATIVIDADE DE LEITURA
Questão 5
Sobre a poesia criada na Belle Époque brasileira, pesa a acusação de “afetação pelo preciosismo da
linguagem e da forma, buriladas como preciosa ourivesaria e superficialidade pela recusa das questões
político-sociais de seu tempo” (BARROS, Fernando Monteiro de. Parnasianismo brasileiro: Conserva-
dor e transgressor. Fólio – Revista de Letras. Vitória da Conquista. v.3, n. 1. Jan/ Jun. 2011. p. 22).
Habilidade trabalhada:
Estabelecer relações entre a estética parnasiana e os conceitos da Belle Époque e da Art Nouveau.
Resposta Comentada:
O aluno pode escolher um dos 4 versos da 1ª estrofe e apresentar algumas dessas explicações:
preocupação com as rimas, no caso, alternadas e rimas ricas; preocupação excessiva com a métrica,
no caso, versos decassíbalos; escolha de um objeto para adoração, tornando a poesia fria e distancia-
da da realidade. É importante que o aluno perceba essas características, por serem as principais da
estética parnasiana.
Segundo Alexei Bueno, “O Parnasianismo perseverou, por assim dizer, como o braço poético
oficial de uma república positivista e laica, de uma Belle Époque cética e risonha, que se negava total-
mente a ver a realidade do país e do povo” (BUENO, 2007, p. 152).
Umberto Eco afirma que “o artista vê ameaçados os seus ideais, percebe as ideias democráticas
como inimigas, resolve ser diferente, marginalizado, aristocrático ou maldito e retira-se para a torre de
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marfim da arte pela arte”, na qual “ganha forma uma religião estética segundo a qual a Beleza é o úni-
co valor a ser realizado” (ECO, 2007, p. 350). No caso do poema “Ídolo”, a principal intenção é destacar
a beleza existente na estátua sobre o mármore preto.
Segundo Rocha Lima, figuras de linguagem são formas de expressar o pensamento ou o sen-
timento “com energia e colorido, a serviço das intenções estéticas de quem as usa”. Representam,
portanto, recursos linguísticos explorados principalmente pelos escritores, que buscam se comunicar
com vivacidade e beleza.
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(a) metonímias, porque se substitui parte de uma idéia pelo todo, pelo conjunto.
Habilidade trabalhada:
Resposta Comentada:
A questão aborda diferentes figuras de linguagem. A partir dela, é possível rever, em sala de
aula, as definições das figuras que aparecem como opção de resposta e reconhecer seu emprego.
Vale ainda destacar as mais usadas pelos parnasianos: metáfora, comparação, hipérbato, metonímia.
No exercício B, a opção correta é a “B”: eufemismo, figura que suaviza a ideia da morte. O már-
more negro e o ídolo de gesso seriam o túmulo onde o coração “repousa em sono”.
No exercício C, a opção correta é a “B”, pois ocorre uma sucessão de metáforas na estrofe.
É sempre útil relembrar aos alunos as demais figuras que aparecem, fazendo a distinção dos 3
grupos (figuras de palavras, de pensamento e de sintaxe). Como sugestão, segue um breve resumo,
feito a partir do livro de Sebastião Cherubim, Dicionário de Figuras de Linguagem.
Metáfora: É o emprego de um termo com um sentido que se associa pela força de uma com-
paração de ordem subjetiva. A comparação, porém, fica subentendida, não é expressa. Trata-se de
uma comparação, um confronto inteiramente pessoal e emotivo (nisso repousa o valor artístico da
metáfora).
Ele é um elefante
Ex:. “Música vermelha”. (Luís Delfino). “Rumor cheiroso de uma aurora”. (Luís Delfino). “O velu-
doso canto”. (Dario Veloso).
Embarcamos no trem das onze. (“embarcar” não expressa qualquer sentido de “barca”)
Comparação ou Símile
Ex.: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna
e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo de jati não era tão doce como o seu sorriso, nem a
baunilha recendia no bosque como o seu hálito perfumado.” (José de Alencar).
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Antítese
Ex.: “Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças”.
Hipérbole
(Olavo Bilac)
Eufemismo
É o emprego da expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar alguma
coisa áspera, desagradável ou chocante.
Ex.: Bem, sua prova, caro aluno poderia estar melhor . . . (= sua prova deixa muito a desejar)
Anáfora
TEXTO COMPLEMENTAR
O texto a seguir se filia à estética modernista, mas sua presença neste Roteiro de Atividades
se justifica pela contribuição de um olhar crítico para a produção parnasiana. O poema Os sapos, da
autoria de Manuel Bandeira, lido durante a Semana de Arte Moderna, ridiculariza a excessiva preocu-
pação formal dos parnasianos. A partir da leitura deste texto, podem ser trabalhadas habilidades do
eixo Leitura sobre os traços do Parnasianismo e sobre o contexto sócio-histórico em que tal estética
se desenvolveu.
(...) O sapo-tanoeiro:
E solitário, é
(...)
Manuel Bandeira
Assomo – Sinal.
Lavor – Trabalho.
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ATIVIDADE DE LEITURA
Questão 7
Uma tendência forte do primeiro momento do Modernismo foi fazer o poema-piada, moda-
lidade em que se enquadra o poema “Os sapos”. Manuel Bandeira satiriza o movimento parnasiano,
criticando a preocupação excessiva com o aspecto formal. Essa foi outra grande tendência do movi-
mento modernista: criticar a literatura parnasiana, que os modernistas consideravam ultrapassada.
A partir das estrofes destacadas, reconheça as características da poética parnasiana que eram
tão criticadas pelos modernistas.
A)
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
É bem martelado.
B)
Em comer os hiatos!
Os termos cognatos.”
“Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
Lavor de joalheiro.”
Habilidade trabalhada:
Reconhecer o ideal estético da “arte pela arte” em contraposição à análise objetiva da realidade.
Resposta Comentada:
O princípio básico do Parnasianismo é a preocupação formal. Os versos são sempre muito tra-
balhados na rima e na métrica. Quando Manuel Bandeira cita “A grande arte é como / lavor de joa-
lheiro”, está satirizando a comparação entre as figuras do poeta e do ourives feita por Olavo Bilac no
célebre “Profissão de fé”, poema que sintetizou os princípios da estética.
Quando o poeta modernista cita “E nunca rimo / Os termos cognatos”, refere-se justamente ao
rigor na forma do poema. Rimar termos cognatos, ou seja, de mesma família etimológica, significaria
fazer rima pobre, o oposto do que se buscava no Parnasianismo. Os modernistas ainda chamavam os
parnasianos de “fábricas de sonetos”, ridicularizando a forma poética fixa mais amplamente adotada
no período.
É importante destacar que, para os parnasianos, o produto final de uma obra deve ser formal-
mente perfeito. Por isso, a valorização excessiva do belo, explicando a expressão “arte pela arte”: a lin-
guagem bem trabalhada, o vocabulário culto e selecionado. O poeta, então, comparado a um artesão
ou a um ourives, deve buscar a “arte pura”.
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Questão 8
Segundo Alfredo Bosi, o movimento modernista pretendia “mover as águas estagnadas da Bel-
le Époque” e denunciar o atraso cultural do país. A Belle Époque foi um período em que se acreditava
no progresso e na infinitude das riquezas e dos benefícios gerados por ele.
O poema “Os sapos” de Manuel Bandeira sintetiza esse objetivo de mexer nas “águas estag-
nadas”. Para isso, o poeta usa a imagem do sapo-tanoeiro que representaria os poetas parnasianos e
sua preocupação excessiva com a rima e a métrica. Para os modernistas, esse rigor com a linguagem
distanciaria a poesia do povo, como revela o final do poema.
Releia as duas últimas estrofes e explique de que forma esses versos confirmam a intenção crítica:
Resposta Comentada:
A ênfase no aspecto formal e a busca pela impassibilidade retiraram os temas sociais da poesia
parnasiana. Na crítica de Manuel Bandeira, isso teria deixado o povo esquecido, às escuras, “longe dessa
grita”, ou seja, longe dos acontecimentos, à margem das benécies trazidas pela Belle Époque. Ao povo,
portanto, restariam apenas o isolamento e uma vida “sem glória, sem fé”. Os sapos-tanoeiros, porém,
abstendo-se de tudo o que ocorria a sua volta, concentravam-se na busca pela forma perfeita. Como na
estética Art Nouveau, os parnasianos valiam-se de muitos detalhes e ornamentos para esse fim.
É interessante o professor destacar que a crítica representada pelo poema se dirigia tanto à
ausência da questão político-social nos textos parnasianos quanto ao rebuscamento da linguagem.
Embora o Modernismo não seja o foco do bimestre, também é importante esclarecer minimamente
que o poeta modernista se preocupou em incorporar a fala do povo brasileiro, o que levou a escolhas
estéticas muito diferentes daquelas feitas pelos parnasianos, preocupados com o rigor da linguagem.
Paráfrase “é a reafirmação, em palavras diferentes, do mesmo sentido de uma obra escrita. Uma
paráfrase pode ser uma afirmação geral da ideia de uma obra como esclarecimento de uma passagem
difícil. Em geral, ela se aproxima do original em extensão” (SANT’ANNA, p. 17).
Agora, você produzirá uma paráfrase a partir de um dos poemas parnasianos que você leu.
Comentário:
Nesta questão, é fundamental lembrar o que é paráfrase e conferir a produção dos alunos,
verificando se eles atingiram o objetivo de “traduzir na própria língua” um dos 3 poemas parnasianos
estudados. É importante, também, comparar as paráfrases produzidas pelos alunos, avaliando sua
maior ou menor fidelidade ao texto original. Sempre se deve valorizar o trabalho do aluno, o esforço
feito para realização do exercício de reescrita.
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QUESTÃO 10
Originalmente, o soneto (pequeno som), como o próprio nome sugere, era composto para ser
cantado. As características estruturais e prosódicas dessa composição poética foram aproveitadas pela
banda brasileira Kid Abelha, que musicou o poema parnasiano “Via Láctea” (soneto XIII), de Olavo Bilac.
Outro famoso caso de transposição poema/música se deu com o poema “As pombas”, de Rai-
mundo Correia, musicado por Chiquinha Gonzaga, compositora e maestrina carioca nascida no final do
século XIX. O soneto de Bilac e a versão musicada pelo grupo Kid Abelha podem ser observados a seguir.
Ouvir Estrelas
Via Láctea- Soneto XIII
Direi ouvir estrelas
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Certo perdestes o senso
Perdeste o senso” Eu vou direi, no entanto, E eu vos direi, no entanto
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto Que, para ouvi-las
E abro as janelas,
E conversamos toda a noite, enquanto
Pálido de espanto
A via láctea, como um páleo aberto,
Enquanto conversamos
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Cintila via láctea
Inda as procuro pelo céu deserto. Como um pálido aberto
E ao vir do sol,
Direis agora “Tresloucado amigo!
Saudoso e em pranto
Que conversas com elas? Que sentido
Inda as procuro pelo céu deserto
Tem o que dizem quando estão contigo?”.
Que conversas com elas
Agora é a sua vez! Escolha um dos sonetos que compõem este Roteiro de Atividades para, em
seguida, musicá-lo.
Habilidade trabalhada:
Comentário:
Embora não haja uma única possibilidade de resposta para a questão (tendo em vista que cada
aluno poderá escolher o texto gerador de seu interesse), espera-se que o aluno transponha o poema
para a música observando as rimas, a divisão em sílabas poéticas e a ênfase em possíveis recursos
sonoros presentes na poesia, como aliterações, assonâncias etc. Talvez seja interessante trabalhar a
questão em duplas ou trios, não apenas para dinamizar a correção, como também para aproximar a
produção dos alunos da de compositores profissionais, que, muitas vezes, compõem em conjunto.
A atividade aqui proposta guarda certa complexidade, mas é fundamental para estimular o espírito
criativo. A criatividade dos alunos é, sem dúvida, um importante ponto a ser observado nesta questão.
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