Desigualdade Socioeconômica em Salvador-BA

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Universidade Federal da Bahia

Desenvolvimento e Desigualdades no Município de Salvador

Luis Gustavo Souza / João Tosta*

Resumo:

Este artigo objetiva analisar a atual situação da desigualdade econômica no município


de Salvador em relação aos seus bairros, tomando como referências a posição
apresentada do seu PIB (Produto Interno Bruto), do seu IDH (Índice de
Desenvolvimento Humano), do Índice de Gini, e um breve fundamento teórico sobre a
estratificação social. Para isto será feita uma avaliação do seu processo de
desenvolvimento socioeconômico.

Palavras - chave:

Socioeconômico, Desenvolvimento, Desigualdade, IDH e Índice de Gini.

Introdução:

O mundo atual pode ser compreendido por várias perspectivas sociológicas. Uma das
áreas de investigação que pode ser citada é a estratificação social, que é a existência de
grupos de pessoas que ocupam posições diferentes na sociedade. De acordo com Weber,
toda sociedade possui um sistema de hierarquia. Alguns estratos, ou camadas sociais,
são superiores outros são inferiores. A junção desses extratos é importante para a
constituição do sistema de estratificação de uma determinada sociedade.

Assim sendo, a estratificação social é presente na sociedade hoje em dia em qualquer


lugar do mundo, e os seus motivos, tanto históricos como advindos do
“desenvolvimento” alcançado pelo homem, passam por um pilar bastante importante

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para tal estratificação: a desigualdade socioeconômica, conseqüência inseparável do
modelo capitalista adotado nos dias atuais.

A desigualdade de renda é um tema recorrente na literatura econômica. Sem embargo, o


Brasil figura entre aqueles países que possui os piores índices de desigualdade de renda
do mundo. A região Metropolitana de Salvador abriga uma disparidade maior que a
verificada entre os Estados brasileiros. Um morador da área “nobre” da capital (orla
atlântica) recebe em média 25 vezes o que ganha um habitante da região mais pobre.
Com isso, escolhemos tal tema para discutirmos um pouco mais sobre a nossa própria
realidade, vista cotidianamente por todos. Realidade esta com problemas que, na
maioria de suas vezes, passam despercebidos.

Panorama Econômico:

A Bahia ocupa a 6ª posição do PIB do país, ou seja, é o sexto estado mais rico do Brasil,
onde o processo de industrialização, inaugurado em 1970, acarretou em profundas
transformações na estrutura baiana. No entanto é o 20º no que se refere ao Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). Este índice foi desenvolvido pelo PNUD (Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento), onde para se obter o referido valor, o IDH
sintetiza o nível de sucesso atingido pela sociedade no atendimento das três
necessidades básicas e universais do ser humano: acesso ao conhecimento (dimensão
educação), direito a uma vida longa e saudável (dimensão longevidade) e direito a um
padrão de vida digno (dimensão renda – PIB per capita). A Bahia cresce, mas não se
desenvolve. Estas transformações – industrialização e suas conseqüências - não foram
acompanhadas de melhores possibilidades formais, melhores condições de vida, ou
equidade na distribuição de renda. A forte concentração da mesma nas mãos de uns
poucos e a má distribuição dos pólos industriais, são fortes empecilhos para o
desenvolvimento baiano, mascarando assim o seu IDH relativamente bom. Isto fica
claro quando citamos a sua capital, Salvador, que é a cidade economicamente mais
desenvolvida no Estado, devido à histórica participação comercial e industrial. A
participação da agropecuária na economia é inexpressível devido à inexistência de
territórios rurais dentro do município.

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A economia de Salvador está distribuída da seguinte forma:

Composição da economia de Salvador

Indústria 20,99%

Agropecuária 0,06%

Serviços 78,94%
Fonte: SEI-BA/2005

De acordo com o IBGE, o PIB de Salvador vem crescendo, chegando a atingir R$


22 145 303 000,00 em 2005, assim como o PIB per capita, que chegou a R$ 8 283,00
também em 2005. Ainda neste ano, o PIB da cidade correspondia a 1,03% das riquezas
produzidas no país e era a 9ª cidade mais rica do Brasil.

Em 2003, de acordo com a contagem do IBGE na época, Salvador possuía o 19º maior
PIB entre os municípios brasileiros e o segundo entre os baianos, atrás apenas de
Camaçari. Nesse ano, o PIB de Salvador era de R$ 11 967 563 000,00, o que
correspondia a 0,77% do PIB do Brasil daquele ano.

Desigualdade social:

Apesar de ser a capital mais rica do Nordeste e entre as primeiras do Brasil, alguns
indicadores relativizam essa riqueza. Como no resto do Brasil - e principalmente do
Nordeste -, há uma grande desigualdade em diversos aspectos. O IDH é levemente
maior que o do Brasil, mas pode se reduzir a níveis da África ou se elevar a níveis da
Europa, dependendo do bairro ou região da cidade considerados. De acordo com o
PNUD, o IDH-M do Itaigara é (0,971), Caminho das Árvores-Iguatemi (0,968),
Caminho das Árvores/Pituba-Rodoviária, Loteamento Aquárius (0,968) e Brotas-
Santiago de Compostela (0,968), todas na capital do Estado. Uma outra unidade,
Pituba-Avenida Paulo VI, Parque Nossa Senhora da Luz, também em Salvador, tem
índice igual ao norueguês, líder mundial há seis anos. Porém, locais como Zona Rural-

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Areia Branca e CIA Aero porto (0,652), Coutos-Fazenda Coutos, Felicidade (0,659) e
Bairro da Paz/Itapuã-Parque de Exposições (0,664) apresentam índices menores que
países como a África do Sul, Guiné Equatorial e Tajiquistão, localizados na África e
Ásia Central. Vejamos o mapa abaixo:

Outro indicador que deixa essa desigualdade explícita é o Índice de Gini. Índice esse
que calcula o grau de concentração de renda em determinada região, onde varia de 0 á 1,
sendo que quanto mais próximo de 1, maior concentração de renda existente no local
analisado, e quanto mais próximo de 0, mais justa a distribuição. Logo, com os avanços
tecnológicos e científicos afetando todas as áreas que envolvem e ditam a sociedade,
inclusive a área socioeconômica, essa nova era capitalista deixa claro ás suas marcas,
tanto positivas quanto negativas – que infelizmente, predominam – onde a insaciável
sede pelo consumo e a busca pelo “incrível” desenvolvimento acaba acarretando numa
estratificação social cada vez mais perversa. Como já definido antes, o índice de Gini
talvez seja o melhor modo de retratar essas disparidades.

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Vejamos abaixo dois mapas representando o índice de Gini referente aos bairros do
município de Salvador, sendo o primeiro do ano de 1991, e o segundo de 2001:

Observamos notavelmente o aumento da cor vermelha no mapa do município, sendo


esta cor a que define um grau maior de concentração de renda, além das outras que
indicam uma distribuição um pouco mais igualitária, como a azul clara e a branca que
estão “caminhando” para a cor mais desigual, gradativamente. E uma outra parte, não
muito significativa quando comparado ao crescimento expressivo das concentrações,
que conseguiram um certo avanço na igualdade da distribuição. Ou seja, podemos tirar
como conclusão que esta disparidade no âmbito socioeconômico só vem crescendo,
mesmo com um grande número de políticas assistencialistas para melhorias das
condições de vida como saúde, educação, alimentação, entre outros.

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Conclusão:

Logo, com todos os dados apresentados no decorrer do artigo, junto ás conseqüências


que estes deixam explícitos, caso medidas não sejam tomadas para reverter á situação e
melhorar a distribuição de renda, não só aqui no município de Salvador analisado, mas
no mundo como um todo, os problemas que enfrentamos em nosso cotidiano só irão se
agravar. É fato que a aplicação destas medidas não é á curto prazo e nem tampouco
apresentarão melhorias imediatamente, mas, como tudo, é preciso dar início á projetos
que visem se não á total extinção, a amenização deste paradigma que perdura desde
quando adotado o modelo econômico atual.

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Referências Bibliográficas:

- WEBER, Max. Economia e Sociedade. Brasília: UnB, 1991.

- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). http://www.ibge.gov.br

- Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia.


http://www.sei.ba.gov.br

- Grande Salvador tem IDH de Europa e África. Salvador, 27/12/2006.


http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?
id01=2497&lay=pde (acessado em 10/05/2010).

- Grande Salvador é mais desigual que Brasil. Salvador, 27/12/2006.


http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?
id01=2498&lay=pde (acessado em 10/05/2010).

- Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Salvador.


Software desenvolvido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento), pela CONDER (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado
da Bahia), em parceria com a Fundação João Pinheiro e o IBGE (instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).

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