Para Sempre Ao Seu Lado - Thais O. Gomes
Para Sempre Ao Seu Lado - Thais O. Gomes
Para Sempre Ao Seu Lado - Thais O. Gomes
Ele não costumava faltar, mesmo assim, a falta dele ali doía.
Até que tudo acabou e eu me pus ao chão, fincando os pés para não
cair ao ver papai entrar pela porta afobado, enquanto segurava as mãos de
uma mulher.
Sou filha única, moro com meu pai desde os três anos, quando minha
mãe morreu. Seis anos se passaram e eu não tinha nenhuma lembrança dela,
até que encontrei uma foto jogada em um saco de lixo junto com coisas da
antiga mobília e a peguei, escondendo-a em uma caixa debaixo na cama. —
Oi, papai... — respondi baixinho, trocando as sapatilhas de ballet por tênis
escuros, eu os adorava, me dava toda a liberdade que uma criança pudesse
querer.
— Jenner, Dara e Connor, seu filho, irão se mudar para nossa casa. —
papai jogou a bomba, fazendo-me controlar o gemido de sofrimento.
Sim, tudo ainda poderia ficar pior, só não sabia se meu conto de fadas
era Branca de Neve ou Cinderela. Agora tinha uma madrasta, ou melhor,
rainha má, que para completar, vinha com um filho, ou melhor, uma das
irmãs malvadas da cinderela.
Saiba bem, tudo pode sempre piorar. Palavras de Jenner Wright, uma
garota de nove anos em seu conto de fadas, sem um príncipe encantado na
perspectiva.
JENNER
Observei enquanto papai corria porta a fora para receber Dara, que
entrou segundo depois, ao lado dele e de um garoto.
Papai interviu.
Ele estava parado na porta com uma expressão severa, caminhou até o
rádio que tocava uma das minhas melodias preferidas e arrancou a tomada da
parede.
— Não, você não vai para a casa da Julien, ela está me azucrinando
com essa história de Dara e Connor, Não quero você lá. — Connor apareceu
na sala, se sentando no chão. — Julien é minha irmã, mas é chata para
caralho!
Papai riu da minha cara e seguiu para fora, como se nada tivesse
acontecido.
— Sim, vamos levar ele e dar muito amor, para que ele não fique
triste! — Connor deu uma solução e eu concordei de imediato.
Sim, a gente ia dar muito amor a ele, para que nunca mais ficasse
triste.
SEIS ANOS DEPOIS
JENNER
Fazia seis anos desde que eles entraram nessa casa e virou tudo ao
contrário. A partir do dia em que Connor implorara a mãe para que
adotássemos um cãozinho, que logo se tornou um enorme guarda costa,
denominado de Hércules, passamos a ter uma relação de amor e ódio, em um
instante nós riamos um para o outro, no próximo minutos estávamos puxando
os cabelos um do outro.
— De nada, querida, eu sempre quis ter uma menina, mas meu único
filho foi Connor e apesar de ama-lo com todas as minhas forças, minha
relação com ele era péssima até nos mudarmos. — Sorriu e se afastou.
Alinhou meus cabelos e sorriu. — Aí, Rafael me apresentou você, era tão
linda e mandona, me apaixonei no mesmo instante. Meu coração a adotou
como filha, contrariando minha razão...
Escutamos alguém bater na porta e logo foi aberta, Connor passou por
ela e eu me vi suspirando, não devia achar meu meio irmão tão bonito, mas
era praticamente impossível quando ele exalava charme e todas as meninas
da escola deixava claro o quanto queria ter sua atenção.
Connor vestia um terno preto feito sob medida, caia como uma luva
em seu corpo, já em formação. Os cabelos cor de ouro estavam penteados de
forma despojada e sorria, enquanto os olhos refletiam felicidade.
Era nosso primeiro baile, eu iria com Connor, dançaria com ele e
imaginaria que ele era apenas um garoto comum como qualquer outro,
mesmo que seja apenas por uma noite, pois na realidade, eu sabia que eu
nunca poderia tê-lo.
— Humpft! Nada a ver, vermelho é muito bonito para alguém tão feio
— resmungou, me rodando sob meus pés.
— Ah, claro, senhor deus do mundo. — Ele levantou uma das
sobrancelhas. — Ele não combina com roxo e nem é tão feio.
— Por que você teria que fazer isso? Posso me cuidar muito bem
sozinha! — retruquei, não queria Connor andando atrás de mim feito um
papai ciumento.
ANOS DEPOIS
JENNER
Encarei o homem em crescimento em minha frente, sentindo
vergonha do meu corpo, enquanto todo meu rosto ficava vermelho na medida
que eu me afastava apenas com roupas intimas para longe da cama.
Eu nunca teria isso com Rick. Meu coração, desejo e alma pertencia
a outra pessoa, que eu não poderia ter.
Meu coração se partiu um pouco mais no instante que corri para fora
do apartamento dele, sentindo a vergonha ainda em meu corpo.
Escutei uma batida na porta, mas ignorei, ver Connor neste momento
era a coisa que eu menos queria no mundo. Mas ele parecia não estar
disposto a ceder quando abriu a porta sem esperar resposta e entrou no
quarto, me olhando curioso.
— Jenner, o que houve? Seu Sebastião disse que você entrou no
prédio como se tivesse visto um fantasma. — Se sentou na beira da cama,
colocando a mão sobre meu ombro. — Foi o Rick babaca que lhe deixou
assim?
— Para merda essa história de ficar sozinha! Eu não saio daqui até me
falar o que o Rick babaca fez. E se não falar, irei ligar para o seu pai e nós
iremos quebrar a cara daquele mimado de merda — resmungou, cheio de
raiva. Em outros momentos eu achava fofo a personalidade estourada de
Connor, mas hoje não.
— Pare já com isso! Nada de ligar para o meu pai como se eu fosse
uma criança de cinco anos, porra! — suspirei nervosa, me sentando na cama
e o encarando furiosa. — Pare com essa merda de tudo quebrar a cara de
Rick, caralho, parece que é obcecado pelo cara. Parece ser apaixonado por
ele e fica morrendo de ciúmes pelo fato dele não curtir a mesma coisa que
você.
— Como sabe o que ele curti se nunca dormiu com ele? — rebateu,
me encarando enquanto seus olhos brilhavam em desafio. Isso fez minha
mente voltar ao meu real problema. — Você não dormiu com ele, né? —
perguntou com voz vacilante.
Porra.
— Não, Jenner, você não precisa desejar morrer, bem, ficar morrendo
de medo do seu próprio namorado. Apenas se conforme que ele não era
certo, não era para ser. — Deu um sorriso de lado, dando os ombros. Ah!
Seu idiota prepotente bonito de merda! — E não precisa virar freira, seria
um grande desperdício.
— Por que você está me dando conselhos, seu babaca?! — Ele riu.
— É um homem! Não sabe nada, não pode me falar sobre amor.
Ele pareceu viajar nas suas próprias palavras e eu me senti ainda mais
deslocada.
Gargalhei, mas por nervoso, as palavras dele fez todo meu sistema
entrar em crise.
Era o garoto que chegou a minha casa aos nove anos, que eu insisti
odiar por mais um, mas quando eu vi ele se tornou um irmão, meu melhor
amigo.
Até eu ter idade suficiente para entender que não era apenas isso.
Nove anos depois
JENNER
Eu parecia bem.
A princípio, achei que ela e Connor estavam tendo algo, mas os dois
tinham interação como dois irmãos e Maggie só tinha olhos para uma pessoa,
Carter, um babaca de merda que não sabe perceber a garota que tem.
Era uma visão dos infernos. Que eu tinha todos os dias da minha vida.
Ele se encostou no balcão, enquanto comia uma das maças que estava
na fruteira, deixadas por dona Carla, antes de ir embora.
— Ah, foi bom, pelo menos não precisei salvar ninguém entre a vida
e a morte — suspiramos. Connor era médico cirurgião, estava sempre mal
por algo que via ou tinha que enfrentar em várias horas de trabalho. O
problema dele era que parecia sempre imparcial em frente de familiares, mas
quando se afastava, desmontava todo, sentia demais. — Maggie não apareceu
hoje, estava de folga, mas me ligou e eu realmente acho que vou ter que
quebrar a cara do Carter Babaca.
Sorri enquanto íamos para sala, eu tinha mais meia hora antes do
horário que marquei com Hunter.
— O que diabos ele fez agora? — Ele estava sempre fazendo alguma
coisa. Realmente não sabia como uma mulher tão cheia de si e independente
como Maggie fazia com um cara como ele.
— Você não vai! Pois eu não vou deixar — falei firme e ele levantou
a sobrancelha. A minha conclusão com o passar dos anos foi de que papai
treinou Connor muito bem, pois ele era um poço de ciúme, igual a ele.
Perder um hímen.
Suspirei.
— Serio, Connor, não vejo problema. Uma hora isso vai acontecer, de
um jeito ou de outro. — Ele negou com a cabeça, mas ficou em silencio.
A perfeição.
— Eu ainda não acredito que você está cogitando dar algo tão
precioso ao babaca do Hunter — resmungou, largando a camisa na pia e se
virando para mim.
— O que será que seu lindo Hunter vai achar com você tendo roupas
de outro homem em sua casa? — disse, se jogando na cama com um sorriso
presunçoso. Espaçoso.
— Hunter não tem que achar nada! Não somos um casal, isso serve
para você e eu. Somos irmãos, Connor, Hunter não tem nem como pensar
nada do fato que tenho roupas suas em minha casa. — Joguei uma blusa de
futebol americano em seu rosto.
— Ah! Que se dane. Eu não vou discutir isso com você, estou de
saída — decidi, me sentindo encurralada com a forma que ele me olhava.
Ouvi mais uma buzina ensurdecedora, desta vez bem mais alta. No
instante seguinte meu carro foi arremessado longe, só sentir a primeira vez
em que ele capotou, minha cabeça tombou para frente, batendo contra o
volante.
Se bem, que se não fosse pelo bendito códigos dos meios irmãos, o
que tínhamos ia ser tudo, menos amizade.
Jenner Wright é meu tormento desde que tínhamos quinze anos, ela já
era perfeita quando tudo nela começou a desenvolver, o sorriso, o cabelo que
era a coisa mais brilhante do mundo, e os olhos. Eu amava cada parte daquela
garota, não havia uma só parte dela que minha mão não coçasse para toca-la.
Era meu vício. Jenner Wright é meu eterno ponto fraco.
Ela não deveria estar ali. Deus, o que estava fazendo conosco?
Rafael e mamãe estavam em Nova York, liguei para eles e pedi que
pegasse o primeiro voo para Nova Jersey, não contei o que estava
acontecendo, pois se Rafael soubesse, ficaria louco e mamãe entraria em
estado de choque.
Com fé em Deus, Jenner sairá desta, sairá bem, e depois disso vou
poder brigar com a mesma e pedir desculpas por tudo que falei.
A não ser ver minha menina bem, vê-la abrir os olhos e me lançar um
daqueles sorrisos que me quebrava inteiro.
Ouvi passos no corredor, levantei a cabeça dando de cara com
Maggie, que caminhava rápido em minha direção, com o rosto molhado pelas
lagrimas.
— Não sei muito, Harry está na cirurgia, é de risco, pelo que ele me
disse — suspirei. — Parece que na medida que o carro foi capotando ela
bateu a cabeça muitas vezes, criando uma situação complicada.
— Connor, ela vai ficar bem né? Ela é Jenner, a pessoa mais mandona
e obstinada que conheço. — Ela riu, totalmente nervosa. Os olhos estavam
mais claros que o normal, pelas lagrimas que os turvava.
A abracei, tinha Mag como uma irmã, diferente de Jenner, que a via
de formas que a mesma não conseguia nem mesmo imaginar.
— Ela vai ficar bem, Mag, ela é a pandinha. Cara, eu conheço essa
garota desde meus nove anos, ela competiu comigo entre rock e música
clássica, ela é a pessoa mais maravilhosa que conheço — murmurei, as
minhas palavras eram para me acalmar e distrair. — E ela não pode partir
agora. Não pode...
Minha voz sumiu, ouvi apenas um sorriso de Mag, seguido por um
fungado.
— Sim, ela vai ficar bem, ela precisa ficar bem para que vocês
tenham muitos filhinhos, tão teimosos e mandão como vocês. — Sorriu e
abraçou minha cintura. Me fazendo rir.
— O quanto você a quer. É tão ridículo que ela não perceba — bufou.
Estávamos tentando nos distrair da atual situação, falando da nossa paixão
em comum, minha menina.
— Como ela está? Soube que foi feio. — Fez careta, observando Mag
abraçada a mim..
— Foi, ela está passando por uma cirurgia, bateu a cabeça muitas
vezes enquanto o carro capotava, não chegou nada bem — suspirei, cansado
de repetir isso.
Também, já passava das três da manhã, quase oito horas naquela luta
não era fácil.
— Foi uma cirurgia e tanto, complicada, pois era uma área muito
delicada. Entretanto, ela foi bem sucedida — suspiramos. — Jenner ficará em
coma induzido até que o local atingindo esteja menos inchado. Pode ter
sequelas, quero que tenham ciência disto, percebemos algumas coisas
erradas, porem só posso ter um diagnostico final quando ela finalmente
estiver pronta para voltar...
Parecia que a pessoa estava ali, entre aquela linha da vida e a morte,
mas estávamos lutando, a trazendo para superfície, enquanto ela insistia em
se jogar.
— Bom, em breve ela vai ser transferida para uma área onde os
familiares possam vê-la — suspirou, caminhando para longe, possivelmente,
para atender um novo paciente.
— Eu também estou indo, volto amanhã cedo para ver como ela está
— assentimos. Mag me abraçou, beijando minha bochecha, em seguida fez o
mesmo com mamãe e Rafael.
Hunter só sorriu, desejou bom dia e seguiu Mag para fora do hospital.
— Ela vai sair dessa, quando ficar boa, eu vou colocar vocês dois em
uma igreja e casa-los logo, para que possam me dar netos o mais rápido o
possível, e pararem de me matar do coração — rimos.
Era assim que tentávamos ser uma base, fazendo piada e tentando não
desmoronar com a falta que ela fazia em nossas vidas.
— A ideia de vocês dois sendo marido e mulher me mata, mas você é
o único que serve para amar minha filha como ela merece, Connor, nem
mesmo aquele juiz vai conseguir tomar seu lugar. — Rafael disse, olhando
para o espaço em que Hunter havia ocupado. — Não gosto dele.
— Também não, mas ele foi legal nas últimas horas, ficou aqui e se
fez presente, mesmo que Jenner não veja, mesmo que ela nunca saiba do
apoio que ele deu. — Sorri. — Talvez, no fundo, ele seja mesmo uma pessoa
legal.
— Ele olha muito para Mag. Também não gostei disso. — Voltou a
resmungar.
CONNOR
Isso me matava. Estava cada dia pior viver com o medo e desespero
que a qualquer momento ela poderia desistir completamente.
— Não faça isso conosco, Jenner, não nos deixe aqui, minha menina
— pedi, beijando sua testa, não tinha mais o cheiro do seu habitual perfume,
tinha um odor neutro, não tinha nada que identificassem ela como minha
Jenner. — Estamos aqui. Toda a parte burocrática do acidente foi resolvida,
graças a deus, apenas multas — ri, ela odiava multas, dizia que era abuso de
poder. — Entretanto, a parte principal não voltou. Você precisa voltar, voltar
para todos nós.
Era como enfiar uma faca em meu peito e enterra-la cada vez mais
forte.
Ela murmurou.
— Vai sim, Mag, talvez ela esteja nos dando umas férias das broncas
— brinquei, mas a mesma não sorriu, parecia conectada a Jenner naquela
cama.
— Vou sim, tia Dara disse que viria, mas eu disse que não. Ela já fica
durante todo o dia, tem que desancar — assenti, beijei sua testa e sai calado,
não havia muito a dizer.
CONNOR
Mas ele quer o que, porra?! É minha garota que está naquela cama de
hospital há um mês, uma semana e três dias, e ele ainda me pede calma?!
Bebi o restante do meu café e sai da lanchonete, caminhando pelo o
corredor, segui para o elevador, ele me levaria ao segundo andar, onde Jenner
estava.
Não o deixei terminar, apenas corri para dentro, mas a imagem dela
sentada, meio deitada, naquela cama. Muito mais magra, com grandes bolsas
em baixo dos olhos, e lagrimas descendo de forma descontrolada, me fez
perder completamente os sentidos.
Ela ainda soluçava, mas não estava tão desesperada. Só com medo,
todo seu corpo tremia pelo medo.
O meu não estava diferente, agora meu coração estava dividido pela
felicidade de vê-la viva e pelo medo do que estava acontecendo.
Primeiro o pavor de não sentir mais uma parte do meu corpo, de ficar
assim para sempre.
É bizarro, acordar depois de um mês e ver que nada mais será como
antes
Encaro o soro que tomo pela veia, sentindo uma vontade incontrolável
de fugir, correr, me refugiar bem longe, entretanto, nem mesmo consigo
sentir minhas pernas.
Alisou meu cabelo de novo, a forma que ela falava deixou claro que
todas as nossas suspeitas eram verdades.
Eu não gostava disso, de depender das pessoas, odiava cada vez que
Connor insistia que tinha que me pegar no colo para levar para o carro,
mesmo que eu realmente precisasse.
— Você sabe que não precisa ir, né? — Connor perguntou pela
milésima vez, enquanto eu contornava a cadeira de rodas motorizada pela
casa, que fora toda reorganizada para meu novo estado.
Tentou me convencer.
Mais tarde, naquele mesmo dia, recebi uma confirmação. Logo depois
de ganhar mais um caso no tribunal e conseguir inocentar meu cliente,
entretanto, essas não foram as maiores emoções do dia.
— Tenho sim. — Tentei sorrir. — Ouvi dizer que Nova York é muito
bem frequentada. — Meus lábios se curvaram ainda mais, mostrando a
malícia por trás das minhas palavras.
Já estava tudo planejado, Nova York me faria bem, era uma cidade
grande, diferente. Que em meio a tantas pessoas, ninguém iria notar minha
presença.
Principalmente Connor.
CONNOR
Nem sequer estava acreditando que ela fizera isso. Uma carta?! Uma
maldita carta!
Por algum acaso ela achava que uma carta iria sanar todas as minhas
preocupações com ela enquanto a mesma viajava para outra cidade com o
babaca do Hunter.
Primeiro, eu iria para Nova York e falaria tudo que está entalado na
garganta, depois, iria falar tudo que precisava para traze-la de volta.
Por último, eu iria beija-la e mostrar que a mesma não poderia sair da
minha vida assim, sem mais nem menos.
A única que tinha algum efeito sobre mim era ela. Minha menina
mandona e de nariz empinado.
— Ah, cara, sério que acha que eu a trouxe para cá apenas para
transar com ela? — Levantei a sobrancelha, querendo dizer que não estava
muito longe do que se passava na minha cabeça. — Eu sei, minha índole é
péssima, mas antes dela ser mulher, ainda é minha amiga. Eu a considero
como uma amiga, além do mais, nunca tocaria em nenhuma mulher sem seu
consentimento.
Tirei minhas botas, ficando apenas com as meias, alisei sua bochecha
com um sorriso brotando em meus lábios.
JENNER
Meu primeiro instinto foi um alivio, pois era Connor. Logo depois, foi
a confusão, pois o que diacho Connor estava fazendo na minha cama?!
Suspirei mais uma vez, cansada só de tentar entender o que diabos ele
fazia ali.
Entretanto, demorei muito tempo pensando, quando dei por mim, seus
lábios cobriam os meus de forma intensa. Eu diria até mesmo, brutal.
Senti o contato por todo meu corpo, atingindo cada miséria cédula e
fazendo todo minha pele entrar rapidamente em chamas. Seus lábios
suavizaram a pressão sobre os meus, sua língua pediu passagem, encontrando
a minha de forma sensual, me fazendo suspirar, enquanto meus dedos
desenhava sua costa a caminho dos seus cabelos loiros, onde afundei meus
dedos, sentindo a maciez dos fios.
— Por que, Connor, fomos criados para sermos irmãos, apesar de não
termos o mesmo sangue. Isso nunca, em hipótese alguma, poderia acontecer.
— Eu fui franca com meus próprios ensinamentos.
— Não irei, Connor. Preciso de um tempo para mim, você não vai
entender isso, mas no momento tudo que não preciso é de mais drama na
minha vida — suspirei. — Preciso pensar, me reorganizar, nada de grandes
decisões nem grandes sacrifícios.
Ele riu novamente, parecia que a situação não passava de uma grande
piada para ele.
Seu rosto estava retorcido em dor, aquilo foi como apunhalar uma
faca em meu coração.
Soube que era um adeus, isso doeu, pois pior que não tê-lo, era perder
sua amizade.
Um ano depois
JENNER
Alina comentara que a mesma ainda procurava pelo peito da mãe e ela
usava todos os artifícios para que ele se acostumasse com a mamadeira o
mais rápido possível.
— Ah! Alina deixou uma mamadeira pronta. — Alexandra disse,
tirando a mamadeira toda atrapalhada de dentro da bolsa, entregando a mim.
E Connor, entretanto, sabia que o mesmo não teria uma boa reação ao
me ver, já estava ciente disto, só não estava preparada para isso.
Hoje iria para minha casa, até estava com saudade da mesma, com
duas semanas morando com Hunter, não aguentava mais dividir o mesmo
espaço com alguém praticamente estranho. Então aluguei um apartamento
pequeno e voltei a ser sozinha, apenas eu e as paredes, ironias a parte.
CONNOR
Olhei ao redor, apenas para ter certeza que ele não estava aqui
também.
Eu entendia que ela precisava refazer sua vida sozinha, para ter a
certeza que conseguiria seguir em frente por conta própria, entretanto, não
entendia o porquê dela ter que me apagar para fazer isso.
Era apenas eu, sempre estaria ali para ela, para apoia-la, ama-la e
nunca desistiria dela.
Estava com uma postura ereta, vestia calca jeans desbotada, uma
blusinha branca com uma jaqueta de couro jogada por cima. Toda aquela
cena era tão familiar, que fez todo meu corpo se apertar de saudade, queria
correr até ela e abraça-la, entretanto, não fiz, apenas a observei, sem fazer
barulho, tentando pôr em ordem a bagunça que Jenner criava em mim.
JENNER
Desejei me jogar sobre ele, jogar todos os meus medos para o ar,
entretanto, o encarei, com um sorriso, sabendo que desta vez, eu quem devia
dar um primeiro passo.
Conti o suspiro ao ouvir suas palavras, não era nem um pouco justa
ele me jogar isso do nada, entretanto, não reclamei, pois, no fundo, amei
ouvir.
Dara retornou à sala, nos chamando para almoçar, acionei a cadeira,
fazendo ela andar pela sala bem mobilada da casa do papai.
— Posso lhe tirar da cadeira? Quero que se sente aqui, ao meu lado.
— Ele bateu na cama e eu encarei o gesto, pensativa.
Por fim, assenti, logo senti seus braços rodear minha cintura,
levantando-me e em seguida me pousando sobre as cobertas escuras. Onde
me sentei em posição melhor, para não ficar tão estranha.
Senti seu hálito próximo a minha boca e pela primeira vez em muito
tempo, nada além da vontade de beija-lo passou pela minha cabeça, então o
fiz.
Minha mão alcançou seu cabelo, se enterrando nos fios cor de ouro,
enquanto ele se deitava sobre a cama, me levando junto, enquanto meu corpo
cobria o seu.
Então eu fiz o que eu mais desejei durante todos os meses que fiquei
longe dele, me despi, não só no sentido de roupas, mas despi minha alma.
CONNOR
Um sorriso bobo saiu dos meus lábios, ao vê-la nua por baixo das
minhas cobertas, completamente despida. Completamente minha.
Não me surpreendi ao ver que seria o primeiro a toca-la, já esperava,
apesar de entender caso ela já tivesse se entregado a alguém, não era meu
direito julgá-la.
Só ama-la.
Sim, amo essa garota, todo mundo sabe disso, está escrito em minha
testa com letras neon. Não é necessário nenhum mago do universo para saber.
Só soube rir, enquanto voltava para cama, para fazer jus ao conselho
da minha mãe.
Seis meses depois
JENNER
Já fazia seis meses desde que voltei, desde então, minha vida tem se
dividido entre Nova Jersey e aqui. Eu ia toda semana para lá, visitava Luna
no orfanato e voltava para minha antiga cidade, onde eu estava seguindo
minha vida e não tinha planos de mudar.
Tudo estava tão nos trilhos, nem sequer imaginava como pude viver
tanto tempo longe.
Sorri, ao ver sua expressão por Luna, ele a conhecerá em alguma das
nossas idas a Nova Jersey, já que a mesma entrara oficialmente para as
crianças disponível para adoção, nós estávamos tentando ganhar a guarda na
justiça.
Amanhã seria nosso primeiro dia dos namorados juntos, uma pilha de
nervos passava pelo meu corpo e ter Luna por perto tiraria um pouco desse
nervosismo. Pois quem diria que em seis meses eu estaria namorando meu
meio irmão, por quem eu sempre fui apaixonada?
Podemos fazer coisas que nunca imaginei, para tudo tem um jeito no
nosso mundinho.
Já estava na minha casa, que agora tinha passado por uma reforma e
adaptação. Algo que veio a calhar, pois até mesmo as escadas eram
adaptadas.
Estava perfeito naquele terno feio sob medida, com os fios loiros
arrumados de forma desalinhada e o sorriso perfeito desenhando seus lábios.
Segurei ainda mais o riso ao vê-la se dirigir a Luna como avó, dona
Dara e sua mania de animar todos ao seu redor.
Tudo mudava.
CONNOR
E, pela milésima vez desde que Jenner Wright entrou na minha vida,
me apaixonei. Senti esse sentimento por todo o meu corpo, atingindo meu
coração, abrangido meu desejo e me marcando por inteiro.
Aquele era meu lugar no mundo. Nunca seria a mesma coisa se não
fosse com ela.
Para sempre.
— Que bom, pois o para sempre ao seu lado não está aberto a
exceções. — Ela alisou minha barba por fazer, enquanto eu encostava sua
testa na dela, sentindo sua respiração calma contra meu rosto.
JENNER
— Confusa? — indagou.
Ela me cortou.
Queria lhe dizer que estava errada, que eu não estava me diminuindo.
Mas não podia. Aquela era a verdade, doa a quem doer.
Ela sorriu para mim, antes de beijar meu rosto, se levantar e caminhar
para fora.
— Dara! — exclamei, saindo do estado de choque em que estava. —
Obrigada.
JENNER
Encarei o nada, enquanto minhas mãos suavam na medida em que
meus pensamentos se atropelavam, causando uma grande bagunça
sentimental.
Tentei ficar calma, não surtar completamente, pois não era algo tão
terrível assim. Era apenas uma pequena mudança, conseguimos há dois anos,
por que não conseguiremos agora?
Faz exato dois anos que Connor e eu nos casamos, dois anos desde
que minha vida mudou para sempre. Desde o início da minha felicidade.
Desde então, tudo tem sido como imaginamos, uma parceria, que cura
dores com amor, que precisa de doação e compreensão.
— Nada disso, mamãe! Vovô disse que não pode... — disse trocando
as letras no meio da frase, me fazendo rir.
Essa menina...
— Pode sim, querida, eu e seu pai somos casados. Nós podemos, ok?
— Eu tentei explicar, ela apenas inflou as bochechas batendo os pés de forma
impaciente, me fazendo rir ainda mais. — Que tal tomar um banho, hein?
Não era algo concreto, apenas o médico que cuidava do meu “caso”
costumava acreditar que nem tudo estava perdido e vinha pesquisando há
muito tempo formas de reverter esses danos. Chegara a alguns resultados,
entretanto, isso não garantia que meus movimentos voltassem.
Resolvi não tentar, pois apesar de ainda não acreditar que minha vida
mudará tanto nos últimos tempos, porém, eu não queria criar toda uma
expectativa e depois ter meu coração quebrado novamente por não conseguir.
— O que houve, Jey? Está inquieta desde ontem. Conte-me, não gosto
de vê-la assim — suspirei, soltando o ar preso em meus pulmões.
— Ah, Deus. Eu nem ouvi metade do que você falou, querida, estou
tão feliz com essa notícia que não faz a mínima diferença tudo que teremos
que enfrentar. Mas sei que vamos estar aqui, juntos, como prometemos um ao
outro perante Deus, para sempre. — Eu sorri nervosa, enquanto ele beijava
minha testa, a pontinha do meu nariz em seguidos dos meus lábios. — Eu
amo você, Jenner, cada dia que acordo e vejo o que construí ao seu lado, só
me faz ama-la ainda mais.
Éramos apenas um, desde que ele chegou a minha casa há muitos
anos, nos tornamos um. Para amar, respeitar, cuidar e estar ao lado um do
outro.
Na nossa bolha chamada para sempre ao seu lado. Era nosso lugar no
mundo, nada mudaria isso. Nunca...
FIM.
AGRADECIMENTOS
Amo vocês, estou aqui para o que precisar. Bom, meu muito
obrigada a aquelas pessoas que não ajudam mais também não saem de perto,
você colaboraram para que eu nunca desistisse. Obrigada mesmo assim.
E a você, que leu e veio até aqui, espero que tenha gostado e se
puder, não deixe de avaliar. Serei eternamente grata. Amo vocês também.
THAIS O. GOMEZ
Uma pessoa que pensa em mais histórias do que consegue escrever. Tudo
pode virar uma história dentro da minha cabeça imperativa. E tudo pode se
tornar uma história de amor.
Thais O. Gomez é como eu apresento meus romances para o mundo, 17 anos
de pura leseira e muitos sonhos. Leitora voraz. Sedentária. Amiga.
Dramática. Amo series e filmes. Diagramadora. Capista.
Comecei a escrever em 2014, fazia fanfics das minhas bandas preferidas, até
que passou a não ser suficiente e no início de 2015 veio ideia para meu
primeiro romance, que saiu um horror - sinceridade é tudo -, então eu desisti
dele completamente e fiquei pulando de história para história, até que Amy e
Liam me encontraram e contaram a sua para mim. Meu primeiro romance
concluído, hoje estou finalizando o quarto, tirando os contos.
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