Aula 1 A 2 CNL
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1 Introdução
A abordagem de controle de sistemas não-lineares via aproximações lineares em torno de
pontos de equilíbrio pode não ser eficiente para sistemas com dinâmica de alta velocidade
e/ou de grande alcance. Existem duas categorias de controle: problema de estabilização
(regulação) e o problema de seguimento de trajetória (tracking). Como exemplos do
primeiro caso pode-se citar o controle de posição de robôs manipuladores, controle de
atitude de aviões, e para o segundo caso o controle de avião para seguir um certo caminho
específico, controle de manipulador robótico para desenhar linhas ou círculos. Nestas notas
apresentam-se exemplos do uso de controle não linear para motivação, técnicas de análise
de estabilidade de sistemas não lineares e finalmente, conceitos de mapas de Poincaré e
bifurcações.
Os livros utilizados na elaboração destas notas no tema análise de estabilidade foram
[1, 2] e no tema mapas de poincaré e bifurcações [3, 4].
com θ = 1. Obter uma lei e controle para levar a saída para zero. Inicialmente obtém-se
uma lei de controle do tipo u = −kx, considerando o sistema linearização em x = 0
.
x = u
y = x
1
p
que apresenta os seguintes
P pontos de equilíbrio x = 0 e x = ± k/θ. O ponto x = 0
é estável e x = ± k/θ é instável. Portanto, não importa o valor de k, não se obtém
estabilidade global asimptótica. Suponha agora a lei de controle não linear
u = −θx3 − kx
para k > 0. Com esta lei de controle obtém-se estabilidade global asimptótica.
Seja a equação de fluxo de um sistema de controle de nível de um tanque
. 1
h = (Qi − Qo )
AT
y = h
√
onde Qo = h é a vazão de saída, Qi é a vazão de entrada e AT é a área da seção do
tanque. A lei de controle u = AT kp e + Qo com e = hd − h fornece a equação do erro
.
e + kp e = 0 que estabiliza o sistema para algum k > 0. A lei de controle fornece a equação
do erro que estabiliza o sistema para algum k > 0.
2
Definição 1 Um estado x0 é um estado de equilíbrio ou ponto de equilíbrio do sistema ou
ponto fixo se uma vez igual x(t) igual a x0 , x(t) permanece em x0 para todo tempo futuro.
Definição 3 O estado de equilíbrio x = 0 é estável se para R > 0 existe r > 0 tal que
kx(0)k < r, então kx(t)k < R para todo t ≥ 0. Senão o equilíbrio é instável.
Sejam Br : região esférica definida por kxk < r e SR : região esférica definida por
kxk = R. Tem-se ∀R > 0, ∃r > 0, kx(0)k < r implica ∀t ≥ 0, kx(t)k < R ou
∀R > 0, ∃r > 0, x(0) ∈ Br < r implica ∀t ≥ 0, x(t) ∈ BR .
ẋ1 = F1 (x1 , x2 )
ẋ2 = F2 (x1 , x2 )
com x = [x, x2 ]T a solução do sistema acima para x0 = [x10 , x20 ]T ,i.e. x0 = x(0). O lugar
no plano x1 − x2 da solução x(t) para t ≥ 0 é uma curva que passa pelo ponto x0 . Esta
curva é chamada de trajetória ou órbita do sistema a partir de x0 . O plano x1 − x2 é
chamado plano de fase.
Suponha
h(x1 ) = 17.76x1 − 103.79x21 + 229.62x31 − 226.31x41 + 83.72x51
Os pontos de equilíbrio correspondem a h(x1 ) = Ru − R1 x1 e são dados por Q1 = (0.063, 0.758), Q2 =
(0.285, 0.61) e Q3 = (0.884, 0.21). A Figura 1 ilustra o comportamento do sistema na vi-
zinhança dos pontos de equilíbrio.
3
1.4
1.2
0.8
0.6
0.4
0.2
-0.2
Programa Matlab
%Programa principal
clear all
close all
t=[0:0.001:10];
%condi\c{c}\~{a}o inicial}
xi=[-0.4 1.6;-0.37 1.25;-0.4 1;-0.4 0.2;0.7 -0.35;0.8 -0.4;1.6 -0.3;1.6 0.8;
0.75 -0.3;0.4 0.2;0.28 0.6;0.286 0.64;0.284 0.60];
for i=1,12
[tempo,x]=ode45(’diodo’,t,xi(i,:));
figure(1)
4
plot(x(:,1),x(:,2));
hold on
end;
% chamar a função e plotar novamente a solu\c{c}\~{a}o para as
condi\c{c}ao iniciais
grid
function [xdot]=diodo(t,x);
xdot=[.5*(-(17.76*x(1)-103.79*x(1)^2+229.62*x(1)^3-226.31*x(1)^4+
83.72*x(1)^5)+x(2)); .2*(-x(1)-1.5*x(2)+1.2)];
ẋ1 = x2
ẋ2 = (−10/0.5) ∗ sin(x(1) − (0.5/1) ∗ x(2)
Programa Matlab
Plano de fase
n = 100
% Escala das setas
escala = .5
% Definir Numero de Pontos em Cada Eixo
npont=20;
deltx1=(x1max-x1min)/npont;
deltx2=(x2max-x2min)/npont;
5
compr=sqrt(deltx1^2+deltx2^2)/2;
if x2 < 0
dx2 = -dx2;
dx1 = -dx1;
end
dx(j,i) = dx1*.5;
dy(j,i) = dx2*.5;
hold on;
end
j=0;
end
% Mapa vetorial
[x,y] = meshgrid(x1min:deltx1:x1max,x2min:deltx2:x2max);
quiver(x,y,dx*.5,dy*.5,escala);
% Tempo
t=linspace(0,10,n);
R = 1;
Naux = 10;
Maux = 10;
6
N = round(Naux);
M = round(Maux);
for I = 1:N+1,
for J = 1:M+1,
A(R,1) = x1min+((x1max-x1min)/N)*(I-1);
A(R,2) = x2min+((x2max-x2min)/M)*(J-1);
R=R+1;
end
end
xi = A;
hold on;
for i = 1:(N*M),
[tempo,x] = ode45(’sistema’,t,xi(i,:));
plot(x(:,1),x(:,2));
end
onde [gradx F ]T = ∂F
∂x
e [gradu F ]T = ∂F ∂x
são as matrizes Jacobianas de F (x, u). em relação
a x e u, respectivamente. Dessa forma
ζ̇ ≈ [gradx F ]T xe ,ue ζ + [gradu F ]T xe ,ue v = Aζ + Bv (4)
7
com A e B calculadas em (xe , ue )
∂F1 ∂F1 ∂F1
∂F1 ∂F1 ∂F1
∂x1 ∂x2
· · · ∂x n ∂u1 ∂u2
··· ∂um
∂F2 ∂F2 · · · ∂F2 ∂F2 ∂F2
··· ∂F2
∂x1 ∂x2 ∂xn ∂u1 ∂u2 ∂um
A= .. B= ..
··· ··· . ··· ··· ··· . ···
∂Fn ∂Fn ∂Fn ∂Fn ∂Fn ∂Fn
∂x1 ∂x2
··· ∂xn x=xe ,u=ue ∂u1 ∂u2
··· ∂um x=xe ,u=ue
Para haver estabilidade da origem requer-se que o ângulo entre o vetor x e vetor
velocidade ẋ seja maior do que 90o quando uma componente do vetor velocidade aponta
para a origem (a outra é ortornormal ao vetor x) [7], isto é:
xT ẋ
= cos(α) < 0. (5)
|x||ẋ|
De fato, uma vez que ẋ = Ax, tem-se que xT Ax < 0, o que implica real(λ(A)) < 0.
–Pontos fixos hiperbólicos
Definição 5 Se todos os autovalores de A tem parte real negativa, diz-se que x0 é as-
sintoticamente estável, pois x → xe quando t → ∞, e então o ponto fixo é chamado de
sumidouro (sink).
Da mesma maneira que no caso do sumidouro, tem-se dois tipos de fontes: o foco ins-
tável, se algum autovalor tiver parte imaginária não nula; e o nó instável, no caso contrário.
Definição 7 Se alguns dos autovalores, mas não todos, têm parte real positiva, enquanto
o resto tem parte real negativa, xe é chamado de ponto de sela. Como a sela tem alguns
autovalores positivos, é também é instável.
8
–Pontos fixos não hiperbólicos
9
Nó estável Nó instável
x2
x1
x2
x1
x1 Tempo [s] x1 Tempo [s]
Foco estável Foco instável
x2
x1
x2
x1
x1 Tempo [s] x1 Tempo [s]
Centro Ponto Sela
x1
x2
x1
x2
Assim, pode ser feita uma relação direta entre a estabilidade local de um ponto fixo
de um sistema não-linear com a estabilidade de seu correspondente sistema linear. Por
exemplo, se a correspondente linearização de um sistema apresentar um ponto fixo assinto-
ticamente estável, então pode-se concluir que o ponto fixo correspondente do sistema não
linear também é estável. Assim, justifica-se o uso de técnicas lineares para o controle de
sistemas não-lineares na prática. Ressalta-se porém, que essa correspondência não é válida
para o caso do sistema linearizado apresentar um ponto fixo marginalmente estável ou um
centro, sendo nesse caso necessária uma análise mais profunda do sistema não-linear.
10
pontos de equilíbrio são repetições destas duas posições a quais correspondem ao número de
giros compltos do pêndulo antes de parar em.. um dos .dois pontos de equilíbrio. O sistema
linearizado em torno de (π, 0) é dado por θe + MbR2 θe − Rg θe = 0 (usa-se a aproximação
senθ = sen(θe + π) = senθe cos π + senπ cos(θ) e = −sen(θ) e ≈ −θe com θe := θ − π (foi
feita uma mudança de variável uma vez que o ponto de equilíbrio é diferente da origem).
Observe que o sistema linearizado é instável e o sistema não-linear também é.
11
Utilizando coordenadas polares definidas por z1 = rcosθ e z2 = rsenθ, pode-se reescrever
o sistema (10) da seguinte forma
ṙ = 0
(11)
θ̇ = β
z1 (t) = r0 cos(βt + θ0 )
(12)
z2 (t) = r0 sen(βt + θ0 )
p (0)
com r0 = z12 (0) + z12 (0) e θ0 = tan−1 zz12 (0) . Portanto, este sistema possui uma oscilação
mantida de amplitude r0 e é referenciado como um oscilador harmônico. Observe que
a amplitude da oscilação depende das condições iniciais e também que esta oscilação
mantida pode ser destruída com uma pequena perturbação nos aulovalores complexos
puros da matriz A que os transforme em aulovalores complexos com parte real positiva.
O que significa que este osilador linear não é estruturalmente estável.
Observação 1 A matriz de transformação T para gerar a forma de Jordan é da forma
T = Q−1 com Q = [q1 q2 ... qn ], n a dimensão de x e qi , i = 1, · · · , n os autovetores da
matriz A. Para obter a forma real de Jordan (conhecida como forma modal) a matriz de
transformação é, p. exemplo, para n = 2 é
0.5 −0.5j
Q = [q1 q2 ] . (13)
0.5 0.5j
Assim, a matriz da forma modal do sistema denotada Am pode ser obtida a partir da
transformação Am = Q−1 AQ.
ẋ1 = x2
ẋ2 = −x1 + ǫ(1 − x21 )x2 .
Verificar que este oscilador possui apenas a origem como ponto de equilíbrio e caracterizar
a existência de um ciclo limite estável para ǫ positivo e instável para ǫ negativo utilizando
as seguintes funções de energia
1 1
V (x) = x21 + x22 ;
2 2
3
1 x
V (x) = {x21 + [ǫ( 1 − x1 ) + x2 ]2 }.
2 3
Teorema 2 (Poincare) Se um ciclo limite existir em um sistema autônomo de segunda
ordem então N = S + 1 com N número de nós, centros e focos contidos dentro do ciclo
limite e S o número de selas também contidas dentro do ciclo limite
12
Teorema 3 (Poincare-Bendixson) Se uma trajetória de um sistema autônomo de se-
gunda ordem permanecer em uma região finita Ω do plano de fase, então uma das seguintes
situações ocorrem
Teorema 4 (Bendixson) Para o sistema não linear (15), nenhum ciclo limite pode exis-
tir em uma região Ω do plano de fase na qual
∂F1 ∂F2
+ (14)
∂x1 ∂x2
não se anula e não troca de sinal.
Definição 12 A função de Lyapunov V (x) satisfaz as seguintes condições para todo t1 >
t0 e para todo x na vizinhança de x = 0, com x = 0 um ponto de equilíbrio do sistema
.
x = f (x):
2. V (0) = 0
13
1
0.5
0 V(x)=c
−0.5
−1
−1.5 f(x)
θ
gradV(x)
−2
−2.5
−2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5
hGradx V f (x)i
Figura 4: Sistema estável: cosθ = kGradx kkf (x)k
< 0.
. .
3. V (x) > 0 para todo x 6= 0 e V (x) ≤ 0, onde V (x) é a derivada de V (x) em relação
às trajetórias de ẋ = f (x), i.e.
dV (x)
V̇ (x) = = [gradx V ]T ẋ
dt
∂V
= f (x)
∂x
Nota-se que a derivada de V (x) é o produto escalar de dois vetores. A função f (x) é um
vetor que aponta no sentido da tangente da trajetória x(t) do sistema naquele ponto, e
gradx V (x) é um vetor normal, no sentido de crescimento de V (x) em relação à uma curva
de nível V (x) = c, c > 0. A Figura 4 ilustra o caso em que a derivada de V (x) é negativa.
Teorema 5 Suponha que uma V (x) possa ser determinada para o sistema (15). Então,
o estado de equilíbrio x = 0 é assintoticamente estável se V̇ (x) for negativa definida e
estável no sentido de Lyapunov se V̇ (x) for negativa semi-definida.
AT P + P A = −Q.
14
. .T . .
Prova. Para V (x) = xT P x tem-se V (x) = x P x + xT P x. Usando x = Ax pode-se
¯ . .
escrever V (x) = xT AT P x + xT P Ax. Então, V (x) = xT [AT P + P A]x = −xT Qx < 0, ∀x 6=
0.
Teorema 7 (Estabilidade local) Se em uma bola BR0 existe uma função escalar V (x) com
derivadas contínuas tal que
1. V (x) > 0 localmente
.
2. V (x) ≤ 0 localmente em BR0 .
.
Então o ponto de equilíbrio x = 0 é estável. Se V (x) < 0 em BR0 então a estabilidade
é assimptótica.
e o segundo termo a energia cinética. Observe que V (x) > 0 localmente (V (x) = 0 para
x 6= 0 e não atende Definição 12 item 3)
.
V (x) = x2 senx1 + x2 (−x2 − senx1 )
= −x21 ≤ 0
.
o que implica x1 = 0 é estável uma vez que V (x) ≤ 0 (semidefinida negativa). Considere
.
x2
agora V (x) = 2(1−cos x1 )+ 22 + 12 (x2 +x1 ). Neste caso obtém-se V (x) = −x1 2 +x1 senx1 ≤ 0
.
e V (x) é definida negativa localmente e então pode-se afirmar que o ponto de equilíbrio é
assintoticamente estável localmente.
Teorema 8 (Estabilidade global) Suponha uma função escalar V (x) com derivadas con-
tínuas tal que
1. V (x) > 0
.
2. V (x) < 0
3. V (x) → ∞ quando kxk → ∞.
Então, o ponto de equilíbrio 0 é globalmente assimptóticamente estável.
15
4.2 Sistemas discretos no tempo: pontos fixos de mapas
Chama-se de mapas os sistemas dinâmicos que evoluem no tempo de uma forma discreta.
Considere o mapa
xk+1 = F (xk ; u(k)) (16)
onde k ∈ Z.
Definição 13 Diz-se que xe é um ponto fixo, para u = ue , se xe = F (xe ; ue ).
Da mesma forma que no caso dos sistemas contínuos no tempo, para estudar a estabi-
lidade de pontos fixos de mapas faz-se uma linearização na sua vizinhança. Assim, seja y
uma pequena perturbação feita em xe de tal forma que
xe + yk+1 = F (xe + yk ; ue ).
Expandindo F em série de Taylor em torno de xe
xe + yk+1 = F (xe , ue ) + [gradx F ]T xe ,ue yk + (termos de ordem superior )
16
4.3 Bifurcações
O comportamento de sistemas dinâmicos dependem, em geral, de um vetor de parâmetros
que é chamado de parâmetros de controle. Uma bifurcação é o que chama-se de uma
mudança qualitativa no plano de fase do sistema dinâmico. No espaço de controle, o
ponto onde essa mudança ocorre é chamado de ponto de bifurcação.
Do ponto de vista de estabilidade estrutural, o ponto de bifurcação é um ponto onde
o sistema perde sua estabilidade. Nesse ponto podem, por exemplo, surgir ou desaparecer
pontos fixos, ou pontos instáveis podem ser tornar estáveis e vice-versa. A seguir alguns
tipos comuns de bifurcações são descritos.
ẋ = fµ (x) = µ − x2
√ √
onde x, µ ∈ R e µ é o parâmetro de controle. Os pontos fixos são x = µ e x = − µ.
Para µ < 0 não tem-se pontos fixos. Portanto, pelos critérios vistos,
√ df √
– para x = µ, dx
= −2 µ < 0 → nó estável.
√ df √
– para x = − µ, dx
= 2 µ > 0 → nó instável.
O ponto de bifurcação é o ponto x = 0, onde os dois ramos referentes aos pontos fixos
instáveis e estáveis se unem, como visto na Figura 5. Na Figura 5, o equilíbrio estável é um
nó (ramo superior), o equilíbrio instável é uma sela (ramo inferior), por isso a bifurcação
associada é denominada sela-nó [6].
17
Seja o sistema de dimensão 2 dado por
ṙ = r(µ − r2 ),
e
θ̇ = 1.
√
Verifica-se que existe uma órbita periódica para µ > 0. De fato, em r = µ tem-se ṙ = 0.
√ √
Além disso, a órbita é estável já que ṙ < 0 para r > µ, e ṙ > 0 para r < µ. Pode-se
ver claramente como isso ocorre na Figura 6.
x2
x1
18
4.4 Mapas e seção de Poincaré
Uma das maneiras pela qual um sistema contínuo dá origem a um mapa discreto é pela
utilização de seções de Poincaré. A seção de Poincaré é uma maneira de reduzir o estudo
de um fluxo num espaço de fase com n dimensões a uma aplicação discreta num espaço
de fase com (n − 1) dimensões, chamada mapa de Poincaré.
ẋ = F (x).
Aqui F (x) representa um campo vetorial não linear. Seja φt (x) o fluxo gerado e φt (x0 )
uma órbita periódica de período T . Seja uma hipersuperfície Ω ⊂ Rn de dimensão (n − 1),
que contenha x0 , de tal maneira que o fluxo lhe seja transversal, ou seja, φt (x) · n(x) 6= 0,
onde n(x) é o vetor normal à hipersuperfície Ω. Seja ainda U ⊆ Ω uma vizinhança de x0 .
19
Definição 17 Chama-se de mapa de Poincaré a aplicação P : U → Ω definida para um
ponto x1 ∈ U da seguinte maneira
P (x1 ) = φ(x1 , τ )
onde τ = τ (x1 ) é o tempo necessário para que a órbita φt (x1 ) que parte de x1 retorne pela
primeira vez em Ω.
Seja o sistema massa mola simples do Exemplo 8, onde F = mg e Fel = x−x3 acrescido
de uma excitação periódica F (t) = γcos(ωt)e de uma força dissipativa Fd = −cẋ,como
mostrado na Figura 9. A freqüência da força externa é determinada pelo parâmetro γ e
a intensidade da for ça amortecedora por c. Esse sistema é conhecido como oscilador de
Duffing. Sua equação de movimento, para c = ǫ e considerando agora que x = 0 está na po-
sição de repouso do sistema, pode ser obtida pelo método visto na seção anterior,chegando
a
ẍ + ǫẋ − x + x3 − γcos(ωt) = 0.
Usando o aplicativo Matlab traça-se o retrato de fase x − ẋ e o mapa de poincaré corres-
pondente do oscilador para γ = −0.3, ω = 1, condição inicial igual a (0, 0) e diferentes
valores da constante de amortecimento ǫ. O programa desenvolvido para este exemplo
encontra-se descrito no Apêndice (Seção B). Para ǫ = 0, 22 as Figuras 10, 11 e 12 ilustram
os resultados obtidos.
20
Figura 9: Oscilador de Duffing.
Figura 12: Seção de Poincaré para ǫ = 0, 22 e t = 2kπ, k = 0, 1, ..., 1000 sem transiente.
21
Observa-se que o mapa de poincaré (Figura 11) mostra claramante o que o retrato de
fase (Figura 10) parece esconder um pouco: a presença de três órbitas periódicas, que
ficam ainda mais visiveis quando elimina-se a parte do transiente do tempo e analisa-se o
sistema em regime (Figura 11).
Figura 14: Seção de Poincaré para ǫ = 0, 25 e t = 2kπ, k = 0, 1, ..., 1000 com transiente
(esquerda) e sem transiente para k = 100, 101, ..., 1000 (direita)
22
A Obtenção de Equações de Sistemas Dinâmicos via
Equações de Lagrange
A.1 Formulação Lagrangeana
A formulação Lagrangeana nos dá uma forma alternativa, em relação as equações de
Newton, para escrever as equações do movimento. Utiliza-se das expressões da energia de
um sistema, como se fizesse um balanceamento das energias.
L=T −V
para obter
∂ ∂(L + V ) ∂(T − L)
=−
∂t ∂ ẋi ∂xi
∂ ∂L ∂ ∂V ∂T ∂L
+ =− + .
∂t ∂ ẋi ∂t ∂ ẋi ∂xi ∂xi
23
∂V ∂T
Por definição ∂ ẋi
=0e ∂xi
= 0 e a equação se simplifica em
∂ ∂L ∂L
− = 0. (20)
∂t ∂ ẋi ∂xi
Exemplo 8 Considere um sistema massa-mola simples, como na Figura 15, sem excita-
ção e sem atrito.
d2 x
F + Fel = m
dt2
d2 x
mg − kx = m 2
dt
d2 x
como dt2
= ẍ, a equação de movimento para o sistema é
k
ẍ + x−g =0
m
24
A.1.3 Pelo Lagrangiano
1
T = mẋ2
2
e
1
V = −mgx + kx2 .
2
Então
1 1
L = T − V = mẋ2 − (−mgx + kx2 )
2 2
e chega-se a
1 1
L = mẋ2 + mgx − kx2 .
2 2
A equação de Lagrange em relação a x é da forma
∂ ∂( 21 mẋ2 + mg − 12 kx2 ) ∂ 1 2 1 2
− mẋ + mgx − kx = 0.
∂t ∂ ẋ ∂x 2 2
Assim
∂(mẋ)
− (mg − kx) = 0
∂t
ou
k
ẍ + x−g =0
m
Obtendo-se, portanto, a mesma equação diferencial.
25
Exemplo 9 Considere um sistema semelhante ao do Exemplo 8, onde adiciona-se mais
uma força devido ao atrito, dada por
Fdis = −cẋ.
1 1
L = T − V = mẋ2 + mgx − kx2
2 2
e
1
R = cẋ2 .
2
Aplicando a formulação para sistemas não-conservativos pode-se escrever
d ∂L ∂L ∂R
− + = 0.
dt ∂ ẋi ∂xi ∂ ẋi
e chega-se a
d
(mẋ) − mg + kx + cẋ = 0
dt
ou
k
ẍ + cẋ + x − mg = 0.
m
Novamente, neste exemplo, obtém-se as mesmas equações obtidas pelo método clássico.
26
B Programas no Matlab do oscilador de Duffing
Programa desenvolvido para obtenção do retrato de fase e do mapa de Poincaré para o Oscilador de
Duffing utilizando o aplicativo Matlab
– Programa principal:
t1= [0:2*pi:2000*pi]; (Intervalo de tempo com período fixo para a obtenção do mapa
de Poincaré)
figure
plot(x(:,1),x(:,2)) (Gráfico x(t) vs. x’(t) do retrato de fase)
figure
plot(y(:,1),y(:,2),’.’) (Gráfico x(t) vs. x’(t) do mapa de Poincaré (com transiente))
figure
plot(z(:,1),z(:,2),’.’) (Gráfico x(t) vs. x’(t) do mapa de Poincaré (sem transiente))
27
% Simula um sistema dinâmico não- linear %
epsilon=0.22; (Declara o valor da constante ǫ)
gama=-0.3; (Declara o valor da constante γ)
omega=1; (Declara o valor da constante ω)
28
Referências
[1] Slotine, J.J.E. Applied Nonlinear Control, Prentice-Hall, 1991.
[4] Fiedler-Ferrara, N. e Prado, C. P. C., Caos: Uma Introdução, Edgard Blücher, 1994.
[6] Argyris, J., Faust, C. e Haase, M., An Exploration of Chaos, North-Holland, 1994.
29