Dimensionamento de Sistema Fotovoltaico
Dimensionamento de Sistema Fotovoltaico
Dimensionamento de Sistema Fotovoltaico
Os sistemas fotovoltaicos trabalham com uma fonte limitada de energia, que é a energia
solar incidente sobre os módulos. Essa fonte também é variável, pois sofre a influência de fatores
meteorológicos de difícil previsão. Por outro lado, a energia elétrica é solicitada ao sistema de
acordo com as necessidades de seus usuários. O dimensionamento do sistema deve procurar
realizar uma compatibilização dessas duas condições dentro de determinados níveis de
confiabilidade e custos.
Para atender a todas as necessidades de energia dos usuários com total garantia, haveria a
necessidade de se projetar um sistema para as mais severas condições meteorológicas e para as
situações de maior uso da eletricidade. Muitas vezes, esse procedimento leva a sistemas com
custos inaceitáveis para o usuário.
O dimensionamento criterioso deve levar em conta os dados meteorológicos existentes para
a região, os aparelhos que serão ligados, o tempo de uso dos mesmos, o volume de recursos que
se pretende investir na instalação e o grau de confiabilidade que se quer no fornecimento de
energia. Na dosagem desses fatores pode-se chegar a um dimensionamento criterioso, que
viabilize o sistema e que deixe o usuário satisfeito.
Os critérios e recomendações deste capítulo são simplificados e válidos para pequenos
sistemas isolados. Os envolvidos em projetos de sistemas, principalmente aqueles de maior porte,
devem procurar ter acesso a procedimentos mais elaborados e rotinas computacionais que
simulam diversas condições e levam a dimensionamentos mais criteriosos. De qualquer maneira, é
fundamental que o usuário esteja bem informado sobre as limitações do sistema.
Sucessivas simulações podem ser necessárias variando-se os parâmetros de projetos até se
chegar a uma configuração, uma confiabilidade e um custo aceitáveis.
No capítulo sobre o potencial de energia solar (Parte I) são feitas considerações sobre a
característica do recurso solar e sobre a forma de obtenção dos dados solarimétricos. O objetivo
básico é obter uma tabela com níveis médios de radiação solar, para cada mês do ano. Esses
dados podem ser obtidos em mapas solarimétricos brasileiros e regionais, como os apresentados
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Curso de Energia Solar Fotovoltaica
O objetivo maior dessa etapa é definir o consumo médio diário de energia elétrica, ou seja,
definir a curva de carga, tanto em termos diários quanto sazonais. Com esses dados é possível
visualizar as características previstas para o consumo de eletricidade, adequando-se o sistema
para que o consumo e a produção sejam compatíveis ao longo do dia e ao longo do ano.
Essa determinação é muito complexa, pois depende de hábitos e ações dos usuários difíceis
de determinar e altamente variáveis ao longo do tempo. Como determinar, por exemplo, quantas
horas por dia certa lâmpada ficará ligada ou quantas horas por dia a família ligará o televisor? As
premissas adotadas para o cálculo devem ser previamente ajustadas com o usuário para que o
mesmo não fique decepcionado com o desempenho do sistema, após sua instalação.
O produto final desta etapa é uma planilha com definição dos equipamentos que serão
ligados, suas potências elétricas, tensões (corrente alternada ou contínua) e o tempo diário em que
ficarão ligados. Com esses dados pode-se calcular o consumo diário de cada aparelho. Este
consumo pode ser apresentado em Watt-hora ou em Ampère-hora. O levantamento de cargas de
uma escola rural é exemplificado na Tabela 1.2.
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Corrente
Operação Consumo Consumo 12V
Aparelho Nº Tensão (V) Potência (W) contínua
Horas/dia Wh/dia Ah/dia
A
Lâmpada 40W 6 12cc 240 20,0 3 720 60
Outro parâmetro importante que deve ser estabelecido é o tempo de autonomia que se quer
para o sistema sem a presença da insolação, ou seja, por quanto tempo os usuários vão poder
utilizar normalmente a iluminação e os aparelhos elétricos, sem que haja insolação suficiente para
carregar as baterias.
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O valor a ser adotado depende muito do clima da região e da disposição dos moradores de
economizar energia em períodos prolongados de chuva e nebulosidade ou mesmo ficar sem ela
esporadicamente. Em regiões de clima mais estável costuma-se trabalhar com autonomia do
sistema para 3 dias para os sistemas residenciais, aumentando-a para regiões mais instáveis. No
caso de sistemas que exigem uma maior confiabilidade como os sistemas para telecomunicações
costuma-se trabalhar com autonomia do sistema para 4 ou 5 dias.
O gerador fotovoltaico trabalha com uma fonte limitada de energia, que é a energia solar
incidente sobre os módulos e também variável com fatores meteorológicos de difícil previsão. Por
outro lado a energia elétrica é solicitada ao gerador de acordo com as necessidades do
consumidor. O dimensionamento do sistema procura compatibilizar essas duas condições dentro
de determinados níveis de confiabilidade e custos, pois para o sistema atender todas as
necessidades de energia do consumidor com total garantia durante todo o ano, haveria
necessidade de se projetar um sistema para as mais severas condições meteorológicas e para as
situações de maior uso da eletricidade, o que poderia levar a custos inaceitáveis.
O dimensionamento criterioso deve levar em conta, além dos níveis de radiação solar da
região, os aparelhos que serão ligados e o tempo de uso dos mesmos e o grau de confiabilidade
que se quer no fornecimento de energia além das normas legais vigentes. Na dosagem desses
fatores se pode chegar a um dimensionamento criterioso, que viabilize o sistema do ponto de vista
financeiro e legal e que deixe o consumidor satisfeito.
O dimensionamento do gerador fotovoltaico está vinculado, basicamente, a dois parâmetros:
os níveis de energia solar incidente e o consumo de eletricidade previsto. Quanto mais ensolarado
é o local, menor área de captação de energia será necessária. Quanto maior o consumo de
energia, maior área de captação será necessária.
Assim como no processo de dimensionamento das baterias, trata-se de um processo
iterativo, com uma primeira tentativa e sucessivas etapas de aperfeiçoamento. Deve-se iniciar por
escolher o tipo de módulo que será empregado. Para isso, são importantes as observações do
Capítulo 9. Normalmente, são mais utilizados os módulos com células de silício monocristalino ou
policristalino, mas também são utilizados os de filmes finos. Esta escolha deve levar em conta
custos, eficiência, qualidade de fabricação, garantia, vida útil esperada, níveis de degradação do
desempenho com o envelhecimento etc.
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O próximo passo é determinar a quantidade de energia que cada módulo vai produzir quando
instalado na inclinação escolhida para cada mês e, principalmente, para o mês mais crítico do ano.
Este cálculo é complexo e, normalmente, realizado com a ajuda de rotinas computacionais. Os
fornecedores geralmente disponibilizam dados práticos para a região, que podem ser utilizados nos
cálculos. É preciso levar em conta, além da inclinação, a redução de desempenho devido à poeira e
à degradação.
Para o dimensionamento pratico e inicial do gerador fotovoltaico é válida a seguinte
expressão:
Potência mínima do gerador (Wp): Potência mínima total do conjunto de módulos necessária
para produzir a energia solicitada pela carga.
Consumo Total (Wh/dia): Retirar da tabela do levantamento de consumo de eletricidade.
Horas equivalentes de Sol pleno (horas/dia): Depende da latitude e nível de nebulosidade do
local. Considerar o nível médio do mês mais crítico no plano escolhido para instalar os módulos. O
módulo deve ter uma inclinação que privilegie o pior mês. Considerar entre 3,5 e 5 horas/dia de Sol
pleno para o pior mês de acordo com a localização escolhida. Esse dado poderá ser pesquisado
através do site www.cresesb.cepel.br. Para o sul do Brasil considera-se entre 3,5 e 4. Para o
Nordeste entre 4 e 5.
Fpp - Fator de perda de potência: Pode ser estimado dividindo-se a tensão da bateria pela
tensão de máxima potência do módulo a ser utilizado. Esta perda se deve ao fato da tensão da
bateria (12 V) ser inferior à tensão de máxima potência do módulo a ser utilizado (Vmp=+/-17,4 V
para os módulos Kyocera 87 Wp-12 V). Um valor prático 12 V/17,4 V = 0,69. Estas perdas podem
ser reduzidas através do uso de um controlador de carga com seguidor de máxima potência
(MPPT).
Fps - Fator de perdas e segurança: Necessário para levar em conta a redução da geração do
módulo devido à tolerância na fabricação (os módulos normalmente tem uma tolerância em relação
à potência nominal de +/-3%), temperatura de trabalho (quase sempre maior que os 25ºC da
condição padrão de testes), poeira sobre o vidro, degradação com o tempo, presença de sombras
em parte do dia, desvios na orientação e na inclinação e também devido às perdas elétricas na
bateria, no controlador e na fiação, além de incertezas sobre os dados utilizados e o consumo
previsto. Valor típico: 0,8.
Uma estimativa prática para projetos de pequenos sistemas em regiões ensolaradas (4h de
Sol pleno no mês mais crítico) é considerar que cada Wp de módulos fotovoltaicos disponibiliza
para a carga aproximadamente 2,21 Wh/dia ou 66,2 Wh/mês de energia elétrica.
informações técnicas fornecidas pelo fabricante. A corrente elétrica máxima demandada pelas
cargas pode ser conhecida a partir do levantamento de cargas realizado. Caso o inversor esteja
conectado diretamente à bateria somente as correntes solicitadas pelos equipamentos de corrente
continua passam pelo controlador de cargas. Adotar o maior valor encontrado nos dois cálculos
(está incluída nas formulas um fator de 1,1 como uma folga de segurança).
O cálculo da corrente do controlador de carga, do lado das cargas, pode ser obtido através
da expressão:
Para cálculo da corrente do controlador de carga proveniente dos módulos usar a fórmula
abaixo considerando a corrente de curto circuito total do arranjo de séries de módulos utilizados. O
valor da corrente de curto-circuito de um módulo pode ser obtido do catalogo técnico do mesmo.
Não esquecer que nas ligações em paralelo as correntes se somam e nas ligações em serie não.
Corrente do controlador de Carga (A) = Corrente de curto-circuito de cada módulo (A) x número de módulos em
paralelo x 1,1
Corrente do Controlador de Carga (A) = Potencia do gerador fotovoltaico escolhido (Wp) x 0,061 (A/Wp) x 1,1