Filosofia 11
Filosofia 11
Filosofia 11
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Titulos disponfveis para a 11."Ctasse
Eduordo Geque
Monuel Biriote
HLosoHA
#
It
Longman
Moqambique
lntrodugio
Caro aluno, ?
O livro que tcns nas maos foi produzido co]n o objectivo de te ajurlar na tua
acad6mica nesta nova disciplina. Espcramos que, de facto, possas us:ilo e que te sejaftilnas fuas
aulas de iniciaqao ao mundo da Filosoia, em que comeEares a ser tamb6m fil6sofo.
Comunla estrutura que obedece rigorosamente ao novo programa do Ensjno Secunddrio Geral,
o li\ro Pri-Ufiiversitirio - FiLosofra 11 foi elaborado com vista ao alca[ce das competancias bdsiccs
exigidas pelo rnesmo no flm de cada unidade didectica. I,or isso, no primeiro capitulo faremos
urna introdulao geral A discipuna lilosofla; 11o segundo, falarernos da Pessoa como suieito
tnoral; no tercei.o capitulo, abordaremos o l)roblema da teoria do Lonhecimento, tsto 6, teras a
oportrnidacie de pel1sat e discutt com os teus coiegas e com o professor soble o problema do
conhecimelto; no quarto c illtilno capitulo do ano, introduzirernos a l6gica.
F.m cada capitulo hd desenvolvimento de contcridos e textos complemcntares. Cada um delct
ofe,ece iEualmcnlc vJrid\ ,tnte\e\ dJ\ prin, ipi i, ideia\ de\envolvidd\ no\ \ubcaprluto\ e ad i\ i.
dades em fonna de questio(irios que te aiudarao a aptofundar os conhecimentos adquiidos.
No 6m do capitulo hA ainda um questiondrio com perguntas de escolha mtltipla que te ajudara
a Iazer a revisao dos conte[dos-
Este livro assinala uma nova fase da tua vida academica - o ntvel mddio, Isso sjgnifica cresci-
mento. O crescimento implica conhecimento de novas coisas. 'lens, por isso, de prestar especial
atengao ao vocabulario que con sta no teu matual. Existem palavras especificas (termos 6los66cos)
que teras de assimilar e algumas palavras do vocabuliilio corente que provavelmente nao
coflheces. Procura o seu significado consultando o glossario que se encontra no I]m do manual,
um djcion6rio de lilosona ou Perguntando ao teu professor. Para as palavras de uso corrente
consulta ufl dicionirio de Lingua Portuguesa.
Como dissemos acjma, este iivro cont€m or Lonteudo\ prosramJLjcos do plano temiitjco e
analitico da disciplina, sem, no entantor negar a possibilidade de os alunos procurarem fontes
alternativas que os ajudem na cotnpreensao dos temas aqui abordados- De maneira alguma a
imensidao da lilosofia se poderia esgotat tcste livro (mesmo que de um compendio se tratasse),
por isso nao desejamos que te apcgues unicamente a eie. Quanto mais fottes tiveres, tnelhor
podcriis compreender os contcridos que aqui apreserrtamos.
Estamos abertos a criticas e contribuiQoes, pois s6 atrav6s dela s poderemos melhorar e enriquecer
este manual em pr6ximas ediq6es.
Obiectivos da unidade
lmagem motivadora
lIft&d-oiF 4,a
Enn,-.eer..ihF *d"
lmagens informativas
Textos compl€mentares de apoio
de fil6sofos e pensadores
[email protected]................
Sintese dos
subcapitulo
IllNE.$@ r.6
Actividades priiticas
sobre os contetdos no
flnal de cada subcapitulo
Um glossririo
no flnal do livro
Este livro inclui ainda um prrtico separador, com informaqeo ttil para o aluno.
l
lndice
P6s.
E n emerg6ncia do filosofar
Scrgc Nloscovici, na obta Hotnens l)omlstict)s e Hrrra,/rs seh,,i.(erj, nota que o IIomem, compa
rali\.a,nente aos outros anilDais, nasce conl uma certa desvantagern, pois aquele neceSsita, nos
primeiros dias de vida, de nlais cuidados do que os outros aninuis. Ibdavia, o Homem, gralas
ii sua capacidade de criagio, s ania-os- Com cfcito, a raci()nalidade 6 uma caracteristica funda-
dora do Homcn1. fl\ta, por6n1, necessita de ser estirnulada, e a Filosofia 6 a disc\)lina que lern
corno missao, entre oLrtras, estimular essa racionalidade.
De acordo conl o programa da di\ciplina, a lilosofia foi introcluzida nas 11.'e 12-" classes para
rcsponder a uma necessidade pertlnente e urgente, resultante do vazio criaLlo pcla suil -iu\cncla
no 2." Ciclo do llDsino Secund6rio Geral (LSG) em Molambique. A ma intrcduqao resulta da
constataEao de que os graduados do ESG que iniciarn os estuLios superiores nao satislazem as
exig€I]cias cogDitit,as c metodol69icas dcstc nivcl-
No estudo da Filosoia, menos que o desempenho do professor, € o aluno quem determina a
sua pr6pria aprendizageln. De Llue fornra? A epigrafe acima rcsumc o que um aluno que coireqa
a estudar filosofia tcm de ter rm conta: aprender a filosofar irnplica exercitar a razao na apren,
dizagcrn do\ virios sistemas, teorias e conceitos lllos6hcos, mas s6 na medida em que depois
Jr\"r r'.r/cr ur|,r,n i\ te p pe,.odl o dldo oL \e d. per!d' po \r prot,r i,,.
Aprender a frlosofar 6 apreidcr a pclsar sobrc o mundo que nos rodeia e sobre as a((,_,L\
humanas. 1 |ilosolla nasce clo espanlo que o mundo provoca no Homem, quc o faz comeqar a
6lo5olar, a pensar sobre o que o rodeia, a sentir-se interpelado pelo mundo no seutido de querel
saber mais, de querer conhecer as causas c os l)rincipios da rcalidade, de coDhecer,se a sr mcstno
e aos outLos. Em surna, aprcndcr a fib$far 6 essencialmente urna atitude de problematizaqio,
de clue!tionarnenlo e de critica perante o mundo.
O objecti\rc riltimo da disciplina € cdar no aluno o hAbito da rcflexao sobre tudo o que o rodeia
(realidade) e, cm especial, lcvi-L-ll) a rcflcctir \()hrc as suas Ir(iprias decis6es e ac!6es.
Ningu6m, por scr jovern, tarde em lilosolar, nem, quando idoso, abardone a |ilosolla;
pois nao ha ninSu€tn que n6o tenha idade ou que esteia fora da idade para aquilo que
constitui a saiide da alma. E aquele que diz que nao 6 ainda tempo para filosolar ou que li
passou o tempo para tal, assemelha-sc Aquclc quc diz, falando da felicidade, que a sua hora
ainda nao chegou ou rlue jA passou. Por isso, devem lllosofartanto o jovem como o anciilo,
pois o anciao manter se-6 jovem atra\,6s das benlaos que lhe advCm dos frutos das suas
acg6es, e o iovem terii a sabedoria do velho, pois nao rcccia o qrc hA-de vir.
Ainda sobre a diflculdade ern deflnir a lilosofia, o pcnsador francas (iilles Deleuze (1925-1995),
na obla O Q e E d Iilordrrl afirma que csta questao s6 se coloca tarde na vida de um El6sofo.
Portanto, ela n:io dcvc ser colocada no primeiro dia de aulas, antes de os alunos estarern maduros,
dcve ser o pr6prjo aluno a questionar-se, depois de ter expelimerrtado o excrcicio de lilosofar; isto
porque os iniciandos nao possuern conhecincntos c calma suficientes para rcflectit sobre tal
questao, apcsar do Jraradoxo de ser a questao que se nos apresenta logo no primciro dja de aulas,
:... lilc. I l,latao (estitua co temporilnea em Atenas, Grecia). :.... FIC. 2 A.bt6teles.
6il busca da verdade e nao a sua possc que constitui a essenciil da lilosofia 1...1 lilosofar
f...1
sigoilica e5tar a caminho. As interroga!6e\ sio rnais inlportantes do que as respostas c cada
JrrJ oFld\ lrdn,loflnu \' cr,I.novdinlerroEd,iu.
Karl la sper!, Irii.nr(i. Filffntr.d.
A lilorofia, corno as outras cjencias, tein o seu obiecto de esiudo: a llilosofia preocupa-se com
tudo, ou seia, com toda a realidade que cerca o Ho]nem. As investiSaEOes filos6llcas abrangem
todos os campos de saber. llstc facto faz com que ela seia definida sob v6rios pontos de vista e,
por conscguinte, tenha v6rias delinita)cs.
Para nos aproxirnarmos da.lr.lilo que se podc crrtender por lilosolia, \'eiam(x as dcfinieaes de
alguns f,l6sofos:
. Arist6teles (Cr€cia antiga) A Filosofla 6 o estudo dos primeiros principios e causas dltimas
de loLias as coisas.
. Cicero (Roma antiga/ltalia) - A lilosofia € o ettudo das causas humanas e di\rinas dat coisas.
. I)cscartes (lranca/ldade Moderna) - A Fllosoha ensina a raciocinar bem.
. Karl Marx (Alenunha/ldade Contemporalea) A Filosofia 6 uma pritica dc transformalao
social e politica.
. Ilountondii (Benim/ ctualidade) A Iilosofia a urna disciplina cieDtiiica, teordtica e indi_
Corno se pode concluir, cada 6l6sofo tem nao apenas a sua pr6pria concepqao iilos6lica da
realidade, mas tamb6m a sua pr6pria defini(ao do que € a |ilosofia. Este facto verifica-se porque
cada ser humano, cada pensador e fil6sofo, tcm a a a pr6pria refl exao e conlprccnsio do mundo,
quc 6nroldadapelas suas expcriCncias, culturaemcio circundante pr6prios. Dai que cada6lixoii)
defina a lilosofia de acordo con1 a sua Area de pesquisa e intelesses, que sao fruto da sua expe
riencia pessoal de pcnsilr o nlundo,
(lontudo, existe algo que em todos eles 6 comum: a |ilosofla aparece como um tipo de saber
amplo, radical e exigente. A Filosofia 6, ncste sentido, unla actividade racioltal de procura de
conhecimento; € uma atitude de curiosidade, dc desejo de conhecer e problematizar a realidade.
A lrilosofia problematiza, coloca questoes e procura lcspostas sobre tl1do o que possa ser conhe_
cido: n6s pr6prios, as relaeoes humanas, o n[indo, etc. F tamhLm umn reflexio critica, um
conjunto de respostas e tcorias que foram surgindo ao longo da hist6ria da Filosofia.
12
-.-
finalmente, a Filosolla 6 uma ciencia nao s6 para ser estudada, mas principalmcntc para ser
E,
feita, para ser vlvida, Portanto, a Filosofia € urna atitude e n,o urn corrlurto de conhecimentos
e teorias de al8uAn que se rnemoLiza, nras urna pr:itica de petsar c agir, urn aprender a pensar
e um apre dera agir. A lilo$fia a uma atitudc.le reflexAo sobrc o reale uma busca de orientalao
para a vida humana. I(ant, um dos mais importantes f,l6sofos de sempre, sublinhando cstc facto,
aflrmava que nao ensinava Filosofia; ensinava, sim, os alunos a filosofar.
l3
Apesar de a Filosolia ser Ieita por respostas e teorias particularcs (cada fil6sofo tcm , nu tp.ri,
particular) c Lle todas as teorias dos vSrios 1ll6solos ao lonso da Histciria da Filosolia serem fruto
das circunstancias particulares e das ideias historicamente contextuallzadas de cada hl6sofo,
chama se lilosoha ao conjunk) de todas cssas teorias particulares reunidas durn (rnico saber
uriversal.
Flm suma, a lrib$fia a rm saber universal na medida eln que engloba todas as (liiosolias,
particulares, de todos os tempor e lugarcs, e porqre os problemas sobre os quais cada uira destas
teorias fiios6licas reflecte sao problemas universais c atcmporais, ou scja, intercssam a todos os
homens e em todas as 6pocas - os problemas e questdes filos6ficas s:o quest6es de sempre e
Texto I
O quc 6a filosofia hoie?
Nras o que 6 a l:ib5o6ir hojc qucro dizer, a actividade 1i1os6hca seelanaoforumtrabalho
critico do pensamento sobre si prdprio? Se, em vcz de procurar legitimar o quc jA sabcmos/
cla nio consistir cm procurar saber como e at6 onde sere possi\cl pensar de outro modo? 1..,]
Ilichel Foucauii, l'!rr.l.lcs pliisits lO Usa dot hoz.nsl.
Texto 2
Oque6aFilosofia?
"O que lilosof,a?" 6uma dessas questdes que pro\.ocam uma rnultiplicidade de respostas
€ a
I
l. LA atentamente o texto O gue 6 a Fi,osofio hoje?, de Michael Foucauh, e diz o que este autor
entende por Filosofia.
2. Orizerman, no texto O que 6 o Filosofio?, afirma que <a deflniqao aristot6lica da Filosofia neo 6,
no fundo, mah do que a definitao da Filosofla de Arist6teles). Como interpretas esta frase?
f...] vivcr sem filosofar 6 na verdade ter os olhos fechados, sem nrtnca se esfbrEar por os
abrirj e o prazcr dc ver todas as coisas que a nos\a vista desaobre nio 6 de modo nerlhum
conrparivel a satisfa(eo que dl o carrlhecimento das coita\ Llue se clescolrrcm p()l lreio da
lril(xofia; c, elrfir}l, este estudo 6 mais nccc\sirio para orieolar as oossas acloes nesl;l vida
do que o u\() &)\ r(xsos olhos para guiar os nos\l)! pessos.
]1 Des(!rte\, trirU|iL! r/d ril{,n,/rr.
Do que f imo\ ata ag()ra, podelDos, eo1 siotese, afirDrar que a lilosofia telr duat fuoqors'
te6r:ica, enquanto ajuda o Honrcrl a analisar o mLlndo, a rcflcctir \olnc t()alat as col,i\,
pretica, pelo facto de eLa n.rs impclir a uma atitude exlstencial, a Lrrn no\o tilx) dc c(nnlxn'
tament(), fruto da rellexao 1l1os61ica. A Iilosolia corduz-nos a Llma arrtonomla no agir e r urn
viver de lbnna autantica.
Texto 3
Aprender a Filosofia ou aprender a filosofar?
E por.icas palavras, ftr alunol lrao deve aprender pensamcnt(x, mas sim aprcndcr a
pcnsari lrao se deve leya ]o, mas scrvirrlhc d.8uia, se se pretende que no lirLuftr ele seia
capaz cie caminhar por si meslllo, f urna ,naneira dc rnsinar deste tiPo que exige a natr.rreza
pecr.rliar da lilosofi a.
l)aLlo, por6m, que esta 6 propriamentc uma ocupa-cao apenas para a idade adulta, nJ,, !
de admirar que \urjanl diflculdades quando se quer allapti-las As capacidades nao exercidas
da iuventude.
O aluno lque saiu da c]asse aiterior'l estava habituado a aprender. A8ora, ele pensa clur \.ti
aprender Iiilosofia, o que 6, por€n1, llllpossi\eL, polquc as.rra e]etem de aprender a lilosofar. 1...1
t7
A importancia do nl6todo para a realizaEeo da lilosona levou certos iil6sofos a entender o
rnatodo Lorno o problema fundamental da lilosofla, A titulo de exemplo, temos Descartes, fi16-
rotb francis (1596-1650) quc cscreveu O Disrutsa io M(todo, obra que marcou grar.lcmentc a
tradiEao ilos6hca, e onde suSere a uniformizaq:o dc um m6todo para a 1ii1osofia.
Dos vdlios m€todos sugeridos ao longo dos s6culos por vArios fil6sotbs para o trabalho 1i1os6'
lico, destacilrn-rei o mtt()do analitico, omatodo socrdtico, om6todo sint6tico, o matodo dialactico,
o m6todo fenomenoldgico, erc,
Todavia, apesar desta pluralidade, h6 dois metodos conlumrnente usados em lilosofla, que
abrangcrn os outros: o m6todo critico-analitico para o estudo de realidades social\ e Llue
se apoia ros factor, pr'()ccdcndo A sua an:ilise e critica e o m6todo l6gico-racional ou
simplesmente especr. ativo, usado para o estudo de rcahdadcs ]rrcta-ernpirica5, isio 6, realidades
cspidtuais ou ainda realidades de ordem te6rica, cuja analise requer o uso exclusivo da lazeo
pura, scrn sc apoial cm factos.
E esta a dinamica da lilosofia no tempo, que 6 impulsionada pela sempre crescente vontade
de se chegar i verdade sobre os probiemas prementes em cada 6poca hist6rica e €m cada socie
dadc. Portanto, o fim riltimo da Filosofia € a proc{ra da verdade, contextualjzando a na
hist6ria e no tempo.
A atitude filos6fica nao 6 uma atitude
natural. Qualquer individuo, de forma ime-
diata face a realidade, nao comeEa a examind-la
de forma especulativa. Pelo contrario, o que
6 natural € que sl. centre na resoluEao de
problemas praticos, que se Suie pelo senso
comum (pensamento popular), tendo em
vista resolver certas necessidades imediatas
or inlere\\(\ (un(relos (alitude ndturdl),
Com efeito, ninguem pode viver sem se
adaptar constantemente as condiq6es do seu
mundo. t)la\ c\i8an( ia\ d( \obrevi\en( id
tendem, naturalmente, a sobrepor-se a todas
as outras preocupa!6es.
Embora o Homem seja insepar:ivel das
suas circunstancias, nao pode, todavia, ser
reduzido a um simples produto das mesmas.
Ele estii permanentemerrtc a ser confrontado :.... FIC. 6 No Renascimento, o Homem torna-se o centro
com novos problemas que o colocam perante de todas as problemati.as ilos6flcas. Na imagem, o sim
novas situaE6es imprevisiveis e que o obrigam bolo maior dcsta apoca c tcnetica,o Hanen dc Vitnvio,
a alargar os seus horizontes de compreensao de Leonardo da Vinci.
da realidade. Cada mudanqa pode rcpresentar,
assim, uma nova possibilidade de ampliar o conhecimento. E uma possibilidade, nao algo que
tenba que acontecer a todos os homens nas mesmas circunstincias e em todas as ocasides-
Estas mudanEas frequentemente inquietam-nos ou maravjlham nos, despeltando a nossa
cuiosidade sobre o porqua das coisas, levando nos a qrestionar o que nos rodeia. Ao faz€ lo,
estamos a distanciar-nos da realidade que, de repente, se tornou estranha ou mesrno enigm6tica.
Esta atitude reflexiva, pode conduzir-nos a uma atitude mais radicalr a atitude filos6fica.
A atitude fi1os6flca, que decorre do quotidiano, nao 6, como vimos, redutivel ao mesrno. Nao
6 fecil caractedzi-la, dada a enorme diversidade de aspectos que pode assumir. Vejamos apenas
quatro aspectos que caracterizam a atitude fllos6fica-
O espanto
Arist6teles afirmava que a lilosofia tinha a sua oligem no espanto, na estranheza e perplexi-
dade que os homens sentem diante dos enigmas do universo e da vida. i, o espanto que os leva
a formular perguntas e os conduz a procura das respectivas soluloes. Como refe.e Eugen Fink,
o espanto torna o evidente em algo incomprcensivel, o vulgar em extlaordjnario. O espanto no
individuo rompe com a tendencia (natural) de achar que a ordem das coisas no mundo a nossa
volta € simplesmente 6bvia, que coisas sao como sao porque tinham de ser assim mesmo,.
"as
A drivida
Ao 616sofo exigc-sc que duvide de tudo aqnilo que 6 assumido como uma verdade adquirida.
Ao duvidar, o ill6sofo distancia-se das coisas, queblando desta tbrma a sua relaqao de familiari
dade com elas. O que era natulal torna-se problemiitico. O que entao emerge a urna dimensao
inquietante dc irlsatisfaCao e problematiza!ao- Areflexao comeqa exactamente apartir do cxarnc
daquilo que se pensa ser verdadeiro. A di\.ida cxise, do fll6sofo, uma rcflcxao sobre r! coisa5.
O rigor
O qu estio amento radica 1 que anjma overdadeiro fi16solo nao 6 ]nais.lo qrre um acto PrePara_
n
t6rio pala fundar um novo saber sobre bases mais s6lidas, O conhccitrento em si funda se na
critica e no rigor. A atitude do lll(-)sofo (e do aprendiz dc fl16sofo) perante o conhecime to 6 de
critica, ou scja, este questiona e avalia constant.-
mcnte o seu prr-)prio conhecimento, colocando
sernpre em divida a verdade e adequaqao ao real
desse rnesmo conhecimento. Tem cors.iancia dos
limites do con hccimento e questiona -se, colocando
A insatisfageo
A |ilosof,a revela se uma dcsilusao para quem
qr'\(r ' ., . ,rtr rr nelJ re'po'ld' pd rr .r\ \uJ\ r,lqrr'e-
taqdes. O que o aprendiz de il6sofo encontra na
Irilosof,a sao perguntas, prolremas e incitamentos
para quc nao conile em nenhuma autoridade exte-
'roi .r .Lr rdldo. pdri que,l-vroe d.. rlrrfrr id\ P
do senso comurn. Airnica "receita" que os lil6sol'os
:.... FIC. 7 A.ldv!.1a, o rigor e a insatisla!ao, entre lhc deo 6 que fala da procura do saber um modo
m(itos ortros aspectos, caracterizam tarnb€m devjda, quc nao se satisla(a com nenhuma conclusao,
queira saber scmpre mais e mais.
t
Iexto J
Qual 6 a preocupaeao fundamental da Filosofia?
A filosofia 6 diferente das outras ci€ncias. Ao contrdrio da cleocia, nao assenta em experi-
menta!6er, ou na observaqao, rnirs apcnas no pensamcrto- E, ao contririo da Nlatem,ltica,
ao tem nl6todos formais de prova. A Filosoiia faz-se colocando questdes, argume tando,
cr]saiando ideiase pensardo em argumentos possiveis contra elas e procurando saber como
tunLi.,n.rFr'(dl"n. rr",
A preocupa(ao fundamental da Iiloso{ia consiste em questionarmos e compreeidermos
ideias muito comuns que rsamos todos os dias sem pensarmos nelas. Um historiador pode
perguntar o quc aconteceu cm detenninado momcito do passado, rnasum ll l6sofo pergult-
tara: .O que € o tempo?, Um matenl6tico pode in\-estigar as relaEdes eotre os nrimeros,
mas um fll6sofo perguntar6: .O que 6 um ndmero?". Um fisico perglrotari de qu. \ar)
constituidos os iitornos ou o que expjica a graviLlade, ius um fll6sofo ir:-L pcrguniar como
podcmos sabcr quc cxi\tc qualqucr coisa lirra das nossas mentcs. Urn psiciroijo pode rn\ es,
ligar como 6 que as crianlaS apreDdem a linguagern, mas um fil(isofo perguntar6 .o qre
faz urna palavra signiEcar qualquer coisa?" Qualquer pessoa pode per8untar sc entrar num
cincma sem pagar esti cnado, mas rm fil6solb pcrguffari (O que torna uma acqeo certa
Nao poderiamos viver sem tomarmos como 6larantidas as ideias de tempo, nimero,
conhecime[to, Iingl]agem, certo e errado, a maior parte do tempo, rnas em Filosolia in\ c\
tiganlor e\sas metmas coisas. O objectivo 6 levar o .onhecimcnto do mundo e de nos urn
pouco mais longe. ]]6bvio que nao 6 fici1. Quanto mais biisicas sao as ideias que tentamos
investiSar, menos instru rnentos telnos para nos ajudarem. Nao ha muitas coisas quc possamos
assumir como verdadeiras ou tomar como garantidas. Por isso, a lilosofia 6 uma actividade
de ccrta forma vcrtiginosa, c poucos dos scus rcsultados llcam por desafiar por muito tenlpo.
'l homas Nagcl, L,rnr tri.irio n Fit\alla-
21
Estes lll6soii)s n:rc se r€teriarn qre a o crtmordiniiri(), o nunca vislo, o inesperado,
A surpresa
mas sim a admiraqao face ao que parecia conhecjdo, habituale sem surpresa. Para DescaItes (outro
gmnde f,16sofo, flances, da Idade lvloderna), a Filosolia nasce da d[]vida. Tenhamos, contudo,
selnprl' prescnte Llue nio basta a aLlmilae::o, a Llir\.ida;estas estao presentes no inicio do quc\tiona
rnento Illos6li.o, mas, para exiitir Irik)rofia, 6 irnporiantc a pcrsistancia na busca de respostas.
O que faz entao com que uma questao sela hlosdica? As questaes lilos6licas nao sao simplcs
proposiq6cs termi[adas com um polto Lle irrterrogaQao; sao aErn]aqdes ou rcgaga)cs ligadas a
certas quesi6€s pr6vias e represertam, muitas vczct, a fortrulaqao avaliadora de um pflncipro
que exlse justiilcaeao.
Vejamosasrespostasde alSunsfil6sofos, Para KarlJaspers, as qLlest6es filos6f,casdizern respcito
a() Scr, qrc rAo podc scr ol)jccto da! citrrcias, pois rfio cstd estruturado da mesma mdneirr que
as Der sDiderot
coisas. Gabriel Marcel diz que as questdes nlos6llcas salo mist6riot, enquanto para
a pecr.lliaridade das quest6es fi1os6f,cas pode obter-se atrav6s da distinq,o do conterido dc dois
terrnos <conlo, e <porquC". Assirn, por exemplo, enquanto o fisico se irtcrcssa cm sahcr comal
se dii um fcn(-)mcno, o 6kisofo pergllnta-sc p()r quc razio sc di tal len6meno.
A Iiloso6a € a irica disciplina que pode responder a perguntas do g6nero: O que 6 a \.erdade?
O que 6 o Honlem e qual 6 o seu lugar no mundo?
O! problcmas 6kx6ficos surgcm no intcriordc qualqucr actividadc hurnana. Qualquerquestao
de natureza cientifica, politica, moral, ar!istica, ou oulra, pode ter manifesta(des e desenvoivi
mentos flIos6icos. Com efeito nao 6 pelo seu conteiido e lbrmulaqao imediata queum problcua
setorna 6los6flco ou rrao filos6fico, mas pela fornla como ele 6 abordado c dctenvolvi&), ou seia,
€ assumindo uma atitude n1056llca que um problema 5e toma tilos6llco.
Portanto, o que Iaz com que uma pergrxrta seja considerada hlos61ica nao 6 aperras o modo
(como 6 colocada a questao) mas tamb6rn o conteirdo, que compreende quatro aspcrbs funda
mcntais quc a scguir sc enunciam.
Universalidade
O alcance das quest6cs filos6fiaas nao sc circunscrctrc a realiLladcs l)articulares; os problemas
lilos66cos dizem respeilo a todos os homens. A Filosoha c(roca questOes e problenlrs que sao
lilos6llcos na medida em que sao universais, interessam a toda a humanialade, dizem respcito a
toalos os honrens e todas as €pocas, erntoLlas as culturas e em todas as bcalizagacs gcogr,ltlcas.
,\ |ilosofia pergunta, enirc r)utras qucsta)c\:
O que 6 o Bern? O que 6 o Hon]em? O que 6 a Verdade? Qual € o sentido da vida hununa?
Radicalidade
Irlocura a raiz e a origern dos problernas; o que caracteriza as.luesloes hlos6hcas 6 o apro[un-
damento do prcblema e nao a busca de solueoes imediatas,
Autonomia
E a capacidade do fll6sofo de ter a liberdade de raciocinar na busca da vcr.lirdc c de funda
mcntos, distanciando-sc muitas vczcs do que a Hist6ria tcri dcfinido,
A pergunta.O Homem 6 maupor natureza?, serve de exemplo de problema e quesiAo6los6fica
que resiste a soluq6es furdamentadas na experiCncia e na Hist6ria. Tcndo prcsente as noticias,
veiculadas qucr Pela televisao, cl[er pela riidio ou c]ualquer outro meio de colnunrca!ao, .uju
conteido sao as gueras, assa ssinios, linchamerltos, conflitos detoda a espEcie e, ainda, o conheci-
mento sobre a Hist6ria Universal, em quc a paz e as rclaqdcs amigrvcis entre os povos e grupos
6tnicos parecem coisas rarasr muitas pessoasr se nao a maioria, concluem, sem mais exame, que
o Homem 6 mau por latureza (o homem 6 lobo do homem). Dai que o pmblema nao chegue a
existit ja que assim o mostra a experi€ncia. E, de acordo com esta teoria, cada pessoa procura
dominar ou controlar os outrcs e s6 por interesse obedece as leis e aos principios morar que
promovem a isualdade entre os homens.
A expe Oncia humana pode tamb6m, em contrapartida, aprcsentar argumentos contra a tese
da maldade do Homem, dando suportes para respostas alternativas. Nestc sentido, nos seus estudos
sobre a vida ltidica da crianqa, os psic6logos chamam atenEao para o facto dos jogos das crianqas
revelarem neles a natureza humana. Pode ver-se que, tanto flas brincadeiras de daz-de-conta"
como tamb6m nos jogos mais despoltivos/ onde jA hd vencedores e vencidos, tcmos verificado que
as crianqas manifestam prazer ao desenvolver activjdades com regras que deverao ser rguais para
todas, regras que elas mesmas criam e recriam, Dste prazer, que 6 espontaneo e que nao est6, i
partida, dependente de umdesejo de dominar e controlar os outros, revelaria que os seres humanos
tamb6m estao vocacionados para tratar os outros como iguais e as leis ou regras seriam os melos
de realizalao dessa vocaEao e nao apenas uma limitaEao dos impulsos malignos do I"lomem.
Historicidade
Diz respeito ao enquadramento hjst6rico das quest6es 1llos6ficas.
O objecto de estudo da Filosofia simultaneamente unive$al (as suas questdes sao universajs)
e particular, pois cad a 6poca hist6lica coloca quest6es pr6pdas a que os fil6sofos contemporAneos
um modelo dc fai a de elucidaqao dos prcblernas; e por isso mesmo os di6logos platonicos
(que cantos alternadosdopr6 c do contra, quenosnao dao, muitas vezcs, conclus6es positil,as)
mc parecem exemplares para a iniciaqao cultural- Repito: seja a Filosolia para o aprendiz de
fil6sofo nao uma pilha de conclusdes adoptadas c sim urna actividade de elucidaeao dos pro
blemas, e 6 esta aactividaLie que realmente irnporta, e nato o aceitar e propasarldear conclus6es-
Antbnio Sargio, "kltiodutio,, in B. Russcll, l)s |'tubleln.t dn l:ik\afrd.
Texto 7
Qual 6 o momento apropriado para estlrdar filosofia?
Que njngu6m, porque 6 novo, se atrase a hlosolar, ou, porque a velho, desista de fllosofar,
pois nunca 6 denlasiado cedo ncm denusiado tarde para cuidar da sarlde Lta sua alma.
E aqucle que diz que o tempo de Illosofar aiilda nao chegou, ou que esse tenpo je passou,
6 semelhante ao que, referindo-se a felicidade, Liiz feliz ou ji
qrc ai da 6 cedo para se ser
€ demasiado tarde para isro. Por isso, tanto o jovem como o vclho dcvcrn cstudar lilosofia,
pois o velho manter-se a joven atravas das b€nlaos que lhe advom dos frutos clas suas
acaae!, co jove terl a sabedoria dovelhu poi\ nio receD o que ha-de vir. I portanto,
necesserio rneditar sobrcas coisas queproduzema lelicidadc, pois, quando ela este presente,
temos tudo; quando eia est6 ausente, lazcrnos tudo para a conquistar. [...]
UPrJ'urprin,rl,io.lJlilo\ohdeprJdir'.iJ. I f," i\\o qUe J lilu.ol
" nu\erlroon'dr\
ele\.ado do tenno,6 prudincia, pois 6 dela que decorrem todas as virtudcs: com efcito, cla
ensina-nos que nao 6 possivel viver com prazer seln viver com prudoncia, e que nJo !
possivel vivcr de modo bom e iusto sem vive. coln prazer, pois todas as virtudes estao
naturalmente associadas ao prazcr e viver com prazer € inclissociiivel dcssas virtudes.
Lpicuro, Llrnr d M€rr.err.
24
I
Iexto 8
Quando filosofar?
,q maior parte das pessoas imagina que a prhtica da l)ilosofia consistc cm discutir do alto
Lle uma citcdra ou ern fazer cursos sobre textos. Contudo, a essas pessoas escapa totalmente
a lilosofia que podernos ver exercida ininterruptatrcnte todos os Liias, de una mancila
pelfeitamente igual a si pr6pria.[...]
S6crates, por exemplo, nao dispds de bancadas para colocar o seu audit6rio, nao se sentava
numa cltedra profcssoral, nem ti ha lroralio 8xo para discutir ou passear com os seus
discipulos, Mas era divertirrrio-sc com aquelcs ou bebendo com eles ou ainda indo :i guerra
ou A Agora conl eles e, flnalmeDte, indo para a Prisao c bcbcndo o veneno, que ele
fik)sofava.
F.le loi o primciro a m()strar quc, a prop6sito de tudo o que nos acontece e de tudo o que
fazemos, nao importa quanclo e onde, a vida quotidiaoa [os possibilita filosofar.
PlLtarco, se. l,aliticd L Utu A$ r)to la os velhos.
Texto 9
A atitude filos6fica 6 a atitude critica
Todos os homens sao il6sofos. Mesrno quando Dao tem conscitncia de terem problemas
fllos6ficos, tCm, em todo o caso, preconceitos lilos6ilcos. A maior parte destes prcconceitos
tAo as teorias que aceitarn como evidentes: receberam-nas do seu meio intelectual ou por
via da tradieao.
Dadoque s6 tomamos consciencia dealgumas dessas teorias, elas constituem preconceitos
no sentido dc que sao defendidas sem qu alquer verif,calao critica, ainda que sejam deextrema
irnportancia para a acqio pritica c para a vida do Homem.
Uma iustiicaEao para a existencia da Irilosolla profissional ou acadamica 6 a necessiclade
de analisar e de testar criticamente estas teorias muito divulgadas e influentes.
'lhis teorias constitucm o ponto de patida de toda a ciCncia e de toda a Filosofia. Sao
pontos de partida prec6rios. Toda a Filoso6a deve partir das opini6cs incertas e rnuitas vezes
perniciosas do senso comum acritico. O objectivo 6 um senso comlrn esciarecido e critico,
a prossecueAo de unla perspectiva rnais pr6xinra da verdade e uma influancia menos funesta
l. Tendo em conta a leitura que flzeste dos textos anteriores, responde is per8untas seSurnces,
l.l O que 6, em geral, a reflexnol
1.2 Que caracteristicas deve ter a reflexao para ser uma reflex:o fi os6fica?
1.3 lYostra que, para uma aritude fllos6flca, a reflexao sobre a verdade do nosso conheci-
mento dos objectos 6, ao mesmo tempo, reflexao sobre si mesmo.
I
[t Disciplinas da Filosofia
As questa)es fik)s6fica! divcrgcm; corn cfcito, cada uma aponta para um cairpo de e\tudo
especilico.
Kant (Srande frl6sofo alemao do s6culo XVIII), por exemplo, lez algums perguntas corres-
pondentes a cliferentes irca\ .i() saber:
: ... r:r(;. 8 r'inrura de Lraul G.ugunl. I).,ord. rn,nos? Qu.tt tanatl P 4 o Lle vdrrorl (1887).
' 'lli'
;
' A Filosofla tem um objecto de estudo abrangente; procura compreender a realidade e dar
r esposta i busla pelo sentido da e/istancia.
Iexto l0
Qual 6 a especificidade da filosofia?
larece-rne r]Iuito razolvel a afirmatio Lle que o ll l6solo
se deve ocLrpar do corrhecimeitto,
abs valorer, do homem e cla linguagem, jvlas porqr.te razAo somente desses otrjc.tosT Acaso
jat loi demonslrado por algum lildsofo que nao existern outros objcctos para a Filosoha?
1...] [ se olharnlos ao nosso redor, o rnund() parece estar cheio de quest6es nao reso]vidas,
quest6cs importanics c decisivas, que fertencem a todos os campos acima tncrcionados,
mas que nao sio traladas, nao podem ser tratadas, por qualquer ciarcia particular. 1...1
'ludo, portanto, parece indicar que a filosofLa nio podc scr iLlcntillcada com as clerr(i.rs
particulares, ne ser rcstdta a um carnpo ou obiedo Linico; ela 6, nLlm ceto scnti(k), uma
ciincia universal; o seu carnpo de pesquisa nao 6, conlo nas outras ci€rcias, r'estrjto a algurla
coisa lirnitada e determinada.
Se assim 6, pode acorrtecar, c dc facto acontece, que a lilosolia se ocupe dos lnesnbs objcctos
que as outras ciilncias, ern que, enho, a Filosoha se distllgLle da ci€ncia dc cujo obieclo se
ocupa? r\ rcsposta 6 que ela se distingLte tanto pelo rnetodo da iNestigacio como pelo poltto
de vista em que se coloca. Pelo matodo - porquc () Illa)sok) nlo estii obrigado a restrinllr-\L J
qualquer dos matodos dc conhc.imento, que sao nluitos. Assim, por exenlplo, nao csti obrigado,
conxr o fisico, a reduzir tudo a fen6menos observaveis pclars scntidos, iskr 6, ao mdtodo de
rcdutao empirica:pode tambem servir-se da irltuiga( ) da rea liclade ede or.itros mdtodos ainda.
AI6m disso, a Filosofia .listinguc-se das outras cjencias pelo ponto de vista em que se
coloca. Quando conridela um objecto, ela encara-o, por assim dizcr, sob o prisma dos
lintitcs, .1os aspecios t'undamentais. \esse sentialo, a l:ilosolla a a ci6ncia dos fundarnelrtos
dr realidade, Li onde as outra! citncias param, oncie, sem mais ifldagar, aceitam os ples
\upostos, ai entra o fil6sofo c cometa a inlestiEiar, As ciencias conhecem mas o nl6sofo
lrergunta o qnc a o conhecirneitoj as outras ciCncias estabelecem lcis ele p6e a questao
do qr.te seja uma leij o llornenl comunl e o p()litico falam do fim e da utliidade - o fil6sofr)
!ergLrnta o que se .ievc cntender por ilm e utilidade.
Ji \c v0 qlre a FlLosof,a 6 uma cial1cia radica], no srntido ern que ela vai is raizes das
.ILLC\l6es muito mais profr.llldarllcntc d() quc L]ualquer outra ci€ncia; Iii onde as outlas se
Jao por satisfeitas, ela cortirua a inclatar e a perscrutar,
E, nluitat vczes, dificil determinar onde, precisamente, se encontratn os limites entre
:rna ci6ncla particular e a lilolofia.
Y R..,r'\l' ni ''i.. Ji r....,,,,,,,,.'.6, ,1.11
29
@ Contextualizageo hist6rica da Filosofia
Naquele tcnrl)o, Deus decidiu enviaro cao canno mensageiro para a aldeia do honlem c da
...
sua csposa, e dizer l he o quc cra l)rcciso fa zer para nio con hecclalll a rnorte. Clu lrotl -o e disser
Qucrc .lue v6s il aldeia do homcm c lhc di8as isto e aquilo para Llue clc nao rlorra-
[, o cAo partiu. Mas, um cao, como a sabialo, nunca vai directo ao sitio onde d.\. ir
primelro,vadiap(nai,aspiraelevantaapata...cdivcrtc-!evadiando.Lessecao,mensrijeiru
dc Dcus, fez a mesma coisa ata que ao meio-dia senliLt sc fatigado e dccidiu fazer uIlra sesta
) sombra de unla iirvore frondosa.
N,la\ eis que a serpeltc o lcguial A serpente ouviu dc ldrgc a mensaselllqlrr L]cus confiara
ao cao, edecidira i pcdir.iuee tachegasseaohorncm,allmdeig(Lardarcornoleusegredo
de imortaliLladc. ]\proveilou se da distracqio do cao !ara ultrapasse-l() c chegitr antecipalla,
mcrltc :i alLleii do hon1e . Ten(kr chrgado, p6s se a !{ritat:
Hornem, presta atcrl!:io, o\ m ls espiritos aproxirnam \e da luaaldeia para tt (leStruxcr)].
Faz a18o para t. pr()tcgcresl
I o hoiricilr, acrcdilando no .]ue a sc+cntc lhe dissera, rodeou .ic fogo a aldeia toda para
irDpcdir quc tais espiritos rllaligrtos a penetrassem. O c5o fr.lgiu d() fogo e n0nca rnais rntro(l
Ora, ospri cixx pcnsadores gregos conhcciam os mjtos gregos, iii escritos por Hesiodo c l lornero,
i analisaram-nos critiar e, nio sc contentando com essas explirala)es nitiaas, cla\\ificaran1
de lbrma
nas como liibLrlas. Por exer\)lo, o problema da origem dar H()mem € expliaaLlo, cntre os Maclras,
ptlo mito que conta qlrc c\te lbi criado rlo lontc Narnuli e qrre a mulher I Ifuto do sangue prov
.niente do scu fcrinlcnto aquando da dercida .1o monte, logo depois da sua crjalao. A ist(-rria, no
:ntanto, Lliz Llue este povo 6 oriunLl() Ll(x grandes la8os. I,ortann). a rste tipo de rr\lxxta que foi
:iieita&r pelos lil6sofos. apcsar Llc reconhecere quc dcvia cxistir urna expli.a!a() $bre r orlsenr
Os naturalistas
Tales
i conhecirio corno o pai da lilosolla gre8a e de toda a Filo5ofia ocidental. loi Talcs Lluem, pela
primeira vez, plocr.lrou soluqao racional para o Problcma da causil primeira de todas '\ ( ('i\rr e
do cosmos. Tal pergtnta lbi feita no pressuposto de quc apesar de havcr uma pluralidade de
coisas, deveria existir algo em comunl. Para'lalcs, esse algo seria a 68ua. Sustcltou que a Telra
repousava tobre a 68ua c que, num ccrto sentido, tudo era leito dc dgua,
Anaximandro
Nascido tarnbdm em Mileto e aluno de Tales, ftr'mulou 1':lria! teorias sobre o cosmos e pensou
tamb6m a qucstao da unidade do mundo fisico.
Nao concoldanLio com a rcsposta dada pelo seu mestre, Anaximandro vai afirmar q e o
prlncipio de todas a5 coisas, o eler ento prjmordial, nao pode ser um elemcnto determinado
como a 6gua, o fogo ou o ar, pois o que sc pretende cxplicar € justamente a origem d'ss's 'oisas
detcrnlinadas. Por isso, ele conclui que a causa primeira de todas as coisas deve ser alSuma coisa
indetcrminada ou inEnita o dleiror. "O lrfinito 6 o primciro principlo dat coisas que existem:
6 eterno e sem idade e contem todot os mundos,,
Anaximenes
Discipulo d e Anaxi malrdro e te rceiro fll6sofo de Mileto, Anaxime esapontacornocausa prlmor
dial de toclas as coisas, o ar. Deste proccdem todos os outros elemertos e, por consequiincia, todas
as coisas. Ue ve ficou que o ar 6 essenciirl para o Homem e para todos os seles vil'os; em scgundo
lugar, verificou que do c6u caem a chuva (e8ua) e os raios (fogo); que para o c6tl sobem os vapores
e as exalaqa)es e, inalmente, pela considelaeao de que o ar se prcsta melhor que q[alquer outro
(J ar
elcmento as variae6es, Por estas raz6es, apontou-o como principio capaz de Serar tudo.
diferencia-se nas viirias substaDciat segundo o grau de rarefacqeo e condensaEao: dilatando ie dA
origem ao vento e dep()is is nuvens; cm grau maior de densidadc forma 6gua, terra, pedras, etc.
L)cpois desle5 apareceram v,rios outros fil6sofos que, pclos seus pr6prios csforqos, retomaram
o problcma dos nattralistas na tentativa de encontrar Lrma lesposta mais apropriada aquela
agna questao. uma resPosta distjnta das allteriorcs apareceu com:
Parm6nides de Eleia
Iunda a irea 6los6lica mais tarde dcsignada por OntoloSia, ao atribuir a criagao do mundo
ao Scr, este Ser quc 6 llcausaclo c que causa todas as coisas. Ele distinSuiu o caminho da verdade
laltth?ia) e a da opiniao (dditd) orrde nao hi certeza e qlle 6, po anto, falivel. Opondo_sc a
doutrina dc Ilerdclito (o fi16sofo do dcvir), larm6nides defenLlc que .toda a mutaqao 6 ilus6ria"
e demonstra a necessidadel:la existencia do Sercomo garantia daunidade do mundo. Este 6 Uno,
Eterno, Nao-Cerado c Imut6vel. Poltanto, o que muda no mundo sao os scles por si Serados'
Parm€nides vai entao afirmar que.o que 6, 6 e o que nao 6, n:io 6,. O nao ser a impens6\'el.
O n:io ser 6 pensado em oposjqao ao Ser, ou seja, e1e nAo 6 fora do Ser.
Da reflexdo sobre a Natureza ao estudo das quest6es humanas
O ernpree Llimento iniciado pclos n:Ltualisias de Milet() no saculo VI a. al., retomado e dese1l-
rDlvido de scgui.la por Pitegoras, Parmenides, Hereclito, Anax68oras, e at6 Dem6crito, sofueu
precisamente no s€c ulo seguiote G6cLllo\r) uma viragem radical na sua orientacao: dcumapcrspcc'
tiva da explicaeAo daprlsii (istoa, naturalista, 6siol6gica, cosmol6gica) I)assou para uma perspectiva
de explicaqao do drtlroprr (Hornem), isto €, uma perspecti\.a antropol6gica e antropocCntrica-
Os so6stas (de s(r/ro.! .sebjo") estiveran1 na origem desta mudanCa. Lstes eram os professorcs
e mestres que em Atenas (o maior centro cultural do mundo grego de entao) formavam (A i,\ en\
atenienses, (l seu prop6sito fuDdamertal era formarbons aidadaos e dai a importancia ern torno
do eu cdohunano, colocando em seguncloplanoosproblemascle ordem natural enaohumana.
,\ssim, o dfirrlr{roi, Hornem, torna-se o centro de toda a problemetica filos6fica grcga, de urn
lado, os fll6sofos que pensanr o Ilomern e os seus valores; do outro e em contrapositao, o saber
econhecimeltos relativistas c capticos .lcltndid( )5 pcl()s n)fistirs lcstc scra o selo de toda a reflexao
fi1os6Eca grcga postcrior.)
Scgunclo Protiigoras, um dos mais importantes soflstas da 6poca,
"o Homem 6 a mcdida de
todas as coisas, das que sao enLluanto sao e das que nao sAo e quanto nio s:io'. Aplicada ao
honrem individual c aoncreto, esta miixima conduz a duas perspectivas do conhecimento humano
lRelativismo e alepticismo). Aposieao relati\.ista defende que "nao he verdade absoluta c Lrnivelsal,
nlas unra diversidade de opinl6es,, enquanto o cepticismo sustenta qlre .sc hii verclade absoluta,
nao 6possivel conhecC-la". Estaposilio ciptica I sobrctndo cvidcnciada ro pensamento do soiista
G6rsias, quc defendc que nada existe e que mesmo se houvesse nao poderia ser conllecido.
05 sol'rstas estiveram empenhados na pretica educativa dos ]ovens de Ateias, privilegiando
a traosmissao de um saber e ciclop€dico e a formaqao do espirito rros seus diversos campos,
defendendo e ensina do o uso da pdlrrrd como instrurnento de persuasao e meio de convencer
e arrrstrr rs mas\2s
Em sintcse, podemos dizer que as analises dos fil6sofos pr6-socr6ticos conheceram novo rumo
corn os solistas. Estes deixaram de fazer as pesquisas cm tolno da oligem da naturezar para se
dedicarem e quest6es da vida social e humana. Perguntavarn-sc, por excmpk), se o Ho]nem tinlu
a capacidade de conhecer a natureza intima das coisas e da lei moral, tendo chegado e conclusao
de que tudo o qlle o Homem con]rece na lilosofia e na 6tica 6 produlao de si mesmo.
irircd!.ao o filosofi.
Desta observaEao eiabomram a mixima segundo a qual "o Homem € a medida de todas as
2. O que faz com que a Filosofia seia considerada a mae de out.as ciencias?
3. Tendo em conta a leitura do Texto N." 10, quais as principais diferengas entre a Filosofia e
as outras cienciasl
5. Tendo em conta o que estudaste acerca dos primeiros pensadores da Filosofia Grega, carac-
teriza o periodo cosmol6gico,
6. Explica o papel dos sofistas na passagem da reflexao acerca da Natureza para o estudo das
quest6es humanas.
l. .itli:.i:".: tT:lll:: :":'::::::.'t ::::i :::i:::: :J.:i'::: :::::t :::i1". . . " . "
.
ldentifica a optao que permite completar correctamente cada aflrma9ao.
L Para Kant, nao hi Filosofia que se possa aprender, s6 se Pode aPrender a filosofar. lsso sisniflca
que a Filosofla e...
a) uma atitude.
b) uma doutrina.
c) a posse da verdade.
d) um conjunto de conhecimentos estabelecidos.
36
aaaoaaaaaaaa
f[ No96es biisicas
di,trcnsAo tnuis locdL, ftlacionando se com os nlodos concretos da vida dc uma dada sociedade,
que 6 usual ouvilmos falat en lti cilios lticos e el]J cantll as ],totdis.
Outm critorio que pode servir para distinguir a M,,r.rl Llr Ftiu L ,, \egulnte: a Mural esta ligacla
A dimensao col1\,ivencial e cornunit:iria davida dos homens. Ora, existindo em qualquer sociedade,
interdi(5es, regras, normas, etc., a Moral surge relacionada com os compo'tamentos dos homens
relativamcnt€ it obriSaeoes que socialrnente ,er.m cnmprir no ambito da coexistencia intclpes
soal. ,\ Moral este, assim, ligada a oqao dc obtif,Lleno, a acqao em co[fotmidade com o ./er'!r.
O termo "6tica", por sen la.lo, rcscrva-se para clesignar a inalidade da'rida, o'r seja, a talicitldda,
o 1)fuel befi, a r)idtl boo, ji qlre, como escreve S6neca,
"nao nos devemos prcocupar coln viver muitos
anos, nras rorn vive los satisfatoriamente; porLluc \iitrcr muito ternpo depellde do destiio, viver
satislatoriamente depende da tua alma- A vida 6 grande quando 6 cheia; e toma-se cheia quando
a alma recuperou a lDlsc Llo seu bem pr6prio e tratlsferiu para si o Llominio de si pr6plo .
Texto I
O que se deve entender por itica?
Algumas pessoas pensam quc a Moral esta ultrapassada I1os dlas que corrcm, Encaram a
Nloral como um sistema de proibiloes puritanas descabiLlas que sc destinam sobretudo a
evitar quc as pes5oas se divirtam. (Js moralistas tradici()nais pretendem ser os dcfcnsores
dir moral ein geral, mas o que defcndcm na realidade 6 um determinado c6diso moral. I...1
lm seglrndo lugar, a Eti.a nilo 6 um sislena ideal, nobre na teoria, ma! in[tilna pr:itica-
O irN,crs() csti mais perto da verdade: urn juizo atico quc icja mau na prStica sofre ncces
sariamente de um defeito te6rico, porque a finalidade do ,ui7o 6tico 6 otientar a pr6tica.
Algunas pessoas pellsam que a iltica a inaplic6vel ao mundo teal, por a cncarareln colno
um sistema de regras curta! e simples do tipo (nao nlintas,, .nao roubes' ou rn,o nutcs".
Nao admira quc L]rtcm adopta esta visio da EtiLJ perl\t quu L\td nn,, re iclapta as L.mp]exi
Llades da vida. [m situaQdes invu]gar{rs, ils regras simples entram ern conflito; e, mesmo
quando isso nao acontece, segujr unla regra pode ie\,ar aar Llcsastre, Ilm circunstanLi.s
normais Jx)de ser um mal mentir, nlas no caso dc uma pcs\oa que vivesse Ira
nazi e a quem a Cestapo batesse a poria A proclrra de iudeus, por certo scria correcto^]cmanha
negar
a existoncia de uma familia judia cscondicla nas eguas Iurtadas.
Em terceiro lugal a []tica nao 6 algo qLle apenas se torne intcligivcl no contexto da rcligi:io.
Tratarci a i:tica como al€io totalmente irclcpendcnte da religiao. l..l Tradici()nalmente, a
ligaEao mais importante entre rcligiio e []tica baseava se na ideia de quc a religiao propor-
cionava uma razao para praticar o Lrem. A razio apresentada eta a dc que os virtuosos \cd.Lm
recdnPcnsados com a bem aventuranqa ete la, cnquanto o5 outros arderiamllas rhamas do
lnlerno, Nem todos os pensadorcs rcligiosos aceitaram este argurneoto: Innnanuel Kant, que
em umcristao dcvoto, rejeitava tudo o que parecesse uma obcdiancia As Leis morais rnotivada
peb intcresse pessoai. Devemos obedecer-lhes, dizia, pebs seus m€ritos pr6prios. Mas nao
precisamos de ser kantiaDos para rcjcitar as rnotiva!6es olirecidas pela religiio tradicional.
H6 unla longa tradiqao dc pensamento, que erlcorltrJ i oL]Eern dd EtiLr nas rtitudes dc
benevoltncia e 5olidariedade para com os orJtros, quc a maiolia das pessoas possui.
l)crcr Singe!, El,.a lr.ti.r.
Os termos <morabr e (6tica) sao utilizados de forma semelhante no dia-a-dia; todavia, e
preciso distingui-los.
A l'4oralocupa-se daavaliaeeo das condutas, enquantoa Eticatrata dos principios que retulam
A Etica ou Filosofia Moral 6 a parte da Filosofla que se ocuPa da reflexao a resPeito dos
fundamentos da vida moral.
l, (A palavra "noral" tem que ver, etimologicamente, com os costumes, pois 6 precisamente
o que silnificd a palav-i larirr "more, ." (sivarer. tt,ro por'o un1 /ovem)
Comenta a frase, distinguindo Etica de MoraL.
2. Sabendo que <Etica> e (lYoral) seo termos com signiflcatao e sentido diferentes, identiflca
o conceito a que se referem as seguintes deflnig6es:
a) reflexio sobre os fundamentos da moral:
bl fundamertacio do deve'e das obriSac6er:
c) reflexao sobre a natureza do Bem e do Ma;
d) conlunto de valores. hebitos e costumes de um determinado Povo.
Conceito de Pessoa
O que se entenLle por pessoa?
,^ntcs Lle ressaltarmo\ o conceito de Pess()a txposto por \':ilios
lil6solos ao 1o[go dos tempos, irnporta faTennos rcferencia is
deBniqoes eii m()16Sica s do !ocibulo "pessoa", que, d€ ccrta forma,
apcsar das diverg6ncias dos lil6sofos crraltecem o siSnihLado
do Homcnt.
,qssim, a palavra .pessoa', LicrivaLla do Sreso .P,rilopr " e
do lati ,?ersorirre" (,,lazer ressoar'), siSniflca .m6scala", ou
seia, tudo aquilo que um dctcrnlinado act()r lrunha Do seu ro\to
numa peEa tcatral. foi com e\sc significado que ela foi introduTida
na linguaSem filos6iica pelo estoicismo Popular, designilndo os
pap6is rcpresentados pekr HomerD no teatro Lia vida quoticiiirna.
De uma fr)rma geral, a licssoa a o IIomefl nas suas rclaq6es com
o nlundo e con\igo pr6prio,
O fil6sofo rofiaDo Bo6cio af,rmou que ua l'cssoa 6 uma subs6ncia
individual dc natureza racional" (pfi'sotu\ est kltit)tt,tlis llLltLttda ... lil(;.2 A orisem da palaY
ifitliriLlltLt s bstLtntin)- la mesnla perspectiva, lra 6poca medicval, .!es\ol" (nii liga.la i miscar!
40
t
sao Tom6s de Aquino considera a Pessoa como um <subsistente de natureza racional,, enquanto
Ciaero, tamb6Dr frl6sofo roiuno, deflne (suieito de direitos e deveres,, Esta defini-
Pessoa como
!_:i() rcmete'nos para uma abordagcm juridica ao desiglar a pessoa como um individu.r dotado
de direitos e obrigaqoes, obriga(oes essas que vAo p6r limites na su:L libcrda.le. Flnquanto isso,
Boacio c Sao To las de Aquino realQam o cariicter filos6iico, ao destacar tres elementos funda-
mentlis na dellniq:x) dc Pcss()a: a substarrcialidade, a illdividualidade e a racionalidadc.
Para eles, a Pesioa 6 uma substancia, i{o 6, qrulidadc permanente ou incrcnte a pr(ip'ia
existCncla. O ser pessoa significa nunca deixar cie ser, enquanto existentc, mesmo que as suas
qualidades acidentais (peso, altura, co1 da pele, etc.) possam mudar ao longo da vida.J6 a indi-
vidualidade da Ircssoaresidc no facto de esta seralgode distinto, independente, uno eiredutivel.
Alias, a Pessoa nunca se reduz a Llma colectividade. lbr fim, a racionalidadc .ia pessoa relere
-se:i capaciLlade que ela tem de raciocilar, reflectir, compreender, ana]isat interpretar,
conscicncializar o munLlo ar sua volta e o nrundo intrinseco a si.
-lbdavia, foi
com hnmanucl Kant, na alx)ca nDdcrna, aluc o conceito de Pcssoa asccndcu i
categoria propriamenie filos6nca. Para Kant, a lrcsr()a a um 1lm cm si ntesmo c nio rLm meio io
seNilo de outros. A Pessoa 6 um \ralor absoluto:
J...1 os rcrcs racionais sio charnaaios pcssoas porque distinguc como fins
a sua natureza os
en1 si mesmos f...]. O Homem, e em geral cada sel racional, existc como fim em si e nao como
um meio de que esta ou aquela \-ontade pode ser\.ir se ao seu bel prazer.
Na 6poca contemporanea, lil6sofos como Nlartin Buber, llmmanuel Levinas e f.mmanuel Mounler,
considerandoa perspectiva kantiana d enla siad o raciona lista, sublinharam, na deflniqao de Pessoa,
a alcctividade (amor aopr6ximo), a relaqao de uns- corn-os-outros e a sua abertura ao tlaDsccndcrtc
(Deus);por outro la.1(), (;abriel lvlarcel, Martin Heidcggcr e Paul Ricoeur, elrtrc outros, procuraram
ruperar a deilnilao generalista de Pessoa, slrblinhando a sua singularidade e complexidade e
relenrbranLlo que a Pessoa 6 constitrida nao apenas de espirito como tamb€m de mateu.r; l]:io \o
.le pensarnento, mas tamb6m de exten\Ao; nAo s6 de alma, como tarnbdu dc corpo.
Caracteristicas da Pessoa
Analisando a no!^io dc Pcssoa, tudo lcva a crcr quc ncsta [oEao estao fundidas as mais digni
licantes caracteristicas do ser humano, que lazem dele o \.alor supremo, o sujeito e o crit6rio de
qualquer aprecia!5o valorativa.
Iror isso, como catcgoria 6tica fundamcntal, a Pessoa 6, acima de tudo, caractrrizada pelos
iei{uintes aspectosl
Unidade - embora constituida por partes diversiicadas (6 corpo fisico, razao, emoq,o, rc(ro,
etc.), a Pe5soa € urna totalidacie, isto a, irt Llifcrcntcs partcs quc a constitucm formam um todo
coeso, ullra unidade psicol6flica.
4t
Interioridade - em cada ser humano ha um espaeo de reserva e de intimidade, inacessivel
e inviol6vel: 6 a conscioncia moral (como veremos de seguida).
. Valor ern si a Pessoa 6 um valor absoluto e, como tal, nao pode ser usada como um mejo
ao servieo de um f,m. Estar-se-ia a coisificar a Pessoa.
Texto 2
Pessoa
A palavra npessoa) tem a sua origem no termo latino que designa uma mascara usada
por um actor no teatro cl6ssico. Ao porem miscaras, os actorcs pletendiam mostmr que
desempenhavam uma peisonagem. Mais tarde, <pessoa) passou a designar aquele que
desempenha um papel na vida, que 6 um agente.
De acordo com o Oltr)rd Dictionary, nm dos seltidos actuais do termo € <ser autoconsciente
ou mcional,,. Este sentido tem precedentes 6los66cos irrepreensiveis. John Locke deine uma
pessoa como <um ser inteligente e pensante dotado de lazao e refl exao e que pode considerar-
-se a si mesmo aquilo que €, a mesma coisa pensante, em diferentes momentos e lugares).
Peter Slnger, Xti.d lriifi.a-
l. LA o texto com atenceo:
.A Pessoa e o luSar onde os valores 6ricos se revelam. Este termo tem, logo na sua raiz. as ideias
de conviv6ncia, de acqeo perante os outros. O conceito de Pessoa implica sempre, por isso, uma
refer6ncia ao outro. Ser Pessoa 6 ser um eu que se distinsue dos outros. Possui consciencta,
autonomia ou ]iberdadej por isso. um carActer ou idenridade moral. lYas o eu tem tamb6m
dimenseo social que exige as instiruiq6es e a justiea como valor mrximo. Forja-se esta identidade
no face-ajace com os outros. A nossa humanidade resulta da convivencionalidade e as quest5es
apartir da responsabilidade pelos ouaros. Esta responsabilidade
6ticas fu ndam entais fazem sentido
estende-se e, pr6pria Natureza, que temos de deixar como hemnqa is gerae6es vindouras.'
Nl8.l Warhr.t.nr, Uor.,rror B.irinr d. /i/orord.
l.l Com base no texto, identifica as ideias inscritas, logo a partida. no termo (Pessoa).
Nogdo e caracterizaqdo
()s animais nao humanos regenr-se cegalrcntc pelas lcis da sua natLlleza e pelo scus
instintos e, atra\,6s dessa obeditncia, al.anqam o seu pr(iprio destino e frlralidadc. flm
contrapartiLia, o Honem carece de uma base cornunl que o oricntc para determinadas
taretas e o impulsione para u modo especifico dc scr ou conlporlar se. ,q. sua evolulJo u
o sua progiesso de\,€m scr alcanlados atravds de um processo de aprendizagcm.
\'rgeV" \
i.l Com base nas express5es do texto, deduz as fun(6es da consci6ncia morai.
, **".:* ..u:i consc 6nc a moral e apresenta as teorias de Piaget e Kohlbers.
:, :a
A5
l[ Acaeo humana e valores
O Homem deline sepclomodo comoescolhe, decide e executa as diferentes acldes. Cacla homcm
individualiza-se nesteprocesso. Atravis das acE6es, o Homemtranstbrma a rcalidade, intelv6m no
culso dos acontccimeotos, tor na se um agente de rnudarl(a. As su as aclOes p rojectam-no o futuro.
O Homem pratica dois tipos de actos: os qr.le sao comulls a outros anirnais e os Lluc s6 ele
pr6prio realiza.
No pdmeiro caso, temo!, cntre outros, os chamados actos instintivos. Os estudos de l(onrad
Loreflz apontam pala a existCncia de quatro grancle! instintos comuDs aos homen! e ,ro\ dn]mais
Glutdqao, reprodugao, fuga e agressao). Os instlltos no5 animais determlnam quase totalmcntc o
comportamento destes, pcrmitirdo-lhes uma rcsposta perfeita ao mcio, o que constitui uma conditao
imprescindivel A sua sobrevivancia-
No segundo, a actividade instintiva 6 secundariTada a favor da actiYidade reflexiva, cspecifica
dos seleshumanos- Agir, no casodoHomcrn, implica pensarantes de executaras ac!6es (anali\ar
as lituae6es, definir ol)jcctivos, escolher as rcspostas mais adcquadas e ponderadas as suas
consequancias).
:.... IIC. 6 O Homcm define se pelo mo.lo como es.ollrr, decidc c cxe.uta as diferentes acloes.
A l'erso..r.T. I r.l. !1.ri
por tudo ist(), nao podemos reduzir as acq6cs dos homens a simples actos rnecanicos. Os
homcrs sao livres de agir ou nao, dc cscolher um ou outro caminho. Os scus actospossuem uma
dimensao moral que se fundamenta na llrcldddc e cons.i)tlcid dd nctAa.
^a
Nunla dirneosaar rnoral, comoveremos, os homens praticam tamb6m actos que, cmbora seiam
collscicntes e intencionais, nao deixarn dc scl considerados inumanos. A razio 6 que os mesrnos
nao se enquadram no ambito daqueles que coDsideramos dignos de seres hutnanos.
l)ada a diversidade das acqa)cs que o Homem pratica,6 atural qrc a palavra iac(ao" tcnha
muitos significados. lmporta dilerenciar dois tipos de acq6cs: as involunt6rias e as voluniarias.
Agente um sujeito da acqAo quc 6 capaz de se reconhecer como autor da aclAo e que age
com consci€ncia (6 capaz dc se saber autor da ac(ao e ter rcsporsabilidade pela mcsma) e
lilre'arbitrio ou vontade, ou seja, que 6 capaz dc optar e tomar decisoes livrcmente.
Uotivo - a razio que justjllca a ac(ao; o quc n()s leva a agir ou fazer algo. Iror isso, quando
perguntamos rPorque lizeste ou vais fazcr ilto ou aquilo?", procurannrs encontrar a razAo qrle
iustilica a ac(ao.
I[ten(ao - a intengio diz respeito ao que o snicito prelende fazer ou ser com a sua Jclio e
"Que fazes?, ou.Q c
responde A pergLrnta: quer lazer aquele que age?,- A inteneao implica
um agcnte consciente, pois a inten(Ao consiste naquilo que o agentc quer realizar. Para urn
astudante de CiCncia Irolitiaa, a sua inten(ao pode ser a dc sc t(n nar, por exernplo, um analista
3e politica do MEdio Oriente.
. Fim o aclao € a possess:io daquilo para que se quer a acq:io voluntiria (no caso d()
im cla
estudante de Cienciir ltrlitica o hm dx acqao ser;, Por cxelnplo, o de estc \cr efe.tjvamente
um analitta de politica do Mtdio Orienie). r\ fillalidade L1a ac(ao difere do fim da dL\Jt,, Pot5
corresponcic a uma oriertaqao para o im da ac!^Ao. No nos5o cxcl]4)]o, a flna]ldade Lla irc(Ao
do estudaote co'rcspoideria ao estudo Lle assuntos politicos do \I6dio ()ritrlte e toda5 as acqi'c\
realizadas para aprendcr sobre esse !ema.
l)cl)ois da caracterizaqSo dos actos humanos, Lrma qucstao emergei Irazcr c agir sao.onceitos
com a rncsma siglliicaq:io nloral? Nao sio. Fazer e aSir sio colceitos que exprimem sisnih
cacdes dilerentcs- Enqlranto o conccito fazer 5e aplica is acqaes cm quc telnos em visla J LxLLU(io
ou a prodr.rqao de clctcrminados el'eitos 1rm objecto qualcluer, o concein) agir aplica \e a tolla\
as outra\ acq6es intencionais que realizamos livre ente e cm Llue so os caPazes dc identiflcar
facilmente o\ n1otil'os por que fazclnos o que lazcmos.
No prlmeirc cas.r, trata-se de uma actividade ccntrada eln obieckr\, o lazer qLralquer coi\a,
l:luc cnl,olve uma saric de ocorrancias distribuidas no tenlpo, lrnplicanLl() freqrrentemente
con hecirrcntos pr6\,ior dc natureza t6cni.a. No segundo, trata_se de a((oes em quc nos sentimos
directalDen!e lcspollsiveis pela\ consequencias.los lrossos acto\ c ein allre estamos inlplicados
nas cscollms que lazcmos. Ambas s:ro acq6es humanas, pois nas duas h,t r.rm agir pensado e
intencjonal e uma re0exio sobre o .i-alor e o scntido da pft-)plia ac(io, Inas com uln valoL irorai
diferente. No agir hr.1mano, o valor moral 6 tanto l]raior quant() mais esti associado:i qtcstao
da responsabl lidadc c da intencionalidade.
. Tudo o que o Homem faz ou o que lhe acontece sem que otenha desejado 6 um acto do Homem
. Os actos humanos sao aqueles que resultam de uma decisao livre, vontade e desejo ProPriosi
e a sua execuqao requer um aSente. um motivo, uma intengao e um fim.
. A aceeo do sujeito em torno de objectos ou no decorrer da execu9ao de umat6cnica ch,ma_
-se fazer. E uma acaao humana mas com imPlicae5es morais diferentes do aSir humano' que
tem como fundamento uma intenqao e uma resPonsabilidade imPlicada.
Nogeo de valor
Em toala a acqao ilurnana, o ser humano exprime o
nlodo conm ,ie rclaciona conl o r1tu do, podendo prefeir
oupreterir algo. A acqio humana cstii csiritanrentc ligada
aos valores, explicita ou implicitamente. ()s val(n'cr d:io
ao sujeito o irotivo para agir. Por isso, parar quando o
srmiti)ro cstii vcrmclho cxprime um ralor nobre: o
civlsmo;quando damos esmola, lamb6m lh cstiiurn vakx
muito nobre: a solidariedade. I mediante os valores que
]rierarquizanros os nossos actos, considerando ul1s prefe
Uni juizo de valor 6 urna malifestalao de preferencia e apreciatao sobre a rea]idade e 6Iruto
dc uma intcrl)rctalao l)arcial c subjectiva feita conr base enl valores, f)s juizos de valor sao rela-
tivos, Pois \.ariarn de pessoa para pcsroa, c por isso, cst:io sujeitos a dilcussio. Sao cxcrnpl()s
destes iuizos: "Maputo 6 a cidade mais bonrti de Africa. ; !) lnninr,, c um rafaz antip6tico.,;
.VoEambiquc tcm o nrclh()r camarao do mundo."
li no conlexb dos juizo! de yalor qlr€ podem()s cnquadrar a an:ilise da a.ga() humnna, p(,i\ u
iuizo de valor 6 j6 o resultado do clue designamos por l,alore\.
Podemos definir os valor:es partindo das \.irias dimens6e5r os valores sAo crit6rios segundo
os aluais darhs ou nio i1r\)ortincia As coisasi os valores sao as raz6es que justificarn ou lotivam
as nossas acq6es, Lornando as preferiveis a outras.
Tipos de valores
C)s valores oAo seo coisas, nem sirnples ideia! que adquirimos, mas corccitos que traduzen as
nossas preferCrrcias. O lalor te sempre como referencia a avalia(ao do suieito qLle o enurlci.l,
ni() \c trata dc calactcristicas c qualidades pr6prias de algo, a1gu6m ou acontecimentos (cor,
tamanho, duragao, forma, altura, ctc-), rnas qualidadcs c atributos que sao atribridos pclo sujcito
a algo, algudm ou a um acontecimento, Sao jmportartes para o agir humaro na tnedida em que
coistitucrn os crit6dos e paLlr6es que orientanl a ac(ao e the dao sentido.
49
f,xiste uma cnormc diversidade de valores, que podemos agrupar cm espirituais c matcriais:
1. valores espirituais:
. valores rcligiosos - aqueles que dizem respeito a relaqao do Homcm con1 a ilans.cndancia
(o sagracio ou divino, purcza, santidade, perfei!'Ao, castidade, etc.);
. Valores est6ticos os valores de explcssio (bcleza, ]rarmonia, graciosidade, eleSancia, feio,
sublimc, triigico, etc.);
. Valores Gticos aquclcs que se leferem As normas ou crit6rios de concluta que afcciam todas
as 6reas da nossa actividadc (lcal.lade, verdade, solidariedade, honestidade, bem, bondade,
altruisnro, amizade, liberdade, etc.);
. valorcs politicos - aqueles que dizem respeito ao Homern ra ma qualida.tc dc cidadao (justiga,
igualdade, imparcialidade, cidadania, libcrdade de expressao ou de associaqao ou de culto, etc.).
Os valores sao principios segundo os quais damos importancia ou nao es coisas e sio as
causas e as raz6es do atir humano.
Toda a acleo humana reporta a um determinado valor em fungao do qual preferimos uma
coisa em vez de outra.
Os valores podem ser materiais ou espirituais, de acordo com a sua natureza.
Duas posi!6es sao defendidas relativamente a natureza dos valores: a sua objectividade ou
subjectividade. Se, para alguns, existem valores objectivos e subiectivos, para outros. os
valores seo absolutos (obiectivos) e. para outros ainda, os valores nao podem deixar de ser
relativos (subiectivos).
I
Texto 3
Os valores serao relativos?
uma maneira indirecta de descrever o tipo de vida que sepretende levar
Falar de valorcs 6
ou se entende dever levar. Por isso, as pessoas organizam a sua vida de muitas maneiras
diferentes- Espera-se, por conseguinte, que as acEdes que parecem perfeitamente normais
numa cultum sejam rejeitadas e condenadas noutra. Veja-se um exemplo (um casoveridico
que ouvi a Christinavon Weizsacker): um m€dico aconselha uma radiografia para detectar
a doenea de um membro de uma tribo centro-africana. O seu paciente quer que e1e recorra
a outros m6todos: (o que me vai c6 dentro nao diz respeito a ningu6m,. Neste caso, a
vontade de saber, com base no conhecimento, e de cural da forma mais eficaz possivel,
colidem com a vontade de manter a privacidade e integrldade do corpo (da pessoa). Contestar
os valores signif,ca examilar e resolver os conflitos desta natureza.
O deseio do paciente pode ser considerado racional? Para uma comunidade que preza a
privacidade e integridade do corpo e espera que os seus feiticeiros ajam dentro dos limites
destes valores, pode. lq impensevel para uma comunidade em que a eficiCncla e a procura
de conhecimentos dominam tudo (grande parte da civilizaqao ocidental parcce funcionar
desta maneira).
!. leyeftbend, Adeus i Razao.
No96o de liberdade
Apclar dc todos ()s conLhcionalismos, o Homem 6 um ser livre, pois, em iftima instancia, a
sempre ele quem decide agir ou nao.
(A escolha 6 possivel em algum senrido, mas o que absolutamente nao 6 possivel 6 a neo escolha.
Eu posso sempre escolher, mas devo saber que, se neo escolho, ainda assim eu escolho. por
isso digo que o Homem este condenado a ser livre.) (1.-P Sarrre)
B
<Como fonte da moralidade, a razao n:o pode absolutamente prescindir da liberdade, porque
sem a liberdade nao 6 possivel uma lei moral. teo-pouco uma imputageo segundo essa lei.)
(lmmanuel Kant)
l. Clariflca o sentido dos textos transcritos tendo em consideraceo os conceitos de moral, valor
e aceao humana.
:. .. IIC. 12 A aclao segnndo as nonnas $ciais e as lcis juridicas viscnt.s por si sa) njo € nma aclio uoral
r rclao lcgal i niorai se € rcalizada tanb€m scgundo os principios e os vatores da corNcjencia do \xieito.
Assim senLlo, n.r ac!aL() rloral, a liberdade estii ligada i responsahilldade, estis sao dua\ carac
teristicas da acqao rnoral. OLI seja, \c () inalividuo opta li|re ente por realizar uma acqao moral,
isto 6, de acordo com a sua consci€ncia e pelseguinLlo os fins que estao aslociaLlos ao bern, lfic)
podc Llcixar dc scr c de sc assurrir responsavel pela slLa aclao. l']odc Llcfinir \c a rcsporsalrili-
dade rrroral corno a carilcteristica clr virtude ala qr.ral a pessoa.leve responder pelos seus actos,
reconhecendo os corro seus e assuminLlo as rlra! co[sequencias ou efeitos perante os oL]tros e
perante si mes o e a sua consciencia.
'l()d() o acto ma]la]l]rente responsSrel exige as seSuinte\ condj!6c\:
:..tlC.r3^rcsponsabilida.lc'noralexigeqxeollomernsej!responsr!elrrelGseu!actor perante
56
I
,a l.(....r.5, i.lr. M.r.i
AJustiga e o dever
A lustiga
Em que consiite a justiEa?
A iustiqaumavirtude ou qualidade humana
6
'r1:
ftico-social 6 a socicLlade ou o sistema politico lusto, no qual existem relaqoes socrdis
institucionalizadas, ordenadas e coerentes, no interior das quais cada um reccbc o quc a \ru,
isto E, o qlre lhe corresponde; refere se aos deveres do llstado c da politica para com os seus
cidadaos, ou scja, dar a cada unl aquilo a que tem direito.
Juridico-legal 6osistemadclcis(Dircito)queestabelecemdemodopositivooquee.seu.,
o qr.r e corresponde acada umnas diversas circunstancias c quc utiliza os ccani\rnos adcquados
para a sua realiza(,o e cr.lmprimento. A jLlstila € aplicada quando a lei 6 cumprida.
Nogio de dever
O dcver a um princ!)io que est6 ligado :i dimensao 6tico peSsoal da pessoa e deine o im da
acqao e a sua nloralidade- O individuo ou cialadao que age de acordo com as regras rnorais vigentes,
que cumpre as leis do seu f,stado, que respeita o! outros e os seus interesses, ilas quc o faz tcndo
como motivo principal o medo de ser punido caso rao o faqa ou a pcrspcctiva d. scr reconlpen
sado, pratica acqoes morais? Ou, caso o la(a, tendo como fundamenb o mero respeito pela lei
e norrnas vigentcs, cstarii a agir moralmeite?
Aresposta a estas questoes e a defesa da acqao por dever sao princt)ios dcfendidos pclas teoriili
dcodt( 6gicas, ou seja, teorias qrJe defendem que as ac!6e5 sao morais se sao realizadas segundo
principios raci()nais ou dcver, por oposiqao as teorias consequencialistas que defendenl que a
moralidade, ou nao, de qualquer acqio dependc das suas conseqlrCrcias.
O principal delensor de uma €tica ou agi noral por dever foi lmmanuel Kanl (l724 1804),
que dcscnvoiveu ulna teoria 6tica que influenciou e continua a in llue[ciar toda a reflexao i]os6-
iica sobre esta temiitica.
lara que possamos responder as qrrestdes .olocadas, 6 rrecessdrio qrc se diferencic d .LL!n, p, 'r
legalidade da aclio l1loral, pois s6 nesta iltima tem cabimento falar de dever. Do individuo que
cumprc as normas e as leis por serem boas e serem le[lais e estarem de acordo com os seus lnte-
resses, diz se que a8e por legaljdade. 56 do individrlo quc cumpre as normas c at lcis por serern
boas i] por dever se diz qlre age em moralidade. Sao ac!6es morais as act6es realizadas de acordo
com a no'nla, mas rcalizadas por devel.
O que 6, entao, o clever?
O dever 6 uma realidade interkn'que leva a voniadc a agil de detenninada miLnLirJ, \cm
violcntar, mas que, no entanto, se impoe como expressao de uma ordem que impera absoluta e
incondicionalmcntc c quc a cumprimento e respeito pela lei moral. De acordo com a telrnino-
logia de Kant, o dever 6 um imperativo catcg6rico c nao hipot6tico, isto a, rma obrigaEao,
visto quc impera incondicionalmente. lste imperativo 6 obrigat6rio no sentido em que 6 fruto
da escolha cia vontaLlc, ou scja, o individuo pode escolher, 6 livre de escolher as sra5 dc\dcs, c
nem sempre escolhe uma acqao por clever, mat quan.lo deciLie e opta por uma aclio conforme
ao dcvcr, LluaIIdo seglre o imperativo categtrico que 6 uma lei moral, a sua vontade 6 uma vontade
boa e 6 realizada uma aceao moral.
A lbrmulalao do imperativo cates6rico 6 a scguirte:
.Age apenas segundo uma mixima tal que possas, ao nlesrno tempo, querer que ela se torrc
lei universal.,
Ior outras pala\,ras, quer isto Llizcr, quc a mixima
(a Ieg1a particular quc scguimos em delermiDadas
situaE6cs c Llue rege a acAao nessa situaeao pafiicular)
deveria poder ser aceite e utilizada por todos os sercs
humanos na mesnE situalao, ou seja, cla podcria servi r
deleiunivcrsal oumoral para todosos seres humaoos,
I'dm,.l'Llr Jmque\eBuire.\rlPi lorn"r- ro.. ro rLl|nr
boa aceao. A acEao moral 6 aquela que 6 praticada p()r
deler, o que quer dizcr quc cm liberdade a vontade
.(^ \, u n BUir. pa-J urrenld.do dd 'u,r d. cdo. un,
principio que poder6 ser uma lei univcrsalmcntc boa
para todos os seres hurnanos.
A lci moral, ou dcver, nao diz o que se deve fazer
ncsta ou naquela \ituaqao, mas indica ao ser humano
r , tm,, \e tle\ er.r i oml,orld r en. l^o r\ a\ \ t JJr ue\.
Mas que lei pode ser elrt,o essa, cula rcPrcscntaEio, rnesmo 5em tomar ern corlsideta!Jrr
o efeito que dela se cspcra, tern cle delerminar a vontade para que esta sc p()5sa chamar boa
ab,iolutamente e semrestri(ao? Uma vez que despojci a vortadc d{r todos os estimulos quc
lhe poderiam dar obediencia a qualqucr lci, nada mais resta do que a conf.rrmidade a uma
Iei universal das ac(6cs cm gcrirl clue possa selvir de inico principio i vontadc, isto 6, devo
plocedcr tempre dc rnaneira que eu possa querer tamb6m que a mirrha ntixima se torne
r.lma lei universal,
1...1 Coloquemos, por eremplo, a seguinte questao: Nao posso eLl, qualldo me encontro
em aptros, fazer uma pronessa conl a ioten(,o de a nAo cumprir? Facilmcnte distingo aqUl
o\ dois sentidos que a questao pode teri se 6 prudentc, ou sc I confolme ao der.er, fazer uma
lalsa promessa. O primeiro caso podc, scm Llin,ida, apresentar se muitas vezcs. i verdade
que vejo bem quc nA() basta fnrtar rne ao embaraEo preserlte por nlei() dcsta escapat6ria,
mar que teuho de ponderar se desta mentira nio mc podcrio aLlvir posteriormerrte iIL()-
modos maiores do que aqueles dc quc agorarne Iiberto;e como as consequCncias, a despeito
da rniDha pretelsa esl)crteza, nao sao assim tao l6ceis de prevet devo pcnsar que a con-
fianga urna vez perdida me pode vh a ser mais preiudicial do que toclo o mal que agora
quero evitar; posso en6m perguntar sc nao sclia mais prudente agirem conformidadc com
unra maxima uriversal e adquirir o costume de nao pft)mcier nada senao com a intenEao
dc cumprir a promessa. Mas depressa se me torna claro que uma tal maxirna tem sempre
na base o receio das conscquilncias. Clra, ser verdadeiro por dever 6 uma coisa totalmente
diferente de s€ lo por medo das consequan.ias prcjudiciais; enquanto no primeiro caso o
conceito da aclao em si mesma cont6m ja para mirn uma lei, no sesundo tenho antes de
olhar A minha volta para descobrir que efeitos poderao para mim estar ligados a ac(ao.
Porque, se me afasto rlo principi() do dcver, isso 6 de certeza mau; mas se for infiel a minha
miixima de esperteza, isso poderA trazer me por vczcs grandcs vantagcns, cmbora sLjd Lrn
vcrdade mais seguro continuar-lhe liel, Lntretarto, para resolver da maneira nlais curta e
mais segura o Problema dc sabcr sc unra pr_ornessa mentirosa 6 conforme ao dever, prearso
s6 de perguntar a min1 mesnlo: Ficaria eu satisfeit() dc ver a minha miixima (de mc tirar
de apuros por meio de urla promessa nao verdadeira) tonar o vabr de lei universal (tanto
para mim como para os outros)? E poderia eu dizer a mim mesmo: Toda a gente pode
fazer uma promcssa mcntirosa quanllo se acha nunla diliculdade de que nao pode sair de
outra rnaneira. Em breve reconheqo qrc p()tso em verdade qrierer a mentira, mas que Ao
posso querer uma lei universal de mentir; pois, segundo uma ta1 lei, n;rc poderia propria
mente haver j:i promcssa alguma, porque seria iniltil afirmar a minha vontade relativamente
As minhas futuras acEoes a pessoas que nao acrcditariarn na minha afirmagao, ou, sc
precipitadar[ente o flzessem, pagariam na mesma moecla. P()r conscguinte, a minha mexima,
uma vcz arvorada em lei universal, destrulFse-ia a si n1esma necessariamente,
Nao preciso lrois de pcrspicicia dc muito largo alcance para saber o que hei-de fazel para
que o meu querer seja marralmente bon. lnexPcricntc a respeito do curso das coisas do
Dlundo, incapaz de prevengao em face dos acontecinlentos quc ncle se venharn a ciar, basta
quc cu Pcrgunte a mirn mesrno: Podes tu qlrerer tamb6m que a tua maxima se converta
-
ern lei universal? Sc n:Lo podcs, entao de\.es reieitd-la, e nao por causa de qua lque1 pleju izu
que dela pudesse resultar para ti ou para os outros, mas porquc cla aio pode caber comc)
principi() nuna possivel legislaqao universal.
ImmaDuel (ant, lroddn.ntotna da Lltrafiticn dos Casrrn.r. 178s.
O dcver encontla a sua fundamentaEao em tendencias que podcm ter resumidas assim:
Tendoncia teista detendc quc o vcrdadeiro fundamento do dever 6 Deus, criador e legis-
iador supremo da Natureza e do Homem- 56 Dcts, scr absoltlto e autoridadc auprcma, pode
cxJricar o caractel absoluto, categ6rico e universal do dever-
Tendencia positivista dcfcnde o dever como algo resultante da expressSo exercida pela
sociedade sobre os indi\.iduos que, com o tcmpo, sc foi interiolizando c sc transformou cm
obrigaeio de consciCncia. Os positivistas negam a transcendoncia do dever, baseando o na
pr6pria razao humana ou na sociedade.
Tendencia racionalista defende cono fundanrento do dever a pr6pria razao humana,
autora Lle todas as leis e, por isso, tamlr6m das leit morais. Estas, por proccdcrem da r azJu, \ao
dignas do miximo rcspeito e veneraeao e impdem se a vontade por imperativo cates6rico.
Portanto, 6 a razio que cria o dever. Flsta 6 a tendtncia onde se enquadra a tcoria de (ant qrc
ja analisarnos.
: r..:.r ...;,r. 1,, r l. !. .
Asanqioeom6rito
oque6asanqAo?
Iln termos legais,.lesigna-sc por \antao o pr6rlio ou o castigo infligiLlos pelo cunlprimento
ou viola!'eo dc unla lci. Por isso, legalmente, sanciolar Lrln acto a sublinhar o selr valor rcco
nheccnaio-() como bom, por meio de elogios ou rccoftpcrsa\, ou tomando-o cotra] m!u, atrav6s
ale.cnsuras ou castisos, Contra o se socrmum,asaf!;.n:io\ecLrcun\Lle\L.1,,lastigo.
Oque6o r6rito?
Lm termos comurs, segundo o dicionirio de lilosofia, o rn6rito de uma pessoa sJU.r\ \u,1i
qualidadc\ srLscepliveis de adnliraQao, c ars maritos morai! incluem, geralnlelrtc, \'irtudes coflo
a heneloleocia, a ternperanla, a justi!a, a miseric6rdia, etc. Assinl, podcrnos dizer qlle o rl1€rito
e tanrb€ r uma virtuLle, entenderldo plrr virtudc a disposiqaro habitual qLre a pelsoa tcm para
cunrprir o dcver, \eia qual lbr a fornla pela qual e\tc \c apresenta. I virtude 6 uma forla moral
para fazcr o hem e adquire-se pela pritica de :Lct(x bons. A caridade, por exenplo, como virtude
nio consisle em dar esnlola urlra sd vcz, mas sim no hibito de praticar ctsc acto. Assim, uma
pessoa 6 \'irtrrosa quarldo aliquire uma forqa tal que a iera a curr4)rir scrnfre, e at6 corll prazcr,
o seu dcvcr, cmboa nrLrllas \.ezes isso custe sacrilici()s, c at6 a pra)pria vida- Scgundo a lin ha de
argllmenlil(ao que te os \'inLlo a cstudar acerca da motalidade do sujcii), o m6rlto e tn.rls ultr
conceito irllportantc para que possaolos entendet o qlre caractcriza uma ac(ao oral.
Para quc um ackr seia nreritdtio,6 necess,rio quc \cja bom, isto €, confor.ttc com a lei moral
e .luc o seLr autor ta(a ou esteja na disp()\i!i() Lle laTer eslbrqo \.oluntdrio para o praticar. Segundo
Kant, o nl6rito nlolal corsistc no respeib pelo del.er de cLrndlrzir a ac!io segundo o iI]lperati\rt)
cateS6rico. Quando sc a \imp,rtico para cLrm os outros apcna\ pala sc \er popular, essJ .rL!.iu nio
6 rloral c nAo i€rn rnarito, O mdrito corNistc cm scr \impitico com os outros, apcnas e sempre
pelo pr6frio acto de poder ser iltil aos ()utros sem interesse particular, com rcspeito peios outros
. ,rr.lFr., . l r " du,^,u.r ^,.,rr, 'ln.prr\r fia.no.e
A con!cia.cia moral, pllar central do indi\ idrx) na sua dimensao de ser 6tico-rroral, ou seja,
errquanlo Pessoa, al6m do papcl e da capacidade interior de orientaqao, desemperlha tamb[nr o
papel de avaliaqao e dc criti.a c1o agir hLrlllrrlo E pur L\\.r rJz.ir, qlre 5e chrlrl.t tamb€m d
consciCncia rnoral "\'oz interior', Nesse sentido, cabc i con\cianci:t nloral do ilrLlivr'Liu(r \r. o lruz
dos seus actot c das \uas interl(aes e lazer a critica Llo seu agir, elogiando-o ou censurando-a)
ao farrmc as suas acloe! obedeqam ou n:iar a ideais e valores morais. Assim a coDsciencia iroral
a a laculdade interior do scr humano que avalia e ctitica sc as slras actaes sao dig as dc rn€rilo
(ru nao.
6t
Texto 4
o que 6 agir por dever?
O quc [, pois, agir por dcvel?,A.gir Por dcver 6 agir em funcSo da reverencia pcla lel moral;
e a maneira de testar se estamos a agir assim a procurar a rnaxinu, ou principio, .om base
na qual agjmo\, isto 6, o imperativo ao qual as nossas acq6es se conformam He dois tipo!
imPcrativo hipotetico afirma o seguinte:
cle imperativos: os h4)ot6ticos e os cirtcg6ricos. O
se quisermos atlngir determinado hm, age dcsta ou daquela maneira, a) im perativo cateSorlco
ciiz o seguintc: independentemcnte do fim quc deseiamos atingir, age desta ou diltquela
nlancira. H6 mLlitos inrperativos hjpotaticos, porque hA muitos fins difelcntes que os seres
humanos podem propor'-tc aican(at. Ha unl s6 imperaiivo categ6rico, que € o lcguiote:
"Age apenas dc acordo com uma maxima que fossas, ao me5mo tcml)o, querer que se torrlc
u u lei uoiversal."
Karrt ilustra este principio com viirios exempl()5, dos quais podemos mcnciorur dois. O
prirnciro 6 este:tendo Ilcado sem fundos, posso cair na tc taq,o de pedir dinheiro emples-
tado, apesar de saber que nao serei capaz dc o devolver. Flstou a agir segundo a mi\irnJ
.scnrpre que pensar que tenho pouco dinheiro, peqo dinheiro empresta.lo eprometo paSa
lo, apcsar de saber que rutca o devolverci." N5o posso qr.rcrer que toda a Sente aja seguodo
esta m,rxima, pois, nesse caso, toda a instituiqao da promesla sucumbida. Assinl, pedir
dinhelro empresiado nestas cir.unstancias viol.lria o imperativo caieg6rico.
Um segundo exemplo € este: urna pessoa que esteia bem na vida e a quem alguern em
diliculdades peqa ajuda po.ie cair na tentaqao de respondcr "Que me interessa is$? Que
todos sejam tao felizes qllantar os c6us qLlisercm ou quaD!o o conscguileln; nao o preju.li_
carei, mas trmbim nao o aiudo." Esta pessoa nao pode querer quc csta mdximn 5eir
universalizada, porquc pode surgir unla situaEao na qual ela pr6pria precise do amor e da
sinrpatia de outras. Lstes casos ilustram duas lnaneiras dil'elcntcs a Llue o imperativo catLgori(o
se aplica. No primeiro caso, a maxima nao poclc scl r.lniversalizada, p(nquc a sua ttniver
salizaCao implicaria url1a contradiqarc (sc [ingu6m cumpdr as suas promessas, as proplias
promcssas deixam de exittil). No segundo caso, a mdxima Pode ser universalizada scm
contradiq:io, mas ningu6m poderia racionalmcnte querer a situa!^ao que resultaria da sua
universalizagio. Kant airnla quc os dois casos correspondem a dois t4ros diferentes de
LIL\ crer: dever( r <tlr il.\ e oe\ ere' 'n' 'il^'io'
Anthony (e n!,, Hls.iiri.? ()n.isa da Fik,tafi O.nk tul.
l.lmagina que, chegado ao final do ano, o teu Professor da a todos os alunos da tua turma a
mesma nota, o que permite que todos passem de classe. Este Procedimento aProxima-se ao
ideal de lusti(a? Justifica a tLla .esPostr.
l aeno...:i:, Srir r. l!1. .
.I :.:itiriij\iiittiri'. 1
A relagio com o outro
A relatao da Ircssoa com o olrtro pode ser cntclrdida em dois irnbitos opo\tos. Iror um lado, o
outro pode servisio como u11ltu-con1o eu, poiselc aum eu, masque nao soLl eLl. () otltrU t \elopre
ciellnidar e]n funqao do eu e o cu !6 sc reconhece como tal a encontta plena complementaridadc
face a Lrm outrl eu: eu sou eu na minha rclaeao com o oulro. Ne]c eu me reconheco e me Projeclc)
com u[ra pessoa. i na l)essoa do outro clue \c situa a minlt diSnidade. l)(n isso, o que diz respeito
ao eu deve recorhecer sc na pcssoa do outro, no quc st refere i disnidade e ao vabr ab$luto de
ser pes\oa. O outro colrlo urn tLr-corno-eu deve conslitllir obiecto (rniao e a minha razio de ter
pessoa. Ille 6 um valor absohrto. Por is\o, na nossa relaqao, o outro mcrc.c c dcve ser aceite tal
corno ele € (como pessoa), colaborando corn ele pala o seu continuo aperieiloamcnt() ltuma ),
como um sulcito diferente e com singuladdade pr6pria, jnterioridade profunda que se revela a
seu modo e infi itamente aberto.
lor outro 1a.1o, o outro pode ser visto sob co[trato. Aqui, a rela!-.Ao corn o ()utlo 6 estabe]ecida
nediante um contrato que estabelece um coniutito de regras que vinclllam uns aos outros,
estabclccendo acordos de vontadcs. Tals acordos estar) futdaalos nas leis escrltas ou em priitj.irt
costumeiras c nelcs a boa f6, isto €, a intcnqio prinliria de nio cnganar o arutro no acordo e nao
sc deixar ensanar. E\tc\
contlatos cstao na base da
nossa vivOncia social. Sao
estabelecidos em toLlas as
\o.icdr.les onde existanl
o llstaLlo, a Politica e o
Direito. A justiEa social 6
o resultado da exist.rncia
dcstcs contratos,
No contrat(), os honlel1s
e caram-se reciprocamcntc
como s[jeitos com inte
resses coI1velgentes,
paralebs ou aia divergentes
e com responsabilidade
pe k) bcrn pr6prio, do outro
e peio mritrlo heneficio. :... l lG. r7 lrn s.,cieda.i., o so humano a um ser em rela(i]o .o.r os outros.
Para que uma actividade possa ser considclada trabaiho, 6 neceSserio quc scja (col]lg
ler em Battista Mondim, A holatositl Filos'frcn, .O Homcm que ele 6?,)i
?"
. unla acqao tlansit(-)ria, em que 6 possivel, atrav6s clela, chegar-se a um resultado co
. uma accao llue requeira o uso do corpo para transn tir energia, distinguindo_se da
to
rneraI]rente rellexiva;
. uma acgao que i pliq e esforqo e perseveranga.
Assim, na sua rclaqao aorn o trabalho, o Homem 6 chamado nao apenas a transformar o mr.mdo
em mundo para si, mas, fundamcntalmente, a humaniza lo, Por outras palavtas, o l-lomem, na
s a qualidade de Pessoa, € chamaclo a tornar o mundo cada vez mais habitivel, hosPitaleiro c
confortAvel. Aqui encontramos o valor c6smico do trabalho- Mediante o trabalho, o Homem
rejeita vivernum mundo organizadopelo natulal e translbrma o, submctendo-o ao seu controlo
e humanizar1do-o, Pelo trabalho, o Homcm digniflca-se, pois este possui, para si, um valor
personalirta, ou seja, antropol6gico: <a natureza humana nao nasce perfeita [...], ela aperfeitoa
-5e, tenlpera-se, afina-se, enriquece-se atrav6s do trabalho".
O HorDem 6 criatura e criador do scu ambiente, que lhe assegLrra a subsistaDcia fisica e
lhc Llii a possibllid ad e de desenvolvjmento intcicctual, moral, social e espiritual. Nodecurso
da longa e laboriosa evoluqao da ra(a humana ra lelrir, chcgou o momento em !lue? Sraeas
ao progresso cada vez rnais rapido da Ci6ncia e da tecnologia, o Homem adquiriu o poder
de translormar o seu ambiente dc inrincras rnaneiras e em escala sem precedentes. Os dois
clcmcntos do seu ambiente, o elemento natural e o quc ele pr6prio criou sao ildispensarels
ao seu bem-cstar e aL plena fruiqao dos seus direitos fundamcntais.
Corli,?r. lrJ N,,drs Uridds sobft a Anbi.nt!, kalizada en [stocol.]o dc s a 16 d.l(nho dc 1972.
Desde que o ser humano adopbu um m()do dc vida fundamentado na t€cnica e ciCncia, a sua
relaqao com a Natureza e, consequentemente, com o ambiente tornou-se cada yez mais hostil.
l:il6sofos como Francis Bacon ( 15 51 1626), G al i leu (l 5 6.1-1 4,42), Descartes (159 6 -1650) e Newton
116121727) viam a citncia e a t6cnica como conditdes que possibilitava a melhoria Llas
condiloes da vida e a elirninaqeo da misiria hnmana. Por isso, nos seus ideais, estes fil6sofos
prcconizavam um tecnicismo na relaqao do Homem com a Natureza e o conhecimento era
encarado como um mcio de Lloninar, transformar e tnanipular a Natureza.
De facto, nos s6culos XVII, Xvlll e, cm cspccial, no s6culo XIX, com a Revoluqao Industrial,
assistir-sc a unla l,ontade de dominar e translbrmar o mundo cujo lema era: "O Homem transforma
a Natureza." Desta tlansformaeao resultou o allmento do crescimento ecod6rnico, uma produ!^ao
e um consun smo cada vez rnais accntuados, o crescimento da populateo mundial e das zonas
LlrbanizaLias.'Iirdo isto constituia aos olhos dos obscrvadores incautos uln Sraode progresso da
tacnicae daci6ncia. Eco o ondehd beneficios, h6 tamtr6m maleficios, o progressot6cnico-cientiflco
alteror.l radicahnente a relaEio do Homem com o seu llrrbifdt, islo 6, o rneio ambicntc, Provocando
a corrtan-rinalao das 5guas, dos lene6is freiticos, dos solos. ApoluiqSo industrial provocou adestrLr
iqeoda camadado ozono, rios transfornudos em esgotos. Regista se taml)am a redu(lo Lioslccursos
ruturais, a devasta(ao das drcas florestais e a extineao de alsumas especies animais.
65
Pensa[do nas gcraga)cs vindou.as e cientes da gravidade da situaEao, vilios fi16sofos, com
destaque para o m olambicano Severino EIia s Ngoenha, autor d o -Rdlo/ro do llont Selyd* n , orga o I
t
Conro acab:imos de vet nos temas antecedentes, o Homem 6 um sel de rclagdes. (J relaciona
mento siSnihca con\.ivencia com os outros homens e tanb6m com a Natureza, o qlre nao constitui
at6 aqui nenhuma novidade. O qre 6 dc subljnhar 6: quais sao as formas adequadas de ros rela-
cionatmos com os outros? Ou meihor, com que principios temos de dirigir o nosro agir?
Kanl responde a esta questao com o principio folmal da acqao moral: <Procede em conformi-
dade com a lei., Lsteprincipio abstraitodas as [onnas da aclAo moralque se devem ter em conta
no acto de se relacionar conl outrem.
A partir deste principio tbrmal dc Kant, derivam tres m6ximas de ordem priitica quc orientam
a corciigna condula moral do Homem: .Procede sempre de ta] modo quc a norma da tua a((;o se
possa transformar em lei universal-" Esta m:ixima pcrmite quc determinada aclao seja bascada
num p ncipio u iversal quc garanta a lesitimidade do acio; .Procede de forma Lluc c()nsideres a
htmanidade, tanh na tua pessoa, como na dos outros, corno um firn e n:io simplesmente como
um rneio., Asegunda m6)dma real(a a dignidade da pessoa lrumana, asseverando que e circuls-
tancia ai8unra o Horllem podc scr [sndo corno meio, A terceira rnaxima (Procede scmpre como
sc lbsscs lcgisla&)r e sfbdilo ao mesmo tempo" , adverte-nos para que telhamos sempre presente
que a nossa acEio nao nos dever6 servir s6 a n6s e is nossas necessiLladcr imedjatas, mas ter como
alcance a possibilidade de seNir a todos como lci moral. Como aparece na obft A Paz PerpAtua entre
ds Xstddos, Kant diz nio poder aceitar unla inica lei enquanto nao lhe der o scu consentirnento.
Vale dizer: temos de compreender a lei, assumi-la como escolha c dccisao nossa, de modo a cutnpri-
-la sabendo o scu valor tanto na vida da sociedade, como nas nossas vidas particulares.
Estas sal() alguma5 bases de accao rnoralmente boa segundo Kal.It e que de\.eriam estar presentes
no relilcionaolento dos llollrcns.
Cool a observancia destas mdximas poder-sc-ia cvitar a p16!ica de actos tnoralmente nlau!,
conlo tarrb6nr a falta de respeito para corn a cspacie humaoa,
. O ser humano 6 um ser de relag5e$ na relaeeo consigo pr6prio e com os outros, a pessoa
tem na consciencia moral a base da sua moralidade.
. Na rela9ao com o outro, o outro deve ser encarado como nosso semelhante, isto e,6 um
tu como eu e 6 nele que devo reconhecer-me como pessoa. O eu nao 6 sem o tu.
. A relaeao com a Natureza deve ser sustentiivel, de forma a garantir o futuro das geraedes
,,..').:::.1"-::::::::::-l:::::l*,1:::::"iiil':11:t::i'1"i"":::::i:::: .
Nogio de Bioetica
David.J- Ro), director do Certro dc Bio€tica da Universidade dc Montreal, definc a lliootica
L(nno .o estudo sistematico .las ciirnensdes morais das cjancias da yida e dc aten(ao i saitde,
utllizandorma varicdacie de fi1etodologias aticasnum cen6rio interdisc4rirar,, pois a sua prati.a
e o seu discurso enr-olvem virias tccn()cioncias (com especial Llestaque, para a Medicina e a
Biologia), Cli€ncias Hurnanas (Psicanilise, Politologia, Irsicologia c Sociologia) e disciplinas como
a []tica, o Direito, a Filon)lir e a Teologia.
Portanto, alam dc \er m coojunto Lle estud()\, debates, discursos e prilti.as lace aos problcmas
prcvocados pelo progresso da cierrcia e da ldcnica na socieLladc, a Bio€tica 6 urna priitica racio,
nalizada e coniugada dc urn saber, uma experiencia c uma competCncia normativa no contextal
do agir lt mano.
Hist6ria
O termo "bio6tica" 6 rlm neologisr]ro
que resulta da junEao de duas palavras
gregas: (bio,, que quer dizer <vida>, e
<crros,, rclativo a 6tica. Este termo ioi
introduzido pela primeira vez pelo bi6logo
e m6dico oncologista Van Renss laer Pottet
o Ocidente cria um c6di8o para p6r flm dcpenda erclusiramente de meios m6dicos .olocam prc
a tais estudos. Tal c6digo tinha como blemas hioiticos i so.iedade.
principio fuodamental o respeito pela vida dos sercs animados, em gelal, e sobretudo, a dos
homens, julgando-sc nccessario que o progresso da ci€nciae da t6cnica folse controlado e acom-
panhado, em nome da consciencia da humanidade, no que diz respelto aos efeitos que podern
Provocar no mundo e na sociedade.
Em 1974, o Tribunal de Nuremberga, que julgou or crimes cometidos na Scgunda Gucrra
Mundial, criou um c6digo no qual se reconhece a dignidade de todos os seres humanos, inde-
pendentenente da raea ou cla cultura, e prescreve que nenhuma experi€ncia cientifica pode ser
reaiizada em seres humanos sem o consentimenhr Llo\ me\mos. E importante que o llomem,
perante os progrcssos da t6cnica e da ci6ncia, tome decis6es 6ticas de maneira a salvaguarclar e
possibilitar um mundo humanizaclo.
. Fun{ao normatlva - consiste em estabelecer normas com rclaeao a tais conflitos, por um
lado prescrevendo os comportamentos rcproviveis e, por outro, prescrevendo comportamento
os moralmente aceit6veis;
. Funqao pr:oteccionistas consiste em proteset na medida do possivel, os envolvidos em
disputas de natuleza axiol6gica (de valorer, dando maior primazia aos mais fracos.
Entre os temas mais debatidosna Bioatica, encontramos: a entanesia, a distanesia, a clonagern,
o aborto, entre outros.
Eutanisia e distanisia
Etimologicamente, a palavra .eutaniisia,
prov€tn do grego .flr,', que siSni6ca e
"bem",
(t d asid,, que quer dizer omorte". Por isso,
lil(rJ'menl(. o lermo .er.rini'id. \i8nill,.r
le , i.to e, morte,rpropridda, ou \eja,
bod rnor
"nlolte tlanquila,.
dcfinida, os tempos
A eutaniisia podc ser
udr\, (omo mortr,lelibrrada,,,u \yir,
J! l
causada a uma pessoa que padece de urna
enfelmidade classifi cada tecnicamente como
incurivcl. E uma morte que visa aliviar o
doente que se encontra no estado terminal
(quem se encontra numa agonia demasiado
Iongn e prolongada). Trata-se dc uma morte
piedosa, ou seja, amortedealSu€m pormotivos
1.... rlc. 20 Enquanto a eltan,sia se preoc pa com a
depied.roF e \ornpdix;o. lor l.rnlo d eutdni'r,r
q(alidade da vida humana na sua fasc tcminal, a
6 um acto madico que tem por fiiMlidade
d'.,r, J.iJ d.di, J^, ,1,rn'nn6., .^1'-rirlodd',rd\.o
acabar com a dor e a indignidade na doenqa
da vid. hutrana.a sua lase terminal
cr6nica e no morrer, eljminando o portador
da dor. O contrSrio da eutanasia 6 distandsia, que € um outm pmcedimento m6dico que consistc
nouso da tccnologia m6dica para prolongar aviLlado paciente queseencontracm fareterninal.
A eutanasia e a distanasia, como procedimentos m6dicos, tCm em comum a preocupa!;o cool
a morte do ser humano e a maneira mais adequada de lidar com isso. Enquanto a eutaniisin !e
preocupa prioritariamente com a qualidadc da vida humana na slra fase tcrminal (aliviar a dor
e o sofrjmento do paciente), a distanasia dedica se a prolongar ao meximo a duralao da vida
humana, combatendo a morte como o grande e dltimo inimigo.
Por6m, no olhar modernista do fi16sofo e do cientista, a eutanilsia corresponde a uma morte
piedosa, € um in\restimento numa.[roa rnorte", considerando c]ue o doente tem o direito de
morrer em paz, evitando um sofrimento doloroso eprolongado, Por6m, na perspectiva religiosa,
esta pr6tjca € considerada, um acto pecaminoso e ilicjto, assim como o acto de prolongar a vida
em condiloes e meios naturais adversos (distan6sia).
O aborto
Entcndc-sc porabortointcrrupCA.r da Sravidez
a
Sera que as Irrulheres tCm odireito de intenonlper rxna Sravidez [ao desejada? Or cstarii
o Lstado habilitndo (scnio rncsmo cticamcitc obrigado) a proil)ir o abort() irtcncional?
I)everaro ali{uns abortos ser permitidos enquanto outros n:io? O estatuio legal do aborto
decorre directamerlte do seu estatuto moral? Ou dever6 o aborto ser legalizado, mesmo quc
scja algurnas vczcs, oll rnesrto semprc, moralmcnte errado?
l,stas ques[6es suscitaram intensoS debates ao longo das.luas Liliimas ddcadas. Curiosamente,
e grande pafie do nlundo industrializado o aborto nao era considerado u crimc, ata
quc urlla sirie dc lcis anti-aborto foram proll[rlgaL]as durante a segurlda mctadc dc \6culo
XIX. Por essa altura, os proponenies da proihiq:io do aborto r€alqavam os perigos ciilicos
do aborto. Por vezes tamb6m se argumentava que os fetos sao seres humanos a partir Llo
nomento da concepcAo e, como tal, o aborto intencional seria uma forma dc llomicidio.
r\gora que os avanEos madico5 tornaram os abortos, quanLlo couectarnenle electuados,
mais seguros do que os partos, o argumerlto clinico perdeu toda a forqa que alguma vez
)ssa tcr tido. Conscqucntcmcnte, o ponto central dos arguirentos anti-at)ort() rnuclou se
da segr.lran(a fisica das mulheres para o valor nroral da vida do feto.
A P.!r.:..ui. S r; ii. ri,.
. A doa(ao de 6rgaos humanos para transplante ern ln'ocestoS cirir[Jicos, de modo a pennitir sa]var
vidas enlrisco, aurn acto moralde solidaricdade. Iror€m, esta pritica podc conrportar gra\ (, riscos
de atropcb aos direjtos fulda]nentais da pessoa. Poder-se-i explicar porque 6 que isso acontece?
. Lm desespero co
as suas condi(6es de vida, procurando ljbertar,se dc situaEOes de pobrcza
extrema, nuitos iovens, sobtetudo mulhcles, envolvem-se no triifico internacional de 6rgaos
humanot e de drogas, dispondo-se a sen,ir de embalagem c rneio de transportc da dita droga.
Que implicaqoes podcm advir destas priticas, no qre diz respeito aos direitos fundamentais
do ser humano?
. Seri legitimo LIre um individuo dcixc de doar sangue a u -l outro ser humano que esteja A
. A Bio6tica surge como um ramo da Filosofia cujo enfoque sao as quest6es referentes e vida
do Homem, podendo ser dennida, em !ermos gen6ricos, como a Erica da vida, reflecrindo
sobre quest6es surgidas com o progresso da t6cnica e da ci6ncia.
. Entre os temas mais debatidos pela Bio6tica, destacam-sq a eutan6sia e distanesia, a clonagem
humana e o aborto.
Texto 5
Eutanisia
Na sitLlaQao ern quc se dehDe a sa(lde como ausencia de doenla ou dc incapacidadr p5ico
notora, nao tcm muito sentidofalarda salide do doerlte tetrapl[gico con] pouca perspectiva
de cura. Quando, por6m, sc cntende a sadde corno o bcm estar fisico, enial, social c
espiritual da pessoa, alr'c-se lodo um leque dc possibilidades para falar na sadde Llo .loente
cr6l1ico e para promover o seu bern-cstar. f...] Nesta fase de construlao de novos sentidos,
a preocupa(Ao co o bcm estar espiritual podc ser um lactor decisiv() na promogio da
saide global da pessoa
A luz dcsta reflex5o, pode arguner'Itar -se que nesta situa!'Ao, em qrle a ans[lsi;a 6 provo_
cada por uma condi(ao que nao ameaqa directamente a vida, a euta[isia 6 um procedimento
i apropriado do ponto de vista da 6tica. O que a situaqAo rcqucr nao 6 investimento na
morte, mas? sim, inveitirnento no resSate da vida e Llo seu sentido.
No caso ollde a terminalidade ja se i]rstalou e o comprometimento irleversivel do orga_
nismo esta em fase avancada, novamentc o conceito de saliLlc com que se trabalha 6 decisivo
para poder dialogarcom a ploposta eutan:i\ica. Enquanto ro caSo arltcrior o procedimento
apropriado foi irlvestir ,1a viLla, neste caso o procedimcnto apropriado 6 investir na morte.
A questao 6: que t4)o de morte?
Sc a doeite estA com dore! atrozcs e numa situa-
saiide significa a ausancia de doeoqa e se o
tao em quc llao hil as minimas condiloes de efectuirr urlla ctlra, parece nao ter sentid() lalar
da saide d() paciente terminal e a eutanasia pode apresentaFse como uma proposta raTo:iirel
Se, por€m, se cntclde a sairde como o bcm-estar fisico, mental, social e espiritual da pesSoa,
podemos comeqala pcnsar d,o apenas na sairdc do doente cronico mas, tambeln, e1n termos
da salide do doente em lase avanlada da sua doenea c com indices claros de terminalidade.
Nesta perspeativa, a promolao do bem-cstar fisico do doentc tcrmi al nao consisteeviden
temcnte na sua cura, mas nos cuidados oeces5ilios para assegurar o seu conforto c contlolo
da slra dor. (lararltir estebem estar lisico 6 um prineiro passo pa ra manter a sua sailde enquanto
morre. Mas obem-estar fisico apenas nao 6 nrficiente. Muitas vezes,6 o ma l-esta r menta I qLre
leva o doente termi al a pedir amorte antes da hora, Por isso, uma cstratEgia inrportantepara
per itil a pessoa repensar o seu pedido de euta iisia 6 aiude la a recriar o scu cquilibrio e o
bcm-cstar mental. O sentir-scbcm mental e emocionallnente 6 uma cornponente fundamental
na saicle do doente terminal. lla esma forma, o bem-cstar social e espiritual agreSam i\
outras formas dc bcm-estar uma condilio que permite A pe\soa aguardar co tranqullidade
a morte e viver plenarnentc dentro das suas possibilidades enquanto ela nio chcga.
Leona M. Marti.
l. De acordo com o texto de Leonard lY. f4artin, quando 6 que a eutanasia 6, eticamente, um
procedimento inapropriado?
l.l Do ponto de vista 6tico, a eutanisia nao 6 suicidio. Justifica a afrmaqeo.
1.2 Au bu um ntulo sugesrivo ao terto
72
l. ldentifica a op9ao que permite completar correctamente cada aflrmaeio.
l.l A definieeo de Pessoa (como sujeito de direitos e deveres) Pertence a...
a) Cicero.
b) Kant.
c) Locke.
d) Montesquieu.
1.2 A Etica e a lYoral nao se confundem porque...
a) a Etica 6 prescrita por Deus, e a Moral 6 deflnida Pelos humanos.
b) a Etica visa melhorar a conduta do Homem, e a Moral a conduta dos animais.
c) a Etica 6 a reflexao sobre o ser moral. e a Moral 6 a PersPectiva do Bem e Mal.
d) a Etica tem uma dimensao universalista de reflexao sobre o agir humano e a moraltem uma
vocaeao priitica de regular os PrinciPios da acAao concreta.
i.3 Valores seo...
a) titulos da Bolsa de Valores de f4oqambique.
b) tudo aqu.lo a que rrriburmos imPorr;ncia.
() ideial que conscruimos no dia-a-dia.
d) crit6rios segundo os quais o Homem classifica o que o cerca e as raz6es que mocivam as suas
ace6es, tornando-as preferiveis a outras.
t.4 Na Etica, Kant 6 mais conhecido Pelo seu imPerativo .ate86rico, que se enuncia da seguinte
maneira: Age como se a mAxima...
a) da tua ac!5o se devesse tornar, pela tua vontade, em lei un;versal.
b) da tua aceeo se devesse tornar, pela tua vontade, em lei Para si pr6Prio.
c) da tua vontade se devesse tornar em vontade geral e lei universal da Natureza.
d) das nossas aca6es se devesse tornar, Pelas nossas vontades, em leis divinas.
1.5 No quadro da Bio6tica (a Etica da vida), a doaeao dos 6rgios humanos Pode ser considerrda um
a) pecaminoso.
b) solidario.
c) criminoso.
d) irrespons;lvel.
1.6 O valor 6tico da pessoa relaciona-se com...
a) a concepgao cientifica do mundo de cada um.
b) a diversidade de problemas entre os homens.
c) a relagao com o outro como um Tu-como-Eu-
d) o bem-estar, no consumo e na luta Pela sobrevivancia.
73
2. (Eu encontro precisamente as mesmas coisas na m6quina humana, com a diferenea de que
a Natureza sozinhafaztudo nas opera!6es do animal, enquanto o Hornem realiza as suas acedes
na qualidade de agente livre. Um escolhe ou rejeita por instinto, e o ourro, por acto de liber-
dade.f..]ANaturezadirigetudonoanimal,eesteobedece.OHomemsentearnesmaimpressio,
mas 6 livre de concordar ou resistir) (Rousseau)
2.1 No texto de Rousseau compara-se o comportamento animal e o agir humano. O que os
distingue?
2.2 O Homem realiza movimentos e gestos e tem comportamentos que n:o podem ser
considerados aca6es pr6pria e especificamente humanas. Justifica-
2.2.1 Quais sao as exig6ncias e os requisiros da ac9ao humana?
3. Sio apresentados enunciados, embora ficticios, de (ac!6es). lndica qual deles traduz actos
do Homem e qual deles traduz actos humanos.
a) (Um jipe transportando soldados da "coliga(eo" accionou uma mina oculta numadas estradas
do lraque. l.4orreram tr6s soldados e cinco ficaram gravemente feridos. 56 o condutor
escaPou ileso.)
b) <Navegando num pequeno barcoavela no lago Niassa.luma6 arrastado para longe da praia
por uma stbita e tremenda venrania.)
c) (Durante a rea{izagio de um teste de Filosofla, l'lataka foi apanhado em flagrante a copiar_
Como consequencia. o professor atribuiu-lhe nota zero.)
5. (Uma pessoa com tendAncias exibicionistas oferece-se espontaneamente para guiar um grupo
de turistas ar6 ao cume de uma montanha ingreme e acidentada- Nao tendo expe-
ri6ncia como alpinista nem conhecendo suficientemenle o terreno, essa pessoa provoca um
acidente 8rave.)
5.1 Podemos atribuir-lhe a responsabilidade por esse acidentea Justifica a rua resposta.
5.2 Compara este caso com o de um individuo que, num acesso de loucura. comete um
homicidio.
74
.":-'---
aaaaaaaaaaaa
![ No95es briLsicas
O facto do conhecimento 6 dos mais banais, mas 6, ao mesmo tempo, dos mais milte
riosos, Nds conhecernos muito antes de saber o clue a conhecel. E mes o Inuitos homens,
e at€ instruidos, acunrulam duralrte toda a slla \.ida inumcriveis conhccinlcntos se]n nunca
Conhecer, em sertjdo restrito, apenas aplicavel aos seres humanos, pode ser entendido como
a construlao de representaloes mentais que o sujcito organiza ao longo da vida na sua relalao
conr a realidade, qrJer interior (pensar, sentir), quer corn o munLlo exterior (mundo dos objectos
fisicos). 6 csta a perspectiva que seguiremos nestas pAgiDas.
Conceito e realidade
Para que possamos estudar o quc 6 conhecer e o conhecimento, 6 importante que estudemos
o conceito e aprofundemos o que se €ntendc por realiLiade, Afllmiimos anteliormente que
conheccr 6 construh lepresentaloes mentais acerca da realidade. O conceito a o tenno que
designa o que se constr6i na nossa mente quando dizemos que conhecemos ou sabemos algo.
Quando em lilosofia se fala de conceito, isto significa que se refere d ideia sobre al8uma coisa,
ideia entendida como a forma abstracta de alguma realidade. Poltanto, o conceito a a imJgem
que o nosso entendimento ret6m de um objecto conhecido. Por exemplo, quando dizem, 's que
conhecemos umamesa, isso quer di zer quc na nossa lnente existe o conceito mesa, que 6 abstracto
e universal, ou seja, refere-se a uma e a todas as nesas que conheccrnos. O conceito mesa a a
ideia mental que temos na nossa corscitncia c que re(rne o coniunto de conhecinlentos que
possuimos aaerca de todas as mesas que ii vimos (mcsas alc madeira, de Plittico, dc fcrro c outras,
rncsas dc cozinha, ale sala, de escrit6rio, mesas com duas, quatro, oito ou mais I
quadradas, rcdo das, re.tangulares, etc,) e que os conLlcrs:r e sinteliza nrLma ideia/
/lmagem que 6 o conccito.
Por outro lado, a realidade € o elenrent() aprccldido, cuja inagem lla nossa rnente se cllarta
rolccito. Por isso, o conceito representa a realidade na nossa ncntc dc rna f()rma ab\tracta.
A realidadc a o que hA, ou seja, tudo aquilo que pode ser con heciclo e .epreseotado por no\. quer
se trate de uma realidade lisica, mcntal ()u virtual.
Elementos do conhecimento
No acto do corllecimento estao envolvidos dois elementos fuDdamentais: o suieito que conhece
eo obje.to quc a colrhccido. (l conhecimento 6 o Iruto da correlaqao destes elementos. Nesta
rela(ao, o suieito tem um papel aclivo na acqao Lle recolha de informaq,o e saber acerca do
objecto. O sujeito humano tem capacidades cogniiivas quc the pcrmitcm invcstigar a parte da
rcalidade a Llue chaira objecto. O objecto, por sua vez, 6 tudo aquib cl[e pode ser percebido pelo
sujeib (coisa matcrial on irnaterial, acqao, acontecimento, processo) e que pode ser analisado e
explicado. Uma ideia, unl \entimcnto, uma tcolia, uma aclio, urna doenca, unla quantidadc,
uma co ta aritnl€tica, uma teoria, uma cultura, e a 1116 Hist(iria sao exemplos da variedade do
que podc scr c.rrrhccido e designado por objecto.
Faculdades de conhecimento
A mais simples lbrma de conhecimento que o \er humano possui que lhe pennite percepcrnn-r.
()mu do e a realialade 6 a sensa(ao. Os sentidos permitem lhe, alrav6s das sensaloes ou expel-
iencias scnsiveis, cxpcrimentar o mundo, retirar informaedes acerca do que o rodeia atra\'€s da
visao, do tacto, da audiEio, etc. lbdas cssas expcriancias sAo, eltao, tratadas, aniLli\ada\ c organi
zadas racionalilente (quer de uma fbrma consciente, quer inconscierlte) e 6 a esse trabalho de
seleceao e organizaEao e enqradramcrrto dar iossas sensaq6es que chamamor pcrcepqao do
mundo ou da realidade.
i
eo' . r. I r,r.ri i. F.t)
Epreciso entender que :ls sensaqdes sao apcna\ um primeiro contacto directo com a realidade
e que nio permitcn ao ser humano captar a realidade tal qral ela 6,4 prcciso ler em carlrta,
contra o sabcl comum e ing€11uo, que as seosa(des nao sio uma c6pia passiva e exacta daquilo
que captam. As nossas sensaq6cs nAo sao m6quinas fotoi{r;ticas que captam .6pias da realidade.
As scnsatdes e a percepqAo rio construidas pelo pr(-)prio ser hunlano na mente, ou seja, o suieito
nao 6 um receptor pa\sivo do mundo- Sao virios os factores quc podem influcnciar e moldar
essa percepqao: aspectos internos c biol6gicos como o can\a!o, a fome, a scde e o sono, por
exempb, ou ainda internos c psicolcigicos, como o rncdo, a motivalaoi as cxpectativasi aspcctos
cxternos colno o irovimento, a
intensidade, o contraste dos esti
mulos, ctc; e, por dltimo, os factores
cultrrais (o meio em Lluc o suieito
vive, a sua educalao, o scr ambiente
social, a sua familia, etc.)
Cada ser hunano petcepciona
a Iealidade marcado pelas suas
pr6prias condicionaates culturais,
psicol6gicas, hiol6gjcas, fisicas,
alectivas, etc. Hlina mentede cada
ser hurnano, sem que cada um de
n6s 5e dOconta disso, um fi ltro que
condiciona a percepCao domundo
e que faz com que existam tartas :.... rrG. 2 Cada se. huma.o p.r.epciona a rcali.tade marcado pclas
visdcs clo mundo quarrtos seres n,a\prapriascondicn raniesrulturais, psicol6Blcas, bio16gicas, fisi.ns,
Iexto ,
A realidade extcrior
O nosso conhecincnto b6sico do lnundo exterlor chella-nos atrlv6s dos cinco sentidos:
visao, audicAo, tacto, ollacto e gosto- Para quase toda a gente, a viseo descmPenha o papcl
principal. Sci que 6 o nlun.lo cxterior porque posso ve lo. Se dLlvido da existencia real clo
que vejo, posso, enl gcrirl, estender o btaqo c tocar lhe para ter a cclteza. Sei que ienho uma
mosca na sopa porque posso vC-la c, se chegar a tanto, posso tocar lhe e ata pro\.5,la. Mas
qual € exactamente a relaq:io cntre o que pellso vcr c o que estS de facto a mhha frente?
lroderei alguma vez tcr a certeza acerca do quc existe no mundo cxterior? podcrcj eu estar
a sonhar? Os objectos conliDuam a existir quando Dingudm os cst,r a obseNar? l erei algunla
vez experitncia directa do mundo exterior? Todas estas quest6es sao accrca de saber como
adqdrimos conhecimellto das nossas imed iaq6cs; pertencem ao ramo da Filosofla conhecida
p.r l(or',r do , o|1..( i'n. 'rru nu epi\lemul.gir.
[.,.] O realisno do senso coirum a a positao assuilriLla pcla maior partc alas pessoas que
nao estudararn Fi1osofla. ALlmite a existencia Llc ()bjectos fisicos - casas, drvores, carros,
sardinhas, colheres Llech6, bolas defutcbol, corpos humanos, li\T( )5 de Filosofia, etc. acerca
dos quais podernos ter con hccimento di recto atrav6s dos nossoscinco sentidos. Istes obiectos
filicos continuarn a existir qr.rer os esteiamo\ d perLepLrondr quer nd'. ALirn dls\o, estcs
objcctos sao mais ou rnenos como llos Pareccnr ser: as sardinllas sao de facto clnzenlas e
as bolas de futebol sao de facto esf6ricas. Isto 6 assiln porquc os nossos 6r8aos dos sentidos
- os olhos, os ouvidos, a lingua, a pele c o nariz sio, em 8eral, fidedignos; dao'nos uma
apreciaeao realista do que erti realn1ente lA fora
J...1O argumento.la ilusao 6 um alsumerlto c6ptico que questioDa a fiabilidade dos
sentidos, ameaEando assim enfraquccel o realismo de sento comuln. Habituallnente,
co fiamos nos nossos sentidos, n1as, porvczes, eles engarum_nos, Por cxel}rplo, lluase toda
a gentc ja teve a experiC cia embnraqosa de parccer reconhccerum amiso ii distancia, para
descobrir depois que estanros a acenar a um desconhecido. Uma vara direita parcialnrente
imersa em igua pode parccer curva; uma Inaea pode ter um sabor amargo se acibanros de
comer qualquer coisa rnuito doce; \,ista dc celto argulo, uma moeda redooda pode Parcccr
ovai; os carris do conlboio parccem convergir a distanciai o tempo quentc pode fazer que
a estrada pareea tremeluzir; o mesmo vestido pode parecel carlnesiln na penumhra e
escarlate a luz do sol; a Lua Palece tarto maior qr.1anto mais baixa esta no horlzonte. Estas
ilusa)cs sensoliais, e outlas anelogas, mostram que os sentidos nao sao semPrc completa
mente lidcdignos: parece pouco provivel qr.1e o rnundo exterior seia exactamentc conlo
parece ser.
i...] ver algo nao 6 apenas terulna imasem na nossa rctina. Ou, como dcfendeu o lil6sofo
N. R. Hanson (192,1-1967), .a visao envolve rnais coisas clo que o globo ocular'. O nosso
conhecirnento e as r()ssas expectativas do qrre ircmos provavclmente ver afectam o que
vemos de facto. Por exemplo, quando eu olho para os fios de uma certral telef6njc,r, \ Ljo
apcnas um emaranhado ca6ti.o de f,os coloridos; um engcnheiro de telecornunica!6e5, ro
olhar para a mesma coisa, veria padr6es de concxdes e outras coisas O pano de fundo das
crerleas do engenileiro de tclccomu nicaq6cs afecta o que ele efectivarnente ve. O eDgenhciro
e eu nao temos a [lesrna experitnca visual que depois intcrpretamos de forrna diferente:
a expcri€ncia vislral [...] nao pode separar se das nossas crcnQas acerca do que estamos
I. Tendo em conta o que aprendeste sobre o conceito e a PercePgao, que comentario fazes ao
texto ll
2. Comenta a seguinte frase do texto:
([...,l a experie n cia visual [...] ndo pode separar-se das nossas creneas acerca do que estamos
le.fi. J. a..l!.;ier,.
Abordagem cientifica
Perspectiva filogen6tica
l. Com base no texto anterior e nos conhecimentos adquiridos em Hist6ria nas classes
anteriores, encontra raz6es que iustifiquem a seguinte aflrmagao:
(O processo de hominizagao 6 resultante da inter-relaeao p6-mao-c6rebro.)
l..r , .. a:.i:.::..,- ,.
Perspectiva ontogen6tica
As dedni(aes de llessoa, na perspectiva moderna, que vimos rm u[ia]adc didictica anterior,
sublinhavam o cariicter necessariamente inte}relacional da pessoa human.r. Vale dizer que o
relacionamcnto intc4)cssoal i constitutivo da fess()a hurnana. ai)m isto oao quelemo\ Jqr.r i
rct(nnar aqucle .lssunlo, mas tao somente estabelecer a rela(ao entre a constitui(iio da Pcss()a c a
perspectiva ontogen6tica, Aperspectiva onto8en6tica (esta palavra temorigcln cm <ortoj, palavra
gresa, que significa <ser,, c <garrcsc, cstuda
o conhccinlcnto na perspectiva individual,
partindo da aniilise das estruturas cogrlitivas
do ser hurrano desLle o na lcilnerto ata ao sen
plcno c complcto dcsenvolvimenb.
flsta perspecliv;r definde que na g6nese e
desenvol\.imento das capacidades cognitivas
Jd, r:.r' \ r lrd Ln re r.or.r'n.r'.o".",\\d iJ
entre o irldividuo e o mcio- lsta perspecti.,a
foi deseDvolvida pela Psicologia Gen6tica,
ramo Lla Psicol.rgia fundado pcl() famo\o
psic(-)logo ,iuiqo Jean Piaget (1896 1980) e
dclende que o individuo passa por virias
ctapasde deseovolvimento aolon8o da vida.
I sua teoria deitou porterra a antiga ideia Llc
que a intcligancia da cri:rnEa era igual a do
adulto.
l-rdEFl der.lor.lru, 'l .e d '1r.1rSir. i., ,
anterior ao Icnsarncnto € que este se desen
\ olve emetapas que sao fruto de uma graduai
Estidios DescflE;o
a5tid o ieiso.i.,rroio' A.riiqa alf:!a! ae irma nter..t;o fi:..:.om o seL meo...nsi'n
idos 0 .-os I an.sl !.. .onl!nt., de (eiq!em:1de a..:o) q!e he Pern'reNr .orrp.eerile'
:L rea daCe e a fo.ma.oio esla I!i.cna. De,ien'. !e o.or.e to
d p o b-
.oordciaaos c a.apau d. iaze mir!6e5
Esrid. p_e o)eraloro A cranqa e.omp€1cilc ao .ine d. peFsam.fto .cprc:cri.'t!o n.s n;o
P d o ' "'
pen!rmenio. Ser.lc ego.6ltr.. e ..m u-n rensanrenio r.io n:!erile
a.. anqa resre e!t;.1 o nlio 6 r.ia .ap.z. pcr exen'r o de.pree rder
o ri.re o e iL.tliLnr drLle.
Ijtid o dtrs operalaer
.r.on.ePt!tr/rl. ando (es:rLrrLr-.1j rrg.a)) Para i1exp;.!rq:lo d'L-
L Por que razio a hereditariedade nao pode expiicar o conhecimento de forma isolada?
3. Dos quatro factores re{eridos, qual deles 6 o mais importante, de acordo com o autorl
Porqu6?
pelo dos outros seres humanos, moLlelado pelo seu grupo de pertellqa, isto 6, o conhe.inrento
do individuo a condiclonado pelo incollsciente colectivo.
Abordagem filosofica
2 Os dois termos da relaqio nao podem ser sepalados dela sem deixar de ser suieito e
objecto. O sujcito nao 6 sujeito senao cm relaqao a um objccto e o oblecto n5o 6 objeclo
senao ern reheao a um srjeito. Cada um delcs 6 o que 6 em relagao ao outro. [-.-]. ,q. sua
relaqao a urrra correlaqao.
3 A relaq:io constiiutiva dopensamcnto 6 dr.lpla, mas nlo 6 revelsivel- O facto de desenl-
penhar o papel de sujcito relatiyamente a um objecto 6 diterenic do facto de desempenhar
o papcl de objecto relativamcntc a um sujeito. No intedor da correlalao, suleito e objecto
nao sao, pois, pcrmut6\'-eisj a sua funqao 6 essencialnlentc difereDte- [...]
4 - A funeao do sujcito consiste em aprecndel o objecb; a do objecto em poder ser
aprecndida pelo sujeito e em st-lo efectivamente.
Te..i..l. C.nle.im..r.
5 G)n\icterada do lalio do sujeito, esta apreensao pode ser descrita como uma saida do
sujeiio para f()ra da sua pr6pda esfera e como uma incursao na esl'era do objecto, a qual 6,
para o sujeito, transcendente ehctcrog6nea. O suieito apreende as determinaqoes do objecto
e, ao apreend6-las, introdu las, fa las entrar na sua pr6pria esfera.
6 O sujcito nao pode apreender as propriedades do obiecto scnao fora dc si mcsmo, p.is
a oposilao do rujeib e do objccto ao desaparece na uniao que o acto de conhecimerto
estabelece entre eles; pennauece indestrutivel. A consciCncia dessa oposiQAo 6 um aspecto
csscncial da consci€ncia do objecto. O objecto? mesmo quando a apreendidor permanece,
para o sujeito, algo cle extcrior; a sempre o obiectur , qtler dizer, o que esta diante de.
O sujeito nao pode captar o objecto sern sair dc si (scm se transcenLlel); mas n:io pode ter
consci€ cia do que 6 apreendido sen1 entaarein si, sem sc rccrcontrar na sua pr(-)pda csfcra.
() conhccimcnto realiza-se, por assim dizet efl tres tempos: o sujeito sai de si, estil tbra de
si e regrelsa finalmcntc a si.
7 O lacto de o suieito sair cle si para aprccndcr o objecto nao muda nada neste. O obiecto
nio se torna, porisso, imanente, As caracteristicas do objecto, se bcm quc5cjam apreendidas
e con1o que introduzida! na elfcla do sujeito, nao sao, contudo, deslocadas, Apreender o
objecto nao si€ini{ica fazo lo entrar no sLrjeito, mas \im reproduzir neste as detcrmirrJlnrs
do objccto numa const qao que terA um conteiido id€ntico ao do objecto. O objecto nao
6 modilicado peb sujcito, nlas sim o suieito pelo objecto. Apenas no sujeito alguma corsa
se transformou pelo acto clo conhccimcnto. No objecto nada de novo foi criado; mas no
sujeito nasce a consclencia do objecto com o seu conteirdo, a imagcnl do objecto-
Dc forma resunriLla, este texto diz que o conhecimento 6 fruto do relacionanento entre o
ruieito cognosccntc ou que conhecc c o oblecto conhecido. O sujeito nao € suieito de conheci-
mento lbra do objecto de conhecimento. De igual modo, urn objecto ao pode scr objecto dc
conhecimento sem a presenla de um sLlieilo que o conhecc.
No acto do corlhecimento, o sujeito sai de sl, transcende a si mesmo ao encontro do objecto.
O objecto, por sua vez, transcencle a !i rnesmo ao encontro do sujeito, ou seja, as sua\ |roprie-
dades ou caracteristicas, ta mb6m conhecidas por atrib utos, vao ao encortro do sujeito cognoscente.
O sujcito capta as prol)ricdades do objecto e volta:i sua esfera, com a irnagem do objecto, que
re!€m no seu entendimento ou mente (mernoriza irs caractcristicas do obicctd. Portanto, o tuleito
vive tr€s momentos distintos no acto do conhecimento: sai fora dc si, 6ca tbra de si e volta para
si, com as caracteristicas do objecto.
u Lo,r1e(ime_,u r(\ull.r Jc\lrirlr-J,!a,'Jla.J.i'cl,r-l(rlu\do,orrh'Lin'nl,'.In'c\\\J'in
recordar que este movimento do sujeito e do objecto € apenar uma descriEao. Na realidade, isto
acontece nurn abrir e fechar de olhos. Por isso, ern nenhum mornento poderemos identiflcar a
lase de o sujeito sajr de si, estar tbra e voltar para a sua csfera. Tudo acontccc ao mesrno tempo.
. Os elementos do conhecimento sao o suieito e o objecto.
. O problema de como n6s aPrendemos queencarao conhe'imento
6 debatido Pelafilog6nese'
como parte das consequencias da evolugao; Pela ontog6nese, que alia o conhecimento ao
ambiente em que a crianca cresce; Pela Sociologia do Conhecimento' que defende que o
conhecimento tamb6m 6 resultado do que se aPrende com o SruPo de Pertenga e Pelas
condie6es econ6micas; pela fenomenologia, que exPlica o movimento seguido Pela mente
humana no acto do conhecimento.
Texto 3
A descri{ao fenonenol6Sica nao resolve os problemas do conhecimento
Poderia pensar-se que a missao da tco do conhecimenio sc cumpre, rlo essc cial, com a
a
Texto 4
Os problemas da dicotomia suicito-obiecto
Vimos ji que o conhecimento signiilca uma lelaE:x) e]ltre trm tujcito e um obiccto que
entram, porassim dizer, cm cont acto m(lt uo; o snieito aprccnde o objecto. O que em prim"iro
lugar se deve perguntar 6 !c csta concePq:io da contciencja natural6 correcta, se real'nenie
te lugar este contacto entre o suielto e o obiecto. Pode o s[ieito ap]eender realmente o
obiecto? llsia 6 a questao da polsibilidade clo conhecirncnto humano.
lleparamo nos com outro problema quando consideramos Lle pelto a estrutura do sujeito
coslroscente. Ilsia a uma estrutura dualilta- O Homc 6 um str espiritual e lcnsivel' Por
.orrseguj!rtc, distiusLrimos o conhecimento cspiritual do conhecimcnto seosivel r\ forte
do primeiro 6 a razao; a do riltimo, a cxperi€ncia. Pergunta_se de que f()ntc tira principal-
mente os selrs conteridos a consciencia cognoscen!c. E a razio ou i a experien(]ia a fonte e
a base do conhcciirento hr.lnlano? Esta € a questao da origcnl do conhccimellto
88
'---.--.--.
le. 1..1. Co.i..ireii.
Aiingimos o problema centrai Lia tcoria do conhecimento quando nos fixamos na leiaqAo
com uma detelninaEao do sujcito pelo obiecto. Por6m, pode tambim perguntar-se se csta
concepqao da consci€ncia ratural € correcta. N-umerosos e importantes fi16sofos dc6nirao
esta rela(ao precisarnente no seotido cotltrdrio. Scgundo eles, a verdadeira situalao, com
efcito, 6 justamente irlversa: nao 6 o objecto que determina o sujcito [...1. A conscrenria
cosnoscente nao se posiciona receptivamente em presenla do scrr obiecto, nras sirn acti\.a
e espontaneamentc. Pode perguntar,se, por, qual das duas interpretacdes do fendmeno do
conhccim€nto 6 justa. Poderemos designar, resumidamente, este prot)lema como a questao
da essoncia do colhecimento humano, Um (lltimo problerna entrou no nosso campo de
observalao ro final da descrilao fenomenol6gica: aquestao do crit6rio Llc vcrdade. l..l Qlral
o crit6rio que nos diz, concretamente, sc um corthecjmento 6 ou nao verdadeiro?
J. Hessc , Teoria.la Ca he.ntetta.
l. O que querdizera expressSo (no acto do conhecimento o sujeito 6 determinado pelo objecto),
que encontras no texto 4?
Dogmatismo
O dogmatismo 6 uma doutdna ou corrente fi1os6fica que adnlite a possibilidade da mcnte
humana conhecer conr plena certeza as coisas;E uma resposta positiva A questao da possibilidade
ou nao de o Homem conhecer as coisas; I a atilude de todo aquelc que crC que o Homem terD
meios para atingir a verdade absoluta.
Irara o doSm6tico, existcm crit€rios que permiiem ao Homem distinguir o \.erdadeiro clo falso,
o certo do duvidoso. Por isso, a percepqao de qualquer objecto leva o dogm6tico a crer, corn toLla
a naturalidade, na exist€ncia do mesrno, nao adn tindo a posslbilidade de que o conhecirncnto
de ta1 obiecto possa ser l:rosto em causa-
A palavra .LlLrgnlatismo" pro\'-€m de uma outra: <&)grna,. Dogma uma \ erdaLle indiscutirel.
6
delendida, rnuitas vczcs, pelas religioes. Ior exempk), 6 Llogma cntrc o! cristaos .atiri.os quc
Maria dell A luz o rncniro.lesus, por6m L,ermane.eu vrrHLm. E umJ \L JdL qrLL naL() sc podc
discLltir, 6 dogma. Ao contriirio do ccpticisnlo (ver nlais adiante), o dogrnatismo Dao se con lronta
admile rneramcntc a possibilidade do conhecimento, considelando-o
carm a dirvida, pois este
como unr dado adquirido, como alSo qlre l1em sequer a posto crn quc\taL().
De certa foflna, podemor considcrar o LloS[ratinno como a al itude habjtual do homem comum.
Irois o que E not6rio entre os hornens, lace:] px)blcmitica do conheciirento, 6 o facto de nAo
rlos questiorarmos s()l)rc o valor Llo conhecimerlto e, aincla, naL() nmoscmcausaan(rssacapa-
cidade para estabelecer a verdadc cn1 dctcrminaLlas Areas, nao procuramos indagar da possibilidade
Lla rcla(ao coSrlitiva suieito obiecto, alsim como .ios fu1ldamelltos dessa relalao cognitiva.
lsta atitudc i pr6pria do senso col]1om, \,jsto clue cstc tolna o corrhccimc to \ulgai c banal,
sLlperllcial e acritic(), a exisiGncia do Lrbiecto em si, corno algo rcal e inqueslionivcl.'li)davia,
]1em todos os dogmAtico\ pcnsam da rllesrr-ra lbrnra: uns sao intransiSentes nas suJ\ fnsi(aes,
outros sao moderados quanto:L possihilidadc Lla mcnte humana conhecer ou nao Js colsJs.
Assi,n, podenos falar dc csl)acies ou lbrmas do dogrnatisnn): o cslx)nianco c o criti, rr
a) Dogmatismo espontaneo
llste supae quc o Honcrn conhece os objectos tal qual s:io c quc cntlc o conhc.inr.nnr r n
realidade hi um perfeit() ac()rdo. O dogmatismo espontareo € Lrma aliiude humana e psicol6ijica
dc quern deposlta p1el1a conflanta nos dad()i do! sentidos; atitude de quem iuiSa conhecer as
coisas como clas s:io, a uma crenqa qrre, como tal, nar() pcrmitc rcflcx:io or.r critica seLlucr soblc
a existencia das coisas, a paltir ak) nLomento em que o espirilo as cogila (pen5a). Para o dogma
tismo espolrtel1eo, qLle 6 a posilao inganua do lcllso ao[1uIn, pe]rsar o contrerio signillcaria
coL()car cm dirvi.la a verdade cientilica, porque pocle.:lar'-\c o caso dc aquib que sc cre ler falso.
Ai cairiam laxlar a! verdadcs cicntifrcas como se de ulna casa construi(1a no areal 5e tratasse.
b) Dogmatismo critico
O dogmatismo critico ou mo.lcrado surgecorn S6crates,
quanalo os soiistas assLrmem unla losi!^ao captica acerca
do !,alor Llo conhecinlento. Sdcrates, utilizando primciro
r d..\:d,. .11,. r, r r.rr'err o rle,F\\ rrio e
pri\,io no processo do conhecimento verLladciro, \'ai chegar
) conclus:io de quc 6 possivel conhecer veldadejramentc
determiradas realidaLlcs. il notanio que este doSmatlsnlo
coloaa oconhecimerlto intelectLlal acimadoco11ltL'ciirento
sensivcl, uma vez Llue este apenas nos d:l a conheccr as
manifesta!6er da realidadc, nla ifestaq6es essa s que muda nr
contirlu a nlente com o passa r do tempo, ao passo Llue aquele
outr'(), o irrtalectual ou racional, de nos a conheccr a
essencia oLl nalureza intirnada rcalidaLle. Esta ess€ncia or.r
nd dd re.l oddF p rntr J.r l,'r i.\,, 'rr.
(:onhe.lmenlo 6 ahsoluto. 5 Rerraro de Rena l)€s(artes (ltr,19).
l!!i. i. C.rr,e. r!.:o
Desde Lluc recorheci que eristc um Deus, ao mcsmo ternpo comprcendi tambcnr que
tudo o resto dependc dele e que ele n5o a enganador, e dai conclui que tudo aquilo qre
concebo clara c dislintamente 6 nccessariamente verLladeiro, mesmo Lluc nao aterlte nais
nas 1az6cs pelas quais julguci que isso era verLladciro, mas apenas me recorde de o tcl visto
clara c distintamente- Por conseguinte, n:io se pocie alegat em col1tririo, nelrhurna razao
qrre me levea duvidar, inas tenho disso ciiincia verdad eira e certa_ Ci€Dcia certa e verdad eira
nao apenas disso, mas tamb6rn dc todas as outras coisas que me rccordo cle alguma vcz ter
demonstrado, como as de Gcomelria esemelha tes. Fntao, o que se me pode objeciaragora?
Talvez que sou feito de tal modo que muitas vezes me enga )? t!{as ja sei quc nao me posso
enganar naquik) que concebo com evid€ncia I...1 E assim vejo perfeitamente que certcza e
\-erdade de toda a ciencia alcpcndem udcament€ do conhecimento do DeLls verdadeiro, a
tal ponto que, antes dc () conhecer, eu rre()poderia saber iada, dc modoperfeib, deqlralqucr
outracoisa. Poram, agorapodern ser pe rle itamente conhecicias e certas, para mim? inumeras
coisas, qucr do pr6prlo Deus c das outras coisas, quer tamb6m de toda a natuleza corporea
que 6 o ()biecto da Matem:itica pura.
Rena Descarrcs, Mrritad.s eb? d Filosolla 1\incnn.
Texto 5
O conhccimento dogmatico
Lntendemos por dogmatismo a posilao epistemol6gica para a qual nao existe ainda o
problema do conhecimento. O dognlatisnrc pressup6e a possibllidade do contacto entre o
sujeito c o objecto. E para ele evidente que o suieito, a conscitncia cognosccntc, aprccndc
o objecto. 'lil posiE?io assenta nunla conflanqa na razao hurnana, que ainda nao est6
enfraqrieclda pela divida. [,ste lacto de o c()nhecimento nao constltuir um problema para
o doilrnatismo asseDta nr.lma conceptao delicienteda essancia do conhecimento. O contacto
entre o sujeito c o ol)jccto nao pode parecer problemetico a quem nio veja que o .onheci-
mento lepresenta uma relaq:io. !, isto 6 o qlre acontece com o dogmatico. Nao vC que o
conhecimento 6 essenciahnente uma rela\^:io crrtre um sujeito e um objecto. Cr6, pelo
contrario, quc os obicctos do conhecimentonos sao doados absolutamente ena()mcramcnte
por obra da funlao intermediilia do conhecinrento. O dogmatico nao ve esta fun(ao. I
isto passa-se llao s6 no terreno da percepqao, nlas tamb6rn no pensamento.
l. Hcsscn, teorid do (:o hecittento.
Cepticismo
O cepticismo 6 uma doutrina ou corrente filos6fica que considera a mente humana incipaz
de atingir qualqucr quc seja o conhecimento ou a verdade com certcza absolrta; a uma atitude
negati\.a ou pessimista do Hornern facc a problemdtica da possibilidade da mente atingir um
conhecimento absolutarnente certo ouverdadeiro,
T",,!,r!|,r'-,-
O cepticismo, como doutrina filos6flca, tem as suas raizes nos soiistas G6culo V a. C.), os quais,
ao constatarem as contraciiq6es Llos fi1a)n)fos antcdores, concluiranl, de forma pessimista, quc a
verdade absoluta era inacessivel. A titulo de exrmplo, tcmos a oposi(:io radical cntre o pen\a-
mento Lle Parm6nides e os oLltros eleatas (que neSavarn o movimcnt() c a tran\tbnnaqio das
coisas, considcra do Llue nao passavam de ilusao dos sentido, e o peDsamento de Heraclito de
li,leso, que considerava urna ilusao a permanoncia das coisas, sustentalldo qrie tudo se encontrava
e constante mudanla. A isto, Pirron, um do5 ijrande! expocrrtcs do ccpticismo (s6cu1o IV III
a. (l-), afinna catcgoricamente que IIeo devemos conliar nos sentidos nem na razao, mas duvidar
de tudo e de nada, inclusive da pr6pria divida.
Texto 7
Caracteristicas do cepiicismo
A palavra .cepticism(), deri\.a de .skiPsis", que siSnilica indagalao Im confornridrde
com a orientagao8eral da Fikxofia p6s-aristot6lica, o.epticismo tcrn conro obiecto o alclnlar
Lia felicidade conlo ataraxia, \las, cnquanto o ePicruismoeo estoicismo punilam a condiEao
dil mesma numa doutrina determirtada, o cepticitmo coloca tal condiq:io na cdtica e na
negaqalo dc toda a doutrina detefminada, Iruma indagaEAo que ponha em evidtr,(ir a
inconsis tencia de qu a lquer posiqao teor6tico plAtica, a s con sidcrc a todas igua lmenle l, a 7c\
I
Texto 8
(lepticismo met6dico
Segundo o cepticitmo, o sujeito nio Pode apreender o obiecto. O conhecimcnto, 1}o
sentido cle uma apreensao rcal do objecto, a impossivel Para clc. Portanto, nao devemos
fornrular qualquer juizo, mas sim abster-Iros totalmcnte de iulgar. !.nquanio o dogmatismo
desconhece de certo modo o sLljeilo, o ccpiicismo nao vi o ob]ecto. A sLLa atenEao fixa-se
exclusivamcnte no suieito, na funlao do conhecimenlo, quc ignola completarnente a
signifrcalao do objccto. A sua atengao dlriSe se intciramente aos tack)rcs subjectj\'-os do
conhecimento humano. Observa a fonna como todo o corlhecimento sofre a influellcia da
,...i. co a.:ire. man.
irdole do sujeito e (krs s€us 6rgaos do conhecimerrto, assimcono das circunstancias exte-
riores Olleio, circulo cullural). Desta forma escalra A sra vista o obiecto, quc 6, sem diivida,
necessirio para clue tenha lugar o co[hccimento [...].
O cepticismo met6dico consiste em comeqar por pdr em drivida tudo o que sc apresenta
a conscioncia natural como verdadeiro e certo, para eliminar deste modo todo o lalso e
cheSar a rm saber absokttamente scguro.
l. Hesten. Tcath io (trlllecit (nto_
l. O que € um dogmal
2. Em que dominio especifico surgiu esre termol Enconrras alguma justificaqao para esre factol
Explicita-a.
ll. (Os c6pticos passam o tempo a destruir os dogmas das outras correntes e, em contrapartida,
n:o estabelecem nenhum.) PorquAl
12. Descreve uma situa9ao em que tenhas usado a divida para melhor compreensao da
...'::li':.. .
Texto 9
Pragmatismo
O pragnlatismo 6 u mdtodo frlos6flco frequentemcnte considerado conlo uma t.ori,
da verdade. Iarecc tcr nascido no tr etdP,7)'si.r, C/rr, funLtado por Charles Peirce, w. James
e outros, cm Cambridge, na d6cada de 1870.1.-.1 cada um destes autorcs dcu uma direc!;o
e Llma lbrmula(Ao diferenles a doutrina do praSmatismo.l...l
Segundo lV. Jamcs, poderemos considcrar o pragmatismo colDo uma filosofia do 'icnso
corlurn, corn um mat()do pr6prio, apreg()ando uma teori.I da vcrdade ou do siSnjllcado.
O sen!() cornum constitui uma plataforma dc cquilibrio ra evolu!ar() aia mcnte humana.
.I un1a aquisiqio de antepassados remotissimos, conduzilldo a caminhos fundamcatris de
pcnsar atrav6s de tocia a experioncia" (Jamcl).[...]
Verdadc, para I. Dervey e Schiller, si8nihca o scgti te: .as ideias (que cm ti mesm,'rs s.lo
apeoas parte da nossa experi0ncia) tornam-se l'erdadciras precisamente e na mcdid, cm
que nos ajudam a estabelecer uma relaqlo satisfat6lia corn as outlas partes da nossa exp€-
riOncia". Verdade o nome de Llualquer coi\a que prol'a ser boa no tcntido da cren(a, e boa
6
por delerminadas e assinaliilei,i raz6es. O prasrnatismo ilanilesta se contra a conLep(ao
cstitica da l,erdade 1...l. verdacieiras sao aquelas que poLlem ser assimiladas, validadas,
"lLleias
corrotDraLlas e veri6cadas." (lanres)
Ieor a do Conhecimeiro
Para o pragmatismo, ac6pia da realidade este lon8e de ser essencial ao conceito de verdade:
ressencial € o processo de ser guiado,0ames). Uma coisa 6ritilporque
6 verdadeira everda-
D verg6n.ias
Opin ao pessoal
A origem do conhecimento
Na reflexao acerca da fonte do conhecimento, a questao de partida 6 a scguintc: Qual6 a fonte
que nos da o conhecimento? A sensibilidade (os sentidos, a experiencia) ou a razao do sujeito
(intetecto)?
O conhecimento 6 constituido por ideias (conceitos), juizos e raciocinios- Os juizos e os r.rci-
ocinios sao obtidos a parti das ideias. Por isso, o problema da origem do conhecimento consiste
em determinar como se adquirem as ideias e os primeiros principios que normalizam todo o
conhecimento.
Na tentativa de responder a pergunta sobre a origem do conhecimento, sursiram tr€s teorias
Iundamentais: o empiri$mo, o iacionallsmo e o apriorismo ou intelectualismo.
O surflimento do empirismo e do racionalismo, como colrerltes antag6nicas, justifica-se pelo
facto de, em pimeiro lugar, surgirem em 6reas Seosralicas diferentcs c, em segundo, e princi-
palmente, pcla diverg€ncia das ereas de investigalao: enquanto na Europa continental florescia
a MatemAtica e a Geornetria ciencias meramente especulativas -, na Inglaterra floresciam as
ci€ncias matemAticas e experimentais, a saber: a Botanica, a Quimica, a Astronomia e, a Optica,
a Medicina,.-. lsto fez com que os fll6sofos continentais (Descartes e, Spinoza) exaltassem o
conhecimento abstracto e universal, baseado na razao, enquanto os ingleses seinteressavam por
uma pesquisa de uma teo a de conhecimento e de um m6todo que satisfizessem as exi8incias
das ciencias por eles jnvestigadas.
As ci6ncias experirrcntais pafiem da constataCao de acontecimentos particulares, da expe_
rit[cia de certos facto\ concretos; o seu obiectivo a ir a16m dos factos, mediantc a descoberta de
rclae6es constantes, de leis cstaveis, de modo que tornem possilel a anteciPatao de ouiras axpe_
ri€ncias.
A problemitica cpistemol6gica da Iril()sofia inglesa, sobre a origcm do conhecilnento, consistild
e\sc cialmente em saber como 6 possiYel, partindo da experlencia, de Iactos singulares, elabolal
leis univcrsais, que garantam o rctorno i esfera dos ac()ntcciirentos concretos, das e\PLrianLi.Li
i (lividuais.
O empirismo
As origens do cmpirisiro remontam a Johrl Locke e David
Hume, dois fil6sofbs inglcscs do s6culo XVIII. liata-se de r.1ma
corrente filos6f,ca, quesLrrgiLr na I glatella, quedelendc oprimado
da experi0nciana aquisi(ao doconhecimellto. Para estes autorcs,
(.r he( e^e Jqu t.o .lu( \c r, rr e\pe'ienr rd
Segundojohr Locke, no inicio do processo cognitivo, a mente
]rumana € como uma tAblra rasa ou um papel em branco, orde
nada est6 escrito, e que aerperiCncia preenche dc conhecimento
resultante dos factos vividos- A experi€ncia 6 fonte do processo
cognitivo por dois modos: como sensaqao, atra\'6s da qual
chegam at€ n6s as idcias das coisas exteriorcs, e como reflexAo,
que nos d6 o conhecimento daquilo que se passa dentro de n6s,
l . . FlG. 6 lohn Loche (l6il2-1704).
Da experi€ncia, mediante a sensaeao, originanr-se as ideias
sirnples (eremplo: a ideia dc azul, doce, macio, etc.) e, pela
reflexao, a ideia de perceplao, dLivida, deselo, etc., e todas as
operaedes da mente.
,{s idelas complexas nascem das ideias simplcr, cm virtude
da act;\'idade do sujeito que as rne, separa, analisa € siDtetiza.
Segundo l.ocke, nada, por€m, existe dc diferente oestas idcias
complexas daquilo que caracteriza as ideias simples, ds quais se
podem rcduzir.
David Hume, por sua vezi diz que todos os nossos conhcci_
mcntos se reduzem a imprcss6es ou a ideias (vista de unla ervore
e recordaqao da mesrna) e prctende explicar, a Paltir destes : Iit(; 7 !)ivi.l lhrme rl7tl
coDhecimcntos sirnptes, a formaq:io das ideias complexas, por
1,776).
meio de lejs ou pri cipios que sao chamados "ideias de
O racionalismo
A doLltrina oposta ao empirismo a o racionalismo, quc baseia a orlgem do conhecimento na
razao. Esta doutrina tarnb6 admite virias rnatizes, apresentadas seguidamente.
'1..n.,.1. a..i..rr.r:.
Platonismo
Para Plat,o, asideias sao imitaqa)cs ou somblas dosarqu6tipos (moLlek)s ou essancia, do mundo
das idcias, nrundo puramente inteligivel, constituido por realidades abstractas e un iver\.r r\, que
a alma vai rccor.iarrdo (teoda de reminiscencia).
Segundo Platao, a almir racional viveria no mundo das icleias cm plcnitude dc corrhecimento-
L)cpois foi encerrada num corpo e a rnataria obscureceu todas as ideias, as quais s6 poden ser
despertadas atrav€s dos sentldos. Quando o Homem nascc, jA traz corlsigo as ideias.
Platonismo augustiniano
Santo Agostinho pafie da f,Iosofia plat6nica e explica a origem das ideias da seguinte maneirai
as ideias sao explcssas pela intelig€ncia como provindo dc ti mesma c nio claboradas, corno
dados recebidos atrav6s clos scntidos. Conro surgem, entao, as ideias? Sanb Agostinho tala cie
unla illrrniraqao divina, que seria, juntamcntc com a intellgoncia, causa da SeraEao das ideias.
lnatismo
Descartes foi o expoente rn6ximo do raci()nalisnD, dada sua crenQa inabal6vel no poder da
razao. Irara Dcscartes existe vdrios tipos de ideias: as ideias advcnticiar, provinda\ da expe-
riencia; as ideias facticias, rcsultantcs das aLlventicias (por exemplo, a ideia de Sereia), e, por
tltimo, as ideias inatas, as que sao co'naturais a pr6pria inteligencia, que provonl da rJzJu e, po1
isso, nao estao suieitas a erro. Todos os nossos conhecirncrtos seriam, i)or con seguintc, formados
.i lar. i" d, \\d\ idP:r\ in,rla\ Lrnr(d. e r'lldl\er\
Leibnilz, outro grande Iil6sofo alcmao do s6culo XVIII, admite um inatismo virtual: as ideias
inatas existem no nosso espirito como percepqa)e! jrconscientes que se vao coiscicncializando
progrcssivamente atrav6s da experi€ncia.
O apriorismo ou intelectualismo
lalar do inteiectualismo nio 6 senao falar de Kanl e do seu po\icionamenlo em relaEio ao
problema da origcn do co heciirento, deveras debatido pelo empirismo e pelo racionalismo.
I(ant foi inlluenciado pelo progrcsso cicntifico do seu tempo e o sucesso proveniette do m6todo
utilizado pelas ciencias exactas e nalurilis- Por€m, clc cstava conscie tc da tcntag:io dc comclar
aapiicar o mEtodo das ciCncias indiscriminadamente paraexplicare compreender o ser humano,
pois dessa fbrma osvalores morais c a sua fundamertaqao nletafisica podiam selabsorvidos pclo
mundo do mecanicismo material,
As principais correntes filos6flcas do tempo de Kant foram o racionalismo e o empirismo. Mas
para Kant, o racionalismo Llcfcndia os principios nretafisicos, era desenraizado da e\perierL(iJ
e, portanlo, dogmiitico. O ernpirismo, por sua vcz, cnraizado na expcritrrcia, mas incapz de
levar o Honlenl al6m da experloncia, conduzia o Homem ao cepticisrno. Para I(aDt, o emprrisrno
implica a ncgacao da validadc urriversal e necess:iria do conhecimento cientifico, porque a
experiencia runca 6 universal. Com bare nesta constataeao, Kant irtegra o quc hA dc positivo
no racionalismo e no empirismo e prodr.lz a sua pr6pria teoria filos(ifica. I(ant faz esta integra!5o
atrav6s de uma anllisc critica das tras pli c4)ais operaQdes da razao humana: conheclmento,
vontade e sentimentos (sensa!6es).
Esta an6lise deu oriSenl a tres impor-
tantes obras criticas Llue lnaLcararn o
rnu[do: a ai ili.? ./d ]?i7 zaio I'uro l.sobtt:
o con hecimeni()), (./iri.d ld RnzAo PrAticd
(sobre a yontade) e a Critica do luiza
(soble os scntimentos)
Segundo Kant, iverdade e ao conhe-
cimento s6 se chega atrav6s do luizo.
O juizo a a cornbinagio quc a lcita do
sujeib e do obiecto. Kant distingue
dois tipos de conhecimento: conheci
rnento puroi proveniente da razao, e
conhccimcrto cmpirico, provcnicntc
da experiencia.
Na lntroduqao da Criticn dd Rnzio
Arr.r, Karrt cscrcvc: "todo o conhcci i.. .IiG. 8 Edi!,o originrl da t:ritita in tuza. t'urd.
mento humano colneqa com a
expedCncia, mas a experiCncia nao esgota toalo o nllsso conhecirnento"- Diz aiDda: (Sc io&) o
conhccirncnto sL'iricia com a crperiencia, isso nao prova, poram, quc todo cle deri\.a da
O conhecimento sensivel6 constiluido pela receptividade cio sujeito que sofre certa rnpre\sJo
coiro eles aparecem para o
pela prese[qa do objecto. Este conheciirento represe]rta os objectos
sujeiio. Ibrtanb, o conhccirnento crnpirico 6 sempre subicctivo; por isio, nio se pode
conliar nuito neste tipo de conhecimento, pois depenc{e cle como o sujeito sofre a influoncia do
oblecto.
(J conhccinrcnto prro, taml)am charlado i
teligive], 6 a faculdade quc a nossa razio tem de
representar aqueles aspectos das cojsas que, pela sua pr6pria natureTa, nao poden ser captados
pela sensibilidade. EntAo, o conhecimento inteliSivel6 a faculdade da nossa razao. O conheci-
mento eilpirico ocr4)a-sc conl o coDllecillento dos fen6menos, ou seja, com os objccto\ que se
manifestarn no mundo sensivel, enquanto o conhccimcnto puro ou inteligivel ocupa se com o
nlundo num6nico (mundo do nalmeno), a que pertencem ot objectos ou entidades enquantal
pcnsados, objectos em si (puros).
O conhecimeDto propriamente dito, clue engloba os conhccirncntos provenientes da experi-
Cncia sensivel e da razao, vem dos juizos que estabelecem liga(ao entre sujeito e objecto. lld dois
t\)os prirrcipais dc juizo: analitico e sint6tico. Quando se formula a i[formaqao dc que o
predicado Il pcrtence ao sujeito r\, irata-sc dc um juizo a[a]itico.
Quer dizer: o predicado B estii implicilo em A e
nao acrcsccnta lle hum conhecimento novo nele
ten- \ r'l-1 iJ,,,, dnalrli(,, c ". <\Fli,.rri\,, n r,'
ar.r menta o conhecinlento do sujeito acerca do objecto,
= juizo analitiro
como mostranr or cxcmplos quc se sesuem: unr
rllli'ero e urn loli8ono de Lri\ lJdo, L, (orlu (
cxtcnsivor A esfera a rcdonda.
100
ie.ri..ro C.nh..: renlc
A alinna!5o "O corpo a pesado" 6, por sua \.e2, urn iuizo sintitico, porquc o atributo da
mais informaq6cs sobre o sujeito. Kant fala tambam Llc ruizos sint6ticos a post€rioli traia-
-se de iuizos muito parUculares e coDtingentcs que precisam de uma experiancia particular. Por
cxempb, o juizo <A batata doce da minha machamba 6 alaranlada" a sint6tico dposleliori. Neste
jui7o, o alaranjado 6 um dado rnuito continflente (podia ser de outras variedades, r\ige que se
vd ver se, dc facb, 6 alaraniado).
Os juizos siDt6ticos d pasterioti sl.o irizos concretos, de uma realidade concretal parti.ular.
F.xemplos: O ferro € duro; O alicate do tneu mecanico 6 torto. Lttes juizos dao mait particulati-
dades ao objecto.
Kant diz que para se ter o conhecimcnt() verdadeiro 6 preciso outro t\)o de iurzo, quc \eir
uDiverSal, necessArio e sintdtico (que crie novidade). Kant nAo hesita em alinnar quc os iuizos
queconstituenoconhecimenloYerdadeirosaoossi t6ticosillnrorl.Ojuizo:t+2=56
sint€tico ou seja, esta opera(ao decorrc da experiencia sensil.el, elnpirica da experie Lia,
a p/iorr',
mas fazcmo-b na rnente e pode ser iftlrementado para qua]qLler realidade. Este iuizo 6 sintEtjco
d prioli porque parte da erpcritncia, mas supera talexperi€ncia, podendo ser aplicado a qualquet
realidade. Esta 6 a ci oncia verdadeira e a exlricaqio de Kant ao modo como conhecemos:a partir
da experiencia, elaborarnos juizos sint€ticos d//ioli, universais c necessArios, aplici\,eis a todas
as realidades.
Segundo Kant, o nosso conhecimento prov6m das duas fontes do espirito, das quais a primtira
consiste erl1 rcccbcr as representa!'oes (a rcceptividade das impressoes ou intuiEao) dos objectos
sensivcis e a segunda 6 a capacidade de conhecer utn objccto mediante estas representa!6es
(espontaneidade dos conceitos ou conceitos puros)- Ora, pela primeira, a-nos dado um objccto,
pela seSrnda, a pcnsado eII1 relaqao iqucla representalAo.
Ou scja, in!uieao e conceito constituem os elemerltos dc todo o nosso conhecimento, de tal
modo que nem os corrccitos sem intuiq6es que dc qualquer modo thes corresponda, nem uma
intui(ao sem conccitos podem dar um co hccimento, Ambos sao ou puros ou empiricos_ puros,
quando ncnhuma sensalAo se mistura i representaqao, e ernpiricos, lluando somente a sensa(Jo
(lue pressupoe a presenQa real clo obiecto) estd neles .ontida.
Portanto, entre a scnsibilidade e o eltendimento nenhuma dessas qualidades tem pdrnazia
sobre a outra, ambas sao independentes c complementares, pois, sem a sensibilidaLle, que 6 a
capacidadc do nosso espirito em rcceber reprcsentaC6es (impressdes ou intuig6er, nenhum
obiecto nos seria dado, assim como seln o entcndimeuto, que 6 em contrapartida a capacidade
de prodlrzir reprcsentaEoes ou conceitos, nacla seria pensado. Para dizer que (pensamentos sem
contcid()s sao vazios, e iituiqocs sem conceitos sao cegas,.
O problema da origem do conhecimento 6 debarido pelo empirismo, qLre diz que o conheci-
mento provem da sensibilidade; pelo racionalismo, que diz que a sensalao gera opiniao e defende
a razao como fonte do conhecimento; pelo apriorismo, que defende que o conhecimento verda-
deiro 6 o gerado pelos juizos sint6ticos o pr,ori, que se constroem com base em informagao
proveniente daexperiCncia e da razao;e pelo construtivismo, que defende que o desenvolvimenrc
da intelig6ncia 6 determinado pelas aca6es mttuas entre o individuo e o meio.
102
leori. d. aoiie. neiio
a conhccer e na possibilidade de o Homem tudo conhecer. Esta visio levelou profundas lacunas
no conhecimerlto, conquanto n,o explicava a existencia de seres incognosciveis pelo Homem.
Lste facto lcvou Kant A ilalao dc que nao 6 o sujeito que se adapta aos objectos, no acto de
conhccimento, mas ocontririo. i] esta a chamada revoluEeo copernicanaem I(ant na gnosiologia:
no acto de corrhccimento, os objectos adaptam se e natureza do intelecto huntano. Assim,6 ficil
explicar a existancia de seres incosnosciveis pelo Homem eles nao se adaptam a natureza do
intelccto hurnano e, por isso, o Homem nao os po.le conhecer,
Ao que a experiCncia consegue apreender Kant chamou fen6rneno, e ao mLlndo inatjngivel pela
experioncia clurrou nlimeno (as coisas cm si), como virnos quando analis,mos o problema da
possibilidade do.onhecimento. A revoluqlo copernicana ajudou a descobr Lluc a razao hurnana
encontra n a Natureza aqlriloque ela mesnucoloca,
\(8undo o' e\quemd\ Jd no\\d r,l/ao. A NJture/d
adapta-se aos esquemas da razao humana. Assim,
Kant muda todo o esquema do conhecirnento.
,^ esta novavisao da rela(Ao suieito/objecio chamou-
se revolueAo copernicana na teoria do
coobecimcnto, pot u|dlurid r que ( opetniLo
L,, , qll( Jeterm:nou J l,,rsdRem dJ vi\J,,8(, \en-
trica do mundo para a heliocCntrica. Ou seja,
deixou dc se acreditar que o Sol girava em volta
d.r l''r-a e p,r..o.r ,r d, r, J itJ- \e no,o''rrrriu.
:.. Irl(i. Io sistemd geo.antico.
Realismo
O realismo defende que n6s conhecemos as coisas e nao as ideias sobre elas, O que o Homem
conhece sao as coisas, quer na lorma de universais (as coisas em si, transcendentes em relaeSo
iros particulares - como, para Platao, os u ive1dis dnte rettl isto 6, a universalidade perante as
coisar, quer na iorma imancntc, encontrados nas coisas individuais (como, para Arist6teles, a
Lt ircrsiLlddc it tc, islo 6, a universalidadc nas coisas). O universal 6 uma entidade geral, um
co ceito, unla ideia que 6 comum a todo! os scrcs particulares. Potanto, pala os realistas, o
universal a o e[te que predica todas as coisas, ou seja, constitui o sultentlculo do todo eristcntc.
Sem o universal nao existiriam as coisas particulares,
ldealismo
Para o idealista ingl€s George Berkeley, a dnica existencia dos objectos 6 a ideia que se tern
deles: .existir 6 ser percebido,- As coisas s6 existem como objectos da consci€ncia. A exist€ncia
Lio mundo como realidade coerente e regular cstaria garantida por Deus, mente suprema onde
tudo se produz e ordena. A filosofla idealista de He8e1 (expocntc maximo do idcalismo alcma(,
ird culminar com a allrmalao segundo a qual "todo o real6 ideal e todo o idea16 real,.
Valor do conhecimento
lste debate 6 travado por duas correntes. Uma delas 6 o absolutismo, que a6rmJ nao so a
objectividade do conhecimento, como tamb6m ihe confere um valor absoluto. Portanto, nao
restam dr.ividas sobre o valor do conhecimenlo e nao aprescnta nenhum limitc. Do ottro lado,
temos o relativismo. Este atribui va lor simplesmente relativo ao conhecimento, quer em funEAo
ao sujeito cognoscente, qucr em frnqao do objecto conhecido.
O relativismo tem v6rias subdivis6es, nomeadamentc:
. o relativi$mo scnsorial dos soiistas - segundo ProtaSoras G6culo V a. C.), o Hornem € a
medida de todas as coisas (hoDto me sura), o qtle quer dizer que todo o conhecimento 6 relativo,
isto 6, depende do suieito cognoscente (por cxcmplo, a mesma 6gua pode parecer fria a um
individuo e quente a outro);
. o relativismo positivista- para Augusto Comte, pai do positivismo, nenhum conhecimento
que ultrapassa a experioncja 6 possivel e, por conseguinte, tao pouco poderi ser villido ou
certo, trata-se de um relativismo obiectivo;
. o relativismo pragrnatico - para William James (1843 1910), a validade de uma ideia s6
pode ser veriflcada pelo seu resultado priiiico, isto 6, pela utilidade. Para o pragmatismo, o
Homern foi feito para a aceao. Assim sendo, a verdade s6 pode ser delinida em funeao dessa
mesma aclao, Tudo o que ajuda a agir e produz realmente efeito serA verdadeiro para cada
individuo. Deste nrodo, todas as nossas ideias terao apclas um valor relativo.
A natureza do conhecimento
O que pretende reflectir neste tema 6: O que 6 que conhecemos? Os pr6prios objectos, ou
se
as representaq6es, em n6s, dos mesmos? Lxistem duas corentes attag6nicas que respondern a
esta colossal questao, nomeadamente o realismo e o idealismo.
Realismo
O realismo defcnde que n6s coilhecemos as coisas e rao as idcias sobrc clas. () quc o Homem
conhece sao as coisas, quer na forma de universais (as coisas em si, transcendeDtes ern relatao
aos particulares co[lo, para ]rlatao, os ttiversais Inte retlt, isto 6, a universalidade perante as
coisas), qter na forma imanente, encontrados nas coisas indiviLiuais (como, para Arist6teles, a
miversidnde i,? r?, isto a, a universalldade nas coisas). O universal 6 uma entidade geral, um
conceito, urna ideia qlre 6 comum a todos os seres particulares. Portanto, para os realistas, o
universal6 o ente que predica todas as coisas, ou seja, constitui o sustentdculo do todo existente,
Sem o universal nao existiriam as coisas particulares.
ldealismo
Irara o idealista ingles Ceorge Berkeley, a irnica cxistencia dos objectos 6 a ideia que se tem
deles: .existir 6 scr percebido", As coisas s6 existem corno objectos da conscitncia. A existencia
do mundo como realida.lc coercnte e regular estaria garantida por Deus, rnente suprema oncle
tullo se produz e ordena. A hlosofia idealista dc Hegel (expoente m6ximo do idealismo alemao)
ira culminar com a afirma(5o segundo a qual .todo o rcal6 ideal e todo o ideal 6 real,,.
Valor do conhecimento
pol duas correntes. Uma delas € o alrsolutismo, quc afirnra n:Lo \o r
!,ste debate a travado
objectividade do conhecimento, como tamb6m lhe confere um valor absoluto. Portanto, nao
restam dividas sobre o valor do conhecimento c nao apresenta nenhum limite. Do outro lado,
temos o relativlsrrlo. Este atribui valor simplesmente rciativo ao conhecimento, quer em funQao
ao sujeito cotnoscente, quer ern funqao do objecto conhecido.
O relativisno tem verias subdivis6es, nomcadarnente:
. o relativismo sensorial dos sofistas seSunclo Protigoras (s6cu1o V a. C.), o llonrem 6 a
medida de todasas coisa!,(honfimens ra), a q! e quer dizer que todo o con heci mento 6 relativo,
isto 6, depende do sujeito cognosccntc (por exemplo, a mesma dgua pode parecer fria a um
individuo e quente a outro);
. o relativismo posltlvlsta - para Augusto Conte, pai do positivismo, ncnhum conhecimcnto
que ultrapassa a experiencia 6 possivcl e, por conseguinte, tao pouco poder6 ser valido ou
relativismo obiectivo;
ccrto, trata-se de um
. o relativismo piagmettco - para William James (184:l-1910), a validade de uma idcia sa)
pode ser veriiicada pelo seu resultado pritico, isto 6, pela utilidade. Para o pragmatismo, o
Homcm foi feito para a ac(5o. Assim sendo, a vercladc s6 pode ser deflnida em funQao dessa
mesma aclao, Tudo o que ajuda a agir e produz realmente efeito sera verdadeiro para cada
i diviLluo. Deste modo, todas as nossas ideias tcrao apenas um valor relativo,
'i.. r 1,, r'..;...,,ri,r.
2. O que signiflca dizer que o Homem encontra na Natureza o que ele proprio coloca?
Senso comum
'lhmb6m chamado conhecimenb popular, € o que resulta da experiCocia quoti.liana do ser
humano e caracteliza se por seri superlicial, sensitivo, sub]ectivo, assistemetico e acritico.
E o tipo de conhecimento popular que se adquire fora dos mecaiismos \istcmatizados, como,
por excnrplo, o conhccimcnto quc os camponcrc\ tam sotrrc a apoca de sementeira, selD terem
aprendido na escola.
Conhecimenro cientifi co
O que 6 a ciCncia? Qual 6 o objectivo da ciencia? O que possibilita a existCncia da ciincia?
Lrn Seral, a ciCncia 6 entendiala como uma orsanizaCAo de conhecimentos l] dc resultaclos que
sio a.citcs rnivcrsal mcntc, virto que podem serv€rificados, e p(n'se tratar de urn conhecimento
submetido a m6todos.
A cianaia 6 o conjunto de conhecimentos socialmente adquiddos ou produzidos, historica
mente lcumulados, .lota.los cle universaliciade e oLrjecli\.idacie, que permitem a sua transDlis5io,
e estruturados com m6todos, teorias e linguagens pr6pdas, que visam complee[dcr c p()\si!el
rncnte, oricntar a Naturczir e as actividaLlcs humana\. ltnl as scguintes carracteristicas: real
(factual), contingente, sistemati(o, verificavel e falivel.
105
A actilidade cientiflca dcperrde dos investigadores,
que sao individuos quevivenl nunla deterrninada socie
daLie comos sellsvalores culiurais, }n)liticos c religiososj
dos m6todos, das t6cnicas, dos meios de corn[ni-
caqao de que a socicdade disp6e numa determinacia
€poca. li, destes cientistas in\.estigadores quc dependenl
os rcsultados da actividade cientihca.
Por isso, a cioncianioaum conhecimento espontaneo
da realidade, como 6 o conhecimento do sctso conlum;
n:io 6 uma colec!5o de leis, um catiilogo de factos n:io
re ar ronrLl^. lrc ..ur.lo .onr finiterx. r c enri.r (: trmJ
crialao do espirito, com idcias c conceitos livremente
ilventados; 6 um processo de rpreels:io da realiLlade
por rncio Llas nossas construqoes te6ricas.
A ciancia sirtcmatizada surge por volta do s6crllo XVI,
por obra de Calileu, inventor do telescalrio c da luneta
a)plicil c introdutor do m€todo experimental, o Llual a
constituido por quatro ctapas - observa-cao, forrlulalao
deh.pote\e,.e\1,e',r<n (o.,',,,n'1.\du. \, ';n, :a o e,.'d
I tlG ll aiefrlsris a rrahalhar
de ilstmmentos e teorias organizacias c apcrfcieoadas
para po.ler atingir verdaLles universalmente velidas. O c()nhecinredto cientifico procr.lra alcanqar
um quadro ordenado e exflicativo dos fen6rnenos do murdo fisico e do nlundo humano (que sao
quadlos de interpretaEao e de previsao), de nlodo a poder responder a dois tipos de eyrSincja:
compatibilidade a nivel da razao e acordo com a realidade. A possibilidade de previ\io rigorusir
caracteriza, portanto, o conhccimcnto cientifico (o que nao acont€ce c()m o conhecimento com[m).
A cioncia 6 particularista e precisir, objcctiva e dgorosa. IaIa ser precisa e riSorosa, d Li!nLir
na() pode estar na dependencia de problemas de ordern afectiva (nao prov€m de sentimerltos),
e tamb6m devc caminhar no sentido de uma abstractao crcsccntc. I)()rtanto, conhecimcDto
cientilico 6 um lipo de conhccirncrto certo e raaional que investiSa a natureza das Loi!,r5 ou a!
suas condiqoes de existencia, Baseia se na invcsiigaqao met6dica das lels dos len6menos.
O c()nhccimerrto cientifico apalece corno um tipo dc saber que pretende ser verdadeiro,
uni\.ersa1 e srrsceptivel cle sofrcl experi erltaloes. A ci€ncia s6 aceita como verdadeilo o que
pcrtc ce a uma das duas ordens seguinter: o cnunciado logicamente demonstrado; o que esta
constatad() pcla cxperi€ncia com todas as garantias de vcriflcabilidadc (pode vedflcar-se).
Conhecimento filos6fico
Tipo de estudo que sc caracteriza pela intenqao de anrpliar inccs,iantemente a conrJrrtrLnlao
da realidade, llo scntido de a apreender na sua totalidadc, c de dar explicaEoes acerca da exi5toncia
hurnarra. [] um conhecimento valorativo, racional, sistemAtico e nao vedficiivel. ( !,.,/
"A lilosofia
c outras ciCncias", na Unidade Didictica I.l
t07
No csta.k) positivo nao se admite a justifrcaqao, nem teoldgica (pr6pria do primeiro estado),
nem nlctafisica da rcalidade (scguido estaLlo), mas si a cientilica.
O cientillco est;l ligado ao empirico, ao priitico, ao rnensurdvel.
Portarlto, a fase positiva 6 a da supremacia das proposi!a)cs obscrviivcis, rejam elas particulares
ou universais. A fisao positila dos factos pretende compreender a lei que os rege, isto 6, as rela-
t Oe. . on\1. r'<\ Lnlr( \r(n,lmrr,^,,1'! \.i\Ci\.
. Existem varios tipos de conheaimento: o conhecimento do senso comum, que resulta da expe-
riancia quotidiana do ser humano e 6 superflcial, sensitivo, subjectivo, assistem6tico e acritico;
o conhecimento cientifico, que 6 verdadeiro. universale sus.eptivelde sofrer experimentae5es;
e o conhecimento filos6fico, que 6 valorativo, racional, sistemetico e nao verificrvel.
Texto l0
A busca de uma definiqao para Cioncia
A proposta dc dcfirir cii cia I r.u]ra das irissoes ilais ingratas, Trata-se do exercicio de
dellnilaodeumconceitoqueacabaporvariarcorrsiLlcralelmente,deperrdendodaform.LLd,
daquele que o realiza, da sua visao d.r inLrndo, das inten!^6e\ do tcxto e.lo seu pirblico aho.
EnquaDto um fi16sofo pode classificar a cioncia con1o uma de enlre vdrias formas de cooheci
menlo, para urn cientista ela podc scr considcrada o conheciirento por excclincia. Irara
aqueles que se opdem aos progressos provenientes da irdu\trializaq:ro, a ciencia a o terror
da humanidadc, responsivel inclusive pela nossa proydvel autodestruiqao. Um soci6logo,
por suavez, pode estudar a ciencia como () Icsultado de for!as soaioecon6micas corlflituantcs,
r08
T..r. n. a.ihe. ne$.
2. Tendo em conta a leitura do texto 10, expllca porque se diz que deflnir ci6ncia 6 uma das
miss6es mais ingratas.
r09
EE n questeo da verdade
Averdade€ a corresporld On c arealidade, sciacla empiricaou meta-cmpirica.
i:l cntle o conceito e
Portanto, dizer que algo 6 \,erdadeilo implica a correspondCncia daquilo que 6 dito.om a
realidaclc.
Sao quatro ot principais estados do espirilo pclirnte a verdadc: ignorancia, divida, opiniao
Crit6rios de verdade
O que 6 rm crit6rio? l):i-se o nome dc crit6rio ao sinal pelo qual distinguimos rtnra coisa de
outrai 6 a norrna pela qual di5tinguimos o conhccimento verdaLleiro do falso; o sinal quc nos
permitc reconhecer a verdade da lalsidade (crit6rio da verdade). Asrim, o critdrio, frrndamental
da verdadc, ern teoria do conhecimento, 6 a evidencia,
T!!ri..l. al.Ni.. rr.i.
A e\.id6ncia 6 a clareza com quc a verdade se iDp6e ao nosso espirito;6 uma esp6cic de luz
que ilumina a realidadc e nos permite ver quc aquilo Lluc temos no espirito cst6 cor orrne a essa
mesma rcalidade e dai concluirnlos que cla 6 \,erdadeira:6 a sua \.erdade que vctnos como
evidente. Assim como a luz ilumina os.orpos, a evidCncia ilumina a ver.1ade. Sao exenlplos de
evidencia:
. o fideismo considcra a t6 como o tnico crit6rio de verdade e 6 viilido apcnas para as verdades
religiosas;
. o senso cornum entende que sao verdadeiros os conhecimentos cornuns a todos os homens;
. o praSrlatismo slrgcre cofi1o crit6rio de vcrdade a accio.
Para os pragmatistas, a verdade identifr.a se corn (r Oxito ou, melhor, com a verifica(ao. l)or
isso, sere verdadc ou verLladeiro aquib que se verificou; as h4)6teses que sairam vencedoras das
provas a que bram submetidas.
Olideismo, osenso con1un1, oprag[natismo eoutras correntesque ac]uin:ioforam mcncionadas,
tom os scus pr6pdos crit6rios para determinar alguma esp6cie dc verda.ic.
O continulsmo
Dentro desta corrcnte de pensamento 6 possivel encontrar duas linhas.
O continuisrllo iadical defende quc a ci€ cia evolui de forma
linear e acumulativai linear, porque evolui sempre na nleslna
direcCao, o que signiica que os conhecimentos,
uma vez estabelecidos, jamais serao postos em
causa; acumulativa, pelo facto de os novos
conhecimentos se iuntarem aos anterlores,
como se se tratasse de um celeiro,
T.. i. !J C.rl..inerr.
O descontinuismo
Algun\ fil6sofos c I- Khun, defcndcm qrc o
da ciencia, como Bachelard, A. Koyr6, K. P()ppcr
desenvoh.imento da ciencia corrhece nromentos de descontinuidade, ou seja, rupturas que
separam, de folma clara, uma lase da outra. liata-se de momentos strrpreendentes que afectam
a lcgitimiLlade dos principios gerais. Aqui nos podemos pcrgu tar: quando 6 que se diz que os
principios gerais perdcm lcgitimidade?
!. . FIC 1:l Qtrando uma tcoria nio .orsegue enq!!drar as no\as dcscobcrtas, a comunidaclc cientin.a a
lI3
rcspondcrmo\ a esta pergunta temos de assimilar o Iuncionamento da ci€rcia. I rJ riLnLiJ,
Para
uma tcoria ou conjunlo de teorias luncionam sempre ligadas a un1 principio gcra] o para
dig[ra. Quando este oao consegue enquadrar em si as no\.as descobcrtas, quando as novas
descobertas escapam dos seus (cards,, revelaDdo contradiq6es ou lacunas irreparaveis, a colnu,
nidade cientifica 6 foreada a abandonar o antigo paradigma c a conceber um novo que enqradrc
I, n' ! r \ rje., , b(r ld, e Jbrd . rm in ho\ pd'd -. nov-\ pe,q t'. r,.
Vamos agora analisar as reflexoes epistemol6gicas fcitas por Karl lbpper e Thomas Khun.
seo resultado directo das refutaqdes; lbram realizaE6cs do pensamento crintivo, do Homem
pensante,. loppcr diz que ternos um crit6rio Lle plogresso: uma teoria pode aproximar-sc
nlais da verdade do que outra,
Salicnte se que a ideia de .aproximatao a verdadeu nada tem em comum com a ideia de
acr6scimo gradual dc l)orrnenores 5 teoria, quc a dcixaliarn, no esseitcial, jllual a si mesma_
,qs teodas rclitadas integram o processo de aprcximalao e verdaLlc por terem provocado a
criacao de teorias iDelhores:
.A afirmaeao de quc a l'crla este em repouso e que os caus giram A volta dela, esti mais
longe da verdade do que a afirmalao de que a lerra gira em torno do seu pr6prio eixo, dc
que 6 o Sol que e\t;lem repouso e os outros planetas se iDovem eil 6rbitas circularcs A volta
do Sol (tal como lbi avanqado por Cop€rnico e Galileu). A afirmirqao, que se dcvc a Keppler,
de que os planetas nAo sc mo\.em em circulos, lnas sim cm elipses (nao muito alongada,
com o Sol no seu foco comum (e com o Sol crn rcpouso ou enl rotacao al volta do seu eixo)
6 mais uma aproxima(ao A verdadc. A afinnalao (que se deve a Ncwton) de quc cxiste um
cspaEo em repouso, mas Lluc, exciuiDdo a rota!'ao, a slla posilao nao se IDde eDcontrar
atrav6s da observag:rc das estrelas ou Llos cfcitos mecanicos, 6 mais um passo e dircLlJo
..IIG. 1s I ho as Khun.
a) Paradiglna
As investigaqoes cientilicas sAo feitas de acordo corn Lrrna estrLrtura preconccbida, rLmr vr\ao
geral do mundo, de acordo com os principios frlos6ficos aceites na 6poca. A este principio que
re8ula as pesquisas de uma detcrmi[ada apoca charna-sc paradigma.'lrata se de uma teoria
cicntillca dorninante na clual todas as outras se integram.
No s6culo XVII, por exemplo, o paradigma cientifrco concebia o mundo como um sistema
meca ico regulado por um jogo dc forgas, contrapondo-sc :i tcoria que defendia qr.te o mundo
cstava orientado para um finr especiflco.
Outro elemento importante para a compreensao do paradigma 6 o m6todo. O paradigma
define especilicamente a metodologia apropriada para o desenvolvimcnt() da ciencia, nos moldes
cstabclccidos pclo paradii{ma. 1)o'e5t.r razao, o conceito de }raradiSrna em Kuhn chega a ser
comparado ao credo de uma comurlidade religiosa. Assim, a ci6ncia, longe de ser obra dc ganios
isolados uns dos outros, 6 frr.lto de acordo das cornunidades cientificas. O para.ligma determina
tanto o m6todo de soluqao Llos problcmas como os problcmas quc devem ser resolvidos,
d) Revolugao cicntifica
A revolugao cientilica acontece quaDdo se descobre um novo paradigrna. Trata-sc de rlma nova
visao do mundo e de adopqao de novos crit6rios para a i terpretaQao dos fcn6rnenos, ou \eJJ, uma
nova forrna de fazer a ciancia. Significa, literalnlente, a superatao da crise. A revoluqao cientifica
implica uma mudanea de mentalidade da comunidade cientiica, no sentido dc dcixar de crer no
antigo paradigma que senrostrou caduco e aceitar, em substituiqao, o novoparadigma, chegando-
sc dcnovoao cstado de equilibrio a que se chama ciencia normal. Doravante, oscientistas resolvcm
os prcblernas ern conformidade com o novoparadigma, de acordo com as novas formas do resoluEao
de probiemas dele assimilados. Deve sublinhar-se quc a mudanEa dc paradigma se laz com menor
frequoncia, o que revela cerla resistoncia dos cientistas na adopqao de novos paradigmas.
6
'le.r. CcC.ir..lne !
A epistemoloda moderna triz uma nova forma de olhar a ci6ncia: ela deixa de ser acumulativa
e passa a ser vista aomo sendo revolucionAria, desenvolvendo-se mediante a ruptura do ParadiSma
precedente e a elaboragao de um novo paradigma.
l. Fala da perspectiva ontogen6tica do acto de conhecer. dando exemplos concretos-
2. Que actividade desempenha o suieito cognoscente quando esta fora da sua esfera, segundo a
perspectiva fenomenol6Sica do conhecimentol
10. Justifica a perda de forga dos paradigmas durante a fase de ((ci6ncia extraordin:lria).
ll. lndica as implicacoes da substituieao de paradigmas.
2. <... penso neo haver mais dtvidas de que neo he principios praticos com os quais todos os
homens concordam e, portanto, nenhum 6 inato.) (Locl<e) Assim, Locke esti...
a) a favor do inarismo.
b) a favor de Descartes.
c) contra a experi6ncia,
d) contra o racionalismo.
3. Descartes considera (haver entre nos certas ideias primitivas, as quais sao como
orisinais...). Portanto, ele 6...
a) empirista.
b) fenomenol6gico.
c) racionalista.
d) intelectualista.
6. ldentifica a associaqeo correcta entre a tipologia das quest6es e as respostas das ipocas
filos6ficas:
a) Epoca Moderna - mitol6gicas.
b) Epoca Medieval - teol6gicas.
c) Epoca AntiSa - cientificas.
d; EpocaConLemporine. informaricas.
Z O espirito cientifico 6.-.
a) positivo, critico e analitico.
b) positivo, dogmitico e analitico.
c) critico, mitico e analitico.
d) critico, re{iSioso e analitico.
9. Chama-se paradigma...
a) ao conjunto de cientistas interessados num determinado problema cientiflco.
b) ao conjunto de problemas que escapam i anAlise dos cientistas.
c) e teoria seguida pelos pesquisadores na fase da anomalia.
d) d teoria dominante no processo de produeao de provas cientificas.
120
aaaaaaaaaaao
Ao terminar esta unidade. deveres
ser capaz de:
. identificar os elementos orSaniza-
cionais na formulaceo de um
discurso:
. avaliar as condig6es da coerencia
do pensamento;
. distinSuir as dimens6es de um
discurso humano e os novos
dominios da aplicaqio da l6gica;
. descrever os principios da razeo;
. conhecere compreenderas noE6es
brsicas da l68ica;
. avaliar criticamente as condiC6es
(regras) de uma definiqio como
[t toglca I
isto 6, tudo
De entre vArias dcliriqocs, ha uma que 6 mais abrangente, definindo a l6gica cornL, .r ciench
quc cstuda as regras das operaloes valida s e osprocessos utilizados pclas v:irias ciencias em busca
da verdade. Portanto, a l6gica 6 a citncia quc estuda as condi!6es do pensamento velido, jsto 6,
do pensamcnto quc pr'().ula alcanEar a verdade. Lla regula o perfeito discurso da razao e oferece
o caminho para o correcto exercicio da linguage e do pe sarnento na procura da verdade.
Objecto da l6gica
'Itn.lo em conta o objecto cxcmpb, a deinilao segundo
de estudo da l6gica, analisemos, por
a qual a 16gica 6 a cioncia das condig6es do pensamento correcto e do pensame to vcrdadejro.
Esta definiQAo conduz-nos A ilagio de que he unl duplo objecto de estudo da l6gica, nomeada-
rneitc: objecto formal e objecto materiai.
No objecb formal, a l6gica preocupa-se co a anilise Lla relagao dos eiementos envolvidos
no enunciado, se estes sao cocrcntcs c n:io tem nenhuma conlradiqao interna.
No objecto nntcrial, analisanao s6 acoeronciado enunciado, mas tambam a sua concordancia
Linguagem e comunicaeao
Vimos anteriormente que a aprerrdizagein da linguagem visa responder a urna iccessidade
eminentemente humana: a comunicaqao. ()s homens aprendem a linguagem para atrav6s da
lingua e csta articulada em lorma de lala (oral) ou escrita ou gestual - crprimir ()5 seus pensa-
mentos, isto €, comunicar.
Se antes o ternlo
"corlunicalao, p()dia ser entendido apenas como processo dc tr.tn\mi5sao e
recepeao dc ncnsagcns simples ou complexas no meio oral, escrito ou gcstual, nos tempos err
quc vivcrnos a cornun ica!5o 6 um fen6nreno comple-\o e global qrc abrange os meios habituair
e um conjunto extenso de novos meios que rcsultam dc novas tccnobgias (rAdio, TV, telem6vel,
Iax, Internet, etc.) e rnensagcns muib diversas (inlbrmalao, lbrmaQao, publicidade, simples
co vcrsa, diibgo, debate, etc.).
Ao lonSo da hist6ria sao
conhecidos \.5 rios modelos dc
explicalao do fen6mcno da
cornunicatao, denlre eles os
de Shannon (engenheiro de
teleconruricaC6er, Lass\\cll
(espccialista em ci€ncias
politicas) e W. Weaver (lil6sofo
da comunicaEao). Debruqar-
- os-enos seguidarncnte sobre
o modelo do linguista Roman
Jakobson que tanto influenciou
os cstudos da linguagem do
s€culo XX, e em especial as
ciencias sociais.
I A linAua,lenl dehne o \er humano
I
Contexto
(Iunqao referencial)
I
I
+
Emissor Mensagem Receptor
(Iuneao emotiva) (iuncao poetrca) (Iunlao persuasiva)
1
I
Canal ou contacto
(Funeao fetica)
1
I
C6digo
(Funqeo metalinguistica)
. Funqao refeiericial (ou informativa) - este centrada no contexto. Neste tipo de discursos,
o emissor (locutor) ientIa a sua mensagem de forma predominante no contexto (ou referente).
Este tipo de discurso € caractedzado pela obiectividade, neutralidade e imparcialidade, visto
que o emissorpretende transmitir sempre informaE6es. Dxemplos deste discurso sao as noticias
iornalisticas, as informae6es t6cnicas e cientificas, etc.
. Frrneeo expressiva (ou emotiva) esta centrada no emissor. Prcdomina, neste tipo de
discursos, a atitude do emissor (locuto, perante o referente (objeckr, produzindo, uma aprc-
cialao subjectiva. Ibr isso, o uso de adjecti\.os e interjeie6es 6 nele inevitAvel_ No discurso
oral, a tonalidade da voz do emissor e inconstantc, orir robc, ora baixa, ora 6 grossa, ora € ijna
e moderada, dependendo do quc ele deseja do seu interloclrtor' (convencef, ridi-
cularizar, irlstruil demonstrar, etc,).
. Funqao pcrsuasiva (apelativa ou imperativa orl conativa) est6 centrada no destinatario
ou recelrtor, Trata-se de u tipo dc discurso em que o emissor/locutor procura iofluencial,
seduzir, convencer ou rnandar no receptor, provocatdo nele rma daLla reacqao. Por isso, cste
tipo de disculso 6 carregaclo de imperatirrcs e vocativos, como se pode ver na publicidade e
na propaganda politica: (Votar em nrim a votal no progresso, rTerlte de novo"i
"Vjve e ajuda
a viler>; <lli, tu tamb€m, vem abra!^ar'me,.
. FunCAo est6tica (ou po6tica) estai centrada na mensagem- Embora tenha especial evidancia
na poesia, csta ocorre em qualquer tipo de mensagcn. (ls crnissores, por notma, mostram se
scmJrre empenhados em embelezar e mclhorar at suas mensagens. Exen\ros directos e priticos
deste tipo de discurso sao a poesia, algurnas pubiicidades e obras de arte, cuias mensagens
-oblecto sao portacloras da sua pr6pria significaqao, n1as no dia a dia tanrb6m sc encontram
excmplos ciesta categoria (por exemplo, a dclicadeza e a escolha da palavra com que falamos,
enunciamos ou pedirnos em dctcrmin.rdas circunstancias e diante dc delerminadas pessoas).
. FunqAo fatica - esti ccntrada no contacto, ou seja, no canai. Com estes discursos, os jnter
Iocutores procurarn assegurar, estabelecet prolongarou intcrromper a comunicalao ou\,erilicar
se o meio usadofunciona. Algunr cxcmplos desle tipo de discursos sao as interlocuEaes: .Est:is
Haveri ou nao aiguma relaqao entre linguagem, pensamento c discurso? Scri qllc o pensa-
mento pode dissociar se da linSuagem? O discurso poder6 ser discurso sem o pensamento ou o
rccurso A linguagem?
Seo nosso pressuposto 6 o deque, mediantea lirlguagem, ()s screshumatos (homens ermrlheres)
comunicam entre si os scus peosanrentos em forma de discurso oral, escrjto ou 8e5tual, entlo
ha unra estreita e indissociivel relaEao cntrc estas tr6s reaiidades: linguaflem, pensamento e
di\curso. hto porque:
. ,{ linguagem 6 um instrume to e meio ao servieo do peDtamcnto- ,^ lirguagern a o suPorte
do pensamento. Mediante o uso da linguagem os seres hurnanos exprimem os seus pensa
mentos. Po1 isso, o pensamento e a linguagcm nao se podem separar e um desenvolve-se em
corrclaeao conl o olrtro.
. A linguasem rcgula o pensarnento. 56 comrecurso A lirg agcm o scrhumano podc fonnular
conceitos (ou ideiar, iuizos e raciocinios (os instmmentos do pensarnento humano).
. (Js seres hunranos dispoem de uma linSuagem, podcndo expressar, em forma de discurso,
o, \( lr\ P"r\,ll r' rrlo\ ,ro\ olrlro\ e ( ornun.\ d r,
. li, tamb6m por disporem dc uma li guaSern que os seres humanos podem expressar, em fbrma
de discurso, os seus pensamertos c dessa fornra conhecer e apreender a realidade circundante.
A relaeao entre linguagem, pensarnento e discurso dcve-se ao facto Lle o discurso ser uma
manitestaqio do pensamento e urn acontecimento da linguagem- E nisto os linguiJtas e os fi l6
sofos estao de acordo.
Dimenseo sintiictica
Etimologicamente, sintaxe dedva do grego 5y + t xis (co-ordem, coordenado). Tradi.ional,
mente, define-se a sintaxe como a parte da grarniltica quc trata das reglas combinat6rias entre
os diversos elementos da frasc. Recorrendo a uma cleliniE o mais abreviada, podemos dizer que
a sintaxe trata da lelaEio interlinguGtca do5 signos entre si (Karl Otto Ap€], til6sofo contem_
poraneo alemao) ou que estuda as rela!^6es internas que os sigDos maniCm entre si (Michcl lvfeyer,
lil6sofo contcmporaneo belga).
Assim, por razdes de carActer sintectico ou dc sintaxe: Ietras expostas ao acaso nao formam
uma palavra; palavlas expostas ao acaso rao lbrinam uma frase; frases cxpostas ao acaro nao
tbrmam um tcxto nem rrm dis.rr.v)
Dimensao semantica
O teflno semantico encontra a sua raiz no grego .Jerrdriiil) que literalmente significa (arte
da sisnif,caEao" ou (ciCncia) cio signiflcado". Michel Br6al (1832-1915), Iinguista francCs
"arte
fundador da sementica, dcllne a semantica como a ciencia que se dedica ao cstudo das signjfi
catdes. Para Michcl Meyer, a semantica trata da reiaqao do! signos com o seu significado, logo,
A scmintica trata das rclaq6es dos signos (palavras ou frases) com os seus signjticados Gignifi
caqao) e destes com a realidade a que dizcm respeito (referencia).
Dimenseo pragmitica
(acqao) hrtre
A palavra .plagmAtica) encontra a sua raiz no Slego 9rd3m.iai(l', dc "I/d.f'nd'
os precursores da pragmetica destaca-se, entle outros, o fil(isofo e critico liter6rio alemao
von
Humboldt (1767-1835), quc aflrma que a ess€ncia da linguagem 6 a ac(ao.
Michel Meyerdellne a plasmatica comoa discjplina que seprendc coln os siSnos na sua relaqao
com os utilizadores. Pocle consjderar_se como fundador da dilciplina Charles Morri!, que exiSiu
a pragmdtica corto conplcmento da sintaxe c da semantlca Na comunicaqao, segundo
Morris'
ha um si8no, um signilicaclo e um intarprete, dcselrolando-se entre eles uma triplice relaqao'
A praSmaLtica 6 o estudo do rso das proposi(6es, mas tamb6m Pocle defiI r se conro estLrdo L1a
ljnguagem, procurando ter em consideraqao a adaptaqaodas expressoes rimb6licas aos 'ontexbs
referenciais, sjtuacionais, dc ac(ao e interpessoal. A atitude prasmitica diz respeito A procura de
sentidonossistemasdossjgnos,tlatando_osnasuarelag:iocomosutilizadores,considerando
\Ftlp'e o ",n,e\.o u\ t o\lumP\. d\ leHl/\ \n. idi\,
Numa analise pragmitica de um texto, escdto ou falado, plocurarenlos vel de que modo o
texto esta estluturado e quais sao a5 suas funq6es especificas
de um acto que n:io
Qualquer texto oral ou escrito representa fr.lndamentalnlente a realizaqao
6 apcnas locut6r:io (prodr.lqao de um enunciado de acordo com as regras gramaticais da sua
Iinsua,alticulaqaoecombjnacaoderonselelacionamentosintecticodosIelerentesdas}ralavlas),
mas replcsenta iStalmente um acto ilocut6rio (o que faz, dizendo) e um acto perlocut6rio
(os efeitos rcsultantes da aclao de dizer). Se considerarmos o Llue dissemos anteriormente, facil-
mentc concluiremos que, do ponb de vista ])ragmatico, intercssa sobletudo consideramos os
aspectos ilocut6rio e perlocut6rio.
Estastrcsdi]nens6esdodisculson.opodemserjsoladas,poissaointrinsecamenteindisso.ii.
veir. Vejamos, pois, alSumas raz6es explicativas e iustiflcativas da irclissociabilidadc destas
dimens6es que cstabelecem a triplicc relagao dos elemc tos semi6ticos (a semi6tica estuda os
signos ou formas, c todas as produe6cs culturais ]rumanas' inclusive a linguascm, sao sisnos
semi6ticos):
. A sintaxe pteocupa se com o quc se poderia chamar a forma gramatical da linguagem'
. A semantica coloca, elsenciaimente, o problelna do significado das palavras e frases que
constitucm os nossos enuncia{los discursivos e rcmete assiln para a rclaCao que a linguagem
estabelece entre o munalo e os obiectos, colocando assim o ploblema da leferoncia-
. A pragmAtica pleocupa_se com a utilizaEao que fazemos da Iinguagem num dado 'ontexto'
Linguisdca
que 1rm
O discurso tem rrma dimensao linguistica, dado que a um ack) individual dc fala en1
emissor enuncia algo numa detern nada lingua.
Textual
O disculso efectil,a-se semple num texto escrito ou oral que se constitui corno umJ sequ'ncia
de cnunciados ordenados de uma forma coerente.
Logico-racional
O ditcurso a forrnulado de acordo com uma.lada scquCncia e encadeamento l6gico de
proposi96es-
Expressiva/sub jectiva
O humano, 6 sempre expressao de seDtimcntos, peisanrentos, argumentos,
discu[o, porquc 6
emoEoes e perspeclivas dc um dado sujeito.
lntersubjectiva/comunicacional
() discurso prcssup6e sempre a possibilidadede comuDicaEao entre mjeitos: comunica!Jo(om
o outro ou outros.
Argumentativa
No discurso cnl situa(ao de dialogo, ou outra, o sujeib ou sujcitos cornunicam as \ui\ rJzdes,
drsumenro\ e pro\ o. nrrd iu.ri6, d,^ \.'r. pen\.r1le.lo. e po\'\"_,c\.
Apofintica
Lsta designaq.'ro tbi originalmcnte estabelecida por Arist6teles e traduz a relagio do djscurso
co a realldade,
(l disclrrso juizo solrre alguma rcalidade, refere
€ sempre ull1 a verdade ou fa]sidade das coisas
a qrre diz rcspeito e tradl]z sernpre uma representatao do Ieal.
Comunitdria e institucional
O discurso 6 sempre conflgurado m1ma iingua que assimiliimos i ascenla ou que aprendemos
depois e quc a pcrtcnla de unla dada comunidade ou cultura e cm que estax) jri prpvinmcnt.
dehnidos e estabelecidos os tcrmos da sua utilizacao.
O discurlo dever:r obcdecer c respeitar Lrm c6digo do discurso que podemos chamar de "6tica
da discussao", .€tica arg[mentativa" orl .6tica Lla comunica-cao, 0. Habermas e K. Otto Apel).
Esse c6digo defure que os participantes no discurso devcm e podenl:
. lalar com verdade:
. ter como principio do seu discurso chegar i verdade;
. empenhar-se na procura da verdacle e fazcr do discurso unra adequaqao racional i mesma;
. problenutizar e questionar as posildes do interloc[tor;
. alirmar o quc acreditam;
. ser isentos e respeitar e fazer rcspcitar a sua isenqao e a dos interlocutores;
. tcr subjacerlte ao discurso entre sujeitos livres a vortade de clregar a uin acordo ou consensoi
. evitar a contradicao.
129
:--'-"-
Texto I
Comunicar 6 falar e nAo s6..'
A comunicalao € um processo de receber etransmitil informae6es, sinais ou mensagens,
quer por meio de gestos, quer por meio da voz, quer Por outios meios. i, a unidade da situa_
g5o social.
Alinguagempode serriefinida como qualquer sistema de comunicalao entre individtros'
A fala 6 a forma verbal da linguagem, que transmite informaEdes mudando os sons vocai5
e pulsaedes de segmentos vibrantes directos, 56 o homem € capaz de articular tais segmentos
de fala e, por meio dos seus 6rgaos de fonaEao, tlansmitir simbolos a outros.
Alinguagem6oc6disofolmal,ainstituilao, aabstraqao.Afala6amensagemenunciada/
o acto vocal. Ialamos uma lingua de acordo com regras convencionadas, formais. As linSuat
dos homens sao mutuamente traduziveis, as linguas dos animais nao o sao serao, quando
muito, interpretaveis.
[..] Limportante distinguil entre comunicalao, linguagem e fala. EstA visto que esses termos
podem ser usados como sin6nimos, por6m, mais plecisamente, a comunicaqao refere_se a
tlansmissao ou recepEao de uma mensagem, ao passo que a linguagem, que em Seral se lrsa
em intercambio com a fala, tem aqui o sefltido de fata de uma popuhqao encarada como
entidade obiectiva, qter reduzida a escrit4 quer apresentada de outra forma qualquet.
Os pensamentos e os sentimentos podem ser comunicados de maneiras nao verbais,
como, por exemplo, atrav6s dos movimentos do corpo. Esse 6 o estudo da cinesia. A comu-
nicagao cin6sica 6 uma forma eficientissima de comunicaeao nao verbal- A comuni(aEao,
portanto, inclui todos os processos pelos quajs as pessoas influem umas nas outras/ sendo
a fala a mais importante de todas.
A. Montago, tflttodutao n Antulalosia-
Texto 2
As dimens6es do acto de fala
Quando nos foi sugcrido que empreendCsselnos a tarefa de elaborar unla lista dos vcrbos
explicitarnente perlormativos, tivemos algumas ciillculdaLles en1 dctcrmirar se alguns enLrr
ciados eramou neo perfolmativos ou, mais exacta mente, puramente perlbrmativos- Tornou-se
assim rccessiirio xrtar a alalisar os pontos de partidabasicos e d eterrninar quantor scntidos
podere haverem.dizer aiguma coisa 6 fazer alguma .oisa, ou "ao dizer alguma coi\a lazemos
algurna coisa", ou ainda "por dizer alguma coisa lazemos alguma coisa,-
Primeiramente consideramos um conjunto de coisas que fazernos ao dizer alguma corsa
e que sintetizamos dize do que executanros um acto locut6rio. Este 6, basicamentc, cLlui-
valente aprcferiruma frase com determinado scntido c rcfcrarcia, pclo que € genericarnente
eqr.livalente a "referir" no sentido tradicional. [m segundo lugar dizemos que tamb6m
executamos actos ilocr.lt6rios, tais como: informar, ordenar, avisar, comprometer-se, etc.,
que saoactos dc fala quepossucnrrrna ccrta forEa coiverrcional. Ern terceirolugar, podemos
tamtr6m executar actos perlocut6rio!; o que obtemos ou atingin1ot p()r dizer alguma corsa
como, por exemplo, convencer, persuadir, dissuadir, ou mesmo surpreender ou enganar.
Tcmos aquitras, sen:io mais, sentiLlos ou dime[s6es diferentesdo "uso de Lrm ei]lrnciado"
ou clo dil linguagem>. [...1. E isto porquc todor, ott quasc toLlos, os actos Lrerlocut6rios
"uso
podem ser, em certas circunstancias, com ou sem intenqao, expressos em qualquer tipo de
enunciados, incluindo enunclados puramente constatati\.os (se porventura os houver).
John A! stin, 1lrw t , d, Tltinits ttith W'ards lcatna Fnzq Coisos .o t ds |'aldrra t l-
Texto 3
Metodologias
Iilhai l6pa, porque 6 que as coisas se desarrumam? [...]
Pai: -Bem, espera rm pouco. NAo 6 assim tao simples. Prinreiro de tudo, que queres ciizer
com.desarrurnar,?
Iilha: Querdizerque nao consigo encontraras coisas, e, portanto, parecetudo desa u-
mado. E como quando nao esta nada no iugar certo-
Pai: - Bom, mas te ! a certeza de quc com odcsarrumar" quercs dizcr o mesmo que
qualqLler outra coisa?
Iilha: Mas, pai, claro que tenho a certeza, porque nao sou uma pessoa rnuito arruDada
e, se eu disser que as coisas estao desarnnudas, born, tenho a certeza de quc ioda a genie
concorda comigo.
Paii Pronto, esti bern, mas achas que queres diTer o mesmo com uarrumado, do que as
outras pessoas? Se a mae arrurnar as suas coisas, sabes encontrii-las?
Iilha: Bcm... irlgrmas vezes, porque sabes, eu tei onde ela p6c a\ coisas quaodo faz
arrumaqao,
Pai:-Sim, eu tanlb6m telto evitar que ela ire armme a minha secreteria. Tenho a certeza
de quc cu c cla nao qucrcmos significar a mcsma.oisa qrando Llizcmos <arrlrmar),
lilha: Pai, n6s os dojs queremos dizer o mesno quando dizemos "arrumado,?
Pai: - Duvido, minha querida, duviLlo.
I3l
Iilha: Mas, pai, nao 6 engraeado que toda a gente queira signiflcar o mesmo quando
diz "desarrumado", mas toda gente queira significar coisas diferentes quando diz narru-
mado"? Mas narrurnado, 6 o contrdrio de (desarrumado>, nao a?
Pai: - Agora comeqamos a entrar em peig[ntas mais dificeis. Vamos le ver jsso outra vez.
Tu perguntartc: oPorque 6 que as coisas se desarmmam?" Jd conseguimos perceber uma ou
duas coisas. Vamos rnudar a pcrgunta pala: <Porque 6 que as coisas Iicam rum cstado a que
a Catarina chama desarrumadas?, PcrcL'bcste porque 6 que eu quh fazer esla alteraqio?
Filha: - ... Sim, pe o que sim, porque, se qter significar uma coisa especial quando digo
<arrumado,, entio alguns dos outros "arrurnados, das outras pessoas palecer-me-Jo
a nlim, metmo que todos concordernos a respeit() daquilo a qrre chamamos
"desarrumados"
l. Para que dimensao ou assunto nos remete o texto de Gregory Baleson, /\4etodologiosTJustiflca.
2. Com base no texto de lYontagu, ,ntroducao d Antropologio, d iz em q ue se ntid o a lingu aSem ve rbal
se revela superior a outras linSuaSens.
3- Recorr€ndo ao texto de John Austin, explicita a relaeao existente entre (dizer alSuma coisa))
e <fazer alSuma coisD.
Cibern6tica
A palavra tem origem no 8re8o (kirerrllies), quc, segundo l)latio, dcsigra a arte
"cibern6tica,
dc pilotar navios, Como ciCncia, a o'igcm da cibern6tica remonta aos anos trinta do s6cub xx,
quando acomuriLiade cientificae 1llos6fica debatia a questao das novas mequinas. Saodegrande
importaDcia para o surgimcnto da cibern6tica as contribui!6es dc A. Oscnbluth (especialista enr
fisiologia neNosa) e as de Norbert wicncr (matenfitico), que se dedicaram a construEao de
maquinas electr6nicas. Este (rltimo estava convencido de que os sistemas de comunicaeSo dos
animais eram semelhantes aos dc uma miiquina, Wiener teve a idcia dc cdar rrma ciancia inter-
disciplinar para o estudo dos sisternas dc controlo e comunicaEao nos animais e nas miquinr\
(como se organizanr, regulam, reproduzern, evolucm e aprendem).
Em geral, a cibem6tica 6 a ciCncia da comuricaqao e do controlo de hoirens e nrdquina\.
Os computadorcs sao fluto da aplicaeio dcsta citncia, ber}1 cor]o toda a robotizaqlo actual
exiStente. Um dos ramos mais importanics dcsta ci€ncia tcm siLlo o ramo que estuda a inteli
fJOncia artiicial.
:.... rlG. 3 A cibernitica est6 na origem dos robos e de todos os conplexos processos robotizados act(ais.
lnformitica
O desenvolvirnento dos computadores acabou conduzindo A crialao de uma nord cierrli.l
aplicada, a informetica. Esta ci6ncia dedica-se aoestudo do tratamento automiitico da intir'nla!ao,
quc a forncciaia a uma rraqrlina a partir do mcio cxtcrior.
O conceito inlbrmAtica prov6m da combinaqio de duas palavras: informaeAo e autorn:itica-
Inform6tica €, portanto, a cioncia que trata do processamelto racional da informaq,Lrlu] mri,,
de maquinas autonl:iticas. A palavra foi criada por Irhilippe Dreyfus em l962, para se relerir as
di\ciplinas vocacidladas para o tratamcrto autorniitico da intbrmalao.
lnteli96ncia artificial
O desenvolvimento dos computadores acabou por impulsionar o aparecimento de uma nova
ci€ncia nos anos cinquenta do s6culo XX a inteliSencia artificial. Esta ciCn.ia aplicada
aicalica-se ao estudo Lla colstruqao de maLluinas capazes de simular activiLladcs menlais, tais
como a aprendizagem por experioncia, resolulao de problemas, tonada de decisOes, reconheci-
nlento de forrlas e compreensao da linguagenl.
r33
.'1. i ..
As linhas de investigaEao sao essencialmente trCs: simulaqao das funedes superiores da
inteligencia; modelizacao das funeoes cerebrais explorando dados da anatomia fisiologia ou at6
da biologia molecular; e rcproduGao da arquitectura neuronal de um c6rebro humano, de forma
a produzir numa maquina condutas inteligentes.
Texto 4
CheSou a era da microlectrologla
Nas pr6ximas d6cadas, as micromequinas dar-lhe-ao a possibilidade de ter uma casa
<inteligente). Elas vao ensinar ao fogao e ao ar condicionado o modo de se auto-regular
para uma eficiencia maiol e um minimo de poluiEao. Os sensores farao soar um alarme se
uma cdanEa cair na piscina e, nas legi6es de sismos, poderao detectar um abalo e desligar
automaticamente a 6gua, o ges e a electricidade, evitando inundaeoes, incondios e
curto-circuitos.
[...] talvez se possa comprar um cano dnteligente, com sensores de micromaquinas que
controla automaticamente a pressao do ar nos pneus e a tensao dos amortecedores. As
micromAquinas poderao at6 fazer com que o microcomputador do seu carro adapte continua-
mente o motor As variaedes de temperatura e humidade, permitindo que viaje da praia
ensolarada at6 A montanha coberta de neve com carro sempre preparado para todas as
condiq6es atmosf6ricas,
Na 6rea das divers6es, tamb6m o seu aparelho de ginAstica utilizale miclo-sensores para
registar automaticamente o seu esforlo e rendimento. Nos clubes de golfe, ja estarao em
desenvolvimento micrc-sensores pam aperfeiloar o jogo. os primeiros rel6gios de pulso
com microssensores para controlar o rjtmo cardiaco, o pulso, a pressao sanguinea, para
verificar a altitude e a profundidade subaquetica estao ie no mercado ou em vias de ser
lanEados.
Lowell Ponte, in.telert ei do Xcddcr's DiEesf, 1990 (adaptado).
l. Com base no texto Chegou o ero do mkrotecnologio, diz em que sentido se aflrma que mequinas
ou edificios seo (inteliSentes).
![ Principio s da razdo
Attes principios Lia razAo cnunciados l)or Arist6tclcs c quc.onstituem
Lle estuLlarmos os a
basc da l6gica clissica, vejamor alguns aspectos relacionados corn a validacle e \,erdade.
ou nao validade;
A
. a n atzrid rcicrc-sc ao contcirdo de Lleterminado raciocinio ou pensirmento, sendo, por isso,
surceptivel de ier verdadeiro ou lalso.
Partindo dos exemplos acima apresentados, podenlos concluir que:
. a validade ou invalidade ale u arEiumento ou pcnsamcnto diz respcit() i
conformidade or1
incorformidadc com as regrai gramaticais e com as regras ldgicirr cie infer€ocias ou pensa,
mellto vdlidos;
. certos argurnentos or.1 perrsamerrtos aprcsentam-se formalmcntc validos, embora os seus
€lementos constituintes nAo sejam verciadeiros;
. a verdade das premissas ou da conclusao de um argumento resulta do confronto do scu
conte(rdo conl a realidade referida, portanto, logicame te falando, a verdade diz relpeito ao
conteLiclo ou mataria clo argurnento.
135
Principios da razio
O,i principios da razao sio fundamentos c garantia de possibilidade da coerencia do pensa_
mento. A tua importancia € tal que sem eles nao poderiamos petsar nem formular qualquel
verLlade. Pois quando pensamos, Ix)r exemplo, num chocolale orr num pao, pressupornos ()
principio de identidade, dado que pensamos ou falamos do pao e do chocolate prcssupondo que
pao 6 pao c chocolate 6 chocolate e nao oulra coisa que nao tcia pao, chocolate.
Os principios da razao que s:m em n(lmero de trts - foram enurciados por Arist6teles na
la)gica cldssica em tcrmos de coisas e sao
odernamentc enunciados em termos de propo\iE6c\.
Una proposiqSo 6 a expressao verbal do juizo, ou seja, u a proposiqao l6gi.a 6 rrma frase
declarativa pcla qual se expressam iuizos e sobrc a qlral se Podc afirmar a falsidade ou veldade
(cxcmplos: .Toclos ot homens sao serelvivos"; uOs lvlogambicanos sao Africanos";etc.). PorraToes
met(){lol68icas, n6s eDuncia-los-emos seguindo as duas folnlas-
Principio de identidade
Em termos de coisas:
. Uma coisa 6 o que 6.
. o que 6, 6; o que nao 6, nao a-
. "A
6 A' (neste caso, o .A" designa qualquer obiecto do nosso pensament(r.
Lm tennos de ploposit6es:
. u a proposiqio 6 equiYalente a si mesma.
Principio da neo contradiCao e a negageo das proposig6es
Em termos de coisas:
. Uma coisa nio pode ser e ser sinrultaneamentc, segundo urna mcsrna perspectiva.
Lm tennos de proposi!6et:
. Uma proposiqao nao pode ser vcrdadeira e lalsa ao mesmo 1empo, segundo uma lnesma
perspecti\.a.
Uma proposilao e a sua negalao nao podcm ser simultancamellte verdadeiras
Duas proposiq6es contradit6rias nao podem scr simtlltaneamentc verdadeiras,
[m termos de proposiq6es:
Uma proposilao 6 verdadeira, ou cntao 6 falsa; nao hA outra possibilidadc.
Sc encararmos uma proposiEao e a sua negalao, urna I verdadeira e a outra a fa]sai nao ha
l.'
Entretanto, numa l6gica bivalente em que todo o juizo € necessariamente verdadeiro ou falso,
estes tr6s pdncipios fundem-se num s6, podendo ser enunciado da maneira seguinte:
. Duas prcposiqdes contradit6rias que sao a negalao uma da outm nao podem sei nem ambas
verdadeiras nem ambas falsas; se uma 6 verdadeira a outra 6 falsa e se uma 6 falsd reciproca-
mente a outra 6 verdadeira.
Principio da razeo suficiente "tudo quanto existe tem razao suficiente em si mesmo
ou noutro considerado sua causa'.
Prlnciplo da carrsalldade - (todo o efeito pressup6e uma causa,; (o llue vem a ser exige
uma razao explicativa>.
Principio de substancialidade .tudo o que € acidental prcssup6e a substancia"; .o que
muda, sup6e alSo permanente>.
Pitncipto da finaltdade - (todo o agente age pam um fim,; <o 6m 6 a primeira causa na
intenEao e a fltima na realizaEao".
Principio do determinismo .he uma ordem natural das coisas, tal que, as mesmas causas,
postas nas mesmas circunstancias, produzem os mesmos efeitos,.
Principio da inteligibilidade - <o ser 6 inteligiveL,; (a ordem do ser € a ordem do
Pensamento'.
Principlo da realldade - "o mundo extedor existe".
l. Elabora enunciados que constituam exemplos flatrantes da violaeeo dos principios da razao.
A l6gica considera nas noe6cs c nos termos duas propricdadcs essenciais: a e)itensao e J
compreensio. Urn dado [ermo designa certos indil.iduos ecertos objectos;ao mesmoternpo
signilica certas qualidadesou proprledades.,q eritensaodeum conceito ou termo i o conjunto
de indi\.iduos ou objectos designados por ele; a compreensao dcssc mesrno conceito ou
tcrmo a o coniunto das qualidade! quc clc designa-
llxpliquemo lo com exemplos, Denomino homem oJoao, o Pedro, etc. e os seus an-6stinham
aquela mesma denoirinacao; chamar-se-a assim tamb6m aos seus dcsccndentes; dou o non1e
de rnetal ao terro, ao cobre, i platina, ao ouro, i prata, ao aluminio. O coniunto dos objecios
dos quais se pode dizer que sao homens, eis a extensao do termo; o conjunto dos objccios
L:lue se podem coDsiLlerar metais, eis a extensao do ternro
"metal,,- \,Ias para queJoAo, Pedro,
Irauk) c outros individuos possarn chamar-tc homcns, curnpre que possuam todos certas
qualidades: que sejam seres vivos, animais, vertebrados, bipedes entre os mamiferos. A sorna
I
I
I
I
destas qualidades - eis a compreensao do termo E identicamente, pam que o felrq
"homem".
o cobre, aplatin4 o ouro, o aluminio, etc., sejam chamados metais, 6 necess6rio que possuam
certo ndmerc de dadas prop edades: serem substancias simples, bons condutores de calor e
de electdcidade, terem essa pmpriedade partlcular de reflectir a luz, que rccebeu o nome de
brilho metallco. A soma destas propdedades eis a compreensao do tetmo (metal,.
esta relaqlo, dado que a sua extensao 6, de facto, enorme, pois abrange todas as plantas e todos
os animais. Sendo assim, a sua compreensao 6 menor, constando apenas o facto de serem todos
eles seres que assimilam e se rcproduzem.
vivo ., por
"homem" 6 muito menor do
Pelo contrario, a extensao do conceito que a do
"ser
isso a sua compreensao 6 maior do que aquela. Portanto, quanto mais geml for o conceito, tanto
mais vazio de signillcado sere, e tanto mais vazio de significado ser, o conceito mais geral.
Veiamos as figuras:
Ser
Ser vivo
Animal
Homem
Afticano
Moqambicano
Maputense
Lrrftles Mutola
Relativamente a extensao, o conceito de maiorextensao, em relaqao ao dc mcnor cxtcnsao, chama-
-se g6nero. O conceito de menor extensao, comparativamente :iquele, 6 denominado esp6cie,
'lbmando em considelaq,o os conceitos ordenados no graico acima apresentado, o conceito (ser' 6
genero relativamente ao conceito <ser vivo,, c cste 6 esp6cie em relalao equele; e podemos ve fica1
que o mesmo conceito, o de 6 86nero em reli4:io ao conccito animal.
"servivo,,
Convam notar que os g6neros sao conceitos cuja extensao constit ui grandes ou menores conjuntos,
sendo que neles se agrupam outros conccitos ainda de rnenor extensao e que os referentes dos
lnesmos t€ln em comum as mesmas caracteristicat, mas cada urn com a a difcrcnga cspccifica-
Quanto a extensao:
Universais aplicarn se a todos elementos de um conjunto ou classc.
Ex.: homem, caderno e lepis.
Particulaies - aplicam-se apenas a parte de um todo, ou classe.
Ex.: certos alunos, alguns pais, estes cadernos.
sinsulares aplic6veis apenas a um individuo.
Ex.: Mataka, Adija, Kwessane, este caderno.
. Con.eho e o acto mental pelo qual se confere uma certa qualidade ou qualificageo a uma
certa classe de objectos com caracteristicas comuns; 6 a aPreensao Pela mente da essancia,
ou seja, das caracteristicas determinantes de um objecto.
. Falar do conceito 6 falar da ideia.
. A extensao de um conceito 6 o conjunto de seres ou objectos abrangidos pelo conceito:
. A compreensao (conotd6(io ou intentao) de um conceito 6 o conjunto de propriedades que o
caracterizam e sao comuns a todos os seres ou objectos que formam a sua extensao.
. Ha uma proporcionalidade entre a extensao e compreensao dos conceitos: quanto mais
exLenso for um con(eiro. menos comPreensivo ser5.
. Os conceitos podem ser classiflcados de acordo com varios crii6rios.
l- Mostra como a extensao e a compreensao dos conceitos motombicono e mocuo esrao numa
rela9ao inversa-
2. Seo apresentados tr6s conceitos para que indiques qual deles 6 de maior extenseo e qual deles
6 de maior compreensao:
Utensilio dorn6stico; Garfo; Talher.
3, Ordena por ordem de compreensao crescente os conceitos seguintes:
a) Planeta, Baia de Nacala, Africa, Moqambique, Nampula e planeta Terra.
b) Grego, animal racional. fil6sofo, cidadao e S6crates.
4. Ordena segundo a ordem crescente de extensao os conceitos seguintes:
a) Transporte p0blico, meio de transporte, comboio, transporte rodovirrio e autocarro.
b) Sumo. bebida, sumo de caju, sumo natural e bebida neo alco6lica.
141
A definiq6o
Etllologicamente, a palavra "dcllnir" provam dolatim "definne",
quc significa dclirnitar ou colocar Iimites.
Assim, de6nir um conceito 6 indicar os seus limites de modo
a n5o se confundir com os dc lais conccitos. ]''cstc scntido,
a dcfinilio a a ()pcrlq:io l6gica que consisle em determinar
com riSora conlpreensao exacta de um conceito;6a exldici
taqao e a especiiicalio do seu signiflcado.
Porexemplo, defrllir "gato" 6 cviLlcnciar ou dctcrmirar
dc forma rigorosa a\ caracterislicas que o identificam
(ser animal que rnia), distinguindo-o, deste nrodo, de
I
definido
J
g6rlero
I
dilercrea
(ou esp6cie) especilica
I
Tipos e subdpos de deflnig6es
i.Tieall Subnpos Cara(terizacdo
E5seica Quc 5c faz ind.ando as notas cs5anclas: gincro prdx mo c d icrenEa espe.fi.a.
Est pLr it,/a Den.re o sgir f.ado qLre se atr bLr u .onven.ionalmente i paavra. Exernp oe
rigL,o H,O
A lated d a lnatlLtla da tnssd pel, .j.ererdfno.
Q I e .J rkrle nieil.l . dtrt.h Feb trkt le .rcnal6pt.o.
Regras de definigdo
Para quc uma definiqao seja considcrada bgicarncnte correcta, isto a, que delimite sem ambi
guidade o conjunto de objectos designado pelo termo definir, a deve obedecer incondicionalmente
As regras que a seguir apresentaremos, O conhecimento e a aplicalao de tais regras pcrmitcm
construir definiloes que exprinlern co precisao e clareza todas as qualidades essenciais da
clas\e or conjnnto designado pelo termo a cle6nir. Veiarnos, entao, tais regras.
. A definiqao nao deve sel circular ou o termo a definir nao deve constat na defi'
niqao (regra da nao circular{dade).
A nao circularida.lc da deliniqao pennite q[e e]a seia mai! clara do que o dcfrnido. Na defi_
nilao, acluilo que atribuimos ao suieito deve acrcscentar algo ao ser.l conceito, quer dizer,
a dcfinilao nlo deve conter o terlno a defilir, nem lermos da me\ma lanrilia. Pelo contrArio,
a noSsa deflnieao ser,L cilcular (cilculo vicloso). Veiamos alguns exemplos:
Quancio um aluno, interpelado peb professor, diz .O homem 6 um ser humano': 'O 'ilindro
a unla li8ura cilindrica,; <Saboroso 6 aquilo que corrta sabor), cste apenas estA a rcpetir por
outros termos ou Palavras aquilo que pret€nde dizer. Ne\tas de{iniqaes, o definido esti contido'
isto a, cntra na definiEao, dai a circularidade. Irois dizer quc "O cilindro € uma figura cilin'1rica"
6 o mesmo que dizer .O .ilindro 6 cilindro,.
L,starenos a violar, de i8ua1 modo, esta regra de nao circularidade a() dcfi[irmos qualqucr que
seia o conceito recon'cndo ao seu oposto. Porexemplo: (Do.c a algo que neo amarga"; 'ComPrido
6 o que n:io 6 cuftou; "l)ireito 6 o quc Ilao este torto.,
144
I
Os indefiniveis
Ser6 que todos os conceitos sao definivcis?
Como acab:imor de ver, definir um concejto 6 explice-lo, € transform:i lo de obscuro a claro,
por lbrma que re possa distinguir dos outros; acabanlos tamb6m de vcr que em geral a definirao
faz-se indicando o seuganero mais pra)xjn1o e a srraciiferenla e+)eciica. Ent].etanto,IlCm sempre
isso a possiveli por outras palavras, nem todos os conceitos sAo delinivci5, Assi t, o! conceito\
considerados indeliniveis sao agrupados em tres esp6cies. Veiamos:
. G6neros supremos
Se toda a definiqao comela pela inchsio do termo a definir (espacie) no scu genero mais
pr6ximo, os g6neros suprcmos sao inLlcllniveis pat excesso dc cxten Ao, dai nio possulrrm os
seus 8€ncros mais pr6ximos poro dc sepossarnin.luir. Um exemplo disto a o conceito.le (ser,.
. Individuos
supremos sao indeiiniveis por excesso de extensao, os individu)s sao indell
Se os g6neros
nidos por excesso decoDrpreensao. Em virtude disso, torna-se muito dificil, senao impossivel,
descobrir num individuo uma caracteristica (a diferen_ca espccifica) que seja suficicnte para Llue
se possa distingui r dos outlos individuos corlhecidos ou por conhecel. Sendo assim, osindividuos
s6 podem ser norneados (Mataka, Adija, Mukapere, etc_) ou descritos (claro, alto, gordo, Ljc olhos
castanhos, de cabelo prcto, etc.).
I45
I
l. Discute a seguinte questao:
(No contexto do desenvolvimento da ciancia e da tecnologia para o incremento da produEio
e da produtividade, o homem vole o gue vole o computodot, ou o computodor vole o que vole o
homem?>
2. Por que razao 6 revoltante ser mandado calar terminantemente durante um debate, uma
discusseo, uma conversa ou um col6quiol
3. Porque 6 que durante um col6quio iLs vezes enrugamos a testa, abanamos a cabeqa ou
gesticulamosl
4. Porque 6 que as drogas, o tabaco e o rlcool, assim como a pritica desregrada de relaq5es
sexuais (sobretudo antes da maturaqao psicossomiitica), preiudicam o o€anismo e a saide da
Pessoa?
l. ldentifica no trecho seSuinte o principio da razao usado por Arist6teles.
(Quer se deva filosofar, quer neo se deva filosofar, 6 imperioso filosofar Mas porque entre o
filosofar e o nao filosofar nao h6 alternativa, he, em todo caso, que filosofar.) (Aristoteles)
a) Pflncipio de identidade.
b) Principio do terceiro excluido.
c) Principio da nao contradicao.
d) Principio da razao su6ciente.
3. Assinala a opEno que melhor traduz a ordenaeio cr€scente de compreensao dos conceitos
seguintes; ser, vertebrado, ave, galinha, animal e talinaceo.
a) Ser vivo, ser, animal, vertebrado, galineceo, Salinha e ave.
b) Ser, ser vivo, animal, vertebrado, galinha e ave galineceo.
c) Ser, ser vivo, animal, vertebrado, Salineceo, Salinha e ave.
d) Sec ser vivo, animal, vertebrado, ave. galiniiceo e galinha.
9. Analisa as seguintes definiq6es e indica, justificando, as que sio correctas e as que sao
incorrectas. No caso das incorrectas, indica a(s) regra(s) violada(s).
a) Um triangulo 6 um poligono de tres engulos.
b) Os livros s5o obiectos de papel.
c) A beleza 6 uma promessa da felicidade
d) A baleia 6 um animal marinho.
e) Um orfro e um ser humano que n5o tem pais.
0 A ciencia 6 a acdvidade desenvolvida por cientistas.
t0 Classifica as seguintes definiE5es quanto ao tipo e ao subtipo:
a) A maciei.a 6 uma 6rvore de folha caduca que d6 frutos comestiveis.
b) Homem - ser vivo, sensivel, erecto. bipede e implume.
Anilise Decomposireo do todo nos seus elementos.
A postetiori Diz-se daquilo que s6 se pode constatar por experiancia. O seu ant6nimo 6 o pr,ori.
A priori Diz-se daquilo que se pode anrmar e que se imp5e antes e independentemente de qualquer
Cepticismo Doutrina que afirma que o ser humano nao pode atingir certeza nenhuma.
Consenso - Acordo dos membros de um grupo social sobre os principios da sua organiza9eo.
Determinismo - Teoria segundo a qual os fenomenos do universo sao o efeito necesserio dos seus
antecedentes. Conjunto de condis6es para que um fen6meno se Produza.
Dogma - Elemento de uma doutrina religiosa ou filos6fica que nao se pode p6r em dnvida porque e
admirido como sendo uma verdade revelada ou absoluta.
Etimol6gico Relatiyo :! etimolosia, isto 6, a parre da gram,tica que trata da origem e formaleo das
149
Unidade I
Unidade 2
Arvon, H., Lo ph,losoph,e du trovoil, Paris, PUF, 1961.
Anjos, M. F., Euton6sio em Chove de Libertutao, Bolerim do ICAPS, 1989.
Bago inl, R., Filosoro del/ovovore, Milio, Giuffr6, 1971.
Unidade 3
Descartes, R., /\,{edrtoq6es Sobre o Filosofio Primera, Coimbra, A medina, 1976, pp. 194-195.
Fragata, J., <Dogmat smo> in E,c,clop6dio Logos, p. 145.
Fukuyama. Francis, fhe En,l ofThe History and Ihe Ldst l.,lon, New Yor(, The Free Press, 1992.
Godinho, V, taagalhaes, Ensaios, Humonisno Cienlifi.o e Reflexaa Filasafi.o, Lisboa, Livraria Si da Costa
Editora. 1971.
Unidade 4
Meyer M., L6gr6o, tinguogem e Arg,ne,toC6o. Lisboa, Ed. Teorema. 1992.
Yora,l. F., Dicionario de Filosolto, Lisboa, Publicae6es Dom Quixote.
Kneale, w. e 14., O Desenvolvimento ,lo L6pica, Lisboa, Fundareo C. Gulbenkian, 1962.
Samon, W., L6gr.o, Ed. Guanabara. Rio deJaneiro, 1978.
Stebbing, L. S., irtroduc.i6n o lo Loitco Modetno, Fondo de Cultura Econ6mica. l'16xico, 1965-
Iittlla: Pi-Univclsittitio - Fik'sofa 11
lditor: Longman MoEaDbique
t prcssao e acabamentos: Clys(rr Iti ters, Nlaitland, Cap€ Toen
Eduardo Geque
Llcenciado cnr Ensino de lilosofia peLa Univcrsidade PedaS6gica, € meslrando em
Desenvolvin]entu Rural na Unl!eftniade lduardo lvlondll]ne. aprofessorde Iilo!o1ia
na l-s.ola Sccundiria de Laulane, leccionando igualmente M6todos dc Estudo e de
lnvestigaqao CieDtifica no lnstil uto Supeiior dc Tecrlologias e Gestao. Colabora com
o ln(itLrto Supernrr Lle Ad1ninistralao hblica nos m6dulos de Desccntralizalao,
l,ensa cnto !olitico, Govcrnafao e Desenvolvilnento Local e lntegraEio lcon (imica
Regional.
Reservadol todos os dheitos. iprolbida a reproduqao dcsla obra por qualqucr melo (f(,ioc6pia, ortel
fotografia, etc.) scm ocons€ntinento pr6vio da Lditora, abrarSendo esta proibiqao o texto, a ilustratAo
e o arranio grinco. A violalao dcstas resras lera passivel .le procedimcnto judiciaL, de a.ordo conr
o estipulado ro C6digo dos Direitos de Autor, D.L. 4 de Fevereiro dc 2001.
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PAg. 26 Pintlrra dc laul Gaugxin, Museu de Belas r\rtcs de Boston (dolninio priblico); pig 33
lresco de Ralael (donrinio pilblico), pa8.3'1 pnrtura dcJacques Louis David (lvfuteu Metropollti n o
de Arte); peg.44-Jear riaget (Roland Zumbuhl)i pi8. '15 I aur€nc€ Kohlbcrg (Getty Images / Gallo
Images); peg. 59 - Immanuel Kanl (dominio pnblico); pzig. 90 lrans Hals (Nluseu do Louvrc)j
pig. gu lolm Locke (dominio pnblil.o); piig.9E DavidHume (don lio priblico)i pig. 10il C/iti.?
dd Rdzro l1ra (dominio pirblico)i pii8. 10:l Bartolomcu\tlho (dominlo piblico); pig.10:l S.drotrd-
phitl $)\let atis Coprmi.d,i (dol nio piblico)i pjg. 107 Augustc Comte (donlinio pnblico),
pig. I14 Karl Iropp$ (doninio prrblico)i pig. 11s Thomas Kuhn (lvorld Prcss)
stMBolos DA REPUBLTCA DE MOQAMBTQUE
Bandeira Emblema
Hino Nocionol
Pdtrio Amodo
Coro
Mogombique nosso ierro glorioso
Pedro o pedro consiruindo o novo dio
Milh6es de brocos, umo s6 forgo
6 pdhio omodo vomos vencer.