Cavalcanti 03

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Cassia Albuquerque

Marcelo Bezerra Cavalcanti


Francisco Antonio Doria

Cavalcantis: na Itália, no Brasil.

Rio de Janeiro

2010
21 de Agosto de 2010
Quem nasceu em Pernambuco,
há de estar desenganado:
ou se é um Cavalcanti,
ou se é um cavalgado.

Tem Accioli em Pernambuco,


Paes Barreto, Cavalcanti.
Quando alguem for tocaiado,
foi um desses o mandante.
Mas se o morto for Accioli,
Paes Barreto ou Cavalcanti,
nem precisa testemunha;
logo se sabe o mandante:
é um Carneiro da Cunha.
Figura 1: Armas dos Cavalcantis em Florença: de prata semeado de cruzetas recruze-
tadas de vermelho.

Aqui se fala de origens lendárias em cavaleiros da corte de Carlos Magno, e na história


documentada de senhores feudais doublés de mercadores.

ou em contos de fada, ou quase, descen-

S
E ACREDITAMOS NAS LENDAS
dem os Cavalcantis de um dentre quatro irmãos que, em começos do
século IX, teriam chegado à Itália vindos da Alemanha. O primeiro deu
origem aos C AVALCANTI; o segundo, aos C ALVI. O terceiro, aos M ALAVOLTI
e O RLANDI de Siena. O quarto aos M ONALDESCHI de Orvieto. Esta lenda se
traça ao século XIV, em seus começos, a Antonio Manetti, que a ela se refere.
Mas o certo é que por volta do ano 1000 os Cavalcantis moravam em Flo-
rença na região da Via di Calimala e da Via Porta Rossa, junto do atual centro
da cidade, na Piazza della Signoria; é onde tinham suas casas. É o que se con-
firma num documento de 1045, no qual se dão os nexos iniciais da genealogia.
Eram guelfos, ligados em casamento à antiga aristocracia feudal do contado,

5
6 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

os Condes Guidi, os Adimari, e à aristocracia urbana, de status consular, que


dirigia Florença nos séculos XII e XIII, ao começo, como os Buondelmonti e
Amidei, entre outros. Ricos devido ao comércio sobretudo de panos de lã, de-
ram a Florença no tempo do primo cerchio (primeiro cı́rculo de muralhas que
protegiam a cidade no século XII), oito cônsules. Eram portanto vistos como
magnati, aristocratas de linhagem feudal.

Figura 2: Via Porta Rossa, “già Via de’ Cavalcanti.” (Foto: S. U. Cavalcanti, 1984.)

I. D OMENICO C AVALCANTI1 vivia pelo ano 1000. P.d.:

II. G IAMBERTO C AVALCANTI. P.d.:

III C AVALCANTE DE ’ C AVALCANTI. P.d.:

IV. G IANNOZZO C AVALCANTI (tambem conhecido como G IANNULIETO),2 ,3 .


Este foi casado com uma filha do conde Guido Guerra III,4 ou Guido “Sangue,”
1 Esta genealogia tem, na parte italiana, como fonte principal, as tábuas manuscritas, com letra

do século XVII, e anotações de Andrea di Lorenzo Cavalcanti, do século XVII, e outras de Luigi
Passerini com data de 1844, existentes na coleção cuja cota já mencionaremos, e que podem ser
da autoria de Scipione Ammirato. Foram feitas algumas correções, indicadas nos locais. Os dese-
nhos da versão florentina das armas, e daquelas concedidas pelo rei Tudor provieram também de
documento da coleção Passerini, BNCF, Sala Manoscritti Rari, Segnatura Passerini, 156.
2 Esta genealogia, desde Domenico, é a que aparece no documento referido de 1045, segundo o

Gamurrini e outros.
3 Abreviatura de G IOVANNI L ETO .
4 A genealogia dos Condes Guidi, pelo site de Davide Shamà, é longa e antiga:

• I. Conde Theudigrimus ou Tegrimo, de origem lombarda, † antes de 941, era sr. do castelo de
Modigliano, e c.c. Engelrada (n. antes de 909 — † antes de 941), filho de Martinus, dux, e
neto de Gregorio, que vivia em 838, igualmente intitulado dux. P.d.:
• II. Conde Guidus I, ou Wido (n. antes de 943 — † antes de 963, Conde de Modigliana e
Cavalcantis, Itália e Brasil 7

conde de Modigliana, † depois de 20.9.1220, e da condessa Gualdrud ou Gual-


drada, filha de Bellincione di Uberto de’ Ravignani (o nome Guido, comum na
descendência Cavalcanti do casal, parece provir deste casamento).P.d.:

V. C AVALCANTE DE ’ C AVALCANTI foi cônsul da comuna florentina em 1176.


Sr. dos castelos de Lugo, de Ostinain em Val d’Arno, e delle Stinche, em Val di
Greve; † antes de 1202.5 Sua mulher pode ter sido uma Adimari, pelo nome de
um dos filhos. P.d.:

• Aldobrandino Cavalcanti, dado em 1200 e em 1204 como cônsul da co-


muna de Florença e citado em 1215 num tratado com Bolonha; estava
no conselho dos anciães em 1214. Teve o filho Gianigosso Cavalcanti,
de quem descende uma linha que se extinguiu em Florença em 1719 na
pessoa do Cavaliere Aldobrandino di Sebastiano Cavalcanti.

• Cavalcante de’ Cavalcanti, que segue.

• Adimaro Cavalcanti, † antes de 1228, cônsul da comuna de Florença em


1176, e depois em 1203; c.c. Isabella degli Amidei. Foi senhor de Monte-
calvi, que teve por dote da avó, filha do conde Guido “Sangue” di Casen-
tino.6
de Pistoia. C. (1) c. Sibilda ou Richilda, † depois de 943, e c. (2) c. Gervisa, viva em 958.
Provavelmente do primeiro leito:
• III. Conde Tegrimo II, † antes de 990, Conde de Modigliana. C.c. Ghisia, filha do Marquês
Ubaldo, viva em 1006. P.d.:
• IV. Conde Guido II, † antes de 1034, Conde de Modigliana. P.d.:
• V. Conde Guido III, vivo em 1034, Conde de Modigliana. C.c. Adeletta, † depois de 1043,
filha de Ildebrando dos Ildebrandeschi. P.d.:
• VI. Conde Guido IV, que vivia entre 1053 e 1100, e † antes de 1103. Conde de Modigliana, c.c.
Ermelina, † antes de 1096. P.d.:
• VII. Conde Guido V, chamado Guido Guerra I, Conde de Modigliana, vivo em 1086, † entre
1122 e 1124. Foi adotado pela grande Marquesa Mathilde. C.c. Imiglia di Reginaldo, viva
entre 1106 e 1146. P.d.:
• VIII. Conde Guido VI, ou Guido Guerra II, † 1157, Conde de Modigliana. C.(1) c. Adelaida,
filha de Alberto Conde de Romenia, e c.(2) c. Trotta, † depois de 1157. Do primeiro leito:
• Conde Guido VII, ou Guido Guerra III, Conde de Modigliana, condestável dos florentinos
como o pai, c.c. Gualdrada.

5 Segundo as notas de Andrea di Lorenzo Cavalcanti à genealogia em ms de Ammirato, BNCF.


6 Citado em 1201 como “Adimaro di Giannileto,” sendo que deve ter havido omissão do pa-
tronı́mico intermediário:
Al Libro intitolato Kaleffo Vecchio esistente nell’ Archivio delle Riformagioni della Città di Siena, appa-
risce a 30. quanto appresso:
In nomine Domini Amen. Haec sunt nomina Florentinorum qui iuraverunt Senensibus ad breve, cuius
tenor talis est.
In nomine Domini Amen. Ego iuro ad Dei Evangelia concordiam, & securitarem compositam, & ordi-
natam inter Florentinos, & Senensis , sicur scripta est manibus Ranerii Iudicis Senensis, & Guerii Iudicis
Florentini firmam, & ratham toto tempore vitae meae renere, & cam non rumpere, nec in consilio, vel facto,
seu ordinamento, vel assenzimento, quod rumpatur, vel vitietur aliquo modo, & haec omnia observabo bona
fide, omni fraude remota, & malicia, & sophismate, & omni malo ingenio.
8 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

Figura 3: Castelo dos Condes Guidi em Poppi.


Cavalcantis, Itália e Brasil 9

Tiveram um filho, Giovanni Cavalcanti, casado com Giovanna . . . , † em


1323 esta Giovanna.

• Pazzo Cavalcanti, ancestral do ramo napolitano. Segue no § 1.

VI. M ESSER C AVALCANTE DE ’ C AVALCANTI, da Parte Guelfa. Pai de vários


filhos:

• Schiatta, que segue.

• Giovanni, dito Gianni Schicchi, atestado em 1204 e citado por Dante e


tema de ópera de Puccini.
Giovanni, detto Schicchio ou Schicchi, de’ Cavalcanti foi um comerciante
e homem público florentino. O episódio que lhe deu fama tem contornos
de farsa: quando morre Buoso Donati o velho, mercador riquı́ssimo, Gi-
anni Schicchi, tendo o talento de imitar muito bem outras pessoas, mete–
se no leito do falecido e, passando–se por um Buoso Donati ainda ago-
nizando, faz convocar um tabelião a quem dita um testamento falso (fa-
vorecia Simone Donati, sobrinho de Buoso e amigo de Schicchi). Dante,
casado com uma Donati, não lhe perdoou o fato, e o coloca nos quintos
do inferno.
C.c. uma Latini. † antes de fevereiro de 1280. P.d.:

– Bettino Cavalcanti.
– Messer Guiduccio Cavalcanti, atestado em 128. . . como membro do
conselho dos anciães. P.d.:
∗ Salvestro Cavalcanti, mencionado em 1317.
∗ Bartolo Cavalcanti, idem em 1317. Pai de Schicchio e de Becco.
∗ Amerigo Cavalcanti.

• Ciappo Cavalcanti. Dos anziani em 1226.

• Poltrone Cavalcanti. Deste descende uma linha que se extingue em Flo-


rença em 1678 na pessoa de Francesco di Giambattista Cavalcanti, casado
com Settimia Guicciardini.

VII. M ESSER S CHIATTA C AVALCANTI algumas vezes é colocado na geração


anterior, mas as datas de seu neto Guido o sugerem aqui. Atestado em 1220.
P.d.:

• Messer Cavalcante de’ Cavalcanti, que se casa em 1254. Pai do grande


poeta:
Hi omnes iuraverunt in anno Domini 1201. Ind. 4 tertio Kal. Maii.
Aldimaris Iannis Leti
Et isti similiter iuraverunt eodem anno, & Indiet die. . . Kal. Maii, & c.
Ildibrandinus Cavalcantis (Marchionne di Coppo Stefani, Istoria Fiorentina (1776)).
10 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

– Guido Cavalcanti. Dá–se aqui uma breve biografia do poeta. Guido


di Cavalcante de’ Cavalcanti nasceu em Florença em 1255. Depois
da derrota dos guelfos em Montaperti em 1260 — sua famı́lia era
guelfa — saem de Florença os Cavalcantis, mas retornam para que,
na paz entre guelfos e gibelinos, Guido Cavalcanti case–se em 1267
com a filha de Farinata degli Uberti, chefe gibelino. Exilado em
1300, Guido morre em 29 de agosto do mesmo ano em Florença,
tendo–se–lhe sido permitido retornar a Florença in extremis. Depois
de Dante, e junto a Petrarca, é o maior poeta florentino do começo
da renascença. Bice degli Uberti e Guido tiveram os filhos:
∗ Niccolò Cavalcanti, pai de um Giovanni; e
∗ Andrea Cavalcanti.

• Scolaio, que segue.

Nesta oitava geração encontra–se, com filiação indeterminada, Maddalena


Cavalcanti, que teve seu floruit c. 1260, e que se casou com Strozza di Messer
Ubertino, ancestral dos Strozzis e de boa parte do patriciado florentino.
De Pagno Strozzi, um dos filhos de Strozza Strozzi e de Maddalena Caval-
canti, este Pagno tendo sido gonfaloneiro em 1297, c.c. Bartolommea Monaldo
† 1358, foi filho Filippo Strozzi † antes de 1334, prior várias vezes. C.c. Biccia,
filha de Mariano Trincavelli. P.d. Giovanni Strozzi, condottiero. C.c. Antonia,
filha de Lippo Berti. P.d. Leonardo Strozzi, prior em 1373, 1377 e 1383. Da pri-
meira mulher Maria, filha de Conte (nome próprio) degli Alberti, teve a Cos-
tanza Strozzi, testada em 1379 e então falecida. C.c. Luigi Guicciardini. Pais de
Niccolò Guicciardini, † testado 1407, prior em 1399 e 1406. C. (1384) c. Bice, filha
de Giovanni Strozzi. P.d. Nanna Guicciardini, 2a. mulher de Francesco Tornabu-
oni, † 1436. P.d. Lucrezia Tornabuoni (1427–1482). C.c. Piero de’ Medici il Gottoso.
P.d. Lorenzo de’ Medici, il Magnifico.7

VIII. M ESSER S COLAIO C AVALCANTI teve três filhos:

• Messer Bottaccio, c.g.

• Schiatta, que segue.

• Scolaio detto Bamboccio, c.g.

IX. M ESSER S CHIATTA C AVALCANTI foi p.d.:

• Arrigo, que segue.

• Poltrone.
7 Para estabelecer o parentesco a Lorenzo il Magnifico usamos as tabelas genealógicas de Davide

Shamà, online.
Cavalcantis, Itália e Brasil 11

X. A RRIGO C AVALCANTI é atestado em 1357, entre os Dieci di Mare.8 Era um


magnata, ou seja, da nobreza antiga, excluı́dos em geral do governo da cidade.
P.d.:

XI. J ACOPO C AVALCANTI.9 É o tronco de um dos ramos destes que renun-


ciaram aos privilégios magnatı́cios, adotando esta linha o nome de’ Cavalleschi.
P.d.:
• Guido, que segue.
• Ridolfo Cavalcanti.
• Benedetto Cavalcanti, franciscano, bispo de Rapolla, † 1374.

Figura 4: Transcrição do epitáfio do bispo de Rapolla (cortesia de S. U. Cavalcanti).

XII. G UIDO DE ’ C AVALLESCHI, atestado como filho de Jacopo em 1387.10


Entra na Arte di Calimala (corporação dos comerciantes de lã) em 1373; torna–
se um de seus cônsules (dirigentes) em 1393.
Em 1408 é dado como de S. Domenico. C.c. Corradina di Piero di Caman-
tino de’ Gherardini. Pais de:
• Antonio, que segue.
• Jacopo.
• Giovanni Cavalcanti, c.g. (pai de Bernardo, Tommaso e Guido).
• Andrea, Bartolommeo e mais outros dois, s.g.
XIII. A NTONIO C AVALCANTI ou A NTONIO DE ’ C AVALLESCHI, n. 140411 e
atestado em 1426 (e depois em 1430) como irmão de Jacopo e filho de Guido
de’ Cavalleschi, foi o p.d.:
8 Ammirato coloca a este Arrigo como filho de Messer Schiatta, e cita-o nas Istorie Fiorentine, vol.
III, livro XI. Andrea Cavalcanti, nas suas anotações às tábuas de Ammirato, coloca–o como pai de
Jacopo, abaixo.
9 Conforme bem o notou Silvio Umberto Cavalcanti, a genealogia segura principia aqui. Para

trás usamos a linha tradicional, e mais as anotações de Andrea Cavalcanti à árvore de Ammirato.
10 Está assim referido como pai dos filhos Antonio e Jacopo em 1426 no Registro d’Huomini e Donne

Cavalcanti, segundo descobriu Marcelo Cavalcanti; ASF Fondo Mannelli Galilei Riccardi Pezzo 481.
11 Silvio Umberto Cavalcanti dá 1402, mas parece escrito 1404 no ms de Ammirato com as notas

de Andrea Cavalcanti.
12 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

• Piero.

• Jacopo, pai de um Filippo e avô de um Schiatta.

• Guido Cavalcanti, p.d.:

– Giuliano, Antonio, Ridolfo, Federigo e Filippo.


Antonio teria deixado descendência em Florença.

• Filippo, que segue.

Figura 5: Filippo di Antonio de’ Cavalleschi. (Registro d’Huomini. . . )

XIV. F ILIPPO C AVALCANTI12 é o tronco do ramo brasileiro. Lê–se a seguinte


ementa no Registro d’Huomini e Donne. . . :

1459
Filippus, et Guido fratres et filij Antonij Guidonis Jacobi Cavalleschi, siue
de Cavalcantibus fuerunt noviter descripti matricula q me Baptista de
Guardis notarius intrascriptum et descendenres dicti Antonij
die 15 Xbris 1459 - Libri d’Arte

P.d.:

• Lorenzo, que segue.

• Jacopo Cavalcanti, com dois filhos:

– Jacopa, n. 1453, c.c. Jacopo di Girolamo di Matteo Morelli.


– Filippo, pai de Maria, n. 1497, c.c. Jacopo di Francesco Rinuccini.
12 Diversas referências fazem ancestral do ramo brasileiro a um Antonio Cavalcanti — retomara o

nome da famı́lia então — dado enganosamente como pai de Filippo di Giovanni, quando seria pai
do bisavô homônimo. A fonte de Ammirato parece ter sido o pe. Manuel Cavalcanti, brasileiro,
neto de Filippo di Giovanni. Este Antonio Cavalcanti, ou Antonio de’ Cavalleschi, atestado em
1426, coloca–se com certeza nesta geração, e não posteriormente, como o faz Ammirato.
Cavalcantis, Itália e Brasil 13

XV. L ORENZO C AVALCANTI . Casou com Contessina, filha de Ugo di Ri-


naldo Peruzzi.13
Pais de:
• Giovanni, que segue.
• Schiatta.
• Maddalena, n. 1489, c.c. Bernardo di Simone Mazzinghi.
• Caterina, c.c. Paolo di Agnolo Baglioni.
• Selvaggia; e outra Maddalena.

XVI. G IOVANNI C AVALCANTI . Grande comerciante, nasce em Florença em


1480. Em 1521, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti está de volta a Florença, e lá
se casa com Ginevra, filha de Francesco di Lionardo Mannelli. Giovanni di
Lorenzo Cavalcanti morreu em Londres em 1542; teve com monna Ginevra di-
versos filhos, entre os quais Schiatta, que sucedeu ao pai na gestão dos negócios
ingleses, Guido, que serviu a Caterina de’ Medici e a acompanhou quando esta
se mudou para a França, e Filippo, que vem para o Brasil.
Giovanni Cavalcanti nasceu em Florença em 8.10.1480; foi batizado em
Santa Croce, em 11 de outubro, às 4 da tarde. Era filho de Lorenzo di Filippo
Cavalcanti, e de Contessina, filha de Ugo Peruzzi — e é possı́vel que, nos Pe-
ruzzi, se aparentasse aos Médicis do ramo primogênito. Giovanni Cavalcanti
fixa–se em Londres, como mercador, desde 1509, ou talvez um pouco antes.
Torna-se logo fornecedor da corte inglesa: especializa-se em bens suntuários,
vende tecidos caros, damascos, panos tecidos com fios de ouro; faz a negociação
de objetos de arte, de quadros a esculturas e, enfim, vende projetos para mo-
numentos, sobretudo monumentos fúnebres. Uma das negociações, que Cinzia
13 Os Peruzzi eram do sesto de San Pier’Scheraggio; seu palácio fica perto da Piazza della Santa

Croce. A genealogia de Contessina é a seguinte, feita sobre as tratte e o Catasto de 1428. Em meados
do século XIV, sendo banqueiros, junto com os Bardi, de Eduardo III rei da Inglaterra, vão à falência
quando este rei recusa–se a lhes pagar os empréstimos feitos para lhe financiar a guerra contra a
França:
I. Arnoldo Peruzzi é atestado na primeira metade do século XIII. P.d.:

II. Pacino Peruzzi, prior em 1284, 1286, 1288, 1294 e gonfaloneiro em 1297. P.d.:

III. Rinieri Peruzzi. Prior em 1307. Pai de:

IV. Luigi Peruzzi; foi gonfaloneiro di compagnia em 1347. P.d.:

V. Rinieri Peruzzi, s.m.n. P.d.:

VI. Rinaldo Peruzzi. N.c. 1370; é um dos buonomini em 1391. Estava vivo em 1428. P.d.:

VII. Ugo Peruzzi, pai de:

VIII. Contessina Peruzzi, mulher de Giovanni di Filippo Cavalcanti.


14 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

Figura 6: Armas aumentadas, concessão de Henrique VIII a Giovanni Cavalcanti em


1520: de prata semeado de cruzetas de vermelho, com uma asna de azul carregada de
duas flores de liz de outro, e entre estas um leonel do mesmo.
Cavalcantis, Itália e Brasil 15

Sicca examina em detalhe, é o projeto de um mausoléu para Henrique VIII e


sua mulher (de então), Catarina de Aragão.
Giovanni di Lorenzo Cavalcanti corresponde–se, no exercı́cio de seu ofı́cio,
com artistas como Michelangiolo. É citado por Vasari. Suas atividades dão–se
no eixo Londres–Florença–Roma. Ligado aos Médicis, devido à posição que
tem no ambiente polı́tico de Florença e através de parentesco ao ramo dito po-
polano da famı́lia de’ Medici, torna-se uma espécie de faz–tudo para o Cardeal
Giovanni de’ Medici em Londres. Quando este é eleito papa em 1513 e torna–
se no papa Leão X, Giovanni Cavalcanti é feito cameriere segreto papal,14 o que
lhe dá um status de primeiro plano ao se apresentar perante Henrique VIII.
Envolve–se na diplomacia que cerca a concessão do chapéu de cardeal a Wol-
sey, principal ministro de Henrique; está ao lado do rei inglês quando este vai
se encontrar com Francisco I de França no Campo das Tendas de Ouro (sabe-
mos disso graças a uma citação feita em 1520) e, enfim, novamente participa de
uma negociação entre o papa e o rei da Inglaterra, quando graças a um tratado
que Henrique escreve contra Lutero, Leão X concede–lhe a Rosa de Ouro e o
tı́tulo de Defensor Fidei.
Em 1521, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti está de volta a Florença, e lá se
casa com Ginevra, filha de Francesco di Lionardo Mannelli. Francesco Man-
nelli era o sócio de Giovanni Cavalcanti em Florença nos negócios de produção,
compra e venda de tecidos de seda, pois os Mannelli eram setaiuoli, donos de
uma tecelagem de seda. Eram gente rica, recentes nesse comércio de seda, mas
com uma história interessante, entremeada a fundo à história de Florença. Pois
os Mannelli eram gibelinos — embora um ramo algo desgarrado do clã tenha
optado pelo partido guelfo — e de origens feudais autênticas mas longı́nquas.
Em 1260, Tommasino e Simone, filhos de Rinucinno di Benintendo Manneli,
são conselheiros gibelinos da comuna; em 1261 encontramos Abate, filho de
Abate Mannelli. Atestam-se como comerciantes depois de 1280, e por esta
época uma violenta vendetta opõe os Mannellis à famı́lia Velluti. Em 1278 é
chefe do ramo guelfo certo Mannello Mannelli, comerciante riquı́ssimo.
Ginevra Mannelli era bisneta de Niccolò Mannelli, e trineta de outro Lio-
nardo Mannelli, nascido em fins do século XIV.
Em 1520 Henrique VIII concede–lhe um acrescentamento às armas: numa
descrição segundo as regras da heráldica, as armas de Giovanni Cavalcanti
passam a ser, depois do acrescentamento, de prata, semeado de cruzetas recruze-
tadas de vermelho, com uma asna de azul, brocante sobre o semeado, carregada de um
leonel de ouro no ápice, entre duas flores de lis do mesmo. Elmo de prata aberto e guar-
necido de ouro, paquife de negro e prata, e por timbre, saindo do virol, um cavalo alado
saltante, a parte anterior de prata, asas de azul, saindo de um fogo de vermelho e ouro.
Giovanni di Lorenzo Cavalcanti era um homem de grande requinte e gosto
muito elaborado: ainda jovem, corresponde-se com Luigi Guicciardini sobre
a descoberta do Laocoon em Roma (isso, em 1506); em 1508, em cartas sem-
pre dirigidas àquele Guicciardini, discute a descoberta de tumbas etruscas em
14 Uma espécie de assistente do solio pontifı́cio; um de seus deveres, ou privilégios, era o de

carrefar o caixão do papa.


16 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

Castellina. Foi quem atraiu para Londres o escultor Pietro Torrigiano, de quem
conhecemos o busto de Henrique VII, hoje no Victoria and Albert Museum.
Giovanni di Lorenzo Cavalcanti morreu em Londres em 1542
Com Monna Ginevra foi o pai de:
• Filippo, que segue.
• Guido Cavalcanti, que acompanhou Caterina de’ Medici (1519–1589) à
França quando esta se casou com o futuro Henrique II.
• Schiatta Cavalcanti, n. em Florença em 17.9.1527, e que depois da morte
do pai em 1542 sucede nos negócios familiares em Londres.
• Giovanni Cavalcanti, que em 1587 e 1588 se corresponde com Giordano
Bruno, este residindo em Londres e Giovanni em Roma, segundo o teste-
munho de Sir Edward Stafford.
XVII. F ILIPPO C AVALCANTI é destes quem passa ao Brasil. Nasceu em
Florença em 12.6.1525, tendo sido batizado em Santa Croce. Vem para o Brasil
depois de 1558, provavelmente em 1560, e aqui se casa com Catarina de Al-
buquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque “o torto”15 e da ı́ndia Maria do
Arcoverde. Havia solicitado a Cosimo de’ Medici uma certidão de nobreza,
que recebe no seguinte teor:
Cosimus Medices Dei Gratia Florentiae et Senarum Dux II. Universis et
singulis ad quorum manus presentes advenerint litere, salutem et omnem
15 É a seguinte a genealogia de Jerônimo de Albuquerque:
• I. Gonçalo Lourenço de Gomide foi escrivão da puridade de D. João I, e sr. de Vila Verde dos
Francos (Torres Vedras). Seria irmão de Vasco Martins de Gomide, prior do Crato, e filhos
de Nuno Martins de Gomide. Gonçalo Lourenço esteve com D. João I na tomada de Ceuta,
quando foi armado cavaleiro. Cc. Inês Leitoa, filha de Vasco Martins Leitão, sr. de Albufeira.
P.d.(e.o.):
• II. João Gonçalves de Gomide, sr. de Vila Verde. C.c. D. Leonor de Albuquerque, filha de
Gonçalo Vaz de Mello, sr. de Castanheira, Povos e Cheleiros, e de s.m. D. Isabel de Albu-
querque, filha de Vasco Martins da Cunha, sr. da Tábua, e de s.m. D. Teresa de Albuquerque.
João Gonçalves matou sua mulher e foi degolado em praça pública devido ao crime, tudo
se dando antes de 1439; os filhos adotaram o apelido da mãe.
D. Teresa de Albuquerque, mulher de Vasco Martins da Cunha, era por sua vez filha bas-
tarda de D. Fernando Afonso de Albuquerque; neta igualmente por bastardia de D. joão
Afonso de Albuquerque “o do ataúde,” n. 1320 e † 1367, mandado assassinar por seu primo
el–rei D. Pedro I “o cru,” — e enfim bisneta de D. Afonso Sanches, primogênito ainda que
bastardo de D. Diniz “o lavrador,” e de sua mulher D. Teresa Anes, filha de D. João Afonso
Telo, sr. de Alburquerque e Conde de Barcelos.
P.d. (e.o.):
• III. João de Albuquerque, “o Azeite,” que c.c. D. Leonor Lopes, filha do desembargador Dr.
Lopo Gonçalves. P.d.:
• IV. Lopo de Albuquerque, “o Bode,” que c.c. Joana de Bulhões, filha de Afonso Lopes de
Bulhões, cidadão de Lisboa. P.d.:
• V. Jerônimo de Albuquerque, “o Torto,” que passa ao Brasil e tem filhos com Maria do Arco-
verde.
Cavalcantis, Itália e Brasil 17

prosperitatem etc. Familia Cavalcantum in hac nostra Florentina civitate,


pariter et Familia Mannellorum singulari nobilitate ac splendore reful-
gent, ex quibus multi hactemus prodiere viri de Nobis et nostris progeni-
toribus, universaque civitate benemeriti illi enim huius Nostre Reipublicae
successivis temporibus quoscumque honores ac dignitates adepti sunt, et
supremos Magistratus summa cum laude gesserunt, et propria suae ag-
nationis insignia patritiorum florentinorum more gestantes suis campis
probatisque coloribus distincta ut hic videre licet, veluti alii splendidissimi
in patria optimates vixerunt. Quae inter Johannem Cavalcantem Philippi
Cavalcantis patrem precipue conmemoramus, qui in hac civitate de gens
Genepram Mannellam iam pridem clarissimam duxit uxorem, et predic-
tum Philippum ex ea legitimo matrimonio suscepit filium, qui nobilissimo
Lusitaniae Regno haudquaquam a suis parentibus degenerans honoratis-
simo sumptu commoratur. Quamobrem familias ipeas earumque gentiles,
ut decet, diligimus, et ipsum Philippum propteres significamus prefatis
ingenuis parentibus Johanne vz et Genepra legitimis natalibus, et benes-
tissimis familijs ortum merito nobis esse carissimum, et harum literarum
nostrarum testimonio, quas plumbei nostri sigilli appensione communiri
iussimus, sue nobilitatis fidem facimus. Optamus insuper rogamusque in
gratiam nostram quodcunque opportunum ipsi fuerit honoris, et commodi
non vulgari benignitate conferrit. Erit enim id nobid gratissimum et quod
maioris obsequij loco acceptum feramus. Datum Florentie in nostro Du-
cali Palatio, die xxiij Augusti 1559. Ducatus vero nostri Florentini xxiij
Senensis iij.
A tradução usual é:
Cosme de Medicis, por graça de Deus, Duque segundo de Florença e Si-
ena. A todos e a cada um a cujas mãos chegarem as presentes letras, saúde
e prosperidade etc. A famı́lia dos Cavalcantis nesta cidade de Florença,
como também a familia dos Mannellis resplandecem com singular nobreza
e luzimento, das quais até este tempo tem saı́do varões de Nós, de nossos
Progenitores, e da nossa Republica beneméritos porque elles tem alcançado
em sucessivos tempos todas as honras e dignidades da nossa cidade, e tem
servido os Supremos Magistrados com grande louvor; e trazendo as ar-
mas próprias de sua Familia, à maneira dos Patrı́cios Florentinos distin-
tas em seus campos e cores concedidas, como abaixo se pode vèr, viverão
como os outros mais luzidos Fidalgos de sua Pátria. Entre os quaes con-
tamos principalmente, a Giovanni Cavalcanti, pai de FiIippo Cavalcanti
o qual vivendo nesta cidade em tenrpos passados casou com a nobilı́ssima
Ginevra Mannelli de quem teve de legitinto matrimônio ao dito Filippo
Cavalcanti o qual não degenerando de seus pais, vive com toda a pompa
no nobilı́ssimo Reino de Portugal. Pelo que amamos, como nos é licito,
as mesmas famı́lias e a seus descendentes, e alem disto significamos que
o mesmo Filippo Cavalcanti nascido dos ditos pais nobres, a saber: Gio-
vanni e Ginevra, de legitimo matrimônio, e de famı́lias muito nobres com
razão é muito amado de Nós, e com o testemunho das presente letras, que
18 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

mandamos selar com nosso sêlo pendente de chumbo, certificamos sua no-
breza. E alem disto desejamos e pedimos, que por nosso respeito se lhe faça
com muita benignidade toda a honra porque nos será isto muito agradável
e o teremos em grande obséquio. Dado em Florença no nosso Palácio dos
Duques. Agosto de 1559 e do nosso Ducado Florentio 230 e de Siena o
terceiro.
Dele conta Scipione Ammirato, na sua Istoria della Famiglia de Cavalcanti :
Filippo di Giovanni Cavalcanti, irmão [de Guido e de Schiatta] foi gran-
dı́ssimo homem, que por volta do ano de 1550 partiu de Florença e andou
no reino de Portugal, em Lisboa, e de lá passou ao reino do Brasil, dis-
tante de Portugal três mil milhas pelo mar, e chegou na cidade de Per-
nambuco, à vila de Olinda no dito reino, no qual se fazem grandı́ssimas
quantidades de açúcar, e se tornou rico. Se aparentou [casou–se] com a se-
nhora D. Catarina, filha do senhor Jerônimo de Albuquerque, nobilı́ssimo
senhor, de famı́lia nobre do reino de Portugal e Brasil. Da qual recebeu
alguns engenhos de refinar açúcar, e com seu engenho e modo tornou–
se riquı́ssimo, e naquele paı́s, grandı́ssimo homem, que adquiriu [boas]
graças com aquele povo, e governou com seu engenho, porque tinha grande
cabeça, todo aquele estado com grandı́ssima satisfação geral daqueles po-
vos, que o estimavam grandissimamente, e teve muitos filhos, Jerônimo,
João, Lourenço, Filipe, que viveram naquele reino honradamente, e não
tiveram sucessão todos porque naquele reino se usa que o filho maior é o
verdadeiro herdeiro, e lhes toma todos os bens do pai como morgado, e é
obrigado a apoiar os outros irmãos. Este foi Antonio, que nasce por volta
do ano de 1560, e teve descendência.
(Corrigiram–se os nomes próprios, e nota–se que Ammirato faz referência in-
direta ao fato de Filippo Cavalcanti ter sido lugar–tenente do donatário de Per-
nambuco, isto é, ter sido o segundo homem da capitania.)
Pereira da Costa vai na mesma direção que Ammirato:
. . . como faz também o capitão loco–tenente de Jorge de Albuquerque [do-
natário da capitania] que é Felipe Cavalcanti. . .
Da documentação coetânea sabe-se que Filipe Cavalcanti foi lugar–tenente
— segundo em comando — na capitania de Pernambuco ao menos entre 1588
e 1590, e possivelmente durante um perı́odo mais extenso. Segundo Pereira da
Costa, Filipe Cavalcanti já residia em Pernambuco em 1566. E era rico:
Efetivamente, faustoso tratamento tinha Filipe Cavalcanti em Pernam-
buco. Filippo Sassetti, comerciante e viajante florentino de fins do século
XVI, em interessantes cartas relativas ao comércio dos portugueses no
oriente, fornece preciosas indicações sobre o seu compatriota Cavalcanti.
Sobre o que escreve Sassetti, e pelo que se lê em trabalhos históricos so-
bre o desenvolvimento de Pernambuco, Filippo Cavalcanti possuı́a vários
engenhos de açúcar, dispunha de extensos territórios e de muitos escra-
vos, montava cavalos de raça ricamente ajaezados, organizava e tomava
Cavalcantis, Itália e Brasil 19

Figura 7: Certidão de nobreza de Filippo Cavalcanti passada por Cosimo de’ Medici,
Duque de Florença em 1558. (Archivio di Stato di Firenze.)
20 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

parte em cavalhadas e torneios públicos, vestia–se com grande distinção e


elegância, orçando as suas despesas anuais em perto de oito mil escudos.
...
Os engenhos de Filippo Cavalcanti, nomeadamente “Santa Rosa,” “San-
tana” e “Utinga,” estavam situados numa légua de terra em quadra, que
lhe concedera o segundo donatário Duarte Coelho de Albuquerque, situada
no Cabo de Santo Agostinho, e pegadas com as terras de João Pais Barreto,
correndo ao longo da ribeira do Arassuagipe, tanto da banda da dita ri-
beira como da outra, cujas terras foram judicialmente demarcadas em 12
de outubro de 1580.
Filipe Cavalcanti morreu em avançada idade, antes do ano de 1614 em que
faleceu sua viúva, e foi sepultado na capela de S. João da igreja matriz do
Salvador de Olinda, hoje catedral, da qual eles eram os seus padroeiros.
Filippo di Giovanni Cavalcanti casou-se, provavelmente entre 1560 e 1565,
com Catarina de Albuquerque, nascida cerca de 1545, filha de Jerônimo de
Albuquerque e de Maria do Arcoverde, a ı́ndia que a tradição quer filha do
cacique Arcoverde.
Pais de:
• Diogo Cavalcanti, † criança.
• Antonio Cavalcanti de Albuquerque, que c.c. Isabel de Goes, filha de Ar-
nal de Holanda e de Brites Mendes, c.g. — Cavalcanti de Lacerda, ramo
varonil que persistiu até o século XX; ver § 2.
Do casal foi filha D. Isabel Cavalcanti, casada com Francisco Bezerra, filho
de Antonio Bezerra e de s.m. Isabel Lopes. Tiveram como filha a D. Isabel
de Goes, que c.c. o tio Antonio Bezerra. Desse casamento descendem os
Bezerras Cavalcantis.
Desde ramo descende tambem o Cardeal D. Joaquim Arcoverde de Al-
buquerque Cavalcanti. Ver em seguida, “Linha do Cardeal Arcoverde.”
• Lourenço, s.g.
• Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, c.g. ilegı́tima em Portugal.
• Filipe Cavalcanti, † jovem.
• Genebra Cavalcanti, 2a. mulher de seu tio afim D. Filipe de Moura.
• Joana Cavalcanti, c.c. o Dr. Diogo Rangel de Macedo antes de 1599.
• Margarida de Albuquerque, casada duas vezes: primeiro com João Go-
mes de Mello, o moço, e depois com Cosme da Silveira, c.g. de ambos os
casamentos — o primeiro entra nos Achiolis e Acciolis, pois do casamento
Gomes de Mello nasceu única D. Anna Cavalcanti, que em 1618 casou–
se com Gaspar Achioli de Vasconcellos, madeirense, † 1668, formando o
casal ancestral dos Acciolis no Brasil.
Cavalcantis, Itália e Brasil 21

Do primeiro leito, p.d.:

– D. Ana Cavalcanti. C.c. Gaspar Achioli de Vasconcellos (1578–1668),


madeirense, filho de Zenóbio Achioli, madeirense, † 1598, e de s.m.
D. Maria de Vasconcellos.16
16 Os Achiolis ou Acciolis são, na verdade, os Acciaiolis florentinos, que se casam diversas vezes

com os Cavalcantis — em Florença e, agora, no Brasil. Sua linha até Zenóbio Achioli é:

I. Gugliarello Acciaioli venne a Firenze da Brescia l’anno MCLX. Gugliarello Acciaioli é citado, se-
gundo Pompeo Litta, numa escritura de 1237, na qual se vendem bens da famı́lia Giandonati, e
se falam dos confins dos bens de Riccomanno, filho de Gugliarello. A tradição mais antiga afirma
haver Gugliarello Acciaioli chegado a Florença em 1160 ou 1161, vindo de Brescia, de onde teria
fugido devido às perseguições de Frederico Barbarroxa (que então invadia o norte da Itália), por
ser Gugliarello de partido guelfo. Era com certeza mercador, e ao que parece já banqueiro abas-
tado, e membro da Arte del Cambio, da corporação dos banqueiros e cambistas em Florença. Era
também popolano, ou seja, de origens plebéias, nunca nobres. Dito claramente: uomo di bassa con-
dizione, homem de baixa extração social. Mas pelos muitos bens que possuı́a, é possı́vel que fosse
filho de burgueses, já; modestos seriam, se tanto, seus avós. Teria casado com uma senhora da
famı́lia dos banqueiros Riccomani. P.d.:

II. Riccomanno Acciaioli, que é citado numa escritura de venda de terras que os Giandonati fize-
ram em 1237. Talvez sua mulher pertencesse à famı́lia dos Guidalotti ou a uma outra, homônima,
a dos Guidalotti di Balla, já que um de seus filhos se chama Lotto (Guidalotto) e era comum serem
derivados os prenomes dos apelidos nas linhas femininas, àquele tempo, em Florença. P.d.:

III. Acciaiolo Acciaioli foi, muito certamente, o filho primogênito de Riccomanno Acciaioli. Quase
nada se sabe dele. Pertencia ao Sesto di Borgo, e ao popolo da SS. Trinità. P.d.:

IV. Lotteringo Acciaioli, apelidado T INGO, que está é citado em três documentos, segundo Litta.
Num primeiro, anterior a Montaperti, em 1260, aparece como um dos guelfos deputados de S.
Pietro di Mercato. No segundo, em 1278, é um dos conselheiros da comuna a negociarem um
contrato com alguns religiosos. Finalmente, em 1280, aparece entre os que assinam a paz negociada
pelo cardeal Latino. Morreu depois de 1293 e está enterrado na sepultura diante do altar–mor
na igreja de’ S.S. Apostoli. Casou–se com Bella di Guido Malabocca Mancini. (Estes Mancini do
dugento em Florença eram guelfos, e aparecem nos documentos que datam da primeira metade do
século XIII. Participam ativamente do primeiro governo guelfo em Florença, antes da batalha de
Montaperti, havendo sido indenizados com um total de 1000 liras pelos prejuı́zos sofridos durante
o regime gibelino pós–1260. Guido Mancini, o Malabocca, é prior diversas vezes depois de 1280, e
seus parentes Rosso e Lapo di Guidotto Mancini, atestados em cargos públicos em 1278, surgem
pouco depois como titulares de uma casa bancária.) P.d.:

V. Leone Acciaioli, que esteve em 1311/1312, de 15 de dezembro a 14 de fevereiro, entre os priores


na signoria, e em 1313 aparece numa expedição contra Pistoia. É listado no decreto de banimento,
igualmente de 1313, de Henrique VII. Foi o fundador da capela de Leone Acciaioli, em S. M. No-
vella. Não se sabe quem foi sua mulher. P.d.:

VI. Zanobi Acciaioli, que estava em 1342 entre os priori da senhoria de Florença, e foi naquele ano
um dos homens públicos que decidiram enviar a Clemente VI uma embaixada, solicitando–lhe que
mantivesse Ferrara sob o vicariato da casa d’Este. Casou–se com Lena ou Maddalena di Lando di
Giano degli Albizzi. P.d.:

VII. Michele Acciaioli. Este Michele era um dos priores no ano de 1396 quando seu parente Donato
Acciaioli, Barão de Cassano e del Castagno nos Abruzzi, riquı́ssimo comerciante e banqueiro, foi
acusado de conspirar (e de fato conspirara) contra o governo de Florença. Evitou Michele que
fosse Donato condenado à morte, fazendo decretar seu exı́lio para fora de Florença. No castelo
familiar de Montegufoni, Donato mandara construir, em 1386, uma torre semelhante à do Palazzo
22 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

Em decorrência deste casamento todos os Acciolis ou Acciolys no Bra-


sil têm sangue Cavalcanti. P.d.:
∗ Zenóbio Achioli de Vasconcellos, ancestral dos Mouras Acciolis,
alcaides–mores de Olinda, fidalgo da casa real. N. em Pernam-
buco em 30.4.1619, e † 1697. Lutou com bravura nas guerras
contra os holandeses, tendo estado com seu irmão João Baptista
nas duas batalhas dos Guararapes. Esteve também na capitulação
dos belgas, na campina da Taborda, em 27.1.1654. Foi comen-
dador das ordens de S. Miguel da Ribeira e de Cristo, e alcaide–
mor hereditário de Olinda. Coronel das ordenanças até 1681,
torna–se mestre de campo do terço da praça de Pernambuco
àquele ano, e neste posto conservou–se até a morte, em 1697.
Vecchio em Florença, segundo se diz por sentir, quando em Montegufoni, saudades da pátria.
Esteve Michele entre os priores ainda em 1402 e em 1409, quando foi podestà de San Gemignano,
e prometeu ao governo de Florença manter o castelo (casa di signore) de Montegufoni, pertencente
aos Acciaiolis, sempre em obediência à república. Casou–se com Lisa di Paolo di Cino de’ Nobili.
P.d.:

VIII. Zanobi Acciaioli. Inimigo acérrimo dos Médicis, ao contrário de seus filhos e demais paren-
tes, esteve em 1433 na balı́a que determinou o exı́lio de Cosimo de’ Medici, il Vecchio. Foi prior em
1418 e 1430, e se casou com Lia Lapaccini. P.d.:

IX. Benedetto Acciaioli, que foi prior em 1470. Nomearam–no podestà de Civitella em 1488; † 1506.
Casou–se em 1475 com Nanna d’Ormannozzo Deti, tendo sido messer Ormannozzo Deti um dos
priores que condenaram Savonarola em maio de 1498. P.d.:

X. Zanobi Acciaioli, que nasceu em 26.9.1476. Casou–se com Ginevra Amadori, irmã de Benozzo
Amadori, comerciante já estabelecido na Madeira em fins do século XV, onde negociava o vinho de
Malvasia; † em 1512 na prisão, preso por dı́vidas. Ginevra e Benozzo Amadori eram filho de Nic-
colò Amadori e de Maria “Lisandre,” netos de Antonio Amadori, bisnetos de Benozzo Amadori,
que se atesta em 1314, jovem, e trinetos de Andrea Amadori. P.d.:

XI. Simão Achioli, que foi o ancestral dos Acciaiolis, Achiolis e Acciolis (e mais variantes, como
Accioly, Acioli, Aciole), em Portugal e no Brasil. Simone Acciaioli passou em 1508 ou pouco antes,
à ilha da Madeira, provavelmente devido ao desejo de expandir os interesses comerciais e finan-
ceiros de seu ramo da famı́lia, então em decadência, e para tanto se associando ao tio materno
Benozzo Amadori. Estabeleceu–se Simone Acciaioli no Funchal, na rua que levou seu nome, “rua
de Simão Achioli,” onde teve casas. Instituiu um morgadio com uma capela dedicada à Nativi-
dade de Nossa Senhora. Foi também fundador do capı́tulo velho do Convento de São Francisco
no Funchal, e de Nossa Senhora da Piedade, onde foi enterrado. E lá jaz numa campa defronte do
altar, junto com sua mulher. Fora casado — depois de 1530, provavelmente — com Maria Pimen-
tel, filha de Pedro Rodrigues Pimentel, fidalgo nos livros d’El Rei de Portugal, dos Pimentéis de
Torres Novas, e de sua mulher Izabel Ferreira Drummond. P.d.:

XII. Zenóbio Achioli. Viveu na Madeira e sucedeu no morgadio após o falecimento de seu irmão.
Foi cavaleiro do hábito de Cristo e fidalgo cavaleiro da casa real; faleceu em 20.5.1598, e está enter-
rado junto de seus pais e irmão, com sua mulher. Tem por epitáfio:
Sepultura de Zenóbio Achioli e sua mulher Maria de Vasconcellos, e seus herdeiros, cuja é esta
capela.
Casou–se em 19.5.1562 com D. Maria de Vasconcellos, filha de Duarte Mendes de Vasconcellos, †
1554, e de sua mulher Joana Rodrigues Mondragão; neta paterna de Joane Mendes de Vasconcellos
e de sua mulher Maria Lourenço de Miranda, e bisneta de Martim Mendes de Vasconcellos e de
Helena Gonçalves da Câmara, filha de João Gonçalves Zarco, descobridor da Madeira.
Cavalcantis, Itália e Brasil 23

Em Olinda casou–se, em 1654 ou depois, com sua prima D. Ma-


ria Pereira de Moura, filha de Cosme Dias de Affonseca e de D.
Maria de Moura, filha de D. Filipe de Moura Rolim e de s.m.
D. Genebra Cavalcanti. C.g.: alcaides–mores de Olinda, Nogueiras
Acciolys (Ceará).

∗ João Baptista Achioli. Nasceu em Pernambuco, na freguesia de


Santo Antonio do Cabo, em . . . .4.1623, e consta haver falecido
em 1677. Sentou praça para combater os holandeses em 1647,
tendo lutado até a vitória de 1654. Vindo ele certa vez, durante
a guerra, da ilha da Madeira, três fragatas holandesas renderam
o navio que o trazia, e foi João Baptista feito prisioneiro e le-
vado à praça do Recife, onde o puseram no calabouço. Fugiu
pelo mar, nadando meia légua até o Buraco de São Tiago. Lutou
sob as ordens de Henrique Dias e esteve nas duas batalhas de
Guararapes.
Na campanha contra os holandeses, passou de praça a capitão
de infantaria, e depois, em tempo de paz, a capitão de cavalaria
da freguesia do Cabo, por patente de 22.3.1667. Feito sargento–
mor da comarca de Pernambuco, faleceu nesta posição. Foi ve-
reador de Olinda em 1652, e juiz ordinário em 1655, 1662 e 1667,
e enfim fidalgo cavaleiro da casa real, em 23.3.1669. Casou–se
pouco antes de 1654, com sua parenta Maria de Mello, viúva
(fora na verdade, pensamos, common–law wife) de Caspar van’t
Nieeuwhof van der Leij, ou Caspar von Neuenhof von der Leyen,
já que era alemão, o Gaspar Wanderley, e filha de Manuel Gomes
de Mello e de sua mulher Adriana de Almeida Lins.
A imensa maioria dos que levam o nome Accioli, hoje, no Brasil,
descende deste João Baptista Achioli e de sua mulher D. Maria
de Mello.
Deste João Baptista Achioli descendem Acciolys Lins, Acciolys
Wanderleys, Acciolis de Vasconcellos, estes o ramo alagoano.
Pais de, entre outros, a D. Maria Achioli. Nasceu depois de 1655,
já que seu irmão primogênito nascera em março de 1655. Em
23.2.1668 o cabido da Bahia concedeu–lhe dispensa apostólica
para se casar com seu parente José de Barros Pimentel, filho
de Rodrigo de Barros Pimentel, o velho, e de sua mulher D.
Jerônima de Almeida Lins; neto paterno de Antonio de Barros
Pimentel, n.c. 1554, que teria desembarcado “de calções de ve-
ludo e chapins,” foragido da justiça, em Pernambuco, onde se
casou com Maria de Holanda, filha de Arnal de Holanda; neto
materno de Balthazar de Almeida Botelho e de sua mulher Bri-
tes Lins, filha esta de Christoph Linz von Dorndorf, nascido em
Dorndorf por volta de 1529, e de Adriana de Holanda.
Entre outros, pais do Cel. Francisco de Barros Pimentel Achioli, n.
1689. Senhor do engenho “Novo” das Alagoas, ou engenho
24 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

“de N. S. do Rosário,” que teve do sogro, e que foi de Porto


Calvo para a região das lagoas c. 1710. Foi também coronel das
ordenanças da Vila das Alagoas antes de 1724, onde seus des-
cendentes permaneceram, quase todos, até o século XIX. Casou–
se o Coronel Francisco de Barros Pimentel com D. Antonia de
Caldas de Moura, ou Antonia Maria de Moura, † 1724 ou pouco
antes, filha do sargento–mor, depois coronel das ordenanças,
Manuel de Chaves Caldas, n. 1653 (confirmado este Manuel no
posto de sargento–mor da Vila das Alagoas através de carta de
3.11.1696) e de sua mulher, D. Antonia de Moura, primeira deste
nome.
Pais do filho secundogênito, Manuel de Chaves Caldas, também
coronel nas ordenanças locais. Nasceu cerca de 1720, e estava
vivo em 1782, no seu engenho “Gurjaú,” no local do antigo en-
genho “Velho.” Casou com sua prima D. Maria Margarida Te-
resa, filha de João Lins de Vasconcellos.
Entre outros foi seu filho Ignacio Achioli de Vasconcellos, segundo
do nome, que lutou como rebelde no movimento de 1817, e se
casou (em segundas núpcias) com sua parenta distante D. Rosa
Luzia do Bonfim (pág. 44.)

Irmão de Francisco de Barros Pimentel foi João Baptista Accioly,


sr. do engenho “Capiana.” C.c. D, Maria de Barros, filha de Ma-
nuel Gomes Wanderley. Sua filha foi D. Inácia Vitória de Barros
Wanderley. Destes descendem os Acciolys Lins.
A ancestral dos Acciolys Lins é D. Inácia Vitória de Barros Wan-
derley, aquela que levou como dote ao marido o engenho “Ca-
piana,” de seu pai. Casou, como se disse, com Sebastião Lins,
filho de Cristóvão Lins, dito o gentil–homem, e de sua mulher
Adriana Wanderley.
Entre outros, pais de D. Adriana de Almeida, que se casou duas
vezes. Primeiro, com Antonio da Silva e Mello, sr. do engenho
“do Anjo” em Serinhaem, mestre de campo do terço da mesma
vila. C.g. Em seguida casou–se, em 18.3.1757, com Antonio Luiz
da Cunha, n. 23.3.1722, n. Camaragibe, filho do cap. Sebastião
Correia de Lyra e de s.m. Catarina da Cunha.
Uma linha de Acciolys Lins, vastamente ramificada, procede da
filha do segundo casal supra, D. Ana Francisca Accioly Lins, bat.
em Serinhaem em 15.9.1761. Casou–se esta em 13.8.1778 com
Antonio Franco da Silveira, n. de Serinhaem, bat. em 15.2.1751
e † no Recife a 22.1.1816.
Pais de Sebastião Antonio Accioly Lins, tenente de ordenanças, ca-
sado com D. Joana Francisca de Albuquerque Lins; e estes pais,
enfim, e.o., de Sebastião Antonio Accioly Lins, bat. na capela do
engenho “Palma” em Serinhaem em 2.3.1829, bacharel em di-
reito pela Faculdade de Direito do Recife, e feito Barão de Goicana
Cavalcantis, Itália e Brasil 25

em 18.1.1882.
Outra linha de Acciolys Lins provem de D. Maria de Barros Wan-
derley, outra filha de D. Ignácia Vitória de Barros Wanderley e de
Sebastião Lins. Esta D. Maria casou–se em 1757 com seu primo
Sebastião Lins Wanderley (ver pág. ??). Sua filha homônima D.
Maria de Barros Wanderley c.c. outro Antonio Franco da Silveira.
Pais de, entre outros, Sebastião da Cunha Accioly Lins, casado com
D. Maria José do Nascimento, encapelada no vı́nculo do engenho
“Catu,” em Serinhaem (PE). C.g.

∗ Miguel Achioli, falecido aos dez anos;


∗ Gaspar Achioli de Vasconcellos, nascido no Brasil em . . . .4.1631
e casado com sua parenta Mariana Cavalcanti, s. g.;
∗ Francisco Cavalcanti, nascido em . . . .10.1635 e casado no Brasil,
também s. g.;
∗ D. Margarida, D. Maria, D. Maria Madalena, que morreram mo-
ças; e
∗ D. Izabel de Vasconcellos, que nasceu em Setembro de 1633 e fa-
leceu em 17.4.1719; sepultada no Carmo, em Pernambuco. Ca-
sou–se em 6.1.1662 com Felipe Gentil de Limoges, francês, fa-
lecido em 27.6.1683, e sepultado na Sé, em Pernambuco, s. g.
Em 23.10.1674 instituı́ram, Izabel e Felipe, um morgadio na ilha
da Madeira, a ser herdado por seu sobrinho Zenóbio Achioli de
Vasconcellos, o que ocorreu.
• Catarina de Albuquerque, c.c. Cristóvão de Holanda de Vasconcellos. Se-
gue abaixo, “Primeiro ramo Holanda Cavalcanti.”
• Filipa de Albuquerque, c.c. Antonio de Holanda de Vasconcellos, irmão
do precedente. Sua descendência vai adiante, “Segundo ramo dos Ho-
landas: Pires de Carvalho e Albuquerque.”
• Brites, † jovem.
• João, c.c. Brites de Sá.17

1 O ramo napolitano
Deste ramo descendem os Médicis grãos–duques da Toscana.

VI. M ESSER PAZZO C AVALCANTI, filho de Cavalcante de’ Cavalcanti, V, é


o autor em Florença do ramo napolitano, segundo Ammirato. Messer Pazzo
Cavalcanti foi o pai de:
17 Segundo Pereira da Costa.
26 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

VII. M ESSER U BERTO C AVALCANTI, feito cavaleiro pelo rei de Nápoles em


1269; podestà de Poggibondi.18 Pai de:
• Giacchinotto Cavalcanti, atestado em 1317. P.d.:
– Messer Amerigo Cavalcanti. Camareiro da rainha Giovanna I, 1346.
† depois de 1358, quando foi embaixador enviado ao imperador
germânico.
– Messer Mainardo Cavalcanti. Marechal do reino da Sicilia (Nápoles
e Sicilia), casou–se com Andreina di Jacopo Acciaioli em 1371. (Ver
pág. 27.) Seu filho Carlo casou–se com Nanna di Vieri de’ Medici.
A linha deste Mainardo extingue–se em Florença no século XVII.
• Messer Giovanni, que segue.

VIII. M ESSER G IOVANNI C AVALCANTI, dito Giannozzo Cavalcanti, passou


a Nápoles depois de 1317, e naquele reino foi cavaleiro em 1337. Tronco do
ramo napolitano. Pai de:
• Messer Amerigo, que segue.
• Messer Uberto Cavalcanti, cavaleiro em 1351, podestà de Perugia em
1358. C.c. Bindella di Cecce de’ Gherardini. C.g. extinta no século XV
em Nápoles.
• Filippo Cavalcanti, † 1364, ancestral dos Barões de Sarzano e dos Duques
de Buonvicino.
IX. M ESSER A MERIGO C AVALCANTI foi um dos mais próximos colabora-
dores florentinos de Niccolò Acciaioli, grão–senescal de Nápoles. Nasceu em
1333. Foi vice–rei de Cosenza em 1352 e camareiro do rei Roberto. Em 1356
casou com Francesca di Jacopo Acciaioli, prima do grão–senescal e irmã de
Andreina, mulher de Messer Mainardo, acima.19
Pais de:
18 Neste ramo utilizamos a genealogia detalhada e corrigida de Silvio Umberto Cavalcanti,

http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/.
19 Esta linha dos Acciaiolis na qual se casam estes Cavalcantis de Nápoles é a chamada “linha

feudal,” porque a ela pertenceram, entre outros titulares, os Duques de Atenas daquela famı́lia.
A linha feudal dos Acciaiolis principia em Guidalotto Acciaioli, filho de Acciaiolo Acciaioli, neto
de Riccomanno e bisneto de Gugliarello, tronco da famı́lia. Guidalotto aparece num conflito contra
Arezzo em 1290. Casou–se com Ghisella [Alamanni], sobrenome que inferimos do prenome de seu
filho Alamanno? ou Tommaso?, apelidado Mannino.
Segundo Andrea Dominici–Battelli, em comunicação pessoal, o nome de Mannino seria Tom-
maso (Masino > Mannino). Foi neto (por bastardia) de um seu outro filho Niccolò o grande Nicola
Acciaioli, filho de messer Acciaiolo Acciaioli, banqueiro do rei de Nápoles, e de sua mulher Gugliel-
mina de’ Pazzi. Nasceu Nicola Acciaioli no castelo familiar de Montegufoni em 12.9.1312, e faleceu
em Nápoles em 8.11.1366. Litta, com outros historiadores, afirmam haver sido Nicola Acciaioli o
maior estadista de seu tempo; foi Grão–Senescal do reino de Nápoles, Vice–Rei da Apúlia, Conde
de Melfi e Malta, Conde da Campanha, em Roma, Senador de Roma, etc. etc. Recebeu de Inocêncio
Cavalcantis, Itália e Brasil 27

VI a Rosa de Ouro, havendo sido a primeira personalidade assim homenageada. (No século XIX,
Izabel a Redentora, sua longı́nqua parenta, recebeu a mesma homenagem, devido à libertação dos
escravos no Brasil.) Sua linha está extinta na varonia, mas persiste até hoje na nobreza de Nápoles.
De sua irmã Lapa Acciaioli descendia o tsar I VAN IV O T ERR ÍVEL: Lapa Acciaioli, chamada Lupisca
por Bocaccio, “a loba,” casada com Manente Buondelmonte, foi mãe de Maddalena Buondelmonte,
casada com Leonardo I Tocco. Este teve a Guglielmo Tocco, pai de Carlo II Tocco, Conde de Zante e
Duque de Leucate, que teve a Leonardo II Tocco, Conde de Zante. Este foi o pai de Creusa Tocco, que
se casou com Centurione Zaccaria, † 1432, Prı́ncipe da Acaia. Sua filha Caterina Zaccaria, † 1462,
casou com Tommaso Paleólogo, irmão de Constantino XI, último imperador de Bizâncio. Pais de
Sofia (Zoé) Paleologina, † 1503, casada com Ivan III, grão–prı́ncipe de Moscou, pais de Vassili III, †
1533, e avós de Ivan o Terrı́vel.
De Mannino, filho de Guidalotto Acciaioli, descendem os Duques de Atenas da famı́lia Acciai-
oli: Mannino Acciaioli foi o pai de D ONATO A CCIAIOLI, † 1335, que de sua mulher Taggia di Vanni
Biliotti teve a Jacopo Acciaioli, † 1356. Casou–se com Bartolommea di Bindaccio Ricasoli, e teve por
filhos entre outros a Donato, o Duque Neri Acciaioli de Atenas, e o Cardeal Angiolo Acciaioli. E Fran-
cesca e Andreina Acciaioli, mencionadas acima, e casadas nos Cavalcantis de Nápoles (pág. 26).
Em 1381 Neri Acciaioli, que havia sido adotado por seu parente o senescal Nicola, e que vivia no
Peloponeso, assenhora–se de Corinto, e depois de Atenas, assumindo o tı́tulo de duque de Atenas.
Testou em 1398, e morreu em 1400. Os Acciaiolis reinam sobre o ducado de Atenas até 1463,
quando o último dos duques, Franco ou Francesco Acciaioli, é estrangulado (ou morto a golpes de
cimitarra) pelos janı́zaros de Maomé II durante um banquete.
(A linha dos Duques de Atenas passa a um filho bastardo de Donato Acciaioli, filho de Jacopo
e de Bartolommea Ricasoli, de nome Francesco Acciaioli. Este casa–se com Margherita Bardi Mal-
pighi, e são pais de dois outros Duques de Atenas, Neri II, † 1453, e Antonio II, cujo filho Francesco
Acciaioli é o último duque—fora inclusive catamito de Maomé II. Uma filha do bastardo Francesco
e de Margherita Bardi Malpighi, Lucia Acciaioli, foi casada com Angiolo Amadori.
Irmão de Neri Acciaioli, primeiro Duque de Atenas, foi Angiolo Acciaioli, nascido em 1349, ar-
cebispo de Florença, e Cardeal de S. Lorenzo in Damaso, regente do reino de Nápoles e tutor do
rei Ladislau. O túmulo do cardeal na Certosa possui uma pedra tombal esculpida por Donatello;
morreu em 1409, durante o concı́lio em Pisa, depois de quase haver alcançado o papado no con-
clave em que foi eleito Bonifácio IX. Mais condottiero que religioso, pode ter sido seu filho ilegı́timo
o humanista Jacopo d’Angelo da Scarperia, que escreveu sobre um grande cometa visto no inı́cio
do século XV. Sobrinha–neta do cardeal foi Laudomia Acciaioli, mulher de Pierfrancesco de’ Medici,
bisavó do grão–duque Cosimo I de’ Medici, e ancestral de todos os Bourbons que descendem de
Marie de Médicis e de Henrique IV de França. Laudomia Acciaioli in Medici e seu filho Lorenzo
foram protetores de Botticelli, e para este Lorenzo di Pierfrancesco de’ Medici, Botticelli pintou a
Celebração da Primavera; Laudomia era filha de Agnolo Acciaioli, exilado com Cosimo de’ Medici
em 1431, e depois tornado em inimigo dos Médicis. Agnolo Acciaioli era filho de Jacopo Acciaioli
e de Costanza di Beltrame di Cassone de’ Bardi, e neto de Donato Acciaioli, Barão de Cassano,
e de Onesta Strozzi. Agnolo Acciaioli voltou–se contra os Médicis porque Piero il Gottoso deu
razão a Alessandra de’ Bardi, mulher de Raffaelo di Agnolo Acciaioli, na separação do casal. Raf-
faelo era homossexual, e maltratava a mulher que, tendo–lhe dado dois filhos, decidiu terminar o
casamento levando consigo o riquı́ssimo dote.
Finalmente, primo de Laudomia in Medici foi o grande Donato di Neri Acciaioli, nascido em
15.3.1428 em Florença, e falecido em Milão, onde chefiava uma embaixada florentina a mando de
seu amigo e parente o Magnı́fico Lorenzo de’ Medici, em 28.8.1478. Era filho de Neri Acciaioli e de
Elena, filha do grande Palla Strozzi, e neto de Donato, irmão do cardeal Angiolo, e de sua segunda
mulher Tecca di Gaggio de’ Giacomini di Poggio Tebalducci. Humanista, traduziu as Vidas de
Plutarco, às quais acrescentou uma biografia de Carlos Magno. Comentou também a Fı́sica de
Aristóteles. Morreu pobre, e seus filhos foram entregues à tutela do Magnı́fico Lorenzo de’ Medici,
e educados às custas da república.
A um deles, Roberto Acciaioli, amigo e protetor de Maquiavel, mas personagem sem caráter, †
em 1547 octogenário, concedeu Luiz XII de França, junto a quem serviu como embaixador, um
acrescentamento às suas armas, a flor–de–lis de ouro com uma coroa à antiga à volta da pétala
central, tudo sobre a espádua do leão. Este acrescentamento frequentemente aparece nas armas
dos Acciaiolis e Acciolis de Portugal e do Brasil, colaterais do ramo do embaixador Roberto.
28 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

• Lena Cavalcanti, que c.c. o Conde Roberto, dos Condes Guidi de Battifoli
e Poppi; em 1371.
• Giovanni, que segue.
• Giannozzo, † 1341.
• Costanza, que c. c. Jacopo di Francesco Rinuccini.
• Bartolommea, † antes de 1384. Em 1375 c.c. Jacopo degli Alberti.
X. G IOVANNI C AVALCANTI casou, em 1388, com Costanza di Niccolò, Mar-
quês Malaspina. Foram pais de:
• Amerigo Cavalcanti (1393 — † antes de 1467; podestà de Montemaione e
prior na senhoria em março de 1450.
• Giannozzo Cavalcanti, n. 1399 e casado com Nana. . . em 1448. Pais de
Caterina, casada com o Conde Gherardo della Gherardesca em 1477.
• Niccolò, que segue.
• Bartolommea, que se casa duas vezes. Primeiro, c. 1410, com Girolamo
di Lorenzo Trenta (de Lucca). Depois, com Arrigo di Lazzaro Guinigi,
também de Lucca.
• Ginevra Cavalcanti. Em 1416 casa–se com Lorenzo de’ Medici, il Vecchio.
Têm um só filho, Pierfrancesco de’ Medici, que se casa com Laudomia di
Agnolo Acciaioli. Deles foi bisneto Cosimo I de’ Medici, grão–duque da
Toscana.
• Margherita, que c.c. Marcello Strozzi.
XI. N ICCOL Ò C AVALCANTI n. 1409 e casou com Costanza di Bartolommeo
di Averardo de’ Peruzzi.
Foram os pais do grande humanista Giovanni Cavalcanti (1444 – 1497),
amigo de Marsilio Ficino; prior em maio de 1488, emissário de Florença a Car-
los VIII rei da França, que ameaçava a república. C.g.

2 Ramo varonil: Cavalcanti de Albuquerque e Lacerda


Trata–se do único ramo mantendo a varonia desta famı́lia no Brasil.

XVIII. A NTONIO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE foi o primogênito dentre


os filhos de Filippo Cavalcanti e de Catarina de Albuquerque, e teve a pedido
da mãe o foro de fidalgo cavaleiro.
Casou com Isabel de Goes, filha de Arnal de Holanda e de Brites Mendes,
cujas origens discutimos no § 4. P.d.:
Cavalcantis, Itália e Brasil 29

Figura 8: Armas dos Cavalcantis no Brasil (desenho de Sergio Buratto). A descrição


dessas armas é: de prata, mantelado de vermelho e semeado de quadrifólios do campo,
com uma asna de azul, brocante sobre o traço do mantelado e carregada de duas flores
de liz de ouro e entre estes um leonel do mesmo, no ápice da asna. Elmo de prata, aberto
e guarnecido de ouro; posto de três quartos; paquife de vermelho e negro, e por timbre
um hipógrifo de negro alçando voo de chamas de vermelho e ouro. (Claramente derivam
estas armas daquelas concedidas pelo rei Henrique VIII a Giovanni Cavalcanti, nas
quais o campo de prata semeado de cruzetas recruzetadas é substituı́do pelo campo
vermelho semeado de quadrifólios de prata, num óbvio efeito de figura–fundo).
30 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

• Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, fidalgo cavaleiro da casa real e cav.


da ordem de Cristo, habilitado em 1634. Sem mais notı́cias.
• Manuel Cavalcanti, jesuı́ta.
• Paulo Cavalcanti de Albuquerque, idem.
• Felipe, que segue.
• D. Brites de Albuquerque, mulher de Francisco Coelho de Carvalho, pri-
mogênito de Feliciano Coelho de Carvalho, governador da Paraı́ba, c.g.
• D. Isabel Cavalcanti de Albuquerque, casada duas vezes. Primeiro, com
Manuel Gonçalves de Siqueira, cavaleiro da ordem de Cristo e familiar
do Santo Ofı́cio, e a segunda com Francisco Bezerra, c.g. dos dois casa-
mentos. Ancestral do Bezerras Cavalcantis; segue no § 3.
• D. Maria, D. Ursula e D. Paula, clarissas em Lisboa.
• D. Joana, s.m.n.
XIX. F ELIPE C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE foi fidalgo cavaleiro da casa
real e cavaleiro da ordem de Cristo. Casou depois de 1657 com D. Maria de La-
cerda, filha herdeira de Antonio Ribeiro de Lacerda, † nas guerras holandesas,
e de s.m. D. Isabel de Moura; n.p. de outro Antonio Ribeiro de Lacerda, prove-
dor da real fazenda em Pernambuco, e de D. Maria Pereira Coutinho; n.m. de
D. Filipe de Moura e de D. Genebra de Albuquerque, destes. P.d.:
• Antonio Cavalcanti de Albuquerque, casado com D. Joana de Figueiroa,
s.g.
• D. Isabel de Moura, casada com Leão Falcão de Mello, filho de Pedro
Marinho Falcão e de s.m. D. Brites de Mello, S.g.
• D. Joana de Lacerda, casada com Vasco Marinho Falcão, filho de Leandro
Marinho Falcão, tio de Leão Falcão supra. S.g.
• D. Felipa de Moura, casada com Pedro Marinho Falcão, irmão de Leão
Falcão, s.g.
• D. Mariana de Lacerda, casada com Francisco de Barros Falcão, com su-
cessão.
• D. Ursula Cavalcanti, mulher de D. Francisco de Sousa, governador da
capitania de Pernambuco de 1721 a 1722, filho natural de D. João de
Sousa, comendador de S. euricio na ordem de Cristo, c.g.
• Jerônimo, que segue.
XX. J ER ÔNIMO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE E L ACERDA foi fidalgo da
casa real, cavaleiro da ordem de Cristo e capitão–mor de Itamaracá. C.c D.
Catarina de Vasconcellos, filha de Francisco Camello Valcaçar e de s.m. D. Ca-
tarina de Vasconcellos. P.d.:
Cavalcantis, Itália e Brasil 31

• D. Ana Cavalcanti, qur casou com o primo direito Filipe Cavalcanti de


Albuquerque, filho de Francisco de Barros falcão e de D. Mariana de La-
cerda, c.g.
• D. Maria de Lacerda.
• D. Francisca Cavalcanti, que c.c. Miguel Carneiro da Cunha, irmão de sua
cunhada abaixo, s.g.
• Manuel, que segue.
XXI. M ANUEL C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE E L ACERDA foi fidalgo da
casa real, cavaleiro da ordem de Cristo, e alcaidemor da vila de Goiana. C.c. D.
Sebastiana de Carvalho, filha do cel. Manuel Carneiro da Cunha e de s.m. D.
Sebastiana de Carvalho; n.p. de Manuel Carneiro de Mariz, juiz ordinário de
Olinda em 1654, e de s.m. D. Cosma da Cunha. P.d.:
• José Cavalcanti de Lacerda, fidalgo da casa real, casado com D. Caetana
de Mello, s.g.
• D. Maria Sebastiana, D. Rosa e D. Cosma, solteiras c. 1770.
• Manuel, que segue.
XXII. M ANUEL C ARNEIRO C AVALCANTI DE L ACERDA foi fidalgo da casa
real. C.c. sua parenta D. Maria Magdalena de Valcazar, filha do sargentomor
Jorge Camello Valcazar e de s.m. D. Maria Ferreira. P.d.:
• Manuel Cavalcanti de Lacerda. Segue. E,
• D. Sebastiana de Carvalho.
XXIII. M ANUEL C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE E L ACERDA, n.c. 1740,
casou em 760 com D. Luisa de Albuquerque e Mello, filha de Pedro de Albu-
querque Mello e de s.m. D. Maria Correia de Paiva. P.d.:
• Francisco, Gonçalo, Inácio, Luı́s, Manuel, Pedro Cavalcanti de Lacerda.
A varonia Cavalcanti persistiu nesse ramo até começos do século XX.

3 Bezerra Cavalcanti
É o ramo mais numeroso desta gente.

XIX. D. I SABEL DE A LBUQUERQUE, filha de Antonio Cavalcanti de Albu-


querque e de Isabel de Goes, e neta de Filippo Cavalcanti e de Catarina de
Albuquerque, casou duas vezes: primeiro, com Pedro Gonçalves Cerqueira, e,
em seguida, com Francisco Bezerra.
Do primeiro leito:
32 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

• Manuel Gonçalves Cerqueira.

• Pedro, que segue.

• Antonio Cavalcanti de Albuquerque, “o da guerra,” c.g. ampla. C.c. D.


Margarida de Sousa, filha de Antonio de Oliveira, reinol, e de s.m. D.
Leonarda de Sousa, natural do Porto; com diversos filhos:

– Antonio Cavalcanti de Albuquerque. C.c. D. Maria Joana . . . , c.g.


– Manuel Cavalcanti de Albuquerque. C.c. D. Ignez Francisca . . . , c.g.
– Lourenço Cavalcanti de Albuquerque. C.c. D. Mariana Uchoa, filha
de Gaspar de Sousa Uchoa, c.g. — Uchoas Cavalcantis.
– João Cavalcanti de Albuquerque. C.c. D. Maria Pessoa, filha de Ar-
nal de Holanda Barreto e de s.m. D. Luzia Pessoa, c.g.
– D. Isabel Cavalcanti de Albuquerque. C.c. o parente Jerônimo Fra-
goso de Albuquerque, filho de Álvaro Fragoso de Albuquerque, al-
caide mor de Serinhaem, e de sua mulher e parenta D. Maria de
Albuquerque. Serviu Jerônimo nas guerras holandesas, tendo ter-
minado a guerra no posto de capitão, alcançado em 1666 por patente
do governador Xumbregas.
Jerônimo e D. Isabel foram os pais de J ER ÔNIMO C AVALCANTI DE
A LBUQUERQUE . Este viveu na Paraı́ba e chegou a coronel de ca-
valaria. C.c. D. Florencia de Castro Rocha, e teve Dois filhos, que
destacamos.
O primeiro foi PAULO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, também co-
ronel de cavalaria na Paraı́ba, casado com D. Angela Lins de Albu-
querque, filha de Antonio Cavalcanti de Albuquerque, “o do Taipu,”
senhor do engenho “Taipu,” e de outra D. Angela Lins de Albuquer-
que. Por esta neta de Fernão de Carvalho de Sá e de D. Brites Lins
de Albuquerque — filha de Arnal de Vasconcellos de Albuquerque e
de s.m. D. Joana de Oliveira. E por Arnal neta de Arnal de Holanda
de Vasconcellos e de D. Maria Lins, casados em 17.4.1611, filha de
Sebald Linz von Dorndorf e de Brites de Albuquerque, cunhada de
Filippo Cavalcanti. Paulo e D. Angela foram os pais da filha única D.
Paula Cavalcanti de Albuquerque, casada com Cristóvão de Holanda
Cavalcanti, à pág. 41.
Foi irmã de Paulo Cavalcanti, D. F RANCISCA C AVALCANTI DE A L -
BUQUERQUE , mulher do engenheiro militar Luiz Xavier Bernardo, e
ancestrais dos Suassunas. Ver à pág. 53.
– D. Leonarda Cavalcanti. C.c. Cosme Bezerra Monteiro; ancestrais
do Cardeal Arcoverde. Ver à pág. 64.

Do segundo leito:

• D. Isabel de Goes.
Cavalcantis, Itália e Brasil 33

• D. Ana Cavalcanti.
XX. P EDRO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, fidalgo cavaleiro da casa real,
casou com D. Brasia Monteiro, filha de Francisco Bezerra Monteiro e de s.m.
Maria Pessoa. P.d.:

XXI. D. U RSULA C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, casada com Bernardino


de Araújo Pereira; o casamento deu–se antes de 1.11.1664. Bernardino de Araújo
Pereira foi capitão de cavalos de Ipojuca (patente de 12.3.1666) e vereador em
Olinda em 1668. Pais de:
• Amador de Araújo, solteiro.
• Manuel de Araújo Cavalcanti, capitão de cavalos na Várzea, casado com
D. Brasia Cavalcanti Bezerra, filha de Cosme Bezerra Monteiro e de s.m.
D. Leonarda Cavalcanti. C.g.
• D. Maria, que segue.
• D. Luiza Cavalcanti, mulher de seu parente João de Araújo Luna, filho de
Domingos de Luna e de s.m. D. Briolanja de Araújo. S.g.
• D. Brasia Cavalcanti, casada com João Leite da Silva, procurador do con-
selho em 1654, c.g.
XXII. D. M ARIA C AVALCANTI casou com Mateus de Sá, vereador em Olinda
em 1676 e juiz ordinário em 1683. Era filho de Domingos de Sá, comerciante
rico chegado de Portugal antes de 1630, e de s.m. Isabel Alves da Costa. Pais
de:
• Domingos de Sá Cavalcanti, sr. do engenho “Massangana,” tenente–coro-
nel das ordenanças. C.c. D. Joana Barreto de Albuquerque, filha ilegı́tima
de Gonçalo Paes Barreto, c.g.
• Francisco de Sá Cavalcanti, sargentomor e capitãomor de Ipojuca. C.c. D.
Catarina Camello Pessoa, filha do sargentomor Nuno Camello, c.g.
• João Cavalcanti de Sá, que c.c. D. Nazária Bezerra, filha de Amador de
Araújo de Azevedo, c.g.
• D. Ana de Nazareth, que segue.
• D. Ursula, que casou primeiro com Francisco de Mello, e em seguida com
Cristóvão Paes Cavalcanti, s.g.
• D. Catarina Maria de Sá Cavalcanti, que c.c. Antonio Carvalho de An-
drada, filho do sargentomor Bernardino de Carvalho de Andrada e de
s.m. D. Clara Cavalcanti Bezerra, c.g.
XXIII. D. A NNA DE N AZARETH C AVALCANTI c.c. o cap. Manuel de Araújo
Bezerra, filho de Amador de Araújo de Azevedo e de s.m. D. Maria Monteiro
Bezerra. P.d.:
34 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

• Manuel de Araújo Bezerra, clérigo.

• D. Cosma de Araújo Cavalcanti, casada com Gonçalo Teixeira Cabral,


sr. do engenho “Goicana” — que depois passa aos Acciolys Lins — em
Serinhaem. C.g.

• D. Maria, que segue.

• D. Luiza Cavalcanti Bezerra, casada com Manuel Teixeira de Lima, n. de


serinhaem, filho do cap. Damião de Casado Lima, c.g. até hoje.

XXIV. D. M ARIA C AVALCANTI c.c. Tomé Teixeira Ribeiro, irmão de Gonçalo


supra, e filhos de Martinho Teixeira Cabral e de s.m. Petronilha de Brito. P.d.:

• Pedro Teixeira Cavalcanti.

• D. Manuela Teixeira Cavalcanti, casada com o cap. Antonio José do Couto,


reinol, c.g.

• D. Maria Teixeira Cavalcanti. .

• D. Anna Cavalcanti de Nazareth. C.c. Pedro Alves Feitosa, filho de Fran-


cisco Alves Feitosa e de s.m. Catarina Cardosa da Rocha Resende Ma-
crina. P.d.:

– Francisco Bezerra Cavalcanti. C.c. a parenta D. Gertrudes Bezerra


Cavalcanti de Albuquerque. P.d. D. M ARIA B EZERRA C AVALCANTI,
c.c. José Alves Bezerra. Avós do primeiro J OS É R UFINO B EZERRA
C AVALCANTI.
Eis o assento de seu casamento:
Aos vinte de agosto de 1863, de minha licença, em oratório pri-
vado, o reverendissı́mo Frei Augusto da Imaculada Conceição Al-
ves, assistiu por palavras de presentes, o recebimento matrimo-
nial de José Rufino Bezerra Cavalcanti e Dona Maria Januária de
Barros Lima, estando confessados, receberam as bençãos nupciais.
Foram testemunhas: O Padre Manuel, coadjutor da Glória, Frei
Pedro de Nossa Senhora da Luz e o Major Diogo Soares de Al-
buquerque, casado. E para constar mandei fazer o presente que
assinei: Vigário encomendado Sebastião de Andrade.
Seu neto homônimo, J OS É R UFINO B EZERRA C AVALCANTI, nasceu
em Vitória de Santo Antão em 1865, e morreu no Recife em 1922, no
exercı́cio do governo de Pernamuco. Usineiro de grande sucesso, foi
proprietário de diversos engenhos, e fundou em 1912 a Usina José
Rufino, batizada em homenagem ao avô. Com o nome parlamen-
tar de José Bezerra, foi eleito em 1915 para o senado, mas manobras
de Pinheiro Machado impediram–lhe a posse. Sabendo do ocorrido,
Wenceslau Braz nomeia–o imediatamente para o ministério da agri-
cultura, cargo que exerceu até 1917.
Cavalcantis, Itália e Brasil 35

De dezembro de 1919 a março de 1922 foi presidente de Pernam-


buco, tendo falecido no cargo. Casou–se com Hercilia Pereira de
Araujo, de quem teve 11 filhos.

Figura 9: José Rufino Bezerra Cavalcanti (1865–1922), presidente de Pernambuco


(Fundação Joaquim Nabuco).

O filho, de nome parlamentar J OS É B EZERRA F ILHO (1890 – 1959),


foi deputado estadual e prefeito do Cabo, PE.

• D. Gertrudes Teixeira Cavalcanti.

4 Primeiro ramo Holanda Cavalcanti


Aparentavam–se às mais notórias grandes famı́lias do nordeste: Accioli, Castello
Branco, Paes Barreto, Rego Barros, Wanderley.
36 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

Figura 10: Primeira página do depoimento de Diogo de Holanda, tio de Sebald Linz,
perante a inquisição, em 1561. Qualifica–se como cristão novo e dá sua filiação em
Jácome de Holanda e Leonor Mendes (IANTT).
Cavalcantis, Itália e Brasil 37

XVIII. C ATARINA DE A LBUQUERQUE . Casou com Cristóvão de Holanda de


Vasconcellos, † 1614, filho primogênito de Arnal de Holanda e de sua mulher
Brites Mendes.
Há uma lenda confusa e inverificável cercando o ancestral primeiro dos Ho-
landas em Pernambuco, Arnal de Holanda, casado com Brites Mendes a velha.
Seria Arnal de Holanda filho de um certo Hendrick van Rhijnburg (Rheinburg,
na forma alemã), barão batavo, casado com Margrete Florenz, irmã do papa
Adriano VI, Adriaan Florenz–Dedel. Só que, para começar, o barão não se con-
segue documentar, e o papa Adriano VI, que reinou um ano, de 1522 a 1523,
não teve irmãs, só dois irmãos.
Nos documentos quinhentistas em que comparece, Arnal de Holanda nada
fala sobre seus pais. Sua mulher era notoriamente judaizante, Brites Mendes a
velha, conforme testemunhos no pedido de ingresso na ordem de Cristo de José
Gomes de Mello, que dela descendia. E havia em Portugal, na virada do século
XV para o século XVI, uma famı́lia de Holandas, muito rica, de comerciantes
abastados e muito viajados. Que eram judeus.
Em 15 de julho de 1561, Diogo de Holanda, “o Salomão,” se apresenta à
inquisição. É dado como filho de dois judaizantes, Jacob de Holanda e Leonor
Mendes (citada nos nobiliários como Cosma, e apelidada a Dona Rica). Nascera
Diogo de Holanda, o Salomão, em 1535.
Em 5 de setembro de 1561, Francisco Jácome, irmão de Diogo, recebe armas
(dever–se–ia dizer, recebe–as surpreendentemente?). Sem que se diga o mo-
tivo, nessas armas o primeiro partido reproduz o quartel principal das armas
do há muito falecido papa Adriano VI. No texto da carta d’armas não consta
sua filiação.
Nesse meio tempo entram em cena parentes afins dos Holandas portugue-
ses, os Lins ou Linz von Dorndorf, fidalgos alemães, cristãos, banqueiros de
Ulm, riquı́ssimos e prepostos em Portugal dos Fugger, de Augsburg. Em 1564,
Maximiliano II, majestade cesárea, envia carta a D. Sebastião, pedindo–lhe que
atenda aos pleitos de seu vassalo Sebald Linz. Sebald Linz é genro de Francisco
Jácome, supra, e portanto sobrinho afim do judaizante Diogo de Holanda. E o
filho de Sebald Linz, neto de Francisco Jácome, chamado Bartolomeu Jácome
Linz, casa–se com Joana de Gois e Vasconcelos, filha de Arnal de Holanda e de
Brites Mendes.
Dois dados são relevantes aqui. Diogo “Salomão”, tio de Jácoma Mendes,
mulher de Sebald Linz, apresenta–se espontaneamente à inquisição e é dis-
pensado. Sebald Linz é personagem com influência suficiente para obter da
majestade cesárea uma carta em seu favor, em que é dado como ‘vassalo’ do
imperador. São com certeza comerciantes ricos e influentes, esses Holandas e
Lins. Mais uma coisa: Bartolomeu Jácome Lins vive em Lisboa. Por que vai ao
Brasil buscar uma mulher para se casar, se não fora devido a parentesco e às
práticas endogâmicas dessa gente?
Pode–se pensar que Arnal de Holanda era também filho de Jacob de Ho-
landa, dito Jácome de Holanda. Judaizante, casado com Brites Mendes, que,
suporı́amos, era irmã ou sobrinha de Cosma Mendes, ou Leonor Mendes, a
Dona Rica. Vieram para o Brasil para fugir à inquisição, que devia pesteá–los
38 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

constantemente. Os que ficam em Portugal devem ter negociado — e pago


bem — a carta de brasão de 1561, que lhes limpa o sangue e apaga o passado
judeu.
Pais de:
• Bartolomeu de Holanda Cavalcanti. Seu nome vinha–lhe com certeza
do tio paterno Bartolomeu Jácome Linz. † em 6.6.1623; era casado com
Justa da Costa, filha de Manuel da Costa Calheiros e de s.m. Catarina
Rodrigues. C.g.
• Cristóvão de Holanda de Albuquerque, que segue.
• Filipe Cavalcanti de Albuquerque. Passou à Bahia em 1633, onde se fixou.
C.c. Antonia Pereira Soeiro, filha de Martim Lopes Soeiro, c.g. ampla.
Segue no § 6.
• Luiz Cavalcanti, clérigo presbı́tero.
• fr. João Cavalcanti, carmelita, ainda vivo em 1666.

XIX. C RIST ÓV ÃO DE H OLANDA DE A LBUQUERQUE . N. em Olinda e † após


1658. Lutou contra os holandeses e serviu de vereador em Olinda em 1651. C.c.
a irmã de sua madrasta, Catarina da Costa, filha de Manuel da Costa Calheiros.
Pais de:
• João Cavalcanti de Albuquerque, que segue.
• Filipe Cavalcanti de Albuquerque, a quem a câmara de Olinda fez doação
de terras próximas ao Recife, como retribuição aos serviços de seu pai na
guerra contra os holandeses. † em Muribara em 28.9.1698.
• fr. Francisco Cavalcanti, franciscano.
• Cristóvão de Holanda de Albuquerque, s.m.n.
• D. Joana Cavalcanti, 2a. mulher de Cristóvão Paes de Mendonça, que
faleceu em 1.10.1687, c.g.
• D. Leonarda Cavalcanti, casada com Duarte de Siqueira, capitão de cava-
los em Muribeca por patente de 1672. S.g.
• D. Maria Cavalcanti, solteira.
XX. J O ÃO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, “o bom.” Assim chamado pelo
seu temperamento generoso. Foi vereador em Olinda em 1665; depois, juiz
ordinário. Sargento–mor de Muribara, capitão–mor da mesma freguesia em
10.12.1674.
Falecido em 1690, casou duas vezes. Primeiro, com D. Bernarda de Al-
buquerque, filha de Jorge Teixeira de Albuquerque de de D. . . . da Rosa; em
seguida, com D. Simoa de Albuquerque, filha de Álvaro Fragoso de Albuquer-
que, capitão–mor de Serinhaem, e de sua mulher D. Maria de Albuquerque.
Teve do primeiro leito:
Cavalcantis, Itália e Brasil 39

• Cristóvão de Holanda Cavalcanti. Sr. do engenho “da Torre” na Várzea


do Capiberibe, e depois sr. do “Morenos.” Sargento–mor das ordenanças
de Olinda e Igaraçu, vereador em Olinda em 1682 e 1696; vivo ainda em
1715.
C.c. D. Ana de Azevedo, filha de Domingos Gonçalves Freire, c.g. ampla.
Damos aqui a primeira geração:

– Domingos Gonçalves Freire, sr. do engenho “Morenos.” C.c. D. Le-


onor da Cunha Pereira, filha de Diogo de Carvalho de Sá, c.g.
– Antonio de Hollanda Cavalcanti, clérigo presbı́tero, † no Ceará.
– Cristóvão de Hollanda Cavalcanti: casou duas vezes. Primeiro, com
D. Mariana de Mello Falcão, filha de Manuel de Mello Falcão, s.g.
Em seguida c.c. D. Ana de Mello Pessoa, sobrinha da primeira mu-
lher e filha de Bento Pessoa de Araújo e de D. Ana de Mello, irmã
de D. Mariana acima. C.g. do segundo casamento.
– Sebastião de Hollanda Cavalcanti. Morou no engenho “da Torre.”
– D. Isabel Cavalcanti, c.c. Diogo de Carvalho de Sá. C.g. ampla.
– D. Bernarda Cavalcanti de Albuquerque, casada com Fernão de Car-
valho de Sá e Albuquerque, c.g.
– D. Anna Cavalcanti, que casou duas vezes. Primeiro, com José Tava-
res Sarmento; o segundo, com o sargento-mor Manuel Ribeiro Pes-
soa, † 1770. C.g.

Do segundo casamento:

• Antonio Cavalcanti de Albuquerque, sargento–mor de Muribara em 1689.


C.c. D. Eugenia Freire, tendo–lhes falecido criança a filha única.

• João Cavalcanti de Albuquerque, que segue.

• Francisco Cavalcanti de Albuquerque, capitão das ordenanças de Muri-


bara de 1699 a 1701. C.c. D. Antonia, filha de Estevão de Sousa Palhano,
s.g.

• D. Bernarda de Albuquerque Cavalcanti. Casou duas vezes: primeiro,


com Antonio Bezerra, s.g.; da segunda vez, com o sargento–mor Arnau
de Holanda Correia, sr. do engenho “Camorim,” filho de João Correia
Barbosa e de s.m. D. Madalena de Goes, c.g. Vivia D. Bernarda em 1751
no engenho dito “dos Ramos.”

• D. Margarida Cavalcanti de Albuquerque, casada com o capitão Fran-


cisco de Albuquerque Mello, filho de Fernão Velho d’Araújo e de s.m. D.
Luisa de Mello, c.g.

• D. Brites Cavalcanti de Albuquerque — casou com o cap. Teodósio Leitão


de Vasconcellos, filho de Baltazar Leitão de Vasconcellos, c.g.
40 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

• D. Catarina Cavalcanti de Albuquerque, solteira.

• D. Antonia Cavalcanti de Albuquerque, mulher de Leão Falcão de Eça,


filho de Francisco de Barros Falcão, c.g.

• D. Mariana Cavalcanti de Albuquerque, casada duas vezes: primeiro,


com o cap. João de Barros Rego, filho de André de Barros Rego e de s.m.
D. Adriana de Almeida Wanderley; a segunda, com o cap. Pedro Caval-
canti Bezerra, filho de Cosme Bezerra Cavalcanti e de s.m. D. Leonarda
Cavalcanti de Albuquerque, s.g.

XXI. J O ÃO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, “o do Apoá,” porque sr. do


engenho “Apoá,” e dos engenhos “Camorim,” “Goytá” e “Morenos.”
Vereador na câmara de Olinda em 1707 e 1713, ouvidor–geral interino de
Pernambuco em 1713, e fidalgo cavaleiro da casa real no mesmo ano.
Casou–se antes de 1708 com D. Isabel da Silveira de Castello Branco, dos
Regos Barros Castello Brancos – filha de Manuel Mota da Silveira, n. Colares
(Penedo, Portugal) e batizado em 7.4.1633; † 24.6.1703. Capitão de infantaria,
passou a Pernambuco, onde c.c. D. Catarina de Barros Rego Cogominho, † tes-
tada em 16.2.1724, filha natural do governador Cristóvão de Barros Rego e de
D. Catarina; n.p. de João Coelho de Arouche, cav. de S. Tiago e familiar do
Santo Ofı́cio, bat. em Colares em 27.7.1598; lá † em 19.4.1658 com testamento.
C. em primeiras núpcias em 1621 c. D. Isabel Madureira de Castelo Branco,
n. Tânger e bat. em 11.5.1603; † em Colares em 6.6.1635, sepultada no mosteiro
do Carmo na sua capela de Santa Ana. Era filha de Pedro da Mota Botelho de
Madureira, comendador da ordem de Cristo, e de s.m. D. Isabel da Silveira de
Castelo Branco, de Tânger, casados lá em 9.5.1602; n.p. de Manuel da Mota, ca-
pitão de Tânger, e de Isabel de Madureira; n.m. de Gaspar de Monção, comen-
dador de Cristo, ouvidor do almoxarife de Tânger, e de s.m. Isabel da Silveira
de Castelo Branco.20 A ascendência desses sobe ainda pela nobreza radicada
em Tânger.21 Pais de:
20 Baseado em pesquisa de Tácito Galvão.
21 Segundo comunicação pessoal de Manuel Abranches de Soveral a FAD em 24.12.2009:
Caro Francisco António:
Meu 11 avô na varonia João Fernandes de Soveral, fidalgo da Casa de D. Sebastião
e cavaleiro da Ordem de Cristo, teve nesta ordem uma comenda em Tânger, onde
serviu, e esteve na batalha de Alcácer Quibir, onde foi ferido e ficou cativo, sendo re-
mido à sua custa. Quando regressou, pelos seus serviços e para ajuda do pagamento
do resgate, teve mercê a 7.11.1579 da comenda de Padrões da Ordem de Santiago,
com 30.000 reais de pensão nas rendas, a 24.1.1580 acrescento de pensão com a co-
menda de Mogadouro de S. Mamede e a 2.8.1582 recebeu 46.000 reais por outro
tanto que lhe ficara por pagar da pensão que tivera em 1580. Já então era velho e
casado duas vezes (eu descendo do 1 casamento), a segunda das quais em Tânger
com Sebastiana Pessanha, de quem teve vários filhos, entre eles Antónia Correa, que
a 8.8.1599 casou em casa de seu pai, em Tânger, com Belchior (Vaz) Mateus da Sil-
veira, capitão de Infantaria da praça de Tanger, cavaleiro da Ordem de Cristo, etc.,
filho de Belchior Vaz Mateus de Monção, juiz ouvidor, e de sua mulher Maria da
Silveira (c.g. que tenho, se estiver interessado).
Ora, esta Maria da Silveira era irmã da sua Isabel da Silveira, já fal. em 1601, c.c. o
Cavalcantis, Itália e Brasil 41

• Manuel Cavalcanti de Albuquerque, sr. do engenho “Taipu,” casado com


D. Margarida de Albuquerque, viúva de José do Rego Barros, s.g.

• Cristóvão, que segue.

• D. Francisca Cavalcanti de Albuquerque, solteira.

• Arcangelo Cavalcanti de Albuquerque, casado com D. Monica do Rego


Pessoa, filha de José do Rego Barros e de s.m. D. Margarida Cavalcanti
de Figueiroa. Pais de:

– João Baptista Cavalcanti de Albuquerque.


– D. Ana Maria Cavalcanti, mulher de Cosme Alves de Carvalho.
– D. Margarida Cavalcanti, casada com o cap. Francisco Gouveia de
Sousa, c.g.
– D. Maria do Rego Barros.

XXII. C RIST ÓV ÃO DE H OLANDA C AVALCANTI . Tendo vivido no seu en-
genho “Apoá” na primeira metade do século XVIII, foi capitão–mor de Tra-
cunhaem, e casou–se com a parenta D. Paula Cavalcanti de Albuquerque, da
Paraı́ba, filha de Paulo Cavalcanti de Albuquerque e de sua mulher e parenta
D. Angela Cavalcanti de Albuquerque. (Ver pág. 32.) Pais de:

• João Cavalcanti de Albuquerque, clérigo presbı́tero.

• José Cavalcanti de Albuquerque.

• Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, † menino.

• Manuel Cavalcanti de Albuquerque.

• Francisco Cavalcanti de Albuquerque, de quem descendem os Cavalcantis


do Petribu. Este engenho, que pertencia a seu pai, passa–lhe às mãos; em
Cap. Gaspar de Monção. Estes foram pais de: 1) Leonor da Silveira c. a 17.6.1601 em
Tânger c. Luiz Gonçalves de Azevedo, morador em Elvas, c.g.; 2) Isabel da Silveira
c. a 9.5.1602, ib, c. Pedro Botelho Perdigão; 3) Cap. António da Silveira (de Monção)
c. a 27.11.1606, ib, c. Ana Corrêa. Julgo que as anteditas Maria e Isabel da Silveira
eram irmãs do juiz ouvidor de Tanger (r. de 1598) Diogo da Silveira, cavaleiro da
Ordem de Cristo (r. de 1612), pai do almoxarife de Tanger António da Silveira.
Alão diz que aquele Belchior (Vaz) Mateus da Silveira, a quem chama simplesmente
Belchior da Silveira, era filho de Baltazar Vaz de Castello–Branco (nome errado) e
de sua mulher Maria da Silveira (nome certo), casados em Tanger; neto paterno
de Belchior Mateus de Monção, que serviu na ndia, onde morreu (este é que terá
casado com uma Vaz de Castello-Branco); e bisneto de Pedro Mateus de Monção,
comendador da Ordem de Cristo, natural de Arouce e morador em Alcácer do Sal.
O Cap. Gaspar de Monção e o juiz ouvidor Belchior Vaz Mateus de Monção, casados
com duas irmãs Silveiras, eram certamente parentes, porventura irmãos.
Um abraço e bom Natal,
Manuel
42 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

1812 recebe uma sesmaria na Ribeira de Paudalho, região dos engenhos


da famı́lia.
Seu filho, o Cel. L OURENÇO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, restaurou
o engenho “Petribu,” que vinha neste ramo desde João Cavalcanti “do
Apoá.” Lourenço † em 28.12.1867.
O engenho “Petribu” foi então partilhado entredois filhos do Cel. Lou-
renço, C HRIST ÓV ÃO DE H OLANDA C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE e
J OS É DE H OLANDA C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE. De José, que †
em 8.7.1878, descendem os Cavalcantis do Petribu, nome adotado desde
então por esta linha. Hoje são os únicos a manterem a varonia de Ho-
landa, e são o ramo brasileiro os Cavalcantis com menor número de que-
bras — uma só — na varonia Cavalcanti.
• Antonio, que segue.
• Paulo Cavalcanti de Albuquerque.
• Cristóvão de Holanda Cavalcanti.
XXIII. A NTONIO DE H OLANDA C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE,22 , coro-
nel do regimento das ordenanças de Serinhaem em 1801, n.c. 1720, casado com
D. Maria Manuela de Mello,23 filha de Sebastião Antonio de Barros Mello (c.
22 A partir daqui baseamo–nos em pesquisa documental de Cássia Albuquerque.
23 Esta senhora descendia dos Wanderleys:
1. Ruthger, Rudiger von Neuenhof; século XIII e primeira metade do século XIV. Pai de:
2. Engelbert von Neuenhof, teria se casado com uma senhora von der Leyen, segundo tradições
posteriores? C.c. Gudeke. Pais de:
3. Ruthger von Neuenhof, gennant Ley, oder von der Leyen. Seria este o casado com a senhora
Ley? Sua mulher seria Aleke? Atestado em 1370. Pai de:
4. Gelys von Neuenhof, gennant Ley, 1413, 1439, 1447? C.c. Elsgen. . . Pais de:
5. Alff von Neuenhoff, gennant Ley, 1434, 1469, 1472. C.c. Bela von Bicken. P.d.:
6. Hermann von Neuenhof, gennant Ley, c.c. N. von Ense, gennant Varnhagen. P.d.:
7. Engelbert von Neuhof, gennant Ley, 1507, 1554, c.c. Katharina von Möllenbeck. P.d.:
8. Balthasar, Ritter von Neuenhof, gennant Ley. Muda–se para a Curlândia, e se fixa em Riga.
Casa duas vezes. Do segundo casamento,
9. Caspar, Ritter von Neuenhof, gennant Ley, ou von der Ley/Leyen, atestado em Riga em 1619,
e até julho de 1634. Casado em Riga, com geração.
Identificado ao que se atesta no Brasil desde 1633, até c. 1645, e que vive maritalmente com
Maria de Mello, filha de Manuel Gomes de Mello e de s.m. D. Adriana de Almeida — ela
depois do (plausı́vel) retorno de Gaspar à Curlândia, casa–se com João Baptista Achioli.
P.d.:
10. D. Adriana de Almeida Wanderley c.c. André de Barros Rego. P.d.:
11. D. Luzia Pessoa de Mello, que c.c. o primo João do Rego Barros, professo na Ordem de Cristo.
e f.c.c.r., provedor e proprietário da fazenda real em Pernambuco, fo. de Francisco do Rego
Barros e de s.m. D. Mônica Josefa de Barros. P.d.:
12. Francisco do Rego Barros II, provedor da fazenda etc, fidalgo cavaleiro, c.c. a prima D. Maria
Manoela de Mello, fa. de Manuel Gomes de Mello e de s.m. D. Ignez de Goes de Mello, fa.
do cap. André de Barros Rego e de D. Adriana Wanderley, acima. P.d.:
Cavalcantis, Itália e Brasil 43

1710 — antes de 1783),24 fidalgo cavaleiro da casa real, e de sua mulher D. Ma-
ria Rita de Albuquerque Melo, filha do morgado do Cabo, João Paes Barreto, e
de D. Manuela Luzia de Melo.
Pais de, entre outros a:
• Antonio, que segue.
• D. Maria Rita de Albuquerque Mello, que c.c. seu primo o Cel. Suassuna.
Ver o § 5.
XXIV. A NTONIO DE H OLANDA C AVALCANTI, n.c. 1745, que passou à região
das lagoas, foi tambem sr. do engenho “Marreca” em Porto Calvo, e se fixou
no engenho “Gurganema.” † antes de 1817. Casou com D. Maria da Conceição
Rabelo, filha de José de Casado Lima, de Serinhaem, sr. do engenho “Lama”
na região das lagoas. Pais, que sabemos, de:
• Antonio Casado de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, n.c. 1770, † an-
tes de 1837. C.c. D. Rita Eufrásia Teixeira, que depois de viúva casa–se
com Brás João Calheiros Achioli. Faleceu D. Rita Eufrásia antes de 1862.
P.d.:
– José de Holanda Cavalcanti, † 1873, c.c. D. Anna Casado da Cunha
Lima, † antes de 1874, filha de Filipe da Cunha Lima e de D. Maria
Casado e n.p. de outro Felipe da Cunha Lima e de D. Rosa da Silva
de Moraes, filha esta de Francisco da Silva de Moraes, português.
P.d.:
∗ Francisco de Holanda Cavalcanti, c.c. D. Liberata de Albuquer-
que. Pais de Josefina e Francisca.
∗ D. Anna Casado de Hollanda Cavalcanti, c.c. João José de Mi-
randa Jr., † antes de 1874.
∗ José de Holanda Cavalcanti Jr.
– D. Maria da Conceição Henriqueta de Hollanda Cavalcanti de Albu-
querque, † 23.7.1841, c.c. o sargento–mor André Lemos de Ribeiro,
s.g.
– Antonio de Hollanda Cavalcanti, capitão, morador no Pilar, já fale-
cido em 1862.. P.d. dois filhos naturais, Pedro (n. 6.11.1838, com Ma-
ria Rita da Conceição) e uma filha, D. Felisbella Leopoldina de Ho-
landa Cavalcanti, n. 1829, filha tambem de Maria Rita da Conceição,
e c.c. José Sebastião de Souza, moradores em S. Miguel.25
13. Sebastião Antonio de Barros Mello (1720 — antes de 1783). fidalgo cavaleiro etc. C.c. D. Maria
Rita de Albuquerque Mello, fa. de João Paes Barreto, 7o. morgado do Cabo, e de s.m. D.
Manoela Luzia de Mello. P.d.:
14. D. Maria Manoela de Mello II, que c.c. Antonio de Holanda Cavalcanti de Albuquerque cel.
das ordenanças de Serinhaem com provanças feitas em 1801. Atrás.

24 Corrigindo O. Cavalcanti.
25 O Rvdo Sipriano Lopes Arroxelas Galvão de lisensa minha baptizou solenemente Pedro, nascido a seis de

novembro do ano próximo passado [1838], filho natural do Capitão Antonio de Olanda Cavalgante e Maria
Rita da Conceição, solteiros; foram padrinhos O capitão Bras João Calheiros e D. Rita Eufrasia sua mulher.
44 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

Com outra mulher, não nominada num depoimento de 25.6.1834,


teve Felisdora, n. 1832.
– D. Francisca de Paula de Hollanda Cavalcanti, que entre 1845 e 7.2.-
1848 casa–se com José Cavalcanti Achioli, filho de Francisco de Bor-
ges Achioli e neto do primeiro casanento de Ignacio Achioli de Vas-
concellos, abaixo.

Foi neta de Antonio de Holanda Cavalcanti, no caput, D. Rita Leopoldina


de Hollanda Cavalcanti, solteira em 1836.

• Sebastião de Holanda Cavalcanti de Albuquerque. N. 1773, seria Se-


bastião dos Óculos de Arcoverde Pernambuco Cavalcanti de Albuquer-
que, envolvido no movimento revolucionário de 1817.

• Lourenço Cavalcanti de Albuquerque.

• Cristóvão de Holanda Cavalcanti, n. 1778, † 1856, capitão–mor; c.c. D.


Paula de Bezerra Cavalcanti de Albuquerque (1784–1830), filha de outro
Cristóvão de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, sr. do engenho “Mon-
jope,” e de s.m. D. Ana Maria José de Mello.
P.d., e.o., a . D. L UISA I SABEL DE H OLANDA C AVALCANTI DE A LBU -
QUERQUE , n. 1810 e † 1851, c.c. José Luiz Paes de Mello Barreto, do enge-
nho “Mambucabas,” de quem foi 2a. mulher. Trisavós de Chico Buarque
de Holanda.26

• D. Maria Benedita de Mello, mulher de José de Barros Achioli, † antes de


1813.

Figura 11: Acordo assinado pelos cunhados Ignacio Achioli (assina “Axioly”) e Anto-
nio de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, 1813 (Col. Bonifácio Silveira, IHGAL).

• D. Rosa Luzia do Bonfim, 2a. mulher de Ignacio Achioli de Vasconcellos


II (pág. 24),ela n.c. 1780, † 1807, filho do cel. Manuel de Chaves Caldas,
segundo do nome, e de s.m. D. Maria Margarida Teresa Lins de Vascon-
cellos. Ignacio Achioli acha–se citado como partı́cipe do movimento de
1817 em Alagoas, ao lado do cunhado Sebastião de Holanda Cavalcanti.
P.d.:
26 Colaboração de Ana Naschira Lins.
Cavalcantis, Itália e Brasil 45

Figura 12: Armas dos Acciolis de Vasconcellos: de Acciaioli, partido de Vasconcellos.


Timbre dos Acciaiolis.
46 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

– D. Anna Joaquina de Albuquerque, n.c. 1805.27 Casada com Lucas


José Fernandes, em 20.5.1821.
– D. Josefa Maria Cavalcanti. N. 14.4.1809. C. em janeiro de 1826,
na matriz de Maceió, em ato celebrado pelo pe. Joaquim José Do-
mingues, vigário daquela vila, com o viúvo cap. Gonçalo Pereira de
Araújo, c.g. Testemunhas: Antonio Cavalcanti de Albuquerque, ca-
sado, e Joaquim Pereira de Araújo, viúvo. C.g.
– D. Maria Accioli28 c.c. Francisco Frederico da Rocha Vieira (ou Ro-
cha Cavalcanti, 1803–1862), senhores do engenho Terra Nova em Pi-
lar; pais de Epaminondas da Rocha Vieira, Barão de S. Miguel dos
Campos — tı́tulo português, concedido por D. Luis I de Portugal em
18.12.1870.29
– José de Barros Accioli Pimentel, nome como está em seu pedido de
matrı́cula no curso médico do Rio, em 1843, ou José de Barros Ac-
cioli, como se assinava às vezes, e como está no ato de inscrição de
seu filho Francisco na antiga Escola Central; e também ainda José
de Barros Accioli de Vasconcellos, no assento de seu casamento e
nas biografias de seus filhos Francisco e Inácio, nasceu numa lo-
calidade próxima à Vila das Alagoas, em 1815 ou pouco antes, em
Mangabeira, hoje em Pilar. Em 1839 matriculou–se no curso médico
da Bahia, de onde procurou se transferir, após haver completado
os quatro primeiros anos, para o curso do Rio em 2.3.1843, petici-
onando ao diretor deste curso porque havia chegado à corte “com
atraso devido à longa viagem entre a Bahia e a corte.” Sua tese de
doutorado teve o tı́tulo “Proposições sobre a organização, conside-
rada como único fundamento sólido de toda a educação médica,” e
foi defendida no Rio em 16 de dezembro de 1844 na presença de Pe-
dro II. Voltando a Maceió, trabalhou algum tempo (até 1849) como
extra–numerário no hospital militar local, não conseguindo no en-
tanto ser contratado como médico efetivo.
Clinicou, no entanto, exercendo a medicina, em Maceió e na Vila das
Alagoas, sendo conhecido como médico voltado para as populações
mais carentes; é considerado inclusive um dos pais da medicina em
Alagoas. Em 7.9.1851 aparece como redator do jornal O Tempo —
depois sucedido, em 1860, pelo Jornal de Maceió — órgão do Partido
27 Teria enviuvado antes de 1830, e seria seu segundo marido Manuel Vieira de Araújo, tendo

como filho, entre outros, a Floriano Peixoto. Alayr Accioli Antunes, que conviveu bom tempo com
o avô materno, abaixo, Francisco de Barros e Accioli de Vasconcellos, dizia ser este primo–irmão
do presidente. Note–se que o engenho “Mosquito,” dos pais de Floriano, passa em 1874 ou antes
a Francisco de Borges Accioli III, que seria sobrinho de ambos.
28 Seria esta senhora a Maria Joaquina Nazaré Accioli, n. Atalaia, casada com o patriota cap.

Antonio Leão Rebelo Leite de Sampaio (1782–1817), preso e esquartejado na Barra do Jequiá.
29 Como tantos aqui, eram primos. Francisco Frederico era filho de D. Ana Lins e de seu segundo

marido, o cap. Manuel Vieira Dantas; o casamento deu–se em 1800. D. Ana Lins era n. 1764, filha
de Carlos José de Paiva Lins, neto este de João Lins de Vasconcellos e de s.m. D. Inês de Barros
Pimentel. Era irmão, Francisco Frederico, de Manuel Duarte Ferreira Ferro, depois Barão de Jequiá.
Cavalcantis, Itália e Brasil 47

Liberal, ou luzia, em oposição ao Partido Conservador, ou saquarema.


(O Tempo era um jornal agressivamente luzia.)30 Em 1878 é convo-
cado pelo governo da provı́ncia para ajudar no combate à varı́ola
que grassava em Alagoas, mas logo precisa deixar aquele encargo,
devido a problemas de saúde. Faleceu de uma ‘congestão cerebral’31
num sábado, 19.4.1879, em Maceió. Casou–se em 15.2.1836 na Vila
das Alagoas com D. Ana Carlota de Albuquerque Mello, filha natu-
ral de Rita Maria da Encarnação e do pe. Afonso de Albuquerque
Mello (1802–1874), polı́tico alagoano de notoriedade, considerado o
primeiro jornalista alagoano, revolucionário, deputado provincial e
geral; e era bisneta de Afonso de Albuquerque Mello, sr. do engenho
“Águas Claras.”
Entre seus filhos está o coronel Francisco de Barros e Accioli de Vas-
concellos, cuja biografia destacamos, porque foi quem organizou a
imigração italiana para o Brasil, em fins do século XIX.

F RANCISCO DE B ARROS E A CCIOLI DE VASCONCELLOS C AVALCAN -


TI DE A LBUQUERQUE nasceu na Vila das Alagoas em 28.9.1846, e
faleceu no Rio de Janeiro em 25.9.1907, com 61 anos incompletos.
Enviado pela famı́lia para o Rio de Janeiro em 1864, habilitou–se em
inı́cios de 1864 nos exames de admissão à Escola Central. Abando-
nou o curso em inı́cios do ano seguinte, alistando–se como praça nos
Voluntários da Pátria. Participou de toda a campanha da guerra,
tendo dado baixa apenas após a batalha de Cerro Corá, em 1870.
Com a patente de major conquistada no serviço ativo, reformou–se
“com as honras de” tenente–coronel do exército, sendo tratado ha-
bitualmente como Coronel Accioli.
Sentou praça como voluntário da pátria em 12.4.1865; foi nomeado
alferes logo em seguida (sem dúvida pelo prestı́gio da famı́lia), a
15.4.1865, ainda no Rio. Embarcou para Santa Catarina em 13.6.1865,
quando teve nova promoção, desta vez a tenente do 22o corpo dos
voluntários. Passando por Montevideu em 1.6.1865, chegou na frente
da guerra em 5.8.1865. Comandando uma companhia, esteve na ba-
talha de 24.5.1866. Também participou das batalhas de Humaitá,
Tuiuti, Curupaiti e Chaco, em 1868. Foi ferido em 6.12.1868 em Ito-
roró. Foi promovido a capitão em 1.9.1869, e a major em 28.2.1870,
tudo no campo de batalha. Terminada a guerra, e retornando ao es-
tado civil, reformou–se, como dissemos, como tenente–coronel ho-
norário do exército.
Fez então carreira no serviço público civil. Foi secretário do Arsenal
de Guerra da Corte, chefe de seção da Secretaria de Agricultura, e
finalmente, inspetor–geral de Terras e Colonização, cargo no qual se
30 Pesquisa de Cássia Albuquerque, na Revista do IHGAL.
31 Provavelmente um acidente vascular cerebral, infelizmente comum entre seus descendentes.
48 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

Figura 13: Francisco de Barros e Accioli de Vasconcellos Cavalcanti de Albuquerque e


D. Maria do Carmo do Valle, 1889.
Cavalcantis, Itália e Brasil 49

aposentou. Foi quem coordenou a imigração italiana para o Brasil,


e em sua homenagem fundaram–se diversos povoados com o nome
“Accioli” ou “Accioli de Vasconcellos,” em vários estados. O mais
importante deles é a Vila de Accioli, originalmente a Colonia Ac-
cioli de Vasconcellos, no municı́pio de Ibiraçu, no Espı́rito Santo,
fundada assim como a Colonia Antonio Prado em 1887, mas so-
mente ocupada pelos imigrantes italianos em 1889; cite–se também
a Colônia Tenente Coronel Accioli, próxima a Curitiba, e fundada
pelo Barão de Serro Azul em 1891. Publicou o Guia do Imigrante para
o Império do Brasil (Tipografia Nacional, Rio, 1884), e estudos sobre
a telegrafia no Brasil. Foram estes apresentados em Paris, no Con-
gresso Internacional de Eletricidade, o que valeu ao Coronel Accioli
a Legião de Honra, condecoração que era, ainda àquela época, es-
crupulosamente concedida.
Foi oficial da ordem da Rosa e cavaleiro da ordem do Cruzeiro, além
de ter tido a medalha da campanha do Paraguai. Conta–se entre
seus descendentes que ao fim do Império o Visconde de Rio Branco,
seu amigo pessoal, falecido em 1880, teria proposto ao governo im-
perial que fosse concedido ao Coronel Accioli o tı́tulo de Barão de
Accioli, o que se faria, enfim, no último gabinete Ouro Preto, mas
se teria frustrado com o golpe militar de Deodoro. Este tı́tulo, cuja
promessa de concessão, ou concessão talvez truncada em algum mo-
mento do processo se conserva na memória da famı́lia, é confirmado
na menção que faz Alberto Rangel a Francisco de Barros e Accioli de
Vasconcellos como “Barão de Accioli,” no catálogo dos documentos
da casa imperial no castelo d’Eu.
Fundador e primeiro presidente do “Cı́rculo Alagoano” do Rio de
Janeiro, possuı́a uma grande casa na que é hoje a rua Pinheiro Ma-
chado, antigamente rua Guanabara, em frente ao Palácio Guana-
bara, cujos tetos foram pintados por pintores franceses especialmen-
te contratados na França. Casou–se em 8.2.1872 no Rio com D. Maria
do Carmo do Valle, n. no Rio c. 1855 e † 1925, filha de João Maria do
Valle, cavaleiro da ordem de Cristo (20.9.1851), cavaleiro da ordem
de N. S. da Conceição de Vila Viçosa (22.4.1852), e fidalgo cavaleiro
da casa de D. Pedro V em Portugal, com carta de brasão de armas
passada em 5.3.1860. C.g.

Francisco de Barros e Accioli de Vasconcellos teve quatro filhas e um


varão, filho caçula. Sua sucessão vem das três filhas mais velhas,
Quintilla, ou “Mãe Nenenzinha,” Lucilla, ou “Tia Boa,” e Inesilla,
ou “Pequenita.”
Em algum detalhe:
∗ D. Quintilla do Valle e Accioli de Vasconcellos. N. 9.3.1873 no
Rio e † 14.4.1943 na mesma cidade, de apelido “Mãe Nenen-
zinha.” Casou–se, como se disse, em 8.2.1890 (Glória, 7, 112v)
50 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

com o engenheiro Humberto Saraiva Antunes, “Tio Humberto,”


n. em Montevidéu em 31.5.1864, e † no Rio em 16.6.1941.
Tiveram sete filhos, os seis primeiros com sucessão:
· Almir Accioli Antunes. N. no Rio em 1890, † no Rio em 1961.
Médico, c.c. Maria Gusmão, c.g.
· Alayr Accioli Antunes. N. no Rio em 1892, † no Rio em 1972.
Médico, foi secretário de educação de antiga prefeitura do
distrito federal, grande benemérito e presidente perpétuo
do conselho deliberativo do Fluminense F.C. C.c. Sylvia Gal-
dino do Valle, c.g.
· Berenice Accioli Antunes, † 1963. C.c. o maestro Sylvio Pi-
ergili, † 1962, regente titular do coro do Teatro Municipal do
Rio. C.g.
· Zaı̈de Accioli Antunes. † 1975, c. em 1928 c. Luiz Pinto de
Miranda Montenegro (1889–1977), bancário, c.g.
· Carmen Accioli Antunes. C.c. o irmão de seu cunhado, José
Carlos Pinto de Miranda Montenegro, engenheiro–civil, †
1963. C.g.
· Myriam Accioli Antunes, † 1992. C.c. Manuel Gusmão Fi-
lho, irmão de sua cunhada Maria, c.g.
· Quintilla Accioli Antunes, solteira, † 1970, s,g.
∗ D. Lucilla do Valle e Accioli de Vasconcellos, apelidada “Sinha-
zinha” ou “Tia Boa,” casou–se com Eduardo Rabello, filho, pro-
fessor catedrático de clı́nica dermatológica na Faculdade Naci-
onal de Medicina, e chefe do correspondente serviço na Santa
Casa da Misericórdia no Rio. Nasceu Lucilla no Rio em 16.9.1876,
e † na casa da Urca onde residia há muito, em 4.2.1953. Eduardo
Rabello, filho, nasceu em Barra Mansa em 22.9.1876. Doutorou–
se em 1902 pela mesma Faculdade de Medicina do Rio de Ja-
neiro, com a tese “Hematologia na ancilostomose.” Foi cate-
drático de dermatologia e de sifilografia da mesma faculdade,
cavaleiro da Légion d’Honneur e um dos fundadores e primeiro
diretores da Fundação Gaffrée–Guinle, no Rio. Morreu em sua
casa, à av. João Luiz Alves, 196, na Urca, em 8.8.1940.
Tiveram os filhos:
· Francisco Eduardo Accioli Rabello, Francisquinho ou Quin-
quim. N. no Rio em 1905, no Rio † em 1987. Médico, profes-
sor catedrático da Faculdade Nacional de Medicina, titular
de dermatologia e sifilografia, tendo sucedido ao pai. C.c.
Eunice Paes Barreto, s.g.
· Mauricio Eduardo Accioli Rabello (1907–1978). Magistrado,
desembargador. C.c. Jocelyna Guimarães, Celina, c.g.
· Maria do Carmo Accioli Rabello, Carminha, gêmea com o
anterior. C.c. Armando Martins de Freitas (1904–1986), c.g.
Cavalcantis, Itália e Brasil 51

· Gilda Accioli Rabello (1908 – 2002), c.c. Lauro de Sá e Silva,


médico (1904 –1973), filho de Sinval de Sá e Silva, c.g.
∗ D. Inesilla do Valle e Accioli de Vasconcellos, casada com Raul
Moitinho da Costa Doria. Nasceu no Rio em 5.2.1882 (Engenho
Velho, 11, 55) e faleceu na mesma cidade em 28.10.1946. Casou–
se em 27.5.1899, na casa de seus pais à rua Guanabara, no Rio
(Gloria, 9, 78v), com Raul Moitinho da Costa Doria, comerci-
ante, capitão da guarda nacional, natural de Estância, Sergipe,
onde nasceu em 18.10.1871. † no Rio em 3.9.1948.
Pais de cinco filhos:
· Antonio Adolpho Accioli Doria, n. no Rio em 1901, e † tam-
bem no Rio em 1971, dos problemas cardı́acos frequentes na
famı́lia. Capitão de mar e guerra da reserva remunerada, foi
diretor da antiga SNAAPP em Belém do Pará, até os inı́cios
da década de 60, quando enfim se radicou no Rio. Tatá, Titi-
tatá, muito querido por toda a famı́lia, casou–se com Helena
Maria Amalia Fialho de Castro Silva, c.g.
· Luiz Gilberto de Accioli Doria, Titio, Titibé, nascido no Rio
em 1902 e † 31.12.1959, no Rio também, de um enfarte agudo
do miocárdio, sofrido quando passava em frente à Galeria
Cruzeiro, na Avenida Rio Branco. S.g.
· Conceição Accioli Doria, nascida no Rio em 1904, e no Rio
falecida em 1988. Casou–se com Carlos Soares dos Santos,
Papalô, primo–irmão do filósofo Órris Soares, casados em
1931; Carlos † 8.1967. C.g.
· Raul Moitinho Doria Filho, Rausinho, Titidau, nascido no Rio
em 1907 e no Rio falecido em 1972 de problemas circulatórios.
Comerciante, casou–se no Rio, em 1943, com Ridette Gou-
veia da Cunha, n. no Recife (PE) em 1917 e † no Rio em 2006,
s.g.
· Gustavo Alberto Accioli Doria. (Rio, 1910–Rio, 1979). Jor-
nalista e advogado, crı́tico de teatro de O Globo (1948–1959)
e, desde 1980, nome de rua no Rio de Janeiro, a rua Gustavo
Doria. C.c. Silvia Cresta Mendes de Moraes (Rio, 1913-Rio,
1969), advogada, c.g.
Este ramo leva o sobrenome Accioli Doria.
∗ D. Filenilla do Valle e Accioli de Vasconcellos, “Caçulinha,” nas-
cida em 1884 e falecida em 1977, solteira, s. g.; e
∗ Altamir do Valle e Accioli de Vasconcellos, oficial de marinha
(1890–1935).
– João de Barros Accioli Pimentel, c.c. D. Emı́lia Arnalda Rocha [Pi-
mentel].32 P.d.:
32 Neta de D. Ana Lins.
52 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

∗ D. Emı́lia de Barros Accioli Pimentel, n. 1.7.1849, bat. 28.8.1850,


N.S. dos Prazeres.

5 Ramo Suassuna
Deste ramo descendem: o fundador da Academia Suassuna; os Viscondes de
Albuquerque, de Camaragibe e Suassuna, e o Barão de Muribeca; o Marqués de
Cavalcanti, na Espanha; Prı́ncipes von und zu Sayn–Wittgenstein; e é colateral afim
Elizabeth de Caraman–Chimay, Condessa Greffulhe, modelo para Mme de
Guermantes em A la Recherche du Temps Perdu.

Primeiro, um testemunho sobre a opulência destes, e sobre sua grande in-


fluência polı́tica:

(. . . ) Sr. Francisco de Paula Cavalcante d’Albuquerque, ex-presidente da


provı́ncia e ex–ministro do governo imperial. A residencia deste cavalheiro
na cidade era um sı́tio principesco no extremo norte da Boa Vista. Os
edifı́cios do Pombal, como era chamado o sı́tio, são de grande extensão, de
aspecto antigo e dominados por uma torre que faz lembrar o estylo dos
velhos castellos feudaes da Europa.
(. . . ) no Pombal, fui informado de que o ex–presidente estava passando
algum tempo no seu engenho de Suassuna, cerca de quatro leguas distante.
(. . . ) Indicaram–nos os opulentos cannaviaes de Suassuna muito antes de
chegarmos à vista da imponente mansão de seu proprietário. Chegando a
esta mansão, após uma viagem um tanto demorada pelos caminhos sinu-
osos e estradas quasi intransitáveis, fomos recebidos com todas as gene-
rosas attenções que os fazendeiros costumam dispensar aos seus hospedes.
O sr. Cavalcanti, o actual barão de Suassuna, descende duma antiga e
poderosa famı́lia. As suas maneiras affaveis e o seu excellente caracter
grangearam–lhe em alto gráo a estima de seus compatriotas. Comquanto
jámais houvésse visitado paizes estrangeiros, as suas idéas e opiniões a res-
peito dos mesmos eram muito liberaes, e com especialidade as relaccionadas
ao governo e ás instituições dos Estados–Unidos.
A propriedade de Suassuna é extensa e excelllentemente cultivada, traba-
lhando nella cem escravos. Além de produzir arroz e mandioca, calculava–
se que a proxima safra daria nove mil arrobas de assucar. Os edificios agru-
pados em volta da casa de vivenda constituiam uma pequena povoação. À
direita ficavam a serraria, o engenho e a distillação, sendo o mechanismo
destes dois primeiros movidos a agua. À esquerda erguiam–se a sensala
dos escravos, a forja, a carpintaria e estribarias. (. . . )33
33 Contribuição de D. M. L. Medeiros. Fonte: Revista do Instituto Arqueológico Histórico e Ge-

ográfico Pernambucano (Recife, v. 14, n.75, pág. 84. Mar. 1909).


Cavalcantis, Itália e Brasil 53

Genealogia dos Suassunas.


A famı́lia Suassuna descende dos Cavalcantis através de várias linhas. A pri-
meira é a seguinte: A NTONIO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, filho de Fi-
lippo Cavalcanti e de Catarina de Albuquerque, casou–se com Isabel de Goes.
Foram os pais de, e.o., a D. I SABEL C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, casada
duas vezes, com Manuel Gonçalves de Siqueira e em seguida com Francisco
Bezerra, primo direito de Manuel Gonçalves.
O filho do primeiro casamento, A NTONIO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE
foi chamado “o da guerra,” tanto porque lutou nas guerras contra os holande-
ses, como porque era de temperamento extremado e agressivo. Teve o foro de
fidalgo cavaleiro da casa real, e casou com D. Margarida de Sousa.
A filha do casal, D. I SABEL C AVALCANTI, casou com o parente Jerônimo
Fragoso de Albuquerque, filho do alcaide–mor e capitão–mor de Serinhaem, e
de D. Simoa de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque “o torto.”
Foi seu filho J ER ÔNIMO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, capitão–mor, que
se casou com D. Florencia, filha do capitão roque de Castro Rocha.
De seus dois filhos (ver à pág. 32), pais de D. F RANCISCA C AVALCANTI.
Esta casou–se com o engenheiro Luiz Xavier Bernardo (pág. 32), oficial de en-
genharia reinol, radicado em Pernambuco, ajudante de ordens do governador
geral, e filho de Inácio Franco. Engenheiro militar, projetou fortificações em
Trás os Montes, e em 1716 passa ao Brasil, à Paraı́ba, comissionado como en-
genheiro militar. Radicou–se em Pernambuco, onde o atesta mais tardiamente
um documento de 1746, quando é preterido na promoção a mestre de campo
do terço de Olinda, em lugar de Antonio Borges da Fonseca.34
Foi seu filho, entre outros, F RANCISCO X AVIER C AVALCANTI DE A LBU -
QUERQUE . Este casou–se com sua prima D. F ILIPA C AVALCANTI DE A LBU -
QUERQUE , filha de G ONÇALO X AVIER C AVALCANTI , sr. do engenho “Pantorra,”
e de s.m. D. Luzia Bernardo de Mello; n.p. de Matias Ferreira de Souza, as-
sassinado no engenho “do Anjo,” e de s.m. D. L UZIA M ARGARIDA C AVAL -
CANTI , que era filha do sargento–mor J O ÃO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE ,
fidalgo cavaleiro como o pai, A NTONIO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, “o
da guerra,” — e de s.m. D. Maria Pessoa.
Pais de F RANCISCO DE PAULA DE H OLANDA C AVALCANTI DE A LBUQUER -
QUE, o “Coronel Suassuna,” que casou com a prima D. M ARIA R ITA DE A LBU -
QUERQUE E M ELLO .

XXIV. D. M ARIA R ITA DE A LBUQUERQUE E M ELLO, filha do cap. Antonio


de Holanda Cavalcanti de Albuquerque (§ 4, XXIII), casou, como se disse, com
Francisco de Paula de Holanda Cavalcanti de Albuquerque, capitão–mor, dito
o “coronel Suassuna,” sr. do engenho homônimo e fundador da Academia Suas-
suna, centro de difusão de ideias liberais em começos do século XIX; participou
ativamente do movimento revolucionário de 1817. Tiveram por filhos aos Vis-
condes de Albuquerque, de Camaragibe, de Suassuna, e ao Barão de Muribeca.
Seus filhos:
34 Comunicação de J. M. Santos.
54 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

F RANCISCO DE PAULA DE H OLLANDA C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE ,


V ISCONDE DE S UASSUNA, nasceu em Jaboatão (PE) em 10.6.1793, e † no Recife
em 20.1.1880. Brigadeiro, senador, ministro de estado, presidente de Pernam-
buco, e visconde com grandeza em 14.3.1860.
A NTONIO F RANCISCO DE PAULA E H OLLANDA C AVALCANTI DE A LBU -
QUERQUE , V ISCONDE DE A LBUQUERQUE , n. em Jaboatão em 21.8.1797 e † no
Rio em 14.4.1863; visconde com grandeza em 2.12.1854. Deputado, senador,
ministro de estado, c.c. D. Emilia Cavalcanti de Albuquerque, c.g.

Figura 14: Armas do Visconde de Albuquerque e de seus irmãos: de Albuquerques


(modernos) partido de Cavalcantis (Brasil).

P EDRO F RANCISCO DE PAULA E H OLLANDA C AVALCANTI DE A LBUQUER -


QUE , V ISCONDE DE C AMARAGIBE, n. em Jaboatão em 19.4.1806, e † em Cama-
ragibe (PE) em 2.12.1875. Visconde com grandeza em 14.3.1860, foi deputado,
senador e presidente de Pernambuco.
O quarto irmão titular foi M ANUEL F RANCISCO DE PAULA DE H OLLANDA
C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE , B AR ÃO DE M URIBECA, tı́tulo concedido em
14.4.1860. C.c. a sobrinha D. Maria da Conceição do Rego Barros, filha do
Conde da Boa Vista.
Primo–irmão dos acima por sua mãe D. Maria Ana Francisca de Holanda
Cavalcanti, foi o Conde da Boa Vista, Francisco do Rego Barros.
O Grande de Espanha M ARQU ÉS DE C AVALCANTI , D ON J OS É DE C AVAL -
CANTI DE A LBUQUERQUE Y PADIERNA , era neto de José Francisco de Paula de
Holanda Cavalcanti de Albuquerque, filho do Cel. Suassuna, e como aquele
revolucionário liberal em 1817. Ministro do Brasil na Espanha ao tempo de Isa-
bel II, c.c. D. Maria O’Key. Foi o pai de D. José Cavalcanti de Albuquerque y
O’Key, casado com D. Elisa Padierna de Villapadierna.
O Marqués de Cavalcanti nasceu em Cuba em 1.12.1871. Seguiu carreira
militar, chegando ao generalato. Fascista, fez parte do regime Primo de Rivera,
e faleceu apoiando Franco em 1939. Recebeu os tı́tulos de Conde de Taxdirt e
Cavalcantis, Itália e Brasil 55

Figura 15: O Visconde de Albuquerque, ministro da guerra. (Site do Min. da Defesa.)

Figura 16: O Visconde de Suassuna, também ministro da guerra. (Site do Min. da


Defesa.)
56 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

de Marquês de Cavalcanti em 1919.


A tia do Marqués de Cavalcanti, D. Ana Maria Francisca de Paula de Ho-
landa Cavalcanti de Albuquerque, Condessa de Villeneuve pelo seu casamento
com Jules de Villeneuve, deixou descendência nos Condes–Prı́ncipes Schlitz zu
Görtz e nos Prı́ncipes von und zu Sayn–Wittgenstein–Berleburg. Mais precisa-
mente: D. S OPHIA DE V ILLENEUVE (1858-1902) c.c. Emil Friedrich von Schlitz
zu Görtz, alteza ilustrı́ssima, conde–prı́ncipe von Schlitz zu Görtz. E D. J U -
LIA DE V ILLENEUVE (1859–1930) c.c. Franz Emil Leopold, prı́ncipe von und
zu Sayn–Wittgenstein Berleburg, alteza serenı́ssima. Ambas com larga des-
cendência até o presente.

Figura 17: Elisabeth de Caraman–Chimay, Condessa Greffulhe, principal modelo para


Mme de Guermantes. Era enteada de uma Holanda Cavalcanti de Albuquerque, Doña
Matilde de Barandiarán y Cavalcanti (Wikisource).

A outra irmã, D. Isabel Cavalcanti de Albuquerque casa–se com Don Grego-


rio de Barandiaran, e a filha destes, Doña Matilde de Barandiaran y Cavalcanti,
é a segunda mulher de Joseph de Riquet, Prı́ncipe de Caraman–Chimay, e pai
(no primeiro casamento) de Elizabeth de Caraman–Chimay, Condessa Greffu-
lhe — modelo principal para Mme de Guermantes, em A la Recherche du Temps
Perdu.
Cavalcantis, Itália e Brasil 57

Figura 18: O Marqués de Cavalcanti, Don José de Cavalcanti y Padierna, lı́der falan-
gista, em 1936 (IANTT).

6 Primeiro ramo baiano.


Neste ramo comparece o grande historiador Sebastião da Rocha Pitta.

XIX. F ILIPE C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, filho de Cristóvão de Ho-


landa e Vasconcelos e de Catarina de Albuquerque (§ 4, XVIII), passou à Bahia
em 1635, e lá se casou com D. Antonia Pereira Soeiro, filha de Martim Lopes
Soeiro, nat. do reino, e de s.m. D. Ana Pereira. Está sepultado no Carmo, ao
alto do Pelourinho, em Salvador.
P.d.:

XX. C RIST ÓV ÃO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE . Herdou o morgadio do


engenho “de Aurié,” no Iguape, vı́nculo criado pelo tio Martim Lopes Soeiro.
Casou em primeiras núpcias com D. Isabel de Aragão, filha de Francisco de
Araújo de Aragão e de s.m. D. Cecilia Soeiro. P.d.:
• Antonio Cavalcanti de Albuquerque, que † assassinado.
• D. Anna, que segue.
• D. Joana Cavalcanti de Albuquerque, que casou três vezes. Da primeira,
com o cel. Francisco Pereira Botelho, c.g. Da segunda e terceira vez, s.g.,
com o desembargador Jorge de Sá de Mendonça, ouvidor do cı́vel na
Bahia, e com o desembargador Bernardo de Sousa Estrella.
Casou em 2as. núpcias com D. Maria de Barros Pereira, filha de Miguel
Fernandes, reinol, e de s.m. D. Ana de Barros Soeiro (filha de Martim Lopes
Soeiro e de D. Antonia Pereira). P.d.:
58 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

• Bernardino Cavalcanti de Albuquerque. Sucedeu ao pai no morgadio;


cel. das ordenanças. C.c. D. Antonia Francisca de Meneses, filha de José
Garcia de Araújo e de s.m. D. Isabel de Aragão. C.g.

• Cristóvão Cavalcanti de Albuquerque, † solteiro.

• Victorio Cavalcanti de Albuquerque, idem.

• D. Adriana Cavalcanti de Albuquerque. C.c. o desembargador Cristóvão


Tavares de Moraes, c.g.

• D. Catarina Cavalcanti de Albuquerque. C.c. Manuel de Araújo de Aragão,


filho de outro de igual nome, e de s.m. D. Maria de Aragão.

• D. Brites Cavalcanti de Albuquerque. C.c. Alexandre João de Aragão,


irmão do supra.

• D. Ursula Cavalcanti de Albuquerque. C.c. o terceiro irmão, José de


Araújo de Aragão.

XXI. D. A NNA C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE c.c. o historiador Sebastião


da Rocha Pitta, filho de João Velho Gondim e de D. Brites da Rocha Pitta, filha
de outro Sebastião da Rocha Pitta.
Nasceu o historiador Sebastião da Rocha Pitta em 3.5.1660; † em 2.11.1738,
sempre em Salvador. Acadêmico, fidalgo da casa real, coronel das ordenanças
— e autor da História da América Portuguesa.
Pais de:

• D. Teresa da Rocha Pitta, solteira.

• D. Brites, que segue.

XXII. D. B RITES DA R OCHA P ITTA c.c. o cel. Domingos da Costa e Almeida,


provedor da alfândega da cidade da Bahia, filho do tenente–general Rodrigo
da Costa e Almeida e de s.m. D. Ana Duque. P.d.:

• Rodrigo da Costa e Almeida, que c.c. D. Maria Francisca de Menezes,


filha do cel. Bernardino Cavalcanti de Albuquerque, acima. C.g.

• Um filho e duas filhas, religiosos.

• D. Isabel Joaquina de Aragão, que c.c. seu parente José Pires de Carvalho
e Albuquerque, abaixo, p. 62.
Cavalcantis, Itália e Brasil 59

7 Segundo ramo dos Holandas Cavalcantis: Pires de Car-


valho Cavalcanti de Albuquerque.
Deste ramo descendem os representantes atuais da Casa da Torre.

XVIII. F ILIPA DE A LBUQUERQUE c.c. Antonio de Holanda de Vasconcellos,


filho de Arnal de Holanda e de s.m. Brites Mendes, a velha. Era Antonio de
Holanda sr. do engenho “Santo Antonio Guipitanga” em Goiana. Morreu entre
5 e 12.5.1627, e Filipa de Albuquerque foi sua primeira mulher. Desta teve os
filhos:

• Arnal de Vasconcellos e Albuquerque. Já estava casado em 1611, e em


1625 era capitão de infantaria em Itamaracá. C.c. D. Maria Lins de Albu-
querque, filha de Sebald Linz von Dorndorf e de s.m. D. Brites de Albu-
querque. C.g.

• Lourenço Cavalcanti de Albuquerque.

• Antonio, que segue.

XIX. A NTONIO DE VASCONCELLOS C AVALCANTI passou à Bahia no tempo


das guerras holandesas, em 1623. C.c. Catarina Soares, † 1626, filha de Pedro
Carneiro e de Ursula Feio do Amaral. Faleceram ambos quando seu filho con-
tava um só ano. P.d. (único):

XX. F RANCISCO DE VASCONCELLOS C AVALCANTI, que c.c. D. Antonia Lobo,


filha de Baltazar Lobo de Sousa (descendente de D. Inês de Castro) e de s.m.
Ana de Gamboa, dos Moreiras do Socorro. P.d.:

• Baltazar, que continua.

• Antonio Cavalcanti de Albuquerque, sacerdote.

• D. Catarina Soares, que c.c. Francisco da Fonseca Siqueira, sr. do engenho


“Caboto,” s.g.

XXI. B ALTAZAR DE VASCONCELLOS C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE. C.c.


D. Antonia de La Penha Deusdará, filha de Simão da Fonseca de Siqueira, co–
senhor do engenho “Caboto” com seu irmão supra, e de s.m. D. Francisca de
La Penha Deusdará. P.d.:

• Simão de Vasconcellos, carmelita.

• D. Antonia do Paraı́so, clarissa.

• D. Teresa Cavalcanti de Albuquerque, que c.c. José Pires de Carvalho.


C.g.: Pires de Carvalho e Albuquerque — nas primeiras gerações usavam
tambem o Cavalcanti. P.d.:
60 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

– Salvador Pires de Carvalho Cavalcanti de Albuquerque (1701 – 1745),


casado com sua prima D. Joana, abaixo. Ver § 8.
– José Pires de Carvalho e Albuquerque (1703 – 4.9.1774), desembar-
gador, casado com D. Isabel Joaquina de Aragão, filha do cel. Do-
mingos da Costa e Almeida e de s.m. D. Brites da Rocha. Ver § 9.

• Baltazar, que segue.

Figura 19: Baltazar de Vasconcellos Cavalcanti correspondeu–se com a corte grãducal


em Florença em 1735 — notem–se erros no seu nome, “Guasconcellos,” e no da avo-
enga, “Caterina,” em vez de Ginevra Mannelli (ASF, Manoscritti, 382, Coleçõ de do-
cumentos de Giovanni Battista Dei, Carte Dei, Famiglia Cavalcanti.).

XXII. B ALTAZAR DE VASCONCELLOS C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE bus-


cou contacto com os parentes florentinos — referência a uma sua carta encontra–
se na coleção de documentos sobre esta famı́lia reunidos por Ammirato, no ar-
chivio di Stato di Firenze. Teve engenhos na vila de S. Amaro da Purificação, no
Recôncavo baiano. Casou duas vezes: primeiro, com D. Ana Pereira da Silva,
filha de Nuno Pereira da Silva, c.g. Da segunda, com D. Antonia de Argolo de
Meneses, filha de Antonio Moreira de Meneses e de s.m. D. Ana de Argolo, s.g.
Do primeiro leito:

• D. Joana Cavalcanti de Albuquerque, casada com o primo Salvador Pires


de Carvalho Cavalcanti de Albuquerque, filho de D. Teresa, supra.

• D. Catarina dos Anjos, clarissa.

8 A senhora morgada
A última Morgada da Torre.
Cavalcantis, Itália e Brasil 61

Figura 20: Armas dos Pires de Carvalho e Albuquerque: um esquartelado de Carva-


lhos, Albuquerques modernos, Deusdará, Cavalcanti, versão brasileira (Fonte: F. A.
Doria, Caramuru e Catarina, SENAC – SP (2000).
62 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

XXIII. S ALVADOR P IRES DE C ARVALHO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE


(1701 – 1745), mestre de campo, casou–se com sua prima direita D. Joana Ca-
valcanti de Albuquerque, acima. Pais de:

• José, que segue.

• D. Teresa, religiosa.

• Antonio Pires de Carvalho e Albuquerque, sacerdote secular.

XXIV. J OS É P IRES DE C ARVALHO E A LBUQUERQUE c. em 1752 c. D. Leonor


Pereira Marinho, filha herdeira de Francisco Dias d’Ávila, Morgado da Torre.
Pais de:

• D. Ana Maria de S. José e Aragão, última Morgada da Torre, casada com


seu primo (§ 9, XXIV) José Pires de Carvalho Cavalcanti de Albuquerque.

• D. Catarina dos Anjos de Aragão, casada com o irmão de José, capitão–


mor Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque.

• D. Joaquina Maurı́cia de S. Miguel e Aragão, casada com Joaquim Inácio


de Siqueira Bulcão, primeiro Barão de S. Francisco.

• D. Maria Francisca.

• Salvador Pires de Carvalho e Albuquerque, militar (1765 – 1795).

• José Pires de Carvalho e Albuquerque, † 1796.

9 A famı́lia da Torre
A geração que participou da independência, destes descendentes de Filippo Cavalcanti
nos Pires de Carvalho Cavalcanti de Albuquerque.

XXIII. J OS É P IRES DE C ARVALHO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE (1703 –


4.9.1774) foi secretário do Estado do Brasil e desembargador. C.c. sua parenta
D. Isabel Joaquina de Aragão, filha do cel. Domingos da Costa e Almeida e de
s.m. D. Brites da Rocha. (Ver à pág. 58.) P.d.:

• José, que segue.

• Madres Maria do Desterro, Mariana do Desterro, Josefa do Desterro, re-


ligiosas.

• Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, casado com a prima,


supra, D. Catarina dos Anjos de Aragão, c.g.
Cavalcantis, Itália e Brasil 63

XXIV. J OS É P IRES DE C ARVALHO E A LBUQUERQUE n. em 5.5.1756. Foi como


o pai secretário do Estado do Brasil, e c.c. sua prima D. Ana Maria de S. José e
Aragão, última Morgada da Torre. Pais de, entre outros:

— J OS É P IRES DE C ARVALHO E A LBUQUERQUE . N. 6.12.1778. Viveu ma-


ritalmente (foi impedido de se casar) com a prima D. Ignacia Jesuina Pires de
Carvalho e Albuquerque, e devido a desavenças em famı́lia não sucedeu no
morgadio. Deste, o bisneto homônimo, n. 18.9.1879, casou–se em 6.4.1907 (1as.
núpcias) c. D. Alvacoeli Meira de Castro, c.g. Foi seu trineto o general Walter
Pires de Carvalho e Albuquerque, n. 6.6.1915, ministro do exército no governo
Figueiredo.
(José Pires de Carvalho e Albuquerque, o bisneto, era filho do Dr. Antonio
Carlos Pires de Carvalho e Albuquerque (1842 – 1904) e de sua segunda mulher
D. Josefina Muricy, e n.p. de mais um José Pires de Carvalho e Albuquerque (n.
1812) e de s.m. D. Maria Clara da Silva Tavares. O gal. Walter Pires era filho
de Heitor Pires de Carvalho e Albuquerque e de D. Aline Loyola, e neto do Dr.
Antonio Carlos e de sua segunda mulher.)

— A NTONIO J OAQUIM P IRES DE C ARVALHO E A LBUQUERQUE (12.2.1785


– 5.12.1852), V ISCONDE DA T ORRE DE G ARCIA D ’ Á VILA. Coronel do regi-
mento da Torre (foi o derradeiro Morgado da Torre), secretário do Estado do
Brasil ainda ao tempo pré–independência, financiou em 1822 e 1823 guerrilhas
em defesa da independência. Homenageia–o uma rua em Ipanema, a Rua Barão
da Torre. Foi casado com sua sobrinha (filha do irmão, o Visconde de Pirajá),
D. Ana Maria de S. José e Aragão. C.g. Seu neto homônimo, n. 5.2.1865, foi
ministro do STF; em 2.4.1892 c.c. a prima D. Maria Joaquina Bulcão Viana, c.g.
Era filho do Dr. Garcia Pires de Carvalho e Albuquerque (1840 – 1917), senador
da república, e de D. Maria Capitulina de Teyve e Argollo.

— F RANCISCO E LESB ÃO P IRES DE C ARVALHO E A LBUQUERQUE , B AR ÃO


DE J AGUARIPE , n. 1786, † 4.8.1856. Exerceu diversas funções públicas ao tempo
da independência, e homenageia–o uma rua de Ipanema, a Rua Barão de Jagua-
ripe. C.c. a prima D. Maria Delfina Pires e Aragão, c.g.

— J OAQUIM P IRES DE C ARVALHO E A LBUQUERQUE , V ISCONDE DE P I -


N. em 8.5.1801 e † 29.7.1848, c.c. sua parenta D. Maria Luiza de Teive
RAJ Á .
e Argollo, c.g.
Militar de carreira, conhecido como “Coronel Santinho,” teve atuação ex-
pressiva no comando de tropas baianas durante as lutas pela independência.
Leal ao governo do império, ajudou a combater, às próprias custas, os rebel-
des pernambucanos — entre os quais diversos Holandas Cavalcantis — que
tentaram fazer o nordeste independente em 1824.

O tı́tulo de Visconde da Torre e data de 12.10.1826, data na qual se celebra-


vam os quatro anos da independência. O tı́tulo de Barão da Torre de Gar-
64 Albuquerque, Cavalcanti, Doria

cia d’Ávila, concedido em 1.12.1822, é, pelos termos da concessão, o único


tı́tulo brasileiro hereditário. O tı́tulo de Barão de Jaguaripe foi concedido em
1.12.1824 e o de Visconde de Pirajá em 12.10.1826.

Linha do Cardeal Arcoverde; Siqueira Cavalcanti.


(Dada aqui em resumo.)
1. A NTONIO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE, filho de Filippo Cavalcanti e
de Catarina de Albuquerque, casou com D. Isabel de Goes, filha de Arnal
de Holanda e de Brites Mendes. P.d.:
2. D. I SABEL C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE. Casou duas vezes. Pri-
meiro, com Manuel Gonçalves Siqueira, filho de Pedro Gonçalves Cer-
queira e de s.m. Catarina de Freitas; em seguida, com Francisco Bezerra,
c.g. Do primeiro leito:
3. A NTONIO C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE “o da guerra,” que lutou ao
lado de João Fernandes Vieira nas guerras contra os belgas. C.c. D. Mar-
garida de Souza. P.d.:
4. D. L EONARDA C AVALCANTI, que c.c. Cosme Bezerra Monteiro. P.d.:
5. D. B RASIA C AVALCANTI B EZERRA, casada com o primo Manuel de Ara-
újo Cavalcanti, capitão de cavalos da freguesia da Varzea, seu primo, fi-
lho de Bernardino de Araujo Pereira e de s.m. D. Ursula Cavalcanti. P.d.:
6. D. M ARIA C AVALCANTI, que c.c. Manuel Leite da Silva, comandante de
Ararobá. P.d.:
7. L UIZ C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE. Este casou–se com D. Maria Te-
resa Ferreira, irmã do pe. Francisco Ferreira, cura de Ararobá. P.d.:
8. D. U RSULA J ER ÔNIMA C AVALCANTI DE A LBUQUERQUE. C.c. André Ca-
valcanti de Albuquerque. P.d.:
9. J ER ÔNIMO DO A RCOVERDE DE A LBUQUERQUE C AVALCANTI, que se c.c.
D. Teresa de Siqueira Cavalcanti, filha de Joaquim de Siqueira Barbosa e
de s.m. D. Maria de Jesus Bezerra Cavalcanti. P.d.:
10. A NTONIO F RANCISCO DE A LBUQUERQUE C AVALCANTI, o “Coronel Bu-
dá,” n. 1822, e que c.c. D. Marcolina Doroteia do Couto. P.d.:
11. D. J OAQUIM DO A RCOVERDE DE A LBUQUERQUE C AVALCANTI, n. 1850,
† 1930. Cardeal em 1905 — cardeal presbı́tero, do tı́tulo de S. Bonifácio —
tendo sido o primeiro cardeal da América Latina.
J OS É C AMELLO P ESSOA DE S IQUEIRA C AVALCANTI, sr., foi filho do casal
Joaquim de Siqueira – D. Maria de Jesus (acima, no. 9.). Sua mulher foi D.
Maria da Penha Arcoverde, filha de D. Ursula e de André Cavalcanti de Albu-
querque, supracitados. Do casal descende a famı́lia Siqueira Cavalcanti.
Cavalcantis, Itália e Brasil 65

Figura 21: O “Coronel Santinho,” Visconde de Pirajá, principal chefe militar da Casa
da Torre (F. A. Doria, Caramuru e Catarina, SENAC – SP (2000)).
Figura 22: D. Joaquim do Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (Wikisource).

Referências
[1] C. Albuquerque et al., Acciaiolis no Brasil, ed. eletrônica online, Rio (2009).

[2] S. Ammirato, Istorie Fiorentine, ed. Luciano Scarabelli, Torino (1853).


[3] S. Ammirato e A. di L. Cavalcanti, “Genealogia dei Cavalcanti,” tavole,
coleção Passerini, BNCF, Sala Manoscritti Rari, Segnatura Passerini, 156.
[4] A. di L. Cavalcanti, “Registro d’Huomini e donne Cavalcanti,” ms, ASF
Mannelli Galilei Riccardi 481.
[5] S. U. Cavalcanti, “Si chiamavano Cavalcanti,” site na internet,
http://xoomer.virgilio.it/cavalcanti/
[6] S. Raveggi et al., Ghibellini, Guelfi e Popolo Grasso, La Nuova Italia, Florença
(1978).
[7] D. Shamà, “Genealogie delle famiglie nobili italiane,” site na internet,
http://www.iagi.info/genealogienobili/
[8] C. M. Sicca, “Consumption and trade of art. . . : the London house of the
Bardi and Cavalcanti company,” Renaissance Studies 16, 163 (2002).

[9] C. M. Sicca, “Pawns of international finance and politics: Florentine sculp-


tors at the court of Henry VIII,” Renaissance Studies 20, 1 (2006).

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