A Catequese Mistagógica PDF
A Catequese Mistagógica PDF
A Catequese Mistagógica PDF
Diante de tal realidade com a qual se depara nossa prática pastoral, precisamos tomar
consciência de que estamos em tempos de evangelização. Tempos em que urge o
primeiro anúncio da alegre boa nova, levando nossos interlocutores ao encontro
pessoal com Jesus Cristo, na adesão ao seu Reino. É urgente uma catequese
mistagógica que resgate os tempos áureos dos primeiros séculos para renovar a
prática catequética.
2. O que é mistagogia?
Mistagogia é um termo grego que significa “conduzir ao mistério”. Segundo Pe. Gilson
Camargo, é possível traduzir o termo por “ter domínio” do mistério. É evidente que
esta expressão precisa ser bem interpretada, já que Deus não é alguém que
dominamos, além do que a vida nele é uma graça, não depende somente de nossos
esforços. Um cristão mistagogo tem intimidade com o mistério divino e deixa
transparecer Deus de modo simples e fácil.
Cabe explicitar que este “mistério” não é um segredo inatingível. O Novo Testamento
define “mistério” como o desígnio divino oculto em Deus desde todos os séculos (Ef
3,9), agora revelado em Jesus Cristo (Cl 1,26-27). Portanto, ser conduzido ao mistério
é encontrar-se com a pessoa de Jesus Cristo, acolhendo o desígnio do Pai (a
salvação) na força do Espírito Santo. A experiência cristã, portanto, não é um
sentimentalismo vazio, nem um mero aprendizado teórico, mas a experiência viva que
leva o fiel a aderir ao Reino de Deus, o projeto do Pai, em comunidade, assumindo a
dinâmica renovadora da Páscoa: o mistério de morte e ressurreição (Rm 6,8-11; Fl
3,10-11).
3. Caminhos mistagógicos
- Contemplar: sentir-se amado por Deus. Os místicos falam deste estágio como o mais
elevado, como total entrega a Deus.
Esses degraus não precisam ser necessariamente justapostos (vir um após o outro). É
importante que primeiro se faça a leitura e, depois, deixe brotar a oração de acordo
com a inspiração do Espírito e as características próprias do grupo.
b) Liturgia. A liturgia, por si só, tem uma dimensão catequética. As celebrações, com
sua riqueza de palavras e ações, são uma verdadeira “catequese em ato” (CR
89).“Embora a sagrada Liturgia seja principalmente culto da majestade divina, é
também abundante fonte de instrução para o povo fiel” (SC 33). Uma celebração bem
preparada, participada e adaptada à realidade com verdadeira dignidade e cheia do
verdadeiro sentido litúrgico, educa na fé, recorda os seus conteúdos centrais, renova o
ideal de vida cristã e incrementa a consciência de pertença eclesial. Pela ação do
Espírito Santo, a liturgia alimenta e estimula ao compromisso com a vida.
Há uma contínua união entre Palavra e símbolo, colaborando para que o conteúdo da
fé seja interiorizado, não permanecendo como uma mera teoria: “O rito, ao envolver a
pessoa por inteiro, marca mais profundamente do que uma simples instrução e
interioriza o que foi aprendido e proclamado, realçando a dimensão de compromisso”
(IVC 44). Na liturgia há o envolvimento corporal por cantos, gestos, vozes, silêncio, de
modo que a união entre atitudes do corpo, símbolo e Palavra, contribuam para uma
experiência mais concreta do mistério:
Toda a atividade da Igreja tem suas forças arraigadas na liturgia. A catequese deve
conduzir à vivência litúrgica, pois esta sintetiza a experiência cristã. Sobretudo aqui,
destaca-se o uso de símbolos e gestos litúrgicos, pois estes afetam áreas do ser
humano que o conteúdo racional não alcança. Uma catequese mais celebrativa e
orante traz a força do significado dos ritos, conduzindo os interlocutores, de modo
eficaz, à vivência do Evangelho.
c) Oração. A catequese deve ser “permeada por um clima de oração” (DGC 85). O
encontro catequético não deve parecer uma aula ou palestra, mas ser um espaço
aberto para o diálogo com Deus. Qualquer conteúdo exposto deve ser interiorizado
pela prece, sobretudo valorizando a espontaneidade e a criatividade. Hoje muitos
cristãos rezam somente fazendo pedidos. É preciso que nossos catequizandos
exercitem a oração como meio para experimentar o amor de Deus, acolhendo o
mistério divino de um modo afetivo.
4. O catequista mistagogo
Catequese significa fazer ecoar. Ela será um verdadeiro eco da Palavra de Deus se o
catequista deixar transbordar do seu interior aquilo que nele está repercutindo. Aquele
que ouve, por sua vez, acolhe em seu coração este transbordamento e passa a
também ser um eco da mesma Palavra.
São Paulo nos diz que somos um texto vivo da Palavra; “Sois uma carta de Cristo,
redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus
Vivo” (2Cor 3,3). O catequista, portanto, é uma carta de Deus, em texto vivo. Fala mais
pela sua vida do que por suas palavras, comunica mais com o seu jeito de ser, com
sua alegria e amor do que com suas ideias. Por isso, para catequizar, o catequista
deve se deixar escrever pelo Espírito Santo. Deixará que o amor seja impregnado em
seu coração, lembrando que este é um mistério para os simples: “Eu te louvo, ó Pai,
porque escondestes estas coisas dos sábios e entendidos e as revelastes aos
pequeninos” (Mt 11,25).