História Da Medicina Legal
História Da Medicina Legal
História Da Medicina Legal
1.1 CÓDIGO DE HAMURÁBI (SÉCULO XVIII a.C) – RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE MÉDICO E PACIENTE
O Código de Hamurábi, promulgado na babilônia no século XVIII a.C, foi um diploma legislativo que
trouxe em seu texto dispositivos referentes à relação jurídica entre médicos e pacientes (embrião da
deontologia forense).
A título de exemplo, um dos artigos trazidos pelo referido códex estabelecia que se um médico tratar
o ferimento do escravo de um homem pobre, com uma lanceta de bronze, e causar a morte do escravo, deve
pagar escravo por escravo.
As penas relativas a tratamentos mal sucedidos variavam desde multas até a amputação das mãos
do médico, a depender da importância social do paciente.
O Código de Manu, promulgado na Índia do período budista no século V a.C, proibia que crianças,
velhos, embriagados, débeis mentais e loucos fossem ouvidos como testemunhas (embrião da psiquiatria
forense).
Na antiga pérsia, as leis estabeleciam uma classificação das lesões corporais de acordo com a sua
gravidade. (embrião da traumatologia forense).
Esta classificação das lesões corporais de acordo com a sua gravidade só aparece novamente na lex
alemanorum (século V), tendo por finalidade auxiliar na fixação do quantum de multa deve ser pago pelo
agressor, de tal modo que quanto maior a gravidade da lesão, maior o valor da multa, e noutro giro, quanto
menor a gravidade da lesão, menor o valor da multa.
A doutrina aponta que em Roma, no ano de 44 a.C, fora realizado o primeiro exame médico de uma
vítima de homicídio, tendo como examinado o imperador Júlio César. A Perícia constatou a presença de 23
golpes, dentre os quais apenas um foi mortal.
São Justiniano reconheceu que os médicos são testemunhas especiais em juízo. No entanto, os juízes
não eram obrigados a ouvi-los.
A obrigatoriedade da oitiva dos médicos somente surge na lex alemanorum dos povos bárbaros
germânicos.
1.6 LIVRO DA LEI COMUM DE SÃO LUIS (SÉCULO XIII) – DUELOS JUDICIAIS E PROVAS DE RESISTÊNCIA
O Livro da Lei Comum de São Luís, na França, século XIII, substitui os duelos judiciais e as provas
de resistência (ordálios) pela palavra dos médicos.
Até então, o vencedor do duelo judicial sempre tinha razão, e os indivíduos que conseguissem
resistir as torturas eram considerados inocentes.
Em 1234, o Papa Gregório IX substitui o juramento da acusada pelo exame médico de virgindade
nos casos de anulação do casamento (embrião da sexologia forense).
1.8 HSI YUAN LU (1248) – 1ª OBRA ESCRITA DE MEDICINA LEGAL
A doutrina aponta que a primeira obra escrita de medicina legal no mundo é o Hsi Yuan Lu, oriundo
da china, publicado em 1248. A referida obra consistia em um manual de aplicação dos conhecimentos
médicos à solução de casos criminais e ao trabalho dos tribunais.
Até o ano de 1374 as necropsias eram feitas clandestinamente pelos anatomistas. Contudo, no ano
de 1374 o Papa Gregório XI concedeu à Faculdade de Medicina de Montpellier a primeira autorização para
realização de necropsia para estudos anatômicos e clínicos.
Obs.: A autorização não era para a realização de necropsias forenses, mas apenas para necropsias
destinadas ao estudo anatômico e clínico.
Não obstante, tais perícias consistiam em inspeções externas, sendo vedada a evisceração
(exposição dos órgãos internos) dos cadáveres.
A doutrina afirma que este documento é o marco da Medicina Legal enquanto disciplina distinta
e individualizada.
2.2.1 França
a) Tratado de Ambroise Paré (1575) – 1ª OBRA DE MEDICINA LEGAL NO MUNDO OCIDENTAL (**PAI
DA MEDICINA LEGAL**)
Aproveitando-se do farto material disponível, dentre outros assuntos, o referido autor abordava
em seu tratado questões referentes a feridas produzidas por projéteis de arma de fogo.
Em razão da influência cultural da época, Ambroise Paré agregou crenças sobrenaturais ao seu
tratado. O referido doutrinador acreditava na atuação de feiticeiros que tinham pactos com o demônio,
capazes de tornar um casal estéril.
2.2.2 Itália
Em 1598, na Itália, o doutrinador Fortunato Fidelis publica o primeiro grande tratado geral de
medicina legal, sob o título De Relationibus Medicorum, que era dividido em 4 livros.
b) Tratado de Paulus Zacchias (1621 e 1658) – MAIOR TRATADO DE MEDICINA LEGAL (10 LIVROS)
(*PARA ALGUNS ESTE SERIA O PAI DA MEDICINA*)
Entre 1621 e 1658, na Itália, o doutrinador Paulus Zacchias publicou a maior obra de medicina legal
da época, sob o título Questiones Medico-Legales, que era formada por um conjunto de 10 livros.
O tratado de Paulus Zacchias foi utilizado como fonte de referência até o início do século XIX.
b) 1º Curso Prático de Medicina Legal (1º Curso Prático de Medicina Legal na França): Em 1834
Devergie iniciou o 1º curso prático de Medicina Legal na França, que durou apenas 2 anos. No entanto,
posteriormente, Brouardel, assistente de Ambroise Tardieu (catedrático de Medicina Legal de Paris),
aproveitando-se da situação de ser o inspetor do necrotério, decidiu dar continuidade ao referido curso
prático.
Segundo Oscar Freire, a evolução da Medicina Legal no Brasil pode ser dividida em três fases: a)
fase estrangeira; b) fase de transição; c) fase de nacionalização
a) Duração: Esta fase durou desde o período colonial até o ano de 1877.
c) Obrigatoriedade de oitiva dos peritos - Código Criminal do Império (1830): Até o advento do Código
Criminal do Império de 1830, os juízes não eram obrigados a ouvir os peritos antes de proferirem a
sentença. Esta obrigatoriedade surge com a promulgação do referido códex.
d) Regulamentação do Código de Processo Penal (1832): No ano de 1832 o Código de Processo Penal
foi regulamento estabelecendo regras para os exames de corpo de delito, bem como a necessidade da
presença dos peritos nas infrações penais não transeuntes.
e) Surgimento das Faculdades Oficiais de Medicina (1832): Ainda em 1832, as antigas escolas médico-
cirúrgicas criadas por decreto de D. João VI em 1808, na Bahia e no Rio de Janeiro, são transformadas em
faculdade oficiais de medicina, sendo criada em ambas uma cadeira da Medicina Legal. O Conselheiro
Jobim foi nomeado o primeiro catedrático de medicina legal na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,
e encarregado de uniformizar a prática dos exames médico-legais.
f) Primeira Necropsia médico-legal no Brasil (1835): Em 1835, Hércules Muzzi, cirurgião da família
imperial brasileira, publicou a primeira necropsia médico-legal do Brasil.
g) Criação da Seção Médica da Secretaria da Polícia da Corte - SMSPC (1856): No ano de 1856 é criada
a Assessoria Médica Junto à Secretaria de Polícia da Corte, composta por quatro médicos, sendo 2 membros
efetivos encarregados da realização dos exames de corpo de delito; e outros 2 membros professores de
medicinal legal da faculdade, denominados consultantes, encarregados principalmente da realização dos
exames toxicológicos.
h) Criação do 1º Necrotério do Rio de Janeiro (1856) - Gamboa: Em 1856 criou-se o primeiro necrotério
do Rio de Janeiro situado no bairro denominado Gamboa.
b) Posse de Agostinho José de Souza Lima - Catedrático de Medicina Legal no RJ (1877): No ano de
1877 Agostinho José de Souza Lima assume a cátedra de medicina legal da Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro.
c) Curso Prático de Tanatologia no Necrotério Oficial (1879): No ano de 1879 o então catedrático Souza
Lima foi autorizado a dar um curso prático de tanatologia no necrotério oficial, assim como Brouardel havia
feito na França.
d) criação de um novo necrotério no Rio de Janeiro (1879) – Santa Casa do RJ: Em 1879 criou-se um
necrotério para a polícia no prédio da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
e) Medicina Legal Obrigatória nos Cursos de Direito (1891): Em 1891, já na vigência do primeiro
governo Republicano, as faculdades de direito passaram a ter a medicina legal como disciplina obrigatória.
Já a faculdade de medicina, perde a toxicologia para a faculdade de química analítica.
c) Discípulos de Nina Rodrigues – Afrânio Peixoto (RJ) e Oscar Freire (BA-SP): Nina Rodrigues teve
como discípulos Afrânio Peixoto, que posteriormente foi para o Rio de Janeiro, e Oscar Freire, que após a
morte de Nina Rodrigues foi para São Paulo.
g) Inauguração da Nova Sede do IMLAP na Rua Francisco Bicalho – SEDE ATUAL (2009)