Anais Verso Completa

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 194

ANAIS

do
1º FÓRUM DE PESQUISA EM BIBLIOTECA ESCOLAR
24 a 25 de maio de 2012

Comissão Editorial

Paulo da Terra Caldeira


Júlia Gonçalves da Silveira
Janaina Ferreira Fialho
Bernadete Campello

Belo Horizonte
2012

1
1º FÓRUM DE PESQUISA EM BIBLIOTECA ESCOLAR

Universidade Federal de Minas Gerais


Escola de Ciência da Informação
24 e 25 de maio de 2012
Local: Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa
Anexo Professor Francisco Iglésias
Rua da Bahia, 1889 - 2º piso Bairro Funcionários
Belo Horizonte

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


Reitor: Clélio Campolina Diniz
Vice-Reitora: Rocksane de Carvalho Norton

ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DA UFMG


Diretor: Ricardo Rodrigues Barbosa
Vice-Diretora: Bernadete Santos Campello

GRUPO DE ESTUDOS EM BIBLIOTECA ESCOLAR


Bernadete Santos Campello
Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu
Paulo da Terra Caldeira
Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
Carlos Alberto Ávila Araújo
Júlia Gonçalves da Silveira
Márcia Milton Viana
Maria da Conceição Carvalho

Apoio:
CAPES (PAEP)
FAPEMIG
Universidade Federal de Minas Gerais – Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PAIE)
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de Ciência da
Informação da UFMG

Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar, 1., Belo Horizonte,


2012.
Anais do 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar. – Belo
Horizonte: Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar, 2012.

ISBN: 978-8565609-01-2

1. Biblioteca Escolar – Congressos. 2. Biblioteca Escolar –


Pesquisas. I. Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar. II. Título.

CDD: 027.80981
CDU: 027.8 (81)(063)

2
1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar

SUMÁRIO

Apresentação

Programação

Biblioteca escolar: da superação do empirismo à infoeducação


Ivete Pieruccini; Edmir Perrotti

Buscando o espaço da biblioteca na escola: ações do Grupo de


Estudos em Biblioteca Escolar
Bernadete Campello, Paulo da Terra Caldeira, Vera Lúcia Furst
Gonçalves Abreu, Maria da Conceição Carvalho, Adriana Bogliolo Sirihal
Duarte, Carlos Alberto Ávila Araújo, Júlia Gonçalves da Silveira, Márcia
Milton Vianna

Sugestões de ações para publicações sobre biblioteca escolar


Cláudio Marcondes de Castro Filho

O Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação


da Universidade Federal do Rio de Janeiro e sua experiência com
a gestão de bibliotecas escolares
Mariza Russo

Experiências em bibliotecas escolares de Londrina – Paraná


Ivone Guerreiro Di Chiara; Sueli Bortolin

Especialização em bibliotecas escolares e acessibilidade: curso


de especialização lato sensu em EAD
Eliane L. da Silva Moro; Lizandra Brasil Estabel

Curso de gestão de bibliotecas escolares - modalidade a


distância, desenvolvido no Departamento de Ciência da
Informação da UFSC
Magda Teixeira Chagas

Educação continuada do bibliotecário escolar: a experiência da


Faculdade de Biblioteconomia da UFPA
Hamilton Vieira de Oliveira; Telma Socorro Silva Sobrinho

Panorama das políticas públicas para bibliotecas escolares no


estado de Goiás
Andréa Pereira dos Santos; Janaina Ferreira Fialho

Relato de experiência da implantação de bibliotecas escolares do


município de Vitória-ES
Eduardo Valadares da Silva

3
A trajetória de um grupo especializado de profissionais
bibliotecários na área escolar em Santa Catarina
Eliane Fioravante Garcez

Documento Final

Anexo 1 - Participantes do 1º Seminário Nacional sobre


Bibliotecas Escolares

Anexo 2 - Recomendações apresentadas ao final do 1º


Seminário Nacional sobre Bibliotecas Escolares

Anexo 3 - Programação do 1º Fórum de Pesquisa em


Biblioteca Escolar

4
APRESENTAÇÃO

Há trinta anos, em outubro de 1982, foi realizado em Brasília, o 1º


Seminário Nacional sobre Bibliotecas Escolares. Promovido pelo Instituto
Nacional do Livro, com a colaboração do Departamento de Biblioteconomia
da Universidade de Brasília (UnB) e apoio do Centro Regional para el
Fomento del Libro em America Latina y el Caribe (CERLALC), o Seminário
teve como coordenadores Murilo Bastos Cunha, da UnB e Walda de
Andrade Antunes, do INL.
A conferência de abertura foi proferida por Edson Nery da Fonseca e
teve como título Alternativas bibliotecárias para a crise na escola. O
Seminário foi organizado em torno de quatro temas:
Tema 1: A biblioteca escolar no contexto educacional brasileiro
Tema 2: Institucionalização da biblioteca escolar
Tema 3: Recursos humanos para a biblioteca escolar
Tema 4: Recursos materiais para a biblioteca escolar
Lauro de Oliveira Lima proferiu a conferência base sobre o Tema 1,
A biblioteca escolar no contexto educacional brasileiro, teve como
debatedores Francisco Oscar Rodrigues, Yeda Virgínia Castro, Mitsi
Westphal Taylor, Kira Taparanoff e Maria Alice Guimarães Borges. O Tema
2, Institucionalização da biblioteca escolar, foi apresentado por Maria
Lúcia Moriconi e os debatedores foram Myriam Gusmão de Martins, Yeda
Regina Chitto Stumpf e Maria das Mercês Alves de Rezende. Elvira
Barcelos Sobral proferiu a Conferência base sobre o Tema 3, Recursos
humanos para a biblioteca escolar, e os debatedores foram Cléa Dubeaux
Pimentel, May Brooking Negrão e Maria Lúcia Pacheco de Almeida. O
Tema 4, Recursos materiais para a biblioteca escolar, teve como
apresentadora Marlene Souza Santos e como debatedores Emir José
Suaiden, Rizza de Araújo Porto e Jaime Robredo (Ver a filiação
institucional dos participantes do 1º Seminário Nacional sobre Bibliotecas
Escolares no Anexo 1).

5
Durante quatro dias esses temas foram debatidos e as discussões
foram registradas em anais1, revelando as preocupações dos
participantes, que vão de questões políticas a aspectos técnicos da
biblioteca escolar. Os anais espelham o perfil do conjunto de
conferencistas e debatedores, composto de bibliotecários, professores de
biblioteconomia e educadores em geral, que conseguiram mostrar o
panorama ideal das bibliotecas escolares no contexto da educação. As
Recomendações apresentadas ao final do 1º Seminário Nacional sobre
Bibliotecas Escolares (Anexo 2) refletem o desejo dos participantes de que
o Brasil conte com bibliotecas escolares de qualidade e reconhecidas pelos
professores como elementos fundamentais de sua prática pedagógica. No
que diz respeito ao bibliotecário, há uma tímida sugestão aos governos
estaduais, para a criação do cargo e às escolas de biblioteconomia para
criação de cursos, além do bacharelado.
Trinta anos após a realização do 1º Seminário Nacional sobre
Bibliotecas Escolares, acontece em Belo Horizonte, o 1º Fórum de
Pesquisa em Biblioteca Escolar, organizado pelo grupo de Estudos em
Biblioteca Escolar da Escola de Ciência da Informação da UFMG (Ver a
programação 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar no Anexo 3 e o
Documento Final na página 178), reunindo 72 pessoas interessadas no
tema (ver p.181). Nesse momento, uma pergunta se impõe: o que mudou
nesses 30 anos?
De início, merece destaque no conjunto das realizações recentes, a
promulgação da Lei nº 12.244 de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre a
universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País e a
elaboração de parâmetros para bibliotecas escolares2.

1
SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE BIBLIOTECAS ESCOLARES, 1., 1982, Brasília. Anais.
Brasília: INL/CERLALC, 1982.
2
GRUPO DE ESTUDOS EM BIBLIOTECA ESCOLAR/CONSELHO FEDERAL DE
BIBLIOTECONOMIA. Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento:
parâmetros para bibliotecas escolares brasileiras. Belo Horizonte, 2010. Disponível em:
<http://www.cfb.org.br/MIOLO.pdf>. Acesso em: 06 set. 2012.

6
Entretanto, pode-se dizer que a situação da biblioteca escolar no
país ainda não foi equacionada. A pesquisa do MEC, Avaliação das
Bibliotecas Escolares no Brasil, feita em 2011, com a participação da
Organização dos Estados Ibero-Americanos e divulgada poucos dias antes
da realização do 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar, mostra que
as políticas públicas de distribuição de livros, que constituíram os
principais instrumentos para a melhoria dos níveis de leitura de alunos do
ensino básico no Brasil, pouca influência tiveram ou mudaram a situação
das bibliotecas escolares. O relato da pesquisa3, coordenada pela profa.
Jane Paiva, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, uma das poucas
universidades públicas que não possuem curso de formação de
bibliotecários, e que não contou com participação de bibliotecários ou
pesquisadores da área de biblioteca escolar, apresenta uma visão de
biblioteca escolar limitada à questão da leitura, viés que é confirmado pela
bibliografia citada que não contempla autores da área de biblioteca
escolar.
Por outro lado, os artigos aqui apresentados, que embasaram as
discussões do 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar, mostram uma
situação bastante diferente de trinta anos atrás. Ao contrário das
apresentações do 1º Seminário Nacional sobre Bibliotecas Escolares, de
1982, que focalizaram basicamente questões conceituais sobre a
biblioteca escolar, os trabalhos apresentados no 1º Fórum focalizaram
ações efetivamente realizadas em torno da biblioteca escolar. Os
participantes descreveram atividades que desenvolvem em instituições
acadêmicas, em órgãos públicos, em associações profissionais que, no seu
conjunto, formam um rico painel de realizações. Constituem narrações de
pesquisas e estudos acadêmicos, de programas de formação de
bibliotecários, de produção de publicações, de bibliografia, de implantação
e desenvolvimento de redes de bibliotecas escolares, de movimento

3
MEC/ Organização dos Estados Ibero-Americanos. Avaliação das Bibliotecas Escolares
no Brasil. Brasília: Fundação SM Brasil, 2011. Disponível em:
<http://www.oei.es/bibliobrasil.pdf >. Acesso em: 04 set. 2012.

7
associativo, de ações de extensão que beneficiam professores e
profissionais que atuam em bibliotecas de escolas em diversas regiões do
país.
Constata-se, portanto, avanço significativo na área nestas duas
décadas, mas ainda há muito que construir. Esperamos que a divulgação
deste documento possibilite o conhecimento abrangente das realizações e
contribua para maior interação de grupos e pessoas interessados na
melhoria das bibliotecas escolares.

Paulo da Terra Caldeira


Júlia Gonçalves da Silveira
Janaina Ferreira Fialho
Bernadete Campello

Belo Horizonte
Setembro de 2012

8
BIBLIOTECA ESCOLAR: DA SUPERAÇÃO DO
EMPIRISMO À INFOEDUCAÇÃO

SCHOOL LIBRARY: FROM THE OVERCOMING OF


THE EMPIRICISM TO INFOEDUCATION

Ivete Pieruccini4

Edmir Perrotti5

Relata resultados de pesquisas realizadas por pesquisadores do


Colaboratório de Infoeducação - ColaborI, do Departamento de
Biblioteconomia e Documentação, da Escola de Comunicação e Artes da
Universidade de São Paulo tendo como foco as relações entre Biblioteca
escolar e Educação, a geração e redefinição de conceitos, metodologias e
práticas ligadas às noções de Biblioteca escolar como dispositivo
educacional, informacional e cultural. Destaca os projetos: “Oficina de
Informação”, “Biblioteca Interativa”, “Rede de Bibliotecas Escolares
Interativas” e “Rede de Bibliotecas Escolares”, nos quais a Biblioteca
escolar é o objeto de estudo e buscam fornecer contribuições
epistemológicas visando à compreensão e superação de desafios que a
informação coloca aos processos educativos contemporâneos. Apresenta
relação de pesquisas desenvolvidas por pesquisadores seniores,
doutorandos, e mestrandos, ligados ao e por alunos de graduação do
Colaboratório de Infoeducação.

Palavras-chave:
Bibliotecas escolares e Educação; Bibliotecas escolares e Infoeducação;
Bibliotecas escolares e Apropriação da informação; Bibliotecas Escolares –
Brasil; Informação e educação; Colaboratório de infoeducação;

4
Docente e pesquisadora da ECA/USP
5
Docente e pesquisador da ECA/USP

9
Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo; ColaborI.

This article reports findings of research conducted by researchers from the


Collaboratory Infoeducation - Colabori, Department of Library Science and
Documentation, School of Communication and Arts, University of Sao
Paulo - ECA / USP focusing on the relationship between school library and
education, as well as on the generation and redefinition of concepts,
methodologies and practices related to the notions of school library as an
educational, informational and cultural device. It highlights the research
projects "Information Workshop", "Interactive Library", "Interactive
School Library Network" and "School Library Network", which take the
school library as object of study, seeking to provide epistemological
contributions in order to understand and overcome challenges that
information poses to contemporary educational processes. The Appendix
lists individual and collective research conducted by senior researchers,
doctoral and masters’ students as well as by undergraduate students of
this Collaboratory for Infoeducation.

Keywords:
Education and School Libraries; School Libraries and Infoeducation;
School Libraries and Appropriation of Information; School Libraries -
Brazil, Information and education; Collaboratory for Infoeducation; Library
and Documentation Department of the School of Communication and Arts,
University of Sao Paulo; Colabori.

INTRODUÇÃO

O presente relato6 busca apresentar um quadro geral de resultados


de trabalhos levados a efeito por pesquisadores do Colaboratório de
6
Trabalho elaborado em colaboração pelos autores, para apresentação no 1º Fórum de
Pesquisa em Biblioteca Escolar, UFMG/ECI/GEBE, 24 e 25 de maio de 2012, pela Profa.
Dra. Ivete Pieruccini, na mesa-redonda Pesquisa: tendências e perspectivas.

10
Infoeducação7 – ColaborI -, instância do Departamento de Biblioteconomia
e Documentação, da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da
Universidade de São Paulo (USP), envolvendo as relações entre Biblioteca
escolar e Educação no país, tendo em vista a problemática sociocultural
dos processos de produção, distribuição e apropriação da Informação nos
quadros da contemporaneidade.

Tais projetos de pesquisa, desenvolvidos na ECA/USP, desde o início


dos anos de 1990, sob a direção científica do Prof. Edmir Perrotti, partiam
do reconhecimento da existência de um hiato – cisão histórica - entre
Biblioteca e Sociedade no país, que levou à precariedade da situação de
nossas bibliotecas, sejam as escolares ou não. Em consequência, os
estudos propostos visavam atuar nesse fosso, uma vez que a chamada
Era do Conhecimento já não permitia que condições passadas
continuassem prevalecendo, sem sérios riscos sociais, culturais e
pessoais, num mundo em que a Informação deixa de ser exclusivamente
insumo residual a serviço de práticas sociais diversas. Em decorrência, as
pesquisas objetivavam oferecer referências conceituais e metodológicas
que atuassem na superação do empirismo que pauta historicamente as
dinâmicas da biblioteca escolar no quadro educacional brasileiro,
recusando-se, todavia, ao cientificismo clássico, e afirmando, por outro
lado, o rigor científico exigido no tratamento da questão.

A realização de tal objetivo levou, em 1993, à formação de um


Grupo de Pesquisadores, reunidos em torno de um Núcleo de Pesquisa, o
PROESI - Programa Serviços de Informação em Educação, e que mais

7
O Colaboratório de Infoeducação está sob a coordenação acadêmica da Profa. Dra.
Ivete Pieruccini e direção científica do Prof. Dr. Edmir Perrotti. O termo Infoeducação foi
cunhado pelo Prof. Edmir Perrotti para nomear o I Colóquio Brasil-França de
Infoeducação, em encontro que reuniu pesquisadores e professores franceses da
Académie de Créteil, da Universidade de Metz, do Institut de Formation de Maitres de
Versailles, e pesquisadores, professores e profissionais da cidade de São Paulo e do país,
para avaliar avanços teóricos e metodológicos na abordagem das relações cada vez mais
complexas entre Informação e Educação, após anos de pesquisas nessa direção.

11
tarde, pela própria evolução científica propiciada pelos trabalhos, passaria
a constituir o atual ColaborI (2007).

Desde a sua criação, na década de 1990, o grupo elegeu a


Biblioteca Escolar como objeto privilegiado de estudo, dada sua
importância fundamental nos processos educativos em geral. Era preciso,
portanto, refletir sobre suas concepções, suas configurações concretas,
suas representações sociais, seus atores, seus processos e dinâmicas em
geral. Da mesma forma, era preciso construir novos referenciais que
atuassem na superação da ideia restrita de biblioteca como organismo de
apoio, de instância complementar e dependente da sala de aula, sem
objeto específico, nem autonomia nos contextos escolares, quase sempre
entendida como mero recurso para oferta de conteúdos disciplinares e
materiais de leitura aos alunos. Dada a complexidade inerente à nossa
época, com suas transformações aceleradas, de dimensões globais, novas
marcas discursivas se impunham. Estas significam não apenas ir além do
referido empirismo, como também do cientificismo cego, incapaz de
dialogar com outras formas de saber. O projeto implicava, portanto, um
conteúdo específico (as relações entre Biblioteca e Educação), bem como
um método de construção científica capaz de responder às inquietações
que estavam na base das iniciativas.
Estava lançado, assim, o embrião da Infoeducação, conceito adiante
definido, e o paradigma epistemológico que lhe serviria de base: a
transdisciplinaridade8.
Considerada a natureza do objeto da Infoeducação, que transita
entre campos, práticas sociais e discursos específicos, ou seja, - os da
Informação e da Educação -, a opção pela metodologia colaborativa,
reunindo teoria e prática, saberes científicos e saberes da ação, impôs-se,
de modo que a pesquisa colaborativa é também um conceito orientador

8
Cf. FREITAS, L., MORIN, E; NICOLESCU, B. Carta da transdisciplinaridade.
Disponível em: <http://caosmose.net/candido/unisinos/textos/textos/carta.pdf>.
Acesso em: 20 ago. 2011.

12
dos trabalhos do ColaborI, conforme será observado nos relatos. Da
mesma forma, esse referido diálogo está na própria definição do conceito
de Infoeducação, definida, assim, como “abordagem transdisciplinar das
relações entre Informação e Educação, tanto do ponto de vista teórico
quanto prático, tendo em vista processos de aprendizagem de saberes
informacionais, na contemporaneidade” (PERROTTI; PIERUCCINI, 2010)

AÇÕES

1. Biblioteca escolar: projetos de pesquisa e a construção da


trama conceitual

A redefinição do conceito de biblioteca escolar, aqui discutido, apoia-


se em resultados de diferentes trabalhos de pesquisa que se articulam ao
longo de décadas. Tais pesquisas propiciaram o avanço de noções,
processos e metodologias que envolvem de modo direto a biblioteca
escolar na sociedade brasileira, conforme segue.

• Protagonismo cultural
O projeto de pesquisa Oficina de Informação (1993), ambiente de
informação e cultura em contexto de educação infantil, desenvolvido na
Creche Oeste, situada no campus da USP, para atender crianças de 0 a 6
anos, filhos de funcionários administrativos, docentes e alunos da
Universidade, permitiu evidenciar a importância da participação das
crianças e da comunidade escolar nos processos de produção e
desenvolvimento deste dispositivo informacional.
Um dos resultados mais relevantes do trabalho foi a constatação da
insuficiência da noção de usuário da informação, corrente na área, para
expressar e definir os processos educativos implicados no contexto da
Oficina. Da mesma forma, evidenciou-se igualmente a limitação do
conceito de serviço de informação, aplicado aos dispositivos e processos
de aprendizagem, como postulam perspectivas genéticas piagetianas, que

13
concebem o conhecimento como construção de sujeitos em ação e
relação. Em decorrência, emerge o conceito de protagonista cultural,
como categoria inerente e necessária à configuração de dispositivos
informacionais, em contextos de aprendizagem, perpassando aspectos
relativos tanto à ordem ambiental e documentária, como a constituição de
repertórios, escolha de recursos técnicos, práticas, modos de gestão e
funcionamento, mediadores e mediações.
No âmbito da Infoeducação, o conceito de protagonismo cultural é,
portanto, basilar, tratando-se de ação afirmativa nos processos
simbólicos, exercida por sujeitos de diferentes meios e condições,
consideradas as dimensões plurais e conflitantes da vida social e pública,
no mundo contemporâneo. Desse modo, apropriar-se de informação e
cultura é ato próprio de protagonistas, categoria que no âmbito da
educação e da cultura distingue-se das de usuários e de consumidores
culturais.

• Dialogismo

O projeto de pesquisa Biblioteca Interativa, voltado à criação de


dispositivo informacional em contexto de Ensino Fundamental, realizado
sob apoio da FAPESP e em cooperação com a Secretaria Municipal de
Educação de São Paulo, já incorporou a dimensão protagônica e afirmativa
dos estudantes na constituição, funcionamento e desenvolvimento da
biblioteca escolar proposta.
Este trabalho permitiu avanços extraordinários dos parâmetros para
definição de elementos das configurações gerais do ambiente
informacional, considerado agora o público específico do ensino
fundamental. Da mesma forma, a importância do método cooperativo de
pesquisa, reunindo Universidade e Escola, evidenciou o papel do diálogo
inter-saberes, não apenas um elemento metodológico circunstancial, mas
categoria definidora de processos que podem possibilitar avanços seja ao

14
terreno científico, seja ao escolar, ao por em xeque não só a
fragmentação dos campos sociais, como os discursos que a alimentam.
A sistematização dos resultados da pesquisa evidenciaram que a
Dialogia (BAKHTIN, 1995) permite “desconfinar” as instituições científicas
e educativas, colocá-las em sinergia, mobilizar saberes de diferentes
ordens e naturezas, sem perda de seus respectivos objetivos e
singularidades, mostrando-se princípio relevante ao enfrentamento da
cisão Biblioteca e Educação.

• Reticularidade

O projeto de pesquisa Rede de Bibliotecas Escolares Interativas


(REBI), da Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo/SP,
voltado, inicialmente, à criação e implantação de seis bibliotecas escolares
(interativas) conectadas entre si, em unidades escolares do município,
permitiu avanços significativos na abordagem da questão das bibliotecas
escolares. A partir daí, passava-se do estudo de unidades ao de redes de
bibliotecas escolares, categoria que implicava não apenas a articulação
precedentemente relatada entre Universidade e Escola, mas também a
articulação entre as unidades que compunham a rede em construção em
São Bernardo do Campo/SP.
Os resultados, em diferentes instâncias foram surpreendentes,
identificando-se o papel da rede como fator de desenvolvimento das
bibliotecas: um primeiro resultado mostrou que o número inicial de
bibliotecas escolares previstas, imediatamente começou a crescer e, em
2012, já atinge 91 unidades e mais 40 espaços adequados, de acordo com
as mesmas referências desenvolvidas pelo projeto original. Além de seu
potencial de expansão quantitativa, evidenciou-se o de natureza
qualitativa, sobretudo na formação dos quadros funcionais da biblioteca
escolar, favorecido por processos de trocas de experiências e
conhecimentos entre os profissionais por ela alcançados.

15
Do ponto de vista das cooperações, do diálogo inter-institucional, o
princípio da reticularidade mostrou, ainda, a importância fundamental do
estabelecimento de protocolos, ações e mediações especiais, no sentido
de efetivar trocas de saberes e fazeres, de otimizar recursos, em caráter
permanente e contínuo. Assim, além de instância metodológica, a rede
mostrou-se categoria constitutiva do conceito de biblioteca escolar,
permitindo o rompimento do isolamento do dispositivo e de seus atores. A
adoção do modelo reticular não é simples gesto técnico ou administrativo,
mas opção inscrita em ordem política e cultural ampla, sem o que
dificilmente consegue objetivar-se. Mais do que relação funcional com a
informação, o projeto permitiu identificar que as redes, ao se constituírem
e permitirem diálogos e conexões diversas apontam para a inserção dos
sujeitos na cultura da informação, condição de participação afirmativa na
cultura em geral, nas chamadas sociedades da informação/conhecimento.

• Transdisciplinaridade

A perspectiva transdisciplinar emerge em consequência da


sistematização de resultados das pesquisas até então em
desenvolvimento, como categoria fundamental à superação das cisões
históricas que pautaram a biblioteca escolar no país, impondo-se como
condição ao avanço das bibliotecas escolares, uma vez que os processos
de aprendizagem a elas vinculados – ou seja, à sua apropriação- não
obedecem à lógica da fragmentação implícita à ordem epistemológica
disciplinar, nem tampouco à segmentação da ordem sociocultural.
A colaboração, metodologia adotada nos projetos até então, aparece
como modo de trabalho a ser privilegiado na biblioteca escolar; a
ultrapassagem, em todos os níveis, das rupturas entre os campos da
informação e da educação, mostra-se condição obrigatória ao seu
desenvolvimento, implicando seus mais diferentes aspectos, tanto
abstratos e concretos, como materiais e imateriais, além e especialmente
a redefinição de posições ocupadas pelos atores dos diferentes campos

16
profissionais em suas dinâmicas, dentre os quais equipes empenhadas
em projetos comuns, com metas, objetivos, princípios e políticas
educacionais claramente delineados e compartilhados.

• Ordem informacional dialógica9

O projeto de pesquisa Rede de Bibliotecas Escolares, do Centro


Educacional Fundação Salvador Arena, em São Bernardo do Campo/SP,
instituição que atende gratuitamente da Educação Infantil à Educação
Superior, possibilitou a definição do conceito de ordem informacional,
associado à adoção do conceito de dispositivo, como categoria conceitual
e metodológica da pesquisa. A partir disso, evidenciou-se o caráter
complexo dos meios organizados e intencionais, nos quais se inscreve de
modo privilegiado a biblioteca escolar, ultrapassando concepções que a
compreendem, de modo reduzido, como mero suporte de oferta de
informação.
Tomada como dispositivo, a biblioteca escolar é signo, “mecanismo
de intervenção sobre o real, que atua por meio de formas de organização
estruturada, utilizando-se de recursos materiais, tecnológicos, simbólicos
e relacionais, que atingem os comportamentos e condutas afetivas,
cognitivas e comunicativas dos indivíduos” (PIERUCCINI, 2004, p. 56).
Assim, essa pesquisa permitiu objetivamente observar que a
articulação entre a configuração física, seus recursos, formas e práticas -o
discurso da biblioteca- constitui uma ordem, evidenciando-se que os
dispositivos informacionais, no caso as bibliotecas escolares, não apenas
expressam, como também definem, por meio dos discursos implícitos em
sua configuração, modos de relação entre os sujeitos e o universo
simbólico (documentos, registros, informações, conhecimento) que
guardam.

9
O conceito foi definido por PIERUCCINI, na tese de doutorado A ordem
informacional dialógica: estudo sobre a busca de informação em educação
(2004).

17
Tal perspectiva explicitava a contraposição da visão idealista e
tradicional, segundo a qual o conhecimento depende exclusivamente do
domínio de conteúdos, indicando de modo evidente o papel dos
dispositivos na significação do conhecimento. Em outros termos,
apropriar-se do conhecimento é apropriar-se também dos dispositivos,
com seus saberes e lógicas próprias, questão que se situa muito além do
mero processo de assimilação de informações.
A incorporação do conceito de dispositivo tecno-semio-pragmático,
associado à noção de ordem informacional, ofereceu, assim, referenciais
importantes para fazer avançar concepções que estão na base, em
especial das bibliotecas em contextos educativos. No processo, a
pesquisa buscou descrever e sistematizar elementos constitutivos do
dispositivo informacional Biblioteca Escolar, no contexto do Ensino
Fundamental I. O espaço informacional, repertório informacional,
linguagem informacional, práticas informacionais (pedagógicas e de
gestão), formação e características de mediadores foram analisados na
perspectiva da apropriação cultural, por meio do acompanhamento e
sistematização de resultados junto à comunidade escolar. Os resultados
permitiram evidenciar que a ordem informacional, assentada sobre
princípios dialógicos atuava sobre processos de apropriação do universo
sígnico pelos sujeitos, confirmando hipóteses anteriores acerca das
relações entre a ordem informacional e a apropriação simbólica.

• Saberes informacionais

As pesquisas visando ao desenvolvimento do conceito de saberes


informacionais (PERROTTI; PIERUCCINI, 2010) tomaram por base a crítica
a programas de promoção cultural no país, historicamente marcados por
modelos teóricos que privilegiam a assimilação em detrimento da
apropriação de informação, conhecimento e cultura.
Do ponto de vista teórico, segundo autores como Chartier, Certeau,
Serfaty-Garzon, há, entre tais termos, distinções de diferentes naturezas

18
que remetem a quadros históricos e culturais precisos. Desse modo, se
infoeducar (PERROTTI), se educar para a informação (BENHARDT) são
condição essencial à formação das novas gerações nas ditas Sociedades
do Conhecimento, é necessário, também, que tal processo considere
aspectos compatíveis com a contemporaneidade e suas exigências, tendo
em vista a participação cultural ampla. Por esta razão, a inscrição nas
premissas da apropriação e do protagonismo cultural como objetivo
histórico, conforme referido, implica necessariamente interações
educativas que demandam a construção de novos objetos científicos; no
caso, o conceito de saberes informacionais.
O conceito de saberes informacionais, definido por Perrotti como
conjunto complexo de habilidades, competências e atitudes face à
informação e indispensáveis à sobrevivência individual e coletiva nas
sociedades da informação, são, ao mesmo tempo, instrumentais e
essenciais, transversais e específicos, procedimentais e conceituais,
servindo como instrumento para atuação nos mais diferentes campos do
conhecimento e da ação. Na perspectiva da apropriação cultural, esses
saberes são fundamentais porque permitem ao sujeito refletir sobre a
natureza e os processos de tais conhecimentos e ações.
A construção do conceito de saberes informacionais, tomado como
categoria conceitual e metodológica, está articulada ao desenvolvimento
de Programas de Infoeducação, razão pela qual a descrição e
desenvolvimento do conceito passou a ter um foco privilegiado nas ações
de pesquisa do ColaborI, face às preocupações diante da problemática
implícita nos processos ao ato buscar, processar e de gerir informações,
ou seja, de pesquisar e, sobretudo, de dar significado às informações.
Desse modo, para além das competências, a questão crucial estava
(como ainda está) nos processos de construção de atitudes que levem o
sujeito a se interessar e saber como apropriar-se das informações
disponíveis nos diferentes dispositivos de informação e cultura, e, nesse
sentido, modo privilegiado de fornecer aos alunos bússolas cognitivas que

19
os orientam nos complexos processos implicados nos atos de significação
(BRUNER, 2003) e indispensáveis ao protagonismo cultural.
A complexidade de sua natureza, a multiplicidade de seus
elementos, os contextos de seu desenvolvimento, as metodologias e
recursos para seu ensino-aprendizagem, são questões implicadas na
problemática dos saberes informacionais, os quais demandam dispositivos
informacionais igualmente complexos implicando projetos específicos e
especiais passíveis de serem concretizados a médio e longo prazos.

• Estação do Conhecimento: por uma redefinição da biblioteca


escolar

O desenvolvimento do conceito de Estação do Conhecimento parte


da premissa de que a apropriação cultural, o aprender a informação, o
aprender a informar-se, ou seja, os saberes informacionais implicam
novas perspectivas conceituais e metodológicas envolvendo os
dispositivos informacionais, seus conceitos, configurações e modos de
atuar.
Tal razão levou a acordo de cooperação entre o ColaborI e a
Sociedade Beneficente Israelita Hospital Albert Einstein/SP, tendo em
vista a criação de uma Estação do Conhecimento10, com recursos
previamente existentes no espaço mantido pela instituição na Comunidade
Paraisópolis, na cidade de São Paulo.
Inaugurada no ano de 2009, é, desde então, espaço laboratorial do
ColaborI para o desenvolvimento de pesquisas voltadas ao
aprofundamento do quadro conceitual e metodológico ligado às relações
entre apropriação cultural/significação e dispositivos informacionais, nos
quais se inclui, de modo privilegiado, a biblioteca escolar.

10
A concepção geral da Estação do Conhecimento, que inclui espaço, linguagens
e práticas, foi do Prof. Edmir Perrotti, com a participação da Profa. Ivete
Pieruccini, responsável pelo projeto documentário; e da Profa. Cibele H. Taralli,
responsável pelo projeto arquitetônico. Para mais informações, consultar
(http://estacaodoconhecimentoeinstein.blogspot.com.br/)

20
A Estação do Conhecimento é um “conceito norteador à formulação
de novas configurações concretas, palpáveis, objetivas reunindo diferentes
mídias e processos educacionais e culturais, tendo em vista aprendizagens
de saberes informacionais, (... como também) instância planejadora,
articuladora e implementadora de recursos e processos culturais
previamente existentes, mas que se acham dispersos e não desenvolvem
de forma sistemática e orgânica programas e projetos visando às
aprendizagens de saberes informacionais” (PERROTTI; VERDINI, 2008).
Nesse sentido, quando nos referimos à Biblioteca escolar como
Estação do Conhecimento, está implicada, portanto, a noção de um
dispositivo informacional, cujos elementos técnicos (materiais),
semiológicos (linguagens/repertórios) e pragmáticos (práticas
informacionais e culturais) se encontram em articulação dinâmica; que
dialoga com a instituição e com outros circuitos e dispositivos culturais
próximos e a distância; que toma os sujeitos que ali transitam, não como
usuários, mas como protagonistas culturais; que realiza programas
sistemáticos, orgânicos e permanentes destinados a aprendizagens de
saberes informacionais que permitam aos sujeitos se apropriarem de uma
cultura da informação, fundamental na Sociedade da Informação/
Conhecimento.
Nesse processo, ações formativas também foram realizadas visando
preparar os educadores da instituição para as mediações infoeducativas
compatíveis com as premissas do projeto. Um conjunto de atividades
diversificadas e em fluxo contínuo no espaço da Estação (oficinas de
pesquisa, de leitura, de memória, dentre outras) foram planejadas e
realizadas com grupos de crianças e jovens atendidos pelo Programa
Einstein na Comunidade de Paraisópolis.
De modo concomitante, a criação da EC permitiu dar continuidade
aos estudos que geraram o conceito de Ordem informacional dialógica11,
originariamente nomeado a partir de trabalho de pesquisa realizado com

11
A tese de doutorado Ordem informacional dialógica: estudo sobre a busca de
informação em Educação, realizada por Ivete Pieruccini, foi defendida em 2004.

21
base na implantação, desenvolvimento e acompanhamento da Biblioteca
Escolar do Colégio Termomecanica (BECT), do Centro Educacional
Fundação Salvador Arena (CEFSA), em São Bernardo do Campo/SP.
Nesta pesquisa fora possível evidenciar de modo concreto que todo
dispositivo informacional é uma configuração complexa, constituída por
elementos heterogêneos: ambiente, técnicas e tecnologias, processos e
produtos, regras e regulamentos, conteúdos materiais e imateriais e que
tais elementos são signos portadores de sentidos, incrustados nos
conteúdos guardados pelos dispositivos informacionais, constituindo-se
elementos de sua natureza. Entretanto, tornava-se fundamental dar
continuar ao desenvolvimento do conceito, como contribuição capaz de
fazer frente à ordem discursiva monológica, responsável por gerar
dificuldades, por vezes intransponíveis, aos processos de apropriação
cultural, característica do paradigma que, em geral e infelizmente, rege as
bibliotecas.

• Biblioteca escolar e a formação de mediadores/


infoeducadores

A objetivação de um novo conceito de biblioteca escolar, proposto


pela Infoeducação tal como definido acima, implica igualmente a formação
de quadros funcionais, capazes de reorientar, na prática, concepções
transformadoras. Nesse sentido, encontra-se em desenvolvimento o
Programa Biblioteca e Educação (PBE) - (2011-2012), parceria entre a
Secretaria Municipal de Educação de São Bernardo do Campo/SP e a
Universidade de São Paulo, por meio da Fundação de Apoio à Faculdade
de Educação, envolvendo pesquisadores ligados ao ColaborI e realizado no
âmbito da Rede de Bibliotecas Escolares Interativas (REBI). O PBE visa à
formação em rede, de equipes de profissionais ligados às bibliotecas
escolares ali existentes.
Dadas características próprias de nosso tempo, já não basta apenas
a escolarização para que os sujeitos se encontrem em condições de

22
participação plena nas várias esferas da vida social. Além disso, é
fundamental a criação de uma relação ativa, interessada e permanente
com o conhecimento, destinada a ultrapassar o período restrito e
obrigatório de frequência aos bancos escolares.
Nesse sentido abrangente de educação para o conhecimento, a
apropriação e integração das bibliotecas escolares à vida educacional e
cultural demandam não só iniciativas para sua implantação nas escolas do
país, segundo perspectivas contemporâneas como ocorrera com a REBI,
desde 1999, mas, também, e especialmente, a constituição de uma trama
de saberes e fazeres indispensáveis que deem sustentação a tais
iniciativas.
Dentre os principais desafios, entende-se que a formação de
quadros capazes não somente de operar a biblioteca escolar, mas,
sobretudo de atualizar seus processos e práticas, localiza-se como
prioridade absoluta. Em outros termos, a existência de dispositivos de
qualidade, produzidos sob referenciais inovadores no campo, não se
sustentariam, todavia, se desprovidos de sujeitos/mediadores que, além
de compreenderem o quadro histórico que definiu o locus residual
consagrado à biblioteca escolar, possam dispor, eles próprios, de saberes
e fazeres capazes de criar/recriar, reinventar a biblioteca da escola.
O referido programa de formação (PBE) foi inicialmente configurado
a partir de eixos, que incluíam cursos, publicações temáticas, seminários e
plataforma virtual de formação, esta dedicada ao acesso a informações e
orientações especializadas e trocas de experiências. Os cursos, eixo
privilegiado do PBE, contemplavam temas visando uma biblioteca escolar
como dispositivo cultural diferenciado. Dados os quadros funcionais, o
programa fez opção metodológica pela modalidade de oficinas, tendo em
vista possibilidades de apropriação dos referenciais pelos mediadores, a
partir dos respectivos modus operandi, todavia, articulando conceitos e
práticas. Dentre os conteúdos propostos para os cursos, especial ênfase
foi dada àqueles ligados às noções de Biblioteca escolar como Estação do
Conhecimento; pesquisa na Biblioteca Escolar: conceitos e práticas;

23
Linguagens e Práticas Culturais diversificadas; Memória local; Dispositivos
e Circuitos Culturais; Elaboração de Programas para a Biblioteca/
Infoeducação.
O interesse em potencializar os resultados dessas formações e
socializar resultados concretos das aprendizagens nos contextos das
bibliotecas escolares mobilizou transformações na metodologia de
desenvolvimento da formação presencial. Mostrava-se interessante reunir
as ações e práticas informacionais e culturais já em desenvolvimento nas
bibliotecas, porém articulando-as a quadro de referências capaz de
dimensionar sua importância face aos saberes informacionais,
apresentados como parâmetro geral.
Face a essa perspectiva, optou-se, a partir de 2012, pela formação
em rede, constituída pelos próprios mediadores, organizados em Núcleos
que reúnem conjuntos de Bibliotecas Escolares da REBI (NREBI).
Configurados em seis Núcleos, coordenados cada qual por 01 bibliotecário
da REBI, tais grupos incluem os profissionais que atuam nas bibliotecas
(auxiliares e agentes de bibliotecas), elementos da equipe pedagógica das
escolas (professores, coordenadores pedagógicos) e elementos
especializados da equipe do ColaborI, que acompanham as reuniões
preparatórias com a Coordenação dos Núcleos, os Encontros gerais
abertos aos integrantes de todas as bibliotecas e escolas, e o
acompanhamento individualizado aos coordenadores, tendo em vista o
apoio conceitual e metodológico ao desenvolvimento da formação.
Os encontros de formação em rede incluem oficinas/palestras aos
participantes, de acordo com os temas definidos no programa inicial. Tais
atividades estão associadas a outros cursos/oficinas que visam aprofundar
o conceito de biblioteca escolar, tomada como instância privilegiada na
definição de planos, programas e projetos de Infoeducação.
Como pressuposto, além do domínio da materialidade dos
dispositivos escolares de informação e cultura, é indispensável que tais
profissionais apropriem-se dos referenciais acerca dos saberes
informacionais e de seus processos, em suas dimensões procedimentais,

24
conceituais e atitudinais e que, sobretudo, a formação contribua para a
construção do sentido educativo da biblioteca escolar no quadro
informacional contemporâneo.
Nesse aspecto, o PBE inscreve-se em pesquisa que visa discutir
categorias constitutivas da formação de mediadores para as bibliotecas
escolares, tomadas como Estações de Conhecimento, a saber: o
infoeducador. Definido preliminarmente como profissional de interface, o
infoeducador é um terceiro ponto que emerge com a contemporaneidade
e que, em razão dos contextos, vem se objetivando em função específica,
cujos processos formativos demandam ser descritos e categorizados.
Da mesma forma, dados os quadros concretos de inexistência de
profissional específico, a pesquisa sobre a formação em rede parece
ensejar possibilidades de desdobramentos contemplando modos de
atuação de equipes transdisciplinares, constituídas por professores,
bibliotecários, técnicos em educação, dentre outros, que tenham sob sua
responsabilidade os desafios de desenvolver programas destinados à
construção de saberes informacionais pelos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Protagonismo cultural, Dialogia, Reticularidade,


Transdisciplinaridade, Ordem informacional dialógica, Saberes
informacionais, Estação do Conhecimento constituem conceitos
operatórios que permitiram a definição e dão sustentação ao conceito
teórico da Infoeducação, sobre o qual está ancorada a concepção de
biblioteca escolar aqui discutida. Tal concepção está imersa em complexa
trama conceitual e metodológica que vem sendo tecida, há décadas, por
um conjunto de pesquisas em torno de abordagem transdisciplinar das
relações entre Informação e Educação, constituindo-se em dispositivo
cultural privilegiado desta interface.
As pesquisas tendo como objeto a biblioteca escolar veem sendo
realizadas, assim, a partir da realidade viva e concreta das instituições de

25
educação e cultura no país, opção metodológica que se articula a
repertório conceitual relevante, face os desafios que a Informação coloca
aos processos educativos contemporâneos, numa busca permanente por
contribuições epistemológicas que permitam compreender e superar
desafios iniciais propostos em nossos estudos.

REFERÊNCIAS

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: M.


Fontes, 1995.

BRUNER, J. Atos de significação. Porto Alegre: Artmed, 2003.

CARTA da Transdisciplinaridade. Portugal, 2-6 nov. 1994 (Redigida por


Lima de Freitas, Edgar Morin e Basarab Nicolescu e adotada no Primeiro
Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, Convento de Arrábida).
Disponível em: http://www.caosmose.net/candido/unisinos/textos/
textos/carta.pdf. Acesso: nov. 2007

GOZZI, R. Oficina de informação: conhecimento e cultura na educação


infantil. 2005. 230f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Comunicações e
Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo.

PERROTTI, E.; PIERUCCINI, I. Infoeducação: saberes e fazeres da


contemporaneidade. In: LARA, M.L.G; FUJINO, A.; NORONHA, D.P. (Org.)
Informação e contemporaneidade: perspectivas. Recife: Néctar, 2008.
p.46-97p.

PERROTTI, E.; PIERUCCINI, I. Infoeducação: um salto para o futuro,


2010. No prelo.

PERROTTI, E.; VERDINI, A. Estações do conhecimento: espaços e saberes


informacionais. In: ROMÀO, L.M.S. (Org.). Sentidos da biblioteca
escolar. São Carlos: Alphabeto, 2008. p. 13-40

PIERUCCINI, I. A ordem informacional dialógica: estudo sobre a busca de


informação em Educação. São Paulo. 2004. 194f. Tese (Doutorado) –
Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo.

26
APÊNDICE
O ColaborI tem enfrentado os desafios implicados nas questões aqui
discutidas, por meio do desenvolvimento de pesquisas individuais e
coletivas, levadas a efeito por pesquisadores seniores, doutorandos e
mestrandos, bem como por alunos de Graduação. Atualmente, destacam-
se:

Saberes informacionais da contemporaneidade


Prof. Dr. Edmir Perrotti

Ordem informacional dialógica: contribuições ao desenvolvimento do


conceito
Profa. Dra. Ivete Pieruccini

Redes de leitores: estudo sobre o conceito de negociação simbólica nos


processos de apropriação cultural
Doutoranda Amanda Leal de Oliveira

Apropriação social da informação governamental nas políticas


públicas de educação fiscal
Doutoranda Carmem Lúcia Batista

Relações intergeracionais e apropriação de saberes locais


Doutoranda Simone Borges Paiva

Formação de mediadores culturais em dispositivos informacionais


dialógicos: parâmetros
Doutoranda Celly Brito

Da expropriação ao protagonismo cultural: um estudo sobre a


apropriação de dispositivo de infoeducação no quilombo de Cambury
Mestrando Edison Luiz Santos

Apropriação de dispositivos culturais: um estudo do lúdico em


Biblioteca Infantil
Mestrando Marcos Paulo de Passos

Políticas públicas de informação e cultura: a constituição de redes de


bibliotecas escolares
Mestranda Lilian Viana

Dispositivos Infoeducacionais: reflexões acerca da apropriação


cultural.
Mestranda Fernanda Caires

27
BUSCANDO O ESPAÇO DA BIBLIOTECA NA
ESCOLA: AÇÕES DO GRUPO DE ESTUDOS EM
BIBLIOTECA ESCOLAR

SEEKING FOR THE SPACE OF THE SCHOOL


LIBRARY: ACTIONS OF THE RESEARCH GROUP ON
SCHOOL LIBRARY

Bernadete Campello*
Paulo da Terra Caldeira*
Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu*
Maria da Conceição Carvalho*
Adriana Bogliolo Sirihal Duarte*
Carlos Alberto Ávila Araújo*
Júlia Gonçalves da Silveira*
Márcia Milton Vianna**

Discorre sobre pesquisas, eventos, publicações e atividades de extensão


realizadas pelo Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar, da Escola de
Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais, que
reúne professores, pesquisadores e estudantes interessados em
compreender o potencial e a realidade das bibliotecas escolares como
espaços de aprendizagem e ações educativas. Destaca a pesquisa e
subprojetos que objetivam analisar e sintetizar aspectos relativos à
instituição, referentes a pesquisas, diagnósticos e legislação nacional, para
compor um retrato da biblioteca escolar brasileira contemporânea.
Considera que o GEBE atua para aprofundar reflexões e questões teóricas
sobre bibliotecas escolares, ampliando oportunidades de interlocução
entre professores, bibliotecários e educadores, que percebem a biblioteca
como espaço indispensável para promoção de aprendizagem baseada na
busca e no uso de informações, e tem contribuído para seu
aperfeiçoamento e melhoria da qualidade da educação no Brasil.

28
Palavras-chave:
Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar – GEBE; Bibliotecas Escolares;
Bibliotecas Escolares e Educação; Bibliotecas Escolares – Brasil; Escola de
Ciência da Informação - Universidade Federal de Minas Gerais.

This article discusses research, events, publications and extension


activities conducted by the Research Group on School Library - Gebe,
housed in the School of Information Science, Federal University of Minas
Gerais - ECI / UFMG, which brings together researchers and students
interested in understanding the potential of school libraries as learning
spaces. It highlights a research project which aims to analyze and
summarize aspects of the school library in Brazil, related to research,
diagnostics, and national legislation, in order to compose a portrait of
contemporary Brazilian school libraries. Considers that, working to deepen
discussions of theoretical questions about school libraries, as well as
increasing opportunities for dialogue between teachers, librarians and
educators, who also perceive the library as a vital space to promote
learning based on the search and the use of information, GEBE has
contributed to the improvement of school libraries and, consequently, to
the quality of education in Brazil.

Keywords:
Research Group on School Library - GEBE; School Libraries, School
Libraries and Education, School Libraries - Brazil; School of Information
Science - Federal University of Minas Gerais, Brazil.

29
INTRODUÇÃO

O Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar (GEBE)12, sediado na


Escola de Ciência da Informação da UFMG integra pesquisadores e
estudantes em torno de atividades de ensino, pesquisa e extensão
relacionadas especialmente ao tema da função educativa da biblioteca,
procurando uma melhor compreensão do potencial dessa instituição como
espaço de aprendizagem. O GEBE iniciou suas atividades em 1998, com a
realização do 1º Seminário Biblioteca Escolar: espaço de ação pedagógica,
que contou com a participação de Carol Kuhlthau, então professora titular
(atualmente professora emérita) da School of Communication,
Information and Library Studies, da Rutgers University, NJ, nos Estados
Unidos e Diretora do Center for International Scholarship in School
Libraries (CISSL). Carol Kuhlthau vem, desde então, exercendo
significativa influência no trabalho do Grupo. O terceiro Seminário13,
também organizado pelo GEBE, ocorreu em 2004, e contou com a
participação de Ross Todd, atual Diretor do CISSL, que assumiu o cargo
após a aposentadoria da Profa. Carol Kuhlthau e vem dando continuidade
ao seu trabalho e à parceria com o GEBE.

AÇÕES

As ações mais recentes do GEBE são descritas a seguir.

PESQUISA

12
CAMPELLO, B. S. O Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar da UFMG e as idéias que
fundamentaram sua criação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA,
DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 22., 2007, Brasília. Anais ... Brasília:
FEBAB/ABDF, 2007. CD-ROM.
* Professores da Escola de Ciência da Informação da UFMG
** Pesquisadora da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais
13
O 2º Seminário aconteceu em Vitória/ES em 1999, organizado pela Prefeitura
Municipal.

30
Refletindo a preocupação do GEBE em criar uma estrutura para o
desenvolvimento de estudos relevantes, que possam contribuir para
conhecer melhor a realidade da biblioteca escolar, está realizando
atualmente a pesquisa “Documentando o conhecimento sobre biblioteca
escolar no Brasil: diagnósticos, pesquisas e legislação”. A justificativa para
o estudo consiste em refletir sobre o que foi já foi feito sobre o tema, para
que se possam planejar futuras ações. É importante também que se
documentem as realizações e o conhecimento disponíveis sobre biblioteca
escolar já produzido por bibliotecários e pesquisadores brasileiros, para
permitir que se tenha uma visão abrangente da questão.
O objetivo geral da pesquisa fundamenta-se na análise e síntese de
três aspectos relativos à biblioteca escolar no Brasil, constituindo cada um
desses aspectos um subprojeto.
1) diagnósticos realizados sobre a situação dessas bibliotecas;
2) pesquisas realizadas sobre o assunto;
3) legislação que trata dessas bibliotecas.
A metodologia utilizada será a análise documental, sendo o
referencial teórico constituído pela noção da biblioteca escolar como
espaço de ação educativa. Nesse sentido, a biblioteca se coloca no centro
do processo de aprendizagem, não apenas como um lugar de leitura, mas
como recurso didático. Tal abordagem envolve o conceito de letramento
informacional, segundo o qual os estudantes aprendem, durante sua
escolarização, a lidar com informações e desenvolvem habilidades que os
capacitem a aprender de maneira independente, ao longo da vida
(IFLA/UNESCO, 2006).

Subprojeto 1: Diagnósticos das bibliotecas escolares brasileiras

Este subprojeto está finalizado e em fase de publicação. Teve como


objetivo conhecer as características de diagnósticos de bibliotecas
escolares brasileiras, elaborados por diversos autores. Foram identificados
e analisados dezoito diagnósticos publicados na literatura da área, de

31
1979 a 2011, de forma a se obter uma visão do que já se estudou e se
conhece a respeito das condições das bibliotecas escolares brasileiras.
Foram analisados: os objetivos dos diagnósticos, a metodologia utilizada e
a técnica de coleta de dados, o referencial teórico, os resultados obtidos,
as conclusões e recomendações feitas pelos autores. A variedade de
procedimentos de coleta e análise dos dados utilizados em cada
diagnóstico impossibilitou inferências e conclusões mais aprofundadas. No
conjunto, esses trabalhos compõem um retrato parcial da biblioteca
escolar no país, revelando a situação dessas instituições e tornando mais
visíveis os problemas existentes.

Subprojeto 2: A pesquisa sobre biblioteca escolar no Brasil

Este sub-projeto está em andamento e tem como objetivo


estabelecer o estado-da-arte da pesquisa sobre biblioteca escolar no
Brasil. Como objetivos específicos pretende identificar:
1. as categorias de assuntos pesquisados sob o tema biblioteca escolar;
2. o perfil dos pesquisadores, em termos de nível de formação e origem
institucional;
3. a tipologia dos documentos em que as pesquisas são publicadas;
4. o embasamento teórico-conceitual das pesquisas;
5. as metodologias e técnicas utilizadas;
6. os resultados e as conclusões dos estudos.
Até o momento foram identificados e localizados fisicamente 73
relatos de pesquisa sobre biblioteca escolar, que atenderam aos critérios
estabelecidos para inclusão, a saber: evidência de que o trabalho relatado
foi concebido como pesquisa; declaração de objetivos, ou de hipóteses, ou
de questões de pesquisa; informações sobre a metodologia de pesquisa
utilizada; discussão dos resultados da investigação; inserção no contexto

32
TABELA 1 – Pesquisas sobre Biblioteca Escolar

Categoria Quantidade de
trabalhos

Pesquisa escolar 10

Fontes de informação 07

Leitura 18

Bibliotecário / professor 11

Usuários 15

Outros 12

Total 73

de pesquisas relacionadas; discussão sobre as implicações do trabalho;


lista de referências. Os 73 relatos foram categorizados em cinco assuntos
(TAB. 1).
A análise dos dados permitirá a elaboração de uma síntese do
conhecimento sobre biblioteca escolar, que possibilite perceber suas
características, sua relação com o conhecimento da área como um todo e
as tendências que marcam seu desenvolvimento.

Subprojeto 3: Legislação sobre biblioteca escolar

A importância da biblioteca escolar tem sido constantemente


reprisada no discurso dos diversos segmentos sociais envolvidos com a
questão. Já em 1944, o educador Lourenço Filho (1946, p. 4) mostrava a
complementaridade da escola e da biblioteca, dizendo que “Uma escola
sem biblioteca é um instrumento imperfeito. A biblioteca sem ensino, ou
seja, sem a tentativa de estimular, coordenar e organizar a leitura será,
por seu lado, instrumento vago e incerto”.

33
Documentos de políticas públicas do setor educacional costumam
mencionar a importância da biblioteca para a aprendizagem da leitura. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), por exemplo, vêem a biblioteca
como a primeira das condições favoráveis para a formação de bons
leitores (CAMPELLO; SILVA, 2000, p. 61). O Plano Nacional do Livro e
Leitura (PNLL) usa a expressão “dínamo cultural” para descrever a
biblioteca ideal, que seria “um dinâmico pólo difusor de informação e
cultura, centro de educação continuada, núcleo de lazer e entretenimento,
estimulando a criação e a fruição dos mais diversificados bens artístico-
culturais [...] promovendo a interação máxima entre os livros e esse
universo que seduz as atuais gerações” (BRASIL, 2006, p. 22).
No documento de avaliação do PNBE (Programa Nacional Biblioteca
na Escola), feita em 2005, as autoras entendem a biblioteca como
“potência geradora de conhecimentos, [...] fonte de desenvolvimento da
autonomia de pensamento e de criatividade, [...] instrumento
indispensável na formação da identidade dos atores da escola e da
comunidade” (PAIVA; BEREBLUM, 2006, p. 185).
Os resultados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
(Saeb), de 2003, indicaram com mais precisão a influência da biblioteca
na aprendizagem da leitura, mostrando que

A existência e a utilização efetiva da biblioteca [...] faz diferença. De


acordo com os resultados do Saeb 2003, para a 4ª série, em Leitura,
quando até 25% dos alunos da escola fazem uso da biblioteca, a média
de proficiência é de 168 pontos. Quando mais de 75% dos alunos utiliza
a biblioteca regularmente, a média sobe para 181 pontos. Quando não
existe esse tipo de recurso para os estudantes, o resultado de
desempenho é de 153 pontos. Ainda, os resultados mostram que,
quando há um responsável pela biblioteca escolar, a média aumenta, e
quando os professores realizam atividades dirigidas nesse ambiente, há
ganhos importantes e significativos na aprendizagem. (INFORMATIVO,
2004, p.62)

34
Com o presente subprojeto pretende-se ampliar o entendimento a
respeito de como a biblioteca escolar é vista pela sociedade a partir da
ótica do legislador. O objetivo é verificar, no âmbito de documentos
legais, como o legislador compreende a importância da instituição.
Pretende-se, em primeiro lugar, identificar legislação sobre biblioteca
escolar e, em seguida, analisar esses documentos para compreender qual
é a concepção de biblioteca escolar revelada pela legislação.
A análise poderá revelar a concepção de biblioteca escolar acolhida
pela legislação. Para sustentar esta análise será usado principalmente o
Manifesto UNESCO/IFLA para biblioteca escolar, documento aprovado em
1999, que estabelece princípios básicos sobre a biblioteca escolar14, além
dos parâmetros elaborados pelo GEBE, consolidados no documento
Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento: parâmetros
para bibliotecas escolares15.
Outra vertente de pesquisa do GEBE focaliza a aprendizagem pela
busca e uso da informação e de que maneira essa prática pode contribuir
para o desenvolvimento de habilidades informacionais. O projeto de
dissertação “Como estudantes buscam e usam a informação no ambiente
escolar: estudo de caso com estudantes do último ano do ensino médio
integrado e egressos” integra um conjunto de estudos que, utilizando o
modelo ISP, de Carol Kuhlthau, foram realizados anteriormente pelo
GEBE16.

14
http://www.ifla.org/publications/iflaunesco-school-library-manifesto-1999. Acesso em: 10
abr. 2012.
15

http://gebe.eci.ufmg.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13&Itemid=11
. Acesso em: 10 abr. 2012.
16
Destes, o mais recente é:
CAMPELLO, B. S. et al. Aprendizagem pela pesquisa: busca e uso de informações na
produção do conhecimento. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 11., 2010, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos. Rio de Janeiro: Associação
Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 2010.

35
EVENTOS

Desde sua criação em 1998, o GEBE se preocupou em reunir


pessoas interessadas nas ações desenvolvidas pela biblioteca escolar,
buscando coletivizar preocupações e soluções. Atualmente, está em fase
de planejamento, e dependendo de articulações, um encontro de
coordenadores de sistemas de bibliotecas escolares. Belo Horizonte conta
com uma rede de bibliotecas escolares, mantidas pelo Município, desde
1997, e sabe-se que outros sistemas ou redes, tanto públicos quanto
privados estão em funcionamento em diversas regiões do país. Acredita-
se que as experiências acumuladas por esses agrupamentos são
relevantes para o aperfeiçoamento das bibliotecas escolares e que seja
necessário reunir e compartilhar esse conjunto de experiências, que
poderá revelar as peculiaridades da biblioteca escolar no contexto
brasileiro.
Outra possibilidade de ação do GEBE, no que diz respeito a eventos,
é o apoio à realização, no Brasil, da Conferência Anual da International
Association of School Librarianship (IASL), em 2015. O Grupo considera
que esta Conferência será de grande interesse para o país, ao
proporcionar contato da comunidade bibliotecária e educacional brasileira
com pesquisadores e profissionais de diferentes países, culturas e
formação acadêmica. Constituirá, portanto, uma oportunidade para se
conhecer e debater as pesquisas e práticas mais avançadas sobre a
temática buscando inspiração para a solução de problemas que, ao longo
dos anos, vem desafiando a qualidade da educação brasileira que não
conta com bibliotecas adequadas em número suficiente que estimulem o
pensamento crítico de nossas crianças e jovens.

PUBLICAÇÕES

As publicações do GEBE consistem em textos que relatam as


pesquisas realizadas pelo Grupo e que são divulgadas como artigos em

36
periódicos e/ou como trabalhos em eventos científicos. Além dessa
vertente acadêmica, o GEBE investe ainda em publicações que possam
atingir a comunidade profissional de bibliotecários, estudantes de
biblioteconomia e professores de educação básica. Nessa direção, o
trabalho do GEBE é visto na perspectiva de extensão universitária,
atingindo um público externo que pode beneficiar-se dos conhecimentos
acumulados pelos membros do Grupo, advindos dos resultados de suas
pesquisas, da participação em eventos e dos contatos com a comunidade
biblioteconômica em âmbito nacional e internacional. Tais publicações são
abordadas no item Atividades de Extensão, a seguir.

ATIVIDADES DE EXTENSÃO

As publicações mais recentes do GEBE, que buscam transferir para a


sociedade o conhecimento acumulado são:

Biblioteca escolar como espaço de produção do conhecimento: parâmetros


para bibliotecas escolares.

Este documento teve origem no Projeto Mobilizador Biblioteca


Escolar: construção de uma rede de informações para o ensino público,
lançado em 2008 pelo Sistema CFB/CRBs (Conselho Federal de
Biblioteconomia/Conselhos Regionais de Biblioteconomia), que
argumentava a favor da criação de bibliotecas nas escolas públicas do
país. Acolhendo uma parceria proposta pelo CFB, o GEBE se dispôs a
elaborar parâmetros para criação e avaliação de bibliotecas escolares
brasileiras. Lançados em outubro de 2010, os parâmetros constituem um
referencial flexível para que escolas – públicas ou particulares – embasem
sua decisão sobre a biblioteca com a qual desejam contar. Eles podem ser
catalisadores de mudanças em escolas que entendem a biblioteca como
espaço de aprendizagem. O processo de elaboração dos parâmetros foi
apresentado na Conferência da IASL, em 2011, na Jamaica e publicado

37
nos anais do evento em versão em inglês. A versão em português está
publicada em um artigo de 201117.
Biblioteca Escolar: conhecimentos que embasam a prática18

Neste livro são descritos seis estudos realizados por pesquisadores


de universidades de quatro países: Estados Unidos, Suécia, Austrália e
Canadá. São estudos que utilizam metodologias variadas e que tratam de
diferentes aspectos a respeito da biblioteca escolar e da aprendizagem
que ali ocorre, podendo contribuir para que bibliotecários e educadores
estabeleçam e aperfeiçõem práticas que tornem a biblioteca também um
espaço de aprendizagem. O livro mostra que uma prática baseada em
evidências, ou seja, embasada em resultados de pesquisas sobre
bibliotecas escolares e na subseqüente reflexão sobre eles, pode
proporcionar idéias inovadoras que aprimorem as práticas educativas de
bibliotecários. E quem sabe, assim, essas idéias inspirem os profissionais
a investigar a realidade da biblioteca escolar no Brasil, descobrindo novas
evidências que permitam ampliar o seu papel educativo.

A biblioteca escolar como espaço de aprendizagem19

Este texto constitui um capítulo do volume sobre Literatura Infantil,


da Coleção Explorando o Ensino, livro publicado pelo MEC, com o objetivo
de apoiar o trabalho dos professores em sala de aula, oferecendo-lhes
material científico-pedagógico que contemple a fundamentação teórica e
metodológica e proponha reflexões nas áreas de conhecimento das etapas
17
CAMPELLO, Bernadete S. et al. Parâmetros para bibliotecas escolares brasileiras:
fundamentos de sua elaboração. Informação & Sociedade, João Pessoa, v. 21, n. 2, p.
105-120, maio/ago. 2011.
18
CAMPELLO, B. S. Biblioteca escolar: conhecimentos que embasam a prática. Belo
Horizonte: Autêntica, 2012.
19
CAMPELLO, B. S. A biblioteca escolar como espaço de aprendizagem. In: MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO, Secretaria de Educação Básica. Literatura. Brasília, DF, 2011. p. 127-142.
(Coleção Explorando o Ensino, v.
20).

38
de ensino da educação básica, contribuindo, assim, para a formação
continuada e permanente do professor. O capítulo: A biblioteca escolar
como espaço de aprendizagem trata das diversas dimensões que a
biblioteca escolar pode assumir e, especialmente, de seu papel como
estimuladora do desenvolvimento de habilidades de busca e uso de
informações.

O bibliotecário e a pesquisa escolar20

Neste artigo, o objetivo é mostrar que, na escola, o professor conta


com um importante aliado, o bibliotecário e que, juntos, eles podem
planejar, orientar e avaliar projetos de pesquisa escolar que sejam, de
fato, oportunidade para uma aprendizagem estimulante e significativa.
Ressaltando a pesquisa escolar como um processo, o texto mostra como a
intervenção do bibliotecário em determinados momentos pode contribuir
para a orientação efetiva da pesquisa.
Outra ação de extensão recente foi a realização de diagnóstico com
o objetivo de se conhecer a realidade das bibliotecas e dos projetos de
incentivo à leitura da Rede de Bibliotecas Escolares da Prefeitura de Belo
Horizonte, com vistas a fundamentar a elaboração de novas diretrizes
para o Programa de Bibliotecas. As atividades desenvolvidas foram
identificadas e foi feita avaliação qualitativa dos projetos e das atividades
de incentivo à leitura. Além disso, foram apontados indicadores
quantitativos para caracterização das bibliotecas e identificação de seus
pontos fortes e fracos, visando a compreender a natureza dos problemas
e desafios apresentados e a descobrir formas de enfrentá-los.

20
CAMPELLO, Bernadete. O bibliotecário e a pesquisa escolar. Presença Pedagógica, Belo
Horizonte, v. 16, n. 93, p. 24-29, maio/jun. 2010.

39
ATIVIDADES DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL

A ação do GEBE no que diz respeito à formação profissional consiste,


em primeiro lugar, no oferecimento de disciplinas para alunos do Curso de
Biblioteconomia, da Escola de Ciência da Informação da Universidade
Federal de Minas Gerais. Essas disciplinas procuram envolver os alunos
em reflexões sobre diversos aspectos da biblioteca escolar, enfatizando
seu papel educativo. Disciplinas ministradas em semestres mais recentes
são: Tópicos em serviços para comunidades específicas (Biblioteca escolar
e aprendizagem), Leitura e formação do leitor, Competência
informacional, Tópicos em gestão de unidades de informação
(Desenvolvimento de coleções em biblioteca escolar).
Além disso, os pesquisadores do GEBE são convidados para
ministrar palestras e participar de eventos, onde têm oportunidade de
interagir com estudantes de biblioteconomia, professores de ensino
básico, bibliotecários e auxiliares atuantes em bibliotecas escolares.
Desses eventos, os mais recentes são:

• I Encontro Escola Sesc de Bibliotecas Escolares, que ocorreu na Escola


Sesc de Ensino Médio no Rio de Janeiro, com a palestra: Competência
em informação em bibliotecas escolares (2011);
• Mesa Redonda, sobre o tema: A biblioteca como espaço de formação
de leitores literários, que aconteceu durante o II Colóquio Mala de
Leitura, na Escola de Educação Básica e Profissional da UFMG (2011);
• Oficina: Orientação da pesquisa escolar: compartilhando
conhecimentos, destinada a bibliotecários e auxiliares de quatro
escolas da prefeitura Municipal de Belo Horizonte: E. M. Elisa Buzelin,
E. M. Professor Moacyr Andrade, E. M. Gracy Vianna Lage e E. M. Zilda
Arns (2011);
• Palestra: O papel educativo do bibliotecário: construindo uma
identidade, para alunos do Curso de Biblioteconomia da Universidade
Estadual de Londrina - UEL (2012);

40
• Palestra: O conceito de letramento informacional como base para a
ação educativa na biblioteca, proferida para os alunos e professores do
Curso de Especialização em Gestão de Biblioteca Escolar da UEL
(2012);
• Palestras: Biblioteca escolar: como ocupar esse espaço? e Biblioteca
escolar: que espaço é esse? destinadas a auxiliares de bibliotecas,
durante o Seminário: A Biblioteca e os Espaços Escolares do
Conhecimento, organizado pela Magistra, instituição de formação de
professores do Governo de Minas Gerais (2012);
• Palestra: Gostar de ler, gostar de aprender: a biblioteca escolar como
espaço de aprendizagem, para bibliotecários e professores de escolas
de ensino básico do SESI/MG (2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A trajetória que o GEBE vem percorrendo desde 1998 reflete a


preocupação de seus membros em mostrar o potencial da biblioteca
escolar como um espaço de aprendizagem. Demandas de diversas
instituições educacionais por palestras e oficinas sobre o tema
demonstram o interesse despertado pelo trabalho do GEBE e reforçam o
acerto do Grupo em investir nesta linha de pesquisa, que tem permitido
não só o aprofundamento de questões teóricas, mas também o retorno à
sociedade de um conhecimento de relevância para escolas que buscam
elaborar suas propostas pedagógicas fundadas em princípios
construtivistas. Esta parece ser uma perspectiva promissora para o GEBE:
ampliar oportunidades de interlocução com professores e educadores que
também percebem a biblioteca como espaço indispensável para
experiências de aprendizagem baseada na busca e no uso de informações.
A inserção no cenário da pesquisa internacional também é uma
perspectiva do Grupo, agora mais consolidada pela participação da
Coordenadora do GEBE, Bernadete Campello, como membro do Comitê de
Pesquisas, da Associação Internacional de Bibliotecas Escolares - IASL.

41
No que diz respeito à formação profissional, as perspectivas são de
ampliar o oferecimento de disciplinas sobre o tema no curso de graduação
em Biblioteconomia, da Escola de Ciência da Informação da UFMG, a fim
de preparar bibliotecários que sejam aptos para atuarem em instituições
educacionais, tendo em vista a aplicação da Lei 12244/2010, que dispõe
que, no prazo de 10 anos a partir de sua promulgação, as escolas de
ensino básico criem bibliotecas e que contem com bibliotecários
graduados.
A formação de mestres e doutores é também uma perspectiva
promissora, que permite capacitar pessoas com perfil adequado para
atuação em atividades acadêmicas e de pesquisa, o que ensejará o
incremento de novos estudos sobre biblioteca escolar.
O GEBE pretende continuar a exercer seu importante papel para
propulsionar a consolidação de uma estrutura colaborativa nacional,
articulando ações entre diversos grupos interessados na biblioteca escolar,
que levem ao aperfeiçoamento dessa instituição e de suas possibilidades
de contribuir para a qualidade da educação no Brasil.

42
SUGESTÕES DE AÇÕES PARA PUBLICAÇÕES
SOBRE A BIBLIOTECA ESCOLAR

SUGGESTED ACTIONS FOR PUBLICATIONS ON


SCHOOL LIBRARY

Cláudio Marcondes de Castro Filho21

Relata ações e atividades, entre elas, eventos e pesquisas que abordam a


problemática das bibliotecas escolares no contexto brasileiro. Destaca
algumas das publicações decorrentes de eventos e de pesquisas
desenvolvidas no âmbito do Curso de Ciências da Informação e da
Documentação, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto, da Universidade de São Paulo.

Palavras-chave:
Bibliotecas Escolares; Bibliotecas Escolares e Educação; Bibliotecas
Escolares – Eventos e Pesquisas; Curso de Ciências da Informação e da
Documentação - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto - Universidade de São Paulo.

This article reports actions and activities, including events and research,
addressing the issue of school libraries in the Brazilian context. It
highlights some of the events and publications resulting from research
undertaken within the School of Information Sciences and Documentation,
Faculty of Philosophy, Sciences and Literature of Ribeirão Preto, University
of São Paulo, Brazil.

Keywords:
School Libraries, School Libraries and Education, School Libraries - Events
and Research; Information Sciences and Documentation Course, Faculty
of Philosophy, Sciences and Literature of Ribeirão Preto, University of São
Paulo, Brazil.

INTRODUÇÃO

Formado em biblioteconomia desde 1981, o autor vem trabalhando


como bibliotecário em algumas instituições de porte empresarial e

21
Professor do Curso de Ciências da Informação e da Documentação, da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

43
educacional, sendo que na área escolar concretizou algumas ações,
envolvendo o público infanto-juvenil, no acesso aos recursos
informacionais e ao incentivo á leitura. A partir desse momento, verificou
a importância de estudar e pesquisar no campo da biblioteca escolar.

AÇÕES

Nos últimos anos, precisamente em 2009 e 2010, os professores


Lucilía Maria Sousa Romão e Claudio Marcondes de Castro Filho, do Curso
de Ciências da Informação e da Documentação, da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,
realizaram algumas ações direcionadas a biblioteca escolar, sendo:

I Encontro de Biblioteca Escolar: que lugar é esse?

O I Encontro realizado em 2009 procurou refletir sobre o lugar da


biblioteca escolar no contexto nacional, observando-a a partir de
diferentes olhares teórico-metodológicos, abordagens, práticas e
discursos. Esta possibilidade nos remeteu ao entrelaçamento de campos
afins tais como as áreas da leitura, da biblioteca, da escola, enfim, do
universo dos livros e dos leitores.
Ao mesmo tempo, iniciou-se uma série de diálogos com outros
sentidos possíveis para essa unidade informacional, em que pese a
convivência com práticas criativas de organização desse espaço, com a
descoberta de interlocução com o gosto e a delícia de ler, com a inscrição
de trabalho conjunto entre professores, alunos e bibliotecários.
Nesse sentido, buscou-se levantar algumas questões: de que modo
a biblioteca escolar é concebida hoje no país e fora dele? Seria possível
contribuir para a emergência de outros sentidos sobre biblioteca escolar?
Qual a contribuição trazida por bibliotecários inseridos na biblioteca
escolar, em que alunos são sujeitos-leitores? De que modo desmistificar o

44
sentido de que uma biblioteca escolar é um espaço de objetos fora de uso,
livros antigos, professores desmotivados e alunos não-leitores?

Como resultado do I Encontro foi publicado o livro Sentidos da


Biblioteca Escolar, organizado por Lucília Maria de Sousa Romão,
dividido em três partes: sendo a primeira parte, reflexões sobre Práticas
de leitura e pesquisa no âmbito da Biblioteca escolar; a segunda,
abordando a Biblioteca escolar e o bibliotecário: perspectivas e
desafios e a terceira, analisando os Dizeres e silêncio: o lugar do
discurso nos estudos sobre biblioteca escolar.

O II Encontro Internacional de Biblioteca Escolar: Bibliotecários,


Leituras e Leitores em Movimento, realizado em 2010, possibilitou um
encontro com especialistas de diferentes instituições de ensino e pesquisa,
como também fez falar diferentes modos de nomear e designar as funções
do espaço destinado, não apenas à guarda e circulação dos livros, mas,
sobretudo, do espaço ao qual deveria ser atribuído o contato com a leitura
e a aproximação com o mundo das linguagens.
Sabemos que a biblioteca tem, na sua estrutura física, mesas e
cadeiras destinadas a atividades de leitura e pesquisa no âmbito escolar;
no entanto, compreendemos que nem sempre esse local abriga leitores
sedentos de exercícios criadores de leituras, ou seja, nem sempre temos,
no âmbito da biblioteca escolar, a prática das leituras. As placas
sinalizadoras de silêncio, o modo didático como a leitura é conduzida, a
leitura de obras de modo instrumental, apenas para fazer trabalhos
escolares e a ausência do bibliotecário: tudo isso nos endereçou a
questionar quais possibilidades efetiva de ler e de recriar as práticas de
leitura podem ser inscritos. Nesse sentido, o II Encontro proporcionou
contemplar reflexões que se estendam para além dos sentidos banalizados
de/sobre biblioteca escolar; de novos horizontes, outras representações
para esse espaço, múltiplas leituras e leitores.

45
Como resultado do II Encontro foi publicado o Livro Dizeres sobre
Biblioteca Escolar: palavras em movimento, organizado por Claudio
Marcondes de Castro Filho e Lucília Maria de Sousa Romão.

PESQUISAS

Dentre as pesquisas conduzidas destacam-se as seguintes:

Pesquisa 1: Retrato das Bibliotecas Escolares da Rede Estadual


de Ensino do Município de Ribeirão Preto (2007)

O autor deste trabalho iniciou na pesquisa no campo da biblioteca


escolar em 2007, tendo como perspectiva no primeiro momento, verificar
a situação das bibliotecas escolares da rede estadual de ensino do
município de Ribeirão Preto, que teve como principal objetivo, diagnosticar
e denunciar a real situação das bibliotecas das escolas de ensino
fundamental, no que diz respeito à existência e funcionamento, recursos,
usuários e serviços prestados.

Pesquisa 2: Biblioteca escolar: reflexões para elaboração de um


guia bibliográfico (2007)

Abordou algumas questões teóricas que foram importantes para o


desenvolvimento de uma pesquisa de iniciação científica, cujo objetivo
principal foi a elaboração de um guia para a busca de informações, no
meio eletrônico, sobre a biblioteca escolar. Tais questões referiram-se à
importância do conhecimento de fontes de informação, especialmente as
eletrônicas, à relevância da biblioteca no âmbito escolar e social, à
presença do tema na literatura científica brasileira, dentre outras.

46
Pesquisa 3: Estudo das novas tendências nos Estados Unidos
sobre as práticas de incentivo a leitura em
biblioteca escolar (2010)

A pesquisa apresentou vários tipos de práticas de incentivo à leitura,


encontrados na literatura americana. Por meio da leitura da literatura
americana científica, identificou-se vários tipos de práticas de incentivo à
leitura e procurou-se criar uma categorização para grupar essas práticas,
permitindo, assim, a discussão a respeito delas. As categorias foram
assim designadas: Leitura em voz alta e hora do conto; Leitura seguida de
discussão em grupo; Escrita realizada por estudantes: resenhas e
histórias; Concursos e jogos envolvendo as leituras; e A leitura livre como
prática de incentivo à leitura.

Pesquisa 4: Bibliotecas escolares na rede municipal de ensino


de Ribeirão Preto: caminhos para a implantação
(2011)

A pesquisa teve como foco a situação da biblioteca escolar, nas


escolas municipais de ensino fundamental de Ribeirão Preto, tendo em
vista a Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, que determina a
obrigatoriedade das bibliotecas escolares nas instituições de ensino e a
contratação de bibliotecário, abordando os aspectos básicos a respeito da
Biblioteca Escolar e de sua importância, bem como o papel do bibliotecário
neste contexto. A pesquisa sugere um modelo às instituições de ensino,
destacando os padrões mínimos para existência da biblioteca, bem como
sugere aproximar a comunidade escolar deste novo espaço, integrando-se
à escola como parte dinâmica de ações educacionais e culturais.
Como resultado da pesquisa observou-se que a Educação pública
brasileira necessita de melhoria, para que se alcance qualidade na
educação. A Lei nº 12.244/2010 representa um dos maiores avanços, no
sentido de o Estado se posicionar frente ao Manifesto da IFLA/UNESCO

47
para biblioteca escolar. Porém, cabe à comunidade escolar, aos
professores, aos bibliotecários, reivindicar sua aplicação, de forma a
impedir que seja esquecida e suprimida por outros interesses.
A implantação de bibliotecas escolares nas escolas municipais de
Ribeirão Preto será possível se ocorrer o reconhecimento da importância
da biblioteca escolar por parte da Secretaria Municipal de Educação. Em
seguida serão necessárias algumas adequações na infraestrutura das
escolas e no quadro de servidores da Secretaria de Educação, com a
contratação de bibliotecários, envolvendo a comunidade escolar de cada
unidade de ensino.
Legislação específica, diretrizes e padrões já representam uma
realidade para a implantação das bibliotecas escolares, no entanto, o agir
dos responsáveis pela educação municipal e o envolvimento da
comunidade escolar consolidará essa conquista na rede municipal de
ensino de Ribeirão Preto, possibilitando a milhares de crianças e
adolescentes o acesso à informação, cultura e cidadania.

Pesquisa 5: Guia bibliográfico sobre biblioteca escolar: um


rumo a ser tomado (2012)

A pesquisa pretende desenvolver, no contexto das práticas de


geração de produtos informacionais e dos estudos sobre a biblioteca
escolar brasileira, a elaboração de um guia bibliográfico que auxilie na
busca, conhecimento e localização de informações, no meio eletrônico,
sobre biblioteca escolar e que possa ser utilizado, tanto por pesquisadores
e profissionais das áreas de Ciência da Informação, Biblioteconomia e
Educação, quanto por quaisquer outros que se interessem pelo tema, que
será disponibilizado não apenas para a comunidade da qual fazemos
parte, mas também, para a comunidade externa.

O principal problema a ser abordado nessa pesquisa é a elaboração


do guia bibliográfico sobre a temática biblioteca escolar, ressaltando as

48
publicações nacionais e internacionais, existentes no acervo das
bibliotecas universitárias dos cursos de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, no contexto nacional, ou seja, das Universidades federais,
estaduais e municipais e Faculdades particulares no Brasil. Nesse aspecto,
questiona-se: Quais as dificuldades que encontramos para a busca da
informação sobre o tema biblioteca escolar? Que pesquisadores são esses
que buscam contato com o tema biblioteca escolar? Que universidades
brasileiras pesquisam o tema biblioteca escolar? Qual a bibliografia
existente sobre biblioteca escolar nos acervos das bibliotecas
universitárias dos cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação? A
pesquisa envolve a obtenção de dados descritivos e de algumas técnicas
como: as fontes documentais, entrevistas e aplicação de questionários,
como instrumento de avaliação. A divulgação da pesquisa será
apresentada no formato de um guia bibliográfico por meio eletrônico e
impresso.

Procurar-se-á confeccionar um guia que abranja as fontes de


informação primárias, secundárias e terciárias (CAMPELLO; CENDÓN;
KREMER, 2000), selecionando as mais relevantes, caracterizando-as e
apontando sua localização. Em tais fontes, os usuários do guia poderão
encontrar e selecionar, livremente, documentos referentes à biblioteca
escolar.

Pesquisa 6: Fontes de informação em biblioteca escolar:


periódicos

Ampliando o tema da pesquisa 5, pretende-se desenvolver no


âmbito das práticas de geração e uso de produtos informacionais e dos
estudos sobre a biblioteca escolar brasileira, a busca de fontes de
informação em periódicos científicos eletrônicos nas áreas da
Biblioteconomia, Ciência da Informação e da Educação, artigos sobre a
temática biblioteca escolar. Para tanto será necessário utilizar como fontes

49
de informações, as bases dados nacionais e internacionais de periódicos
eletrônicos.
É importante frisar que, no contexto da chamada sociedade da
informação, com a disseminação do acesso à Internet, torna-se relevante
refletir sobre os novos desafios, parâmetros e papéis exigidos para a
biblioteca escolar, Sendo assim, conhecer as fontes de informação sobre a
biblioteca escolar, é fundamental para que os estudantes e profissionais
da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, além de outros
envolvidos no processo, como os professores, possam contribuir para o
desenvolvimento de uma biblioteca escolar “a ser construída com
parâmetros corretos e com agentes de educação/informação
conscientizados para trabalhar em conjunto no processo de
ensino/aprendizagem...” (MACEDO, 2005, p.70).

PUBLICAÇÃO: BIBLIOTECA ESCOLAR EM REVISTA

A revista científica Biblioteca Escolar em Revista nasce como a


marca de primeira publicação científica e específica sobre o tema no país e
na América Latina. Esse passo de ineditismo que é muito caro posto que
considera-se importantíssimo um espaço de interlocução sobre temas
ligados ao universo da biblioteca escolar e leitura, isto é, biblioteca
escolar, história da leitura, práticas de leitura no âmbito escolar, literatura
infanto-juvenil, mediação cultural na biblioteca escolar, desafios nas leis e
na prática biblioteconômica.
Pretende-se discutir, promover e contribuir com os campos da
informação e da educação, criando laços entre instituições e
pesquisadores, apresentando relatos de experiências criativas em
bibliotecas escolares públicas e privadas, divulgando resenhas de obras
recentes e/ou traduções sobre o tema da revista, partilhando entrevistas
com pensadores e recebendo contribuições para avaliação e publicação.
Biblioteca Escolar em Revista é idealizada e editada por
professores do curso de Ciências da Informação e da Documentação da

50
FFCLRP/ USP de Ribeirão Preto interessados em pesquisar o tema e,
sobretudo, desestabilizar os sentidos tão repetidos no cotidiano, que
denotam abandono da biblioteca escolar, acervo restrito e desatualizado,
falta de profissional especializado, tédio e enfado em relação à leitura.
Deseja-se soprar a poeira dos livros e varrer o que parece inevitável,
fomentando com os escritos outros espaços de dizer.
O presente número conta com o artigo Situação das bibliotecas
escolares no Brasil: o que sabemos? de Bernadete Santos Campello, Paulo
da Terra Caldeira, Maura Alvarenga e Laura Valladares de Oliveira Soares
que aborda a questão da situação das bibliotecas escolares no Brasil e
tem como objetivo apresentar, por meio de diagnósticos, o que se
estudou e se conhece a respeito da situação das bibliotecas escolares
brasileiras. Com discurso de diversos autores e trabalhos analisados, os
autores apresentaram um retrato das bibliotecas escolares com
recomendações dirigidas aos bibliotecários, à escola, aos pais e aos
órgãos públicos. O intuito não poderia ser outro: fortalecer a biblioteca
escolar.
O segundo artigo, Biblioteca escolar e a lei nº 12.244/2010:
caminhos para implantação apresentado por Cláudio Marcondes de Castro
Filho e Claudinei Coppola Junior, retrata a situação da biblioteca escolar,
nas escolas municipais de ensino fundamental de Ribeirão Preto, com
relação à Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010, que determina a
obrigatoriedade de o profissional bibliotecário nas bibliotecas escolares.
Aborda, também, os aspectos básicos da biblioteca escolar e da sua
importância, bem como o papel do bibliotecário neste contexto. Propõe
um modelo de biblioteca escolar às instituições de ensino, destacando os
padrões mínimos para existência da biblioteca, bem como sugere
aproximar a comunidade escolar deste novo espaço, integrando-se à
escola, como parte dinâmica de ações educacionais e culturais.
O terceiro artigo, Educação Básica, biblioteca e espírito científico:
circunstâncias e oportunidade, Eliane Fioravante Garcez discorre sobre a
escola e os reflexos das mudanças sociais, inserindo a importância da

51
pesquisa escolar e a utilização das tecnologias de informação e
comunicação. Aponta para a necessidade de melhorias na educação a
começar pelo investimento no acesso à informação para que o aluno
aprenda a buscar dados, relacionar-se com o mundo dos livros e da
materialidade digital.
Ainda nesse número, foi incluída a resenha do livro: Leitura:
mediação e mediador, de Barros, Bortolin e Silva, elaborada por Márcia
Regina da Silva, no qual os autores discutem os aspectos que envolvem a
estrutura, o funcionamento e a gestão de bibliotecas escolares, além de
avaliar a mediação da leitura no contexto da biblioteca. O foco principal do
livro refere-se à mediação da leitura e a relação da escolha da literatura
pelo adolescente, do suporte eletrônico na biblioteca infanto-juvenil,
perpassando pelo ato de ler do bibliotecário e do professor como
mediadores da leitura.
Na seção de Relato de Experiência, Roseli Venâncio Pedroso
apresenta um relato de sua experiência como bibliotecária do Colégio
Dante Alighieri, em São Paulo. Com bom humor, ela descreve algumas
histórias engraçadas, bizarras e até tristes, mas, com algo em comum,
pois os atores principais são os adolescentes e estão inseridos no cenário
da biblioteca escolar. Com esse painel de trabalhos, almeja-se que esse
primeiro passo da Revista contribua efetivamente para que os
interessados no mundo dos livros e, sobretudo, dos leitores em potencial
na biblioteca escolar possam refletir e dialogar a respeito da biblioteca
escolar.
O endereço da revista é o seguinte: http://revistas.ffclrp.
usp.br/BEREV.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percorrendo os caminhos da biblioteca escolar, o curso de Ciências


da Informação e da Documentação da Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP - da Universidade de São Paulo,

52
pretende dar continuidade na pesquisa, com a inserção de um Programa
de Pós-graduação em Ciência da Informação, nível mestrado profissional,
que conta com uma linha de pesquisa direcionada para o campo da
biblioteca escolar, com o intuito de ampliar os horizontes, para os
bibliotecários e educadores, que exercem atividades, ações e mediações
no espaço chamado biblioteca escolar. Nesse sentido, a formação de
mestres profissionais no campo da biblioteca escolar, permitirá habilitar
pessoas, para atuarem com conhecimento nas atividades profissionais no
campo da biblioteca escolar.
O Curso de Ciências da Informação e da Documentação da FFCLRP
pretende ampliar e unir esforços no campo da biblioteca escolar, com
grupos, com os cursos de Biblioteconomia e Ciência da Informação, e com
os profissionais envolvidos no sistema de ensino, no sentido de
compreender a importância da biblioteca escolar, no panorama
educacional na sociedade brasileira.

53
O CURSO DE BIBLIOTECONOMIA E GESTÃO DE
UNIDADES DE INFORMAÇÃO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO E SUA
EXPERIÊNCIA COM A GESTÃO DE BIBLIOTECAS
ESCOLARES

UNDERGRADUATE COURSE IN LIBRARY AND


INFORMATION MANAGEMENT OF THE FEDERAL
UNIVERSITY OF RIO DE JANEIRO, BRAZIL AND
ITS EXPERIENCE WITH THE MANAGEMENT OF
SCHOOL LIBRARIES

Mariza Russo22

Relata a implantação do curso de biblioteconomia e gestão de unidades de


informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Ressalta o
histórico de sua criação, bem como a ênfase em Gestão de Unidades de
Informação. Entre as disciplinas do curso, destaca a gestão de bibliotecas
escolares, que objetiva formar bibliotecários com habilidades e
competências necessárias para prover acesso à informação à população
jovem (infantil e infanto-juvenil). Mostra alguns indicadores relativos aos
primeiros quatro anos do curso e registra que a ênfase especial também
contempla a utilização de plataformas de educação à distância em
algumas disciplinas do curso.

Palavras-chave:
Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação;
Graduação em Biblioteconomia; Ensino de Biblioteconomia; Gestão de
bibliotecas escolares; Bibliotecas escolares - Universidade Federal do Rio
de Janeiro.

22
Professora e Coordenadora CBG/FACC/UFRJ; M.Sc. Ciência da Informação, IBICT/
UFRJ; D.Sc. Engenharia de Produção, COPPE/UFRJ.

54
The article describes the implementation of the Library and Information
Management Course of the Federal University of Rio de Janeiro, Brazil. It
highlights the history of its creation, as well as the emphasis in the
management of information units. Among the disciplines it emphasizes
management of school libraries, which aims to train librarians with skills
and competencies necessary to provide access to information for young
people. It presents some indicators relating to the first four years of the
course and draws attention to the fact that the course also utilizes
distance education platforms in some disciplines.

Keywords:
Course in Library and Information Management; Undergraduate Library
Education; Management of school libraries; School Libraries - Federal
University of Rio de Janeiro, Brazil.

INTRODUÇÃO

O século XXI está moldado por um cenário de globalização,


caracterizado por uma mudança de paradigma na economia internacional,
que considera a informação como seu principal insumo, ficando
patenteada a sua relevância como impulsionadora do desenvolvimento
científico. Este fato favoreceu uma modificação radical nos sistemas,
canais, redes e organizações de geração, tratamento e difusão da
informação, principalmente no campo da Ciência & Tecnologia.
Este novo ambiente apresenta desafios de gerenciamento, não só de
recursos materiais, tecnológicos, financeiros e informacionais, assim como
do capital humano necessário para inserir as unidades de informação na
era do conhecimento. O profissional que pode ser capaz de enfrentar as
dificuldades e desafios advindos dessa nova era, ou tornar possível o
acesso a ela sem perda de tempo, é o bibliotecário. Esse profissional
deixou de ser apenas um guardião do saber em lugares restritos,
acumulando conhecimentos e habilidades, com vistas a assimilar os

55
avanços tecnológicos e o domínio das tecnologias avançadas para
organização do conhecimento registrado em suportes e locais
diversificados, a serviço da sociedade, para garantir o seu acesso e
recuperação relevante em redes globais de informação, e para utilizar os
recursos informacionais disponíveis (PROPOSTA..., 2005).
Pesquisa realizada pelo Instituto Euvaldo Lodi, do Distrito Federal
(IEL/DF), e pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia (IBICT) apresentou um diagnóstico sobre o perfil do
profissional da informação no Brasil, o qual deveria ser incluído no Plano
de Trabalho Plurianual - 1996/2000, proposto para o desenvolvimento de
uma Política de Informação Tecnológica e de Negócios do IEL/DF.

Na pesquisa, é apontado o fato de ser o bibliotecário, nível de bacharel, a


principal denominação daqueles que trabalham na área de informação no
Brasil, com mais de 80% do quadro nacional. A formação desse
profissional, nas escolas de Biblioteconomia e Documentação, no entanto,
é considerada conservadora, não atendendo às diversas facetas e papéis
que devem ser assumidos pelo moderno profissional da informação
(TARAPANOFF, 1997, p.13).

Mason (1990), no seu trabalho sobre o que é o profissional da


informação, afirma que esse profissional obtém a informação certa, a
partir da fonte certa, para o pesquisador certo, no tempo certo e na forma
mais adequada para o uso a que se destina e a um custo que seja
justificado pelo seu uso.
Em paralelo a essas visões, James, em 1989, já conclamava as
instituições de ensino de Biblioteconomia, a mudarem seus programas e
incluírem habilidades gerenciais, porque “esta é a única forma para
compreender, competir e ser bem-sucedido no ambiente de negócios atual
e futuro”. O autor enfatizava que, para os alunos, o desenvolvimento de
habilidades gerenciais viria expandir seus horizontes, ampliar o espectro

56
de suas funções e ajudá-los a serem reconhecidos como pessoas-chave
em suas organizações (JAMES apud OLIVEIRA, 2000).

AÇÕES

Assim, faz-se necessária uma complementação do perfil do


bibliotecário, visto que este profissional precisa manipular informações
para o desempenho econômico, político e social, como exigência natural
da ordem dominante (MARENGO, 1996, p.114).
Partindo dessas premissas, sentiu-se a necessidade de criar um
Curso de Biblioteconomia para alimentar o mercado de trabalho com
profissionais formados com esse perfil mais amplo, aliando às
competências já contempladas, nos cursos da área, às de gerente e de
líder nas unidades de informação. Este é o princípio que norteia a
proposta pedagógica do Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades
de Informação, na UFRJ, uma vez que os egressos desse curso estarão
aptos a atuar no Ambiente 21, que é conceituado por Russo (2010) como

um cenário de intensas mudanças, no qual os conhecimentos científico e


tecnológico constituem insumos básicos das organizações e onde as
palavras de ordem são: flexibilidade, celeridade, autonomia, inovação e
competitividade.

ENSINO DA BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL

A partir do século XIX, várias associações profissionais foram se


estruturando, fazendo com que surgisse a percepção de que era
necessária a formulação e a transmissão teóricas sobre os conhecimentos
nas áreas específicas. Peleski, citado por Souza (2001) apresenta, dessa
forma, a organização científica (ou moderna) do trabalho: de evolução da
atividade humana, que passa de um estágio de ocupação para um estágio
de profissão, de um saber prático para um conhecimento teórico.

57
A Biblioteconomia passou, também, por esta trajetória,
principalmente, nos Estados Unidos, do século XIX, buscando sua
identidade profissional. Melvil Dewey criou o Library Journal e a American
Library Association, e foram então implementados os primeiros cursos na
área (SOUZA, 2001).
No Brasil, o Decreto no 8.835, de 11 de julho de 1911, oficializou o
primeiro curso de Biblioteconomia, em nível de graduação, na Biblioteca
Nacional, do Rio de Janeiro, cuja primeira turma teve início em abril de
1915. O modelo deste curso pioneiro se inspirou no programa francês, da
École des Chartes, enfatizando os aspectos cultural, humanista e
informativo, mais do que os aspectos técnicos, do modelo norte-
americano. Em seguida, o Colégio Mackenzie23 criou um curso de
Biblioteconomia, em 1929, calcado nos padrões americanos. Em 1936, a
Prefeitura Municipal de São Paulo absorve este curso, que em 1940 foi
incorporado à Escola de Sociologia e Política de São Paulo, funcionando
até os dias de hoje24 (CALDIN, 1999).
As décadas de 1950 e 1960 são consideradas promissoras para a
Biblioteconomia, no Brasil, porque neste período surgiram as primeiras
entidades de classe, tais como a Federação Brasileira de Associações de
Bibliotecários (FEBAB), em 1959, a Associação de Bibliotecários do Distrito
Federal (ABDF) e o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), em 1962,
e a Associação Brasileira de Ensino de Biblioteconomia e Documentação
(ABEBD), em 1967. Ainda em 1962, a profissão de bibliotecário foi
reconhecida, no Brasil, como sendo de nível superior pela Lei nº 4.084,
promulgada em 30 de junho de 1962 e regulamentada pelo Decreto Lei nº
56.725, de 16 de agosto de 1965.
A criação de outros cursos - cada um com suas características -
suscitou a normatização dos mesmos, no que diz respeito à duração e
conteúdos curriculares. A FEBAB, afiliada à International Federation of
Library Associations and Institutions (IFLA), empenhou-se na solução

23
Hoje, Universidade Mackenzie, de São Paulo.
24
Na atual Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo (FESP).

58
desta questão, o que resultou na emissão, pelo Conselho Federal de
Educação (CFE), da Resolução de 18 de novembro de 1962, que fixou o
Primeiro Currículo Mínimo e a duração dos cursos de Biblioteconomia no
Brasil.
Este currículo mínimo foi, também, revisto e, em 1982, o CFE
implementou o Segundo Currículo Mínimo, que não só alterou a duração
dos cursos de três para quatro anos, como também especificou as
matérias de Fundamentação Geral, as Matérias Instrumentais e as
Matérias de Formação Profissional.
Este modelo, no entanto, não permitia alterações nos conteúdos
ministrados, pois seguia o sistema educacional brasileiro, muito
burocrático, inviabilizando mudanças rápidas na estrutura curricular.
A partir da nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação (LDB),
Lei no 9.394, sancionada no dia 20 de dezembro de 1996, a qual revogou
toda a legislação anterior relativa aos cursos de graduação, os
profissionais das áreas de Biblioteconomia vêm debatendo as Diretrizes
Curriculares para a área. Este debate resultou em um documento, mais
dinâmico e ágil, denominado “Diretrizes Curriculares para o Curso de
Biblioteconomia”, que flexibiliza a estrutura curricular dos cursos
formadores do profissional bibliotecário, estando muito mais direcionado
aos anseios da sociedade brasileira.
Os 43 cursos existentes no país seguem essas diretrizes, no
estabelecimento de seus currículos. Destes cursos, 72% estão vinculados
a instituições públicas e 28 % a instituições privadas, prevalecendo sua
localização na região sudeste (44%).
O QUADRO 1, a seguir, apresenta a lista dos cursos de formação de
bacharéis em Biblioteconomia no Brasil, 2012.

59
QUADRO 1 - Cursos de formação de bacharéis em biblioteconomia
no Brasil

REG. ESTADO UNIVERSIDADE CURSO CATEG.


N Amazonas Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Bibliotecono Pública
mia
N Pará Universidade Federal do Pará (UFPA) Bibliotecono Pública
mia
N Rondônia Universidade Federal de Rondônia (UNIR) Ci. da Pública
Inform.
NE Piauí Universidade Estadual do Piauí (UESPI) Bibliotecono Pública
mia
NE Alagoas Universidade Federal de Alagoas (UFAL) Bibliotecono Pública
mia
NE Bahia Universidade Federal da Bahia (UFBA) Bibliotec. e Pública
Doc.
NE Ceará Universidade Federal do Ceará (UFC) – Bibliotecono Pública
Fortaleza mia
NE Ceará Universidade Federal do Ceará (UFC) – Bibliotecono Pública
Juazeiro do Norte mia
NE Maranhão Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Bibliotecono Pública
mia
NE Paraíba Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Bibliotecono Pública
mia
NE Pernambuc Universidade Federal de Pernambuco Bibliotecono Pública
o (UFPE) mia
NE R. Gr. Universidade Federal do Rio Grande do Bibliotecono Pública
Norte Norte (UFRN) mia
NE Sergipe Universidade Federal de Sergipe (UFS) Bibliotecono Pública
mia
SE Espírito Universidade Federal do Espírito Santo Bibliotecono Pública
Santo (UFES) mia
SE Minas Universidade Federal de Minas Gerais Pública
Gerais (UFMG) Bibliotecono
mia
SE Minas Pontifícia Universidade Católica de Minas Bibliotecono Privada
Gerais Gerais (PUC Minas) mia
SE Minas Centro Universitário de Formiga Bibliotecono Privada
Gerais (UNIFORMG) mia
SE Rio de Universidade Fed. Est. do Rio de Janeiro Bibliotecono Pública
Janeiro (UNIRIO) – Bacharelado mia
SE Rio de Universidade Federal do Estado do Rio de Bibliotecono Pública
Janeiro Janeiro (UNIRIO) mia
SE Rio de Universidade Federal do Rio de Janeiro Bibliotecono Pública

60
Janeiro (UFRJ) mia e
Gestão de
Un.Inf.
SE Rio de Universidade Federal Fluminense (UFF) Bibliotecono Pública
Janeiro mia e
Documentaç
ão
SE Rio de Universidade Santa Úrsula (USU) Bibliotecono Privada
Janeiro mia
SE São Paulo Pontifícia Universidade Católica Campinas Ci. da Privada
(PUC-Campinas) Informação
SE São Paulo Universidade Federal de São Carlos Bibliotecono Pública
(UFSCar) mia
SE São Paulo Universidade Estadual Paulista Júlio de Bibliotecono Pública
Mesquita (UNESP) mia
SE São Paulo Universidade de São Paulo (USP) Bibliotecono Pública
mia
SE São Paulo Universidade de São Paulo (USP) - Ribeirão Ci. da Pública
Preto Informação
e
Documentaç
ão
SE São Paulo Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da Bibliotecono Privada
Informação (FABCI) mia.
SE São Paulo Faculdades Integradas Coração de Jesus Bibliotecono Privada
(FAINC) mia
SE São Paulo Faculdades Integradas Tereza D´Ávila Bibliotecono Privada
(FATEA) mia
SE São Paulo Centro Universitário Assunção – UNIFAI Bibliotecono Privada
mia
SE São Paulo Instituto Manchester Paulista de Ensino Bibliotecono Privada
Superior (IMAPES) mia
S Paraná Universidade Estadual de Londrina (UEL) Bibliotecono Pública
mia
S Paraná Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Bibliotecono Privada
Cascavel (FCSAC) mia
S R. Grande Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Bibliotecono Pública
Sul mia
S R. Grande Universidade Federal do Rio Grande do Sul Bibliotecono Pública
Sul (UFRGS) mia
S Santa Fundação Universidade do Estado de Santa Bibliotecono Pública
Catarina Catarina (UDESC) mia
S Santa Universidade Federal de Santa Catarina Bibliotecono Pública
Catarina (UFSC) mia
CO Brasília Universidade de Brasília (UnB) Bibliotecono Pública
mia

61
CO Goiás Universidade Federal de Goiás (UFG) Bibliotecono Pública
mia
CO Mato Universidade Federal de Mato Grosso Bibliotecono Pública
Grosso (UFMT) mia
CO Mato Centro Universitário Cândido Rondon Bibliotecono Privada
Grosso (UNIRONDON) mia
CO Mato Instituto de Ensino Superior da Funlec Bibliotecono Privada
Grosso Sul (IESF) mia
Fonte: Fundamentado em dados do E-MEC (mar. 2012).

Procedendo-se à análise do QUADRO 1, no que se refere à


localização dos cursos, pode-se inferir que a sua maior concentração na
região sudeste do País poderia ser justificada pelo grande percentual de
bibliotecas instaladas, também na região, segundo pesquisa realizada por
Russo (2003).
Dentre esses cursos, um dos mais novos é o da UFRJ, denominado
Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades e Informação (CBG), o
qual foi vinculado à Faculdade de Administração e Ciências Contábeis
(FACC), em virtude de seu foco na área de gestão.
A comissão que elaborou a proposta político-pedagógica do CBG
analisou grande parte dos currículos dos cursos já existentes, detectando,
nessa análise, que muitos deles não apresentavam, em suas matrizes
curriculares, disciplinas que focalizassem a preparação dos egressos para
atuar em bibliotecas públicas e em bibliotecas escolares.

O CURSO DA UFRJ

Segue o relato do histórico do CBG, o qual justifica sua


implementação como mais um curso de Biblioteconomia na região
sudeste.

Histórico do Curso

O interesse na criação de um Curso de Biblioteconomia na UFRJ vem


desde a inauguração da Biblioteca Central da Universidade, em 1950,

62
quando se pensou em construir um prédio de oito andares - que abrigasse
esta Biblioteca – cujo último piso seria dedicado ao Curso de
Biblioteconomia.
Este Projeto baseava-se na visão vanguardista da primeira Diretora
da Biblioteca Central – a bibliotecária Lydia de Queiroz Sambaqui – que
vislumbrava a relevância de uma grande proximidade entre as bibliotecas
da Universidade e o curso de formação em Biblioteconomia, a qual
permitiria uma troca de experiências que beneficiaria ambas as partes.
Ao longo dos anos, esta idéia foi se sedimentando, culminando com
a iniciativa da então Coordenadora do SiBI/UFRJ de criar um grupo de
trabalho, constituído por bibliotecários da Universidade, que em 2000
retomaram essa discussão, com vistas a atender – com a implementação
de um novo curso – às demandas da Sociedade.
Em outubro de 2001, foi instituída uma comissão de trabalho –
composta por onze bibliotecários, mestres e especialistas em
Biblioteconomia e áreas afins - para desenvolver a proposta político-
pedagógica do Curso. A Portaria no 2.325, de 7 de outubro de 2003,
emitida pelo Magnífico Reitor da UFRJ, Professor Aloísio Teixeira,
designou, oficialmente, esta Comissão, a qual foi integrada por cinco
docentes, doutores, para assessoramento em questões inerentes ao
processo de implantação deste novo Curso.
Fundamentando-se na experiência dos integrantes dessa Comissão,
como diretores de bibliotecas, a grade curricular do Curso foi planejada
com um enfoque diferencial das demais oferecidas pelos cursos existentes
no país. Foi, então, desenhada uma proposta contemplando não só a área
de Biblioteconomia (37% das disciplinas), como também a área de
Administração (30%) e as áreas de Tecnologia e outras complementares
(33%). Esta composição se justifica visto que os bibliotecários do
Ambiente 21 precisam estar capacitados para administrar, com eficiência
e eficácia, todos os recursos que integram as Unidades de Informação,
fazendo uso das ferramentas tecnológicas mais atuais. Essas ações
resultaram na proposta político-pedagógica para o CBG, encaminhada em

63
novembro de 2003, às instâncias competentes da UFRJ, para fins de
análise e aprovação.
Como outro ponto diferencial, essa proposta apresenta parcerias
com nove Unidades da UFRJ, as quais foram convidadas a participar de
disciplinas curriculares, integrando o CBG na diretriz de
interdisciplinaridade apontada pela linha de ação da Universidade;
proposta essa que foi apreciada pela Congregação de cada uma destas
Unidades, com o objetivo de garantir a aprovação da participação dos
Departamentos envolvidos na oferta das disciplinas.
Estas Unidades são: Escola de Belas Artes (EBA), Escola de
Comunicação (ECO), Escola Politécnica (POLI), Faculdade de Letras (FL),
Instituto de Economia (IE), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS),
Instituto de Matemática (IM), Instituto de Psicologia (IP) e Núcleo de
Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES).
Em 29 de junho de 2005, o Curso foi aprovado pelo Conselho de
Ensino de Graduação (CEG) e, em 14 de julho pelo Conselho Universitário
(CONSUNI), para ser incorporado às ofertas de Graduação da UFRJ.
O CONSUNI aprovou o início da primeira turma do CBG para agosto
de 2006, sendo incluído no concurso vestibular, conforme edital no35, de
15 de julho de 2005, publicado no Diário Oficial da União (DOU), de 19 de
julho de 2005, seção 3, p. 35-37.

Currículo do Curso

O currículo do CBG é composto de disciplinas teóricas e práticas, de


caráter obrigatório, (51) e de disciplinas de caráter optativo (27). O curso
está distribuído em oito períodos (mínimo) e 12 períodos (máximo), ao
longo dos quais deverão ser concluídos 172 créditos obrigatórios e 16
optativos. Cada crédito corresponde a 15 horas/aula, perfazendo todo o
curso um total de 3.300 horas/aula. Cumprindo essas exigências o aluno
estará apto a colar grau e receber o título de Bacharel em
Biblioteconomia.

64
O QUADRO 2 relaciona, a título de exemplo, as disciplinas
obrigatórias oferecidas no 1º e no 7º períodos do CBG.

QUADRO 2 – Disciplinas obrigatórias do CBG

CARG
CRÉ
A
PERÍ CÓDIGO TÍTULO DITO
HORÁ
ODO S
RIA
Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência
ACA575
da Informação 60 4
IEE 117 Introdução à Economia 45 3
1º ACA 115 Fundamentos de Administração 60 4
LEV 110 Língua Portuguesa 60 3
ECA 112 Comunicação e Realidade Brasileira 60 4
ACA576 História do Registro da Informação 60 4
Disciplina Optativa 45 3
TOTAL 390 25
ACA602 Planejamento e Gestão de Projetos 60 4
ACA593 Sistema de Recuperação da Informação 60 3
ACA597 Arquitetura da Informação 60 3
7º ACA594 Comunicação Científica 60 4
ACA600 Extensão Cultural em Unidades de
45 3
Informação
ACA601 Gerenciamento Eletrônico de Documentos 45 3
ACAX01 Projeto Final I 60 1
TOTAL 390 22

O QUADRO 3 lista algumas das disciplinas optativas disponíveis na


matriz curricular.

65
QUADRO 3 - Disciplinas optativas

PERÍO CARGA CRÉDITO


CÓDIGO TÍTULO
DO HORÁRIA S
ACA573 Comunicação Social e Processos 60 4
Culturais
Comunicação em Unidades de
ACA004 30 2
Informação
ECL 257 Editoração 30 2
ACA011 Empreendedorismo 30 2
LEN 131 Espanhol I 90 6
LEN 135 Espanhol II 90 6
MAD
Estatística para Administração 60 4
211
ACA604 Fundamentos Arquivísticos 30 2
ACA605 Fundamentos de Bibliometria 45 3
ACA606 Fundamentos de Museologia 30 2
ACA607 Gestão de Bibliotecas Escolares 45 3
ACA608 Gestão de Bibliotecas Públicas 45 3
ACA609 Gestão de Bibliotecas Universitárias 45 3
BAH 107 História da Arte 60 4
BAH 101 História da Arte I 45 3
BAH 104 História da Arte II 45 3
BAH 201 História da Arte III 45 3
BAH 205 História da Arte IV 45 3
ACA002 História, Memória e Documento 45 3
ACA610 Informática para Documentação 45 3
LEG 101 Inglês I 90 6
ACA005 Introdução à Estatística 45 3
Introdução à Tecnologia de
ACA 611 45 3
Informação
ACA 001 Mediação de Leitura 45 3
ACA613 Multimídia e Hipermídia 60 4
Organização e Descrição de
ACA003 30 2
Arquivos
LEV 121 Português Instrumental 30 2
ACA612 Propriedade Intelectual 45 3
ECS123 Teoria da Comunicação I 60 4
ACA006 Tópicos Especiais em 30 2
Biblioteconomia e Gestão de
Unidades de Informação

66
O CBG e a Biblioteca Escolar

A Biblioteconomia vem se constituindo como área de formação de


profissionais que têm seu mercado de trabalho convencional delimitado
desde a criação das primeiras bibliotecas na Antiguidade. Ao longo dos
tempos, elas foram se segmentando em diferentes tipos: públicas,
universitárias, escolares, especiais, especializadas. Porém, mesmo com a
alteração no ambiente das bibliotecas, os cursos continuaram oferecendo
ensino generalista, deixando de contemplar preparação específica, nas
suas grades curriculares, para atuação em alguns dos segmentos
discriminados, como os das bibliotecas públicas e das escolares.
Em função da preparação precária dos estudantes para atuar nestes
nichos de mercado, criou-se um círculo vicioso, no qual os profissionais
não buscam empregos nestes espaços e, por sua vez, os empregadores
não lhes ofertam oportunidades de trabalho, muitas vezes até por
desconhecerem as atividades que os mais bem formados poderiam
realizar. Esta situação foi se agravando no País e o mercado foi se
acomodando, empregando leigos para atuar nessas bibliotecas.
Para evitar o uso deste subterfúgio, muitos esforços são aplicados
pelos Conselhos Regionais de Biblioteconomia, na fiscalização das
bibliotecas brasileiras, mas ainda são detectados muitos postos ocupados
por pessoas sem a formação adequada para exercer plenamente a função
que esses cargos requerem.
Outro fator a ser considerado nessa análise é a atuação do governo
brasileiro, que nos últimos anos foi impulsionada pela sociedade a agir
sobre a questão das bibliotecas públicas e das escolares, lançando
programas como o denominado Livro Aberto, o qual tem o objetivo maior
de zerar o déficit de municípios sem bibliotecas.
No caso das bibliotecas escolares, o cenário é bem similar, pois na
falta de bibliotecários especializados, atuam neste setor professores em
desvio de função, ou até mesmo outros profissionais sem nenhuma
formação para o desenvolvimento das atividades requeridas para
complementar a educação infantil e juvenil.

67
Impulsionado por este ambiente desfavorável e alinhado com as
recentes ações governamentais25, o CBG oferece regularmente a disciplina
Gestão de Bibliotecas Escolares, com a finalidade de preparar profissionais
para atuar neste segmento com a devida competência para exercer as
atividades demandadas pelo público infanto-juvenil.
Os tópicos da ementa desta disciplina são discriminados a seguir:
• Caracterização da Biblioteca Escolar;
• Adequação do bibliotecário ao perfil dos usuários;
• Integração biblioteca-escola-comunidade;
• Recursos, atividades e divulgação;
• Legislação da biblioteca escolar;
• Responsabilidade do bibliotecário no ensino, na aprendizagem e na
pesquisa escolar;
• Dinâmica das atividades-fim da biblioteca escolar;
• A biblioteca escolar como laboratório de aprendizagem;
• Atividades educacionais e culturais;
• Literatura infanto-juvenil.
Como objetivos a referida disciplina apresenta:
OBJETIVO GERAL:
Desenvolver, nos alunos, competências e habilidades que deverão
estimular seu interesse para atuar em Bibliotecas Escolares (BE), a fim de
que se sintam capazes de promover o acesso à informação para a
população jovem (infantil e infanto-juvenil) inserida no contexto escolar
brasileiro.

25
Iniciativa do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) sobre o segmento das
bibliotecas escolares foi a sanção da Lei no 12.444/10, de autoria do deputado federal
pelo estado de São Paulo, Lobbe Neto, que determina a instalação de bibliotecas em
todas as instituições de ensino do país, incluindo públicas e privadas, até 2020. Esta lei
que foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 24 de maio de 2010, e
publicada no Diário Oficial da União (DOU), de 25 maio 2010, Seção 1, p. 3, exige que
cada biblioteca deve ter, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, prevendo ser
atendida no prazo máximo de dez anos e, ainda, que a criação dessas bibliotecas esteja,
compatibilizada com a Lei 4.084, de 30/06/1962, que rege a profissão de bibliotecário.

68
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Destacar a importância do papel da BE dentro da instituição
educacional, para consecução dos objetivos educacionais;
• Fornecer aos alunos informações relativas à nova configuração das
BE no âmbito da Sociedade da Informação, contribuindo para o
fomento das discussões relativas ao tema;
• Observar, analisar e sistematizar o trabalho da BE, da sua gestão,
desenvolvimento e avaliação dos serviços, no âmbito da Escola;
• Favorecer a mudança das práticas profissionais na Gestão da BE,
dignificando este espaço dentro da comunidade escolar;
• Promover atividades de animação que coloquem a BE no centro da
vida cultural da escola;
• Ressaltar a importância da divulgação do trabalho de uma BE.
O método empregado na disciplina inclui além das aulas expositivas
sobre os tópicos apresentados na ementa, palestras e mesas redondas
integradas por especialistas no tema de BE e de Literatura Infantil e,
ainda, visitas técnicas a Bibliotecas Escolares do Rio de Janeiro (públicas,
privadas e confessionais).

Primeiros Resultados

Após a oferta dessa disciplina, já foram desenvolvidas as seguintes


atividades relacionadas ao tema de Bibliotecas Escolares:

a) Implementação de um projeto de pesquisa – está sendo formado


um grupo de estudo sobre o tema para a operacionalização da
pesquisa de campo;
b) Realização de uma aula – via Skype – ministrada por uma
bibliotecária brasileira que atua em uma BE americana, na Flórida,
para divulgar as atividades realizadas e, ainda, a atuação do
bibliotecário escolar;
c) Criação da Rede de Bibliotecas Escolares do Rio de Janeiro – o
primeiro encontro já foi realizado, em 2010;

69
d) Ofertas de estágios estão sendo disponibilizadas para alunos do CBG
em bibliotecas escolares;
e) Participação de alunos e professores em eventos que focalizam o
tema de Bibliotecas Escolares;
f) Elaboração de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) – três em
2010 e dois em 201126;
g) Alunos do CBG estão sendo empregados em Bibliotecas Escolares do
estado do Rio de Janeiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O entendimento da necessidade do Brasil buscar maior inserção na


economia mundial faz com que se procure encontrar saídas estratégicas
para atingir este objetivo. O exemplo de países como a China e a Coréia,
que galgaram patamares surpreendentes no ranking econômico
internacional, nos últimos anos, investindo enfaticamente na educação de
seu povo, corrobora a idéia de que “a educação é o mais vital de todos os
recursos” (SCHUMACHER, 1977, p. 67).
As iniciativas desenvolvidas pelo CBG, alinhadas com as ideias de
Schumacher, estão provocando efeitos multiplicadores, visto sua
influência em outros professores do CBG, que começam a se interessar
pelo tema de Bibliotecas Escolares, engajando-se em eventos, cursos etc.
sobre o tema.
Espera-se, por fim, que essas práticas venham influenciar
professores de outros cursos brasileiros de formação de bibliotecários e
que a oferta regular dessa disciplina se configure como uma estratégia
que poderá provocar alterações no cenário desfavorável, anteriormente
descrito e que também possa vir a elevar o reconhecimento da
importância da BE na formação dos cidadãos brasileiros.

26
No Apêndice são apresentados os resumos dos TCC já desenvolvidos no CBG.

70
REFERÊNCIAS

CALDIN, C.F. et al. Os 25 anos do ensino da Biblioteconomia na UFSC.


Encontros Bibli: Revista de Biblioteconomia e Ciência da Informação,
Florianópolis, n. 7, abr. 1999.

MARENGO, Lucia. A sociedade da informação e o mercado de trabalho.


Transinformação, Campinas, v. 8, n.1, p.112-143, jan./abr. 1996.

MASON, Richard O. What is an information professional? Journal of


Education for Library and Information Science, v. 31, n. 2, p. 122-
138, 1990.

OLIVEIRA, Silas Marques de. Correlação entre atuação de gerentes de S.I.


e aspectos gerenciais considerados importantes. Transinformação,
Campinas, v. 12, n. 2, p. 29-50, jul./dez. 2000.

PROPOSTA político-pedagógica de implantação do curso de


biblioteconomia e gestão de unidades de informação (CBG/UFRJ). Rio de
Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005. 45 f.

RUSSO, M. As bibliotecas universitárias no cenário brasileiro. Revista


CFB, Brasília, DF, ano 2, n. 1, p. 3, maio 2003.

RUSSO, M. Fundamentos de Biblioteconomia e Ciência da


Informação. Rio de Janeiro: E-Papers, 2010. (Coleção Biblioteconomia e
Gestão de Unidades de Informação. Série Didáticos, v. 1).

SCHUMACHER, E. F. O negócio é ser pequeno: um estudo de economia


que leva em conta as pessoas. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

SOUZA, Francisco das Chagas. Contexto do ensino de Fundamentos


Teóricos de Biblioteconomia na UFSC. Encontros Bibli: Revista de
Biblioteconomia e Ciência da Informaçã, Florianópolis, n. 12, dez. 2001.

TARAPANOFF, Kira. Perfil do profissional da informação no Brasil.


Brasília, DF: IEL/DF, 1997. 134p.

71
Apêndice – Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) elaborados no CBG

SANTOS, Rayane Gesta Puget. A importância das bibliotecas


escolares nas instituições de ensino, como um espaço para o
aprendizado. 2011. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de
Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação, Faculdade de
Administração e Ciências Contábeis, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2011.

Aborda a importância da Biblioteca Escolar nas instituições de ensino,


como um espaço para o aprendizado, além da sala de aula, tendo como
base conceitos de Biblioteca Escolar, onde são definidos padrões como:
boa infraestrutura, acervo atualizado, espaço físico, ambiente confortável,
importância do profissional bibliotecário à frente da instituição. Mostra o
diferencial positivo que se tem com a presença do bibliotecário,
competente em informação, destacando sua posição como agente
transformador nas escolas, para auxiliar no ensino, juntamente com os
professores, promovendo o desenvolvimento dos alunos-usuários. Aponta
atividades de Competência em Informação, que podem ser realizadas nas
bibliotecas, com o objetivo de desenvolver nos alunos habilidades
informacionais, despertando-lhes o interesse em frequentar a biblioteca.
Utilizou-se a pesquisa exploratória como metodologia tendo como
instrumento um formulário, baseado nos indicadores do Grupo GEBE, da
UFMG, em quatro diferentes tipos de bibliotecas escolares, buscando
levantar – mediante a técnica de observação direta - se são realizadas,
pelos bibliotecários, atividades de competência em informação e em que
consistem as mesmas. Os resultados obtidos confirmam a importância de
uma boa relação entre bibliotecário e professor, e que, com ações
conjuntas ou com apenas o incentivo da comunidade escolar, os alunos e
todos os profissionais são beneficiados.

Palavras-chave: Biblioteca escolar. Bibliotecário escolar. Competência


em informação

SILVA, Rita de Cassia Renovato da. Indicadores para Bibliotecas


Escolares: um estudo de caso da Biblioteca Escolar do Colégio de
Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp/UFRJ). 2011. 28
f. Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação,
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis. Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2011.

Estudo de caso em que se compara a estrutura e a organização da


biblioteca do CAp/UFRJ com os indicadores discriminados no documento
elaborado pelo GEBE/UFMG, cujo objetivo é apresentar um embasamento
para a criação de bibliotecas escolares brasileiras. Esses indicadores
representam os níveis a serem alcançados para a criação e avaliação das

72
BE. O estudo da biblioteca do CAp teve como finalidade verificar se a
mesma está de acordo com os parâmetros, ou caso não esteja, se
pretende alcançá-los. Os resultados obtidos, por meio das técnicas de
estudo de caso e observação direta, na comparação com os indicadores do
GEBE, constataram que os indicadores dessa biblioteca se encontram mais
para o nível básico do que para o exemplar, considerando-se que a
qualidade principal a ser alcançada é que ela seja uma biblioteca mais
dinâmica, principalmente no que diz respeito ao seu contato com os
demais projetos desenvolvidos na escola.

Palavras-chave: Bibliotecas escolares; Parâmetros de avaliação;


Indicadores de qualidade.

FERREIRA, Kizzy da Trindade Silva. O mercado de trabalho das


bibliotecas escolares e a atuação dos bibliotecários. 2010. 32 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação). Curso de Biblioteconomia e
Gestão de Unidades de Informação. Faculdade de Administração e
Ciências Contábeis. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 2010.

Pesquisa bibliográfica observando o mercado de trabalho do profissional


bibliotecário nas bibliotecas escolares. A pesquisa tem como foco três
temas centrais: Biblioteca Escolar, Competência em Informação e Mercado
de Trabalho. Aborda a importância da Competência em Informação para
os bibliotecários escolares no desenvolvimento de suas atividades e na
formação crítica e intelectual de crianças e jovens. Ressalta a divulgação
da nova lei federal, que preconiza a questão dos postos das bibliotecas
escolares serem ocupados por bibliotecários. Apresenta a hipótese de que
os bibliotecários não são estimulados a atuarem no segmento das
bibliotecas escolares. Foi elaborado um questionário com doze questões e
aplicado a bibliotecários escolares de dez escolas da cidade do Rio de
Janeiro, a fim de comprovar a hipótese levantada no presente estudo.

Palavras-chave: Biblioteca escolar; Mercado de trabalho; Competência


em informação.

GUIMARÃES, Flaviane Ramos Fernandes. A influência da biblioteca


escolar na formação educacional de alunos: um estudo em
bibliotecas escolares da cidade do Rio de Janeiro. 2010. 36f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação). Curso de Biblioteconomia e Gestão de
Unidades de Informação. Faculdade de Administração e Ciências
Contábeis. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2010.

73
Estudo sobre o papel educacional da biblioteca escolar e sua importância
na formação dos alunos para a participação no cenário educacional.
Apresenta os principais objetivos inerentes à biblioteca escolar e como
esta se insere no ambiente educacional. Analisa a maneira como o
profissional bibliotecário pode trabalhar em parceria com os professores
para a formação educacional de alunos, ao realizar atividades diretamente
com eles, procurando despertar o prazer pela leitura, o pensamento
crítico, a prática da pesquisa escolar e a busca pela informação e
conhecimento. Sugere como deve ser o perfil do bibliotecário escolar e a
nova Lei da Biblioteca Escolar. Disponibiliza o questionário utilizado nas
dez bibliotecas escolares selecionadas e os resultados.

Palavras-chave: Biblioteca escolar; Bibliotecário escolar; Atividades


pedagógicas.

SANTOS, Alessandra Alves dos. A visibilidade do tema biblioteca


escolar em periódicos eletrônicos da área de Biblioteconomia e
Ciência da Informação, 2010. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação). Curso de Biblioteconomia e Gestão de Unidades de
Informação. Faculdade de Administração e Ciências Contábeis,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.

Ressalta a importância de disseminar o tema Biblioteca Escolar (BE) em


periódicos eletrônicos das áreas de Biblioteconomia e Ciência da
Informação verificando se a questão das ações pedagógicas praticadas
nessas instituições de ensino está inserida nos artigos levantados. Destaca
o papel do periódico para divulgar e disseminar o conhecimento científico,
contribuindo para promover a visibilidade das áreas do conhecimento. A
metodologia adotada consiste na análise de sete revistas das áreas de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, com vistas a selecionar artigos
que abordam o tema BE. Conclui-se que são publicados poucos trabalhos
sobre o tema nesses periódicos, o que dificulta a troca de informação
entre os profissionais que atuam nesse ambiente. Os artigos recuperados
demonstram que os bibliotecários estão cientes do papel da BE no auxílio
às ações pedagógicas das instituições de ensino.

Palavras-chave: Biblioteca escolar; Periódico científico; Periódico


eletrônico.

74
EXPERIÊNCIAS EM BIBLIOTECAS ESCOLARES DE
LONDRINA – PARANÁ

EXPERIENCES IN SCHOOL LIBRARIES IN


LONDRINA – PARANÁ, BRAZIL

Ivone Guerreiro Di Chiara27

Sueli Bortolin 28

Apresenta um histórico dos projetos, das pesquisas e publicações sobre


biblioteca escolar, realizadas no âmbito da Universidade Estadual de
Londrina (UEL). Enfatiza atividades e iniciativas promovidas na cidade,
entre elas: pesquisas científicas; eventos; trabalhos acadêmicos e
publicações; atividades de extensão; atividades de formação profissional.
Descreve a Rede de Bibliotecas Escolares da Prefeitura do Município de
Londrina. Ressalta a necessidade de mudança de comportamento das
autoridades locais, de modo a compreenderem a biblioteca escolar como
um subsistema da escola que precisa ser valorizado. Conclui que
mudanças são necessárias visando ao aprimoramento das bibliotecas
escolares em questão.

Palavras-chave:
Bibliotecas escolares – Universidade Estadual de Londrina; Bibliotecas
escolares e Educação; Bibliotecas escolares – projetos; Bibliotecas
escolares – pesquisas e publicações.

This paper describes projects, research and publications on school library,


undertaken under the Londrina State University, in the city of Londrina,
Brazil. It emphasizes activities and initiatives undertaken in the city,

27
Professora no Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de
Londrina
28
Professora no Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual de
Londrina

75
including: scientific research, events, publications and academic papers;
extension activities, training activities. It depicts the School Library
Network of the City of Londrina. It emphasizes the need that local
authorities change their attitude in relation to school libraries, in order to
understand them as subsystems of the school that need to be valued. It
concludes that changes are needed in order to improve the city’s school
libraries.

Keywords:
School libraries - State University of Londrina; School Libraries and
Education; School libraries - projects; School libraries - research and
publications.

INTRODUÇÃO

O convite para apresentar no 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca


Escolar as publicações e pesquisas em torno da biblioteca escolar
realizadas no âmbito da Universidade Estadual de Londrina (UEL), nos fez
resgatar projetos, disseminações e iniciativas promovidas em nossa
cidade.
Nessa oportunidade comentamos que em 1989 as professoras do
curso de Biblioteconomia: Graça Maria Simões Luz, Ivone Guerreiro Di
Chiara e Yara Maria Prazeres pretendiam criar um sistema de bibliotecas
escolares no Estado do Paraná (SIBEPAR). Esse projeto foi apresentado à
Comissão Estadual do Livro da Secretaria de Educação do Paraná.
Lamentavelmente, apesar de ser um projeto bem elaborado que
considerava a situação real do Paraná, informamos que o projeto não foi
implantado em decorrência de mudança de governo e até a atualidade
nosso Estado não possui um sistema de bibliotecas escolares, mas apenas
iniciativas esparsas, apoiadas na boa vontade de profissionais da
educação, com presença ínfima de bibliotecários.

76
Não existe o cargo de bibliotecários nas escolas estaduais do
Paraná. Em geral, os bibliotecários que atuam nas bibliotecas escolares,
ocupam cargos administrativos, com salários nada animadores. Temos
notícias ainda de professores que foram retirados de sala de aula por
estarem doentes, estressados, depressivos e alocados em bibliotecas
escolares, ou seja, o professor não tem condições de atender uma turma
de alunos de 40 alunos, mas pode trabalhar com todos os discentes da
escola.
Pela inexistência de dados não é possível fazer estimativa dos
egressos do curso de Biblioteconomia da UEL que atuam nas bibliotecas
escolares estaduais; informaremos apenas que o número de escolas
estaduais de Londrina que contam com bibliotecários chega a seis, sendo
que uma delas tem dois profissionais, totalizando sete profissionais.
Em seguida apresentaremos as iniciativas em prol da biblioteca
escolar em Londrina utilizando as seções: pesquisa científica; eventos;
trabalhos acadêmicos e publicações; atividades de extensão; atividades
de formação profissional e Rede de Bibliotecas Escolares da Prefeitura do
Município de Londrina.

AÇÕES

Pesquisa Científica

Iniciamos essa seção relatando que na década de 80 realizou-se,


sob a coordenação da profa. Mary Stela Muller, uma pesquisa que teve
como campo empírico as escolas públicas de Londrina e como população
os professores. Concluída em 1986, denominou-se Caracterização dos
professores de 1º. e 2º. grau das escolas públicas de Londrina como
agentes de integração entre a informação e as atividades de ensino.
Também temos registro que em 1985, uma professora do então
departamento de Biblioteconomia da Universidade Estadual de Londrina,
Maria Aparecida E. Madureira defendeu na Pontifícia Universidade Católica

77
de Campinas a dissertação: “A biblioteca escolar na rede estadual de
ensino de 1º grau do Paraná; diagnóstico e avaliação”. Possivelmente, o
primeiro trabalho de pesquisa de docentes do departamento tendo como
locus de pesquisa as bibliotecas escolares.
Atualmente, o único projeto do departamento de Ciência da
Informação que tem como seu principal enfoque a biblioteca escolar é o
projeto intitulado: A Oralidade na Mediação da Informação, da Literatura e
da Memória, que tem como objetivo: construir um corpus teórico a
respeito das mediações seja ela informacional, da leitura, da literatura na
perspectiva da oralidade, visando provocar no bibliotecário em serviço29
reflexões sobre seu fazer cotidiano e a sua memória pessoal e
institucional. Esse projeto iniciou-se em 2011 tendo como motivação a Lei
no. 12.244 “Universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do
País”. É coordenado pela Profa. Sueli Bortolin tendo como colaboradores
externos o Prof. Oswaldo Francisco de Almeida Júnior e a bibliotecária Ana
Lúcia Antunes de Oliveira Bicheri. Além disso, participam do projeto os
docentes do departamento de Ciência da Informação, Luciane de Fátima
Beckman Cavalcante e Richele Grenge Vignoli.

a) Procedimentos

Serão sujeitos dessa pesquisa 17 bibliotecários das bibliotecas


escolares do ensino fundamental particular do município de Londrina.
Como procedimentos de pesquisa foram planejados as ações
elencadas a seguir:
- Visitas de observação nas escolas de ensino fundamental particular de
Londrina que tem bibliotecários em seu quadro de funcionários. Essas
visitas ainda estão em andamento, sendo que já foram realizadas em três
escolas;
- Encaminhamento de um formulário por e-mail composto de
problematizações que ocorrem na biblioteca escolar contendo um espaço

29
Bibliotecário em serviço - profissionais atuando em bibliotecas.

78
para os bibliotecários proporem soluções; Esse instrumento está sendo
construído na medida em que as visitas estão sendo feitas;
- Utilizando a metodologia colaborativa serão realizadas reuniões e
eventos para e com os bibliotecários das referidas bibliotecas.
A justificativa para a escolha dessa metodologia deve-se a
concordância da coordenadora com o pensamento de Perrotti e Pieruccini
(2007, p. 64-65) quando afirmam que as

[...] concepções e procedimentos metodológicos não-ortodoxos [...]


inscrevendo nossos trabalhos numa perspectiva construtivista que
ultrapassavam a divisão rígida, estanque e hierarquizada entre
observação e participação, entre saberes formais e saberes da ação,
fazeres científicos e fazeres empíricos, experimento e ação,
laboratório e serviço, pesquisa e extensão.

As expectativas iniciais para esse Projeto é de que haverá uma


aproximação dos pesquisadores com os bibliotecários em serviço, sendo
possível investigar e avaliar tanto os saberes quanto os fazeres desses
dois atores.
O resultado esperado no decorrer do Projeto é de que, futuramente,
as reflexões e propostas oriundas dele possam provocar mudanças no
cotidiano daqueles que trabalham e utilizam as bibliotecas escolares.

Eventos

a) Organização de eventos em Londrina


- Minicurso “Fazeres Cotidianos na Biblioteca Escolar” (2006);
- Biblioteca Escolar em Evidência (novembro 2011);

b) Participação em evento como palestrante

79
- I Colóquio Internacional Bibliotecas Escolares e Laboratórios de
Informática em Meios Escolares – Brasil e França (Unesp/Marília/São
Paulo) (setembro 2012).

c) Previsão de organização de eventos


- Seminário: Saberes e Práticas de Leitura na Escola e na Biblioteca
Escolar (outubro 2012).

Trabalhos Acadêmicos e Publicações


a) Docentes da UEL

1985
MADUREIRA, Maria Aparecida Elke. A biblioteca escolar na rede
estadual de ensino de 1º. grau do Paraná: diagnóstico e avaliação.
1985. 134f. Dissertação (Mestrado em Biblioteconomia) – Pontifícia
Universidade Católica de Campinas, Campinas, 1985.

1986
HERECK, Aglaé Fierli. Sucesso escolar x uso de bibliotecas. 1986. 67f
Monografia (Especialização em Metodologia do Ensino Superior) –
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 1986.

1996
CRUZ, Vilma Aparecida Gimenes; GONDO, Teresinha J. F. Treinamento de
professores da área de Comunicação e Expressão, em atividades de
leitura: relato de experiência. Semina. Ciências Sociais e Humanas,
Londrina, v. 17, n. 3, p. 350-353, 1996.

1999
OLIVEIRA, Sonia Maria Marques de; MORENO, Nádina Aparecida; CRUZ,
Vilma Aparecida Gimenes. Diagnóstico da pesquisa escolar, no curso de
5ª. a 8ª. série do 1º grau, nas escolas de Londrina – Paraná.

80
Informação & Informação, Londrina, v. 4, n. 1, p. 37-50, jan./jun.
1999.

b) 2 Alunos e egressos da UEL

1997
MALAGOLINI, Aparecida. Relacionamento biblioteca-educando:
propostas de educação e treinamento de usuários. 32f. Monografia (Curso
de Especialização em Metodologia da Ação docente ) – Universidade
Estadual de Londrina, 1997.

1999
BICHERI, Ana Lúcia Antunes de Oliveira. A Biblioteca escolar no processo
de ensino-aprendizagem: uma experiência. Ensaios APB, São Paulo, n.
66, 1999.

2001
SILVA, Rovilson José da. Proposta para o desenvolvimento da Hora do
Conto nas bibliotecas escolares da rede municipal de ensino de Londrina.
In: SEMINÁRIO EM CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO, 2001, Londrina. Anais...
[s. L.]: [s. n.], 2001.

2002
SANBUDIO, Mônica. Qualidade no atendimento em biblioteca
escolar: a situação do Colégio Vicente Rijo. 2002. Monografia
(Especialização em Gerência de Unidades de Informação) - Universidade
Estadual de Londrina, 2002.

2003
TANZAWA, Elaine C. L. Contribuições da biblioteca Abrahan Lincon
do Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos no processo de ensino

81
aprendizagem do idioma inglês como língua estrangeiras: um
diagnóstico. 2003. 115f. Monografia (Especialização em Informação,
Conhecimento e Sociedade) – Universidade Estadual de Londrina, 2003.

ELLWEIN, Selma A. Ferreira. Pesquisa escolar; aprendizagem ou engodo?


Revista Pedagógica, Chapecó, v. 4, p. 29-42, 2003.

2004
BORTOLIN, Sueli; MARTINS, Elizandra. O bibliotecário escolar afinando o
foco na leitura. In: SIMPÓSIO DE ESTUDOS SOBRE LINGUAGEM E
SIGNIFICAÇÃO; SIMPÓSIO DE LEITURA DA UEL, 4., 2004, Londrina.
Anais... [S. l.]: [s. n.], 2004.

c) Livros e capítulos publicados

2006
SILVA, Rovilson José da; BORTOLIN, Sueli. Fazeres cotidianos na
biblioteca escolar. São Paulo: Polis, 2006. Esgotado.

Capítulos deste livro que abordam a biblioteca escolar

- Reflexões sobre a leitura e a biblioteca escolar


Rovilson José da Silva e Sueli Bortolin

- Information literacy: uma proporção expressiva para a biblioteca escolar


Solange Palhano de Queiroz

- Bibliotecário escolar: seu perfil, seu fazer


Oswaldo Francisco de Almeida Júnior

- O espaço de mediação de leitura na biblioteca escolar

82
Elizandra Martins

- A leitura e o prazer de estar na biblioteca escolar


Sueli Bortolin
- Formar leitores na escola
Rovilson José da Silva

- Pesquisa escolar e o enfadonho exercício de cópia: como separar o trigo


do joio?
Selma Alice F. Ellwein

- Pesquisa escolar: entre o modelo educacional e a liberdade da pesquisa


Oswaldo Francisco de Almeida Júnior

- Pesquisa escolar na internet


Ana Lúcia A. O. Bicheri e Selma Alice F. Ellwein

2006
BARROS, Maria Helena T.C. de; BORTOLIN, Sueli; SILVA, Rovilson José
da. Leitura: mediação e mediadores. São Paulo: FA, 2006.

Capítulos deste livro que abordam a biblioteca escolar

SILVA, Rovilson José da. A hora do conto na escola: paradoxos e desafios.


In: BARROS, Maria Helena T.C. de; BORTOLIN, Sueli; SILVA, Rovilson
José da. Leitura: mediação e mediadores. São Paulo: FA, 2006. p. 89-
106.

SILVA, Rovilson José da; BORTOLIN, Sueli. Das prateleiras à mãos. In:
BARROS, Maria Helena T.C. de; BORTOLIN, Sueli; SILVA, Rovilson José
da. Leitura: mediação e mediadores. São Paulo: FA, 2006. p. 75-87.

83
BORGES, Silvia Bortolin; BORTOLIN, Sueli. Hora da história: toda criança
merece. In: BARROS, Maria Helena T.C. de; BORTOLIN, Sueli; SILVA,
Rovilson José da. Leitura: mediação e mediadores. São Paulo: FA, 2006.
p. 139-145.

2006
SILVA, Rovilson José da. O professor mediador de leitura na
biblioteca escolar da rede municipal de Londrina: formação e
atuação. 2006. 231f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de
Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2006.

2007
MARTINS, Elizandra. A revitalização das bibliotecas escolares de rede
municipal de ensino: espaços de mediação da leitura. Revista
Consciência Regional, v. 1, p. 63-82, 2007.

2008
BICHERI, Ana Lúcia Antunes de Oliveira. A mediação do bibliotecário
na pesquisa escolar face a crescente virtualização da
informação. 2008. 197f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia
e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2008.

2009
ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de; BORTOLIN, Sueli. Bibliotecário:
um essencial mediador de leitura. In: SOUZA, Renata Junqueira de (Org.).
Biblioteca escolar e práticas educativas: o mediador em formação.
Campinas: Mercado de Letras, 2009. p. 205-218.

SILVA, Rovilson José da. Biblioteca escolar: organização e funcionamento.


In: SOUZA, Renata Junqueira de (Org.). Biblioteca escolar e práticas

84
educativas: o mediador em formação. Campinas: Mercado de Letras,
2009. p. 115-135.

Obs. O livro faz parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE).

SILVA, Rovilson José da. Biblioteca escolar e a formação de leitores:


o papel do mediador de leitura. Londrina: EDUEL, 2009.
2011
SILVA, Rovilson José da; BORTOLIN, Sueli. As diferentes cores de
chapeuzinho. In: REZENDE, Lucinea Aparecida (Org.). Leitura
infantojuvenil: abordagens teórico-práticas. Londrina: EDUEL, 2011.
p.23-40.

d) Previsão de publicação

2012
GOMES, Luciano Ferreira; BORTOLIN, Sueli. Biblioteca escolar e a
mediação da leitura. Revista Semina: Ciências Humanas, Londrina,
2012. Aguardando avaliação.

2013
BORTOLIN, Sueli. A Ética na Mediação da Leitura na Biblioteca Escolar.
Ensino Em Re-vista, Uberlândia. (Colóquio/Unesp Marília, 18 e 19 set.
2012). Aguardando publicação.

BORTOLIN, Sueli; SILVA, Rovilson José da. Biblioteca escolar: Ciência


da Informação e Pedagogia. Título provisório.

Atividades de Extensão

Encontra-se em fase de tramitação, sob a coordenação do Prof.


Rovilson José da Silva (Departamento de Educação/UEL propôs) o projeto

85
de extensão denominado “Formação do Mediador de Leitura: diálogos e
orientação pedagógica”. Esse projeto tem como proposta inicial de
atuação os seguintes espaços: as duas unidades do Colégio de Aplicação
da Universidade Estadual de Londrina, Instituto Estadual de Educação de
Londrina e a Rede de Bibliotecas Escolares do Município de Londrina
(Palavras Andantes). Há pretensão do Departamento de Ciência da
Informação, especialmente com o Laboratório de Tecnologia – LabFree.

Atividades de Formação Profissional

Motivados pela Lei no. 12.244 o Departamento de Ciência da


Informação criou em 2012 o Curso de Especialização em Gestão de
Biblioteca Escolar. O corpo docente é composto por 13 professores do
Departamento de Ciência da Informação: Adriana Rosecler Alcará
Engelmann, Ana Cristina Albuquerque, Ivone Guerreiro di Chiara, Leticia
Gorri Molina, Maria Aparecida Lopes, Maria Elisabete Catarino, Maria Inês
Tomaél, Maria Júlia Giraldes Carneiro, Rogério Paulo Müller Fernandes,
Rosane S. Alvares Lunardelli, Sueli Bortolin, Thaís Batista Zaninelli e
Rovilson José da Silva do departamento de Educação.
Nesse curso está previsto para março 2013 a defesa pública das
seguintes monografias:

QUADRO 1 - Monografias em Andamento


Títulos Alunos
Estudo da Implantação da Gestão da Qualidade Aline Andreaça dos
em Biblioteca Escolar Santos
Bibliotecário, Pesquisa e Conhecimento Claudinéia Aparecida
Bertin
A biblioteca escolar, o bibliotecário e a Lei Conceição Aparecida
1244/10 Tedesqui
Perspectivas do Programa Governamental PNBE Elaine Cristina de Souza

86
e as Bibliotecas Escolares da Rede Pública de Silva
Londrina
Critérios de Qualidade para avaliação de Fontes Elielsa Isabel da Silva
para Biblioteca Escolar
A linguagem não-verbal e a contação de Juliana Cristina
histórias nas escolas Gonçalves Meirelles
Proposta de Readequação Espacial e Leda Maria Araujo
Pedagógica da Biblioteca Escolar Abílio Codatto
Programas e Projetos Governamentais de Liliane C. S. Camargo
Incentivo à Leitura: impacto dessas ações na
atuação do bibliotecário
A competência informacional dos alunos pré- Luciana dos Santos
vestibulandos das escolas estaduais de Rolân- Silva
dia, Prof. Francisco Villanueva e Souza Naves
Diários de Leitura com crianças de 7 anos Rociangela Fleuringer
Silva
O Serviço de Referência em Bibliotecas Escola- Rosângela Romero
res: experiências e possibilidades no uso de TIC Carriça
A Mediação da Literatura nas Bibliotecas Rubens Ramos de
Estaduais de Londrina: atuação do bibliotecário Miranda
A biblioteca escolar como agente de transfor- Tania Ap. Munhoz de
mação no ensino provocando mudanças na Lima
escola
Automação de Biblioteca Escolar: abordagem Viviane Gomes de
de softwares livres disponíveis no Brasil Alvarenga
Análise da Competência Informacional dos Alu- Silmara do Prado Silva
nos do Colégio de Aplicação Prof. Aloísio Aragão
Produção Científica sobre Biblioteca Escolar e Suzana Rodrigues
Leitura (2000-2012): estudo na base de dados
LISA
A Leitura Recreativa dos Adolescentes do Insti- Zineide Pereira dos

87
tuto Federal do Paraná – Campus de Paranavaí Santos

Rede de Bibliotecas Escolares da Prefeitura do Município de


Londrina

Nas escolas municipais de Londrina já existiam, há muito tempo, os


espaços de leitura, denominados de Salas de Leitura. A partir de sua
reestruturação, podemos afirmar que foi possível a criação de uma efetiva
Rede de Bibliotecas Escolares da Prefeitura do Município de Londrina. Essa
modernização teve como marco a idealização do projeto “Bibliotecas
Escolares: Palavras Andantes” coordenado pelo Prof. Rovilson José da
Silva, na época funcionário da referida Prefeitura.
O projeto tem como base quatro eixos principais: formação de
professores em literatura e leitura; reestruturação das bibliotecas
escolares; ampliação do acervo e inserção da biblioteca nas discussões
pedagógicas.
No decorrer desses anos o projeto recebeu alguns prêmios, entre
eles: Educação Ouro, concedido pela Universidade Estadual de Minas
Gerais (2005) e o primeiro lugar do Vivaleitura, na Categoria 2 – Escolas
públicas e privadas promovido pelo Ministério da Cultura (2008).

7.1 Projeto Palavras Andantes em Números

Período Esco- Número de Bibliotecas


las alunos*
2001 78 29.000 50 com funcionamento irregular, 1/3 fe-
chadas ou sem atender com regularidade
Atual- 80 31.000 75 bibliotecas/todas realizam a hora do
mente conto e emprestam livros para os alunos
* O Município atendia da pré-escola a 8ª série.

88
O projeto “Palavras Andantes” está sendo coordenado pela Profa.
Márcia Batista de Oliveira desde 2010.

Período Empréstimos Média por


(No. exemplares aluno
2002 72.248 2,4 livros/ano
2003 151.707 5,03 livros/ano
2004 285.329 9,5 livros/ano
2006 640.829 20,6 livros/ano
2007 630.050 19,8 livros/ano
2008 650.032 21,6 livros/ano

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com as informações expostas aqui, é possível concluir que, apesar


das iniciativas, nos últimos anos, ainda precisamos articular diferentes
projetos no âmbito do município de Londrina para que as bibliotecas
escolares cheguem a um patamar de qualidade aceitável. Além disso,
nossa Universidade, a única a oferecer o curso de Biblioteconomia no
Estado do Paraná, na medida de suas possibilidades, precisa apoiar
empresas, instituições e ONGs que estejam envolvidas com o
aprimoramento das bibliotecas escolares.
No entanto, entendemos que as mudanças necessárias a esse
cenário pouco animador não dependem apenas de bibliotecários e
docentes da área mas, das autoridades, que precisam entender que a
biblioteca é parte da escola e, como os professores, também precisa ser
valorizada e seus profissionais remunerados de forma digna.

89
REFERÊNCIAS

BORTOLIN, Sueli. A oralidade na mediação da informação, da


literatura e da memória. Londrina: UEL, 2011. Projeto de Pesquisa.

PERROTTI, Edmir; PIERUCCINI, Ivete. Infoeducação: saberes e fazeres da


contemporaneidade. In: LARA, Marilda Lopes Ginez de; FUJINO, Asa;
NORONHA, Daisy Pires (Org.). Informação e contemporaneidade:
perspectivas. Recife: Néctar, 2007. p. 46-95. Disponível em:
<http://www.pos.eca.usp.br/sites/default/files/file/cienciaInformacao/info
rmacaoContemporaniedade.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2010.

PRÊMIO Vivaleitura 2008: projeto de leitura bibliotecas escolares –


Palavras Andantes. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/
site/2008/11/14/premio-vivaleitura-2008/>. Acesso em: 10 jun. 2012.

SILVA, Rovilson José da. Formação do mediador de leitura: diálogos e


orientação pedagógica. Londrina: UEL, 2012. Projeto de Extensão.

90
ESPECIALIZAÇÃO EM BIBLIOTECAS ESCOLARES E
ACESSIBILIDADE: CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
LATO SENSU EM EAD

SPECIALIZATION COMPUTER-MEDIATED
DISTANCE LEARNING COURSE ON SCHOOL
LIBRARIES: THE EXPERIENCE OF THE SCHOOL OF
LIBRARY SCIENCE AND COMMUNICATION OF
FEDERAL UNIVERSITY OF RIO GRANDE DO SUL,
BRAZIL
Eliane L. da Silva Moro30

Lizandra Brasil Estabel31

Relato sobre curso de extensão lato sensu, ofertado na modalidade


Educação Aberta e a Distância (EAD) e mediada por computador, sob a
responsabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através
da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação e do Departamento de
Ciências da Informação. Conclui que, superando os resultados esperados,
o curso de Especialização em Bibliotecas Escolares e Acessibilidade
propiciou a troca de experiências, de projetos de trabalho, o
compartilhamento, a cooperação, a colaboração e a interação em
atividades de aprendizagem e de novos conhecimentos. Outro benefício
decorrente do curso refere-se à formação diferenciada adquirida pelos
profissionais que o cursaram, o que refletirá na melhoria da qualidade das
30
Doutora e Mestre em Educação (PPGEDU/UFRGS). Especialista em Informática na
Educação (FACED/UFRGS). Bacharel em Biblioteconomia (FABICO/UFRGS). Licenciada
em Letras (UPF).Professora do Curso de Biblioteconomia do DCI/FABICO/UFRGS.
Coordenadora e Professora do Curso de Especialização em Bibliotecas Escolares e
Acessibilidade (EBEA/FABICO/UFRGS). Vice-coordenadora do Grupo de Pesquisa
LEIA(Leitura, Informação e Acessibilidade)–UFRGS;IFRS;CNPq. Coordenadora Substituta
da COMEX/ FABICO/UFRGS. Membro da COMPESQ/FABICO/UFRGS.
31
Doutora em Informática na Educação (PGIE/UFRGS). Bacharel em Biblioteconomia
(FABICO/UFRGS). Professora e Coordenadora do Curso Técnico em Biblioteconomia do
Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) - Câmpus Porto Alegre. Coordenadora
Pedagógica-Tecnológica e Professora do Curso de Especialização em Bibliotecas Escolares
e Acessibilidade (EBEA/FABICO/UFRGS). Coordenadora do Grupo de Pesquisa LEIA
(Leitura, Informação e Acessibilidade) – UFRGS; IFRS; CNPq. Editora da Revista Scientia
Tec.

91
bibliotecas escolares e na melhoria da educação básica, segundo as novas
tendências de aprendizagem baseada em tecnologia digital.

Palavras-chave:
Bibliotecas Escolares - Acessibilidade; Bibliotecas Escolares - Cursos de
Especialização a Distância; Bibliotecas Escolares - Educação a Distância;
Bibliotecas Escolares - Educação continuada; Bibliotecas Escolares e
Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Bibliotecas escolares -
Departamento de Ciências da Informação - Faculdade de Biblioteconomia
e Comunicação da UFRGS.

This paper describes the computer-mediated distance learning course on


School Libraries, developed under the responsibility of the Federal
University of Rio Grande do Sul, Brazil, through the School of Library
Science and Communication and the Department of Information Science.
The conclusion is that, exceeding the expected results, the Specialization
Course on School Libraries and Accessibility facilitated the exchange of
experiences, work projects, sharing, cooperation, collaboration and
interaction in learning activities and new knowledge. Another benefit
refers to the qualification acquired by different professionals that attended
the course, which will reflect in the improvement of the quality of school
libraries and of educational institutions, according to new trends of
learning with digital technology.

Keywords:
School Libraries - Accessibility; School Libraries - Specialization Distance
Learning Courses; SchoolLlibraries - Distance Education, School Libraries -
Continuing Education; School libraries - Federal University of Rio Grande
do Sul; School Libraries -Information Science Department, School of
Library Science and Communication, UFRGS.

92
INTRODUÇÃO

A Educação Aberta e a Distância (EAD) se caracteriza como uma


modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos
processos de ensino e aprendizagem se efetiva com o uso das Tecnologias
de Informação e de Comunicação (TICs), com a participação de
professores e alunos que realizam atividades de ensino e de aprendizagem
em lugares e tempos diversos, conforme determina o Decreto Nº 5.622,
de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o Art. Nº 80, da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) e define, no Art. 1º, a
Educação a Distância.

A proposta de elaboração do projeto e do oferecimento do Curso


de Especialização em Bibliotecas Escolares e Acessibilidade (EBEA) foi
alicerçada na EAD no sentindo de oferecer um Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA) que propicie a mediação, a construção coletiva, a
interação, o compartilhamento e as trocas entre professores X alunos e
alunos X alunos. As TICs facilitam a construção do conhecimento
permitindo o acesso às fontes de informação, o cruzamento de informação
de diferentes fontes e áreas, a comunicação em tempo real ou virtual com
outras pessoas e a disponibilização de meios rápidos e eficientes de
processamento da informação.

As bibliotecas escolares apresentam uma realidade de dicotomia


no cenário brasileiro pois, enquanto algumas se caracterizam como
dinâmicas, atuantes e participativas no processo pedagógico da instituição
educacional, outras se apresentam com acervos desatualizados e em
condições de precariedade, deficiência de mobiliário e equipamento, falta
de recursos humanos qualificados, espaço físico insuficiente para
acomodação dos usuários, entre outros. Nesse panorama brasileiro das
bibliotecas escolares, o Rio Grande do Sul se diferencia dos demais
Estados, através do Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares (SEBE)
presente na Constituição Estadual (Artigo 218), que prevê, dentre outras,

93
uma política de recursos humanos qualificados para atuar nas mesmas.
Vigora também a Lei Estadual Nº 8.884, de 09/11/1988, além da atual Lei
Federal Nº 12.244, de 24/05/2010, que dispõe sobre a universalização
das bibliotecas nas instituições de ensino do país. A biblioteca deve ser a
extensão da sala de aula e vice-versa, onde professores e bibliotecários
tenham como prioridade estimular o encantamento da leitura e o acesso à
informação em todos os espaços de vida dos alunos e onde professores,
bibliotecários e pedagogos atuem conjuntamente, sendo fundamental que
exista uma relação de colaboração e cooperação para que realmente a
biblioteca se torne o coração da escola.

No cenário das escolas, embora um significativo número disponham


das ferramentas tecnológicas para o ensino e a aprendizagem, preocupa
ainda, a falta de uma “ação pedagógica digital”, que propicie a articulação
dos atores (alunos, professores e bibliotecários) na comunidade escolar,
através do uso de informações que visam a construção de cidadania e
integração social. Um dos fatores que os atores deste cenário devem levar
em consideração é o papel que as TICs exercem como mediadoras do
processo de ensino e de aprendizagem, através do AVA, na estratégia
educativa em que dois ou mais sujeitos constroem seu conhecimento
através da discussão, da reflexão e da tomada de decisões. Os efeitos do
uso da informação compartilhada entre os educadores, os bibliotecários e
os alunos, pode encaminhar para uma rede integrada de comunicação,
permitindo o estabelecimento de novas relações entre os mesmos (inter-
relação de pessoas) e destes com a comunidade escolar.

O acesso à informação, a experimentação do AVA no ambiente da


biblioteca escolar, os novos papéis que os alunos, educadores e
bibliotecários assumem no processo de ensino e de aprendizagem, a
busca correta das fontes, entre outros, contribuirão para a aplicação de
metodologias do desenvolvimento da pesquisa escolar no Ensino
Fundamental e Médio, na busca de informação e de conhecimento,

94
otimizando o uso das TICs existentes na escola e contribuindo para o
benefício coletivo da comunidade.

Diante da realidade apresentada, a Universidade Federal do Rio


Grande do Sul (UFRGS), usando de sua competência para ofertar cursos
de extensão, formação, aperfeiçoamento e pós-graduação (lato sensu e
stricto sensu), através da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação
(FABICO) e do Departamento de Ciências da Informação (DCI) planejou e
realizou o Curso EBEA, de caráter lato sensu o primeiro nesta temática e
na modalidade EAD mediado por computador a ser ofertado no Brasil,
visando a atualização e a qualificação de bibliotecários e professores que
atuam em bibliotecas das instituições escolares.

A proposta do Curso de Especialização teve como objetivos


principais: qualificar e capacitar os profissionais no âmbito das bibliotecas
escolares; propiciar melhoria na qualidade da educação através da
educação continuada formando o perfil do bibliotecário-educador;
capacitar para a utilização de TICs, de uso da internet e da EAD mediada
por computador; instrumentalizar os participantes do Curso para que
propiciem o acesso à informação, a acessibilidade para todos, o uso das
TICs, a formação de leitores, o exercício da cidadania e da inclusão social,
educacional, digital e informacional à comunidade escolar para a
competência informacional; oportunizar a construção dos saberes e o
acesso ao conhecimento, contribuindo no processo de ensino e de
aprendizagem das instituições educacionais e qualificar para elaboração e
execução de projetos de bibliotecas acessíveis para a comunidade escolar
que propiciem a acessibilidade para todos.

A coordenação do Curso, inicialmente teve a preocupação de pensar


em uma identidade visual do EBEA a fim de identificar e padronizar todo o
material produzido, no suporte bibliográfico e eletrônico. Por isso foi
criado o logo (FIG. 1) e a página virtual (FIG. 2) no seguinte endereço:
http://www.ufrgs.br/fabico/ebea/

95
FIGURA 1 - Logo EBEA

FIGURA 2 - Página do Curso EBEA

O logo apresenta a imagem de um computador que faz uma


referência à imagem de um livro e tem na tela, a cor amarela,
representando a luz do conhecimento. A sigla EBEA finaliza com a letra
em forma de um mouse ligado à figura do computador-livro pelo fio
representando o acesso, a acessibilidade. A discussão e aprovação do
logo, desde a sua formatação, simbologia e cores teve a participação de
toda a equipe de trabalho do EBEA: coordenação, professores e tutores.

DESENVOLVIMENTO DO CURSO EBEA

O Curso se desenvolveu na modalidade EAD, mediada por


computador, estruturado em oito módulos, organizados em eixos
temáticos sendo quatro módulos presenciais e quatro em EAD, prevendo a
realização de atividades individuais e em grupos, síncronas e assíncronas,
no AVA TelEduc que se caracteriza como um ambiente de fácil utilização e
com melhor acessibilidade para leitores de telas (FIG. 3).

96
FIGURA 3 - Estrutura do AVA TelEduc

A carga horária do Curso EBEA foi de 555 horas/aula, com a


realização de 16 disciplinas, totalizando 37 créditos (FIG. 4). Seu início
ocorreu em julho de 2008 e a finalização das aulas em dezembro de 2009.
Em março de 2010 foram realizadas as apresentações dos Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCC) para avaliação das Bancas na modalidade
presencial e EAD, através de videoconferência, com a apresentação dos
participantes de outros Estados (Bahia, Rio de Janeiro, Paraíba, Santa
Catarina e dois municípios do interior do Rio Grande do Sul).

FIGURA 4 - Apresentação da Estrutura Curricular do Curso


EBEA

97
As avaliações das disciplinas ministradas em EAD, a apresentação
das disciplinas em EAD do módulo subsequente e a realização de
disciplinas presenciais e visitas foram realizadas na modalidade presencial,
tendo como local a FABICO/UFRGS. Além disso, foram desenvolvidas
dinâmicas de grupos, palestras com especialistas da área e visitas de
estudo a instituições focadas na temática das disciplinas ministradas:
Biblioteca da Escola Marista (Canela/RS), Biblioteca da PUCRS e Biblioteca
do Instituto Santa Luzia – POA/RS (FIG. 5 e 6).

FIGURAS 5 e 6 - Visita à Biblioteca da PUCRS e à Biblioteca do


Instituto S. Luzia

Os inscritos no Curso EBEA totalizaram 34 alunos, dos quais 26


concluíram os Módulos, sendo, na sua maioria, bacharéis em
Biblioteconomia e professores com graduação em áreas afins, exercendo
atividades profissionais em bibliotecas escolares e alguns em bibliotecas
universitárias. Pode-se destacar o baixo nível de evasão do Curso, sendo
que, os alunos desistentes apresentaram justificativas devido a problemas
de saúde e profissionais e, uma aluna, devido à aprovação em seleção
para o Doutorado em Portugal. A modalidade EAD propiciou que
profissionais residentes em diferentes Estados brasileiros (Paraíba, Bahia,
Ceará, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Maranhão) e diversos municípios
do Estado do Rio Grande do Sul (Farroupilha, Carazinho, Santa Maria,
Feliz, Viamão, Cachoeirinha, Ijuí e Porto Alegre) realizassem a quase
totalidade das atividades em EAD, sem a necessidade do afastamento, em

98
exercício, nas funções profissionais (FIG. 7). Dentre os alunos do Curso
EBEA a proposta de acessibilidade transformou-se também em ação
inclusiva, pois participou do Curso uma bibliotecária com deficiência
visual, a quem foi disponibilizado o acesso e o uso das ferramentas e
conteúdos do Curso adaptados e acessíveis.

MA

FIG. 7 - Participantes do Curso EBEA representados pelos Estados


brasileiros

Foram ministrantes do Curso os professores Eliane Lourdes da Silva


Moro (Coordenadora); Iara Conceição Bittencourt Neves (Coordenadora
Substituta); Jussara Pereira Santos; Lizandra Brasil Estabel
(Coordenadora Pedagógica e Tecnológica); Mára Lúcia Fernandes
Carneiro; Rosa Maria Mesquita Appel e Valdir José Morigi e atuaram como
tutores os seguintes acadêmicos: Ariel Behr, Cibele Vargas Machado,
Guilherme Moro, Luís Gustavo Brasil Estabel, Saulo N. de Freitas, Tamini
Farias Nicoletti e Wladimir Ullrich.

99
CONTRIBUIÇÕES DO CURSO EBEA NA DEMOCRATIZAÇÃO DO
ACESSO AO ENSINO

Ao longo do Curso foram realizadas várias atividades relacionadas


aos eixos temáticos: Leitura, Informação e Acessibilidade. Dentre as
atividades podem-se destacar a construção de Blogs, criação de mídias,
avaliação de páginas acessíveis, aplicação de ferramentas de gestão,
dentre outras. Na semana em que foi proposta a criação do Blog foi
convidada uma especialista sobre o tema para interagir com os alunos
através do bate-papo. Para exemplificar a importância dessa interação,
apresentamos a publicação, no Blog da palestrante, o registro da aluna
KC:
Sou tua seguidora desde que tu participaste de um bate-papo, em 2008,
no nosso Curso de Especialização em Biblioteca Escolar e Acessibilidade
(FABICO/UFRGS)e quero te agradecer, pois aprendi muito com teu blog.
Nosso Curso é diferenciado porque aprendemos fazendo: nossa prática
anda de mãos dadas com a teoria e há valorização do trabalho conjunto
bibliotecário/professor. Atualmente, o blog que criei para a ETS (...)
participa do Top Blog Prêmio, sendo um dos 100 mais votados (categoria
Variedades), com quase 27.000 acessos. Estamos habilitados a trabalhar
com PNEEs e sabemos fazer filmes (no Movie Maker) e postá-lo no
Youtube. “Aprender a aprender” é o que nos ensinam os professores (E.
M. e L. E.) no Curso EBEA.

Destaca-se também a realização de videoconferência com a


bibliotecária Deise Tallarico Pupo, do Laboratório de Acessibilidade da
Biblioteca Central Cesar Lattes, da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) que possibilitou, na semana presencial de dezembro de 2009,
a interação entre docentes e acadêmicos do Curso EBEA e do
DCI/FABICO/UFRGS com a bibliotecária, docentes e acadêmicos da
UNICAMP sobre a temática acessibilidade.

Ao longo do Curso foram realizadas 85 sessões de bate-papo, 8


fóruns de discussão com 353 participações; postadas 353 mensagens no
mural; 37 agendas; 33 leituras, 61 materiais de apoio, entre outras.
Segundo levantamento da aluna KC, esta recebeu 506 mensagens de
correio e enviou 150, totalizando 656 mensagens, publicou 1106 itens nos
portfólios individual e em grupo. Pode-se perceber, ao analisar os

100
resultados que os alunos demonstraram participação, interação,
comprometimento e que, a participação de uma aluna com limitação
visual, foi possível devido à acessibilidade das ferramentas e materiais
produzidos e a interação com os colegas, professores e tutores do Curso.

O Curso EBEA atingiu os objetivos propostos, em seu caráter


pioneiro na modalidade oferecida e os professores ministrantes
demonstraram boa vontade, disponibilidade, competência e dedicação,
tendo em vista a modalidade trabalhada: na EAD os alunos, no
desenvolvimento das Disciplinas (conteúdos programáticos e atividades)
realizaram contato direto com os professores e com os tutores,
independente do dia da semana (dias úteis e feriados, bem como finais de
semana) através das ferramentas eletrônicas (fóruns de discussão,
emails, bate-papo, entre outras) do AVA, enviando dúvidas, perguntas,
contribuições que dependiam muitas vezes do retorno do professor
ministrante para a continuidade das suas atividades.

O Curso, além da dedicação constante dos professores, tutores e


alunos, atendeu às expectativas do corpo docente nessa primeira
experiência, de um Curso de Pós-Graduação lato sensu em EAD. Nas
atividades realizadas na modalidade presencial, a interação realizada
entre professores e alunos foi muito gratificante, no sentido de recuperar
muitas discussões sobre os temas estudados a distância. Uma das
experiências mais desafiantes e gratificantes que foram unanimemente
apontada pelos professores foi o atendimento, acompanhamento e
avaliação de uma aluna com limitação visual (cega) da cidade de João
Pessoa-Paraíba. Nas atividades em EAD a preocupação dos materiais
elaborados pelos professores e acompanhados pelos tutores para que
todos tivessem acessibilidade, tendo em vista a limitação da aluna, foi
conquistado e alcançado, além da gratificação em tê-la como membro
atuante e participativa em todas as atividades desenvolvidas.

Alguns professores salientaram que o Curso de Especialização foi


uma experiência inovadora nas áreas da Biblioteconomia e da

101
Acessibilidade, possibilitando o contato com profissionais que atuam em
bibliotecas escolares de diferentes locais do Brasil e do Rio Grande do Sul
e oportunizando momentos de trocas, de colaboração, de cooperação e
de compartilhamento entre alunos, tutores e professores.

A modalidade EAD mediada por computador permitiu que os


profissionais compartilhassem suas experiências e pudessem fazer uso
de recursos tecnológicos para construírem mídias, divulgarem as ações
que realizam nas suas instituições e acima de tudo, pudessem construir
juntos, colaborativa e cooperativamente, mesmo residindo em locais
distantes.

Como professora acredito que foi uma experiência gratificante e


diferenciada. Foram momentos de crescimento mútuo, de novas
aprendizagens, principalmente em relação à acessibilidade quando,
inclusive, uma das alunas possuía limitação visual e foi necessário
utilizar recursos como tecnologias adaptadas para atender as suas
necessidades e propiciar a sua participação.(L.B.E.)

As atividades propostas foram realizadas plenamente, indo além


das sugestões e expectativas dos professores e dos tutores. A criação
dos BLOGs foi uma destas propostas, como também a criação de vídeos
e alguns alunos que apresentaram inicialmente limitações no uso das
ferramentas puderam aprender através dos tutoriais e materiais
elaborados para o Curso, bem como, por meio do compartilhamento com
seus pares e do acompanhamento e apoio dos tutores. “Acredito que
esta experiência contribuiu muito para a formação dos alunos e, acima
de tudo, para a minha atuação profissional” foi um dos aspectos mais
importantes apontados pelos professores ministrantes.

102
CONSIDERAÇÕES SOBRE O CURSO EBEA

A realização do Curso EBEA representou o atendimento de uma


demanda de bibliotecários e outras categorias funcionais e profissionais
que atuam em bibliotecas escolares. O EBEA assumiu uma característica
inovadora ao ser oferecido na modalidade a distância oportunizando que
fosse cursado por pessoas que, de outra forma, não teriam conseguido
realizá-lo devido a distância de seu domicílio profissional da sede do Curso
em Porto Alegre.
Em virtude de o Curso ter sido realizado na modalidade EAD, foi
necessário trabalhar com documentos eletrônicos que pudessem ser
disponibilizados aos alunos. Esta contingência, aliada à escassez de
produção acadêmica na área, à especificidade da proposta do programa
do Curso e à preservação dos direitos autorais do pouco material físico
existente, tornou necessário que a maior parte do material do EBEA
tivesse que ser desenvolvido pela equipe conteudista e, desta forma, a
construção do conhecimento pode ser minimamente direcionada aos
objetivos pretendidos, envolvendo toda equipe de professores e tutoria,
em atividades teóricas e de criação de atividades didáticas. Os fatores ora
apontados, especialmente na disciplina de Gestão da Biblioteca Escolar,
culminaram na produção de material aplicado ao contexto do Curso, que
resultou na publicação de um artigo32 na revista Ciência da Informação,
do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT),
intitulado ‘Gestão da Biblioteca Escolar: metodologias, enfoques e
aplicação de ferramentas de gestão e serviços de biblioteca’, da autoria de
Ariel Behr, Eliane Lourdes da Silva Moro e Lizandra Brasil Estabel; dos
mesmos autores também foi publicado, na revista Informação &
Informação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), o artigo
intitulado ‘Uma Proposta de Atendimento às Necessidades de Informação

32
BEHR, A.; MORO, E. L. S.; ESTABEL, L. B. Gestão da Biblioteca Escolar: metodologias, enfoques
e
aplicação de ferramentas de gestão e serviços de biblioteca. Ciência da Informação, Brasília, v. 37,
p. 32-42, 2008.

103
dos Usuários da Biblioteca Escolar por Meio do Benchmarking e do
Sensemaking’.
As atividades realizadas no decorrer do Curso se caracterizaram em
síncronas (previamente estabelecidas pelo professor de cada Disciplina)
e nos módulos presenciais e assíncronas (horários selecionáveis pelos
alunos) no AVA TelEduc. O Curso finalizou com 26 alunos (bibliotecários e
professores). As Monografias, no final do Curso (março de 2010) foram
realizadas de forma presencial, seguindo um Cronograma, e, também,
através de Videoconferência com alunos de outros Estados e do interior
que optaram pelo uso das tecnologias, apresentando o trabalho final para
a Banca Avaliadora. (FIG. 8).

FIGURA 8 - Defesa da Monografia Final através de


videoconferência com a Banca Avaliadora

Muitas atividades utilizando as mídias e a construção de BLOG foram


intensamente participativas e estimularam a interação e o
compartilhamento entre alunos e professores. Citam-se duas
manifestações de alunas registradas no AVA Teleduc:

Todas estas ações visam tornar todos os seres humanos, independente de


suas particularidades físicas, psíquicas e sócio-econômicas, cidadãos
participantes da grande rede de informações que se abre e amplia cada
vez mais. (K.C.)

104
Vou sentir muita saudade de ti depois que terminar o curso. Não sabes o
quanto aprendi contigo e o quanto mudei depois de ter visto teu
entusiasmo e amor pelo que fazes. Hoje sou muito melhor do que quando
iniciei o curso. Aprendi que se não posso mudar o mundo, pelo menos
posso mudar o lugar onde trabalho e como mudei. (M.J.C.)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os profissionais que se formam e atuam no mundo do trabalho


encontram nas bibliotecas escolares um vasto campo de exercício
profissional nas instituições de ensino, nas diferentes graduações, na
esfera pública (federal, estadual e municipal) ou privada. A realização do
Curso EBEA se caracteriza como pioneira e inédita na modalidade e na
abrangência da carga horária e dos temas trabalhados. A modalidade de
EAD mediada por computador possibilitou a participação de bibliotecários
e professores que farão a diferença na sua atuação profissional, como se
pode verificar no comentário da aluna C.P.A: “...repensei meu papel
enquanto profissional da informação. Se a inteligência coletiva nos coloca
diante do compartilhamento de nossos conhecimentos é fundamental
buscarmos estratégias para “repartir, comentar” nossa experiência de
vida profissional com os usuários”.
Além dos resultados avaliados, o Curso EBEA propiciou a troca de
experiências, de projetos de trabalho, o compartilhamento, a
cooperação, a colaboração, a acessibilidade e a interação de atividades
de aprendizagem e de novos conhecimentos, qualificando ainda mais os
profissionais para a competência, para melhor qualidade das bibliotecas
escolares, para a acessibilidade e para a melhoria da Educação Básica
das instituições de ensino nos padrões das novas tendências de
aprendizagem com tecnologia digital.

105
REFERÊNCIAS

BEHR, A.; MORO, E. L. S.; ESTABEL, L. B. Gestão da Biblioteca Escolar:


metodologias, enfoques e aplicação de ferramentas de gestão e serviços
de biblioteca. Ciência da Informação, Brasília, DF, v. 37, p. 32-42,
2008.

BEHR, A.; MORO, E. L. S.; ESTABEL, L. B.; FREITAS, H. M. R.


Especialização em Bibliotecas Escolares e Acessibilidade: discutindo a
gestão da biblioteca na modalidade EAD. Informação & Informação,
Londrina, v. 16, n.1, p. 102-123, jan./jun. 2011.

BEHR, A.; MORO, E. L. S.; ESTABEL, L. B. Uma Proposta de atendimento


às necessidades de informação dos usuários da biblioteca escolar por meio
do benchmarking e do sensemaking. Informação & Informação,
Londrina, v. 15, n.1, p. 37-54, jun./jul. 2010.

106
CURSO DE GESTÃO DE BIBLIOTECAS ESCOLARES -
MODALIDADE A DISTÂNCIA, DESENVOLVIDO NO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO DA
UFSC

DISTANCE COURSE ON MANAGEMENT OF SCHOOL


LIBRARIES DEVELOPED IN THE DEPARTMENT OF
INFORMATION SCIENCE OF FEDERAL UNIVERSITY
OF SANTA CATARINA, BRAZIL

Magda Teixeira Chagas33

Apresenta relato do curso à distância sobre gestão de bibliotecas escolares


desenvolvido pelo Departamento de Ciência da Informação da
Universidade Federal de Santa Catarina. O curso foi ministrado junto aos
polos da Universidade Aberta do Brasil, das cidades de Braço do Norte,
Canoinhas, Chapecó e Florianópolis, objetivando capacitar profissionais
(bibliotecários e professores) atuantes em bibliotecas escolares, públicas e
particulares, e em centros de documentação e/ou informação, salas de
leitura, salas de estudo, entre outros espaços ligados à informação para
estudantes.

Palavras-chave:
Ciência da Informação – Curso a distância; Curso à distância –
Universidade Federal de Santa Catarina

This paper presents an account of the management of school library


distance learning course developed by the Department of Information
Science at the Federal University of Santa Catarina, Brazil. The course was
taught at the poles of the Open University of Brazil, in the cities of Braço
do Norte, Canoinhas, Chapecó and Florianópolis, aiming to train

33
Professora do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de
Santa Catarina.

107
professionals (librarians and teachers) working in school libraries (public
and private) and in documentation and/or information centers, reading
rooms, study rooms, and other spaces related to the delivery of
information for students.

Keywords:
Information Science - School Library Distance Learning Course;
School Library Distance Learning Course - Federal University of Santa
Catarina, Brazil.

INTRODUÇÃO

O Curso de Gestão de Bibliotecas Escolares - Modalidade a


Distância, desenvolvido pelos professores do Departamento de Ciência da
Informação da Universidade Federal de Santa Catarina foi apresentado em
forma de projeto à Universidade Aberta do Brasil, em 2008. A partir de
sua aprovação, foram tomadas medidas que permitiram viabilizar sua
execução. O curso teve início em setembro de 2009 e encerrou em
outubro de 2011.
O objetivo principal do curso foi o de capacitar os profissionais
(bibliotecários e professores) atuantes em bibliotecas escolares, públicas e
particulares, bem como em centros de documentação e/ou informação,
salas de leitura, salas de estudo, entre outros espaços ligados à
informação, fornecendo-lhes conhecimento suficiente para gerenciar estas
instituições de forma adequada, fomentando a leitura e proporcionando a
disseminação de informações entre seus usuários. Procurou-se
desenvolver nesses profissionais habilidades e atitudes voltadas ao
atendimento aos usuários, bem como ao tratamento, recuperação e
disseminação de informações registradas em diferentes suportes e
formatos e em atendimento a diferentes demandas.

108
AÇÕES

O curso foi desenvolvido junto aos polos da Universidade Aberta do


Brasil (UAB), das cidades de Braço do Norte, Canoinhas, Chapecó e
Florianópolis. A escolha desses polos ocorreu a partir de solicitação dos
coordenadores dos polos que demonstraram interesse na realização do
curso em suas cidades.
Os alunos foram selecionados entre professores e bibliotecários que,
preferencialmente, estivessem atuando em bibliotecas escolares ou em
outras unidades de informação. No QUADRO 1, apresentado a seguir, é
possível verificar a quantidade de alunos matriculados no curso, nos
diferentes polos, considerando sua formação e atuação.
Participaram do curso 84 bibliotecários, 62 professores atuantes em
unidades de informação e 14 professores e bibliotecários que não
atuavam em unidades de informação, perfazendo um total de 160 alunos,
sendo 40 por polo. O polo que contou com maior número de alunos com
formação em Biblioteconomia foi o de Florianópolis, considerando que
nesta cidade funcionam dois cursos de graduação nesta área.

QUADRO 1 – Bibliotecários e professores matriculados no curso


Professores
Polos Bibliotecários atuantes em Outros Total
UI
Braço do Norte 7 26 7 40
Canoinhas 15 19 6 40
Chapecó 23 16 1 40
Florianópolis 39 1 - 40
Total 84 62 14 160
Fonte: Dados dos registros do curso.

Quando da escolha das disciplinas que iriam compor o curso, foram


consideradas aquelas que pudessem contribuir para a atuação dos
profissionais de bibliotecas escolares, tanto no gerenciamento quanto na
recuperação e disseminação de informações adequadas aos seus usuários,

109
contribuindo, desta forma, para o aprimoramento das atividades de
ensino-aprendizagem. O curso foi dividido em cinco temáticas, cada uma
contendo três disciplinas, com exceção da primeira e última temáticas que
contavam com quatro e uma disciplinas, respectivamente. No QUADRO 2,
encontra-se a relação das temáticas e disciplinas a ela ligadas.

QUADRO 2 - Temáticas, disciplinas e carga horária do curso

HORAS
TEMÁTICAS DISCIPLINAS
/ AULA
Introdução à educação a distância 15
Temática 1
Políticas públicas para bibliotecas escolares 30
Sociedade e 105
Novos rumos da biblioteca escolar 30
Informação
Pesquisa bibliográfica 30
Organização de bibliotecas escolares 30
Temática 2
Gestão da qualidade e dos serviços em
Gestão de 30
bibliotecas escolares 120
bibliotecas
Desenvolvimento, conservação e
escolares 60
recuperação das coleções
Temática 3 Organização da documentação e da
30
Tratamento da informação I: registro e catalogação
informação em Organização da documentação e da 90
30
bibliotecas informação II: classificação e indexação
escolares Informatização de bibliotecas 30
Temática 4 Pesquisa escolar 30
Mediação e Leitura e literatura infanto-juvenil 30
serviços em 90
Disseminação da informação em bibliotecas
bibliotecas 30
escolares
escolares
Temática 5
Elaboração da Monografia - -
Monografia
Total de h/a 405
Fonte: Projeto político pedagógico do curso.

A equipe definida para atuar no curso foi composta por servidores,


professores e alunos da universidade. A seleção dos tutores foi feita com
base nos currículos dos candidatos às vagas. Os professores foram
convidados pela coordenação do curso, considerando a área de atuação de
cada um deles. O restante da equipe foi escolhido pela coordenação do
curso e pela diretoria do Laboratório de Novas Tecnologias (Lantec), do

110
Centro de Ciências da Educação. O Lantec foi o responsável pelo apoio
técnico e pedagógico às atividades desenvolvidas.

A equipe do curso foi composta pelos seguintes elementos:


a) Coordenador geral do curso;
b) Coordenador de tutoria;
c) Coordenador de produção de material;
d) Professor autor e/ou conteudista (um por disciplina de 30 h/a);
e) Professor orientador (uma para cada 5 a 10 alunos);
f) Tutor de EaD a distância (quatro tutores – um por polo);
g) Tutor de EaD presencial (sete tutores – dois em cada polo do
interior e um em Florianópolis);
h) Equipe Multidisciplinar – Pedagógica, Designers e editores
(Lantec/CED/UFSC);
i) Suporte Técnico do AVEA, Videoconferência e Rede;
j) Equipe de manutenção e funcionamento;
k) Secretaria Geral do Curso.

A equipe foi preparada para a atuação na educação a distância, por


intermédio da participação em cursos de treinamento, incluindo aulas
práticas de uso do Moodle, treinamento para atuação em
videoconferências, oficinas de produção de material, entre outras
atividades.

No desenvolvimento das atividades de ensino-aprendizagem,


procurou-se seguir um processo teórico-metodológico que desafiasse o
aluno a construir seus conhecimentos de modo cooperativo, autônomo,
interagindo em situação de aprendizagem. Para tanto, foram oferecidas as
seguintes atividades:

a) leitura crítica de textos e de hipertextos, tanto em materiais


impressos quanto on-line;

b) participação efetiva, manifestando suas impressões em bate-


papos (chats), videoconferências, fóruns, oficinas etc.;

111
c) produção de textos, resenhas, artigos e sua disponibilização nas
mídias indicadas;

d) realização de atividades práticas e de inserção nos processos


educacionais e em laboratórios específicos da área.

O Ambiente Virtual de Aprendizagem foi realizado a partir da


utilização do MOODLE (Modular Object-Oriented Dynamic Learning
Environment)", um software livre, de apoio à aprendizagem. Assim como
toda a equipe, também os alunos foram treinados no uso do software e
trabalhavam com o apoio dos tutores presentes nos polos.

Para o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem, foi


elaborado material visando à transferência dos conteúdos. Com o apoio da
equipe do Lantec, foram preparadas as seguintes atividades e produtos:
a) um DVD por temática, trabalhando os tópicos a serem abordados
nas disciplinas;

b) um livro por disciplina, com características interativas, dividindo


os conteúdos a serem trabalhados em capítulos;

c) plano de ensino de cada uma das disciplinas, distribuindo as


atividades a serem realizadas por alunos e professores;

d) vídeoaulas, gravadas em estúdio ou em salas de


aula/laboratórios, transmitindo conteúdos e/ou instruindo para as
atividades a serem desenvolvidas como avaliação;

e) chats semanais, para resolução de dúvidas;

f) vídeo conferências, no início e no final de cada temática;

g) dois encontros presenciais por temática;

h) mini biblioteca encaminhada para os polos a fim de suprir as


necessidades informacionais;

i) Revista Indexa;

j) avaliações presenciais.

112
O Trabalho de Conclusão do Curso foi realizado com a orientação
dos professores do curso e de professores convidados. Os trabalhos foram
desenvolvidos em forma de monografia, sendo individuais. As defesas
ocorreram de forma presencial, sendo realizadas no campus da
Universidade Federal de Santa Catarina, com banca composta por três
professores, sendo dois da casa e um membro externo.
Foram desenvolvidos trabalhos bastante interessantes, podendo ser
citados como exemplos dos títulos apresentados, os que se seguem:

“A utilização das mídias sociais nas bibliotecas como meio de


aproximação entre usuários e biblioteca na Rede Municipal de Ensino de
Florianópolis”;

“Biblioteca escolar: um espaço necessário para a leitura na escola”;

“Gestão da qualidade em bibliotecas escolares: um estudo de caso”;

“Bibliotecário escolar: um educador”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluíram o curso 48 alunos, de diferentes polos. Este número,


apesar de bem menor do que o número de alunos inicialmente
matriculados foi considerado satisfatório, uma vez que existe grande
evasão, que é característica dos cursos desenvolvidos a distância.

113
EDUCAÇÃO CONTINUADA DO BIBLIOTECÁRIO
ESCOLAR: A EXPERIÊNCIA DA FACULDADE DE
BIBLIOTECONOMIA DA UFPA

CONTINUING EDUCATION OF THE SCHOOL


LIBRARIAN: THE EXPERIENCE OF THE SCHOOL OF
LIBRARY SCIENCE OF THE FEDERAL UNIVERSITY
OF PARÁ, BRAZIL
Hamilton Vieira de Oliveira34

Telma Socorro Silva Sobrinho35

Relata a experiência da Faculdade de Biblioteconomia da Universidade


Federal do Pará – UFPA na oferta de educação continuada do bibliotecário
escolar, destacadamente por meio de cursos de pós-graduação, latu
sensu, em Biblioteca Escolar. Aponta o esforço da Universidade Federal do
Pará no sentido de oferecer educação continuada aos seus egressos do
curso de biblioteconomia. Destaca como um dos principais objetivos das
ações empreendidas, nesse sentido, prover o mercado e o segmento
educacional de um profissional que melhor compreenda o seu contexto de
atuação e as possíveis contribuições da biblioteca escolar para a melhoria
da qualidade da educação.

Palavras-chave:
Bibliotecas escolares – Universidade Federal do Pará; Bibliotecários
escolares – Educação continuada; Bibliotecas escolares e Educação.

This article describes the experience of the School of Library Science at


the Federal University of Pará, Brazil, in offering continuing education for

34
Doutor em Ciência da Informação, Professor da Faculdade de Biblioteconomia/
ICSA/UFPA.
35
Mestre em Ciência da Informação, Professora da Faculdade de Biblioteconomia/
ICSA/UFPA.

114
school librarians, through an specialization course on school library. It
highlights the effort of the Federal University of Pará in order to offer
continuing education to students with an undergraduate diploma in
Librarianship. It points as one of the main goals of the actions undertaken
the training of professionals who are able to understand their context of
action and the possible contributions of the school library to improve the
quality of education.

Keywords:
School libraries - Federal University of Pará, Brazil; School Librarians -
Continuing Education, School Libraries and Education.

INTRODUÇÃO

A luta pela implantação de bibliotecas escolares no Brasil é antiga e


protagonizada principalmente por bibliotecários conscientes da
necessidade de bibliotecas nas escolas, como meio de contribuir para a
qualidade da educação. No entanto, são inexpressivas as políticas públicas
que atribuam ao tema a importância devida. Predominam ainda nessa
área iniciativas limitadas como a criação de salas de leitura,
freqüentemente com as portas fechadas e, na maioria das vezes, com um
professor sem preparo específico como responsável por suas atividades.

Mesmo no meio acadêmico brasileiro as bibliotecas escolares, quer


como objeto de estudo, quer como foco de projetos de ensino ou
extensão, não despertam grande interesse. Como uma das exceções
nesse aspecto, existe a criação do Grupo de Estudo em Bibliotecas
Escolares da Universidade Federal de Minas Gerais – GEBE/UFMG - já bem
conhecido por sua produção acadêmica, pelo seu esforço em congregar
interessados na questão e pelo diálogo com setores da educação no Brasil
e no exterior.

Um dado de cenário importante é perspectiva de que muitos

115
bibliotecários serão requisitados nos próximos anos para desenvolver
atividades nas bibliotecas escolares, visto que foi aprovada, em 24 de
maio de 2010, a Lei Federal no. 12.244, que dispõe sobre a
universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País,
estabelecendo um prazo de 10 anos para que todas as escolas possuam
bibliotecas em sua estrutura e, portanto, um profissional qualificado em
cada uma delas. O cenário posto pela nova lei impõe às instituições de
ensino superior no País, públicas ou privadas, um maior zelo quanto à
formação de quadros que possam atender a exigência legal.

Esta comunicação trata da experiência da Faculdade de


Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará – UFPA na oferta de
educação continuada, destacadamente por meio de pós-graduação, latu
sensu, em Biblioteca Escolar, observando que trata-se de um esforço na
direção de prover o mercado e o segmento educacional de um profissional
que melhor compreenda o seu contexto de atuação e as possíveis
contribuições da biblioteca para a melhoria da qualidade da educação.

AÇÕES

A demanda pela formação continuada do Bibliotecário Escolar no


Estado do Pará

No Pará, a criação do Sistema de Bibliotecas Escolares (SIEBE), na


Secretaria de Estado de Educação (SEDUC), na primeira década deste
século, criou a expectativa de uma nova forma de lidar com a questão,
pelo menos no Sistema Estadual de Ensino. Observou-se inicialmente que
não existia o cargo de bibliotecário no quadro de funcionários da SEDUC e
que aqueles que trabalhavam desenvolvendo atividades desta natureza o
faziam em desvio de função em relação a sua condição funcional. Essa
situação de inexistência do cargo impossibilitava, inclusive, a realização de
concurso público para bibliotecário.

116
A partir da implantação do SIEBE foi proposta e viabilizada a criação
do cargo de bibliotecário no quadro funcional da SEDUC o que permitiu a
realização de concurso público e a nomeação de 30 bibliotecários.
Observe-se que os mesmos foram precedidos por bibliotecários
contratados na condição de temporários.

Em atendimento à demanda por atualização dos bibliotecários


Escolares temporários da SEDUC foram realizados pelo Departamento de
Biblioteconomia da UFPA, dois cursos de natureza extensiva: o “Curso de
Aperfeiçoamento em Bibliotecas Escolares” e o “Curso de Capacitação em
Organização da Informação”. Tratou-se de um esforço no sentido de
oferecer educação continuada aos seus egressos que lidavam com uma
situação nova em termos de exercício da função bibliotecária.

Com a posse dos bibliotecários aprovados em concurso público, os


profissionais que participaram dos cursos de extensão foram quase todos
substituídos, com o que se criou uma nova demanda por atualização
profissional, desta vez por um curso de especialização. Vale destacar que
o curso de Biblioteconomia da UFPA oferece uma formação generalista, o
que está expresso como objetivo no seu Projeto Pedagógico de Curso
(PPC).

No PPC está claro o desejo de que o profissional ali graduado, com


acesso à produção científica na área da Biblioteconomia, com preparo no
método científico, participante de um processo de ensino aprendizagem
dialógico e consciente da importância da autonomia do aluno na busca de
seu aprimoramento profissional, possa, tanto diagnosticar problemas de
informação como identificar e implementar a melhor solução para cada
caso.

O Curso de Especialização agora proposto pela Faculdade de


Biblioteconomia da UFPA está consonante com a realidade estabelecida
pela Lei de universalização das bibliotecas escolares e atende
especificamente à demanda dos bibliotecários da SEDUC, da Secretaria

117
Municipal de Educação (SEMEC), do Município de Belém e de outros que
atuam em bibliotecas de escolas mantidas pelo setor privado.

O Perfil pretendido para o egresso do Curso de Especialização em


Biblioteca Escolar da UFPA

O curso de graduação em Biblioteconomia foi implantado na UFPA


em 28 de janeiro de 1963 e passou considerável parte da sua história
ocupando-se somente com o ensino da graduação. A oferta de cursos de
pós-graduação ocorreu até então apenas no nível de especialização, visto
que até o momento a Faculdade não dispõe em seu quadro de professores
número suficiente de doutores, que lhe permita a proposição de um curso
de mestrado ou doutorado. Os cursos de especialização ofertados,
sobretudo na primeira década do século, foram os de Administração de
Bibliotecas, Organização de Arquivos, Bibliotecas Universitárias e de
Gestão da Informação em Bibliotecas Digitais.

O PPC de Biblioteconomia da UFPA, aprovado em 2009, já


apresentava princípios norteadores da formação profissional que apontam
para a compreensão crítica da universalização e do direito a informação
por todas as camadas sociais; no aspecto ético; na autonomia e liberdade
de aprender e ensinar, pesquisar e disseminar a informação e o
conhecimento nas diferentes formas em que se apresentam, tais como a
cultura, o saber, o pensamento e a arte; no compromisso com o exercício
da cidadania e na contextualização política e socioeconômica dentro de
uma perspectiva amazônica.

Para o especialista em bibliotecas escolares serão exigidas essas


qualificações e mais aquelas necessárias a sua atuação no ambiente
escolar onde passará a agir também como agente educacional. Nessa
condição deverá promover a leitura, conscientizar os outros agentes
educacionais a respeito da importância da biblioteca e suas contribuições

118
para a qualidade do ensino, para o que deverá conhecer o contexto
educacional, sua lógica e seus princípios, para assim, dentro do que for
necessário, inserir a biblioteca no contexto pedagógico da escola.

O perfil profissional do pós-graduado em Biblioteca Escolar da UFPA


supõe uma formação interdisciplinar na interseção da área de
Biblioteconomia com a área da Educação. Na proposta em questão
espera-se o aprimoramento do egresso em habilidades e competências
que possibilitem: o conhecimento dos fundamentos teóricos da educação;
a compreensão dos modos de organização do trabalho pedagógico; o
entendimento das políticas públicas que orientam a educação no País,
bem como aquelas voltadas para as bibliotecas escolares; a clareza sobre
o significado educativo da pesquisa escolar e como a biblioteca poderá
contribuir com o trabalho do professor em relação a essa atividade. Uma
meta estratégica para o profissional pós-graduado em Biblioteca Escolar
seria a inclusão da biblioteca e suas atribuições no projeto político
pedagógico da escola.

Outro aspecto da formação pretendida (para além da exigência legal


da disciplina Metodologia nos cursos de especialização) está relacionado
ao desenvolvimento da sua capacidade metodológica para a pesquisa, de
modo que possa tornar a biblioteca escolar um objeto permanente de
estudo e reflexão, portanto, um campo sobre o qual desenvolverá
pesquisas que o ajudarão em seu fazer profissional. À competência
metodológica exigida se soma a necessária sensibilidade quanto as
questões inclusivas relacionadas à acessibilidade e à usabilidade dos
recursos informacionais no espaço escolar.

Observe-se quanto à questão da inclusão que uma variável que


deverá receber atenção em projetos de formação futuros é a
comunicacional. Nesse sentido o domínio de linguagens utilizadas por
portadores de necessidades especiais como a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e o método de escrita Braille serão examinados na perspectiva
de integrarem a formação pós-graduada em Biblioteca Escolar na UFPA.

119
Uma dificuldade adicional dos profissionais que atuam na área de
Biblioteconomia, comum ao setor cultural, é a falta dos meios financeiros
necessários a promoção dos seus serviços e produtos. Nesse sentido, o
curso de especialização propõe, como estratégia, a capacitação na
elaboração de projetos para a captação de recursos. A expectativa
consiste em que o egresso possa lidar melhor com as mínimas dotações
orçamentárias dos governos para com as bibliotecas.

Uma atenção diferenciada foi dada no projeto da especialização à


questão da leitura onde se optou por tratar a questão no bojo dos estudos
sobre competência informacional. Trata-se não tanto de uma inovação em
termos de princípios, mas de uma fidelidade ao sentido basilar de acesso
e uso dos conteúdos informacionais. O entendimento aqui é que o preparo
na habilidade de usar a informação, incluindo os meios e equipamentos
necessários para a tarefa, permitirá ao profissional favorecer os clientes
da biblioteca escolar na aquisição dessa habilidade tão preciosa ao
processo de aprendizagem quanto ao desenvolvimento pessoal em geral.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para além da formação em nível de graduação, o PPC de


Biblioteconomia da UFPA, orientador das ações da Faculdade, aponta
rumos para uma política de pós-graduação quando se compromete com o
“interesse da educação continuada do seu corpo docente e de seus
egressos, bem como na busca da inovação e do aprimoramento
profissional”. Indica que a preocupação da Universidade não deve ser
somente com a graduação, porém deve manter-se comprometida também
com a pós-graduação, hoje na Faculdade de Biblioteconomia da UFPA
apenas em nível de especialização, mas com perspectivas de evoluir para
a pós-graduação stricto sensu.

120
A Faculdade de Biblioteconomia, do Instituto de Ciências Sociais
Aplicadas, da UFPA, com a proposta do Curso de Especialização em
Bibliotecas Escolares, entende que contribui para o desenvolvimento
socioeconômico da região e do País, tendo por base a ação humana
qualificada pela reflexão e pelo uso do conhecimento acumulado sobre
fazeres específicos, nesse caso: planejamento, organização e serviços de
acesso à informação para a educação e para a cidadania.

Uma expectativa suplementar é que a ação dos egressos do curso


de especialização tenha o efeito de demonstrar que a biblioteca escolar
em pleno funcionamento constitui-se em um diferencial de qualidade da
educação e que portanto, a despeito de leis e de fiscalizações, deve ser
desejada, incentivada, apoiada e mesmo reivindicada pela comunidade
escolar e pela sociedade em geral.

121
PANORAMA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA
BIBLIOTECAS ESCOLARES NO ESTADO DE GOIÁS

OVERVIEW OF PUBLIC POLICIES FOR SCHOOL


LIBRARIES IN THE STATE OF GOIÁS, BRAZIL

Andréa Pereira dos Santos36


Janaina Ferreira Fialho37

Apresenta o cenário das políticas públicas para bibliotecas escolares no


Estado de Goiás. Ressalta programas, alterações feitas em legislação e
outras ações empreendidas no âmbito da rede de escolas públicas e
privadas, com o objetivo de definir e fortalecer o papel das bibliotecas
escolares e dos bibliotecários no contexto educacional. Enfatiza a ação do
Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás, que vem
desenvolvendo um programa de estágios e de trabalhos de conclusão de
curso que contemplam a temática da biblioteca escolar.

Palavras-chave:
Bibliotecas Escolares – Estado de Goiás; Bibliotecas Escolares e Políticas
Públicas; Bibliotecas Escolares e Educação.

This article presents a scenario of public policies for school libraries in the
state of Goiás, Brazil. It describes programs, changes in legislation and
other actions taken within the network of public and private schools, with
the objective to define and strengthen the role of school libraries and of
librarians in the educational context. Emphasizes the action of the Course
on Librarianship at the Federal University of Goiás, Brazil, which has
developed an internship program in school libraries and a requirement of

36
Mestre em Comunicação. Professora do Curso de Biblioteconomia da UFG.
37
Doutora em Ciência da Informação. Professora do Curso de Biblioteconomia da UFG.

122
papers for completion of course that include the theme of the school
library.

Keywords:
School Libraries - State of Goiás, Brazil; School Libraries and Public Policy;
School Libraries and Education.

INTRODUÇÃO

O cenário atual mostra alguns programas voltados à biblioteca


nas escolas criados no Estado de Goiás. O trabalho de Silveira (2010), à
época estudante concluinte do curso de Biblioteconomia da Universidade
Federal de Goiás (UFG), buscou traçar um histórico do desenvolvimento
do tema no estado. O autor aponta que a primeira política pública voltada
para as bibliotecas escolares ocorreu no ano de 2000, com o lançamento
do programa “Cantinho de Leitura”, que tinha como objetivo atender a
formação de leitores de 1° ao 4º ano da educação básica e disponibilizava
um acervo mínimo de 40 títulos de literatura infantil dentro da sala de
aula, ao alcance de professores e estudantes.
Dando continuidade ao “Cantinho de Leitura”, o autor afirma que
foi criado, em 2001, o Programa de Bibliotecas das Escolas Estaduais, o
PBEE, para atender aos estudantes de 5° ao 8º anos do ensino médio e às
necessidades de atualização dos professores. Com esse programa, a
Secretaria de Estado da Educação (apud SILVEIRA, 2010) buscava

reverter a situação de carência de material pedagógico nas


escolas, reconhecendo o papel fundamental que uma biblioteca
deve ocupar em uma instituição de ensino. Sem livros, sem
material de pesquisa é impossível cobrar da escola a execução
das propostas pedagógicas inovadoras, exigidas pelo novo
cenário de rápidas mudanças na cultura, na tecnologia e na
organização do trabalho.

123
Ainda conforme apontado por Silveira (2010), o acervo foi
formado por livros de literatura e livros informativos de Língua
Portuguesa, Matemática, Língua Estrangeira: Inglês e Espanhol,
Sociologia, Filosofia, Geografia, História, Ciências, Artes e Educação Física.
O autor prossegue em seu delineamento histórico, verificando que, em
2009, foram criadas ações voltadas para a capacitação de professores
dinamizadores de biblioteca, que deveriam ser professores leitores,
responsáveis por metodologias e ambientes propícios ao desenvolvimento
do hábito de leitura nas bibliotecas/escolas.
Como se pode perceber, nenhum desses programas contava com
a presença de bibliotecários para administrar as bibliotecas e os acervos.
No caso do PBEE, alguns bibliotecários ministraram treinamento para os
dinamizadores de bibliotecas e forneceram instruções voltadas à
organização do acervo. Esses programas passam, atualmente, por
"descontinuidades". Entre uma gestão pública e outra, o que se observa é
um descaso em relação a esse tipo de ação política. Entretanto, estudos
como o de Silveira (2010) foram o ponto de partida para uma nova
reflexão sobre a situação das bibliotecas nas escolas estaduais.

AÇÕES

Ainda em 2009, alguns estudantes do curso de Biblioteconomia


da UFG demonstraram interesse em pesquisar políticas públicas para a
biblioteca escolar no Estado de Goiás. A orientação dos estudantes foi
conduzida pela Profa. Eliany Alvarenga de Araújo, que sugeriu a
necessidade de realizar uma reunião com membros do Conselho Estadual
de Educação (CEE) do estado. O tema em questão chamou atenção da
professora Maria do Rosário Cassimiro, membro do Conselho, que sugeriu
que o assunto fosse tratado em audiência pública.
No dia 18 de novembro de 2009 foi realizada a primeira audiência
pública sobre biblioteca escolar do Estado de Goiás, com representantes
da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários do Estado de

124
Goiás; do Ministério Público do Estado de Goiás; da Secretaria de Estado
da Educação de Goiás; do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial;
do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; do Serviço Social da
Indústria; do Sindicato das Escolas Particulares do Estado de Goiás; do
Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Goiás e da
Universidade Federal de Goiás. Nessa audiência foi discutida a importância
da biblioteca escolar como instrumento de ensino-aprendizagem na
formação de estudantes da rede pública e privada. Foi uma audiência
bastante produtiva, na qual as autoridades que ganharam vozes
reconheceram a importância desse espaço no cotidiano da escola.
O encaminhamento proposto após a audiência foi a identificação de
um grupo de trabalho composto por membros da Associação de
Bibliotecários do Estado de Goiás, pela Profª Eliany Alvarenga de Araújo e
por representantes da Secretaria Estadual de Educação, tendo como
objetivo discutir e elaborar um texto para constar na resolução do CEE. O
documento deveria prever o papel da biblioteca e do bibliotecário no
ambiente escolar. Nesse ínterim, foi aprovada a Lei Federal n.º 12.244, de
2010, que trata da universalização da biblioteca escolar na rede pública e
privada de ensino do país. Essa lei foi importante no sentido de fortalecer
a inclusão de um parágrafo sobre biblioteca escolar, na atual resolução do
CEE.
Assim, após intensas discussões e articulações políticas entre a UFG,
a Associação de Bibliotecários e o Conselho Estadual de Educação, foi
acrescentado na Resolução CEE/CP no. 05, de 10 de Junho de 201138, o
seguinte parágrafo:

Art. 119. A Biblioteca escolar é um componente essencial, situado


no espaço físico da escola, que objetiva reunir, tratar e disponibilizar
informações a professores, estudantes, funcionários e à comunidade
38
Dispõe sobre a Educação Básica em suas diversas etapas e modalidades para o
Sistema Educativo do Estado de Goiás, o credenciamento e o recredenciamento de
instituição de ensino, a autorização de funcionamento e renovação da autorização de
funcionamento de etapas da Educação Básica. Disponível em:
<http://www.cee.go.gov.br/wp-content/uploads/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CEE-CP-N.-
5-de-10-de-junho-de-2011-rev-13-07.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2012.

125
escolar, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem; suas
funções educativa, recreativa, cultural e social tornam - se
indispensáveis para o desenvolvimento da competência
informacional de seus usuários.

§ 1º Toda escola deve obrigatoriamente implantar e implementar


sua biblioteca, atualizando constantemente o acervo, dando
preferência às demandas oriundas dos conteúdos curriculares de
suas respectivas séries, módulos, ciclos e etapas.

§ 2º A biblioteca deve ser preferencialmente informatizada, com


acesso a internet e seção de empréstimo.
§ 3º Os funcionários já lotados na biblioteca deverão ser
capacitados, coordenados e supervisionados pelo bibliotecário
responsável.

Art. 120. O responsável por gerenciar, organizar, desenvolver


serviços e produtos de informação e realizar atividades pedagógicas
e culturais em conjunto com os professores e estudantes em uma
biblioteca escolar deve ser um bibliotecário, com formação superior
em Biblioteconomia.

§ 1º A instituição de ensino que tiver mais de 500 (quinhentos)


educandos deverá ter um bibliotecário devidamente registrado no
Conselho Regional de Biblioteconomia em seu quadro funcional.

§ 2º A instituição de ensino que tiver menos de 500 (quinhentos)


educandos deverá recorrer à orientação e supervisão de um
bibliotecário, devidamente registrado no Conselho Regional de
Biblioteconomia, para capacitar, supervisionar, orientar e avaliar os
funcionários da biblioteca.

Art. 121. O Sistema Educativo de Goiás, compreendido pelo sistema


público e privado, deverá investir na contratação de bibliotecários
para todas as bibliotecas escolares, existentes e para as que forem
criadas, como no mobiliário e na ampliação e atualização do acervo
bibliográfico e multimeios, nos termos da legislação em vigor.

A inclusão do texto na resolução constituiu uma grande conquista da


comunidade, ao esclarecer o papel da biblioteca e do bibliotecário no
contexto educacional, enfatizando a competência informacional. O referido
texto destaca o bibliotecário como figura fundamental no projeto
pedagógico da escola, conforme se pode observar no parágrafo do Art.
99:

126
Parágrafo único. O Conselho de Classe é constituído pelo diretor,
pela coordenação pedagógica, pelo bibliotecário, por todos os
professores que atuam naquela classe, pela representação legal dos
alunos e dos pais e demais componentes, previsto no projeto
político pedagógico da unidade e no regimento escolar.

Todas essas ações foram possíveis a partir de uma articulação


política entre a universidade, profissionais bibliotecários e representantes
do Conselho Estadual de Educação. Apesar desse reconhecimento na
legislação, as escolas estaduais atualmente ainda não contam com
bibliotecários atuando em suas funções, mas ocorreram cogitações para a
realização de concurso público para bibliotecários em 2010. Atualmente,
não há informações claras sobre esse possível concurso.
No âmbito municipal de ensino, as escolas de Goiânia, capital do
estado, também não contam com bibliotecas propriamente ditas, apenas
salas de leitura. Da mesma forma, não há bibliotecários formados em
exercício. Para atuarem nesses espaços, são nomeados funcionários
administrativos concursados de nível médio, que passam por um curso
preparatório, ministrado por bibliotecário (PERILLO; SILVEIRA, 2012).
Segundo Perillo e Silveira (2012), o curso tem carga horária de 100
h/a e possui o seguinte conteúdo: função social da sala de leitura,
procedimentos técnicos e administrativos, uso do software livre BIBLIVRE,
orientações sobre o Programa Nacional do Livro Didático (PNDL) e o
Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), bem como orientações
para atividades de contação de estórias. No entanto, em Aparecida de
Goiânia, município da Região Metropolitana da Capital, bibliotecários
concursados atuam nas bibliotecas da rede municipal de educação básica.
Acredita-se que uma das ações importantes para a divulgação da
Lei 12.244 e da resolução do CEE foi a participação das professoras do
Curso de Biblioteconomia, Eliany Alvarenga Araújo, Janaina Ferreira Fialho
e Andréa Pereira dos Santos no evento: Pensar 2011 realizado em
Goiânia. O evento Pensar acontece anualmente, com o objetivo de reunir
pesquisadores e profissionais convidados a refletirem sobre educação e

127
sociedade, perspectivas e desafios contemporâneos. O Curso de
Biblioteconomia, representado pelas referidas professoras, ministrou o
mini-curso “Competência informacional em Biblioteca Escolar” e promoveu
a divulgação da Lei 12.244 e da resolução do CEE. O público presente era
constituído por professores da rede pública e pela bibliotecária
responsável pelas bibliotecas de Aparecida de Goiânia.
Na rede privada, a situação da biblioteca escolar não é muito
diferente. Em Goiânia, algumas escolas tradicionais possuem bibliotecários
atuantes, mas a realidade está longe do que é desejável e necessário: que
todas as escolas particulares tenham bibliotecas bem estruturadas com,
pelo menos, um profissional formado e equipes de auxiliares de biblioteca
altamente capacitadas. Não há um estudo detalhado sobre a situação nas
escolas privadas do interior do estado, mas há demanda constante de
profissionais para atuarem em instituições privadas de ensino superior.
Assim, percebe-se que a formação de bibliotecários preparados para
assumir cargos em bibliotecas escolares constitui um dos desafios dos
cursos de biblioteconomia. No curso da Universidade Federal de Goiás,
esse desafio está sendo enfrentado por meio de um programa de estágios
e de trabalhos de conclusão de curso (TCCs), que oferece aos estudantes
oportunidade para trabalharem com questões específicas da biblioteca
escolar, conforme descrito a seguir.

Estágios e TCCs do curso de Biblioteconomia da Universidade


Federal de Goiás

O Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás


oferece atualmente duas modalidades de estágio para os estudantes: o
estágio extracurricular e o estágio curricular obrigatório. O estágio
extracurricular é oferecido por instituições externas, não consta na grade
curricular e o estudante pode realizá-lo a partir do quarto semestre. O
estágio curricular obrigatório possui uma carga horária de 192 h/a e é
realizado sob orientação do professor orientador, no último semestre do
curso. Percebe-se interesse crescente dos estudantes em desenvolverem

128
seus estágios extracurriculares e obrigatórios em ambientes educacionais,
particularmente nas bibliotecas das escolas de Goiânia. Pelo levantamento
relativo aos anos de 2010 e 2011, verificou-se cerca de 10 estágios
obrigatórios desenvolvidos em bibliotecas escolares, sob supervisão do
profissional bibliotecário, nas seguintes instituições: Externato São José,
Colégio Marista, Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação –
CEPAE -, Colégio Salesiano Ateneu Dom Bosco e Colégio Pio Vargas.
As atividades desenvolvidas nesses locais procuraram tornar as
bibliotecas espaços interativos e interessantes para toda a comunidade
escolar e inseri-las na proposta pedagógica da escola. Dessa forma, os
estudantes de Biblioteconomia têm proposto em seus estágios ações
específicas como visitas técnicas orientadas, contação de estórias,
incentivo ao hábito de leitura, planos para formação e desenvolvimento de
acervo, criação de blogs e pesquisa escolar orientada, envolvendo a
participação de professores e bibliotecários das escolas.
Os trabalhos de Conclusão de Curso, considerados como disciplina
obrigatória no sétimo e oitavo períodos são realizados sob supervisão do
professor orientador. Tem sido produzidos no curso trabalhos de
qualidade, os quais vêm contribuindo para se traçar um panorama do
desenvolvimento da biblioteca escolar no estado de Goiás. Dentre esses,
pode-se citar o trabalho de Carlos Eduardo da Silveira: “Políticas públicas
para biblioteca escolar em Goiás: análise do Programa de Bibliotecas das
Escolas Estaduais- PBEE, da SEDUC - Goiás”39.
As demais monografias desenvolvidas no curso, tomando-se por
referência os anos de 2010 e 2011, têm se focado em temas como o
comportamento informacional dos estudantes da educação básica,
letramento informacional, vandalismo em acervos de bibliotecas escolares,
leitura, documentos audiovisuais em bibliotecas escolares e formação
profissional do bibliotecário. Os trabalhos que vêm sendo realizados estão
relacionados a seguir e estarão disponíveis em repositório digital que está

Fonte: dados da pesquisa (2012).


39
Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/48650674/TCC-Programa-de-Bibliotecas-das-
Escolas-Estaduais-PBEE-de-Goias. Acesso em: 24 abr. 2012.

129
sendo desenvolvido pela Comissão Integrada de TCCs, da Faculdade de
Comunicação e Biblioteconomia (FACOMB):
QUADRO 1 - Produção Acadêmica
Título Autor
A biblioteca do Colégio Estadual Waldemar Mundim Karla
na percepção dos professores e alunos do 3º ano do Rodrigues da
ensino médio Silva
A biblioteca escolar e os documentos audiovisuais: MilenaBruno
uma investigação nas escolas de ensino fundamental Henrique
em Goiânia Guimarães
A formação acadêmica dos educadores para atuarem Morgana
na formação de leitores em escolas: análise dos Bruno
cursos de Letras Licenciatura Português, Pedagogia e Henrique
Biblioteconomia UFG Guimarães
Biblioteca escolar, necessidade e busca da Tatyane
informação: estudo sobre o comportamento Cristina
informacional dos estudantes da rede privada de Camargo dos
ensino da cidade de Goiânia Santos
Busca e uso de informação no contexto escolar: Caio
estudo de comportamento informacional de Filgueiras
estudantes da 2ª fase do ensino fundamental Viana
Estudo do comportamento informacional dos alunos Suzane
do ensino médio do Colégio Estadual Miriam Gonçalves
Benchimol Ferreira
Duarte
Informação em contexto educacional: Dayane
comportamento informacional de estudantes do Basílio
ensino fundamental II do Colégio Estadual Waldemar
Mundim na cidade de Goiânia-Goiás
Leitura na escola: análise da atuação das salas de Maria Sônia
leitura da rede municipal de ensino de Goiânia-Goiás dos Santos
de Aquino
Letramento informacional: uma análise dos Bethânia
formandos em Biblioteconomia da Universidade Oliveira Silva
Federal de Goiás no ano de 2010
Navegando na Internet: estudo de cultura Varlene
informacional de alunos concluintes do ensino médio Rocha
da rede estadual de ensino em Goiânia Brandão
Bandeira
Políticas públicas para biblioteca escolar em Goiás: Carlos
análise do Programa de Bibliotecas das Escolas Eduardo da
Estaduais-PBEE, da SEDUC-Goiás Silveira
Vandalismo em acervos de bibliotecas escolares Izaura F.
Neta

130
Dentre os 32 TCCs apresentados nos anos de 2010 e 2011, 12
incluíram temas de pesquisa envolvendo diretamente a biblioteca escolar,
o que correspondeu a quase 40% dos trabalhos produzidos pelos
estudantes do curso nos respectivos anos, conforme o gráfico a seguir:

TCCs de Biblioteconomia - 2010 e 2011

70
60 62,5
50
40 37,5

30
20
10
0
S1
Biblioteca escolar
Outros temas

GRÁFICO 1 - TCCs de Biblioteconomia


Fonte: Dados da pesquisa (2012).

A produção dos TCCs pelos estudantes da graduação contribui


enormemente para o aumento de interesse pela pesquisa em biblioteca
escolar, motivando-os a elaborarem projetos para ingresso em programas
de pós-graduação, levando-os à reflexão da prática profissional e da
própria formação do bibliotecário para atuar como educador. Os
estudantes têm se inteirado do que está sendo produzido na literatura
nacional e internacional e refletido sobre a realidade municipal e estadual,
contribuindo também para o desenvolvimento do diagnóstico das
bibliotecas escolares no município de Goiânia e no estado de Goiás. Esse
processo fornece subsídios para a articulação de ações e projetos que
objetivam a melhoria das bibliotecas e da educação básica no estado.
A orientação dos trabalhos tem se concentrado, sobretudo, com as
linhas de pesquisa dos professores, subjacentes ao tema e uma questão
que tem sido colocada na reforma do projeto pedagógico do curso é a

131
necessidade de formação do bibliotecário para atuar como educador,
principalmente sua capacitação para o desenvolvimento do letramento
informacional em diferentes unidades de informação. A pesquisa de Silva
(2011) indicou que o curso de Biblioteconomia da UFG oferece disciplinas
ligadas diretamente ao desenvolvimento do letramento informacional, mas
é necessário que disciplinas da área de Educação sejam acrescidas ao
currículo. Um dos grandes desafios das instituições educacionais é
incentivar os estudantes a tornarem-se letrados no uso da informação e,
no curso de Biblioteconomia, o desafio é ainda maior, pois se trabalha
com a perspectiva de formar profissionais que irão contribuir para a
formação e educação de novos usuários da informação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Bibliotecas escolares administradas por profissional formado, com


infra-estrutura adequada, são elementos fundamentais para a melhoria da
qualidade da educação básica, como apontam diversos estudos nacionais
e internacionais. Acredita-se que o que foi alcançado até o presente, no
estado de Goiás foi uma conquista importante, mas há um longo caminho
a ser percorrido. Esse percurso envolve reflexões e práticas sobre a
própria formação do bibliotecário para atuar como educador; projetos de
extensão e pesquisa que envolvam o curso de Biblioteconomia da UFG e
as comunidades escolares; articulações políticas com a sociedade e órgãos
representantes de classe; bem como inserção mais efetiva nas políticas
públicas.

REFERÊNCIAS

PERILLO, Amanda Cavalcante; SILVEIRA, Raidan Cruz. Letramento


informacional: formação do leitor na biblioteca escolar. In:
ENCONTRO REGIONAL DE ESTUDANTES DE BIBLIOTECONOMIA,
DOCUMENTAÇÃO, CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO,
14., 2012, Florianópolis. [Anais...] Florianópolis: [s. n.], 2012.

132
SILVA, Bethânia Oliveira. Letramento informacional: uma análise dos
formandos em Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás no ano
de 2010. 2011. 62 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Biblioteconomia) – Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia,
Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 2011.

SILVEIRA, Carlos Eduardo da. Políticas públicas para biblioteca


escolar em Goiás: análise do programa de bibliotecas das escolas
estaduais – PBEE da Secretaria de Estado da Educação de Goiás –
SEDUC/GO. 2010. 103 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Biblioteconomia) - Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia,
Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 2010. Disponível em:
<http://pt.scribd.com/doc/48650674/TCC-Programa-de-Bibliotecas-das-
Escolas-Estaduais-PBEE-de-Goias>. Acesso em: 30 abr. 2012.

133
RELATO DE EXPERIÊNCIA DA IMPLANTAÇÃO E
FORTALECIMENTO DA REDE DE BIBLIOTECAS
ESCOLARES DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA - ES

REPORT OF THE IMPLEMENTATION AND


STRENGTHENING OF SCHOOL LIBRARIES
NETWORK OF THE CITY OF VITÓRIA, BRAZIL

Eduardo Valadares da Silva40

Apresenta uma síntese histórica dos trabalhos que viabilizaram a


implementação da Rede de Bibliotecas Escolares no Município de Vitória,
capital do Estado de Espírito Santo. Ressalta ações, investimentos e
eventos até então realizados no âmbito da Secretaria Municipal de
Educação de Vitória visando a melhorias, revitalização e dinamização das
bibliotecas escolares municipais que refletem intenções dos bibliotecários
e de outros membros da equipe, no sentido de nortear políticas a serem
definidas para a Rede de Bibliotecas Escolares, assim como oportunizar
reflexões sobre práticas, desafios e processos de integração entre escola,
biblioteca e comunidade.

Palavras-chave:
Rede de Bibliotecas Escolares do Município de Vitória – ES; Bibliotecas
escolares municipais – relato de experiências; Bibliotecas escolares -
Brasil

This paper presents an historical overview of the actions that made


possible the implementation of the School Library Network in Vitória,
capital of the state of Espírito Santo, Brazil. It highlights actions, events
and investments so far made under the Municipal Education Department

40
Coordenação de Bibliotecas Escolares da Secretaria Municipal de Educação de Vitória,
ES.

134
of Vitória, in order to improve, revitalize and promote local school
libraries. These actions reflect the intentions of librarians and other staff
members to guide policies to be defined for the School Library Network, as
well as to create opportunities for reflections on practices, challenges and
processes of integration between schools, libraries and community.

Keywords:
School Library Network of the Municipality of Vitória – ES, Brazil;
Municipal School Libraries - Report of Experiences; School Libraries -
Brazil

INTRODUÇÃO

No município de Vitória no Espírito Santo, a preocupação com a


biblioteca escolar junto à rede municipal de ensino não é recente. Por
mais de uma década, e especialmente a partir de 2005, o processo de
melhoria e dinamização das bibliotecas tem sido objeto de discussões e
ações da Secretaria Municipal de Educação de Vitória.
Nessa linha de pensamento compreende-se que a biblioteca escolar
precisa se afirmar como

um espaço constituído para, uma vez assimilado pelo aluno,


professor e demais entes que constituem os atores do ambiente
escolar, possibilitar a interação com os processos de conhecimento
de modo a contribuir para uma formação satisfatória do indivíduo,
favorecendo o aprender a aprender, ou seja, corroborando para a
aquisição da habilidade de aprender, saber obter, utilizar e gerar
novas informações. (SISTEMA CFB/ CRB, 2008, p. 6).

A biblioteca na escola precisa ser concebida como um instrumento


imprescindível para o desenvolvimento do aluno, não somente pela

135
disponibilização de acervos, mas também pela viabilização dos saberes
presentes e subsidiados pela sua existência, tomando por base a realidade
da escola, seu projeto político-pedagógico e a cultura que fundamenta o
modo de vida dos membros da comunidade escolar.
Revisitando os registros dos trabalhos que inciaram a
implementação da Rede de Bibliotecas Escolares no Município de Vitória a
contar do ano de 1999, momento no qual houve o projeto de revitalização
dos espaços escolares, identifica-se um processo de mobilização de
equipes multidisciplinares incluindo bibliotecários, professores de artes,
educação física, língua portuguesa e estagiários de biblioteconomia com
especial atenção à revitalização dos espaços e ações das bibliotecas
escolares do Município.
Em 2005, motivado pelo satisfatório movimento instituinte realizado
junto às escolas e especialmente junto às bibliotecas, o município
concretiza a concepção de fortalecer e potencializar ainda mais o trabalho
inciado há seis anos realizando concurso público para diversos cargos de
magistério, assistentes administrativos e, principalmente, para o cargo de
bibliotecário, com a abertura inicial de 47 vagas para assunção imediata e
posteriormente totalizando, poteriormente, 54 bibliotecários atuando
diretamente nos espaços da Secretaria Municipal de Educação. Tais ações
propiciaram o atendimento antecipado à Lei Federal nº 12.244, publicada
no ano de 2010, que trata da universalização das bibliotecas escolares
num prazo máximo de dez anos, a contar de sua publicação Lei e, ainda, a
instalação de bibliotecas em todas as instituições de ensino do país, sejam
elas públicas ou privadas com a exigência de atuação de profissional
qualificado em cada unidade, bem como quantitativo mínimo de livros em
seu acervo, levando em consideração o número de alunos matriculados.
Para além do atendimento antecipado à lei nº 12.244, destaca-se o
investimento no processo de formação continuada pensada para nossos
bibliotecários por meio da realização das seguintes ações nos últimos
quatro anos.

136
AÇÕES

• III Fórum Municipal de Bibliotecas Escolares realizado em 2008 que


gerou um relatório final intitulado “Boas práticas para a biblioteca escolar:
a construção de um percusso” que apresenta a recomendação e ações
estratégicas de diretrizes a serem implementadas por essa Rede de
Bibliotecas Escolares, a partir do exercício de 2009. As recomendações
apresentadas formalizaram e traduziram as intenções da equipe envolvida
com a biblioteca escolar sendo, portanto, o referencial inicial para a
consolidação das políticas norteadoras para a Rede de Bibliotecas.
• IV Fórum Municipal de Bibliotecas Escolares realizado em 2010, teve
como foco as temáticas “Os desafios da biblioteca no Ensino Fundamental
de 9 anos” e o “Papel educativo do bibliotecário na produção do
conhecimento”. Nessa oportunidade foi viabilizada discussão de questões
relacionadas às bibliotecas escolares, com abrangência para as bibliotecas
públicas e especializadas do município de Vitória, proporcionando o
intercâmbio de experiências e o embasamento teórico para a aplicação de
modelos, métodos, técnicas, instrumentos e ferramentas aplicadas
principalmente ao setor educacional, visando ações concretas na busca da
melhoria contínua da educação.
• Seminário da Rede de Bibliotecas Escolares de Vitória, realizado em
2011, propôs reflexão a respeito do tema “A importância do bibliotecário
no currículo escolar”. Dentre os temas de palestras e mesas, foram
propostas: “Currículo: bibliotecarizando e curricularizando o cotidiano
escolar” e “A participação da biblioteca no currículo escolar” . Além disso,
foram oportunizadas apresentações de trabalhos implementados pelos
bibliotecários da rede e também a realização de oficinas, com as seguintes
temáticas: “Música e texto: possíveis convergências”; “O livro com duas
escritas na escola para todos” e “Reutilizar, criar e contar”. Essas
discussões forneceram subsídios para refletir e compreender melhor a
participação da biblioteca no currículo escolar, analisando as práticas
existentes na rede municipal de ensino de Vitória.

137
Dando seguimento ao contínuo processo formativo dos
bibliotecários, em 2012 está sendo oferecida formação de 80 horas, que
tratará de “Aspectos introdutórios de políticas educacionais” com a
perspectiva de embasar teoricamente a atuação dos bibliotecários
escolares abordando conteúdos de História de Educação, Currículo,
Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos e Alfabetização. Vale
destacar que mais de 70% da carga horária dessa formação está sendo
realizada dentro do horário de trabalho, o que explicita a meta da
Secretaria Municipal de Vitória em potencializar junto aos bibliotecários da
Rede, reflexões acerca do tema educação, colocando em pauta discussões
sobre o processo de integração escola/biblioteca/comunidade para que,
dessa forma, se aproximem os bibliotecários e professores em ações
colaborativas sistemáticas.
Além dos fóruns e seminários acima apresentados, a equipe de
bibliotecários tem a disposição vasta opção de formações organizadas pela
Gerência de Formação e Desenvolvimento em Educação que são ofertadas
ao longo de todo o ano durante e fora do horário de trabalho bem como a
possibilidade de formação continuada em outros cursos oferecidos,
inclusive de pós-graduação, ofertados via edital, pelo Pólo Vitória da
Universidade Aberta do Brasil e Escola de Governo de Vitória, conforme
disponibilidade dos servidores.
Em relação ao desenvolvimento de coleções, vêem sendo realizados
importantes investimentos nos últimos três anos, com a aquisição de
amplo acervo literário voltado para as demandas de cada unidade de
ensino, trazendo o foco para o atendimento de alunos do ciclo inicial de
aprendizagem (1º, 2º e 3º ano do Ensino Fundamental), perfazendo um
total de cerca de R$850.000,00 de investimento somente no ano de 2011
totalizando mais de 5500 títulos de livros. Além da renovação dos
acervos, ressalta-se a modernização dos mobiliários específicos de
bibliotecas para adultos e infantis (estantes e expositores, bibliocantos e
caixas bibliográficas) com um design moderno, alegre e resistente
trazendo, com isso, melhores condições físicas de atendimento à

138
comunidade escolar. Além das aquisições feitas diretamente pela
Secretaria de Educação, vem sendo estimulado continuamente os
diretores e bibliotecários a utilizarem verbas municipais e federais que são
repassadas diretamente às escolas para que sejam incluidas em seus
planejamentos, segundo suas especificidades, na melhoria da estrutura de
suas bibliotecas.
Outro ponto que a destacar é a inclusão da biblioteca escolar como
uma das possibilidades de oficinas oferecidas pelo Programa de Escola
Aberta (PEA), que funciona em 30 unidades municipais de ensino de
Vitória. Para qualificar o atendimento foram contratados estagiários com
carga horária de 20 horas semanais, sendo que 12 horas são cumpridas
durante a semana útil, com orientação direta do bibliotecário e do
pedagogo responsável pela unidade de ensino, além de 8 horas nos finais
de semana, com orientação do coordenador do PEA. Dessa forma procura-
se garantir à comunidade escolar e à população que reside em seu
entorno, mais uma possibilidade de espaço de formação cultural, leitura e
pesquisa.
Além das bibliotecas escolares, os profissionais do sistema municipal
de ensino contam com um espaço especializado para consulta a fontes
bibliográficas em diversas áreas de conhecimento: a Biblioteca do
Professor. Com amplo acervo bibliográfico voltado para o auxílio à
pesquisa e à normalização de trabalhos acadêmicos, a biblioteca tem
como proposta, amparar e prover ações pedagógicas de ensino.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos desafios para o ano de 2012 se refere à implantação do


sistema automatizado para gestão e administração de bibliotecas, visto
que, ainda hoje, a maioria das bibliotecas escolares não conta com
catálogo manual de busca por título, autor ou assunto, o que compromete
sensivelmente a qualidade dos serviços oferecidos, além das dificuldades
de acompanhamento das atividades por parte da coordenação de

139
bibliotecas escolares. Com essa implantação, pretende-se fortalecer o
trabalho em rede, permitindo que o tratamento e a organização da
informação se qualifique continuamente.
Outro desafio, se caracteriza pelo fortalecimento de um trabalho de
bibliotecas escolares que conte com bibliotecários educadores integrados
ao coletivo da escola e não somente com técnicos de um setor isolado,
ressaltando as diversas possibilidades de atividades pedagógicas que
podem ser implementadas a partir da biblioteca escolar, como a
orientação à pesquisa escolar, a formação do leitor, a promoção da leitura
como prática cotidiana, a produção cultural e outras mais. Com esse
objetivo, a coordenação de bibliotecas escolares participará de um
momento de formação com todos os pedagogos da rede de ensino
fundamental, com o intuito de propiciar o estabelecimento desse elo de
conexão entre alunos, famílias, professores, bibliotecários e comunidade
escolar como um todo, de forma que essas possibilidades sejam
concretizadas segundo o perfil de cada território. Concomitante a isso,
destaca-se a participação no processo de elaboração do Projeto Político
Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, que pretende escriturar
as concepções teóricas e filosóficas que norteiam a atuação da
coordenação seja na condição de gestores públicos, seja como agentes
educadores nos diversos espaços de Vitória que vem se consolidando a
cada dia como uma cidade verdadeiramente educadora.

REFERÊNCIAS

CAMPELLO, Bernadete Santos. Letramento informacional no Brasil:


práticas educativas de Bibliotecários em escolas de ensino básico.
Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte, v. 14, n. 3, dez. 2009 . Disponível
em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362009000300017&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 12 mar. 2012.

SANTOS, Lília Virgínia Martins. Biblioteca e escola: diálogos possíveis.


Presença Pedagógica, Belo Horizonte, v. 18, n. 103, jan./ fev. 2012.

140
SISTEMA CRB/ CFB. Projeto mobilizador: biblioteca escolar: construção
de uma rede de informação para o ensino público. Brasília, DF: CFB/CRB,
2008.

141
A TRAJETÓRIA DE UM GRUPO ESPECIALIZADO DE
PROFISSIONAIS BIBLIOTECÁRIOS NA ÁREA
ESCOLAR EM SANTA CATARINA

THE TRAJECTORY OF A GROUP OF SCHOOL


LIBRARIANS IN THE STATE OF SANTA CATARINA,
BRAZIL

Eliane Fioravante Garcez41

Discorre sobre a trajetória do Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de


Santa Catarina, vinculado à Associação Catarinense de Bibliotecários.
Descreve ações para sua estruturação, ressaltando o conceito de
itinerância, em que evento realizado pelo Grupo é realizado em diferentes
municípios. Expõe uma concepção de gestão baseada em parceria com
instituições ligadas à questão da biblioteca escolar. Registra a história do
Grupo, estimulando bibliotecários da área escolar a participar e a
constituir outros grupos, a colaborar para o fortalecimento do movimento
associativo e da profissão de bibliotecário.

Palavras-chave:
Biblioteca Escolar - Bibliotecário Escolar; Associação Profissional –
GBAE/SC – Santa Catarina, Brasil.

This article describes the trajectory of the Group of School Librarians of


Santa Catarina, Brazil, affiliated to the Library Association of Santa
Catarina. It tells about its structure, highlighting the concept of roaming,
in which events held by the Group are carried out in different
41
Mestre em Ciência da Informação

142
municipalities. Exposes a design management based on partnership with
institutions related to school library. It records the history of the Group,
encouraging school librarians to participate, to form similar groups, to
collaborate to strengthen the associations and the library profession.

Keywords:
School Library - School Librarian – Professional Association – GBAE /SC –
Santa Catarina, Brazil.

INTRODUÇÃO

Este artigo surge do convite de Bernadete Santos Campello,


Coordenadora do Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar (GEBE)42, para
que o mesmo integre os anais do 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca
Escolar realizado de 24 e 25 de maio de 2012 pela Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte (BR), no Anexo Prof. Francisco
Iglésias, da Biblioteca Públia Estadual Luiz de Bessa. Busca-se, portanto,
apresentar as ações do Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa
Catarina (GBAE/SC), as quais entrelaçam-se a tantas outras – tanto nas
dos sujeitos que fazem parte desse Grupo quanto nas de outros sujeitos
vinculados – a outros grupos, mas que desenvolvem atividades
relacionadas à biblioteca escolar – bibliotecários, professores das
faculdades de Biblioteconomia e de Pedagogia, professores da educação
básica, livreiros, contadores de história, diretores de escola, alunos,
governantes, dentre outros. A descrição das ações desse Grupo
especializado de profissionais bibliotecários conta parte da história da
Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB)43.

42
O GEBE vincula-se à Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) e integra pesquisadores e acadêmicos em atividades de ensino,
pesquisa e extensão, relacionadas à função educativa da biblioteca. O objetivo é buscar
compreender o potencial da biblioteca escolar como espaço de ação pedagógica.
Disponível em: <http://gebe.eci.ufmg.br/>. Acesso em: 26 abr. 2012.
43
A Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB) foi instituída em 15 ago. 1975. Nela
encontram-se vinculados cinco grupos especializados – o Grupo de Bibliotecários da Área

143
Lima (1998) diz que:

a Associação é cada um de seus membros e o conjunto de todos. A vida


das Associações é o somatório da vida dos associados. É ação da ACB as
ações que cada um desenvolve, assim, memórias, relatos de vida, é um
relato da Biblioteconomia Catarinense. (LIMA, 1998, p.11).

Segundo Aristóteles, “ação” é tanto o processo quanto o resultado


de atuar e ambos são consequências de uma escolha deliberada. (MORA,
1996, p. 11). As pessoas reunem-se em grupo, por afinidade, interesse ou
por um ideal político e, ao assumirem compromisso para alcançar os
objetivos traçados pelo coletivo, tornam-se parceiras. Dessa forma,
portanto, o propósito do Grupo precisa, primeiramente, ter sentido para
cada indivíduo que dele faz parte.
Para Ferreira (2004) o termo “sentido” tem conotação de “Senso,
propósito, objetivo, atenção, direção, rumo.” E o sentido das escolhas
individuais daqueles que integram o GBAE/SC contribui para resgatar,
socializar, documentar experiências em Biblioteca Escolar e desenhar o
seu rumo em Santa catarina.
Segundo Lima (1998, p. 11), o ato de “documentar é uma
característica profissional que deve ser exercitada também para registro
da nossa própria história.” Lembra a filósofa e historiadora Hannah Arendt
(2002, p. 14), que “a história é o sistema das experiências humanas.”
De acordo com Macedo (2005):

as associações de classe representam, dentro de suas especificidades, um


papel importantíssimo, não só quando da necessária defesa da carreira e
momentos de reivindicações de salários, como para tratar de resolver

Escolar de Santa Catarina (GBAE/SC), o Grupo de Bibliotecários de Informação em


Ciências da Saúde de Santa Catarina (GBICS/SC), o Grupo de Informação e
Documentação Jurídica de Santa Catarina (GIDJ/SC), o Grupo de Bibliotecas Públicas de
Santa Catarina (GBP/SC) e o Grupo dos Acadêmicos de Biblioteconomia de Santa
Catarina (GAB/SC). Disponível em: <http://www.acbsc.org.br/site/grupos-
especializados.html>. Acesso em: 06 abr. 2012.

144
necessidades específicas ao desenvolvimento da comunidade bibliotecária,
nos mais diferentes âmbitos da profissão. É preciso lutar contra o
recrudescimento das associações de classe e dar apoios irrestritos a esses
organismos. (MACEDO, 2005, p. 140).

Para que um grupo ou associação exista, primeiramente será


necessário haver desejo e apoio de seus integrantes. Essa intenção
(desejo) quando somada à atitude (ação) de associar-se, de juntar-se aos
pares em prol de um objetivo comum e maior, ultrapassa o espaço de
atuação profissional individual, refletindo no coletivo profissional. E isso
repercurte na sobrevivência desse grupo ou associação, nas conquistas
profissionais de seus membros e no reconhecimento social de uma
profissão.
Lembra Campello (2007, p. 7, grifo meu), que a construção de uma
nova imagem da Biblioteca Escolar no Brasil requer “um trabalho de
base”, voltado à pesquisa e à “formação de profissionais bibliotecários
comprometidos com a função pedagógica da profissão.” Esse
entendimento vem reforçar a concepção de Almeida Junior (2004, p. 76)
quando diz que “os bibliotecários que atuam em biblioteca escolar
também possuem uma responsabilidade didático-pedagógica. Aliás, na
visão de muitos desses profissionais, talvez seja essa a maior de suas
responsabilidades.” Ainda, segundo Campello (2007) grupos como o
GBAE/SC refletem a responsabilidade e a contribuição dos profissionais
bibliotecários que atuam na Biblioteca Escolar de estarem socializando
suas práticas.
O artigo 66 do Estatuto da ACB (ASSOCIAÇÃO..., 2008) define que
grupos como o GBAE/SC “são órgãos técnicos, consultivos e de
assessoramento da ACB, vinculados à Diretoria, de quem receberão todo o
apoio necessário às suas iniciativas.”

145
O GRUPO DE BIBLIOTECÁRIOS DA ÁREA ESCOLAR DE
SANTA CATARINA – GBAE/SC

O Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina


(GBAE/SC) foi instituído em 7 de julho de 1999, durante o 18º Painel
Biblioteconomia em Santa Catarina (PBSC), quando também ocorreu o I
Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares44, ambos promovidos pela ACB.
A formação desse Grupo deu-se um ano após o ingresso, por
concurso público, de 17 novos bibliotecários, os quais passaram a integrar
o quadro das escolas da Rede Municipal de Educação de Florianópolis. Tal
iniciativa, além de buscar integrar os bibliotecários escolares, respondia à
necessidade de docentes dos cursos de Biblioteconomia da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC) e de bibliotecários que compartilhavam a ideia de
aproximar, além de seus pares, professores e acadêmicos para discutir
essa temática, facilitando a troca de experiência profissional e
fortalecendo a formação acadêmica nesta área específica da
Biblioteconomia.
Com os bibliotecários escolares participando do GBAE/SC a
tendência seria, através das socializações conhecer o que ocorre nas
escolas onde esses bibliotecários atuam, como se dá o uso da biblioteca
pela comunidade escolar, quais práticas são desenvolvidas por esses
profissionais, como se dá a interação destes com os demais sujeitos
escolares, enfim, como se constitui o processo de uso da informação na
escola. Isso impulsionaria as discussões e ações sobre/da biblioteca
escolar no estado de Santa Catarina, um território que se equipara aos
demais da federação em termos de número insuficiente e das precárias
condições de nossas bibliotecas escolares.
No entanto, apesar do louvável propósito, nos dois primeiros anos
após a instituição do Grupo, as tentativas de convencimento da ACB para
que bibliotecários escolares assumissem a coordenação do Grupo não

44
Programação disponível em: <http://www.ced.ufsc.br/bibliote/acb/forumbe.html>.
Acesso em: 07 abr. 2012.

146
alcançaram êxito, mesmo tendo, no primeiro ano (2000) promovido o II
Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares. Foi somente em 2002, a partir
da palestra GBAE/SC – Grupo de Bibliotecários da área Escolar:
compromisso com a cidadania (GARCEZ, 2002), a qual integrou a Mesa
Redonda Cenários X Rumos da Profissão, composta por representantes
dos grupos especializados, no XXI Painel Biblioteconomia em Santa
Catarina (21 e 22 nov. 2002), que a ACB consegue mobilizar profissionais
e acadêmicos de Biblioteconomia dispostos a pensar e a fazer o GBAE/SC.
Em 2003, com novos integrantes e tendo superado a prioridade inicial de
contar com uma coordenação, o Grupo passou a buscar mais
simpatizantes enquanto, simultaneamente, definia o Calendário de
Reuniões Ordinárias e o Plano de Metas para aquele ano, os quais, por
determinação estatutária (ASSOCIAÇÃO..., 2008), passaram a ser
encaminhados à ACB. Nesse mesmo ano o GBAE/SC realiza dois
importantes eventos, o encontro Educar na Biblioteca Escolar (fev. 2003)
e o III Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares (out. 2003) cujas
programações podem ser conferidas no subcapítulo 2.4. A partir de 2004,
com a aprovação do seu Regimento Interno, possuindo um site e com
uma identidade visual, o GBAE/SC consegue avançar e alcançar outros
espaços.
Nos subcapítulos que seguem serão abordadas questões
relacionadas à estrutura e gestão desse Grupo, além de pormenores
quanto às atividades desenvolvidas, que revelam o compromisso de suas
coordenações ao propósito de:

a) Estimular e promover o intercâmbio de experiências e o


aperfeiçoamento profissional de seus integrantes; b) Disseminar as
atividades do Grupo; c) Possibilitar o intercâmbio e cooperação entre os
organismos de informação e instituições afins, do país e exterior; d)
Promover pesquisas relacionadas à área educacional; e) Incentivar a
publicação de trabalhos resultantes das experiências de seus integrantes.
(GRUPO..., 2004, p.1).

147
Estrutura e Gestão

Conforme o artigo quarto do Regimento Interno (GRUPO..., 2004,


p.1), o GBAE/SC “é composto por uma Coordenação Geral, sub-grupos de
trabalho e membros.” A coordenação geral é constituída por Coordenador,
Vice-coordenador, primeiro e segundo secretários e, primeiro e segundo
tesoureiros. Hoje, o Grupo encontra-se na sua quarta coordenação. A
primeira foi de 2003/2004, a segunda de 2004/2006, e a terceira de
2008/2009. Os nomes de seus integrantes e respectivas instituições estão
disponíveis em <http://gbaesc.acbsc.org.br/coordenacao.htm>.
Esse mesmo dispositivo legal, (GRUPO..., 2004, p. 3) diz que “os
subgrupos de trabalho têm por finalidade estudar temas específicos de
interesse do GBAE/SC e suas decisões serão levadas à apreciação do
Grupo, via relatório.” Em 2003, com o intuito de agilizar os compromissos
assumidos no seu Plano de Metas, o Grupo se utiliza desse recurso e
institui seis subgrupos de trabalho.45 (GRUPO..., 2003, f. 2-3). A partir
dos trabalhos desenvolvidos por esses subgrupos, dos quais se registra os
nomes desses parceiros, o GBAE/SC teve a sua identidade fortalecida e o
ânimo de seus integrantes elevado.
O primeiro, subgrupo Logomarca, abriu concurso para os
interessados em pensar numa identidade visual para o Grupo. O resultado
pode ser conferido em <http://gbaesc.acbsc.org.br>. O segundo,
subgrupo Estatuto, foi incumbido de estudar o Estatuto da ACB e os
regimentos internos do Grupo de Bibliotecários de Informação em Ciências
da Saúde de Santa Catarina (GBICS/SC) e do Grupo de Informação e
Documentação Jurídica de Santa Catarina (GIDJ/SC), instituídos,

45
Subgrupo Logomarca (Ana Beatriz A. Hernanpérez, Ana Luiza de Oliveira Mattos,
Maiara Danusa de Medeiros e Sandra M. Lohn Vargas), Subgrupo Estatuto (Eliane
Fioravante Garcez, Eliana Paula Turmina, Lidyani Mangrich dos Passos e Michelle
Pinheiro), Subgrupo Cadastro de membros (Ana Luiza de Oliveira Mattos e Sandra M.
Lohn Vargas), Subgrupo Relato de Experiência e Trabalhos Científicos (Ana Beatriz
A. Hernanpérez e Maiara Danusa de Medeiros), Subgrupo Levantamento de
Bibliotecas Escolares em SC (Denise Maria Gomes da Rocha, Eliane Fioravante Garcez,
Lidyani Mangrich dos Passos, Michelle Pinheiro e Sandra M. Lohn Vargas), e Subgrupo
Levantamento da Legislação sobre Bibliotecas Escolares (Ana Luiza de Oliveira
Mattos, Eliana Paula Turmina e Eliane Fioravante Garcez).

148
respectivamente, em 1982 e em 1997; naquele momento os únicos
grupos especializados vinculados à ACB. A partir desses documentos foi
construída a proposta de regimento interno para o GBAE/SC, que levada à
assembléia, foi aprovada.
O terceiro, subgrupo Cadastro de Membros, elaborou a “Ficha
Cadastral” de filiação (ver Anexo Único) na qual os interessados em
ingressar no Grupo registram seus dados pessoais e profissionais,
assinando-a. O quarto, subgrupo Relato de Experiência e Trabalhos
Científicos, coube fazer levantamento dos bibliotecários interessados em
relatar sua experiência profissional nas reuniões e fóruns realizados pelo
GBAE/SC. Também havia a ideia de incentivar esses profissionais a
registrarem essas experiências em artigos e submetê-los à subcomissão
de periódicos da área, o que colaboraria grandemente para o
enriquecimento da produção bibliográfica sobre biblioteca escolar em
Santa Catarina.
Os três primeiros subgrupos, ao concluírem seus trabalhos,
extinguiram-se. Já o quarto, o quinto e o sexto subgrupos, pela natureza
dos trabalhos, permanecem ativos.
É oportuno registrar que os trabalhos dos subgrupos cinco e seis
pouco avançaram. Talvez por exigirem maior sincronismo ou parceria de
seus membros com o Conselho Regional de Biblioteconomia (CRB-14),
com a própria Diretoria da ACB, com a Secretaria de Estado da Educação,
as Secretarias Municipais de Educação, o Sindicato dos Trabalhadores em
Educação na Rede Pública do Estado de Santa Catarina (SINTE/SC) e o
Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina (SINEPE/SC). Em
função da falta de articulação e de mais pessoas no Grupo para
desenvolvê-los, o Levantamento de dispositivos legais sobre bibliotecas
escolares, também estacionou.
Ainda, quanto à composição do GBAE/SC, o décimo quarto artigo do
Regimento Interno (GRUPO..., 2004, p. 3) preceitua que podem integrá-lo
bibliotecários e acadêmicos de Biblioteconomia, desde que sócios da ACB
e em situação regular perante esta Associação. No entanto, por entender-

149
se que as experiências de auxiliares de bibliotecas e de professores dos
cursos de graduação em Biblioteconomia fortalecem os princípios da
parceria necessária para a manutenção da Biblioteca Escolar, estes têm
participado das reuniões do Grupo, contudo sem direito a voto. Outro pré-
requisito regimental que se busca contornar é quanto à condição de que
apenas bibliotecários e acadêmicos associados à ACB possam integrar-se
ao Grupo. O Grupo tem permitido a participação de acadêmicos e
bibliotecários não associados à ACB em duas ou três reuniões, por
entender que estas subsidiam suas decisões quanto à filiação ao Grupo.

Reuniões

O Calendário de Reuniões Ordinárias e o Plano de Metas do


GBAE/SC são estabelecidos anualmente na sua primeira reunião e
posteriormente encaminhados à ACB. Ao final de cada ano o Grupo
encaminha à ACB o Relatório das Atividades desenvolvidas, justificando as
que por ventura não foram realizadas.
Sempre que possível, o Grupo procura realizar reuniões itinerantes.
Estas são compreendidas como oportunidade para que seus integrantes
conheçam diferentes contextos, profissionais e atividades desenvolvidas
em biblioteca escolar, além de atender o princípio da formação de uma
rede de colaboradores.
A realização de oficinas, cursos e fóruns apontam para a
necessidade de se ampliar o número de reuniões – dando origem às
reuniões extraordinárias. Nestes períodos a troca de e-mails entre os
integrantes do Grupo é intensificada. A comunicação eletrônica é recurso
bastante utilizado também na divulgação das reuniões ordinárias do
Grupo, quer aos seus integrantes, quer na lista de discussão da ACB
([email protected]) abrindo aos novos interessados a
possibilidade de participarem das discussões. As palestras que antecedem
às reuniões configuram-se como atrativo a mais para garantir a
participação de bibliotecários e acadêmicos nas mesmas e são

150
compreendidas como oportunidade de educação contínua. No QUADRO 1
constata-se, por exemplo, que as reuniões do Grupo que mais trouxeram
bibliotecários da Rede Municipal de Florianópolis, que conta com
aproximadamente 40 bibliotecários, além dos auxiliares de biblioteca,
foram àquelas precedidas por palestras, por coincidência, oferecidas pelos
próprios colegas bibliotecários dessa mesma Rede.

Palestras e Oficinas

As palestras promovidas pelo GBAE/SC em suas reuniões ordinárias


encontram-se no QUADRO 1. As palestras 2 e 3 deste QUADRO fizeram
parte do evento Ciclo de Palestras sobre competência informacional, que
contou com três pesquisadores do Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar
(GEBE), da UFMG.
Além das palestras proferidas por convidados, o Grupo também é
solicitado a divulgar seu trabalho nas universidades, em eventos
promovidos pela ACB dentre outros46.

46 GBAE/SC: Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina: um compromisso com a cidadania (XXI PBSC, 2002,
GARCEZ), GBAE/SC (8ª Fase, Biblioteconomia UDESC, 2002, GARCEZ), GBAE/SC – Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de
Santa Catarina: atuação profissional e realizações (Comemoração 28 anos da ACB, ago. 2003, GARCEZ), Reunião Secretaria de
Estado da Educação (PRT 03/2003 sobre concurso contratação professor readaptado para atuar na BE, jun. 2003, GARCEZ et al.),
GBAE/SC (IV Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares, out. 2004, GARCEZ),
Mesa Redonda: Os últimos 10 anos
da Biblioteconomia em Santa Catarina (XXIV PBSC, 2005, MATTOS), O Dia do
Bibliotecário e a Profissão (Programa “Falando Abertamente”, TV COM, Florianópolis,
mar. 2006, MATTOS), Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina – GBAE/SC: relatório de
atividades 2006 (Semana do Bibliotecário, mar. 2006, GARCEZ; KIESER), Audiência Pública
– criação do cargo do bibliotecário
nas escolas públicas estaduais (Plenário da Assembl Estado de Santa Catarina – ALESC, maio 2006, KIESER;
éia Legislativa do
MATTOS), Debate Bibliotecas Escolares (Programa Plantão Pedagógico, TV UDESC, out. 2006, GARCEZ).

151
QUADRO 1 - Palestras promovidas pelo GBAE/SC

Data Título/Local Palestrante Partici-


pantes
2004 O bibliotecário educador Roselete F. Avis
14 IESVILLE – Joinville de Souza
23
maio IESVILLE
2006 Competência informacional: Bernadete
17 origem, evolução e fundamentos Santos
84
ago. teóricos Campello
ESAG/UDESC – Florianópolis ECI – UFMG
2006 Possibilidades de aplicação do Bernadete
18 conceito de competência Santos
84
ago. informacional em bibliotecas Campello
brasileiras ECI – UFMG
ESAG/UDESC – Florianópolis
2008 Relato de experiência na Biblioteca Raquel Pacheco
19 Monteiro Lobato, da EscolaBibliotecária
22
set. Desdobrada Retiro da Lagoa Pref. Municipal
SME – Prefeitura de Florianópolis Florianópolis
2008 Projeto de iniciação à pesquisa Murilo Milton
17 escolar da Biblioteca da EBM João Machado
19
out. Gonçalves de Pinheiro Bibliotecário
SME – Prefeitura de Florianópolis Pref. Municipal
Florianópolis
2008 Pesquisa escolar no Ensino Eliane
14 Fundamental: uma metodologia Fioravante
8
nov. de trabalho Garcez
SME – Prefeitura de Florianópolis Bibliotecária
Colégio Militar
Fonte: Livro de Presença em reuniões, eventos e oficinas do Grupo.
(GBAE/SC).

O QUADRO 2 elenca as oficinas oferecidas pelo Grupo, sendo que


duas delas integraram o evento Ciclo de palestras em competência
informacional e foram ministradas por pesquisadoras do GEBE.

152
QUADRO 2 - Oficinas promovidas pelo GBAE/SC

Data Título e Local Ministrante Partici-


pantes
2006 Pesquisa escolar: aprendendo a Vera Lucia Furst 14
17/ usar os recursos informacionais G. Abreu
18 ESAG/UDESC ECI – UFMG
ago.
2006 Leitura na escola: da Maria da Conceição 17
17] competência informacional para Carvalho
18 a leitura ou da leitura para a ECI – UFMG
ago. competência informacional?
ESAG/UDESC
2006 Conservação e restauração de Jeferson Antonio 16
27 livros em biblioteca escolar Martins
set. Lacre – Laboratório de Bibliotecário/arquiv
Conservação e restauro - ista e restaurador
Biblioteca Pública de Santa
Catarina
Fonte: Livro de Presença. (GBAE/SC).

Eventos

Visando facilitar a participação de seus integrantes e demais


interessados, o GBAE/SC tem dado preferência aos sábados para a
realização de suas atividades. Outra estratégia adotada para que suas
propostas de trabalho sejam viabilizadas tem sido a busca pela parceria
com a UFSC e a UDESC, também editoras, livrarias, dentre outros
recursos. Além disso, as inscrições dos acadêmicos nos eventos são
agendadas e realizadas nas próprias universidades. O oferecimento de
inscrição a preços módicos tem levado e/ou estimulado a participação
desse público. (Quadro 3). O GBAE/SC entende que o “lucro” maior vem

153
quando os valores das inscrições estimulam a participação de seu público-
alvo – bibliotecários e acadêmicos de Biblioteconomia. O meio de
transporte para que os acadêmicos de Biblioteconomia cheguem aos
municípios onde, por exemplo, o fórum ocorre, é viabilizado através da
parceria com os professores da UFSC e da UDESC.

QUADRO 3 - Eventos realizados pelo GBAE/SC

Data Evento e/ou Título Local Partici Realiza


- -ção
pantes
2003 EDUCAR NA BIBLIOTECA Auditório 36 ACB
15 ESCOLAR Reitoria UFSC GBAE/S
fev. Florianópolis C
(SC)
2003 III FÓRUM ESTADUAL DE Auditório CEMJ 150 GBAE/S
18 BE: Biblioteca na escola: Florianópolis C
out. aposte nesta ideia (SC)
2004 IV FÓRUM ESTADUAL DE Auditório SATC 179 GBAE/S
16 BE: Biblioteca na escola: Criciúma (SC) C
out. por que apostar nesta
ideia
2006 V FÓRUM ESTADUAL DE Auditório 175 GBAE/S
21 BE: As competências do IESVILLE C
out. bibliotecário na Joinville (SC)
construção do
conhecimento
2006 CICLO DE PALESTRAS Auditório 81 GBAE/S
17/ SOBRE COMPETÊNCIA ESAG/UDESC C
18 INFORMACIONAL: O Florianópolis
ago. papel da biblioteca no (SC)
desenvolvimento de
habilidades para a
aprendizagem
independente
2009 VI FÓRUM ESTADUAL DE Auditório 61 GBAE/S
24 BE: Biblioteca escolar: FATENP Palhoça C
out. espaço de articulação de (SC)
saberes
2011 VII FÓRUM ESTADUAL Auditório SESC ACB
8 out. DE BE: O profissional da Cacupé (*) GBAE/S
informação e a pesquisa Florianópolis C
em biblioteca escolar (SC)

154
Fonte: Livro de Atas e Livro de Presença. (GBAE/SC).
(*) Dados não apurados pela Comissão Organizadora do 30º PBSC.

Os eventos realizados pelo Grupo são apresentados no QUADRO 3.


Adiante serão apresentadas considerações sobre os mesmos.
O primeiro evento realizado pelo GBAE/SC Educar na biblioteca
escolar ocorreu em fevereiro de 2003, no Auditório da Reitoria da UFSC e
contou com 36 participantes. O norte das discussões encontra-se a seguir.

QUADRO 4 - Programação – Educar na Biblioteca Escolar

Tipo/apresentação Título Palestrante


Palestra Bibliotecário escolar: Elisa Cristina Delfini
um educador? Corrêa
Profª Ma. UDESC
Roda de Conversa Leitor e leitura Edmar Almeida Bernardes
Escritor e pesquisador
Resultado de Pesquisa Escolar Marouva F. Faqueti
pesquisa (Mestrado) Bibliotecária Ma. IFSC –
Balneário Camboriú (SC)
Projeto de Extensão Mutirão em Biblioteca Clarice Fortkamp Caldin
Escolar Estadual – Profª. Ma. UFSC
Ribeirão da Ilha –
Florianópolis (SC)
Estágio em Ação cultural em Miriam Quadros e outras 4
Biblioteca Escolar Biblioteca Escolar Acadêmicas
Biblioteconomia UDESC
Relato de Estágio Biblioteca do Colégio Meridiana Aparecida
Obrigatório de Aplicação UFSC Franceschina Acadêmica –
Biblioteconomia UFSC
Iª Reunião do Bibliotecários
GBAE/SC escolares: diretrizes e GBAE/SC
Metas para 2003
Fonte: Livros de Atas e de Presença. (GBAE/SC).

O segundo evento realizado foi o III Fórum Estadual de Bibliotecas


Escolares, já que os I e II Fóruns de Bibliotecas Escolares foram
organizados pela ACB. A partir de 2003 o Grupo, fortalecido, assume a
realização de seus eventos mantendo autonomia administrativa e
financeira até 2009. Em 2011, o VII Fórum Estadual de Bibliotecas

155
Escolares integra a programação do 30º PBSC, passando a ACB a prestar
todo o suporte administrativo e financeiro.
Os Fóruns Estaduais de Bibliotecas Escolares, que a partir de 2003
passaram a ser realizados pelo GBAE/SC, demonstram uma ação política
da classe bibliotecária catarinense. A itinerância do evento pelo território
catarinense é fruto dessa consciência da atuação política do profissional,
do Grupo e da ACB. Com ele, o objetivo é socializar e registrar práticas
biblioteconômicas e pedagógicas que aproximam sala de aula e biblioteca,
as quais revelam e/ou vêm fortalecer a atuação e a interação do
bibliotecário no ambiente escolar. O interesse dos professores de
educação básica e das universidades pelas atividades promovidas pelo
Grupo é entendido como salutar para o estabelecimento da interlocução
necessária para a realização das ações em prol da leitura e da pesquisa no
ambiente escolar. A participação de representantes do Executivo estadual
e do poder público municipal, dos municípios aonde os fóruns vêm sendo
realizados, transforma-se em oportunidade de acesso ao discurso desses
gestores públicos, tornando possível o estabelecimento de uma relação
entre esses discursos e as práticas que sustentam a formação do leitor e
do pesquisador-mirim nas escolas de Educação Básica nessas jurisdições,
haja vista o número restrito de Bibliotecas. A participação do Executivo é
também compreendida como um caminho para a desejada interlocução
com a categoria bibliotecária, que busca sensibilizar os governantes para
a criação do cargo de bibliotecário nas escolas municipais e estaduais.
Silva, Hillesheim e Fachin (2004, p. 8) afirmam que a temática
Biblioteca Escolar tem estado mais presente nos cursos de formação
bibliotecária. Estudo dessas autoras sobre o gosto pela leitura, associado
à presença da Biblioteca Escolar e do trabalho bibliotecário, revelou que os
profissionais estão procurando formar um “‘novo’ perfil bibliotecário para
atuar nas bibliotecas escolares.” O GBAE/SC é citado neste estudo por
colaborar na formação desse novo profissional.

156
os Fóruns de Bibliotecas Escolares (organizados pelo Grupo de
Bibliotecários Escolares GBAE/SC), já em sua terceira edição (realizados
anualmente em [...] SC), vem despertando em acadêmicos e profissionais
ligados a esta temática uma valorização da leitura para o público infantil.
(SILVA; HILLESHEIM; FACHIN, 2004, p. 8).

Lacerda et al. (2008, p. 137), também mencionam a significativa


contribuição desse Grupo na formação complementar dos acadêmicos de
Biblioteconomia. A pesquisa desses autores revela que “dos 25 eventos
citados, os mais lembrados foram o Fórum de Bibliotecas Escolares (31) e
o Painel Biblioteconomia em Santa Catarina (60).”
Em 2009, contando com apenas três integrantes na Coordenação, o
Grupo realiza o VI Fórum Estadual de BE em Palhoça (SC). A divulgação
do Fórum alcançou os acadêmicos do curso de pedagogia da UFSC. Uma
professora desse curso também participou da programação do fórum na
condição de palestrante, o que gerou a perspectiva da mesma em
incentivar estudos a respeito da biblioteca escolar objetivando a formação
de seus acadêmicos, expandindo a possibilidade dos futuros pedagogos
frequentar e explorar, mais, a biblioteca escolar.
Em 2010, restando apenas um integrante na Coordenação, o Grupo
parecia sucumbir. No início de 2011, a proposta da Comissão
Organizadora do 30º Painel Biblioteconomia em Santa Catarina (PBSC),
para esse único membro, de realizarem, em parceria, o VII Fórum
Estadual de Bibliotecas Escolares culmina na realização desse evento.
Esse novo contexto trouxe novidades ao VII Fórum. Diferentemente dos
anteriores, o evento ocorre apenas no período matutino. Com a inscrição
vinculada ao 30º PBSC decresce o número de inscrições de acadêmicos e
de bibliotecários escolares. Contudo, foi a partir desse evento que se
conseguiu formar uma nova Coordenação para o Grupo, carência
enfrentada pelo GBAE/SC desde 2009, que passa a contar com
representantes dos municípios catarinenses de Chapecó, Criciúma,
Florianópolis, Palhoça e Rio do Sul.

157
No QUADRO 3 foi elencado o conjunto dos eventos realizados pelo
GBAE/SC. Na sequência, será apresentado breve comentário sobre os
mesmos, seguido de quadros com as respectivas programações, e, ainda,
o registro de parte das palestras de Fernando Fernandes de Aquino (IV
Fórum BE, 2004), Elizete Vieira Vitorino (V Fórum BE, 2006), Celestino
Sachett, Lucília Maria Sousa, Iara Conceição Bitencourt Neves (VI Fórum
BE, 2009) e Luiz Augusto Milanesi (VII Fórum BE, 2011).
A publicação dos relatórios desses fóruns na Revista ACB:
Biblioteconomia em Santa Catarina transforma-se em oportunidade para
que os interessados conheçam a íntegra dos trabalhos apresentados
nesses eventos. Da mesma forma, encontram-se disponíveis no site do
GBAE/SC (http://gbaesc.acbsc.org.br/), os relatórios finais dos III, IV e V
Fóruns Estadual de Bibliotecas Escolares realizados, respectivamente, nos
municípios de Florianópolis (2003), Criciúma (2004) e Joinville (2006).
Complementando a documentação desses eventos e, simultaneamente, o
histórico desse Grupo, tem-se nesse mesmo endereço, seus respectivos
registros fotográficos.

a) Biblioteca na escola: aposte nesta ideia, III FÓRUM


ESTADUAL DE BE

O III Fórum BE aconteceu no Centro Educacional Menino Jesus


(CEMJ), Florianópolis, em 2003, graças à parceria estabelecida com a
bibliotecária Cíntia Valéria Wagner e com a Direção dessa instituição.
Reunindo 150 participantes, o congraçamento entre os presentes em
torno das discussões não deixava dúvida quanto o amadurecimento do
Grupo.

158
QUADRO 5 - Programação – III Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares

Tema: Biblioteca na escola: aposte nesta ideia – 18 out. 2003


(Florianópolis – SC)
Tipo/ Título Palestrante
Apresentação
Palestra Alzemi Machado
As reformas na Bibliotecário, Me. em
educação Educação e Cultura. Educador
catarinense e a Social, Administrador do
constituição de Complexo Ilha Criança da
bibliotecas Prefeitura Municipal de
escolares Florianópolis (SC)
Relato de Biblioteca Rui Cintia Valéria Wagner
Experiência Barbosa do Centro Bibliotecária Especialista –
Educacional Menino Centro Educacional Menino
Jesus: construindo Jesus – CEMJ Florianópolis
o conhecimento (SC)
respeitando o
indivíduo
Relato de Organização de Felícia de Oliveira Fleck
estudo biblioteca em Acadêmica UFSC, contadora
escola pública: o de história
caso da biblioteca
da EEB Dom Jaime
Câmara.
Relato de Revitalizando Magda Chagas Pereira
Projeto de Bibliotecas da Rede Profª. Drª. CIN/UFSC
Extensão Estadual de
Educação em
Florianópolis
Relato de Projeto Marista: Pedro Lucyk
experiência leitura diária Prof. Escola Marista de
Criciúma (SC)
Relato de Neusa de Lourdes Cagneti
experiência O ensino da Pedagoga, Profª. Língua
normalização dos Portuguesa do ensino
trabalhos escolares fundamental
no ensino Nayana de Lourdes Kupsch
fundamental: relato Bacharel em Ciências
de atividade Biológicas, Profª Ciências
Colégio Nova Era – Criciúma
(SC)
Relato de Bibliotecas Ana Beatriz Hernampérez

159
experiência escolares da Rede Bibliotecária- Secretaria
Municipal de Municipal da Educação de
educação de Blumenau (SC)
Blumenau: busca
de qualificação
Palestra Biblioteca Escolar: Maria Emília Ganzarolli
espaço de leitura e Profª Ma. em Educação e
produção de Cultura – Curso de
sentidos Biblioteconomia UDESC
Mesa Redonda Espaços públicos, Jacó Andrele – Secretário de
informação e Estado da Educação e
Cidadania Inovação
Telma Guilhermina Rezende
Hoeschel Secretária da
Educação do Município de
Florianópolis
Fonte: (III FÓRUM..., 2003/2004).

b) Biblioteca na escola: por que apostar nesta ideia, IV


FÓRUM ESTADUAL DE BE

O IV Fórum BE aconteceu na Associação Beneficente da Indústria


Carbonífera de Santa Catarina (SATC), 2004, em Criciúma (SC), onde
atuavam duas integrantes do GBAE/SC, Michelle Pinheiro e Maiara Danuza
de Medeiros.
Continuando na linha do tema do fórum anterior, buscou-se
demonstrar a importância em se apostar na ideia de se passar a contar
com ter bibliotecas e bibliotecários nas escolas. A intenção foi, a partir dos
trabalhos apresentados, mostrar a contribuição da biblioteca no incentivo
à leitura e no apoio à pesquisa escolar, além de dar a conhecer que, no
seu cotidiano, a BE diz respeito ao professor, ao bibliotecário, ao
pedagogo, às secretarias da educação e outros. Portanto, a discussão
sobre ela abriga, obrigatoriamente, além do bibliotecário, outros
profissionais. Esta compreensão é fundamental para que, nesses eventos,
busque-se abrir espaço para outros profissionais.

160
QUADRO 6 - Programação – IV Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares

Tema: Biblioteca na escola: por que apostar nesta idéia – 16 out. 2004
(Criciúma – SC)
Tipo/apresentação Título Palestrante
Conferência Biblioteca Escolar: Fernando Fernandes de
realidade, Aquino
necessidade? Prof. Me. UDESC
Relato de A participação da Maria de Fátima Souza
Experiência biblioteca escolar no Almeida
processo de ensino Bibliotecária Especialista
aprendizagem Colégio Elisa Andreoli,
Florianópolis (SC)
Relato de projeto de Biblioteca Escolar Cláudia Araújo, Sérgia
extensão Guarani Regina Dubas Acadêmicas
UDESC
Elisa Cristina Delfini Corrêa
Profª. Ma. FAED/UDESC
Relato de projeto de Utilização de caixas- Andréa Collyer Neves e
pesquisa de estantes para Tatiana Vieira Fernandes –
extensão incentivo da leitura Acadêmicas UFSC
para alunos de 1ª a
4ª séries na Escola
Básica Municipal
Henrique Veras
Relato de Os 10 passos da Luana Arruda
Experiência pesquisa escolar Bibliotecária
Colégio São José – Tubarão
(SC)
Relato de Pesquisa A importância da Valmira Perucchi
biblioteca nas Bibliotecária
escolas públicas Escola Agrotécnica Federal
municipais de de Sombrio (SC)
Criciúma
Mesa Redonda Biblioteca, Educação Leila Lourenço
e Cultura Secretaria Mun. Educação
de Criciúma (SC)
Liberato Manoel Pinheiro
Neto
Prof., Escritor e poeta
Catarinense
Fonte: GARCEZ et al. (2008).

161
Como sinalizado anteriormente, o relatório desse evento encontra-
se disponível na Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, no
entanto daremos destaque em parte do pronunciamento da palestra de
abertura proferida pelo professor Fernando Fernandes de Aquino
(UDESC): Biblioteca Escolar: realidade, necessidade? Aquino deu ênfase a
três tópicos: a) a problemática que não é exclusiva da Biblioteconomia: a
ineficiência da profissionalização frente à realidade do ambiente de
trabalho, que é diferente daquela apresentada na academia via currículo e
bibliografias adotadas; b) a carência de bibliotecários nas escolas; c) o
bibliotecário como agente de mudança. (GARCEZ et al., 2008).
Por certo a participação do profissional em cursos, palestras,
eventos dentre outros diminuirá essa lacuna entre a formação e a
contínua transformação dos contextos profissionais. A falta do
bibliotecário nas escolas faz com que, segundo Aquino (apud GARCEZ et
al., 2008, p.489), na maioria das vezes encontremos nelas um professor
readaptado que, pela falta de formação, “apenas abre e fecha a biblioteca,
a mantém limpa e organizada, desconhecendo o verdadeiro significado e
compromisso que a biblioteca tem para com a sociedade.” Para que o
bibliotecário altere a realidade que encontra será necessário que ele não a
aceite, a compreenda, e não responsabilize o outro por aquilo que ele
pode fazer para transformá-la. Resumidamente, segundo Aquino (apud
GARCEZ et al., 2008):

é necessário que o bibliotecário pergunte a si próprio quais são as suas


aspirações pessoais e profissionais. [...] perceba e compreenda melhor as
pessoas que estão ao seu redor. Para que não haja falha na comunicação
é necessário que esse profissional saia de sua zona de conforto e
vá ao encontro do novo. No entendimento de Aquino isso contribuirá
para que o bibliotecário escolar possa perceber a necessidade de quando e
como mudar a realidade por ele experimentada e vivida, que nem sempre
é a ideal. (AQUINO apud GARCEZ et al., 2008, p.488-489, grifo meu).

162
Estas questões serão abordadas novamente por Elizete Vieira
Vitorino em sua fala sobre as competências do bibliotecário escolar,
durante o V Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares (2006).

c) As competências do bibliotecário na construção do


conhecimento, V FÓRUM ESTADUAL DE BE

O V Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares aconteceu em 2006, no


Auditório do Instituto de Ensino Superior de Joinville (IESVILLE),
Instituição privada que oferece ensino fundamental, médio e superior.
Coube à Inês Josino da Silva, bibliotecária dessa instituição,
responsabilizar-se por toda a articulação necessária para a efetivação do
mesmo.
O evento contou com duas conferências – uma no início do primeiro
bloco (período matutino) e outra no início do segundo (período
vespertino). Além delas, ocorreram relatos de experiência, resultado de
pesquisa e mesa redonda, conforme mostra do QUADRO 7.
O título da Conferência 1, que coincide com o do tema do evento, As
competências do bibliotecário na construção do conhecimento, foi
proferida por Elizete Vieira Vitorino (CIN/UFSC). Com base em Faria et al.
(2005), Vitorino (apud BECKER et al., 2011) afirma que “competência é
uma combinação de conhecimento de saber fazer, de experiência e
comportamento que se exerce em um contexto”. E isso se articula com as
idéias expressas por Aquino. (GARCEZ et al., 2008).

QUADRO 7 - Programação – V Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares

Tema: As competências do bibliotecário na construção do conhecimento


21 out. 2006 (Joinville – SC)
Tipo/apresentação Título Palestrante
Conferência 1 As competências do Elizete Vieira Vitorino
bibliotecário na Profª.Drª. Biblioteconomia
construção do CIN/UFSC
conhecimento

163
Relato de Atuação do Fernanda Cláudia Lückmann
experiência bibliotecário nas da Silva bibliotecária da
escolas da Rede Rede Municipal de Educação
Municipal de Ensino de Florianópolis – RME
de Florianópolis
Palestra Importância da Carla Floriana Martins,
biblioteca no Projeto bibliotecária e Analista
Político Pedagógico Educacional, responsável
da escola pelo Projeto de Revitalização
das Bibliotecas da Província
Marista do Brasil Centro –
Norte (Brasília - DF)
Conferência 2 O bibliotecário Roselete Fagundes de Aviz
narrador: um livro, de Souza
um abraço Profª. Ma. IESVILLE –
Joinville (SC)
Resultado de O bibliotecário Felícia de Oliveira Fleck
pesquisa escolar e sua relação Acadêmica e bolsista do
com a leitura CIN/UFSC
Resultado de Biblioteca na escola: Eliane Fioravante Garcez,
experiência sintonia com o fazer Bibliotecária Especialista,
pedagógico Colégio Policial Militar
Feliciano Nunes Pires – CFNP
– Florianópolis (SC)
Palestra O livro na construção Herta Kieser
do conhecimento Bibliotecária Especialista –
Colégio Jardim Anchieta –
Florianópolis (SC)
Palestra Competências Carla Floriana Martins
leitoras para o
século XXI
Mesa Redonda Ação pública para a Elisabete Anderle
construção do Secretária Estadual de
conhecimento na Educação, Ciência e
Biblioteca escolar Tecnologia do Estado de
Santa Catarina
Jorge dos Santos
Diretor da Biblioteca Pública
de Joinville
Gisele Alves
Secretaria de Educação de
Florianópolis
Magda Chagas Pereira
Profª. Drª. Biblioteconomia
CIN/UFSC
Fonte: GARCEZ; KIESER; SILVA (2008).

164
Com Base em Perrenoud (2000), Vitorino (apud BECKER et al.,
2011) entende que a competência do bibliotecário escolar engloba:

organizar situações de aprendizagem (promover atividades construtivistas,


oferecer desafios, propor situações adequadas de aprendizagem,
negociar contratos com os alunos e fazê-los participar); administrar a
progressão da aprendizagem e as diferenças; envolver o aluno; participar
da administração da escola; trabalhar em equipe (elaborar um projeto em
equipe, formar e renovar a equipe pedagógica); informar e envolver os
pais; utilizar novas tecnologias (utilizar editores de texto, se comunicar à
distância, explorar as potencialidades didáticas dos programas de
computador); enfrentar os dilemas éticos da profissão (lutar contra
preconceitos, desenvolver o senso de responsabilidade, solidariedade e o
sentimento de justiça); e se preocupar com sua formação continuada.
(PERRENOUD, 2000). Acrescentou que o estabelecimento de competências
exige também uma mudança interna do indivíduo, que implica numa
associação entre os saberes. (VITORINO apud BECKER et al., 2011, p.
505, grifo meu).

Esta questão de mudança interna voltará a ser abordada por


Celestino Sachett durante o VI Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares
(2009).

d) O papel da biblioteca no desenvolvimento de habilidades


para a aprendizagem independente, CICLO DE PALESTRAS
SOBRE COMPETÊNCIA INFORMACIONAL

Para debater o tema O papel da biblioteca no desenvolvimento de


habilidades para aprendizagem independente o GBAE/SC trouxe a
Florianópolis, nos dias 17 e 18 de agosto, as professoras Bernadete
Santos Campello, Maria da Conceição Carvalho e Vera Lúcia Furst de
Abreu (UFMG).

165
Aos inscritos, o evento ofereceu uma programação formada por
duas palestras e duas oficinas. Com os títulos, Competência
informacional: origem, evolução e fundamentos teóricos e Possibilidades
de aplicação do conceito de competência informacional em bibliotecas
brasileiras as palestras ocorreram nas manhãs dos dias 17 e 18,
respectivamente, e foram proferidas por Bernadete Santos Campello, no
Auditório da Escola Superior de Administração e Gerência (ESAG/UDESC),
em Florianópolis (SC).
Já as oficinas Pesquisa escolar: aprendendo a usar os recursos
informacionais e Leitura na escola: da competência informacional para a
leitura ou da leitura para a competência informacional? proferidas,
respectivamente, por Vera Lúcia Furst de Abreu e Maria da Conceição
Carvalho, foram oferecidas nas tardes dos dias 17 e 18.
A primeira oficina teve como objetivos refletir sobre a biblioteca
como espaço de mediação e propor novas estratégias para sua atuação no
processo de ensino-aprendizagem. A segunda teve como objetivo
promover reflexão sobre o processo de leitura e o papel do bibliotecário
como mediador entre o mundo do texto e o mundo do leitor e propor
novas estratégias metodológicas para a formação de leitores na biblioteca
escolar.
O evento obteve adesão de 77 profissionais e seu meio de
divulgação foi por meio de folder e da lista de discussão da ACB
([email protected]).
Os custos com o evento foram bancados pelo GBAE/SC com
reserva advinda dos III e IV Fóruns Estaduais de Bibliotecas Escolares,
ocorridos em 2003 e 2004.

e) Biblioteca escolar: espaço de articulação de saberes, VI


FÓRUM ESTADUAL DE BE

Este evento ocorreu no auditório da Faculdade e Colégio Nova


Palhoça (Fatenp) em 24 de outubro de 2009. Novamente Inês Josino da

166
Silva, bibliotecária da instituição, criou todas as condições para que o
evento fosse realizado neste local e recebesse apoio da direção.
Dividido em dois blocos, o primeiro, no período matutino, integrou
duas Conferências e o lançamento do livro Sentidos da Biblioteca escolar
organizado por Lucília Romão; o segundo, no período vespertino, contou
com três Conferências e uma Mesa Redonda. Entre esses dois blocos
aconteceram uma dramatização e uma contação de história.
Diferentemente dos fóruns anteriores este não contou com a apresentação
de trabalhos de profissionais bibliotecários, mas de formadores de
bibliotecários e de professores, conforme QUADRO 8.

QUADRO 8 - Programação – V Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares

Tema: Biblioteca escolar: espaço de articulação de saberes – 24 out.


2009 (Palhoça – SC)
Tipo/ Título Palestrante
Apresentação
Conferência 1 Bibliotecários: Celestino Sachett
enamorados do livro ou Prof. Dr. em Filosofia da
do leitor? Educação, membro da
Academia Catarinense de
Letras e do Instituto Histórico
e Geográfico de SC
Conferência 2 A biblioteca escolar em Lucília Maria Sousa Romão
desenhos e enunciados Profª. Dra. FFCLRP/USP
de sujeitos escolares
Conferência 3 A atuação da biblioteca Iara Conceição Bitencourt
escolar e da sala de Neves
aula no processo de Profª. Dra. UFRGS
articulação de saberes
Conferência 4 O escrever como lugar Gilka Elvira Ponzi Girardello
de descoberta Profª. Drª. CED/UFSC
Conferência 5 O ensino à distância, a Magda Teixeira Chagas –
especialização e a Profª. Drª. Departamento de
biblioteca escolar Ciência da Informação da
UFSC, Coordenadora Curso
Especialização, EaD, em
Gestão de Bibliotecas –
UFSC.
Mesa Redonda Poder público e escola: Jucelete Isaltina Silveira dos
um olhar para a Santos
Biblioteca Escolar Secretária da Educação

167
Palhoça SC
Gisela Eggert Steindel
Profª. Drª.
Biblioteconomia/UDESC
Profª. Ma.Francisca Rasche –
UFSC
Fonte: BECKER et al. (2011).

A Conferência de Abertura foi proferida pelo catarinense Celestino


Sachett, membro da Academia Catarinense de Letras (ACL) e do Instituto
Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC). A partir do título
Bibliotecários: enamorados do livro ou do leitor? Sachett (apud BECKER et
al., 2011) abordou questões relacionadas à postura do profissional
bibliotecário no ambiente escolar em cenários cada vez mais inconstantes:

qual é hoje o papel do bibliotecário nas escolas, em geral


freqüentadas por adolescentes, cada um em seu universo particular de
desejos e de emoções postos em conflito diante de um livro ou de um
texto sugerido pelo tema em estudo? (SACHETT apud BECKER et al.,
2011, p. 521, grifo meu).

Sachett (apud BECKER et al., 2011) salientou que o bibliotecário não pode
estar apenas a serviço do livro, da técnica; ele precisa lembrar-se do seu
leitor tendo a responsabilidade de contribuir na construção do
conhecimento pelo leitor, fazendo-o

sentir relevante diante do bibliotecário. [...] ser relevante para alguém não
está escrito em nenhum manual de serviço, muito menos em qualquer
manifestação de autoridade. Por isso, a necessidade do bibliotecário ser
diferente a cada dia e criar marca pessoal a cada contato com o outro.
Sugere aos bibliotecários presentes que enamorem-se do livro e do
leitor, mas acima de tudo, enamorem-se de si mesmos e de seu
trabalho, para que livros e leitores enamorem-se deles cada vez com
maior relevância. (SACHETT apud BECKER et al., 2011, p. 521, grifo meu).

168
Dessa forma, Sachett (apud BECKER, et al., 2011) trata de nos dizer
que é o profissional, no seu contexto singular de atuação, quem terá a
oportunidade de fazer algo personalizado. E essa personalização do seu
fazer será viabilizada pela interação dele com os que o cercam e pela
combinação do conhecimento e experiência biblioteconômica e
pedagógica.
O mesmo autor entende a biblioteca entrelaçada ao processo de
ensino e de aprendizagem e afirma que esse processo está alicerçado em
sete valores que comandam o comportamento e a liderança. São eles:

1- manejamos verdades transitórias e sem convicção; 2- em lugar de


conteúdos devemos incorporar comportamentos; 3- temos que exercer
uma profissão ou um emprego – em permanente estudo e competentes
decisões; 4- devemos manifestar vontade de aprender não importa onde e
não importa quando; 5- temos que esgaravatar em muitas fontes até
chegarmos ao conhecimento que nos interessa; 6- dispormos de energia
suficiente para participar da elaboração de conhecimentos fora-da-escola;
7- devemos manifestar nossa disposição de trabalhar a qualquer hora e
não importa com quem, desde que o outro possa trazer colaboração.
(SACHETT apud BECKER et al., 2011, p. 520, grifo meu).

Com a Conferência A biblioteca escolar em desenhos e enunciados


de sujeitos escolares, Lucília Maria Sousa Romão (FFCLRP/USP), traz a
biblioteca no olhar de pequenos usuários, fruto de pesquisa realizada
nessa instituição.
Segundo Romão (apud BECKER et al., 2011, p. 523) para os
usuários ouvidos a biblioteca é “espaço muito arrumado e fechado” [, há
uma] “preocupação com a ordem, simetria e controle”. [Nele há a]
“imposição do silêncio” [, além do] “apagamento dos leitores e do prazer
da leitura”. Esses olhares nos ajudam a entender parte da cultura de
resistência à biblioteca e ao bibliotecário e devem nos ajudar a conquistar
estes pequenos, que crescerão, para a biblioteca, para a leitura e para
nós, conforme sugeriram Aquino e Sachett, respectivamente nos IV e VI

169
Fóruns Estadual de Bibliotecas Escolares. Na Conferência: A atuação da
biblioteca escolar e da sala de aula no processo de articulação de saberes,
Iara Conceição Bitencourt Neves (UFRGS), inclui outro ingrediente dessa
cultura, ao afirmar que:

A escola é o local de articulação entre o saber e o fazer, e por isso a sala


de aula deve estar articulada com a biblioteca escolar. [...] discordo do
uso da palavra apoio, pois refere-se à algo transitório, eventual,
dispensável. Enquanto perdurar nas atitudes, mentes e no discurso
que a biblioteca é apoio, pouco se conseguirá avançar para a
melhoria desses espaços. [...] Porém, podemos mudar com uma ação
pró-ativa de quem atua na BE.[...] O bibliotecário tem de ir aonde o
usuário/leitor está. Tem que ser [...] muito bem capacitado, planejado,
ou seja, tem que saber propor programas e projetos. [...] ter um bom
trânsito político dentro da escola. (NEVES apud BECKER et al., 2011, p.
526-527, grifo meu).

f) O profissional da informação e a pesquisa em biblioteca


escolar, VII FÓRUM ESTADUAL DE BE

Com o tema O profissional da informação e a pesquisa em biblioteca


escolar, o VII Fórum teve como objetivos renovar conhecimentos na área
de biblioteca escolar e abrir discussão para consolidar no Estado a
existência de bibliotecas em todas as escolas, conforme dispõe a Lei nº
12.244/2010.
Contou com uma Conferência de Abertura, três relatos de pesquisa
em Curso de Especialização e outro em Mestrado em Ciência da
informação sobre Biblioteca Escolar, os quais se encontram especificados
no QUADRO 9.

170
QUADRO 9 - Programação – V Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares

Tema: O profissional da informação e a pesquisa em biblioteca escolar


8 out. 2011 (Florianópolis – SC)
Tipo/Apresentação Título Palestrante
Conferência A escola do Luiz Augusto Milanesi
profissional da Prof. Dr. ECA/USP
informação na
escola
Relato de Pesquisa Boas práticas da Caroline Miotto, Especialista em
pesquisa escolar: Gestão de Bibliotecas Escolares
estudo de caso – Universidade Comunitária da
em colégio de Região de Chapecó
Chapecó/SC (UNOCHAPECÓ) e Colégio
Trilíngue Inovação, Chapecó
(SC)
Relato de Pesquisa Vem cá... te Mônica Valério Barreto
conheço !?: Bibliotecária Especialista –
marketing em Colégio Catarinense –
biblioteca escolar Florianópolis (SC)
Relato de Pesquisa Gestão de Caroline da Rosa Ferreira Becker
bibliotecas Bibliotecária Ma. – Instituto
escolares: um Federal de Educação, Ciência e
caminho para a Tecnologia Catarinense – IFC,
efetivação da lei Campus Rio do Sul (SC)
nº 12.244/2010
Mesa Redonda A universalização Nêmora Arlindo Rodrigues,
de bibliotecas Presidente CFB Claudete
(Lei Federal Mittmann, Pedagoga, Diretoria
12.244/2010) no Executiva do Sindicato dos
Estado de SC Trabalhadores em Educação na
Rede Pública do Estado de Santa
Catarina (SINTE/SC)
Fonte: GARCEZ; KIESER; FELICIO (2012).

Na Conferência de Abertura A escola do profissional da informação


na escola, Luiz Augusto Milanesi (ECA/USP), criticou a formação inicial do
bibliotecário. Para ele esse profissional precisa ocupar seu espaço
enquanto responsável pela biblioteca da escola, coexistindo, em sua
atividade, o diálogo com os professores.A formação do profissional
destinado às escolas deve ser mudada para que o bibliotecário seja,
também, um educador. (GARCEZ; KIESER; FELICIO, 2012).

171
A ida de Milanesi a Florianópolis para participar do VII Fórum BE
oportunizou outra palestra proferida por ele na UFSC, na noite anterior ao
evento, no Auditório do CFH/UFSC. A palestra foi prestigiada por
profissionais bibliotecários, acadêmicos e professores das universidades
que oferecem o curso de Biblioteconomia em Florianópolis, tendo na
plateia Iara Conceição Bitencourt Neves e Oswaldo Francisco de Almeida
Junior, que vieram prestigiar o 30º PBSC e o VII Fórum BE. São encontros
dessa envergadura que colaboram para o envolvimento desses sujeitos
com questões a respeito da biblioteca escolar, sendo intenção do
GBAE/SC viabilizar a realização de outros eventos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mesmo com todas as realizações expostas neste artigo, fruto do


envolvimento dos seus integrantes e colaboradores, hoje, o GBAE/SC
depara-se com a dificuldade de mobilizar seus integrantes para suas
reuniões. Durante muito tempo, centrou-se na identificação de
interessados em integrar a sua coordenação. Este fastio do bibliotecário
escolar catarinense em participar das reuniões do Grupo ou mesmo de
integrá-lo tem trazido lentidão à sua caminhada. Várias estratégias foram
e vêem sendo utilizadas com o intuito de despertar os profissionais que
atuam em biblioteca escolar para participarem das reuniões, dos eventos,
quer na condição de participantes, palestrantes e/ou na de autores na
produção bibliográfica referente às suas reflexões e práticas. O Painel
Biblioteconomia em Santa Catarina (PBSC) e a Revista ACB:
Biblioteconomia em Santa Catarina (http://revista.acbsc. org.br/ index.
php/racb) são espaços oferecidos pela Associação para bibliotecários,
professores e acadêmicos divulgarem suas pesquisas e experiências. Hoje,
neste periódico, disponibilizado em meio eletrônico, encontram-se 43
trabalhos sobre biblioteca escolar.
Os fóruns promovidos pelo GBAE/SC mostram que a desejada
mudança de realidade da biblioteca escolar virá com o envolvimento dos

172
que a ela se dedicam pela vivência, pela docência, pela pesquisa, pela
gestão do poder público. Discutida nas diferentes instâncias dessa rede,
tecida pela interação e pela comunicação, em que os caminhos do usuário,
do bibliotecário, do professor, das instituições que formam esses
profissionais, dos gestores públicos e de tantos outros, entrecruzam-se.
Em 2011, durante o VII Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares
conseguiu-se constituir a atual coordenação com integrantes de cinco
municípios catarinenses, e, com isso, cria-se a possibilidade de contar
com a participação de profissionais bibliotecários escolares dessas regiões
nas atividades do Grupo, além da realização de fóruns nesses municípios.
A intenção é acertar o foco, restabelecer a participação dos atuais
integrantes e despertar o interesse de outros para atuarem no Grupo.
Entre as aspirações da classe para que o bibliotecário e a biblioteca
escolar alcancem um ideal de reconhecimento e valorização e o
envolvimento dos representantes catarinenses desta classe em participar
do GBAE/SC há um hiato que pode ser explorado em estudo. Isso
certamente trará contribuições para o redesenho das estratégias de
atuação dos grupos vinculados à ACB e, quem sabe, de outros em outras
instâncias.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Profissional bibliotecário: um


pacto com o excludente. In: BAPTISTA, Sofia Galvão; MUELLER, Suzana
Pinheiro Machado. (Org.). Profissional da Informação: o espaço do
trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. (Estudos Avançados em Ciência da
Informação, v.3).

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 5. ed. São Paulo:


Perspectiva, 2002. (Coleção Debates; Política).

ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE BIBLIOTECÁRIOS – ACB. Estatuto da


Associação Catarinense de Bibliotecários - ACB. Florianópolis, 2008.
Disponível em: <http://www.acbsc.org.br/site/legislacao-acb-crb/55.
html>. Acesso em 24 abr. 2012.

173
BECKER, Caroline da Rosa Ferreira et al. Relatório do VI Fórum Estadual
de Bibliotecas Escolares [Palhoça, 24 out. 2009]. R. ACB:
Biblioteconom. SC, Florianópolis, v.16, n.2, p. 518-537, jul./dez., 2011.
Disponível em: <http://revista.acbsc.org.br/index.php/ racb/article/view/
793/pdf_64>. Acesso em: 09 abr. 2012.

BRASIL. Lei nº 12.244 de 24 de maio de 2010. Dispõe sobre a


universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 maio
2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007-
2010/2010/Lei/L12244.htm>. Acesso em: 05 jan. 2011.

CAMPELLO, Bernadete. O Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar da


UFMG e as idéias que fundamentaram sua criação. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA, DOCUMENTAÇÃO E CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO, 22., 2007, Brasília. Anais... Brasília, DF:[s. n.], 2007.
Disponível em: <http://cdij.pgr.mpf.gov.br/ noticias/ palestra_cbbd/
P2_A4.pdf>. Acesso em: 17 set. 2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. MiniAurélio Eletrônico versão


5.12. 7. ed. [Curitiba]: Positivo, 2004.
FÓRUM ESTADUAL DE BIBLIOTECAS ESCOLARES, 3., 2003, Florianópolis.
[Relatório]. R. ACB: Biblioteconom. SC, Florianópolis, v.8/9, jan./dez. p.
79-87, 2003/2004.

GARCEZ, Eliane Fioravante. GBAE/SC - Grupo de Bibliotecários da área


Escolar: compromisso com a cidadania. In: PAINEL DE BIBLIOTECONOMIA
EM SANTA CATARINA, 21., 2002, Florianópolis, Slides. Disponível em:
<www.ced.ufsc.br/bibliote/acb/painel/ grupo_be.ppt>. Acesso em: 29
abr. 2012.

174
GARCEZ, Eliane Fioravante et al. Relatório do IV Fórum Estadual de
Bibliotecas Escolares: Criciúma, 16 de outubro de 2004. R. ACB:
Biblioteconom. SC, Florianópolis, v.13, n.2, p.487-501, jul./dez., 2008.
Disponível em: <http://revista.acbsc.org.br/ index.php/ racb/article/
view/614/696>. Acesso em: 09 abr. 2012.

GARCEZ, Eliane Fioravante; KIESER, Herta; FELICIO, Joana Carla de


Souza Matta. Relatório do VII Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares:
Florianópolis, 8 de outubro de 2011. R. ACB: Biblioteconom. SC,
Florianópolis, v.17, n.1, p. 194-209, jan./jun., 2012. Disponível em:
<http://revista.acbsc.org.br/index.php /racb/article/view/838/pdf_79>.
Acesso em: 09 abr. 2012.

GARCEZ, Eliane Fioravante; KIESER, Herta; SILVA, Inês Josino da.


Relatório do V Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares: Joinville, 21 de
outubro de 2006. R. ACB: Biblioteconom. SC, Florianópolis, v.13, n.2,
p.503-522, jul./dez., 2008. Disponível em:
<http://revista.acbsc.org.br/index.php/racb/article/view/615/697>.
Acesso em: 09 abr. 2012.

GRUPO DE BIBLIOTECÁRIOS DA ÁREA ESCOLAR DE SANTA CATARINA –


GBAE/SC. Livro de Atas: ata da reunião ordinária de 15 mar. 2003. f. 2-
3.

GRUPO DE BIBLIOTECÁRIOS DA ÁREA ESCOLAR DE SANTA CATARINA –


GBAE/SC. Regimento Interno. 2004. Disponível em: <http://gbaesc.
acbsc.org.br/>. Acesso em: 03 abr. 2012.

LACERDA et al. A importância de eventos científicos na formação


acadêmica: estudantes de biblioteconomia. R. ACB: Biblioteconom. SC,
Florianópolis, v. 13, n. 1, p. 130-144, jan./jun. 2008. Disponível em:

175
<http://www.acbsc.org.br/revista/ojs/viewarticle.php?id=
2698Layout=abastract>. Acesso em: 25 set. 2008.

LIMA, Regina Celia Montenegro de. A biblioteconomia catarinense e a


ACB: memórias de uma bibliotecária. Rio de Janeiro: [s. n.], 1998. 14f.

MACEDO, Neusa Dias de. Biblioteca escolar brasileira em debate: da


memória profissional a um fórum virtual. São Paulo: SENAC: CRB-8,
2005.

MORA, José Ferrater. Dicionário de filosofia. São Paulo: M. Fontes,


1996.
SILVA, Gláucia Maindra da; HILLESHEIM, Araci Isaltina de Andrade;
FACHIN, Gleisy Regina Bories. Atividades de leitura para portadores de
necessidades especiais – APAE/Florianópolis. Extensivo: R. Eletr. Exten.
UFSC, Florianópolis, n. 1, ano 2004. Disponível em:
<http://www.extensio.ufsc.br/20042/Educacao_CED_Araci_Gleisy_Glaucia
.pdf>. Acesso em: 06 set. 2007.

176
ANEXO

GBAE/SC
Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina

FICHA CADASTRAL
DADOS PESSOAIS
Nome: ______________________________________________________________________
Graduação: ___________________________________________________________________
Instituição: _________________________________________________________
Ano:______
Pós-graduação: Especialização: ( ) Mestrado: ( ) Doutorado: ( )
Instituição:_________________________________________________________ Ano:______
CI: ______________________________________ CPF:_______________________________
Endereço:____________________________________________________________Nº:______
Complemento: (Edif., apart)______________________________________________________
Bairro:___________________________Município:________________________Estado:_____
CEP:_______________________________Telefone Residencial: ______________________
Celular:_________________________________ e-mail:_______________________________
CRB: _________________________ ACB: sócio ( ) nº _______________ não-sócio ( )
LOCAL DE TRABALHO:
Nome da Instituição:____________________________________________________________
Natureza da instituição: Particular ( ) Pública ( )
Público alvo: Séries iniciais ( ) Ensino fundamental ( ) Ensino Médio ( )
Pré-vestibular ( ) Ensino Superior ( )
Horário de trabalho:______________________________________ Carga horária:__________
Endereço:___________________________________________________________nº:_______
Bairro:________________________ Município:__________________________Estado:_____
CEP:_____________________________Telefone:____________________________________
Página na Web: _______________________________________________________________
Você tem disponibilidade de tempo para reunião de trabalho no GBAE/SC?
Sim ( ) Não ( )
Se afirmativo, indique abaixo, o(s) dia(s) da semana e o(s) horário(s)
Dia(s) da semana:______________________________________________________________
horário(s):____________________________________________________________________
Florianópolis, ___ de __________________ de 20___.

Assinatura:___________________________

177
DOCUMENTO FINAL DO 1º FÓRUM DE PESQUISA
EM BIBLIOTECA ESCOLAR

FINAL DOCUMENT OF THE 1st RESEARCH FORUM


ON SCHOOL LIBRARY

O 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar reuniu pesquisadores,


educadores, bibliotecários e outros profissionais interessados em contribuir
para a melhoria da qualidade das bibliotecas escolares do país. O Fórum
contou com a participação de 72 pessoas entre palestrantes e
congressistas (ver Lista abaixo).
Na Sessão de Abertura, o Prof. Ricardo Rodrigues Barbosa, Diretor
da Escola de Ciência da Informação da UFMG, iniciou os trabalhos, falando
sobre a importância do tema do evento. Em seguida, a presidente do
Conselho Federal de Biblioteconomia, Nêmora Arlindo Rodrigues fez um
breve relato das ações do CFB em prol da biblioteca escolar. A Profa.
Bernadete Campello, coordenadora do Grupo de Estudos em Biblioteca
Escolar e do 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar, discorreu sobre
o objetivo do Fórum e sua estrutura. Finalizando esta sessão, a
bibliotecária Lília Virgínia Martins Santos, da Escola Municipal Padre
Francisco Carvalho Moreira (Secretaria Municipal de Educação de Belo
Horizonte) e ganhadora do Prêmio Da Vinci Huis/2010, relatou sua
experiência como participante da Conferência Anual da Associação
Internacional de Biblioteconomia Escolar.
Na Mesa redonda Formação profissional: educação do bibliotecário
escolar, apresentada Profa. Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu
(GEBE/UFMG), as palestrantes Profa. Lizandra Brasil Estabel (IFRS-
Campus Porto Alegre), Profa. Magda Teixeira Chagas (UFSC), Profa.Telma
Socorro Silva Sobrinho (UFPA) e Profa. Mariza Russo (UFRJ), sob a
coordenação da e Profa. Célia Regina Simonetti Barbalho (UFAM)
relataram atividades de formação de bibliotecários para atuarem em

178
bibliotecas escolares, especialmente os esforços na implantação de cursos
de especialização na área.
A Mesa redonda Registro do conhecimento: publicações e
bibliografia reuniu os debatedores Prof. Cláudio Marcondes de Castro Filho
(USP/Ribeirão Preto), Profa. Kelley Cristine G. Dias Gasque (UnB), Profa.
Sueli Bortolin (UEL), tendo como moderador e relator o Prof. Carlos
Alberto Ávila Araújo (GEBE/UFMG), para discutir a produção bibliográfica
sobre biblioteca escolar e a necessidade de se constituir uma estrutura
colaborativa para a manutenção da bibliografia da área – a LIBES -
Literatura Brasileira em Biblioteca Escolar, criada e mantida pelo GEBE, e
sob a responsabilidade da Biblioteca Etelvina Lima da Escola de Ciência da
informação da UFMG. Nesta sessão, foi lançado o primeiro fascículo do
periódico Biblioteca Escolar em Revista, sob a direção do Prof. Cláudio
Marcondes de Castro Filho (USP/Ribeirão Preto), que pretende reunir
artigos, relatos de experiência e resenhas relativos ao tema biblioteca
escolar.
A Mesa redonda Pesquisa: tendências e perspectivas teve como
debatedores o Prof. Cesar Augusto Castro (UFMA), a Profa. Helen de
Castro Silva (UNESP) e a Profa. Ivete Pieruccini (ECA/USP), e como
moderadora e relatora a Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte
(GEBE/UFMG). Nesta mesa redonda foi relatado o panorama da pesquisa
em biblioteca escolar no Brasil, e apresentadas as pesquisas que vêm
sendo desenvolvidas, o que permitiu perceber tendências e perspectivas.
Na Mesa redonda Ações de extensão: o compartilhamento de
conhecimentos acadêmicos com a sociedade, as debatedoras Profa. Gleice
Pereira (UFES), Profa. Janaina Ferreira Fialho (UFG) e Katharina Berg
(Diretora da Associação Internacional de Biblioteconomia Escolar para a
América Latina e Caribe), sob a coordenação da Profa. Maria da Conceição
Carvalho (GEBE/UFMG), apresentaram ações que objetivam viabilizar o
compartilhamento de conhecimentos acadêmicos com a sociedade.
Na sessão de encerramento, coordenada pela Profa. Bernadete
Campello (GEBE/UFMG) e com a participação do Prof. Paulo da Terra

179
Caldeira (GEBE/UFMG), da Profa. Janaína F. Fialho (UFG/GEBE), da Profa.
Júlia Gonçalves da Silveira (GEBE/UFMG), responsáveis pela editoração
dos anais do evento, foi realizada a síntese das discussões e definidas as
seguintes ações:

▪ Compromisso dos participantes de colaborar na alimentação da base


de dados LIBES - Literatura Brasileira em Biblioteca Escolar, de forma
a garantir uma cobertura abrangente e atualizada, incluindo
referências e textos completos, para que a base possa se constituir
em bibliografia para a pesquisa e o ensino.

▪ Compromisso dos participantes de colaborar com o periódico


Biblioteca Escolar em Revista, possibilitando que ele se mantenha e
se consolide como um espaço de divulgação da literatura da área de
biblioteca escolar.
▪ Compromisso dos coordenadores dos cursos de especialização de
selecionar periodicamente uma monografia para ser divulgada em
texto completo na página do GEBE - Grupo de Estudos em Biblioteca
Escolar.

▪ Recomendação para a realização do 2º Fórum de Pesquisa em


Biblioteca Escolar em Vitória, ES, com foco em sistemas, redes e
programas de bibliotecas escolares. Cinco coordenadores presentes
(Eduardo Valadares da Silva/Prefeitura Municipal de Vitória; Carolina
Teixeira de Paula/ Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; Antônio
Jorge Rodrigues Pereira da Silva/ SESI Espírito Santo; Ana Cristina
Carvalho dos Santos/ Secretaria de Educação do Estado da Bahia;
Ana Paula Ourem Costa Leite Diaz/ SESI Pernambuco) se
comprometeram a apoiar o evento, que reunirá coordenadores de
sistemas, redes e programas de bibliotecas escolares do Brasil,
possibilitando a troca de experiências e busca de soluções.

180
▪ Recomendação para sugerir a aplicação de referências conceituais e
metodológicas da formação em rede de mediadores/infoeducadores
para atuarem em bibliotecas escolares, em desenvolvimento a partir
do Programa Biblioteca e Educação, da Rede de Bibliotecas Escolares
Interativas - REBI, de São Bernardo do Campo/SP, e que vem sendo
realizado por pesquisadores ligados ao Colaboratório de
Infoeducação, do Departamento de Biblioteconomia e Documentação,
da Escola de Comunicações e Artes (ECA), da Universidade de São
Paulo (USP).

▪ Recomendação à FEBAB – Federação Brasileira de Associações de


Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições para a criação
da Comissão Brasileira de Biblioteca Escolar, que congregue pessoas
interessadas no tema e no desenvolvimento das bibliotecas escolares
do País.

Participantes do 1° Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar

Adriana Bogliolo Sirihal Duarte - Grupo de Estudos em Biblioteca


Escolar/ECI/UFMG
Alba Ligia de Almeida Silva - Universidade Federal da Paraíba
Alessandra Soraya Gino Lima - Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa –
Belo Horizonte
Alice Alves da Silva - PBH/SMED/ E. M. Elisa Buzelin - Universidade
Federal do Amazonas
Ana Cristina Carvalho dos Santos - Secretaria de Educação do
Estado da Bahia
Ana Paula Ourem Costa Leite Diaz - SESI - Serviço Social da
Indústria (PE)
Andraine Elizabeth Muselli de Mendonça - Colégio Edna Roriz -
Belo Horizonte
André de Souza Pena - Universidade Federal de Mato Grosso

181
Andréa Pereira dos Santos - Universidade Federal de Goiás
Antônio Afonso Pereira Júnior - Conselho Regional de
Biblioteconomia 6ª Região – Belo Horizonte
Antonio Jorge Rodrigues Pereira da Silva - Serviço Social da
Indústria (ES)
Antônio José Oliveira Silva - Conselho Regional de Biblioteconomia
1ª Região - Brasília
Bernadete Campello - Grupo de Estudos em Biblioteca
Escolar/ECI/UFMG
Carlos Alberto Ávila Araújo - Grupo de Estudos em Biblioteca
Escolar/ECI/UFMG
Carolina Teixeira de Paula - PBH/SMED/ Programa de Bibliotecas
Cecília Maria Silva de Morais - Não informado
Célia da Consolação Dias - Universidade Federal de Minas Gerais,
Escola de Ciência da Informação
Célia Regina Simonetti Barbalho - Universidade Federal do
Amazonas, Departamento de Biblioteconomia
César Augusto Castro - Universidade Federal do Maranhão,
Departamento de Biblioteconomia
Clarissa Jane de Assis Silva - Colégio Marista Dom Silvério Belo
Horizonte
Cláudio Marcondes Castro Filho - Universidade de São Paulo, USP -
Ribeirão Preto
Cleidivânia Janaina de Paula - Colégio Padre Eustáquio – Belo
Horizonte
Cristina Dotta Ortega - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola
de Ciência da Informação
Dalgiza Andrade Oliveira - Universidade Federal de Alagoas – Curso
de Biblioteconomia
Débora Jardim Jardim - Conselho Regional de Biblioteconomia 10ª
Região – Porto Alegre
Ediene Souza de Lima - Colégio Marista Pio X – João Pessoa

182
Edna Gomes Pinheiro - Universidade Federal da Paraíba
Eduardo Valadares da Silva - Prefeitura Municipal de Vitória
Eliane Vaz Rodrigues Gomes - PBH/SMED/ Escola Municipal Aurélio
Pires
Heraldo José E. Botelho - Conselho Regional de Biblioteconomia 1ª
Região – Brasília
Gleice Pereira - Universidade Federal do Espírito Santo
Helen Castro Silva Casarin - Unesp Marília-SP
Hugo Oliveira Pinto e Silva - Conselho Regional de Biblioteconomia
6ª Região – Belo Horizonte
Ivete Pieruccini - Universidade de São Paulo – USP, Escola de
Comunicações e Artes
Ivone Guerreiro Di Chiara - Universidade Estadual de Londrina
Janaina Ferreira Fialho Costa - Universidade Federal de Goiás
Jourglade de Brito Benvindo Souza - PBH/SMED/ E. M. Francisco
Magalhães Gomes BH
Júlia Gonçalves da Silveira - Grupo de Estudos em Biblioteca
Escolar/ECI/UFMG
Katharina Berg - International Association of School Librarianship
Kelley Cristine Gonçalves Dias Gasque - Universidade de Brasília,
UnB – Faculdade de Ciências da Informação
Laura Valladares de Oliveira Soares - Universidade Federal de
Minas Gerais, Escola de Ciência da Informação
Lilia Virgina Martins Santos - PBH/SMED/E.M. Padre Francisco
Carvalho Moreira
Lizandra Brasil Estabel - Instituto Federal do Rio Grande do Sul -
Campus Porto Alegre
Lucilia Maria Lima Vieira - Secretaria de Educação do Estado da
Bahia
Magda Chagas - Universidade Federal de Santa Catarina
Margareth Egídia Moreira - PBH/SMED/Escola Municipal Maria de
Rezende Costa Biblioteca Cecília Meireles

183
Maria Ângela Mourão Mesquita - Colégio Santa Maria – Belo
Horizonte
Maria Clara Fonseca - Centro Universitário do Planalto de Araxá –
UNIARAXÁ
Maria da Conceição Carvalho - Grupo de Estudos em Biblioteca
Escolar/ECI/UFMG
Maria Marismene Gonzaga - Professora da Educação Básica
Maria Valderez de Barros Almeida Ferreira - PBH/SMED/ Escola
Municipal Padre Edeimar Massote
Mariza Russo - Universidade Federal do Rio de Janeiro
Maurício Amormino Júnior - Colégio Santa Maria – Belo Horizonte
Mônica Machado Messeder - Conselho Regional de Biblioteconomia
14ª região – Florianópolis
Nêmora Rodrigues - Conselho Federal de Biblioteconomia
Osmar Carmo Arouck Ferreira - Conselho Regional de
Biblioteconomia 1ª Região – Brasília
Paulo da Terra Caldeira - Grupo de Estudos em Biblioteca
Escolar/ECI/UFMG
Raimundo Martins de Lima - Universidade Federal do Amazonas
Rosa Zuleide Lima de Brito - Universidade Federal da Paraíba
Rosy Mara Oliveira - Biblioteca Municipal Baptista Caetano D´Almeida
(São João Del-Rei-MG), Universidade Presidente Antônio Carlos –
UNIPAC (Barbacena)
Rubeniki Fernandes - Não informado
Sabrina Rodrigues Sanches Brasil - PBH/SMED/ E. M. Professor
Tabajara Pedroso
Simone Lopes Dias - SESI – Serviço Social da Indústria (SP)
Sirlene Moreira de Pádua - PBH/SMED/ Escola Municipal Oswaldo
Cruz
Sônia Márcia Soares de Moura - PBH/SMED/ EM Carlos Drummond
de Andrade

184
Stefanie Kastner - Goethe-Institut São Paulo – Centro Cultural Brasil-
Alemanha
Sueli Bortolin - Universidade Estadual de Londrina
Suely Henrique de Aquino Gomes - Universidade Federal de Goiás/
FACOMB
Suely Oliveira Moraes - Universidade Federal do Amazonas
Telma Socorro Silva Sobrinho - Universidade Federal da Paraíba
Vera Lúcia Furst Gonçalves Abreu - Grupo de Estudos em Biblioteca
Escolar/ECI/UFMG

185
ANEXO 1

Participantes do 1º Seminário Nacional sobre Bibliotecas Escolares

1º SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE BIBLIOTECAS ESCOLARES


Brasília, 5 a 8 de outubro de 1982

Ministério da Educação e Cultura


Secretaria da Cultura
Fundação Nacional Pró-Memória
Instituto Nacional do Livro

Promoção: Instituto Nacional do Livro


Apoio Financeiro: Centro regional para el Fomento del Libro em America
Latina y el Caribe
Colaboração: Universidade de Brasília – Departamento de Biblioteconomia

Coordenação:
Murilo Bastos Cunha (UnB)
Walda de Andrade Antunes (INL)

Participantes

Edson Nery da Fonseca – Professor titular da UnB


Conferência de Abertura: Alternativas bibliotecárias para a crise na escola

Lauro de Oliveira Lima – Centro Experimental e Educacional Jean Piaget


Conferência base – Tema 1: A biblioteca escolar

Francisco Oscar Rodrigues – Representante do Secretário da SEPS/MEC


Debate sobre o Tema 1: A biblioteca escolar no contexto educacional
brasileiro

Yeda Virgínia Castro – Professora Bibliotecária, Técnico Adjunto da


Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul
Debate sobre o Tema 1: A biblioteca escolar no contexto educacional
brasileiro

Mitsi Westphal Taylor – Bibliotecária, Coordenadora do Sistema Estadual


de Bibliotecas Públicas de Santa Catarina
Debate sobre o Tema 1: A biblioteca escolar no contexto educacional
brasileiro

Kira Taparanoff – Professora, Departamento de Biblioteconomia, UnB


Insumos para o Tema 1: Biblioteca escolar: um problema de qualidade

186
Maria Alice Guimarães Borges – Bibliotecária, Governo do Distrito Federal
Debate sobre o Tema 1: A biblioteca escolar no contexto educacional
brasileiro
Reflexões sobre o desempenho da biblioteca escolar

Maria Lúcia Moriconi – Diretora de Apoio Pedagógico do Departamento


Geral de Pedagogia, Fundação Educacional/DF, Membro do Conselho de
Educação, DF
Conferência base – Tema 2: Institucionalização da biblioteca escolar

Myriam Gusmão de Martins – Consultora


Debate sobre o Tema 2: Institucionalização da biblioteca escolar

Yeda Regina Chitto Stumpf – Coordenadora do Curso de Especialização em


Administração de Sistemas de Bibliotecas da UFRGS
Debate sobre o Tema 2: Institucionalização da biblioteca escolar
A institucionalização da biblioteca escolar e o planejamento educacional

Maria das Mercês Alves de Rezende – Coordenadora do Sistema Estadual


de Bibliotecas Públicas, Diretoria de Bibliotecas, Minas Gerais
Debate sobre o Tema 2: Institucionalização da biblioteca escolar
Considerações sobre a institucionalização das bibliotecas escolares

Elvira Barcelos Sobral – Professora, Bibliotecária, Consultora


Conferência base – Tema 3: Recursos humanos para a biblioteca escolar

Cléa Dubeaux Pimentel – Presidente da Associação Brasileira de Ensino de


Biblioteconomia e Documentação, ABEBD
Debate sobre o Tema 3: Recursos humanos para a biblioteca escolar

May Brooking Negrão – Presidente da Comissão Brasileira de Bibliotecas


Públicas e Escolares
Debate sobre o Tema 3: Recursos humanos para a biblioteca escolar

Maria Lúcia Pacheco de Almeida – Presidente do Conselho Federal de


Biblioteconomia e Documentação
Debate sobre o Tema 3: Recursos humanos para a biblioteca escolar

Marlene Souza Santos – Bibliotecária-Chefe do Colégio Rio Branco, SP


Conferência base – Tema 4: Recursos materiais para a biblioteca escolar

Emir José Suaiden


Debate sobre o Tema 4: Recursos materiais para a biblioteca escolar

Rizza de Araújo Porto – Sub-Secretária de Assuntos da Política


Educacional, MEC
Debate sobre o Tema 4: Recursos materiais para a biblioteca escolar

187
Jaime Robredo – Chefe do Departamento de Biblioteconomia, UnB
Debate sobre o Tema 4: Recursos materiais para a biblioteca escolar
Considerações sobre os recursos materiais para a biblioteca escolar e
outros assuntos mais ou menos correlatos

188
ANEXO 2

Recomendações apresentadas ao final do 1º Seminário Nacional


sobre Bibliotecas Escolares

189
190
191
ANEXO 3

Programação do 1º Fórum de Pesquisa em Biblioteca Escolar

Universidade Federal de Minas Gerais


Escola de Ciência da Informação
Grupo de Estudos em Biblioteca Escolar - GEBE
24 a 25 de maio de 2012

Local
Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa
Anexo Professor Francisco Iglésias
Rua da Bahia, 1889 - 2º piso Bairro Funcionários
Belo Horizonte

24 de maio de 2012 (quinta feira)

Manhã
8:30 – 9:30hs
● Abertura: As possibilidades de participação da comunidade brasileira nas ações
da
International Association of School Librarianship - IASL
Ricardo Rodrigues Barbosa (diretor da Escola de Ciência da Informação da UFMG),
Bernadete Campello (coordenadora do GEBE/UFMG), Nêmora Arlindo Rodrigues
(presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia), Lília Virgínia Martins Santos
(Prêmio Da Vinci Huis)
Nesta sessão, com a finalidade de vislumbrar possibilidades de maior inserção do Brasil
no cenário da biblioteconomia escolar internacional, será relatada a participação
embrionária de pesquisadores e de profissionais brasileiros na Associação.

9:30 – 10:00hs
Café

10:00 – 12:00hs
● Mesa redonda - Formação profissional: educação do bibliotecário escolar
Debatedores: Lizandra Brasil Estabel (IFRS-Campus Porto Alegre), Magda Teixeira
Chagas (UFSC), Telma Socorro Silva Sobrinho (UFPA), Mariza Russo (UFRJ), Célia
Simonetti Barballo (UFAM)
Moderadora e relatora: Vera Lúcia F. G. Abreu (GEBE/UFMG)
Nesta mesa redonda serão apresentadas atividades de formação de bibliotecários para
atuarem em bibliotecas escolares, especialmente os esforços na implantação de cursos
de especialização na área.

Tarde
14:00 – 15:30hs
● Mesa redonda - Registro do conhecimento: publicações e bibliografia
Debatedores: Cláudio Marcondes de Castro Filho (USP/Ribeirão Preto), Kelley Cristine
G. Dias Gasque (UnB), Sueli Bortolin (UEL)
Moderador e relator: Carlos Alberto Ávila Araújo (GEBE/UFMG)
Esta mesa redonda tem como finalidade discutir a produção bibliográfica da área de
biblioteca escolar e a necessidade de se constituir uma estrutura colaborativa para a
manutenção da bibliografia da área – a LIBES - Literatura Brasileira em Biblioteca
Escolar, criada e mantida pelo GEBE.

15:30 – 16:00hs
Café

192
16:00 – 18:00hs
Lançamento do periódico Biblioteca Escolar em Revista (Cláudio Marcondes de Castro
Filho)
A Coleção Biblioteca Escolar da Autêntica Editora (Rejane Santos)
LIBES - Literatura Brasileira em Biblioteca Escolar (Eliane Maria Fernandes Lopes -
Biblioteca Etelvina Lima ECI/UFMG)

19:00hs Jantar de Confraternização (adesão)


Restaurante Dona Lucinha (Rua Sergipe 811)

25 de maio de 2012 (sexta feira)

Manhã

8:30 – 9:30hs
● Mesa redonda – Pesquisa: tendências e perspectivas
Debatedores: Cesar Augusto Castro (UFMA), Helen de Castro Silva (UNESP), Ivete
Pieruccini (USP)
Moderadora e relatora: Adriana B. S. Duarte (GEBE/UFMG)
Nesta mesa redonda será relatado um panorama da pesquisa em biblioteca escolar no
Brasil, e apresentadas as pesquisas mais recentes da área, buscando-se identificar
tendências e perspectivas.

9:30 – 10:00hs
Café

10:00 – 12:00hs
Continuação da Mesa redonda

Tarde

14:00 – 16:30hs
● Mesa redonda – Ações de extensão: o compartilhamento de conhecimentos
acadêmicos com a sociedade
Debatedores: Célia Regina Simonetti Barbalho (UFAM), Gleice Pereira (UFES), Janaina
Ferreira Fialho (UFG), Katharina Berg (IASL)
Moderadora e relatora: Maria da Conceição Carvalho (GEBE/UFMG)
Esta mesa redonda tem como finalidade relatar ações que objetivam viabilizar o
compartilhamento de conhecimentos acadêmicos com a sociedade. Aqui será
discutida a possibilidade de realização da Conferência Internacional da IASL no Brasil,
em 2015.

16:30 – 17:00hs
Café

17:00 – 18-00hs ● Síntese das propostas


Redatores: Paulo da Terra Caldeira (GEBE/UFMG), Janaína F. Fialho (UFG/GEBE),
Márcia Milton Vianna (GEBE e Assembléia Legislativa MG), Júlia Gonçalves da Silveira
(GEBE/UFMG).

18:00 – 18:30hs ● Encerramento: Bernadete Campello (GEBE/UFMG)

193

Você também pode gostar