O movimento estudantil de maio de 1968 na França começou com protestos contra a guerra do Vietnã e se espalhou rapidamente para outras causas e setores da sociedade francesa. Os estudantes ergueram barricadas e entraram em confronto com a polícia. O movimento inspirou protestos em outros países contra o estabelecimento e a favor de mudanças sociais.
O movimento estudantil de maio de 1968 na França começou com protestos contra a guerra do Vietnã e se espalhou rapidamente para outras causas e setores da sociedade francesa. Os estudantes ergueram barricadas e entraram em confronto com a polícia. O movimento inspirou protestos em outros países contra o estabelecimento e a favor de mudanças sociais.
O movimento estudantil de maio de 1968 na França começou com protestos contra a guerra do Vietnã e se espalhou rapidamente para outras causas e setores da sociedade francesa. Os estudantes ergueram barricadas e entraram em confronto com a polícia. O movimento inspirou protestos em outros países contra o estabelecimento e a favor de mudanças sociais.
O movimento estudantil de maio de 1968 na França começou com protestos contra a guerra do Vietnã e se espalhou rapidamente para outras causas e setores da sociedade francesa. Os estudantes ergueram barricadas e entraram em confronto com a polícia. O movimento inspirou protestos em outros países contra o estabelecimento e a favor de mudanças sociais.
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Maio de 1968: as origens e os ecos do movimento Jo�o Paulo Charleaux 05 Mai 2018
(atualizado 11/Mai 17h41) Protestos iniciados por jovens estudantes na Fran�a se
espalharam pelo mundo e deixaram 50 anos de debates, embates, mudan�as e frustra��es NESTE TEXTO: O QUE foi o Maio de 1968 AONDE o movimento chegou QUEM foram os protagonistas COMO o movimento foi contestado QUANDO 1968 terminou POR QUE 1968 ainda ecoa EM ASPAS NA ARTE V� ainda mais fundo: FOTO: WIKIMEDIA COMMONS BARRICADAS DE ESTUDANTES NA RUA PAUL-BERT, EM BORDEAUX, EM 1968 No dia 10 de maio de 1968, um grupo de pelo menos 20 mil estudantes franceses ergueu barricadas feitas de carros virados, carteiras e outros m�veis destru�dos, transformando o Quartier Latin, bairro estudantil da regi�o central de Paris, numa esp�cie de ilha ou de territ�rio aut�nomo em rela��o a todo o restante da capital. A divis�o, criada fisicamente pelos destro�os acumulados ao longo de dias de protestos e de enfrentamento com a pol�cia, era, em si, a representa��o tang�vel de outras divis�es, muito maiores e mais profundas, que mantinham os protagonistas daquela gera��o em confronto aberto com os valores dominantes da sociedade de ent�o. As barricadas do Maio de 1968, em Paris, representavam a separa��o irreconcili�vel de duas gera��es, de pais e filhos, a separa��o moral da sociedade e dos costumes, entre conservadores e liberais, e, por fim, a separa��o pol�tica e econ�mica de boa parte do mundo, entre comunistas e capitalistas, no auge do enfrentamento ideol�gico entre esses dois blocos, personificados pelos Estados Unidos, de um lado, e pela URSS (Uni�o das Rep�blicas Socialistas Sovi�ticas), de outro, com dezenas de outros pa�ses, movimentos e personalidades orbitando ao redor. De Paris, o movimento se espalhou pelo mundo, e, ap�s 1968, pelo tempo. Para entender a dimens�o dos eventos daquele per�odo e sua influ�ncia sobre o presente, � preciso percorrer a linha do tempo, conhecer seus protagonistas e tamb�m as cr�ticas �s pretens�es dos que falaram em nome daqueles protestos, que agora completam meio s�culo. O QUE foi o Maio de 1968 �Maio de 68� � uma express�o que se refere a um conjunto de eventos espa�ados no tempo e no mundo, que, na verdade, tiveram in�cio em mar�o, n�o em maio; e cujo ber�o foi uma universidade em Nanterre, nos arredores de Paris. Esses eventos tiveram in�cio com uma onda de debates no meio universit�rio franc�s, seguidos de ocupa��es, atos p�blicos, discursos, assembleias e protestos de rua, que rapidamente evolu�ram para o enfrentamento aberto com a pol�cia e com toda estrutura formal de for�a e de poder na Fran�a � fosse no n�cleo familiar, nos embates geracionais de fundo moral, por exemplo, sobre quest�es ligadas a g�nero e sexualidade, fosse de maneira mais ampla na sociedade, no questionamento � figura do presidente, do primeiro-ministro e at� do Estado, em si, assim como das leis, do dinheiro e da religi�o. O movimento teve como bandeira um pacote de reivindica��es que partiram de demandas extremamente pontuais, como reformas na grade curricular, passando por pautas estruturais, como o fim da Guerra no Vietn� e o fim do capitalismo, at� chegar �s reivindica��es de cunho filos�fico e existencial � como no lema �seja realista, queira o imposs�vel�, que expressava o car�ter art�stico, po�tico e ilimitado que seus protagonistas atribu�am � pr�pria forma de lutar contra estruturas que eram consideradas pesadas, antigas, opressoras, desiguais, superadas e obsoletas. A onda de Maio de 1968 teve como primeiro e principal ator o movimento estudantil, seguido imediatamente pelos sindicatos de trabalhadores e, na sequ�ncia, por artistas e intelectuais n�o apenas da Fran�a, mas de muitos outros pa�ses, incluindo o Brasil. Em 22 de maio, o n�mero de trabalhadores paralisados na Fran�a chegou a 8 milh�es Muitas linhas do tempo sobre os eventos de 1968 situam o dia 22 de mar�o daquele ano como um ponto de partida, quando um grupo de estudantes ocupou a Universidade de Nanterre para protestar contra puni��es disciplinares aplicadas contra alunos que protestavam contra a Guerra no Vietn�. O movimento se alastrou rapidamente, envolvendo, no dia 3 de maio, os estudantes da Sorbonne, em Paris, que passaram a realizar uma s�rie de protestos de rua no bairro estudantil chamado Quartier Latin. Os protestos foram reprimidos pela pol�cia e os estudantes costumavam se dispersar ap�s os choques. At� que, no dia 10 de maio daquele ano, o movimento resolveu pela primeira vez confrontar a pol�cia de maneira consistente. Na �Noite das Barricadas�, 251 policiais e 102 estudantes ficaram com ferimentos graves. Mais de 400 manifestantes foram presos e 60 carros foram virados e queimados em Paris. Diante da repress�o policial e em solidariedade aos estudantes, sindicatos de trabalhadores do setor privado decretaram greve geral de 24 horas na Fran�a, no dia 13 de maio. Com isso, o movimento extrapolou o ambiente estudantil, ganhou uma parcela importante da sociedade francesa, ampliou suas demandas e passou a amea�ar a pr�pria sobreviv�ncia do governo � � �poca, nas m�os do presidente Charles de Gaulle, um her�i da Segunda Guerra Mundial para os franceses e um �cone da gera��o anterior, e pelo primeiro-ministro, George Pompidou, um dos mais longevos no cargo. Cinco dias depois, trabalhadores do setor p�blico aderiram � greve. O movimento reverberou na classe art�stica, quando tr�s membros do j�ri do Festival de Cannes � um dos mais importantes do mundo e o mais importante da Fran�a � renunciaram a seus cargos. Os diretores Alain Resnais e Carlos Saura retiraram seus filmes da competi��o e a edi��o daquele ano foi cancelada. Em 22 de maio, o n�mero de trabalhadores paralisados na Fran�a chegou a 8 milh�es. Em 30 de maio, De Gaulle dissolveu o parlamento e convocou novas elei��es, das quais saiu vencedor e na qual aumentou sua base parlamentar, mostrando a for�a do apoio do que foi chamada de �maioria silenciosa� que se opunha ao movimento. AONDE o movimento chegou Juventude, ruptura, rebeldia e liberdade nunca foram condi��es exclusivas da Paris de 1968, tampouco eram monop�lio franc�s. A onda de contesta��o geracional, moral e pol�tica se alastrava por boa parte do mundo desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, tendo como vetor as transmiss�es via sat�lite, a literatura, o cinema e, principalmente, a m�sica pop. Para entender como o esp�rito de 1968 se espalhou geograficamente pelo mundo, � preciso saber, de sa�da, que a maior parte dos estudantes e dos trabalhadores envolvidos nesse movimento estava conectada � ideia de constru��o de uma pol�tica de esquerda, baseada em algum tipo de socialismo ut�pico, igualit�rio e fraterno. Para muitos dos protagonistas do movimento de 1968, esse socialismo idealizado n�o estava, por certo, presente no capitalismo americano, como tamb�m n�o se encontrava plenamente representado no comunismo sovi�tico que vigorava nos pa�ses da chamada Cortina de Ferro (Tchecoslov�quia, Rom�nia, Alemanha Oriental, Pol�nia e Bulg�ria). O Maio de 1968 contestou tanto a repress�o militar de direita que tinha apoio dos EUA quanto a repress�o militar de esquerda, sob batuta da URSS A Primavera de Praga, ocorrida em 1968 na Tchecoslov�quia, sob a lideran�a de Alexander Dubcek, tentava construir um �socialismo com face humana� no pa�s, em contraposi��o ao modelo centralizador, censor e ditatorial imposto pelos sovi�ticos. �O que as cabe�as pensantes [de Maio de 1968] diziam era uma colet�nea de ideias malucas de grupos de esquerda: revisionistas socialista, trotskistas, mao�stas, anarquistas, surrealistas e marxistas. Eles eram anticomunistas tanto quanto anticapitalistas. Alguns pareciam ser anti-industriais, anti-institucionais e at� antirracionais�, definiu Peter Steinfels, jornalista do The New York Times que, em maio de 1968, era um dos estudantes envolvidos nos protestos no Quartier Latin, em Paris. Maio de 1968 nutriu e se nutriu, por exemplo, do movimento americano pela defesa dos direitos civis � de negros, mulheres e gays � e de oposi��o � guerra no Vietn�, na qual os EUA haviam entrado quatro anos antes. Na Am�rica Latina, o movimento conectou-se com a luta dos estudantes e dos trabalhadores do M�xico. Eles reivindicavam mudan�as na condu��o pol�tica do pa�s que, desde 1929, estava nas m�os do PRI (Partido Revolucion�rio Institucional). O movimento tamb�m reverberou no Brasil. Desde 1964, o pa�s estava sob ditadura militar. O movimento estudantil era perseguido e seus membros estavam sujeitos a pris�o, tortura e morte. Em 1968, as contesta��es ao regime ganharam for�a. Artistas e intelectuais se uniram aos estudantes no m�s de junho na �Passeata dos Cem Mil�. Em dezembro, os militares decretaram o Ato Institucional n� 5 (AI-5), que suprimiu uma s�rie de garantias individuais e inaugurou o per�odo mais duro da repress�o. O Maio de 1968 repercutiu em todos esses contextos � fossem de repress�o militar de direita com apoio dos EUA, fosse de repress�o militar de esquerda, sob batuta da URSS � inspirando jovens que tinham em comum alguma forma de rebeldia contra o que estava estabelecido como poder. QUEM foram os protagonist
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as-origens-e-os-ecos-do-movimento � 2018 | Todos os direitos deste material s�o reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei n� 9.610/98. A sua publica��o, redistribui��o, transmiss�o e reescrita sem autoriza��o pr�via � proibida.