2011 Estudos Oceanográficos
2011 Estudos Oceanográficos
2011 Estudos Oceanográficos
PÁGINA EM BRANCO
PÁGINA EM BRANCO
ESTUDOS
OCEANOGRÁFICOS:
do instrumental ao prático
Ministério da Ministério da
Pesca e Aquicultura Educação
FURG
Foto: Projeto Amazônia Azul
DANILO CALAZANS
ORGANIZADOR
ESTUDOS
OCEANOGRÁFICOS:
do instrumental ao prático
COLABORADORES
ILUSTRAÇÕES
Kely Martinato
EDITORA TEXTOS
Pelotas, 2011
© Copyright Danilo Calazans, 2011
E DITORA T EXTOS
www.editoratextos.com.br
E-mail: [email protected]
Fone: (53) 9143-8460
Pelotas, RS
Coordenação Editorial
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Conselho Editorial
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Aloysio Pereira da Silva (Faculdade do Povo) • Ana Lucia Eduardo Farah Valente (UNB) • Ana Maria Faccioli Camargo
(UNICAMP) • Beatriz Ebling Guimarães (UFPEL) • Cleber Gibbon Ratto (UNILASALLE) • Fabiane Villela Marroni (UCPEL) •
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(UNLP, Argentina) • Paulo Roberto Armanini Tagliani (FURG) • Rita Ribes Pereira (UERJ).
E828
Estudos Oceanográficos: do instrumental ao prático / organizador Danilo Calazans;
colaboradores Andre Colling...[et al]. - Pelotas: Ed. Textos, 2011.
464 p.; il.; color; 17,2 x 25 cm.
ISBN: 978-85-99333-06-8
CDU 551.46
Bibliotecária Responsável:
Clarisse Pilla de Azevedo e Souza
CRB 10/923
Danilo Calazans
Foto: Lauro Madureira
O ENSINO DE CIÊNCIAS DO MAR NO BRASIL
Luiz Carlos Krug
Instituto de Oceanografia – FURG
Coordenador do Curso de Oceanologia
5
Disponível em: <http://www.capes.gov.br/cursos-recomendados>
15
SUMÁRIO
1 EMBARQUES CIENTÍFICOS 18
Jorge P. Castello
2 METEOROLOGIA MARÍTIMA 30
Natalia Pereira
3 SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA 60
Danilo Calazans e Denis Dolci
4 NAVEGAÇÃO 86
Santiago Montealegre-Quijano e Luiz B. Laurino
5 OCEANOGRAFIA FÍSICA 108
Osmar Möller Jr. e Marcos Paulo Abe
6 OCEANOGRAFIA QUÍMICA 130
Rogério P. Manzolli, Luana Portz e Mariele Paiva
7 OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA 156
Gilberto Griep
8 HIDROACÚSTICA 172
Antonio C. Duvoisin, Lauro S. P. Madureira e Antonio B. Greig
9 ORGANISMOS PLANCTÔNICOS 200
Danilo Calazans, José H. Muelbert e Erik Muxagata
10 ORGANISMOS BENTÔNICOS 276
André Colling e Carlos Bemvenuti
16
17
Foto: Lauro Madureira
EMBARQUES CIENTÍFICOS
Jorge P. Castello
1
CAPÍTULO
EMBARQUES C IENTÍFICOS 19
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
consideração: segurança, autonomia de combustível e água, navegabilidade, capacida-
de de manter posições, meios de comunicação, espaço de convés, potência, velocida-
de média, potência elétrica dos geradores, número de tripulantes, dotação para pes-
quisadores, técnicos e alunos, instrumentação fixa, tipo e número de guinchos para
operar equipamentos, instrumentos e redes, entre outros requisitos.
Assim, quando é proposto um cruzeiro oceanográfico, está intrínseco o compro-
metimento com a procura de respostas para uma série de perguntas e hipóteses, as
quais surgem, por exemplo, do exame dos antecedentes publicados, dos dados preté-
ritos e das necessidades identificadas. Dessa forma, procura-se minimizar o risco de
não obter as respostas procuradas e a consequente dilapidação de recursos. Os custos
operativos de uma embarcação de pesquisa são muito onerosos e, por isso, um
planejamento cuidadoso e adequado é fundamental.
20 J ORGE P. C ASTELLO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
EMBARQUES C IENTÍFICOS 21
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ciclos de duração das
províncias biogeográficas Variabilidade na
abundância
extinção das espécies das espécies
período de glaciação
e deglaciação
Es
pa
ço m po
anual Te
migrações nictemerais
marés
fenômenos
físicos de
mesoescala
3 10
10m
k
2 8
10
km
)
6 (s
P
Log
Lo
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14
km 4
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(cm
4 an
)
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8 10 o an
cardumes 2 6
mê
s
ano
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na
uma
4 dia ana
sem
2 h
oH
cm 0 min
Ge raçã
s
Figura 1.1 Ilustração mostrando o espectro de escalas temporais e espaciais dos fenômenos
(escalas logarítmicas) oceanográficos [adaptado de MCGOWAN e FIELD, 2002].
22 J ORGE P. C ASTELLO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Essas transversais são regularmente separadas por 15-20 mn. A embarcação segue
então um percurso sequencial, visitando cada uma dessas estações e executando as
observações e coletas previstas. Outro planejamento pode usar a batimetria da região
como, por exemplo, 10, 25, 50, 100, 150 e 200 m como base de coleta de dados
(FIG. 1.2B). A embarcação pode seguir também uma rota em ziguezague ou retangular,
o que é conhecido como rota grega.
- 28°
1
Santa Marta 2
10
3
9
11 4
8
12 5
- 29° 7
13
6
14
100
33
32 15 A
200
22 31
23 30
21 24
20 25
19 26
- 30° 18 29
17 28
27
16 B
longitude
1
11 2 3
21 4
5
6
31 7
- 31° 50
41
8
9
10
20
58 30
66 40
49
74 57
74 65
73
1
9 23 73
4 82
5
16 6 91
7
26 8
35 17
- 32°
44
52
25
39
34 C
43
58 51
Rio Grande 64
57
63
69
68
D
72
50
58
66
100
- 33°
74 57
0
74 65
20
73
1
9 2
- 34° 3 73 2
4 8
5
6 6 91
EMBARQUES C IENTÍFICOS 23
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Em determinadas circunstâncias, em que seja necessário garantir uma amostragem
aleatória, outro tipo de desenho amostral pode ser adotado. Para isso, a superfície do
mar ou de seu fundo pode ser dividida em subáreas de iguais dimensões e a escolha
da subárea que será amostrada é decidida aleatoriamente ou seguindo uma estratificação,
de acordo com classes de profundidade ou natureza do sedimento do fundo mari-
nho (FIG. 1.2C). A escolha do tipo de percurso tem que levar em conta distância,
tempo disponível e eficiência da cobertura.
Ainda, é possível que seja necessário permanecer em um único local (FIG. 1.2D)
por um tempo prolongado, realizando observações in situ durante 24h ou mais. Nesse
caso, a estratégia é outra e ela é recomendada para acompanhar processos intensiva-
mente em pequena área, mas com alta cobertura temporal.
24 J ORGE P. C ASTELLO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
EMBARQUES C IENTÍFICOS 25
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Em todas essas operações o ideal é que uma tripulação permanente trabalhe no
navio lado a lado com os pesquisadores, técnicos e alunos. No entanto, aquelas opera-
ções ou manobras que envolvam guinchos de qualquer natureza são de responsabili-
dade dos tripulantes, após serem instruídos pelo Comandante do navio. Nesse aspec-
to, é necessário ressaltar que o Comandante é a máxima autoridade a bordo, respon-
sável pela segurança das vidas e da embarcação. Por isso, é recomendável que o Chefe
científico do cruzeiro mantenha uma reunião prévia com o Comandante, explicando-
lhe o roteiro de navegação, todas as operações previstas e o pessoal técnico/científico
que será alocado nas diversas tarefas.
A experiência indica que, antes de iniciar um cruzeiro, que pode demandar
15 a 25 dias de navegação, contemple-se a realização de uma saída piloto de apenas
1 ou 2 dias de duração, na qual serão testadas todas as operações, com a finalidade de
verificar a viabilidade, as dificuldades, os riscos e acertar/corrigir detalhes que podem
poupar a ocorrência de problemas não previstos.
Cada embarcação é diferente de outra e, portanto, é difícil indicar um modelo de
operações único. No entanto, com um pouco de experiência, é possível chegar a um
plano de trabalho como, por exemplo, o do Navio de Pesquisa (N/Pq) Atlântico Sul,
onde cada atividade tem um lugar e uma sequência certa no convés (FIG. 1.3).
Durante o cruzeiro, muitas informações são geradas. Por isso, organizá-las visando
a sua pronta recuperação e seu uso é algo indispensável. Planilhas de registro bem
elaboradas, de fácil interpretação e uso amigável são fundamentais. Ainda, numa etapa
mais avançada das análises, é preciso realizar diversos testes estatísticos; em função
disso, as planilhas devem estar bem organizadas e sempre à disposição de todos os
participantes do cruzeiro e de outros interessados.
Outra informação importante é a de que cruzeiros oceanográficos requerem a
inter-relação dos dados. Assim, para cada estação de amostragem e as respectivas
coletas de dados ambientais e de material biológico ou geológico, é necessário saber
todos os pormenores que ajudarão na melhor interpretação dos resultados obtidos.
O material biológico ou geológico coletado, que será processado e analisado em
terra, tem que estar devidamente conservado, identificado e etiquetado. Dependendo
da natureza da amostra coletada, as etiquetas têm que ser de material resistente à água
e ao manuseio, como papel vegetal ou mesmo papiro e escritos de forma a conter
informações básicas, como nome do projeto, número da estação e data de coleta.
Também é necessária, para cada tipo de coleta, uma planilha de registro
(ANEXOS 2 a 19), em que serão anotadas todas as observações pertinentes.
Vale a pena lembrar que uma amostra coletada com identificação deficiente equi-
vale a uma amostra perdida, de difícil ou impossível substituição.
26 J ORGE P. C ASTELLO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
BO BE
garrafa
CTD
rede vertical de plâncton
busca-fundo *
*
rede horizontal de plâncton
disco de Secchi rede neustônica
laboratório
água de superfície
* disco de Secchi
rede Bongo * multisonda
rede Multinet plâncton-bomba
box corer *
* side scan sonar
rede Isaacs-Kidd *
rede de meia água*
*
rede de arrasto
*
beam trawl
draga
Figura 1.3 Planta do convés do N/Pq Atlântico Sul, mostrando o arranjo dos guinchos e os
locais indicados para as diferentes operações (* com a embarcação em movimento).
EMBARQUES C IENTÍFICOS 27
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
1.6 Acondicionamento e estocagem
V1 x C1 = V2 x C2
em que:
V1 é o volume do formoldeído comercial necessário;
V2 é o volume da solução desejada (no caso 1.000 mL);
C1 é a concentração do formoldeído comercial (100%);
C2 é a concentração da formalina desejada (4%).
V1 x 100% = 1.000 mL x 4%
V1 x C1 = V2 x C2
em que:
V1 é o volume do álcool comercial necessário;
V2 é o volume da solução desejada (no caso 1.000 mL);
C1 é a concentração do álcool comercial (96%);
C2 é a concentração do álcool desejado (70%).
28 J ORGE P. C ASTELLO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar do planejamento, não se pode
descartar a ocorrência de diversos imprevistos
como, por exemplo, condições meteorológicas
adversas, problemas mecânicos da embarcação,
anomalias nos equipamentos, falhas eletrônicas
nos instrumentos ou, ainda, problemas de saúde
dos tripulantes, pesquisadores, técnicos e alunos.
Para minimizar seus efeitos, pode-se reservar
10% de tempo adicional na programação e no
cálculo de custos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
McGOWAN, J.A.; FIELD, J.G. Ocean Studies.
In: FIELD, J.G.; HEMPEL, G.;
SUMMERHAYES, C.P. (Ed.). Oceans 2020:
science, trends and the challenge of sustainability.
Washington, DC: Island Press, 2002. p. 9-48.
EMBARQUES C IENTÍFICOS 29
METEOROLOGIA MARÍTIMA
Natalia Pereira
2
CAPÍTULO
1.2 Atmosfera
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 31
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
960 km
exosfera
190 km
termosfera
80 km
mesosfera
50 km
estratosfera
10 km
troposfera
- 100 - 80 - 60 - 40 - 20 0 20 40
0
C
32 NATALIA P EREIRA
Foto: Dimas Gianuca
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 33
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A B
botão de seleção
menu/retorna
a exibição anterior
PUSH TO OPEN
MENU
ENT ESC
LIST
DIM
lista de opções
opções de impressão
impressora
liga/desliga
C confirmação de
registros do menu
Figura 2.2 Estação Meteorológica de sala de controle: (A) unidade de exibição; (B) antena;
(C) unidade de recepção; (D) sistema integrado de navegação
[adaptado do (A) Manual de Operação Navtex Nx-700 a; (B) da FURUNO Electric Co. Ltd.].
Radiação solar é o nome dado à energia emitida pelo sol em forma de radiação
eletromagnética. As regiões equatoriais recebem maior quantidade de radiação solar,
enquanto as regiões polares recebem menos.
A radiação solar emite, anualmente, 1,5 x 1018 kWh de energia para a superfície da
Terra, tornando-se a principal fonte de energia e é indispensável para a existência de
vida na Terra. Além disso, é a principal responsável pela dinâmica da atmosfera terres-
tre e pelas características climáticas do planeta.
A radiação solar global é igual à soma da radiação direta mais a radiação difusa. A
primeira é aquela que atinge a superfície terrestre sem sofrer desvio algum, ou seja,
propaga-se sob a forma de raios paralelos, enquanto a radiação difusa é enviada para
a superfície em diversas direções devido às modificações introduzidas pela atmosfera
e pela presença de nuvens, conforme a Figura 2.3.
34 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
2.2 Temperatura
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 35
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
– Radiação: processo de transmissão de calor através de ondas eletromagnéticas
(ondas de calor). A energia emitida por um corpo (energia radiante) propaga-se
até o outro, através do espaço que os separa;
– Convecção: movimento de massas de fluido, trocando de posição entre si.
Note-se que não cabe falar em convecção no vácuo ou em um sólido, isto é,
convecção só ocorre nos fluidos;
– Condução: processo de transmissão de calor, em que a energia térmica passa
de um local para outro através das partículas do meio que os separa. Na
condução, a passagem da energia de uma região para outra se faz da seguinte
maneira: na região mais quente, as partículas têm mais energia, vibrando com
mais intensidade; com essa vibração, cada partícula transmite energia para a
partícula vizinha, que passa a vibrar mais intensamente; esta transmite energia
para a seguinte e assim sucessivamente.
A temperatura do ar é medida através do termômetro (FIG. 2.4A), que pode ser
de álcool ou de mercúrio. Há um termômetro especial denominado de Máxima e
Mínima (FIG. 2.4B), o qual mede as temperaturas máxima e mínima de um local. Já a
temperatura do ar seco e do ar úmido são medidas por instrumentos conhecidos
como Psicrômetro (FIG. 2.4C); existe também o termógrafo (FIG. 2.4D), que registra
em gráficos os valores contínuos de temperatura.
A °c °c B C
60 60
Máxima
Mínima
50 50
5 0 5 0
50
40 40
40
5 5
30
°c
30 30 20 + 30 4 0 4 0
-
10 20
20 20 5 5
0 10
10 10 10 0
zerador 3 0 3 0
20 10 5 5
0 0
30 20 2 0 2 0
40
-10 -10 +- 30
5 5
50
-20 -20 1 0 1 0
5 5
0 0 0 0
D agulha
haste
gaze umedecida
traço da bimetálica
temperatura
frasco
papel no
tambor giratório
Figura 2.4 Instrumentos para medir temperatura: (A) termômetro; (B) termômetro de
máxima e mínima; (C) psicrômetro; (D) termógrafo e seus componentes.
36 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
A B
Divergência Convergência
ar ascendente ar descendente
Convergência Divergência
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 37
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
1018.0 hPa pressão
atmosférica
1017.0 hPa
1016.0 hPa
1015.0 hPa
1014.0 hPa
1013.0 hPa
1012.0 hPa
00:00 06:00 12:00 18:00 00:00 06:00 12:00 18:00 00:00
Sábado (23/05) Domingo (24/05) Segunda (25/05)
A pressão é medida pelo barômetro (FIG. 2.7A e 2.7B) ou barógrafo (FIG. 2.7C).
O aumento ou diminuição dessa variável indica o afastamento ou a aproximação dos
sistemas ciclônico e anticiclônico, que estão associados à divergência e à convergência
de ar em superfície, conforme as Tabelas 2.1 e 2.2.
Figura 2.7 Instrumentos para medir pressão: (A) barômetro de mercúrio, (B) barômetro
aneróide: (a) mostrador; (b) componentes; (C) barógrafo [(B) adaptado de <www.egu.es>].
38 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Tabela 2.1 Dados informativos das condições do tempo relacionadas à leitura do barômetro.
Tabela 2.2 Dados indicadores da proximidade dos ciclones, nas regiões tropicais, através da
leitura do barômetro, criada pelo Capitão-de-Fragata M. Bridet, da Marinha da França.
2.4 Umidade
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 39
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
O vapor de água atmosférico pode passar para a fase líquida pelo processo de
condensação ou, diretamente, à fase sólida, pelo processo de sublimação com a libe-
ração de calor latente. Esses processos dão origem às nuvens, aos nevoeiros, ao orva-
lho e à geada. O vapor de água, que se condensa nas nuvens, pode dar origem à
precipitação, indo restabelecer os mananciais de água da superfície terrestre.
A umidade relativa presente, sendo elevada, indica que a saturação do ar pode ser
obtida através de um pequeno resfriamento. Nessa situação, o navegante deve estar atento
aos outros parâmetros que favorecem a formação de nevoeiros que, consequentemente,
afetam a visibilidade. A umidade do ar é medida pelo psicrômetro (FIG. 2.4C).
2.5 Vento
40 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
3 FENÔMENOS METEOROLÓGICOS
3.1 Nuvens
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 41
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Tabela 2.4 Classificação das nuvens de acordo com a altura nas diferentes latitudes do globo.
3.2 Nevoeiros
42 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Figura 2.9 Gêneros de nuvens: (A) Cirrus; (B) Cirrocumulus; (C) Cirrostratus;
(D) Altostratus; (E) Nimbostratus; (F) Stratocumulus;
(G) Stratus; (H) Cumulus [Fotos: Natalia Pereira].
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 43
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Os nevoeiros estão classificados de acordo com alguns fatores, para os quais se
deve levar em conta tanto a explicação dos processos de formação como em prover
uma base para poder prevê-los. Do ponto de vista físico, reconhece-se que os nevo-
eiros podem ser formados tanto por resfriamento ao ponto de orvalho como por
adição de vapor de água, até que a temperatura do ponto de orvalho iguale à tempe-
ratura atual. Esses dois tipos são os nevoeiros formados por diminuição da tempera-
tura de uma massa de ar (com exceção de um) e os nevoeiros frontais, formados na
presença de precipitação, frequentemente com o aumento da temperatura do ponto
de orvalho como o fator mais importante.
– Nevoeiro associado à brisa terrestre/marítima: nevoeiros do tipo advectivo
dependem do transporte de ar entre regiões de temperaturas distintas. As
linhas de costa em geral apresentam essas características praticamente todo o
ano. No verão, em localidades onde as condições são favoráveis para o
transporte de ar quente e úmido do continente em direção à água, ocorre o
nevoeiro associado à brisa terrestre/marítima. O ar proveniente do continente
aquecido é resfriado ao passar sobre a superfície fria do oceano. Se os ventos
forem de moderado a forte, a turbulência pode manter uma taxa abrupta de
resfriamento nas camadas inferiores, e nuvens estratiformes formar-se-ão sob
a inversão turbulenta. Entretanto, se o vento for fraco, uma densa superfície de
nevoeiro pode ser desenvolvida sobre o oceano, a qual pode ser trazida de volta
para o continente por uma brisa marítima que se faz sentir no meio da tarde,
podendo voltar para o oceano quando a brisa terrestre prevalecer novamente.
– Nevoeiro de ar marítimo: ocorre através do resfriamento do próprio ar
marítimo sobre uma corrente fria. Sendo assim, o nevoeiro associado ao ar
marítimo pode ocorrer em qualquer lugar do oceano, onde houver significativa
diferença de temperatura. Entretanto, a maioria das águas frias oceânicas é
encontrada em correntes costeiras e, por isso, o nevoeiro de ar marítimo
desenvolve-se mais frequentemente próximo ao continente.
– Nevoeiro de ar tropical: esse tipo de nevoeiro está relacionado ao gradativo
resfriamento do ar tropical, à medida que ele se move de latitudes mais baixas
em direção aos polos sobre o oceano.
– Nevoeiro de vapor: ocorre quando o ar frio, com baixa pressão de vapor,
passa sobre água relativamente quente. É uma simples questão de pressão de
vapor, ou seja, se a água estiver bastante quente, o ar não necessita estar muito
frio para haver evaporação. Em geral, esses nevoeiros são rasos, da ordem de
15 a 30 metros, porém espessos o bastante para interferir na navegação ou
em voos sobre o mar.
– Nevoeiro de superfície: todos os nevoeiros que ocorrem sobre o continente
são causados total ou principalmente por resfriamento radiativo do ar inferior
úmido.
44 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
3.3 Precipitação
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 45
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
– Precipitação orográfica: o vento, por sua direção, faz a massa de ar úmido subir
a montanha; eventualmente, a precipitação começa. Depois de passar o topo,
começa a descer e a se esquentar, chegando ao pé da montanha seco e quente.
400cm
funil
metálico
1,50m
torneira
1000 mL
900
800
proveta 700
600
500
400
300
200
100
46 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 47
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A B
Figura 2.11 Representação gráfica de um sistema frontal: (A) fria; (B) quente.
Tabela 2.5 Mudanças no tempo pela aproximação ou afastamento dos sistemas frontais.
48 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 49
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) ou Cavado de Monção. Outra fonte
importante de instabilidade atmosférica é encontrada nas ondas tropicais, que causam
em torno de 85% dos ciclones tropicais intensos no Oceano Atlântico e se tornam a
maioria dos ciclones tropicais na bacia do Pacífico nordeste.
Um ciclone tropical pode se dissipar quando se move sobre águas com tempera-
turas significativamente menores do que 26,5°C. Isso fará a tempestade perder suas
características tropicais (ou seja, tempestades e trovoadas próximas ao centro e ao
núcleo quente) e torna-se uma área de baixa pressão remanescente, que pode persistir
por vários dias.
Além disso, o enfraquecimento ou a dissipação pode ocorrer se o ciclone
experimentar ventos de cisalhamento verticais, causando o afastamento das áreas de
convecção e da máquina de calor que alimenta o centro do sistema; isso normalmente
cessa o desenvolvimento do ciclone tropical.
50 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
produzem uma camada alta fria. Isso dá início às tempestades individuais. Continua
uma forte ascendência nos baixos níveis de ar úmido e instável, e o sistema cresce
rapidamente. Em resposta ao aquecimento produzido pela tempestade, o ar na mé-
dia troposfera converge para o sistema e os movimentos ascendentes aumentam; essa
região pode exibir uma estrutura de núcleo quente.
Elementos de convecção intensa continuam a se formar na região, onde os
movimentos ascendentes dos baixos níveis fornecem combustível para essas con-
dições instáveis. Nessa etapa, tempestades severas podem ainda ocorrer; entretanto,
o tipo principal de condição do tempo passa a ser de fortes chuvas localizadas.
As características dominantes do sistema maduro passam a ser uma grande área
de precipitação.
O estágio de dissipação é marcado por uma rápida mudança na estrutura do
sistema, pois elementos de intensa convecção não mais se desenvolvem. Embora
o CCM rapidamente perca sua organização, o ar frio ainda forma alguma nebu-
losidade, de maneira que pequenas pancadas podem persistir por algumas horas.
Provavelmente, a feição mais importante dos CCMs é sua associação com uma
região de convergência na média troposfera. A maioria desses eventos se forma
ao entardecer e nas primeiras horas da noite, o que indica que é necessário um
mecanismo de modulação diurna para acionar o gatilho da convecção.
4 SERVIÇOS METEOROLÓGICOS
Além de todos os instrumentos meteorológicos disponíveis nas embarcações
e de todas as informações listadas e explicitadas anteriormente, os navegantes
dispõem de uma infraestrutura em terra que ampara todos os que estão em alto
mar. Ela é composta de centros especializados em monitoramento e previsão do
tempo, os quais podem ser públicos ou privados.
Dentre tantos serviços oferecidos por essas empresas, os mais importantes
para a navegação são: cartas sinóticas, mensagens codificadas, boletins
meteorológicos e imagens de satélite. Nesse momento, não apenas se mostra
cada um desses serviços, mas principalmente se tentar auxiliar o navegante a
interpretar cada um deles.
Os serviços meteorológicos de apoio ao navegante obedecem às normas da Or-
ganização Meteorológica Mundial. As transmissões das mensagens meteorológicas
obedecem às disposições da União Internacional de Telecomunicações (UIT). A ope-
ração do serviço meteorológico, na área marítima de responsabilidade do Brasil cabe
ao Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), órgão subordinado à Diretoria de
Hidrografia e Navegação (DHN) e que abrange a área do Oceano Atlântico delimita-
da conforme a Figura 2.12.
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 51
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
80° 70° 60° 50° 40° 30° 20°
10°
H N
0°
Belém G
Fortaleza
Natal
Olinda F
10°
Salvador
E
Vitória 20°
Trindade
Rio de Janeiro D
Santos
Paranaguá C
B S
30°
Rio Grande
(Junção) A
40°
52 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
10°1008 10°
HA D O B R
IN A
AR
SI
M
E 1016
20° 20°
1020
D
1016 1024
C
1020 B
30° 30°
1024 1000
1008
A
1028 1024
40° 1020 40°
1006
1028 1016
1024
1020 1012
1016 1008
1008
50° 1004 50°
1008
1004
1000 1000 1000
996
992
998
988
992
60° 60°
992
996 984
992
980
968 1006
976 980
70° 988 984 980 976 972 972 980 70°
90° 80° 70° 60° 50°W 40° 30° 20° 10° 0°
Figura 2.13 Carta sinótica de superfície do dia 09/03/2010 às 12:00Z [Fonte: DHN].
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 53
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A direção do vento é representada por um traço que aponta para a direção de
onde o vento sopra e a intensidade do vento é representada conforme a Figura 2.14.
5 10 50 65
54 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 55
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Esse boletim é enviado de acordo com as normas estabelecidas pela Organização
Meteorológica Mundial (OMM) e é destinado à navegação marítima de longo curso
e de cabotagem. É constituído de seis partes, conforme descrito a seguir:
1) Parte I – avisos de mau tempo em vigor;
2) Parte II – resumo descritivo de tempo;
3) Parte III – previsão do tempo;
4) Parte IV – análise e/ou prognóstico do tempo (código IAC FLEET);
5) Parte V – seleção de mensagens meteorológicas de navios (código SHIP);
6) Parte VI – seleção de mensagens meteorológicas de estações terrestres
(código SYNOP).
As Partes I, II e III são transmitidas oralmente, em português, e repetidas em
inglês, após a Parte VI.
A Parte I é divulgada de acordo com os critérios indicados em avisos de mau tempo.
A Parte II é uma sinopse ou sumário da situação atmosférica em um determinado
instante de referência, com indicação das posições das configurações sinóticas existen-
tes na área, seu movimento, desenvolvimento e área afetada. Essa parte começa com
a data-hora (HMG) de referência (hora da análise sinótica).
A Parte III fornece as previsões de fenômenos de tempo significativos, ventos
predominantes, ondas e visibilidade. As previsões são válidas para o período menci-
onado no início do seu texto, para as áreas costeiras (ALFA a HOTEL) e oceânicas
(NOVEMBER e SIERRA).
A Parte IV é constituída por uma análise ou prognóstico, no formato do código
IAC FLEET.
A Parte V é formada pelos sete primeiros grupos de mensagens SHIP (a partir do
grupo da latitude), selecionadas por serem consideradas representativas das configu-
rações sinóticas mais importantes.
As mensagens SHIP são preenchidas com dados meteorológicos observados a
bordo dos navios e nas estações costeiras. Essas informações são extremamente im-
portantes para compor o METEOMARINHA, pois informam as reais condições
atmosféricas da localidade onde a embarcação se encontra. Para formar a mensagem
SHIP, a embarcação deve possuir os seguintes instrumentos: barômetro ou barógrafo,
termômetro (para verificar temperatura da água), pscicrômetro, anemômetro,
anemoscópio, cronógrafo, quadro de nuvens (da DHN) e quadro do estado no mar
(da DHN).
A Parte VI é formada pelos seis primeiros grupos das mensagens SYNOP.
56 NATALIA P EREIRA
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
METEOROLOGIA M ARÍTIMA 57
seu lançamento pela proa, para manter o navio capeando, com a
proa apontando diretamente para a direção de onde sopra o
vento e de onde vem o mar, tentando manter uma maior
estabilidade. Outra possibilidade é o método de lançamento de
óleo na superfície do mar. Ao jogar óleo no mar, ele se espalha
rapidamente, formando uma camada que impede a aderência
do vento com a água. Assim, o óleo evita a desagregação das cristas
das ondas, obtendo-se uma ondulação mais suave, que passa pelo
navio, em vez de se quebrar sobre ele, em golpes de mar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Catedral das Letras, 2006. 655p.
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________ Navegação Eletrônica e em Condições
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2000. v. 3, p. 1737-1822 (Navegação: a ciência e a arte).
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WALLACE, J.M.; HOBBS, P.V. Atmospheric Science: an
introductory survey. New York: Academic Press, 1977. 467p
58
59
Foto: Projeto Amazônia Azul
SEGURANÇA E SOBREVIVÊNCIA
Danilo Calazans e Denis Dolci
3
CAPÍTULO
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 61
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A agência especializada das Nações Unidas que trata dos assuntos marítimos é a
Organização Marítima Internacional (IMO), criada para padronizar os serviços de
busca e salvamento marítimo e para estreitar, em nível internacional, os laços de
cooperação entre os serviços dos diversos países. Essa organização realizou uma
conferência na cidade de Hamburgo, Alemanha, em 1979, onde foi aprovada uma
Política Internacional de Busca e Salvamento Marítimo (SAR), que entrou em vigor
em 22 de junho de 1985.
A expressão inglesa Search and Rescue (SAR) é traduzida para o português como
Busca e Salvamento. Referente à estrutura relativa à Busca e Salvamento (SAR),
o Brasil conta com o envolvimento de organizações militares: como o
SALVAMAR, da Marinha do Brasil, que tem por finalidade prover o salvamento
de pessoas em perigo no mar, no interior da área marítima de responsabilidade
brasileira; o SALVAERO, da Força Aérea Brasileira, e o Sistema de Alerta do
Ministério das Comunicações. Esse serviço, implementado em 1985, está em
conformidade tanto com os princípios estabelecidos na Convenção Internacional
sobre Busca e Salvamento Marítimo, quanto as suas áreas de jurisdição e o modelo
de organização desse serviço.
A região de Busca e Salvamento Marítimo, sob a responsabilidade do Brasil,
abrange todo o litoral brasileiro, estendendo-se até o meridiano de 010ºW. Tendo em
vista suas grandes dimensões, esta faixa foi dividida em cinco sub-regiões marítimas
e, em cada uma delas, foi instalado um Centro de Coordenação SAR, a saber:
– SALVAMAR Sul (sede em Rio Grande, RS);
– SALVAMAR Sueste (sede no Rio de Janeiro, RJ);
– SALVAMAR Leste (sede em Salvador, BA);
– SALVAMAR Nordeste (sede em Natal, RN);
– SALVAMAR Norte (sede em Belém, PA).
Em fevereiro de 1999 passou a vigorar, em definitivo, o Global Maritime Distress
and Safety System (GMDSS), ou Sistema Marítimo Mundial de Socorro e
Segurança, que faz parte do SOLAS e que vinha sendo implementado desde 1988.
O GMDSS é um sistema de emergência e comunicações para embarcações, que
substituiu o modelo anterior que era baseado no sistema manual de código Morse,
em 500 kHz, o canal de emergência 16 em VHF e 2.182 kHz em MF, alterando o
sistema de comunicações e de emergência em nível mundial.
O GMDSS é um sistema automático, que usa os satélites do sistema COSPAS-
SARSAT e uma tecnologia de chamada digital seletiva. Através de equipamento
apropriado, tem a vantagem da simplificação das operações de rádio (alertas), da
melhoria da busca e salvamento, da exata localização do pedido de socorro e de um
sistema de alerta ao nível mundial, coordenado por centros de salvamento específicos
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 63
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
2 SALVAMENTO E SEGURANÇA A BORDO
Dentre as principais atividades da segurança a bordo de uma embarcação desta-
cam-se os itens, a seguir relacionados.
Uma lista dos ocupantes, como a do N/Pq Atlântico Sul, apresentada na Tabela
3.1, estará fixada em vários locais no navio. É prudente seguir o caminho mais curto
para chegar a sua balsa, sem se preocupar em salvar seus pertences e manter a calma,
o quanto possível.
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 65
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Tabela 3.1 Lista dos ocupantes das balsas salva-vidas do N/Pq Atlântico Sul.
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 67
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Para maior segurança, não se deve embarcar ou desembarcar do navio sem
permissão para fazê-lo. Se for preciso usar a escada para embarcar ou desembarcar,
alguém da tripulação será encarregado de segurar a bagagem, liberando ambas as mãos do
passageiro para apoio. Na hora da atracação, o convés deverá estar livre para que a tripulação
possa cumprir o seu trabalho, portanto todos devem manter-se afastados da borda.
2.2 Salvamento
Em uma embarcação, é muito fácil deixar cair na água qualquer objeto como, por
exemplo, um capacete ou os óculos. O difícil é recuperar esses objetos. Ver alguém
embarcado cair na água é uma situação das mais aflitivas para qualquer Comandante
ou colega de trabalho. Diante de tal situação, o importante é manter a calma e ter
conhecimento apropriado, exato dos procedimentos de uma operação de salvamento.
Este é o primeiro passo para aumentar as possibilidades de êxito nesta atividade.
Evitar o acidente deve ser a primeira regra de segurança. Para isso, é fundamental
o respeito às normas e que não se façam malabarismos a bordo. Além disso, é preciso
que, pelo menos, uma das mãos esteja livre para segurar ou agarrar um ponto fixo do
barco. O uso do cinto de segurança é recomendado à noite, quando se está no convés,
ou durante mau tempo. Vestir a jaqueta salva-vidas (inflável ou não) não deve ser
encarado como sinal de fraqueza ou vergonha, mas como sensatez. Este equipamento
deve ser adequado para quem o está vestindo, além de ter, no mínimo, um apito –
adicionalmente poderá conter um espelho heliográfico, uma lanterna de flash, ou outro
meio de localização noturna. Muitas vezes, o estado calmo do mar faz com que se
dispense a jaqueta. Neste caso, recomenda-se o uso de um apito pendurado ao pescoço.
Caso alguém caia na água, devem ser tomadas as seguintes providências:
1) gritar “HOMEM AO MAR”, para que todos a bordo fiquem atentos ao
início da operação de resgate;
2) de imediato, a tripulação deve ocupar os postos de manobra;
3) acionar o dispositivo eletrônico no GPS ou similar de MOB (Man Over Board);
4) deixar o motor em ponto morto;
5) lançar uma boia de salvamento, o mais próximo possível do náufrago (evitando
acertá-lo) e tentar nunca perdê-lo de vista;
6) se ocorrer à noite, lançar, também, o facho luminoso junto à boia;
7) de dia, com mar agitado, arremessar um dispositivo de fumaça laranja próximo
ao náufrago, para que se consiga visualizar sua posição;
8) é importante destacar um tripulante somente para vigiar a posição da vítima. Desta
forma, o restante da tripulação poderá se concentrar nas manobras de bordo;
9) preparar um cabo, preferencialmente flutuante, com uma laçada ou um nó no
chicote, que será lançado à vítima;
10) iniciar uma manobra de resgate adequada à situação.
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 69
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Em todos esses momentos, que acontecerão num espaço de tempo muito curto,
é importante que todos mantenham a calma, fator essencial para o sucesso da operação.
A B C D
Figura 3.1 Instruções para colocação do colete salva-vidas: (A) desamarrar os cintos, deixando-
os livres; (B) separar os gomos e enfiar a cabeça entre os mesmos, puxando para baixo até
senti-los acomodar-se à nuca; (C) passar a parte solta do cinto inferior por trás das costas e
atravessar pelo passador; (D) amarrar os cintos, primeiro o inferior e depois o superior,
pressionando até os gomos se encontrarem.
Qualquer manobra que envolva homem ao mar visa uma aproximação rápida ao
náufrago e depende do tipo de embarcação, do estado do mar e das condições
meteorológicas. É ao Comandante que cabe a decisão da forma mais adequada para cada
situação. Em quaisquer circunstâncias, a calma é imprescindível para o controle da situação,
pois uma manobra mal feita pode fazer a diferença entre o sucesso e o desastre.
Com embarcações a motor a manobra é de fácil execução. Caso não seja possível
visualizar o náufrago ou encontrá-lo, deve-se retornar pela esteira do barco. Nessas
ocasiões, pode-se usar:
1) Volta de Anderson ou guinada única: a manobra mais rápida quando o
náufrago está visível, realizando uma guinada total do leme (manobra de 270°)
em direção ao bordo de onde a pessoa caiu. Próximo ao náufrago, parar a
embarcação e colocar o leme a meio (FIG. 3.2A);
A B
20°
270°
60°
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 71
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Seguir os procedimentos próprios de reanimação se a vítima estiver inconsciente e
com sinais de água nos pulmões. São eles: método boca a boca e massageamento
cardíaco. Os dois procedimentos deverão ser aplicados quando ocorrer parada
cardíaca repentina, em indivíduo aparentemente normal. É importante observar que
o simples fato de se colocar ar nos pulmões não ativa a respiração, sendo, apenas, a
primeira fase.
A respiração será normalizada quando o oxigênio for levado aos tecidos pelo
sangue, o que só ocorrerá com o massageamento cardíaco. Preferencialmente, estas
providências deverão ficar ao encargo de dois homens (FIG. 3.3): um, responsável
pela primeira fase da respiração (boca a boca); outro, pela massagem cardíaca,
procurando a melhor posição para evitar cansaço, esforço desnecessário, cãibras e
dores. O fator tempo é de suma importância, portanto, são urgentes todas as iniciativas
e procedimentos corretos.
Massageamento cardíaco:
A B C
D E
Figura 3.3 Método boca a boca e massageamento cardíaco: (A) abertura das vias aéreas;
(B) preparação para ventilação; (C) ventilação boca a boca; (D) local da compressão torácica
externa para massagem cardíaca; (E) procedimento padrão de pressão com a palma da mão
[adaptado da OMS, 1988].
No caso da respiração artificial, o Método Holger Nielsen pode não ser o mais
eficiente, mas é muito usado como alternativa, caso não seja possível realizar o método
boca a boca e a vítima não apresente fraturas (FIG. 3.4). Este método consiste em
alternar uma pressão nas costas do paciente com movimentos de braços, conforme
os procedimentos descritos a seguir:
1) deitar a vítima de bruços, com a cabeça apoiada nas mãos e o rosto voltado
para o lado, a fim de facilitar a respiração (FIG. 3.4A);
2) juntar seus joelhos, deitando a cabeça da vítima entre eles, e espalmar as mãos
em suas costas (FIG. 3.4B);
3) devagar, movimentar-se para frente, até que seus braços estejam quase verticais,
aumentando a pressão sobre as costas da vítima, gradativamente (FIG. 3.4C);
4) finalmente, segurar-lhe pelos cotovelos, levando os braços para trás, até sentir
a resistência máxima dos ombros (FIG. 3.4D).
Regular o ritmo dessa sequência para 12 vezes, até que a respiração esteja
restabelecida. Se a vítima começar a respirar por si, mas ainda necessitar de ajuda,
ajustar a velocidade dos movimentos à velocidade da respiração do paciente, sem
forçar o seu ritmo. Não interromper esse procedimento até que a respiração da vítima
volte ao normal. Quando houver ajuda disponível, ou o acidentado estiver respirando
sem auxílio, afrouxar, logo, suas roupas e aquecê-lo.
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 73
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A B C D
Um incêndio a bordo pode ser considerado o pior dos sinistros de uma embarcação.
Os navios mais antigos tinham um grande potencial de inflamação, pois não
costumavam se precaver ao utilizarem equipamentos que mais pareciam “bombas
flutuantes”. Várias medidas de segurança conseguiram minimizar a frequência de
incêndios de maiores proporções a bordo, como a substituição do gás no uso de
fogões de cozinha, a utilização de uma fiação elétrica mais segura e até a proibição de
fumar em ambientes fechados do navio. A partir de tais cuidados, os incêndios a
bordo, apesar de ainda acontecerem, têm sido menos frequentes.
Antes de usar um equipamento para apagar ou abafar o fogo, é preciso saber em
que tipo de material está ocorrendo o sinistro, para que seja possível combatê-lo. Por
esse motivo, é bom saber que um incêndio é classificado pelo tipo de material em
combustão e pelo estágio em que se encontra. Há cinco classes de incêndio, identificadas
pelas letras A, B, C, D e K.
– Classe A: fogo em materiais sólidos comuns, como madeira, borracha, papel
e tecido, que queimam na superfície e em profundidade, deixando
resíduos de cinzas e brasas. O método mais comum para extingui-
lo costuma ser o resfriamento por água e, nesse caso, pode ser
usada, perfeitamente, a água bombeada do mar.
– Classe B: fogo em líquidos inflamáveis e combustíveis, como gás de cozinha,
gasolina, querosene e álcool, que queimam, apenas, na superfície e
não deixam resíduos. Para apagá-lo, é possível abafar, quebrar a
reação em cadeia com areia ou, ainda, promover o resfriamento.
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 75
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
atenção à ocorrência de cheiro de óleo, que indica, também, a presença de pequenos
vazamentos. Nestes casos, pode-se colocar uma bandeja sob o motor, para recolher
as pequenas fugas. Como prevenção, é importante, também, dispor de uma válvula
de segurança, de fácil acesso, próxima ao tanque de combustível, mais um extintor
(em prazo de validade) próximo ao motor.
Nas embarcações mais modernas, os fogões a gás estão sendo substituídos pelos
elétricos, que são mais seguros. Entretanto, caso a embarcação ainda utilize fogão a gás,
um cuidado importante é o de posicionar os cilindros de gás num local bem arejado,
afastados de fontes de ignição (motor e quadros elétricos), além de verificar regularmente
a tubulação. Quando da mudança dos cilindros, fechar a torneira de segurança. No fogão,
ficar atento se os bicos se encontram devidamente fechados e a torneira de segurança
cortada. Sempre que o fogão não estiver em uso, é aconselhável fechar a torneira no
regulador, junto à garrafa. O gás, por ser mais pesado do que o ar, não escapa facilmente
para a atmosfera, tendo uma tendência para se acumular na embarcação. Caso não exista
a bordo um detector de gás – o que é desaconselhável – a atenção ao cheiro a gás precisa
ser redobrada. As pequenas fugas podem ser detectadas pincelando-se com água e sabão
os locais suspeitos. Certificar-se de que o cozinheiro de bordo está atento não apenas a
todos os indícios de escape de gás, mas, também, às frituras, que elevam temperaturas e,
literalmente, explodem em chamas, espirrando labaredas em todos os sentidos.
A instalação elétrica deve estar em perfeitas condições, pois fios desencapados, más
ligações ou maus contatos são potenciais causadores de curtos-circuitos. Os circuitos devem
estar ligados a fusíveis independentes, adequados à potência utilizada pelos equipamentos.
Também, os componentes usados na instalação elétrica devem ser resistentes às condições
adversas do ar marítimo. A estrutura deve ser pensada de forma que, em caso de curto-
circuito, seja possível cortar, facilmente, a corrente, à saída das baterias.
Para combater um incêndio, de forma eficaz, é necessário, primeiro, entender o
vulgarmente chamado “triângulo do fogo”, composto de três elementos básicos: a
temperatura (adequada ao material); o combustível (madeira, papel, gasolina, gás e
outros combustíveis) e o comburente (oxigênio). Eliminando um desses três
componentes do triângulo, é possível eliminar o fogo.
Ao primeiro sinal de um incêndio, é preciso combatê-lo de imediato, não apenas
para evitar a sua propagação, que pode ser rápida devido aos materiais de que as
embarcações são construídas, mas também impedir o aumento da temperatura, que
dificulta o combate e alimenta o incêndio. O tripulante que detectar o primeiro sinal de
um sinistro deverá avisar e afastar a tripulação do seu foco, solicitando a alguém para
cortar o combustível e o gás, para que se inicia o combate. A situação de incêndio deve ser
comunicada às demais embarcações, via rádio ou através de outras formas de sinalização.
Se o sinistro ocorrer no exterior da embarcação, convém, primeiramente, orientar
a embarcação, de modo que o fogo fique a sotavento. Depois, é preciso eliminar um
dos fatores que alimentam o fogo, pois a rapidez no combate permite que a temperatura
não se eleve, diminuindo, desta forma, a gravidade do fato. Caso o incêndio ocorra
no interior da embarcação e o combate se torne quase impossível, é preciso tentar
fechar todas as vigias, as portas interiores e outras aberturas, de modo a eliminar, ao
máximo, o oxigênio existente no interior, fator que alimenta as chamas. É preciso não
hesitar em jogar na água um colchão, por exemplo, ou outro objeto que esteja em chamas.
Recomenda-se vestir roupas que cubram o corpo, com mangas compridas e gorro,
para evitar queimaduras, bem como adotar o meio de extinção mais adequado ao
tipo de fogo a bordo, tomando cuidado com os gases resultantes da combustão,
extremamente tóxicos e venenosos. Caso não seja possível debelar o fogo, é necessário
iniciar, de imediato, os procedimentos de abandono do barco.
Em uma embarcação, os meios usados para combater incêndios estão resumidos
ao uso de extintores, de água e de cobertores. Quando a fonte do incêndio é óleo
combustível, o uso da água deve ser evitado, porque a utilização desta tende a propagar
o combustível em chamas pela embarcação. Dos muitos tipos de extintores portáteis
existentes no mercado para embarcações, é recomendável os de pó seco, por serem
eficientes em praticamente todos os tipos de incêndio. Os principais tipos de extintores
e suas indicações estão relacionados a seguir:
– extintor de água: extingue o fogo por resfriamento; é utilizado para combate
a princípios de incêndio da Classe A (madeira, papel e cabos);
– extintor de CO2: indicado para o combate a princípio de incêndio Classes B
(líquidos e gases inflamáveis) e C (equipamentos energizados). Extingue o fogo
por resfriamento e abafamento. Devido à sua propriedade de não deixar
resíduos, é indicado, por exemplo, para uso em praças de máquinas;
– extintor de pó químico seco (PQS): é eficiente em fogos de Classes A, B, C
e D (desde que o pó químico seja específico para cada material), extinguindo o
fogo por abafamento. Por não se dispersar tanto na atmosfera como um gás,
permite atacar as chamas de modo rápido e eficaz, mas tem a desvantagem da
contaminação que produz após a sua utilização. Muitas vezes escolhe-se outro
tipo de extintores, quando se entende que esse tipo de agente extintor representa
um risco para o equipamento a proteger;
– extintor de espuma: existe atualmente um tipo de espuma física, obtida por
um processo mecânico de mistura de um agente espumífero, ar e água. Essa
espuma é indicada para extinguir incêndios das Classes A, B e K (óleos de
cozinha) por abafamento e resfriamento.
Para qualquer tipo de extintor, o modo de operação é, basicamente, o mesmo:
este equipamento para a base das chamas, em disparos mais ou menos curtos, sem
pressionar a válvula continuamente, evitando o desperdício.
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 77
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A água é um agente extintor de incêndio por excelência, sendo indicada no combate
ao fogo de sólidos, como redes, cabos, madeiras, colchões e roupas. Como redutor
da temperatura pode-se (e até se deve) usar a água salgada, que atua na combustão,
sobretudo por arrefecimento, cuja eficiência é resultante de um elevado calor latente
de vaporização. A água é mais eficaz quando usada sob a forma de chuveiro, uma vez
que pequenas gotas vaporizam mais facilmente que uma massa de líquido, absorvendo,
com rapidez, o calor da combustão. Entretanto, este agente nunca deve ser usado
para combater um incêndio causado por gorduras, porque o óleo combustível e os
que se utilizam na cozinha são menos densos que a água e, por isso, é possível que se
espalhem, logo, pela embarcação. Da mesma forma, deve-se evitá-lo em equipamentos
ou elementos elétricos, como baterias, por exemplo, pelo risco de causar curtos-
circuitos, que darão início a novos focos de incêndio.
Junto do fogão deve haver uma manta térmica (cobertor) para abafar uma possível
inflamação de óleo numa frigideira. Uma tampa ou uma toalha fazem o mesmo
efeito, pois a razão disso é abafar o fogo. Assim, a frigideira, quando inflamada, deve
ser coberta, enquanto alguém providencia um extintor. Acionado este instrumento, é
possível retirar o abafador da frigideira, mesmo que já não seja necessário o seu uso,
o que normalmente ocorre.
1) Ler as instruções sobre meios de combate ao fogo, para saber como usá-los.
2) Acionar o alarme de incêndio.
3) Tomar providências, imediatamente, por menor que seja o incêndio.
4) Informar a tripulação do incêndio, já que a mesma saberá combatê-lo
prontamente.
5) Desligar o motor. Se o fogo tiver origem elétrica, cortar a energia junto às baterias.
6) Cortar de imediato o combustível e o gás.
7) Fechar todas as entradas de ar para o interior, como ventiladores, portas e vigias.
8) Pedir ajuda via rádio ou através de sinais.
9) Preparar o eventual abandono da embarcação.
10) Lembrar-se de manter sempre a calma nesse momento, pois embora difícil,
é necessária para uma rápida intervenção de combate ao fogo.
Por último, é importante salientar que a prevenção é a medida mais indicada. O
treinamento da tripulação é essencial, para que cada integrante assuma, logo, sua função
específica, evitando a propagação do incêndio a bordo.
3 PROMOÇÃO DA SAÚDE
3.1 Roupas a bordo
É preciso ter em mente que uma estação de coleta pode demorar algumas horas
para ser completada, podendo iniciar durante o dia e terminar à noite, ou ser feita
durante toda a madrugada. Por esse motivo, é muito importante que se observem
determinados cuidados com as vestimentas escolhidas para o embarque. É aconselhável
o uso de roupas mais velhas, que possam ser utilizadas em meio à graxa, lama ou
muco de peixe. Uma boa indicação é o uso de roupas leves, de algodão, como
abrigos, camisetas de manga curta e longa, moletons e uma jaqueta, de preferência de
náilon. Dessa forma e, se necessário, as roupas poderão ser utilizadas com várias outras
ao mesmo tempo como camadas deixando, assim, uma pessoa mais confortável
mesmo quando molhada.
Chapéu ou boné são recomendáveis para proteção do frio e do sol. Uma capa e
uma calça especiais para chuva, as chamadas “roupas de oleado”, poderão ser utilizadas
durante um cruzeiro, assim como luvas de algodão especiais para o trabalho a bordo.
São altamente recomendadas as botas (de preferência de borracha e de cano longo),
e tênis de couro com solado de borracha. Sandálias podem ser utilizadas, mas não são
recomendadas. Os chinelos ditos “de dedo” podem ser usados na hora do banho ou
no interior do navio, mas não no convés no momento das estações, ou quando as
condições do mar estiverem desfavoráveis (acima de Mar 3). A chuva não impede o
trabalho a bordo; ao contrário, pode até acalmar o mar.
No mar, em geral, é mais frio e ventoso do que em terra, principalmente se as estações
forem realizadas durante a madrugada. Por esses motivos, é recomendável o uso de
roupas para várias situações (sol forte, noite fria, vento e chuva) e em quantidade suficiente
para que sejam trocadas durante o cruzeiro. Um navio de pesquisa normalmente não
possui lavanderia, o que não impede que roupas leves possam ser lavadas a bordo.
As roupas de cama e travesseiro geralmente fazem parte da logística de bordo. A
utilização de sacola ou mochila para as roupas e pertences pessoais facilita a acomodação
dos mesmos, tendo em vista os pequenos espaços comumente destinados para tal
num barco de pesquisa.
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 79
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
O lixo deve ser depositado conforme descrito no plano de administração de lixo
do navio, com detalhes de todos os seus depósitos mantidos no livro de anotações.
De acordo com o Tratado, a legislação determina que:
– até 3 milhas da costa no entorno de 500 m de plataformas fixas ou flutuantes,
não é permitido atirar qualquer tipo de lixo para fora do navio;
– de 3 a 12 milhas náuticas da costa, não é permitido atirar para fora do navio
papel, louças quebradas, trapos, metais, copos, plásticos e materiais
embrulhados. Podem ser atirados para fora do navio restos de comida
menores que 25 mm;
– de 12 a 25 milhas náuticas da costa, não é permitido atirar nada que flutue para
fora do navio, como plásticos, pedaços de madeira e material embrulhado. Podem
ser atirados papel, louças quebradas, trapos, metais, copos e restos de comida;
– além das 25 milhas náuticas da costa, é permitido atirar para fora do navio até
plásticos, exceto cordas sintéticas, redes e sacos plásticos para lixo.
Não podem ser lançados ao mar, em hipótese alguma, substâncias químicas como,
por exemplo: formaldeído em qualquer concentração, xilol ou infectantes; resíduos
radioativos; resíduos não recicláveis misturados ou contaminados.
O lixo que contém óleo deverá estar acondicionado em sacos plásticos reforçados,
com etiqueta identificando-o e, posteriormente, colocado em recipiente apropriado.
As lixeiras e outros recipientes devem ser mantidos limpos e descontaminados.
Os resíduos recolhidos a bordo precisam estar em recipientes identificados pela
cor correspondente ao seu tipo, conforme o Quadro 3.1, com tampa que impeça a
entrada de insetos, dispostos em local de fácil acesso e abrigados do sol e da chuva. Todo
o pessoal embarcado é responsável por esta prática, organizando-o adequadamente.
No porto, o lixo deverá ser recolhido para instalações de terra, etiquetado, sempre
sob a orientação do Imediato. Jamais se deve lançar ao mar qualquer objeto ou
substância sem que, anteriormente, seja consultado o Comandante ou Chefe do
Cruzeiro. Em áreas específicas é proibido o lançamento de lixo ao mar, independente
da distância da costa. Todo o material descartável recolhido e desembarcado deverá
ser registrado no caderno destinado a este tipo de controle.
4 PRIMEIROS-SOCORROS A BORDO
É possível definir primeiros socorros como um tratamento emergencial de alguém
doente ou ferido, com a finalidade de manter-lhe os sinais vitais até que receba ajuda
médica especializada. Os primeiros socorros geralmente acontecem por causa de
estado de choque, choques elétricos, queimaduras, envenenamento químico ou
biológico, contusões, fraturas e hemorragias.
Na maioria dos casos, é possível pedir socorro a um tripulante que estará mais
qualificado para ajudar a vítima, mas, em casos graves, com asfixia ou hemorragia, a
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 81
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
primeira ajuda poderá significar a diferença entre a vida e a morte e, por isso, o papel
de médico poderá estar nas mãos de qualquer pessoa a bordo, cabendo-lhe, então, a
responsabilidade de realizar os primeiros socorros.
De uma forma geral, com calma, é possível determinar as prioridades a seguir, em
caso de um acidente a bordo:
1) ter o cuidado com sua própria segurança;
2) afastar a vítima do local de perigo;
3) pedir ajuda;
4) dar atenção à vítima.
A atenção à vítima implica iniciar propriamente os ditos primeiros socorros, até a
chegada de ajuda especializada, nos casos em que seja necessário:
1) restabelecer a respiração e a pulsação;
2) cessar hemorragias;
3) impedir o agravamento da lesão;
4) prevenir o estado de choque;
5) proteger áreas queimadas;
6) manter áreas de fraturas ou luxação imobilizadas.
É parte da atenção dada à vítima mantê-la confiante e consciente; portanto, durante
os primeiros socorros, é importante falar com segurança e, se a vítima estiver consciente,
perguntar-lhe nome, endereço, nome de familiares para mantê-la atenta.
Toda a embarcação com mais de 15 pessoas é obrigada pelas Normas da
Autoridade Marítima (NORMAM) da Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha
do Brasil a possuir uma pequena central de primeiro socorros e de remédios (TAB.
3.2) mais populares. Não existem a bordo remédios prescritos. Portanto, é indispensável
que cada um se responsabilize por seus remédios usuais.
Existem a bordo os remédios mais populares para enjoo, ficando a cargo de cada um
os remédios mais específicos. Alguns medicamentos causam sonolência e desidratam o corpo,
por isso, é aconselhável tomar muito líquido. É importante, no momento do embarque, relatar
ao Comandante ou ao Chefe do cruzeiro qualquer tipo de problema de saúde.
4.1 Enjoo
Tabela 3.2 Componentes da caixa de primeiros socorros para embarcações com mais
de 15 tripulantes a bordo.
Fonte: NORMAM-03/DPC.
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 83
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
do navio. Raramente alguém fica enjoado mais do que dois dias depois do início do
embarque, independente do estado do mar. Assim, se, uma pessoa sentir enjoo deve
saber que sua recuperação é uma questão de tempo e que a taxa de sobrevivência
nesse caso é de 100%. Para que a recuperação seja acelerada é possível tomar algumas
providências, tais como:
1) permanecer de pé, agasalhar-se muito bem e procurar ficar no convés sempre
acompanhado por alguém;
2) fixar o olhar no horizonte, respirando o ar puro o mais calmamente possível;
3) tomar muita água, chá, suco com baixa acidez; evitar leite e café;
4) fazer esforço para manter o estômago com algum alimento;
5) comer bolachas tipo água e sal, torradas e frutas; evitar comidas com gordura
e doces;
6) fazer algum tipo de atividade, pois manter a mente ocupada ajuda a não
pensar no desconforto do enjoo;
7) não desanimar e jamais pensar em deitar-se, pois geralmente isso piora a
situação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONSECA, M.M. Sobrevivência no Mar. In: ________. Arte Naval. 6.ed. Rio de
Janeiro, RJ: Serviço de Documentação Geral da Marinha, 2002. v.2, p. 815-834.
BRASIL. MINISTÉRIO DA
MARINHA. Normas das Autoridades
Marítimas. Material de Segurança para
Embarcações. In: NORMAN 1:
embarcações empregadas na navegação de
mar aberto. Disponível em:
<www.dpc.mar.mil.br>. Acesso em: 27 de
setembro de 2009.
BRASIL. MINISTÉRIO DA
MARINHA. Normas das Autoridades
Marítimas. Dotação de medicamentos e
materiais de primeiros socorros. In:
NORMAN 3: amadores, embarcações de
esporte e/ou recreio e para
cadastramento e funcionamento das
marinas, clubes e entidades desportivas
náuticas. Disponível em:
<www.dpc.mar.mil.br>. Acesso em: 29 de
setembro de 2009.
BRASIL. MINISTÉRIO DA
MARINHA. Normas das Autoridades
Marítimas. Material de Salvatagem. In:
NORMAM 5: Homologação de Material.
Disponível em: <www.dpc.mar.mil.br>.
Acesso em: 29 de setembro de 2009.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
MARÍTIMA. Regras para a Prevenção da
Poluição causada pelo lixo dos Navios. In:
Convenção Inter nacional para a
Preservação da Poluição por Navios
– MARPOL 73/78, Anexo V, p. 197-207.
GENEBRA. ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE. Guia Médico
Internacional para Barcos. S.l: Instituto
Nacional de Emergência Médica, 1988.
Foto: Danilo Calazans
SEGURANÇA E S OBREVIVÊNCIA 85
NAVEGAÇÃO
4
1 EMBARCAÇÃO
As embarcações são construções que flutuam, utilizadas para o transporte, pela
água, de pessoas, animais ou qualquer outra carga. Construídas de diversos materiais,
tais como madeira, ferro, aço, alumínio, fibra ou qualquer combinação desses, rece-
bem diferentes denominações, dependendo principalmente do tamanho das mesmas:
os navios têm mais de 30 m de comprimento; os barcos têm de 10 a 30 m; os botes
ou chalanas possuem menos de 10 m (BARROS, 2001). Para realizar estudos oceano-
gráficos, o tamanho das embarcações está diretamente relacionado à área geográfica
que poderá ser estudada. Assim, barcos são restritos a regiões costeiras, enquanto
navios também podem ser usados em áreas oceânicas.
N AVEGAÇÃO 87
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Estando na embarcação, é de fundamental importância saber como se posicionar
e se localizar, nos diferentes espaços do navio. Para resolver isso, foi convencionado
dividi-los basicamente nos seguintes setores: a extremidade anterior é denominada
proa; a posterior, popa. Além dessas, as duas partes resultantes da linha imaginária
que une a proa e a popa são os bordos da embarcação; olhando de popa para proa,
o bordo da direita é o estibordo ou boreste; o da esquerda é o bombordo. O ponto
no qual a linha longitudinal popa-proa é dividida em duas partes iguais por um plano
perpendicular é denominado de través e o local onde ocorre a maior parte das
coletas é chamado de convés. Ainda, existem as bochechas, que são os setores loca-
lizados entre a proa e o través, e as alhetas, que são os setores localizados entre a
popa e o través (FIG. 4.1). Dessa forma, ao informar sobre a alheta de bombordo ou
a bochecha de boreste, por exemplo, qualquer pessoa a bordo saberá exatamente qual
o setor da embarcação que está sendo referido.
A embarcação também pode ser descrita em termos dimensionais. O compri-
mento total é a distância entre a proa e a popa; a boca é a largura máxima da
embarcação, normalmente sobre o través; o pontal é a distância vertical medida do
convés até um plano horizontal que passa pela quilha da embarcação; o calado é a
distância vertical entre a superfície da água e a parte mais baixa da embarcação no
ponto considerado. Outras medidas lineares, tais como: contorno e comprimento de
arqueação, permitem maior detalhamento da morfologia das embarcações.
2 INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO
No presente capítulo, esses instrumentos são apresentados sem fazer uma classifi-
cação explícita das finalidades, mas destacando-as na descrição de cada um deles.
1
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
bochecha bochecha
de bombordo de boreste
bordo de bordo de
bombordo través boreste
alheta de alheta de
bombordo boreste
convés
popa
Figura 4.1 Esquema dos setores de uma embarcação, ilustrados na planta do N/Pq Atlântico Sul.
N AVEGAÇÃO 89
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
2.1 Carta náutica
A carta náutica é uma representação em dois planos de uma parte da Terra (FIG.
4.2) e pode ser considerada um instrumento de trabalho que permite o cálculo de
posicionamentos, rumos, direções e distâncias. Além disso, nas cartas são colocadas
informações úteis para a navegação, tais como: o título (que indica país, parte do
litoral, trecho coberto e escala), a profundidade, a altitude, a rosa dos ventos, os
perigos e os auxílios, entre outros dados. A escala de uma carta varia em função do
seu nível de detalhamento: quanto menor a escala, maior o nível de detalhes, por
exemplo, a de escala 1:20.000 possui maior detalhamento do que a de 1:50.000.
H A D O BR
IN A
AR
SI
M
SONDAGENS EM METROS
reduzidas aproximadamente ao nível da baixa-mar média de sizigia
32°03´
350 010
340 020
0 03
33 0
0 04
32 0
0
05
31
0
0
06
30
0
Rosa
070
290
dos
280
080
Decl. mag. 11’30W (1990)
270
090
Aumento anual 8’
Ventos
260
100
250
110
24
0
12
0
23
0
13
0
22 0
0 14
21 0
0 15
200 160
190 170
180
61
51
NOTA
ÁGUA DESCORADA: é comum surgirem zonas de água descorada,
51 normalmente próximo à costa quando sopra vento SE. Este
49 fenômeno é temporário e não significa existência de baixa
profundidade.
CORRENTE
51 A intensidade e direção da corrente variam de acordo com a
49
48 intensidade e direção da corrente variam de acordo com a
alcançando dois (2) nós ou mais.
48
VENTO CORRENTE
NE S
49 E SSW
53
SE puxa para a costa mar grosso
S NW
49
SW N
54
49 48
45
47
ESCALA LOGARÍTMICA DE VELOCIDADE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 20 25 30 40 50 60
Para encontrar o valor da VELOCIDADE em nós, coloque uma das pontas do compasso em cima do número que corresponde à
distância percorrida em milhas e a outra ponta em cima do valor correspondente ao tempo gasto em minutos. Sem variar a
abertura do compasso, coloque uma das pontas sobre o N° 60 da escala; a outra ponta indicará a velocidade em nós,
Exemplo: com 4.0 milhas percorridas em 15 minutos a velocidade é 16 nós.
30°
N 2 200
A B
latitude
Linha do Equador
80°
75° C
60°
longitude
45°
30°
15°
0°
15°
30°
45°
60°
75°
80°
180°
165°
150°
135°
120°
105°
90°
75°
60°
45°
30°
0°
15°
15°
30°
45°
60°
75°
90°
105°
120°
135°
150°
165°
180°
Figura 4.3 Representação da projeção de Mercartor: (A) esfera perfeita; (B) latitudes ou planos
paralelos; (C) longitudes ou planos perpendiculares [adaptado de MIGUENS, 1999].
N AVEGAÇÃO 91
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Essa retícula é representada nas cartas náuticas, permitindo obter as coordenadas
geográficas de qualquer ponto na superfície da Terra, em graus, minutos e segundos.
Dessa forma, na circunferência de 360°, cada grau tem sessenta minutos (60’) e cada
minuto é formado por sessenta segundos (60’’). A Terra tem uma circunferência de
40.000 km que, se dividida por 360°, tem como resultado a distância que equivale ao arco
de 1° (111,1 km). Ao dividir esta por sessenta minutos (60’), é obtida a distância de um
minuto ou milha náutica, que equivale a 1.852 metros. Dessa forma, uma milha náutica,
por definição, é a distância de um arco de um minuto de um grau (1.852 m), de um
círculo de máxima, que são os círculos da esfera perfeita, representados na Terra pela
Linha do Equador e por todos os meridianos.
Os dois instrumentos básicos para trabalhar nas cartas náuticas são a régua para-
lela e o compasso (FIG. 4.4A). A primeira, usada para traçar a linha de navegação a
ser seguida – a derrota, constitui-se de duas réguas que são mantidas juntas lado a
lado de tal forma que, ao manter fixa uma das réguas, a outra pode ser movimentada
para frente ou para trás, o que permite transferir retas sobre a carta, enquanto o
mesmo ângulo é mantido (FIG. 4.4B). Para determinar o rumo entre duas posições, a
régua paralela deve ser alinhada entre elas e, depois, deslocada por movimentos si-
multâneos até a rosa dos ventos mais próxima. Uma vez que a régua esteja posicionada
no centro da rosa dos ventos, a direção do rumo pode ser lida. É aconselhável fazer
a leitura no lado da rosa em que se deseja navegar. Para traçar uma derrota desde a
posição atual, é necessário começar a deslocar a régua paralela desde a rosa dos
ventos. Para tanto, uma das bordas externas da régua é alinhada no centro da rosa,
sendo projetada através da direção ou rumo que se pretende navegar. A seguir, a
régua é deslocada até a posição atual e a linha da rota é traçada. Dessa forma, é
possível demarcar uma rota com um ângulo específico de navegação.
O compasso – instrumento diferente do compasso magnético – é formado por
duas hastes articuladas no vértice, que serve para delimitar curvas regulares, medir
distâncias e determinar as coordenadas geográficas de um ponto (FIG. 4.4C). Para
medir distâncias, utiliza-se um compasso de duas pontas secas; dessa forma, a escala
de latitude é também usada como escala de distância, pois está traçada sobre um
círculo de máxima. Para a leitura da distância, coloca-se uma das pontas do compasso
em um dos extremos da distância a ser medida e a outra ponta no extremo oposto. A
abertura do compasso obtida é transportada para cima de um círculo de máxima na
mesma altura da distância que está sendo medida para que seja efetuada a leitura (FIG.
4.4C). Quando a carta náutica que está sendo utilizada não inclui a Linha do Equador,
as leituras de distância devem ser realizadas nos meridianos.
2.2 Sextante
dois objetos. Seu nome deriva do fato de que seu arco é aproximadamente um sexto de
um círculo. Esse instrumento é muito utilizado na navegação astronômica, pois, ao permitir
estimar a altura relativa de corpos celestiais em relação ao horizonte, o posicionamento é
calculado. Hoje, na época da eletrônica, o sextante está praticamente em desuso.
Figura 4.4 Equipamentos básicos de trabalho em navegação: (A) carta náutica, compasso e
régua paralela; (B) régua paralela sendo utilizada para transferir uma linha reta desde a rosa dos
ventos na carta náutica; (C) compasso sendo utilizado para medir uma distância
[Fotos: Santiago Montealegre-Quijano].
N AVEGAÇÃO 93
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
2.3 Agulhas náuticas
2.4 Hodômetro
N AVEGAÇÃO 95
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
tada através do casco, por uma válvula de mar. Dentro da haste sensora, existe um
tubo de Pitot que, na realidade, é constituído por dois tubos: um que abre para avante
e outro que abre para ré. Quando a embarcação se movimenta, a parte de avante da
haste é exposta à pressão total; o tubo que abre para ré fica exposto apenas à pressão
estática. Assim, conhecidas as duas pressões, determina-se a pressão dinâmica e, então,
a velocidade é transmitida ao indicador, integrada em função do tempo por meios
elétrico e mecânico, é convertida em distância navegada (MIGUENS, 1996). As vantagens
do hodômetro de fundo são: não existem elementos exteriores móveis; permite a
obtenção de indicações diretas de velocidade. Como desvantagesns cita-se: possibilidade
de entupimento da haste; indicações pouco precisas a baixas velocidades e dificuldade
de alterar erros após a calibração do equipamento.
O hodômetro Doppler é o único instrumento que mede a velocidade da embar-
cação em relação ao fundo. As medições obtidas com os outros tipos de hodômetros
estão influenciadas pelos movimentos devidos às correntes marinhas; entretanto, o
princípio de funcionamento deste instrumento baseia-se no efeito Doppler, que é a
mudança da frequência de uma onda quando a fonte de vibração e o observador
estão em movimento, um relativamente ao outro (MIGUENS, 1996). No hodômetro
Doppler, há dois transdutores no casco da embarcação, um de emissão e outro de
recepção de pulsos acústicos; um sinal de frequência ultrassonora é emitido e o recep-
tor capta o sinal refletido pelo fundo do mar ou por pequenas partículas na água. Se
o navio estiver em movimento, a frequência recebida será levemente diferente daquela
emitida; assim, o aparelho mede essa diferença, que também é diretamente proporcional
à velocidade do navio obtendo-se a distância navegada (MIGUENS, 1996). Outra
informação importante é a de que a velocidade das embarcações é expressa em
milhas náuticas por hora ou nós. Um nó equivale a uma milha náutica por hora;
portanto, dizer nós por hora é uma redundância e está errado.
A B
contador da
distância
linha
pressão estática
volante
hélice
Figura 4.6: Hodômetros: (A) de superfície; (B) de fundo (Pitot) [adaptado de MIGUENS, 1996].
2.5 Radiogoniômetro
N AVEGAÇÃO 97
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
frequências usadas nos sistemas de detecção sonora variam desde o espectro infrassônico
até o ultrassônico. Os instrumentos usados em navegação que utilizam sistema de
detecção acústica são o sonar e a ecossonda, ambos ativos.
onda refletida
transmissor /
receptor objeto
distância do objeto
onda original
objetos localizados ao redor, são enviadas de volta ao ponto de origem, onde são
recebidas e transformadas em sinal elétrico por um receptor posicionado junto ao
transmissor. Embora o sinal de retorno seja sempre mais fraco que o enviado, pode
ser amplificado através do uso de técnicas eletromagnéticas no receptor. Isso permite
que o radar possa detectar objetos em amplitudes de distância que outros sistemas de
emissão de ondas não conseguem. O radar tem uma grande utilidade na segurança da
embarcação e na prevenção de acidentes, ao identificar possíveis obstáculos e tam-
bém por permitir a obtenção de duas linhas de posição: a distância ao objeto visado
e a marcação a esse ou a outro objeto obtendo, assim, a posição da embarcação.
N AVEGAÇÃO 99
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Figura 4.8 Instrumentos de navegação instalados no N/Pq Atlântico Sul: (A) ecossonda;
(B) radar; (C) GPS, onde são apresentados os três tipos de informações fornecidas pelo
equipamento; (D) piloto automático [Fotos: Danilo Calazans].
Existem diferentes receptores GPS, desde diversas marcas que comercializam so-
luções tudo-em-um, até os externos, que são ligados por cabo, geralmente categorizados
em termos de demandas de uso em geodésicos, topográficos e de navegação. A
diferenciação entre essas categorias que, a princípio, pode parecer meramente de pre-
ço, está principalmente na precisão alcançada, ou seja, a razão da igualdade entre o
dado real do posicionamento e o oferecido pelo equipamento tendo, os mais acurados,
valores na casa dos milímetros; ainda, os receptores geodésicos são capazes de captar as
duas frequências emitidas pelos satélites (L1 e L2) possibilitando, assim, a eliminação dos
efeitos da refração ionosférica. Os topográficos, que têm características de trabalho
semelhantes à categoria anterior, diferenciam-se pelo fato de somente captarem a
portadora L1; também possuem elevada precisão, geralmente na casa dos centímetros.
Ambas as categorias têm aplicações técnicas e características próprias, como o pós-
processamento, o que significa que não costumam informar o posicionamento
instantaneamente (exceto os modelos de navegação cinética em tempo real – RTK).
estação de
monitoriamento
estação
principal
estação de
envio
N AVEGAÇÃO 101
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
como o Glonass são controlados pelos respectivos Departamentos de Defesa dos
Estados Unidos e da Rússia. Ambos são abertos e gratuitos para uso civil, mas existe
pouca garantia de que em tempo de guerra continuem emitindo sinais, o que resultaria
em sério risco para a navegação.
2.10 EPIRB
satélite
(COSPAS-SARSAT)
centro de
controle
da missão
resgate naval
antena
resgate aéreo
EPIRB
H
centro de
controle
de resgate
3 SINALIZAÇÃO NÁUTICA
A sinalização náutica é a parte que permite normatizar e indicar a navegação em
áreas ou águas restritas. Até a Segunda Guerra Mundial, cada país tinha seus próprios
sistemas de sinalização para deslocamento em águas restritas, o que causava vários
problemas. Para resolver essas questões, foi criada, em 1957, a Associação Internacio-
nal de Sinalização Maritíma, em inglês International Association of Marine Aids to Navigation
and Lighthouse Authorities (IALA), com objetivo principal de regulamentar e uniformi-
zar a sinalização náutica internacional. Em 1980, foi adotado o Sistema de Balizamento
Marítimo, denominado IALA em alusão à associação internacional, uniformizando não
apenas os sinais que permitem orientar a navegação em áreas restritas, mas também como
estes devem ser lidos. Assim, o mundo foi dividido em duas áreas: IALA A, para a
maioria dos países, e IALA B, para as Américas, a Coréia, as Filipinas e o Japão.
N AVEGAÇÃO 103
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Nesse sistema, tem-se a seguinte convenção de balizamento: quando se navega do
mar para a terra, no sistema IALA A, deixam-se os sinais encarnados (vermelhos) a
bombordo, enquanto no sistema IALA B, estes são deixados a boreste.
3.1 Balizamento
3.2 RIPEAM
4 EQUIPAMENTOS DE COMUNICAÇÃO
Os rádios para comunicação são um dos principais equipamentos de segurança no
mar pois, em caso de emergência, é possível contatar outra embarcação ou uma
estação terrestre para obtenção de apoio.
Os rádios de frequência muito alta, ou VHF – do inglês, Very High Frequency – são
ideais para comunicações de curta distância, com alcance geralmente além da linha de
visada do transmissor. Esses rádios podem ser operados em qualquer lugar na faixa
de frequência entre de 30 a 300 MHz, embora alguns trechos dessa faixa sejam de uso
exclusivo para alguns setores e, portanto, restritos. O rádio VHF, de uso comum, opera
de 156 a 163 MHz, em que 156,6 MHz é designada como frequência internacional de
socorro, para a qual todas as embarcações e estações costeiras devem manter escuta
(BARROS, 1995). O rádio VHF é o mais usado em embarcações costeiras e seu alcance
pode ir a 20 milhas, dependendo da potência do aparelho e das condições atmosféricas.
O custo reduzido e a comunicação livre de ruído são algumas das suas vantagens.
A fim de facilitar as comunicações, os canais usados em VHF são numerados de 1
a 88, com as chamadas utilizando o Canal 16. Esses canais marítimos são internacio-
nalmente reconhecidos, porém as frequências de trabalho são de uso local, devendo ser
estabelecidas entre as estações envolvidas logo após o contato inicial (BARROS, 1995).
N AVEGAÇÃO 105
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Os rádios VHF podem ser operados em símplex ou em duplex. No modo
símplex apenas uma parte do canal de mão dupla pode falar de cada vez devendo, ao
término da fala, ser transferida a voz para o interlocutor mediante o comando “câm-
bio”, uma vez que o equipamento não pode transmitir e receber simultaneamente;
essa é a forma mais comum nos rádios VHF. A conversação em duplex é usada
principalmente no sistema telefônico: dois canais, um para transmissão e outro para
recepção, que são normalmente selecionados de forma automática através de um
determinado número de canal; alguns dos números mais altos dos canais VHF desti-
nam-se geralmente à operação duplex.
4.2 Rádio HF
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, G.L.M. Navegando com a
Eletrônica. S.l.: Ed. Catau, 1995.
BARROS, G.L.M. Navegar é Fácil.
11.ed. S.l.: Ed. Catau, 2001.
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System. Spectrum, IEEE. New York,
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MIGUENS, A.P. Navegação Costeira,
Estimada e em Águas Restritas In:
________. Navegação: a ciência e a arte.
Rio de Janeiro: Diretoria de Hidrografia
e Navegação, 1996. v. 1.
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e Derrotas. In: ________. Navegação:
a ciência e a arte. Rio de Janeiro: Diretoria
de Hidrografia e Navegação, 1996. v. 2.
MIGUENS, A.P. Navegação Eletrônica e
em Condições. In:________. Navegação:
a ciência e a arte. Rio de Janeiro: Diretoria
de Hidrografia e Navegação, 1996. v. 3.
N AVEGAÇÃO 107
OCEANOGRAFIA FÍSICA
Osmar Möller Jr. e Marcos Paulo Abe
5
CAPÍTULO
Oceanografia Física pode ser definida de várias maneiras. De acordo com Stewart
(2008), compreende o estudo das propriedades físicas e da dinâmica dos oceanos. Já
para Tomczak e Godfrey (2003), trata de entender os princípios físicos que dirigem
os movimentos oceânicos. Se as duas definições forem combinadas, pode-se dizer
que Oceanografia Física é a área da Oceanografia (ou da Geofísica), cujo objetivo é o
estudo dos movimentos das águas oceânicas, das forças que os causaram e das
consequências que esses acarretam em termos de transporte de propriedades, sobre-
tudo de salinidade e temperatura.
Assim, a área de Oceanografia Física ocupa-se do estudo de fenômenos que podem
ter uma escala temporal da ordem de segundos, no caso de ondas geradas por ven-
tos, até processos cuja escala pode exceder centenas de anos, como a circulação termo-
halina ou de densidade. Em termos de escala espacial, essa varia de micro até
macrodimensões, podendo atingir milhares de quilômetros.
Foto: Christian Florian Göbel
Se forem excluídas as ondas de curto período, geradas por efeito do vento e as de
maré, causadas por forças resultantes das interações Terra, Sol e Lua, que pouco efeito
têm sobre o transporte de propriedades, pode-se dizer que a circulação oceânica é devida
a três fatores externos: fricção do vento; aquecimento e esfriamento; e evaporação e
precipitação (TOMCZAK e GODFREY, 2003). Todos esses processos estão, em última análise,
ligados à incidência diferencial da radiação solar sobre a superfície da Terra, sem falar, é
claro, que as diferenças térmicas entre uma região e outra afetam o campo de ventos.
O efeito combinado desses fatores gera condições para que a água circule tanto em
superfície, na forma de correntes geradas por ventos, como em camadas mais profundas,
na chamada circulação termo-halina. Esses movimentos tendem a transportar grandes
volumes de águas, denominados de massas de água, que apresentam valores de
temperatura e salinidade característicos de sua área de formação, trazendo consequências
que se refletem no clima, na composição química das águas e, em última instância, na
estrutura da flora e da fauna. Dessa maneira, a determinação precisa de temperatura e
salinidade é imprescindível para os estudos da formação dessas massas, de seus movimentos
e velocidades e das misturas que podem sofrer ao longo de seu deslocamento.
Desde o início das investigações oceânicas, têm-se buscado métodos para coleta
de dados que procurem resolver as grandes questões oceanográficas relativas às esca-
las espaciais e temporais próprias de cada tipo de movimento oceânico. Diversos
tipos de instrumentos foram, aos poucos, desenvolvidos, com o intuito de se obser-
var e registrar os fenômenos oceanográficos e caracterizar a estrutura da coluna de
água em termos de propriedades físicas, notadamente salinidade e temperatura, e dos
A B C D E
a
& ZAMBRA
NEGRETTI
PATENT
9717 2230
termômetro secundário
110
100
90
80
3 2 2 0
70
60
50 4 2
40
30 b
5 2 3 0
termômetro primário
Figura 5.1 Termômetro de inversão: (A) fabricado em 1874 por Negretti & Zambra; (B)
protegido; (C) desprotegido; (D) detalhes do estrangulamento do tubo capilar: (a) antes e (b)
depois da reversão; (E) detalhe do termômetro na posição de descida
[(A) adaptado de <www.photolib.noaa.gov>; (B-D) de VON ARX 1962].
Figura 5.2 Garrafa de Nansen: (A) com os suportes onde estão os termômetros de inversão;
(B) invertida; (C) coleta de água; (D) observação de temperatura [Fotos: Danilo Calazans].
A B C
mensageiro
garrafa
suporte
do termômetro
de inversão
mensageiro
Figura 5.3 Esquema de fechamento de uma garrafa de Nansen. (A) um mensageiro desce e
dispara o mecanismo superior, que se abre liberando a garrafa do cabo. Como essa está fixa pela
borboleta da base, ela gira; (B) liberando o mensageiro, que irá disparar a garrafa seguinte;
(C) a garrafa está totalmente invertida [adaptado de DIETRICH et al., 1980].
mensageiro
tampa de
fechamento
liberador
coletor
alça
pino de
segurança
CTD
bico
coletor
Figura 5.4 Garrafa de Niskin de 5 L presa em um cabo. (A) aberta; (B) fechada; (C) sistema
múltiplo para coleta de água [adaptado do Catálogo da Hydro-Bios].
os dados sendo transmitidos para o computador de bordo pelo CTD, pode selecionar
as profundidades de fechamento que sejam mais interessantes para o trabalho em
andamento; 2) quando a embarcação não apresenta uma estrutura de guincho com cabo
condutor, deve-se ter, acoplado ao CTD, uma unidade de fechamento de garrafas que
será programada através de um computador. Um programa fornecido pelo fabricante
permite que se faça toda a comunicação com esse módulo, selecionando o número de
garrafas, as profundidades de fechamento e se esse dar-se-á na descida ou na subida da
roseta. O primeiro sistema que possibilitou esse tipo de procedimento foi desenvolvido
pela Sea-Bird Electronics Inc., denominado Auto Fire Module (AFM), módulo de autodisparo.
O aparelho conhecido como CTD – do inglês, Conductivity, Temperature and Depth,
é o instrumento-padrão utilizado em Oceanografia para a obtenção de perfis verticais
de profundidade, condutividade (salinidade) e temperatura (FIG. 5.5). O primeiro
CTD foi desenvolvido pelo oceanógrafo neozelandês Neil Brown, professor emérito do
Woods Hole Oceanographic Institute. Hoje, vários fabricantes produzem esse instrumento com
precisão variável e com limitações diversas na profundidade máxima atingida. Alguns
podem atingir profundidades superiores a 10.000 m em função de possuírem uma carapaça
de titânio; outros já são mais limitados, para águas mais rasas (< 600 m).
De acordo com Tomczac (2000), o funcionamento dos CTD baseia-se no princí-
pio de medições elétricas. Uma vez que a resistência de um termômetro de platina
altera-se com a temperatura, se for incorporado um oscilador elétrico, a mudança na
sua resistência produz uma alteração na frequência desse oscilador, a qual pode ser
medida. Some-se a isso o fato de que a condutividade da água do mar pode ser
medida a partir de um segundo oscilador e variações na pressão produzem alterações
num terceiro oscilador; esse sinal combinado é enviado por cabo condutor ao computa-
dor de bordo ou é armazenado na sua memória interna, enquanto o mesmo é baixado
ou içado durante a estação oceanográfica. O CTD é dotado de uma bomba que faz a
passagem rápida da água pelos sensores, em função da diferença entre as constantes de
tempo dos sensores de temperatura e condutividade. O sensor de condutividade é mais
lento do que o de temperatura; assim, para evitar que cada sensor meça essas propriedades
em diferentes níveis da coluna de água e, por isso, amostrar águas diferentes, fez-se necessário
instalar essa bomba. Em instrumentos que não tenham este aparato, o fabricante reco-
menda utilizar os dados coletados na subida do aparelho.
O CTD tem capacidade para fazer uma leitura contínua de temperatura e
condutividade, como função da profundidade, numa taxa de até 30 linhas de dados
por segundo. Essa combinação de pares de valores de temperatura e condutividade é
transformada pelos programas de processamento fornecidos pelo fabricante, em
salinidade e densidade, havendo opções para o cálculo de perfis de velocidade do
som ou outras variáveis. Quando se tem a opção de transmissão direta para um
computador, essas variáveis aparecem na tela sob a forma de um gráfico, possibilitan-
do uma análise direta da situação durante a estação.
caixa
principal
válvula de
liberação
de ar
95 cm
gaiola
bomba
sbe 5t
sensor de
temperatura
sensor de
condutividade
duto tc
conectores de
t,c, bomba & fundo
33 cm
Figura 5.5 CTD SBE 9 plus [adaptado do Catálogo da Sea-Bird’s Electronics Inc.].
Quando não existe a opção de transmissão dos dados em tempo real, a informa-
ção fica registrada na memória interna do instrumento, o qual, ao chegar a bordo, é
conectado a um computador e a comunicação entre ambos é feita através de um
programa fornecido pelo fabricante. O arquivo resultante de uma estação oceanográ-
fica é extraído no formato hexadecimal e, através do programa de conversão, é
transformado em um arquivo de texto, com as variáveis medidas, separadas em
colunas. Os dados passam por um controle de qualidade, no qual filtros matemáticos
são utilizados para a remoção de valores espúrios, gerados por oscilações elétricas no
equipamento (spikes).
medidor de
temperatura
aleta
direcional
pino de
retenção
bobina
do sensor
cápsula
de pressão
compartimento
cartão
de sensores
eletrônico
ogiva
FD = -2 FS ( V / c )
em que:
V é a velocidade relativa entre fonte e alvo;
C é a velocidade de propagação do som;
FS é a frequência de transmissão do som;
FD é a mudança na frequência de transmissão (Efeito Doppler).
Na Figura 5.9, obtida de Marin (2009), tem-se um exemplo dos dados tratados de
um ADCP RDI, de 75 kHz, instalado no casco do Navio Oceanográfico (N/Oc)
Antares, obtido durante a Comissão Nordeste I. Em áreas muito profundas, utiliza-se
o L-ADCP, que pode ser instalado na roseta e, usando a conexão com o CTD, ser
baixado por um cabo a partir da superfície. O L-ADCP usa como referencial o
posicionamento dado por um GPS acoplado ao computador de bordo e possibilita
que se obtenham perfis verticais de velocidade e direção de correntes. O tratamento
dos dados é realizado em laboratório e, portanto, não será abordado neste capítulo.
0°
3°S
Fortaleza
Natal
6°S
João Pessoa
Recife
9°S 32 m
Maceió
50 cm.s-1
Aracaju
12°S
Figura 5.10 Termossalinógrafo Sea-Bird instalado na praça de máquinas do ARA Puerto Deseado
durante o cruzeiro do projeto La Plata de inverno [Foto: Carlos Balestrini].
C 5 ,15, 0
R15
C 35,15, 0
em que:
C5,15,0 é a condutividade de uma amostra de água com salinidade 5, temperatura de
15ºC e pressão ao nível do mar
C35,15,0 é a condutividade de uma amostra de água padrão tendo salinidade de 35,
temperatura de 15ºC e nas mesmas condições de pressão
O valor de C35,15,0 é 1,0 e o salinômetro apontava diretamente para o valor de R15,
após a calibração. A chamada água padrão era vendida em ampolas, por um centro
oceanográfico determinado pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI),
para calibrar o salinômetro utilizado em cruzeiros; através de um polinômio, o valor
de R15 era transformado em salinidade. A partir de 1978, com a alteração do padrão
para uma solução de KCl com concentração conhecida, trabalha-se com K15, que
guarda as mesmas proporções com a definição de R15.
A partir da adoção de registradores tipo CTD, os salinômetros tornaram-se refe-
rência para calibração desses instrumentos, estando os seguintes tipos desses aparelhos
disponíveis no mercado: o modelo RS10 da Beckman e o chamado Autosal
(FIG. 5.11) desenvolvido pela Guildline. O princípio de funcionamento de ambos é
descrito por Emery e Thomson (1997), e Muller (1999). Pela maior precisão e
confiabilidade, o Autosal acabou tornando-se o equipamento padrão na determina-
ção de salinidade, para fins de calibração de CTDs.
Figura 5.11 Autosal Guildline instalado no laboratório do ARA Puerto Deseado durante o
cruzeiro do projeto La Plata de inverno [Foto: Carlos Balestrini].
26 Estação CTD
Trajeto vertical de plâncton
Trajetos horizontais de plâncton Bombinhas
Trajeto horizontal Motoda, 2 níveis
28 Cabo Sta.
Radiômetro Marta Grande
Bentos
Torres
Corrente de superfície
30
Solidão
32
Rio Grande
34 Albardão
36
Punta del Este
Rio de la Plata
38 Punta Médanos
Figura 5.12 Esquema de estações do cruzeiro de verão do Projeto La Plata, realizado a bordo
do N/Oc Antares, da Marinha do Brasil [adaptado de MÖLLER e PIOLA, 2004].
-10 -10
-20 -20
-30 -30
-40 -40
-50 -50
Profundidade (m)
-60 -60
10 10.5 11 11.5 12 10 10.5 11 11.5 12
Temperatura °C
0 0
-10 -10
-20 -20
-30 -30
-40 -40
-50 -50
-60 -60
32 32.5 33 33.5 34 32 32.5 33 33.5 34
Salinidade
Figura 5.13 Perfis verticais de temperatura e salinidade antes (painéis à esquerda) e depois
(painéis à direita) da aplicação de filtros [Fonte: Osmar Möller Jr.].
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASPEL, M.R.; MATA, M.M.; CIRANO, M. Sobre a relação TS na porção central
do Atlântico sudoeste: uma contribuição para o estudo da variabilidade oceânica no
entorno da cadeia submarina Vitória-Trindade. Atlântica, Rio Grande, v. 32, n. 1, p.
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(Elsevier Oceanographic Series; 2).
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Amsterdan: Elsevier, 1975. (Elsevier Oceanographic Series; 11).
MARCELLI, M.; DI MAIO, A.; DONIS, D.; MAINARDI, U.; MANZELLA, G.M.R.
Development of a new expendable probe for the study of pelagic ecosystems from
voluntary observing ships. Ocean Science, Germany, v. 3, p. 311-320, 2007.
128
129
Foto: Rafael Thompson de Oliveira Lemos
OCEANOGRAFIA QUÍMICA
6
1 PREPARAÇÕES
Antes de uma saída é preciso verificar a quantidade e as condições dos frascos
disponíveis; selecionar itens de laboratório como pipeta, proveta e béquer de plástico;
examinar as soluções-padrão de calibração e as soluções de preservação ou fixadoras
das amostras quanto aos prazos de validade, presença de materiais em suspensão ou
precipitados; checar todos os instrumentos eletrônicos quanto a bateria, pilhas, solu-
1
Grau Analítico – significa que os reagentes devem ser de “Pureza Analítica” (PA), ou seja, com alto grau
de pureza.
Tabela 6.1 Resumo dos métodos analíticos utilizados para cada parâmetro.
Refratômetro/Salinômetro/
- Condutivímetro/Termossalinômetro
Salinidade 50 mL Medido no local /Multiparâmetro/Titrimetria de
precipitação
- pH-metro (Potenciômetro)
pH 50 mL Medido no local /Multiparâmetro
3 TEMPERATURA
A temperatura é considerada um parâmetro físico importante na avaliação da
qualidade da água não apenas por representar as variações locais e sazonais do ambi-
ente, mas também por influenciar a velocidade das reações químicas e biológicas.
Além disso, a variação da temperatura afeta diretamente a densidade da água e, como
consequência, altera os processos de transporte. Um exemplo importante dos efeitos
da temperatura sobre a química da água é o seu impacto sobre o oxigênio que, em
temperaturas mais elevadas, tem sua solubilidade na água afetada, diminuindo-a e
prejudicando diversas formas de vida aeróbicas aquáticas.
Alguns compostos também se tornam mais tóxicos para a vida aquática em tem-
peraturas mais elevadas. Além disso, o impacto da variação térmica exerce um efeito
particularmente nocivo para os organismos estenotérmicos, que são aqueles não tole-
ram grandes variações de temperatura, como o salmão e a truta. A temperatura pode
variar em função de fontes naturais, como a energia solar e fontes antropogênicas,
4 SALINIDADE
A salinidade é a quantidade total de material dissolvido na água do mar. Essa é
uma convenção que se aproxima à massa, em gramas, dos sólidos obtidos a partir de
1 kg de água do mar, quando os sólidos tenham sido secados a 480°C até peso
constante e, nessa secagem, a matéria orgânica tenha sido completamente oxidada e
os brometos e os iodetos da amostra substituídos por uma quantidade equivalente de
cloretos, além de os carbonatos convertidos a óxidos (AMINOT e CHAUSSEPIED, 1983).
A salinidade é uma grandeza química adimensional por ser a relação proporcional
entre outras grandezas. Por essa razão, geralmente os valores são medidos em termos
de partes por mil (ppm) ou parts per thousand (ppt). Com a mudança da sua definição
(relação entre a condutividade da água do mar e a de uma solução balanceada de
cloreto de potássio), foi estabelecida uma relação definitiva entre a condutividade da
água do mar e a sua salinidade, chamada Escala Prática de Salinidades ou Practical
Salinity Scale (S). Como a salinidade prática é definida como sendo uma razão, isto é,
uma divisão de dois termos com mesma unidade, não existe nenhuma unidade (que
se cancelam na divisão).
A partir de dados da salinidade, da temperatura e da pressão, é possível determinar a
densidade da água. Essa diminui quando a temperatura aumenta, e cresce com o aumento
da salinidade e da pressão. A densidade é importante, porque o oceano tende a mover-se
de maneira que a água mais densa esteja no fundo e a menos densa, na superfície.
Até 1950, eram usados métodos químicos de laboratório para estabelecer a
salinidade, como o método clássico de Mohr (titrimetria de precipitação), embora já
se soubesse da possibilidade do emprego de métodos eletrométricos. A utilização de
refratômetros também era – e ainda é – bastante utilizada. Porém, com o desenvolvi-
mento de técnicas para medir a condutividade elétrica, foram adotados por serem
muito mais rápidos e práticos. Como a condutividade elétrica é diretamente propor-
cional à salinidade, conversões algorítmicas são empregadas para a sua determinação.
A densidade é importante no entendimento dos processos de circulação oceânica.
Os refratômetros utilizam o princípio da refração da luz. Como a salinidade é
diretamente proporcional à refração da luz provocada pelos cristais de sal, é possível
estimá-la, com uma precisão razoável, através do ângulo de mudança de direção da
luz ao passar pela amostra.
O refratômetro (FIG. 6.1) de mão é simples de ser utilizado, porém não possui
uma boa precisão, variando em torno de 0,2 de salinidade. Para realizar a medição da
salinidade utilizando um refratômetro, é importante seguir o protocolo a seguir descrito:
1) abrir a tampa;
2) lavar a janela e a tampa com água destilada;
3) secar a janela com papel macio;
4) pôr uma amostra de água sobre a janela, cobrindo-a completamente;
5) realizar a leitura, olhando contra a luz;
6) lavar a janela e a tampa, novamente, com água destilada;
7) secar com papel macio.
Os aparelhos digitais, tais como os salinômetros, termossalinômetros, sonda
multiparâmetros e até mesmo os CTDs, são dotados de um sensor que, internamen-
te, possui pares de eletrodos, que medem a corrente e a diferença de voltagem entre
eles. A voltagem medida é convertida em um valor de condutância em mili-Siemens
(ou mili-Mhos) e, para converter esse valor para o valor de condutividade (condutância
específica) em mili-Siemens por cm (mS.cm-1), a condutância é multiplicada pela cons-
tante da sonda, que tem unidades em cm (cm-1). Todo esse processo é realizado
automaticamente pelo aparelho fornecendo, no visor, o valor da condutividade e da
salinidade.
1.020
20
tampa leitura 1.010
segurador
janela 1.000 0
visor SALINITY
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
entrada sensor de pH
sonda do eletrodo
temperatura BNC
NN
Charging
sensor de temperatura
pH
visor
temperatura
seletor iluminação
pH ou mV HI 9126 pH/ORP Meter
do visor
Calibration Check
liga/desliga armazenamento
ON/OFF RANGE LIGHT
de memória ou
limpar calibração
calibração
setup ou CAL MEM CLR
Material necessário:
– frasco de polietileno com tampa rosqueada (50 mL) ou frasco de vidro com
tampa esmerilhada (um para cada amostra);
– béquer de 50 mL (um para cada amostra e para cada solução-tampão);
– soluções-tampão com pH 7 e 4;
– solução de KCl 3M;
– lenço de papel absorvente macio;
– termômetro de mercúrio (caso o pH-metro não tenha registro e compensa-
ção automática de temperatura).
A calibração e a medição das amostras devem ser efetuadas de acordo com as
instruções do fabricante do aparelho. Para a maioria dos instrumentos, existem dois
controles importantes: o controle de desvio lateral e o de inclinação. O primeiro é
usado para corrigir desvios laterais da curva potencial do eletrodo em função do pH,
com relação ao ponto isopotencial. A calibração do instrumento com soluções-tam-
pão é uma aplicação prática de correção desse desvio lateral. O controle de inclinação
é usado para corrigir desvios de inclinação, devido, por exemplo, à influência da
temperatura, que promove uma rotação da curvatura do eletrodo em torno do pon-
to isopotencial (pH = 7 e E = 0). Na prática, para evitar a inclinação da curva, para
uma dada temperatura deve-se também calibrar o eletrodo com soluções-tampão.
6 TURBIDEZ
A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de intensidade que um
feixe de luz sofre ao atravessá-la. Essa redução ocorre devido à absorção e ao
espalhamento da luz, causado pelas partículas em suspensão e demais materiais presentes
Procedimentos:
1) ligar o aparelho;
2) limpar o tubo contendo o padrão de 10 UNT com papel absorvente macio
antes e introduzir o mesmo na câmara. Fechar a tampa;
3) calibrar o aparelho de acordo com instruções do fabricante;
4) colocar a amostra a ser analisada na cubeta, evitando a formação de bolhas;
5) limpar a cubeta com papel absorvente macio;
6) inserir o tubo na câmara e fechá-la;
7) anotar o valor em UNT, assim que a primeira leitura estabilizar (ao aguardar
muito tempo para leitura, o material presente pode sedimentar, subestimando
o resultado);
8) manter o aparelho ligado enquanto realizar as leituras;
9) fazer nova calibração se o aparelho for desligado.
Alguns equipamentos podem ter uma faixa de leitura reduzida, sendo necessário
realizar uma diluição da amostra. Quando este procedimento for necessário deve-se
utilizar água destilada tendo como base a formula a seguir:
Turbidez ( UNT ) = A x F
em que:
A é a leitura da amostra;
F é o fator da diluição.
7 TRANSPARÊNCIA DA ÁGUA
Do ponto de vista óptico, a transparência da água pode ser considerada o oposto
da turbidez, uma vez que aquela se trata de uma medida de extinção da luz, indicando
a distância que um raio de luz consegue penetrar na coluna de água, variando de
poucos centímetros a dezenas de metros.
A transparência da água é afetada basicamente por algas, material em suspensão e
matéria orgânica. Quando há muitos nutrientes na água, as algas multiplicam-se, dimi-
nuindo a transparência. Do mesmo modo, quanto mais material em suspensão estiver
presente, maior será a turbidez e, consequentemente, menor será a transparência. Além
disso, a presença de matéria orgânica pode interferir no resultado, já que essa aumenta
a absorção de luz na coluna de água.
A medida da transparência da água pode ser obtida de maneira muito simples,
através de um instrumento denominado disco de Secchi. Esse disco foi inventado
0m
1m
cabo de náilon
50 cm
graduado 2m
disco de ferro
ou acrílico anel 3m
4m
peso
Figura 6.3 Disco de Secchi: (A) instrumento; (B) observação da transparência da água.
8 OXIGÊNIO DISSOLVIDO
O Oxigênio Dissolvido (OD) é o elemento principal no metabolismo dos
microrganismos aeróbios. No ambiente aquático, o oxigênio é indispensável também
para outros seres vivos, como peixes, sendo que a maioria das espécies não sobrevive
a concentrações de OD inferiores a 4,0 mg.L-1.
Um corpo aquático, em condições normais, contém OD, cujo teor de saturação
depende da profundidade e da temperatura. Nesse sentido, quanto maior a pressão,
maior a dissolução, e quanto maior a temperatura, menor a dissolução desse gás.
Corpos com baixos teores indicam que podem estar recebendo matéria orgânica,
pois a decomposição dela por bactérias aeróbicas é, geralmente, acompanhada pelo
consumo e, consequentemente, pela redução do OD. Dependendo da capacidade de
autodepuração do ecossistema, a concentração de oxigênio pode alcançar valores
muito baixos, ou zero, propiciando até mesmo a extinção dos organismos aquáticos.
A determinação da concentração de OD também se faz necessária para a determinação
da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que representa o potencial de matéria
orgânica biodegradável nas águas naturais ou em esgotos sanitários e efluentes industriais.
A determinação do OD pode ser realizada pelo método químico, que está baseado
no método clássico de Winkler (titrimetria de oxidação e redução), ou por instrumentos
digitais, como oxímetros.
O método químico é uma determinação indireta da real concentração de oxigênio
no meio aquoso. A quantidade equivalente de oxigênio molecular dissolvido na água
é titulada com tiossulfato de sódio (Na2S2O3) usando-se como indicador uma suspensão
em que:
visor conector do
sensor de
oxigênio
sonda de
ajuste de contraste oxigênio
liga/desliga °C/°F
chamada de memória gravação de dados
gravação de memória ajuste de fator
botão zero DO/O 2
ajuste da salinidade
calibração do O2 sensor de
botão do efeito montanha temperatura
terminal do sensor
com diafragma
cobertura
compartimento de bateria protetora do
sensor
em que:
OD1 é o oxigênio dissolvido no momento da coleta;
OD5 é o oxigênio dissolvido depois de cinco dias de incubação.
Antes de utilizar-se o cálculo para amostras com diluição é necessário realizar um
preparo que inclui quatro procedimentos distintos: o preparo da água, a DBO da
amostra, a diluição e a escolha do percentual.
No preparo da água de diluição, saturar com ar a água deionizada utilizando um
compressor de ar comprimido, por aproximadamente 12 horas, de maneira a obter
um elevado teor de oxigênio dissolvido. Após a saturação, manter a água 30 minutos
em repouso, para a estabilização. A cada litro de água deionizada, adicionar 1 mL de
cada uma das soluções: tampão fosfato, sulfato de magnésio, cloreto de cálcio e
cloreto férrico.
Para a DBO da amostra de diluição, o processo é o mesmo da análise de DBO
sem diluição, com a finalidade de verificar a qualidade dessa água em termos de
matéria orgânica biodegradável. A água de diluição com um padrão aceitável, não
deverá ter, após cinco dias, uma depleção de oxigênio superior a 0,2 mg.
Caso a diluição não possa ser feita em campo, conservar a amostra a ser diluída
em ambiente sem presença de luz e refrigerada até a chegada no laboratório, onde se
deve adicionar o volume de amostra correspondente ao percentual de diluição previ-
amente determinado em um balão volumétrico de 1 L completando o volume com
a água de diluição, homogeneizar e encher os dois frascos de DBO com esta amostra,
evitando a criação de bolhas. Uma subamostra deverá passar pelo procedimento de
determinação de OD1, descrito anteriormente.
em que:
X é o OD que teoricamente é consumido em cinco dias;
Y é a percentagem da amostra que deverá ser usada para obter no final da incuba-
ção, um mínimo de 1mg.L-1 de oxigênio.
Após esse preparo, é possível realizar o cálculo para a amostra com diluição atra-
vés da seguinte fórmula:
250 mL (caso esteja turva, poderá ser utilizado um volume menor e caso a amostra
seja de água marinha, pode-se utilizar um volume maior, até 2 L); ligar o vácuo com
pressão de 0,2 a 0,4 atmosferas; e lentamente ir derramando a amostra dentro do funil.
amostra funil
filtro
garra
suporte poroso
manômetro vacuômetro
1,0 1,2
40 30
0,8
1,
50
4
0,6
15 15
20
20
1,6
10 20 VACUÔMETRO 10
60
MANÔMETRO
0,4
5 25 25 5
1,8
10
30 0
0,2
0 30
70
pol Hg
lbf/pol²
2
cm Hg
76
0
kgf/cm
11 NUTRIENTES INORGÂNICOS
Os nutrientes no meio aquático são elementos biologicamente significativos, que
compõem estruturas e tecidos de organismos vivos, como esqueletos de diatomáceas,
aminoácidos, matéria-prima para a formação de hemoglobina, entre outros. São es-
senciais para a manutenção da produtividade primária especialmente o nitrogênio, o
fósforo e o silício.
Nos ecossistemas aquáticos, os nutrientes estão disponíveis para a utilização dos
organismos na forma inorgânica dissolvida. Em mares e oceanos, eles ocorrem em baixas
concentrações, atuando como limitantes da produtividade primária do fitoplâncton.
Para a análise de nutrientes dissolvidos, é utilizada uma subamostra da água já
filtrada para a determinação do material particulado em suspensão com um filtro de
acetato de celulose de 0,45 µm (o de fibra de vidro não é recomendado por contami-
nar a amostra com silício), para que haja a separação das formas solúveis e dos mate-
riais particulados em suspensão, diminuindo as interferências nas análises
espectrofotométricas. Esta subamostra filtrada deverá ser subdividida em cinco fras-
cos, de preferência com as tampas de cores distintas, para as análises dos nutrientes,
com os seguintes volumes: 25 mL para nitrito, fosfato, silicato e amônio; e 100 mL
para nitrato.
A estratégia de utilizar frascos individuais para cada parâmetro apresenta as seguin-
tes vantagens: eliminação das alterações da composição química original da amostra,
causadas pelas sucessivas etapas congela/descongela, necessárias a cada vez que
cada parâmetro tenha que ser analisado, caso uma única amostra seja congelada
para as análises dos cinco nutrientes; diminuição da possível contaminação, tendo
em vista que, com as análises feitas diretamente nos frascos de armazenamento,
evita-se o uso de vidraria de laboratório, mais especificadamente das provetas,
para o desenvolvimento das reações colorimétricas; aumento na otimização do
tempo gasto para as análises, principalmente porque elimina o preparo das provetas,
caso a reação fosse nelas desenvolvida; e diminuição da quantidade de material de
laboratório nas análises.
É preciso, ainda, lembrar-se de realizar a identificação do local, da data, da pro-
fundidade e do parâmetro a ser analisado. As amostras para a determinação dos
nutrientes inorgânicos devem ser congeladas a -18°C.
12.1 Calibração
21.84°C visor
4 c
µS/cm
98.2DO%
7.93pH
-2450.0ORP
744.8mmHg
01/15/2001 14:55:01 +
-
1 2 3
GHI JLK MNO
4 5 6 teclas alfanuméricas
PQRS TUV WXYZ
7 8 9
0
sensor pH/OPR
sensor de oxigênio
entrada do dissolvido
cabo da sonda
sensor de condutividade
sensor de temperatura
cabo da sonda
Figura 6.6 Sonda multiparâmetros YSI mod. 556 e seus componentes: (A) instrumento;
(B) sonda [adaptado do Manual da Yellow Spring Instruments].
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMINOT, A.; CHAUSSEPIED, M. Manuel des
Analyses Chimiques en Milieu Marin. Brest:
CNEXO, 1983. 395p.
BAUMGARTEN, M.G.Z.; WALLNER-
KERSANACH, M.; NIENCHESKI, L.F.H. Manual
de Análises em Oceanografia Química. Rio
Grande: Ed. da FURG, 1996.
BAUMGARTEN, M.G.Z.; WALLNER-
KERSANACH, M.; NIENCHESKI, L.F.H. Manual
de Análises em Oceanografia Química. 2.ed. Rio
Grande: Ed. da FURG, 2010. 170p.
BONETI, J. Medições oceanográficas de campo e por
satélites. In: Curso de Difusão Cultural “Noções
sobre Oceanografia”, 1995/1996, São Paulo: USP/
IO, 2009.
HÉRLON, R.F.; PAULINO, W.D. Recomendações e
cuidados na coleta de amostras de água. In: Informe
Técnico N.2. Ceará: Companhia de Gestão de
Recursos Hídricos do Estado do Ceará, 2001. 19p.
MACEDO, J.A.B. Métodos Laboratoriais de
Análises Físico-Químicas & Microbiológicas:
águas & águas. Juiz de Fora, MG: Ed. Universidade
Federal de Juiz de Fora, 2001.
STRICKLAND, J.D.H.; PARSONS, T.R. A Practical
Handbook of Seawater Analysis. 2.ed. Ottawa:
Queen’s Printer, 1972.
2 EQUIPAMENTOS DE AMOSTRAGEM
Com o navio em movimento, amostradores pontuais são equipamentos empre-
gados principalmente para confirmar um determinado fundo geológico. Como são
de pequena capacidade volumétrica, são de grande valia para confirmação litológica,
mas não para fins analíticos laboratoriais, pois normalmente trazem para bordo uma
amostra lavada causando erros analíticos. São úteis, por exemplo, quando do empre-
go de um instrumento de aquisição de dados indiretos, como o Sonar de Varredura
Lateral (SVL), o qual necessita de uma informação sobre o tipo de fundo que está
sendo sonografado. Podem ser também importantes quando do emprego de deter-
minadas redes de arrasto, quando é necessário o conhecimento da cobertura sedimentar.
Para esta amostragem pontual, podem ser usados três tipos básicos: draga de Gibbs, e
os amostradores Phipps Under Way Sample e Emery Bottom Sampler.
A draga de Gibbs é um equipamento simples e dos mais eficazes. Figueiredo e
Brehme (2001) o descrevem como sendo constituído de um tubo de metal com
A B C
Figura 7.1 Amostradores com navio em movimento: (A) Gibbs; (B) Phipps; (C) Emery
[adaptado de FIGUEIREDO e BREHME, 2001].
ído de um tubo com aletas direcionadoras, que lhe dá aspecto de uma flecha, e uma
tampa que se fecha ao toque de fundo. É também conhecido como Skoopfish.
Antes de chegar ao fundo, o equipamento é tracionado por um ponto, de maneira
que tenha uma orientação descendente e, após o toque de fundo, é modificado, de
modo que adquira uma orientação ascendente. Sua capacidade volumétrica é de 69 cm3
e pesa aproximadamente 3 kg. Pode amostrar fundo arenoso, lamoso e biodetrítico.
Também com o navio em movimento são utilizadas as dragas de arrasto, empre-
gadas em fundos duros e envolvem uma gama de tipos, com formatos cilíndricos,
triangulares e retangulares. Não se diferenciam muito das dragas de arrasto utilizadas
na coleta de amostras para fins de estudos bentônicos, mas sim daquelas para pesca
comercial. No entanto, são estruturas mais reforçadas, pois atuam sobre fundos du-
ros, nos quais há necessidade de arrancar a amostra do fundo como, por exemplo,
afloramentos rochosos do próprio embasamento e beach-rock, rocha muito comum
na nossa Plataforma Continental.
Na categoria de amostradores com o navio parado, está a maioria dos equipa-
mentos de amostragem geológica, os quais vêm sendo utilizados ao longo dos anos
A escolha de um equipamento de amostragem das camadas superficial e
subsuperficial da crosta oceânica – sejam sedimento, rochas ou recursos minerais –
depende dos objetivos da pesquisa ou do trabalho a ser realizado. Considerando que
a amostragem, em especial em águas profundas, apresenta-se como um dos fatores
que consomem muito tempo de navio (normalmente de custo elevado), a escolha do
equipamento deve ser realizada com o máximo cuidado, a fim de alcançar eficiência
no processo e minimizar o tempo de navio.
Ao longo do tempo, desde que começaram as atividades de amostragem geológi-
ca, vários tipos de amostradores foram desenvolvidos e aperfeiçoados, fato que não
impede a permanência ativa da utilização de equipamentos mecânicos relativamente
simples. Na categoria com capacidade amostral da camada superficial, dois tipos
fundamentais prevalecem: o primeiro que toca o fundo e apanha uma amostra é
chamado de busca-fundo (pegador de fundo), como por exemplo, o Shipeck, o Dietz-
Lafond, o van Veen e o Ekmann, formados por duas ou mais pás (conchas ou mandí-
bulas). Com as pás abertas, o equipamento é mergulhado na água e, após penetrar no
fundo, com o processo de içamento para superfície, um mecanismo apropriado –
braço ou dobradiça – fecha as pás retendo, assim, o sedimento coletado. O segundo
tipo definido como draga que é arrastada pelo navio, em baixa velocidade (da ordem
de 1 nó), o tempo necessário para tocar o fundo, será abordado no Capítulo 10.
O Shipeck é um amostrador com peso de aproximadamente 45 kg e um volume
de 3 L, podendo amostrar fundos lamoso, arenoso e biodetrítico (FIG. 7.2A).
Para armar o equipamento, é utilizada uma alça que força a tampa até atingir o
engate, o qual é liberado pelo peso ou lastro quando o conjunto toca no fundo. Esse
A alça B
aletas
peso
pá (concha) coletora peso
trava de fechamento
trava
disparador
pino de desengate
pá coletora
Figura 7.2 Modelo de amostradores com navio parado: (A) Shipeck; (B) Dietz-Lafond
[adaptado de FIGUEIREDO e BREHME, 2001].
Dietz-Lafond recuperou 100% até 3.000 metros. Sua forma hidrodinâmica e seu peso,
o tornam de grande rendimento, mas de pequena capacidade volumétrica. Pode apre-
sentar problemas se, material tipo fragmentos de rocha ou de conchas, ficarem reti-
dos no fechamento das pás, o que levará a uma lavagem da amostra.
O van Veen é um busca-fundo utilizado quando existe interesse em amostrar gran-
de volume de material. Tem peso de aproximadamente 70 kg, capacidade volumétrica
de 36 L (FIG. 7.3A) e deve ser usado preferencialmente em águas rasas (menos de 50 m),
podendo coletar lama, areia e biodetritos.
A partir do modelo original do van Veen foram desenvolvidos diferentes versões que
apresentam mecanismo semelhante de funcionamento, sendo seus dois braços ou barras
o ponto básico de abertura e fechamento das pás e são responsáveis pela passagem do
cabo de aço usado no equipamento. Na abertura das pás, os dois braços são mantidos
abertos e horizontalizados; e mantida através de uma trava entre elas; o equipamento, ao
tocar no fundo, alivia a tensão do cabo de aço e a trava é liberada. Ao iniciar-se o içamento
do van Veen, os braços são verticalizados e as pás fechadas.
Num levantamento estatístico da GEOMAR IV E VI, o van Veen recuperou até
500m de profundidade; no Projeto Talude, realizado pela FURG em 1996, recupe-
rou amostras na profundidade de 700 metros. Devido ao seu formato não muito
hidrodinâmico, exige uma descida cuidadosa a baixa velocidade, para que não desarme
antes de tocar o fundo. Outro problema que normalmente surge é o fato do
equipamento não conseguir tocar o fundo a profundidades elevadas.
A B
mensageiro
liberador
pino
cabo da pá tampas
coletora
braço
trava
mola
pá coletora tensora
pá coletora
Figura 7.3 Modelo de amostradores com navio parado: (A) van Veen; (B) Ekmann
[adaptado de FIGUEIREDO e BREHME, 2001].
A B
cabo real
pesos
pá
caixa coletora
base
Figura 7.4 Amostrador box corer e seus componentes: (A) descida; (B) subida.
~ ~
A~ D~
~
~
B~
~ C
A B C cinta do cabo
aletas mecanismo
válvula
de liberação
dispositivo
de segurança
peso
pesos
mecanismo
de parada
do pistão
cano de cilindro
plástico
junção
cilindro
pistão
cone
cortador
cone aranha
cortador peso ou testemunhador-piloto
Figura 7.7 Exemplo de testemunhadores: (A) por gravidade; (B) tubo coletor de PVC;
(C) a pistão [adaptado de FIGUEIREDO e BREHME, 2000].
3 COLETA DA AMOSTRA
Com a utilização de um guincho oceanográfico, colocado lateralmente na embar-
cação e com o navio devidamente posicionado, o amostrador é baixado até tocar o
fundo. Através de contagem de metragem de cabo (o ideal e o aconselhável é o uso
de uma polia hodométrica) e com uma cuidadosa análise do comportamento do
cabo de aço, uma vez que o amostrador toque o fundo, procede-se à reversão do
guincho para trazer o equipamento para bordo. É possível visualizar o momento da
batida do equipamento no fundo pelo alívio na tração do cabo.
Muito importante é a presença de um operador de guincho com prática nessa
etapa do trabalho, já que o emprego de pessoal não habilitado pode levar à perda
instrumental. O conhecedor das atividades de guincheiro, em especial, quando da
utilização de guinchos oceanográficos mais antigos, ou aqueles adaptados para serem
oceanográficos, minimiza, em muito, os problemas que podem ocorrer quando da
descida do equipamento e no seu recolhimento. Na fase de descida, um guincheiro
habilitado tem a capacidade de sentir o seu toque no fundo, podendo imediatamente
dar início ao processo de recolhimento. Essa sensibilidade evita, por exemplo, que o
cabo de aço enrosque no amostrador, evitando que suba de forma inadequada.
No momento da abertura do equipamento para a retirada do material coletado,
algumas observações devem ser feitas como, por exemplo, a presença de material que
possa ter sofrido lavagem durante a sua ascensão. Essa lavagem pode ser detectada
pela presença de partículas de granulometria mais selecionada, sobre ou separada da
lama. Outra forma de identificar o problema é a presença de fragmentos de conchas
ou de rochas, que possam ter mantido o aparelho aberto durante a subida do cabo.
Nesse caso, o processo torna-se bastante facilitado na observação, já que normalmen-
te volta vazio ou com pouca amostra. Nesta situação, caso seja necessário subdividir a
amostra obtida, o procedimento recomendável é a separação equitativa para viabilizar
análises geoquímicas ou réplicas de análises sedimentológicas.
Outro aspecto importante e que merece muita atenção é o fato da oscilação do
navio, durante mau tempo, poder posicionar o cabo abaixo do casco da embarcação,
levando o equipamento a prender ou sofrer um esforço de tensão que pode lhe
causar avaria ou até a sua perda.
A etapa seguinte à da coleta é a de armazenar as amostras em sacos plásticos, bem
fechados com atilhos, fitas ou nós e etiquetados com informações (escritas com cane-
ta de tinta à prova de água) como data, local, número da amostra, responsável pela
coleta e nome da operação. Quando o material inconsolidado é coletado, o melhor é
proteger o rótulo com um segundo saco plástico, a título de precaução. Em caso de
coleta de amostra para análise geoquímica, logo após a sua etiquetagem é sugerido
que a mostra seja imediatamente acondicionada em um freezer, para não sofrer alte-
ração de suas características.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FIGUEIREDO, A.G. Seminário
sobre Recursos Minerais
Marinhos. Departamento de
Geologia da Universidade Federal
Fluminense, 2000.
FIGUEIREDO, A.G.; BREHME,
I. Amostragem geológica na
pesquisa mineral. Brazilian
Journal of Geophysics, São
Paulo, v. 18, 2000, p. 269-280.
HESSLER, R.R.; JUMARS, P.A.
Abyssal community analysis from
replicate box cores in the central
North Pacific. Deep-Sea
Research, New York, v. 21, p.
185-209, 1974.
170
171
Foto: Danilo Calazans
HIDROACÚSTICA
8
HIDROACÚSTICA 173
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
frente de
pressão
fonte
Figura 8.1 Propagação do som em meio homogêneo formando frente de pressão esférica.
L = cτ
em que:
L é o comprimento do pulso;
c é a velocidade do som no meio;
τ é a duração do pulso acústico.
Para obter sucesso na localização de um alvo distante da fonte de som, é necessá-
rio direcionar a propagação acústica para este alvo, ou onde mais provavelmente ele
deva se encontrar. Em acústica pesqueira, hidrográfica ou geológica, o trabalho geral-
mente é feito em barcos ou navios, por isso os alvos localizam-se abaixo da embarca-
ção. O direcionamento da energia transmitida é possível mediante o uso de um
transdutor, constituído internamente de um elemento ou vários deles justapostos que
emitem pulsos acústicos sincronizados e que converte energia elétrica em energia me-
cânica (acústica) ou vice-versa. A interação dos pulsos forma uma estrutura com
lóbulo principal, no qual a energia é máxima (feixe acústico), e lóbulos secundários
(componentes indesejáveis), separados por regiões onde a intensidade de energia pro-
pagada é nula (FIG. 8.2).
transdutor
lóbulos secundários
regiões nulas
lóbulo principal
HIDROACÚSTICA 175
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
pulso
20logR + 2αR
em que:
ψ é o ângulo do feixe equivalente;
R é o raio;
c é a velocidade do som no meio;
τ é a duração do pulso acústico.
Embora a sonda possa ser configurada para captar dados a um intervalo de até 10
cm, sua acurácia não é inferior à da metade do comprimento de pulso, pois essa é a
distância vertical mínima que deve separar dois alvos para que eles sejam discriminados,
caso contrário, a contribuição energética dos dois é medida como sendo a de um alvo só.
A intensidade do som (I) é definida como a quantidade de energia acústica que
passa por uma determinada área dentro de uma unidade de tempo. Essa medida é
utilizada para descrever pulsos longos ou contínuos, porém, nos mais curtos, é utiliza-
da a integral da energia transmitida durante o seu intervalo. Assim, o fluxo de energia
por tempo (J) é obtido através da integração de I; e a energia total por unidade de
área (E) é obtida pela integração de J. Esse método de quantificar a energia é utilizado
na técnica de ecointegração, que será descrita a seguir. Como os valores encontrados
podem cobrir um espectro grande, foi convencionado usar um equivalente logarítmico
da razão entre as duas medições denominado decibel (dB).
2 ECOINTEGRAÇÃO
O método de ecointegração foi introduzido por Dragesund e Olsen na década
de 1960, sendo aperfeiçoado em meados da década de 1970 (T HORNE , 1983;
MACLENNAN e HOLLIDAY, 1996). Esse método – passível de aplicação em Águas Con-
tinentais – é utilizado para estimar a densidade de alvos na coluna de água e quantificar
a abundância de peixes, lulas ou crustáceos, como o krill, em uma área do Oceano.
Possui duas premissas principais: 1) os alvos devem estar distribuídos de ma-
neira aleatória para refletir energia acústica de forma linear, ou seja, existe igual
HIDROACÚSTICA 177
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
probabilidade para qualquer diferença de fase entre os ecos; e 2) a energia acústica
não pode sofrer extinção ou espalhamento múltiplo, efeitos que podem ocorrer
em cardumes muito densos (FOOTE, 1983). Isso torna possível integrar a energia captada
mantendo a proporcionalidade com a biomassa. À medida que a embarcação se
desloca, os ecos recebidos dos volumes amostrais (VA) são integrados verticalmente
dentro de camadas de integração pré-estabelecidas. Ao final de uma denominada
unidade elementar de distância amostral, em inglês, Elementary Sampling Distance
Unit (ESDU) e que normalmente representa uma milha náutica, é calculada a média
aritmética dos valores integrados (FIG. 8.4).
Y
Y
Y YY Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y Y
Y
Y Y Y
Y
Y
Y
Y
Y Y Y Y
Y Y Y
Y Y YY
Y YY Y Y
Y Y
Y Y
Y
Y
Y
YY Y Y Y
YY Y Y YY
Y
Y Y Y Y
Y
Y Y Y YY
Y Y
Y Y Y Y Y Y Y
Y YY Y
Y
Y
cardume
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y Y
Y
Y Y
Y
Y Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y Y
Y
Y Y
Y
Y Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y Y
Y
náutica, em inglês, Nautical Area Scattering Coefficient (NASC), parâmetro que representa
a soma das seções acústicas transversais dos alvos detectados medida em m2.mn-2. A
energia obtida por área é integrada verticalmente e, feito isso, é estimada a média
aritmética por mn2.
Para converter o NASC à densidade numérica, é necessário conhecer as caracterís-
ticas de reflexão individual da(s) espécie(s) que está(ão) sendo detectada(s). Essas são
descritas através da equação do índice de reflexão acústica teórico ou TSteórico, que
relaciona, linearmente, o comprimento e/ou o peso dos indivíduos com um índice
de reflexão, ou TS. Para obter o valor de TS de determinado indivíduo, é essencial
que ele esteja isolado num VA fornecendo, assim, a intensidade de energia refletida pela
sua seção acústica transversal.
σbs (m ) 2
TS = 10 log σbs
σbs = 10
TS/10
TS = 10log(σbs)
em que:
σbs é a área da seção transversal responsável pelo retroespalhamento de energia
acústica do alvo detectado.
HIDROACÚSTICA 179
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Sua expressão matemática é representada por:
2
σ bs = R *( I b / I i )
em que:
R é a distância entre o transdutor e o alvo;
Ib é a intensidade de energia retroespalhada;
Ii é a intensidade de energia incidente sobre o alvo.
A função logarítmica transforma os valores para dB e é introduzida para simplifi-
car os valores a serem trabalhados (MACLENNAN e SIMMONDS, 1992) (FIG. 8.5). É im-
portante notar que as leituras de TS e a ecointegração são dois processos independen-
tes. Nos instrumentos científicos de hidroacústica existe o canal para dados via TVG
40logR (alvos isolados) e via TVG 20logR (ecointegração). Um alvo isolado no volume
amostral (Va) será processado pelos dois canais, resultando num dado de TS e num
dado de sv. Enquanto o primeiro expressa a intensidade com que o alvo reflete energia,
o segundo expressa a densidade energética dentro do volume amostral (FIG. 8.6).
Figura 8.6 Alvos detectados isoladamente num volume amostral podem ser interpretados
pelo canal 40logR ou pelo canal 20logR na ecossonda EK500.
No primeiro caso, o dado de TS; no segundo, o valor de sv ecointegrado.
monitor
impressora
joystick
navegador
SIMRAD
sensor de onda
unidade de
instrumento processamento armazenador
da rede e pós processador de dados
transdutor
HIDROACÚSTICA 181
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Essa ecossonda representa uma grande mudança na concepção de levantamentos
hidroacústicos de recursos pesqueiros, principalmente pela capacidade de fornecer
saídas digitais dos dados e pela impressão de ecogramas coloridos que ampliam
significativamente a capacidade de diferenciar as concentrações detectadas. Também
possibilita armazenar os ecogramas em forma digital, além da tradicional impressão
em papel. A EK500 não possui recurso interno para armazenamento de dados. Todos
os resultados de cálculos referentes a cada pulso de transmissão são transmitidos às
portas de saída de dados e zerados. Esses dados farão parte da computação de
integração por milhas navegadas, que a sonda emite em forma de tabela a cada milha
completada, mas as informações individuais de cada pulso são perdidas logo que o
pulso seguinte é emitido. Atualmente existem alguns softwares para o pós-processamento
dos ecogramas digitais, o que permite simular o cruzeiro em laboratório e analisar os
dados sobre diferentes configurações de ganho ou de camadas.
Dados de ecointegração, índice de reflexão acústica e fundo são armazenados em
mídias externas, automatizando esse processo e facilitando o pós-processamento e
análise. A possibilidade de associar informação de posição (georeferenciamento dos
dados) para praticamente cada pulso emitido, permite uma análise espacial bem mais
precisa dos dados.
A ecossonda científica EK500 possibilita a divisão da coluna de água em nove
camadas fixas, definidas antes do cruzeiro, e uma dinâmica denominada Super Layer,
que pode ser reconfigurada durante o desenrolar da navegação para observar algum
estrato da coluna que interessar ao operador. Essa camada permite visualizar os dados
de maneira concomitante à sua coleta, enquanto as informações das demais camadas
são armazenadas sem visualização. A estratificação permite analisar a coluna da água
em maior detalhe.
As configurações da ecossonda são acessadas através dos menus, os quais permitem
que sejam visualizadas pelo monitor e escolhidas por joystick; algumas são estabelecidas
previamente e mantidas durante todo o cruzeiro, como os ajustes da calibração, os
limites das camadas de integração, as características do pulso e os telegramas
armazenados. Outras configurações podem ser alteradas ao longo do cruzeiro como,
por exemplo, os limites da Super Layer. A EK500 possui um menu principal composto
de 16 itens (FIG. 8.8), cada um com submenus que podem apresentar, ainda, um
terceiro nível.
A explanação de todas as funções e utilidades desse menu pode ser encontrada no
manual de operação da ecossonda, mas algumas dessas funções serão parcialmente
explicadas para que seja possível entender as possibilidades do equipamento. É possí-
vel classificar as ativações (settings) de funções nos menus, como ativações permanen-
tes e variáveis ao longo de um cruzeiro. As ativações permanentes ou fixas são aquelas
resultantes da calibração acústica, a qual deve ser realizada no início ou no final do
cruzeiro, com o objetivo de aferir determinados parâmetros que são de grande influ-
ência nos resultados da ecointegração. É aconselhável que os parâmetros definidos no
início de uma campanha não sejam alterados e, caso seja necessária alguma modifica-
ção, que seja a mínima possível e anotada no diário de bordo para auxílio em caso de
dúvidas no período de pós-processamento.
MAIN MENU
OPERATION MENU
DISPLAY MENU
PRINTER MENU
TRANSCEIVER MENU
BOTTOM DETECTION MENU
LOG MENU
LAYER MENU
TS DETECTION MENU
ETHERNET COM. MENU
SERIAL COM. MENU
ANNOTATION MENU
NAVIGATION MENU
SOUND VELOCITY MENU
MOTION SENSOR MENU
UTILITY MENU
TEST MENU
HIDROACÚSTICA 183
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Figura 8.9 Monitor da EK500
[Foto: Manual de Operação da Ecossonda EK500 da SIMRAD Inc.].
P R I N T E R L AY O U T E X A M P L E
6315,50,N,00510,50,E
0845
0850
6315,50,N,00510,60,E
- 80
NM
NM
494 11 . 9
3 . 0 15 . 0
0
10
11
- 14
2152
2151
1 Sur .
0
0
0
900823
900823
0
0
0
- 17
- 80
15 . 0 30 . 0
334 14 . 9
0
0
0
0
0
0
2 Sur .
- 20
0
0
0
- 80
0
0
0
45 . 0
14 . 9
- 23
0
0
0
linhas
- 80 3 Sur .
30 . 0
69
de nível
0
0
0
- 26
0
0
0
6.3
10 . 5
0
0
0
- 29
4 Bot .
8.5
69
0
0
0
super layer
0
0
0
- 32
0
0
7
0
0
0
- 35
0
1
0
5
linha de fundo
0
1
4
- 38
11
1
0 0
3
0
6
- 41
2
9
4
4
0
4
- 44
55
46
48
7
4
8
7 15
linha de escala
- 47
23
34
9
0
0
- 50
8
23
70
27
linha do
TS - step = 1 . 5 d8
integrador
2152 . 0 38 2 Sur . 15 . 0 30 . 0
90 / 08 / 23 khz 3 Sur . 30 . 0 45 . 0
0 . 5 10 . 5
9
amplitude
4 Sur .
do fundo
TS - max = - 14.. 0 d8
2152 . 0 38 10
1S70
90 / 08 / 23 khz
08 . 47 . 28
08 . 47 . 29
100
identificação
amplitude
mais baixa
Mode Active
Transducer Type ES38B
Transd. Sequence Off
Transducer Depth 0.00m
Absorption Coef. 10 dBkm
Pulse Lenght Medium
Bandwidht Auto
Max. Power 2000 W
2-Way Beam Angle -20.6 dB
Sv Transd. Gain 26.50 dB
TS Transd. Gain 26.50 dB
Angle Sens. Along 21.9
Angle Sens. Athw. 21.9
3 dB Beamw. Along 7.1 dg
3 dB Beamw. Athw 7.1 dg
Alongship Offset 0.0 dg
Athw.ship Offset 0.0 dg
HIDROACÚSTICA 185
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A ecointegração realizada pela EK500 fornece um parâmetro que representa a
área de retroespalhamento detectada por milha quadrada navegada, denominado Sa.
Na realidade, nada mais é do que o retroespalhamento médio por unidade de volume
transformado em retroespalhamento médio por unidade de área. Isso é feito dentro
de cada camada definida cujo número é escolhido pelo operador. Os valores de Sa
correspondentes às camadas estão mostrados na Figura 8.12, em destaque.
A EK500 possui duas portas para saída (output) de dados. Uma porta serial do
tipo RS232 e outra de rede local, a Porta LAN (Local Area Network), que funciona
através de entradas ethernet (FIG. 8.14). Pela porta LAN, podem ser conectados pro-
gramas de aquisição e pós-processamento, como BI500 (SIMRAD), Movies
(IFREMER), Echoview (Miriax), para plataforma Windows, os quais permitem aqui-
sição dos ecogramas e de todos os parâmetros relacionados aos mesmos.
Figura 8.14 EK500 conectada ao programa Movies (IFREMER). Imagem da área de trabalho
do Movies [adaptado do Manual de Operação da Ecossonda EK500 da SIMRAD Inc.].
HIDROACÚSTICA 187
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A ecossonda científica EK60 é o sistema eletrônico digital da geração 2000 para
levantamento subaquático, seja batimétrico, de feições de fundo ou biológico. Sua
característica modular permite a montagem com uma ou até no máximo sete fre-
quências de operação. Seu processamento e comunicação baseiam-se na plataforma
Windows e suas habilidades principais são a ecocontagem de alvos individuais e a
integração volumétrica. Os resultados podem ser georeferenciados disparo a disparo,
com correção de movimento da embarcação. A configuração de um sistema básico
para operar de forma fixa é apresentada na Figura 8.17.
unidade de RAD
SIM
processamento monitor
transceptor
(GPT)
SIMRA
D mouse
teclado
transdutor
HIDROACÚSTICA 189
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A
Figura 8.18 Menu de entrada da EK60: (A) principal; (B) barra de status;
(C) menu de atalho [Fonte: Manual de Operação da Ecossonda EK60 da SIMRAD Inc.].
Figura 8.20 Aspecto dos ecogramas da EK60, com apresentação em colunas de informações:
Círculo indicador de alvos individuais e histograma de tamanho (esquerda), barra de cores de
valores de Sv, ecograma (centro), sinal do eco na função osciloscópio, coluna de parâmetros de
setagem [Fonte: Manual de Operação da Ecossonda EK60 da SIMRAD Inc.].
HIDROACÚSTICA 191
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
tística do tamanho em função da ocorrência dos alvos detectados. Na direita são
apresentados alguns parâmetros físicos e ativados do transdutor, dados ambientais,
profundidade e camadas ativas. A tela do monitor pode conter o ecograma com as
duas, uma ou nenhuma das colunas.
cada frequência, quatro modos de ecograma poderão ser apresentados, a saber: po-
tência retroespalhada, Sv, TS ou potência retroespalhada do alvo individual.
Para troca da escala de profundidade, basta posicionar o cursor sobre o ecograma,
pressionar a tecla direita do mouse e selecionar a função Range. Será aberta uma janela na
qual deverá ser feita a escolha entre Bottom Detection ou Surface Range, conforme a
necessidade do momento. Após eleger a adequada, teclar OK.
A resolução vertical do ecograma aumenta com a redução do tempo de trans-
missão do pulso, o que gera pulsos mais curtos e que definem melhor a coluna de
água. Para a troca de comprimento de pulso, teclar Operation no Menu Principal e
selecionar Normal. Será aberta uma janela de diálogo denominada Normal Operation.
Fazer a escolha do novo comprimento de pulso e teclar OK.
A definição de profundidades mínima e máxima habilita a ecossonda a localizar
o eco verdadeiro do fundo (bottom lock). Para selecionar esses limites, colocar o cursor
sobre o indicador de profundidade, clicar a tecla direita do mouse, selecionar o Bottom
Detector, executar a troca de valores necessária e teclar OK.
Para gravar os dados da prospecção, teclar Output no Menu Principal e selecionar
File. Na janela que se abre, selecionar Directory e Browse, se for preciso mudar o destino
do arquivo a ser criado.
Teclar em Raw Data para definir como os dados brutos serão gravados:
– Save Raw Data: inicia e termina a gravação de dados brutos;
– Range: seleciona a profundidade até onde ocorrerá gravação; independe se a
profundidade no ecograma for maior;
– Echogram Data: definido pelo operador, sendo a extração dos dados amostrais
processados (dados do pixel) correspondente ao valor de retroespalhamento
do alvo. Os ecogramas são armazenados como arquivos, em separado, de
apêndice de tempo; nesse caso, o arquivo corrente será fechado e será gerado
um novo automaticamente, quando for atingida a distância máxima navegada
(Max. Vessel Distance) ou o tamanho máximo do arquivo (Max. File Size).
Como operação final e fechamento da janela de diálogo, teclar OK;
– Iniciar e finalizar gravação: para dar início ou encerrar uma gravação poderá ser
usada a seta vermelha da barra de funções (Toolbar) ou a função Save Raw
Data na janela de diálogo da tecla File Output.
Esse arquivo .raw poderá ser lido e processado por programas e aplicativos
existentes no mercado, dedicados a processamento de dados de ecossondas científicas.
Para reproduzir arquivos individuais, proceder da seguinte forma:
1) no menu principal, teclar Operation e selecionar Replay, que abrirá uma janela
de diálogo;
HIDROACÚSTICA 193
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
2) se houver arquivo na listagem, basta selecioná-lo; caso contrário, teclar Add
para buscar o arquivo desejado; observar que nesse momento poderá ser
transferido apenas um arquivo individual;
3) teclar Loop se desejar reprodução do arquivo indefinidamente;
4) teclar OK;
5) teclar Play (seta preta) na barra função.
Durante a reprodução, a razão de disparo não é limitada pela velocidade do som
na água; então, é possível selecionar uma razão de disparo maior do que a aplicada na
operação normal.
Para a reprodução de arquivos múltiplos, agir da seguinte maneira:
1) no Menu Principal teclar Operation, e selecionar Replay, que abrirá uma janela de
diálogo;
2) se houver arquivos na listagem, basta selecionar o arquivo inicial desejado;
caso contrário, teclar Add para buscar os arquivos desejados; observar que
neste caso poderá ser transferido qualquer número de arquivos;
3) para dar início à reprodução, teclar no primeiro arquivo da sequência;
4) é possível teclar em Loop se for o caso de reproduzir a sequência
indefinidamente;
5) teclar OK para concluir a seleção;
6) para apresentar o ecograma, teclar Play na barra de funções.
A EK60 permite imprimir apenas uma página por vez, ou seja, aquela presente no
monitor. A imagem será de todo o conteúdo da tela, isto é, não somente o ecograma,
mas também as colunas laterais. A função de impressão de múltiplas folhas não está
ativa no software da EK60.
A ecointegração fornece o parâmetro NASC, que representa a área de
retroespalhamento detectada por milha navegada e estrapolada para uma milha quadrada,
ou seja, o retroespalhamento médio por unidade de volume transformado em
retroespalhamento médio por unidade de área. A ecointegração e a ecocontagem são
feitas dentro de cada camada definida pelo observador, que pode escolher avaliações por
distância, por tempo ou por número de disparos ou pulsos. Os resultados podem ser
apresentados na forma de ecogramas ou armazenados em arquivos no computador,
usando as portas de saída, porque esta ecossonda pode operar como cliente ou servidor
em uma rede LAN com IP específico. Como servidor, o programa que a controla
transmitirá dados e receberá instruções ou comandos de um programa específico.
Alguns dos programas de pós-processamento para plataforma Windows são: BI500
(SIMRAD), Movies (IFREMER), Echoview (MYRIAX), os quais permitem aquisição
Foto: Projeto Amazônia Azul
195
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A
Figura 8.22 Ecogramas com limiar de (A) -60; (B) -70; (C) -80 dB. Quanto mais vermelha a
variação na intensidade de registro, mais intenso se apresenta o eco
[Fonte: Manual de Operação da Ecossonda EK60 da SIMRAD Inc.].
As frequências do sinal acústico usadas nos SVL variam de poucos kHz até
1.200 mHz. Os primeiros são utilizados em mapeamentos de grande escala, normal-
mente em águas profundas com área de varredura lateral da ordem de dezenas de
km. Os instrumentos de frequência intermediária são os mais comuns no emprego
em Oceanografia Geológica e os de maior frequência são úteis onde há necessidade
de estudar objetos de pequeno tamanho e com alta resolução. O esquema de trabalho
pode ser visto na Figura 8.23B
A B
sistema
peixe
SCROLL
CAPS
Wake NUM -
Power
Sleep Up
Num / *9 +
F12 Pause
Lock
F11 8 PgUp
Scroll Break 7
F10 Print Lock .
F9 Screen Page Home 6
SysRq
Up 5
F8 Back
Space Home 4 Enter
F7 Insert 3
F6 _ + § I
Page
2 PgDn
F5 ) = { End
Down 1
F4 ( - `` ª Delete End
I
0 [
F3 * 9 P { 0
F2 & 8 O ^ º
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I I V
A C
ecos
Lock X
Caps Z
|
|
\
TM
Alt
Ctrl
peixe
ura
red
e var
ad
áre
Figura 8.23 Sonar de Varredura Lateral: (A) instrumento; (B) esquema de funcionamento
mostrando o peixe (tow vehicle), o feixe de abertura e a área de varredura obtida
[(B) adaptado de MAZEL, 1985].
HIDROACÚSTICA 197
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
de de que qualquer objeto, ser detectado, como por exemplo, cardumes de peixes ou
exalações gasosas. Outra utilidade no emprego do SVL é o mapeamento do tipo de
fundo com aplicação direta na biota demersal. Diferentes espécies demersais relacio-
nam-se diretamente com o tipo de fundo o que permite uma avaliação indireta na
prospecção bentônica.
Na pesquisa oceanográfica, a integração do registro do SVL, junto com uma son-
da hidroacústica, permite que objetos sejam visualizados com maior detalhe. Assim, o
SVL pode ser considerado o instrumento de maior aplicação na Oceanografia Geo-
lógica, pois atende às necessidades de avaliação do tipo e da morfologia do fundo ao
mesmo tempo em que faz a integração com a biota existente. Para complementar,
entre outras aplicações, pode ser utilizado para avaliação de objetos na coluna de água
próxima ao fundo, seja na prospecção pesqueira, na arqueologia submarina ou na
prospecção mineral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
199
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ORGANISMOS PLANCTÔNICOS
9
3 AMOSTRAGEM DO PLÂNCTON
Amostras planctônicas (FIG. 9.2), através de um equipamento coletor, principal-
mente rede, são feitas desde 1828, quando Thompson utilizou uma rede para coletar
larvas de crustáceos e de cracas.
4 EQUIPAMENTOS DE AMOSTRAGEM
O sucesso de amostragem é dependente da estratégia, da seleção do equipamento
coletor, da abertura de malha utilizada e do tempo de coleta. O equipamento deve ser
utilizado levando-se em consideração os objetivos da investigação.
A captura de organismos planctônicos em ambientes aquáticos envolve, em geral,
cinco procedimentos: coleta por meio de garrafas; sucção através de bombas; filtragem
por redes; observação através de sistemas ópticos e armadilhas.
4.1 Garrafas
A B C liberador
cabo tampa
mensageiro
mensageiro
tampa de tampa liberador
fechamento
liberador suspiro
suspiro
coletor
alça
pino de
segurança coletor
bico de
bico de
drenagem
bico drenagem
coletor
Figura 9.3 Garrafas de coleta de água: (A) Niskin; (B) van Dorn; (C) Kammerer
[(A) adaptado do Catálogo Hydro-Bios].
A B
mensageiro
tampa liberador
suspiro
coletor
bico de
drenagem
Figura 9.4 Garrafa tipo van Dorn horizontal: (A) aberta; (B) fechada.
Quando a coleta estiver sendo feita, deve-se evitar, ao máximo, qualquer tipo de
distúrbio na água, prevenindo reações de fuga dos organismos planctônicos.
Se o cabo que prende a garrafa não permanecer na vertical, devido ao desloca-
mento da embarcação, será necessário recorrer à determinação indireta da profun-
didade, para ajuste da correta profundidade (A NEXO 6). A coleta com garrafa
(FIG. 9.4, 5.4A e 5.4B) é mais utilizada em zonas rasas, particularmente em estuários e
lagoas calmas. Entretanto, o uso de garrafas montadas em rosetas (FIG. 5.4C) é comum
em regiões oceânicas.
Após a coleta, no caso de uma garrafa com capacidade de 5 L, as amostras quan-
titativas devem ser acondicionadas em um frasco de 500 mL, com tampa de rosca,
fixada em formalina 2%, neutralizada. Para o caso de análise de clorofila á, as amos-
medidor
medidor de fluxo
A de fluxo
B mangueira
bomba
de sucção mangueira
filtrador
filtrador
sugador
sugador bomba
de sucção
lastro
Figura 9.5 Esquema de utilização de uma bomba de sucção: (A) externa; (B) submersa
[adaptado de OMORI e IKEDA, 1984].
Müller (1844) utilizou uma pequena rede cônica, com um corpo de malha muito
fina fixada num aro, para coleta de organismos aquáticos muito pequenos. Desta
forma, foi inventada uma rede cônica para coletar organismos planctônicos, desco-
berta que proporcionou o estudo de um novo e, até então, pouco explorado grupo
de organismos. Embora essa rede de forma cônica, simples, tenha sido adotada como
um padrão de amostragem até hoje, vários outros tipos de redes, de usos mais espe-
cíficos, foram desenvolvidos, sempre baseados no princípio de filtração da coluna de
água, com três características básicas (FIG. 9.6):
– abertura ou boca: em geral rígida na porção anterior, por onde entra a água
durante o trajeto feito, delimitada por um aro que dá forma à rede, com os
seguintes tipos de estrutura: circular; quadrada ou retangular e pentagonal;
– corpo: elemento principal da rede, composto de uma malha filtrante (em
geral fina), que pode variar em comprimento, conforme a espessura da malha
utilizada;
corpo abertura
(boca)
coletor
A B C
D E
Figura 9.7 Malhas de poliamida (náilon), de acordo com a abertura de malha (w), em
micrômetros, com aumento de 50X: (A) 20; (B) 140; (C) 200; (D) 300; (E) 500
[Fotos: Danilo Calazans].
Tabela 9.2 Características das malhas monofilamento de poliamida (PA) (náilon) mais usadas
nas redes para coleta de organismos planctônicos.
Fornecedores: (1) Tegape; (2) Sefar Latino America Ltda.; (3) Cemyc. (HD) Alta Densidade;
(W) Transparente; (PW) Armação Tela; (TW) Armação Sarja.
R = β x a/A
em que:
a = R x A/β, onde A = π x r12; logo:
a = R x π x r12/β que, nesse caso, é
a = 8 x 3,1416 x 0,302/0,40 = 5,65 m2,
Cinco oitavos da superfície total é a parte cônica posterior, ou seja, a2 = 3,53 m2.
a2 = π (r1 + r2) x [ h2 + (r1 - r2) ] ;
2 2 1/2
h2 = 2,04 m.
Portanto, para satisfazer os requisitos, a porção cilíndrica da rede deve ter 1 m e a
cônica 2,04 m de comprimento. Redes de comprimento muito grande podem ser
incômodas para operar a bordo. A realização de um lance mais breve, ou o uso de
tela de maior porosidade, ou o menor diâmetro da boca, permite reduzir a relação de
superfície filtrante (R) e, em consequência, o comprimento da rede.
É possível comprar redes prontas no Brasil (ver, como exemplo de fornecedores,
os sítios de Milan Equipamentos Científicos, Lunus Comércio e Representação e
Okeanus Ltda. Representações de Equipamentros Oceanográficos). Basta saber qual
é a melhor para contemplar o objetivo do estudo. Geralmente, as redes prontas são
importadas e de custo elevado; porém as convencionais, como as cônicas e as
cilindrocônicas, são de fácil confecção.
Uma rede de fechamento com malha de 200 µm, diâmetro da boca de 60 cm e
comprimento da parte cilíndrica de 100 cm, e a cônica de 204 cm, com coletor de
12 cm de diâmetro, pode ser elaborada da seguinte forma:
O aro é a boca da rede feita de aço inoxidável ou de ferro galvanizado (que deve
ser pintado com zarcão) de 3/8” de espessura. Para o diâmetro de 60 cm, é necessária
uma vara de 188 cm (para os outros diâmetros-padrão de 30 cm, 50 cm e 100 cm,
são necessários 94 cm, 157 cm e 314 cm de vara, respectivamente). O aro deve ter três
anéis distribuídos de forma equidistante, de onde saem três cabos de 6 mm, que serão
unidos ao cabo de reboque por manilha reta e destorcedor.
Material de consumo:
– 188 cm de vara maciça 3/8” de aço inoxidável ou de ferro galvanizado;
– 3 elos de corrente de 3/8” do mesmo material;
– 3 manilhas 3/8”.
Procedimento de construção em serralheria:
1) encurvar a vara até formar um aro de exatos 60 cm de diâmetro interno;
2) soldar;
3) cortar ao meio os três elos de corrente;
encaixe do aro
coletor destorcedor
manilha
coletor
abraçadeira cabos
profundímetro
15 kg
lastro
Figura 9.9 Formas de redes mais comuns arredondadas: (A) cônica; (B) cilindrocônica;
(C) cônica com boca reduzida [adaptado de OMORI e IKEDA, 1984].
A B
C D
Figura 9.10 Redes simples cônicas: (A) ICITA; (B) CalCoFi e cilindrocônicas; (C) WP-2;
(D) IOSN [adaptado de OMORI e IKEDA, 1984].
cinta metálica
corpo filtrante eixo central
coletores
cabo real
bocas
depressor hidrodinâmico
A B
C D
Figura 9.12 Redes retangulares: (A) Tucker; (B) Neustônica; (C) Neustônica com Catamarã;
(D) Manta [adaptado de (A) TUCKER, 1951; (B) ZAITZEV, 1959; (C) DAVID, 1965 e
(D) BROWN e CHENG, 1981].
depressor
hidrodinâmico
mensageiro
A mecanismo de B C D
fechamento
a b
cabo de
fechamento
boca
lona
corpo
coletor
lastro
Figura 9.15 Redes de Fechamento: (A) Nansen: (a) aberta e (b) fechada; (B) WP-2;
(C) Hensen; (D) Juday [adaptado de FRASER, 1966].
– WP-2: já citada e descrita, é muito utilizada para trajetos verticais (FIG. 9.15B);
– Hensen: desenvolvida por Hensen (1887), com uma boca inicial de 38 a 70 cm
de diâmetro, conectada a um anel interno de 100 cm de diâmetro por uma peça
sólida (de fibra de vidro), com 30 cm de comprimento, de onde sai um corpo de
rede de 130 cm de comprimento e malha de 300 ou 500 µm (FIG. 9.15C);
– Juday: desenvolvida por Juday em 1916, possui uma boca de 37 a 80 cm de
diâmetro, uma porção de lona de 120 a 160 cm de comprimento, atada a um
anel interno de 50 a 110 cm de diâmetro, um corpo de rede de 150 a 370 cm
de comprimento e malha de 500 µm (FIG. 9.15D).
C
1 2 3
1 2 3
Figura 9.16 Redes de abertura e fechamento simples: (A) rede Kofoid; (B) Clarke-Bumpus;
(C) rede Tucker modificada: (1) fechada em cima; (2) aberta; (3) fechada embaixo
[adaptado de (A) e (B) NOAA Photo Llibrary e (C) BAKER et al., 1973].
A B
Figura 9.17 Redes múltiplas de fechamento: (A) RMT 1+8; (B) MOCNESS; (C) LOCHNESS
[adaptado de (A) BAKER et al., 1973; (B) WIEBE et al., 1976 e (C) DUNN et al., 1993b].
A B
000m
KIEL ets/6
-BIOS m2/9n
HIDRO R 0.5 9.0 V
MPLE Y
ON SA TTER m/s
ANCT 0 BA out: 0.0
R
NET
POWE
I PL
MULT 00 m 0.0 m/s
N
ACTIO
H 00 0 m3
DEPT in: 0000
FLOW _
+
ENTER
MENU
UTER
COMP
ONAL PORT
PERS L
SERIA
ER
RWAT
UNDE
UNIT
Uma grande vantagem desse sistema é que o mecanismo, idealizado para abrir e
fechar redes, também favorece o uso seriado de dois ou mais equipamentos ao mes-
mo tempo. Esta operação, apesar de delicada, permite a realização de várias coletas
simultâneas, diminuindo o tempo total de operação em relação à coleta com rede
convencional, que precisa descer e subir várias vezes para realizar o mesmo trabalho.
Pela sua versatilidade, esse sistema é também muito utilizado em conjunto com a
observação hidroacústica, na identificação de aglomerações formadas por organis-
mos planctônicos, sendo o padrão atual para coletas em todos os tipos de trajetos. A
seguir, detalhes de sua operação.
Protocolo de operação em um trajeto oblíquo entre estratos. Observação: a equipe
de pesquisadores do N/Pq Atlântico Sul teve a oportunidade de constatar que, para a
estabilização do sistema, a estratégia mais adequada foi a de abrir a primeira rede antes
da linha da água, ao contrário do indicado pelo manual do fabricante, o qual instrui que
seja liberada a primeira rede na profundidade estabelecida. Por esse motivo, neste
protocolo de uso da Multinet com cinco redes, orienta-se para a seguinte possibilidade:
1) conectar o sistema na Unidade de Comando;
2) proceder à observação hidroacústica de concentração de organismos
planctônicos (por exemplo, observação de dois estratos de aglomeração, um
de 80 a 120 m e outro de 20 a 40 m de profundidade);
3) estabelecer estratos de coleta de acordo com essa observação como, por
exemplo, de 120 a 80 m, de 80 a 60 m, de 40 a 20 m, de 20 m até a superfície;
4) completar planilha com dados da estação e de observação hidroacústica
(ANEXO 9);
5) ligar a Unidade de Comando;
6) testar o sistema;
7) armar as redes;
8) levar o sistema até a linha da água;
9) abrir a primeira rede;
10) baixar o sistema em trajeto oblíquo, até a maior profundidade estabelecida
(no caso, 120 m);
11) anotar o volume filtrado da primeira rede;
12) disparar a segunda rede, que fecha a primeira após atingir a maior profundi-
dade estabelecida, e içar o sistema, vagarosamente, em trajeto oblíquo até a
segunda profundidade estabelecida (no caso, 80 m);
13) anotar o volume filtrado da segunda rede;
14) repetir o procedimento para as redes 3 e 4, respeitando as profundidades
pré-estabelecidas;
15) manter a rede 5 aberta, da última profundidade até a superfície;
aleta
cilindro protetor
C D
boca
corpo da rede
Figura 9.19 Amostradores de alta velocidade: (A) HPI; (B) Gulf 1-A; (C) Gulf III;
(D) MAFF [adaptado de WIEBE e BENFIELD, 2003].
– Gulf III: outro amostrador desse tipo foi descrito por Gehringer (1952) e
denominado Gulf III (FIG. 9.19C). Possui um cilindro externo de 152 cm de
comprimento e 50 cm de diâmetro, uma rede cônica de malha de 380 µm e
diâmetro de boca de 49,5 cm. Pode ser arrastado a 5 nós e dispõe de um
medidor de fluxo. O amostrador Gulf V foi desenvolvido por Arnold (1959),
sendo, basicamente, o mesmo Gulf III sem o cilindro externo.
– Gulf V, Gulf VII/Pro e a MAFF: tanto o Gulf III como o Gulf V são
utilizados, até hoje, como amostradores-padrão de alta velocidade, embora
tenham recebido várias modificações e melhorias. Nash et al. (1998)
descreveram o Gulf VII/Pro e a MAFF (FIG. 9.19D) para velocidades de
5 a 7 nós, sistema que consiste de uma armação rígida de 275 cm de comprimento
e 76 cm de diâmetro, com ponteira cônica de fibra de vidro e abertura de boca
de 40 cm de diâmetro. Uma rede cônica, de 230 cm de comprimento com
abertura de malha de 270 µm, encontra-se colocada na porção final da armação.
Esses amostradores possuem sensores de pressão, temperatura e condutividade,
e a medição do fluxo é realizada por dois medidores, podendo ser lida a
bordo do navio ou armazenada na armação da rede.
Coletores contínuos
– O Continuous Plankton Recorder (CPR): pode ser considerado como
uma classe de coletores de alta velocidade. Desenvolvido por Hardy (1926), é
um amostrador hermético, que pesa 87 kg, com 50 cm de largura, 50 cm de
altura e 100 cm de comprimento (FIG. 9.20A). A abertura quadrada, por
onde entra a água, tem 1,27 cm de lado, expandindo-se em um túnel de fluxo
de água. O túnel passa através da porção mais baixa do amostrador e sai por
trás. Abaixo do túnel há um carretel de 15,25 cm de largura, com gaze de seda
e 270 µm de abertura de malha, que atravessa o túnel, capturando os organismos
planctônicos. Um segundo carretel com gaze de seda fica acima do túnel e é
apertado contra a gaze filtradora, comprimindo os organismos coletados
entre elas. As gazes são enroladas em um carretel, colocado em um tanque
acima do túnel de fluxo de água com formalina, que preserva o plâncton
capturado (FIG. 9.20B). O carretel coletor é movimentado por uma hélice
localizada na porção posterior do amostrador, atrás dos estabilizadores. Hoje,
esse amostrador é utilizado como padrão para arrastos de até 500 mn e
lances de cerca de 10 mn (18,52 km) a uma velocidade de cruzeiro de 20 nós,
em profundidades entre 6 e 10 metros.
Vantagens do CPR:
– avaliação, quase contínua, de séries espaciais e temporais;
– definições de manchas;
– variações horizontais bem definidas;
– sistema de coleta em uso há mais de 70 anos.
Desvantagens do CPR:
– método de processamento complicado;
– perda de organismos;
– alto custo operacional;
– não explica o que acontece acima ou abaixo do amostrador.
– LHPR: o Longhurst-Hardy Plankton Recorder foi uma modificação inovadora
do CPR, idealizada por Longhurst et al. (1966). Um par de redes de 50 cm de
diâmetro foi montado, lado a lado, em uma armação. Junto ao copo coletor
de uma das redes encontra-se um registrador de plâncton, com um túnel
entrando no centro e dividindo-se em duas secções, que passam pelas laterais
da caixa e saem pela sua porção posterior. Dois rolos com tiras de náilon
(330 e 500 µm de abertura de malha) são passados através do túnel logo após
a divisão, filtrando os organismos planctônicos. As tiras de náilon são enroladas
em um carretel simples, localizado entre a divisão do túnel. O carretel coletor
avança, de acordo com um tempo programado (15-60s), por um sistema
elétrico montado na armação, comprimindo os organismos entre as duas
tiras de náilon. Dados de pressão, temperatura e volume são também
armazenados. O LHPR é arrastado entre 1,5 e 2,5 nós e pode coletar até
100 amostras. Foi idealizado para recolher dados precisos de distribuição
vertical e, depois de algumas modificações, também foi utilizado para análise
de distribuição horizontal do plâncton.
abertura
carretel
B aleta
engrenagem
de movimentação carretel de gaze cabo real
de cobertura
tanque
hélice coletor
abertura
0
0 0
0
0
0
0
0 0 0 0
0 0 00 0 0
00 00 00 0 0 0 0 0
00 0 0 0
0
00 00 00 0
00
0 0
0
0
00 0
0
0 00
00
0 00
0 0
00 0
00
carretel de
gaze filtrante
túnel
depressor
Figura 9.20 Coletor contínuo de plâncton (CPR): (A) carcaça protetora e carretel; (B) partes
componentes [(A) foto Danilo Calazans e (B) adaptado de HARDY, 1926].
luz retroespalhada
imagem fonte de
iluminação
espalhamento comum
A CCD 1 B
CCD 2
3
CCD
D4
CC
fluxômetro
temperatura condutividade
telemetria
fibra ótica
pressão
caixa eletrônica
aleta direcional
Figura 9.22 Registrador de vídeo de plâncton: (A) estrutura e componentes; (B) imagem de
copépodo obtida com esse sistema [adaptado de (A) DAVIS et al., 1992 e (B) coml.org].
A B
telemetria
câmera
transmissômetro
CTD
transmissor
e receptor
acústico
Figura 9.23 Sistema ZooVis: (A) estrutura e componentes; (B) imagem de zooplâncton obtida
com esse sistema. Importante notar a escala de tamanho do volume relativo amostrado
[adaptado de DATTATREYA REDDY, 2004].
baterias
vídeo-câmeras
fluorômetro
unidade de controle
de gravação das câmeras
CTD
estroboscópio
nefelômetro
A B
conectores subaquáticos feixe de luz 9,5
compartimento primário 9
8,5
7,5
6,5
direção do fluxo
1 2 3 4 5 6 7
compartimento secundário
sistema de sistema
C resfriamento computadorizado Computador
bateria
compartimento
primário
volume
gravado
compartimento
secundário
sistema
do laser
janela com
feixe do óptica vidro de óptica câmera
laser safira CMOS
D
filtros
colimador
janelas ópticas
feixe do câmera
laser CMOS
Figura 9.25 eHoloCam: (A) compartimento protetor dos componentes; (B) imagem
holográfica do copépodo Calanus; (C) esquema dos compartimentos primário e secundário;
(D) componentes eletrônicos e ópticos de gravação [adaptado de SUN et al., 2007].
le
tro
role
con a
cont
saíd dos
da
de
s
dado
caixa pressurizada os
feixe de luz dad
de ópticos eletrônicos computador
de retorno
(1x35 mm)
filtro fotodiodo
janela de de 35 elementos
túnel de coleta interface
ar/água
C 0 2 4 6 mm
Figura 9.27 Contador óptico de plâncton a laser (LOPC): (A) compartimento protetor dos
componentes; (B) componentes eletrônicos e ópticos de gravação; (C) perfis de
multielementos do plâncton (MEPs) obtidos com o LOPC [adaptado de HERMAN et al., 2004].
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
câmara de fluxo
fluxo
refrigeração do laser
objetiva
filtro de excitação
lente cilíndrica
espelho dicróico
filtro de emissão
laser 15-mw 532-nm
verde
profundidade do foco
câmera CCD
filtro de banda larga 0.590 -nm
detector de fluorescência
(pmt) 550-590 nm
detector de fluorescência
B (pmt) 590-700 nm
4.5 Armadilhas
furo
30 cm
27,5 cm
prendedores
30 cm
da tampa
caixa de
acrílico
ímãs boca
tampa de opostos
plástico removível
com tela de náilon ganchos argolas
rede de plâncton
Figura 9.29 Armadilhas para captura de plâncton: (A) Schindler; (B) para coleta de plâncton
em costões rochosos [adaptado de (A) SCHINDLER, 1969 e (B) SETRAN, 1992].
disco de flutuação
suporte
bastão de discos de
luz química polietileno
tubos de
acrílico
funil de
polietileno
coletor
furos de
filtração
A B
hélice
hélice
20000
30000
8000
7000
200
300
10000
40000
9000
6000
80
70
100
400
90
60
9 9 9 9 9 9
50000
000000
5000
500
50
0
10
40
4000
60000
900
1000
90000
600
20
30
800
2000
80000
700
3000
70000
contadores de giro
trava contadores de giro
Figura 9.31 Instrumentos auxiliares – fluxômetros: (A) tipo TSK; (B) tipo torpedo
[adaptado do (A) Catálogo Kalshico e (B) Catálogo General Oceanics].
Vol (m³) = π x r² x h
πxr xh
2
então:
000000
9 9 9 9 9 9
Figura 9.32 Posição do fluxômetro na rede: (A) com duas amarras; (B) com três amarras.
A B C
0
10 20 30 40 5
0
10
06
20
70
0
80 30
90 80 40
70 60 50
ANG
Figura 9.33 Clinômetros: (A) manual; (B) digital; (C) presa ao cabo.
A B C
0 1
9
8 2
7 X100 3
6 5 4
0 1
9
8 2
7 X10 3
6 5 4
0 1
9
8 2
7 X1 3
6 5 4
A B C
a
mensageiro de operação
da primeira rede b
a
a
1
rede aberta em operação
bb 1
b 1
mensageiros de operação
da segunda rede b 1
a 1
Tabela 9.4 Planilha com lista do material necessário para coleta e armazenagem de plâncton.
* Set completo da(s) rede(s) a ser(em) utilizada(s) compreende: aro, corpo da rede, coletor completo, abraçadeira,
manilhas, cabos para as amarras.
** Material de escritório compreende: envelopes A4, papel A4, caneta esferográfica, lápis, apontador, borracha,
atilho, régua, prancheta, etiquetas adesivas, fita adesiva tipo crepe, pincel atômico, clipes, grampeador, grampos,
CDr, DVDr.
V=Axh
em que:
A é a área da boca da rede;
h é o intervalo entre as profundidades de coleta (FIG. 9.37);
A área da boca da rede é calculada assim:
A = π x r²
em que:
π = 3,1416
r é o raio da boca da rede.
Em um trajeto vertical entre as profundidades de 100 e 50 m, utilizando-se uma
rede cilindrocônica, com 60 cm de diâmetro de boca, o volume é:
Figura 9.37 Cálculo do volume de água filtrada num arrasto, com distâncias
percorridas conhecidas.
7.2 Horizontal
em que:
α é o ângulo do cabo medido por um clinômetro na hora do arrasto;
cateto adjacente é a profundidade de arrasto desejado;
hipotenusa é o comprimento do cabo lançado para atingir a profundidade de
arrasto.
Figura 9.39 Esquema de cálculo de quantidade de cabo a ser lançado para alcançar
a profundidade desejada.
Para arrasto de fundo, a profundidade-base para o cálculo sempre são dois me-
tros a menos do que a profundidade de fundo. Mantendo a velocidade de arrasto
constante e a mesma rede de coleta, a inclinação do ângulo varia pouco e obedece aos
mesmos intervalos. Por exemplo, para uma embarcação a 2 nós de velocidade, uma
rede cilindrocônica, de 60 cm de abertura de boca e 200 µm de abertura de malha,
com um lastro de 15 kg, o intervalo varia entre 60° (cosseno = 0,5) e 70° (cosseno = 0,34).
Então, para alcançar 30 m de profundidade, a quantidade de cabo lançado deverá ser
de 60 m e 88 m, respectivamente. É recomendável, ao içar a rede, também parar o
barco, para que a rede filtre o menor volume possível no caminho de volta. Na Tabela
9.5, como um exemplo, indica-se a quantidade de cabo que deve ser lançada para
alcançar a profundidade de arrasto desejada.
Como segunda alternativa, indica-se utilizar um profundímetro na abertura da
boca da rede, que informa o correto trajeto da rede durante o arrasto, além de coletar
dados sobre temperatura, condutividade e oxigênio dissolvido.
Material utilizado:
– planilha de registro (ANEXO 7);
– rede cônica ou cilindrocônica;
– fluxômetro;
– profundímetro (opcional);
– lastro (para lance em profundidade);
– clinômetro (para lance em profundidade);
– tabela de ângulo (TAB. 9.5);
– garrafas plásticas, com 35 mL de formol;
– funil.
Foto: Projeto Amazônia Azul
7.3 Oblíquo
Material utilizado:
– planilha de registro (ANEXO 8);
– rede Bongo;
– fluxômetro;
– depressor de 40-50 kg, a 1,5-2 m abaixo da rede;
– clinômetro, preso ao cabo de reboque;
– tabela de ângulo (TAB. 9.5);
– garrafas plásticas, com 35 mL de formol;
– funil.
Protocolo de coleta para trajetória oblíqua
Com a embarcação parada:
1) prender o clinômetro no cabo de reboque;
2) preencher a planilha com dados da estação;
3) ter em mãos a tabela de profundidade;
4) separar duas garrafas numeradas e funil.
Checar:
1) a profundidade local;
2) se a rede Bongo permanece bem presa no cabo de reboque;
3) os cintos que prendem as redes: se estão bem colocados e apertados;
4) o fluxômetro: se está bem preso;
5) os copos coletores bem presos às redes;
6) o depressor: se está bem preso à rede;
7) o número inicial do fluxômetro.
Ao iniciar navegação:
1) içar a rede ao costado da embarcação;
2) baixar a rede, até a linha da água;
3) checar velocidade de arrasto de 2 nós;
4) zerar a polia hodométrica;
5) liberar o cabo reboque, a uma velocidade de, aproximadamente, 50 m/min;
6) iniciar a marcação do tempo de descida;
7) checar ângulo de inclinação do cabo;
8) checar a quantidade de cabo a cada 30 m lançados, até alcançar a profundida-
de desejada;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AHLSTROM, E.H. A record of pilchard eggs and larvae collected during surveys
made in 1939 to 1941. Special Scientific Report, Washington, n. 54, p. 1-76, 1948.
ARNOLD, E.L. High speed plankton samplers I: a high speed plankton sampler (Model
Gulf 1-A). Special Scientific Report Fisheries, Washington, n. 88, p. 1-6, 1952.
ARNOLD, E.L. The Gulf V plankton sampler. Circular Fish and Wildlife Service,
Washington, n. 62, p. 111-113, 1959.
ARON, W. The use of a large capacity portable pump for plankton sampling, with notes
on plankton patchniess. Journal of Marine Research, Connecticut, v. 16, n. 2,
p. 158-173, 1958.
BAKER, A.D.; CLARKE, M.R.; HARRIS, M.J. The N.I.O. combination net (RMT
1 + 8) and further developments of rectangular midwater trawls. Journal of the
274
Foto: Danilo Calazans
275
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ORGANISMOS BENTÔNICOS
10
Figura 10.1 Exemplos de organismos sésseis: (A) Mollusca (Perna perna); (B) Crustacea (Balanus
improvisus); exemplos de organismos sedentários: (C) Mollusca (Nacella sp.); (D) Mollusca
(Olivancillaria urceus); exemplos de organismos de grande mobilidade: (E) Crustacea (Neohelice
granulata); (F) Crustacea (Ocypode quadrata) [Fotos: André Colling].
2 AMOSTRAGEM
Os estudos em Ecologia Aquática visam principalmente conhecer não apenas a
distribuição e abundância de espécies, mas também aos fatores ambientais responsá-
veis pelos mesmos. Dentre as distintas etapas que envolvem os trabalhos nesse ramo
da ecologia, a obtenção de dados ou amostras, a amostragem, é considerada fundamen-
tal. A eficácia de um plano amostral está relacionada com a possibilidade que se ofereça
uma generalização satisfatória da população, a partir da obtenção dessas amostras.
A qualidade dos dados obtidos através da amostragem determinará o nível dos
resultados alcançados pelo trabalho. Tratamentos estatísticos refinados ou uma redação
elegante não poderão qualificar dados ou amostras incorretas ou de baixa confiabilidade.
Assim, um embasamento teórico sobre amostragem é necessário, para evitar um
excessivo esforço amostral ou a obtenção de dados praticamente sem utilidade ou
3 EQUIPAMENTOS DE AMOSTRAGEM
O tipo de aparelho utilizado para a execução da amostragem deve ser escolhido
de acordo com os objetivos do trabalho, área de estudo, operacionalidade, eficiência
e custo do amostrador e da amostragem (tempo, pessoal, embarcação, entre outras
variáveis). Em algumas situações, a amostragem por equipamentos convencionais, como
por exemplo, aqueles de arrasto ou pegadores de fundo é praticamente impossível; nesses
casos, o emprego de câmeras ou de submersíveis se constitui como alternativa.
saco
vara
patim
Figura 10.3 Exemplo de rede de arrasto de barra com patins em ambos os lados.
Figura 10.4 Exemplo de trenó epibêntico: (A) destaque para a boca com estrutura metálica e
deslizadores laterais; (B) em operação.
A B
Figura 10.5 Exemplos de dragas de arrasto: (A) tipo Piccard; (B) tipo âncora de Sanders
[(B) adaptado de CAREY e HANCOCK, 1965].
A B C
Figura 10.6 Exemplos de tipo de pegadores de fundo: (A) Petersen; (B) van Veen; (C) Smith-
McIntyre; (D) funcionamento de um amostrador tipo van Veen.
O pegador de fundo tipo van Veen (FIG. 10.6B) tem o funcionamento facilitado
por braços fusionados a cada pá, que atuam como um sistema de alavancas, facilitan-
do seu fechamento. É de simples manipulação e boa penetrabilidade, mesmo em
sedimentos arenosos, e mantém a camada sedimentar estruturada (FIG. 10.6D). Testes
indicaram que o amostrador van Veen apresenta uma maior eficiência de captura que
A B
ar
5 cm
sucção
sucção
Figura 10.7 Exemplos de amostradores de sucção. (A) com injeção de água; (B) com injeção
de ar comprimido [adaptado de (A) VAN HARKEL e MULDER, 1975 e (B) EMIG, 1977].
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARNETT, P.R.O.; WATSON, J.; CONNELLY, D. A multiple corer for taking virtually
undisturbed samples from shelf, bathyal and abyssal sediments. Oceanologica Acta,
Paris, v. 7, p. 399-408, 1984.
CAREY, A.G; HANCOCK, D.R. An anchor-box dredge for deep-sea sampling.
Deep-Sea Research, New York, v. 12, p. 983-984, 1965.
ELEFHTERIOU, A.; MCINTYRE, A. (Ed.). Methods for Study of Marine
Benthos. 3.ed. Oxford: Blackwell Science, 2005.
ELEFTHERIOU, A; MOORE, D.C. Macrofauna Techniques. In: ELEFHTERIOU,
A.; MCINTYRE, A. (Ed.). Methods for Study of Marine Benthos. 3.ed. Oxford:
Blackwell Science, 2005. Cap. 6.
ELLIOTT, J.M. Statistical Analysis of Samples of Benthic Invertebrates. Ambleside,
United Kingdom: Freshwater Biological Association, 1993. (Publication n. 25).
294
295
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
PESCA E RECURSOS PESQUEIROS
11
Santiago Montealegre-Quijano, Raul de Bem Jr., Denis Dolci e Luiz Felipe Dumont
CAPÍTULO
A pesca pode ser definida como toda atividade desenvolvida pelo homem para a
extração de organismos aquáticos, do seu meio natural, para diversos fins, tais como
a alimentação humana, a recreação, a ornamentação, a aquicultura ou com fins industriais
Embora usados frequentemente como sinônimos, os termos pesca e pescaria
não devem ser confundidos. Enquanto a pesca é o próprio ato de capturar e retirar
animais aquáticos do seu meio, uma pescaria é o conjunto do ecossistema e dos meios
que nele atuam para capturar uma espécie ou um grupo de espécies, como os barcos
e as artes de pesca. Assim, o termo pescaria aplica-se à atividade pesqueira que é
exercida em um determinado lugar como, por exemplo, a pescaria do Mar do Norte
e a pescaria do sul do Brasil. Também o termo pescaria é utilizado para distinguir as
operações de barcos que se especializam na captura de uma espécie ou de um grupo
de espécies como, por exemplo, pescaria de atuns, pescaria da lagosta e pescaria de
camarões. A palavra pode ainda indicar o sistema de pesca empregado como, por
exemplo, pescaria de arrasto, pescaria de espinhel ou pescaria de cerco (GIMENEZ et al.,
Foto: Diogo Ramos Tavares
1993). Logicamente, essas conotações estão todas interligadas e, nesse sentido, o termo é
suficientemente versátil para definir e caracterizar a pescaria de um determinado recurso
em uma área em particular ou com um aparelho de pesca específico.
298 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
As fibras têxteis usadas na pesca podem ser classificadas, conforme a sua estrutura,
em contínuas, descontínuas ou cortadas, monofilamentos e desdobradas. As fibras
contínuas apresentam comprimento indeterminado, com diâmetro menor que
0,05 mm, e pesam não mais de 0,2 g a cada 1.000 metros. A união de várias fibras,
torcidas ou não, forma os denominados multifilamentos. Uma característica das fi-
bras contínuas é a de que todas as fibras têm o comprimento igual ao do produto
final, o multifilamento. As fibras descontínuas são semelhantes às contínuas, porém com
comprimentos entre 40 e 120 mm, e devem ser retorcidas para formar o fio final, fazendo
que as fibras primárias cortadas mantenham-se juntas e formem um filamento contínuo –
multifilamento. A superfície desses filamentos retorcidos é rústica devido à quantidade de
fibras soltas que sobressaem da superfície, assemelhando-se, por seu aspecto, às fibras
naturais. As fibras descontínuas são menos resistentes e possuem maior extensibilidade
em relação às fibras contínuas. Os monofilamentos são fibras com diâmetro acima de
0,07 mm, suficientemente fortes para que uma única fibra possa ser utilizada como
produto final, sem passar por outros processos. No entanto, os monofilamentos
podem retorcer-se para formar um fio final, como é o caso do polietileno. As fibras
desdobradas são produzidas a partir de cintas que se estendem de tal forma durante
o processo de fabricação que, ao serem torcidas, desdobram-se em fios de diferentes
espessuras os quais, por sua textura, assemelham-se às fibras naturais.
A partir desses quatro tipos descritos, caracterizados como fibras primárias, são
confeccionados os fios utilizados na pesca. Dependendo da forma como são fabrica-
dos, esses fios podem ser monofilamentos (já definidos) ou multifilamentos, os
quais podem ser trançados ou torcidos: nos primeiros, como o próprio nome
indica, as fibras se entrelaçam quando confeccionados, adquirindo forma tubular; nos
segundos, as fibras são torcidas em conjunto, para formar filamentos que, ao serem
torcidos em feixes, formam os denominados cordonéis que, por sua vez, quando
retorcidos, formam cordas ou cabos (FIG. 11.1A). A direção da torção pode ser em
S quando o filamento, cordonel ou cabo, ao ser colocado em posição vertical, os
A fibras
B
primárias
filamentos
cordonéis
cabo ou corda S Z
Figura 11.1 Confecção dos fios utilizados na pesca: (A) estrutura; (B) tipos de torção dos fios
em S ou Z, segundo a sua direção [adaptado de KLUST, 1983].
300 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A malha é a unidade de construção da rede de pesca; tem a forma de um losango,
cujos quatro lados iguais são unidos por quatro nós. O lado da malha, designado pelo
símbolo a, é definido pela medida entre dois nós ou vértices consecutivos. O tama-
nho da malha pode ser designado de várias formas como: 1) a soma dos quatro lados
(4a); 2) o comprimento do lado da malha entre dois nós consecutivos, denominada
(a), que é a medida adotada pelos fabricantes brasileiros; 3) a distância entre dois nós
opostos, tomada por dentro da malha totalmente esticada na direção em que se está
medindo (2a), que é adotada e recomendada pela FAO (FIG. 11.2A).
Denomina-se pano ou panagem de rede uma secção de rede constituída por um
determinado número de malhas. Ao tecer um pano de rede, define-se como a direção
dos nós aquela em que, aplicando-se uma força de tração, tenderá a apertá-los. Por
outro lado, a direção contra os nós é aquela em que, ao aplicar a força de tração, tende
a afrouxá-los. A importância dessa diferenciação entre as duas direções do pano está
relacionada com a montagem da rede, pois a direção dos nós deve sempre coincidir
com a direção em que a rede será tensionada quando estiver operando (FIG. 11.2B).
As dimensões de um pano de rede são definidas como comprimento e altura,
sempre medidas em número de malhas. O primeiro é determinado pelo número de
malhas na direção horizontal (direção do fio ou contra os nós), enquanto a segunda
pelo número de malhas na vertical (direção da rede ou dos nós). Ao ser tecida uma
série de nós consecutivos, é formada uma carreira, que corresponde a uma sequência
de nós na direção de trabalho, ou do comprimento da rede. O comprimento do
pano é estabelecido pelo número de nós da primeira carreira, enquanto a altura do
pano é definida pelo número de carreiras tecidas.
A B
lado da
malha
a
direção
dos nós
2a
Figura 11.2 Panagem: (A) malha e suas dimensões; (B) direção dos nós na confecção dos
panos de rede [(B) adaptado de GARNER, 1986].
302 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
O losango formado pela malha num pano de rede possui duas diagonais, uma vertical,
representada pelo símbolo Y e uma horizontal, representada por X (FIG. 11.3A). Essa
malha pode estar mais ou menos esticada na direção de qualquer um de seus dois
eixos (X e Y). Se a malha estiver totalmente esticada na direção horizontal, sua abertura
horizontal será máxima (X = 2a), enquanto a abertura vertical da malha será zero (Y = 0)
(FIG. 11.3B). Se a malha estiver totalmente esticada na direção vertical, sua abertura vertical
será máxima (Y = 2a) e, nesse caso, a abertura horizontal da malha será zero (X = 0)
(FIG. 11.3C). Em ambos os casos, a malha estará totalmente fechada e, por consequência,
a rede não funcionará. Para que a rede possa trabalhar satisfatoriamente, é preciso que
haja um equilíbrio entre as aberturas vertical e horizontal das malhas.
A B C
X X Y Y X
a
Y a a
X Y
Figura 11.3 Abertura da malha: (A) diferentes graus de abertura nas diagonais horizontal (X) e
vertical (Y); (B) malha totalmente esticada na direção horizontal (X = 2a; Y = 0);
(C) malha totalmente esticada na direção vertical (Y = 2a; X = 0).
304 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
nós
pontas intermediários Ponta transversa ou T
T T
A B
Ponta normal
ou N
C D
AT 1T3B 1T2B 1T1B T
1N1B
1N2B
B
B
B
B 1N3B
B
B AB
AN
Figura 11.4 Cortes de panos de rede: (A) identificação das pontas e dos nós intermediários;
(B) identificação das pontas transversais (T) e das normais (N);
(C) exemplo de corte em barra (B); (D) exemplo de combinação de cortes T, N e B.
Resumindo, pode-se afirmar que cada um dos três cortes altera a largura do pano
em relação a sua altura, da seguinte forma:
N – não altera a largura enquanto avança uma malha na altura;
T – diminui uma malha de largura, sem avançar na altura;
B – diminui 1/2 malha de largura, enquanto avança 1/2 malha na altura.
Em outras palavras, para cada corte há um determinado número de malhas per-
didas ou acrescidas na direção horizontal, para cada malha considerada na direção
vertical do pano.
2.5 Plantas
306 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Tabela 11.2 Abreviaturas e símbolos usados nas plantas das artes de pesca.
De acordo com Sainsbury (1996), vários fatores devem ser considerados para a
escolha do método de coleta, em especial: 1) a especificidade do grupo de peixes ou
recurso pesqueiro a ser coletado, pois as espécies variam nos seus padrões de atividade,
nas suas necessidades ecológicas e nos seus hábitos e comportamento; 2) as caracterís-
ticas do ambiente a ser amostrado, pois a eficiência dos métodos de pesca está
diretamente relacionada a esse fator; 3) a profundidade de coleta, pois diferentes
métodos de pesca estão desenhados para atuar em determinadas camadas de profun-
didade; e 4) aspectos técnicos, como a seletividade dos aparelhos de pesca. É de
fundamental importância definir a priori os objetivos do estudo, pois com base nisso
pode ser delineada a melhor estratégia de amostragem.
O estudo dos recursos pesqueiros está principalmente dirigido à avaliação do po-
tencial de explotação dos estoques naturais das diferentes espécies, no intuito de gerar
o conhecimento necessário para uma administração consciente, que permita o seu
aproveitamento sustentável. Para tanto, os recursos pesqueiros podem ser estudados nos
A rede de cerco é uma arte de pesca ativa, que captura o pescado cercando-o pelos
lados e por baixo, lançada em torno dos cardumes e imediatamente recolhida. Essa arte
de pesca possui dimensões que permitem a captura massiva – ainda que não seletiva – de
espécies pelágicas que formam cardumes. O comportamento de formação de cardumes
torna essas espécies particularmente vulneráveis à pesca com redes de cerco (KING, 1995).
A rede de cerco é desenhada para ser puxada, formando um arco ao redor dos
peixes, e pode ser sem ou com carregadeira. A rede de cerco sem carregadeira –
também conhecida como lampara (FIG. 11.5A) – possui duas mangas laterais, tam-
bém denominadas de asas, e um ensacador na região central, formado por malhas de
menor tamanho, onde se concentra o pescado ao final da operação de pesca. A tralha
inferior é mais curta do que a superior, o que lhe confere uma forma de concha. O
içamento das duas mangas é feito simultaneamente e o peixe, que se concentra na parte
central da rede, pode ser retirado com o auxílio de saricos (FIG. 11.5B). A lampara, em
geral, é operada por um único barco de pequeno porte, entre 9 e 18 metros. É utilizada
para captura de peixes que se localizam próximos da superfície, especialmente sardinha,
manjuba e anchoíta. É bastante comum no Mediterrâneo, nos Estados Unidos, na
Argentina, na África do Sul e no Japão.
A rede de cerco com carregadeira caracteriza-se pela presença de um cabo na
parte inferior da rede – carregadeira – que permite fechá-la, impedindo a fuga dos
peixes por baixo. Essa rede consiste, basicamente, de um longo painel, estendido vertical-
mente pelo poder de flutuação das boias, da tralha superior e pelo peso do lastro e das
argolas da tralha inferior, por onde passa a carregadeira (FIG. 11.5C e 11.5D). A pesca de
cerco com rede de carregadeira pode se destinar a peixes de superfície ou a espécies
pelágicas que alcançam maiores profundidades. A rede é transportada na popa da embar-
cação, juntamente com uma pequena embarcação, denominada panga. Quando os peixes
são localizados, visualmente para espécies de superfície ou com ajuda de instrumentos
hidroacústicos para espécies que se deslocam em camadas mais profundas, a panga é
lançada com dois ou três pescadores, mantendo presa uma das extremidades da rede.
O barco realiza rapidamente um círculo em torno do cardume, enquanto a rede é
lançada. Concluído o cerco, os pescadores da panga passam para o barco a ponta da
rede, que é fechada por baixo, puxando-se a carregadeira; a rede é recolhida por uma
das extremidades, manualmente ou com o auxílio de um power block (FIG. 11.5D). O
círculo vai gradativamente diminuindo e sendo recolhido, até permanecer na água
apenas o ensacador, de onde os peixes são retirados por meio de um sarico.
Normalmente, a tralha superior flutuante sustenta a rede desde a superfície, porém
existe um tipo de rede de cerco em que a tralha superior fica submersa a meia água,
308 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
sustentada por boias através de cabos. Existem variações na rede de cerco, conforme
as espécies-alvo da pescaria, mas, em linhas gerais, segue o padrão anteriormente
descrito e as plantas são de modo amplo similares. Algumas espécies capturadas com
redes de cerco de carregadeira das respectivas frotas são: sardinha, enchova e tainha –
Brasil/Estados Unidos/Europa/Rússia; anchoveta – Chile/Peru; anchoíta – Argentina/
Brasil; savelha – Estados Unidos; bonito e atum – Estados Unidos/Japão/Noruega/
Rússia; e salmão – Estados Unidos/Japão/Rússia.
A B
C
E 0,80
1400 PL 64 L 64 (150gf) 168,00 PA 10
10120 20mm PA R 250 tex
8
200 x 200 5,00
AB
1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 1000 2000 10
40 mm 10 8 mm
1400
2400
2600
tex
2500
2700
2800
2900
2800
2700
2600
2500
3000
3000
2900
3100
400 x 20
3000
3200
3200
3300
3100
AB
300 x 700
AB
20 mm
20 mm PA R 250 tex
PA R 250 tex PA
R
75
tex
10120
20 20 mm PA R 250 tex 20
176 00 PA 10
700 PB 100gf - 400gf/m
200,00 PA 14
6,50
E = 0.84
20 BR 100
BR
8 0 8 - 10
PA
0
10
100
1.50
D
tralha superior
panga
panagem
de rede
tralha inferior
carregadeira
Figura 11.5 Rede de Cerco: (A) sem carregadeira (lampara); (B) sarico utilizado na despesca;
(C) planta de uma rede com carregadeira; (D) esquema de um barco utilizando a rede com
carregadeira [adaptado de NÉDÉLEC e PRADO, 1999].
As redes de arrasto são usadas para capturar diversas espécies de animais bentônicos,
demersais e pelágicos. Assim, cada arte de pesca tem as características de formato e
método de captura específica para cada espécie ou grupos de espécies com compor-
tamentos semelhantes e são rebocadas por uma ou duas embarcações. Essas redes
têm formas cônicas, cujo extremo de maior diâmetro é a abertura anterior da rede,
denominada de boca, pela qual penetram os peixes, ao serem direcionados pelas asas,
ficando confinados na parte posterior do corpo da rede, denominada de saco ou
ensacador. O volume das capturas é determinado pelas dimensões e conformação da
rede e pelo tempo do arrasto. A eficiência da arte de pesca de arrasto depende do
poder de tração das embarcações e do tipo e formato da rede.
Existem numerosas modificações nas redes de arrasto, mas basicamente estão
agrupadas como rede de arrasto de fundo, o qual normalmente é efetuado para
capturar espécies bentônicas e demersais, ainda que espécies pelágicas, que habitam na
coluna de água até 10 m acima do fundo, também possam ser capturadas; ou rede de
arrasto de meia água para a captura de espécies pelágicas (FAO, 1980). Os peixes,
quando assustados por algum componente do conjunto de arrasto, podem fugir em
todas as direções, porém normalmente para frente. Dependendo do formato e da
capacidade natatória, as diferentes espécies conseguem manter-se à frente da boca da
rede de arrasto por tempos variados, até um ponto no qual, por exaustão, a velocida-
de de natação diminui e acabam sendo capturadas.
Ao dimensionar uma rede de arrasto para ser rebocada por uma embarcação,
deve-se procurar o equilíbrio perfeito entre a rede e o barco, pois dessa harmonia
redundará melhor eficiência de captura, economia na sua construção, perfeita opera-
ção e diminuição do consumo de combustível (GAMBA, 1994). As redes de arrasto
possuem formato de cone, composto por um painel superior, que constitui o céu da
rede e um painel inferior, que é o fundo – ou podem ter mais dois painéis laterais – o
que proporciona maior altura à boca da rede. A construção dessas redes é guiada por
plantas, ou plano da rede, onde são especificadas as dimensões de cada painel, o
número de panagens utilizadas, o tamanho das malhas nas diferentes partes da rede, o
material e outras informações técnicas necessárias.
Em linhas gerais, a rede é lançada ao mar e rebocada a uma velocidade que pode
variar de 2.0 a 5.0 nós, dependendo da espécie-alvo; a qual também determina o
diâmetro do fio e o tamanho da malha no pano da rede. Assim, as redes destinadas à
captura de camarão possuem fios mais finos e malhas menores do que as redes de
arrasto destinadas à captura de peixes. Durante o arrasto, as condições ambientais de
mar (vento e correntes) determinam aspectos técnicos da manobra de pesca, como a
velocidade de arrasto, a direção de navegação e a quantidade de cabo que deve ser
solta para atingir a profundidade de pesca. No entanto, o valor da relação entre cabo
310 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
que puxa a rede (cabo real) e a profundidade é em torno de cinco para um; assim, a
uma profundidade de 30 m, soltam-se 150 m de cabo real.
Quando uma embarcação é usada para rebocar a rede, sem que haja dispositivo
de abertura, a tendência da rede é a de fechar horizontalmente, diminuindo a sua
eficiência. É preciso, portanto, um dispositivo para mantê-la aberta na direção hori-
zontal permitindo, assim, a entrada do pescado; esses dispositivos podem ser: a) uma
vara estendida entre as suas duas extremidades anteriores (arrasto com vara ou barra
– beam trawl); b) uma estrutura hidrodinâmica que, rebocada, sob ação da água, per-
mita que a rede fique aberta horizontalmente (portas); ou c) uma estrutura rígida ou
armação que permita que a rede fique aberta na horizontal (dragas). Nas situações em
que dois barcos são usados para rebocar redes de arrasto (arrasto em parelha), cada
um puxa uma das asas da rede; a distância entre as embarcações e o comprimento do
cabo que as une à rede são os determinantes da abertura horizontal.
A abertura vertical da boca da rede de arrasto depende do habitat e comporta-
mento das espécies-alvo da pescaria. Assim, para a captura daquelas com formato
achatado, que se afastam até 1 m acima do fundo, é conveniente o uso de redes com
pouco mais de 1 m de abertura vertical. Para espécies de peixes com formato pisciforme
e que vivem até 5 m acima do fundo, é conveniente o uso de redes com abertura
vertical em torno de 5 m ou mais. O arrasto de meia água é efetuado para capturar
espécies pelágicas, que formam cardumes.
Alguns aspectos operacionais e de conformação dos aparelhos são utilizados tan-
to em redes de arrasto de fundo como nas de arrasto de meia água. Portanto, apre-
sentam-se aqui os tipos básicos de redes de arrasto, salientando se o uso é exclusivo de
um dos dois ambientes ou se, pelo contrário, a rede pode ser utilizada em ambos.
A rede de vara ou barra, do inglês beam trawl, é usada para capturar pequenos
peixes e crustáceos no fundo. O seu uso data do século VII, tendo sido a primeira
rede de arrasto a ser rebocada por barcos, e continua a ser utilizada em escala comer-
cial. As embarcações para arrasto de beam trawl podem trabalhar com dois ou três
aparelhos de pesca, que são arrastados pelos costados ou pela popa do barco.
Como as outras redes de arrasto, o corpo é confeccionado em formato de cone,
caracterizando-se pela presença de uma vara de madeira ou barra de metal na boca da
rede e nas extremidades dessa vara, dois patins de ferro que formam um ângulo reto
com a vara que permitem a abertura vertical e o deslocamento sobre o fundo
(FIG. 11.6A). Dessa forma, no beam trawl não é necessária a força hidrodinâmica para
manter a rede aberta.
O corpo é composto por duas panagens relativamente curtas, costuradas uma à
outra; o tamanho da malha e dos fios depende do porte dos peixes a serem captura-
dos. O pano superior é costurado diretamente à vara horizontal, enquanto a panagem
patim
B MAT 3.60 PP 10
FAC
R tex mm ~ 4.80
95 MAT
3 3 mm R tex
0.70
~4
~1
12
.20
.80
3N 28
8
34
MB
CO
PA / PP
CO
MB
3N 2B
28
A8
.80
12
~1
1.20
PA 70 80 24 24 PA
700 - 870 70
80 700 - 870
( 32 )
1N
4B
4B
1N
PA /
38
PP
38
8
( 30 ) 30
10
25
30 30
( 25 )
C
20
870 - 1315 70 25 5 25 70 870 - 1315
20
30 30
2B
~1N
20
Figura 11.6 Rede de arrasto de vara: (A) formato geral da rede com as suas partes principais;
(B) representação de uma planta para a construção de uma rede de vara; (C) saco
[adaptado de NÉDÉLEC e PRADO, 1999].
312 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
vara
saco
patim
A túnel ou
tralha superior
corpo da rede
mangas ou asas
saco
tralha inferior
portas
malhetes
B
31,32 m 52,90 m
=
10 20 150 mm 3,00 m
1N 3
12,0
3,00 m 150 mm 20 a 42
b
0m
B
CA
40
c
BO
11,25 m
DE
1N 1B
AÇ
mm
B
A-B
Ø1
18
15
2m
1N
Ø
m
12,0 7,32 m 24
BO
CA
362
m
1N
A-B 23,25
13B
f
1N
e
232 6,40 m 62
232
150 mm
2B
4,50 m 30
1N
202
202
4,20 m 140 mm 30
2B
1N
172
172
2B
3,90 m 130 mm 30
1N
142
142
2B
3,60 m 120 mm 30
1N
112 25 25
3,00 m 100 mm 30 112 6 6
112
112
C
100
2150
492,5 492,5 40 80
40
7N 1B
90 mm 200 100
18,00 m
180
11
130 8 5,6
865
7 40
840
180
180
40
92
103 1/2 100 40
25 80
150 312,5 180
9,60m 80 mm 120
100
25
140
103 1/2
h i j
Figura 11.8 Rede de arrasto de fundo: (A) a rede e suas partes com portas retangulares planas para
captura de camarão; (B) representação de uma planta da rede de arrasto; (a) comprimento do painel
superior; (b) comprimento do painel inferior; (c e d) comprimento, material e diâmetro das tralhas
superior e inferior, respectivamente; (e) número de malhas; (f) tipo de corte; (g) malha dupla;
(h, i e j) comprimento, tamanho de malha e número de malhas de cada seção da rede; (C) porta
plana para rede camaroneira de madeira (medidas em mm) de uma vista lateral e do perfil
[adaptado de (A) NÉDÉLEC e PRADO, 1999; (B) VOOREN, 1983 e (C) planta de Mosemar Inc.].
314 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
cabo real
portas
asas ou brincos
corpo mangas
saco ou da rede
ensacador
área malhetes
arrastada
Figura 11.9 Rede de arrasto de fundo com portas planas para captura de peixes
sendo operada por um único barco.
portas
saco
corpo pesos
brincos
B
1.6
1.6
13.30
0
60
MAT
1.6
0
0
1.
R tex mm 2 2 3 3
1.6
PA
1.6
.5
0
8
1.6
1.6
ø7
ø8
AB
0
5
0
7.
21 21 17 17
ø
24 21 21
IRE
7.2
6.3
24
E
IR
0
AB
0
0W
W
20
3N2B
4B
6.3
AB
24
7.
1N1
1N
5 5
2
1.60 0.70
PA 52 52 39 39
1310 200
136 2 92
(32) (14)
1N1B
39
B
1N3
89 66
111 82
1N1B
1N2B
160 21
940
90
120
68 C
90
1N1B
1N1B
120 27
1.30
102 72
153 107
1N1B
1N1B
645 80 60
113 67
226 144
3N2B
40 120
166 75
280 124
3N2B
240
3N2B
450 160
160 4
2.98
24
0
15
0
30
400
0
1T 4B
15
160
160
645 24 200 80
35 80 mm R 3700 tex
160 80
Figura 11.10 Rede de arrasto de meia água com portas: (A) partes e funcionamento da rede de
arrasto de meia água; (B) planta da rede de arrasto de meia água usada no N/Pq Atlântico Sul;
(C) porta vertical curvada, ou suberkrub para arrastos de meia água medidas em mm
[(B) adaptado de NÉDÉLEC e PRADO, 1999 e (C) do Catálogo da NET systems].
316 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
É um apetrecho de pesca usado para capturar peixes, fisgando-os pela boca ou,
com menor frequência, por outra parte do corpo com um anzol, confeccionado em
ferro ou aço, constituído por uma extremidade pontiaguda, com ou sem farpa, ou
barbela, com a função de fisgar. A outra extremidade no final de uma haste, com
argolas ou palhetas, serve para puxar o instrumento e retirar o peixe da água
(FIG. 11.12). Para capturar animais aquáticos com o uso de anzóis, na maioria dos
métodos, há necessidade de fio têxtil (linha) para prender o anzol, além de iscas como
chamariz para as espécies a serem capturadas.
Existem vários tipos de anzol, podendo ser classificados como: 1) simples, com
uma ponta; 2) duplos, com duas pontas; ou 3) triplo, com três pontas (garatéia, com
farpas externas ou internas). Não existe um consenso em relação ao sistema de nume-
ração dos anzóis em relação ao tamanho. Em linhas gerais, são divididos em dois
grupos, pequenos e grandes, sendo que, nos ditos pequenos, a numeração aumenta
com a diminuição do tamanho – de #1 a #22, isto é, um anzol #1 é maior que um
anzol #22. Nos anzóis ditos grandes, a numeração aumenta com o tamanho do anzol
de 1/0 a 20/0. O material normalmente é aço ou aço inoxidável; no entanto, alguns
fabricantes acrescentam carbono, obtendo maior resistência e menor diâmetro, o que
melhora a qualidade do equipamento. Muito importante nos anzóis é a sua resistência
à deformação por forças provenientes dos peixes ou da manobra de pesca.
Os anzóis são utilizados de forma individual ou em grupos. Os apetrechos que os
usam de forma individual são a pesca com linha, a pesca com vara e molinete ou a
pesca com vara e isca viva. No entanto, nessas modalidades, é possível aumentar o
número de anzóis para melhorar a probabilidade de captura dos peixes. Os que usam
os anzóis de forma agrupada são conhecidos com o nome de espinhéis, que serão
descritos mais adiante.
Para a pesca com linha de mão e com vara ou caniço, existe uma variedade de
apetrechos, desde a simples linha de pesca até o uso de varas; incluem-se nesse grupo
a pesca com isca viva e a maioria das pescarias praticadas por lazer. Na pesca com
linha de mão, utiliza-se linha de náilon, com um ou vários anzóis colocados na sua
extremidade, na qual podem ser utilizados flutuadores próximos ao anzol, quando o
objetivo é capturar peixes ao longo da coluna de água. Para capturar peixes no fundo
ou em águas com correnteza, usam-se chumbadas de diferentes pesos. A pesca com
vara é a prática mais comum na pesca esportiva, que pode ser realizada desde
embarcações, ou às margens de rios, portos e praias. Esse método de coleta é
amplamente usado na pesca de espécies costeiras e de águas interiores, apropriada
para capturar peixes em ambientes rochosos ou coralinos. Quando realizada desde
embarcações com o barco em movimento, é conhecida como pesca de corrico
(FIG. 11.13A), e destina-se à captura de dourados, cavalas e alguns atuns, que são
atraídos pelas iscas em movimento (FIG. 11.13B).
318 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
argola
olho
haste
ponta
comprimento total
abertura
garganta ou mordida
comprimento frontal
barbela
curvatura
RUB Ø 460
PA
PA
MO
MON
PA MO
NO
FAC
O Ø
PA MONO Ø
Ø2
NO
-2,5
B
2-2,5
PA MONO Ø 1,6
Ø 2-2,5
2-2,5
X
XX
XX 3 - 4 PL
PA Ø
~ 68
~ 35
Pb
PA XXXXX Ø 3 - 4
~ 1.6 kg
FAC
BR
PL
RED
SW
PA MONO Ø 1,6
~ 1.80
Figura 11.13 Pesca com anzóis do tipo corrico: (A) barco em movimento rebocando anzóis;
(B) tipos de anzóis [adaptado de NÉDÉLEC e PRADO, 1999].
320 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
A
boia de plástico boia rádio
400 - 450 PL Ø 300
8.00 - 25.00
cabo PA Ø 5 - 6
de boia
50.0
0-6
0.00
linha
principal 10.00 - 20.00
PA Ø 2 - 4
linha secundária
principal C rincipa
l
PES (~PA) Ø 6 - 7 linha p
rias
undá
ha s sec
n tre lin
ST 0.3 nto e
presilha çame
de aço espa
anzol
isca
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaa
No espinhel de tipo vertical, a linha principal possui, em uma das suas extremidades,
um flutuador com um sinalizador, que pode ser uma bandeira ou uma luz intermitente
322 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
3.4 Covos
Na pesca com covos, o seu formato deve permitir o fácil acesso ao seu interior e
dificultar o escape. Existem diversos formatos, tipo garrafa, ovóide, tubular, afunilado,
hexagonal, quadrado, retangular, losangular, triangular, em Z e circular (FIG. 11.16). As
entradas podem ter também os mais variados formatos: circulares estreitando-se em
forma de V; semicirculares e retangulares. As aberturas normalmente estão localizadas
nas laterais e na parte superior, porém podem se localizar na parte inferior, como no
caso das garrafas. O espaço interior do compartimento de cada covo depende de
cada espécie; deve ser o menor possível, para evitar custo desnecessário, e grande o
suficiente para prevenir canibalismo ou predação. Para polvos, a armadilha tem em
torno de 600 cm3; para camarão, de 4.000 a 7.000 cm3; para caranguejo real, de 2.500
a 4.500 cm3; para siri, 20.000 cm3; e para pargo, 4 m3.
200
280
350
320
aaa
aaa
aaa
aaa
aaa
C D
Figura 11.16 Exemplos de covos de uso comum na pesca artesanal: (A) covo circular de
panagem (medidas em mm); (B) covo semicircular com arame ou panagem; (C) covo
retangular com panagem; (D) covo retangular de madeira [adaptado de FAO, 1987].
324 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
isca
entrada
entrada
lastro
B C D
50 70mm
PE R 320 tex 585
25
aaa
aaa
isca aaa
aaa
aaa
310
405
120
Ø 25
lastro 3 kg
25
90
405
Figura 11.17 Medidas para construção de um covo semicircular: (A) covo finalizado;
(B) vista frontal; (C) vista lateral; (D) vista de cima [adaptado de NÉDÉLEC e PRADO, 1999].
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
As redes de emalhar são artes de pesca que capturam peixes ao constituírem uma
barreira física ao seu deslocamento natural; consistem basicamente em uma longa
parede de pano-de-rede, que pode ser lançada em qualquer profundidade. As tralhas
constituem a estrutura básica na qual se sustenta a armação da rede; a tralha superior é
constituída por um cabo resistente, que sustenta o pano da rede na vertical através de
um conjunto de flutuadores, os quais podem ser constituídos de diversos materiais
como madeira, isopor, vidro e plástico e de diversas formas como cilíndricas, ovais,
globulares variando em tamanho e número, conforme as necessidades. Os flutuadores
normalmente devem possuir dimensões que não permitam que eles penetrem nas
malhas, evitando que fiquem emaranhados com o pano (geralmente maiores do que
as malhas), e a distância entre eles deve ser de, no máximo, 75% da altura da rede
(FRIEDMAN, 1986). Os flutuadores devem ser resistentes para suportar a pressão da
água e de boa qualidade para não perderem, total ou parcialmente, o poder de flutuação
em grande profundidade. Já a tralha inferior é constituída por um cabo resistente e de
material pesado (mais denso que a água), tracionando o pano na vertical para baixo;
os lastros utilizados podem ser de diversos materiais (chumbo, ferro, cerâmica, tijolo,
saco de areia, entre outros) e de várias formas (tubular, cilíndrica, em elos, retangular,
por exemplo). Esses pesos devem ser colocados na direção dos flutuadores, em
quantidade proporcional ao empuxo da tralha superior, conforme o tipo de rede. A
tralha inferior também influi na tensão dos lados das malhas, no caso, de redes de
superfície (FIG. 11.19).
O fio que prende a panagem às tralhas é denominado de fio de entralhe. A panagem
é fixada às tralhas em distâncias fixas, denominadas de encala, ou arcala, sendo que a
cada encala coloca-se um número determinado de malhas, que será responsável pela
forma de armação da rede. O fio de entralhe deve ser mais forte do que o da
construção do pano. No entralhamento, os cabos das tralhas devem estar bem estica-
dos e não podem torcer-se depois de presos à panagem.
A confecção de redes com monofilamento apresenta algumas vantagens em rela-
ção a custos e algumas propriedades físicas, como transparência, resistência, elasticida-
de, flexibilidade, estabilidade dos nós e diâmetro do fio. A superfície do pano de rede
é um dos parâmetros que, relacionado com sua altura e com o comportamento do
peixe, influi significativamente na eficiência do apetrecho de pesca, já que as redes
podem ser confeccionadas para a faixa de profundidade de localização da espécie
que se quer capturar. Redes com mesma superfície podem ter rendimento de captura
por m² diferente para a mesma espécie, se houver variação no parâmetro de altura.
Redes para captura de espécies pelágicas, que possuem maior poder de migração na
vertical, necessitam ser de maior altura, cobrindo por vezes toda coluna vertical de
água. No Rio Grande do Sul, as redes para espécies pelágicas, geralmente enchovas,
cobrem toda coluna da água, pois grande captura é efetuada nas zonas costeiras.
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E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Redes para espécies de fundo, com forma achatada, e também para camarões, não
devem ter mais do que 1,5 a 2 m de altura. A captura de bagre, pescada, castanha,
pescada olhuda e de corvina, exige redes com 4 a 5 m e até 7 m de altura.
A 26 PL
200
45
0,45 450
SIS Ø 5 Rtex
950
700
450
320
450
27 Ø
PP
,5 16
530
5
700
950
1150
27,50 PP Ø 16 0,45
450
sis Ø 6
5,30 PP Ø 10
600
32 180 mm PA Rtex 320 32
600
54,00 + 2,00 PP Ø 16
x 15 - 70
3,00 - 4,00
PA Ø ~ 6
CEM 0,65 kg
30 PL 100 gf 21.00 PA Ø 5 - 6 x 2 (1S + 1Z) 0,90
600
8,00 PA Ø 4 FAC
8,00 PA Ø 4 FAC
200 (175 - 250)
PA
53 mm
R 150 tex
½ ½
600
140
R 700 tex
100
PP
x2
Figura 11.19 Plantas de redes de emalhar: (A) rede de emalhar de fundo; (B) rede de emalhar
de meia água [adaptado de NÉDÉLEC e PRADO, 1999].
3.6 Draga
328 S ANTIAGO M ONTEALEGRE -Q UIJANO , R AUL DE B EM J R ., D ENIS D OLCI E L UIZ F ELIPE D UMONT
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
da barra dianteira, serve para reter a captura; a barra dentada é enterrada no fundo e,
ao ser puxada pela embarcação, a draga arrasta os mariscos da areia ou lama, deposi-
tando-os na rede. As embarcações de maior capacidade arrastam várias dragas em
ambos os lados (FIG. 11.21C). Nas dragas de sucção e hidráulicas, jatos de água são
direcionados aos sedimentos, deslocando os mariscos, que são coletados em uma
rede (draga hidráulica) ou aspirados da superfície através de um tubo (draga de sucção).
4 PROSPECÇÃO PESQUEIRA
No estudo de avaliação do estado de exploração de recursos pesqueiros, as prin-
cipais fontes de dados são as próprias pescarias. A composição específica das captu-
ras e os seus respectivos volumes e estruturas de tamanhos permitem obter um retra-
to do que está acontecendo na pescaria. Cruzeiros oceanográficos de prospecção de
recursos pesqueiros também são vantajosos para a coleta desse tipo de dados, pois
em desembarques comerciais, parte da captura que não possui interesse é descartada
no mar.
Nos cruzeiros científicos, o ambiente marinho que será prospectado determina os
métodos de coleta. Para recursos demersais de fundos arenosos, por exemplo, a
principal estratégia de coleta de peixes são as redes de arrasto de fundo; para fundos
rochosos, são armadilhas ou anzóis, entre outros. Esses tipos de estudos
cuidadosamente planejados, permitem obter estimativas de: 1) biomassa total e taxas
de captura; 2) biomassas de determinadas espécies; 3) coleta de dados biológicos para
estudos dos parâmetros populacionais; 4) coleta de dados ambientais, entre outras
importantes informações. Um primeiro passo é, com base nos objetivos do estudo,
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E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
definir a área que será prospectada, o método de amostragem que será utilizado e o
desenho amostral da prospecção (número de lances e estratificação da amostragem,
por exemplo). Os dados que são registrados em cada estação de coleta são:
1) especificações sobre o método de coleta que dizem respeito aos dados técnicos da
conformação da arte de pesca; 2) especificações sobre as estações de coleta que se
referem à posição, hora, profundidade, temperatura, salinidade, ao tempo de arrasto,
e comprimento do cabo real lançado; e 3) registros da captura que se referem à
amostragem biológica.
Em prospecções com redes de arrasto as capturas podem ser volumosas, o que
faz necessário dividir ou quartear a captura em pequenas subamostras para a coleta
dos dados. Para tanto, toda a captura é pesada em cestos ou monoblocos, enchidos
com todas as espécies misturadas e apanhadas de forma aleatória. Uma subamostra
considerada representativa do total capturado é de aproximadamente 20% em peso
desse total (SPARRE e VENEMA, 1993). Assim, depois de pesada toda captura, escolhe-
se o número de monoblocos que somam 20% do peso da captura, para determinar
a sua composição específica, o percentual em peso representado por cada espécie e
outros dados biológicos. Se a captura for muito grande, a subamostra pode ainda ser
subdividida, com as respectivas proporções, para a estimativa do total da espécie.
Todo esse processo deve ser executado seguindo um roteiro rigoroso de segurança
no mar que pode ser descrito da seguinte forma:
1) extrair os peixes perigosos, como bagres com espinhos, raias elétricas ou outros;
2) extrair dejetos inorgânicos, já que isso é um dado interessante de ser quantificado
em separado;
3) separar os peixes maiores, que podem introduzir erros na pesagem dos
monoblocos;
4) lavar e misturar a captura;
5) colocar a captura misturada em cestos ou monoblocos;
6) contar e registrar o número de cestos ou monoblocos;
7) coletar e processar a subamostra (triar, pesar, medir e coletar amostras
biológicas das espécies);
8) estimar a proporção entre a subamostra e a captura total por espécie;
9) contar e pesar os peixes maiores, previamente separados e, em caso de
sobreposição das espécies, somar os pesos;
10) estimar a densidade.
Para obter estimativas de densidade e da biomassa nos arrastos de fundo, utiliza-se
o método de área varrida, o qual consiste em quantificar a cobertura do arrasto e
estimar o volume em peso ou o número de indivíduos por espécie obtendo-se, assim,
uma medida de densidade populacional das diferentes espécies. Para dimensionar a
D=VxT
em que:
D é a distância arrastada;
V é a velocidade de navegação;
T é o tempo de arrasto.
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E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
A 1 2 3 B 1 3
C 1 2 3 D 5 3
Entretanto, algumas das medições podem ser mais precisas em algumas espécies e
menos, em outras: em peixes ósseos, por exemplo, os raios das nadadeiras caudais de
muitas espécies, frequentemente se quebram ou danificam, devido à sua fragilidade.
Dessa forma, o CT ou o CF deixam de ser medidas precisas, sendo aconselhado o
uso do CP. Em peixes cartilaginosos, o posicionamento da nadadeira caudal dos tubarões,
em relação ao eixo longitudinal do corpo, pode variar – em função disso, o comprimento
total também não é a medida mais precisa e, por isso, a opção pelo comprimento furcal
ou padrão torna-se o procedimento mais adequado. Em algumas espécies de raias, observa-
se uma maior variação no crescimento na largura do que no comprimento do corpo,
sendo, portanto, essa medição a mais indicada ao tamanho do espécime.
Em crustáceos, as principais medidas utilizadas para os camarões são: compri-
mento da carapaça (CC), medido com um paquímetro, como a distância entre o
limite posterior da órbita ocular e a margem posterior da carapaça; comprimento
total (CT), considerado como a distância da ponta do rostro ao final do telson;
comprimento do abdome (CA), distância entre o final da carapaça e a ponta do
telson; e comprimento do rostro (CR), distância entre a ponta anterior e a margem
pós-orbital da carapaça. Para estas últimas três, utiliza-se um “camaronômetro”
(FIG. 11.24). Todas as medidas estão representadas na Figura 11.25.
Nos siris e caranguejos, as principais medidas utilizadas são: o comprimento da
carapaça (CC), medido entre os espinhos anteriores e o final da carapaça; a largura da
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E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
2
4
Figura 11.25 Medidas utilizadas em estudos de biometria de camarões: (1) comprimento total;
(2) comprimento da carapaça; (3) comprimento do abdome; (4) comprimento do rostro
[Foto: Danilo Calazans].
4
3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FAO. FAO Catalogue of Fishing Gear Designs. Rome: FAO Fisheries and
Aquaculture Department, 1980.
FAO. Small-Scale Fishing Gear. Rome: FAO Catalogue. 1987.
GAMBA, M.R. Guia Prático de Tecnologia de Pesca. Itajaí: CEPSUL, 1994.
GARNER, J. How to Make and Set Nets. Oxford: Fishing News Books. 1986.
GIMENEZ, C.; MOLLINET, R.; SALAYA, J.J. La Pesca Industrial de Arrastre.
Venezuela: Ed. Grupo Carirubana, 1993.
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E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
C ETÁCEOS 339
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
profundas. Para compensar a ausência ou insuficiência de luz e a diminuição da eficiência
da visão, os odontocetos desenvolveram o sistema de ecolocalização ou biossonar. Sons
de alta frequência, produzidos nas vias aéreas, são conduzidos para o meio externo através
do melão, uma estrutura de tecido adiposo localizado na frente da cabeça. O som propa-
ga-se na água até atingir uma barreira, que pode ser o fundo do mar ou o alimento. O eco
refletido é captado, principalmente através da mandíbula, também preenchida por um
tecido gorduroso, e transmitido para o ouvido interno, onde é transformado em impulsos
nervosos, que chegam ao cérebro. Através da ecolocalização, o cetáceo identifica a forma,
a textura, o tamanho e a distância de suas presas ou de qualquer outro objeto.
outras sazonais, aparecendo apenas em certas estações do ano, enquanto muitas habi-
tam nossa costa durante o ano todo. A maioria das grandes baleias filtradoras alimen-
ta-se, durante o verão, nas produtivas regiões polares e migram para as águas tropicais
e subtropicais para acasalamento e reprodução, no inverno. Parte da população de
baleias-franca – Eubalaena australis, da família Balaenidae, e baleias-jubarte – Megaptera
novaeangliae, da família Balaenopteridae, reproduzem-se em águas rasas do litoral bra-
sileiro. A baleia-franca, antes de ser intensamente caçada no litoral brasileiro, reprodu-
zia-se desde a Bahia até o Rio Grande do Sul; a espécie está lentamente se recuperan-
do dos efeitos da caça, porém a população ainda é pequena e sua área de reprodução
está concentrada no litoral catarinense, embora alguns indivíduos se reproduzam mais
ao norte e também no litoral gaúcho. A baleia-jubarte, caçada até a beira da extinção
em águas antárticas e subantárticas, vem se recuperando satisfatoriamente, como re-
sultado da moratória da caça comercial. Assim, sua área de reprodução parece estar
se expandindo além dos locais preferenciais, as águas rasas do litoral baiano e capixaba,
especialmente o Banco dos Abrolhos. Outros balaenopterídeos, incluindo a baleia-
azul, maior vertebrado que habita a Terra, reproduzem-se em águas profundas, mais
afastadas da costa nordeste. A baleia-de-Bryde – Balaenoptera edeni, único balaenopterídeo
que não realiza migrações sazonais, é frequentemente observada na costa sudeste do
Brasil durante o verão, alimentando-se de sardinhas, em zonas de ressurgência, especi-
almente na região de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.
Os odontocetos, com exceção do cachalote macho, não realizam migrações sazo-
nais. Entre eles, destacam-se os delfinídeos (família Delphinidae), grupo ecologica-
mente mais diversificado entre os mamíferos marinhos. Com 37 espécies, os delfinídeos
ocupam uma ampla variedade de ambientes e posições tróficas. Estão presentes des-
de regiões polares até mares tropicais, ocorrendo tanto em águas oceânicas profundas
como em áreas costeiras e em ambientes fluviais – muitas dessas espécies ocorrem o
ano todo na costa brasileira, ocupando diferentes ecossistemas. Algumas são consu-
midoras secundárias, alimentando-se de pequenos peixes filtradores; outras ocupam
níveis tróficos mais elevados, como a orca, o maior predador dos mares, ocupando
o topo da teia alimentar dos oceanos. Essa espécie alimenta-se de uma ampla varieda-
de de presas, desde pequenos peixes, lulas, até grandes baleias e tubarões, dependen-
do da população; todas as demais famílias são altamente especializadas.
As baleias-bicudas – família Ziphiidae e o cachalote – Physeter macrocephalus, da
família Physeteridae, alimentam-se quase exclusivamente de lulas de águas profundas
além da plataforma continental; as baleias-bicudas apresentam adaptações ecológicas
extremas: a maioria delas tem um único par de dentes, que emerge apenas na mandí-
bula dos machos adultos, os quais não têm função de capturar presas, que é feito por
sucção. Essa elevada especificidade trófica das baleias-bicudas e dos cachalotes limita
seu papel no ecossistema marinho e determina seu padrão de distribuição. Apesar das
baleias-bicudas serem a segunda família mais diversificada entre os cetáceos, com
C ETÁCEOS 341
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
21 espécies, raramente são avistadas no mar, provavelmente por ocorrerem muito
longe da costa, em águas profundas, além da plataforma continental e por, geralmente,
andarem solitárias ou em pequenos grupos.
3 ESTUDOS EMBARCADOS
A pesquisa com cetáceos, devido à maior acessibilidade, é desenvolvida com mais
frequência com espécies costeiras, uma vez que cruzeiros de pesquisa em águas distan-
tes da costa são caros e logisticamente mais complexos. Por isso, a ecologia das espé-
cies mais pelágicas é menos conhecida e, parte do que se sabe sobre suas distribuições,
provém de observações oportunistas a partir de embarcações turísticas, mercantes,
de lazer ou mesmo de cruzeiros de pesquisa oceanográfica não dedicada ao estudo
dos cetáceos, as quais são consideradas plataformas de oportunidade para coleta
de dados de cetáceos – para as quais há um protocolo mínimo de coleta de dados,
descrito no item 3.6 deste capítulo. Embora os dados coletados de forma oportunis-
ta gerem, muitas vezes, informações novas, principalmente de espécies pouco conhe-
cidas ou de regiões remotas, aspectos ecológicos mais relevantes, para compreender
o papel dos cetáceos no ecossistema, tais como diversidade, distribuição, extensão da
área de vida e abundância, são possíveis apenas por meio de cruzeiros dedicados. As
atividades de campo desenvolvidas para o estudo de cetáceos a bordo de um navio
oceanográfico são realizadas principalmente durante o dia; apenas estudos que utili-
zam detecção acústica podem ser conduzidos à noite. Um dos métodos mais utiliza-
do para estimativas de abundância é o de transecções lineares para amostragem de
distâncias (BUCKLAND et al., 2001), porém modelos de marcação-recaptura (MR) são
bastante utilizados, especialmente para pequenas populações costeiras (SEBER, 1982).
1
Disponível em: <http://swfsc.noaa.gov/textblock.aspx?Division=PRD&id=1446&ParentMenuId=147>
Figura 12.1 Observadores procurando cetáceos. (A) a partir dos pontos elevados da
embarcação, como o tijupá; (B) uso de binóculo reticulado e do medidor de ângulo horizontal
[Fotos: (A) Dimas Gianuca e (B) Projeto Baleias-Proantar].
C ETÁCEOS 343
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
indivíduo) avistado e o horizonte, o rumo e a posição geográfica do navio são infor-
mações que devem ser tomadas imediatamente após a avistagem. Com essas infor-
mações, o ponto exato do indivíduo (ou grupo), bem como sua distância do triângu-
lo retângulo até a linha de transecção do navio, pode ser obtido por simples
trigonometria, uma vez que a distância perpendicular x – do grupo até a transecção –
é igual à distância radial r (do indivíduo ou grupo até o observador – obtida pela
leitura do número de retículas entre a o grupo e o horizonte) multiplicada pelo seno
do ângulo horizontal (α), obtido pelo transferidor (FIG. 12.4).
344
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Figura 12.3 Transferidor utilizado para medir o ângulo horizontal do grupo avistado.
As setas vermelhas indicam as duas hastes, que devem ser alinhadas com a avistagem
[Foto: Juliana Di Tullio].
Foto: Luciano Dalla Rosa
345
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A B
transecção
x
avistagem
r
α
baleia
horizonte
d
r
Figura 12.4 Esquema de tomada de ângulos e distâncias necessários para estimar a distância:
(A) perpendicular (x). O ângulo horizontal (α) do grupo em relação à proa do navio é tomado
com o transferidor; (B) distância radial (r) a partir da leitura do número de retículas do binóculo
e a perpendicular (d) são obtidas, por trigonometria.
em que:
A é a área de estudo;
n é o número de avistagens;
C ETÁCEOS 347
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Se, por acaso, as transecções lineares estiverem distribuídas, por exemplo, sobre
feições batimétricas, onde haja uma alta concentração de animais, a abundância pro-
vavelmente será sobreestimada. Da mesma forma, se as linhas estiverem sistematica-
mente em áreas de baixa densidade, a abundância total será subestimada.
Todos os animais localizados na linha são detectados (i.e. g(0) = 1)
– Se violada, resultará em abundância subestimada (p é subestimado).
– Pode ser relaxado se:
– detecção a uma pequena distância da linha for certa;
– for possível obter uma estimativa da proporção dos animais detectados
na linhaþ (g(0)).
Os esforços de observação devem ser maiores sobre a linha da transecção. Isso é
obtido naturalmente quando a área de varredura dos observadores em direção à
proa da embarcação se sobrepõe.
Os animais são detectados na sua posição inicial
– Movimento na direção do observador (atração) resulta em superestimativa
de densidade ou abundância.
– Movimento na direção contrária ao observador (repulsão) resulta em
subestimativa de densidade ou abundância.
Essa premissa é dificilmente alcançada, especialmente para animais menores (pe-
quenos cetáceos) ou que realizam mergulhos longos (baleias bicudas). O uso de binó-
culos de longo alcance, como os big-eye (25x50), ajuda a satisfazer essa premissa, po-
rém, na prática, é eficiente apenas em condições de bastante calmaria, pois qualquer
balanço ou trepidação do navio dificulta a estabilização da imagem.
As medidas (distâncias e ângulos) são tomadas sem erro
– Erros nas distâncias e ângulos podem dificultar a estimativa da função de detecção.
– Distâncias próximas à linha devem ser tão exatas quanto possível.
– As distâncias mais longes da linha são menos importantes para o ajuste da
função de detecção do que as mais próximas.
Nesse caso, devem-se evitar arredondamentos e o observador deve ser rigoroso
para tentar fazer a melhor leitura possível dos ângulos e distâncias em quaisquer con-
dições de mar.
Uma alternativa para o método de transecção linear para amostragem de distânci-
as é o de amostragem por faixa, o qual assume que a probabilidade de detecção
dentro desta faixa não varia com a distância. Além disso, a abundância de algumas
populações pode ser estimada por métodos de Marcação-Recaptura de animais
fotoidentificados.
3.2 Fotoidentificação
Figura 12.5 Exemplos de marcas naturais utilizadas para fotoidentificação de algumas espécies
de cetáceos: (A) golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus); (B) golfinho-de-Hector
(Cephalorhynchus hectori); (C) baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae); (D) baleia-franca-austral
(Eubalaena australis) [Fotos: (A) Pedro Fruet; (B e C) Eduardo R. Secchi e (D) Glauco Caon].
C ETÁCEOS 349
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
social, taxas de sobrevivência e fecundidade, idade de primeira reprodução, intervalos
de nascimento e sazonalidade reprodutiva. Caso fotografias de animais sejam obtidas
em mais de uma área, podem-se determinar a distribuição, os padrões de movimen-
tos de curto prazo e até mesmo migrações. Quando os indivíduos são seguidos ao
longo de vários anos, aplicando-se modelos de marcação-recaptura aos dados coletados
por meio da fotoidentificação, pode-se alcançar maior compreensão da dinâmica
populacional; assim, essas abordagens vêm sendo utilizadas com êxito para estimar a
abundância de diversas espécies de cetáceos, especialmente de populações de hábitos
costeiros, devido a sua maior acessibilidade.
Todavia, a robustez e validade dessas estimativas estão diretamente relacionadas à
qualidade dos dados coletados, a qual depende da nitidez das fotos e de uma estraté-
gia de amostragem (esforço e cobertura espaço-temporal) apropriada. Por isso, deve-
se tentar adquirir imagens que permitam identificar com confiabilidade o maior nú-
mero possível de indivíduos. Normalmente isso é alcançado através de fotografias
tiradas a partir de pequenas embarcações (botes infláveis, por exemplo), as quais
permitem maior agilidade para a aproximação do grupo-alvo, na busca do
posicionamento adequado do fotógrafo em relação ao animal e à luminosidade; além
disso, pequenas embarcações possuem plataformas baixas, deixando o fotógrafo em
um nível próximo da altura do animal. Isso favorece a aquisição de imagens da nadadeira
dorsal ou caudal do animal sem eventuais distorções causadas por grandes angulações
entre a altura/posicionamento da lente fotográfica e o animal, o que pode mascarar
marcas de longa duração (FIG. 12.6). Sendo assim, deve-se procurar manter o fotógrafo,
sempre que possível, o mais próximo da altura média da nadadeira do animal e sempre
perpendicular ao mesmo. A contraluz também deve ser evitada, pois as fotografias
adquiridas acabam inviabilizando a utilização de outros tipos de marcas (como
arranhões profundos) que ajudam na identificação dos indivíduos. Embora a utiliza-
ção de embarcações de pequeno porte seja ideal, resultados razoáveis, para algumas
espécies, podem ser alcançados a partir de embarcações de médio/grande porte.
No caso de grandes embarcações, que possuam botes infláveis a bordo, é reco-
mendado a utilização destes para fins de fotoidentificação, salvo em condições desfa-
voráveis de mar – escala Beaufort 3 ou mais é inadequada para pequenos cetáceos. A
procura por estes animais deve ser realizada a partir das plataformas altas do navio,
pois aumentam as chances de detecção: ao avistar um grupo, ao menos um pesquisa-
dor deve manter-se nesses locais de observação para monitorá-lo e instruir os pesqui-
sadores a bordo do inflável, através de comunicação por rádio, sobre a posição do
grupo no mar. Para uma boa coleta de dados, recomendam-se, além do piloto, duas
pessoas a bordo do bote inflável: uma, para fotografar os indivíduos e outra para
anotar os dados relativos à estimativa do tamanho e da composição do grupo (núme-
ro de filhotes, juvenis, adultos), além da hora de início/término das observações e do
número de fotografias tiradas. Sugere-se também o registro de outras informações
potencialmente úteis para estudos ecológicos, tais como profundidade, posição geo-
gráfica, dados oceanográficos e comportamento. Indica-se que o fotógrafo seja sem-
pre o mesmo, a fim de evitar a introdução de mais uma fonte de variação nas proba-
bilidades de captura.
Uma variedade de modelos de máquinas digitais pode ser utilizada, desde que as
mesmas possuam boa resolução de armazenamento de imagem e alcancem altas velocidades
de disparo: são recomendadas entre 600-1000 uma vez que, principalmente os pequenos
cetáceos, são animais muito ágeis e, se utilizadas velocidades baixas, a nitidez da foto
poderá ser comprometida. De uma maneira geral, mesmo em dias claros, deve-se optar
pela utilização da ASA 400 pois, na maioria dos casos, a lente estará apontada para a água,
causando perda de luminosidade. Assim, em casos de fotografias tomadas da proa do
navio, a fotometragem deve ser realizada com a máquina apontada para água e não
para o horizonte. Em ocasiões de pouca luz (início de manhã/final de tarde), ASAs
C ETÁCEOS 351
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
maiores podem ser utilizados (entre 600-800), para que seja possível alcançar altas
velocidades sem causar grandes prejuízos à nitidez da foto. Mesmo que câmeras
relativamente simples possam ser utilizadas para esse propósito, recomenda-se o uso
de câmeras com lentes intercambiáveis; preferencialmente, devem-se utilizar lentes com
teleobjetivas com magnificação de 100-300 mm ou 70-200 mm, que permitem ao
fotógrafo lidar com as rápidas mudanças nas distâncias, ocasionadas pelas aproximações
ou afastamento inesperados dos animais em relação à embarcação. Embora vários formatos
para o armazenamento de arquivos fotográficos possam estar disponíveis em câmeras
digitais mais avançadas, sugere-se, de maneira geral, regular a câmera para arquivar a
imagens no formato RAW ou JPEG, com resoluções acima de 2 Mb.
Os arquivos fotográficos obtidos através de máquinas digitais devem ser transfe-
ridos para um computador, em que a análise deve ser realizada: o primeiro passo
consiste em selecionar as fotografias a serem utilizadas nas análises de identificação
individual, excluindo aquelas que não atingirem os critérios mínimos exigidos para o
que se considera uma fotografia de boa qualidade. Os critérios básicos utilizados para
a seleção das fotografias devem sempre considerar: 1) nitidez; 2) proximidade;
3) ausência de brilho ou espuma; 4) proporção da superfície da nadadeira dorsal
exposta e 5) ângulo em relação ao animal. Uma foto de boa qualidade é aquela na qual
a nadadeira está no foco e completamente exposta, próxima, sem brilho ou espuma
e que esteja perpendicular ao fotógrafo. Somente fotos de boa qualidade devem ser
utilizadas na identificação dos animais e, por conseguinte, na estimativa de abundância.
A restrição na utilização de imagens de boa qualidade visa a evitar erros de identifica-
ção individual causados por distorções ou encobrimento das marcas. O uso de ima-
gens de baixa qualidade pode ocasionar erros graves, como assinalar o mesmo animal
como sendo dois animais distintos (falso negativo) ou, então, dois animais distintos
como sendo o mesmo animal (falso positivo), os quais resultam em vieses nas estima-
tivas de tamanho populacional. Esses erros também afetam outros estudos que usam
marcação-recaptura como, por exemplo, migrações, uso de habitat, estimativas de
taxas de sobrevivência e reprodutivas; por isso, recomenda-se grande rigor na seleção
das fotos. Para facilitar a comparação das fotografias, podem-se utilizar softwares de
manipulação de imagens que permitam visualizar diferentes arquivos simultaneamente,
por exemplo, Picasa e Photoshop. Em casos nos quais as populações são grandes,
existem softwares gratuitos disponíveis na internet, desenvolvidos exclusivamente para
auxiliar na identificação individual, por exemplo, FinBase, FinScan e Darwin.
A partir do momento em que se inicia a análise das fotos selecionadas e os animais
marcados vão sendo identificados individualmente, deve-se dar início à elaboração de
um catálogo de referência de fotoidentificação. Cada indivíduo fotoidentificado
deve receber um código individual contendo o local, seu número no catálogo e a data
em que foi fotografado, por exemplo, LP001-10/11/09, em que, LP são as iniciais de
Lagoa dos Patos. Sempre que um indivíduo marcado é detectado, devem-se compa-
rar suas marcas com as dos indivíduos previamente catalogados; caso o mesmo não
tenha sido fotografado anteriormente em uma determinada ocasião amostral, deve
receber um novo código e ser adicionado ao catálogo – caso contrário, deve-se
considerá-lo como uma reavistagem (ou recaptura).
Cada ocasião amostral deve, então, ser analisada separadamente em uma planilha
específica. Para cada grupo amostrado registrar-se-ão os seguintes dados: identifica-
ção dos animais marcados (tomando como referência o catálogo), o número total de
indivíduos fotografados no grupo, de animais marcados, de animais sem marca, nú-
mero total de fotografias, de fotos de boa qualidade, de fotos de animais marcados e
sem marca. Para facilitar a análise de dados, uma matriz contendo o histórico de
capturas dos animais fotoidentificados deverá, então, ser elaborada: na primeira colu-
na, estarão contidos os códigos dos animais e, na primeira linha, o número da ocasião
amostral. Essa matriz deve ser assinalada com o número 1, quando o animal foi visto
em uma determinada ocasião amostral, e com 0, caso contrário.
C ETÁCEOS 353
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A validade da suposição de fechamento populacional é comumente verificada
através das curvas cumulativas de descobrimento dos indivíduos fotoidentificados e
da porcentagem de reavistagens dos indivíduos entre os experimentos (WILLIAMS et
al., 1993). Essa curva mostra como o número de animais “marcados” aumenta a cada
ocasião amostral. Se o esforço amostral é suficiente, eventualmente alcança-se uma
assíntota, que representa uma aproximação da abundância total dos “marcados”
(FIG. 12.7) e supõe-se que a população está fechada a eventos de imigração. Caso seja
detectada uma alta taxa de reavistagem dos indivíduos entre as amostragens, pode-se
assumir que a população esteja fechada a eventos de emigração.
70
60
número de botos fotoidentificados
50
40
30
20
10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
número de saídas
em que:
n1 é o número de indivíduos com marca permanente capturado na ocasião 1;
n2 é o número com marca permanente capturado na ocasião 2;
m2 é o número recapturado na ocasião 2.
A construção dos intervalos de confiança deve ser baseada em uma aproximação
log-normal (BURNHAM et al., 1987). Assim, o limite inferior do intervalo de confiança
é dado por:
em que:
C ETÁCEOS 355
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
k
Oi (1 Oi) 2
var ( O ) = Ti k
i=1
em que:
Ii é o número de botos com marcas permanentes no grupo i;
Ti é o número total de botos fotografados no grupo i;
k é o número de grupos fotografados.
O tamanho total da população (NT) é, então, estimado pela razão:
T =
O
em que:
N^ é a estimativa do número de animais marcados na população calculado através
dos métodos de marcação-recaptura;
^
θ é a estimativa da proporção de animais com marcas de longa duração na popu-
lação, obtida através da média aritmética da proporção de animais marcados esti-
mada para cada grupo durante cada experimento.
^
A variância de N T
deve ser calculada pelo “método delta” (SEBER, 1982) como
sendo:
var ( )
var ( T )= T
2
+1 O
nO
em que:
^
n é o número total de animais a partir do qual (θ ) foi estimado;
^
θ é a proporção de animais marcados na população.
O coeficiente de variação para o tamanho total da população CV ( Nˆ T ) pode ser
^
expresso como CVs de N^ e θ :
3.4 Biópsias
partir de botes infláveis ou, de forma oportunística, a partir de navios (FIG. 12.8B).
Quanto à amostragem, é feita a partir do navio: o dardo deve estar preso por um
cabo à embarcação ou ser recolhido por meio de uma carretilha; quando feita desde
um bote inflável, não há necessidade de prender o dardo, pois este tem um flutuador
na extremidade anterior, o qual também serve como bloqueador para que apenas a
ponteira coletora penetre no animal (FIG. 12.8C). Essa ponteira é de aço inoxidável e
tem tamanhos que variam conforme o tamanho da espécie-alvo: para pequenos e
grandes cetáceos, os são de aproximadamente 3 e 5 cm, respectivamente.
Figura 12.8 Coleta de biópsia: (A) disparo de dardo coletor com uma balestra; (B) disparo a
partir de um navio; (C) porção de gordura presa na ponta do dardo
[Fotos: (A e B) Projeto Baleia-Proantar e (C) Alexandre Azevedo].
A pele pode ser utilizada para análises genéticas, isótopos estáveis e elementos-
traço, enquanto a gordura é utilizada para análises de ácidos graxos e poluentes orgâ-
nicos e metais-traço. Para otimizar a coleta, os animais são procurados a partir de
pontos elevados do navio com auxílio de binóculos. Em áreas de alta densidade de
cetáceos, um bote inflável é lançado ao mar para permitir maior poder de manobra
para a aproximação do indivíduo ou grupo e, portanto, proporcionar maior eficiên-
cia de coleta. Para minimizar as duplicadas, isto é, coletas e análises de um mesmo
C ETÁCEOS 357
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
animal, os indivíduos biopsiados podem ser discriminados individualmente por meio
da fotoidentificação. Para isso, um pesquisador fica responsável pela coleta de biópsias,
enquanto outro fotoidentifica os animais, enquanto um terceiro registra os dados.
Eventualmente, amostras podem ser coletadas em duplicata, porém, se os indivíduos
foram foto ou vídeoidentificados, o controle para evitar análises duplicadas pode ser
feito a posteriori, em laboratório. Essas biópsias, independentemente de haverem sido
coletadas sistemática ou oportunisticamente, podem gerar trabalhos ecológicos relevantes
para a pesquisa e conservação das espécies estudadas, como nos exemplos a seguir.
A partir de 1980, as concentrações de isótopos estáveis de carbono e de nitrogênio
começaram a ser usadas para estudos de ecologia trófica; a partir de então, têm se
mostrado cada vez mais uma ferramenta muito útil e versátil para caracterizar os
hábitos alimentares dos mais diversos grupos de animais marinhos, desde invertebrados
até grandes mamíferos. O princípio fundamental da técnica é que as razões de isótopos
estáveis dos consumidores refletem aquelas encontradas no seu alimento. A razão
entre a concentração de nitrogênio-15 e nitrogênio-14 (δ15N), tipicamente apresenta
um incremento entre níveis tróficos permitindo, dessa forma, comparar a posição
trófica de vários consumidores dentro de um mesmo ecossistema. Outros elementos,
como o carbono, não sofrem mudanças drásticas na sua relação de isótopos entre os
níveis tróficos. Porém, a razão entre o 13C e o 12C (δ13C) indica o nível de produti-
vidade primária ou dos substratos inorgânicos que sustentam essas redes, podendo
diferenciar a procedência dos recursos alimentares (água doce vs. marinha, costeira vs.
oceânica, bentônica vs. pelágica) e, portanto, serem potencialmente úteis para entender
parte dos padrões de uso do habitat. Nos últimos anos, a caracterização química de
diferentes tecidos como ferramenta para determinar a estrutura populacional em
cetáceos tem aumentado. O uso de razões de isótopos estáveis para caracterizar po-
pulações baseia-se na variação da abundância natural dos elementos no ambiente, a
qual também é determinada por processos biogeoquímicos e que resultam em mu-
danças nas concentrações dos elementos na base da rede trófica, sendo essas diferen-
ças repassadas aos consumidores de níveis tróficos mais altos. Dessa forma, as popu-
lações animais de diferentes regiões geográficas podem ser bioquimicamente
“marcadas”, mesmo tendo dieta parecida. Sendo assim, a estrutura populacional pode
ser investigada através da análise de sinais químicos, da mesma forma como as assina-
turas isotópicas refletem o ecossistema nos quais os organismos se alimentaram. Esses
elementos podem também indicar diferenças ontogenéticas e sexuais da ecologia trófica
de indivíduos de uma mesma população.
Entre as vantagens da técnica sobre as abordagens convencionais de estudos de
dieta, por exemplo, conteúdo estomacal, fezes e lavagem estomacal, que dão infor-
mação apenas sobre a última refeição, está a facilidade de poder realizar o estudo
utilizando uma ampla variedade de tecidos (por exemplo, pele, músculo, osso, dente e
sangue), os quais oferecem informações sobre a dieta por períodos de tempo diver-
sos, desde dias, como no plasma, até a vida inteira do animal, como nos dentes (em
cetáceos, a dentição é única ao longo da vida). Amostras de pele para análise de
isótopos estáveis devem ser envoltas em papel alumínio ou colocadas diretamente em
recipientes de vidro sendo, o quanto antes, congeladas a -20oC.
Em se tratando de estudos relacionados à genética, tanto o DNA mitocondrial
(mtDNA) como o DNA nuclear têm sido amplamente empregados, entre outros,
em estudos voltados à determinação dos níveis de diversidade genética e à identifica-
ção de populações discretas de cetáceos. A ampla utilização do mtDNA em pesquisas
envolvendo relações filogenéticas e na identificação de subdivisões populacionais está
relacionada, fundamentalmente, às suas altas taxas evolutivas e à herança predominan-
temente matrilinear. Esta característica, embora importante, é também uma das limi-
tações desse marcador molecular, visto que subdivisões geográficas detectadas a par-
tir do mtDNA não garantem a ausência de fluxo gênico entre as populações, o qual
pode ocorrer por meio da dispersão dos machos. Os microssatélites (DNA nuclear)
são amplamente utilizados em estudos de estruturação populacional devido a suas
altas taxas de mutação. As amostras de pele para análises genéticas de populações
atuais devem ser preservadas em álcool 96%, em solução de dimetil sulfóxido (DMSO)
saturada com NaCl ou congeladas a -20oC.
Nos cetáceos, a maior parte das reservas energéticas está armazenada na camada
de gordura, sendo esse o mais importante local de estoque de energia nesses animais,
uma vez que possui uma grande variedade de ácidos graxos poli-insaturados devido
à sua dieta baseada em alimentos provenientes da cadeia alimentar marinha. A com-
posição de ácidos graxos presentes nessa camada permite a observação de “assinatu-
ras de ácidos graxos”, as quais formam padrões característicos para cada espécie,
população ou ecótipo. Essa abordagem demonstrou-se eficiente para a discriminação de
populações com a vantagem dos baixos custos e da rapidez na obtenção dos resultados.
Alguns contaminantes – como os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs),
os quais são lipofílicos, ou seja, têm afinidade por lipídeos – bioacumulam ao longo
da vida do animal e podem ser investigados a partir de biópsias da camada de gordu-
ra. A limitação da coleta a partir de biópsias é que a idade do animal é desconhecida
e, portanto, dificultará uma análise mais detalhada do processo de acumulação do
poluente. Entretanto, a análise de material coletado, de diferentes espécies e em regi-
ões diversas, pode fornecer informações importantes sobre os níveis relativos de
contaminação e composição relativa, que serve como ferramenta auxiliar na separa-
ção de estoques, por exemplo. A partir da sexagem molecular, realizada com frag-
mentos da pele, sendo possível também comparar a composição relativa do conjunto
de poluentes, entre machos e fêmeas.
Os elementos-traço como, entre outros, o selênio, o cobre e o zinco (chama-
dos elementos essenciais) e o cádmio e o mercúrio (tidos como não essenciais) tendem a
C ETÁCEOS 359
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ser bioacumulados predominantemente no fígado e nos rins, o que não impede que
também sejam detectados na pele dos cetáceos. Dessa forma, níveis relativos das
concentrações desses e de outros elementos podem ser investigados a partir da pele
coletada nas biópsias. Assim como no caso dos poluentes orgânicos, a análise de
elementos-traço fornece informações importantes sobre os níveis relativos de contami-
nação e composição relativa, servindo também como ferramenta auxiliar na separação de
estoques. Em função disso, as amostras devem ser armazenadas com cuidado logo
após a coleta; a pele deve ser armazenada, preferencialmente, em recipientes plásticos e a
gordura deve ser envolvida em papel alumínio ou vidro e congeladas a -20oC.
ria do equipamento dure um tempo maior (vários meses ou mais de ano). Porém,
quando se pretende entender o uso do habitat em escala espaço-temporal menor
(FIG. 12.10B), o sinal é programado para ser emitido diariamente, consumindo mais
rapidamente a bateria e reduzindo a vida útil do transmissor para alguns poucos
meses. As informações da posição geográfica dos animais são bastante precisas e
podem ser relacionadas com outras características ambientais como a morfologia do
fundo marinho e variáveis oceanográficas, como temperatura superficial da água,
clorofila-α, os quais também são obtidos remotamente.
Um bom banco de dados com essas informações permite identificar as principais
rotas migratórias, as áreas críticas para esses animais, bem como algumas das variáveis
ambientais que determinam esse padrão de uso do habitat. Informações como essas
são cruciais para estabelecer estratégias de conservação desses grandes vertebrados
marinhos.
C ETÁCEOS 361
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A B
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Dimas Gianuca
CAPÍTULO
Projeto Albatroz
A VES 367
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Figura 13.1 Exemplos de aves marinhas do mar do sul do Brasil: (A) Albatroz-errante
(Diomedea exulans); (B) Albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororynchos); (C) Pardela-de-
sobre-branco (Puffinus gravis); (D) Fura-buxo-de-barriga-branca (Pterodroma incerta);
(E) Gaivota-de-capuz-negro (Chroicocephalus maculipennis); (F) Fragata (Fregata magnificens);
(G) Trinta-réis-do-norte (Sterna hirundo); (H) Pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus)
[Fotos: (A-F) Dimas Gianuca; (G) Andros Gianuca e (H) Rodolfo P. Silva].
A VES 369
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A comunidade de aves marinhas das regiões mais frias, como no Sul, é dominada
por albatrozes e petréis em alto mar e por gaivotas nas áreas costeiras, embora algu-
mas espécies de trinta-réis (Sterna hirundo e S. hirundinacea) possam ser observadas em
grande número em algumas épocas do ano (BUGONI e VOOREN, 2005). Já as comuni-
dades de aves marinhas de regiões tropicais e equatoriais do Brasil, de forma geral,
são domínio dos atobás, fragatas, trinta-réis e viuvinhas (Anous spp.), os quais formam
grandes colônias em ilhas costeiras e oceânicas do Sudeste e Nordeste, embora as
gaivotas Chroicocephalus maculipenis e C. cirrocephalus, também ocorram em áreas costei-
ras até a região Nordeste, assim como algumas espécies de petréis nas águas oceânicas.
As águas sobre a plataforma continental e talude do sudeste sul do Brasil são uma
importante área de alimentação para albatrozes e petréis, que se reproduzem em
ilhas do Atlântico Sul-central, Ilhas Sub-Antárticas, região da Nova Zelândia e Hemis-
fério Norte. Embora apenas três espécies de petréis nidifiquem em território brasilei-
ro (Pterodroma arminjoniana e P. neglecta em Trindade, e Piffinus lherminieri em Fernando de
Noronha e em Ilhas do Espírito Santo), pelo menos 40 espécies já foram registradas
no Brasil (OLMOS et al., 2006), e cerca de 25 delas ocorrem regularmente no mar do
sudeste-sul do país (NEVES et al., 2000). A área mais importante, na qual se observa a
maior abundância e riqueza de albatrozes e petréis, é a de águas sobre a plataforma
continental e o talude do Rio Grande do Sul, região que recebe nutrientes da descarga
de água doce da Lagoa dos Patos e do Rio da Prata e das águas frias da Corrente das
Malvinas, as quais penetram sobre a plataforma continental do litoral gaúcho no in-
verno. A alta disponibilidade de nutrientes faz que essas águas sejam altamente produ-
tivas, concentrando importantes estoques de peixes, lulas e zooplâncton, que com-
põem a dieta de aves desse tipo.
Devido a essa elevada produtividade, a região sudeste-sul do Brasil também concentra
um grande esforço pesqueiro e a maioria das espécies de Procellariformes, que freqüentam
as águas brasileiras, se associam a barcos de pesca, cujos descartes constituem uma fonte
de alimento abundante e de fácil acesso para essas aves (FIG. 13.2). Entretanto, albatrozes
e petréis também são fisgados acidentalmente pelos espinhéis, quando tentam pegar as
iscas, e essa mortalidade tem causado sérios declínios populacionais em algumas espécies
– tanto que, atualmente todos os albatrozes e cinco espécies de petréis, que freqüentam
águas brasileiras, encontram-se ameaçados de extinção.
3 ESTUDOS EMBARCADOS
A maior parte do conhecimento sobre a biologia, a ecologia, o comportamento e a
conservação de aves marinhas, são provenientes de estudos conduzidos em terra, seja em
colônias ou em locais de descanso e dormitório nas áreas de invernagem. No caso dos
Procelariformes, os quais passam a vida toda no mar, buscando terra firme apenas para
se reproduzir, a quase totalidade dos estudos em terra foi realizada nas colônias, e, portanto,
são referentes ao que ocorre durante apenas durante o período reprodutivo.
A VES 371
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
para quantificação das capturas incidentais e para a elaboração de estratégias de con-
servação. Há grande variedade de métodos e procedimentos que são aplicados nos
diversos estudos sobre interações de aves com pescarias, dependendo da arte de
pesca e da informação que se deseja obter.
Os dados levantados através de estudos embarcados são fundamentais para subsidiar
estratégias de conservação das aves marinhas, pois ajudam a evidenciar áreas importantes
para as populações, a compreender os fatores que governam suas distribuições e a planejar
medidas de mitigação dos impactos causados pelas capturas incidentais.
4 AMOSTRAGEM
4.1 Contagem
olho do observador
ponta superior b
do paquímetro ?
c h
horizonte visível
ponta inferior
do paquímetro
d
v
A distância dos 300 m utilizada, a qual delimita a área das contagens é calculada
através da equação:
bh (v d )
c=
(h 2+ vd )
A VES 373
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
em que:
c é a abertura do paquímetro (em milímetros) que se deseja saber;
b é a distância entre o paquímetro e os olhos do observador;
h é a altura dos olhos do observador em relação à linha da água;
d é a distância que se deseja determinar, neste caso, 300 m;
v é a distância do horizonte visível, calculada através da equação: .
Dentro da faixa de 300 m, determinada através do método de Heinemann (1981),
as aves são detectadas a olho nu e utiliza-se o binóculo para a identificação das espé-
cies – o mais indicado deve possuir magnitude de ampliação entre 7x e 10x e diâmetro
da objetiva de 50 mm.
A contagem das aves seguidoras, associadas à embarcação, deve ser realizada
antes dos demais cômputos e o pesquisador deve tomar o cuidado de não recontar
essas aves durante as contagens contínua e instantânea seguintes. Embora seja relativa-
mente fácil identificar as aves seguidoras, quando o bando é pequeno (<20) e voa
próximo ao navio, essa tarefa não será simples quando houver dezenas ou centenas,
muitas delas acompanhando a embarcação a muitos metros de distância.
As aves seguidoras, durante seu comportamento mais óbvio, passam a maior par-
te do tempo seguindo o navio de perto, voando sobre a esteira da embarcação (rastro
deixado na superfície do mar) e cruzando-a de um lado para o outro. Elas também
voam paralelamente ao navio e ao redor dele. Durante as contagens contínuas e ins-
tantâneas, aves que executam esse comportamento de voo, aparecem subitamente na
área de estudo, vindas da popa ou da proa, e o observador pode distingui-las facil-
mente das aves em trânsito, as quais geralmente são avistadas a centenas de metros,
antes de entrarem no perímetro de 300 m da transecção (NEVES et al., 2006). Porém,
é comum algumas aves seguidoras distanciarem-se algumas centenas de metros e
continuarem voando atrás, paralelamente ou ao redor da embarcação. Algumas ve-
zes, elas pousam na água na frente do navio, aguardando a aproximação do mesmo
para levantarem voo e voltarem a segui-lo. Essas situações exigem muita atenção e
experiência do observador, pois uma ave associada à embarcação, mas que tenha se
afastado centenas de metros pode ser considerada, equivocadamente, como uma ave
em trânsito, quando retornar voando para a área da transecção; também é possível
que seja considerada como uma estacionária, caso ela pouse na água no curso do
navio. O lançamento de restos de comida ou rejeitos de pesca durante o dia precisa
ser evitado, caso contrário poderá haver um número tão grande de aves circulando
pela área de estudo e seu entorno, que tornará praticamente impossível a distinção das
aves associadas à embarcação daquelas que não estão (FIG. 13.4).
160
100
80
60
40
20
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43
estações de contagem
Figura 13.4 Sequência de 44 contagens de aves seguidoras realizadas ao longo de cinco dias,
em águas oceânicas do sul do Brasil em maio de 2010, mostrando o efeito do descarte
de restos de peixe atirados no mar.
A
300 m
3087 m
contagem contínua
navio
1' 2' 3' 4' 5' 6' 7' 8' 9' 10'
B
300 m
300 m
contagem instantânea
navio
Figura 13.5 Esquema da área a ser coberta durante uma sequência de dez contagens
instantâneas e durante uma contagem contínua de 10 minutos com o navio navegando a 10 nós
[adaptado de NEVES et al., 2006].
A VES 375
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Uma seção de contagem instantânea das aves em vôo é composta por
10 censos instantâneos (snapshots), com intervalos de 1 minuto entre eles, dentro de
uma área com raio de 300 metros, e limitada por um ângulo de 90° entre a proa e um
dos bordos do navio, formando 1/4 de circunferência (FIG. 13.5B). Durante os censos
instantâneos são contados somente os indivíduos realizando voos de deslocamento,
dentro da área amostral, no instante da contagem. E assim como na contagem contí-
nua, deve-se tomar o cuidado para computar aves associadas à embarcação.
4.2 Captura
fechado) com fita adesiva, tomando o cuidado de não obstruir as narinas. Para dimi-
nuir o estresse do animal durante o manuseio, também pode ser colocado um pano
sobre a sua cabeça, a fim de tirar-lhe a visão do que ocorre à volta. Para minimizar
danos à plumagem, após cada captura, os animais devem ser acomodados em uma
caixa forrada com jornal, papelão ou outro material absorvente para que fiquem
secos. Caso a ave acabe se molhando durante o manuseio, antes de ser liberada, tam-
bém deve ser mantida nessa caixa até que esteja seca; esse material absorvente deve ser
trocado quando estiver muito umedecido. Também se recomenda não capturar aves
em condições de vento acima de moderado (força 4 da Escala de Beaufort) ou em
dias de chuva, a fim de evitar liberar aves molhadas e com as penas desorganizadas, o
que compromete a impermeabilização da plumagem e a capacidade de voo.
Figura 13.6 Tarrafa lançada para capturar aves a partir de um barco espinheleiro
[Foto: Marcel Oliveira].
A VES 377
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
A obtenção de informações biométricas é importante para a correta identificação
de algumas espécies muito parecidas, cuja identificação precisa não pode ser realizada
visualmente (por exemplo, Diomedea exulans x D. dabbenena, e juvenis de Thalassarche
chlrorhynchos e T. carteri) e para a sexagem das espécies com pouca diferença de tama-
nho entre machos e fêmeas, como em albatrozes e petréis e cujas medidas são, em
geral, bem conhecidas (BUGONI e FURNESS, 2009a). As medidas morfométricas básicas
que costumam ser tomadas quando uma ave é capturada são: na cabeça, o compri-
mento do cúlmen (bico) exposto, desde a ponta do bico até o início das plumas, e a
profundidade (altura) do bico, medida na sua base (FIG. 13.7A); na pata, o compri-
mento do tarso, desde a articulação intertarsal até o ponto de inserção dos dedos
(FIG. 13.7B); na asa, o comprimento desde a curva da asa até a extremidade da pena
de voo mais longa (FIG. 13.7C); e 5) na cauda, medida do comprimento da pena mais
longa da cauda, desde o local de inserção na pela até a ponta (FIG. 13.7D).
A comprimento
B
cúmen exposto
profundidade
do bico comprimento
do tarso
C comprimento
da asa
comprimento
da cauda
Figura 13.7 Medidas morfométricas básicas em aves: (A) na cabeça; (B) na pata; (C) na asa;
(D) na cauda [Fotos: (C) João Paulo e (D) Dimas Gianuca].
A VES 379
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Para o rastreamento de aves marinhas, é recomendado que o transmissor seja
fixado nas penas do dorso do animal com fita especial à prova de água (cloth tape)
(FIG. 13.8A) e que o mesmo não possua mais do que 3% da massa corporal do
animal, a fim de evitar o comprometimento de suas atividades (PHILLIPS et al., 2003).
O peso do equipamento se deve principalmente ao tamanho da bateria e, atualmente,
os transmissores disponíveis no mercado variam de 8 a 60 g. Os transmissores po-
dem ser programados para transmitirem sinais (posições do animal rastreado) em
intervalos de horas ou dias – quanto menor o intervalo entre as transmissões de sinais,
menos, tempo durará a bateria. A programação dos intervalos entre as transmissões
será definida pelo pesquisador, de acordo com o objetivo da pesquisa; se a intenção
for obter informações detalhadas sobre os deslocamentos da ave em uma determi-
nada região e período, serão fornecidas várias posições por dia (10-15) e o animal,
rastreado por um curto período de tempo – 2-3 meses (FIG. 13.8C). Se o objetivo for
estudar, por exemplo, rotas migratórias, os sinais podem ser transmitidos uma vez
por dia (ou intervalos maiores) e o animal será rastreado por um período de vários
meses, sem a necessidade de um alto nível de detalhamento de seus deslocamentos ao
longo do dia. Para maiores detalhes sobre a utilização de telemetria satelital em estu-
dos com aves, ver Candia-Gallardo et al. (2010).
B C
Figura 13.8 Rastreamento por satélite. (A) posição do transmissor de satélite em uma
pardelas-de-óculos (Procellaria conspicillata); (B) distribuição de densidade com base no método
de Kernell; (C) movimentação das aves rastreadas a partir da localização dos pontos de
transmissão de sinal para o satélite [Fotos: Leandro Bugoni. Fonte: (B e C) BUGONI et al. 2009].
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PLANILHA DE REGISTRO
A planilha de registro é o histórico dos acontecimentos de uma coleta e deve ser
elaborada para ser preenchida de uma maneira simples e em sequência lógica, a fim de
relatar os acontecimentos da amostragem. O responsável pelas anotações deve ser
identificado para, se necessário, esclarecer fatos. É muito importante que todas as
informações referentes à coleta, não apenas estejam bem relatadas, mas também de
maneira clara. É bom lembrar que uma amostra científica faz parte do acervo de uma
instituição, ficando à disposição por anos, servindo para diversos tipos de análise. Por
esse motivo, várias pessoas poderão usá-la e, por isso, as planilhas com os dados
coletados deverão ser as mais completas possíveis, devendo ser incluídos também
aqueles fatos que, no momento da coleta, possam não parecer importantes. Alguns
exemplos de planilhas de registro de diferentes tipos de trabalhos feitos a bordo de
uma embarcação, são detalhados a seguir.
Foto: João Paulo
ANEXO 1
Vento: Dir: N ( ) NE ( ) E( ) SE ( ) S( ) SW ( ) W( ) NW ( )
Altura de Ondas
Estado do Mar: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
(continua)
ANEXOS 385
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
(continuação Anexo 1)
Escala Beauford
ANEXO 2
NAVEGAÇÃO
Embarcação: ____________________________________________________________
Cruzeiro: ______________________________________________________________
386 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 3
Embarcação: ____________________________________________________________
Cruzeiro: ______________________________________________________________
Data: ___/___/_____
Instrumento
Refratômetro: _________________
/ /
ANEXOS 387
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ANEXO 4
AMOSTRA GEOLÓGICA
388 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 5
α OU MATERIAL EM SUSPENSÃO
COLETA DE CLOROFILA-α
Embarcação: ____________________________________________________________
Cruzeiro: ______________________________________________________________
ANEXO 6
COLETA VERTICAL DE ZOOPLÂNCTON
REDE
Arrasto
Lance 1 2 3 4 5 6 7
Intervalo de prof.
Garrafa
(continua)
ANEXOS 389
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
(continuação Anexo 6)
Frasco n° ______________
Prof► 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50
5 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50
10 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 49 50
12 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 37 39 41 43 45 47 49 51
14 10 12 14 16 18 20 22 24 26 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 50 51
16 10 12 14 16 18 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 48 50 52
18 10 12 14 16 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 40 42 44 46 48 50 52
20 10 12 15 17 19 21 23 25 27 29 32 34 36 38 40 42 44 47 49 51 53
22 10 13 15 17 19 21 23 25 28 30 32 34 36 38 41 43 45 47 49 51 54
24 11 13 15 17 19 21 24 26 28 30 32 35 37 39 41 43 45 48 50 52 54
26 11 13 15 17 20 22 24 26 28 31 33 35 37 40 42 44 46 48 51 53 55
28 11 13 15 18 20 22 24 27 29 31 33 36 38 40 42 44 47 50 52 54 56
30 11 13 16 18 20 22 25 27 29 32 34 36 38 41 43 45 48 51 53 55 57
α▲ 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50
390 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 7
COLETA HORIZONTAL DE ZOOPLÂNCTON
Cabo=Cabo Lançado
Quant. Final de Cabo Lançado: _____m Âng Final: ____° Prof. do Arrasto: ______m
Profundímetro: _____ Sim Prof.: _________m ___Não
Códigos da Coleta: 0/0 Amostra feita/ Fluxômetro lido
1/0 Parte da amostra perdida/ Fluxômetro lido
0/9 Amostra feita/ Fluxômetro não lido ou com defeito
1/9 Parte da amostra perdida/ Fluxômetro não lido ou com defeito
ANEXOS 391
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ANEXO 8
COLETA OBLÍQUA DE ZOOPLÂNCTON COM REDE BONGO
Hora local: ___________ Hora GMT:___________ Coleta: ____/____ (ver códigos abaixo)
Quant. Final de Cabo Lançado: _______m Âng Final: _____° Prof. do Arrasto: ________m
Armazenagem da coleta
392 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 9
COLETA REDE MULTINET DE ZOOPLÂNCTON
Obs: __________________________________________________________
Rede 2: Vol. Filt.: _______m³ Prof: _____________ Frasco (s): _____ ____
Obs: __________________________________________________________
Rede 3: Vol. Filt.: _______m³ Prof: _____________ Frasco (s): _____ ____
Obs: __________________________________________________________
Rede 4: Vol. Filt.: _______m³ Prof: _____________ Frasco (s): _____ ____
Obs: __________________________________________________________
Rede 5: Vol. Filt.: _______m³ Prof: _____________ Frasco (s): _____ ____
Obs: __________________________________________________________
ANEXOS 393
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ANEXO 10
COLETA DE ORGANISMOS BENTÔNICOS
Embarcação: ___________________________________________________________
Posição:
_____________________________________________________________________
Observações: ___________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
394 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 11
DADOS DE NAVEGAÇÃO NOS LANCES DE COLETA
Cruzeiro: ______________________________________________________________
/ /
Tipo Lance: (CP) Camaroneira; (MA) Meia-água; (BT) Beam Trawl; (BC) Box Corer; (DP) Draga;
(HS) Plancton Horiz. Sup; (HF) Plâncton Horiz. Fundo; (BO) Bongo; (MT) Múltipla; (RN) Neutônica.
ANEXOS 395
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ANEXO 12
LANCE DE PESCA
Rede: ________________________________________________________________
Cruzeiro: _______________________________________________________________
Hora Inicial: ________ Hora GMT: _________ Hora Final : ________ GMT: ________
Posição do Arrasto
396 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 13
ESPÉCIES CAPTURADAS
ANEXOS 397
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ANEXO 14
DADOS DE FREQUÊNCIA DE ESPÉCIE CAPTURADA
Espécie: _______________________________________________________________
Na coluna das classes de tamanho, são indicadas sequências de 0 a 9, no intuito de viabilizar o uso da
planilha para qualquer intervalo de dezenas.
398 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 15
DADOS BIOLÓGICOS
GON = Desenvolvimento Gonadal: (1) Imaturo; (2) Em desenvolvimento; (3) Desenvolvido; (4) Desovado;
IR = Índice de Repleção do Estômago: 1 = Vazio; 2 = Pela metade; 3 = Cheio.
ANEXOS 399
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ANEXO 16
AVISTAGEM DE CETÁCEOS
o o
Avistagem Data Hora Coordenadas Espécie N Grupos N Ind.
Filhote Profundidade Binóculo/Lado Retículas Ângulo Esforço Filme - Fotos Rumo Verd. Temp. H2 O
No:
Local:
o o
Avistagem Data Hora Coordenadas Espécie N Grupos N Ind.
Filhote Profundidade Binóculo/Lado Retículas Ângulo Esforço Filme - Fotos Rumo Verd. Temp. H2 O
No:
Local:
o o
Avistagem Data Hora Coordenadas Espécie N Grupos N Ind.
Filhote Profundidade Binóculo/Lado Retículas Ângulo Esforço Filme - Fotos Rumo Verd. Temp. H2 O
No:
Local:
o o
Avistagem Data Hora Coordenadas Espécie N Grupos N Ind.
Filhote Profundidade Binóculo/Lado Retículas Ângulo Esforço Filme - Fotos Rumo Verd. Temp. H2 O
No:
Local:
400 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 17
ESFORÇO DE OBSERVAÇÃO PARA CETÁCEOS
Visibilidade Observações:
Visibilidade Observações:
Visibilidade Observações:
Visibilidade Observações:
Visibilidade Observações:
Visibilidade Observações:
ANEXOS 401
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
ANEXO 18
CONTAGEM DE AVES NO MAR
Posição: Lat _________ Long _________ Temp. do ar: ______ Temp. da água: _______
3. Contagem instantânea
402 ANEXOS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
ANEXO 19
CONTAGEM DE AVES ASSOCIADAS A BARCOS ESPINHELEIROS
Contagem 1 2 3 4 5
Hora:
Total
Jovem
Thalassarche melanophrys
Adulto
Jovem
Thalassarche chlororynchos
Adulto
Diomedea exulans
Diomedea epomophora
Diomedea sanfordi
Diomedea spp.
Macronectes giganteus
Macronectes halli
Macronectes spp.
Fulmarus glacialoides
Pterodroma incerta
Procellaria aequinoctialis
Procellaria conspicillata
Puffinus gravis
Calonectris diomedea
Daption capense
Esses são os procedimentos de coleta e armazenagem a bordo. Vale salientar que o transporte e as
metodologias de laboratório referentes à armazenagem, a observação, a triagem e o tratamento de
dados, também são muito importantes, mas não foram abordados neste livro.
ANEXOS 403
ABREVIATURAS
A
AFM – Auto Fire Module (Módulo de Auto
AA – Alma de Aço
Controle de Fogo)
AACI – Alma Constituída de Cabo de Aço
AP – Água da Plataforma Continental
Independente
ASA – Água Subantártica
AC – Água Costeira
ASA – American Standard Association
ACAS – Água Central do Atlântico Sul
(Classificação da Sensibilidade dos Filmes
ADCP – Acoustic Doppler Current Profilers
Fotográficos)
(Perfiladores Acústicos de Corrente)
ASCII – American Standard Code for Information
ADF – Automatic Direction Finder (Localizador
Interchange (Padrão Americano para
de Direção Automática)
Intercâmbio de Informações)
AF – Alma Constituída de Fibra Natural
AST – Água Subtropical
AFA – Alma Constituída de Fibra Artificial
AT – Água Tropical
Foto: Projeto Amazônia Azul
B D
BNDO – Banco Nacional de Dados DBO – Demanda Biológica de Oxigênio
Oceanográficos DGPS – Differential Global Positioning System
BT – Batitermógrafo (Sistema de Posicionamento Global
Diferencial)
A BREVIATURAS 405
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
INMARSAT – International Maritime Satellite
F Organization (Organização Internacional de
Satélites Marítimos)
IO – FURG – Instituto Oceanográfico da
FAO – Food and Agriculture Organization
Universidade Federal do Rio Grande
(Organização das Nações Unidas para
IO – USP – Instituto Oceanográfico da
Agricultura e Alimentação)
Universidade de São Paulo
FAMATH – Faculdades Integradas Maria
IP – Internet Protocol (Protocolo de Internet)
Thereza
IP – SP – Instituto de Pesca de São Paulo
FIG – Formulário de Informação Geológica
ISO – International Organization for
FURG – Universidade Federal do Rio Grande
Standardization (Organização Internacional
para Padronização)
G ITF – Frente Intertropical
406 ABREVIATURAS
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
P SUDEPE – Superintendência do
Desenvolvimento da Pesca
SVL – Sonar de Varredura Lateral
PCJB – Plataforma Continental Jurídica SYNOP – Surface Synotic Observations
Brasileira (Observações Sinóticas de Superfície)
PEAD – Polietileno de Alta Densidade
PGGM – Programa de Geologia e Geofísica
Marinha
PIBO – Plano Integrado Brasileiro de
T
Oceanografia T–S – Diagrama de Temperatura e Salinidade
PMMA – Polimetilmetacrilato (acrílico) TSK – Tsurumi-Seiki Company
PPG – Mar – Comitê Executivo para a TSM – Temperatura da Superfície do Mar
Consolidação e Ampliação dos Grupos de TVG – Time Variable Gain (Ganho de Tempo
Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências do Mar Variado)
PPT – Parts Per Thousand (Partes Por Mil)
PTFE – Politetrafluoretileno (teflon)
PVC – Cloreto de polivinila U
R UDESC – Universidade do Estado de Santa
Catarina
UEAP – Universidade do Estado do Amapá
RADAR – Radio Detection and Ranging (Detecção UEMA – Universidade do Estado do
e Determinação de Distância pelo Rádio) Maranhão
A BREVIATURAS 407
UERGS – Universidade do Estado do Rio
Grande do Sul
UFERSA – Universidade Federal Rural do
V
Semi-Árido
VHF – Very High Frequency (Frequência
UFAL – Universidade Federal de Alagoas
Muito Alta)
UFAM – Universidade Federal do Amazonas
UFC – Universidade Federal do Ceará
UFES – Universidade Federal do Espírito
Santo
X
UFF – Universidade Federal Fluminense XBT – Expendable Bathythermograph
UFPA – Universidade Federal do Pará (Batitermógrafo Descartável)
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
UFPR – Universidade Federal do Paraná
UFPI – Universidade Federal do Piauí
UFRA – Universidade Federal Rural do
Z
Amazonas ZCIT – Zona de Convergência Intertropical
UFRB – Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia
UFRGS – Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
W
UFRJ – Universidade Federal do Rio de www – World Wide Web (Rede de Alcance
Janeiro Mundial)
UFRPE – Universidade Federal Rural de
Pernambuco
UFS – Universidade Federal de Sergipe
UFSC – Universidade Federal de Santa
Catarina
UHF – Ultra High Frequency (Frequência Ultra
Alta)
UIT – União Internacional de
Telecomunicações
UNEB – Universidade Estadual do Estado
da Bahia
UNESP – Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho
UNIFESP – Universidade Federal de São
Paulo
UNIMONTE – Centro Universitário Monte
Serrat
UNIOESTE – Universidades Estadual do
Oeste do Paraná
UNIR – Universidade Federal de Rondônia
UNISANTA – Universidade Santa Cecília
UNT – Unidades Nefelométricas de Turbidez
UV – Ultraviolet (Raio Ultravioleta)
Foto: Dimas Gianuca
408 ABREVIATURAS
409
GLOSSÁRIO
GLOSSÁRIO 411
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Água Superficial Encontrada na parte mais rasa Altura de Onda Distância vertical entre a crista e
de uma coluna de água, caracterizada, em geral, por a calha precedente de uma onda.
densidade mais baixa do que a água de fundo, Altura do Peixe A distância entre o equipamento
principalmente em virtude da temperatura mais alta. rebocado e o fundo, normalmente medido em pés
Água Tropical (AT) Caracterizada por temperaturas ou metros.
acima de 20°C e salinidades acima de 36. Alvitanas Panos de rede externos nas redes
Agudez da Onda Relação entre a altura e o feiticeiras, caracterizados por possuir malhas maiores
comprimento da onda. e fios mais fortes que o morto.
Agulha de Marear Ver Bússola. Alvo Em Hidroacústica, é um objeto ou organismo
Agulha Giroscópica Também denominada capaz de emitir de volta as ondas em forma de ecos
bússola giroscópica, essencialmente é um giroscópio transmitidas pelos sonares, ecossondas e radares.
cujo eixo de rotação permanece alinhado com os Ambiente Ver Meio Ambiente.
meridianos que mede o ângulo entre a proa do navio American Standard Association (ASA)
e o norte verdadeiro. (Associação Americana de Normas Técnicas)
Agulha Magnética Tipo de agulha náutica que Entidade que rege padrões técnicos nos EUA e em
opera sem fonte de energia elétrica e que busca o alguns países da América Latina e da Europa.
Norte Magnético em lugar do Norte Verdadeiro American Standard Code for Information
(ou Geográfico). Interchange (ASCII) Esquema de codificação de
Agulha Náutica Instrumento para a medida de caracteres com base na ordenação do alfabeto inglês.
direções, utilizado para definir rumos e marcações. Amido Tipo de carboidrato, formado por várias
Albatroz Ave marinha da família Diomedeidae. moléculas de glicose juntas.
Aves de grandes, movem-se de forma muito eficiente Amostra (1) Atividade que consiste em retirar, para
no ar, cobrindo grandes distâncias com pouco fins de análises ou meditação, uma fração
esforço. Alimentam-se de moluscos, como lulas, representativa de um conjunto ou de uma região,
peixes e krill. cujas propriedades são estudos a fim de generalizá-
Alcalinidade Característica que consiste na las ao conjunto ou à região; (2) No caso da água,
capacidade de as águas neutralizarem compostos significa uma ou mais porções, com volume ou massa
ácidos devido à presença de bicarbonatos, carbonatos definida, coletada em corpos receptores, efluentes
e hidróxidos, quase sempre de metais alcalinos ou industriais, redes de abastecimento público, estações
alcalinos terrosos (sódio, potássio, cálcio, magnésio, de tratamento de água e esgoto, entre outras fontes,
entre outros) e, ocasionalmente, boratos, silicatos e com o fim de inferir as características físicas,
fosfatos. É expressa em miligramas por litro de químicas, físico-químicas e biológicas do ambiente
carbonato de cálcio equivalente. de onde foi retirada. Sin. Coleta.
Algas Denominação geral aplicada a organismos Amostrador Aparelho ou recipiente destinado a
de vida aquática, uni ou e multicelulares, capazes recolher alguma substância. Nas redes de arrasto, o
de realizar a fotossíntese. Formam parte na amostrador é a parte posterior da rede onde ficam
composição do fitoplâncton e da flora bentônica. retidos os organismos. Sin. Coletor.
Alheta Setor de uma embarcação localizado entre Amostragem Processo ou ato de construir uma
a popa e o través. amostra.
Alma Núcleo do cabo em torno do qual as pernas Amphibia (Anfíbio) Classe de organismos
são dispostas em forma de hélice; pode ser vertebrados que normalmente repartem o seu tempo
constituída em fibra natural ou artificial ou, ainda, entre a terra e a água. Conhecidos vulgarmente como
ser formada por uma perna ou um cabo de aço sapos, rãs e lagartixas.
independente. Amphipoda (Anfípodo) Ordem de pequenos
Alma de Aço Núcleo de um cabo constituído de crustáceos de olhos sésseis, que têm patas de dois
aço. tipos, natatórias e saltatoriais, em sua maioria são
Alma de Aço de Cabo Independente Núcleo marinhos, embora existam poucos que vivam em
de um cabo constituído de aço independente. água doce ou sejam terrestres. Sin. Anfípode.
Alma de Fibra Núcleo de um cabo constituído de Amplitude de Onda Distância vertical máxima
fibra natural. da superfície do mar a partir do nível da água em
Alma de Fibra Artificial Núcleo de um cabo repouso. Equivale à metade da altura da onda.
constituído de fibra artificial. Amuras a Bombordo Quando o lado de
Altura da Maré Altura do nível da água do mar, Bombordo é o que recebe o vento.
acima do zero hidrográfico, em determinado Amuras a Boreste Quando o lado de Boreste é o
momento. que recebe o vento.
412 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Analog Inputs Ver Entrada Analógica. fortes. Para evitar que as forças da natureza
Anemômetro Instrumento meteorológico usado empurrem o seu ovo para o mar, os pais fixam-no às
para medir a direção e a velocidade do vento. rochas com guano. Ao longo de 40 dias, revezam-
Anfípode Ver Amphipoda. se na incubação e, depois, ambos alimentam o
Ângulo de Incidência Ângulo que o pulso pinto. Com apenas 25 dias de vida e sem poderem
acústico faz com a normal à superfície, de voar, os pequenos araus lançam-se corajosamente
fundamental importância no retroespalhamento da ao mar durante a noite, para evitarem a predação
energia: se a altitude de operação do sonar é muito das gaivotas. Durante os 2 primeiros meses no mar,
baixa em longas distâncias, o ângulo de incidência são protegidos e alimentados pelo pai.
com o fundo do mar se torna alto e grande parte da Área (1) Em Ecologia, região ocupada por uma
energia incidente não é devolvida ao transdutor; comunidade, população ou espécie; (2) Em
por outro lado, se o ângulo de incidência se torna Matemática, extensão de um espaço bidimensional
menor, mais energia será devolvida, podendo gerar (comprimento e largura) limitado, expressa em m2.
anomalias nos dados. Área de trabalho Espaço que se tem para
Animal Qualquer membro do Reino Animália trabalhar.
multicelular, cujas células formam tecidos Areia Sedimento detrítico não consolidado,
biológicos, com capacidade de responder ao composto essencialmente de partículas minerais de
ambiente que os envolve. diâmetros variáveis entre 0,062 e 2 mm.
Annelida (Anelídeo) Filo de organismos Argila Sedimento com 0,004 mm de diâmetro.
invertebrados de corpo segmentado e vermiformes. Argolas Anel metálico onde se enfia ou se amarra
Existem em praticamente todos os ecossistemas qualquer objeto.
terrestres, marinhos e de água doce; são conhecidos Arrasto Ver Trajeto.
vulgarmente como minhocas, poliquetas e Arribar Girar a proa no sentido de afastá-la da
sanguessuga. linha do vento (contrário de Orçar).
Anomura (Anomuros) Infraordem de crustáceos Arte de Pesca Equipamento utilizado para coletar
decápodos que apresentam a posição dos olhos organismos do meio aquático.
internos às antenas, último par de patas muito Asa Na rede de arrasto, as asas são os painéis
reduzido e dobrado para acima, podendo seu abdome localizados à frente da boca que ajudam no
ser assimétrico ou mole; comumente representados direcionamento dos organismos para o interior da
pelos ermitões dotados de um abdome longo e mole. rede. Sin. Manga.
Antepraia Superfície côncava com um gradiente Atenuação Processo de enfraquecimento ou
na ordem de 1:200 que se inicia a partir da área de redução da amplitude do sinal de um sonar, causada
arrebentação. Sin. Shoreface. por vários fatores, incluindo quantidade de material
Antrópico Tudo o que resulta de ações humanas. em suspensão, espalhamento e absorção do feixe
Anzol Gancho farpado utilizado para a pesca. acústico. A atenuação de um sinal de sonar torna
Aparelho Objeto necessário para um determinado sua detecção mais difícil.
uso. Sin. Apetrecho ou Petrecho. Atlântico Nome dado a um dos três maiores
Apêndice Qualquer extensão periférica do corpo oceanos, ao lado do Pacífico e Índico.
de um animal. Atmosfera Porção gasosa que envolve um planeta.
Apetrecho Ver Aparelho. Atobá Aves da família Sulidae, de médio a grande
Aquecimento Foco calorífico que eleva a porte, com comprimento de 64 a 100 cm e peso até
temperatura de um ambiente. Ato ou efeito de 3,6 kg.
aquecer. Autodepuração Processo natural em um corpo de
Aquisição Em Hidroacústica, processo de detectar água, que resulta na redução de demanda biológica
e reconhecer uma anomalia no leito do mar usando de oxigênio (DBO), estabilização dos constituintes
sonar. orgânicos, renovação de oxigênio dissolvido (OD)
Aquisição de Dados Sistema que adquire e utilizado e retorno às características normais do
armazena um ou vários dados podendo ser corpo de água, pela ação dos organismos vivos
autônomo ou acoplado a um computador. existentes na água e por reações químicas nas quais
Arame Fio de aço obtido por trefilação. é utilizado o oxigênio do ar. Sin. Depuração Natural.
Arau Aves da familia Alcidae, que passam o Inverno Avaria Dano causado a uma embarcação ou à sua
no mar, para evitar o gelo, e só se deslocam a terra carga.
no Verão. Nesta altura, acasalam e cada par põe um
único ovo em escarpas apinhadas de aves e
frequentemente fustigadas por ventos e chuvas
GLOSSÁRIO 413
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
naquela região durante o verão, que é muito curto,
B e depois migram para o outro lado da Terra.
Beach Rock Exemplo de Substrato Consolidado,
comum no litoral do Rio Grande do Sul.
Babor Ver Bombordo. Beam Trawl Ver Rede de Barra.
Bacia Área extensa e deprimida para onde correm Bentônico Organismo que vive no fundo de um
os rios que drenam das áreas adjacentes. corpo de água.
Bactéria Microorganismo unicelular capaz de Bentos Em Oceanografia Biológica, um dos três
crescer e se reproduzir à custa de um meio orgânico grandes grupos ecológicos em que os organismos
ou inorgânico. aquáticos são classificados, composto por
Bactéria Aeróbica Bactéria que necessita de organismos que vivem fixos ao substrato duro
oxigênio livre para viver. (sésseis), enterrados no substrato mole (infaunais)
Baía Aberta Ver Enseada. ou sobre os sedimentos (sedentários ou vágeis) de
Balanus Ver Cirripedia. fundo do mar ou de água doce.
Baliza Boias ou estacas que permitem orientar a Biguá Ave aquática de plumagem escura.
navegação em águas restritas. Biguatinga Aves da família Anhingidae, conhecido
Balizamento Ato de pôr balizas. também como carará (Amazônia), calmaria (Rio
Banco Elevação do fundo submarino rodeado por Grande do Sul), mergulhão-serpente, anhinga, arará,
águas mais profundas tipicamente encontradas sobre meuá, miuá e muiá.
a Plataforma Continental ou nas proximidades de Binária Representação numérica, composta de
uma ilha. “zeros” e “uns”, usada para representação interna
Bar Tipo de corte de um pano de rede, quando se de informação nos computadores.
corta apenas um dos fios que se seguem ao nó. É Binóculo Instrumento de óptica, com lentes, que
identificado pela letra B e é paralelo ao lado da possibilita um grande alcance da visão.
malha. Sin. Barra. Biodegradação Decomposição ou estabilização
Barco Embarcação costeira de 10 a 30 metros de da matéria orgânica ou sintética, através de ações
comprimento, com cabine coberta. complexas, por microorganismos existentes no solo,
Barlavento Direção de onde vem o vento na água, ou em um sistema de tratamento de água
(contrário de Sotavento). residuária.
Barômetro Instrumento para determinar a pressão Biodegradável Substância que se decompõe pela
atmosférica, altitudes e para indicar de antemão as ação de seres vivos.
variações prováveis do tempo. Biodetrítico Substrato composto por fragmentos
Barra Ver Bar. de origem biológica, como restos de conchas de
Barreira Nome atribuído a uma unidade moluscos.
litoestratigráfica de sedimentação em ambiente Biodiversidade (1) Variedade e variabilidade dos
continental, composto de argilas variegadas e lentes organismos considerados em todos os níveis,
arenosas localmente conglomeráticas. Sin. Formação. incluindo o número de espécies, diversidade
Barreira Ecológica Conjunto de mecanismos ou genética, arranjados em níveis taxonômicos bem
processos que impedem o fluxo gênico. como os ecossistemas em que habitam as
Barreira Geográfica Qualquer acidente comunidades dos organismos e as condições físicas
geográfico que impede o fluxo gênico. onde eles vivem; (2) Totalidade da diversidade
Barriga do Cabo Ver Catenária. biológica; (3) Condição de haver diferenças em
Basalto Rocha ígnea resultante do resfriamento relação a uma característica. Sin. Riqueza de Espécies;
rápido e em superfície de silicatos em fusão (magma). Diversidade.
Bate-estaca Equipamento usado para cravação de Biofilm Película ou cobertura na superfície de um
estacas. substrato em ambientes aquáticos composto por
Batimetria Ato de medição ou informações microorganismos como bactérias, protozoa e algas.
derivadas das medidas de profundidade da água em Sin. Film.
oceanos, mares rios e lagos, geralmente usando Biogeografia Estudo dos organismos vivos em
sistemas acústicos de baixa frequência. relação a sua distribuição geográfica.
Batimétrica Determinação do relevo do fundo Biologia A ciência da vida, o estudo de organismos
em oceanos, mares rios e lagos. vivos e os seus sistemas.
Batuíras Aves migrantes de pequeno porte que Biologia Marinha Ver Oceanografia Biológica.
fazem seus ninhos no hemisfério Norte, na tundra Biomassa Massa total composta de organismos
ártica (no Canadá e Groenlândia); permanecem vivos, geralmente expressa em peso, úmida ou seca,
414 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
por unidade de área (m²) ou de volume (m³) em um e dobrado por baixo do cefalotórax. São
determinado momento. vulgarmente conhecidos como caranguejos e siris.
Biópsia Retirada de material celular ou de um Busca e Salvamento (SAR) Divisão das Forças
fragmento de tecido de um ser vivo para Armadas Brasileiras responsável pela procura e o
determinação de um diagnóstico. salvamento de pessoas que estão em perigo ou perigo
Biosfera (1) Conjunto de todas as partes da Terra iminente.
onde é possível, pelo menos a algumas espécies de Busca-Fundo Equipamento utilizado para
organismos, viverem permanentemente, amostrar sedimento e organismos bentônicos
alimentarem-se e se reproduzirem; (2) Conjunto de infaunais. Sin. Pegador de fundo.
todos os ecossistemas do Planeta. Bússola Instrumento para determinar direções sobre
Biota Conjunto de seres vivos animais e vegetais de a superfície terrestre, mediante uma agulha
um ecossistema ou de uma área. magnética livremente suspensa sobre um ponto de
Biótico Ver Meio Biótico. apoio, dentro de uma caixa, e cujas pontas estão
Bioturbação Perturbação de sedimentos por permanentemente voltadas para os polos magnéticos
organismos que perfuram e constroem tubos ou da Terra. Sin. Agulha de Marear.
revolvem os detritos, causando a destruição parcial Byte (1) Conjunto de oito bits; cada byte corresponde
ou total das estruturas sedimentares primárias como, a um caractere gráfico (letra, número, sinal de
por exemplo, a estratificação. pontuação, acentuação, entre outros.); (2). Unidade
Bit Menor unidade de dados em um computador; de quantidade de informações usada na especificação
um bit tem um valor único binário. da capacidade de memória de computadores,
Bitola (1) Distância entre dois eixos; (2) Medida tamanho de arquivos, por exemplo, geralmente na
do diâmetro de uma barra cilíndrica. forma de seus múltiplos: kilobyte, megabyte e gigabyte.
Bivalvia (Bivalvo) Classe de organismos, em sua
maioria marinhos do Filo Mollusca, que se
caracterizam pela presença de uma concha
carbonatada formada por duas valvas.
C
Boca (1) Largura máxima de uma embarcação, Cabo de Aço Conjunto de pernas dispostas em
normalmente medida sobre o través; (2) Em forma de hélice, podendo ou não ter uma alma de
equipamento de coleta, é a parte anterior por onde material metálico ou de fibra.
penetram os organismos. Cabo de Aço Galvanizado Constituído por
Bochecha Setor de uma embarcação localizado arames galvanizados na bitola final (sem retrefilação
entre a proa e o través. posterior) ou em uma bitola intermediária e
Boletim Meteorológico Contém a previsão do retrefilados posteriormente.
tempo. Cabo de Aço Polido Constituído por arames de
Bombeamento Ação de bombear. aço sem qualquer revestimento.
Bombordo Área de uma embarcação localizada à Cabo Pré-formado Constituído de pernas, nas
esquerda dessa, quando olhando da popa em direção quais a forma helicoidal é dada antes do fechamento
à proa. Sin. Babor. do cabo.
Bordo Parte resultante da divisão de uma Cabo Real Utilizado para rebocar uma rede ou um
embarcação por uma linha imaginária que une a equipamento, cujo comprimento total lançado está
proa e a popa. relacionado com a profundidade da amostra.
Boreste Área de uma embarcação localizado à Cabos Compostos com Arames de Diâmetro
direita, quando olhado da popa em direção à proa. Diferentes Designação utilizada para indicar que
Sin. Estibordo. na composição das pernas existem arames com
Bote Embarcação costeira com menos de 10 metros diâmetros diferentes; as composições mais
de comprimento, com, no máximo, um mastro e conhecidas são Seale, Filler e Warrington.
sem cobertura. Cabos Compostos com Arames de Mesmo
Box Corer Equipamento utilizado para amostrar Diâmetro Designação utilizada para indicar que,
uma porção conhecida de sedimento. Sin. Caixa na composição das pernas, os diâmetros são
Coletora. aproximadamente iguais. O processo de fabricação
Brachyura (Braquiúro) Infraordem dos desse cabo envolve normalmente uma ou mais
crustáceos decápodos, caracterizada por terem o operações de fechamento da perna.
corpo totalmente protegido por uma carapaça, cinco Cadeia Alimentar Sequência de seres vivos, na
pares de patas, sendo o primeiro normalmente qual um serve de alimento para o seguinte. Sin.
transformado em fortes pinças; o abdome é reduzido Cadeia ou Rede Trófica, Rede Alimentar.
GLOSSÁRIO 415
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Cadeia Trófica Ver Cadeia Alimentar. de arraste da água no cabo, a catenária é um fator
Caixa Coletora Ver Box Corer. complicante significativo para definição da distância
Calado Distância vertical entre a superfície da água horizontal entre o equipamento de amostragem e o
e a parte mais baixa de uma embarcação no ponto bloco de reboque. Sin. Barriga do Cabo.
considerado. Caturro Balanço do navio no sentido de proa para
Camada de Ozônio Faixa da atmosfera (15-30 km) popa, ou seja, no sentido longitudinal da embarcação.
localizada na troposfera, com alta ocorrência de reações Cefalotórax Parte do corpo de um crustáceo que
das moléculas de oxigênio com os fótons da radiação agrupa a cabeça e o tórax, em geral, coberto por
ultravioleta (UV) do Sol, gerando uma concentração uma carapaça.
de ozônio acima daquela no nível do solo. Célula Menor porção viva dos seres vivos.
Camada Superficial Porção do oceano desde a Censo Ver Abundância Absoluta.
superfície em direção ao fundo, acima da qual o Cerda (1) Estrutura com uma base flexível de
oceano é homogêneo devido à ação do vento. origem epidérmica, que auxilia na locomoção de
Canal Um dos dois ou mais sinais em um sistema organismos; (2) Fibra natural ou sintética usada em
de multissinal; a área no monitor ou gravador de escovas, pincéis, entre outros aparelhos.
dados do sonar, onde esse sinal é mostrado. Cetacea (Cetáceo) Ordem de alguns mamíferos
Capear (1) Manter a embarcação em posição, com marinhos, que inclui baleias, botos e golfinhos,
pouca velocidade, com a proa chegada ao vento e adaptados à vida aquática, que têm os membros
ao mar, para aguentar o mau tempo, com pouco anteriores transformados em nadadeiras.
segmento; (2) Executar um conjunto de manobras Chaetognatha (Quetognato) Filo de organismos
que permita à embarcação resistir a um temporal. holoplanctônicos em forma de um torpedo ou uma
Captura Fração de um total de organismos que é flecha. Conhecido vulgarmente como verme-flecha.
coletado por um equipamento. Charneira (1) Parte que une as valvas de uma
Captura por Unidade de Esforço (CPUE) concha; (2) Dobradiça.
Índice que relaciona a captura pela unidade de Chefe Cozinheiro de uma embarcação.
esforço de pesca ou amostral, utilizado para obter Chefe Científico Responsável por um cruzeiro de
estimativas da abundância relativa das espécies. pesquisa.
Carapaça Cobertura óssea, córnea ou quitinosa Chumbo Metal pesado, de efeitos tóxicos, por ser
que, como um escudo, protege o dorso ou parte do contaminante cumulativo.
dorso de um animal. Ciclo Biogeoquímico Sequência de processo
Carbono Elemento químico, metalóide, através do qual qualquer elemento químico é
encontrado na natureza em substâncias gasosas, transferido periodicamente entre componentes
minerais ou orgânicas. bióticos e abióticos ou compartimentos ambientais.
Carga Orgânica Quantidade de matéria orgânica Ciclo de Nutrientes Padrão de transferência de
transportada ou lançada num corpo receptor, ou nutrientes entre os componentes de uma cadeia
sistema de tratamento de águas residuárias. alimentar.
Caridea (Carídeo) Infraordem de pequenos Ciclo de Vida (1) Todas as fases e estágios através
camarões pertencentes aos crustáceos decápodos, dos quais os organismos passam durante o seu
de água doce ou salgada, que têm cuidado parental desenvolvimento; (2) Sequência de eventos desde
com seus ovos. o nascimento até a morte de um organismo.
Carregadeira Cabo localizado na parte inferior Ciclone Circulação atmosférica típica de centros
da rede de cerco que permite fechar a rede impedindo de baixas pressões, com circulação no sentido
a fuga dos peixes por baixo. horário, para o hemisfério Sul, frequentemente
Carta Náutica Representação em dois planos de responsável por eventos de precipitação de violenta
uma parte da Terra utilizada como instrumento de tempestade, caracterizada por ventos em forma de
trabalho em navegação que permite o cálculo de turbilhão e fortes chuvas. Sin. Sistemas Frontais.
posicionamentos, rumos, direções e distâncias. Ciclone Extratropical Qualquer ciclone de
Carta Sinótica Identifica o posicionamento dos origem não tropical, geralmente associado às frentes
centros de alta e baixa pressão, dos sistemas frontais, frias e encontrado nas médias e altas latitudes –
dos ciclones extratropicais e as tendências de tempo estas descritas como “depressões” ou “baixas”,
observadas na superfície, auxiliando na previsão das trazem nebulosidade, chuvas leves e até fortes
condições do tempo. Pode ser enviada para temporais.
embarcações por aparelhos de Fax ou pela Internet. Ciclone Tropical Sistema tempestuoso de baixa
Catenária Formato curvo do cabo de reboque que pressão, de núcleo quente, que se desenvolve sobre
se desloca na água. Tipicamente induzido pelas forças águas tropicais; nas vezes em que ocorre em águas
416 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
subtropicais, se caracteriza por trovoadas e por um na vertical, expresso como uma relação entre uma
núcleo morno, que produz ventos fortes e chuvas das diagonais e o lado da malha. Esse coeficiente
torrenciais. representa o percentual de abertura da malha na
Ciência Interdisciplinar Comum a duas ou mais direção considerada, tendo-se como 100% a malha
disciplinas ou ramos de conhecimento. completamente esticada nessa direção.
Ciência Multidisciplinar Que aborda várias Coeficiente de Entralhamento Fração decimal
disciplinas. resultante de dividir o comprimento da tralha pelo
Científico Relativo à ciência; conduzido ou comprimento do pano de rede que vai sustentar,
preparado estritamente de acordo com os princípios sendo este último o produto da dimensão da malha
e práticas das ciências exatas. esticada multiplicado pelo número de malhas em
Circulação Movimento ou fluxo de massas de água uma fila reta. Assim, o coeficiente de entralhamento
nos oceanos ou de massas de ar na atmosfera. é uma medida que permite definir o grau de abertura
Circulação Atmosférica Circulação do ar gerada que as malhas devem ter quando a rede estiver em
por diferenças de pressão, temperatura ou densidade. operação; nas plantas, esse coeficiente é indicado
Circulação Marinha Circulação ou movimento pela letra E.
de massas de água resultante de densidades Coleta Ver Amostra.
diferentes. A temperatura e a salinidade são os Colete Salva-vidas Principal equipamento
principais contribuintes para a densidade das massas individual de salvatagem, obrigatório para todas as
de água. Sin. Circulação Oceânica. classes na navegação em mar aberto.
Circulação Oceânica Ver Circulação Marinha. Coletor Ver Amostrador.
Cirripedia (Cirripédio) Crustáceo bentônico séssil Coluna de água Coluna vertical de água no oceano
que inicia sua vida como uma larva meroplanctônica ou lago, que se estende desde a superfície até o
e que, após sofrer uma metamorfose, assenta-se fundo.
permanentemente numa superfície. Vulgarmente Comandante Autoridade máxima de uma
conhecido como Craca. Sin. Balanus. embarcação.
Cladocera (Cladócero) Classe de pequenos Comedor de Depósito Organismo que obtém
crustáceos normalmente planctônicos, comuns em alimento consumindo frações de sedimentos
águas dos rios e lagos. Vulgarmente conhecidos inconsolidados.
como Pulga d’água. Comedor de Detritos Ver Detritívoro.
Classe de Comprimento Intervalo de tamanho Compasso Instrumento formado por duas hastes
utilizado em estudos de dinâmica de população para articuladas no vértice, que serve para traçar curvas
descrever classes etárias. regulares, medir distância entre dois pontos na carta
Classe de Incêndio Em função do material em náutica ou determinar as coordenadas geográficas
combustão e do estágio em que se encontra o de um ponto.
incêndio, possibilita a identificação do tipo do Complexo Convectivo de Mesoescala (CCM)
incêndio em uma das cinco classes: A, B, C, D e K. Definido por características observadas em imagens
Classe Etária Método utilizado em estudos de de satélite, são sistemas de longa duração, noturnos
dinâmica de população para determinar um processo e, normalmente, contêm chuvas torrenciais, ventos,
de recrutamento. granizo, relâmpagos e possivelmente até tornados.
Clima Conjunto de condições atmosféricas que Composição dos Cabos Maneira como os arames
caracteriza uma região. estão dispostos nas pernas.
Clinômetro (1) Instrumento para medir as Comprimento Extensão de um objeto considerado
inclinações de um plano em relação ao horizonte; na sua maior dimensão; a unidade padrão é o metro,
(2) Em Navegação, é o instrumento destinado a representado por m.
medir a inclinação da quilha de uma embarcação, da Comprimento da Carapaça Extensão demarcada
proa à popa. Sin. Inclinômetro. pela medida do ângulo orbital até a extremidade
Clorofila Substância corante verde das plantas, mediana dorsal posterior de um camarão.
essencial para realização da fotossíntese. Comprimento de Cabo Extensão total de cabo
Cobertura (1) Em Hidroacústica, área descrita pela utilizada para realizar uma amostragem.
largura da faixa de fundo coberta pelo sonar de Comprimento de Onda Distância horizontal entre
varredura lateral e pela distância percorrida pela qualquer ponto de uma onda e o ponto
embarcação em sua rota; (2) Também corresponde correspondente da próxima onda.
à repetição de levantamento de uma área. Comprimento de Pulso Tempo de transmissão
Coeficiente de Abertura da Malha Valor da de um pulso por parte do sonar, geralmente expresso
abertura da malha, tanto na direção horizontal como em milissegundos. Comprimento de pulso mais
GLOSSÁRIO 417
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
longo permite maior poder de deslocamento na água Core Núcleo do cabo de aço que pode ter diversas
em detrimento da resolução. construções; entre elas, as mais conhecidas são:
Comprimento do Abdome Extensão demarcada núcleo de fibra, núcleo de arame e núcleo de plástico.
pela medida da porção anterior do primeiro somito Cormorão Aves da família Phalacrocoracidae. De
abdominal à extremidade do telso de um camarão. origem tropical, parecem mal-adaptados ao clima
Comprimento Total Extensão demarcada pela ártico: sua plumagem retém água e seu isolamento
medida da extremidade do rostro à extremidade do térmico é limitado; presente em todos os
telso de um camarão. continentes, sobretudo nas regiões costeiras, mas
Comunidade Conjunto de populações que também nas interiores, essa família agrega cerca de
coabitam e interagem em um determinado habitat, 30 espécies; alimenta-se de peixes vivos capturados
diferindo por critérios funcionais, taxonômicos ou durante rápidos mergulhos.
estruturais. Correção Em Hidroacústica, processo de
Concentração Razão entre a quantidade ou a massa eliminação de erros causados por velocidade,
de uma substância e o volume do solvente em que amplitude de inclinação ou outras distorções no
esse composto se encontra dissolvido. sonar. A maioria dos sistemas de sonar permite a
Conservação Conceito amplo, que pode ser eliminação de erros de dados ou distorções de forma
pensado como termo que abrange pelo menos três simples e automática.
ideias: preservação, proteção e manutenção. Corrente (1) Em Física, movimentação horizontal
Concha (1) Exosqueleto, em geral, composto por de massas de água, determinada por diferenças de
carbonato de cálcio (CaCO 3 ), de alguns densidade, efeito de atração gravitacional, oscilações
invertebrados, tais como os moluscos; (2) Parte de do nível do mar, marés ou ventos; (2) Em
equipamentos oceanográficos. Ver Pá. Navegação, uma série de elos, em geral, de ferro,
Condução Processo de transmissão de calor em entrelaçados um com o outro, de modo a moverem-
que a energia térmica passa de um local para outro se livremente formando um ligamento flexível; usada
através das partículas do meio que os separa. principalmente para suspensão e tração.
Conductivity, Temperature and Depth (CTD) Corrente das Malvinas (das Falkland) Corrente
Instrumento-padrão utilizado em Oceanografia oceânica originada como um braço da Corrente
Física para a obtenção de perfis verticais de Circumpolar Antártica com direção sul-norte ao
condutividade (salinidade) e temperatura. longo do litoral argentino. Em torno da latitude
Condutividade Capacidade de condução de 35°S encontra-se com a Corrente do Brasil, as duas
eletricidade por uma solução. voltam-se para o leste e cruzam o oceano como a
Consolidado Substrato duro formado por rochas; Corrente do Atlântico Sul.
costões. Corrente de Maré Movimento horizontal
Construção Termo genérico usado em tecnologia alternativo de água gerado pela variação regular das
pesqueira para indicar o número de pernas, de arames marés.
de cada perna, a disposição e o tipo de alma. Corrente do Atlântico Sul Encontro das correntes
Convecção Movimento de massas de fluido, do Brasil e das Malvinas, em torno da latitude 35ºS.
trocando de posição entre si. Corrente do Brasil Corrente oceânica de águas
Convergência Subtropical Região de mistura da quentes com direção norte-sul ao longo do litoral
Água Tropical (AT) e da Água Subantártica (ASA), brasileiro. Em torno da latitude de 35 °S encontra a
resultando a Água Central do Atlântico Sul (ACAS). Corrente das Malvinas, as duas voltam-se para o
Convés Estrutura horizontal que forma o teto do leste e cruzam o oceano como a Corrente do
casco de uma embarcação, que serve como sua área Atlântico Sul.
principal de trabalho. Correntômetro Instrumento para medir a direção
Coorte Grupo ou grupos de organismos definidos e a velocidade das correntes.
com base na presença ou ausência de um ou mais Corrosão Desgaste ou modificação química ou
atributos e seguidos através de um período estrutural de um material, provocado pela ação de
estabelecido de tempo. agentes do meio ambiente.
Copepoda (Copépodo) Subclasse dos Crustáceos, Costa Faixa de terra de largura variável, que se
em sua maioria planctônicos, microscópicos ou estende da linha de praia para o interior do continente
muito pequenos; alguns são parasitos. Sin. Copépode. até as primeiras mudanças significativas nas feições
Cordão Litorâneo Feição sedimentar alongada, fisiográficas.
em geral, de composição arenosa ou, por vezes, Covo Equipamento de pesca usado como armadilha
cascalhosa ou conchífera, disposta paralelamente a a fim de confinar animais aquáticos num
paleolinhas praiais e separadas entre si por depressões. compartimento com livre acesso e de difícil retorno.
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E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
GLOSSÁRIO 419
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Deutsche Industrien Nor men (Padrão de Distribuição Espacial Arranjo dos organismos
Normas Industriais da Alemanha) Padrão de normas numa determinada área.
industriais utilizado no segmento de engenharia em Distribuição Uniforme Padrão de dispersão de
vários países, inclusive no Brasil. uma população com valor menor do que 1.
Diagrama de Temperatura e Salinidade Distúrbio Alteração dos fatores bióticos ou
Gráfico com temperatura como ordenada e abióticos de um ecossistema ameaçando sua
salinidade como abscissa, em que os pontos organização.
observados em uma série de estações oceanográficas Diurno (1) Que ocorre durante o dia; (2)
são juntados por uma curva. Sin. Curva T-S. Organismos com atividade somente durante o dia.
Diagrama T- S Diagrama de Temperatura e Diversidade Ver Biodiversidade.
Salinidade. Drag Forças hidrodinâmicas exercidas sobre os
Diatomácea Classe de algas unicelulares ou como componentes de um conjunto sendo rebocado e
cadeia de células microscópicas e planctônicas com que tendem a reduzir o seu movimento. O arrasto
parede de sílica; são importante parte da cadeia sobre o cabo é o fator de maior influência quando
trófica, como produtores primários. se trabalha em colunas de água com centenas ou
Dieta Itens que integram a alimentação de um milhares de metros.
organismo. Draga Equipamento de arrasto utilizado para
Dinoflagelado Divisão Pyrrophyta, segundo os amostrar sedimento e organismos bentônicos.
botânicos, ou Filo Dinoflagellata, para os Dragagem (1) Método de amostragem de fundo;
protozoologistas, são um grande grupo de (2) Método de exploração de recursos minerais;
protozoários flagelados. A maior parte das espécies (3) Método de aprofundamento de vias de
pertence ao fitoplâncton marinho, mas são também navegação (rios, baías, estuários, entre outros) ou
comuns em água doce. de zonas pantanosas, por escavação e remoção de
Direção Contra os Nós Aquela em que, ao aplicar materiais sólidos de fundos subaquosos.
a força de tração, tende a afrouxar os nós. Drenagem (1) Ato ou efeito de drenar;
Direção dos Nós Aquela em que, ao aplicar a (2) Conjunto de operações em instalações destinadas
força de tração, aperta os nós. a remover sedimento.
Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN) Duração de Pulso Tempo, em milissegundos,
Divisão da Marinha do Brasil responsável por estudos transcorrido durante o disparo de um pulso acústico.
hidrográficos e oceanográficos feitos pela Marinha
na costa brasileira.
Dispersão (1) Em Ecologia, locomoção, voluntária
ou involuntária, vantajosa para os organismos desde
E
a sua área de origem e o seu retorno a essa área ou Echinoder mata (Equinodermo) Filo de
para ocupar novas áreas; (2) Em Estatística, padrão invertebrados marinhos, geralmente com simetria
espacial de distribuição de organismos ou penta radiada, cujo corpo é coberto por uma delicada
populações; (3) Em Hidroacústica, difusão do sinal epiderme ciliada, envolvendo um esqueleto
de sonar em muitas direções através de refração, constituído por placas calcárias fixas ou móveis.
difração e reflexão, principalmente devido às Suas larvas têm simetria bilateral. São incluídos nesse
propriedades do material das áreas insonificadas. grupo a estrela-do-mar, o dólar-do-mar, o ouriço-
Dissolução (1) Ato ou efeito de dissolver; (2) do-mar e o pepino-do-mar.
Decomposição de um organismo pela separação dos Eco Retorno de som, que chega pouco tempo
elementos constituintes. depois de o som localizar os alvos na coluna de
Distribuição (1) Arranjo dos organismos de uma água.
população; (2) Área ou amplitude geográfica de Ecobatímetro Ver Ecossonda.
ocorrência de uma espécie ou população. Ecograma Gráfico que registra a configuração do
Distribuição Agrupada Padrão de dispersão de fundo oceânico, medindo-se continuamente as
uma população com valor maior do que 1. profundidades de água ao longo de um perfil com
Distribuição ao Azar Padrão de dispersão de uma um ecobatímetro.
população com valor igual a 1. Ecologia Ciência que estuda as relações entre os
Distribuição de Frequência (1) Agrupamento seres vivos e o meio ambiente em que vivem, bem
de dados em classe, cada uma com a frequência de como as suas recíprocas influências.
ocorrência; (2) Distribuição da percentagem do Ecologia Marinha Estudo da fauna e da flora
número total de espécies de uma amostra em classes dos oceanos e suas interações com o ambiente.
de frequência.
420 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Ecossistema Unidade ecológica composta pelos Época do Ano Ver Estação do Ano.
organismos, populações ou comunidades, além dos Equipamento Aparelho utilizado para realizar um
fatores abióticos (físicos e químicos) que influem trabalho em particular como, por exemplo, amostra
no ambiente. de organismos.
Ecossonda Instrumento que utiliza a propagação Escala (1) Relação entre dimensões reais e as
do som no plano vertical, útil para a detecção e representadas graficamente; (2) Nível de resolução
localização de objetos na coluna de água abaixo da espacial percebido ou considerado; (3) Instrumento
embarcação. Sin. Ecobatímetro. que consiste em uma tira de madeira, metal ou
Eficiência Capacidade de produzir um efeito. material plástico com uma ou mais séries de
Efluente Substância líquida, sólida ou gasosa graduações numeradas, usado para medir distâncias
descarregada em um sistema devido a processo ou dimensões; (4) Graduações de certos
doméstico, industrial ou lagoa de estabilização. instrumentos, como termômetros e barômetros, por
Eh Ver Potencial Redox. onde se leem as suas indicações.
Elasmobranchii (Elasmobrânquio) Classe de Escala Beaufort Escala-padrão do Comitê
vertebrados marinhos cujo endoesqueleto é Meteorológico Internacional, para calcular e
composto de cartilagem com um par de barbatanas informar a velocidade do vento, um termo descritivo
e uma mandíbula inferior. São incluídos nesse grupo para o efeito e os efeitos visíveis sobre as superfícies
os tubarões e as raias. da terra ou do mar.
Embarcação (1) Construção que flutua, utilizada Escala de Comprimento (1) Razão constante
para o transporte, pela água, de pessoas, animais ou entre qualquer medida do comprimento em um
qualquer outra carga; (2) Construção que flutua, desenho e a medida correspondente no objeto real
utilizada em estudos na área de Oceanografia, para representado pelo desenho, ambas tomadas na
o transporte de pessoas que realizam amostragens mesma unidade de medida; (2) Uma das aplicações
com equipamentos e instrumentos. da razão entre duas grandezas de mesma espécie.
Emergency Position-Indicating Radio Escala Espacial Dimensão geográfica dos
Beacons (EPIRB) Equipamento de transmissão processos.
de localização, usado em situações de emergência; Escala Gráfica Representação gráfica de várias
auxilia em situações de naufrágio ou outros distâncias sobre uma linha reta graduada, que
acidentes, ao enviar sinais intermitentes, com dados permite realizar as transformações de dimensões
que possibilitam a localização das pessoas ou gráficas em dimensões reais sem efetuar cálculos.
embarcações que necessitam de resgate. Escala Granulométrica Escala para classificação
Encala Distância fixa no entralhamento de uma de sedimentos clásticos (ou detríticos).
rede de pesca: a cada encala coloca-se um número Escala Prática de Salinidade (S) (1) Medida de
determinado de malhas, que será responsável pela razão da salinidade contida na água do mar, baseada
forma de armação da rede. na condutividade elétrica de referência da água
Energia (1) Capacidade dos corpos para produzir marinha, que vem a ser um composto de referência
um trabalho ou desenvolver uma força; (2) Modo de água do mar diluída com salinidade conhecida
como se exerce uma força. do Atlântico Norte; (2) Razão de condutividade
Enseada Setor côncavo do litoral, delineando uma (K15) que é igual à razão da condutividade de uma
baía muito aberta, em forma de meia-lua. A enseada amostra de água do mar e a de uma solução de KCl
desenvolve-se frequentemente entre dois cuja concentração é igual a 32,4356 g por kg solução,
promontórios e penetra muito pouco na costa. Sin. estando ambas as soluções a 15°C e pressão
Baía Aberta. atmosférica (P = 1 atm). O valor K15 = 1
Entrada Analógica Interfaces de hardware que corresponde, por definição, ao valor exatamente
não aceitam sinais digitais. Sin. Analog Inputs. igual a S = 35. É baseada na água do mar-padrão.
Entralhamento Procedimento de unir uma Escala Temporal Relativo à duração dos
panagem às respectivas tralhas na construção de processos.
uma arte de pesca. Escape Organismos que não são coletados.
Entralho Fio que prende a panagem às tralhas nas Esforço de Pesca (1) Total de equipamentos de
artes de pesca com redes. amostragem por um período específico de tempo;
Eólica Energia que tem o vento como agente. (2) Quantidade de operações ou de tempo de
Epifauna Fauna ou flora bentônica que vive à operação das artes de pesca em uma determinada
superfície do substrato. pescaria, durante um período determinado.
Epitoquia Fenômeno reprodutivo característico Esfriamento Ato ou efeito de esfriar;
de muitos poliquetas. arrefecimento, refrigeração.
GLOSSÁRIO 421
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Esgoto Ver Água Residuária. Estatocisto Órgão de equilíbrio dos invertebrados.
Eslora Comprimento total de uma embarcação, Esteno Prefixo para amplitude estreita de
entendido como a distância entre a proa e a popa. tolerância.
Espécie (1) Conjunto de organismos semelhantes Estenohalino Usado para definir organismos que
entre si e os seus ancestrais, que se entrecruzam habitam águas que estão sujeitas a pequenas
originando descendentes férteis; (2) Em sistemática, variações de salinidade.
é a unidade básica da classificação. Estibordo Ver Boreste.
Espécie Dominante Aquela que predomina em Estoque Parte de uma população, em geral, com
uma comunidade devido à sua abundância, um padrão particular de migração.
biomassa, tamanho ou cobertura. Estratégia (1) Plano, método ou estrutura utilizada
Espécie Filtradora Aquela que se utiliza de por um organismo ou grupo de organismos para
filtração para recolher partículas ou conseguir uma condição em especial; (2) Plano ou
microorganismos suspensos na água. Sin. Filtrador. método utilizado para realizar uma amostragem.
Espécie Indicadora (1) Aquela usada como Estratificação (1) Separação – em camadas ou
indicadora de atividade física, química, biológica ou estratos – de qualquer formação natural ou artificial
da composição de um ecossistema; (2) Aquela que que se encontrava em forma homogênea; (2)
vive exclusiva ou preferencialmente em um ambiente Estruturação vertical de uma comunidade ou um
sendo, portanto, capaz de caracterizar as propriedades habitat com camadas horizontais sobrepostas; (3)
físicas e químicas desse ambiente. Sin Indicador Biológico. Agrupamento de organismos de uma comunidade
Espécie Migratória Aquela que é registrada ou habitat em classes de peso.
regularmente apenas em determinada estação do Estratificação Aquática Estruturação da
ano em uma área. densidade vertical resultante do balanço entre o
Espécie Residente Aquela que é registrada calor da atmosfera, troca da água superficial, frio,
durante todo o ano em sua área normal de atividade e difusão do calor, e os movimentos
distribuição. horizontal (advecção) e vertical das águas com
Espécie Vagante Aquela que é registrada diferentes características de temperatura e
raramente fora de sua área normal de distribuição. salinidade.
Espécime Organismo de uma espécie tomado como Estratificação Bentônica Presença de diferentes
amostra. espécies da infauna nos seus respectivos níveis
Espermatozóide Célula germinativa masculina abaixo da interface sedimento-água.
dos animais. Estratificação Sedimentar Estrutura dos
Espinhel Equipamento de pesca, que usa anzóis sedimentos, caracterizada por lâminas paralelas, ou
de forma agrupada; uma série de anzóis é colocada não, horizontais ou inclinadas, evidenciadas por
ao longo de uma linha horizontal ou vertical. aspectos texturais, mineralógicos, coloração e outros,
Espinho Estrutura fixa, de origem epidérmica, com dentro de processo deposicional.
a função protetora de organismos. Estratosfera Região da atmosfera terrestre onde
Esporos Estruturas produzidas por fungos e ocorre a difusão mais acentuada da radiação solar;
algumas bactérias, que tem a finalidade de resistir a seu topo se estende entre 60 a 70 km acima da
condições ambientais extremas e reproduzir, superfície. Tem como característica a ausência de
germinando e criando um novo organismo. fenômenos meteorológicos.
Estação de Amostragem Local onde é realizada Estresse Qualquer fator ambiental que restrinja o
a amostra de um ou de vários parâmetros e dados. crescimento ou a reprodução de um organismo ou
Sin. Ponto de amostragem. população ou que potencialmente cause uma
Estação do Ano Cada uma das quatro partes mudança adversa em um organismo.
(primavera, verão, outono e inverno) em que o ano Estresse Ambiental Qualquer fator que atue para
está dividido. Sin. Época do ano. perturbar o equilíbrio de um ecossistema.
Estacional Ver Sazonal. Estuarino (1) Pertencente a um estuário; (2) Usado
Estacionalidade Ver Sazonalidade. para definir uma espécie, população ou comunidade
Estágio No desenvolvimento dos crustáceos é a que habita áreas que suportam grandes variações de
denominação dada para períodos, depois de uma salinidade causadas pela mistura da água doce e
muda, em que um organismo irá apresentar apenas marinha.
algumas pequenas modificações na morfologia e Estuário Corpo de água costeira, semifechado, que
nenhuma diferença no comportamento. Os estágios tem uma conexão com mar aberto, sendo
do desenvolvimento pertencem a uma mesma fase influenciado pela ação da maré e dos ventos; no seu
do desenvolvimento. interior, a água do mar é misturada com a água doce
422 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
GLOSSÁRIO 423
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Fator Limitante Qualquer condição que se Física Marinha Ver Oceanografia Física.
aproxima dos limites de tolerância de determinado Fitoplâncton Comunidade vegetal microscópica,
organismo. que flutua livremente no meio aquático. Sua
Fauna Conjunto de animais de uma determinada distribuição vertical está restrita à zona eufótica, a
área ou habitat. qual – graças à presença de energia luminosa –
Fecundação Processo de união das células sexuais promove o processo fotossintético, um dos
masculina e feminina para o surgimento de um ovo; responsáveis pela base da cadeia alimentar do meio
quando ocorre fora do corpo, é dita externa e nas aquático, como produtores primários.
vezes em que se dá no interior do corpo é chamada Flora Conjunto das espécies vegetais de uma
interna. determinada região.
Fecundidade (1) Número de ovos produzidos por Fluorímetro Instrumento utilizado para a
uma fêmea por unidade de tempo; (2) Capacidade determinação da concentração de clorofila-α.
potencial reprodutiva de um organismo ou de uma Fluxômetro Instrumento utilizado para medir o
população; medida da capacidade reprodutiva dos fluxo que quantifica o volume de água que passa
organismos, expressa pelo número. através de determinada área ou abertura. Sin. Medidor
Feiticeira Rede de emalhar que se caracteriza por de fluxo.
possuir três panagens sustentadas por uma tralha Fonte de Alimentos Local onde são
superior e uma inferior, nas quais os peixes são disponibilizados o pólen e o néctar, as principais
capturados por ensacamento. Sin. Rede de transmalho. fontes de alimento de um organismo.
Fêmea Organismo de espécie dióica que produz Foraminifera (Foraminífero) Ordem de
óvulos, simbolizado por . protozoários rizópodos, de corpo provido de
Fibra Contínua Fibra de comprimento pseudópodos finos, ramificados e pegajosos, dentro
indeterminado, com diâmetro menor do que de uma carapaça calcária, quitinosa ou de substâncias
0,05 mm e que pesa não mais de 0,2 g a cada 1.000 m. externas, que contém uma ou mais câmaras, com
A união de varias fibras forma os denominados uma ou várias aberturas. Constitui-se, na maior parte,
multifilamentos. de seres marinhos, bentônicos, alguns planctônicos e
Fibra Descontínua Fibra semelhante à contínua, importantes indicadores de massas de água.
porém com comprimento entre 40 e 120 mm; deve Força de Coriolis Força que faz que partículas
ser retorcida para formar o fio final, fazendo que as em movimento sobre a superfície da Terra
fibras primárias cortadas se mantenham juntas e apresentem uma tendência para serem desviados
formem um filamento contínuo (multifilamento). para a direita no Hemisfério Norte e para a esquerda
Fibra Vegetal Termo genérico utilizado para no Hemisfério Sul.
designar todas as células longas e estreitas dos Formação Ver Barreira.
vegetais. For malina Solução aquosa a 37% do gás
Filler Designação utilizada para indicar que na formaldeído (HCHO), altamente tóxico, que é
composição das pernas existem arames principais e amplamente utilizada na fixação e conservação de
arames finos, que servem de enchimento para a boa organismos.
acomodação dos outros arames. Os arames de Formol Ver Formalina.
enchimento não entram no cálculo da carga de Formulário Ver Planilha.
ruptura dos cabos, nem estão sujeitos ao atendimento Forrageio Conjunto de comportamento realizado
de requisitos a que os arames principais devem para obtenção de suas presas.
satisfazer. Fotossíntese Processo de produção de matéria
Film Ver Biofilm. orgânica a partir da fixação do gás carbônico do ar
Filo (1) Principal categoria da hierarquia sistemática através da ação dos raios solares executada por
imediatamente abaixo do Reino Animália (Animal) plantas e por alguns seres unicelulares.
ou Plantae (Vegetal); (2) Conjunto de classes de Fragata Aves marinhas da família Fregatidae.
animais ou vegetais intimamente relacionados. Apresentam grande porte, asas compridas e estreitas,
Filogenia Descrição e explicação de uma sequência plumagem é geralmente preta ou preta e branca; os
temporal de mudanças morfológicas, ecológicas e macho são dotados de um com saco gular vermelho,
biogeográficas de um táxon. Sin. Filogênese. não conseguem andar em terra, nadar nem levantar
Filtração Ato de separar um sólido de um líquido voo de uma superfície plana.
ou fluido que está suspenso através de um meio Frente Limite entre duas massas de ar diferentes
poroso capaz de reter as partículas sólidas. que tenham se encontrado.
Filtrador Ver Espécie Filtradora. Frente Fria Massa de ar frio que avança na direção
Filtrante Aquele que filtra. da massa do ar quente. Geralmente, com a passagem
424 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
de uma frente fria, a temperatura e a umidade de saída do sonar. Devido à atenuação do feixe
diminuem, a pressão sobe e o vento muda de direção. acústico, o ganho do receptor deve ser aumentado à
Precipitação geralmente antecede ou sucede a frente medida que aumenta o tempo de retorno dos sinais
fria e, de forma muito rápida, uma linha de tormenta acústicos mais distantes do transdutor. Esses
pode antecipar a frente. retornos são recebidos em um tempo previsível e
Frente Oclusa Frente complexa que se forma consistente, assim o ganho pode ser aumentado
quando uma frente fria se encontra com uma frente através de uma curva de tempo.
quente. Sin. Oclusão. Garatéia Tipo de anzol caracterizado por possuir
Frente Quente Parte frontal de uma massa de ar três ou mais pontas, especialmente utilizado para a
quente em movimento. O ar quente tende a ocupar captura de lulas.
o espaço do ar frio, produzindo uma larga faixa de Garça Aves da família Ardeidae, a qual vivem em
nuvens e uma chuva fraca e contínua. As frentes regiões tropicais e subtropicais de todos os
quentes tendem a se deslocar de maneira lenta e continentes, exceto Antártida. Possui penas brancas,
podem ser facilmente alcançadas por frentes frias, pescoço longo e bico grande; alimenta-se de peixes,
formando frentes oclusas. pequenos anfíbios e crustáceo.
Frequência (1) Quantidade de vezes que ocorre Garrafa de Amostra Equipamento muito
um evento periódico; (2) Em Estatística, número utilizado para coletar uma quantidade exata de água
de ocorrências em relação ao total de amostras para medir parâmetros abióticos ou fitoplâncton.
analisadas, expressa em percentagem; (3) Em Gás Substância muito fluida e em estado de
Hidroacústica: número de ciclos de uma onda sonora agregação aeriforme, que enche uniformemente
por unidade de tempo, mais frequentemente medido qualquer espaço em que se encerre.
em Hertz. Frequências comumente utilizadas em Gás Permanente Gás que possui um ponto de
sonares de varredura lateral convencionais estão na condensação muito baixo (próximo ao zero
faixa entre 25 a 450 kHz. Embora a largura de absoluto). Está sempre presente na atmosfera, como
pulso e ângulos de feixe varie entre diferentes sonares oxigênio, nitrogênio, argônio, entre outros.
e em diferentes frequências dentro do mesmo Gás Variável Gás que não está presente em todas
sistema, as frequências maiores geralmente fornecem as partes da atmosfera, como dióxido de carbono,
um nível maior de resolução. vapor de água e ozônio.
Frequência de Amostragem Número de vezes Gastropoda (Gastrópodo) Classe de moluscos que
em que se faz uma amostra. apresentam uma concha univalva, em geral,
Fuligem Substância negra que o fumo dos espiralada e um pé constituído por uma massa
combustíveis deposita nas chaminés. muscular situada sob a região ventral, com o qual o
Fundear Em navegação, tocar o fundo com uma organismo se apoia sobre os substratos e se arrasta.
âncora ou ferro. Maioria marinha. Sin. Gastrópode.
Fundo Marinho Porção do substrato Gastrópode Ver Gastropoda.
permanentemente submersa, em que a água e o Gênero Categoria da classificação biológica,
sedimento estão intimamente relacionados. incluindo uma ou mais espécies morfologicamente
Fungo Organismo vegetal heterotrófico, saprófito similares e filogeneticamente relacionada. Categoria
ou parasita, cujas células organizadas em filamentos, entre Família e Espécie.
ditos hifas, carecem de cloroplastos e possuem Geologia Ciência natural que, através das ciências
paredes comumente não celulósicas. exatas e básicas (Matemática, Física e Química) e
de todos os seus aparelhos, investiga o meio natural
do planeta, interagindo inclusive com a Biologia em
G vários aspectos.
Geologia Marinha Ver Oceanografia Geológica.
Geológico Relativo à Geologia.
Gaivota Ave marinha da família Laridae, tipicamente Geoquímica Estudo das causas e das leis que regem
cinzenta ou branca, muitas vezes com marcas pretas a frequência, a distribuição e a migração dos
na cabeça ou asas. A maior parte pertence ao Gênero elementos químicos no Globo terrestre,
Larus. Deve ser evitado chamá-las de gaviotas. principalmente da crosta terrestre.
Ganho Medida do aumento da amplitude do sinal Girino Larva de anfíbio anuro (sapos e rãs) que se
produzido por um amplificador. desenvolve em ambiente aquático.
Ganho de Tempo Variável (Time Variable Gain) Giropiloto Ver Piloto Automático.
(TVG) Processo em que o ganho do amplificador é Glândulas supra orbitais Nas aves, são usadas
alterado com base no tempo de retorno dos pulsos para a rápida excreção do sal do sangue.
GLOSSÁRIO 425
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Glaucothoe Segunda fase do desenvolvimento dos de biomassa em prospecção pesqueira. Sin. Acústica
Anomuros. Ver Megalopa. Submarina.
Global Maritime Distress and Safety System Hidrodinâmica Parte da hidromecânica que
(GMDSS) Sistema de emergência e comunicações investiga o movimento de fluidos incompressíveis e
para embarcações, que substitui o anterior, o qual as interações dos fluidos em movimento com a
era baseado em código Morse. fronteira do domínio onde se movem.
Global Positioning System (GPS) Sistema de Hidrofone Receptor acústico que funciona
informação eletrônico que fornece, via rádio, a um transformando sinais sonoros subaquáticos (ondas
aparelho receptor, as coordenadas da posição do de pressão) em sinais elétricos.
mesmo, com muita acurácia; baseado em um Hidrografia Estudo das características físicas e
conjunto de, pelo menos, quatro satélites. químicas dos corpos aquáticos, como correntes e
Gradiente Inclinação ou ângulo de declive. massas de água.
Gradiente Ambiental Ver Gradiente Ecológico. Hiper Prefixo que significa posição superior, excesso.
Gradiente de Diversidade Mudança regular Hiperhalino Referido à zona com valores da
correlacionada com um espaço geográfico ou salinidade da água acima de 40g. L-1, de acordo com
gradientes de algum fator do ambiente. o sistema de classificação de águas salinas do Sistema
Gradiente de Salinidade Qualquer variação de de Veneza (1958).
salinidade em uma área. Hipo Prefixo que significa mais baixo do que (efeito
Gradiente de Temperatura Qualquer variação ou quantidade), abaixo de, sob (posição).
de temperatura em uma área. Hipótese (1) Conjunto de ideias que apresenta a
Gradiente Ecológico Designação genérica da provável explicação para um dado fenômeno; (2)
variação espacial contínua de qualquer conjunto de Enunciado formal das relações esperadas entre, pelo
organismos ou de seus caracteres, ou de um ou mais menos, uma variável independente e outra
fatores abióticos. Sin. Gradiente Ambiental. dependente; (3) Nas pesquisas, as hipóteses se
Grânulo Sedimento com 4-2 mm de diâmetro. tornam perguntas a serem respondidas com clareza
Granulometria Método de análise que visa a através do trabalho efetuado.
classificar as partículas de uma amostra pelos Hodômetro (1) Instrumento utilizado para a
respectivos tamanhos e a medir as frações determinação da distância percorrida e da
correspondentes a cada tamanho. velocidade da embarcação; (2) Equipamento que
Guará Ave da família Threskiornithidae, com cerca mede a distância percorrida por um instrumento
de 50 a 60 cm, bico fino, longo e levemente curvado de amostra.
para baixo; a plumagem é de um colorido vermelho Hodômetro de Fundo Ver Tubo de Pitot.
muito forte, por causa de sua alimentação à base de Hodômetro de Superfície Mede a velocidade da
um caranguejo que possui um pigmento que tinge embarcação na superfície em relação à massa de
as plumas. São conhecidas como íbis-escarlate, guará- água circundante (depois a velocidade é integrada
vermelho, guará-rubro e guará-pitanga. em relação ao tempo e transformada em distância
Guildas Grupos que desempenham funções percorrida).
ecológicas similares. Exemplo: Guilda trófica: os Hodômetro Doppler Mede a velocidade e a
comedores de depósito. distância em relação ao fundo, sendo o de maior
Guincho Equipamento para levantamento, vertical precisão.
ou por tração, de um equipamento ou instrumento de Holograma Chapa ou filme fotográfico em que
amostra, por um cabo que se enrola em um tambor. é fixada a figura de interferência tirada por
holografia.
426 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
GLOSSÁRIO 427
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Internet Rede de computadores de alcance vertebrados, como os alevinos (peixes) e girinos
mundial, conectados entre si através do protocolo (anuros).
Internet Protocol (IP). Lastro Ver Depressor.
Intra Prefixo que significa dentro. Latitude Distância do Equador a um lugar na Terra,
Invertebrados Animais que não possuem coluna quer no Hemisfério Norte, quer no Hemisfério Sul,
vertebral. medida em graus, minutos e segundos.
Íon Átomo ou grupamento de átomos carregados Lei Regra, norma ou princípio constante e invariável.
eletricamente. Leito Marinho Ver Substrato Marinho.
Irradiômetro Aparelho utilizado na checagem Limite (1) Em Ecologia, área máxima de
diária da irradiância. distribuição de uma espécie; (2) Em Estatística,
Iso Prefixo que significa igual. medida de variação de um grupo de dados.
Limnético Referido à zona com valores da
428 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Luz Energia irradiada visível que faz parte do Mapeamento Criação de vistas 1:1 de largas seções
espectro eletromagnético, na escala de comprimento do fundo marinho a partir de registros de sonar ou
de onda que vai de 4.000 a 7.000 A. a criação de imagens de alta resolução de alvos
submarinos.
GLOSSÁRIO 429
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
(2) Substância química de origem animal ou vegetal, sistema intersticial e com tamanho menores do que
ou, mais genericamente, substância que possui 0,5 mm, mas maiores ou iguais do que 0,1 mm. Sin.
estrutura basicamente carbônica. Sin. Matéria Viva. Meio Fauna e Meio Flora.
Matéria Viva Ver Matéria Orgânica. Meio Biótico Complexo de condicionantes gerados
Material (1) Em Biologia, amostra disponível para pelos organismos que atuam sobre organismos ou
o estudo; (2) Designação genérica para qualquer populações. Sin. Biótico.
item usado direta ou indiretamente para a fabricação Meio de Comunicação Equipamento ou forma
de um produto ou prestação de um serviço. de conteúdo, utilizado para a realização do processo
Material em Suspensão Partículas que não foram comunicacional.
dissolvidas, existentes na coluna de água. Mensageiro Equipamento de latão ou aço inox,
Mau Tempo Condições atmosféricas desfavoráveis lançado pelo cabo para disparar o dispositivo de
para determinada atividade. fechamento de garrafas e redes de plânton, horizontal
Maxila Nos mamíferos, o maxilar é a estrutura da e vertical.
região frontal do crânio, que suporta os dentes Mensuração Definição das dimensões físicas e o
superiores e forma uma parte do palato, da cavidade volume de um objeto presente no registro de sonar.
nasal e da órbita. Mercúrio Elemento químico de número atômico
Mecanismo de Fechamento Equipamento que 80; metal pesado, líquido, prateado, denso e tóxico.
possui duas presilhas, uma móvel, na qual são presas Meridiano Linha imaginária que resulta de um
as amarras da boca da rede, e outra fixa, em que é corte efetuado num modelo geométrico da Terra
presa a amarra que está em volta do corpo da rede. por um plano que contém o seu centro contendo os
Média (1) Igual à soma de todas as observações pólos e é perpendicular a todos os paralelos e ao
dividida pelo número de observações; (2) Propriedade Equador.
estatística numa distribuição, em que o valor que se Mero Prefixo que significa parte, incompleto.
determina segundo uma regra estabelecida, a priori, Meroplâncton Organismos que são planctônicos
representa todos os valores da distribuição. apenas parte do seu ciclo de vida. São principalmente
Mediana Valor de uma variável em um arranjo as larvas dos invertebrados bentônicos, como
ordenado que tenha um número igual de observações crustáceos, estrelas-do-mar, moluscos e poliquetas.
acima e abaixo. Meso Prefixo que significa meio, intermediário.
Medidor de Fluxo Ver Fluxômetro. Mesohalino Referido à zona onde valores da
Medusas Forma sexuada e campanulada dos salinidade da água estão entre 5 e 18, de acordo
celenterados em feitio de guarda-sol aberto com o sistema de classificação de águas salinas do
transparente. Sistema de Veneza (1958).
Mega Prefixo que significa grande ou maior que o normal. Mesosfera Região situada entre 50 e 85 km de
Megalopa Última fase larval do desenvolvimento altitude é a camada atmosférica onde há uma
dos crustáceos decápodos. Fase de transição entre o substancial queda de temperatura, chegando a -90°C
período planctônico e o demersal com os exópodos em seu topo.
abdominais natatórios e os três primeiros apêndices Meta Prefixo que significa depois, mudança.
torácicos relacionados com alimentação. Sin. Pós- Metabolismo Totalidade dos processos
larva em camarões; Glaucothoe em anomuras; Puerulus bioquímicos de síntese e de degradação de
em lagostas. substâncias químicas nos organismos vivos.
Megaplâncton Organismos planctônicos maiores Metâmeros Segmentos estruturais que compõem
ou iguais de 2.000 micrômetros em tamanho. o tronco de anelídeos.
Meio (1) Totalidade dos fatores externos suscetíveis Meteorologia Ciência que estuda o tempo ou as
de influência aos organismos; (2) Corpo ou ambiente condições atmosféricas locais. Inclui a compreensão
em que se passam fenômenos especiais; (3) O que de aspectos atmosféricos para fazer a previsão do
indica metade de um todo. tempo.
Meio Abiótico Complexo de condicionantes não Meteorológico Trata dos fenômenos atmosféricos
biológicos (estruturais, energéticos, químicos e (temperatura, umidade, entre outros).
outros) do meio, que atua sobre organismos, espécies Metodologia Conjunto de etapas que devem ser
ou populações. Sin. Abiótico. seguidas em ordem cronológica, a fim de serem
Meio Ambiente Conjunto de condições de ordem concluídas teorias ou leis que disponham sobre
física, química e biótica que atuam sobre os fenômenos que ocorrem na natureza. Estudo
organismos. Sin. Ambiente. científico dos métodos.
Meiobentos Organismos bentônicos (animais = Metro Unidade de comprimento, adotada como
meio fauna, ou plantas = meio flora) que vivem no base do sistema métrico decimal, calculada como a
430 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
GLOSSÁRIO 431
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
da posição futura da embarcação, partindo de um Nêuston Organismos planctônicos que vivem nos
ponto conhecido e obtendo a nova posição primeiros centímetros da camada superficial dos
utilizando o rumo, a velocidade e o intervalo de oceanos.
tempo entre elas. Nevoeiro Massa de gotículas de água suspensas na
Navegação Oceânica Navegação ao largo, em atmosfera, próximas ou junto à superfície da Terra,
alto-mar, normalmente praticada a mais de 50 milhas que podem reduzir a visibilidade horizontal.
da costa. Nicho Papel ecológico de uma espécie em uma
Navio Embarcação com mais de 30 metros de comunidade. Gama de condições sobre as quais o
comprimento. organismo ou população vive e se reproduz.
Navio de Pesquisa (N/Pq) Projetado para realizar Nictemeral Qualquer variação associada ao
qualquer tipo de estudo, inclusive a pesca; para tanto, período dia-noite, compreendendo tanto variações
exige popa aberta capaz de realizar qualquer tipo de comportamentais dos organismos (migração vertical
arrasto de pesca. Além disso, precisa não apenas estar do plâncton) como variações dos fatores abióticos.
apto a fazer amostra planctônica, bentônica, Nitrogênio Constituinte universal da matéria viva
geológica e físico-química, como também coletar (proteínas), principal gás do ar (78%), o nitrogênio
amostras de água em qualquer profundidade e contar intervém na biosfera através de um complexo ciclo
com instrumentos de hidroacústica para prospecção que envolve trocas entre atmosfera/solo/seres vivos.
pesqueira para navegação. Normalmente esses navios Nó Unidade de velocidade em navegação equivalente
são pesqueiros adaptados para fazer investigação, com a uma milha náutica por hora (mn/h) ou 1.852 metros
um espaço destinado a laboratório. Um exemplo de por hora ou 1,852 quilômetro/hora.
um N/Pq é o “Atlântico Sul”, da FURG. Norte Geográfico Ver Norte Verdadeiro.
Navio de Oportunidade Ver Plataforma de Norte Verdadeiro Direção tomada à superfície
Oportunidade. da Terra que aponta para o Polo Norte geográfico.
Navio Hidrográfico (N/H) Projetado para É um termo usado em navegação e relaciona-se
realizar investigação e pesquisa hidrográfica, com o posicionamento e a orientação do navegador.
levantamentos sísmicos do leito do mar e sua Sin. Norte Geográfico.
proximidade, estudos sobre os parâmetros físicos, Noturno (1) Que ocorre durante a noite; (2)
químicos e meteorológicos. Um exemplo de um Organismo com atividade somente durante a noite.
Navio Hidrográfico é o N/H “Sirius”, da Marinha Nutriente (1) Em Química, substância ou
do Brasil. elemento que fornece matéria ou energia necessária
Navio Oceanográfico (N/Oc) Projetado para para um organismo; (2) Em Oceanografia,
realizar estudos sobre os parâmetros físicos, geralmente se referem aos componentes minerais
químicos, biológicos da água assim como geológicos; das massas de água (sílica, carbono e nitrogênio).
para tal, é equipado para recolher amostra de água Nuvem Conjunto de partículas de água ou gelo em
principalmente com garrafas em várias suspensão na atmosfera, de formas e cores variadas.
profundidades, bem como algum tipo de busca-
fundo e instrumentos para leitura dos parâmetros in
loco. Também são equipados com instrumentos de
hidroacústica para pesquisa do leito do mar e outros
O
sensores ambientais. Esse tipo de navio não consegue Oceânico Associado com o ambiente marinho além
desempenhar trabalhos relacionados com a pesca. da quebra da Plataforma Continental e com os
Exemplos de Navios Oceanográficos são o N/Oc organismos que habitam essas águas.
“Prof. Besnard”, da USP e o N/Oc. “Cruzeiro do Oceano Corpo de água global interconectado, de
Sul”, da Marinha do Brasil. água salgada, é dividido pelos continentes e grandes
Necrófago Organismo que se alimenta de espécimes arquipélagos, cobre quase três quartos (71%) da
mortos, ou parte deles. superfície da Terra.
Nécton Em Oceanografia Biológica, um dos três Oceanografia Estudo dos oceanos, abrangendo e
grandes grupos ecológicos em que os organismos integrando todos os conhecimentos pertinentes à
aquáticos são classificados, com habilidades biologia, geologia, física e química marinha.
natatórias que lhes permitem moverem-se Oceanografia Biológica Ramo que estuda os
ativamente na coluna de água em qualquer direção, organismos vivos nos diversos ecossistemas
inclusive contra corrente. Exemplos: Peixes, baleias, marinhos, estuarinos e de transição, além de suas
tartarugas e lulas. relações com o meio ambiente. Como trata mais
Nerítico Organismo que vive em águas da Zona com organismos que passam toda ou quase toda
Nerítica.
432 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
vida nos oceanos, a sua classificação é baseada mais líquido, medida em teste específico. É expresso em
no ambiente em que vivem do que na taxonomia. miligramas de oxigênio por litro de água.
Sin. Biologia Marinha. Ozônio Gás azulado, muito oxidante e reativo, de
Oceanografia Física Ramo que estuda os aspectos composição molecular (O3), forma-se quando as
físicos do oceano, tais como correntes, ondas, moléculas de oxigênio (O2) rompem-se devido à
marés e temperatura, entre outras características. radiação ultravioleta e os átomos separados se
Sin. Física Marinha. combinam, individualmente, com outras moléculas
Oceanografia Geológica Ramo que estuda a de oxigênio.
geologia das porções cobertas ou em contato com
os oceanos, bem como os processos resultantes de
sua interação com as variáveis físicas, biológicas e
químicas. Sin. Geologia Marinha.
P
Oceanografia Química Ramo que estuda o Pá Em Oceanografia, parte do busca-fundo que
comportamento dos elementos químicos no coleta o sedimento. Sin. Concha ou Mandíbula.
oceano, tais como o ciclo desses elementos no Padrão Organização repetitiva, que não é ao acaso.
oceano e também com outros sistemas. Sin. Padronização Procedimento de manutenção de
Química Marinha. métodos e equipamentos de amostragem, observação
Oclusão Ver Frente Oclusa. e análise dos dados o mais constante possível.
Olhal Argola fixa de metal num ponto da amurada, Panagem Secção de rede constituída por um
usada para um determinado fim. determinado número de malhas.
Oligohalina Referido à zona com valores da Panga Pequena embarcação utilizada na pesca com
salinidade da água estão entre 0,5 e 5, de acordo redes de cerco com carregadeira, utilizada na operação
com o sistema de classificação de águas salinas do de pesca para cercar o cardume com a rede.
Sistema de Veneza (1958). Parâmetro (1) Constante ou medida numérica que
Onda Deformação da superfície do oceano, causada descreve alguma característica físico-química de um
principalmente pela ação da energia causada pelo vento. ambiente; (2) Todo elemento cuja variação de valor
Orçar (1) Em Navegação, girar a proa na direção modifica a solução de um problema sem lhe alterar
do vento (contrário de arribar); (2) Em Economia, a natureza.
calcular despesas. Parapódios Projeção lateral carnosa dos anelídeos,
Ordem (1) Categoria dentro da hierarquia de composta por feixes de cerdas.
classificação sistemática entre Classe e Família; (2) Parts Per Thousand (PPT) Medida de sal
Arranjo ordenado que possam ser de forma crescente contido na água do mar em termos de miligramas de
ou decrescente. sal por litro de água.
Orgânico Relacionado a coisas vivas, tais como Passo do Cabo Comprimento correspondente a
animais e vegetais. uma volta completa de uma perna ao redor da alma.
Organismo Qualquer ser vivo, seja animal, vegetal, Pé Medida equivalente a 12 polegadas ou 30,48 cm.
fungo ou protista. Pegador de fundo Ver Busca-fundo.
Oscilação (1) Mover-se para um lado e para o Peixe (1) Em Biologia, animal vertebrado, aquático,
outro; balançar-se; (2) Variação. com os membros transformados em barbatanas e
Otólito (1) Concreções de carbonato de cálcio com respiração branquial. Ver Pisces; (2) Em
presentes dentro de câmaras do ouvido interno dos Oceanografia, equipamento rebocado.
peixes e que têm a função de controlar a posição do Pelágico Organismo que vive na Zona Pelágica,
corpo do animal; (2) Nos estudos de dinâmica durante toda ou a maior parte de sua vida, sem
populacional, são usados para obter estimativas da dependência do substrato marinho, tal como as
idade dos individuos. formas planctônicas e nectônicas.
Output Qualquer coisa que sai de um computador Pelecypoda (Pelecípodos) Classe de moluscos
ou sistema, seja eletrônica ou fisicamente. que apresentam o corpo revestido por concha de
Ovo Resultado da fecundação do óvulo pelo duas valvas laterais, com charneira dorsal, sola
espermatozóide. pediosa em forma de machado, protaída do lado
Óvulo Célula germinativa feminina dos animais. ventral quando o animal está em movimento, e
Oxigênio Elemento químico que constitui a massa desprovido de cabeça. Exemplo: Ostras e Mexilhões.
principal das águas, dos seres vivos e das rochas de Sin. Pelecípodes.
superfície, e cerca de 20% da massa atmosférica. Pelicano Ave marinha da família Pelecanidae. A
Oxigênio Dissolvido (OD) Quantidade de sua principal característica é o longo pescoço que
oxigênio dissolvido, em água residuária ou em outro
GLOSSÁRIO 433
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
contém uma bolsa na qual armazena o alimento; possui com várias adaptações à vida no meio aquático: o
os dedos unidos por membranas. Pode ser encontrado corpo é fusiforme; as asas atrofiadas desempenham
em todos os continentes, exceto na Antártida. a função de barbatanas, e as penas são
Pelos Filamento composto, em grande parte de impermeabilizadas através da secreção de óleos.
ceratina que cresce na pele, cutícula ou epiderme de Pinnipedia (Pinípedes) Subordem de mamíferos
alguns animais e dos humanos. marinhos, com membros curtos e achatados, com
Perda (1) Extravio; (2) Fuga de um líquido. os dedos ligados por membranas. Exemplo: Focas e
Pereiópodos Apêndice torácico (ou do Leões marinhos.
cefalotórax) dos crustáceos decápodos. Pisces (Peixes) Classe de vertebrados marinhos
Perfilador Instrumento que mede uma secção poiquilotérmico, corpo fusiforme em geral coberto
vertical do corpo aquático através da transmissão por escamas; possuem endoesqueleto com ossos,
de um sinal sonoro de alta frequência, que é refletido pares de nadadeiras e um opérculo cobrindo as
de volta para o aparelho, podendo registrar brânquias.
velocidade e direção de correntes, partículas em Plâncton Em Oceanografia Biológica, um dos três
suspensão na água e tipos de sedimentos de fundo. grandes grupos ecológicos em que os organismos
Outros tipos de perfiladores acústicos de maior aquáticos são classificados. Conjunto dos seres vivos
frequência mostram apenas o contorno da topografia que flutuam passivamente nas massas de água de
dos fundos marinhos. lagos ou oceanos, não possuindo os meios para nadar
Período de Onda Tempo que leva para uma onda ativamente. A parte vegetal é chamada fitoplâncton
completar um comprimento de onda para passar e ocorre em profundidades onde possam chegar os
por um ponto estacionário. raios do sol. A parte da fauna é chamada de
Perna Conjunto de arames torcidos em forma de zooplâncton e é constituída principalmente por
hélice, podendo ou não ter um núcleo ou alma minúsculos crustáceos como os copépodos. O
constituído por um arame ou outro material metálico plâncton é a principal reserva alimentar dos
ou fibra. ecossistemas, a base das cadeias tróficas dos oceanos.
Pesquisador Quem ou o que pesquisa. Planctonbentos Organismos planctônicos que
Petrecho Ver Aparelho. vivem associados com o substrato.
Petrel Ave da família Procellariidae, de ampla Planctônico Relativo ou pertencente ao Plâncton.
distribuição nos oceanos do mundo, mas com sua Planctonte Organismo planctônico.
maior diversidade no Hemisfério Sul. Raramente se Planejamento (1) Ato de projetar um trabalho ou
aproxima da terra, exceto para a reprodução. serviço; (2) Determinação dos objetivos ou metas
pH Logaritmo decimal do inverso da atividade dos de um trabalho, como também da coordenação de
íons hidrogênio numa solução. Parâmetro usado para meios e recursos para atingi-los.
medir a acidez de um meio líquido ou substância. Planejamento de Rota Estudo prévio, detalhado,
Pico Prefixo usado para designar unidade X10-12. da direção que se deseja seguir, utilizando,
Picoplâncton Organismo planctônico com 0,2 e principalmente, as Cartas Náuticas da área em que
2,0 µm de diâmetro. se vai transitar e as publicações de auxílio à
Piloto Automático Equipamento que navegação (Lista de Auxílios-Rádio, Tábuas das
automaticamente guia embarcações. Contém Marés, Cartas-Piloto, Cartas de Correntes de Marés,
giroscópios que comandam a embarcação, entre outras). Sin. Roteiro de Navegação.
controlando as posições e mantendo a embarcação Planilha Apresentação gráfica padronizada para
em determinada rota, permitindo uma navegação registro de informações. Sin. Formulário.
mais precisa e econômica. Sin. Giropiloto. Planta de Pesca Plano utilizado para a construção
Ping (1) Em Hidroacústica, o disparo ou pulso das artes de pesca, no qual são colocadas todas as
único de saída de um sistema acústico, o qual especificações técnicas do apetrecho.
transmite muitos pings no ambiente subaquático. O Plataforma Continental Zona imersa que declina
conjunto de pings forma a imagem que pode ser suavemente, a começar da praia até o Talude
visualizada; (2) Em Informática, utilitário para Continental; por convenção, estende-se até a isóbata
determinar se um endereço IP específico está de 200 m.
acessível; funciona através do envio de um pacote Plataforma de Oportunidade Embarcação
para o endereço especificado e da espera por uma utilizada de favor para coleta de dados científicos.
resposta. Sin Navio de Oportunidade.
Pinguim Ave marinha da família Spheniscidae. Não Pleópodos Apêndices abdominais dos crustáceos,
voadora, é característica do Hemisfério Sul, em responsáveis pela natação, escavação, ventilação,
especial, na Antártida e ilhas dos mares austrais, transporte de ovos na fêmea e por vezes trocas gasosas.
434 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Plumagem Conjunto de penas que cobre o corpo Pontal Distância vertical de uma embarcação,
de uma ave. Também refere-se ao padrão, cor e medida do convés até um plano horizontal, que
arranjo que caracteriza esse conjunto. passa pela quilha da embarcação.
Pluviométrico Relativo ao ramo da climatologia; Ponto de Amostragem Ver Estação de Amostragem.
que se ocupa da distribuição das chuvas em Popa Extremidade posterior de uma embarcação.
diferentes épocas e regiões. População Conjunto de organismos de uma mesma
Pluviômetro Instrumento meteorológico utilizado espécie que ocupa uma determinada área.
para medir a quantidade de água precipitada em Porta Equipamento hidrodinâmico na pesca de
dado lugar e em um determinado tempo. arrasto-de-fundo fazendo que a rede trabalhe aberta
Polegada Unidade de comprimento usada no na horizontal.
sistema imperial de medidas britânico; equivale a Pós Prefixo que exprime a ideia de depois.
2,54 centímetros. Pós-larva Ver Megalopa.
Pólen Grânulos pequenos produzidos nas flores, Potência Elétrica Trabalho realizado pela
representando o elemento masculino da sexualidade corrente elétrica em um determinado intervalo de
da planta, cuja função na reprodução é fecundar os tempo.
óvulos das flores. Potencial Redox Medida que expressa a tendência
Polia Hodométrica Instrumento necessário para de receber, ou seja, ganhar elétrons numa
medir a quantidade de cabo lançada. determinada reação química. Sin. Eh.
Polihalina Referido à zona onde valores da Practical Salinity Scale (S) Ver Escala Prática de
salinidade da água estão entre 18 e 30, de acordo Salinidade.
com o sistema de classificação de águas salinas do Praia Ambiente dinâmico distinto situado num
Sistema de Veneza (1958). setor de transição entre ambiente marinho e
Polo Geográfico Termo empregado para designar terrestre, dentro da dinâmica da zona proximal da
cada uma das extremidades do eixo imaginário da Terra. costa. Sin. Sistema Praial.
São duas: Polo Norte ou Ártico, está num ponto onde Pré Prefixo que significa antes, na frente, mais cedo do que.
o oceano tem 4.087 m de profundidade; e Polo Sul ou Precipitação Diferentes formas pelas quais o vapor
Antártico, que está a 2.992 m acima do nível do mar. de água, depois de condensado na atmosfera, chega
Polo Magnético Ponto variável na superfície até a superfície terrestre (neve, chuva ou gelo).
terrestre para o qual convergem (norte magnético) Precisão Em estatística, é a proximidade de
ou de onde divergem (sul magnético) as linhas de repetidas medidas uma das outras em relação a uma
fluxo magnético terrestre e onde a agulha da bússola quantidade. Uma medição pode ser precisa, mas
mostra inclinação magnética vertical. não exata.
Poluentes Detritos sólidos, líquidos ou gases Predação (1) Consumo de um organismo por outro
nocivos à saúde, de origem natural ou de espécie diferente; (2) Relação alimentar entre
industrializada, lançados no ar, na água ou no solo. organismos de espécies diferentes, benéfica para um
Poluição Efeito que um poluente causa no deles (o predador) à custa da morte e consumo do
ecossistema. outro (presa).
Polychaeta (Poliqueta) Classe de organismos Predador Organismo que consome outro
geralmente marinhos pertencentes ao Filo Annelida organismo vivo de espécie diferente (carnívoros e
(Anelídeos) com segmentação distinta, anéis com herbívoros são ambos predadores por essa definição).
pequenas proeminências carnosas laterais Presa Organismo que é passível de ser morto e
denominadas parápodes e numerosas cerdas; outra consumido por outro de espécie diferente.
característica é a região cefálica evidente, além de Pressão Atmosférica Peso da coluna de ar sobre
tentáculos e sexos, em geral, separados. um determinado ponto; ao nível do mar, é
Ponta Nor mal Pontas obser vadas nas aproximadamente 1013,25 hPa.
extremidades de uma panagem ao longo da direção Previsão do Tempo Descrição detalhada de
dos nós ou da direção da rede, as quais são ocorrências meteorológicas futuras; inclui a modelagem
representadas pela letra N. Quando cortados os dois numérica e a habilidade e experiência de um
fios que se seguem um nó na direção vertical, forma- meteorologista. Sin. Prognóstico de Tempo.
se uma ponta N. Primeiros Socorros Tratamento emergencial de
Ponta Transversal Pontas obser vadas nas alguém doente ou ferido, com a finalidade de manter
extremidades ao longo da direção contra os nós ou seus sinais vitais até que receba ajuda médica
da direção do fio, as quais são representadas pela letra especializada.
T. Quando cortados os dois fios que se seguem um nó Princípio Ativo Em um medicamento, é a
na direção horizontal, forma-se uma ponta T. substância que deverá exercer efeito farmacológico.
GLOSSÁRIO 435
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Um medicamento, alimento ou planta pode ter
diversas substâncias em sua composição, porém
somente uma ou algumas dessas conseguirão ter ação
Q
no organismo.
Proa Extremidade anterior de uma embarcação. Queratina Proteína sintetizada por muitos animais
Probe Ver Sonda. para formar diversas estruturas do corpo.
Probóscide Prolongamento da estrutura bucal dos Quilha Peso sob a forma de uma barbatana, fixado
poliquetas, auxiliar nas atividades de alimentação. na parte de baixo do casco da embarcação, que serve
Processo Biológico É o processo natural que para impedir o seu abatimento lateral e contribui
ocorre na estrutura física de um ser vivo como o para a sua estabilidade.
crescimento, a reprodução, a morte. Química Marinha Ver Oceanografia Química.
Produção (1) Ato ou efeito de produzir; (2)
Geração.
Produção Primária Produção de material vivo por
organismos fotossintetizadores ou por organismos
R
quimiossintetizadores. Geralmente expressa em Radar Sistema que permite descobrir a presença,
gramas de carbono por metro quadrado por ano. posição, rumo e velocidade de corpos fixos ou
Produção Secundária Produção de material vivo móveis que não são facilmente enxergados, mediante
por unidade de área (ou volume) por unidade de a emissão de ondas eletromagnéticas ou
tempo pelos herbívoros. radioelétricas no meio aquático.
Produtividade Termo utilizado para descrever a Radiação (1) Qualquer dos processos físicos de
taxa de produção e a quantidade de matéria orgânica emissão e propagação de energia, seja por intermédio
num corpo de água; frequentemente aumentanda de fenômenos ondulatórios, seja por meio de
por nutrientes. partículas dotadas de energia cinética; (2) Energia
Profundidade Em Física, é uma referência da que se propaga de um ponto a outro no espaço ou
distância do topo até o fundo. no meio material.
Prognóstico de Tempo Ver Previsão do Tempo. Radiação Solar Energia emitida pelo sol em forma
Propagação Movimento das ondas sonoras ou de radiação eletromagnética.
luminosas através da água; base para a formação de Radiância Intensidade direcional em três
imagens de qualidade usando sistemas acústicos. dimensões da propagação da luz em um dado
Prospecção Método de avaliação de um recurso instante e local.
em uma área. Rádio Equipamento elétrico que recebe sinais
Prospecção Hidroacústica Método de prospecção emitidos por ondas eletromagnéticas e os transforma
pesqueira baseado na utilização de sinais acústicos e em sons.
equipamentos de pesca para detecção e identificação Radiogoniômetro Receptor de rádio utilizado
de espécies, além de aferição de biomassa pesqueira. para determinar, mediante o emprego de sinais
Prospecção Pesqueira Método aplicado às radioelétricos, a direção entre duas estações, uma
ciências pesqueiras que se fundamenta na transmissora e uma receptora.
determinação da existência de recursos pesqueiros Rádio HF Equipamento de comunicação com faixa
por meio de técnicas exploratórias. de radiofrequência de 3 a 30 MHz.
Protocolo Documento no qual se definem os Rádio VHF Equipamento de comunicação com
procedimentos relativos a uma atividade e os deveres faixa de radiofrequência de 30 a 300 MHz.
do pessoal nela envolvido. Raio Ultravioleta UV Radiação solar com
Pseudópodo Estrutura auxiliar da locomoção e comprimento de onda menor que 400 nm.
alimentação em esponjas. Range Ver Faixa.
Pteropoda (Pterópodos) Grupo de gastrópodos Receptor NAVTEX O sistema NAVTEX é um
holoplanctônicos. Sin. Pterópodes. serviço internacional de telegrafia, de impressão
Puerulus Segunda fase larval do desenvolvimento direta, para transmissão de avisos náuticos, inclusive
das lagostas. informações urgentes de segurança marítima,
Pulso Breve explosão de sonar, geralmente medido relativos a águas até 400 milhas da costa.
em função do tempo, distância ou potência. Cada Recife Agregado de organismos vivos e material
pulso de sonar também é conhecido como um ping. calcário de esqueletos de animais e algas. Sin. Parcéis.
No entanto, o pulso é um termo mais formal e é Recrutamento Processo de chegada de organismos
usado para descrever a duração do ping do sonar em jovens de uma população na área explotada, por
tempo e largura em metros. mudança de comportamento ou imigração.
436 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Recurso Qualquer componente do ambiente que Rio Curso de água natural, de extensão às vezes
pode ser utilizado e potencialmente esgotado por considerável, que se desloca de uma área mais elevada
um organismo. Exemplo: Alimento. para outra mais baixa, aumentando progressivamente
Recurso Mineral Qualquer recurso natural que seu volume até desaguar no mar, em um lago ou em
seja de origem mineral. outro rio. Suas características dependem do relevo,
Rede (1) Entrelaçamento de cordas, fios, arames, clima local e regime das águas.
barbantes, entre outros, que formam uma malha, Riqueza de Espécies Ver Biodiversidade.
utilizada para capturar organismos; (2) Em Ritmos Série de fenômenos que ocorrem com
Informática, conjunto de computadores interligados, intervalos regulares.
compartilhando dados. Ritmos Biológicos Periodicidade biológica exibida
Rede Alimentar Ver Cadeia Alimentar. em um processo biológico.
Rede de Barra Rede de arrasto caracterizada pela Ritmos Diários Fenômenos baseados em
presença de uma barra de madeira ou de metal na periodicidade diária.
boca da rede (do Inglês, beam = barra ou vara; trawl Roseta Equipamento que permite a instalação de
= arrasto). Sin. Rede de vara. diversas garrafas de amostra de água, com
Rede de Vara Ver Rede de Barra. acionamento de fechamento, além de instrumentos
Rede de Transmalho Ver Feiticeira. como CTD e o fluorímetro.
Rede Trófica Ver Cadeia Alimentar. Rostro Projeção anterior do corpo de um crustáceo
Refração Mudança de direção de propagação de decápodo, em geral, uma rígida extensão mediana
feixe sonoro ao passar obliquamente de um meio da carapaça entre os olhos ou pedúnculo ocular.
para outro, no qual a velocidade de propagação é Rota Caminho por que passa uma embarcação.
diferente. Roteiro de Navegação Ver Planejamento de Rota.
Região Ver Zona. Rotiphera (Rotífero) Filo de pequenos organismos
Região Estuarina Ver Zona Estuarina. planctônicos, a maioria de água doce e poucos
Região Litorânea Ver Litoral. marinhos, que nadam e se alimentam por meio de
Região Nerítica Ver Zona Costeira. bandas ciliadas. São multicelulares com simetria
Região Pelágica Ver Zona Pelágica. bilateral e não segmentados. Não possuem sistema
Régua Paralela Equipamento usado para traçar de circulação nem órgão respiratório.
rotas nas cartas náuticas. Constitui-se de duas réguas, Rótulo Ver Etiqueta.
que são mantidas juntas lado a lado, de tal forma Ruído Ver Interferência.
que, ao manter fixa uma delas, a outra pode ser Ruído Ambiental Sinal acústico detectado pelo sistema
movimentada, para frente ou para trás, o que permite de sonar, proveniente de uma variedade de fontes no
transferir retas sobre a carta, enquanto o mesmo ambiente subaquático, tais como: o movimento da hélice,
ângulo é mantido. o ruído do motor, fontes biológicas, ou mesmo ambientais,
Regulador Organismo que pode manter constante como vento, ondas e chuva.
algum aspecto de sua fisiologia como, por exemplo, a Rumo Ângulo horizontal entre uma direção de
temperatura do corpo constante, apesar de diferenças referência e a direção para a qual aponta a proa da
e mudanças das propriedades no meio externo. embarcação.
Regulamento Internacional para Evitar Rumo Verdadeiro Direção que o navegador deseja
Abalroamento no Mar (RIPEAM) Conjunto de realmente seguir.
regras e procedimentos que, tendo a força da Lei,
prescreve como devem ser conduzidas as
embarcações na presença de outras.
Relatório Descrição minuciosa, sobre a sequência
S
dos fatos ocorridos durante um cruzeiro científico. Saco Parte posterior da rede onde são retidos e
Rendimento Razão entre o produto e o que foi armazenados todos os organismos capturados na
gasto para produzi-lo. operação de pesca.
Reptação Atividade lenta de locomoção dos Safety of Life at Sea (SOLAS) Importante
organismos bentônicos, típico de organismos Tratado sobre segurança em embarcações com
sedentários. passageiros, o qual define equipamentos de
Resíduo Ver Lixo. salvamento e de transmissões a bordo.
Retroespalhamento Retorno de energia a partir Saída Piloto Ver Cruzeiro Piloto.
do fundo do mar para o receptor em um sonar. Salinidade Medida da quantidade de sais
Reverberação Sinal acústico proveniente de dois dissolvidos em massas de água naturais: um oceano,
ou mais alvos. um lago, um estuário ou um aquífero.
GLOSSÁRIO 437
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Salobra Água com a salinidade intermediária entre a Sistema Frontal Ver Ciclone.
do oceano e maior que água doce. Pode ser classificada, Sistema Inglês Sistema de numeração dos fios
como mesohalina, oligohalina e polihalina. que expressa a quantidade de fibras primárias, com
Samburá Unidade básica do espinhel, que consiste 840 jardas de comprimento, necessárias para pesar
de um número variado de linhas secundárias uma libra.
dispostas entre duas boias. Sistema Internacional de Unidades (SI)
Sazonal (1) Relativo às estações do ano; (2) Próprio Conjunto padronizado de definições para unidades
de, ou o que se verifica em uma estação do ano. Sin. de medidas.
Estacional. Sistema Métrico Sistema de unidades baseada no
Seale Designação utilizada para indicar que na metro, no qual os múltiplos e submúltiplos de cada
composição das pernas existem pelo menos duas unidade de medida estão relacionados entre si por
camadas adjacentes com mesmo número de arames. múltiplos ou submúltiplos de 10.
Todos os arames de uma mesma camada possuem o Sistema Praial Ver Praia.
mesmo diâmetro. Sistema Runnage Sistema de numeração dos
Search and Rescue (SAR) Ver Busca e Salvamento. fios utilizado para expressar a relação metros
Sedentário Ver Séssil. por quilograma, ou jardas por libra, do produto
Sedimentos Partículas minerais, químicas ou final.
biológicas, depositadas pela ação da gravidade, na Sistema Tex Sistema de numeração dos fios que
água ou no ar. expressa o peso em gramas de uma fibra de 1.000 m
Segurança Estado do que se acha seguro ou protegido. de comprimento.
Seixo Sedimento com 64-4 mm de diâmetro. Sistemática Ramo da Biologia que se ocupa com a
Sensoriamento Remoto Conjunto de técnicas que classificação dos organismos em séries de grupos
permite obter informações de um ecossistema, de hierárquicos enfatizando suas inter-relações
uma comunidade, de uma população ou mesmo de filogenéticas. Sin. Taxonomia.
uma espécie sem a necessidade de amostragem in situ. Site Ver Sítio.
Serviço Meteorológico Voltado à previsão e Sítio (1) Local ou Sin. Lugar; (2) Em computação,
monitoramento do tempo que ampara todos os que endereço da rede mundial na Internet; cada endereço
estão em alto mar. Dentre os tantos serviços é representado por um prefixo único e um sufixo
oferecidos, os mais importantes são: cartas sinóticas, que corresponde a sua identidade. O endereço deve
boletins meteorológicos e imagens satélite. refletir ao máximo sua identidade ou o tipo de
Séssil Organismo permanentemente fixo a um negócio que representa.
substrato duro. Exemplo: craca, esponja. Sin. Sizígia Duas posições na órbita lunar, quando a
Sedentário. Lua se encontra em conjunção ou em oposição ao
Sexo Conjunto de caracteres estruturais e funcionais Sol em relação à Terra, isto é, eles estão alinhados
que classificam um organismo em macho ou fêmea. correspondendo às luas nova e cheia no início das
Sextante Instrumento utilizado na navegação, que fases lunares.
permite medir com precisão o ângulo formado entre Sobrepesca Captura de exemplares de uma espécie
as linhas de visão de dois objetos. Em desuso. em quantidade maior do que a sua capacidade de
Sexual Relativo ao sexo. reprodução.
Shoreface Ver Antepraia. Sociedade Associação entre organismos de uma
Side Scan Sonar Ver Sonar de Varredura Lateral. mesma espécie, na qual há certa independência física
Sílica Dióxido de Silício (SiO 2). Importante e divisão do trabalho entre si.
componente de muitas rochas e minerais, pode ser Solução Sistema homogêneo com mais de um
encontrado em várias formas incluindo quartzo e componente.
carapaças de diatomáceos. Somito Divisão do corpo de um crustáceo
Silte Sedimento com 0,062 a 0,004 mm de diâmetro. decápodo, incluindo o exoesqueleto, geralmente com
Simbiose Relação mutuamente vantajosa entre dois um par de apêndices.
ou mais organismos vivos de espécies diferentes. Sonar Equipamento que consiste, basicamente, de
Sistema Junção de elementos inter-relacionados um emissor e um receptor, respectivamente para
formando um todo único. transmitir e receber sinais acústicos capazes de
Sistema de Posicionamento Global Ver Global detectar outras embarcações ou objetos. Diferencia-
Positioning System se da ecossonda porque o pulso sonoro é emitido no
Sistema Denier Sistema de numeração dos fios plano horizontal.
que expressa o peso em gramas de uma fibra de Sonar de Varredura Lateral Sistema de sonar
9.000 m de comprimento. para busca e detecção de objetos embaixo da água,
438 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
GLOSSÁRIO 439
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
Temperatura Propriedade física que implica as comprimento como em comprimento por unidade
noções comuns de “quente” ou “frio”. Em geral a de massa.
matéria com a temperatura maior é dita mais quente. Topografia Ciência que estuda todos os acidentes
Temperatura do Ar Temperatura em um ponto geográficos definindo a situação e a localização de
da atmosfera. uma área em geral.
Tempo (1) Em Biologia, medida de duração dos Torção Lang Designação utilizada quando o sentido
seres sujeitos à mudança da sua substância; (2) Em da torção da camada externa dos arames nas pernas
Ecologia, mudanças acidentais e sucessivas da sua é igual ao do torcimento das pernas no cabo. O
natureza, apreciáveis pelos sentidos orgânicos; (3) sentido de torção das pernas pode ser tanto da
Em Meteorologia, conjunto de condições esquerda para a direita (Torção Lang à direita) como
atmosféricas e fenômenos meteorológicos que da direita para a esquerda (Torção Lang à esquerda).
afetam a biosfera e a superfície terrestre em um Torção Regular Designação utilizada quando o
dado momento e local. torcimento dos arames da camada externa da perna
Tempo Real Tempo cronológico instantâneo. tem sentido oposto ao torcimento das pernas do
Teoria Conjunto de proposições ou princípios cabo. O sentido de torção das pernas pode ser tanto
fundamentais que explicam um fato científico da esquerda para a direita (Torção Regular à direita)
devidamente demonstrado e comprovado. como da direita para a esquerda (Torção Regular à
Terminal RS-232 Entrada óptica, de 9 pinos, esquerda).
usada para conectar um amostrador de dados e o Tordas Ave da familia Ciconiformidae integrada
computador. nos larídeos pela taxonomia de Sibley-Ahlquist. O
Termoclina Camada de descontinuidade entre duas grupo inclui as tordas e araus.
massas de água, na qual a temperatura sofre uma Tóxico Ver Substância Tóxica.
variação abrupta. Trajeto Espaço percorrido por um equipamento
Termo-halinas Camada de descontinuidade entre para recolher uma amostra. Sin. Arrasto.
duas massas de água, na qual a salinidade sofre uma Trajeto Horizontal Amostragem de organismos
variação abrupta. planctônicos realizada em linha reta, imediatamente
Termômetro Instrumento usado para medir a abaixo da superfície oceânica ou em alguma
temperatura. profundidade planejada.
Ter mômetro de Inversão Instrumento de Trajeto Oblíquo Amostragem de organismos
medição de tempo, constituído de dois termômetros, planctônicos realizada, obrigatoriamente, em um
sendo um para medir a temperatura do mar ângulo desde o fundo até a superfície, ou até alguma
(termômetro principal) e um menor (termômetro profundidade planejada.
secundário) para registrar a temperatura do Trajeto Vertical Em amostragem de organismos
ambiente, onde serão feitas as leituras do planctônicos, são feitos em vários intervalos de
termômetro principal. profundidade como, por exemplo, 0-10 m,
Termosfera A termosfera está localizada acima da 10-20 m, 20-30 m, sempre com um mecanismo de
mesopausa e sua temperatura aumenta com a fechamento.
altitude por conta da sua proximidade com o Sol. Tralha Na arte de pesca em que se utiliza rede, as
É a camada onde ocorrem as auroras (boreais e tralhas são os cabos de sustentação dos flutuadores
austrais). Essa camada se estende desde 80, 85 km, e dos lastros.
até aproximadamente 640 km de altitude em Trama Trófica Relações das cadeias tróficas que
relação à superfície do planeta Terra. Nessa região, ocorrem entre seres vivos de um mesmo ecossistema,
o significado gás não tem mais sentido, pois é muito ilustrando suas relações de produção e consumo.
rarefeito. Transdutor Componente eletromecânico de um
Termossalinógrafo Instrumento que registra de sistema acústico, que é montado sob a linha da água
forma contínua valores de temperatura e salinidade e converte a energia elétrica em acústica e vice-
superficiais ou logo abaixo da superfície. versa.
Textura (1) Em Pesca, estrutura interior de um Transecção Ver Transecto.
produto; (2) Em Geologia, aspecto menor inerente Transecto Linha que serve como unidade amostral
à rocha, que depende do tamanho, da forma, do da população ou comunidade que está sendo
arranjo e da distribuição dos seus componentes. observada. Sin. Transecção.
Time Variable Gain (TVG) Ver Ganho de Tempo Transparência Medida de extinção da luz,
Variável. indicando a distância que um raio de luz consegue
Título do Fio Medida da espessura do fio que pode penetrar na coluna da água, variando de poucos
ser expresso tanto em massa por unidade de centímetros a dezenas de metros.
440 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
Transporte (1) Ação de mover algo de um lugar do que dois micrômetros em comprimento ou
para o outro; (2) Em Ecologia, locomoção diâmetro.
desvantajosa, causada pelas massas de água, dos Umidade Quantidade de vapor de água contida na
organismos desde um ponto de origem para regiões atmosfera.
impróprias ao seu desenvolvimento. Umidade Absoluta Quantidade de vapor de água
Transversal Que passa de través; que segue direção contida na unidade de volume de ar.
transversa ou oblíqua. Não reto; colateral: Parentes Umidade Específica Quantidade de vapor de
transversais. água contido em uma determinada massa de ar,
Través Ponto de uma embarcação no qual a linha medida em g/kg (gramas de vapor por quilograma
longitudinal popa-proa é dividida em duas partes de ar).
iguais por um plano perpendicular. Umidade Relativa Relação existente entre a
Tripulante Cada pessoa que faz parte da tripulação umidade absoluta e o ponto de saturação.
de uma embarcação. Unidade de Amostragem Unidade de habitat
Trinta-réis Ave da família Laridae. Submergem padronizada espacial, temporal ou qualitativamente
não mais que um metro e sobe rapidamente à com a finalidade de realizar medidas quantitativas.
superfície. Urópodos Apêndice birreme do sexto somito
Trófico Sufixo o qual designa alimentação, obtenção abdominal de todos os crustáceos decápodos menos
de alimento. os braquiúros verdadeiros. Junto com o telso,
Troposfera Camada de maior concentração gasosa formam o leque caudal.
de todas, onde ocorre a maioria dos fenômenos
meteorológicos: chuvas, nevoeiros, neves, furacões,
ventos, nuvens, trovoadas, entre outros. É a camada
mais agitada da atmosfera, caracterizada por um
V
decréscimo normal da temperatura com a altitude. Vaga Cada uma das compridas elevações da
Túnel Parte central da rede de arrasto, posicionada superfície do oceano ou mar, que se propagam em
entre a boca e o saco, a qual ajuda no direcionamento sucessão uma as outras, produzidas, em geral, pela
da captura para o interior do saco. ação do vento.
Turbidez Opacidade de um corpo de água devido Vágil Organismo bentônico que se desloca no
à presença de partículas como argila, silte, substâncias
ambiente por seus próprios meios. Sin. Móvel.
orgânicas finamente divididas e organismos Vale de Onda Depressão entre duas cristas.
microscópicos em suspensão. Também chamada de calha ou cava.
Turbidímetro Instrumento baseado na Valor de Importância Utilizado na análise de
comparação da intensidade de luz espalhada pela comunidades, sendo a soma da densidade relativa e
amostra, em condições definidas, com a intensidade frequência relativa de uma espécie.
da luz espalhada, por uma suspensão considerada Valva Cada uma das duas estruturas calcárias
padrão, constituído de um nefelômetro; a turbidez que compõe a estrutura corpórea dos moluscos
é expressa em UNT (Unidades Nefelométricas de bivalvos.
Turbidez). Variância Medida que permite avaliar o grau de
Tubo de Pitot Equipamento que obtém a dispersão dos valores da variável em relação à média.
informação a partir da diferença entre a pressão Representada por σ2.
estática da água, resultante da profundidade na qual Variável (1) Que pode apresentar vários valores
está mergulhado o elemento sensível do equipamento distintos; (2) Que pode ter ou assumir diferentes
abaixo da quilha, e a pressão resultante do valores ou diferentes aspectos.
movimento da embarcação através da água (pressão Variável Aleatória Medição de algum parâmetro
dinâmica). Sin. Hodômetro de fundo. ou dado que pode gerar um valor diferente a cada
Turbulência Fluxo de um líquido em que as medida.
partículas se misturam de forma não linear, isto é, Variável Dependente Em estatística ou em
de forma caótica com redemoinhos. modelagem numérica, é aquela cujo valor muda
como uma função de outra variável.
GLOSSÁRIO 441
D ANILO C ALAZANS (O RG .)
contínua determinado setor, ou de um radar ao redor
da embarcação à procura de um alvo.
Vazão (1) Quantidade de água que passa pelo
X
equipamento de coleta por unidade de tempo; (2) Num
rio ou estuário, é a quantidade de água que passa numa XBT Equipamento utilizado na obtenção de dados
secção transversal ao leito por unidade de tempo. de temperatura da camada superior do oceano, sem
Vegetal Termo usado na Botânica para caracterizar a necessidade de reduções de velocidade da
os seres vivos pertencentes ao Reino Plantae. Pode embarcação, utilizada no lançamento.
também significar o mesmo que planta ou hortaliça,
mas é utilizado mais frequentemente como adjetivo
que se aplica às estruturas e a outros conceitos
relacionados com as plantas (células vegetais, órgãos
Z
vegetais, por exemplo). Ver Produto Primário. Zarcão Tetróxido de chumbo (Pb3O4) é um composto
Véliger Segunda fase larval de certos moluscos em utilizado, na pintura, como primeira demão para
que o organismo desenvolve uma ou duas proteger partes e peças metálicas contra a ferrugem.
membranas ciliadas para nadar. A fase Véliger é Zona Território que se distingue dos demais por
intermediária entre a fase larval trocófora e o possuir características próprias. Sin. Região.
organismo juvenil. Zona Abissal Região do oceano com profundidades
Velocidade Medida da rapidez com a qual um corpo superiores a 1.000 m, com sedimentação péltica,
altera sua posição. temperaturas baixas e vida escassa. Sin. Abissal.
Velocidade da Onda Velocidade na qual uma onda Zona Afótica Região profunda dos oceanos ou
individual avança sobre a superfície da água. lagos onde não se faz sentir a ação direta da luz
Velocidade Média Razão entre um deslocamento solar. Sin. Afótica.
e o intervalo de tempo levado para efetuar esse Zona Costeira Zona de transição entre o domínio
deslocamento. continental e o marinho, que se encontra sob influência
Vento Aparente Velocidade e direção do vento das marés e onde a luz pode penetrar até ao fundo,
anotado por um observador que se move em uma promovendo a fotossíntese. Sin Faixa Litorânea.
embarcação. Zona Estuarina Zona de transição (baías, lagunas,
Vento Verdadeiro Velocidade e direção do vento águas interiores, canais, áreas inundadas pela maré e
anotado por um observador estático. áreas costeiras entre marés), sob influência direta
Vertebrados Que têm vértebras. Grande divisão ou indireta do estuário. Sin. Região Estuarina.
do reino animal, que compreende todos os animais Zona Eufótica Região do oceano ou lago que
caracterizados pela divisão da coluna em uma série recebe luz solar suficiente para que ocorra a
de peças distintas, as vértebras. fotossíntese.
Vírus Organismos microscópicos cristalizáveis Zona Nerítica Região do oceano que corresponde
acelulares que podem causar inúmeras doenças aos ao relevo da Plataforma Continental e à camada de
animais e às plantas. água situada sobre ela e que não sofre a influência
Volume (1) Em Ecologia, região da coluna de água das marés. Região Nerítica.
ocupada por uma comunidade, população ou Zona Pelágica Região do oceano onde vivem
espécie; (2) Em Matemática, medida do espaço normalmente seres vivos que não dependem dos
ocupado por um corpo tridimensional definido fundos marinhos. Sin. Região Pelágica.
(comprimento, largura e altura). Há unidades de Zona Temperada Região térmica onde os valores da
tamanho cúbicas, por exemplo, m3. biotemperatura compensada oscilam entre os 15 e 20°C.
Zona Tropical (1) Região ao redor da Terra, entre
442 GLOSSÁRIO
E STUDOS O CEANOGRÁFICOS : DO I NSTRUMENTAL AO P RÁTICO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACADEMIA DE CIÊNCIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Glossário de Ecologia. 2.ed. São Paulo:
ACIESP: FINEP: CNPq, 1997.
MICHAELIS MODERNO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Melhoramentos, 1998.
LINCOLN, R.; BOXSHALL, G.; CLARK, P. A. Dictionary of Ecology, Evolution and Systematics.
2nd. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
SOARES, J. L. Dicionário Etimológico e Circunstanciado de Biologia. São Paulo: Scipione, 1993.
Foto: João Paulo
GLOSSÁRIO 443
UNIDADES E CONVERSÕES
ÁREA
1 m2 = 100 dm2 = 10.000 cm2 = 1.000.000 mm2
1 km2 = 1.000.000 m2
1 acre (acre) = ~ 4046 m2
1 are (a) = 100 m2
1 hectare (ha) = 104 m2
COMPRIMENTO
1 metro (m) = 10 decímetros (dm) = 100 centímetros (cm) = 1.000 milímetros (mm)
1 mm = 10 µm = 100 nm
1 quilômetro (km) = 1.000 m
1 pé = 0,305 m
1 jarda (jd) = 3 pés = 0,914 m
1 milha = 1760 jd = 1609,344 m
1 milha náutica = 1.852 (m)
1 braça = 1,828 m
1 polegada (“) = 2,54 x 10-2 m
1 angström (Å) = 1010 m
ENERGIA E POTÊNCIA
1 Joule (J) = 1 N.m = 1 kg.m2.s-2
1 caloria (cal) = 4,184 J
Foto: João Paulo
1 Watt (W) = 1 J.s-1 = N.m.s-1 = kg.m2.s-3
1 cavalo de força (hp) = 745,7 W
FORÇA
1 quilograma força (kgf) = 1.000 gramas-força (gf)
1 N = 1 kg.m.s-2
1 kgf = 9,806 newtons (N)
1 decanewton (daN) = 10 newtons (N)
MASSA
1 quilograma (kg) = 1.000 gramas (g)
1 tonelada (t) = 1.000 kg
1 libra (lb) = 0,453 kg
1 onça (oz) = ~ 28,3495 g
PRESSÃO
1 pascal (Pa) = 1 N.m2 = kg.m-1.s-2
1 atmosfera (atm) = 101.325 Pa = 101.325 N.m-2
1 bar (bar) = 105 Pa
TEMPERATURA
Grau Celsius (°C) = (°F – 32) / 1,8
Grau Fahrenheit (°F) = 1,8 x °C + 32
TEMPO
1 minuto (min) = 60 segundos (s)
1 hora (h) = 3 600 s
1 dia = 86 400 s
1 ano = 31 556 952 s
VELOCIDADE
1 metro por segundo (m.s-1)
1 nó (n) = 1 milha náutica por hora = 1852 m.h-1 = 051 m.s-1
Aceleração da gravidade (G) = 9,80665 m.s-2
VOLUME
1 metro cúbico (m3) = 1.000 dm3 = 1.000.000 cm3
1 litro (L) = 1.000 cm3 = 1 dm3
1 m3 = 1.000 L
A lista, a seguir, foi elaborada para facilitar a consulta para informação e levanta-
mento de preço. Essa lista, por assunto, cita os fabricantes e fornecedores de instru-
mentos, equipamentos e produtos utilizados em trabalho de campo e de laboratório
em ambientes aquáticos e de criadores de softwares mais conhecidos na área de
Ciências do Mar assim como os melhores fornecedores e representantes do Brasil.
Foto: Juliana Beltramin De Biasi
REPRESENTANTES NO BRASIL DE FABRICANTES E MACARTNEY DO BRASIL
FORNECEDORES [Tel: (21) 8394-1852] MacArtney
MARINE EXPRESS
AMBIDADOS [www.marinexpress.com.br] Raymarine, Navisystem,
<www.ambidados.com> Sea-Bird Eletronics Glomex, Cumming Onan
ANALÍTICA OKEANUS
<www.analiticaweb.com.br> Thermo Scientific <www.okeanus.com.br> Hydrobios
BRASIL HOBBY PROOCEANO
<www.brasilhobby.com.br> Garmin <www.prooceano.com.br> Metocean Data
C&C TECHNOLOGIES DO BRASIL LTDA RADCROM
[Tel: (21) 2172-4000] C&C Technologies <www.radchrom.com.br> DPS Instruments, Fluid
CAMPBELL SCIENTIFIC DO BRASIL Imaging, Gerstel, Horiba Scientific, Horizon
<www.campbellsci.com.br> Campbell Scientific Technology, Midac, Lab Alliance, Thermo Scientific
DASLIK DO BRASIL RADIOHAUS
[Tel: (21) 2103-7804] Flotation <www.radiohaus.com.br> Garmin, Icom, Kenwood,
ELECTRA SERVICE Teiko, Yaesu
<www.electraservice.com.br> SIMRAD e Northstar RADIOMAR
EQUINÁUTICA <www.radiomar.com.br> Furuno, Icom, Garmim,
<www.equinautic.com.br> Northstar e Naveman Orbit Marine, Pacifc Crest, McMurdo
GEOMET REALMARINE
<www.geomt-ltda.com.br> Valeport <www.realmarine.com.br> Naveman
HANNA INSTRUMENTS DO BRASIL SEFAR LATINO AMERICA LTDA
<www.hannabrasil.com> Hanna Instruments [Tel: (11) 3814-1030] Sefar
HEXIS SIGHTGPS
<www.hexis.com.br> YSI, Thermo Scientific e Sartorius <www.sightgps.com.br> Teledyne Odom
INTELLIGENT MARITIME SOLUTIONS Hydrographic e Hypack
<www.ims-consulting.com.br> Odim Brooke US BIOSOLUTIONS BRASIL LTDA
Ocean e Knudsen Engineering <www.usbio.com.br> Ocean Optics
LABMATRIX
<www.labmatrix.com.br> Eureka, Horiba APARELHOS OCEANOGRÁFICOS
LUNUS
<www.lunus.com.br> General Oceanics., General AQUATIC RESEARCH
Acoustics; RBR, Ocean Instruments, Coastal <www.aquaticresearch.com>
Envoronmental
SUBCHEM RBR
<www.subchem.com> <www.rbr-global.com>
TURNER DESIGNS SATLANTIC
<www.turnerdesigns.com> <www.satlantic.com>
US BIOSOLUTIONS BRASIL SEABED TECHNOLOGY
<www.usbio.com.br> <www.seabed.nl>
YSI SEA-BIRD ELETRONICS
<www.ysi.com> <www.seabird.com>
SIS
COLETORES DE PARÂMETROS FÍSICOS E QUÍMICOS <www.sis-germany.com>
STAR-ODDI MARINE DEVIDES
AANDERAA <www.star-oddi.com>
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SEASPACE. PROCESSAMENTO TERASCAN <www.epclabs.com>
<www.seaspace.com> GUILDLINE INSTRUMENTS
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VEÍCULO REMOTAMENTE OPERADO (ROV)
SONAR DEVARREDURA LATERAL
AC-CESS
C-MAX <www.ac-cess.com>
<www.cmaxsonar.com> ALL OCEANS
EDGE <www.alloceans.co.uk>
<www.edgetech.com> ARGUS REMOTE SYSTEMS
EIVA. SCANFISH <www.argus-rs.no>
<www.eiva.dk> BENTHOS
<www.benthos.com>
459
460
AGRADECIMENTOS
Aos Comandantes Paulo Renato Correa Borges, Alejandro Gamberali, José de Anchieta Rio
Pinto e Homero Poujeaux Alvariza e a todos que, desde 1978 um dia fizeram parte da tripulação
do N/Pq Atlântico Sul da Universidade Federal do Rio Grande – FURG nosso mais sincero
respeito e reconhecimento.
Ao prof. Dr. João Carlos Brahm Cousin Reitor da FURG pelo apoio ao Projeto de Pesquisa
Amazônia Azul: a Experiência Embarcada.
Ao Coordenador do Curso de Oceanologia da FURG, prof. Luiz Carlos Krug pelo apoio acadêmico
e administrativo ao Projeto de Pesquisa Amazônia Azul: a Experiência Embarcada.
Aos Coordenadores dos Cursos de Oceanografia das Universidades brasileiras.
Ao Ministério de Pesca e Aquicultura (MPA), pela liberação dos recursos para a realização dos cruzeiros do
Projeto Amazônia Azul: a Experiência Embarcada e pelo incentivo à realização deste livro.
Ao Comitê Executivo para Consolidação e Ampliação dos Grupos de Pesquisa e Pós-Graduação
em Ciências do Mar (PPG-Mar), da CIRM, pelo apoio financeiro à produção deste livro.
Ao Biólogo Eric Routledge do MPA pelas sugestões e críticas construtivas ao Projeto e pela
eficiente e sempre cordial atenção ao esclarecer nossas dúvidas.
Ao colega Denis Dolci, responsável pelos embarques dos alunos por muitos anos e um apaixonado
pela arte de pesca e também de fazer amigos.
Aos colegas André Colling, Antônio C. Duvoisin, Antonio B. Greig, Carlos Bemvenuti, Denis
Dolci, Dimas Gianuca, Eduardo R. Secchi, Erik Muxagata, Gilberto Griep, Jorge P. Castello, José
H. Muelbert, Juliana Di Tullio, Lauro S. P. Madureira, Luana Portz, Luiz Felipe Dumont, Luiz B.
Laurino, Marcos Paulo Abe, Mariele L. de Paiva, Natalia Pereira, Osmar Möller Jr., Pedro F. Fruet,
Raul de Bem Jr., Rogério P. Manzolli, Santiago Montealegre-Quijano, autores dos capítulos deste
livro, pela disposição em escrevê-los.
Às professoras Mônica Wallner Kersanach e Maria da Graça Z. Baugarten, pelas contribuições e
críticas ao Capítulo 6, Virginia Tavano Garcia pela contribuição ao Capítulo 9 e ao professor
Vanildo Souza de Oliveira, da UFRPE, pelas contribuições e críticas ao Capítulo 11.
À Divisão da Frota pelo tratamento atencioso referente à logística das saídas dos cruzeiros no Navio.
A todo o pessoal da FAURG pelo constante esforço empreendido no sentido de disponibilizar de
maneira rápida todos os pedidos para que os Cruzeiros pudessem ser realizados a contento.
À Neiva das Neves pelo apoio logístico para a realização do livro e à Kely Martinato responsável
pelas excelentes ilustrações e amizade.
Aos professores, técnicos e alunos monitores que embarcaram durante os cruzeiros.
Finalmente a todos os alunos que passaram pela experiência de embarcar no N/Pq Atlântico Sul.
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Este livro foi composto em
Garamond e Californian FB.