Vedas - A Sabedoria Do Oriente
Vedas - A Sabedoria Do Oriente
Vedas - A Sabedoria Do Oriente
A
Sabedoria
do Oriente
Índice
“Por mais inconscientes que possam os homens estar do fato de que cada
um possui dentro de si esta suprema natureza, e por mais vis e néscios que
possam ser, Buda nunca perde a fé neles, porque Ele sabe que neles há,
potencialmente, todas as virtudes da natureza de Buda.” A Doutrina de
Buda.
Apresentação
Marcos Spagnuolo Souza
Resumo
-1-
Introdução
1. Biografia
1.1. Sankara
1.2. Ramanuja
1.3. Madhva
1.4. Caitanya
1.1. Sankara
Sankara nasceu logo após o período em que viveu Buda. Na essência, sua
filosofia era um complemento metafísico para a ética budista. Revestiu-se de
um corpo humano 51 anos após o Nirvana do Buda.
Satsvarupa Dasa Gosvami no livro Filosofia Védica afirma que Sankara foi
um Sivaista (seguidor de Siva) nascido numa família sul-indiana de brahmanas
ortodoxos. Quando ainda era jovem, tornou-se um asceta.
1.2. Ramanuja
1.4. Caitanya
Capítulo II
1. Filosofia Advaita
“Brahman é real”
“Brahman é a realidade”
“Atman e o Supremo de onde tudo procede. É ele que energiza todos os veículos
(corpus) em função dos quais atuamos”.
“O Atman nunca nasce e nunca morre. Nada há em sua frente, e é Único para
todo o sempre. Nunca nascido e eterno, fora do tempo passado ou futuro, ele
não morre quando morre o corpo”.
“Atman não tem som nem forma, não tem tacto, nem gosto, nem perfume. É
eterno, imutável, e sem princípio nem fim: na verdade está fora de qualquer
raciocínio”.
“Brahman é um espírito que está entre as coisas deste mundo e que, contudo,
está acima das coisas deste mundo. Ele é claro e puro na paz de um abismo de
vastidão. Ele está além da vida do corpo e da mente, nunca nasce, nunca
morre, é eterno, é sempre Único na sua própria grandeza. Ele é o espírito cujo
poder dá consciência ao Corpo”.
“Se acreditarmos que finito tem uma realidade própria absoluta e que ele
origina do Infinito e é uma verdadeira transformação do Infinito, ou se
considerarmos o Infinito transcendental do mundo fenomenal, então teremos
que admitir que o Infinito já não é Infinito”.
“No momento em que dizemos eu sou eu, sou um ente particular, sou separado,
sou um indivíduo, estabelecemos uma espécie de reação em cadeia que torna
inevitável novas sobreposição. A reivindicação de nossa individualidade implica
a presença da individualidade em toda parte. Ela sobrepõe automaticamente
um mundo múltiplo de criaturas e objetos à realidade única, não dividida”.
“O Ego não é nada mais do que um pacote das experiências das coisas concretas
mantidas em combinação pelos sentimento de é meu e de mais ninguém. Seu
nome Védico, vijnana, isto é, vários pedaços de experiência jnana, mantidas
juntas como um todo orgânico e unido. Nos escritos Sankhya e na maioria dos
escritos pós-védicos, chama-se Ahamkara, a Ego- Criatura. A Katha – Upanissad
refere-se a ele pelos nomes jnana-atman, isto é, o Atman da experiência
individual limitada”.
“Esse Ser último todo - consciência, todo alegria, que é então o Atman, o Eu
último, tanto do indivíduo quanto do universo e de tudo que há nele, está além
de todos os predicados e de todos os nomes, dado que está além de toda
formulação estritamente lógica pelo pensamento. Como tal, os textos védicos
se referem a Ele de uma maneira que é indefinida. É mencionado apenas como
esse um e como um ser. Mas quando se lhe dá um nome é chamado de Purusa,
a Pessoa; e na literatura posterior, Uttama-Purusa, ou que dá no mesmo,
Purusottama, o supremo, a pessoa última. Ele também é chamado de Brahman,
embora, estruturalmente falando, esse nome deva ser confinado a um aspecto
particular de Purusa”.
“Brahman não é nem o universo denso nem o universo sutil. O mundo aparente
é produzido pela nossa imaginação na sua ignorância. Ele não é real. (...) É
como um sonho passageiro.”
Capítulo III
2. Filosofia Vaisnava
“Essa escola do Vaisnavismo foi fundada, ou revivida, por Sri Krsna Caitanya
Mahaprabhu (1486 –1533) em Bengala”.
“Os Vaisnavas argumentam que, a jiva tem uma identidade pessoal e eterna”.
“A jiva tem uma identidade pessoal. Deve aceitar relações pessoais em corpos
materiais, ou deve transcender a vida material e restabelecer a sua eterna
relação pessoal com o Bhagavan Supremo”.
“Fica sabendo que aquilo que permeia todo corpo é indestrutível. Ninguém é
capaz de destruir a alma (jiva) imperecível”.
“Desde que toda entidade viva (jiva) é uma alma individual, cada uma delas
muda seu corpo a todo momento, manifestando-se às vezes como uma criança,
as vezes como um jovem e as vezes como um velho (...). Esta alma individual,
com a morte, muda finalmente de corpo e transmigra para um outro corpo”.
“Para a alma nunca há nascimento nem morte. Nem, uma vez que exista ela
vai deixar de existir. Ela é não nascida, eterna, sempre existente, imortal e
primordial. Ela não morre quando o corpo morre”.
“Assim como uma pessoa se veste com roupas novas, dispensando as velhas,
de forma similar a alma aceita novos corpos materiais, dispensando os velhos
e inúteis”.
“Ele jamais nasceu, e jamais morre, nem tendo sido poderá deixar de ser; não
nascido, eterno, antigo, não morre quando morre o corpo.”
“Tal como um homem despe suas roupas usadas e veste outra novas, assim a
alma encarnada abandona os corpos gastos e passa para outros novos”
“Todo ser vivo é Brahman, mas o ser vivo Supremo, ou a Suprema Personalidade
é o Supremo Brahman. Param Dhama quer dizer que Ele’ é o Supremo Repouso
ou a Suprema Morada de tudo. Pavitram Significa que Ele é puro, não
contaminado pela Contaminação material. Purusam quer dizer que Ele É o
Desfrutador Supremo. Divyam mostra que Ele é transcendental. Adi-devan
que é a Suprema Personalidade, o não nascido e todo penetrante”.
“Ele não possui forma corpórea como a de uma entidade viva ordinária. Não
há diferença entre Seu corpo e Sua Alma. Ele é Absoluto”.
“Nos Vedas também está dito que o Senhor, embora seja único, sem igual, não
obstante Se manifesta em formas inumeráveis. Ele é como um pedra vaidurya
que muda de cor embora se mantenha ainda a mesma”.
“Rahakrishnam escreve que Brahman não pode ser definido por categorias
lógicas nem por símbolos lingüísticos. Ele é o incompreensível Brahman Nirguna,
o Absoluto puro”.
“Quem percebe o Brahman, conhece o espírito impessoal em todas as coisas”.
“Brilhante Ela é, a luz das luzes. Aquilo que os conhecedores da alma conhecem.
O sol não brilha lá, nem a lua ou as estrelas. Estas iluminações não brilham,
muito menos este fogo terrestre. Conforme Ele, como Ele brilha é que tudo
brilha. Este mundo todo está iluminado com a Sua luz, na frente, atrás, à
direita e a esquerda, abaixo e acima”.
“Um homem ocupado em serviço devocional se liberta tanto das ações boas
como das más, mesmo nesta vida”.
“Uma pessoa que aceita o caminho do serviço devocional não está despojada
dos resultados que se obtém através do estudo dos Vedas, da execução de
sacrifícios austeros, da doação de caridade ou da ocupação em atividade
filosóficas e fruitivas. No final ela alcança a morada Suprema”.
“O Senhor é descrito como onipotente mediante três energias (tri, Sakti, dhrk).
Suas três energias são a energia interna, marginal e a externa. Esta energia
externa também se exibe nos três modos: bondade, paixão e ignorância. A
potência interna também se exibe em três modos espirituais: Samvt, Sandhini
e Hlandini. A potência marginal, ou as entidades vivas (jivas, atman)”.
Conclusão
O Supremo é único, indiviso. Sendo infinito não possui limites para suas
qualidades. A individualidade pode ser justamente uma das infinitas qualidades
que caracterizam a Unidade.
Dizer que o Supremo não possui qualidades, condição natural pelo qual
algo se individualiza, teremos que eliminar o pensar no “Absoluto”, no “Supremo”
que são qualidades da Causa Primeira. Absoluto e Supremo são qualidades.
Gadamer diz que o interprete deve propor um sentido após outro, para o
texto. Os nossos conceitos devem ser substituídos por outros melhores e
conforme vão se modificando vamos tendo interpretações diferentes. A mudança
dos nossos conceitos e interpretações são fundamentadas nas experiências.
Por experiência, entende Gadamer, as contradições. A dialética da experiência
é a abertura para a experiência. A experiência autêntica é quando estamos
conscientes da finitude, é o compreender a própria finitude das interpretações.
Bibliografia
BHAGAVAD – Gita segundo Gandhi. São Paulo: Editora Ícone, 1992, Trad.
Noberto de Paula Lima, P.173.
CHATTERJI, Jagadish Chandra . A Sabedoria dos Vedas. São Paulo: Pensamento,
1993. P.144.
“sem se apegar aos frutos das atividades, deve-se agir por uma questão de
dever, pois trabalho sem apego a pessoa alcança o Supremo”. (BG 3:19)
Os Vedantas consideram que toda pessoa que age para obter um benefício
é um elemento mesquinho, miserável, apegado ao dinheiro e principalmente
estéril.
“Uma pessoa que se deleita unicamente nos sentidos, vive em vão‘’. (BG 3:16)
“Aquele que restringe os sentidos e os órgãos de ação, mas cuja mente fica
nos objetos dos sentidos, certamente se ilude e é chamado um farsante”. (BG
3:6)
“Aquele que está desapegado dos frutos do seu trabalho e que trabalha de
acordo com sua obrigação, está na ordem renunciada da vida, e é o verdadeiro
místico: não aquele que não ascende nenhum fogo, nem exercita nenhum
trabalho”. (BG 6:1)
“Você tem o direito de executar o seu dever prescrito, mas não tem direito aos
frutos da ação. Nunca se considere a causa dos resultados de suas atividades
e nunca se apegue a não fazer o seu dever”. (BG 2:47)
“Execute o seu dever prescrito, pois a ação é melhor que a inação. Sem trabalho,
um homem não pode nem mesmo manter o seu corpo físico”. (BG 3:8)
“Lute por lutar, sem considerar felicidade ou tristeza, perdas ou ganhos, vitória
ou derrota e, agindo assim, você nunca incorrerá em pecado”. (BG 2:38)
“Um homem em serviço devocional se liberta tanto das ações boas como das
más, mesmo nesta vida. Esforça-se pela yoga, que é a arte de todas os
trabalhos”. (BG 2:50)
Para terminar, escolho uma frase do Katha Upanishades que diz: “O Atman
não é alcançado nem por meio de muitos estudos, nem por meio do intelecto
ou dos estudos sagrados. É alcançado por aqueles por ele escolhidos, porque o
escolhem a ele. Aos seus escolhidos revela o Atman a sua glória”.
Disse Suta Gosvami que este universo material é subjugado por três níveis
de forças: a primeira é denominada de ignorância, a segunda de paixão e a
outra de bondade. A paixão é melhor que a ignorância, mas a bondade é
melhor do que as duas anteriores. O ser humano harmonizado com a energia
da ignorância e paixão não aproxima-se do Mestre Espiritual. Somente no
nível da bondade é que se inicia o caminhar na senda da verdade absoluta.
Suta Gosvami ressaltou para os sábios, que quem está no modo da paixão/
ignorância adora os antepassados, os semideuses e outros seres vivos. O
verdadeiro caminho é o indagar a respeito de Deus, sendo o objetivo último do
conhecimento.
Salientou Suta Gosvami que quando Deus cria os universos, Ele é chamado
de Visnu. Quando conserva os universos em atividade é denominado de Brahma
e quando Ele os fazem desaparecer, recebe o nome de Shiva. Disse Suta
Gosvami que Visnu, Brahma e Shiva são atividades de Deus, isto é, são
manifestações da Suprema Personalidade. Ressaltou Suta Gosvami que Deus
é o proprietário de todos os universos, é o único dono de tudo que existe. Ele,
a Suprema Personalidade, está dentro de Sua criação.
Suta Gosvami confirmou que somente quem pertence a Deus, quem não
pertence a si mesmo, quem a vontade, os pensamentos e atos são
ininterruptamente reflexos da Suprema Personalidade, pode conhecer o criador
do universo em todo seu esplendor, poder e transcendência.
Suta Gosvami afirmou que quando ocorre a pessoa vivenciar que o corpo
grosseiro e sutil nada tem a ver com a alma, com o eu puro, ela se vê a si
mesma, bem como a Suprema Personalidade de Deus.
Comentou Suta Gosvami que certo dia Vyasadeva, logo ao nascer do sol,
sentou-se sozinho para meditar e viu anomalias nos próximos milênios. Tomou
consciência através de sua visão transcendental, da deterioração do pensar
humano, devido a influência da nova era que iria predominar (Kali Yuga). Viu
que a duração da vida seria reduzida e as pessoas seriam impacientes.
Após o Veda ser dividido em quatro partes, determinou que Paila Rsi seria
o orientador do Rg Veda; Jaimini do Sama Veda; Vaisampayana obteve a glória
de ensinar o Yajur Veda; ao Sumantu Muni Angira foi confiado o Atharva Veda.
Todos estes sábios transmitiram os Vedas que lhes foram confiados a seus
muitos discípulos, bem como aos discípulos de segunda e terceira geração;
surgindo assim os inúmeros seguidores dos Vedas.
Suta Gosvami afirmou que Vyasadeva após todo trabalho desenvolvido, sentiu-
se insatisfeito e incompleto. No momento em que o sábio estava meditando
em sua cabana às margens do Saravasti, chegou Narada Muni. Vyasadeva
levantou-se respeitosamente e o adorou, oferecendo-lhe veneração igual a
que se oferece ao Criador.
Suta Gosvami esclareceu que Vyasadeva disse à Narada Muni que não
estava tranqüilo e indagou ao sábio a causa fundamental de sua insatisfação e
o pediu que descobrisse a deficiência que existia nele. Narada Muni realçou
que os seus estudos foram perfeitos e que não existia dúvida de que tinha
preparado uma grande e maravilhosa obra, o Mahabharata, no entanto, não
tinha difundido as sublimes e imaculadas glórias da Personalidade de Deus.
Narada pediu a Vyasadeva que descrevesse as atividades transcendentais da
Suprema Personalidade, o mais claro possível. Disse que o senhor Supremo é
ilimitado e que somente uma personalidade muito competente, retirada das
atividades materiais, mereceria este conhecimento de valor espiritual.
Nas estações das chuvas e durante o outono, Narada ficou ouvindo dos
sábios as glórias de Deus, assim foi deixando de viver nos modos da paixão e
ignorância. Durante este período, Narada subjugou os sentidos e seguia
estritamente os conselhos dos brahmanas.
Desde então, Narada Muni, viaja por todos os universos, sem restrição,
ensinando a mensagem transcendental, vibrando a vina, seu instrumento
musical.
Ensinou Narada Muni que todo o pensar que não estiver associado
diretamente a Deus é um pensar inútil. A respeito das literaturas que são
divulgadas, a única que possui valor é aquela que provoca uma transformação
nas vidas das pessoas, levando-as na busca de Deus.
Narada Muni deixou bem claro que qualquer atividade que se faça nesta
vida que possua uma relação com Deus, é chamada de transcendental serviço
amoroso ao Senhor, e quando uma pessoa entende que tudo ocorre conforme
as ordens de Deus, ela constantemente se lembrará dEle.
Srimati Kunti disse que Deus pode ser facilmente alcançado, mas, somente
por aquelas pessoas que estão materialmente esgotadas. Ressaltou que o
indivíduo que está no caminho do progresso material, tentando aprimorar-se
com parentesco respeitável, grande opulência, educação elevada e beleza
corpórea, não pode aproximar-se da Suprema Personalidade.
Nos seus últimos momentos de vida, Bhismadeva disse que esperava que
a suprema Personalidade de Deus estivesse diante dele, no instante do seu
abandono do corpo material.
Narada Muni salientou que o rei não deveria lamentar por ninguém, pois
todos estão sob o controle de Deus, sendo unicamente Ele que une e separa.
Observou que assim como uma vaca amarrada pelo nariz com uma longa
corda, está limitada, da mesma forma, os seres humanos estão atados pelos
diferentes preceitos védicos e são condicionados a obedecerem às ordens da
Suprema Personalidade de Deus. Lembrou Narada, que assim como uma criança
monta e dispersa seus brinquedos conforme a sua livre vontade, da mesma
forma a vontade suprema do senhor, reúne os homens e os separa. Disse
Narada que os sentimentos de separação são devidos unicamente à afeição
ilusória e a nada mais.
Comentou Narada Muni que este corpo grosseiro, feito de cinco elementos,
já está sob o controle do tempo eterno (Kala), da ação (Karma) e dos modos
da natureza material (Guna), estando preso nas mandíbulas da serpente, não
podendo proteger ninguém.
Samika Rsi não aprovou a pesada maldição lançada contra o rei por tão
insignificante ofensa. Ressaltou que a Suprema Personalidade de Deus é
representada pelo regime monárquico, e quando esse regime é abolido, todo o
país se enche de ladrões, que passam aniquilar os súditos desprotegidos como
se fossem cordeiros dispersos. Devido ao termino dos regimes monárquicos,
ocorrerá grandes conturbações sociais, devido o saque na riqueza do povo por
ladrões e salteadores. As pessoas serão mortas e injuriadas. Os animais e as
mulheres serão maltratadas. As pessoas em geral se desviarão do caminho de
uma civilização progressista com respeito às ocupações das castas e preceitos
védicos. Os indivíduos serão atraídos pelo desenvolvimento econômico e gozo
dos sentidos, o que resultará numa civilização indesejada ao nível de cães e
macacos. O sábio orou a Deus para que perdoasse o seu filho imaturo, que
ainda não tinha inteligência e que cometeu o pecado de amaldiçoar um rei que
estava completamente livre de pecado.
Os Mestres do Oriente X - Maharaja Pariksit
Suta Gosvami contou que Maharaja Paraksit disse aos presentes que o
controlador tanto do mundo metafísico quanto do mundo material,
bondosamente o dominou sob a forma da maldição de um brahmana, por ser
ele demasiado apegado à vida familiar. Disse que Deus, para o salvar, o fez
ficar irado contra o sábio para desapegá-lo do mundo. Salientou que aceitava
os fatos como uma alma completamente rendida e que a serpente alada, ou
qualquer coisa mágica que o brahmana tivesse criado, o picasse logo. Somente
desejava que todos os presentes continuassem cantando as glórias de Deus.
Suta Gosvami contou que o rei Pariksit orou pedindo que se tivesse que nascer
novamente no mundo material, que Deus permitisse que ele tivesse apego
somente à Suprema Personalidade, tivesse também a companhia dos devotos
e uma relação amistosa com todos os seres vivos. Todos os semideuses dos
planetas superiores louvaram as ações do rei.
Os Mestres do Oriente XI - Síntese do Primeiro Canto do
Srimad Bhagavatam
Quem não é inteligente não conhece a essência das coisas, pois, se baseia
tudo na visão e nos outros sentidos, pensando que Deus é este cósmico físico.
Todo o pensar que não estiver associado diretamente a Deus é um pensar
inútil. Quem está no caminho do progresso material não consegue aproximar-
se de Deus.
Sukadeva tinha apenas dezesseis anos. Viajava pela Terra totalmente nu,
desinteressado, satisfeito consigo mesmo. Não manifestava qualquer sintoma
de pertencer a alguma ordem social ou status de vida. Ele era anegrado e
muito belo. Quando Sukadeva chegou, todos os sábios que estavam presentes
e também o rei, levantaram de seus assentos e prostraram-se para receberem
o visitante principal. Sukadeva Gosvami foi cercado pelos sábios santos e
semideuses, assim como a lua é cercada pelas estrelas, planetas e outros
corpos celestes. Ele era respeitado por todos.
Brahma foi o primeiro ser vivo criado por Deus e ensina que nasceu de
uma flor de Lótus surgida do abdome da Suprema Personalidade. Explica que
se agarrou totalmente à Deus, assim sendo, jamais o progresso de sua mente
foi detido, seus sentidos jamais degradaram pelo apego à matéria, e nunca
disse algo falso. A respeito de Deus, Brahma ressalta que embora ele, Brahma,
seja conhecido como o grande mestre, perfeito na sabedoria védica, tenha se
submetido a todas austeridade, seja um grande conhecedor dos poderes
místicos, apesar de elevados antepassados lhe ofereçam respeitosas
reverências, ainda assim, não compreende totalmente a Suprema Personalidade
de Deus. Afirma Brahma que nem ele, nem todos os sábios conhecem
profundamente a onipotência de Deus. Diz que nem mesmo Sesa, a primeira
encarnação de Deus no mundo físico é capaz de alcançar os limites desse
conhecimento, apesar de que Sesa esteja descrevendo as qualidades do Senhor.
Ele, Deus, não pode ser totalmente conhecido, tal como é.
Brahma ensina que além dele só existe Deus, que é a verdade última. O
supremo possui uma pura forma espiritual que é transcendental a todas as
qualidades materiais, sendo o reservatório supremo de todas as opulência. É o
controlador de todos, inclusive do próprio Brahma e de todas as energias. Ele
tudo vê e está além da percepção dos sentidos materiais das entidades vivas.
Tudo que existe, seja como causa, seja como efeito, tanto no mundo material
quanto no mundo espiritual, depende totalmente da Suprema Personalidade
de Deus. O Supremo é o Senhor de todas as coisas, porque, os resultados das
ações que são realizadas pelo ser vivo, tanto na existência material quanto na
espiritual, são concedidas pelo Senhor.
Brahma diz que para Deus criar, Ele se manifesta em uma forma
denominada de Karanarnavasaya, a qual cria todos os universos. Os universos
depois de criados, permanecem por milhares de anos dentro do oceano causal.
A segunda etapa da criação é quando Karanarnavasaya se divide e entra em
cada universo e também em cada planeta em particular. O Senhor entrando
em cada planeta, faz com que ele se torne animado, tenha vida. No processo
criativo, Deus trabalha com sua própria energia externa, gerando os universos,
mas, não se confunde com a sua criação, permanecendo à parte de todas as
manifestações físicas. A criação ocorre Nele, sendo que todas as manifestações
e substâncias não deixam de ser Ele Mesmo. Por um tempo, Deus, mantém a
sua criação, no entanto, depois absorve tudo em Si Mesmo novamente. O
tempo e o destino são criações de Deus.
Brahma ensina que além dos três sistemas planetários, existe o reino de
Deus, onde a morte não se manifesta. É o lugar do destemor, da ausência de
ansiedade, onde a velhice e a doença não existem. Brahma explica que ¼ da
energia de Deus é utilizada para toda criação material e os ¾ está relacionada
com o mundo divino, além do mundo material. O reino de Deus destina-se à
aqueles que jamais renascerão no mundo material. O cósmico material existe
para todos que estão apegados à vida familiar e que não seguem o celibato.
Ensina Sukadeva Gosvami que Deus é tudo e por ser tudo, possui uma
forma, não sendo estritamente impessoal. Devido a infinitude de Deus, Ele,
Deus, é também um “nara’ ou uma pessoa. A Suprema Personalidade de Deus
existia antes da criação, quando não havia nada além Dele, quando não havia
natureza material. A Suprema Personalidade de Deus, depois que criou os
universos, passou a ser o único mantenedor do sistema material e aparece em
diferentes formas nos planetas para regenerar todos os tipos de almas
condicionadas entre os humanos, os não-humanos e entre os semideuses. O
ser humano que só possui sentidos materiais não pode ver o corpo
transcendental de Deus, que é inteiramente metafísico. No entanto, devido a
sua misericórdia, Ele inspira os seres humanos a fazer Deidades, ou seja,
imagens de Deus, e Ele, a Suprema Personalidade, as aceitam como se fossem
Ele mesmo, passando a ser as imagens, uma manifestação direta de Deus,
conhecida como “arca-vigraha”. Embora sejam feitas de elementos materiais,
como pedra ou terra, as Deidades deixam de ser estes elementos para ser o
próprio Deus. No final do milênio, o próprio Deus, em pessoa, sob a forma de
Rudra, o destruidor, aniquilará toda criação, assim como o vento desfaz as
nuvens.
Sukadeva salienta que quando Brahma foi criado por Deus, passou a
meditar na Suprema Personalidade, e estando absorto em meditação, ouviu
um som. Brahma tentou encontrar quem tinha emitido o referido som,
procurando por todos os lados. Não vendo ninguém além de si mesmo, ele
sentou no seu assento de lótus e aceitou o som como se tivesse originado de
Deus. Brahma então continuou a sua meditação no som que tinha ouvido,
buscando a Suprema Personalidade, controlando a mente e os sentidos. Deus,
diante do sacrifício de Brahma, desvelou sua Morada (Vaikuntha) para Brahma.
Nesta morada, os modos materiais não se manifestam e não existe o tempo.
Os moradores de Vaikuntha tem uma cor azul brilhante, seus olhos parecem
flores de lótus, suas roupas são de cor amarela. Todos eles são jovens, tem
quatro braços, estão bem decorados com colares de pérolas e possuem um
aspecto refulgente. Brahma viu em Vaikuntha a Suprema Personalidade de
Deus e diante Dele, se prostrou. Sukadeva diz que o estar diante de Deus é a
perfeição máxima para um alma. Deus, ao ver Brahma presente diante Dele,
aceitou-o com sendo digno de criar todos os seres vivos. O Supremo disse que
a benção última, ou seja, a mais elevada, é ver-Lhe por meio da realização. A
mais elevada perfeição é a percepção da Morada Divina e também disse que
foi Ele quem mandou que Brahma se submetesse à meditação. Devido a
Suprema Personalidade ter ficado satisfeita com Brahma, apresentou Sua forma
transcendental, com o objetivo de purificar Brahma totalmente. Brahma falou
para Deus, que Ele (Deus) está localizado no coração de cada alma como
diretor supremo e que ele (Brahma) passaria a se ocupar em criar os diferentes
tipos de entidades vivas, se ocupando em servir a Suprema Personalidade. Ao
desaparecer a Suprema Personalidade de Deus, Brahma, com as mãos postas,
começou a recriar as entidades vivas, tal como tinha sido antes da destruição
total do universo.
Brahma foi o primeiro ser vivo criado por Deus. Nasceu de uma flor de
lótus surgida do abdome do Supremo. Agarrou-se totalmente a Deus, assim
sendo, jamais o progresso de sua mente foi detido e seus sentidos jamais
degradaram. Logo depois que foi criado, passou a meditar no som védico que
o conduziu ao planeta de Deus, denominado de Vaikuntha. Em Vaikuntha não
existe os modos da natureza material (paixão, ignorância, bondade), não existe
o tempo, os moradores tem uma cor azulada, quatro braços, seus olhos parecem
flor de lótus, suas roupas são de cor amarela, todos são jovens, estão decorados
com pérolas e possuem um aspecto refulgente. Brahma viu Deus e se prostrou
aos seus pés. O Supremo o aceitou como sendo digno de criar todos os seres
vivos.
Deus está além dos nossos pensamentos e Ele instituiu as suas ordens,
as suas regras, os deveres que temos que cumprir. Deus normatizou e definiu
a Sua própria verdade. Não podemos desviar de suas ordens,de suas
determinações e de tudo aquilo que foi estabelecido por Ele. Nenhuma alma
consegue ir contra o que foi estabelecido pela Suprema Personalidade de
Deus.Devido as leis emanadas da consciência Divina, todas as almas são
conduzidas a diferentes espécies de corpos, sujeitando-se ao nascimento, a
morte, a ilusão, ao medo,a felicidade e aos perigos. Estamos todos atados a
determinada classe social em decorrência dos nossos desejos e uma das leis
do Supremo é Ele satisfazer os desejos mais profundos da alma. Temos que
cumprir com os nossos deveres porque eles são determinações do Supremo. A
alma possui desejos, mas quem realiza os desejos da alma é Deus.O corpo
que temos ou que recebemos está intimamente ligado com os deveres que
temos que cumprir. O primeiro dever da alma é respeitar a posição que temos
nesta vida. Esta vida atual que temos foi estabelecida por nossas ações passadas
e também em todas as existências anteriores. Foi o passado da alma que
gerou a nossa atual posição conforme as determinações de Deus. A grande
verdade é que a alma deve deixar-se conduzir por Deus,exatamente como um
cego é guiado por alguém que possui o dom da visão. Todo o nosso passado
nos colocou dentro de determinadas regras emanadas de Deus e devemos
deixar-nos conduzir pelas leis Divinas, aceitando o corpo decorrente do viver
passado, sem agir no sentido de querer outro tipo de corpo material. A alma
deve se refugiar no Supremo e saber que o viver no corpo físico é o resultado
da aplicabilidade da lei Divina. Nenhuma alma consegue ir contra as ordens de
Deus, nenhum ser possui o poder de desobedecer a Suprema Personalidade
Divina.
Os Mestres do Oriente XXVI - Jata Bharata
Deus está além dos nossos pensamentos e Ele normatizou a Sua Verdade
e não podemos desviar de suas ordens ou de suas determinações. O corpo que
temos ou que recebemos está ligado com os deveres que temos que cumprir.
Devemos deixar-nos conduzir pelas leis Divinas e nos refugiar em Deus. Nenhum
ser possui o poder de desobedecer a Suprema Personalidade de Deus. O corpo
físico não pertence à alma,apenas transporta a alma no mundo material. A
mente é a responsável pelo aprisionamento da alma no corpo material, pois
mente busca o seu próprio desfrute no universo físico. A mente faz a alma
vagar por diferentes espécies de vida. A alma que está dentro do corpo humano
deve aproveitar essa oportunidade e conseguir a liberação do mundo material.
A liberação é o desapegar de tudo que se refere ao mundo físico,inclusive o
desapego total da família, dos amigos e da riqueza. A alma no processo de
liberação, centra todos os seus pensamentos e atitudes em Deus. Devemos
ter consciência que a alma não precisa de nenhum corpo material, mas o
utiliza devido ao apego da mente à energia material ou externa de Deus. A
satisfação dos sentidos é um falso desejo da mente. O desejo que mais aprisiona
a alma ao corpo é o desejo sexual. O ponto mais importante na liberação é o
controle dos sentidos e da mente. Nada existe a não ser Deus e Ele é a origem
de todos os resultados auspiciosos e inauspiciosos. Quando uma alma quiser
se livrar do mundo material, o Supremo aniquila todas as contaminações e
desmancha o nó que foi feito pelo desejo, ligando a alma ao mundo da
mutabilidade. Para atingir a liberação à alma deve se transformar em apenas
uma testemunha do que acontece no mundo da finitude. Deve ultrapassar o
alcance da mente das palavras, ficando livre de todo tipo de apego ao mundo
material. A alma quando utiliza a mente e os sentidos para adquirir
conhecimento, fica presa no mundo da mutabilidade.
Os Mestres do Oriente XXX - Sukadeva Gosvami
Individualidade
Toda alma que está dentro do universo material está sobre a influência
direta da energia material, tendo que agir conforme os três modos da energia
material. A energia material faz com que a alma tenha um comportamento
ditado pela energia material. É muito difícil a alma sair depois que tenha entrado
no sistema planetário inferior. A natureza material funciona através da criação
e da dissolução. Todas as escrituras ensinam que as pessoas devem acabar
com o seu modo de vida material.
O Tempo
Universo Espiritual
A alma que entra no reino espiritual não retorna a este mundo material.
Serviço Devocional
Não são atos de expiação que anularão os pecados. A alma que se sujeita
a regras e regulamentações para anular os seus pecados está situada no modo
da ignorância e não é inteligente. A verdadeira expiação é adquirir um
conhecimento cada dia mais perfeito da Suprema Personalidade de Deus. Não
existe purificação através da austeridade, penitência e outros métodos de
expiação. Assim como um pote que conteve bebida alcoólica não pode ser
purificado mesmo que seja lavado nas águas de muitos rios,a alma não pode
purificar pelos processos de expiação. O único processo de expiação é a alma
se render a Deus e quando a alma se rende ao Supremo ela fica livre de todas
as reações pecaminosas.
A Morte