Hundbook de Estudos Organizacionais - Volume 1
Hundbook de Estudos Organizacionais - Volume 1
Hundbook de Estudos Organizacionais - Volume 1
NORD
Organizadores
MIGUEL CALDAS (EAESP/FGV), ROBERTO FACHIN (UFRGS),
TÂNIA FISCHER (UFBA)
Organizadores da Edição Brasileira
HANDBOOKDE
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Volume 1
,
MODELOS DE ANALISE
~
E
NOVAS QUESTOES EM
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
SÃO PAULO
EDITORA ATLAS S.A. - 2014
]
1134 PARTE I - MODELOS DE ANÁLISE
rios de ciência, como desenvolvidos na área levar à aceitação de que a realidade admi.
de exatas, biológicas e geociências, não são nistrativa não pode ser entendida ou abor-
aplicáveis noutras áreas de conhecimento, dadagerencialmente sem a contingecializa~
especialmente nas áreas de ciências sociais, ção relativizadora.
sejam puras ou aplicadas. Isto também per-
mite ver a Teoria da Contingência Estrutu-
ral de um ângulo menos polêmico e menos
rígido do que o habitual, à medida que ela
é vista como modelo de "ciência normal",
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5
BLAU,Peter,M., 5CHOENHERR,P.A The strucutre
mas capaz de flexibilizar-se pela absorção of organizations. New York: Basic Books, 1971;
ECOLOGIA ORGANIZACIONAL *
I
de outras perspectivas contingencializado- BLAU,P.M. A formal theory of differentiation
raso Na verdade, quando se fala em cultura in organizations. American Sociological Review,
organizacional, diferenças entre modelos (35)2,201-218,1970. JOELA. C. BAUM
de gestão entre países e culturas, não se BURNS,Tom, STALKER,G. M. The management
está contingencializançlo e portanto relativi- ofinnovation. Londres: Tavistock, 1961.
zaudo? Quando ouvimos q6e o modelo CHANDLER,Alfred, D. Strategy and strUcture: o QUE ECOLOGIA ORGANIZACIONAL É cas, econômicas e sociais afetam a relativa
norte-americano de empres.a e seu tipo de chapters in the history of the american industrial abundância e diversidade de organizações
ENÃOÉ
govemança (governance) pode não ser uni- enterprise. Cambridge, MA: MIT, 1962. e tentam justificar sua composição mutan~
versalizável e que os países latinos, como PUGH, D. 5., HICKSON, D. J. Organizational te ao longo do tempo. Embora dif~renças
Até a metade dos anos 70, a aborda-
França, Itália e os da América Latina, têm structure in its context: the aston programme I. existam entre investigadores individuais, a
gem predominante na teoria de organiza-
outro tipo de empresa, que demanda igual- Famborough, Hants: 5axon House, 1976. pesquisa ecológica tipicamente é iniciada
ção e gerenciamento enfatizava a mudança
mente outro tipo de estrutura de cúpula e PUGH, D. S., HININGS, C. R. Organizational por três observações: (1) diversidade é uma
adaptativa nas organizações. Segundo essa
outro modelo de governança, não conti- strueture: extensions and replications: the aston propriedade dos agregados de organizações,
visão, quando o ambiente organizacional
nuamos a contingencializar? Se a contingen~ programme 11. Farnborough, Hants: Saxon (2) organizações freqüentemente têm difi-
muda, líderes Q~ ~oalizões dominantes em culdade para executar e planejar mudanças
cialização traz consigo a renúncia à univer- House, 1976
organiza:ções~ãlteram as características or~ suficientemente rápidas para responder às
salização, e portanto, a ruptura com de- WOODWARD, Joan. Industrial organization: ganizacionais apropriadas para responder
terminado modelo de ciência, isto poderá theory and practice. Londres: Oxford University demandas de ambientes incertos e mutá-
às demandas do ambiente. A abordagem veis e (3) a comunidade das organizações
levar~nos à melancolia, mas também pode Press,1965.
de estudo da mudança organizacional, que é raramente estável - organizações apare-
enfatiza os processos de seleção ambiental, cem e desaparecem continuamente. Feitas
introduzidos também nesse período (Aldri- essas obsetvações, ecólogos organizacio-
ch e Pfeffer, 1976, Aldrich, 1979, Hannan nais passam a procurar explicações para a
e Freeman, 1977, McKelvey, 1982), tem-se diversidade nos níveis da população e da
tomado progressivamente influente. A linha comunidade da organização e focalizam as
de pesquisa dentro da perspectiva ecológica taxas defundação efracasso, criação e morte
da mudança organizacional gerou grande de populações organizacionais, como fato-
excitação, controvérsia e debate dentro da res-chaves para o crescimento e redução da
-comunidade científica dedicada à teoria das diversidade.
organizações e da administração. Organizações, populações e comuni-
Inspirada pela questão "por que há tan- dades constituem os elementos básicos da
tos tipos de organizaç~s?" (Hannan e Free- análise ecológica das organizações. Um con-
man, 1977: 936), ecólogos organizacionais junto de organizações engajadas em ativi-
procuram explicar como as condições políti- dades similares e com padrões similares de
utilização de recursos constitui uma popu-
lação. Populações formam-se como resul~
Tradução: Kátia Madruga. tado de um processo que isola ou segrega
Revisão técnica: Luiz Felipe Nasser Catvalho. um tipo de organização de outro, incluindo
1136 PARTE I - MODELOS DE ANÁIlSE
ECOLOGIA ORGANIZACIONAL 137
1
incompatibilidades tecnológicas e ações ins- importam para as organizações? A resposta mais benefícios que outras na aquisição de e sobrevivência da organização: indivíduos
titucionais, tais como regulamentações do é não, é claro. Urna parte da confusão é que recursos num ambiente competitivo e são, realmente têm importância. A teoria ecoló-
governo. Populações desenvolvem relações o determinismo é erroneamente contrastado então, selecionadas positivamente - não gica, contudo, assume que os indivíduos
com outras populações engajadas em ati- com o probabilismo (Hannan e Freeman, pelo ambiente, mas pelos administradores não podem sempre (ou freqüentemente)
vidades distintas, formando comunidades 1989; 5lngh e Lumsden, 1990). Deixando dentro das organizações e pelos investido- determinar previamente que variações irão
organizacionais. Comunidades organizacio- de lado se a discussão a respeito de se as res, clientes e reguladores governamentais ser bem-sucedidas ou quais irão mudar as
nais são sistemas funcionalmente integrados ações são tolas ou inteligentes, cuidadosa- no ambiente externo (Burgelman, 1991, estratégias e as estruturas de suas organi*
de populações interagentes. Os resultados mente planejadas ou instintivas, o fato é que Burgelman e Mittman, 1994; McKelvey, zações rápido o suficiente para acompanhar
para as empresas em qualquer população indivíduos podem claramente influenciar o 1994; Meyer, 1994; Miner, 1994).
as demandas de ambientes incertos e mutá*
são fundamentalmente interligados com futuro das organizações. Sob as condições Quando variações de sucesso são co- veis. Conseqüentemente, em contraste com
empresas em outras populações dentro da de incerteza, contudo, existem severas res- nhecidas, ou quando tendências ambientais as abordagens da adaptação, que explicam
mesma c'omunidade. trições às habilidades dos indivíduos para são identificáveis, indivíduos podem tentar mudanças na diversidade organizacional em
conceber e impl~mentar corretamente mu- copiar e implementar essas variações de termos de escolhas estratégicas cumulativas
danças que aumentem as chances de sobre- sucesso em sua própria organização ou po- e mudanças nas organizações existentes, as
Ecologia organizacional e vivência e sucesso organizacional diante da dem tentar prever, antecipar, planejar e im-
competição. Conseqüentemente, "num mun- abordagens ecológicas realçam a criação de
determinismo ambiental plementar políticas no contexto de tendên~ novas organizações e o desaparecimento
do de grandes incertezas, esforços adaptati- cias previsíveis (DiMaggio e Powell, 1983;
vos ... tomam-se essencialmente randômicos de outras.
Embora a ecologia organizacional seja McKelvey, 1994; Nelson e Winter, 1982).
em relação a seu valor futuro" (Hannan e Mas quando variações de sucesso são des-
atualmente um notável subcampo dos estu-
Freeman, 1984 : 150). Uma segunda parte conhecidas, porque, por exemplo, ó compor-
dos organizacionais, existem muitos críticos
da confusão está ligada ao nível da análise. tamento dos consumidores e competidores Este capítulo
e céticos em relação a ela. Por quê? O debate
As ações dos indivíduos são mais importan* é imprevisível, a probabilidade de escolher
centraliza-se primeiramente nas hipóteses
tes para sua organização do que para toda a a variação correta e implementá-la é muito Meu objetivo neste capítulo é avaliar
a respeito das influências relativas da his*
população das organizações: existem limi- baixa. Mesmo quando variações de sucesso e consolidar o presente estado da arte em
tória organizacional, de seu ambiente e de tes para a influência das ações individuais sãó identificadas, a ambigüidade de suas ecologia organizacional. Para realizar o pro-
seus padrões de escolha estratégica sobre sobre a variabilidade-nas propriedades or- possíveis causas pode frustrar as tentativas posto, reviso a maioria das afirmações teó-
as padrões de mudança da organização, ganizacionais. Conseqüentemente, as ações de imitação. Sob essas condições, variações ricas, estudos empíricos e discussões que
desenvolvidas pela teoria da inércia estru- de indivíduos poderão não explicar muito a podem ser vistas como tentativas experi- estão ocorrendo neste momento. Embora
tural (Hannan e Freeman, 1977; 1984). respeito da diversidade nas populações de mentais, algumas conscientemente planeja- tenha tentado examinar o campo da inves-
A teoria da inércia estrutural afirma que organizações. das e outras acidentais, algumas resultando tigação em ecologia organizacional compre-
as organizações existentes freqüentemente
em sucesso outras em fracasso (McKelvey, ensivamente, devido à pesquisa ecológica
têm dificuldades para mudar sua estratégia
1994; Miner, 1994). constituir, neste momento, um grande corpo
e estrutura de forma suficientemente rápi- ~r
- .-
iniciais na densidade populacional podem transitória das mudanças de densidade que
aumentar a legitimidade institucional de resulta das fundações e fracassos contínuos.
Uma explicação relacionada é que os efeitos """""""" -""""""'" """"""' " •••••••••••
uma população. A capacidade de os mem- ••• população
bros da população adquirirem recursos au~ das fundações e fracassos são mais transi-
menta consideravelmente, quando aqueles tórios que os dados anuais - tipicamente Estudos de Fundações
Sindicatos dos Estados Unidos, 1836-1995 +/- na +/- Hannan e Freeman, 1989
que controlam os recursos consideram tal disponíveis - são capazes de detectar (Al~
Cetvejeiros dos Estados Unidos, 1633-1988 +/- O +/- CarroU e Hannan, 1989a;
forma organizacional como certa. Contudo, drich e Wiedenmayer, 1993). Uma tercei- 1989b;
à medida que uma população continua a ra explicação é a maior sensibilidade das O/O -/+ +/- Carrol e Swaminathan,
Jornais de São Francisco, 1800-1975
crescer, a interdependência entre seus mem- estimativas por especificações quadráticas 1991;
das fundações e fracassos prévios das ob- Jornais da Argentina, 1800-1900 -/+ 0/- +/- Hannan e Carroll, 1992
bros toma-se competitiva. Quando há pou.
servações marginais. Esses dados necessitam Jornais da Irlanda, 1800-1975 +/- O/O +/-
cas organizações numa população, a compe-
ser pesquisados mais detalhadamente antes Jornais da Little Rock, 1815-1975 O/O 0/+ +/-
tição de umas com as outras pelos recursos +/-
Jornais de Springfield, 1835-1975 0/+ 0/+
compartilhados e escassos pode facilmente que os efeitos das dinâmicas das populações
Jornais de Shreveport, 1840-1975 O/O O/O +/-
ser evitada. Mas isto se toma mais difícil à sejam abandonados, o que é claramente a
Jornais de Eimira, 1815-1975 +/0 O/O +/0
medida que os competidorel1 em potencial tendência na pesquisa recente. Jornais de Lubbock, 1890-1975 O/O O O/O
aumentam. Combinados, os efeitos mútuos Jornais de Lafayette, 1835-1975 na O O/O
dos aumentoS" iniciais na densidade e os efei- Telefônicas da Pensilvãnia, 1879-1934 + -/+ Bamett e Amburgey; 1990
+ O +/- Baum e Oliver, 1992
tos competitivos de aumentos posteriores Elaboração do modelo de Creches de Toronto, 1971-1989
sugerem efeitos curvilíneos da densidade Empresas de Seguro de Vida dos EUA,
dependência da densidade 1759-1937 +/- na +/- Ranger-Moore et ai., 1991
da população nas taxas de fundação e fra~ +/0 na +/0 Banaszak-Holl,1992;1993
Bancos de Manhattan, 1840-1976
casso (Hannan e CarroU 1992, Hannan e Embora o suporte à Teoria da Depen- Empresas de Transmissão de Fax de
Freeman,1989). dência da Densidade seja bastante forte, Manhattan, 1965-1992 Baum et al., 1993;1995
ela ainda sofre algumas críticas. A Teoria Associação de planejamento predominante -/+ O +/-
Hannan e Freeman (1989), Hannan e
Associação de planejamento pós-dominante -/+ O +/-
CarroU (1992) e outros fornecem bases em- da Dependência da Densidade recebeu al-
Empresas de Seguro de Vida do Estado de
píricas substanciais para relações cutvilíneas guma atenção crítica por sua proposta in- 0/+ Budros, 1993; 1994
NewYork,1842.1904
_prognosticadas pelo modelo de dependên~ tegradora das perspectivas institucional e Cervejarias dos EUA, 1861-1988 -/0 na +/- Carrol et al., 1993
cia da densidade. Por comparação, embora ecológica (Baum e Powell, 1995; Delacroix Associação Comercial dos EUA, 1901-1990 O/O O/O +/- Aldrich et aL, 1994
freqüentemente significativas, as descober- e Rao, 1994; Zucker, 1989). Alguns auto- Indústria de Automóveis Belga +/- na +/- Hannan et aI, 1995
tas da dinâmica de populações são confu~ res têm questionado a hipótese implícita Indústria de Automóveis Britânica +/0 na +/-.
sas (Aldrich e Wiedenmayer, 1993; Singh de que cada organização numa população Indústria de Automóveis Italiana O/O na +/-
influencia e é influenciada pela cómpetição Indústria de Automóveis Alemã +/0 na +/-
e Lumsden, 1990). Além disso, conforme
ilustrado na Tabela 4, quando a dinâmica e igualmente (Baum e Mezias, 1992; Baum
Estudos de fracassos
a densidade populacionais são modeladas e Singh, ,1994.; 1994b; Winter, 1990). na O -/+ Hannan e Freeman, 1989
Sindicato dos EUA, 1836-1985
conjuntamente, estudos recentes descobri- Numa crítica metodológica, Petersen e Ko~ Cetvejeiros dos EUA, 1633-1988 + -/+ Carrol e Hannan, 1989a;
ram que efeitos dinâmicos da população são put (1991) argumentam que o efeito ne- 1989b
geralmente mais fracos e menos robustos. gativo do crescimento inicial na densidade Jornais de São Francisco, 1800-1975 O/O +/- -/+ Carrol e Swaminathan,
1991
Mesmtl os resultados originais de Delacroix populacional sobre a taxa de fracasso pode
"'"Jornaisda Argentina, 1800-1900 O/O +/0 -/+ Hannan e Carron, 1992
e Carroll (1983), a respeito de populações resultar da heterogeneidade não observa-
Jornais da Irlanda, 1800-1975 O/O +/- -/+
de empresas jornalísticas na Argentina e na da na população (mas veja Hannan et:al., O/O
Jornais de Little Rock, 1815-1975 +/- O/O
Irlanda, não se sustentam quando a densi- 1991). Slngh (1993) observa que parte do O/O O/O 0/+
Jornais de Springfield, 1835-1975
dade é introduzida numa reanálise de seus debate sobre dependência de densidade ori~ Jornais de Shreveport, 1840-1975 +/0 O/O O/O
dados (Carroll e Hannan, 1989b). gina~se da principal força desse modelo, Jornais de Elmira, 1815-1915 +/0 O/O O/O
sua generalidade, que tem sido atingida às Jornais de Lubbock, 1890-1975 O/O O O/-
Uma explicação possível para a aparen~
custas da precisão de suas medições e realis~ Jornais de Lafayette, 1835-1975 O/O O O/O
te dominância do processo de dependência O/O Delacroix et al., 1989
mo de seu contexto. Singh conclui que "nós Vmícolas da Califomia, 1940-85
de densidade sobre os processos de dinâmi- -/+ +/- -/+ Freeman, 1990
podemos fazer bem ao sacrificar alguma Empresas de semicondutores, EUA
ca populacional é o caráter mais sistemático Baum e Oliver, 1992
I da densidade frente a frente com a natureza generalidade, desde que isso leve a pesquisa Creches de Toronto O -/+
I:
! 151
I 150
ECOLOGIA ORGANIZACIONAL
I
1
PARTE I - MODELOS DE ANÁLISE
:z
Tabela 5 Elaborações do modelo de dependência de delLSidade, 1989-1995.
Tabela 4 Continuação.
+/0
Baum et aI., 1993; 1995
Modelo
Atraso da densidade
Yariáveis-ehave
Densidade da
população na
fundação
Natureza da Elaboração
Carrol e Hannan,
1989a; Hannan e
Carrol, 1992
populações estabelecidas. Dessa forma, a direções futurm Creches e Jardins de Infância Competição total (-,-): densidade cresceme das Bauro e Oliver,
na Região Metropolitana de cresches estimula o fracasso das creches e, em 1991
competição leva para a emergência de um
Toronto, 1971-87 contrapartida, a densidade cresceme das creches
sistema complexo de populações funcio. Entre os estudos apresentados na Tabe.
estimula o fracasso das creches
nalmente diferenciadas, ligadas por inter. la 6, as aplicações de modelos de interação
dependências mútuas. O crescimento da da comunidade em grupos estratégicos pare- Bancos Comerciais e Caixas Neutralidade (0,0): densidades dos bancos Ranger e Moore et
de Poupança em Manhatan, comerciais e caixas de poupança não têm relação al.,1991
complexidade interna cria a estabilidade da cem particularmente promissoras (Brittain,
1792.1980 entre si quanto às taxas de fundação
comunidade, tornando mais lenta a forma. 1994; CarroU e Swaminathan, 1992). Em-
ção de novas populações. Contudo, a com- bora o constructo dos grupos estratégicos Companhias de Seguros de Comensalismo (+,0): aumento da densidade
plexidade interna da comunidade também capture a idéia de que a força da cómpeti- Vida (Sociedade Anônima de sociedades anônimas estimula a fundação
estabelece a base para seu colapso. Se sis- _,çã6 sobre a performance organizacional de e Ltda.) no Estado de Nova de companhias limitadas mas a densidade das
Iorque, 1760.1937 companhias limitadas não afeta a fundação de
temas complexos experimentam distúrbios .uma organizf1ção depende da localização de
sociedades anônimas
(por exemplo, inovação tecnológica, mudan- seus vários rivais no ambiente de recursos,
a pesquisa e~píricá, 'ex<:pninando os efeitos Indústria Cervejeira Comensalismo (+,-): aumento da densidade carrol e
ça regulatória), além de certo nível limiar,
dos EEUU, 1975.90: dos bares cervejeiros estimula a fundação Swaminathan,
eles podem desintegrar como resultado de de grupos estratégicos. em competição, é microcervejarias, bares e de microcervejarias, mas a densidade das 1992
um" efeito'dominó. bastante limitada (McGee e Thomas, 1986; produtoras em massa 1 microcervejarias não afeta a fundação de bares
Quando uma população em evolução Thomas e Venkatraman, 1988). Modelos cervejeiros
de interdependência da comunidade que Competição Parcial {-,O}: aumento da densidade
interage com outras populações, o sucesso
enfatizam interações entre múltiplas sub. dos produtores em massa estimula o fracasso
da sobrevivência de seus membros depende das microcervejarias, mas a densidade das
da natureza e da força de suas interações populações organizacionais proporcio~am microcervejarias não afeta o fracasso dos produtores
ecológicas. Conseqüentemente, é sempre di. um modo de analisar a competição dentro em massa
fícil entender o comportamento de organiza- e entre os múltiplos grupos estratégicos que HMOs dos EEUU, 1976.91: Neutrali~ade (0,0): densidades dos grupos e HMOs Wholeyet al.,
ções numa única população isolada, porque compõem uma indústria. Uma abordagem grupo de HMOs e IPAnão és~ão relacionadas entre si quanto às taxas 1992
ecológica para a teoria dos grupos estraté- associações de práticas de fracasso"
o destino das populações tem uma ligação
independentes
em comum (Fombmn, 1988). A ecologia das gicos provê informações à pesquisa sobre
1160 PARTE I - MODELOS DE ANÁLISE ECOLOGIA ORGANIZACIONAL
161 I
no nível da comunidade e justifica os efeitos cessos genealógicos), pelos quais a produção
Tabela 6 Continuação.
das interações indiretas e dos processos de e a organização de rotinas, organizações e
Comunidade Interações da comunidade Referências feedbaek no sistema da comunidade. populações são levados (isto é, replicadas)
Produtores de Componentes Competição total (-,-): fundação, nenhuma; Brittain, 1994 Mais fundamentalmente, contudo, em. através do tempo (Baum, 1989b; McKelvey,
Eletrônicos nos EEDU, 1947- fracasso, r-especialistas e r-generalistas, bora Hannan e Freeman (1977) clamem por 1982; Nelson e Winter, 1982).
81: k-especialistas e k-generalistas
Competição parcial (-,0): fundação, pesquisas populacionais, como o primeiro O estudo desses processos genealó-
r-especialistas,
k-especialistas, r-generalistas e k-especialistas; fracasso, passo para o estudo do fenômeno no nível da gicos envolve o traçado das linhas evolu-
r-generaHstas, r-generalistas e k-generalistas comunidade, a pesquisa em ecologia organi- cionárias de descendência das organiza-
k.generalistas2 Competição predatória (+,-): fundação, nenhuma; zacional permanece primariamente focada
fracasso, r-especialistas e ções a partir de seus antecessores, a fim
k-especialistas no nível da população. Então, a pergunta de encontrar populações de organizações e
Neutralidade (0,0): fundação, nenhuma; fracasso, - por que há tantos tipos de organizações? explicar suas origens. Enquanto a herança
r-generalistas e k-generalistas - ainda tem que ser perseguida seriamente. biológica é primariamente baseada na pro-
Comensalismo (+,0): fundação, r-especialistas e r-
Se, contudo, a diversidade presente das or- pagação dos genes, processos de heredita-
gereralistas, r-generalistas e k~generalistas; fracasso,
r-especialistas e k-generalistas ganizações é entendida como um reflexo do riedade para organizações sociais parecem
Simbiose (+, +): fundação, r-especialistas e efeito cumulativo de uma longa história de muito diferentes e sugerem uma dinâmica
k-es~ecialistas, r-especialistas e k-generalistas, k- variação e seleção (Hannan e Freeman, 1989
especialistas e k-generalistas; fracasso, nenhum
evolucionária completamente diferente da-
: 20), então é necessária uma explicação de quelas esperadas com a pura transmissão
Companhias de Transmissão Competição parcial (-,O): firmas de transmissão de Baum et aI., 1995 como as formas das populações organiza- genética. Baum e Singh (1994a) antecipam
de fax, 1965-92: cortes de fax com design predominanre diminuem fundação e cionais se tomam e permanecem diferentes
aumentam o fracasso de firmas de transmissão de fax
uma abordagem de processos genealógicos
design pré e pós-dominantes através do tempo. O desenvolvimento des-
com design pós-dominame organizacionais que expressa a preponde-
se problema parece improvável, sem aten- rância de mecanismos lamarkianos de he-
ção para o desenvolvimento de uma teoria reditariedade, visto que a competência de
1 Todas as interações possíveis são neutras (0,0). de evolução organizacional (Baum e Singh, produção e organização adquirida por meio
2 Veja Brittain (1994) para uma discussão mais detalhada a respeito dos resultados. 1994a; mas, para diferentes pontos de vis- do aprendizado pode ser retransmitida.
ta, veja Carroll, 1984a; Hannan e Freeman,
1989). A evolução organizacional envolve Não obstante alguns trabalhos em
economia evolucionária (Nelson e Winter,
uma inter.relação complexa entre processos
administração estratégica, proporcionando competição ou mutualismo irão existir entre 1982; Winter, 1990), em teoria organizacio-
ecológicos e históricos. Isto começa com a
um modelo dos efeitos das estratégias orga. organizações. Desafortunadamente, dentro nal (Van de Ven e Grazman, 1994; Zucker,
proliferação diferencial de variações dentro
nizacionais e dos membros de grupos estra- de comunidades organizacionais, popula- 1977) e em teoria do aprendizado organi-
das populações que leva, em última análi-
tégicos em populações dinâmicas. ções afetam o destino umas das outras, não se, a fundações, o produto do pensamento zacional (Levinthal, 1991b) estarem pre-
Embora estudos como aqueles da Ta- sO,mente através das relações diretas entre empreendedor que emerge de populações ocupados com processos genealógicos das
bela 6 proporcionem evidências empÍricas,_ elas, mas também por meio de relações in- estabelecidas para criar novas populações organizações, a agenda de pesquisa sobre
da existência, da estruhJ.ra e da influência' diretas e da reação que flui por meio da co- e termina com a extinção do último mem- hereditariedade organizacional permanece
potencial das comunidades organizacionais munidade (Baume Singh, 1994d). Então, a bro da população que a imitação criou em aberta.
sobre a dinâmica da população, eles tocam dinâmica da comunidade envolve a reação torno da organização fundadora (Lumsden
superficialmente na "caixa de Pandora" não linear entre populações interagentes: e Singh 1990). Poucos pesquisadores tem-
d'~ ecol~gia das comunidades (DiMaggio, tais não-linearidades podem complicar subs~ se.,dirigido à emergência e ao desapareci- PROCESSOS AMBIENTAIS
1994). Até o momento, as comunidades tancialmente as tentativas de derivar previ- mento de populações organizacionais (para
organizacionais estudadas foram limitadas sões no nível da comunidade (Carroll, 1981 exceções veja Aldrich e Fiol, 1994; Astley, Em sua revisão da ecologia organiza-
em escala e escopo a setores sociais e econô- : 587, Puccia e 1evins, 1985, Capítulo 3). Por 1985; Lumsden e Singh, 1990; Romanelli, cional, Singh e Lumsden (1990 : 182) iden-
micos isolados de atividade organizacional essa razão, Baum e Singh (1994d) e Korn 1991). Conseqüentemente, ainda sabemos tificaram a convergência das perspectivas
(mas veja Baum e KOffi, 1994; Kom e Bauro, e Baum (1994) defenderam o uso de uma muito pouco sobre as estruhJ.ras da herança ecológicas e institucionais em organizações
1994). Além disso, uma vez que poucos es- técnica analítica chamada análise de loop e transmissão organizacional. Além disso, "como um excitante desenvolvimento da
tudos tentam prever a forma das intera- (Puccia e 1evins, 1985) para modelagem de uma teoria de evolução organizacional deve pesquisa em teoria organizacional". Teorias
ções interpopulacionais específicas, sabemos sistemas comunitários complexos. A análise considerar processos históricos de'conseIVa- institucionais e ecológicas têm convergi-
muito pouco a respeito do momento em que da CUIVapermite a derivação das previsões ção e transmissão da informação (isto é, pro- do principalmente sobre a questão: como
• 162 PARTE I - MODELOS DE ANÁLISE ECOLOGIA ORGANlZAOONAL
163 I
as variáveis do ambiente institucional (por para a ocorrência de processos ecológicos: tomam-se obsoletos ou pouco competitivos, ças nas regulamentações governamentais
exemplo, política governamental, condições o ambiente institucional pode prescrever quando o ambiente se estabiliza. Em outras influenciam o padrão de fundação e o fra-
políticas e relações de sanção) influenciam a o critério de seleção ambiental para julgar palavras, os jornais são parte de um ambien~ casso organizacional. Algumas mudanças
dinâmica da população? Desde então, uma se uma organização ou população inteira te político. O processo político afeta outros regulatórias incorporam certos processos
segunda, e igualmente excitante, convergên- deve ou não sobreviver (Bamett e Carroll, lipos de organizações? Carroll el ai. (1988) ou eventos de rotina cujos efeitos cumula-
cia emergiu da teoria do ciclo tecnológico. 1993; Baum e Oliver, 1991; 1992; Fombrun, fornecem um argumento teórico que gene- tivos são substanciais. Por exemplo, com o
A busca dessa convergência é fundamental 1988). A pesquisa ecológica sobre processos raliza as predições a respeito de outros tipos tempo, por meio de processos coercitivos,
para o avanço da ecologia organizacional. institucionais compara tipicamente taxas de de organizações, mas este ponto permanece miméticos e normativos, expectativas ins-
sem prova empírica. titucionais das regulamentações governa-
Processos ambientais, tais como mudanças fundação e fracasso entre populações orga-
institucionais e evolução tecnológica, que nizacionais ou por meio do tempo, à medida mentais tornam-se inerentes às práticas e
modelam formas organizacionais apropria- que a arena institucional de uma população características das organizações (DiMaggio
das e condicionam relações histórico-estru-
Regulamentação governamental e Powell, 1983). Essas características ins-
em particular muda devido à turbulência
turais (por exemplo, as bases da competição política, regulamentações governamentais, titucionais que proporcionam a certeza de
Partindo de um ponto de vista ecoló- que as organizações são confiáveis para fun-
entre organizações), necessitam ser inte- ou pela conformidade institucional.
gico, as regulamentações governamentais cionar produzem conseqüências ecológicas,
grados completamente à teoria e pesqui-
são vistas como restrições importantes na como, por exemplo, a restrição do espectro
sa ecológicas. Desenvolvimentos recentes
organização e na aquisição de recursos de comportamentos competitivos possíveis
nessas áreas de convergência são revisados Turbulência política
que afetam a diversidade organizacional (Freeman e Lomi, 1994). Outros são mais
a seguir.
(Barnett e CarroU, 1993; Hannan e Free- dramáticos e interrompem os laços estabe-
A turbulência política afeta as taxas
de fundação e fracasso, rompendo os ali- man, 1977). Aumentando (diminuindo) lecidos entre as organizações e os recursos,
nhamentos sociais e estabelecendo relações o número e/ou a variedade de restrições; liberando recursos para o uso por novas
Processos institucionais a regulamentação aumenta (diminui) a
entre organizações e recursos, liberando organizações (Carroll et aI., 1988).
recursos para uso por novas organizações. heterogeneidade ambiental, expandindo
Ambientes organizacionais represen- Uma vez que o contexto regula tório
Apoiando esse argumento, Delacroix e Car- (contraindo) o número de nichos potenciais
tam mais do que simples "fontes para entra- varia bastante, a pesquisa ecológica freqüen-
roll (1983) afirmam que ciclos de fundações e aumentando (diminuindo) a diversida-
da, informação e conhecimento para saída" temente formula hipóteses sobre os efei-
de jornais na Argentina e na Irlanda refletem de organizacional total possível dentro de
(Scott e Meyer, 1983 : 158). Regras insti-
as turbulências políticas, além da dinâmica
.., uma comunidade organizacional. Embora
tos reguladores e regulatórios de áreas de
'tucionalizadas e crenças sobre organiza- pesquisa particulares. Contudo, a pesquisa
da população. Anos de turbulência política os teóricos institucionais concordem, o as-
ções também figuram proeminentemente recente identifica quatro maneiras básicas
foram marcados pelo aumento nas taxas sunto central de suas perspectivas é o nível
(DiMaggio e Powel, 1983; Meyer e Rowan, em que as regulamentações governamentais
de fundação em ambos os países. Carroll e de fragmentação na estrutura do ambien-
1977). A Teoria Institucional enfatiza que influenciam as taxas de fundação e fracasso
Huo (1986) replicam esse resultado e tam- te institucional regulatório (Scott e Meyer
organizações devem estar em conformida- (veja Tabela 7). Consistente com a perspec-
bém asseguram que a turbulênciá política 1983). Quando a influência no ambiente
de com essas regras e requerimentos, se tiva de que os processos ecológicos estão
aumenta as taxas de fracasso de empresas regulatório é centralizada, as demandas
quiserem receber suporte e ser percebidas., hierarquicamente contidos pelos processos
jornalístiq\s numa análise da fundação de institucionais são facilmente coordenadas
como legítimas. O papel dessas restrições jornais na~ área ~a Baía de São Francisco. institucionais, essa pesquisa mosrra como re-
e impostas sobre as organizações. Em con-
normativas tem crescido recentemente na Amburgeye seus'colegas também encon~ gulamentações governamentais agem, para
traste, estruturas regulatórias fragmentadas
teoria e na pesquisa ecológicas. Alguns tram evidências de que a turbulência políti- restringir e impulsionar o comportamento
sofrem com a ambigüidade e o conflito, e organizacional, bem como condicionar as
vêem ~~sa relação entre a teoria institucio~ ca aumenta as taxas de fracasso na Finlândia-
nal e a ecológica como complementares e
_!!- ação coordenada para influenciar orga. relações ecológicas entre as organizações.
(Amburgey el aI., 1988). NOladamenle,jor-
propõem sua síntese dentro de uma úni- nizações é mais difícil. Então, consistente O próximo passo óbvio dentro da pesquisa
nais fundados durante os anos de turbul~n-
ca estrutura explicativa (Hannan e Carroll, com as hipóteses ecológicas, quanto maior nessa área é estudar corno a regulamentação
cia política têm vida curta, comparados com
1992; Hannan e Freeman, 1989). OUlros a fragmentação das estruturas regulatórias governamental e os processos institucionais
aqueles formados em períodos mais estáveis
concebem a teoria institucional como um num campo organizàcional (isto é, quanto de forma mais ampla condicionam os pro-
(Carroll e Delacroix, 1982). Para explicar
contexto para a teoria ecológica: a relação esses resultados, Carroll e seus colegas argu- maior o número de recursos institucionais e cessos ecológicos diretamente, examinando
entre elas não é complementar, é também mentam que jornais fundados em períodos restrições distintos), maior a diversidade de as interações entre variáveis institucionais
hierárquica (Tucker el aI., 1992). Partindo de turbulência política são oportunistas que organizações que podem,ser'mantidas. e ecológicas (Baum e Oliver, 1991; Thcker
desse ponto de vista, o ambiente institucio- prosperam graças aos recursos liberados A pesquisa ecológica sobre os efeitos el aI., 1990a; Singh el ai., 1991; Thcker el
nal constitui o contexto social mais amplo em períodos de conflitos sociais, mas então regulatórios procura saber como as mudan- aI., 1988).
1164 PARTE I - MODELOS DE ANÁLISE ECOLOGIA ORGANIZACIONAL
165 I
Tabela 7 Regulamentação do governo e dinâmicas da população. Tabela 7 Continuação.
i: ruptura inicial.
é relacionada negativamente tanto à idade
hipotética entre a mudança das caracterís- em caracteríspcas ce.n\trais(1984 : 157). Em quanto ao tamanho.
contraste, organizaç~s, maiores, embora Assim, a teoria da inércia estrutural
ticas centrais e a suscetibilidade dos nova-
tos, _~prqpensão que organizações jovens com menor probabilidade de tentar mudan- enquadra a questão de a mudança organi- Fluidez de Idade e 'fiunanho - A Teoria
têm para taxas de fracasso mais altas (Stin- ças em características centrais num primei- z~cional ocorrer no nível populacional ou no da Inércia Estrutural está errada? Em con-
chcombe 1965). Hannan e Freeman (1984 : ro momento, têm maior probabilidade de nível de organizações individuais enquanto traste com as argumentações sobre inércia
160) propõem que a tentativa de mudanças morrer durante uma tentativa de mudança" um fator da taxa de mudança de organiza- estrutural, algumas visões teóricas sugerem
em características centrais da organização desse tipo (1984 : 159). O tamanho gran- ções em relação com 'a:taxa de mudança do que as organizações se tornam mais fluidas
produz uma renovada suscetibilidade dos de pode proteger organizações dos efeitos ambiente. Organizações podem ser capa- com o tempo (Singh et aI., 1988). Embora
novatos, roubando o histórico que a orga- desestabilizadores das mudanças em car~c- zes de responder a mudança do ambiente os processos de seleção favoreçam organi.
nização possui do valor da sobrevivência. terísticas centrais, por exemplo, ajudando ou porque elas são relutantes ou incapazes zações que estão ajustadas a seu meio am-
A tentativa de mudança nas características a manter velhas e novas maneiras de fazer de mudar ou porque elas' fracassam prio- biente, o ajuste entre organizações e seus
centrais diminui a confiabilidade e a justifi- as coisas durante o período de transição ritariamente na realização de esforços de ambientes está constantemente sendo ero~
eabilidade do desempenho da organização, ou superando privações de curto prazo e mudanças. dido, urna vez que a racionalidade limitada
I 174 PARTE I - MODELOS DE ANÁUSE ECOLOGIA ORGANIZACIONAL 175
••
Tabela 9 Estudos da taxa de mudança organizacional. Tabela 9 Continuação.
População Tipo de mudança Idadell Tamanho Número de Tempo Referências População Tipo de mudança Idade Tamanho Número de Tempo Referências
mudanças desde a '} mudanças desde a
prioritárias última .': prioritárias última
(anteriores) mudança (anteriores) mudança
.
Negócios Proprietário O + na Amburgeye 500 Empresas Fusões de extensão de Amburgeye
:~{
jornalísticos dos Editor O + na Kelly, 1985 Revista Fortune produtos na + na Miner, 1992;
Estados Unidos Nome O O na '. Fusões de Amburgeye
1774-1865 Layout O + na \.-'~
conglomerados na O + na Dancio, 1994
Conteúdo O O O na ':i Fusões horizontais na O + na
+ + na na Integração Vertical na O + na
Org~nizaçõ:s
seIV1ços SOCiaIS
.~e Nome
Patrocinador O O na na
Singh era!.,
1988; 1991; , I
i
Diversificação de
mercado e produto na O O
voluntários Local + O na na 1\lcker e aI.,
Área de serviço + O na na 1990b II Descentralização
estrutural na O
Objetivos + O na na
I
Grupo de cli~ntes O O na na Jornais da Conteúdo na + Amburgey et aI.,
Finlândia Freqüência da 1993; Minter et
Condições de serviços' O O na na
Executivo chefe
Estrutura
+
+
+
O
na
na
na
na
I 1771-1963
Associações de
publicação
Tentativa de
na + aI., 1990
Halliday et a1.,
bares do Estado unificação na na 1993
Produtores de Mudança na + na na na Bocker, 1989 1918-1950
semicondU[ores estratégia inicial
Institutos livres Mudança para Zajac e Kraatz,
do Vale do
Siiíciob
de artes liberais co-educar + O na na 1993
Adição de programa Ginsberg e
Empresas de Entrada para na O na na Mitchell, 1989 " de pós-graduação + na na
diagnóstico subcampo emergente I Adição de programa
Baum,1994
médico por
imagem dos /
I de negócios O + na na
Companhias de Aquisição
Estados Unidos, ,
<!.
I bancos holding, relacionada na +
Ginsberg e
Baum,1994
1959-1988
Creches De especialistas para + na na Bauro,1990a I 1956-1988 Aquisição
não-relacionada O na + O
,i
da região generalistas Califomia S&L, Estado real (taxas de + na na Haveman,1994;
metropolitana 1977-1987 ~ntrada) O veja também
de Toronto,
De generalistas para +/- O na na
especialistas
Hipotecas não O na na Haveman, 1992;
1971-1987 residenciais O 1993a; 1993b
Organizações De fins lucrativos a + O na na Ginsberg e seguros com lastro O na na
mantenedoras fins não lucrativos Buchholtz, 1990 em hipotecas O
de saúde dos Empréstimo ao O na na
Estados Unidosb consumidor O O na na
Agências Especialismo no nível Kellye ". Empréstimo comercial O
O
~" Companhias de na na
aéreas dos EUA, de negócio O + _n~\
. Amburgey, 1991,
; serviços
1962-1985 Generalismo no nível "~ ..' veja Kelly, 1998 ;
de negócio O + na Associações de Mudança no domínio O/O O na na Aldrich et aI.,
Especialismo no nível comércio dos e objetivos da 1994
de corporação O O + na EOí\ 1900-1980 organização
Generalismo no nível Companhias Entrada de rota + na na Baum e Rom,
de corporação O + na aéreas da Cali- Saída de rota + na na 1996
fómia 1979-1984
Postos de Aumento de domínio O na na O Usher, 1991
gasolina, Contração de domínio O na na +
Creches da região Entrada nó mercado + + Baum e Singh,
metropolitana Saída do metcado O O O O 1996
1959-88 Migração de nicho +/- na na na
de Toronto,
Vinícolas da Portfólio de marca O + Delacroix e 1971-1989
Califórnia, Linha de produto + O Swaminathan,
1946.1984 1991
Status do a X/Y da os sinais dos significantes (p < 0,05) 'termos lineares e quadrantes, respectivamente, quando estimado
proprietário da terra O O + O
b Dados do período de observação não fomeddo
1 176 PARTE 1 - MODELOS DE ANÁLISE
ECOLOGIA ORGANIZACIONAL
177
1
da administração, as restrições de acesso escolha de organizações fundadas após o burgey et aI. (1993) propõem que os efeitos
às informações e as pressões inerciais im- são de empresas fundadas anteriormente
começo do período de observação): não se de mudanças anteriores são dinâmicos. Uma
pedem as organizações de acompanharem ou posteriormente ao início da obsetvação,
obsetvam organizações pequenas mudando, vez que o processo de busca organizacional
as mudanças constantes do ambiente. Deste ou ainda questões de viés de especificação
porque elas fracassam antes da realização começa com as rotinas mais utilizadas re-
modo, "por meio de uma história cumulativa - possa melhorar nosso entendimento do
de seus esforços. centemente (Cyert e March, 1963), a pro-
de sobrevivência, as tensões e os esforços de processo de mudança no nível organizacio-
babilidade de repetir mudanças específicas nal de forma incrementaI, ganhos maiores
sobreviver em meio a tantas mudanças do Momentum Repetitivo - Embora Han- deveria ser mais alta imediatamente após
ambiente acumulam-se nas organizações, poderiam ser alcançados se os pesquisadores
nan e Freeman (1984) não incluam mudan- sua ocorrência, mas declinaria com o tempo, começassem a testar os argumentos subja.
aumentando as pressões para que mudem" ças prévias em seu modelo teórico, Ambur. uma vez que as mudanças foram os últimos
(1988: 6). centes diretamente. Dado que os coeficien-
geye seus colegas (Amburgeye Kelly, 1985; aumentos feitos. Combinados, os efeitos tes de tamanho e idade revelam pouco sobre
Alguns pontos de vista teóricos também Amburgey et aI., 1993; Amburgeye Miner, dinâmicos e principais de mudanças ante- os processos organizacionais subjacentes,
sustentam a idéia de que as organizações 1992; Kellye Amburgey, 1991) sugerem que riores pressupõem que a probabilidade de ainda sabemos muito pouco sobre como os
maiores são mais fluidas. A complexidade, um entendimento completo da mudança repetir uma mudança em particular salta efeitos de idade e tamanho, ou as condições
a diferenciação, a especialização e a descen- organizacional requer a consideração da his- imediatamente após uma mudança desse sob as quais fluidez, inércia e momentum,
tralização internas, todas características das tória das mudanças da organização. De uma tipo, sendo que o tamanho do salto aumenta predominarão. Para aprender o que real-
organizações grandes, têm sido! associadas perspectiva de aprendizado organizacional, após cada mudança adicional, mas declina
mente está acontecendo, são necessários es-
à adoção das inovações (Haveman, 1993a). fazer mudanças proporciona às organizações com o tempo, a partir do momento em que tudos que utilizam medidas mais diretas dos
Os recursos disponíveis para as grandes or ~ a oportunidade de tomar a mudança uma aquele tipo de mudança ocorreu pela últi-
processos organizacionais subjacentes. Os
ganizações podem capacitá-las a iniciar mu- rotina (Levitt e March, 1988; Nelson e Win- ma vez.
argumentos de fluidez e inércia não são ne.
danças, em resposta às mudanças ambien- ter, 1982). Toda vez que uma organização se O suporte para o momentum repetitivo cessariamente concorrentes; eles podem ser
tais (Cyert e March, 1963). O maior tama- empenha num tipo particular de mudança, da mudança organizacional é forte: entre complementares - de fato, os argumentos da
nho relativamente a outros atores também ela aumenta sua competência naquele tipo as estimativas na Tabela 9, as taxas de mu- fluidez da idade baseiam-se parcialmente na
aumenta o poder de mercado (Ba!n, 1996), de mudança. Quanto mais experiente uma dança aumentam com o número de mudan- inércia para criar um gap entre organizações
diminuindo as barreiras de entrada em fun- organização se torna em um tipo particular ças anteriores do mesmo tipo em 18 de 24 e ambientes -, e as relações subjacentes que
ção de economias de escala e reduzindo as de mudança, mais provavelmente repetirá testes. Estimativas para o efeito dinâmico, eles prevêem podem potencialmente existir
considerações políticas externas (Pfeffer e essa mudança - porque ela sabe como fazê. contudo, são mais confusas. Notadamente, simultaneamente.
SaJancik, 1978). la. Se uma mudança particular casualmente os estudos que controlam por um ou ambos
Estimativas de idade e tamanho na Ta- se liga ao sucesso, nas mentes dos decisores os efeitos de mudança anterior justificam
bela 9 sustentam as previsões de inércia e organizacionais - independente de existir muito da evidência em favor de Teoria da Mudança e fra=so organizacional
fluidez com semelhante freqüência. Contu- essa ligação de fato -, os efeitos de reforço Inércia EstrutUral: nove dos doze coeficien-
do, há boas razões para duvidar de alguns tomarão a repetição mais provável. Então, tes negativos de idade negativa e sete de dez Se a pesquisa ecológica indica que a
dos resultados de fluidez. Muitos estudos uma .vez que essa mudança é iniciada, o coeficientes negativos de tamanho ocorrem inércia e o momentum freqüentemente res.
que encontram as evidências de fluidez in- processo de rpudança, por si só, torna-se nesses estudos. Então, o suporte para a flui- tringem a mudança organizacional, é claro
cluem organizações censuradas pela esquer- rotineiro e suj~ito a forças inerciais. Isto cria dez da idade e do tamanho pode refletir um que tal efeito não é necessariamente pre-
da '(ou seja, fundadas antes do início da ob- o momentum repetitiv,p, isto é, a tendência viés de especificação: organizações maiores judicial: além de promover a confiança e
setvação). Em virtude de essas organizações para manter à direção \e .a ênfase de ações e mais velhas podem ter maior propensão a justificação do desempenho, em um am-
de orientação de esquerda serem fundadas anteriores no comport'amenro corrente para a mudança não porque são maiores biente incerto, ..a inércia e o momentum po-
antes de o período de observação começar, (Miller e Friesen, 1980). Experiências com ou mais velhas, mas porque acumularam dem proteger as organizações de terem que
e não serem observadas quando são mais a mudança de um tipo particular permitem experiência com a mudança. Acima de tudo, responder rápido freqüentemente demais às
jovens e menores, incluí-las pode levar a prever o aumento da probabilidade de que esses resultados sugerem firmemente a ne- mudanças ambientais. Mas se a inércia ou o
uma subestimação das taxas de mudança a mudança desse mesmo tipo será repetida cessidade de uma visão maior das forças momentum são ou não prejudiciais, depen-
em idades e tamanhos menores. Além dis- no futuro. inerciais sobre a organização - uma que de, em última análise, do risco da mudança
so, se organizações grandes são protegidas Para reconciliar a idéia de que a mú'- inclua o momentum tanto quanto a inércia organizacional.
por seus recursos dos riscos da mudança, dança organizacional é impulsionada pelo no processo de mudança.
A Tabela 10 apresenta os resultados
o suporte para a fluidez do tamanho pode momentum repetitivo com evidência de que Embora atentar para questões de esco- de estudos, investigando as conseqüências
refletir numa seleção viciada da amostra as organizações se movem de períodos de lha das organizações - como a censura pela para a sobrevivência de mudanças organi-
resultante de censura pela direit.a (isto é, mudança para períodos de inatividade, Am- esquerda ou pela direita, ou seja, a exclu. zacionais. As organizações, nos estudos de
I 178 PARTE I - MODELOS DE ANÁliSE
ECOLOGIA ORGANIZACIONAL
179
I
Tabela 10 Estudos de mudança e fracasso organizacional. Tabela 10 Continuação.
População Tipo de mudança Mudança Tempo Mudança Mudança Referências População Tipo de mudança Mudança Tempo Mudança Mudança Referências
anterior" desde a x x anterior" desde a x
última idade tamanho
x
última idade tamanho
mudança mudança
Jornais dos Editor + O oa oa Carrol, 1984b Cash and investment
Estados Unidos securitie5
1800-1975
oa oa oa
Empréstimo do
Periódicos de Proprietário + na na na Amburgeye consumidor O oa oa na
negócios dos Editor O na na na Kelly,1985 Empréstimo comercial O na na na
Estados Unidos. Nome O na na na Companhias de serviços O na na na
1774-1865 Layout O na na na Companhias Sucessão presidencial + O na
Conteúdo O na na na Haveman, 1993c
de telefone Sucessão gerencial + O
Organizações
na
Patrocinador + na na na Singh et aI., de Iowa,
de serviço social Localização na na na 1986 1900-1917
voluntário, Área de serviço + na na na Empresas de Expansão e
1970.1982 Objetivos O na na na Mitchell e Singh,
diagnóstico sobrevivência num
Grupos de clientes + na na na 1993
Médico por novo subcampo + na na
Executivo chefe na na na na
imagem Expansão e saída do
Estrutura O na na na dos Estados subcampo na na na
Companhias Especialismo ao nível Kellye Unidos,
aéreas dos do negócio O na na na Amburgey, 1991; 1954.-1989
Estados Unidos, Generalismo ao nível veja também Creches Entrada no mercado O O
1962-1985 do negócio O na na oa Kelly,1988 da região
+ Baum e Singh,
Saída do mercado + +
Especialismo ao nível 1996
metropolitana
corporativo O na na oa de Toronto,
Generalismo ao nível 1971-1987
corporativo O na na na
Mudança pernérica O na na na ~,;
Postõs de Aumento ou O + na na Usher, 1991 a X d.á os sinais dos coeficientes significantes (p < 0,05)
gasolina, contração do domínio
1959-1988
Vinícolas da Aumento do portfólio Delacroix e populações, não necessariamente fracassam le especificados (Amburgey el aI., 1993;
Califórnia, de marca O O na na Swaminathan, como resultado de seus esforços para mudar Baum e Singh, 1996; Haveman, 1993c),
1946-1984 Diminuição do ponfólio 1991; veja • - mas elas também não necessariamente para todas as mudanças examinadas, com
de marca
Aumento da linha de
O O na na Swaminathan e
Delacroix, 1991 ~,
:i-
aumentam suas chances de sobrevivência exceção de uma (isto é, entradas de creches
produto O na na organizacional. Operam as organizações no mercado).
Diminuição da linha de " num mundo de tantas incertezas que os
produto O o na na-
Aquisição de terra O na oa esforços adaptativos acabam tomando-se
Diminuição de terra O O na oa essencialmente randômicos com relação a Direções futuras
Jornais Conteúdo + + na Amburgey et aI., Se\!valor futuro (Hannan e Freeman, 1984 :
filandeses, Frequência + + na 1990; 1993 150)? Infelizmente, somente seis estudos na Além da necessidade de mais pesquisa
1774-1963 Layout O + na
Localização O + na Tabela 10 separam efeitos de curto e longo sobre a adaptabilidade da mudança organi-
Nome + + oa prazos e somente três deles também testam zacional que especifique as previsões da teo-
Califórnia S&Ls, Hipotecas residenciais na na na Haveman, 1992 a variação de tamanho 'e ,idade nos efeitos ria da inércia estrutural, a pesquisa futura
1977~1987 Estado real (+ invest.) O na na na destrutivos da mudança. Qualquer condu. poderá também beneficiar-se ao considerar
Hipotecas não
residenciais na na na ~ão nesse ponto seria, portanto{ prematura. os assuntos que seguem.
Seguros lastreados E notável, contudo, que o supo-rt;epara as
hipotecas O na na na previsões da teoria da inércia estrutural é Censura pela esquerda e pela direita
forte nos três estudos mais completamen- - Organizações éensuradas pela esquerda,
1180 PARTE I - MODELOS DE ANÁLISE ECOLOGIA ORGANIZACIONAL 181 ,
ou seja, aquelas fundadas antes do começo recente, uma conexão falsa entre mudança inicial razoável, para muitos tipos de mu~ parecem sustentar a hipótese ecológica com
do período de observação, não são obser- e fracasso será observada se o desempe- dança podem existir diferenças de tipo in- firmeza: organizações mudam freqüente.
vadas quando são mais jovens e menores, nho anterior não for controlado. Embora terno, com substanciais implicações sobre mente em resposta a mudanças ambientais,
mas, de acordo com a teoria da inércia estru. seja improvável que indicadores específico~ a sobrevivência. Uma dessas diferenças é a e quase sempre sem nenhum efeito preju-
tural, quando têm maior probabilidade de de desempenho organizacional possam ser variação de tipo interna no efeito das mu~ dicial. Além disso, as taxas de mudança em
mudar e estão mais vulneráveis aos riscos obtidos para populações inteiras ao longo danças sobre a intensidade da competição geral não são compelidas pela idade e tama.
da mudança. Incluir essas organizações na do tempo, uma forma de lidar com esse (B.um e Singh, 1996). Por exemplo, de- nho, conforme previsto pela Teoria da Inér-
análise pode levar à suhestimação dos riscos problema é usar o crescimento e o declínio pendendo de como as ações específicas de cia Estrutural. Ao mesmo tempo, contudo,
totais da mudança, bem como à variação organizacional como uma medida de desem~ uma organização alteram o tamanho de seu em contraste com uma forte visão de adap-
nos riscos para organizações de diferentes penha aproximado (Baum, 1990a; Baurn domínio relativamente ao tamanho do nú- tação, as conseqüências da mudança para a
tamanhos e idades. Além disso, se a mudan- e Singh, 1996; Havemam, 1993c; Scoott, mero de organizações que competem nesse sobrevivência parecem mais ligadas a buscas
ça organizacional de caracteósticas centrais 1992 : 342-362). domínio, as atividades de diversificação da
aleatórias do que a uma ação estrategica-
é tão perigosa a curto prazo quanto os ar- organização podem aumentar, diminuir ou
mente calculada (Baum e Singh, 1996; De-
gumentos da inércia estrutural afirmam, a Protetores de transformação - Um tó- deixar inalterada a intensidade. da compe-
lacroix e Swaminathan, 1991). Analisados
menos que os dados sejam refinados, mu- pico correlato é o pressuposto de que todas tição que a organização enfrenta. Baum e
em conjunto, os resultados sugerem uma
danças de características centtais podem as organizações são igualmente suscetíveis Singh (1996) mostram que os efeitos de
relação complexa entre adaptação e seleção:
freqüentemente não ser observadas, porque aos efeitos das mudanças no fracasso. Han- mudanças no domínio do mercado (tan-
porque a mudança organizacional pode afe-
organizações fracassam antes da realização nan e Freeman (1984) identificaram a idade to de expansão quanto contração) sobre
tar o fracasso organizacional, o resultado ao
de seus esforços. Por exemplo, se algumas e o tamanho como fatores que alteram a a sobrevivência das creches dependem de
nível de população resultante de processos
mudanças de características centrais de~ exposição das organização à suscetibilida- como as mudanças afetam a intensidade
da competição: mudanças que diminuem de adaptação e seleção combinados não é
monstram-se fatais dentro de um ano, essas de da mudança. Contudo, até o presente,
a intensidade da competição melhoram as a simples agregação de cada processo sepa-
mudanças fatais não serão detectadas nos somente três estudos (veja Tabela 10) ex-
chances de sobrevivência organizacional, radamente. Estudando as transformações
primeiros dados que normalmente estão plicaram essa variabilidade (Amburgey et
enquanto aquelas que aumentam a intensi- das populações organizacionais durante os
disponíveis. Esse problema da censura pela aI., 1993; Baum e Singh, 1996; Haveman,
dade da competição diminuem as chances períodos de rápida mudança ambiental, po-
direita diminui os riscos estimados da mu- 1993c). Conexões institucionais (isto é, li-
de sobrevivência. Desse modo, ao incorpo- dem-se abrir as janelas para a oportunidade
dança, porque as mudanças mais perigosas gações a importantes instituições do Estado
rar a variação de tipo interno nos efeitos da de examinar mais de perto as ligações entre
não são identificadas na análise. e da comunidade) podem também fornecer
essa proteção da transfonnação, ao confe- mudança, pode-se ajudar a explicar alguns as perspectivas de adaptação e seleção na
rir recursos e legitimidade extras para as resultados .anteriores confusos nos estudos mudança organizacional (Levinthal, 1994;
Desempenho organizacional- Embo-
organizações (Miner et aI., 1990; Baum e das conseqüências adaptativas da mudança McKelvey, 1994). Muito poucas análises das
ra organizações com desempenhos supe-
Oliver, 1991). Assim como a perjor.mance organizacional. mudanças no nível organizacional exploram
riores e ruins tenham a probabilidade de
não mensurada, a variação não mensurada essas experiências naturais (para exceções,
enfrentar riscos diferentes de fracasso, bem
4a .suscetibilidade aos riscos da mudança veja Ginsberg e Buchholtz, 1990).
como taxas e tipos de mudança (Hambrick
e D'Aveni, 1988; H.vem.n, 1992; 1993.; pode causar éspecificações viesadas nas es- Reconciliando Como Hann.n e Freem.n (1977: 930)
1993b; 1994), as análises ecológicas dos timativas do tn'ode.~o.\ adaptação e seleção apontam, um tratamento completo das re-
efeitos da mudança sobre fracassos orga- '. lações ambiente-organização deve cobrir
niz~cionai~ não incluem normalmente me- Variação de tipo i~terna - A ênfase EI1J.boraas visões adaptativa e ecológica tanto adaptação como seleção. Agora é o
didas de desempenho organizacional em ecológica ao processo de mudança tem re- .sejam freqüentemente apresentadas como momento para expandir as fronteiras das
progresso. Isto cria dois problemas. Primei- sultado numa menor atenção dada pelos alternativas mutuamente exclusivas, com perspectivas ecológicas e adaptativas para
ro, a lógica de causa e efeito é pouco cla- pesquisadores ecológicos ao conteúdo da implicações muito diferentes para os estu- criar uma abordagem combinada que veja
ra, porque algumas mudanças ou tipos de mudança. Embora categorias abrangentes dos das organizações, .essas visões não são processos de adaptação e seleção como com-
mudanças são sintoma de declínio organi- de mudança estejam sendo diferenciadas, fundamentalmente incompatíveis~ Enquanto plementares e interagentes. Expandindo o
zacional, mais do que causas de fracasso. de acordo com seu conteúdo (veja Tabelas 9 a teoria ecológica enfatiza a predominância estudo da mudança organizacional dessa
Segundo, os modelos de estimação estão e 10), todas as instâncias de uma categoria da seleção sobre a adaptação, ~ complemen- maneira, criar-se-á uma estrutura concei-
propensos a vieses de especificação: se as de mudança em particular são tipicamente taridade dos efeitos adaptativos e. ecológicos tual que considere seriamente a ocorrência
taxas de mudança e fracasso organizacional consideradas equivalentes. Enquanto essa é claramente refletida na pesquisa revisada de processos de seleção e a combine com o
são ambas influenciadas pelo desempenho hipótese pode fornecer uma aproximação aqui. As pesquisas nas Tabelas 8 e 9 não estudo sistemático das mudanças no nível
ECOLOGIA ORGANIUOONAL
183 I
1182 PARTE I - MODELOS DE ANÁ1JSE
teoria pode ser geral, precisa e realista ao tribuído para a literatura em pelo menos
organizacional, que podem, sob certas con- Partindo de um ponto conceitual, enquan-
to exemplos de inconsistências na lógica mesmo tempo (McGrath, 1982; Puccia e três maneiras. Primeiro, as elaborações do
dições, ser adaptativas. Levins, 1985; Singh, 1993). Teorias devem, modelo de dependência da densidade (veja
interna são incomuns na teoria ecológica
(mas veja Young, 1988), muitos casos de portanto, sacrificar algumas dimensões para Tabela 5) ajudam a aumentar tanto a preci-
ambigüidade conceitual aparecem. Ques- maximizar outras. Por exemplo, teorias rea- são da mensuração, por exemplo, medindo
PROGRESSOS, PROBLEMAS E DIREÇÕES
tões são freqüentemente levantadas sobre listas podem ser aplicadas a somente um os processos subjacentes de competição e
FUTURAS domínio limitado, enquanto teorias gerais legitimação ou diferenciadamente ou mais
o significado e definição de conceitos cen-
podem ser imprecisas ou enganadoras para diretamente (Baum e Oliver, 1992; Ba.um e
trais da teoria, tais como organização, po-
Como essa revisão mostra, a ecologia pulação, fundação, fracasso e legitimidade aplicações específicas. Ecólogos organiza- Singh, 1994b; 1994c), ou realismo contex-
organizacional é uma subdisciplina vital dos cionais parecem favorecer a decisão entre tual, por exemplo, ao incorporar as caracte-
(Astley, 1985; CarroU, 1984a; Rao, 1993;
estudos das organizações, onde a pesquisa precisão e realismo pela generalidade. Por rísticas específicas da população, tais como
1994; McKelvey, 1982; Young, 1988). Para
tem-se proliferado constantemente e onde a exemplo, precisão e realismo são claramente distribuições do tamanho organizacional ou
ser justo, estas ambigüidades não são ex~
sofisticação metodológica tem aumentado. sacrificados pela generalidade na teoria da estruturas de nicho de mercado no modelo
clusivas da ecologia organizacional, mas
Mas no que a ecologia organizacional con- dependência da densidade e na. teoria da (Bamett e Amburgey, 1990; Baum e Me-
endêmicas para os estudos das organizações
tribui para o progresso dt;Js estudos organi- inércia estrutural. Isto é menos verdadeiro zias, 1992; Baum e Singh, 1994b; 1994c).
(1\tcker, 1994). Outra fonte recorrente de
zacionais? Uma forma de resportder a essa na teoria de extensão de nicho e no modelo Segundo, as análises e.cológicas que incorpo-
problemas conceituais é a validade metodo-
questão é examinar quais problemas a eco- de particionamento de recursos. ram processos tecnológicos e institucionais
lógica dos testes das hipóteses teóricas. Urna
logia organizacional resolve (Lauden, 1984; Por um lado, essa estratégia de pesquisa ajudam a melhorar o realismo contextual,
área de debate freqüente é a adequação de
1\tcker, 1994). De acordo com Lauden (1984 produz a principal força da ecologia orga- ligando processos ecológicos em populações
inferir-se processo de legitimação com base
: 15), teorias científicas devem resolver dois nizacional: a acumulação de uma força de organizacionais a processos históricos nos
nas estimativas de densidade da população,
evidência empírica comparável a situações ambientes circunvizinhos (Barnett, 1990;
tipos de problemas: (1) problemCL5 empíricos, em vez de medir-se o constructo subjacente
organizacionais diversas num espectro de Bamette CarroU, 1993; 1\tcker et aI., 1990a;
que são questões substantivas sobre os ob- mais diretamente (Baum e Powell, 1995;
problemas empíricos sem paralelo nos es- Singh et aI., 1991). Terceiro, a pesquisa
jetos (isto é, organizações), que constituem Delacroix e Rao, 1994; Hannan e Carroll,
tudos das organizações. Por outro lado, ela que enfatiza uma precisão de mensuração
ser domínio de pesquisa; e (2) problemas 1992; Zucker, 1989). Em parte, esse pro-
também cria uma maior fraqueza: o grande maior esclarece as causas subjacentes da de-
conceituais, que incluem questões sobre a blema se origina do uso em larga escala,
conjunto de coeficientes de medidas indire- pendência de tamanho e idade nas taxas de
consistência lógica interna e ambigüidade pela ecologia organizacional, de bancos de
tas, tais como tamanho, idade e densidade fracasso organizacional (Singh et aI., 1986;
conceitual de teorias desenvolvidas para dados históricos nos quais, por necessidade,
da população, revela pouco sobre as expli- Baum e Oliver, 1991). Medidas mais robus-
resolver problemas empíricos, bem como a medidas são freqüentemente removidas dos
cações teóricas desenhadas para justificar os tas no nível organizacional são necessárias
validade metodológica dos testes dos argu- conceitos. A pesquisa sobre a dependência
da idade, e em menor grau aquela sobre problemas empíricos de interesse, Isto cria para estabelecer mais precisamente as mi-
mentos teóricos. Dessa perspectiva, a con-
problemas conceituais ao promover ceticis- crofundamentações da teoria ecológica.
tribuição da ecologia organizacional para o dependência de tamanho, também, sofre
progresso pode ser definida em termos de com o problema. mo a respeito da veracidade do processo Meu ponto de vista é que agora ternos
sua capacidade para acumular problemas subjacente inferido, porque os resultados testes indiretos mais do que suficientes das
Embora problemas empíricos não re-
empíricos resolvidos, enquanto minimiza o ajustados não podem ser precisamente in- teorias gerais e que a resolução de proble-
solvidos e problemas conceituais não se-
escopo de problemas empíricos e conceptu~ terpretados, criando problemas empíricos mas e o progresso em ecologia organizacio-
jam incomunS' em áreas novas e emergentes
não solucionados ao dificultar a explicação nal podem ser ampliados, movendo-se em
ais não resolvidos. da pesquisa científica, 'quanto mais tempo
teórica de resultados não ajustados. ' direção a uma maior precisão e realismo
-Conforme revelado nessa revisão, a os problemas - especialmente problemas
conceptuais - permanecem sem solução, .---. Então, o sacrifício do realismo contex- na teoria e na pesquisa. Isto significa ficar
ênfase básica da ecologia organizacional
maior torna-se sua importância nos deba- tual e da precisão de medidas em favor da mais próximo dos problemas da pesquisa.
é o desenvolvimento de explicações teóri-
tes sobre a veracidade da teoria que a ge- generalidade pode "esconder" muitos pro- A proximidade pode adicionar realismo e
cas para problemas empíricos específicos.
rou (Lauden, 1984: 64-66). O que produz blemas-chaves de ecologia organizacional. revelar aspectos importantes do fenômeno
Embora a ecologia organizacional tenha
os problemas da ecologia organizacional? Conseqüentemente, ao sacrificar alguma que pesquisadores ecológicos distanciados
avançado no conhecimento sobre amplo
Embora ecólogos organizacionais gostariam generalidade por maior precisão e realismo, não podem detectar. Isto também significa
espectro de problemas empíricos, poucos (se o foco maior sobre as anomalias. Resultados
que suas teorias fossem generalizáveis entre os ecólogos organizacionais pO,dem ser ca-
algum) destes podem ser ,considerados de~
populações organizacionais, maximizassem pazes de começar a resolve'r algu,ns desses que são inconsistentes uns com os outros ou
finitivamente resolvidos. E claro que outras com a explicação teórica são comuns em
o realismo de contexto e a precisão na men- problemas. A pesquisa que adota. essa es-
subdisciplinas de estudos organizacionais
suração das variáveis, de fato, nenhuma tratégia de solução de problema tem con- ecologia organizacional. O entendimento
também não resolveram esses problemas.
1184 PARTE I - MODELOS DE ANÁUSE ECOLOGIA ORGANIZACIONAL
185 I
dessas anomalias é crucial para especificar na Stern School of Business, na New York and contextual mamentum on merger activity. BAIN, Joe S. Barriers to new competition.
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sustentam e aumentam a precisão. Signi- L Sou grato a Jim Ranger-Moore pelo uso do título
fica também a formulação de novos tipos desta seção, que é o titulo de seu manuscrito de selection and papulation segmentation: BANASZAK-HOll,Jane. Historical trends in rates
de questões de pesquisa que desenvolvam 1991. interpopulation competition as a segregating of Manhattan bank mergers, acquisitions, and
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HANDBOOKDE
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Volume 1
,
MODELOS DE ANALISE E
NOVAS QUESTÕES EM
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
SÃO PAULO
EDITORA ATLAS SA - 2014
A INSTITUClONAUZAÇÃo DA TEORIA INSTITIJClONAL
195 I.
podem afetar o grau de similaridade entre racional e modelo institucional. O primeiro
conjuntos de organizações.
baseia-se na premissa de que indivíduos
Neste capítulo, analisamos estas ques- estão constantemente envolvidos em cál~
6
tões oferecendo uma abordagem teórica culos dos custos e benefícios das diferentes
específica dos processos de institucionali- alternativas de ação e que o comportamento
zação. Começamos apresentando um breve segue critérios de maximização de utilidade
panorama histórico da pesquisa e da teoriza- (Coleman, 1990; Heehter, 1990). No segnn-.
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA. ção sociológica em organizações em meados
da década de 70. Esta visão geral pretende
do modelo, ao contrário, pressupõe~se que
indivíduos "sobre-socializados" aceitam e
não só esclarecer as ligações entre a teoria seguem normas sociais, sem qualquer re-
TEORIA INSTITUCIONAL* institucional e a precedente tradição socio- flexão ou resistência comportamental, sem
lógica sobre estrutura organizacional, como, questioná-las, unicamente baseados em seus
PAMELA S. TOLBERT E LYNNE G. ZUCKER , ( também, contextualizar a compreensão a interesses particulares (veja Wrong. 1961).
respeito da aceitação, por pane dos estudio- Sugerimos que estes dois modelos gerais
sos de organizações. do quadro explanatório devem ser tratados não como opostos, mas
i da teoria institucional no final da década de representando
de caso, regressão múltipla, modelos lon~- dois pólos de um continuum
Desde a publicação do clássico artigo
tudinais de vários tipos, entre outras (veja 70. A seção seguinte examina a exposição de processos de tornadas de decisão e com~
de Meyer e Rowan (1977), proliferaram
também Davis e Powell, 1992; Scott e.Meyer, inicial da teoria no artigo original de Meyer portamentos. Deste modo, um problema-
análises organizacionais baseadas em urna
1994). Nossa revisão da literatura ~ugere e Rowan (1977). concentrando-se no modo chave para a teoria e a pesquisa é especificar
perspectiva institucion.al. !raba~os .sob~
uma importante origem para esta v~ned~de como este desafiou as tradições teóricas e as condições sob as quais o comportamento
bandeira da teoria instituclOnal tem mves
de abordagens: a despeito do constderavel empíricas então dominantes na pesquisa aproximar -se~á de um lado ou outro deste
tigado vasta gama de fenômenos, de~de a
conjunto de trabalhos identificados como organizacional. Apontamos uma aparente continuum. Em síntese, precisa-se de teorias
expansão de políticas de pessoal especificas
parte desta tradição, surpreendentement~, ambigüidade lógica nessa formulação, que que clarifiquem quando há probabilidade da
(folbert e Zueker, 1983; Baron et aL, 1986;
ouca atenção tem sido dada à conceitu.a 1- envolve a condição fenomenológica de ar- racionalidade ser mais ou menos limitada. A
Edelman, 1992) à redefinição fundamental
~ação e à especificação dos process~~de I~S- ranjos estruturais que são os objetos dos clarificação dos processos de institucionali~
da missão organizacional e de suas estrutu~
titucionalização (a respeito, ver DIMa~glo. processos de institucionalização. No restan- zação proporciona upl ponto de partida útil
ras (DiMaggio, 1991; Fligstein, 1985), ate
1991' Strang e Meyer, 1993; e Rura e Mmer, te do capítulo, oferecemos um modelo geral para a exploração dessa questão.
a formulação de políticas naCIOnaiS e mte:-
1994', com relatos de progressos recentes dos processos de institucionalização, com o
nacionais por organizações governamentaIs
nesta direção). . propósito de esclarecer essa ambigüidade e
(Strang, 1990; Zhou, 1993). No entanto,
Conforme notado no trabalho antenor de elaborar as implicações lógicas e empí-
ironicamente, a abordagem m~tltu~lOnal ANÁLISES SOCIOLÓGICAS DAS
ricas de uma versão da teoria institucional
ainda há que se tornar instituclO.n~~da. de Zucker (1977). que se co~ce~tra:a n~s
.. ~ . de níveis de . InstltuclOnah- baseada na fenomenologia, Originada por ORGANIZAÇÕES: As ORIGENS DA
Há pouco consenso sobre a defmlç,a? de consequenclas . . ~
zaçãd diferenciados. 3c instltuClOnahzaçao
Zucker. Finalmente, com base nessa análise, TEORIA INSTITUCIONAL
conceitos-chave, mensurações ~u metados
• tanto. como processo quanto comor consideramos uma variedade de questões
no âmbito desta tradição teónca. Ao con- apar~ce
variáVel-atributo. Isso deve-se, talvez, po que requerem desenvolvimento teórico adi- Análises funcionaIistas das
trário da ecologia populacion~], com suas
cional e estudo empírico.
didas padronizadas de denSIdade. a teo- seu trabalho tei Sido baseado em amost~a ~e orgarlizações
~~ . o'tuel'onal ainda não desenvolveu Nossos principais objetivos nesse esfor-
nams . ~ um ~ pequenos grupos, mui~o en:bor~, na m31~n~
conjunto central de variávels-padrao~ nao das análises organizaclOn.31s, nao ~e~a SI? 'Ç-Q são dois:. classificar as connibuiçães teóri- O estudá das organizações tem uma
tem metodologia de pesquisa ~adromzada utilizada uma abordagem para a InStItuClO- cas da teoria institucional para a análise or- história relativamente curta dentro do cam-
nem tampouco conjunto de metodos espe- nalização baseada em processo. Pelo con- " ganizacional e também avançar nesta pers- po da Sociologia. Antes do trabalho de Ro-
cíficos. Os estudos têm-se baseado em uma trário, a mstitucionalização é ~ua~e sempre pectiva teórica a fim de melhorar sua utili- bert Merton e seus discípulos. no fim da
variedade de técnicas que incluem estudos tratada como um estado q~ahta.tlvo: o~ as . zação em pesquisa empírica. 1 Há, também, década de 40, as organizações não eram
estruturas são institucionahza~as ou. nao o i' Um objetivo mais geral e mais ambicioso, propriamente reconhecidas pelos sociólo-
são. Conseqüentemente, neghgenclam-se, i que é o de construir uma ponte entre os dois gos americanos como um fenômeno social
-. Humberto Falcão Martins e Regina
Trad uçao. importantes questões sobre os ~at?res d.ete~- 1; modelos distintos de ator sociàl"subjacentes distinto, merecedor de estudo próprio. Em-
Cardoso. ~ .. . t s das variações nos mvelS de mstl- , à maioria das análises organizacionais, aos bora organizações tenham, certamente, sido
. - t 'cnl.ca' Marcelo Milano Fa1cao Vieira e
mmane . . -es!.
ReVlsao e . tucionalização. e sobre como taIS vanaço quais nos referiremos como modelo do ator
Roberto Fachin. , objeto de estudo por sociólogos antes do
••.•..•--------
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA TEORIA INSrrruCIONAL 197
PARTE I MODELOS DE ANÁLISE
',196 ;;
avaliação do equilíbrio di~âmi:o entre os co-variância entre os elementos da estrutu- também ter ajudado a estabelecer as bases
advento da análise funcionalista (vej.a, por ra organizacional formal, e por explicações
efeitos benéficos e disfunclOnaI~ de .de:er~ para a aceitação de paradigmas alternativos
exemplo. o trabalho de teóricos amencano~ essencialmente econômicas destas co-varia-
minados arranjos estruturais. TaIS obJ~tlvos (Weick,1969).
associados à escola de Chicago: Park, 1922,
referem-se diretamente às duas pr~mls~as- ções. A rápida ascendência desta aborda- Refletindo a crescente insatisfação com
Thomas e Znaniecki, 1927),.tais es~dos tra-
chave encrustradas na teoria fun.cl?n~hsta gem na análise organizacional reflete prin-
tavam as organizações maIS prO~~lamen~e explicações tradicionais da estrutura formal,
a respeito de requisitos de sobreVlVenc13 de cipalmente sua afinidade com tradições de
como aspectos de problemas SOCiaiS~er~ls, um novo enfoque às relações organização-
pesquisa organizacional já estabelecidas no
tais corno desigualdade social, relaçoes m- coletividades sociais. ambiente, chamado dependência de recur.
A primeira premissa é a ~e que os com- campo da "ciência administrativa", na época
tercomunitárias, desvio social ~tc.; _0 foco sos (Pfeffer e Salancik, 1978), tornou-se
em que os sociólogos voltaram sua atenção
da análise não estava nas org~mzaçoes en~ ponentes estruturais de um sistema de~em cada vez mais proeminente na década de
para o estudo da burocracia (Follett, 1942;
uanta organizações. A despeito do ~apel- ser integrados para que o sistema sobreVIva, 70. Esta perspectiva concentrava sua aten-
Fayol, 1949; Gulíck e Urwick, 1937; Woo-
~have atribuído por Weber (1946) e Mlchels uma vez que os componentes são part~s ção no interesse dos decisores em manter
. d as d o t o do . Um coroláriO dward, 1965). Considerava-se que a estru-
(1962) às organizações formais em SU~S inter-relaciOna autonomia e poder organizacionais sobre
tura formal refletia os esforços racionais
análises sobre a ordem industrial, a no~a.o derivado desse pressuposto principal é que outras organizações. Ao enfatizar o papel
dos decisores no sentido de maximizar a
de que organizações, nos ?~oc:ssos SOCiaiS urna mudança em um componente estrutu- determinante de considerações de poder
eficiência, assegurando-se coordenação e
modernos, são atores soclal~md~pend~n- ral requer mudanças adaptativas em outros para explicar a estrutura das organizações
controle de atividades de trabalho. Assim,
tes não foi amplamente reconhecida ate o componentes. Assim, dado este quad~o teó- (veja Thompson e McEwen, 1958), desa-
a descoberta de uma relação positiva entre
trabalho pioneiro de Merton e seus colega: rico geral, o exame empírico das rel~çoe.s en- fiava abordagens téoricas dominantes que
tamanho e complexidade era explicada em
(veja Coleman, 1980; 1990). Conforme sera tre os elementos da estrutura orgamzaclOnal focalizavam, em grande parte ou exclusi-
termos da: (a) necessidade e capacidade de
explorado mais adiante, consid~ra-~e. tant? era um foco natural de estudo. vamente, os aspectos da eficiência da pro-
organizações maiores buscarem especializa-
atores organizacionais quanto mdlvlduals A segunda premissa é a de que as est~- dução. No entanto, na linha de trabalhos
ção visando ao aumento da eficiência; (b)
como potenciais criadores de nov~ estrU~ra turas existentes contn 'b uem p ara o funclO- anteriores, uma abordagem voltada para
relação entre complexidade e tamanho do
ínstitucional (Zucker, 1988). [Veja tambem namento de um sistema social, .pel~ men?s a dependência de recursos também estava
componente administrativo em termos do
a discussão de DiMaggio de 1988 sobre em- para a manutenção de seu :qUllíbno~ po~s, presente, implicitamente ligada ao modelo
crescimento da necessidade de supervisão
preendedores institucionais.) de outro modo, o sistema nao sobreV1ver~a. decisório do ator racional, embora, nesse
para lidar com problemas de coordenação
O interesse inicial de Merton (l9~8) n~ Uma implicação desta premissa, menclO- modelo, o comportamento dos atores esti-
decorrentes da especialização etc.3
'estudo das organizações parece ter Sido ~l- nada por Merton (1948), é que a muda~ça vesse baseado em cálculos voltados para a
A pesquisa organizacional mudou seu maximização do poder e da autonomia em
recionado primeiramente por preoc~paçao provavelmente ocorre quando as ~lst?nç?es
foco no fim dos anos 60 para incluir conside- lugar da eficiência pura. A influência de
com o teste empírico e o desenvolVImento associadas a determinado arranjo I~Stl~-
rações sobre os efeitos das forças ambientais processos sociais, tais como a imitação ou
de uma lógica geral da teo~ia social func~o. cional excedem às contribuições funCIOnaIS
na determinação da estrutura, mas o quadro a conformidade normativa, que poderiam
nalista. As organizações, VIstas ~omo SOCie- daquele arranjo. Esse :acio~ínio ~e:voua u~
explanatório básico funcionalista/econô- reduzir ou limitar o processo decisório au-
dades em microcosmos, ofereClam a op?r- interesse explícito na ldentlficaça~ das.con
mico foi mantido na maioria dos trabalhos tônomo, era amplamente ignorada.
tunidade de condução do tipo de pesqu~s~ seqüênci~s funcionais 'e. d~sfunclOnals de
(veja, por exemplo, Thompson, 1967; La-
comparativa necessária ao exa~e empí~co certos arranjos estruturaiS. wrence e Lorsch, 1967). Apesar do domínio
, dos princípios funcionalistas (veja Selzmck,
dessa abordagem na análise e na explicação
1949; Gouldner, 1950; Blau, 1955). Desse \ da estrutura organizacional formal (ou tal- ESTRUTURAS FORMAIS COMO
modo uma das maiores marcas produzIdas
Análises qu~titativas da vez por causa dela), esse paradigma esteve MITO E CERIMÔNIA
pela a~álise de organizações realiz~d~s ~or
Merton e seus alunos foi o foco ~na dmarnlca co-variação estrutural 'Sujeito a críticas crescentes no começo dos
da mudança social, uma questa~ que a teo-
anos 70. Em parte, um crescente ceticis- Propriedades simbólicas da
ria funcionalista tem sido frequentemente
A busca do primeiro problema, ou seja, mo refletia a ausência geral de descobertas estrutura
o exame das inter-relações entre elementos empíricas cumulativas feitas por trabalhos
acusada de negligenciar (1I1mer, 1974).
estruturais, estabeleceu as bases para ~ma nessa tradição (Meyer, 1979). O amplo re- A análise feita no já clássico artigo de
A preocupaçao- com.a",lu dança
. se refle- .
linha geral de pesquisa que ,v~io a dommar, nascimento e reavaliação da aplicabilidade Meyer e Rowan (1977) ofereceu, portanto,
tia em dois objetivos prmClpals, que foram
e definir os estudos sociologlcos d~ orga- geral de argumentos desenvolvi.dos anterior- uma mudança radical nos modos convencio-
as características marcantes do~ est~do~ nizações para as próximas duas decada~. mente por Bamard (1938), Simon (1947) nais de pensar a estrutura formal e a natu-
organizacionais na tradição fun:lO~a~~sta.
E ss a linha de pesquisa foi cada . vez. mais
d e March e Simon (1957), enfatízando os reza da decisão organizacional por meio da
o exame da natureza da "co-vanaçao en-
caracterizada por análises quantltanvas e limites da racionalidade dos decisores, pode qual se produz á estrutura. Sua análise foi
tre diferentes elementos da estrutura e a
1198 PARTE I MODELOS DE ANÁUSE
A INSTlTUCIONAUZAÇÃO DA TEORIA INSTITUCIONAL
199.1
guiada por uma idéia-chave, qual ~eja: as ocorrer independentemente da existência de tais como formalização. complexidade e organizações que sobrevivem a despeito de
estruturas formais têm tanto propneda~es blemas específicos e imediatos de coor- centralização.
~ '~da es
denação e controle relativas às atIVI ineficiências evidentes que, pela lógica, de-
simbólicas como capacidade de gerar açao. Uma segunda grande implicação apon- veriam levá-las ao fracasso.
Em outras palavras, as estrutura~ podem de seus membros. tada pela análise de Meyer e Rowan é que
ser revestidas de significados soclalme~te Finalmente, a terceira grande impli-
'~ organizaçõessão levadas a in- a avaliação social das organizações e, con-
compartilhados e então, além das funçoes cação, originada pelo trabalho de Meyer e
corporar as práticas e pro~edi~entos seqüentemente, de sua sobrevivência, pode
"objetivas", podem servir para informar um Rowan. foi que a relação entre atividades
definidos por conceitos raclOnahzados estar na observação das estruturas formais
público tanto interno quanto externo. sobre de trabalho organizacionalprev~lecen- do dia-a-dia e os,comportamentos dos mem-
(que pode ou não funcionar de fato), em
a organização (Kamens, 1977). Explicar as tes e institucionalizados na sociedade. bros da organização e das estruturas formais
vez de estar nos resultados observáveis re-
estruturas formais deste ponto de VIS~ap~o- Organizaçõesque fazemisto au~entam pode ser negligenciada:
lacionados ao desempenho das tarefas em
porcionou aos pesquisadores orgamzaclQ- sua legitimidadee suas perspectivasde questão.
nais a oportunidade de explorar um amplo sobrevivência, independentemente d~ Namaiorparte dasvezes,as organi-
especrro de novas idéias sobre as causas e eficáciaimediatadas práticas e procedI- zaçõesfonnaisestão frouxamenteagru-
Assim,o sucessoorganizacionalde-
conseqüências da estrutura. mentos adquiridos"(1977 : 340). padas C..) elementos estruturais estão
pende de fatoresquevãoalémda eficiên-
apenasfrouxamenteligadosentre si e às
A noção de que organizflções têm as- cia na coordenaçãoe controledas ativi-
Este argumento desafiou os diversos atividades,nonnas sãó freqüentemente
pectos simbólicos não era totalmente .no::ra: dade de produção. Independentemente
violadas.decisões não-implementadas,
vários autores, ao especificarem ~1llssoes aspectos dos então dominantes modelos de sua eficiênciaprodutiva.organizações
inseridas em ambientes institucionais ou. se implementadas,têm conseqüên-
da organização, arranjos estruturaiS ~u es- causais de estrutura. Primeiramente, no
altamente elaboradoslegitimam-see ga- ciasincenas, tecnologiassão de eficiên-
tudarem os membros do alto esc~lao .or- que se refere aos determinante~ da :st~u- ciaproblemática,e sistemasde avaliação
tura, a atenção é dirigida para mfluenclas nham os recursos necessáriosa sua so-
ganizacional, acentuaram as funçoes sIm~ brevivênciaseconseguiremtornar-seiso- e inspeçãosão subvertidosou tornados
bólicas que representavam (Clark, 1956, externas não relacionadas ao processo de tão vagosde modo a garantir pouca co-
mórficasnos ambientes (1977: 352).
Selznick, 1957; Zald e Denton, 1963). Na produção real, tais como mudan,ç~s na l~- ordenação.(1977 : 342)
tradição funcionalista. dizia-se que taIS el~- gislação e o desenvolvimento de s~lId~ no - Essa afirmação contradiz frontalmente
mas sociais dentro da rede org~mzaCl?n~l. premissas subjacentes orientadas para o Essa implicação também representa um
mentos eram críticos para assegurar ~P010
ambiental por meio da demonstraça.o.de Ao fazer isto, questionou-se a l~po~ancl.a mercado ou. pelo menos. para o desempe- desafio às explicações tradicionais sobre
consistência entre os valores centraiS ~a relativa de características orgamzaclOn~ls nho das funções da estrutura formal. que estrutura. as quais. ao tratar as estruturas
~rganização e aqueles da sociedade maIOr internas. tais como tamanho e tecnologia, foram dominantes nos trabalhos anterio- formais como meiós para coordenação e
(Parsons, 1956; 1960). A contribuição de tradicionalmente investigadas como fontes res: (1) que organizações ineficientes em controle de atividades. assumiram. neces-
Meyer e Rowan a esse primeiro trabalho de estrutura formal. O argumento tam~m termos de produção seriam eliminadas por sariamente. uma conexão estreita entre as
repousa em seu esforço sistemático para sugeria indiretamente modos alternativos meio de um processo de competição inte- estruturas e os comportamentos dos mem-
compreender as implicações do ~so ?~ es- de interpretar tais características (como. por rorganizacional; e (2) que as correlações bros da organização.
trutura formal para propósitos slmbolicos. exemplo, indicadores tanto ?a.visibilidade entre medidas de estrutura formal e nas
particularmente no sentido de ressaltar ~s' das organi;Zaçõesjunto ao 'pub~lco em geral características tais como tamanho e tecno-
limitações de explicações de cunho maIS como das redes organizacIOnais). logia resultariam, então, da sobrevivência AMBIGÜIDADES NA
racional da estrutura. '\ _A
de organizações cuja fonua condizia com as TEORIA INSTITUCIONAL
Mais ainda. 'ern t,ermos de consequen-
demandas de seus ambientes de produção.
cias ou resultados. o argumento resultou
Embora tais suposições estivessem na base Aotraçar esta última implicação, Meyer
em ênfase na adoção de arranjos. ~stru~u-
Implicações rais específicos que haviam a,d.qumdo Sl~-
.da maioria das análises quantitativas sobre e Rowan desvinculam estrutura formal e
os determinantes das estruturas. elas eram ação. definindo implicitamente estruturas
nificado social, tais como polítIcas f?~aIS
Baseada na noção de que uma estrutu- freqüentemente explícitas apenas em estu- institucionais como aquelas que estão sujei-
de contratação. práticas de contabilIdade
ra formal pode sinalizar comp~om~timento dos que tratavam dir'et,amenteda eficácia or. tas a tal desvinculação.No entanto. anterior-
e de orçamento e cargos ou funções asso-
com padrões eficientes e ra~lO.?ais.de .?r,: ganizacional (Goodman e Pennings, 1977). mente. usaram o conceito de estruturas ins-
ganização e. portanto, atingir aceltaç~o ciadas à eqüidade no emprego. Isso.~esul- ,
A noção de que as organizações poderiam titucionais do mesmo modo que Berger e Lu-
social geral (Scott e Lyman~1968), ~ análise tou num questionamento sobre a utIlIdade
sobreviver. mesmo tendo baixo desempe- ckmann (1967) eZucker (1977): uma estru-
de Meyer e Rowan especIficoU tr~s g.ran: dos esforços teóricos e empíricos existe~t:s nho, implicava na possibilidad~;,existência e tura que se tornou institucionalizada é a que
des implicações dessa noção. A pnmetra e destinados à conceitualização e medlçao permanência de organizações'em'''constante é considerada, pelos membros de um grupo
a de que a adoção da estrutura formal pode de estruturas em termos gerais e abstratos, fracasso" (Meyer e Zucker, 1989), ou seja,
social. como eficaz e necessária; ela seIVe.
I 200 PARTE I - MODELOS DE ANÁUSE
A INSTITIlCIONALlZAÇÃO DA TEORIA INSTITUCIONAL
201 I
pois, como uma importante força causal de as teorias institucional e a teoria de depen- mação com a política governamental são dentro do quadro de referência da teoria
padrões estáveis de comportamento. dência de recursos (Zucker 1991 : 104). "menos sujeitas a provocar protestos, na institucional.
Isso cria uma ambigüidade inerente Scott (1987 : 497) argumentou que uma firma, de classes protegidas de empregados,
A falta de uma distinção teórica en-
no argumento fenomenológico de Meyer mudança na teoria institucional no sentido ou de membros da comunidade que procu- tre tais estudos resulta, em parte, da falta
e Rowan, pois a própria definição de "ins- de explicar as "fontes ou loci de 'prescrições ram emprego C..) e, muito provavelmente, de ênfase em característica típica da teoria
titucionalizado" contradiz a alegação de racionalizadas e impessoais"', em vez de assegurarão mais recursos governamentais institucional - isto é, o foco no papel das
que estruturas institucionais são passíveis explicar as "propriedades de sistemas de (contratos, dotações etc.) e (...) serão menos compreensões de base cultural como de-
de ser desvinculadas do comportamento. crenças generalizadas", tem a vantagem sujeitas a auditorias de agências de regula- terminantes do comportamento (Strang,
Para ser institucional, a estrutura deve gerar de aumentar o quadro explicativo das es- ção" (1992: 1542). Assim, o delineamento 1994) e nas limitações normativas do pro-
uma ação. Segundo argumento de Giddens truturas formais. Inclui-se, nesse quadro, a da estrutura é tratado como mudança es- cesso decisório racional. Ao se promover
(1979), uma estrutura que não se traduz conformidade das organizações com as de- tratégica, mas, aparentemente, é apenas mudança na direção de uma ênfase maior
em ação é, fundamentalmente, uma estru. mandas de atores externos, a fim de obter os superficial; é a contrapartida organizacional nas mudanças em "aparência", e desenfati-
tufa "não-social", Geertz (1973 : 17) toca recursos necessários para sua sobrevivência. das ações manipulativas de narcisistas que zação das conseqüências internas da estru-
numa tecla semelhante: '~cessamos siste- Mais recentemente, Scott formulou: "Boa conscientemente utilizam "máscaras falsas" tura institucionalizada, bem como ao tratar
mas simbólicos somente por m~io do fluxo parte da pesquisa empírica e teórica sobre como meio de obter seus próprios objetivos a estrutura simplesmente como símbolo e
do comportamento - ou, mais precisamente, instituições está corretamente direcionada a por meio de outros.4 signo, acaba-se por aceitar o argumento
agências regulatórias (...) que exercem po. Outros estudos, descritos nos trabalhos
da ação social." implícito de que uma estrutura consegue
deres legítimos de formular e aplicar siste. de Pfeffer e Salancik (1978) sobre a teoria
A discussão sobre a desvinculação entre mas de regras (...) [que levam a uma ênfas~ manter seu valor simbólico mesmo em face
estrutura e ação lembra a definição de Goff- no] fluxo de recompensas e sanções" (1994 da dependência de recursos, refletem uma do conhecimento (generalizado) de que é
man (1959) de estruturas institucionaliza- explicação lógica muito similar. Eles rela- negligenciável seu efeito no comportamento
: 98). Nessa abordagem não se percebe, no tam, por exemplo (1978 : 197-200), que dos indivíduos. A persistência de tal con-
das;* a crença na eficácia e na necessidade entanto, nitidez entre as fronteiras das teo-
de tais estruturas está sujeita a controvér- rias de dependência de recursos e a institu- Pfeffer fez um estudo de caso sobre uma or~ tradição no entendimento cultural (isto é,
sias; as esttuturas, porém, são, ainda assim, cional, obscurecendo, desse modo, a autên- ganização que criou, intencionalmente, duas que estruturas significam comprometimento
vistas como servindo a um útil propósito de tica contribuição teórica desta última para a unidades estruturalmente distintas, uma das com alguma ação; e que estruturas podem
apresentação. Daí resulta que a tais estrutu- análise organizacional em particular. quais sem fins lucrativos, com o fito de con- não estar relacionadas com ação) nos surge
ras fundamentais falte legitimidade norma. formar-se às definições, ainda em vigor na como um enigma que não pôde ainda ser
Para ilustrar essa questão, é interes- sociedade, a respeito da forma apropriada resolvido no uso desta abordagem.
tiva e cognitiva (DeUa Fave, 1986; Walker
sante fazer uma comparação entre estudos para organizações educacionais, assegu- Há, ainda, em relação ao que se viu, um
et a1., 1986; Stryker, 1994; A1drich e Fiol,
recentes baseados na teoria institucional rando, dessa forma, o necessário apoio do problema geral com os trabalhos que enfa-
1994), não sendo elas, de modo algum, si-
e estudos anteriores no âmbito conceitual ambiente externo. Similarmente, descrevem tizam simplesmente as funções simbólicas,
nais reais de intenções subjacentes. Segundo
da dependência de recursos. Usandó uma (1978 : 56-59) pesquisa conduzida por Sa- e asseguradoras de recursos, da estrutura;
definições-padrão do termo, no entanto, há
perspectiva institucional para examinar os lancik que examinava o relacionamento en- refere.se ao pressuposto implícito de que
dúvida sobre o fato de tais esttuturas pode-
'efeitos de leis e políticas governamentais tre indicadores da visibilidade das empresas os custos de criação de tais elementos es-
rem ser apropriadamente descritas como
sobre estrunlras de emprego, Sutton et aI. e sua dependência relativa de contratos com truturais são relativamente baixos, se com-
institucionalizadas.
argumentam~ ,/ \ o governo federal, bem como indicando a
. ,
existência de arranjos organizacionais mos-
parados aos ganhos potenciais de recursos
conseguidos no~ambiente. Esse pressupos-
"Confrontad'ôscom um ambiente
trando comprometimento com a política de to, presumivelmente, segue crença de que,
Dependência de recursos versus legal aparentemente hostil, os empre-
gadores adotam procedimentos institu- emprego em igualdade de oportunidades. freqüentemente, mudanças nas estruturas
processos institucionais cionalizados,legalmente reconhecidos Os resultados indicaram associação entre formais não têm o poder de alterar a ação.
para evitar possíveislitígios,bem como maior dependêncià,[de recursos] e uma Embora haja freqüentes citações teóricas a
Ademais, a ambigüidade inerente a esta demonstrarconformidadeadequada, de sinalização mais intensiva de aceitação das respeito, não há evidência empírica que sus-
visão de mudança estrutural nas organiza. . boa.fé, com as determinações goverr-a- leis de ação afirmativa; por meio da cria- tente que a atividade social seja tão ubíqua
ções leva a uma confusão fundamental entre mentais".(1994: 946) ção de cargos ou empregos, bem como da e barata como o ar que respiramos (Grano-
documentação, por escrito, deprogramas e vetter, 1985). A partir da pesquisa desen-
Do mesmo modo, Edelman sugere que de políticas. ObseIVa-se uina superposição volvida até o momento, não sabemos dizer,
'* "Bastidores/palco" ("backstage/jrontstage", as organizações que constroem estruturas espantosa entre tais argumentos e os oriun-
na obra concretamente, se a estrutura é regularmen-
original de Goffmann. (N.T.) formais como gestos simbólicos de confor- dos de trabalhos mais recentes elaborados te desvinculada' do funcionamento interno
I 202 PARTE I - MODELOS DE ANÁLISE A INS1TI1JCIONAIlZAÇÃO DA TEORIA INSTITIJCIONAL
203 I
da organização, nem tampouco o custo de gar algum valor positivo à organização, ou generalização do significado de uma ação Em um estudo experimental anterior,
criar-se tal estrutura, quando comparado os decisores tipicamente não alocariam re- como objetificação, e o identificou como Zucker (1977) demonstrou que o aumen-
com qualquer incremento nos fluxos de re- cursos para alterar ou criar nova estrutura um dos componentes-chave do processo de to do grau de objetivação e exterioridade
cursos para a organização (discussão crítica formal. Os decisores organizacionais. com institucionalização. de uma ação também aumenta o grau de
destes resultados de pesquisa pode ser en- certeza, podem ter mais ou menos poder Análises fenomenológicas institucionais institucionalização (indicado pela conformi-
contrada em Scott e Meyer, 1994). discricionário: algumas vezes o poder de. anteriores sugerem. desse modo, ao menos dade dos indivíduos ao comportamento de
A reorientação da teoria institucional cisório é bastante amplo, às vezes, não. A dois processos seqüenciais envolvidos na outros), e que. quando a institucionalização
para que venha a ser mais influenciada por análise aqui desenvolvida é mais aplicada a formação inicial das instituições e em seu é alta. a transmissão da ação, a manutenção
uma abordagem de "dependência de re- exemplos em que os decisores têm graus de desenvolvimento: a habitualização, * isto é, desta ação ao longo do tempo e sua resis-
cursos" provavelmente reflete, em parte, poder discricionário relativamente altos. em tência à mudança também são altas. Nelson
o desenvolvimento de comportamentos pa-
o desconfort,o generalizado com a falta de relação à adoção das estruturas.5 e Winter (1982) encontraram um processo
dronizados para a solução de problemas
voluntarismo que é sugerido por versões, semelhante em curso na criação de tarefas
e a associação de tais comportamentos a
fenomenologicamente orientadas, da teo- rotineiras dentro de organizações. Segundo
estímulos particulares, e a objetivação. o H
I
dimentação, um processo que fundamental-
sas condições, quando uma escolha é mais quando mudanças no ambiente tiverem afe- características organizacionais anteriormen- mente se apóia na continuidade histórica da
disseminada, é mais provável que venha a tado negativamente as posições competitivas te identificadas com a adoção terão poder estrutura e, especialmente, em sua sobrevi-
ser percebida como uma escolha ótima; e, de determinado número de organizações). preditivo relativamente limitado (Tolbert e
ainda, serão menos influentes os julgamen- A fim de serem bem-sucedidos, os cham- I
I
Zucker, 1983). O ímpeto da difusão deixa
vência pelas várias gerações de membros da
organização. A sedimentação caracteriza-se
tos independentes dos decisores sobre o va. pions devem realizar duas grandes tarefas de ser simples imitação para adquirir uma tanto pela propagação, virtualmente com-
lor da escolha (veja também Tolbert, 1985; de teorização (Strang e Meyer, 1993): (1) base mais normativa, refletindo a teoriza- pleta, de suas estruturas por todo o grupo de
Abrahamson e Rosenkopf, 1993)9 a definição de um problema organizacional ção implícita ou explícita das estruturas. À atores teorizados como adotantes adequa-
.. A objetificação e difusão da estrutura genérico, o que inclui a especificação de um medida que a teorização se desenvolve e se dos, como pela perpetuação de estruturas
também podem ter, como ponta de lança, conjunto ou categoria de atores organizacio- explicita, deve diminuir a variação na for- por um período consideravelmente longo
aquele referido algumas vezes, na literatura nais caracterizados pelo problema; e (2) a ma que as estruturas tomam em diferentes de tempo. Deste modo, ela implica uma bi-
de mudança organizacional, como chum- justificação de um arranjo estrutural formal organizações. dimensionalidade ("largura" e "profundida-
pion" - freqüentemente, neste caso, um con- particular como a solução para o pro1,Jlema Exemplos de estruturas que podem ser de") das estruturas (Eisenhardt, 1988).
junto de indivíduos com interesse material com bases lógicas ou empíricas (veja tam- consideradas nesse estágio incluem as de A identificação dos fatores que afetam
na estrutura (DiMaggio, 1988). Assim, por héni Galaskiewicz, 1985). A primeira tare- produção baseada em equipes, círculos de a abrangência do processo de difusão, como
exemplo: (a) defensores de regras de funcio- fa envolve getar reconhecimento público qualidade, planos de remuneração baseados também a conservação, a longo prazo, de
namento do serviço público provinham de da existência ~e um P¥idrão consistente de em produtividade, consultores internos, pro- uma estrutura, é, assim, a chave para a com-
faffi.lliasda elite cujo acesso tradicional aos insatisfação ou de fracasso organizacional gramas de desenvolvimento gerencial e or- preensão do processo de sedimentação. Um
cargos políticos locais havia sido rompida característico de detenninado grupo de or. ganizacional, gerenciamento de políticas de dos fatores, apontado em grande número
pelo-desenvolvimento de "máquinas polí. ganizações; a segunda tarefa envolve o de- ttàbalho/famOia e programas de assistência de estudos, é a existência de um conjunto
ticas" dominadas por imigrantes (Tolbert e senvolvimento de teorias que diagnostiquem ao empregado, entre outras. Apesar de tais de atores que são, de algum modo, afeta-
Zucker, 1983); (b) difusão de procedimen- as fontes de insatisfação ou de fracasso, de estruturas geralmente terem uma taxa de so- dos adversamente pelas estruturas e assim
modo compatível com a apresentação de brevivência mais longa c.amparadas àquelas são capazes de se mobilizarem coletiva-
uma estrutura específica como solução qu no estágio pré-institucional, é certo que nem mente contra elas. A análise de Covaleski e
• 'Champion', no uso corrente, significa" pessoa que tratamento. todas perduram indefinidamente. De fato, Dirsmith (1988) a respeito da resistência
luta por outra ou por uma causa; um defensor, um Ao identificar o conjunto de organiza- o destino, geralmente, as investe de uma
protetor" (conforme Webster's New World Dictionary
legislativa contra novos arranjos orçamen-
of the American Language), um líder de projeto, uma
ções que enfrentam um problema definido qualidade de moda ou manià (Abrahamson, tários em universidades nos dá um exemplo
liderança incansável por um objetivo ou um projeto. e ao prover uma avaliação positiva de uma 1991). Isto ocorre porque estruturàs no es- intra-organizacional desse tipo de força.
(N.T.) estrutura como solução apropriada, a teori. tágio de semi-institucionalização têm, via Em nível de análise inter -organizacional, a
I
PARTE I - MODELOS DE ANÁUSE
em;
diodifusão, feita por Leblebici et aI. (1991), institucionalizadas nos Estados Unidos da
ressalta o papel crucial das pequenas orga- América variam de políticas de estabilida- Dimensão Estágio pré- Estágio semi- Estágio de total
nizações concorrentes, as quais, estando em de de emprego em organizações de ensino institucional institucional institucionalização
desvantagem devido às práticas correntes, superior a serviço de bebidas em vôos, até Processos Habitualização Objetificação Sedimentação
acabam por agir ativamente na promoção
o uso de memorandos como forma de co- Caracteósticas dos adotantes Homogêneos Heterogêneos Heterogêneos
de práticas alternativas no setor. Do mesmo
municação dentro de um escritório (Yates e Ímpeto para difusão Imitação
modo, Rowan (1982), ao estudar a disse- Imitativo/nonnativo Normativa
Orlikowski, 1992). Atividade de teorização
minação de três estruturas diferentes nos Nenhuma Alta Baixa
distritos escolares da Califórnia, salientou o A reversão deste processo, isto é, a de- Variância na implementação Alta Moderada Baixa
papel do conflito de interesses nos processos sinstitucionalização, provavelmente reque- Taxa de fracasso estrutural Alta Moderada Baixa
de institucíonalização emergentes. rerá uma grande mudança no ambiente (por
Mesmo na ausência de oposição direta, exemplo, alterações duradouras no mer-
a sedimentação pode ser truncada gradual- cado, mudanças radicais em tecnologias),
mente pela falta de res~ltados demonstrá- que poderá permitir a um grupo de atores
Por exemplo, análises sobre o nível de (Tolbert e Zucker, 1983). Qualquer que seja
veis associados à estrutura. Ulna relação sociais, cujos interesses estejam em oposição
institucionalização de estruturas contem- a metodologia usada para coletar dados,
positiva fraca entre uma estrutura e os resul- à estrutura, a ela se opor conscientemente porâneas poderiam utilizar pesquisa tipo no entanto, qualquer afirmação plausível a
tados desejáveis pode ser suficiente para afe~ ou a explorar suas fraquezas (veja a descri- survey sobre a percepção da necessidade respeito do grau de institucionalização de
tar a difusão e a manutenção das estruturas, ção de Rowan [1982] sobre o declínio dos
especialmente se seus defensores continuam de permanência de determinada estrutura estruturas, provavelmente, residirá numa
profissionais de saúde nas escolas após o para o funcionamento eficiente da organi-
envolvidos em sua teorização e promoção. advento das vacinas; veja também Aldrich, estratégia envolvendo triangulação de fon.
No entanto, em muitos casos, a ligação entre zação (por exemplo, Rura e Miner, 1994), tes e métodos.
1979: 167; Davis et aI., 1994). ou usar questionários sobre atributos rela-
a estrutura e os resultados previstos é bas-
A Tabela 1 resume nossos argumentos
., cionados ao grau de institucionalização, tais Além disso, nossa análise sugere que
tante distante e a demonstração de impacto,
sobre as características e conseqüências dos - como o grau de certeza subjetiva sobre os a identificação dos determinantes das mu-
muitíssimo difícil. Dado o desenvolvimen-
processos que compõem a institucionaliza- julgamentos feitos (Zucker, 1977). Ainda danças no nível de institucionalização das
to e a promoção de estruturas alternativas
ção. que o desenvolvimento de indicadores ade- estruturas representa um caminho impor-
destinadas a alcançar os mesmos fins, as
organizações provavelmente abandonarão quados para essa medição seja, sem sombra tante e promissor para trabalhos teóricos e
arranjos antigos em favor de estruturas mais de dúvida, uma tarefa controversa, este pro- empíricos. Estudos existentes já sugeriram
novas e promissoras (Abrahamson, 1991; blema não é exclusividade do construto da certo número 'de determinantes potenciais
Implicações para a pesquisa do processo de legitimação de uma estru-
veja argumentos análogos de Abbott, 1988), institucionalização (estamos nos referindo,
ao menos se os custos associados com a mu- por exemplo, a conceitos padronizados, tais tura e, portanto, quão institucionalizada
. Existem algumas implicações da nossa
dança forem relativamente baixos. como: produtividade, eficácia, incerteza). ela se torna. Aesse respeito, alguns estudos
análise para estudos empíricos de organiza.
Assim, a total institucionalização da es- Como ocorre com outros construtos difí- demonstraram que, quando organizações
ções que se baseiam na teoria institucional.
trutura depende, provavelmente, dos efeitos ceis, este problema pode ser solucionado grandes e centralizadas são inovadoras e
Em nosso ponto de -viSt!J.,
a implicação mais
conjuntos de: uma relativa baixa resistência em parte utilizando técnicas psicométricas logo adotam uma estrutura, esta estrutu-
importante é, provavelniehte, a necessidade . .~. padronizadas .
de grupos.ºe oposição; promoção e apoio ra tem mais probabiliqade de se tornar to-
de desenvolvimento de medidas mais dire-
cultt.iral continuado por grupos de defen- Pesquisa histórica utilizando dados de talmente institucionalizada do que outras
tas e melhor documentação das solicitações
sores; correlação positiva com resultados arquivos, por outro lado, poderá lidar com (DiMaggio e Powell, 1983; Fligstein, 1985;
desejados. A resistência provavelmente li- de institucionalização das estruturas, uma.
o problema prestando maior atenção à do- 1990; Baron et aI., 1986; Davis, 1991; Pal-
mitará a disseminação da estrutura entre vez que resultados associados a uma dada
cumentação do conteXtohistórico - ou docu- mer et a!., 1993). Além disso, os trabalhos
organizações identificadas, pela teorização, estrutura, provavelmente, dependerão do
mentando-o - como das mudanças culturais de Mezias (1990) e seus colegas (Mezias
como adotantes significativos; a promoção estágio ou nível de institucionalização em
ao redor da pretendida institucionalização e Scarselletta, 1994) sugerem que o status
continuada e/ou benefícios demonstráveis que se encontrar. Dependendo da amplitu- das estruturas (Zucker, 1988). A análise social das forças opositoras à adoção de uma
são necessários para contrabalançar tendên- de e da forma pela qual os dados são colhi- de conteúdo de materiais' esetitos, em al- estrutura pode operar no sentido oposto:
cias entrópicas e, assim, assegurar a per- dos, diferentes procedimentos poderão ser guns casos, pode fornecer indicadores úteis quanto maior o ~tatusdo oponente, menor
petuação da estrutura no tempo (Zucker, utilizados. a respeito do estado cultural das estruturas o grau de institucionalização.
I210 PARTE I - MODELOS DE ANÁUSE A INSTITIJCIONAUZAÇÃO DA TEORIA INSTITIJCIONAL
211 I
Existem outros fatores que, intuitiva- Tal pesquisa tem o potencial de referir-se a Do mesmo modo, pode também ser útil to de maior número de aspectos sociais da
mente. também esperaríamos que tivessem certo número de dilemas em processos de focalizar as aplicações empíricas da teoria tomada de decisão, tais como os efeitos da
um impacto na institucionalização: (1) a institucionalização sugeridos por várias ob- institucional em análises em que os bene- posição social dos que fornecem informa-
variedade das organizações para as quais seIVaçõesempíricas. Por que algumas estru- fícios materiais associados à estrutura não ções sobre as escolhas feitas e as condições
uma dada estrutura seria teoricamente re- turas (por exemplo, produção por equipes) sejam prontamente calculáveis (que é o caso sob as quais as previsões de uma escolha
levante (quanto maior o leque de organiza- existem em alguns setores industriais, mas de muitas inovações administrativas, bem particular somente se tomarão possíveis se
ções, mais difícil seria oferecer evidências não em outros (regimes de estabilidade)? como de inovações técnicas) - isto é, em que os aspectos sociais forem diretamente inclu-
convincentes da efetividade de estruturas e, Terão os processos de institucionalização abordagens contingenciais orientadas para ídos na análise.
portanto, mais baixo o grau de instituciona- sempre menor probabilidade de afetar es- a eficiência não sejam tão relevantes. Ou,
lização); (2) o número de champions ou o A referência a este tópico geral de con-
truturas em organizações menores (Han, também, pode ser útil avaliar como institui-
tamanho dos grupos de champiollS (quanto dições de aplicabilidade requer a considera-
1994) e, caso tenham, por quê? Por que ções sociais estão acostumadas a aumentar
maior o número de champions, menor será ção de determinado número de problemas:
as inovações biotecnológicas aparecem em benefícios materiais, como, por exemplo,
a probabilidade de processos entrópicos quando colaboradores"dentíficos tendem (1) como e quando as escolhas ou linhas
pequenas novas firmas nos Estados Unidos,
tornarem-se operantes e, portanto, mais a ser selecionados na mesma organização. de ação alternativas se tomam socialmente
mas predominantemente em grandes firmas
alto o nível de institucionalização); (3) o usando efetivamente as fronteiras organi- definidas; (2) quem age para causar a mu-
no Japão (Zucker e Darby, 1994)?
grau pelo qual a adoção de uma:estrutura zacionais corno uenvelopes de informação" dança e para difundi-la para organizações
Uma grande implicação final que gos- múltiplas, e por quê; e (3) quais são os be-
está vinculada a mudanças que envolvam que protegem novas descobertas de uma
taríamos de tirar de nossa análise é a ne- nefícios potenciais de se criarem estruturas
altos custos para as organizações adotan- exploração prematura por parte de outros
cessidade de se considerar os contextos ou semelhantes. ou de convergir para as mes-
tes (investimentos mais elevados deveriam (Zucker et aI., 1995).
condições sob os quais as teorias - a insti- mas estruturas. que levam ao isomorfismo
atenuar tendências entrópicas, resultando,
tucional, a de dependência de recursos e a institucional que obseIVamos com tanta fre-
deste modo, em um alto grau de institucio-
nalização); (4) a força da correlação entre contingencial orientada para eficiência -, qüência. Para a teoria institucional se desen-
poderão trazer insights úteis para estudos CONCLUSÕES
a adoção e os resultados desejados (criação volver como um paradigma coerente e, deste
de fortes incentivos para manter a estrutura, organizacionais. Infelizmente. diferentes modo, fazer uma contribuição duradoura
teorias, freqüentemente. levam aos mes- Ao ressaltar o papel das influências nor-
daí resultando alto grau de institucionaliza- para a análise organizacional, tais questões
mos resultados organizacionais previstos mativas nos processos de tomada de decisão
ção); e assim por diante. organizacional, a teoria institucional oferece sobre os processos de institucionalização de-
- embora os mecanismos postulados para mandam respostas tanto conceituais quanto
'0 estudo dos determinantes do pro- uma extensão importante e distintiva ao
produzir os resultados sejam diferentes. Por- empíricas. Nessa análise, delineamos algu.
cesso de institucionalização provavelmente nosso repertório de perspectivas e aborda-
tanto, é muito mais difícil, se não impos- mas respostas iniciais para esses problemas,
requererá trabalho comparativo sobre o de- gens para expiicar a estrutura organizacio-
sível. determinar se os fatores ressaltados respostas cuja éxtensão e modificação deve-
senvolvimento e propagação de diferentes nal. Enquanto' a noção de que os decisores
por determinada perspectiva teórica estão rão esperar ainda desenvolvimento teórico
estruturas. Isso poderá envolver, por exem- são dotados de racionalidade limitada tor-
de fat'? intervindo para determinar as áções e testes empíricos.
plo, a construção e comparação de diversos nou-se um componente básico na cartilha
casos reais de estruturas que tenham sido o~ganizacionai~.
da pesquisa organizacional, as implicações
objeto de teorizações recentes - CÍrculos Por causa disso. pode ser útil confinar disso não são exploradas em profundidade
de qualidade, programas de assistência aos "testes" empíridos da teoria institucional aos pela maioria das teorias contemporâneas. 10 NOTAS
empregados, políticas de comunicações e estudos de co~textos etn que não existam Como a racionalidade é limitada e sob quais
assim por <!~ante.Esse tipo de estudo de grandes atores tentando compelir as organi- condições ela será mais ou menos limita- Gostaríamos de agradecer a Howard
caso comparativo poderá trazer importan- zações a adotarem uma estrutura, seja pelo dã', são questões raramente abordadas. A Aldrich, Michael Darby,Shin-Kap Han, John
tes percepções para se saber se existem ou uso da lei, seja pela retenção de recursos teoria institucional Ç>fereceum quadro de Meyer,Linda Pike e Peter Sherer por dedicar
não semelhanças nos processos pelos quais críticos. Ou talvez seja útil comparar direta- referência que pode ser útil na abordagem tempo e esforço para ler e oferecer comen-
ocorre a adoção e difusão dos diferentes mente os processos de adoção, sem pressão dessas questões. mas sua utilidade nesse tários úteis sobre os primeiros rascunhos
tipos de estruturas. àqueles em que haja alguns elementos coer- aspecto requer maior desenvolvimento teó~ deste capítulo. Lynne Zucker reconhece o
Alternativamente, insights úteis podem citivos. como em nosso exame da adoção da rico a fim de esclarecer as condições e os apoio a esta pesquisa por subsídios da Fun-
ser obtidos por meio da análise comparativa reforma do funcionalismo público em Esta- processos que fizeram com que ~s estruturas dação Sloan por meio do Programa de Tec-
da difusão e do destino de determinada es- dos em que isso não era requerido por lei e se institucionalizassem. Unia compreensão nologia Industrial NBER e do Systemwide
trutura em diversos setores industriais ou em em Estados em que isso era uma imposição mais clara da institucionalização como um BiotechnologyRe~earchEducation Program;
diversos palses (veja Strang e Tuma, 1993). legal (Tolbert e Zucker, 1983). processo nos permitiria especificar o impac- da Universidade da Califórnia. As opiniões
I 212 PARTE I - MODELOS DE ANÁUSE
A INS11TIJCIONAUZAÇÃO DA TEORIA INSlITUClONAL
213 ,
expressas aqui são dos autores e não da racterizadas por estados nacionais relativamente Administrative Science Quarterly, 35: 604-33,
fracos. 1990. COVALESKI, Mark, DIRSMITH, Mark. An
NBER. institutional perspective on the rise, social
8. Leblebici et aI. (1991) mostram que, quando as
vantagens de uma inovação não são claras, são BANERJEE, Abhijit. A simple madel of herd transformation and fall of a university budget
1. Aqui nós concentramos nossa análise dos proces- behavior. Quarterly Journal of Economics, 107:
freqüentemente as firmas menores e com me- category. Administrative Science Quarterly, 33:
sos de institucionalização em nível interorgani- 797-817,1992.
nos vantagem competitiva as primeiras a adotar, 562-87, 1988.
zacional. Processos semelhantes provavelmente
porque os riscos relativos de sua adoção serão
operam no nível intraorganizacional também, em- BARLEY, Stephen, TOLBERT, Pamela. D'AUNNO, Thomas, SUTTON, Robert, PRICE,
menores para elas.
bora os mecanismos exatos, bem como suas con- lnstitutionalization as structuration: Methods Richard. Isomorphism and externaI support in
seqüências, possam diferir. Veja Tolbert (1988), 9. Este processo de teorização já foi explicitamente
desenvolvido e empiricamente testado em nível
and analytic strategies for studying links between conflicting institutional environments: a study
Rura e Miner (1994) e Barley e Tolbert (1988)
individual como características de estados difusos action and structure. Paper apresentado na of drug abuse treatment units. Academy of
para discussões da relação entre processos inter
e intraorganizacionais. Veja Zucker (1977) para (referências chave incluem Berger et aI., 1972; Conferência sobre Métodos Longitudinais de ManagementJournal, 34:636-61, 1991.
a discussão e teste experimental de processos in- Webster e Driskell, 1978; Zelditch et aL, 1980; Pesquisa de Campo. Universidade do Texas,
DAVID,Paul. Clio and the economics of QWERTY.
traorganizaclonais e conseqüências. Ridgeway e Berger, 1986). É mais fácil ver erros Austin, Texas, 1988.
no processo de generalização quando atributos American Economic Review, 75:332-7, 1985.
2. A evoluçã~ dessa linha de pesquisa inclui traba- pessoais, tais como gênero ou etnia, são analisa- BARNARD, Chester. Functions of the Executive.
lhos focalizando a relação entre estrutura formal DAVIS,Gerald. Agents without principies? The
dos. Mas esperamos erros semelhantes em nível Cambridge, Mass.: Harvard Univer~ity Press,
e "organização informal" e, particularmente, as 1938. spread of poison piII through the intercorporate
organizacional.
relações de poder entre membros da 0fganização network. Administrative Science Quarterly,
(por exemplo, Blau, 1955; Zald e Betger, 1978; 10. Um bom exemplo é dado pela teoria de custos de BARON, James, DOBBIN, Frank, JENNINGS, 36:583-613,1991.
transação (Williamson, 1975), que se baseia expli-
Perrow, 1984). Talvez porque tal trabalho fosse P. Devereaux. War and peace: the evolution
menos compatível com a literatura sobre a ciência
citamente na premissa de racionalidade limitada. __ , POWELL, Walter. Organization-
No entanto, os trabalhos nessa tradição parecem of modem personnel administration in U.S.
administrativa existente, ele não alcançou proemi- enviranment relations. In: DUNNETTE, M.,
estar implicitamente baseados na premissa de que industry. American Journal of Sociology, 92:384-
nência tão rapidamente na literatura sociológica 411, 1986. HOUGH, L. (Eds.). Handbook of Industrial and
os de,cisores são capazes de executar cálculos ex-
sobre organizações quanto os trabalhos focalizan- Organizational Psychology. PaIo Alto, Calif.:
tremamente complexos necessários para estimar
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STEWART R. CLEGG, CYNTHIA HARDY, WALTER R. NORD
Organizadores
MIGUEL CALDAS (EAESP/FGV), ROBERTO FACHIN (UFRGS),
TÂNIA FISCHER (UFBA)
Organizadores da Edição Brasileira
HANDBOOKDE
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
Volume 1
,
MODELOS DE ANALISE E
NOVAS QUESTÕES EM
-'
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
:
SÃO PAULO
E6ITORA ATLAS S.A. - 2014
360 PARTE II - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
mais urbano e materialista; o tipo de indus- de áreas de intersecção e de divergências. (Catlon e Dunlap, 1978; Daly, 1977) até os pontos extremos do continuum ambienta-
trialização adotado, resultando em altos Controversa porque é uma arena em ex- valores biocêntricos da filosofia do ambien- lista (isto é, paradigma social dominante e
níveis de desperdício e poluição ao mesmo pansão repleta de conflitos políticos entre talismo radical da ecologia profunda que ambientalismo radical) antes de focalizar
tempo em que esgota recursos não renová- atores sociais propondo condutas alterna- defende o "igualitarismo das bioespécies", o caminho intermédio do ambientalismo
veis. Associadas a essas inquietações estão tivas. Como identificado por Merchant, na no qual o progresso econômico é negligen- renovado.
outras como a perda da biodiversidade e a citação da abertura, existem aqueles que ciado em favor da harmonia com a natureza A seção seguinte do capítulo explica
transformação, irrecuperável, de biorregiões afirmam que nossas teorias da natureza e (Devall e Sessions, 1985; Naess, 1973). Ou- como o conceito de "ambiente" tem sido
e ambientes naturais em áreas para sempre das sociedades são inextricavelmente en- tras filosofias ambientais radicais tais como tratado na ortodoxia e em teorias organiza-
hostis à habitação humana (Brown, 1991; trelaçadas e não podem (ou não devem) ser a ecologia espiritual (Fox, 1990), a ecologia cionais mais recentes. Discute-se como di-
Buchholz, 1993; Commoner, 1990; Dalye consideradas em separado. De forma alter- social (Bookchin, 1990a), e o ecofeminis- ferentes conceitualizações das organizações
Cobb, 1994; Paehlke, 1989). nativa, existem outros, tais como Schnaiberg mo (Merchant, 1980; 1992; Salleh, 1984; são ou compatíveis ou conflitantes com os
Essas questões são sintomáticas da e Gould (1994), que sustentam que existe Warren, 1990) defendem arranjos sociais pontos de vista ambientalistas. Identifica~se
estrutura profunda de crenças quanto às um "conflito duradouro" entre a lógica e e biológicos nos quais existe um equilíbrio áreas atuais e potenciais para uma confluên-
conseqüências de uma sociedade industria- a dinâmica dos ecossistemas naturais e os entre os interesses da humanidade e da na- cia de teorias relativas aos ecoambientes
lizada. Acredita-se que tanto organizações da sociedade industrializada que impedem tureza. Nessa conceitualização idealizada e organizações. Além disso, utiliza-se os
governamentais como emp&sariais, em sua qualquer síntese significativa, quer no nível dos valores ecocêntricos, os relacionamen- conceitos de interesse próprio e de teoria
perseguição de metas e.objetivos organi. teórico quer no prático. É esta última per- tos ecológicos entre as pessoas e a nature- de sistemas para ilustrar os desafios concei-
zacionais, não levam em consideração os cepção que parece ter sido' adotada pelos za em cada comunidade estão integrados tuais e práticos para integrar as perspecti-
interesses, as aspirações e as necessidades teóricos organizacionais tradicionais e pelos com outras ecorregiões compartilhadas, vas ambientalistas de ambientes biofísicos
dos cidadãos. De acordo com a perspectiva profissionais por conveniência conceitual e que, por sua vez, cooperam para sustentar dentro das perspectivas organizacionais dos
daqueles que querem agir conforme tais prática. Contudo, aqueles que desafiam essa a ecosfera compartilhada da fábrica (Tokar, ambientes. Finalmente, encerra-se o capítu-
convicções, a situação está cada vez mais visão tradicional do mundo sustentam que 1988). Perspectivas intermediárias são de- lo com conclusões e pensamentos sucintos
difícil porque é improvável que a ação direta existe uma necessidade urgente de incorpo- nominadas como ambientalismo renovado, * com relação às direções futuras da teoria e
seja bem.sucedida. O "problema ambiental" rar princípios ecológicos e o meio ambiente e significam os graus de modificação dos da pesquisa.
é uma conseqüência de como a sociedade na teoria e na prática organizacional. Quem valores antropocêntricos que buscam incluir
está estruturada. Como múltiplas organiza- são esses defensores da mudança? Quais são o ambiente natural nos esforços humanos.
..ções perseguem seus interesses próprios, os suas visões e suas agendas para a mudança Nas propostas de desenvolvimento susten- As PERSPECTIVAS AMBIENTALISTAS E A
pequenos espaços, os interstícios da socie- nas organizações modernas e nas socieda- tável, todos os tipos de recursos de capital
ECOLOGIA
dade tomam-se um residual cada vez mais des? Quais são as implicações para nossas e ambientais'são considerados na política
degradado. Os pressupostos instituciona- teorias organizacionais? Estas são apenas de desenvolvímento local e nacional (Colby, A origem histórica do termo ecologia
lizados e tidos como certos da sociedade algumas das questões que podem, ser explo- 1990; World Commission on Environment pode ser localizada em 1866, quando o zoó-
contemporânea, fundada em organizações, radas para desenvolver uma compreensão and Development, 1987) e o gerenciamen- logo alemão Ernst Haeckel combinou as
produzem conseqüências que mal conse-7 .das intersecções teóricas e práticas entre as to do risco emerge como uma tarefa crucial duas palavras gregas iogas (significando to
guem ser percebidas e processadas dentro organizaç~es e a biosfera. (Kleindorfer e Kunreuther, 1986). Além dis- estudo de') e oikos (significando casa' ou 'lu-
t
da lógica daquele quadro de referência. Nossa discúss~o çomeçará com as ori- so, políticas de proteção ambiental mantêm garpara viver) (Buchholz, 1993). Conforme
A exploração do tópico "as organiza- gens históricas e Ó'~stado atual da teoria a postura fortemente antropocêntrica do foi elaborado por Haeckel, em 1870, 'ecolo-
ções e_a biosfera" requer uma abordagem ecológica e das modernas perspectivas am- paradigma social dominante dentro de um gia' era originalmente definida como:
holística multifacetada, interdisciplinar e bientalistas. São apresentadas três perspec- -sistema de-escolhas entre crescimento eco-
nômico e degradação ambiental (Berkes, o corpo de conhecimento relativo à eco-
controversa. Multifacetada porque investiga tivas a respeito de ecoambientes para de-
1989; Colby, 1990). Cada ponto de vista nomia da natureza - a investigação da
os fenômenos em diferentes níveis (indivi- monstrar como os valores ecológicos estão totalidade das relações do animal com o
duai, grupal, organizacional, social e global) entrelaçados com os valores humanos no é descrito e, então, a.nalisado criticamente
seu ambiente inorgânico e orgânico; en-
a partir de perspectivas alternativas (física, que concerne às realidades social, política e para identificar contradições entre as pro- globando acima de tudo, suas relações de
técnica, econômica, social e ética). Interdis- econômica desejadas. São perspectiv~s que postas e a ação. Por clareza conceitual apre- amizade e inimizade com estes animais e
ciplinar porque investiga-se tanto nas ciên- variam desde valores fortemente antropo- sentam-se inicialmente as perspectivas dos plantas com os quais ele mantém contato
cias naturais (Ecologia, Biologia, Química, cêntricos do "paradigma social dominante" direta ou indiretamente - em resumo,
Física) como nas ciências sociais (Filosofia, que visualiza progresso ilimitado resultante a ecologia é o estudo de todas aquelas
• ReJann environmentalism, no original. (N.T.) complexas inter-relações referidas por
Sociologia, Teoria Organizacional) em busca da exploração de recursos naturais infinitos
364 PARTE II - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ES1l1DOS ORGANIZACIONAIS
AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
365 I
Darwin como as condições de luta pela apoio popular suficiente para tornar-se o
sobrevivência. (traduzido em Al1ee et nascente movimento social que atualmente
bem como a crise econômica induzida pelo
cartel do petróleo nos anos 70, pudessem ter
o paradigma social dominante
aI. 1949, frontispício; apud McIntosh, manifesta-se como uma preocupação social
1985; p. 7-8). restringido o crescimento dos movimentos
predominante (Hays, 1987: 3). Diferentes ambientalistas durante aquelas décadas, o Somosossenhoresabsolutosdoque
De sua conceptualização do século 19 origens moldaram diferentes movimentos a terra produz.Desfrutamosdas monta-
ativismo ambiental provou ser uma carac-
como um ramo da biologia, a ecologia tor- nhas,e das planícies.Os rios são nossos,
nacionais. Na Inglaterra e em outras regiões terística persistente, profundamente enrai.
nou-se uma "ciência polimórfica" acordada nós semeamosas sementese plantamos
da Europa, os grupos ambientalistas se origi- zada e organizada da sociedade contempo- as álVores.Nósfertilizamosa terra...Nós
e estendida para abranger vários aspectos naram de grupos naturalistas estabelecidos rãnea (Dunlap, 1989; Sale, 1993). paramos, dirigimose mudamosos rios.
dos fenômenos natural e social (McIntosh, que tinham uma longa tradição de acesso às Em resumo,por nossas mãos nos esfor-
Enquanto existe algo em comum na
1985). Fundamental para as conceitualiza- tomadas de decisões (Rudig e Lowe, 1986), çamos,por via de nossasváriasinfluên-
evolução dos movimentos ambientalistas,
ções teóricas de ecologia e ecossistemasl enquanto que os movimentos na América ciasneste mundo,fazer,por assimdizer,
existem também diferenças fundamentais.
são os princípios do holismo (intercone- do Norte e Australásia tiveram pouca ou outra natureza.(Cicero,106-43aC,apud
Os movimentos verdes, em geral, são frag-
xões dentro e entre sistemas e ambientes);
o equilíbrio da natureza (equilíbrios auto-
nenhuma ligação com grupos sociais ante- , mentados e suborganizados, com vários
Hughes, 1975 ; 30).
riores (Fox, 1981; Haye Haward, 1988). Na subgrupos representando de forma inde- O advento de antigas civilizações urba-
regulados de sistemas biológicos e não-bio- América do Norte, o ambientalismo come- pendente interesses mais específicos tais nas marcou a emergência do antropocen-
lógicos); diversidade (tendência para maior çou com um enfoque conservacionista e de como a preservação dos locais selvagens, trismo no pensamento espiritual e filosófico
biodiversidade em sistemas naturais); limi- preservação dos ambientes naturais para o
tes finitos do sistema plan-étário de suporte propósito de recreação ao ar livre e de pre- o desenvolvimento de política ambiental, o sobre o relacionamento da humanidade com
gerenciamento de resíduos tóxicos, a pro-' a natureza. Para os antigos mesopotâmios,
à vida (capacidade de sustento para supor- servação dos locais selvagens. Os recursos
teção e conservação de recursos, os direi- os homens possuíam um direito divino de
tar populações e comunidades de organis- naturais foram, cada vez mais, sendo valo-
tos dos animais e assim por diante (Sale, domesticar o "caos monstruoso" da natu-
mos); e mudança dinâmica dos processos e rizados por suas qualidades existenciais em
1993; Snovv,1992a). Atualmente, não existe reza; para os humanistas gregos clássicos
ciclos naturais (Daly e Cobb, 1994; Buch- um estado de natureza, bem como pela sua um outro foco claro para esses diferen- (Aristóteles, Platão) e os primitivos estóicos,
holz, 1993; Lovelock, 1979; Sarkar, 1986; atratividade para outras atividades estéticas. tes submovimentos do que sua associação os homens reivindicavam os recursos da
Serafin, 1988; Wilson, 1992). Em sua essên-
As preocupações ambientais, especialmente geral com algum aspecto do ambienta- natureza para seu uso exclusivo (Hughes,
cia, ecologia representa o corpo de conhe- entre as gerações mais jovens, tornaram-se
lismo, desafiando, de várias maneiras, as 1975; Sessions, 1987; Wall, 1994). Antigas
cimento relacionado com as relações entre então "associadas às aspirações humanas,
conceitualizações e os costumes tradicio- evidências do preço que a ecologia paga à
,os organismos e seus ambientes orgânicos profundamente enraizadas, por uma vida
e inorgânicos. nais de uma sociedade predominantemente ordem e dominação pelo homem tornar-
melhor e expectativas de realizações pessoal urbana, industrial e baseada em organiza- se-iam visíveis na destruição das antigas
Dentro da ecologia, o termo "ambiente" e social. Em outras arenas, notadamente na ções. florestas de cedro do Líbano, na desertifica-
refere-se a todos os fatores externos, físicos Europa Ocidental, sentimentos antinuclea-
Três estruturas da filosofia ambiental ção da outrora fecunda Mesopotâmia e na
e biológicos, que influenciam diretamente res tiveram impactos radicais e d~ integra- e conceitos relacionados representam as erosão, poluição e extinção de numerosas
a sobrevivência, o crescimento, o desenvol- ção no movimento verde. Em todos os paí-
primeiras escolas de pensamento quanto ao espécies sob o império de Roma (Hughes,
vimento e a reprodução dos organismos"., ses, atenção e apoio adicional fluíram para
relacionamento homem-natureza. O para- 1975). Ensinamentos judaico-cristãos são
(Colby, 1990, p. 10). O ambientalismo está as causas a.rnbientalistascomo conseqüência digma social dominante não é urna perspec- também identificados como promotores de
'primordialmente relacionado com as in~ do aumen~o da,ca,pacidade científica em
tiva "ambientalista" per se, mas representa uma visão antropocêntrica do mundo, na
terações entre a biosfera, a tecnosfera e a detectar, medir e ligar contaminantes am-
a visão tradicional de mundo da sociedade qual o papel da humanidade era "crescer e
sociosfera.2 De um lado, o ambientalismo bientais com a saúde'-humana e a degrada- industrializada - o status quo contra o qual multiplicar-se," bem como "ter domínio so-
é'ã apliê"açãoda teoria ecológica para com- ção ecológica (Carson, 1962; Sarkar, 1986).
são comparadas outras perspectivas arnbien- bre toda coisa vivente que se move sobre a
preender o desenvolvimento e operação dos Relatórios do Clube de Roma, no início d,os
talistas. A perspectiva do ambientalismo ra- terra" (Merchant, 1980; White, 1967).
sistemas sociais dentro da biosfera. De outro anos 70, também focalizaram a atenção pú-
dical representa a visão de mundo daqueles Um aspecto crítico da visão antropo-
lado, ambientalismo é o estudo dos valo- blica nos perigos insidiosos do crescimento
res sociopolíticos humanos que instruem a industrial descontrolado para os ambientes que defendem a mudança transfonnacional. cêntrica do mundo é a noção de dualismo,
A perspectiva do ambientalismo renovado semelhante à separação ideológica da mente
conceitualização e a interação das relações social e natural. Cada vez mais, as noções
humanas com o ambiente natural (Bird, predominantes da supremacia da ciência, representa aqueles que ocupam a área inter- e do espírito humano da realidade física da
mediária na filosofia e na prátiça ambiental. existência e a divisão entre entidades supe-
1987; Hays, 1987; Paehlke, 1989). tecnologia e industrialização estão sendo As origens históricas, crenças e suposições riores e inferiores. O dualismo da mente e da
Foi somente depois da Segunda Guer- desafiadas (Sarkar, 1986). Ainda que a ideo- de cada perspectiva são apresentadas e, en- matéria foi fundamental para a defesa, pelos
ra Mundial que o ambientalismo ganhou logia política dominante dos anos 70 e 80, tão, criticamente, discutidas. filósofos (sêculo 17) da Idade do Iluminismo
366 PARTE 11 - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTIJDOS ORGANIZACIONAIS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
367 I
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(em particular, Bacoo, Descartes, Newton, política e econômica. Em sociedades base- " divindades para serem adoradas e obedeci- 1981; Devall e Sessions, 1985; Drengson,
Hobbes), do domínio sobre a natureza como adas em estruturas e relacionamentos hie. das (EisIer, 1987; Merchant, 1980). Vestígios 1980; Sale, 1985).
essencial para o progresso científico e social rárquicos, tanto as pessoas como a natureza t
1 de divindades da natureza estiveram/estão O ponto de vista do ambientalismo ra-
(Dalye Cobb, 1994; Ehrenfeld, 1978; Mer- não.humana são coisificadas e avaliadas presentes nas tradições espirituais do xama. dical moderno está situado em oposição
chant, 1980). O materialismo mecanicista, somente em termos instrumentais (como nismo, no panteísmo dos egípcios, gregos e direta à defesa do paradigma social domi~
a racionalidade e o reducionismo científico inputs ou consumidores da produção), em romanos (com a Gaia como a Mãe Terra), no nante do industrialismo moderno como al-
tomaram~se os alicerces ideológicos das Re- vez do sê-las por seu valor intrínseco ou misticismo oriental (Taoismo, Sufismo, Zen, ternativa revolucionária demandada para
voluções Científica e Industrial das socie- espiritual (Cotgrove e Duff, 1981; Devall e Budismo), no Islam e no paganismo (deusa a sobrevivência ecológica de longo prazo.
dades ocidentais e são agora considerados 5essions, 1985; Drengson, 1980). Mãe Terra) (Wall, 1994). Subjacente a essas A perspectiva do ambientalismo radical de.
como os elementos centrais do paradigma conceptualizações de uma natureza todo. fende o redesenho massivo dos sistemas
social dominante (Bramwell, 1989; Fax, poderosa, existe a crença de que a sobrevi- agrícola e industrial de produção e trans.
1990). ' A perspectiva do vência humana depende de uma síntese e porte (Commoner, 1990). Em vez de de-
Como representado na moderna so- integração holística da humanidade com o senvolver tecnologias de larga escala, capi-
ambientalismo radical
ciedade industrial, o paradigma social do- ambiente natural. O holismo fjlosófico do tal intensivas, para o complexo industrial e
minante (PSD) representa uma aderência antigo fllósofo grego Hetáclito (535-475 militar, a ciência precisa ser redirecionada
aos princípios e objetivos e~onômicos neo- As políticas da Era Industrial - de aC) ecoa no trabalho dos filósofos naturais para desenvolver tecnologias que reduzam a
esquerda, direita ou centro - são como e dos teólogos dos séculos 17 e 18 (von Lin-
clássicos (crescimento econômico e lucro), interferência humana com o mundo não-hu.
uma auto-estrada de três pistas, com
com os fatores naturais tratados ou como né, Emerson, Malthus, Thoreau) que escre. mano. Isto é para ser efetuado por meio do
veículos diferentes em pistas diferentes,
externalidades ou como recursos explorá- mas todos os caminhos apontando para veram sobre a interconexão dos homens e desenvolvimento e utilização de tecnologias
veis infinitamente. Se existem problemas a mesma direção. Os verdes consideram da natureza na "teia devida" (Wall, 1994). intermediárias (apropriadas) que reduzam a
ambientais observáveis, estes podem facH. que é a própria direção que está errada, O conceito do holismo organicista seria de- depleção e a poluição dos recursos naturais,
mente (ou eventualmente) serem resolvidos ao invés da escolha por qualquer uma senvolvido mais adiante, no início do século bem como desenvolvam a qualidade artesa-
por meio do progresso científico e tecnoló- das pistas em detrimento das outras. É 20, por Jan 5muts (1926 : 86) como uma nal no trabalho hurhano (Commoner, 1990;
gico (Daly e Cobb, 1994; Hawken, 1993; nossa percepção que a auto-estrada da síntese ou "uma união de partes que é tão Schumacher, 1973). Em contraste à crença
Milbrath, 1989). O P5D está mais intima- industrialização leva, inevitavelmente, compacta e intensa que é mi:lis. do que o do PSD no recurso material e no crescimento
mente associado às sociedades capitalistas para o abismo - por esta razão a nos- total de suas partes ... e o todo e as partes, econômico ilimitados, a perspectiva radical
sa decisão de sair fora e buscar um
-ocidentais, nas quais imperam os princípios conseqüentemente, influenciam-se e deter~ afirma que os limites e o delicado equilíbrio
objetivo totalmente diferente (Porrit,
de "livre mercado" e de propriedade priva- minam-se reciprocamente". da biosfera requerem a preservação e a con-
1994: 43).
da. Contudo, os sistemas econômicos fe. O respeito biocêntrico por outras for- servação dos recursos naturais por meio das
chados, informados pela filosofia marxista, A perspectiva do ambientalismo radical mas de vida pode ser rastreado até o vegeta. éticas anticonsumistas e antimaterialistas.
também estão incluídos nessa perspectiva. promove urna visão da biosfera ~ da socie- rianismo das religiões orientais, aos filósofos Uma faceta importante da perspectiva
Esse casamento ideológico, aparentemente dade humana baseada nos princípios ecoló- clássicos gregos, a São Francisco de Assis do ambientalismo radical é o biorregiona-
paradoxal, justifica.se em virtude da forte gicos do hplismo, do equilíbrio da natureza, (do século 13) e, no final do século 18, aos lismo como o princípio organizador dos sis-
tendência antropocêntrica do marxismo quê da diversitlade, dos limites finitos e das mu- Românticos Ingleses (por exemplo, Blake, temas social, econômico e político descen.
apoia os objetivos de produção capital.in- danças diÍ>âmicàs. (Catton e Dunlap, 1978; Shelley; Wollstonecraft), que equalizaram tralizados (Irvine e Penton, 1988; Leopold,
tensivos do industrialismo moderno (Dalye Cotgrovee DuIf, 1981; Dtengson, 1980; De- os direitos dos animais com os direitos hu- 1949; Mumford, 1938; Sale, 1985). Uma
Cobb, 1994; Jacobs, 1993; Jung, 1991; 1ee, vall e Sessions, 1985; dentre bUtros). Como manos (Wall, 1994). Criticas da sociedade biorregião é "um lugar definido por suas
1980; Porritt, 1984)' Outra razão aparece identificado por Donald Worster (1977), a "científica industrial são encontradas nos formas de vida, sua topografia e sua biota,
nas provas de degradação ambiental nos "idéia de ecologia é muito mais velha do que escritos do movimento Romântico Europeu ao invés de ser governada pelos preceitos
modernos estados socialistas, que muitos o nome." Foi demonstrado que aspectos da (do século 17 até o século 18), bem como humanos; é uma região governada pela na-
afirmam superar às do capitalismo desenfre- perspectiva do ambientalismo radical pre. nos trabalhos dos filósofos transcendenta- tureza, não por legislações" (Sale, 1985 :
ado (Clow, 1986; Davies, 1991; Feshbach e cederam, bem como tem-se desenvÇ)lvido llstas dos Estados Unidos (Sessions, 1987). 43). À medida que critérios naturais para
Friendly, 1992; Jancar-Webster, 1993). em oposição às ideologias antropocêntricas. Um dos dogmas centrais da perspectiva do definir limites de uma biorregião não são
Outras facetas do paradigma social do- Evidências arqueológicas das primitivas so. ambientalismo radical é a retomada de uma mutuamente exclusivos nem destiruídos de
minante dizem respeito à noção de autode- ciedades (de caça e colheita) e das antigas visão do mundo de um pré-Iluminismo or~ critérios humanos de utilização e percepção
terminismo do indivíduo e ao controle cen- civilizações oferecem um retrato da natu- ganicista, na qual o universo é visto como (Alexander, 1990), as comunidades, inse-
tralizado das sociedades pelas elites social, reza e de suas forças, personificadas como orgânico, vivo e espiritual (Cotgrove e Duff, ridas nas biorregiões, deveriam readquirir
368 PARTE 11- QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
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autoridade para tomarem decisões locais não como uma extensão dos homens, mas Como resultado da evolução social e dominação da natureza é vista como sendo
a fim de gerar auto-suficiência ambiental e como o elemento fundamental no qual as natural, a sociedade humana desenvolveu inter-relacionada com a dominação hierár-
econômica de produção e utilização. civilizações humanas estão baseadas. O im~ padrões de dominação hierárquica, os quais quica dos homens, baseada em gênero, raça,
Dentro da perspectiva do ambientalis- perativo moral e ético da ecologia profunda são social e ambientalmente destrutivos. etnia e classe social. A questão central do
mo radical existem quatro filosofias proe~ é que os homens têm uma obrigação de im. Diferente das espécies não~humanas, a hu- ecofeminismo é "pôr fim a todas as formas
minentes - a ecologia profunda, a ecologia plementar (pelo exemplo e pela ação direta) manidade é única em sua capacidade de de opressão" (Warren, 1990), especialmente
espiritual,a ecologia social e o ecofemÍnis- essas mudanças na sociedade. pensamento criativo e consciente na altera- aquela das mulheres inseridas em culturas
mo - as quais diferem principalmente em ção do curso da evolução social. Bookchin patriarcais. O antídoto eco feminista às es-
teonos de ênfases e meios, ao invés dos fins, (1980; 1990b) oferece uma visão de uma truturas e processos sociais exploradores é
da agenda radical de mudança transforma- Ecologia espiritual ordem sociopolítica reconstruída, baseada a justiça social, baseada nos princípios do
cionaI n~ relação homem~natureza. no "municipalismo libertário", o que im- igualitarismo, inclusão * social, comunitaris.
A ecologia espiritual ou ecologia trans- plica em planejamento e um governo po- mo, tomada de decisão consensual, cuida-
pessoal (Berry, 1988; Fox, 1990; Hull, 1993; pular descentralizado e biorregionalmente dos recíprocos e responsabilidade (Cheney,
Ecologia profunda Reason, 1993) compartilha a ênfase da eco~ baseado em assentamentos humanos, que 1987).
logia profunda na necessidade de mudan- espelhem ecossistemas locais. Somente por
A ecologia profunda é uIÍla perspectiva meio da comunidade ecológica e da demo-
ças transformacionais na consciência hu-
holística que integra as dimensões biológica, cracia participativa pode ser criada uma
psicológica, espiritual e metafísica de ecos-
mana como pré-requisito para mudanças A perspectiva do
nova sociedade livre da opressão ecológica
sistemas interdependentes e interativos (De-
nos níveis físicos da existência. A alienação,
e cultural. ambientalismo renovado
causada pela visão de mundo mecanísdca
vali e Sessions, 1985; Naess, 1973 : 1984).
e dualística da sociedade industrializada,
Como foi proposto pelo filósofo norueguês o homem já esqueceu, há muito
Ame Naess, a ecologia profunda questiona pode somente ser remediada por meio da Ecofeminismo tempo, que a terra lhe foi dada somente
as premissas normativas e descritivas (por retomada das ligações sagradas da humani- para seu usufruto, não para o consumis-
quê? como?) em um nível mais fundamen- dade com todos os aspectos da criação. A integração da mudança social e po- mo e, menos ainda, para um desperdício
tal do que os níveis ordinários, técnico e lítica, como parte da mudança ecológica, dissoluto ... A terra está tomando-se, ra-
pidamente, num local inadequado para
científico, de ecossistemas. Extraída das fi- também se repercute nas definições do
Ecologia social seus habitantes mais nobres e outra era
losofias de Spinoza, Gandhi e Thoreau, e ecofeminismo:
semelhante, de crime e de imprevidência
de várias tradições espirituais (o budismo, humanas ... a reduziria a uma tal con-
o cristianismo, o americano nativo), a eco- O ecologista social Murray Bookchin Ecofeminismo é um tenno que al-
guns utilizam para descrever não só as dição de empobrecimento da produti-
logia profunda propõe ° objetivo moral de (1980; 1982; 1990a; 1990b) desenvolve
diferentes áreas dos ,esforços das mulhe- vidade, de destruição da superfície, de
"auto-realização", o qual é alcançado por uma abordagem mais secular para com- excessos climáticos, como para intimidar
res para salvar a Terra como as transfor-
meio da identificação com "o interesse ou pr.eender a relação entre a sociedade e a mações do feminismo no Ocidente, que a depravação, o barbarismo e, talvez, até
os interesses de outro ser [a que] se reage .. c natureza. resultaram da nova visão das mulheres e mesmo, a extinção de espécies (George
como ao nosso próprio interesse ou interes- FerIdns Marsh, Man and Nature, 1863,
da natureza ... ecofeminismo não é uma
: As maneiras como interagimos com apud Strong, 1988 : 35).
ses" (Naess, 1988 : 261). A plataforma da: ideologia monolítica, homogênea ... Na
os o~tros, .co~o seres sociais, influen- verdade, é, precisamente, a diversidade
ecologia profunda postula o "igualitarismo As origens dos pontos de vista do am.
ciam profundàmente as atitudes que de pensamento e ação que faz esta nova
bioesférico", isto é, os humanos não têm bientalismo renovado podem ser localizadas
provavelmente teremos com relação ao política tão promissora como elemento
neilhurndireito de interferir na riqueza e na nas primeiras críticas ao industrialismo do
mundo natural. Qualquer perspectiva catalisador de mudanças nestes tempos
diversidade de todas as formas de vida (hu- ecológica idônea repousa, em grande século 19, que alertavam o público e os re-
problemáticos (Diamond e Forenstein,
manas e não humanas), as quais possuem parte, em nossas perspectivas sociais e 1990: ix, xü). formadores para seus efeitos colaterais na
valor intrínseco ou inerente. Os ecologistas nossos inter -relacionamentos; por isso, saúde humana e na degradação ambiental
profundos identificam como episternologi- redigir uma agenda ecológica que não Os eco feministas (King, 1989; Mer. (Devall, 1988). George Perkins Marsh, um
camente problemática, mas praticamente tenha espaço para as questões sociais chant, 1980; Plant, 1989; Warren, 1990) geógrafo do século 19, é considerado como
necessária, a aplicação de conceitos cultu. é algo tão obtuso quanto redigir uma também posicionam~se no sentido de que instrumental na transição ocorrida, das vi~
rais humanos, tais como direitos, valores e agenda social que não tenha espaço os homens são membros da- comunidade
ética, ao ambiente natural eManes, 1990; para as questões ecológicas. (Bookchin, ecológica, mas diferentes das (mas não
Sessions, 1987). A .natureza é para ser vista 1990b : 24-5). equivalentes às) Outras formas de vida. A * InlCilliveness, no original. (N.T.)
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370 PARTE" - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGiA E MEIO AMBIENTE
371 I
sões primitivas, românticas, da natureza recursos energéticos renováveis e à conser- e recursos naturais. Os resíduos industriais ta "uma reconciliação entre o crescimento
para as visões que advogam a defesa do vação de recursos não-renováveis. e os poluentes são reduzidos, reciclados e/ econômico e a proteção ambiental" (Cairo-
bem-estar da natureza, para a sobrevivência A economia ecológica e a ecologia in- ou descartados de maneira ecologicamente cross. 1991 : 26) nos níveis local, nacional
humana no longo prazo. Dos anos 80 (sé- dustrial representam dois meios pelo qual segura. Enquanto os sistemas tecnológicos e global. Proponentes do desenvolvimento
cuIa passado) aos anos 20 (deste século), a o ambiente natural é incorporado nos pro- são fechados. processos de política e estra- sustentável identificam como sendo impor-
conservação e a preservação dos habitats e cessas de tomada de decisão industrial. A tégia ambiental industrial são abertos. para tante causa da degradação ambiental a dis-
recursos naturais tornar-se-iam a missão das economia ecológica pode ser utilizada para abranger tomadas de decisão colaborativas tribuição desigual da riqueza econômica
sociedades ecológicas e de história natural, a quantificação das comparações entre be- com múltiplos stakeholders (comunidade e entre as nações industrializadas e os países
recém-fundadas, portada a América do Nor- nefícios e custos econômicos e ambientais e grupos de interesse. agências governamen- do "Terceiro Mundo". Economicamente em-
te, Reino Unido e Europa (Jancar-Webster, para a gestão do risco ambiental (a determi- tais. empregados). Procedimentos de audi~ pobrecidos. os países do Terceiro Mundo
1993; McIntosh, 1985; Strong, 1988). O naçãodosníveisótimosdepoluiçãoeacom- toria ecológica são utilizados para medir o são incapazes de desenvolver ou comprar
trabalho dos fundadores do movimento con~ pensação econômica pela depleção e/ou de- desempenho ambiental e expor abertamente as tecnologias científicas para conservar e
servacionista americano (John Muir, Aldo gradação dos recursos naturais) (Dorfrrian e as atividades industriais aos empregados e proteger seu ambiente natural. Nem podem
Leopold, Gifford Pinchot) continua a in- Dorfman, 1977). Os desafios metodológicos públicos interessados. dispor de recursos para evitar a exploração e
formar, até os dias de hoje. a filosofia de de medição do impacto ecológico das indús- Um aspecto importante da perspectiva exportação de seus recursos naturais, neces-
operação das principais organizações do trias são demonstrados por meio de recentes do ambientalismo renovado é o conceito de sários para manter o alto padrão de vida das
movimento ambientalista (McIntosh, 1985; estudos de Schaltegger (1993) e Ilinitch e stakeholders e os direitos dos stakeholders nações industrializadas (p. ex .• com apenas
Snow, 1992a; Strong, 1988). Schaltegger (1993). Por exemplo, quando (McGowan e Mahon, 1991; Shrivastava. um quinto da população mundial, as nações
A perspectiva do ambientalismo reno- existem questões relativas à validade de 1994; Stead e Stead, 1992; Steger, 1993; industrializadas consomem quatro quintos
vado representa uma modificação de valores medidas de poluição propostas. tais como Throop, 1991; Westley e Vredenburg, 1991). do combustível fóssil e dos recursos produ-
antropocêntricos. a fim de incluir valores níveis de toxicidade de diferentes poluençes Enquanto não se inclui. como stakeholders zidos em metais minerais). Embora reco-
biocêntricos, na medida que existe desen- químicos, como alguém faz para comparar, formais, o ambiente natural e as entidades nhecendo que os padrões de consumo das
volvimento sustentável. definido como sa- de forma precisa, o impacto ecológico do não humanas. reconhece-se no entanto nações indusnializadas são ambientalmente
tisfazer "as necessidades do presente sem grafite versus amônia versus dioxinas? De interesses públicos que busc~m assegura; insustentáveis e que necessitam ser reduzi-
comprometer a capacidade das gerações forma mais geral, como alguém pode calcu- sustentabilidade ambiental a longo prazo. dos. a erradicação da pobreza nos países do
futuras de alcançarem as suas próprias ne- lar os efeitos sinérgicos da combinação de Desse modo, a partir da perspectiva do am- Terceiro Mundo é vista como uma parte inte-
cessidades (World Commission on Environ-
JJ
poluentes em diferentes ecossistemas? bientalismo renovado, a questão relevante grante da auto-sustentabilidade econômica
ment and Development. 1987 : 43). Nessa A ecologia industrial está preocupada não é se os stakeholders não industriais (por social e política. Além disso, estilos e modo~
perspectiva. a tecnologia é o veículo para o com os meios de alcançar sistemas de produ- ex .• governàs, organizações ambientalistas. alternativos de desenvolvimento econômico
progresso científico e econômico, bem como ção ambientalmente sustentáveis (Allenby, público em geral) estão incluídos nas toma- apropriados às. culturas locais e ambiente~
o meio para detectar e gerenciar os riscos 1992; Hawken. 1993; Stead e Stead, 1992). das de decisão organizacional, mas como e biofísicos. necessitam ser desenvolvidos.
ambientais que ameaçam a sobrevivência .. A ecologia industrial propõe que o impacto em até que ponto eles estão incluídos nas Conseqüentemente, urna das preocupações
humana e seu bem-estar. O funcioname~o dos sistemas industriais no ambiente natural decisões relativas ao ambiente natural (Ben- do desenvolvimento sustentável é o geren-
da metáfora mecanicista é evidente no foco, pode sei minimizado pela adoção dos princí- nett, 1991; Berie, 1990; Elkington e Burke, ciamento dos bens comuns, biorregionais e
do ambientalismo renovado, no uso eficiente pios de ~estão.cia qualidade total ambiental 1989; Schmidheiny, 1992; Scotte Rothman, locais, mas não de forma isolada dos bens
dos recursos naturais e na minimização dos (TEQM) * para produto e desenho de pro~ 1992; Steger, 1993; e outros). Geralmente, comuns globais - uma visão mais inclusiva
efeitos econômicos da poluição (Dorfrnan e cesso (Callenbach et al., 1993; Cairncross, são as grandes organizações da corrente do que o conceito biorregional fechado do
Dorfrnan, 1977). Contudo, ao contrário da 1991; Barame Dillon, 1993; Flannerye May principal do ambientalismo renovado que ambientalista radical (Keating, 1993; Sitarz,
perspectiva do paradigma social dominante, 1994; Hawken, 1993; Sharfrnan e Ellington, têm desenvolvido acordos de colaboração 1993; World Commission on Environment
a perspectiva do ambientalismo renovado 1993; Shrivastava. 1994). Em sistemas in- com a indústria e o governo (McCloskey, and Development, 1987).
tenta incorporar uma abordagem sistêmica dustriais fechados. o uso de recursos natu- 1991; Sale, 1993; Snow 1992a). No sentido de que a biosfera representa
e as leis de conservação e de entropia da rais não renováveis é minimizado e/ou su- um bem comum global, o potencial de uma
termodinâmica no contexto dos cálculos plantado pelas fontes renováveis de energia "tragédia dos bens comuns não gerenciados"
da sustentabilidade ambiental (Georgescu- Gerenciando o ambiente comum obriga a que haja o envolvimento formal do
Rogen, 1971; Stead e Stead, 1992)4 Os governo e que se regule institucionalmente
limites físicos dos sistemas vivos e sistemas • TEQM: total environmental quality management. O objetivo de desenvolvimento susten- o desenvolvimento e o gerenciamento dos
econômicos obrigam ao desenvolvimento de (N.T.) tável do ambientalismo renovado represen- recursos naturais (Hardin. 1968; 1991; The
I 372 PARTE II - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTIJDOS ORGANIZACIONAIS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIo AMBIENTE
373 I
Ecologist, 1993; Throop, 1991). Como foi Outra abordagem para a gestão dos blica ambiental em que há muitos stakehol. de sol~cionar as inquietações ecológicas.
proposto por Hardin (1991), pressões in- bens comuns globais está baseada no prin- ders~ o estabelecimento de novos sistemas A p~rtIr da perspectiva do ambientalismo
formais para evitar a destruição dos bens cípio da colaboração, em vez da competição, sociopolíticos de controle por meio de cola- radIcal, o ambientalismo renovado é uma
comuns funcionam apenas com grupos pe- entre instituições públicas e privadas, nos boração inter-organizacional é muito mais re~posta incremental (e alguns poderiam
quenos, envolvendo entre 50 e 150 atores. níveis local, nacional e internacional (Colby, fácil de se proclamar do que fazer (Crowfoot aflImar superficial ou sem profundidade)
Se os bens comuns globais não são geridos 1990). Como foi identificado na Conferência e Wondolleck, 1994; Egri e Frost, 1992; às questões ecológicas (Devall, 1988), en-
Agenda 21 das Nações Unidas sobre o Meio Feyerherm, 1994; Gray, 1989; Pasquero, qu~nto qu~ da perspectiva do paradigma
e não são regulados, a motivação das partes
Ambiente e o Desenvolvimento (UNCED) 1991). Questão crítica se levanta em torno SOCialdommante, o ambientalismo renova-
individuais para jogar o jogo do "distribuir
(Keating, 1993; Sitarz, 1993), a liberaliza- do grau em que colaboração verdadeira é do é uma resposta progressista (Cairncross
os custos enquanto se privatiza os lucros"*
ção global do comércio e das culturas neces- praticada ou é possível quando há desigual- 1991; Schmidheiny, 1992). Os méritos d~
(DC-PL) leva, inevitavelmente, à degrada-
sita de uma redefinição dos papéis institu- dade ou diferença entre as partes na mesa cada posição nesse debate, concernente à
ção dos bens comuns. Dentro da perspectiva
cionais públicos e privados para a proteção de negociações em termos de valores filosó- filosofia e prática ambiental, são examina-
do ambientalismo renovado existem varia~
dos bens comuns em nível local e global. ficos, recursos, poder e influência. dos a seguir.
ções, com respeito à natureza desejável da
Esforços para desenvolver regulamentações
responsabilidade, e do envolvimento dos
ambientais internacionais e mecanismos
governos, no gerendamentp dos bens co- coercitivos incluem o Protocolo de Mon.
muns globais e locais. Em direção à extre- UMA ANÁUSE CRITiCA DAS Críticas do paradigma social
treal (assinado por 81 nações, em 1992),
midade antropocêntrica do continuum an- no qual os signatários garantiram terminar
PERSPECTIVAS AMBIENTAUSTAS dominante
rropocêntrico-ecocêntrico, o governo admite com a utilização de CFCs (clorofluorcarbo-
responsabilidade limitada pela conservação . Em sua crítica aos paradigmas ecoló- Em muitos aspectos, a perspectiva do
nos, que ameaçam a camada de ozônio do
e gestão dos recursos naturais públicos (por gICOSalternativos, Roudey (1983) adverte PSD tem sido posicionada, no debate ecoló-
planeta) até o ano 2000 (Cairncross, 1991).
exemplo, em parques nacionais), cobrando que os paradigmas contemporâneos fre. gico, como o "homem de palha" (Fox, 1990;
Menos bem-sucedidos têm sido os esforços
taxas pela utilização dos recursos públicos qüentemente, contêm elementos supe~pos. Routley, 1983; Wexler, 1990). Em sua for-
internacionais para remediar a degradação
e regulando os níveis de poluição. No meio- tos ou contraditórios, e falham, portanto, ma pura, o PSD existe, principalmente nos
ambiental do ecossistema dos Grandes La-
em oferecer sistemas unificados de crenças. princípios abstratos das teorias econô~icas
termo, o governo assume um papel mais gos - Canadá e Estados Unidos - (Colbum
Como foi identificado por CoIby (1990), neoclássica e marxista ou como uma repre-
ativo, desenvolvendo e administrando re- et aI., 1990; MacLarkey, 1991). Iniciada em
essa falta de clareza conceitual contra.indica sentação histórica incompleta da sociedade
-gulamentos ambientais, taxas e licenças de 1972 e ampliada em 1978, a Comissão In-
uma interpretação linear das perspectivas ind~stri.alizad~. Na realidade, os princípios
comercialização para a poluição industrial ternacional para o Acordo da Qualidade da
que ainda estão em seu estágio evolutivo raCIonaIS do livre mercado são incessante-
(Caimcross, 1991; Hahn e Hester, 1989). Água dos Grandes Lagos foi arrojada em seu
de desenvolvimento. Embora as perspecti- mente objeto de compromissos e ajustes para
Enquanto existe uma preferência geral por objetivo de envolver as agências governa-
vas do paradigma social dominante e a do se adaptarem, na sociedade, à "irracionali-
pressões informais voluntárias, para en- mentais (nos níveis federal, provipciaVesta-
am?ientalismo radical apresentem um grau ?a~e': subjetiva de governos, organizações e
corajar a responsabilidade ambiental, os dual e local), indústria, academia e grupos
maIOr de contrastes, dentro da perspectiva mdlVIduos. Como foi identificado pelos eco-
estrategistas políticos reconhecem que a ambientais para desenvolver e implementar
intermédia do ambientalismo renovado exis- n~~istas teó~cos ~, da mesma forma, pelos
potencialidade para uma rédea-solta am- um planq de ação. A despeito da melhor
te uma considerável variabilidade no grau cntlcos ambIentahstas (Caimcross, 1991;
biental necessita de ativa intervenção go- das intenções, a~s dez anos de esforços,
de abrangência dos pressupostos ecológicos Dalye Cobb, 1994; Dorfman e Dorfman
vernamental. Entretanto, o protocolo para os participantes consordaram que
1977; Friend, 1992; Hawken 1993' Jacob;
e dos fins e meios prescritos para a susten-
começar tais intervenções não tem sido mui- Em muitos aspectos, foi um período 1993), os pressupostos e téc~icas ~conômi~
tabilidade ambiental. Ver Tabela 1 para um
to encorajador, porque as regulamentações frustrante: novas descobertas, freqüen- cas neoclássicas estão mal equipados para
resumo das características mais importantes
ambientais provaram ser dispendiosas, de temente, parecem servir para ampliar o refletir, de forma precisa, as extemalidades
de cada perspectiva.
difícil manejo e, freqüentemente, inefica- emaranhado dos relacionamentos am- ambientais, os custos e os benefícios qua-
zes (Baram e Dillon, 1993; Nemetz, 1986; bientais, tornando as ações e as soluções A perspectiva do ambientalismo reno~ litativos, bens públicos e recursos limites
mais difíceis e, aparentemente, cada vez vado é a menos clara conceitualmente por- para as substituições, custos de depleção
Paehlke, 1990; Schweitzer, 1977; Simmons
mais complexas, difíceis, demandadoras . que representa o estado atual da sociedade
e Wynne, 1993). de recursos, custos e benefícios projetados
de tempo, e talvez, definitivamente im- humana em que se identifica fluxo e mu.
possíveis (Colburn et aI., 1990 : 11). a longo prazo, sistemas complexos, e assim
dança com relação ao ambiente natural É por diante. Um exemplo, freqüentemen-
Como já se revelou em estudos de ou- também o lugar dos debates político e soei'aI te citado, para ilustrar as inadequações da
I< cC-PP: commonize the cosrs while privatizing the
profits. (N.T.)
tras iniciativas de formulação de política pú. com relação aos fins, às formas e aos meio; economia neoclássica é o paradoxo de que a
374 PARTE II _ QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ES11JDOS ORGANIZACIONAIS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
375 ,
Pressupostos:
Holismo
limpeza de desastres ambientais é contabili- mo radical e renovado, salientam, quanto
Conhecimento Reducionismo SistemM reducionistas
Racionalidade dos meios Meios e fins Racionalidade dos fins zada, no Pill de um país, como crescimento, à ecologia profunda, sua desassociação das
Dualismo político-racionais Integrativo! dialético enquanto que a preservação e a conservação questões ecológicas dos problemas sociais
de recursos ambientais são consideradas (Bookchín, 1994; Bradford, 1987); sua de-
Economia neodássica Economia ecológica Economia estabilizada
Econômico como custos (Cairncross, 1991; Dalye Cobb,
(crescimento econômico (neodássica mais capital (homeostase) fesa da interferência na liberdade individual
e material ilimitado, natural para tomada de •. 'Z<
1994). Com essas contradições, na práti- dos homens, mas não na da vida selvagem
essencial para o decisão ótima) ca, o paradigma social dominante pode ser ou na natureza (Fox, 1990); e a comparam
progresso humano) considerado, mais precisamente, como uma ao antigo neoestoicismo (Cheney, 1989).
Recursos naturais não- Recursos naturais muito perspectiva -ideológica que serve como um Além disso, a ecologia profunda é criticada
Recursos naturais Recursos naturais
infinitos (substitutos renováveis e renováveis limitados ('espaçonave ponto final conceitual contra o qual outras pela falta de uma teoria de transição para
ilimitados disponíveis) Oimites de substituição) terra') perspectivas e ações ambientalistas podem um mundo biocêntrico (Fox, 1990; Luke,
ser medidas. 1988) e sua posição, logicamente inconsis-
Tecnologia dentíjü;a Otimismo tecnológico Otimismo tecnl?lógico Ceticismo tecnológico
tente e simplista (Wexler, 1990; Bookchin,
Crescimento econômico Desenvolvimento Equilíbrio holístico com a 1994: 6), fornece a crítica mais contunden-
Objetivos dominantes
e material ilimitado, sustentável do;ambiegte\ natureza frágil (simbiose) Críticas da perspectiva do te do que considera como a "pobreza inte-
essencial para o natural
progresso humano
ambientalismo radical lectual, cultural e espiritual" da abordagem
Justiça ambiental e social
da ecologia profunda, que beira, afirma ele,
Progresso científico e Desenvolvimento
econômico e industrial
"" Como o conjunto mais extremo dessas à "propaganda ecofascista". Os ecologistas
tecnológico
para reduzir as injustiças perspectivas alternativas, o ambientalismo profundos, que defendem que existe apenas
sociais locaVglobal radical propõe uma completa reforma filosó- "um caminho", isto é, "o seu caminho" de re-
Planejamento e controle
fica da sociedade baseada nos princípios do construção do relacionamento homem~natu-
Gestão ambiental Industrialismo moderno Industrialismo verde
biorregional '. PSD. Todavia, é a agenda da utopia política, reza, podem estar mais parecidos com seus
Tecnologias e
estratégias Ética pós-consumo
social e econômica da ecologia profunda que oponentes do PSD do que eles poderiam
Consumerismo ilimitado Consumerismo verde
evocou as reações mais fortes dos filósofos, supor ou desejariam admitir. Poderia ser
Dispersão da poluição Redução da poluição Eliminação da poluição
dentro e fora do movimento ambientalis~ argumentado que os ecologistas profundos
ta (Fox, 1990; Jacobs, 1991). Os críticos, estão caindo na armadilha positivista de to-
a partir das perspectivas do ambientalis- mar como natural e incontestável conjuntos
PARTE Ir - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
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AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
377 I
de suposições que são resultado de interação lacionamento homem-natureza. Mais nume- Críticas da perspectiva do mento sustentável possibilita aos governos
rosas têm sido as campanhas de resistência ambientalismo renovado e à indústria "abraçarem o ambientalismo
política e social, em vez de uma versão uni.
passiva contra governos e interesses indus. sem comprometimento" (Jacobs, 1993: 59).
tária da realidade ou "verdade". A despei-
Embora o ambientalismo renovado não Acusa-setambém de que os participantes em
to destas críticas, a ecologia profunda tem triais, como o movimento de mulheres de
seja um paradigma "puro", ele representa eventos públicos de perfil destacado, tais
provado ser significativamente influente Chipko, no norte da Índia, para prevenir o
uma diversidade de meios pelos quais a so- como a UNCED, em verdade engajam-se
no discurso ecofilosófico (Fox, 1990), bem desmatamento nos contrafortes do Himalaia
ciedade industrializada tem procurado inte- em política simbólica - projetam a ilusão de
como tem-se tornado a filosofia operante (Shiva, 1988), e os bloqueios ambientalistas grar o meio ambiente ao processo de tomada mudança ambiental substantiva, enquanto,
de muitos ambientalistas radicais (Devall, para prevenir o desmatamento nas velhas de decisão. Como foi observado por Gladwin simultaneamente, protegem e promovem
1988; Manes, 1990).
florestas costeiras de Clayoquot Sound, na (1993), o conceito de "esverdear", na socie- seus próprios interesses econômicos e suas
A natureza radical utópica e abstrata Colúmbia Britânica.* Nas pré-democracias bases de poder. Por exemplo, o endosso da
dade e em suas organizações, está repleto de
dos objetivos social e biológico, subsumi- UNCEDà liberalização global do capital e
da Europa Oriental,' existem numerosos ambigüidades e contradições, mais indica-
dos sob o rótulo do ambientalismo radical, do comércio é considerada como antitética
exemplos de protestos populares efetivos, tivo do modelo "lata de lixo" de tomada de
tem limitado o grau em que essa filosofia ao princípio ambientalista do biorregionalis-
de grande escala, contra a degradação am. decisão (March, 1978) do que de qualquer
exerce influência nas questões do dia-a.dia mo (Hawken, 1993; McRobert e Muldoon
biental, projetos de energia nuclear, projetos escolha racional ou planejamento.
da sociedade moderna. Não obstante isso, 1992). Hawken é especialmente precavid~
o ambientalismo radical serve como um de indústrias poluidoras e o represamento O ambientalismo renovado tem sido
a respeito da eficácia potencial de padrões
guarda-chuva filosófico, útil para diversos do Rio Danúbio (Jancar-Webster, 1993). criticado mais pelos ambientalistas radi-
internacionais para regulamentações am-
grupos de interesse, cujos próprios objeti. Em uma escala menor, as organizações po- cais do que pelas agências principais que
bientais e de comércio, em face dos registros
vos coincidem, embora somente de forma pulares têm centrado seu foco nas crises ele tem procurado reformar. Enquanto os.
ambientais das corporações multinacionais,
parcial, com outros ambientalistas radicais. ambientais, em nível local e regional, tais proponentes do ambientalismo renovado
bem como a natureza de entidades regula-
A composição de grupos específicos que se sustentam ser ambientalmente responsáveis,
como a do depósito de lixo tóxico no Love doras do livre comércio (tais como o GATT),
combinam para empreender uma ação de- uma crítica feita pelos ambientalistas radi- que excluem pequenos negócios, fazendas,
Canal (Wal1ace, 1993). cais é que a tendência antropocêntrica dos
pende, por conseguinte, da ação específica igrejas, organizações ambientalistas e sin-
que está sendo contemplada. O ambienta- Contudo, os ambientalistas radicais ambientalistas renovados propõe somente dicatos. Também existe pouca confiança na
lismo radical alcançou voz política formal têm tido limitada influência nas mudanças ajustes incrementais secundários nos sis- capacidade de entidades internacionais (tais
na eleição de candidatos do partido verde sociais, pelo motivo de que eles se opõem, temas econômico e tecnológico, em vez de como o Banco Mundial) para efetivamente
no Parlamento da Comunidade Econômica claramente, aos arranjos e às instituições mudanças transformacionais na sociedade estabelecerem políticas econômicas am-
Européia e em vários governos europeus mais poderosas da sociedade moderna. Em humana (Colby, 1990). bientalmente sustentáveis, em face de'pres-
(Fisher, 1993; Jancar-Webster, 1993; Spre- vez de trabalharem de forma menos evi- O conceito de desenvolvimento susten- sões contraditórias dos governos dos países-
lOak e Capra, 1986). Na América do Norte, dente, a partir do lado interno, e correr o tável é, talvez, o aspecto mais contencioso membros (Hawken, 1993; Rich, 1990).
os partidos verdes têm sido menos capazes da perspectiva do ambientalismo renovado
risco da cooptação, os proponentes do am- As críticas do ambientalismo radical
de conquistar o apoio do eleitorado (Mc- tanto para os ambientalistas radicais com~
bientalismo radical têm tentado realizar a também atingem o Brundtland Report e a
Closkey, 1991; Slaton, 1992). Em vez disso, para os renovados (Hawken, 1993; Jacobs,
mudanç~ social pelo lado externo. Embora Agenda 21 da UNCEDao classificar o apoio
o ambientalismo radical tem sido mais fre- 1993; McRobert e Muldoon, 1992; Schnai-
eles possam ter tido algum efeito marginal, dado ao desenvolvimento da energia nucle-
qüentemente adotado pelas organizações de berg e Gould, 1994; The Ecologist, 1993).
em questões loc~is restritas, tais como a ar e da tecnologia da engenharia biogené-
defesa popular (Sale, 1993; Snow, 1992a; Com pretensão de englobar ampla diversi- tica como destruidores do ambiente e não
1992b). Para as organizações ambientalistas nítida redução de florestas antigas (Egri e dade de abordagens e iniciativas, a impreci- sustentáveis (Rifkin, 1983; Shiva 1993'
radicais, tais como Earth First, Sea Shepherd Frost, 1994), eles ainda não produziram são do termo 'desenvolvimento sustentável' WEDO - Women's Environment and Develop~
Society, Friends of lhe Earth, Rainforest Ac- um movimento social coerente, nem um permite ampla variedade de interpretações ment Organization, 1992). As ecofeministas
tian Network e outras, os princípios da eco- conjunto de reformas sociais propostas com e ações. Para alguns, o desenvolvimento objetam particularmente à identificação das
logia profunda fornecem uma base lógica probabilidade de serem aceitas ou adotadas sustentável não é possível devido às con- taxas de fertilidade feminina como um dos
das campanhas de ação direta de ecotage
pelos membros da organização na corrent~ tradições fundamentais entre os princípios principais motivos da degradação ambiental
(sabotagem ecológica) e desobediência civil
principal da sociedade. e objetivos da sustentabilidade ambiental (WEDO,1992). Políticas de controle popu-
contra aqueles que eles vêem corno inimigos
e aqueles do desenvolvimento econômico lacional que violam os direitos reprodutivos
da natureza. Nem todos os ambientalistas
(Schnaiberg e Gould, 1994). Alguns criticos das mulheres são vistos como sintomáticos
radicais toleram o uso da violência na luta
* Província do Canadá. (N.T.) argumentam que o conceito de desenvolvi- da contínua marginalização das mulheres e
por uma mudança transformacional no re-
378 PARTE 11 - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
379 ,
da total negligência das questões de gênero peito do crescimento, em número de as- e atuar no relacionamento homem-nature- trução das sociedades modernas" CAldrich
na agenda de mudança dos ambientalistas sociados, de urna série enorme de ativi- za. Um tema comum às três perspectivas em e Marsden, 1988 : 361). Até mesmo um
renovados. dades e do apoio público, o desempenho ecoambientes aqui descritas é seu foco no prêmio Nobel em economia já sustentou que
Relativamente às organizações indus- das principais correntes de organizações meio ambiente físico corno a lente através um mítico visitante do espaço, quando visse
triais, vê-se a responsabilidade ambiental ambientalistas renovadas tem sido menos da qual cada urna vê as conseqüências das a terra, poderia descobrir que as "organiza-
como apenas uma faceta das responsabili- do que exemplar, em termos da ordena- atividades social, política e econômica. Em ções seriam a característica dominante da
dades sociais das empresas de muito maior ção de estatutos ambientais e da mobili- uma extremidade do continuum, o paradig- paisagem" (Simon, 1991 : 27). Mais recen-
extensão, a englobar questões econômicas, zação de apoio para questões outras que ma social dominante (PSD) representa uma temente, os sociólogos Schnaiberg e Gould
legais, éticas e filantrópicas (Carroll et aI., não a proteção da natureza (McCloskey, abordagem na qual os interesses econômicos (1994) tipificaram a visão de mundo domi-
1988). Enquanto alguns argumentam que 1991). e as necessidades da sociedade humana são nante como sendo um "moinho de produ-
objetivos ~e desempenho social e ambiental Em sua defesa, a agenda de mudança preeminentes sobre todos os outros inte. ção", onde a lógica industrial das empresas e
conflituam com objetivos de desempenho incrementaI do ambientalismo renovado resses. Conquanto possa ser argumentado de outras organizações econômicas mantém
econômico (Bucholz, 1993; Hawken, 1993; oferece algumas características positivas. ser essa uma caricatura da realidade (tanto "instituições sociais e políticas de toda a so-
Jacobs, 1993), outros afirmam que o que é Comparada com a posição do ambienta- presente como passada), o PSD oferece um ciedade que ... expandem tanto a produção ...
moral e eticamente certo é também econo- lismo radical, a abordagem renovadora é útil ponto conceitual de partida para ou. como a exploração ecológica" (Schnaiberg
micamente benéfico para as 6rganizações mais abrangente, incluindo diversas "cons- tras perspectivas que advogam mudanças e Gould, 1994: 45). Teorias alternativas ou
industriais (Elkington e Burke, 1989; Rice, tituências" dentro do governq, da indústria para os relacionamentos homem-natureza modos concorrentes de pensamento, tais
1993; Russo e Fouts, 1993; Schmidheiny, e do público em geral, tanto nas negocia- existentes. A principal força da perspecti- como aqueles do ecoambientalismo, terão
1992). Entretanto, a pesquisa empírica in~ ções como nas implementações de ações va do ambientalismo radical reside em sua que ser particularmente robustos se quise-
dica que a responsabilidade ambiental da ambientalmente instruídas. O potencial de (relativa) coerência filosófica, ao passo que rem modificar ou substituir modelos estabe-
empresa é raramente voluntária, ocorrendo transformação pode, desse modo, ser reali- suas prescrições para a ação permanecem, lecidos de organizações baseadas em uma
mais freqüentemente em resposta a enér- zado pelas múltiplas iniciativas incrementais em grande parte, não. testadas. Embora ba- perspectiva orgocêntrica.
gicas regulamentações e à pressão do con- de grande extensão que, no total, podem seada em um conjunto menos coesivo (e, A ortodoxia tradicional, na teoria orga-
sumidor (Iliniteb e Schaltegger, 1993; Sch- resultar em mudança fundamental no re- freqüentemente, contraditório) de pressu- nizacional, tem sido dominada pelas pers.
naiberg e Gould, 1994; Sebot, 1991; Steger, lacionamento homem.natureza. Contudo, postos filosóficos, a perspectiva do ambien- pectivas funcionalistas, nas quais as organi-
1993). Isso tenderia a apoiar os críticos da
corrente dominante (PSD) de que a agenda
problema essencial em relação ao conceito
de "desenvolvimento sustentável", como .. talismo renovado engendra uma abordagem
pragmática mais otimista para resolver pro-
zações têm sido vistas tanto como máquinas
ou organismos vivos ou como alguma com-
do ambientalismo renovado é economica- é concebido e representado atualmente, é
blemas ambientais imediatos. binação de cada metáfora (Morgan, 1980).
mente impraticável (custos maiores, menos que ele registra certa relutância em aban- Na metáfora da máquina, as organizações
empregos) e metodologicamente indesejável donar totalmente os pressupostos, do Contudo, tanto o arnbientalismo re-
são vistas, principalmente, como instrumen-
(aumento da burocracia, menos democra- PSD, de crescimento infinito, consume- novado como o radical desafiaram concei-
tos estabelecidos que ternos dos propósitos tos racionais para a realização de objetivos
cia). Tanto os ambientalisras radicais quanto rismo, crença nas soluções tecnolÓgicas e preestabelecidos e gerados internamente.
os renovados são céticos a respeito da pro- ,"relações sociais hierárquicas. Existe o risco e conseqüências das organizações indus-
Limitações contextuais ou ambientais, que
moção da visão reformista de um "consu- . fundamentai de que uma abordagem incre- triais modernas. Como meio de desenvol-
cercam a consecução das metas e dos obje.
mismo verde" e de um "capitalismo verde", mental pode estar preocupada somente com ver apreciação adicional das tensões entre
tivos, recebem escassa atenção, enquanto o
que podem ser considerados como oXÍmoros a solução de sintó'~às ~uperficiais, em vez essas perspectivas, aborda-se, a seguir, os
ambiente é tido como imutável e um dado
que permitem um estado de falsa consciên- de enfocar a raiz das causas da degradação ambientes vistos através das lentes da teoria
(fabricado) pelos atores organizacionais.
cià-ecoI6&ica (Ekins, 1991; Hawken, 1993; ambiental. Pode ser ilusório acreditar no org~~izacional.
Tais perspectivas são consistentes com as
Jacobs, 1993). gerenciamento da crise ambiental e em sua instituições econômicas do capitalismo e
Dentro do movimento ambiental solução por meio do engenho humano. com o ethos social da competição individual.
hydra-headed (Sale, 1993; Snow, 1992a), o MEIO AMumm NA TEORIA Os ambientes de mercado são considerados
grupos ambientalistas radicais e grupos ORGANIZACIONAL corno sendo auto-regulados. O bem-estar
de defesa populares, freqüentemente, acu- Breves comentários individual e coletivo é maximizado por meio
sam que grandes organizações, burocráti- Tal como os ambientalistas, ~s teoriza- da perseguição de interesses individuais e
cas e institucionalizadas, de ambientalismo Como foi revelado por essa revisão das dores da organização reivindicam' centrali- pela competição social e econômica.
renovado têm sido cooptadas pelo status perspectivas ambientalistas, não existe ne- dade de sua visão do mundo. '1\:) organiza- Quando se visualizam organizações
quo industrial e governamental. A des- nhuma abordagem "perfeita" para visualizar ções ... são os blocos fundamentais de cons- como organismos, admite-se que a sobre-
380 PARTE 11 - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTIJDOS ORGANIZACIONAIS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
381 ,
vêé
vivência continuada de uma organização (de primeira-ordem) e todas as outras orga- organizações necessitam gastar mais tempo possuem definição independente daqueles
é dependente de um relacionamento apro- nizações. A "textura causal" do ambiente da e energia alinhando ações coletivas, sob con- atributos, principahnente sua capacidade de
priado, interativo e interdependente, entre organização focal, portanto, é um mapa con- dições de incerteza, do que quando as condi- manter um negócio que influencia as carac-
a organização e seu meio ambiente. Dessa ceitual das ligações causais nas quais uma ções são estáveis e conhecidas (Thompson, terísticas de sobrevivência de uma popula-
maneira, meios ambientes são cuidados até mudança no comportamento de qualquer 1967). Assim, a incerteza diminui a eficiên- ção de organizações. De fato, os modelos
enquanto restringem ou colocam em perigo organização nesse ambiente influenciaria o cia organizacional (um atributo da máqui- de ecologia populacional de organizações
a sobrevivência organizacional. Na curta e, funcionamento da organização focal. Nessa na), quanto menos energia estiver disponível e seus ambientes são extensões das pers-
não necessariamente gloriosa, história da conceitualização, o ambiente de segunda-or- para perseguir os objetivos acordados. Além pectivas funcionalistas que dominaram a
teoria organizacional (Perrow, 1973), as dem, ao contrário do ambiente de primeira- disso, devido ao fato de que os ambientes teoria organizacional. É irônico e engana-
perspectivas que enfatizam idéias da de. ordem, é potencialmente mais problemático poderiam, potencialmente, significar tudo dor que os modelos derivados da biologia,
pendência ambiental são relativamente no- para o funcionamento de uma organização que esteja fora dos limites organizacionais, a aplicados às análises das organizações e seus
.i-
vas. Embora tenham havido anteriormente focal. Primeiro, mudanças nos elementos atenção é focalizada somente naqueles atri- ambientes, e providos com um rótulo ecoló-
idéias, dispersas, em relação às conseqüên- ambientais são menos visíveis nos ambientes butos ambientais que tornam problemática gico, tenham tão pouco a ver com a biosfera
cias desta dependência ambiental (Dill, da segunda-ordem. Segundo, a natureza das a perseguição dos objetivos organizacionais. (Young, 1988). Outras tentativas de chegar
1958; Bums e Stalker, 1961), pesquisa per- interdependências causais nos ambientes Os decisores organizacionais são iÍldiferentes a definições de ambientes organizacionais
manente sobre a natureza 'dos ambientes da segunda-ordem raramente é conhecida aos eventos que tenham conseqüências para independentes têm sido utilizadas para de-
organizacionais não começou a apresentar ou compreendida pelos r~presentantes da outros stakeholders situados no "ambiente", finir os atributos das próprias organizações.
completo desenvolvimento antes do final organização focal. mas que tenham poucas conseqüências para Dessa forma, Scott (1992) utiliza definições
dos anos 60 e início dos 70 (Duncan, 1972; Emery e Trist estenderam esse quadro a organização focal. de mercados, dos economistas, tais como
Emery e Trist, 1965; Evan, 1966; Jurkovich, referencial para desenvolver uma classifica- Relativamente, poucas tentativas têm concorr~ncia perfeita ou oligopólio, para
1974; Lawrence e Lorsch, 1967; Osborne ção inicial dos ambientes organizacionais. sido feitas para definir ambientes; indepen- ilustrar e resumir as conseqüências dos atri-
e Hunt, 1974; Thompson, 1967). Desde Os ambientes organizacionais são proble- dentemente, de uma única organização fo- butos de um ambiente de uma firma para o
então, têm havido aferições dispersas dos máticos em função do grau de incerteza calou de um grupo específico. 5cott (1981 : delineamento organizacional.
ambientes organizacionais, que não muda- que eles apresentam para os decisores or- 170) identificou níveis diferentes de análise Em todos esses exemplos, as conceitua-
ram radicalmente as perspectivas tradicio- ganizacionais. Tal incerteza é indicada pela para o estudo dos ambientes organizacio- lizações dos ambientes organizacionais fra~
nais orgocêntricas (Aldrich, 1979; Aldrich força das ligações interorganizacionais e as nais. Sua revisão incluiu conceitos do ce- cassam quando não incluem, explicitamen-
.-e Marsden, 1988; Aldrich e Pfeffer, 1976; taxas de mudança dos elementos organi- nário da organização (Blau e 5cott, 1962; te, considerações acerca do ambiente na-
Carrol et aI., 1988; Meyer e Scott, 1983; zacionais em um ambiente. As condições Evan, 1966) e o termo relacionado de domí- tural. Até mesmo as tentativas para definir
Starbuck,1976). ambientais são as mais problemáticas e pro- nio organizacional (Levine e White, 1961; ambientes em níveis de análise ambiental
As conceitualizações atuais sobre os duzem maior incerteza quando as ligações Thompson, 1967), os quais são similares baseiam-se em construtos relacionais. Isto é,
ambientes organizacionais podem ser re- interorganizacionais são densas e as taxas às idéias de Emery e Trist (1965) de am- os ambientes são definidos como não tendo
cuperadas do trabalho seminal de Emery de mudança são altas. Tais ambientes são bientes de primeira-ordem. Em níveis mais nenhuma outra característica a enunciar que
e Trist (1965). O tratamento que deram à -caracteri~ados como sendo "turbulentos". amplos e abrangentes de análise, os am- não seja seus atributos organizacionalmente
"textura causal" dos ambientes organiza- Em uma !lmpliação, potencialmente profé- bientes podem, também, ser considerados relevantes. Dentro dos paradigmas domi-
cionais visualizou um conjunto de depen- tica, do modelo de Emery e Trist, Terryberry como todas as organizações que constituem nantes de ambientes definidos em termos
dências transacionais entre um conjunto de (1967) e~amirróu 'às ~endências na socieda- a comunidade ecológica (Hawley, 1950) ou organizacionais, temos poucos, se algum,
organizações, observadas a partir da pers- de moderna e previu que os ambientes da o campo interorganizacional (Warren, 1967; meios de avaliar as conseqüências das ações
pectiva. de uma única organização focal. O maioria das organizações evoluiriam para a Trist, .1983)_ Por exemplo, um desenvolvi- organizacionais para as qualidades does)
ambiente de primeira ordem de qualquer turbulência - uma condição que não é des- mento mais recente, em relação à natureza ambiente(s) que as contém.
organização focal consiste nos relaciona- conhecida para os estudantes da literatura dos ambientes organizacionais, originou-se As perspectivas tradicionais sobre orga-
mentos entre essa organização e as outras contemporânea de negócios ou da teoria do com a teoria da ecologia populacional das nizações e seus ambientes ganharam acei-
com as quais ela mantém transações diretas caos (Gleick, 1987)_ organizações de Hannan e Freeman (1977). tação em virtude de sua utilidade para a
_ tais como fornecedores e clientes. O am- Ao desenvolver essas conceitualizações Embora essas teorias apliquem modelos, iniciação e comprometimento da ação co-
biente de segunda-ordem da organização dos ambientes, os teóricos da organização teorias e métodos das ciências biológicas a letiva (Starbuck, 1983), especialmente por
focal consiste de todos os outros relacio- e da administração expandiram a maneira populações de organizações, os ambientes poderosos decisores organizacionais, cujos
namentos, ou dependências transacionais, tradicional funcionalista de pensar para além são novamente definidos em termos rela- interesses pessoais admitia-se estar alinha-
entre as organizações do ambiente imediato dos limites organizacionais. Por exemplo, as cionais. Os ambientes organizacionais não dos com os das organizações por eles repre-
382 PARTE n- QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTUDOS ORGANIZACIONAiS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
383 I
sentadas. No emergente mercado de edu- prioridades dos decisores organizacionais. Em ambos os casos, os valores sociais serão participantes organizacionais são afetados
cação empresarial, durante o período pós- Essa visão confere às organizações grande trazidos pelos participantes organizacionais por tais questões. As ações organizacionais
Segunda Guerra Mundial, pelo menos duas espaço de influência relativa sobre seus am- para dentro do comando e da orientação das que degradam o ambiente local tornam.se
gerações de gerentes em treinamento foram bientes. Enquanto tais caracterizações são, atividades organizacionais. Dessa forma, pertinentes quando a sobrevivência organi-
expostas a exposições fundamentadas* de indubitavelmente, verdadeiras para um pe- pode ser dito que as organizações adaptam- zacional futura ou sua lucratividade é ame-
ordem limitada como estas. Contudo, outras queno número de grandes e poderosas orga- se a seus ambientes, em, pelo menos, duas açada pelas restrições impostas pela legis-
visões das organizações e seus ambientes nizações, essa perspectiva ignora a enorme maneiras. Primeira, dentro da perspectiva lação ou pela escassez de recursos naturais.
via concepções de sistemas abertos têm sido proporção de organizações que são mais am- limitada de um modelo racional e mecanÍs. Em contraste, um tema claro para muitos
desenvolvidas a partir de perspectivas mais bientalmente dependentes. Além disso, essa tico, as organizações mudam quando está ambientalistas é que as ações limitadas e
institucionais e críticas. perspectiva também falha em considerar o dentro dos interesses próprios limitados da míopes dos atores organizacionais degra-
potencial para as crenças, normas e valores organização agir assim. Segunda, a partir do dam, inevitavelmente, o meio ambiente. A
Na,s perspectivas dos sistemas abertos,
ambientais a serem incorporados nos axio- ponto de vista institucional, as organizações partir dessa perspectiva, existe uma liga-
o limite entre _as organizações e seus am.
mas, pressupostos e valores de poderosos ajustar.se-ão aos valores sociais em mudan- ção clara entre as ações organizacionais e
bientes é visto como permeável. As organi-
membros organizacionais (Beyer, 1981). ça, à medida que estes são incorporados sua concepção do que se constitui no meio
zações não podem ser facilmente separadas
As atividades organizacionais não são nas premissas decisórias dos membros da ambiente. Contudo, o que os ambientalis-
dos ambientes em que estãq inseridas. Elas
coalizão dominante da organização (Meyer
não somente se adaptam li seus ambien- independentes dos sistemas social, econômi-
e Rowan, 1983; Powell e DiMaggio, 1991).
tas têm feito, exortando as organizações a
tes, mas também influenciam fortemente co, cultural, político e técnico, mais amplos, modificarem seus comportamentos, sem,
dos quais são uma parte. Todos têm'inte. Está completamente claro, apesar de rara- no entanto, estruturar tal persuasão à luz
a natureza desses ambientes. Originado do
resses e comprometimentos externos que mente examinado de forma explícita, que dos interesses próprios das organizações,
trabalho seminal de Selznick (1948 : 1957)
norteiam seus comportamentos dentro da os conceitos orgocêntricos dos ambientes é não compreender bem a lógica da ação
em sociologia organizacional, numerosos
organização, bem como seus objetivos pre- organizacionais possuem aparentemente organizacional.
estudos examinaram os processos de adap-
tendidos para as atividades organizacionais. pouca superposição com as preocupações
tação organizacional. Perrow (1972) esbo- A despeito de tais confusões, acredi-
As organizações importam conhecimento e dos ambientalistas. Nenhuma tem uma visão
ça duas opções genéricas~ As organizações tamos que existe um nexo para essas di-
tecnologias' para seus domínios internos. completa das outras, e concepções erradas
menos poderosas são "capturadas" pelos po- ferentes perspectivas. Demonstramos que
Elas também absorvem recursos e suprimen- são ativamente encorajadas. A perspectiva
derosos elementos ambientais e modificam as abstrações funcionalistas dos ambien-
tos, que são combinados e transformados, ambientalista do homem de palha - homem
suas metas e objetivos para assegurar tanto tes organizacionais subestimam o potencial
para gerarem produtos (outputs) para o am- facilmente dominado - do paradigma social
- a sobrevivência da organização como, pre- para os aspectos do ambiente natural a se-
biente social maior. As organizações neces- dominante, bem como a perspectiva dos
sumivelmente, uma continuação das qua- rem incluídos nas premissas de decisão dos
sitam, a longo prazo, continuar provendo ambientalistas radicais, falham em reco-
lificações dos atores organizacionalmente atores organizacionais. Como indivíduos
funções de valor para a sociedade maior se nhecer organizações com as características
dependentes. Alternativamente, organiza- que esperam continuar a existir na limitada
quiserem continuar a sobreviver (Fellmeth, de sistemas abertos. Defensores da raciona-
ções mais poderosas são capazes de impor biosfera da espaçonave terra, acreditamos
1970; Maniha e Perrow, 1965) .. lidade limitada, inserida nas perspectivas
sua visão de mundo em outras organizações que as ações ambientais interessadas serão
do PSD, receiam a indeterminação, asso-
e agências. Neste último cenário, poderosos A conseqüência líquida dessas pressões norteadas pelos valores, conhecimentos e
ciada com a inclusão de valores humanís-
líderes organizacionais adaptam a ideologÍa é que as çrganizações devem tomar-se mais experiências dos atores organizacionais.
ou menoS isomór{icas com seus ambientes, ticos, nas considerações organizacionais.
e os recursos sob seu controle para produzir
pois exige-se tal "aJustamento"*" se quiserem Os, ambientalistas radicais têm proposto,
exigências ambientais vantajosas para os
adquirir os recursos-'e a legitimidade neces- ate agora, somente ideais românticos
membros da coalizão dominante que con.
sários para operar nesses ambientes. Em cO,!TIpouca atenção dispensada à form~ INTEGRANDO AS PERSPECITVAS EM
trolaa organização (Aldriche Pfeffer, 1976).
prática pela qual seu nirvana pode ser alcan- ECOAMBIENTES E ORGANIZAÇÕES
É nesta última conceitualização que se lo- termos convencionais, as organizações am-
bientalmente dependentes terão que se -ajus- çado. Os ambientalistas renovados propuse-
calizam os medos de alguns ambientalistas.
tar a fortes demandas ambientais, ao passo ram várias modificaçõe$ aos valores do PSD, Essencialmente, o debate ambientalista
As organizações se adaptam à definição de
que as organizações mais poderosas,Podem mas relativamente poucas foram traduzidas está preocupado com as mudanças funda-
seu ambiente-tarefa, mas os interesses indi-
moldar as exigências ambientais de forma a em estruturas orgocêntricas de ação. mentais e transformacionais na estrutura
viduais, societais e ambientais (biofísicos)
não são, necessariamente, considerados nas melhor se adaptarem a suas necessidades.' A partir da perspectiva da teoria orga- profunda da sociedade (ver Elliott, 1988;
nizacional, a degradação ambiental torna-se Egri e Frost, 1994; e outros). Urna questão
relevante somente quando o desempenho que se impõe, portanto, relaciona-se com
• Rationale, no original. (N.T.) ** Fit, no original. de uma organização focal e o bem-estar dos a extensão na qual, de forma conceitual e
384 PARTE II - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTIlDOS ORGANIZACIONAIS
AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
385 I
prática, o presente estado de coisas deveria prováveis são avaliadas. Um elo comum geneticamente similares, ou por sociedades
permanecer ou se existem vantagens no que une cognições e racionalizações asso- os interesses são realizados. Seja qual for
inteiras. Quando pode ser mostrado ao inte-
aumento de superposição e síntese dessas ciadas com a intencionalidade da ação é o a perspectiva ambiental aceita. se quiser-
resse próprio que ele já está correndo risco,
idéias distintas. Isto é, em que extensão as interesse próprio. mos alcançar objetivos. são necessários a
em conseqüência de ações sobre as quais ele
tradição orgocêntrica, a filosofia e o conhe-
percepções ambientalistas dos ambientes Os interesses próprios podem ser vis- tem controle. essas ações serão mudadas.
cimento. As organizações são coletivida_
biofísicos podem e devem ser incorpora- tos por meio de várias lentes diferentes. Todavia. quando as conseqüências das ações
des sociais com interesses especiais, cujas
das nas percepções organizacionais sobre Em seu nível mais primitivo e interesseiro, atuais são problemáticas, pouco evidentes e
atividades são norteadas pelos interesses
seus ambientes? Nesta seção do capítulo, o interesse próprio é de curto prazo e to- não necessariamente experienciadas antes
dos participantes organizacionais. Esses in-
focalizam-se duas questões - interesse pró~ talmente preocupado com a sobrevivência de várias décadas ou futuro muito distante,
teresses estão circunscritos por aqueles de
prio e teoria dos sistemas - que ilustram os física do indivíduo. Em nível distante dessa os interesses próprios daqueles que se be-
outros atores que operam tanto dentro como
desafiQs na integração dessas abordagens primitiva conceptualização está um concei- neficiam dos atuais arranjos liderarão as re-
fora dos limites organizacionais e são con-
distintàs dos ecoambientes. to de interesse próprio baseado na famí- sistências aos defensores do ambientalismo.
siderados essenciais para o funcionamento
lia imediata e na progênie (Simon, 1993; Em situações contestadas, tais como essas
organizacional. Os ambientes definidos or-
Samuelson, 1993; Wilson, 1975). Os indi- reivindicações por legitimidade. baseadas
ganizacionalmente são construtos funcio-
o interesse próprio e a víduos poderiam considerar sacrificar seu em evidência científica parcial; ideologia
nalmente proveitosos para a realização das
bem-estar (suas vidas?) por uma mudança normativa e debates políticos, tornam-se a
mudança ambiental para melhor na sobrevivê.ncia da progênie moeda do debate público (Pinfield e Bemer,
ações coletivas. A perspectiva ambiental
descrita como o paradigma social dominante
que carrega seus genes. Dessa forma, os 1992; Samuel e Spencer, 1993; Schelling,
As características dominantes da socie- 1992). é uma interpretação incipiente e limitada
pais renunciam ao lazer e ao consumo para
dade contemporânea estão profundamente das perspectivas de ação nas organizações,
investir na educação de seus filhos e provê- Contudo, uma avaliação compartilhada
enraizadas. Desafios ao status quo precisam eis que ignora o construto de ambientes
los com recursos para que melhorem suas das questões ambientais é crucial, já que a
ser embasados em motivos poderoso~, se organizacionais estabelecido por meio de
oportunidades de vida. À pequena distância solução de ameaças ambientais, invariavel-
pretenderem modificar os arranjos existen- relações. Todavia, modelos de organizações
estaria o interesse próprio baseado em uma mente, requer ação coletiva interdependen-
tes, que podem ter embutidas fortes tendên- vistas como sistemas abertos, embora ain-
coletividade familiar livre tal como um clã te. Faltando concordância substancial. acer-
cias para a autodestruição global. Dessa for- da problemáticos, permitem a introdução
ou uma tribo. A mais ampla conceitualiza- ca da natureza das ações colaborativas, é
ma nossa discussão do interesse próprio é de preocupações ambientalistas dentro dos
ção do interesse próprio é aquela baseada improvável que as ações individuais venham
apr'esentada como um dispositivo para unir critérios de decisão organizacional. Os atri-
nas espécies (hamo sapiens). Os indivíduos a atender aos interesses de qualquer cole-
as preocupações pelo meio ambiente com a e as coletividades renunciam aos retornos butos (caricaturas), caracterizações do PSD,
tividade superior. Semelhantemente. ações formulados pelos ambientalistas, de que as
possibilidade da ação organizacional. de atividades imediatamente benéficas, tais locais, empreendidas pelas coletividades, organizações contemporâneas apresentam
Na sociedade contemporânea, as orga- como o desenvolvimento da energia nucle- terão efeito insignificante nas conseqüências
nizações são os meios fundamentais para fronteiras hermeticamente seladas entre
ar ou a utilização de combustíveis fósseis globais, a menos que outras coletividades,
realizar a ação coletiva. Não obstante, as para melhorar as probabilidades de que os elas mesmas e seus ecoambientes, são repre-
que também contribuem para a degrada- sentações inexatas do que acontece hoje em
ações coletivas geralmente estão estrutur~- . cidadãos .,de hoje e os do futuro, de todo o ção ambiental, modifiquem seus comporta-
das dentro de uma hierarquia de sistemas dia. Além disso, os paralelos organizacio-
planeta, pudessem ser expostos a menores mentos. Além disso, deve-se reconhecer que nais contemporâneos do PSD encorajam
encaixados. Os atores individuais enfrentam riscos anibientai~ que vão desde o aumento nem todas as pessoas e coletividades estão perspectivas de ação que, por fim, pode-
a realidade dos objetivos conflitantes em da radiação solar,\à, proliferação de armas similarmente localizadas para perceber ou riam incluir melhorias na prática de abusos
suas experiências individuais de ambiva~ nucleares. ao aquecimento do planeta ou à experienciar a escassez e a degradação dos ambientais.
lência~' Os indivíduos também experienciam elevação do nível dos mares. reç,ursos.
a tensão entre seus objetivos pessoais e os Dois aspectos de percepções rivais da Em contraste, a perspectiva do ambien-
A expressão de interesses especiais e o talismo radical apresenta uma visão trans~
sistemas sociais imediatos, tais como famí- realidade complicam as avaliações do in- trabalho por meio de ações coletivas reque-
lias e grupos de trabalho que modelam a teresse próprio, que estruturam formacional dos resultados desejados. As
as pers- rem a atividade das organizações. A obten-
ação individual. Em níveis maiores e mais ações organizacionais exigidas ''para chegar
pectivas de ações. Por um lado. podemos ção dos resultados desejados por qualquer
amplos de análise, a saliência das perspec- considerar a proximidade ou a distância lá a partir daqui" não são consideradas. As
grupo ambientalista necessita de uma apre-
tivas individuais diminuem enquanto que da ameaça ambiental. Por outro lado, as perspectivas organizacional e ambientalis-
ciação de como o interesse especial e os
os interesses organizacionais, regionais e, ameaças ambientais podem ser considera- ta radical são, atualmente, incompatíveis
objetivos coletivos podem ser alcançados.
possivelmente, nacionais fornecem estru- das como sendo experienciadas (e, portanto, e a possibilidade de uma síntese das duas
Vivemos em um mundo organizacional onde
turas por meio das quais ações coletivas motivadas) pelos indivíduos, pelos grupos é mínima. No curto prazo, os proponentes
as organizações são os meios pelos quais
da perspectiva ambientalista radical preci-
386 PARTE Il - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESmDOS ORGANIZACIONAIS AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MElO AMBIENTE
387 I
saro utilizar e controlar a mídia de massa sejam usadas a fim de nortear e redirecionar jam percebidas como sendo cada vez menos Existem várias questões teóricas que
se quiserem que sua mensagem seja rece- as atividades dos participantes organiza- legítimas. Em qualquer caso, a condição de permanecem, em grande parte, sem solução
bida e aceita pelos membros mais influen- cionais? Para aqueles indivíduos cujos inte- legitimidade dos arranjos organizacionais na literatura da teoria sociológica e organi-
tes da sociedade. Nós consideramos que as resses não são atendidos, ou que são, pos- existentes torna~se o gatilho para mudan- zacional sobre sistemas sociais como tam-
exigências para a ação coletiva, provavel- sivelmente, prejudicados, pelas atividades ça das atividades organizacionais em que bém na teoria ecológica sobre os sistemas
mente, produziriam conflito entre as idéias de uma organização focal, dois conjuntos julga-se que os interesses próprios da coali- ecológicos. A teoria dos sistemas abertos nos
orgocêntricas e a coerência da posição am- de táticas estão disponíveis para modifica- zão dominante são contrários aos interesses direciona para considerar as organizações e
bientalista radical. Os proponentes do am- rem aquela situação. A primeira é descobrir dos outros membros da sociedade. Conflito a biosfera como fenômenos dinâmicos, que
bientalismo radical podem considerar que caminhos de influência, por meio da pre- político contínuo continuará a existir entre estão constantemente se ajustando às mu-
suas realizações são limitadas pela negativa sente superestrutura institucional (Astleye objetivos sociais e organizacionais e a qua* danças ambientais. -Os sistemas compreen-
inerente da existência de interesse próprio Fombrun, 1987) da comunidade da qual é lidade do ambiente natural (Schnaiberg e dem subsistemas e unidades individuais,
nas ações organizacionais. À semelhança de membro a organização focal. Se a superes- Gould, 1994). que também estão em estado de mudança
outros que já argüiram no sentido de que trutura institucional existente fornece pouco dinâmica em relação ao outro. Contudo, as
preocupações sociais maiores fossem eoo. ou nenhum recurso, então os cidadãos (pelo ligações entre a ação individual e as con-
sideradas nos objetivos organizacionais, os menos aqueles em sociedades democráticas) A promessa da seqüências no nível sistêmico (o relaciona-
defensores do ambientalisrnd radical podem têm oportunidades para elaborar tal supe- mento micro e macro) e as ligações entre
acabar enfraquecendo suas energias emocio- restrutura na forma de noyas legislações e
teoria dos sistemas as mudanças no nível sistêmico e as con-
nais em função da falta de progresso, ou sua regulamentações. Não é provável que tais seqüências individuais (o relacionamento
A teoria dos sistemas parece ser uma
atenção pode ser desviada para outras ques- desenvolvimentos ocorram rapidamente. macro e micro) permanecem, em grande
estrutura conceitual comum para ambos os
tões (Downs, 1972). A influência ideológica Reconhecemos que é possível que danos de parte, inexploradas -pelos cientistas sociais
domínios, o ambientalista e o organizacio-
do ambientaHsmo radical vai persistir, mas longo prazo ocasionados pelas atividades (Ashmos e Huber, 1987; Coleman, 1986;
de forma silenciosa, o que irá ajudar a dimi- de organizações focais possam estar bem nal. Na verdade, prescrição comum entre os Namboodiri, 1988). Uma exceção impor-
nuir a força de esforços adicionais do ponto caracterizados antes que quaisquer restri- escritores ambientalistas consiste na ado- tante é a exploração da natureza das cone-
de vista do ambientalismo renovado. ções significativas possam ser desenvolvi- ção, total, em sociedades e organizações, xões entre os sistemas social e ecológico,
dos princípios de sistemas ecológicos como em termos de acoplamento rígido e frouxo
O ambientalismo renovado oferece das e aplicadas. Além disso, é provável que
o "único caminho" na direção da sustenta- (Weick, 1979).
uma perspectiva viável de longo prazo em o desenvolvimento de nova legislação seja
bilidade ambiental (Milbrath, 1989; Shri-
'.bioambientes, porque é só essa perspectiva contestado por aqueles que se beneficiam Em geral, sistemas frouxamente acopla-
pela ausência de tal legislação e por aque. vastava, 1992/1994; Stead e Stead, 1992).
que mais ou menos aceita o utilitarismo dos têm sido freqüentemente considerados
O que é menos discutido dentro de cada
de ação coletiva de definições dos ambien- les cujos interesses possam ser prejudicados corno uma característica positiva das orga-
pela aprovação de tal legislação. Todavia, perspectiva é que a realidade é socialmente
tes organizacionais em termos relativos. nizações, enquanto sistemas rigidamente
As avaliações dos ambientes, definidas em as "regras" formais e informais que regulam construída, sendo problemático o efeito que
acoplados são considerados como menos de-
termos biofísicos, são relevantes para os de- a conduta e as conseqüências das 'atividades as fronteiras temporal e espacial, que tanto sejáveis nas organizações modernas. Como
cisores organizacionais quando traduzida~ 'organizaclonais deveriam estar sujeitas ao focalizam como limitam a atenção, produ- foi determinado- por Perrow (1984), siste-
em termos de seu interesse próprio. Esses exame, aCurado, científico e político. zem. De forma paradoxal, essas caracterís- mas tecnológicos rigidamente acoplados
ticas problemáticas, de ambos os domínios,
interesses próprios podem ser definidos em , e a avaliação política
O exame acurado
permitem uma futura confluência, otimista
são propensos a "acidentes normais". Mais
termos, cada vez mais amplos, dos valores ocorrem dentro de uma ideologia normativa recentemente, Weick e Roberts (1993) pro-
societais, norteados pela nova informação existente. Como parté do processo de tentar e adaptável, de dois esquemas conceituais puseram que sistemas sociais rigidamente
relativã' às conseqüências das ações organi- mudar ou retrabalhar a legislação existen- hi.s.!oricamente separados. À medida que a acoplados pudessem mediar ou neutralizar
zacionais individuais e coletivas. Enquanto te, a ação política necessariamente envo,lve informação, sobre os efeitos das ações cole. os perigos inerentes dos sistemas tecnológi-
temos informação incompleta sobre essas tentativas de mudar as ideologias existentes. tivas, humana e organizacional, na biosfera, cos rigidamente acoplados. Conceitualizan-
conseqüências (Hawken, 1993; Shrivastava, Os proponentes de nova legislação podem toma-se disponível, ela-será, gradualmente do a mentalidade coletiva como "o padrão
1994; Stead e Stead, 1992), isto representa tentar aplicar a persuasão moral às a~ivida- legalizada dentro das crenças de atores so- de cuidadosas inter-relações das ações em
nitidamente uma oportunidade para mais des de uma organização focal. Eles podem. ciais (Gamson et aI., 1992). Os indivíduos, um sistema social", Weicke Roberts (1993:
pesquisa organizacional, verdadeiramente tentar mudar os valores dos membros da quer por meio do interesse próprio ou por 357) propõem que as ações individuais em
interdisciplinar. coalizão dominante ou trabalharem para meio do cultivo de uma consciência ecológi- sistemas de alta confiabilidade (perigosos)
Uma vez que tal informação toma-se mudar os valores sociais maiores de forma ca, modificarão as conceitualizações coleti. precisam ser tanto representativos como
disponível, que oportunidades há para que tal que as atividades das empresas-alvo se- vas das organizações e seus ambientes. subordinados aos significados mutuamente
388 PARTE 11 - QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTIJDOS ORGANIZACIONAIS
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AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE
389 I
compartilhados e às comunidades profissio- prática cuidadosa de representação e subor- dos desvios e bonanças temporárias na ati- o ambiente natural meramente pelo seu va-
nais. A cooperação, e não o individualismo, dinação." Na medida que estes valores cultu- vidade. Um dos motivos por que o desafio lor estético (como pela ecologia profunda),
é essencial para a ação cuidadosa (atenta) rais permanecerem dentro da perspectiva do ambiental para a sociedade e suas organiza- com a exclusão de outras relações com o
em sistemas de complexidade interativa. ambientalismo renovado, a ação ambiental ções promete permanecer e tornar-se mais ambiente natural, renega o desenvolvimen-
Isso possibilita maior complexidade no de~ cuidadosa continuará a estar comprometida proeminente é que os seres humanos estão to das relações materiais necessárias para
senvolvimento de uma apreciação da dinâ- e as mudanças incrementais podem conti- testemunhando e experienciando os efeitos a existência física humana. Por fim, existe
mica do acoplamento rígido ou frouxo entre nuar isoladas ou absorvidas pelo status quo. deletérios da degradação do ambiente natu- uma necessidade de equilíbrio entre esses
sistemas organizacional e ecológico. A teoria dos sistemas oferece também uma ral em escala e escopo sem precedentes na relacionamentos díspares e, algumas vezes,
Dentro da perspectiva do ambientalis. hipótese alternativa com relação ao resulta- história da humanidade. conflitantes com o ambiente natural - não
mo renovado, a ecologia industrial propõe do das ações incrementais. Coerente com a Outro motivo pode ser encontrado no um equilíbrio final estático, mas um equi-
que se au.mente a segurança ambiental por premissa subjacente do credo ambientalista conceito de biofilia, que é definido como "a líbrio dinâmico entre sistemas existenciais
meio do desenvolvimento de sistemas fe- "Pense globalmente, aja localmente", o que afiliação emocional inata dos seres humanos naturais e humanos, em evolução.
chados de produção industrial rigidamente pode aparentar ser mudança incrementai com outros organismos vivos" (Wilson, 1984 Um argumento similar pode ser feito
acoplados. A pressuposição subjacente é numa pequena parte de um sistema pode, : 31). A hipótese da biofilia propõe que as com relação à introdução do ambiente natu-
que a atividade industrial é inerentemente no decorrer do tempo, ampliar-se e produzir relações humanas com o ambiente natu- ral dentro do discurso da teoria e da prática
perigosa para os sistemas eC01ógicos, nos efeito e grande transformação em sistemas ral são afetadas, simultaneamente, pelas das organizações. Como desenvolvido em
quais os sistemas industriais necessitam ser de nível macro. De forma ~ndependente, dimensões material, emocional, cognitiva, nossa discussão da teoria organizacional, as
cuidadosos, embora desobrigados com os metodologias tradicionais de pesquisa que estética e espiritual da existência humana conceitualizações ortodoxas dos interesses e
ecoambientes maiores. Coerente com as ob- limitam o escopo espacial e temporal da (Kellert, 1993). As três perspectivas alterna- ações organizacionais têm sido amplamente
servações de Weick e Roberts, em relação indagação parecem ser mal ajustadas ao tivas em ecoambientes, identificadas neste destituídas das considerações da conexão
aos sistemas sociais rigidamente acoplados tratamento de questões relativas a fenôme- capítulo, representam graus de ênfase em homem-natureza. Contudo, existe ainda
sob tais condições, as ações individuais são nos de sistemas multifacetados. A pesquisa cada dimensão inter-relacionada. Enquan- evidência crescente de que mudanças no
norteadas e subordinadas àquelas de valor organizacional precisa promover o desen- to o paradigma social dominante enfatiza ambiente físico virão trazer, claramente,
coletivo da sustentabilidade ambiental. volvimento de uma variedade de aborda- relações utilitárias e de dominação dos ho- mudanças societais. A partir das perspec-
Mais problemáticas para a existência de gens para estudar as organizações e seus mens para com a natureza, a perspectiva do tivas ambientalistas, a mudança biofísica e
ação ambiental acordada são o que Weick ecoambientes. ambientalismo radical enfatiza as conexões social é iminente e inevitável. Dessa manei-
e'Roberts identificam como condições onde emocional, estética e espiritual dos homens ra, apoiar o status quo na teoria e na ação
existe uma mentalidade coletiva primitiva. com o ambiente natural. A perspectiva (de organizacional não é um caminho seguro, e
Como estudado na análise da perspectiva CONSIDERAÇÕES FINAIS meio termo) do ambientalismo renovado re- sim um caminho destrutivo para a biosfera e
do ambientalismo renovado, permanecem presenta uma abordagem mais cognitiva (ou a espécie humana. Que a mudança é inevi-
contradições significativas entre valores es- Quanto mais saímos do mundo, me- científica) para integrar e equilibrar essas tável não é assunto em questão. É a direção
posados e ações visíveis a respeito do am- nos o deixamos e, no longo prazo, tere- dimensões, algumas vezes contraditórias. O e a natureza da mudança que são os focos
biente natural. Enquanto parte disso pode._; mos que pagar nossos débitos de uma só dogma central da hipótese da biofilia é que do desafio ambientalista para a ciência da
vez, {}que pode ser inconveniente para
ser atribuído ao estágio inicial do conceito' ,'j cada abordagem tem um lugar e um papel organização. Como propôs Lovelock (1988)
a nossa própria sobrevivência (Wiener,
de desenvolvimento sustentável, muito pode a desempenhar na hist6ria evolucionária em seu princípio Gaia, a biosfera do planeta
1954: 2). \
ser determinado pela falta de disposição de da humanidade. Ênfase demasiada em uma continuará a adaptar-se e a mudar como
abandonar totalmente os valores do indivi- O "ciclo problema-atenção" das ques- ou em algumas facetas, com a exclusão de resultado dos fenômenos humano e não-
dualismõ. e os princípios do livre mercado tões sociais poderia sugerir que a atual preo- outras, pode ter conseqüências destrutivas humano: a questão essencial é se a futura
concorrencial das sociedades ocidentais in- cupação com as questões ambientais é ape- tanto para os homens como para o ambien- biosfera poderá incluir a espécie humana.
dustrializadas. Esses valores identificam um nas temporária e se desvanecerá quando os te natural. Por exemplo, focalizar somente
acoplamento frouxo dentro e entre os siste- problemas forem resolvidos e um público no valor material e nos benefícios a serem
mas social, tecnológico e ecológico. Como aborrecido dirigir sua atenção para outros obtidos a partir do ambiente natural (como NOTAS
Weick e Robens (1993 : 378) assim identi- temas (Downs, 1972). Contudo, evidência pelo paradigma social dominante) norteia
ficaram: "Uma cultura que encoraja o indi- histórica e empírica está provando o contrá- ações ambientalmente insustentáveis e irá 1. Em 1935, o ecologista botânico inglês Tansley
vidualismo, a sobrevivência do mais apto, rio (Dunlap, 1989). A preocupação com o ameaçar, a longo prazo, por fim, ~s necessi- introdUziu o conceito de ecossistema como sendo:
"todo o sistema (no sentido da física) incluin-
o heroísmo machista, e as reações do tipo ambiente natural tem urna longa história e dades de sustento, proteção e segurariça dos
do não somente o complexo do organismo, mas
poder-fazer, freqüentemente negligenciarão provou ser notavelmente resiliente, apesar seres humanos. De forma similar, preselYar também todo o complexo de fatores físicos que
390 PARTE 11- QUESTÕES E TEMAS EMERGENTES EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
AS ORGANIZAÇÕES E A BIOSFERA: ECOLOGIA E MElO AMBIENTE
391 I
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2. Como proposto por Kassas e Poluoin (1989), os COLB¥, M. E. Ecology, economics, and social
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ecossistemas compreendem três sistemas: a bios- __ o
systems: the evolution of the relationsmp between
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vê serviços ambientais (tais como suporte à vida
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4. A primeira lei da termodinâmica é a lei da con- Developrnent. Loodres: Belhaven, 1989. Sustainable Business. San Francisco: Berrett~ in Europe.lnternational Journal on the UniO' of
servação, que postula que a quantidade total de
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energia é constante, não é destruída ou criada,
mas transformada de um estado para outro (Stead Opportunities thet can Save the Earth and Make CARROLL, G. R., DELACROIX, J., GOODSTEIN, DAY,Q. The Environmental Wars: Reports from
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