ADI 5901 - Parecer - Justica Militar - Competencia
ADI 5901 - Parecer - Justica Militar - Competencia
ADI 5901 - Parecer - Justica Militar - Competencia
I. OBJETO DA AÇÃO
[...]
§ 1º. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por milita-
res contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
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§ 2º. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da
União, se praticados no contexto:
Apontou-se, ainda, embora sem haver pedido expresso a esse respeito, a inconsti-
tucionalidade do veto ao art. 2º do projeto de lei que alterou o Código Penal Militar. O dispo -
sitivo fixava caráter temporário à lei, limitando a sua vigência à data de 31 de dezembro de
20161. Com o veto, ampliou-se permanentemente a jurisdição militar para o julgamento de
crimes dolosos praticados por militar contra a vida de civil, substituindo-se o Executivo à
vontade do legislador.
1 “Art. 2º Esta Lei terá vigência até o dia 31 de dezembro de 2016 e, ao final da vigência desta Lei, retornará
a ter eficácia a legislação anterior por ela modificada”.
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preceito, com efeitos ex nunc, “requerendo-se (…), caso assim a situação o exija, a restrição
do alcance da decisão declaratória de inconstitucionalidade, conforme previsão contida no
art. 27 da Lei nº 9.868/1999”.
Disse, nessa linha, que há diferença entre a competência criminal das Justiças
Militares Estaduais e a da Justiça Militar da União: “enquanto às primeiras cabe julgar ex-
clusivamente os militares dos Estados, nos crimes definidos em lei, ressalvada a competên-
cia do Júri, à segunda, nos termos do art. 124 da CRFB, compete julgar os crimes militares
definidos em lei, independentemente de quem seja o autor, que pode, inclusive, ser um ci-
vil” (grifos no original).
Quanto ao veto ao art. 2º do projeto de lei que acabou convertido na lei impug-
nada, afirmou que é ato político e insindicável em sede de controle concentrado de constituci-
2 Nesse caso, se o militar, no exercício de sua função, ao abater aeronave hostil, viesse a matar civil, a
competência para o seu julgamento seria a da Justiça Militar. A exceção constava do parágrafo único do art.
9º do Código Penal Militar, inserido pela Lei n. 12.432/2011.
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onalidade, havendo sido observado, no caso em exame, o disposto no art. 66, § 2º, da Consti-
tuição.
Requereram ingresso no feito como amici curiae (pedidos ainda não examina-
dos): Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBCCRIM (fl. 67) e Associação dos Juízes
do Rio Grande do Sul – AJURIS (fl. 106).
É o relato necessário.
3 “Art. 9º. (…) Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a vida e
cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de
ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei n. 7.565, de 19 de dezembro de 1986 – Código
Brasileiro de Aeronáutica”.
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II. FUNDAMENTOS
O novo parágrafo 2º no art. 9º do Código Penal Militar desloca para a Justiça Mi-
litar da União a competência para julgar os crimes dolosos contra a vida de civil praticados
por militares das Forças Armadas, quando presente o contexto indicado no dispositivo.
A sua edição foi justificada pela presença cada vez mais constante das Forças Ar-
madas no cenário nacional, com atuação junto à sociedade, sobretudo em operações de garan-
tia da lei e da ordem, quando os seus integrantes expõem-se, potencialmente, à prática do
delito. Pensada para ter vigência temporária, conforme exposto durante o seu trâmite legisla-
tivo, tal transitoriedade foi afastada por veto do Presidente da República ao artigo – após ten-
tativa de alteração por emenda no Senado, rejeitada.
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“Art. 5º. XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados: d) a competência para o julgamento de crimes dolosos contra a vida”.
Sobre a jurisdição militar, tem-se que a Constituição estabeleceu, em seu art. 125,
§ 4º, que os militares dos Estados serão julgados pela Justiça Militar estadual, nos crimes mi-
litares definidos em lei. Embora, em sua redação originária, o preceito silenciasse a respeito,
a EC 45/2004 explicitou a ressalva da competência do Tribunal do Júri quando a vítima for
civil. Ou seja: permaneciam na competência do júri os crimes dolosos contra a vida de civil
praticados por militar estadual:
“Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
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Veja-se que a Justiça Militar tem razão de ser, exclusivamente, para o julgamento
de crimes militares. Nos termos do preceito constitucional, crime militar é o que a lei define
como tal (definição ratione legis). A previsão ampla não dá margem, todavia, à fixação arbi-
trária de jurisdição militar fora do âmbito de crimes tipicamente militares, com reflexo sobre
a organização constitucional de competências e, de modo mais grave, com mitigação da ga-
rantia constitucional do Júri. Fosse assim, qualquer definição de crime militar, por mais de-
sarrazoada, desde que prevista em lei, faria inaugurar a competência da jurisdição
especializada.
Conforme expresso nos votos dos Ministros Sepúlveda Pertence e Marco Aurélio,
no julgamento do RE 1227064, em 1990, o legislador não pode, desproporcionalmente, esten-
der a competência da Justiça Militar da União de modo a eliminar por completo o núcleo es-
sencial de uma garantia constitucional, no caso o julgamento pelo tribunal do júri:
4 Trecho de voto vencido do Min. Sepúlveda Pertence. RE n. 122.706/RJ, Relator para o acórdão Min. Carlos
Velloso, julgamento de 21-11-1990, DJU de 03.-04-1992.
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“Mas, Senhor Presidente, de qualquer forma, devo caminhar, como intérprete, para a compa-
tibilização do que contém na legislação ordinária com a Lei Básica, e verifico que a previsão
em torno do Tribunal do Júri está inserida em um Capítulo que é muito caro, é de grande va-
lia para as sociedades que se dizem democráticas: é o capítulo pertinente aos direitos e garan-
tias individuais.
Apesar de não haver sido alterado também o art. 124 da CF/88, o princípio da
igualdade deve imperar: a mesma lógica que expressamente impôs a competência do tribunal
do júri para os crimes dolosos contra a vida praticados por militares dos Estados contra civis
deve ser transposta aos militares federais. Eventual tratamento diferenciado não encontra fun-
damento constitucional, dado que o crime doloso contra a vida de civil não está vinculado,
pelo só fato de ser praticado por membro das Forças Armadas, à proteção de bens jurídicos
castrenses.
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quem a exerce, sendo ofensivo ao princípio republicano garantir privilégio de foro nessa situ-
ação, em que ausente motivação constitucional ou de qualquer outra ordem para tanto.
A partir de tais premissas, não resta dúvida da inadequação do texto legal aos li-
mites impostos pelo constituinte.
5 Ponto resolutivo n. 09. Corte Interamericano de Direitos Humanos, Gomes Lund e outros vs. Brasil (Caso
da "Guerrilha do Araguaia), sentença de 24 de novembro de 2010.
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Veja-se que o direito à investigação pronta e justa sob a tutela do Tribunal do Júri
está presente na hipótese do crime doloso contra a vida ter sido praticado por policial militar,
com expressa previsão constitucional (depois da EC 45/04), mas foi legalmente excluído na
hipótese em que o agente do crime é militar federal.
Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos
contra civil, serão da competência da justiça comum”.
“Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados con -
tra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz:
(…)
§ 2º Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará
os autos do inquérito policial militar à justiça comum”.
6 Ponto resolutivo n. 16. Corte Interamericana de Direitos Humanos, Caso Cosme Rosa Genoveva, Evandro
de Oliveira e outros (Caso da “Favela Nova Brasília”), sentença de 16 de fevereiro de 2017.
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“Tive o ensejo de demonstrar, logo no início deste voto, que a Lei n. 9.299/96 realizou, de
maneira incompleta, o objetivo maior de submeter o policial militar, em qualquer delito
praticado no exercício da função de policiamento ostensivo, à competência penal da
Justiça comum.
Com essa lei, deu-se um passo que, embora significativo, não exprime o generalizado
sentimento social que reclama, para os policiais militares em tal situação, o mesmo tra-
tamento jurídico e processual já dispensado aos membros integrantes da corporação ci-
vil.
“No caso, o artigo 9º do Código Penal Militar que define quais são os crimes que, em tempo
de paz, se consideram como militares, foi inserido pela Lei 9.299, de 7 de agosto de 1996,
um parágrafo único que determina que 'os crimes de que trata este artigo, quando dolosos
contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum”.
7 STF/Pleno, DJ 18.6.2001.
8 Supremo Tribunal Federal, RE n. 260.404/MG, Rel. Min. Moreira Alves, julgado em 22-03-2001, DJ 21-
11-2003.
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Ora, tendo sido inserido esse parágrafo único em artigo do Código Penal Militar que define
os crimes militares em tempo de paz, e sendo preceito de exegese (assim, CARLOS MAXI-
MILIANO, 'Hermenêutica e Aplicação do Direito', 9ª ed., n 367, ps. 308/309, Forense, Rio
de Janeiro, 1979, invocando o apoio de WILLOUGHBY) o de que 'sempre que for possível
sem fazer demasiada violência às palavras, interprete-se a linguagem da lei com reservas tais
que se torne constitucional a medida que ela institui, ou disciplina', não há demasia alguma
em se interpretar, não obstante sua forma imperfeita, que ele, ao declarar, em caráter
de exceção, que todos os crimes de que trata o artigo 9º do Código Penal Militar,
quando dolosos contra a vida praticados contra civil, são da competência da justiça co-
mum, os teve, implicitamente, como excluídos do rol dos crimes considerados como mi-
litares por esse dispositivo penal, compatibilizando-se assim com o disposto no 'caput'
do artigo 124 da Constituição Federal.
Corrobora essa interpretação a circunstância de que, nessa mesma Lei 9.299/96, em seu ar-
tigo 2º, se modifica o 'caput' do artigo 82 do Código de Processo Penal Militar e se acres -
centa a ele um § 2º, excetuando-se do foro militar, que é especial, as pessoas a ele sujeitas
quando se tratar de crime doloso contra a vida em que a vítima seja civil, e estabelecendo-se
que nesses crimes 'a Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à jus-
tiça comum'. Não é admissível que se tenha pretendido, na mesma lei, estabelecer a mesma
competência em dispositivo de um Código – o Penal Militar – que não é o próprio para isso e
noutro de outro Código – o de Processo Penal Militar – que para isso é o adequado”.
A partir daquele instante, em 1996, crimes dolosos contra a vida praticados por
militares contra civis passaram a ser julgados pela Justiça comum. Era o reconhecimento da
falta de razoabilidade em submeter à jurisdição militar os crimes impropriamente militares.
Agora, com a presente alteração, desloca-se para a Justiça Militar da União o jul-
gamento de crime doloso contra a vida, praticado por militares das Forças Armadas contra ci-
vil, transmudando a sua natureza – e inserindo-o, assim, novamente, no conceito de “crime
militar” - pela só qualidade funcional do agente, com violação à competência constitucional
do Júri e ao art. 124, em evidente retrocesso, contrário ao consenso legislativo então firmado.
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“Os suspeitos dos atos constitutivos do delito do desaparecimento forçado de pessoas só po-
derão ser julgados pelas jurisdições de direito comum competentes, em cada Estado, com ex-
clusão de qualquer outra jurisdição especial, particularmente a militar. (...)”
“117. Em um Estado democrático de direito, a jurisdição penal militar deve ter um alcance
restritivo e excepcional e estar direcionada a proteção de interesses jurídicos especiais, vincu-
9 Trecho do voto do Min. Celso de Mello na ADI-MC n. 1494/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 09-
04-1997, publicado no DJ de 18-06-2001.
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lados com as funções que a lei atribui às forças militares. Assim, deve estar excluído do âm-
bito da jurisdição militar o julgamento de civis e só deve julgar militares pelo cometimento
de delitos ou faltas que, por sua própria natureza, atentam contra bens jurídicos próprios da
ordem militar”10.
No caso Cruz Sánchez e Outros vs. Peru, mais recente, a Corte IDH reafirmou sua
jurisprudência sobre o limitado alcance da competência criminal da Justiça Militar nos Esta-
dos Partes da Convenção Americana de Direitos Humanos:
“397. A Corte recorda que sua jurisprudência relativa aos limites da competência da jurisdi -
ção militar para conhecer fatos que constituem violações de direitos humanos tem sido cons-
tante no sentido de afirmar que em um Estado democrático de direito, a jurisdição penal
militar há de ter um alcance restritivo e excepcional, e estar direcionada à proteção de inte-
resses jurídicos especiais, vinculados às funções próprias das forças militares. Por isso, a
Corte tem assinalado que no foro militar somente se deve julgar militares ativos pelo cometi-
mento de delitos ou faltas que por sua própria natureza atentem contra bem jurídicos próprios
da ordem”11.
E, de modo mais amplo, no caso Nadege Dorzema e outros vs. República Domi-
“A jurisdição militar não é o foro competente para investigar e, se for o caso, julgar e punir
os autores de violações de direitos humanos, mas o processamento dos responsáveis cabe
sempre à justiça ordinária”.12
10 Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Durand e Ugarte vs Perú. Sentença de 16 de agosto de
2000, parágrafo 117.
11 Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Cruz Sánchez e Outros vs. Perú. Sentença de 17 de abril
de 2015, parágrafo 397.
12 Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Nadege Dorzema vs. República Dominicana. Sentença de
24 de agosto de 2012, parágrafo 181.
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“Art. 9º. (…) Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo quando dolosos contra a
vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum, salvo quando pratica-
dos no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei n. 7.565, de 19 de
dezembro de 1986 – Código Brasileiro de Aeronáutica”.
A irregularidade afetaria a utilidade do pedido e, por isso, a ação não deveria ser
conhecida.
De fato, o preceito antigo – precisamente, a sua parte final - padece do mesmo ví-
cio do ora impugnado. Também ele prevê contexto que excepciona a competência do Tribunal
do Júri para o julgamento de crimes dolosos contra a vida praticados por militar.
Vê-se não ser necessário que sejam prestadas novas informações, considerada a
identidade dos fundamentos que apontam para a inconstitucionalidade do preceito, em suas
redações antiga e atual, o que afasta a jurisprudência da Corte nesse sentido – de impossibili-
tar o aditamento quando tal providência se mostre necessária.
Se não for esse o entendimento dessa Corte, entretanto, não será o caso de negar
seguimento à ação, ao menos não em sua integralidade.
Veja-se que o preceito ora impugnado (novo § 2º do art. 9º) alcança número maior
de situações em que se dá a transferência de julgamento para a competência da Justiça Mili-
tar, sendo que a declaração de inconstitucionalidade pleiteada terá abrangência também
maior, ainda que fique de fora a situação específica da parte final do parágrafo único do an-
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tigo art. 9º (repetida no § 2, III, 'a'). É dizer: ao menos em relação ao § 2º, incisos I, II e III, 'b',
'c', e 'd', não há vício que impeça o conhecimento da ação.
O texto original do art. 15 da LC 97, de 1999, não continha o § 7º. Ele foi inclu-
ído inicialmente pela LC n. 117/2004, para assentar que “o emprego e o preparo das Forças
Armadas na garantia da lei e da ordem são considerados atividade militar para fins de apli-
cação do art. 9º, inciso II, alínea c, do Decreto-lei n. 1.001, de 21 de outubro de 1969 – Có-
digo Penal Militar”13. Nesse momento (2004), estava em plena vigência o parágrafo único do
“Art. 82. O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados con -
tra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz:
(…)
§ 2º Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará
os autos do inquérito policial militar à justiça comum”.
O §7º foi alterado pela Lei Complementar n. 136, de 2010, e passou a prever:
“Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos poderes cons -
titucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é de responsabilidade
do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de
órgãos operacionais, observada a seguinte forma de subordinação:
(…)
13 Redação do art. 9º, II, 'c' (Código Penal Militar), quando da edição da LC 117/2004: “Art. 9º. Consideram-
se crimes militares, em tempo de paz: (…) II - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam
com igual definição na lei penal comum, quando praticados: (…) c) por militar em serviço, em comissão
de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito a administração militar contra
militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil”.
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§ 7º. A atuação do militar nos casos previstos nos arts. 13, 14, 15, 16-A, nos incisos IV e V
do art. 17, no inciso III do art. 17-A, nos incisos VI e VII do art. 18, nas atividades de defesa
civil a que se refere o art. 16 desta Lei Complementar e no inciso XIV do art. 23 da Lei n.
4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral), é considerada atividade militar para os
fins do art. 124 da Constituição Federal”.
Em 2011, com a edição da Lei n. 12.432, passou a viger a única exceção à compe-
tência do Júri para o julgamento de crimes dolosos contra a vida praticado contra civil: “os
crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão
da competência da justiça comum, salvo quando praticados no contexto de ação militar re-
Cabe o registro da tramitação nessa Corte da ADI 5032, que tem como objeto o §
7º do art. 15 da LC n. 97/1999, na redação que lhe conferiu a LC n. 136/2010. A impugnação
tem fundamento distinto, todavia: volta-se contra a ampliação da jurisdição militar para o jul-
gamento de crimes praticados no contexto previsto no artigo, mas sem a consideração da pos-
sibilidade de estarem nele contidos os crimes dolosos contra a vida praticados contra civil,
porque excepcionados pela legislação então vigente, como visto.
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Para além de eventual discussão a esse respeito, e pela argumentação acima ex-
posta, não há razão para, por meio de invalidação de veto presidencial – se possível fosse -,
permitir tenha a lei impugnada vigência, ainda que por tempo certo.
Pelo mesmo motivo, não será prudente a concessão de efeitos ex'nunc à declara-
ção de inconstitucionalidade buscada. A lei é recente, não sendo possível antever hipótese que
justifique a necessidade de modulação de efeitos por essa Corte.
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Como visto, a gramática de direitos prevista na CF/88, bem com as obrigações in-
ternacionais de tratados de direitos humanos (natureza materialmente constitucional) impõem
que a jurisdição penal militar tenha competência restrita ao julgamento de crimes envolvendo
violação à hierarquia, disciplina militar ou outros valores tipicamente castrenses.
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