Principais Axiomas Da Matematica PDF
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por
sob orientação do
Agosto/2014
João Pessoa - PB
†
O presente trabalho foi realizado com apoio da CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de
Agosto/2014
Agradecimentos
A Deus pelo dom que me foi dado.
A UFPB, pela excelência de ensino.
Ao Professor Dr. Bruno Henrique Carvalho Ribeiro, pela orientação e pela con-
ança em mim depositada para a elaboração deste trabalho tão desaador.
A todos os professores que zeram parte da minha formação, obrigado pelos
ensinamentos e exemplo ao longo desta jornada.
A minha mãe, Miriam Maria, que sempre acreditou, me incentivou bastante e
que não mediu esforço para que eu pudesse chegar até aqui.
Aos meus irmãos, Mitchel e Moema, meus eternos amigos.
Aos grandes amigos conquistados durante o curso, com o qual zemos um grupo
de estudo (Os Congruentes) que virou uma família, muito obrigado Alessandro Mig-
nac, André Rodrigues, Washington Gonçalves e Cybele Verde, durante essa jornada
eu aprendi muito com vocês.
A Adriana Nascimento, que muito me incentivou nesta jornada, muito obrigado
pelos puxões de orelha, eles tiveram êxito e me ajudaram a chegar até aqui.
Aos meus alunos, que por muitas vezes mesmo sem saber o signicado deste
curso, mas eles sempre estavam ali me apoiando e me incentivando, para que este
objetivo fosse alcançado. Saibam que vocês são minhas inspirações.
Ao amigo e Mestre Laércio Francisco Feitosa, pela inestimável ajuda na forma-
tação deste trabalho.
À Capes, pelo apoio nanceiro.
Dedicatória
Este trabalho tem como objetivo fazer uma abordagem sobre a importância de
sistemas axiomáticos na Matemática. Estudaremos alguns axiomas clássicos, suas
equivalências e veremos algumas aplicações dos mesmos.
v
Abstract
The main objective of this work is showing the importance of systems axiomatic in
mathematics. We will study some classic axioms, their equivalence and we will see
some applications of them.
vi
Sumário
vii
Introdução
Este trabalho aborda a Teoria dos Conjuntos numa visão axiomática. O ob-
jetivo do mesmo é apresentar os axiomas e suas necessidades de existência para a
Matemática, e os sistemas axiomáticos, uma vez que desde de criança trabalhamos
com os axiomas de uma forma bem intuitiva, como por exemplo, na denição união
de conjuntos. Portanto, neste trabalho apresentaremos alguns axiomas e sistemas
axiomáticos e as equivalências que existem entre os principais axiomas da Teoria
dos Conjuntos, a saber, Axioma da Escolha, Lema de Zorn e Teorema de Zermelo.
Muito se discutiu sobre o Axioma da Escolha nos últimos 100 anos, pois até os
ns do século XIX, aceitava-se a noção de conjuntos como sendo uma coleção de
qualquer objetos, porém percebeu-se que tal denição era muito vaga e não suci-
ente para o desenvolvimento da Matemática, uma vez que, em 1901, Russel fez uma
construção que atualmente é conhecida como o Paradoxo de Russel, explorando o
fato de que até então denição de conjuntos dava espaço a ideia da existência de um
conjunto de todos os conjuntos. A partir de então, vários matemáticos se debruça-
ram sobre o problema de criar axiomas para que pudesse ser estabelecida uma Teoria
dos Conjuntos baseadas em regras para a formação de objetos que se chamariam
conjuntos. Em 1904, Zermelo apresenta à comunidade matemática uma possível
coleção de axiomas para a Teoria dos Conjuntos que, com pequenas alterações, é
conhecida atualmente como os Axiomas de Zermelo-Fraenkel.
viii
Capítulo 1
Axiomas e Sistema Axiomático
O objetivo deste capítulo é apresentar a teoria dos conjuntos sobre uma base
axiomática e, portanto, bastante abstrata, com o intuito de construir um sistema
geral que sirva de modelo para futuras investigações além do campo da Teoria dos
Conjuntos. No século XIX, criou - se a Escola Formalista de David Hilbert, onde sua
losoa concentrava em Toda Matemática é sustentada por um sistema abstrato ,
em oposição a tal pensamento, existe a Escola Intuicionista, que se manisfesta con-
trária ao ponto de vista axiomático. Porém, ambas as escolas apresentam deciência,
uma vez que a Formalista apresenta sistemas abstratos que não podem se autoex-
plicar, tal armação é justicada pelo Teorema da Incompletude de Gödel, o qual
veremos posteriormente; já a Intuicionista não permite generalizações sobre a estru-
tura da Matemática.
Em 1931, Kurt Gödel (1906 - 1978), então com vinte e cinco anos, publicou o
artigo, cujo titulo pode ser traduzido por Sobre Proposições Formalmente Indeci-
díveis dos Principia Mathematica e Sistemas Relacionados, no qual apresentou os
seus dois Teoremas de Incompletude, que estão entre os teoremas mais profundos e
com consequências mais marcantes de toda a Lógica Matemática e Lógica em geral.
Tais teoremas surgiram como resultado das investigações de Gödel quando abor-
dava a questão da consistência dos fundamentos da Matemática, segundo linhas
estabelecidas por Hilbert, e vieram fornecer uma perspectiva completamente nova
sobre o possível alcance de todo o movimento de fundamentação da Matemática nos
sistemas lógicos formais que tinham vindo a ser desenvolvidos.
1
Axiomas e Sistema Axiomático Capítulo 1
2
Axiomas e Sistema Axiomático Capítulo 1
1 + 3 + 5 + ... + (2n − 1) = n2 ,
logo em (1), temos que
AE1 : Pode-se traçar uma única reta ligando quaisquer dois pontos;
AE2 : Pode-se continuar (de maneira única) qualquer reta nita continuamente em
linha reta;
AE3 : Pode-se traçar um circulo com qualquer centro e com qualquer raio;
AE4 : Todos os ângulos retos são iguais;
AE5 : Por um ponto fora de uma reta pode-se traçar uma única reta paralela a
reta dada.
3
Axiomas e Sistema Axiomático Capítulo 1
Denição 1.1.4 (Teorema): É uma proposição que pode ser demonstrada de uma
maneira lógica a partir de um axioma ou de outros teoremas que tenham sido pre-
viamente demonstrados.
O teorema pode ser descrito como uma armação de importância. Existem ar-
mações de menor ordem, como lema (uma armação que pertence a um teorema
maior), o corolário (armação que segue de forma imediata ao teorema) ou a pro-
posição (um resultado que não se encontra associado a nenhum teorema especíco).
Convém destacar que, enquanto a armação não for demonstrada, não passa então
de uma hipótese ou de uma conjectura.
4
Os Axiomas de ZFC Capítulo 1
1 - Axioma da Extensão:
Sejam A e B conjuntos, temos que estes conjuntos são iguais, se e somente se,
todos os elementos de A forem os mesmos elementos de B.
Esse axioma, muito conhecido, arma que um conjunto é determinado pela sua
extensão, pelo seu tamanho, isto é, é determinado pelos seus membros. Tal axioma
reete a ideia de que dois conjuntos são iguais se tem a mesma extensão, isto é, se
possuem os mesmos elementos.
5
Os Axiomas de ZFC Capítulo 1
Exemplo:
A: é o conjunto das soluções da equação x2 − 5x + 6 = 0;
A ⊆ B ⇐⇒ ∀x, se x ∈ A, então x ∈ B .
Simbolicamente, temos que:
Exemplo: Sejam A = {3, 4, 5, 6, 7} e B = {3, 4, 5}, podemos armar que B ⊂ A,
uma vez que todos os elementos de B estão contidos em A.
Ao armar que dois conjuntos são iguais quando têm exatamente os mesmos
elementos, a teoria fornece naturalmente a relação de igualdade entre conjuntos.
Sendo assim, escrevemos que A=B para indicar que x ∈ A se, e somente se, x ∈ B .
A igualdade é simétrica, no sentido de que se A = B , então B = A.
6
Os Axiomas de ZFC Capítulo 1
Este conjunto, que não tem elementos, tem como ideia intuitiva uma propriedade
que não pode ser satisfeita, por exemplos:
5 - Axioma do Innito:
Existe um conjunto Y que contém o conjunto vazio ∅, e para cada X ∈ Y, o
conjunto {X} também pertence a Y.
Esse axioma permite a construção de um conjunto innito onde y ∪ {y} é o
sucessor de y e o processo de construção inicia pelo conjunto ∅.
6 - Axioma da Substituição:
Se a relação obtida deP (x, y) é uma relação funcional em x e y , então dado um
conjunto B , existe um conjunto A, cujos os elementos são aqueles elementos de B
que satisfazem a fórmula P (x, y), isto é, A = {z ∈ B; P (x, z)}.
7
Os Axiomas de ZFC Capítulo 1
8 - Axioma da Escolha:
∀X, ∃φ, onde φ é uma função tal que Dom(φ) = x − {∅}
e
∀y(y ∈ Dom(φ)) → φ(y) ∈ y, onde x − {∅}
representa todos os subconjuntos não-vazios de X.
Este é o famoso Axioma da Escolha, que veremos com mais detalhe posterior-
mente e que é utilizado para demonstrarmos o Lema de Zorn, ele arma que sempre
podemos efetuar uma quantidade innita de escolhas mesmo sem termos qualquer
propriedade que dena a função de escolha.
9 - Axioma da Regularidade:
Este último axioma garante que cada conjunto não-vazio x contém um elemento
minimal com respeito à relação ∈. A ideia por trás do axioma consiste no desejo de
que todos os conjuntos sejam construídos a partir do conjunto ∅, evitando a ocor-
rência de cadeias descendentes e innitas com relação à pertinência ∈.
8
Os Axiomas de ZFC Capítulo 1
De uma forma geral, um conjunto é uma coleção de objetos e esses objetos são
denominados de membros ou elementos do conjunto.
Proposição 1.2.1 : Existe apenas um conjunto que não tem elementos e a este
conjunto dá-se o nome de conjunto vazio e é denotado por ∅.
1. União (Reunião):
Dados os conjuntos A e B , então pelo axioma da união, existe um conjunto C tal
que x ∈ C se, e somente se, x ∈ A ou x ∈ B . Denotamos tal conjunto por C = A∪B .
2. Diferença e Interseção:
Proposição 1.3.1 : Se A e B são conjuntos.
(i) Existe um conjunto C tal que x∈C se, e somente se, x∈A e x 6∈ B .
(ii) Existe um conjunto D tal que x∈D se, e somente se, x∈A e x ∈ B.
9
Os Axiomas de ZFC Capítulo 1
Observação 1.3.1 Pode ocorrer que não exista elemento algum x tal que x∈A e
x ∈ B. Neste caso, tem-se que A∩B = ∅ e os conjuntos A e B dizem-se disjuntos.
3. Complementar de B em A:
Dados dois conjuntos B , tais que B ⊂ A, chama-se complementar de B
A e
em relação a A o conjunto A − B , isto é, o conjunto dos elementos de A que não
B
pertencem a B . Utilizamos o símbolo CA para indicar o complementar de B em
B
relação a A. Notemos que CA só é denido para B ⊂ A, e assim temos:
CAB = A − B .
Pelo axioma do conjunto potência , temos que para cada conjunto y , existe outro
conjunto, cujos membros são exatamente os subconjuntos de y.
10
Os Axiomas de ZFC Capítulo 1
℘(A) = {∅, {2}, {3}, {4}, {2, 3}, {2, 4}, {3, 4}, {2, 3, 4}}.
O Paradoxo de Russell:
Paradoxo é uma palavra que é usada para signicar uma contradição apenas
aparente, que pode ser resolvida. Mas, às vezes, tem o signicado de contradição
verdadeira e insolúvel.
Dentre os muitos paradoxos que foram sendo descobertos, merece especial aten-
ção o chamado Paradoxo de Russell, que está contido numa carta que Bertrand
Russell (1872-1970) escreveu a Gottlob Frege (1848-1925) em 1902. Frege recebeu
a carta de Russell no momento em que estava para publicar o segundo volume de
uma obra em que fundamentava toda a aritmética na teoria dos conjuntos.
Ele reagiu com as seguintes palavras: Nada mais indesejável para um cientista do
que ver ruir os fundamentos do edifício, justamente no momento em que ele está
sendo concluído. Foi nessa incômoda situação que me encontrei ao receber uma
carta do Sr. Bertrand Russell no momento em que meu trabalho já estava indo para
o prelo .
11
Os Axiomas de ZFC Capítulo 1
Outro exemplo: o conjunto dos conjuntos que possuem mais de dois elementos é um
elemento de si mesmo, pois ele, com certeza, possui mais de dois elementos.
12
Capítulo 2
Axioma da Escolha, Lema de Zorn e
Teorema de Zermelo
13
Noções Básicas Capítulo 2
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Noções Básicas Capítulo 2
Quando uma relação R sobre A satisfaz os itens (i), (ii) e (iii), então essa relação
é chamada de Relação de Equivalência.
A relação de equivalência desempenha um papel importante na Matemática como
um modo de generalizar a relação de igualdade, em situação que indivíduos embora
distintos possam executar um papel equivalente.
(i) (reexiva): para todo x∈Z , temos que x−x=0=0·5 , ou seja xRx;
(ii) (simétrica): se xRy , então x − y = 5 · n, com n∈Z e, então y − x = 5 · (−n) ,
ou seja, yRx;
(iii) (transitividade): se xRy e yRz , então x − y = 5 · n e y − z = 5 · m , com
n, m ∈ Z. Então x − z = x − y + y − z = 5 · n + 5 · m = 5 · (n + m) e, portanto,
xRz .
(i) Dom(f ) = X ,
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Relações de Ordem Capítulo 2
Denição 2.1.11 Uma relação IdA é dita identidade, quando IdA = {(x, x) : x ∈
A}.
Teorema 2.1.1 xIdA x ↔ x ∈ A.
Prova. Desde
(x, x) = {{x}, {x, x} = {{x}},
ca claro que
IdA ⊆ ℘(℘(A)).
Além disso, temos que
(i) A ⊂ A;
(ii) A⊂B e B ⊂ A, então temos que A = B;
(iii) A⊂B e B ⊂ C, então A ⊂ C.
Outro exemplo clássico de uma relação de ordem parcial é a relação menor ou
igual (≤):
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Boa Ordenação Capítulo 2
(iii) (Monotonicidade ): Se m < n então, para qualquer p ∈ N, tem-se m+p < n+p
e mp < np.
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Boa Ordenação Capítulo 2
Uma consequência desta denição, que merece ser mencionada antes mesmo de
procurarmos exemplos e contraexemplos, é que todo conjunto bem ordenado é to-
talmente ordenado.
Uma aplicação bem interessante relacionado aos conjuntos bem ordenados é que
a partir dele podemos demonstrar propriedades a respeito de seus elementos por um
processo idêntico ao da indução matemática.
Prova. Seja (X, ≤) um conjunto bem ordenado. Então dados x, y ∈ X temos que
{x, y} possui um menor elemento, ou seja, x ≤ y ou y ≤ x. Portanto, podemos
concluir que X é um conjunto totalmente ordenado.
18
Axioma da Escolha Capítulo 2
(ii): Para a indução transnita, não temos armações sobre o elemento inicial.
Esse axioma foi introduzido por Zermelo, em 1904, e desde o surgimento existe
um acalorado debate sobre aceitar ou não esse axioma nos domínios matemáticos.
19
Axioma da Escolha Capítulo 2
Falaremos a seguir, sobre o que vem a ser um produto cartesiano de uma família
innita de conjuntos, uma vez que sabemos determinar o produto cartesiano de
dois conjuntos (ver denição 2.1.2), tal denição pode ser ampliada para o produto
cartesiano de uma família nita de conjuntos, porém não pode ser aplicada para
uma família innita de conjuntos. Portanto, denimos o produto cartesiano de uma
família innita de conjuntos por:
S
c : I −→ Aα ,
α∈I
20
Axioma da Escolha Capítulo 2
Portanto, podemos concluir que existe uma função f com domínio em C tal que
se A ∈ C, então f (A) ∈ A.
Sendo assim, uma função que neste sentido escolhe um elemento de cada sub-
conjunto não-vazio de um conjunto X é denominada uma função escolha para X .
Usando esta denição, o axioma da escolha pode ser reescrito da seguinte ma-
neira: Cada conjunto possui uma função escolha .
Exemplo: : Sejam A = {1, 2}, B1 = {1}, B2 = {2}, então, há duas funções escolha
distintas, f1 e f2 ,cujos domínios são subconjuntos não-vazios de A.
f1 (B1 ) = f2 (B1 ) = 1
f1 (B2 ) = f2 (B2 ) = 2
f1 (A) = 1
f2 (A) = 2
Com este exemplo, podemos ter uma noção sobre uma função escolha.
21
Teorema de Zermelo Capítulo 2
Já sabemos o que vem a ser uma cadeia (ver denição 2.2.2), então antes de
abordarmos a respeito do Lema de Zorn, apresentaremos o Princípio de Cadeia
Maximal, que servirá como base para a demonstração do Lema de Zorn.
Denição 2.5.1 : Uma cadeia é dita maximal, se esta não estiver propriamente
contida noutra cadeia.
Proposição 2.5.1 : Seja (X, ≤) uma ordem parcial, então X tem uma cadeia ma-
ximal.
Denição 2.5.2 (Lema de Zorn): Seja (A, ≤) um conjunto ordenado. Se toda ca-
deia em (A, ≤) tem uma cota superior, então (A, ≤) contém um elemento maximal.
Este princípio pode ser interpretado de uma forma mais simples, da seguinte
maneira: Cada família de conjuntos tem, pelo menos, uma cadeia máxima.
22
Teorema de Zermelo Capítulo 2
(B1 , R1 ) (B2 , R2 )
se, e somente se, as seguintes condições são satisfeitas:
1. B1 ⊆ B2 .
2. R1 ⊆ R2 .
3. Se x ∈ B1 e y ∈ B2 − B1 , então (x, y) ∈ R2 .
Proposição
S 2.6.1SSejam C = {(Bi , Ri ) : i ∈ I uma cadeia qualquer em F e
B= Bi e R= Ri , então (B, R) ∈ C .
i∈I i∈I
As demonstrações destas proposições foram omitidas por serem longas, mas para
o leitor interessado indicamos [10].
O teorema que será apresentado a seguir foi conjecturado por Cantor (1883) e
provado por Zermelo (1904) arma que:
B ∗ = B ∪ {x} e R∗ = R ∪ {(y, x) : y ∈ B.
Então, (B ∗ , R∗ ) ∈ F , com
(B, R) (B ∗ , R∗ ),
23
Teorema de Zermelo Capítulo 2
Este teorema nos mostra que existe uma relação de ordem com a qual o conjunto
em questão é bem - ordenado.
(ii) CD(f ) ⊆ A;
Seja B = {x : f (x)Rx}, devido a (i) temos que B 6= ∅, uma vez que R possui
um menor elemento, digamos x1 , então, temos que:
Seja
x0 = f (x1 ), (iii)
portanto, x0 Rx1 , como f é crescente, então:
24
Capítulo 3
Axioma da Escolha: Equivalências e
Aplicações
O nosso objetivo nesta seção é provar que o Axioma da Escolha, Lema de Zorn
e o Teorema de Zermelo são todos equivalentes, ou seja, assumindo a veracidade de
um deles, temos que todos os demais também serão.
25
Equivalências do Axioma da Escolha Capítulo 3
existe algum α0 ∈ J tal que A ⊂ Dα0 e portanto, denimos fβ (A) = fα0 (A) ∈ A.
Pela ordem temos que fα < fβ , ∀α ∈ J . Assim, fβ é uma cota superior.
Sendo assim, pelo Lema de Zorn existe um fδ que é maximal e onde Dδ ⊂ ℘(X).
Supondo por absurdo que Dδ 6= ℘(X) − ∅, então existe um Aδ ∈ ℘(X) tal que
Aδ 6∈ Dδ . Denimos Dγ = Dδ ∪ Aδ . E como Dδ ⊂ Dγ , então:
fδ : A ∈ Dδ
fγ (A) =
a; a ∈ Aδ : A ∈ Aδ − Dδ
E assim teríamos fδ < f γ , o que nos dá um absurdo, visto que o Lema de Zorn
nos garantiu que fδ é o elemento maximal. Dδ = ℘(X) − ∅, e formamos
Logo,
um conjunto de funções f : ℘(X) − ∅ −→ X, f (A) ∈ A para todo A ∈ ℘(X) − ∅
sendo que esta é a função escolha, isto posto, temos que o Lema de Zorn implica no
Axioma da escolha.
Prova. Seja X um conjunto parcialmente ordenado, no qual toda cadeia está contida
em uma cadeia maximal, suponha que toda cadeia tem cota superior, seja a a cota
superior da cadeia maximal, então para todo x∈X temos que a 6 x, então x = a,
porque a é uma cota superior da cadeia maximal, e portanto um elemento maximal.
Seja X um conjunto parcialmente ordenado, e C0 ∈ X uma cadeia em X . Seja C o
conjunto das cadeias em X que contem C0 , C é parcialmente ordenado por inclusão,
S
dado Cα uma cadeia em C , então a união Cα é uma cota superior, temos que
Cα ∈C
vale o Lema de Zorn em C e portanto, existe uma cadeia maximal Cδ , como a cadeia
maximal Cδ ∈ C e C0 ∈ C , então C0 ⊂ Cδ . Com isto provamos o teorema.
26
Aplicações do Axioma da Escolha Capítulo 3
S S
f : J −→ Aα tais que f (α) ∈ Aα . Como Aα é um conjunto, pelo Teorema de
Zermelo ele é um conjunto bem ordenado. Denimos f (α) = minAα , onde minAα
é o menor elemento do subconjunto Aα , que existe porque ele é um subconjunto
de um conjunto bem ordenado e portanto bem ordenado. Como a função f é uma
função escolha, então podemos dizer que para o produto cartesiano de conjuntos
não vazios obtemos algum elemento, uma vez que o menor elemento sempre existe,
e assim temos que o Axioma da Escolha é válido.
27
Aplicações do Axioma da Escolha Capítulo 3
P
i∈I
ki ei = 0 =⇒ ki = 0, ∀i ∈ I
Um fato interessante sobre esse teorema é que ele foi originalmente demonstrado
por Hamel em 1905, e em 1984, Blass demonstrou que o Teorema da base de Hamel
implica no Axioma da Escolha, sendo assim, temos que existe uma equivalência en-
tre eles.
n
−1
P
e= k
ki ei
i=1
n
P
x = rk1 xk1 + ... + rkn xkn = rkj xkj .
j=1
28
Aplicações do Axioma da Escolha Capítulo 3
T (xi0 ) = 1 = axi0 ⇒ a 6= 0.
0 = T (xi ) = axi ⇒ a = 0,
r : ℘(A) → A
uma função escolha para A, isto é, r(X) ∈ X , para todo X ∈ ℘(A). Então a função
g:B→A denida como
g(b) = r(Xb ), ∀b ∈ B,
tem as propriedades desejadas. Com efeito,
pois,
r(Xb ) ∈ Xb = {a ∈ A : f (a) = b} = f −1 (b).
Dados b, c ∈ B , se b 6= c, então Xb 6= Xc . Logo, g(b) 6= g(c), isto é, g é injetora.
29
Aplicações do Axioma da Escolha Capítulo 3
Logo,
1
An = {x ∈ R :| x − a |< e | f (x) − f (a) |> } =
6 ∅,
n
para todo n ∈ N. Assim, pelo axioma da escolha,
Y
A= An 6= ∅.
n∈N
Portanto, existe uma sequência {xn }n∈N em A tal que xn ∈ An , para todo n ∈ N,
ou seja, lim xn = a, mas lim f (xn ) 6= f (a).
n→∞ n→∞
30
Apêndice A
Gödel e seus Teoremas
Os teoremas da incompletude de Kurt Gödel, vêm por um m dramático à
tentativa de unicar a Matemática num sistema formal como propôs Hilbert. As
consequências na ciência, uma vez que esta assenta fortemente na Matemática, no-
meadamente a Física, podem ser ou signicar que não é possível chegar a uma Teoria
de Tudo. Em relação à sua aplicação na inteligência humana a discursão também
está em aberto. Pode - se especular que tem implicações na avaliação da nossa capa-
cidade de distinguir o que é verdadeiro ou falso. Gödel foi o primeiro a falar sobre o
tema e concluiu que: ou a mente não era equivalente a uma máquina nita ou que
haveria determinadas equações diofantinas para as quais não era possível encontrar
uma solução.
31
Gödel e seus Teoremas Apêndice
Este colorário arma que nenhum sistema de axiomas pode ter um único modelo
(a menos de isomorsmos) a não ser que esse modelo único seja nito. Caso o sistema
admita um modelo innito ou arbitrariamente grande, ele também admitirá modelos
com diferentes cardinalidades. Dessa forma, os sistemas matemáticos que formam
os inteiros e os números reais, os quais apresentam seguramente um único modelo,
não podem ser descritos completamente por qualquer sistema formal de axiomas.
Isso ocorre porque tanto o sistema axiomático que fundamenta os inteiros quanto
aquele em que se baseiam os reais apresentam cada um único modelo não-nito.
Logo, pelo colorário anterior, ambos os sistemas devem possuir outros modelos de
cardinalidades arbitrariamente grandes, fato que não se verica para os sistemas
considerados.
Na prova deste teorema, Gödel elaborou um complexo código que permitia tra-
duzir proposições matemáticas com símbolos da aritmética dos números naturais e
aplicou um argumento do tipo da diagonal de Cantor para construir tal proposição.
Apesar destas provas dizerem a respeito a PM, como o próprio Gödel notou, os
resultados também são aplicáveis a qualquer sistema formal com poder expressivo
suciente para formalizar a aritmética dos números naturais, como ZFC, desde que
possua um conjunto de axiomas satisfazendo a certas condições, consideradas como
aceitáveis.
32
Gödel e seus Teoremas Apêndice
33
Referências Bibliográcas
[1] Alfonso, A. B., Nascimento, M. C., Feitosa, H. A. Teoria dos Conjuntos: Sobre
a Fundamentação Matemática e a Construção de Conjuntos Numéricos, Rio de
Janeiro: Ed. Ciência Moderna Ltda. (2011)
[2] Ávila, G. Várias Faces da Matemática, Segunda Edição, São Paulo: Blucher.
(2010)
[4] Halmos, P. Teoria Ingênua dos Conjuntos, São Paulo: Polígono/EDUSP. (1970)
[6] Suppes, P. Axiomatic Set Theory, New York: Dover Publications. (1977)
[7] Hein, N., Dadam, F. Teoria Unicada dos Conjuntos, Rio de Janeiro: Editora
Ciência Moderna. (2009)
[8] Rocha, J. Treze Viagens pelo Mundo da Matemática, Rio de Janeiro: SBM.
(2012)
[10] Silva, A. A. Uma Introdução Axiomática dos Conjuntos, João Pessoa: Editora
Universitária UFPB. (2011)
34
Referências Bibliográficas
[13] Feitosa, H. de A.; Nascimento, M. C.; Alfonso, A. B. Teoria dos Conjuntos, Rio
de Janeiro: Editora Ciência Moderna. (2011)
35