Gabaritando 2018 1 Aula Demonstrativa v2
Gabaritando 2018 1 Aula Demonstrativa v2
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AULA DEMONSTRATIVA
Direito Administrativo
Poderes Administrativos
Olá!
MUITO IMPORTANTE!
CRONOGRAMA
SUMÁRIO
1. Considerações iniciais ...................................................................... 10
1.1. Deveres impostos aos agentes públicos .............................. 11
1.2. Omissão específica e omissão genérica ............................... 13
1.3. Abuso de poder ................................................................... 13
1.3.1. Excesso de poder ............................................................. 14
1.3.2. Desvio de poder ou finalidade ......................................... 15
2. Poder vinculado .............................................................................. 18
3. Poder discricionário ........................................................................ 20
4. Poder hierárquico ........................................................................... 25
4.1. Prerrogativas decorrentes da hierarquia ............................. 27
4.1.1. Poder de ordenar ............................................................. 27
4.1.2. Poder de fiscalização ........................................................ 27
4.1.3. Poder de delegar e avocar competências ......................... 27
4.1.4. Poder de dirimir controvérsias de competência ............... 28
5. Poder disciplinar ............................................................................. 30
6. Poder regulamentar ou normativo .................................................. 35
7. Poder de polícia .............................................................................. 43
7.1. Polícia Administrativa, judiciária e de manutenção da ordem pública
................................................................................................... 44
7.2. Conceito .............................................................................. 46
7.2.1. Poder de polícia em sentido amplo e sentido estrito ........ 47
7.3. Características e limites ....................................................... 48
7.3.1. Poder de polícia preventivo e repressivo ......................... 48
7.3.2. Limites ao exercício do poder de polícia .......................... 49
7.3.3. Meios de atuação do poder de polícia .............................. 50
7.4. Competência e possibilidade de delegação ......................... 51
7.4.1. Possibilidade de delegação de determinados atos inerentes ao
poder de polícia.................................................................................... 51
7.5. Atributos ............................................................................. 52
7.6. Prescrição da pretensão punitiva ........................................ 56
7.7. Ciclo de polícia .................................................................... 56
8. Revisão de véspera de prova – “RVP”.............................................. 59
1. Considerações iniciais
A expressão “poderes” pode ser utilizada em vários sentidos diferentes no
Direito, sendo mais comum a sua utilização para designar as funções estatais
básicas, ou seja, o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário.
Entretanto, o vocábulo “poderes” também é utilizado para designar as
prerrogativas asseguradas aos agentes públicos com o objetivo de se garantir
a satisfação dos interesses coletivos, fim último do Estado.
O Professor José dos Santos Carvalho Filho conceitua os poderes
administrativos como “o conjunto de prerrogativas de Direito Público que a
ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o
Estado alcance seus fins”.
Essas prerrogativas decorrem do denominado regime jurídico-
administrativo, assegurando aos agentes públicos uma posição de
superioridade nas relações jurídicas com os particulares, condição necessária
para que possam ser superados os obstáculos encontrados no exercício das
atividades finalísticas exercidas pela Administração.
Os poderes assegurados aos agentes públicos não podem ser
considerados “privilégios”, mas, sim, deveres. Não devem ser encarados como
mera faculdade, mas, sim, como uma “obrigação legal” de atuação sempre
que o interesse coletivo exigir.
O interesse público é indisponível e, caso seja necessário que o
administrador se valha de tais poderes para cumprir a sua função, deverá
exercê-los, haja vista que os poderes administrativos constituem verdadeiros
poderes-deveres e não uma mera faculdade.
É importante ficar atento à expressão “poderes-deveres”, pois são
comuns em provas da ESAF questões sobre o tema, vejamos:
Sendo assim, deve ficar bem claro que a expressão “abuso de poder”
corresponde a um gênero do qual se extraem duas espécies básicas: excesso
de poder ou desvio de finalidade (também denominado de desvio de
poder).
A prática, pelo agente público, de ato que excede os limites de sua competência
ou atribuição e de ato com finalidade diversa da que decorre implícita ou
explicitamente da lei configuram, respectivamente, excesso de poder e desvio de
poder (FCC/Analista Judiciário TRE AL). Assertiva correta.
Uma das hipóteses de desvio de poder é aquela em que o agente público utiliza-
se do poder discricionário para atingir uma finalidade distinta daquela fixada em
lei e contrária ao interesse público, estando o Poder Judiciário, nesse caso,
autorizado a decretar a nulidade do ato administrativo (Auditor do Estado do
Espírito Santo/SECONT/CESPE). Assertiva correta.
PIT STOP
ABUSO DE PODER
(GÊNERO)
Quando o agente público ultrapassa os limites da Quando o agente público exerce a competência
competência que lhe foi outorgada pela lei (aplica nos estritos limites legais, mas para atingir
multa de valor superior ao limite fixado finalidade diferente daquela prevista em lei
legalmente, por exemplo). (remove servidor ex officio para outra localidade
com o único propósito de puni-lo).
Nesse caso, viola-se o requisito COMPETÊNCIA. Nesse caso, viola-se o requisito FINALIDADE.
2. Poder vinculado
É importante destacar que parte da doutrina tem afirmado que o poder vinculado não
seria um “poder” autônomo, mas simplesmente uma obrigação imposta diretamente
pela lei. Isso porque não se outorga ao agente público qualquer prerrogativa (um
“poder” propriamente dito), mas simplesmente se exige que a lei seja cumprida.
O professor José dos Santos Carvalho Filho, por exemplo, afirma “não se
tratar propriamente de um ‘poder’ outorgado ao administrador; na verdade,
através dele não se lhe confere qualquer prerrogativa de direito público. Ao
contrário, a atuação vinculada reflete uma imposição ao administrador,
obrigando-o a conduzir-se rigorosamente em conformidade com os parâmetros
legais. Por conseguinte, esse tipo de atuação mais se caracteriza como
restrição e seu sentido está bem distante do que sinaliza o verdadeiro poder
administrativo”.
Ainda não encontrei em provas da ESAF, FGV ou Fundação Carlos Chagas questões
abordando esse posicionamento da doutrina. Todavia, é grande a possibilidade de
abordagem desse tema em concursos futuros. De qualquer forma, constata-se que na
maioria dos editais publicados pela ESAF e FCC está sendo exigido, dentro do tema
“poderes administrativos”, o estudo do “PODER VINCULADO”. Nesses termos,
presume-se que as bancas estejam adotando o posicionamento de Hely Lopes
Meirelles, que faz referência à existência de um “poder vinculado”.
3. Poder discricionário
PIT STOP
O agente público deve atuar nos estritos termos da A própria lei assegura ao agente público a
lei, não possuindo margem para levar em conta possibilidade de tomar a decisão que julgar mais
a conveniência e oportunidade, isto é, tomar a conveniente e oportuna, dentro das várias
decisão que entender mais favorável à hipóteses existentes.
coletividade.
A lei estabelece previamente todos os requisitos do A lei define previamente a competência, finalidade
ato: competência, forma, finalidade, motivo e e forma do ato, deixando para o agente público
objeto. decidir sobre o motivo e o objeto.
Os atos vinculados estão sujeitos à análise de Os atos discricionários também estão sujeitos à
legalidade pelo Poder Judiciário, que verificará se análise de legalidade pelo Poder Judiciário, que,
a competência, forma, finalidade, motivo e objeto em regra, não poderá se manifestar em relação ao
estão em conformidade com a lei. mérito (salvo se violar os princípios da moralidade,
razoabilidade e proporcionalidade).
4. Poder hierárquico
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que, como prerrogativa decorrente
da hierarquia, existe a possibilidade de aplicação de sanções a servidores públicos
faltosos. Fique muito atento às questões sobre esse item, pois a aplicação de
penalidades a servidores está amparada no poder disciplinar, mas é consequência das
relações de subordinação existentes no âmbito da Administração, isto é, consequência
do poder hierárquico (que deu “origem” ao poder disciplinar).
Além de tudo o que já foi dito, é necessário esclarecer também que não
existe hierarquia entre a Administração Direta e Indireta, mas somente
vinculação. Sendo assim, o Presidente da República ou um Ministro de Estado
não pode emitir ordens destinadas ao Presidente de uma autarquia federal, por
exemplo. Da mesma forma, não existe relação de hierarquia entre os entes
federativos (União, Estados, Municípios e DF) no exercício das funções típicas
estatais.
5. Poder disciplinar
Coluna I Coluna II
( ) Penalidade de Demissão (1) Poder Disciplinar
( ) Multa de Trânsito (2) Poder de Polícia
( ) Apreensão de Veículo
( ) Declaração de Inidoneidade para Licitar ou Contratar com a Administração
Pública
a) 1 / 1 / 2 / 2
b) 2 / 1 / 2 / 2
c) 1 / 2 / 2 / 1
d) 1 / 2 / 2 / 2
e) 2 / 2 / 1 / 2
PIT STOP
Não está presente nas relações entre entidades da A autoridade superior, diante de infração praticada
Administração Direta e Indireta, pois, nesse caso, por subordinado, está obrigada a promover a
existe apenas uma vinculação administrativa. respectiva apuração e aplicar a penalidade cabível,
se for o caso.
PIT STOP
É estudado como um GÊNERO (mais amplo), É estudado como uma espécie do poder
dentro do qual se insere o poder regulamentar. normativo.
Não pode contrariar o texto legal ou inovar na Não pode contrariar o texto legal ou inovar na
ordem jurídica (substituir a lei). ordem jurídica (substituir a lei).
7. Poder de polícia
Dentre todos os poderes estudados até o momento, certamente o poder
de polícia é o mais exigido em provas de concursos públicos, provavelmente
pela pluralidade de questões que podem ser elaboradas pelas bancas
examinadoras.
a) 1/2/2/1/2
b) 2/1/2/1/2
c) 2/2/2/1/1
d) 1/2/1/1/2
e) 1/2/2/2/1
7.2. Conceito
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, com a maestria que lhe é
peculiar, conceitua a polícia administrativa como “a atividade da Administração
Pública, expressa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com
fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a
propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora
repressiva, impondo coercitivamente aos particulares um dever de abstenção
(‘non facere’) a fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses
sociais consagrados no sistema normativo”.
O ordenamento jurídico brasileiro, através do artigo 78 do Código
Tributário Nacional, apresenta um conceito legal de polícia administrativa,
nos seguintes termos:
“Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática
de ato ou obtenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e
do mercado, no exercício das atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou o
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.
Para tentar “cercar” as questões de provas, é possível definir o poder de
polícia como a atividade estatal que tem por objetivo limitar e condicionar o
exercício de direitos e atividades, assim como o gozo e uso de bens particulares
em prol do interesse da coletividade.
Para ficar mais claro, cita-se como exemplo o processo a que submete o
particular para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação: o Código de
Trânsito Brasileiro estabelece normas genéricas e abstratas que devem ser
observadas por aqueles que desejam obter a permissão para dirigir veículos
automotores (ordem de polícia – legislação); a CNH apenas é expedida após
o particular cumprir todos os requisitos legais e a Administração Pública anuir
com o respectivo consentimento; após a obtenção da CNH, o particular,
quando estiver dirigindo veículos, será fiscalizado pela Administração, que
poderá, inclusive, valer-se da instalação de radares eletrônicos (fiscalização);
por derradeiro, aquele que desrespeitar as regras do Código de Trânsito estará
sujeito à aplicação de sanções.
No concurso para o cargo de Analista Judiciário do TJ/CE, o CESPE
considerou incorreto o seguinte enunciado: “Nenhum ato inerente ao
poder de polícia pode ser delegado, dado ser expressão do poder de império do
Estado”.
E por que o enunciado está incorreto? Porque, nos termos do atual
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, existem alguns atos (fases) do
poder de polícia que podem ser delegados, a exemplo do consentimento e
fiscalização.
Se a banca simplesmente afirmar que “o poder de polícia não pode ser delegado para
particulares”, a orientação é para que o enunciado seja considerado correto (essa é a
regra geral). Por sua vez, caso o enunciado afirme que “nenhum ato inerente ao poder
de polícia pode ser delegado a particulares”, aponte-o como errado.
7.5. Atributos
A doutrina majoritária aponta três atributos ou qualidades inerentes ao
poder de polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.
7.5.1. Discricionariedade
Este atributo garante à Administração uma razoável margem de
autonomia no exercício do poder de polícia, pois, nos termos da lei, tem a
prerrogativa de estabelecer o objeto a ser fiscalizado, dentro de determinada
área de atividade, bem como as respectivas sanções a serem aplicadas, desde
que previamente estabelecidas em lei.
A discricionariedade é a regra geral em relação ao poder de polícia, mas
é válido esclarecer que a lei pode regular, em circunstâncias específicas, todos
os aspectos do exercício do poder de polícia e, portanto, a atividade também
poderá caracterizar-se como vinculada.
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que, em algumas
hipóteses, a lei já estabelece que, diante de determinados requisitos, a
Administração terá que adotar solução previamente estabelecida, sem
qualquer possibilidade de opção. Nesse caso, o poder de polícia será
vinculado. O exemplo mais comum do ato de polícia vinculado é o da licença.
Para o exercício de atividades ou para a prática de atos sujeitos ao poder de
polícia do Estado, a lei exige alvará de licença ou de autorização. No primeiro
caso, o ato é vinculado, porque a lei prevê os requisitos diante dos quais a
Administração é obrigada a conceder o alvará; é o que ocorre na licença para
dirigir veículos automotores, para exercer determinadas profissões, para
construir. No segundo caso, o ato é discricionário, porque a lei consente que a
Administração aprecie a situação concreta e decida se deve ou não conceder a
autorização, diante do interesse público em jogo; é o que ocorre com a
autorização para porte de arma, com a autorização para circulação de veículos
com peso ou altura excessivos, com a autorização para produção ou distribuição
de material bélico.
No concurso para o cargo de Auditor do Tesouro Municipal de
Natal/RN, a ESAF considerou correta a seguinte assertiva: “O Poder de
Polícia tanto pode ser discricionário como vinculado”.
7.5.2. Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade caracteriza-se pela possibilidade assegurada à
Administração de utilizar os próprios meios de que dispõe para colocar em
prática as suas decisões, independentemente de autorização do Poder
Judiciário, podendo valer-se, inclusive, de força policial.
A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos praticados no
exercício do poder de polícia, sendo possível citar como exemplo a aplicação de
multas. É lícito à Administração efetuar o lançamento da multa e notificar o
particular para proceder ao seu pagamento. Todavia, caso o particular não
efetue o pagamento devido, não poderá a Administração iniciar uma execução
na via administrativa, sendo obrigada a recorrer ao Poder Judiciário, caso
tenha interesse em receber o valor correspondente.
Sumula 510: "A liberação de veículo retido apenas por transporte irregular
de passageiros não está condicionada ao pagamento de multas e despesas".
Gabarito: Letra a.
7.5.3. Coercibilidade
O terceiro atributo do poder de polícia é a coercibilidade, que garante à
Administração a possibilidade de impor coativamente ao particular as suas
decisões, independentemente de concordância deste.
PIT STOP
PODER DE POLÍCIA
A polícia administrativa atua sobre bens, atividades e direitos (exercida por
entidades e órgãos administrativos). De outro lado, a polícia judiciária atua sobre
pessoas (exercida, em regra, pela Polícia Civil e Polícia Federal).
RESUMO
RESUMO DE VÉSPERA DE VÉSPERA
DE PROVA - RVP DE PROVA - RVP
1. O interesse público é indisponível e, caso seja necessário que o
administrador se valha de tais poderes para cumprir a sua função, deverá
exercê-los, haja vista que os poderes administrativos constituem verdadeiros
poderes-deveres e não uma mera faculdade.
2. O exercício da função pública não se restringe à garantia de prerrogativas
aos agentes públicos. Ao contrário, impõe diversos deveres que, caso não
observados, poderão ensejar a responsabilização civil, penal e administrativa do
agente que se omitir, sendo possível citar entre eles: dever de eficiência, dever
de prestar contas e dever de probidade.
3. O abuso de poder configura-se por uma conduta praticada pelo agente
público em desconformidade com a lei e pode se apresentar sob duas formas
diferentes: a) quando o agente público ultrapassa os limites da competência
que lhe foi outorgada pela lei (excesso de poder); e b) quando o agente
público exerce a competência nos estritos limites legais, mas para atingir
finalidade diferente daquela prevista em lei (desvio de poder ou desvio de
finalidade).
4. Em situações especiais, também é possível falar em abuso de poder por
omissão, desde que se trate de omissão específica.
5. Para que um ato administrativo seja editado validamente, em conformidade
com a lei, é necessário que atenda a cinco requisitos básicos: competência,
forma, finalidade, motivo e objeto. Quando os cinco requisitos forem
apresentados e detalhados na própria lei, ter-se-á um ato vinculado, pois o
agente público restringir-se-á ao prenchimento do ato nos termos que foram
definidos legalmente. Nesse caso, o agente público não possui margem de
decisão (discricionariedade) em relação ao ato a ser praticado.
6. Poder discricionário é aquele que a própria lei concede ao agente público,
de modo explícito ou implícito, para a prática de atos administrativos,
autorizando-lhe a escolher, entre várias alternativas possíveis, aquela que
melhor atende ao interesse coletivo.
7. Cuidado para não confundir discricionariedade e arbitrariedade. A
primeira consiste numa autonomia de escolha exercitada sob a égide da Lei e
nos limites do Direito. Isso significa que a discricionariedade não pode traduzir
um exercício prepotente de competências e, portanto, não autoriza escolhas
ao bel-prazer, por liberalidade ou para satisfação de interesses secundários ou
reprováveis, pois isso caracterizaria arbitrariedade. A arbitrariedade está
presente nos atos que atentam contra a lei, inclusive naqueles que extrapolam
os limites da discricionariedade outorgada legalmente ao agente público;
Paulo não desempenhou suas funções com excesso de poder, pois, a princípio,
a lei o autorizava a praticar os atos inerentes a função que exercia, apesar da
situação irregular no provimento. O excesso de poder ocorre quando o agente
público extrapola os limites de sua competência, prevista em lei. Assertiva
incorreta.
O abuso de poder configura-se por uma conduta praticada pelo agente público
em desconformidade com a lei e pode se apresentar sob duas formas
diferentes: 1ª) quando o agente público ultrapassa os limites da competência
que lhe foi outorgada pela lei (excesso de poder); 2ª) quando o agente
público exerce a competência nos estritos limites legais, mas para atingir
finalidade diferente daquela prevista em lei (desvio de poder ou desvio de
finalidade). Assertiva correta.
Comentários
Gabarito: Letra b.
A Lei 9.784/99, em seu art. 45, afirma que “em caso de risco iminente, a
Administração Pública poderá motivadamente adotar providências
acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado”. Todavia, em
nenhuma hipótese se admite que autoridades administrativas determinem a
prisão de pessoas, ainda que integrantes do quadro da Administração Pública.
Assertiva incorreta.
Quando o agente público exerce a competência nos estritos limites legais, mas
para atingir finalidade diferente daquela prevista em lei, pratica desvio de
finalidade e não excesso de poder. Assertiva incorreta.
39. Nenhum ato inerente ao poder de polícia pode ser delegado, dado
ser expressão do poder de império do Estado.
Vigora no âmbito do Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que as
atividades pertinentes ao consentimento e à fiscalização podem ser
delegadas a particulares (a instalação de radares, por exemplo). O que não se
admite é a delegação da atividade legislativa e de aplicação de sanções aos
respectivos infratores. Assertiva incorreta.
Comentários
A licença é ato administrativo unilateral, vinculado e definitivo, editado
com fundamento no poder de polícia, pelo qual a Administração Pública
reconhece que o particular detentor de um direito subjetivo preenche as
condições para seu gozo.
A construção em terreno do próprio administrado, por exemplo, somente
pode ocorrer mediante a obtenção de licença perante o órgão municipal
competente. Caso contrário, a obra será considerada ilegal, sujeitando-se,
inclusive, ao embargo administrativo até posterior regularização (sem prejuízo
de outras penalidades previstas em lei).
Gabarito: Letra d.
Comentários
De início, perceba que a questão não informou se existe algum vínculo
jurídico entre a Administração Pública e o particular que foi penalizado,
portanto, está descartada a possibilidade de a retenção do veículo e a multa
terem sido aplicadas com fundamento no poder disciplinar. Nesse caso, não há
dúvidas de que foi exercido o poder de polícia.
Tendo sido aplicadas com fundamento no poder de polícia, as penalidades
estão amparadas pelo atributo da autoexecutoriedade, já que a
Administração Pública não precisou de autorização do Poder Judiciário para
implementá-las. De outro lado, por se tratar de instrumentos indiretos de
coerção na tentativa de obrigar o particular a cumprir as obrigações legais,
estará presente apenas a exigibilidade (que é um desmembramento da
autoexecutoriedade).
Gabarito: Letra b.
Comentários
a) O poder de polícia não decorre de vínculos jurídicos existentes entre o
Estado e o particular, mas sim do princípio da supremacia do interesse público
sobre o interesse privado, objetivando impedir que particulares pratiquem atos
nocivos ao interesse público. Assertiva incorreta.
b) O poder disciplinar não alcança apenas servidores que compõem o quadro de
pessoal da administração pública, sendo possível alcançar particulares que
tenham vínculo com a Administração.
Para que ocorra a aplicação de uma penalidade com fundamento no poder
disciplinar é necessário que exista um vínculo jurídico entre a Administração e
aquele que está sendo punido. Isso acontece, por exemplo, na aplicação de
uma suspensão a servidor público (vínculo estatutário), bem como na
aplicação de uma multa a concessionário de serviço público (vínculo
contratual). Assertiva incorreta.
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, apenas.
e) II, apenas.
a) hierárquico e disciplinar.
b) regulamentar e de polícia.
c) disciplinar e de polícia.
d) de polícia e hierárquico.
e) hierárquico e regulamentar.
GABARITO
Comentários
O inteiro teor da questão foi retirado de um trecho do livro de Maria
Sylvia Zanella di Pietro, que assim afirma:
“(...) mesmo quando dependa de lei, pode-se dizer que da organização
administrativa decorrem para a Administração Pública diversos poderes:
1. o de editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), com o
objetivo de ordenar a atuação dos órgãos subordinados; trata-se de atos
normativos de efeitos apenas internos e, por isso mesmo,
inconfundíveis com os regulamentos; são apenas e tão somente
decorrentes da relação hierárquica, razão pela qual não obrigam
pessoas a ela estranhas”.
Gabarito: Letra b.
Comentários
a) O poder de polícia fundamenta-se no princípio da supremacia do interesse
público sobre o interesse privado, objetivando impedir que particulares
pratiquem atos nocivos ao interesse público nas áreas de higiene, saúde, meio
ambiente, segurança pública, profissões, trânsito, entre outras. Ademais, não
restam dúvidas de que o poder de polícia (ou função de polícia) deve se pautar
na legislação vigente, evitando-se, assim, abusos por parte da Administração
Pública. Assertiva correta.
b) A atuação de polícia nem sempre depende de expressa prescrição
normativa, pois, em regra, o seu exercício ocorre de forma discricionária, sendo
vinculada apenas em situações pontuais. Assertiva incorreta.
Comentários
Perceba que o próprio enunciado da questão apresentou dicas para que o
candidato pudesse descobrir o “poder hierárquico”, ao citar as expressões
“coordenação e subordinação”, “ordenação harmônica de atuações” e
“fiscalização e correção de eventuais irregularidades”.
Segundo Hely Lopes Meirelles, “poder hierárquico é o de que dispõe o
Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever
a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os
servidores do seu quadro de pessoal”.
Gabarito: Letra d.
Comentários
a) Para garantir que o particular irá abster-se de ações contrárias ao interesse
geral da sociedade, o poder de polícia poderá ser exercido na forma
preventiva (a exemplo de fiscalizações ou autuações) ou repressiva (a
exemplo de apreensão de mercadorias impróprias para o consumo ou
aplicações de multas). Assertiva incorreta.
b) A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos,
sendo mais comum em provas as bancas apresentarem a “multa” como
exceção. Nesse caso, a Administração Pública está obrigada a provocar o Poder
Judiciário para receber o respectivo valor, no caso de inadimplemento do
administrado. Além disso, existem outras circunstâncias que também limitam a
autoexecutoriedade do poder de polícia, a exemplo do art. 5º, XI, da CF/1988,
que é claro ao afirmar que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial”. Assertiva correta.
c) É sabido que a autoexecutoriedade não está presente em toda atuação de
polícia da Administração Pública, a exemplo do que ocorre em relação à multa.
Por sua vez, deve ficar claro que a exigibilidade é uma característica da
própria autoexecutoriedade, podendo ser implementada (ou não) no caso em
concreto. É a exigibilidade que assegura à Administração a prerrogativa de
valer-se de meios indiretos de coerção para obrigar o particular a cumprir
uma determinada obrigação, a exemplo do que ocorre na aplicação da multa.
Comentários
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, com a maestria que lhe é
peculiar, conceitua a polícia administrativa como “a atividade da Administração
Pública, expressa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com
fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a
propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora
repressiva, impondo coercitivamente aos particulares um dever de abstenção
(‘non facere’) a fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses
sociais consagrados no sistema normativo”.
Quando você for responder alguma questão de prova que esteja se
referindo aos poderes da Administração Pública, lembre-se de que as
expressões “condicionamento”, “limitação” ou “restrição” de direitos ou
atividades estão intimamente relacionadas ao exercício do poder de polícia. É
isso o que ocorre, por exemplo, quando alguns conselhos profissionais exigem a
aprovação do estudante em determinado exame/teste para que possa exercer
determinada profissão.
A propósito, é importante destacar que no julgamento do recurso
extraordinário nº 414.426/SC, que ocorreu em 01/11/2011, o Supremo
Tribunal Federal decidiu que qualquer restrição à liberdade profissional “só se
justifica se houver necessidade de proteção do interesse público, por exemplo,
pelo mau exercício de atividades para as quais seja necessário um
conhecimento específico altamente técnico ou, ainda, alguma habilidade já
demonstrada, como é o caso dos condutores de veículos”. Ademais, as
restrições ao exercício de qualquer profissão ou atividade devem obedecer ao
princípio da mínima intervenção, a qual deve ser baseada pelos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade.
Gabarito: Letra c.
c) poderia ter realizado esta remoção, uma vez que possui poder
hierárquico para tal.
d) somente poderia ter realizado a remoção, com este fundamento,
após a instauração de processo administrativo.
e) incorreu em desvio de poder.
Comentários
O abuso de poder configura-se por uma conduta praticada pelo agente
público em desconformidade com a lei e pode se apresentar sob duas formas
diferentes:
1ª) quando o agente público ultrapassa os limites da competência que
lhe foi outorgada pela lei (excesso de poder);
2ª) quando o agente público exerce a competência nos estritos limites
legais, mas para atingir finalidade diferente daquela prevista em lei
(desvio de poder ou desvio de finalidade).
Comentários
a) Ora, se a culpa do servidor não restar integralmente comprovada é óbvio
que será ilegal a aplicação de qualquer penalidade, sob pena de violação ao
princípio constitucional da presunção de inocência. Assertiva incorreta.
b) O servidor público responde civil, penal e administrativamente pelo exercício
irregular de suas atribuições. Assim, pela prática de uma única infração, será
possível que responda a um processo na esfera penal, um processo na esfera
cível e, ainda, um processo na esfera administrativa. Não há vinculação
entre essas esferas, portanto, as sanções provenientes de cada uma delas
poderão cumular-se sem que se caracterize um bis in idem, já que são esferas
distintas. Assertiva incorreta.
Comentários
No caso em concreto, não restam dúvidas de que estamos diante do
exercício do poder de polícia, que possui como um de seus atributos a
autoexecutoriedade, que assegura ao Poder Público a possibilidade de
obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sem a
necessidade de autorização do Poder Judiciário.
O referido atributo garante à Administração Pública a possibilidade de ir
além do que simplesmente impor um dever ao particular (consequência da
imperatividade), mas também utilizar força direta e material no sentido de
garantir que a atividade administrativa seja realmente executada, a exemplo da
interdição do local e lavratura do auto de infração.
A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos
(atos negociais e enunciativos, por exemplo), ocorrendo somente em duas
hipóteses:
1ª) Quando existir expressa previsão legal;
2ª) Em situações emergenciais em que apenas se garantirá a satisfação
do interesse público com a utilização da força estatal. Nesse caso, o
contraditório e a ampla defesa podem ser diferidos, isto é, postergados
para momento futuro.
Gabarito: Letra a.
Comentários
Analisando-se o enunciado da questão, não restam dúvidas de que está
se referindo ao exercício do poder de polícia, mais precisamente a um de seus
atributos: a autoexecutoriedade.
A autoexecutoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a
possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos
editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário.
O referido atributo garante à Administração Pública a possibilidade de ir
além do que simplesmente impor um dever ao particular (consequência da
imperatividade), mas também utilizar força direta e material no sentido de
garantir que o ato administrativo seja executado.
Gabarito: Letra e.
Comentários
Eis uma questão muito simples, pois o candidato precisaria apenas saber
quais são os poderes da Administração Pública, isto é, conhecer o poder
vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar, normativo ou regulamentar e o
poder de polícia.
Gabarito: Letra d.
Comentários
a) A autoexecutoriedade, um dos atributos do poder de polícia, assegura à
Administração Pública a prerrogativa de executar as suas próprias decisões sem
necessidade de autorização do Poder Judiciário. Assertiva incorreta.
b) As diligências constatadas durante a fiscalização não serão maculadas em
virtude de o procedimento ter sido iniciado por interesses políticos, pois, na
prática, as ilegalidades efetivamente ocorreram. Assertiva incorreta.
c) Apesar de o ato de fiscalização ter sido motivado por interesses políticos, o
fato é que várias ilegalidades foram constatadas. Nesse caso a Administração
Pública deve adotar todas as providências cabíveis ao caso em concreto,
responsabilizando-se os responsáveis, posteriormente, por eventual abuso de
poder (desvio de finalidade). Assertiva correta.
d) O poder de polícia não se restringe a medidas preventivas, podendo ser
exercido também de forma repressiva, isto é, após o cometimento da
atividade ilegal. Assertiva incorreta.
d) I e II.
e) II e III.
Comentários
Item I - A discricionariedade é a regra geral em relação ao poder de polícia,
mas é válido esclarecer que a lei pode regular, em circunstâncias específicas,
todos os aspectos do exercício do poder de polícia e, portanto, a atividade
também poderá caracterizar-se como vinculada. Assertiva incorreta.
Item II - A autoexecutoriedade caracteriza-se pela possibilidade assegurada à
Administração de utilizar os próprios meios de que dispõe para colocar em
prática as suas decisões, independentemente de autorização do Poder
Judiciário, podendo valer-se, inclusive, de força policial. Assertiva correta.
Item III - Para garantir que o particular irá abster-se de ações contrárias ao
interesse geral da sociedade, o poder de polícia poderá ser exercido na forma
preventiva ou repressiva. Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra a.
Comentários
Preceitua o art. 84, VI, da Constituição Federal de 1988, que compete ao
Presidente da República (e, em razão do princípio da simetria, também ao
Governador de Estado) dispor, mediante decreto, sobre:
1) organização e funcionamento da administração federal, quando não
implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
2) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Nesse caso, teremos a edição do denominado decreto autônomo, que,
em virtude de sua excepcionalidade, somente poderá ser editado nas duas
hipóteses previstas constitucionalmente.
Gabarito: Letra e.
Comentários
Item I - A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, por meio de uma
subdivisão denominada executoriedade, assegura à Administração a
prerrogativa de implementar diretamente as suas decisões,
independentemente de autorização do Poder Judiciário. Assim, com fundamento
na executoriedade, a Administração pode determinar a demolição de um imóvel
que está prestes a desabar e que coloca em risco a vida de várias pessoas. Se o
particular não providenciar a demolição, a própria Administração poderá
executá-la. Trata-se de um meio direto de coerção. Ou seja, a Administração
tem possibilidade de utilizar meios diretos de coação ao particular.
Assertiva incorreta.
Item II - O meio de ação da medida de polícia tem limitações, como a
necessidade de atender ao Princípio da Proporcionalidade, ou seja, a medida de
polícia deve ser aplicada ao particular na exata proporção para a proteção do
interesse coletivo, sem excessos. Assertiva correta.
Item III - A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, assegura à
Administração, por meio da subdivisão da exigibilidade, a prerrogativa de
valer-se de meios indiretos de coerção para obrigar o particular a cumprir
a) hierárquico e disciplinar.
b) regulamentar e de polícia.
c) disciplinar e de polícia.
d) de polícia e hierárquico.
e) hierárquico e regulamentar.
Comentários
COLUNA II
(1) Técnica de ordenação pela informação.
(2) Técnica de ordenação pelo condicionamento.
(3) Técnica de ordenação sancionatória.
a) 2, 2, 3, 1, 1
b) 3, 3, 1, 2, 1
c) 1, 1, 3, 2, 2
d) 3, 1, 3, 2, 2
e) 2, 1, 3, 1, 2
GABARITO
Comentários
a) A CF∕1988, em seu art. 49, V, dispõe expressamente que compete
exclusivamente ao Congresso Nacional “sustar os atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa”. Assertiva incorreta.
b) O poder hierárquico, responsável por estabelecer as relações administrativas
de subordinação, manifesta-se no âmbito interno dos três Poderes (Legislativo,
Executivo e Judiciário), do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.
Assertiva incorreta.
c) O art. 1º da Lei 9.873/1999 é expresso ao afirmar que “prescreve em
cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta,
no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em
vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente
ou continuada, do dia em que tiver cessado”. Assertiva incorreta.
d) O poder disciplinar também se manifesta no âmbito interno do Ministério
Público e Poder Judiciário. Assim, quando servidor do Ministério Público pratica
infração funcional está sujeito às penalidades previstas no respectivo estatuto
funcional. Assertiva correta.
Coluna I Coluna II
( ) Apreensão de Veículo
a) 1 / 1 / 2 / 2
b) 2 / 1 / 2 / 2
c) 1 / 2 / 2 / 1
d) 1 / 2 / 2 / 2
e) 2 / 2 / 1 / 2
Comentários
Antes de responder as questões da ESAF referentes às penalidades
decorrentes do exercício do poder disciplinar e/ou do poder de polícia, fique
atento à seguinte informação: no primeiro caso, é necessário que exista um
vínculo jurídico entre a pessoa (física ou jurídica) e a Administração; no
segundo, não há necessidade de vínculo jurídico prévio entre a Administração
Pública e a pessoa destinatária da penalidade.
Levando–se em conta essa informação, passemos à análise das
penalidades previstas na primeira coluna:
1ª) Penalidade de demissão: para a aplicação de demissão a servidor
público, presume-se que este possua um vínculo jurídico com a Administração
Pública (no caso, um vínculo estatutário – Lei 8.112/1990, na esfera federal).
Assim, trata-se de hipótese de exercício do poder disciplinar.
Comentários
O art. 58 da Lei 8.112/1990 dispõe que “o servidor que, a serviço,
afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório para outro ponto do
território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas
a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e
locomoção urbana”.
Comentários
Eis uma questão interessante e que foi muito discutida pelos candidatos
do concurso do MDIC (cujas provas foram aplicadas em maio de 2012), já
que o assunto não é normalmente abordado nas doutrinas tradicionais de
Direito Administrativo.
Dentre os autores que tratam do assunto, podemos citar o professor
Lucas Rocha Furtado, que afirma que a atividade de polícia interfere de
diferentes formas na esfera dos direitos dos particulares. Em alguns casos, ela
impõe aos particulares a obrigação de prestar informações (técnica de
ordenação pela informação); em outros, a obrigação de cumprir e de
demonstrar o cumprimento de algumas condições para o exercício de
atividades ou direitos (técnica de ordenação pelo condicionamento). Em
situações diversas, simplesmente fixa sanções para o não cumprimento de
comportamentos impostos (técnica de ordenação sancionatória).
Analisando-se as informações apresentadas pelo professor, podemos
chegar às seguintes conclusões:
1ª) A obrigatoriedade de apresentação, anualmente, da declaração de
renda de pessoa física à Receita Federal do Brasil encontra amparo na técnica
de ordenação pela informação;
2ª) A obrigatoriedade de apresentação do cartão de vacinas (informação)
para a efetivação de matrícula de menor na rede pública de ensino também é
consequência da técnica de ordenação pela informação. Nesse caso,
perceba que o objetivo da Administração Pública é ter acesso às informações
sobre a regularidade de vacinação do menor e não exigir, necessariamente, que
seja cumprido determinado requisito para que seja assegurado o gozo do
direito à educação;
3ª) Se o particular avança sinal vermelho, está praticando uma violação à
legislação de transito, portanto, deve ser punido com fundamento no exercício
do poder de polícia (técnica de ordenação sancionatória);
4ª) Tanto na concessão de alvará de funcionamento quanto na concessão
da CNH exige-se que o particular cumpra determinados requisitos legais a fim
de que os respectivos atos administrativos sejam expedidos. A condição para
gozo do direito assegurado legalmente é o cumprimento dos respectivos
requisitos legais (técnica de ordenação pelo condicionamento).
GABARITO: LETRA C.
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b) disciplinar.
c) discricionário.
d) hieráquico.
e) regulamentar.
Comentários
É o poder hierárquico que permite à autoridade administrativa
distribuir e escalonar as atribuições e funções existentes no âmbito da
Administração Pública, definindo as respectivas relações de coordenação e
subordinação entre os diversos órgãos e agentes que compõem a sua
estrutura.
Estabelecidas as relações de subordinação, é assegurado o poder de
comando dos agentes superiores em relação àqueles que lhes são
subordinados, permitindo assim uma ampla fiscalização e revisão dos atos e
atividades desempenhadas, bem como a avocação e delegação de
competências administrativas, quando conveniente e oportuno.
GABARITO: LETRA D.
d) O Sr. Abel incidiu em desvio de finalidade, razão pela qual o ato por
ele praticado merece ser anulado.
e) Considerando que o ato do Sr. Abel padece de vício, o mesmo deverá
ser revogado.
Comentários
Antes de analisar cada uma das alternativas apresentadas, perceba que o
próprio texto da questão afirmou que a família de Tício, desde a época de seus
avós, havia cortado relações com o Sr. Abel. Ademais, durante a primeira
semana de trabalho de Tício, o Sr. Abel mostrou-se totalmente indiferente em
relação ao novo subordinado, o que é (ou deveria ser) uma situação atípica no
âmbito da Administração.
Sendo assim, passemos aos comentários de cada assertiva:
a) A conduta do Sr. Abel não está em conformidade com o direito vigente, já
que teve por fundamento a satisfação de um sentimento pessoal de vingança e
não o interesse público. Assertiva incorreta.
Apesar de não constar expressamente no texto da questão, é possível
supor que o Sr. Abel apenas removeu o servidor para a cidade de São Paulo em
virtude de desavenças familiares, pois o servidor ainda estava em sua segunda
semana de trabalho. Na verdade, o objetivo do Sr. Abel foi se vingar do novo
servidor e, para isso, editou um ato administrativo removendo-o para outra
localidade.
b) Ao remover Tício para a cidade de São Paulo, o Sr. Abel cometeu um desvio
de finalidade e não um excesso de poder, o que torna a assertiva incorreta.
A princípio, o Sr. Abel era competente para editar o ato de remoção, já
que o texto da questão não apresentou informação contrária. Entretanto, deve
ficar claro que a remoção não foi realizada com a finalidade de suprir uma
eventual carência de servidores na cidade de São Paulo, mas sim para
satisfazer o desejo pessoal do Sr. Abel de “ficar longe” de Tício.
c) O fato de o servidor encontrar-se em estágio probatório não concede à
Administração Pública a prerrogativa de removê-lo arbitrariamente,
desrespeitando a finalidade legal. Mesmo que ainda não tenha adquirido a
estabilidade, o servidor somente pode ser removido com a finalidade de suprir a
carência de servidores em outra localidade, jamais para satisfazer o interesse
pessoal de qualquer autoridade pública. Assertiva incorreta.
d) O texto da assertiva está em conformidade com o entendimento de doutrina
majoritária, e, portanto, deve ser considerado correto.
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a) Assertiva correta. O professor Hely Lopes Meirelles, por exemplo, afirma
que “se para o particular o poder de agir é uma faculdade, para o
administrador público é uma obrigação de atuar, desde que se apresente o
ensejo de exercitá-lo em benefício da coletividade”.
b) Assertiva correta. Em sentido amplo, o poder de polícia pode ser exercido
tanto através de leis (atos legislativos abstratos) quanto através de atos
administrativos secundários que tenham por objetivo explicar e
complementar o texto legal, a exemplo dos decretos regulamentares,
resoluções, portarias etc.
c) Assertiva correta. O poder hierárquico não se manifesta apenas no âmbito
do Poder Executivo, mas também no interior do Poder Legislativo, Poder
Judiciário, Ministério Público e Tribunais de Contas. Assim, apesar de não existir
hierarquia, no exercício da função de julgar, entre o Presidente do Tribunal de
Justiça de Minas Gerais e um Juiz de 1ª instância, destaca-se que este está
subordinado administrativamente àquele (se quiser pleitear uma licença para
tratar de assuntos particulares, por exemplo, precisará da concordância do
Presidente).
d) Assertiva incorreta. Somente aqueles que possuem algum vínculo
jurídico com a Administração Pública (a exemplo dos servidores públicos,
concessionários ou permissionários de serviços públicos) podem ser punidos
com fundamento no exercício do poder disciplinar. Inexistindo vínculo jurídico, a
punição será aplicada, provavelmente, com fundamento no poder de polícia.
e) Assertiva correta. O professor Diógenes Gasparini afirma que o poder
regulamentar consiste “na atribuição privativa do chefe do Poder Executivo
para, mediante decreto, expedir atos normativos, chamados regulamentos,
compatíveis com a lei e visando desenvolvê-la".
GABARITO: LETRA D.
Comentários
a) Assertiva incorreta. O art. 77 do Código Tributário Nacional dispõe que “as
taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos
Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador
o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou
posto à sua disposição”.
b) Assertiva correta. A doutrina majoritária é no sentido de que todas as
entidades regidas pelo direito público, a exemplo da União, Estados,
Municípios, Distrito Federal, autarquias e fundações públicas de direito público
estão aptos a exercer o poder de polícia. De outro lado, as empresas públicas
e sociedades de economia mista não possuem essa prerrogativa, já que são
instituídas sob o regime de direito privado.
c) Assertiva incorreta. Nem todos os atos administrativos gozam do atributo
da autoexecutoriedade, a exemplo da multa. Apesar de a Administração Pública
possuir a prerrogativa de aplicá-la ao particular faltoso, caso o respectivo
pagamento não seja feito na data inicialmente imposta, será necessário recorrer
ao Poder Judiciário a fim de exigir o seu pagamento forçado (ação de
execução).
d) Assertiva incorreta. O art. 78 do Código Tributário Nacional dispõe que se
considera poder de polícia “ a atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.
a) 3/2/5/4/1
b) 1/2/3/5/4
c) 4/1/5/3/2
d) 2/5/4/1/3
e) 4/1/2/3/5
Comentários
Analisando-se as informações apresentadas pelo caput da questão,
podemos chegar às seguintes conclusões:
1ª) A edição de decreto estadual sobre transporte intermunicipal
encontra amparo no poder regulamentar, já que tem por objetivo explicar o
texto legal com o objetivo de favorecer a sua fiel execução;
2ª) A concessão de alvará para a construção de imóvel comercial é
realizada no exercício do poder vinculado, pois, se todos os requisitos legais
foram atendidos pelo particular, o ato deve ser obrigatoriamente editado pela
Administração Pública;
3ª) A aplicação de penalidade administrativa a servidor público está
fundamentada no exercício do poder disciplinar, já que existe um vínculo
jurídico entre a Administração Pública e o destinatário da sanção;
GABARITO: LETRA C.
GABARITO
Comentários
Item I – A polícia administrativa incide sobre bens, direitos ou atividades
(propriedade e liberdade). Por sua vez, a polícia judiciária incide sobre
pessoas, atuando de forma conexa e acessória ao Poder Judiciário na apuração
e investigação de infrações penais. Assertiva incorreta.
Item II – A polícia administrativa está vinculada à prevenção de ilícitos
administrativos, difundindo-se por todos os órgãos administrativos, de todos
os Poderes e entidades públicas que tenham atribuições de fiscalização.
Assertiva correta.
Item III – É a polícia judiciária que atua no sentido de subsidiar a atuação do
Ministério Público, fornecendo-lhe provas colhidas em investigação criminal
regulamente instaurada. Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra a.
Comentários
Como é possível perceber, a questão foi aplicada em concurso público da
Defensoria Pública do Distrito Federal, realizado em 2014. Na oportunidade, a
banca simplesmente reproduziu o inteiro teor de um julgado do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e Territórios, cujo teor é o seguinte:
DIREITO ADMINISTRATIVO - AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO ORDINÁRIA –
EDIFICAÇÃO EM ÁREA PÚBLICA – ATO DEMOLITÓRIO – AUSÊNCIA DE
VEROSSIMILHANÇA DA PRETENSÃO ANTECIPATÓRIA.
Comentários
A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos praticados no
exercício do poder de polícia, a exemplo do que ocorre com a multa
administrativa. É lícito à Administração efetuar o lançamento da multa e
notificar o particular para proceder ao seu pagamento. Todavia, caso o
particular não efetue o pagamento devido, não poderá a Administração iniciar
uma execução na via administrativa (apreendendo bens do devedor para a
quitação da dívida), sendo obrigada a recorrer ao Poder Judiciário, que possui a
exclusiva prerrogativa de determinar a penhora dos bens do infrator, se for o
caso.
Gabarito: Letra d.
Comentários
a) O poder de polícia pode ser exercido por todas as entidades da
Administração Direta e, também, da Administração Indireta, desde que
instituídas com personalidade jurídica de direito público (a exemplo das
autarquias). Assertiva incorreta.
b) A doutrina majoritária admite a delegação do poder de polícia, desde que o
seu exercício continue na órbita de uma entidade de direito público. É o que
ocorre, por exemplo, quando a União delega o seu exercício para uma autarquia
federal. Assertiva incorreta.
c) Poder de Polícia Originário é aquele exercido pelas pessoas políticas do
Estado (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), alcançando os atos
administrativos provenientes de tais pessoas. O Poder de Polícia Delegado, por
sua vez, é aquele executado pelas pessoas administrativas do Estado,
integrantes da chamada Administração Indireta. Diz-se delegado porque esse
poder é recebido pela entidade estatal a qual pertence. Assertiva correta.
d) A doutrina majoritária entende que o poder de polícia não pode ser exercido
por particulares (concessionários ou permissionários de serviços públicos) ou
entidades públicas regidas pelo direito privado, mesmo quando integrantes da
Administração indireta, a exemplo das empresas públicas e sociedades de
economia mista. Assertiva incorreta.
e) Para garantir que o particular irá abster-se de ações contrárias ao interesse
geral da sociedade, o poder de polícia poderá ser exercido na forma
preventiva (outorga de uma licença, por exemplo) ou repressiva (interdição
de estabelecimento que comercializava produtos impróprios para o consumo).
Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra c.
Comentários
O decreto regulamentar é ato administrativo, ou seja, ato infralegal, pois
encontra na lei o seu fundamento de validade. Todavia, além do decreto
regulamentar, o Chefe do Executivo ainda pode editar decretos autônomos,
que possuem fundamento de validade no próprio texto constitucional, mais
precisamente no inciso VI do artigo 84, que assim dispõe:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
[...] VI - dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração federal, quando
não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que o decreto
autônomo apenas pode ser editado nas taxativas hipóteses previstas no art. 84,
VI, da CF∕1988.
Gabarito: Letra d.
Comentários
Item I - O poder hierárquico é exercido de forma contínua e permanente
dentro de uma mesma pessoa política ou administrativa organizada
verticalmente. É possível afirmar que no interior da União, Estados, Municípios
e Distrito Federal, ocorrerão várias relações de hierarquia, todas elas fruto da
desconcentração. Assertiva correta.
Item II - Para tentar “cercar” as questões de provas, é possível definir o poder
de polícia como a atividade estatal que tem por objetivo limitar e condicionar
o exercício de direitos e atividades, assim como o gozo e uso de bens
particulares em prol do interesse de toda a coletividade. Assertiva correta.
Item III - Não há hierarquia entre as entidades da Administração Direta (e
seus respectivos Ministérios) e Administração Indireta (a exemplo das
autarquias). Nesses termos, um Ministério não pode avocar competências
atribuídas às entidades que estão sob a sua supervisão, por exemplo. Entre as
entidades da Administração Direta e Indireta há apenas relação de vinculação
administrativa. Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra a.
Comentários
a) Não há hierarquia entre as entidades da Administração Direta (e seus
respectivos Ministérios) e Administração Indireta (a exemplo das sociedades de
economia mista). Entre as entidades da Administração Direta e Indireta existe
apenas uma relação de vinculação administrativa. Assertiva incorreta.
b) O vínculo existente entre as entidades da Administração Pública Direta e
Administração Pública Indireta é apenas de vinculação e não de subordinação.
Assim, aquelas não poderão exercer controle hierárquico sobre estas, mas
apenas o denominado controle finalístico, que encontra fundamento na lei.
Assertiva incorreta.
c) Se pessoas jurídicas estão apenas vinculadas, em relação administrativa,
não há relação de subordinação entre elas. Assertiva incorreta.
d) As autarquias estão apenas vinculadas à União e seus respectivos
Ministérios. É o que ocorre, por exemplo, em relação ao IBAMA (autarquia
federal), que se encontra vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Assertiva
incorreta.
e) O poder hierárquico é exercido de forma contínua e permanente dentro de
uma mesma pessoa política ou administrativa organizada verticalmente. É
possível afirmar que no interior da União, Estados, Municípios e Distrito Federal,
ocorrerão várias relações de subordinação, decorrentes de uma hierarquia
presumida. Assertiva correta.
Gabarito: Letra e.
Comentários
O poder de polícia surgiu com a própria necessidade atribuída ao Estado
de ordenar, controlar, fiscalizar e limitar as atividades desenvolvidas pelos
particulares, em benefício da coletividade.
Em síntese, deve ficar bem claro que a Administração utiliza-se do poder
de polícia para interferir na esfera privada dos particulares, condicionando o
exercício de atividades e direitos, bem como o gozo de bens, impedindo assim
que um particular possa prejudicar o interesse de toda uma coletividade.
Portanto, considerando que a questão em apreço aborda uma hipótese de
saúde pública, a administração fará uso do poder de polícia para interferir na
propriedade privada, a fim de favorecer o interesse público.
Gabarito: Letra d.
Fabiano Pereira.