1) A história da saúde pública no Brasil evoluiu desde a colonização, quando não havia políticas de saúde estruturadas, até a criação do SUS no século 20. 2) Durante o Império, começaram a ser criados cursos de medicina e hospitais, mas a saúde ainda dependia da classe social. 3) No século 20 surgiram os primeiros esforços para um sistema público universal, como campanhas de vacinação e a criação do Ministério da Saúde.
1) A história da saúde pública no Brasil evoluiu desde a colonização, quando não havia políticas de saúde estruturadas, até a criação do SUS no século 20. 2) Durante o Império, começaram a ser criados cursos de medicina e hospitais, mas a saúde ainda dependia da classe social. 3) No século 20 surgiram os primeiros esforços para um sistema público universal, como campanhas de vacinação e a criação do Ministério da Saúde.
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texto 9 e 10 - Conheça a história da saúde pública no Brasil
1) A história da saúde pública no Brasil evoluiu desde a colonização, quando não havia políticas de saúde estruturadas, até a criação do SUS no século 20. 2) Durante o Império, começaram a ser criados cursos de medicina e hospitais, mas a saúde ainda dependia da classe social. 3) No século 20 surgiram os primeiros esforços para um sistema público universal, como campanhas de vacinação e a criação do Ministério da Saúde.
1) A história da saúde pública no Brasil evoluiu desde a colonização, quando não havia políticas de saúde estruturadas, até a criação do SUS no século 20. 2) Durante o Império, começaram a ser criados cursos de medicina e hospitais, mas a saúde ainda dependia da classe social. 3) No século 20 surgiram os primeiros esforços para um sistema público universal, como campanhas de vacinação e a criação do Ministério da Saúde.
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Conheça a história da saúde pública no brasileiros, ou formados no Brasil.
Brasil Caridade, filantropia e saúde: o papel das
Você tem ideia de como era o sistema de saúde Santas Casas de Misericórdia pública antes do SUS? Ou antes de existirem os A ligação entre entidades religiosas e tratamentos planos de saúde? Hoje, dos 200 milhões de de saúde é bastante forte e existe desde a habitantes no Brasil, ¾ são diretamente colonização do Brasil. Movimentos da Igreja dependentes do sistema público de saúde – o outro Católica, da Igreja Protestante, da Igreja quarto, isto é, os outros 51 milhões usam a Evangélica, da Comunidade Espírita, entre outras, chamada saúde suplementar. O SUS veio da chegam a ter 2.100 estabelecimentos de saúde evolução de um direito chamado direito à saúde, espalhados por todo o território brasileiro, de que há pouco tempo foi definitivamente acordo com a Confederação de Santas Casas de estabelecido no Brasil. Vamos entender como foi a Misericórdia (CMB). história da saúde pública e como chegamos onde As Santas Casas de Misericórdia são uma dessas estamos? entidades que se destinaram a prestar assistência LINHA DO TEMPO: A HISTÓRIA DA médica às pessoas. As santas casas foram, durante SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL décadas, a única opção de acolhimento e Com 518 anos de história brasileira – contados a tratamento de saúde para quem não tinha partir da vinda dos portugueses –, as políticas de dinheiro. Elas eram fundadas pelos religiosos e, saúde sofreram diversas mudanças. Quais foram num primeiro momento, conectadas com a ideia os momentos decisivos com relação à saúde no de caridade – entre o século XVIII e o ano de 1837. Brasil? Quando o Estado passou a agir? E, Sobre seu financiamento, a CMB explica: “desde enquanto não agia, quais eram os responsáveis sua origem, até o início das relações com os pelos cuidados médicos da população? Entenda a governos (especialmente na década de 1960), as linha do tempo da saúde pública no Brasil: Santas Casas foram criadas e mantidas pelas Colonização e Império: pouco – ou nada – doações das comunidades, vivendo períodos feito em relação à saúde pública no Brasil áureos, em que construíram seus patrimônios, Como se sabe, antes da chegada de europeus em sendo boa parte destes tombados como patrimônio território brasileiro, os povos indígenas já o histórico.” habitavam há centenas de anos. Os povos De acordo com a Confederação das Santas Casas de indígenas já tinham enfermidades, mas com a Misericórdia do Brasil, o surgimento das primeiras colonização portuguesa tudo piorou, santas casas coincidiu já com o “descobrimento” principalmente pela conhecida expressão usada do Brasil. Elas foram criadas antes mesmo de o em aulas sobre a história do Brasil: as “doenças de país se organizar juridicamente e determinar as branco”. Doenças comuns na Europa, que não funções do Estado – a organização jurídica existiam no Brasil, acabaram sendo trazidas. O brasileira ocorreu, de fato, com a Constituição ponto de atenção é de que os indígenas não tinham Imperial de 1824. imunidade para elas e a consequência foi a morte Antes da Constituição de 1824, algumas das santas de milhares deles. casas no Brasil eram: as Santas Casas de Santos Durante os 389 anos de duração da Colônia e do (1543), Salvador (1549), Rio de Janeiro (1567), Império, pouco ou nada foi feito com relação à Vitória (1818), São Paulo (1599), João Pessoa saúde. Não havia políticas públicas estruturadas, (1602), Belém (1619), entre diversas outras. muito menos a construção de centros de De 1838 a 1940, as santas casas mudaram seu atendimento à população. Além disso, o acesso a propósito e começaram a agir por meio da tratamentos e cuidados médicos dependia da filantropia, que é, de acordo com a CMB, uma classe social: pessoas pobres e escravos viviam em forma de “tornar a ajuda útil àqueles que dela condições duras e poucos sobreviviam às doenças necessitam”. Mais importante do que bens, a que tinham. As pessoas nobres e colonos brancos, filantropia seria a orientação das pessoas e a que tivessem terras e posses, tinham maior preocupação com o seu bem-estar futuro. facilidade de acesso a médicos e remédios da Independência ou morte? Mudanças nas época. Portanto, suas chances de sobrevivência políticas de saúde durante o Império eram maiores. Em 1822, D. Pedro II declara a independência Com a chegada da Família Real portuguesa ao brasileira com relação a Portugal bradando: Brasil, em 1808, e a sua vontade em desenvolver o “Independência ou morte!”. Relacionando o Brasil para que se aproximasse da realidade vivida bordão com a saúde pública, pode-se dizer que em Portugal, uma das primeiras medidas foi a houve avanços durante o período imperial – de fundação de cursos universitários. Foram criados acordo com o Dr. Dráuzio Varella, pouco eficazes. cursos de Medicina, Cirurgia e Química, sendo os Além de transformar escolas em faculdades, D. pioneiros: a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e Pedro II criou órgãos para vistoriar a higiene o Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital pública principalmente na nova capital brasileira, Militar de Salvador. Assim, aos poucos, os médicos o Rio de Janeiro. A cidade, além de sofrer diversas estrangeiros foram substituídos por médicos mudanças urbanas, como calçamento de ruas e iluminação pública, também visava a higienizar o para o financiamento da industrialização. centro urbano – de maneira sanitária e social. A Constituição de 1934, promulgada durante o Social, pois expulsava do centro da cidade os governo Vargas, concedia novos direitos aos casebres e as pessoas de classe social mais inferior, trabalhadores, como assistência médica e “licença- proliferando então o desenvolvimento de favelas gestante”. Além disso, a Consolidação das Leis nas áreas periféricas. Trabalhistas de 1943, a CLT, determina aos A higienização sanitária deveria ocorrer por conta trabalhadores de carteira assinada, além do salário das recorrentes endemias de febre amarela, peste mínimo, também benefícios à saúde. bubônica, malária e varíola, doenças associadas à Anos 50 e a 3ª Conferência Nacional da falta de saneamento básico e de higiene. Os Saúde esgotos, na época, corriam a céu aberto e o lixo era Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. Foi a depositado em valas. Assim, o alvo da campanha primeira vez em que houve um ministério pela saúde pública nesse princípio de século XIX dedicado exclusivamente à criação de políticas de foi estruturar o saneamento básico. saúde, com foco principalmente no atendimento Saúde pública na República: as vacinas e os em zonas rurais, já que nas cidades a saúde era sanitaristas privilégio de quem tinha carteira assinada. Com a declaração do fim da escravidão em 1888, o As Conferências Nacionais de Saúde tiveram um país ficou dependente de mão de obra imigrante papel muito importante na consolidação do para continuar no cultivo de insumos que eram a entendimento da importância da saúde pública no base da economia brasileira, principalmente o Brasil – mais adiante, você entenderá por quê. A café. Entre 1900 e 1920, o Brasil ainda era refém 3ª Conferência Nacional de Saúde ocorreu no final dos problemas sanitários e das epidemias. de 1963 e apresentou diversos estudos sobre a Portanto, para a recepção dos imigrantes criação de um sistema de saúde. De acordo com o europeus, houve diversas reformas urbanas e doutor em saúde pública Gilson Carvalho, houve sanitárias nas grandes cidades, como o Rio de duas bandeiras principais nessa conferência: Janeiro, em que houve atenção especial às suas 1. A criação de um sistema de saúde para todos, o áreas portuárias. Para o governo, o crescimento do direito à saúde deveria ser universal; país dependia de uma população saudável e com 2. A organização de um sistema descentralizado, capacidade produtiva, portanto era de seu visando ao protagonismo do município. Além interesse que sua saúde estivesse em bom estado. disso, afirma que a ditadura militar, iniciada em Os sanitaristas comandaram esse período com março de 1964, sepultou a proposta poucos meses campanhas de saúde, sendo um dos destaques o depois. médico Oswaldo Cruz, que enfrentou revoltas A saúde pública durante a ditadura militar populares na defesa da vacina obrigatória contra a (1964-1985) varíola – na época, a população revoltou-se com a A saúde sofreu com o corte de verbas durante o medida, pois não foram explicados os objetivos da período de regime militar e doenças como dengue, campanha e do que se tratavam as vacinas. As meningite e malária se intensificaram. Houve ações dos sanitaristas chegaram até o Sertão aumento das epidemias e da mortalidade infantil, Nordestino, divulgando a importância dos até que o governo buscou fazer algo. Uma das cuidados com a saúde no meio rural. Lá, porém, as medidas foi a criação do INPS, que foi a união de pessoas eram muito pobres e continuavam em todos os órgãos previdenciários que funcionavam moradias precárias, vitimadas por doenças mesmo desde 1930, a fim de melhorar o atendimento com a disseminação de vacinas. médico. Ainda nos anos de 1920, foram criadas as CAPS: Passou-se a enxergar a atenção primária de Caixas de Aposentadoria e Pensão. Os pacientes cada vez mais como responsabilidade trabalhadores as criaram para garantir proteção na dos municípios; os casos mais complexos eram velhice e na doença. Posteriormente e devido à responsabilidade dos governos estadual e federal. pressão popular, Getúlio Vargas ampliou as CAPS De acordo com o Dr. Gilson Carvalho, houve para outras categorias profissionais, tornando-se o “projetos privatizantes como o do Vale Consulta e IAPS: Instituto de Aposentadorias e Pensões. para as regiões mais pobres uma reedição da Fundação Sesp denominado Programa de Período Getulista: o começo da organização Interiorização de Ações e Serviços de Saúde das leis (Piass). O Piass não se implantou por falta de Com a presidência de Getúlio Vargas, houve vontade política dos governos à época. Tinha mais reformulações no sistema a fim de criar uma virtudes que defeitos. Faltou interesse público para atuação mais centralizada, inclusive quanto à levá-lo à frente.” saúde pública. O foco de seu governo foi o Durante os anos de 1970, mesmo no auge do tratamento de epidemias e endemias, sem muitos milagre econômico, as verbas para saúde eram avanços, pois os recursos destinados à saúde eram baixas: 1% do orçamento geral da União. Ao fim da desviados a outros setores – de acordo com o Dr. década, as prefeituras das cidades que mais Dráuzio Varella, parte dos recursos dos IAPS ia cresciam começaram a se organizar para receber e conceder aos migrantes algum tipo de realização da 8ª Conferência Nacional da Saúde atendimento na área da saúde. Começou-se a em 1986. Pela primeira vez na história, foi possível estruturar políticas públicas que envolveram as a participação da sociedade civil organizada no Secretarias Municipais de Saúde, que depois se processo de construção do que seria o novo modelo estenderam aos estados e a ministérios, como os de saúde pública brasileiro. Ministérios da Previdência Social e da Saúde. Essa conferência foi tão importante pois desde o Anos 80 e o princípio da saúde pública seu tema – “saúde como direito de todos e dever do como direito Estado” – teve como resultado uma série de O Movimento Sanitarista e a 8ª Conferência documentos que basicamente esboçaram o Nacional de Saúde surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS). A O movimento sanitarista foi de importância ímpar conferência ampliou os conceitos de saúde pública ao entendimento de saúde pública, do conceito de no Brasil, propôs mudanças baseadas no direito saúde e também da evolução do direito à saúde no universal à saúde com melhores condições de vida, Brasil. A reforma sanitária se refere às ideias de além de fazer menção à saúde preventiva, à uma série de mudanças e transformações descentralização dos serviços e à participação da necessárias à saúde. Sua composição era de população nas decisões. O relatório da conferência técnicos da saúde – médicos, enfermeiros, teve suas principais resoluções incorporadas à biomédicos… – e intelectuais, partidos políticos, Constituição Federal de 1988. diferentes correntes e tendências e movimentos A Constituição de 1988 e a criação do SUS: sociais diversos. Ao fim da década de 1970, o o direito à saúde como dever do Estado movimento adquiriu certa maturidade em função A Constituição Federal de 1988 foi o primeiro de uma série de estudos acadêmicos e práticos documento a colocar o direito à saúde realizados, principalmente, nas faculdades de definitivamente no ordenamento jurídico Medicina. Nas universidades, o entendimento de brasileiro. A saúde passa a ser um direito do medicina se tornava cada mais social, pensando a cidadão e um dever do Estado – essa última saúde como uma série de fatores que vão além do posição é problematizada pelo Dr. Dráuzio Varella bem-estar do corpo humano. por, na sua concepção, retirar a responsabilidade De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz do cidadão sobre o cuidado da própria saúde. A (Fiocruz), alguns dos atores do movimento Constituição ainda determina que o sistema de sanitarista foram os médicos residentes, “que na saúde pública deve ser gratuito, de qualidade e época trabalhavam sem carteira assinada e com universal, isto é, acessível a todos os brasileiros uma carga horária excessiva”, por exemplo. Outras e/ou residentes no Brasil. movimentações da Reforma Sanitária foram as O Sistema Único de Saúde foi regulado primeiras greves realizadas depois de 1968 e os posteriormente pela lei 8.080 de 1990, em que sindicatos médicos, que também estavam em fase estão distribuídas todas as suas atribuições e de transformação. funções como um sistema público. “Esse movimento entra também nos conselhos regionais, no Conselho Nacional de Medicina e na Associação Médica Brasileira – as entidades médicas começam a ser renovadas. A criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), em 1976, também é importante na luta pela reforma sanitária. A entidade surge com o propósito de lutar pela democracia, de ser um espaço de divulgação do movimento sanitário, e reúne pessoas que já pensavam dessa forma e realizavam projetos inovadores”, de acordo com a Fiocruz. Enquanto a ditadura militar existia, o movimento sanitarista foi “testando” uma série de hipóteses a respeito do seu entendimento de saúde. Na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fundação Oswaldo Cruz são colocados em prática diversos projetos “e pessoas que faziam política em todo Brasil foram treinadas”. Os projetos envolviam: – saúde comunitária; – clínica de família; – pesquisas comunitárias. Ao fim da ditadura, as propostas da Reforma Sanitária foram reunidas num documento chamado Saúde e Democracia, enviado para aprovação do Legislativo. Uma das conquistas foi a