Seleção de Ferramentas para Torneamento
Seleção de Ferramentas para Torneamento
Seleção de Ferramentas para Torneamento
RESUMO
Os materiais polímeros são cada vez mais utilizados e se tornando muito úteis para a fabricação
de peças industriais em todo mundo, substituindo diversos tipos de materiais de uso mecânico,
reduzindo custos e tornando maior a vida útil das ferramentas na usinagem. As geometrias das
ferramentas de usinagem têm grande influência no acabamento superficial das peças,
principalmente na usinagem de materiais poliméricos. É muito importante conhecer o tipo de
material a ser utilizado para melhor escolha das ferramentas de usinagem e dos parâmetros de
corte. Pensando nisso, este trabalho teve como objetivo analisar a influência do raio de ponta
da ferramenta, juntamente com o avanço no acabamento superficial de dois diferentes
polímeros (poliacetal e tecnil) usinados por torneamento. Para o torneamento foi utilizado um
torno mecânico convencional, marca NARDINI, modelo ND 325. Os parâmetros que foram
variados neste trabalho foram, o raio de ponta da ferramenta uma com raios de 1 mm e outro 4
mm e dois diferentes avanços de 0,079 mm/rot e 0,254 mm/rot. A rotação e a profundidade de
corte foram mantidas constantes. Após a usinagem dos corpos de prova foram realizadas
medidas de rugosidade nas peças torneadas e seus valores foram tabulados, e então uma análise
de variância (ANOVA) foi feita para verificação da influência de cada parâmetro estudado. Foi
verificado que o raio de ponta da ferramenta assim como o avanço e o material das peças
influenciaram de forma parecida no acabamento superficial das peças usinadas.
Palavras chave: Acabamento superficial. Usinagem de não metais. Parâmetro Ra. Análise de
Variância.
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Graduando de Engenharia Mecânica pela Universidade de Rio Verde, Faculdade de Engenharia Mecânica.
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Orientador, Professor Mestre da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade de Rio Verde – UniRV.
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1 INTRODUÇÃO
Segundo Machado et al. (2015), o raio de ponta das ferramentas cortantes de usinagem
afeta no acabamento superficial das peças e na resistência da aresta de corte da própria
ferramenta. Geralmente, é recomendado que o raio de ponta seja duas vezes maior que o avanço
usado, de modo que torne menor as consequências das marcas de avanço. Quanto maior for o
raio de ponta da ferramenta maior será sua a resistência mecânica e menor será a rugosidade
superficial das peças, no entanto, raios de ponta muito grandes podem aumentar a vibração
durante o processo de usinagem prejudicando o acabamento superficial das peças.
Segundo Salles et al. (2003), devido à baixa condutividade térmica na usinagem dos
polímeros, a ferramenta é responsável por remover a maior parte do calor gerado, prejudicando
a superfície da ferramenta aumentando o desgaste da mesma. O aumento da temperatura
influencia também na qualidade superficial da parte usinada mudando sua qualidade. O
mecanismo de corte dos materiais poliméricos varia devido ao aumento da temperatura no
momento em que são usinados, de modo que, a relação entre a tensão de deformação mude com
a temperatura. A fratura torna-se frágil com a diminuição da temperatura e dúctil com a
elevação da mesma.
Este trabalho tem como objetivo verificar a influência do material da peça, do raio de
ponta da ferramenta e do avanço no acabamento superficial das peças usinadas. Para tanto, foi
usinado dois diferentes polímeros, um em poliacetal e outro em nylon, com duas diferentes
ferramentas em aço rápido, uma com raio de ponta de 1 mm e outra com raio de ponta de 4 mm
e dois diferentes avanços, um com 0,079 mm/rot e 0,254 mm/rot. Foram utilizados 16 corpos
de prova, para que cada combinação de parâmetros, juntamente com os materiais das peças,
seja usinada pelo menos duas vezes.
De acordo com Gutiérrez et al. (2014) os polímeros são produzidos a partir de produtos
petroquímicos ou silicones. Normalmente são classificados em dois grupos: termorrígidos e
termoplástico. Os termoplásticos são caracterizados por possibilitar sua fundição por várias
vezes, sendo dissolvidos por igual, com uso dos solventes, responsáveis por facilitar a sua
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𝑓2
𝑅𝑎 = 3,12∗𝑟𝑒 (1)
Como observado pela equação (1), quanto maior o raio de ponta da ferramenta e quanto
menor for avanço utilizado durante a usinagem, menor será a rugosidade superficial média
calculado. Porém, se o raio de ponta for aumentado isso tornará a ponta da ferramenta ainda
mais resistente. Além disso, as vibrações na ferramenta aumentarão correspondente ao aumento
do atrito causado através da maior área de contato entre a peça e a ferramenta. A relação entre
o avanço e raio de ponta são responsáveis pelo acabamento superficial e também contribuem
geometricamente na rugosidade superficial da peça (DINIZ et al., 1999).
O termo conhecido por integridade superficial teve a sua primeira aparição em 1964 por
Field e Kahles, como a explicação do conjunto de alterações que ocorrem na superfície das
peças por causa das operações da ferramenta de corte ou de outros tipos de processo de
usinagem (SANTOS e SALES, 2004).
Por mais lisa que seja a superfície de uma peça, a mesma apresentará irregularidades
devido a processos de fabricação. As superfícies apresentam características, que se determinam
em três níveis: rugosidade, ondulação, e erros de forma. A rugosidade é caracterizada devido a
irregularidades de pequenos intervalos, já a ondulação, devido a irregularidades de maiores
intervalos (SANTOS e SALES, 2004).
Normalmente, nas superfícies das peças usinadas, as falhas e ondulações devem ser
evitadas, porém, são fatores que se caracteriza como erros de fabricação. Já a rugosidade
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superficial é um parâmetro que é identificado de acordo com sua aplicação durante a superfície
usinada. Em algumas situações a rugosidade é usada para fazer controle do processo de
fabricação através de diversos parâmetros: propriedade do material da peça, máquina
ferramenta, material da ferramenta, geometria da ferramenta e processo de usinagem. As
superfícies usinadas são estudadas sobre termos de rugosidade e de dimensões superficiais, a
peça deve ser examinada após ou durante o processo de acordo com as rugosidades ou
tolerâncias dimensionais específicas do projeto. Entretanto, a rugosidade é medida por diversos
tipos de parâmetros. Os erros dimensionais dependem especialmente da rigidez e do processo
da máquina ferramenta. Porém, esses erros são fáceis de medir e de controlar. Além do mais, a
rugosidade superficial é desenvolvida pela definição de parâmetros, obtidos através do perfil
superficial da peça, eles são classificados em: parâmetros de espaço, parâmetro de amplitude, e
parâmetro híbridos. Entre esses parâmetros de amplitude, o mais empregado é o desvio
aritmético médio (Ra). Esse parâmetro é utilizado para o controle de processo, caso seu valor
altere, isso significa que o processo de fabricação também será alterado (MACHADO e SILVA,
2004).
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 MATERIAL
Os corpos de prova foram torneados com uma ferramenta de aço rápido (Bits) de 9,525
mm de secção quadrada que possui duas diferentes afiações. A Figura 1 mostra a geometria
típica da ferramenta utilizada no torneamento das peças. A mesma foi afiada pelo próprio
operador com dois diferentes raios de ponta, uma com raio de 1 mm e outra com raio de ponta
de 4.
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Todos os testes de usinagem foram realizados, em uma oficina na cidade de Rio Verde
- Goiás. O torno mecânico utilizado durante o processo da usinagem foi um torno da marca
NARDINI, modelo ND 325.
2.2 MÉTODOS
Cada tipo de material foi usinado com dois diferentes raios de ponta da ferramenta
combinado com dois diferentes avanços de 0,079 mm/rot e 0,254 mm/rot, totalizando 4 ensaios
para cada material, como foram dois diferentes materiais e duas réplicas para cada combinação
de parâmetros, foram um total de 16 ensaios.
A velocidade de corte (Vc) utilizada foi de 30 m/min, esse valor foi definido de acordo
com a experiência do operador. Com base na velocidade de corte e no diâmetro a ser torneado
foi determinada a rotação em que os ensaios foram feitos de 353,68 RPM. Porém, o torno
mecânico utilizado não dispõe dessa rotação assim, a rotação escolhida para os testes foi de 400
RPM, a rotação mais próxima, que o torno fornecia. A profundidade de usinagem foi mantida
constante, em todos os testes no valor de 3 mm.
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Antes da realização dos testes de usinagem, todas as peças foram faceadas e feitos furos
de centro para auxiliar no processo de fixação com contra ponta, durante os ensaios. Após a
preparação dos corpos de prova foram iniciados os testes de usinagem da seguinte maneira: os
corpos de prova foram fixados (um de cada vez) na placa universal de três castanhas com o
auxílio do contra ponta para melhorar a rigidez do sistema MPF (Máquina, Peça, Ferramenta)
e então foi dado um único passe de profundidade de 3 mm por um comprimento de 50 mm.
Esse processo foi repetido em todos os corpos de prova e a ordem de realização dos testes
levando em consideração os diferentes tipos de combinação de parâmetros foram feitos de
maneira aleatória.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
TABELA 2 – Valores calculados da análise de variância para o modelo de efeitos fixos com três fatores:
raio de ponta da ferramenta material da peça e o avanço
Se o avanço for aumentado isso pode causar na superfície uma elevação da rugosidade
da peça, prejudicando o acabamento (DINIZ et al., 1999).
O que também era esperado para esta pesquisa, pois, o raio de ponta da ferramenta como
explica Machado et al. (2015) influencia diretamente na rugosidade superficial das peças
usinadas, onde o aumento do raio de ponta favorece o acabamento. No entanto, não pode ser
grande a ponto de prejudicar o acabamento superficial devido à elevação dos esforços e
consequentemente aumentar a vibração.
Por fim, para o fator AB (tipo do material da peça + avanço) e ABC (tipo do material
da peça + avanço + raio de ponta da ferramenta) os valores de F0 calculado são menores que
os valores de F0 tabelado não rejeitando a hipótese H0, e, concluindo que, as combinações das
variáveis AB e ABC não influenciam no acabamento superficial das peças usinadas, com o
nível de significância de α = 5 %.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DINIZ, A. E. et al. Tecnologia da Usinagem dos Materiais. Vol.1. São Paulo: MM Editora,
1999. 242 p.
MACHADO, A. R. et al. Teoria da usinagem dos materiais. 3.º ed. São Paulo: Blucher, 2015,
407 p.