3 Ano Vol1

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a

3 SÉRIE
ENSINO MÉDIO
Caderno do Professor
Volume 1

LÍNGUA
PORTUGUESA
E LITERATURA
Linguagens
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO

MATERIAL DE APOIO AO
CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CADERNO DO PROFESSOR

LÍNGUA PORTUGUESA E
LITERATURA
ENSINO MÉDIO – 3a SÉRIE
VOLUME 1

Nova edição

2014 - 2017

São Paulo
Governo do Estado de São Paulo
Governador
Geraldo Alckmin
Vice-Governador
Guilherme Afif Domingos
Secretário da Educação
Herman Voorwald
Secretário-Adjunto
João Cardoso Palma Filho
Chefe de Gabinete
Fernando Padula Novaes
Subsecretária de Articulação Regional
Rosania Morales Morroni
Coordenadora da Escola de Formação e
Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP
Silvia Andrade da Cunha Galletta
Coordenadora de Gestão da
Educação Básica
Maria Elizabete da Costa
Coordenadora de Gestão de
Recursos Humanos
Cleide Bauab Eid Bochixio
Coordenadora de Informação,
Monitoramento e Avaliação
Educacional
Ione Cristina Ribeiro de Assunção
Coordenadora de Infraestrutura e
Serviços Escolares
Ana Leonor Sala Alonso
Coordenadora de Orçamento e
Finanças
Claudia Chiaroni Afuso
Presidente da Fundação para o
Desenvolvimento da Educação – FDE
Barjas Negri
Senhoras e senhores docentes,

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo-
radores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que
permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula
de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com
os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor-
dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação
— Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste
programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização
dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações
de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca
por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso
do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb.

Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien-
tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São
Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades
ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias,
dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade
da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas
aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam
a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia-
ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a
diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico.

Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu


trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar
e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história.

Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo.

Bom trabalho!

Herman Voorwald
Secretário da Educação do Estado de São Paulo
SUMÁRIO
Orientação sobre os conteúdos do volume 5
Situações de Aprendizagem 9
Situação de Aprendizagem 1 – Me corrijam se eu estiver errando... 9
Situação de Aprendizagem 2 – Desenvolvendo o olhar crítico: a resenha 15
Situação de Aprendizagem 3 – A linguagem da modernidade... 24
Situação de Aprendizagem 4 – Você é fashion? 33
Proposta de questões para aplicação em avaliação 42
Proposta de situações de recuperação 44
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão
do tema 46
Situação de Aprendizagem 5 – Vidas secas: realidade presente 47
Situação de Aprendizagem 6 – Elaborando um projeto de dissertação 64
Situação de Aprendizagem 7 – Uma manhã especial na vida de Maikon 77
Situação de Aprendizagem 8 – Momento de escrita: a redação de acesso ao Ensino
Superior 86
Proposta de questões para aplicação em avaliação 94
Proposta de situações de recuperação 96
Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão
do tema 97
Quadro de conteúdos do Ensino Médio 99
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

ORIENTAÇÃO SOBRE OS CONTEÚDOS DO VOLUME


Escrever bem é uma habilidade essencial Agora, estabeleça os papéis do educador
para todos nós. Os alunos da 3ª série do En- e do aluno. Pergunte-se: “O que cabe a cada
sino Médio estão, muitas vezes, vivendo um um de nós?”. De modo geral, ao professor
momento crítico de seu aprendizado: dividi- cabe planejar, preparar, orientar, supervi-
dos entre a alegria de estar quase deixando os sionar, avaliar e colaborar na interpretação
longos anos de escolarização básica e o senti- dos textos e outros conhecimentos desen-
mento de incerteza associada ao futuro. volvidos em aula. No entanto, é o aluno
que deve construir seu conhecimento. Ele
Ao final das Situações de Aprendizagem de tem de sentir-se também responsável por
1 a 4, você, professor, deverá responder a algu- seu aprendizado. E ele só fará isso se hou-
mas perguntas: ver um plano de aula que possibilite prever
as atividades que ocorrerão em classe e suas
f Qual a autonomia do aluno ao elaborar responsabilidades específicas em cada uma
um texto argumentativo? delas.
f Como o aluno relaciona a linguagem com
a construção da modernidade, tal como de- Nesse processo, desejamos continuar de-
finida nesse Caderno? senvolvendo as cinco competências básicas
f Como essa modernidade afeta os discursos propostas pelo Enem que alicerçam o Cur-
oral e escrito desse aluno? rículo da disciplina de Língua Portuguesaa.

É preciso, portanto, saber como trabalhar Competências


com este Caderno de modo que se desenvolvam
as competências e habilidades que pretendemos. f Dominar a norma-padrão da língua
portuguesa e fazer uso adequado da lin-
Sua aula começa muito antes de entrar em guagem verbal de acordo com os dife-
classe. É importante ter lido e compreendido a rentes campos de atividade;
Situação de Aprendizagem que será aplicada. f construir e aplicar conceitos das várias
Inicialmente, identifique as habilidades que de- áreas do conhecimento para a compreen-
vem ser desenvolvidas. A seguir, delimite o que são de fenômenos linguísticos, da produ-
efetivamente deseja que seus alunos aprendam ção da tecnologia e das manifestações
após as atividades propostas. Essa questão não artísticas e literárias;
pode ser respondida em termos vagos como f selecionar, organizar, relacionar, inter-
“que escrevam melhor”, “que conheçam me- pretar dados e informações represen-
lhor a língua portuguesa” ou “que se tornem tados de diferentes formas, para tomar
bons cidadãos”. É importante ser específico. decisões e enfrentar situações-problema;
Para isso, recorra ao quadro que inicia cada f relacionar informações, representadas
Situação de Aprendizagem. Procure compreen- em diferentes formas, e conhecimentos
der como os conteúdos selecionados desenvol- disponíveis em situações concretas, para
vem, de fato, as habilidades propostas. construir argumentação consistente;

a
Documento básico do Enem. Fonte: <http://www.enem.inep.gov.br/arquivos/Docbasico.pdf>. As competências básicas da área de Linguagens
enunciadas na “Matriz de Referência para o Enem 2009” encontram-se disponíveis em:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13318&Itemid=310&msg=1>. Acesso em: 30 maio 2013.

5
f recorrer aos conhecimentos desenvolvidos f análise estilística;
na escola para a elaboração de propostas f construção da textualidade;
de intervenção solidária na realidade, res- f identificação de palavras e das ideias-chave
peitando os valores humanos e consideran- em um texto;
do a diversidade sociocultural. f intencionalidade comunicativa.

Para esse fim, privilegiamos algumas ha- Conteúdos gerais a médio prazo
bilidades que devem ganhar relevo nas Situa-
ções de Aprendizagem de 1 a 4 propostas. f Linguagem e desenvolvimento do olhar crí-
tico;
Habilidades gerais f linguagem e adequação vocabular;
f modernidade e linguagem;
f Adequar seu registro escrito e oral a situa- f modernidade e Modernismo;
ções formais de uso da linguagem; f projeto de texto;
f analisar e relacionar diferentes ideias e f humor e linguagem.
pontos de vista a fim de construir concei-
tos literários; Também, nesse contexto, o futuro se de-
f identificar e analisar características próprias senha como esperança no presente. Esse mo-
da linguagem literária da modernidade; mento da 3a série do Ensino Médio é ponte
f identificar a tese e as ideias-chave em um entre o passado na escola e os novos destinos
texto argumentativo; à frente. Alguns planejam continuar seus es-
f posicionar-se criticamente sobre concei- tudos no Ensino Superior. Outros mal veem a
tos e pontos de vista de terceiros conforme hora de acabar essa fase escolar. Ainda outros
apresentados em diferentes textos; gostariam de poder continuar seus estudos,
f desenvolver critérios de autocorreção de mas acreditam não ser possível. Os motivos,
textos escritos argumentativos; nesse caso, são variados: questões financeiras,
f relacionar a elaboração de um projeto ao baixa autoestima, problemas familiares. Cer-
texto final, mantendo as características de tamente, o professor que lê estas palavras vê
autoria e de tomada de decisões diante bem essa realidade em muitos de seus alunos.
de imprevistos.
Que esta seja uma ocasião de plantar es-
Tais competências e habilidades contem- peranças, mas não as vazias ou sonhos enga-
plam conteúdos gerais – a serem desenvolvidos nadores: desejamos conhecer e reconhecer os
a longo prazo – e específicos – tratados nas refe- nossos limites para traçar estratégias que nos
ridas Situações de Aprendizagem. Além disso, permitam superá-los.
alguns desses conteúdos ampliam e aprofun-
dam outros anteriormente trabalhados. Por isso, temos muito que aprender: em
Vidas secas, o Fabiano de Graciliano Ramos,
Conteúdos gerais a longo prazo que não sabe sonhar, opõe-se àqueles que, com
confiança no futuro imediato ou próximo, de-
f Estratégias de pré-leitura; sejam saber bem como fazer dissertações para
f estruturação da atividade escrita; passar em exames de acesso ao Ensino Supe-
f estratégias de pós-leitura; rior. Nem sempre podemos decidir como será
f elaboração de projeto de texto; a nossa vida ou a dos outros, mas podemos,
f construção linguística da superfície tex- certamente, esforçar-nos para fazer diferença
tual; positiva na vida de nossos alunos, enquanto

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Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

nos esforçamos para colocar em prática as Esforce-se para que o centro da aula seja o
orientações deste volume, em especial, desti- aprender, não o ensinar. Quando a aula valo-
nadas às Situações de Aprendizagem propos- riza o “ensinar”, o importante é “dar uma boa
tas de 5 a 8. aula” ou “passar bem o conteúdo”. O profes-
sor é o dono do conhecimento e o “passa” de
Habilidades gerais modo agradável a seus alunos.

f Usar adequadamente a norma-padrão for- Quando o centro do processo é “apren-


mal da língua portuguesa; der”, aproximamo-nos de nossos alunos com
f localizar informações relevantes no texto estratégias de aula que efetivamente alcancem
para solucionar determinado problema esse propósito. Nossa aula não visa mais a
apresentado; “passar” conteúdos de modo agradável, mas à
f identificar o valor semântico de diferentes construção de conceitos e ao desenvolvimento
elementos linguísticos na construção coesi- de habilidades. Isso não garante que todos os
va de um texto; alunos vão aprender o que desejamos ou que
f contextualizar histórica e socialmente o eles vão gostar sempre de nossas aulas, mas
texto literário; torna o espaço educativo um espaço partilha-
f projetar os textos escritos; do, permitindo que cada aluno assuma seu
f elaborar estratégias de leitura e produção papel como alguém que também é responsável
de textos argumentativos. pelo processo de aprendizado.

Conteúdos gerais a médio prazo Avaliação


f Trabalho, linguagem e realidade brasileira; O que será avaliado? No texto do aluno e
f crítica de valores sociais no texto literário; em especial no que respeita a conhecimentos
f gêneros textuais do mundo do trabalho; e habilidades que retomam diretamente as Si-
f estrutura da dissertação escolar. tuações de Aprendizagem de 1 a 4, busca-se o
avanço da apropriação de tais conhecimentos
Metodologia e estratégias e habilidades na construção de competências
de ação linguística: ler e escrever. Neste caso,
É importante ressaltar que os conteúdos as perguntas a fazer são: Houve progressos no
não devem ser desenvolvidos sob uma pers- decorrer do volume? Em quais áreas?
pectiva linear, mas articulados em rede. Nes-
sa metodologia, partimos sempre do que está Um avanço importante é a relação do leitor
mais próximo do educando. Por esse motivo, com o contexto da obra. Para muitos, um tex-
é fundamental aproveitar o conhecimento in- to é apenas texto, ou seja, eles não valorizam o
tuitivo dos alunos para iniciar as atividades. diálogo que o texto estabelece com o contexto
Traga esse conhecimento para a sala de aula de produção ou leitura. Esse diálogo é sempre
por meio de conversas e discussões. Deixe seu uma estrada de mão dupla: o contexto de pro-
aluno falar. Ouça-o. dução tem algo a nos dizer que se abre diante
do próprio contexto do leitor e possibilita a
Todo esse processo não exclui a necessi- elaboração do sentido literário da obra.
dade de que ortografia, regência e concor-
dância sejam indicadas pertinentemente por As habilidades e competências desenvolvi-
você, conforme as necessidades mais sérias das ao longo do ano devem ser pautadas em
que observar. quatro olhares:

7
1. processo: olhamos de modo comprometido sino-aprendizagem entre professor e alunos.
e profissional o desenvolvimento das ativi- Promovemos atividades dinâmicas – o que
dades de nossos alunos, em sala de aula, não significa que foram sempre “engraçadas”
atentos a suas dificuldades e melhoras; ou “porque os alunos gostam” – que possibi-
litaram desenvolver habilidades e enredar os
2. produção continuada: olhamos a produção alunos na construção dos conhecimentos.
escrita e outras atividades de produção de
textos e exercícios solicitados; Desejamos, assim, que o processo escolar
sirva para que nossos alunos consigam expor
3. pontual: olhamos atentamente a avaliação com suficiência suas opiniões, respeitando os
individual; limites de alteridade do texto. Ou seja, o texto
impõe limites para a interpretação de nossas
4. autoavaliação: surge da elaboração de pro- opiniões e tais limites devem ser respeitados
postas que desenvolvam a habilidade do a fim de que nossa argumentação tenha cre-
aluno de olhar seu processo de aprendiza- dibilidade.
gem.
Tendo esse horizonte a atingir, elaboramos
Essas diferentes avaliações permitem que re- pequenos percursos ou Situações de Aprendi-
tomemos nossas reflexões iniciais, aquelas que zagem, cada qual com o seu rol específico de
tomamos antes de entrar em sala de aula. Po- habilidades, que, como tijolos em uma cons-
demos analisar os pontos que não foram satis- trução, nos permitem construir as competên-
fatoriamente atingidos e que devem ser levados cias desejadas.
em conta no próximo planejamento de aulas.
Esperamos que as Situações de Aprendi-
Desse modo, completamos um ciclo inicia- zagem propostas permitam que o percurso de
do no planejamento de nossas aulas, quando sua classe até o ponto desejado seja acompa-
compreendemos as habilidades que nos pro- nhado da alegria de aprender.
pusemos a desenvolver, determinamos os co-
nhecimentos que deveriam ficar claros e Que o Ensino Médio revele-se um bom
estabelecemos estratégias que permitiram di- momento para a construção de horizontes, es-
vidir a responsabilidade pelo processo de en- peranças e um futuro melhor!

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Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1
ME CORRIJAM SE EU ESTIVER ERRANDO...

Esta Situação de Aprendizagem tem por ainda que exija um registro coloquial, possi-
objetivo trabalhar a adequação escrita no bilita que se examinem alguns dos problemas
mundo do trabalho. Privilegia-se, em parti- mais sérios da adequação linguística à nor-
cular, o bilhete cotidiano, gênero textual que, ma-padrão da língua materna.

Conteúdos e temas: adequação ortográfica; concordância; numerais; eco; vocativo; turno de resposta oral.

Competências e habilidades: adequar o registro escrito a situações formais de uso social; reconhecer
as linguagens como elementos integradores dos sistemas de comunicação; posicionar-se criticamente
sobre os usos sociais das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação oral e escrita do aluno e a preparação e
conhecimento de conteúdos e estratégias pelo professor; atitude de sensibilidade diante da realidade
local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; lousa.

Sugestão de avaliação: reescrita de bilhete; elaboração de bilhete problemático com a devida solução.

Sondagem Quem diz o que quer ouve o que não quer

Professor, o objetivo deste exercício é des- Os alunos devem se reunir em duplas para
pertar a sensibilidade dos alunos para a cons- responder às questões a seguir.
ciência do uso adequado da língua materna
nas diferentes situações vividas na sociedade,
considerando quem é seu interlocutor. Pensa- Discussão oral
mos, de modo especial, nas esferas de ativida-
de próprias do mundo do trabalho. Em classe, discuta com o professor e
colegas:
O objetivo desta Situação de Aprendiza- f Você já ouviu o provérbio “Quem diz
gem é proporcionar uma reflexão sobre a ade- o que quer ouve o que não quer”? Em
quação da fala e da escrita, ou seja, o que é que situações do cotidiano ele pode
certo ou errado falar e escrever em determina- ser proferido?
das situações de comunicação.

9
f Que outros provérbios você conhece? a) G ou J:
Cite alguns cujo significado você saiba e
o explique a seus colegas. pa__é,
j j
enri__ecer, j
via__ar, laran__al,
j
g
via__em, vestí__io,
g j
gran__a, j
pa__em,
g
fin__ir, j
despe__ar, g
ferru__em, j
ultra__e,
Questione seus alunos sobre o que significa g g j
cora__em, re__er, can__ica, la__e, tra__e,
j j
esse provérbio e em que momentos ele pode g
reló__io, g
refú__io.
ser empregado, levando em conta sua diversi-
dade de sentidos.
b) S ou Z:
“Quem diz o que quer” refere-se, principal-
mente, a conteúdos, a coisas que não deveriam cremo__o,
s portugue__a, s pobre__a,
z
ser ditas a certas pessoas em determinadas limpide__,
z burguê__,
s reali__ar,
z anali__ar,
s
ocasiões. Contudo, também pode referir-se ao marquê__,s avi__ar,
s cin__eiro,
z cafe__al,
z
modo como se diz algo que não é apropriado organi__ar,
z vaido__o,
s campone__a,s
a certas pessoas em determinadas ocasiões. trombo__e,
s cau__a,
s coi__a.
s
Assim, é importante perguntar:
2. Por que escrevemos com letras diferentes
1. Qualquer coisa pode ser dita a qualquer palavras que são pronunciadas com os
pessoa? Expliquem. mesmos sons? Para responder, pesquise em
uma gramática ou na internet.
2. Interessa o modo como nos dirigimos aos Há várias possibilidades de resposta. Uma explicação bastan-
outros? Por quê? te aceita é dada pela etimologia, ou seja, pela história das
palavras desde a sua origem, em muitos casos, latina, até
3. No local de trabalho, pode acontecer o “quem os nossos dias. Essas palavras sofreram alterações na grafia
diz o que quer ouve o que não quer”? Como? e na pronúncia que explicam as diferenças de escrita atuais.
Mesmo assim, algumas regras são perceptíveis e podem ser
4. Que relações vocês consideram existir entre encontradas em gramáticas.
o ambiente profissional e a linguagem?
3. Que regra gramatical explica o uso de z nas
5. Apenas o bom uso da gramática garante a palavras a seguir? Se preciso, consulte uma
eficiência das relações entre trabalho e lin- gramática.
guagem?
beleza – tristeza – madureza – fraqueza –
6. Por que há necessidade de adequar o uso esperteza
da língua aos diversos grupos sociais? As palavras que terminam com o som “-eza” e se originam de
Professor, relembre os alunos de que o que se diz exige res- adjetivos abstratos (“belo”, “triste”, “maduro”, “fraco” e “esper-
ponsabilidade, uma vez que inevitavelmente provoca respos- to”) são grafadas com z.
tas do interlocutor.
As respostas a esses questionamentos são pessoais; entretan- 4. Leve as conclusões a que você chegou
to, a intenção é discutir as relações entre norma-padrão, cla- nas Atividades 1 e 2 para discutir em
reza, coerência e coesão ao escrever e ambiente de trabalho. sala.
Professor, observe a pertinência das respostas tendo em vista
1. De acordo com a norma-padrão o tema geral (ortografia) e as questões associadas à grafia do
da língua portuguesa, complete as g/j e s/z. Sem a intenção de esgotar o assunto, os alunos de-
seguintes palavras com: vem dialogar com essas referências.

10
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Roteiro para aplicação da Situação simplesmente, não consegue entender o bi-


de Aprendizagem 1 lhete que Zeca escreveu. Nem ele, nem os
outros funcionários. Outras vezes, entende,
Os conteúdos a seguir desenvolvem-se, porém se sente ofendido com a forma pouco
sempre, em rede e progressivamente durante as cuidadosa como o bilhete é escrito.
aulas. Leia todo este roteiro antes de iniciar
suas aulas: Um dos bilhetes que Zeca escreveu dizia o
seguinte:
f comédia de costumes: conceituar o gênero
literário “comédia de costumes”, valori-
zando a necessidade do ser humano de re- Seu Raimundo:
gistrar sua humanidade pela arte; Tudo blz? No fechamento da lanchonete,
f adequação ortográfica: utilizar o registro- promovi uma reuniaum com os funsionário.
-padrão ortográfico em situações formais A ekipe dos atendentes naum estavam mo-
de uso; tivados. Eu dei sugestões e orientações de
f concordância: utilizar o registro-padrão de como atender blz os clientões. Um terso, pelo
concordância verbal e nominal em situa- menos, da equipe estava mau-preparada.
ções formais de uso; – Prima, keru sempre um sorriso no rosto
f numerais: utilizar o registro-padrão da lín- do atendente.
– Segundo, keru sempre q se use “obriga-
gua portuguesa no que se refere ao uso dos do” e “por favor”.
numerais em situações formais; – Três, keru sempre boa educaçaum.
f eco: identificar o problema do eco em tex- – Quatro, cliente as vez não tem educa-
tos escritos; çaum, mas a gente não precisemos ser mau-
f vocativo: proceder à análise expressiva do educados.
vocativo; Gostou? Entaum tá! Chefia, tu é da hora,
f turno de resposta oral: desenvolver o uso veio!
adequado do turno, respeitando a fala do Zeca
outro.

Promova a seguinte situação hipotética: Seu Raimundo ficou muito bravo quando
leu o bilhete, nem conseguiu prestar atenção
1. Zeca (ou outro nome qualquer, direito ao que Zeca propunha.
preferivelmente que não faça refe-
rência a ninguém conhecido da tur- Pergunte a seus alunos:
ma) começou a trabalhar como gerente de
uma lanchonete. Ele entra às 14h e fica até
fechar. Deixa um bilhete explicando os prin- Discussão oral
cipais acontecimentos para o patrão, o Seu
Raimundo (ou outro nome qualquer, to- f No lugar de Seu Raimundo, o que vo-
mando a mesma precaução já indicada), que cês fariam?
abre a lanchonete no dia seguinte bem cedo. f Que problemas apresenta a escrita de
Acontece que Zeca, na entrevista para o em- Zeca?
Professor, oriente os alunos para que, caso eles não per-
prego, disse que escrevia bem e de maneira cebam as inadequações, possam tomar consciência delas.
clara. No entanto, têm ocorrido alguns pro- Lembre-se de retomar a importância da situação de comu-
blemas. Isso se dá sobretudo quando o pa- nicação para definição do uso da língua.
trão chega, no dia seguinte, à lanchonete e

11
Incentive a participação oral juntamen- údo usando o livro didático adotado ou
te com o desenvolvimento de um espírito de outro material de referência;
equipe que se reflita em escutar a voz do outro f à formalidade do registro escrito;
e, na medida do possível, incorporá-la à pró- f ao eco: repetição (desnecessária) do final de
pria voz. Estimule o adequado uso do turno: palavras. Ex.: o inconveniente reticente.
um fala, os outros ouvem.
Os exercícios podem ser recolhidos e tro-
cados de grupo ou simplesmente corrigidos
Aprofundando conhecimentos pelo próprio grupo que elaborou a reescrita.
O educando, no processo de interação so- Embora o trabalho tenha sido feito em gru-
cial, vale-se de diversos meios de expressão po, cada aluno deve ter sua própria cópia no
para se comunicar, ter acesso à informação, caderno.
expressar e defender pontos de vista, parti-
lhar ou construir visões de mundo, produzir A correção deve ser feita com a participa-
cultura. É pela língua, de modo particular a ção da classe. Tenha o texto escrito na lousa,
escrita, representação visual e permanente, com espaço suficiente entre as linhas que per-
que ele utiliza com maior frequência para a mita introduzir novas observações, com giz
representação de conhecimentos armazena- colorido, se possível.
dos em sua memória, que estabelece relações
interpessoais com os membros do grupo so- 3. Ao terminarem o texto, troquem-no com ou-
cial em que está inserido. tras duplas para que vocês possam compará-
MATTOS, J. M. O texto escrito no contexto escolar. In:
-los. Escrevam o texto corrigido pelo profes-
BRITO, E. V. (Org.). PCNs de Língua Portuguesa: a prá- sor, segundo os mesmos critérios anteriores.
tica em sala de aula. São Paulo: Arte e Ciência, 2003. 2 e 3. Há várias possibilidades de resolver o bilhete de Zeca,
embora isso não signifique que qualquer solução encontrada
seja válida. A seguir, uma sugestão:
2. Peça que os alunos formem duplas ou trios
e ajudem o Zeca a melhorar seu bilhete.
Embora o bilhete seja um gênero que não Seu Raimundo:
exige grande rigor no uso da norma-pa-
drão, a relação com o destinatário requer Tudo bem? No fechamento da lanchonete, promovi uma
um tratamento mais formal da mensagem. reunião com os funcionários. A equipe dos atendentes não
Proponha que os grupos reescrevam o tex- estava motivada. Dei algumas orientações sobre como
to, em uma folha de papel à parte, resol- atender melhor os clientes. Pelo menos um terço da equi-
vendo os problemas que ele apresenta no
pe apresentava problemas fáceis de solucionar:
que diz respeito:
– Primeiro, é importante um sorriso no rosto do atendente.

f à adequação ortográfica: oriente-os a con- – Segundo, deve-se usar, sempre, “obrigado” e “por favor”.
sultar o dicionário para encontrar os prin- – Terceiro, em todas as ocasiões, boa educação é essencial.
cipais erros de ortografia; – Quarto, os clientes, às vezes, não têm educação, mas nós
f à concordância verbal e nominal: se neces- não precisamos ser mal-educados.
sário, explique esses conteúdos usando o
Espero que tenha gostado. Seu Raimundo, o senhor é
livro didático adotado ou outro material
de referência; ótimo.
f ao uso dos numerais como elementos de Zeca
coesão: se necessário, explique esse conte-

12
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Solicite, agora, que os alunos tentem resol- b) Que diferença de sentido fica evidente
ver os exercícios a seguir, presentes no Cader- entre I e II?
no do Aluno (páginas 8 e 9): A função do artigo definido é particularizar o substantivo.
Desse modo, diferentemente de (I), em (II) cada elemento
4. Paulo é um menino muito simpático de 9 representa um todo, isto é, tem um sentido próprio, tornan-
anos. Em sua redação, ele escreveu: do necessário que o verbo se apresente no plural.

“A humanidade devem se preocupar em fa- Solicite que os alunos encontrem os vo-


zer o bem”. cativos no bilhete de Zeca e na nova versão
que fizeram, juntos, na lousa. Se necessário,
Em sua opinião, por que ele escreveu o ver- explique o que é vocativo, usando o livro di-
bo dever no plural? dático.
O termo “humanidade” sugere uma ideia global, de várias
pessoas, um coletivo. Paulo fez a concordância com a ideia
de plural presente na frase. Estudando o vocativo – uma unidade à
parte
5. Na frase “A vida é os projetos diários”, a ên-
fase recai sobre a vida ou sobre os projetos? 1. Complete o texto, usando algumas das pa-
A ênfase recai sobre “a vida”. lavras a seguir:

6. Em qual destas frases evidencia-se a atua-


ção de Henrique?
núcleo – termo – junto – separado –
oração – nominal – desejo – enunciador – fala
I. Henrique com seu irmão lideraram o
– dirige – interlocutor – substantivo
jogo.

II. Henrique, com seu irmão, liderou o


termo
jogo. O vocativo é um desligado
Em (II): “Henrique, com seu irmão, liderou o jogo”, o que é da estrutura de uma oração , pois
reforçado pelo verbo no singular, concordando com o sujei- ele vem separado por vírgula do resto
to “Henrique”. do enunciado. Há casos em que o vocati-
vo aparece após dois-pontos (:) ou acom-
7. Leia as frases a seguir e observe as possibi- panhado de ponto de exclamação (!). Sua
lidades de sentido: função é mostrar a quem o enunciador
se dirige , mostrando, na oração,
I. A felicidade e calma enchia a casa. o nome, apelido ou uma característica do
interlocutor .
II. A felicidade e a calma enchiam a casa.
2. Retome o bilhete de Zeca. Nele, apare-
a) Em qual delas felicidade se apresenta cem alguns vocativos; um deles é Chefia
como sinônimo de calma? Por quê? em “Entaum tá! Chefia”. Encontre os dois
Em (I). A ausência do artigo definido junto a “calma” e o outros vocativos que aparecem no bilhete
verbo no singular propõem que os dois termos funcio- dele, assim como os do texto corrigido em
nem como sinônimos, assumindo o mesmo sentido. Por- classe.
tanto, pode-se usar o verbo concordando apenas com “Seu Raimundo” e “veio” nos bilhetes de Zeca e “Seu Raimun-
um dos termos. do” duas vezes na sugestão de reescrita do bilhete.

13
Faça, com seus alunos, um levantamento
dos vocativos mais usados na comunidade, no Sá:
registro informal. É possível que apareçam ex- Belê? Fui almossá. São meio dia e meio.
pressões como “brodi”, “mano”, “veio”, entre Volto duas e meia. Tenho dois recado urgen-
outros. te pra vc:
Inicialmente, o seu Euclides ligô e pediu
3. Transcreva o quadro a seguir em uma folha pra vc cancelar a passagem dele pra Goiânia.
à parte. Preencha a primeira coluna com É que a mulher dele está doente e ele decidiu
os vocativos mais utilizados nos grupos não ir mas.
que você frequenta, no registro informal, Dois, a tua mãe diz que é pra vc ligar pra
como, por exemplo: Bródi, Mano e Veio. ela, mais até as duas.
Na segunda coluna, explique sucintamente O amor e paz encham você!
em que situações esses vocativos são usa- Beijus,
dos. As respostas devem ser entregues ao RRRRRRRRRRRR RRRita
professor, que depois fará uma discussão
em classe sobre os resultados.
f O que você achou? O bilhete é adequado à
situação? Como ele poderia ser reescrito?
Vocativos informais Situação de uso Faça isso usando os mesmos critérios apli-
cados na reelaboração do bilhete de Zeca.

Possibilidade de resposta:
Sá:
Tudo bem? Fui almoçar. É meio-dia e meia. Volto às duas e
meia. Tenho dois recados urgentes para você:
Primeiro, o Seu Euclides ligou e pediu para você cancelar
Professor, na correção desta atividade, é importante ressaltar a passagem dele para Goiânia. É que a mulher dele está
a questão das variedades linguísticas; o aluno deve refletir e doente e ele decidiu não ir mais.
pensar em que situações comunicativas é ou não adequado Segundo, sua mãe disse que é para você ligar para ela,
o uso de vocativos coloquiais, gírias etc. mas até às duas. Que o amor e a paz preencham você!
Beijos, Rita
As mesmas duplas ou trios vão agora se co-
locar no lugar do Zeca e criar um bilhete com
os problemas de escrita que lhe são comuns. 2. Ermengarda morreu envenenada. Ao per-
Repita os cinco elementos que estão sendo de- ceber que estava morrendo, escreveu rapi-
senvolvidos nesta Situação de Aprendizagem damente um bilhete que a detetive Camila
(adequação ortográfica; concordância; uso encontrou ao lado da morta:
dos numerais; formalidade; eco). Em seguida,
os alunos deverão elaborar a versão “melho- Lúcia matou-me Paulo não chore por mim
rada” desse bilhete. beijo

1. Rita trabalha em uma agência de O problema é que o bilhete está sem pontua-
viagens. Ela vai sair para almoçar e ção. Reescreva-o de tal modo que:
precisa deixar um recado para Sa-
mantha, sua supervisora, que ainda não a) o assassino seja Paulo;
voltou de seu horário de almoço. Leia: Lúcia, matou-me Paulo! Não chore por mim! Beijo.

14
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

b) o assassino seja Lúcia. aprenderam em relação aos assuntos desenvol-


Lúcia matou-me! Paulo, não chore por mim! Beijo. vidos nesta Situação de Aprendizagem. Ao
elaborarem o texto, lembre-os de usar a nor-
Solicite aos alunos que escrevam, ma-padrão da língua portuguesa e atentar
em duplas, um texto sobre o que para a organização e a clareza de ideias.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2
DESENVOLVENDO O OLHAR CRÍTICO: A RESENHA
Esta Situação de Aprendizagem tem nos que continuarão seus estudos no Ensino
por objetivo desenvolver a resenha, gênero Superior. No final, propõe-se um mergulho
textual extremamente comum em jornais e em questões de Língua Portuguesa em ves-
revistas e de grande importância para os alu- tibulares.

Conteúdos e temas: resenha; Língua Portuguesa e vestibular.


Competências e habilidades: ler e escrever textos argumentativos; pesquisar em diferentes mídias visan-
do a uma finalidade prática do uso da linguagem; relacionar título e texto; analisar, em um texto, os
mecanismos linguísticos utilizados na construção da argumentação; desenvolver critérios de autocor-
reção de textos escritos argumentativos.
Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação oral e escrita do aluno e a preparação e
conhecimento de conteúdos e estratégias pelo professor; atitude de sensibilidade diante da realidade
local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua.
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; lousa; internet; tiras em quadri-
nhos de jornais e revistas.
Sugestão de avaliação: elaboração de resenha.

Sondagem
Conversas sobre o amanhã

Promova um debate com seus alunos para a discussão sobre as seguintes questões:

Discussão oral

f O que você pretende fazer depois de terminar o Ensino Médio?


f Como gostaria de se ver, profissionalmente, daqui a dez anos?
f O que já sabe sobre o vestibular?
f O que se pede da disciplina Língua Portuguesa nos vestibulares?
f O que você sabe sobre o Enem?
Caso perceba que os alunos têm poucos conhecimentos sobre o que se pergunta, dê alguns exemplos de questões de vestibular
e do Enem. Há outros temas que podem ser tratados nessa sondagem. Leve em conta as questões indicadas no enunciado.

15
A seguir, analisaremos uma questão do Enem, o que lhe permitirá ter ideia sobre o que se espera
dos conhecimentos de Língua Portuguesa nos exames de acesso ao Ensino Superior.

Toda questão tem um comando, a parte que diz o que o participante da prova deve
fazer. No caso da questão que vamos ler, o comando diz:

“Confrontando-se as informações do texto com as da charge a seguir, conclui-se que”

1. O que você espera de uma questão como essa? O que ela está exigindo de você?
É preciso discutir com os alunos a compreensão do enunciado, de modo a garantir que ele pressupõe a relação entre os dois
textos para que se chegue a uma conclusão.

2. Analisemos detidamente a questão.


©Angeli - Folha de S.Paulo 25.03.2007

Álcool, crescimento e pobreza


O lavrador de Ribeirão Preto recebe em mé-
dia R$ 2,50 por tonelada de cana cortada. Nos
anos 80, esse trabalhador cortava cinco tonela-
das de cana por dia. A mecanização da colheita o
obrigou a ser mais produtivo. O corta-cana der-
ruba agora oito toneladas por dia.
O trabalhador deve cortar a cana rente ao
chão, encurvado. Usa roupas mal-ajambradas,
quentes, que lhe cobrem o corpo, para que não
seja lanhado pelas folhas da planta. O excesso de
trabalho causa a birola: tontura, desmaio, cãi-
bra, convulsão. A fim de aguentar dores e can-
saço, esse trabalhador toma drogas e soluções
de glicose, quando não farinha mesmo. Tem au-
mentado o número de mortes por exaustão nos
canaviais.
O setor da cana produz hoje uns 3,5% do PIB. Exporta US$ 8 bilhões. Gera toda a energia elétrica
que consome e ainda vende excedentes. A indústria de São Paulo contrata cientistas e engenheiros para
desenvolver máquinas e equipamentos mais eficientes para as usinas de álcool. As pesquisas, privada e
pública, na área agrícola (cana, laranja, eucalipto etc.) desenvolvem a bioquímica e a genética no país.
Adaptado de: FREIRE, Vinicius Torres.
Folha de S.Paulo, 11 mar. 2007.

Confrontando-se as informações do texto com as da charge anterior, conclui-se que:

a) a charge contradiz o texto ao mostrar que o Brasil possui tecnologia avançada no setor
agrícola.

16
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

b) a charge e o texto abordam, a respeito da cana-de-açúcar brasileira, duas realidades distin-


tas e sem relação entre si.

c) o texto e a charge consideram a agricultura brasileira avançada, do ponto de vista tec-


nológico.

d) a charge mostra o cotidiano do trabalhador, e o texto defende o fim da mecanização da


produção da cana-de-açúcar no setor sucroalcooleiro.

e) o texto mostra disparidades na agricultura brasileira, na qual convivem alta tecnologia


e condições precárias de trabalho, que a charge ironiza.

Não se trata de resolver a questão, mas de (c) causa.


confrontar expectativas. A “Discussão oral” a
seguir estimula esse processo. (d) condição.

(e) comparação.
Discussão oral
A respeito dessa questão do Enem, discu- ( e ) Hoje é tão bom atleta como qualquer
ta com seus colegas: outro do time.
f É o tipo de questão que vocês esperam de
um exame de acesso ao Ensino Superior? ( d ) O jogo se tornaria insuportável se ele
f Vocês acham válido ou não esse tipo de não fosse um bom jogador.
questão?
f Consideram o exercício fácil ou difícil? ( a ) Vi-o jogando pela primeira vez quando
Por quê? eu tinha 11 anos.
Resposta pessoal. Avalie as considerações de seus
alunos e oriente-os sobre a importância do Ensino
( b ) Ele morava numa área da cidade onde
Superior. Há outros temas, como a diferença entre o
acesso ao ensino público ou privado, os financiamen- não faltavam campinhos de futebol.
tos universitários, entre muitos outros que podem ser
tratados nessa sondagem. Leve em conta as questões ( c ) Estudou muito, visto que não queria
indicadas no enunciado.
correr riscos.

2. Identifique as relações mantidas pelos co-


Recapitulação do aprendizado da nectivos em negrito nas frases a seguir:
2a série do Ensino Médio:
período composto a) Você irá ao cinema ou ficará em casa?
Relação alternativa.
1. Estabeleça a associação adequada marca-
da pelos conectores destacados: b) Caso Marta não vá de carro, avise!
Relação condicional.
(a) tempo.
c) Fez a operação, contudo não melhorou.
(b) espaço. Relação adversativa.

17
Roteiro para aplicação da Situação “4. análise crítica ou informativa de um li-
de Aprendizagem 2 vro; recensão”.

Os conteúdos foram pensados para serem Dessa forma, toda resenha expressa o posi-
desenvolvidos em rede e progressivamente du- cionamento de quem a escreve. Além de trazer
rante as aulas. Leia todo este roteiro antes de o assunto devidamente resumido, este é acom-
iniciar suas aulas: panhado de uma análise, de uma visão crítica.

f a resenha: características do texto argu- Para aprofundar o tema, você vai analisar
mentativo, especialmente da resenha; com seus alunos uma resenha cinematográfi-
f a língua portuguesa e o vestibular: relação ca, gênero textual jornalístico razoavelmente
entre os conteúdos desenvolvidos de con- conhecido, apresentada a seguir.
ceituação do texto argumentativo e o exa-
me vestibular.  A resenha: uma aproximação

Comece a aula discutindo com seus alu- 1. Depois de ler com atenção o título e o tre-
nos: O que é resenha? cho inicial que apresentamos, responda
ao que se pede. Levando em conta que o
Explique-lhes que o sentido que vocês ado- trecho é parte de uma resenha e que esse
tarão neste trabalho para “resenha” é aquele gênero textual se caracteriza por ser uma
encontrado na quarta acepção da palavra no análise crítica sobre outro texto, pergunte
Dicionário Houaiss: aos alunos o que eles esperam encontrar na
continuação da leitura e por quê.

Diretora aprofunda sua linguagem poética


José Geraldo Couto
Colunista da Folha
O cinema de Lina Chamie, como já havia ficado claro em seu primeiro longa-metragem, Tônica
dominante (2000), é menos narrativo do que poético e musical. Em A Via Láctea, a diretora amadurece
e aprofunda esse seu modo de encarar “o mundo que é” e “o mundo que poderia ser”.
Folha de S.Paulo, 1 nov. 2007.

Algumas expectativas que o texto permite expectativas no leitor que devem ser aproveitadas no pro-
são: cesso de leitura.

f Diretora de quê? Destaque, para seus alunos, o fato de o


f A que se refere “linguagem poética”? texto constar em um jornal importante do Es-
f Como se aprofunda a linguagem poética? tado de São Paulo e o que o leitor pode pres-
Comece a análise pelo título da resenha, se possível antes supor a partir daí.
de apresentar aos alunos o texto na íntegra. Essa reflexão
prévia reforçará o fato de que o título levanta horizontes de 2. Leia a continuação do texto.

18
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

A partir de uma situação dramática forte – um amante que atravessa a metrópole em busca da
amada, com quem discutiu ao telefone –, o filme desdobra cadências, harmonias, contrapontos e dis-
sonâncias. Não é à toa que um dos livros citados ao longo da odisseia urbana de Heitor (Marco Ricca)
seja Fragmentos do discurso amoroso. O filme, de certo modo, realiza no plano audiovisual uma ope-
ração análoga à do livro de Barthes ao identificar, glosar e desconstruir motivos, tropos e clichês do
relacionamento amoroso.
A viagem de Heitor em busca de Júlia (Alice Braga) é mais musical do que geográfica. Não só por-
que é pontuada por peças de Mozart, Schubert, Satie, Jobim e Manu Chao, mas porque sua progressão
não é linear, e sim feita de tema e variações, de motivos recorrentes, de rimas visuais e sonoras.
É um deslocamento inverossímil (o protagonista demora horas para percorrer a avenida Paulista),
mais espiritual – em falta de palavra melhor – do que físico. Chamie não está preocupada com o realis-
mo de um draminha psicológico urbano. Seu horizonte é cósmico e, no limite, metafísico.
Não é um filme perfeito, e nem poderia, em se tratando de uma obra de risco. (Arriscar implica
também errar, embora nem sempre nos lembremos disso.) Uma certa redundância da locução em
“off ”, em que o protagonista externa pensamentos tornados mais ou menos evidentes pela imagem,
indica talvez um receio de perder a inteligibilidade. O mesmo vale para um recurso excessivo aos
“flashbacks”, que em alguns momentos quase afrouxam a tensão do relato. No mais, A Via Láctea é
um banho de invenção em meio a um cinema preocupado demais em agradar aos espectadores de TV.

Folha de S.Paulo, 1 nov. 2007.

3. A partir da leitura do texto inteiro, assinale ( V ) dizer que “o protagonista demora ho-
V (verdadeira) ou F (falsa) para cada uma ras para percorrer a avenida Paulista” serve
das seguintes afirmações: para exemplificar a constatação de que se tra-
ta de um “deslocamento inverossímil”.
( F ) ao afirmar que “O cinema de Lina
Chamie, como já havia ficado claro em seu 4. O uso do diminutivo em “draminha psi-
primeiro longa-metragem, Tônica dominante cológico urbano”, na sequência do texto,
(2000), é menos narrativo do que poético e permite:
musical”, o enunciador do texto mostra sua
posição contrária à de Lina Chamie. I. apresentar um ponto de vista carinho-
so em relação aos dramas psicológicos.
( V ) a resenha apresenta a visão críti-
ca de quem a escreve, o que se verifica em II. valorizar a escolha de Chamie ao fugir
passagens como “Não é um filme perfeito, do realismo na narrativa.
e nem poderia, em se tratando de uma obra
de risco”. III. acrescentar uma perspectiva irônica
ao termo drama.
( V ) a resenha apresenta ao leitor um re-
sumo ou uma visão geral do tema do texto Estão certas:
resenhado, como se comprova em “A partir
de uma situação dramática forte – um aman- a) apenas I e II.
te que atravessa a metrópole em busca da
amada, com quem discutiu ao telefone”. b) apenas II e III.

19
c) apenas I e III. c) Depois, a apresentação de argumentos,
isto é, de elementos que orientam para a
d) todas. conclusão. Tais elementos são apoiados
por exemplos, regras gerais etc.
Durante a leitura do texto, notamos a pre-
sença de cinco elementos fundamentais: d) Apresentação de contra-argumentos,
que restringem a orientação argumen-
tativa e que podem ser apoiados ou re-
Para você, professor! futados por exemplos, entre outros re-
cursos.
Esses cinco elementos são encontrados
no texto anterior. Promova uma discussão
e) Conclusão (ou nova tese), que faz in-
com seus alunos, permitindo que antecipem
as respostas.
teragir os argumentos e contra-argu-
mentos.

a) Inicialmente, um momento de contextua- Os cinco elementos serão analisados nas


lização, em que se propõe uma partida. É atividades a seguir, bem como outros as-
quando se apresenta a tese a ser desenvol- pectos linguísticos.
vida.
5. Complete os espaços com os termos ade-
b) Em seguida, um brevíssimo resumo da quados ao sentido do texto, escolhendo en-
obra. tre as palavras do quadro a seguir.

contra-argumentos – exemplos – contextualização – resumo –


nova tese – argumentos – conclusão – tese – resenha

Diretora aprofunda sua linguagem poética é um bom exemplo de resenha . Começa com um
momento de contextualização , em que se propõe uma partida. É nesse momento que se apresenta a
tese a ser desenvolvida. Segue um brevíssimo resumo da obra com a apresentação
de argumentos , isto é, de elementos que orientam para a conclusão. Tais elementos são apoiados
por exemplos, regras gerais, provérbios etc. Também encontramos a apresentação de contra-argumentos ,
que restringem a orientação argumentativa e que podem ser apoiados ou refutados por exemplos
etc. Finalmente, a conclusão (ou nova tese ), que faz interagir os argumentos e contra-
-argumentos.

1. Complete o quadro esque- exemplos presentes em Diretora apro-


mático a seguir a partir dos funda sua linguagem poética.

20
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Diretora aprofunda sua linguagem poética


O cinema de Lina Chamie, como já havia ficado claro em seu primeiro longa-
Contextualização -metragem, Tônica dominante (2000), é menos narrativo do que poético e
musical.

Em A Via Láctea, a diretora amadurece e aprofunda esse seu modo de


Tese
encarar “o mundo que é” e “o mundo que poderia ser”.

A partir de uma situação dramática forte, um amante atravessa a metrópole em busca da amada, com quem
Resumo discutiu ao telefone.

Não é à toa que um dos livros citados


O filme ao longo da odisseia urbana de Heitor
desdobra (Marco Ricca) seja Fragmentos do
cadências, Comprovação do discurso amoroso. [...] uma operação
Argumento 1 argumento 1.
harmonias, análoga à do livro de Barthes ao
contrapontos e identificar, glosar e desconstruir motivos,
dissonâncias. tropos e clichês do relacionamento
amoroso.

Não só porque é pontuada por peças de


A viagem de Heitor Mozart, Schubert, Satie, Jobim e Manu
em busca de Júlia Comprovação Chao, mas porque sua progressão não é
Argumento 2 (Alice Braga) é mais
musical do que do argumento 2 linear, e sim feita de tema e variações, de
geográfica. motivos recorrentes, de rimas visuais e
sonoras.

Uma certa redundância


da locução em “off ”, [...]
Exemplo 1
indica talvez um receio de
perder a inteligibilidade.
Não é um filme perfeito, e nem poderia, em
Contra- se tratando de uma obra de risco. (Arriscar
-argumento 1 implica também errar, embora nem sempre
nos lembremos disso.)
O mesmo vale para um recurso
excessivo aos “flashbacks”, que em
Exemplo 2 alguns momentos quase afrouxam a
tensão do relato.

No mais, A Via Láctea é um banho de invenção em meio a um cinema


Conclusão
preocupado demais em agradar aos espectadores de TV.

21
2. Leia o bilhete que Marialva escreveu para por você ou de um poema. Faça a sua esco-
sua chefe, no banco em que trabalha. lha a partir dos elementos que conseguiu na
sondagem.

Dina, Deixe claro que a presença das caracterís-


ticas do gênero é o principal critério de corre-
Se alguém perguntar por mim, diz que ção do texto.
fui almosar. Cazo eu demore, é por que eu
rezolvi passar naquele cliente, o Sr. Guido. Resenha: agora é a sua vez!
Lembra? Aquele que onte me procurou, eu
estava ocupada e poriço não pode falar com 1. O professor irá indicar uma letra de músi-
ele. ca ou um poema de seu livro didático para
que você elabore uma resenha, no caderno,
Beijos, sobre o texto proposto. Para isso, siga os
Marialva seguintes critérios para auxiliá-lo na elabo-
ração do trabalho:

Se Dina vir esse bilhete, ela irá demitir Ma- f adequação do texto ao gênero proposto
rialva. Assim, salve-lhe o emprego, reescre- (resenha);
vendo o bilhete conforme a norma-padrão da f relação apropriada entre título e texto;
língua portuguesa. f uso da norma-padrão da língua portu-
guesa;
f organização e limpeza na apresentação
Dina, do trabalho.

Se alguém perguntar por mim, diga que fui almoçar. Quando os alunos terminarem a resenha,
Caso eu demore, é porque resolvi passar naquele peça que troquem sua produção com um
cliente, o Sr. Guido. Lembra? Aquele que me procu- colega. Eles devem ler o texto e anotar, a lá-
rou ontem, eu estava ocupada e por isso não pude pis, breves sugestões que possam melhorá-lo.
falar com ele. Após a leitura, solicite que desfaçam a troca e
observem com atenção os comentários e aca-
Beijos, Marialva tem os que considerarem, de fato, que pode-
rão tornar o texto mais bem redigido.

Na sequência, peça que seus alunos façam 2. Após a elaboração do texto, peça que os
a resenha de uma letra de música escolhida alunos completem o quadro a seguir.

Opinião do
Minha opinião professor
Critérios
Está Precisa Está Precisa
o.k. melhorar o.k. melhorar
Adequação entre título e texto

Presença de contextualização

22
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Tese adequada e original

Breve resumo da obra coerente com o texto

Argumentos eficientes

Comprovação adequada dos argumentos

Contra-argumentação coerente
Comprovação ou refutação apropriada dos
contra-argumentos
Conclusão eficiente

Uso adequado da norma-padrão

Professor, utilize os mesmos critérios do quadro para corrigir os Conforme julgar conveniente, selecione um
textos de seus alunos, que poderão ser produzidos em duplas. ou dois conteúdos de linguagem em que seus
Depois que você, professor, devolver o texto corrigido, peça alunos sentirem maior dificuldade e explique-
aos alunos que comparem o ponto de vista deles com o seu. -os, usando o seu livro didático.
Discuta com a classe aspectos da escrita em que todos os
alunos devem melhorar. Solicite que reescrevam o texto se- Se achar oportuno, utilize essas questões
guindo as orientações dadas e devolvam-no para correção para elaborar um simulado para a classe.
final, junto com a primeira versão. Observe que não se trata
de escreverem outro texto, mas de aprimorarem o já feito.

Aprofundando conhecimentos
O vestibular: um desafio
Um texto se constitui enquanto tal no
momento em que os parceiros de uma ati-
Selecione, no livro didático, na internet
vidade comunicativa global, diante de uma
ou em outras fontes indicadas pelo professor, manifestação linguística, pela atuação con-
questões de Língua Portuguesa que fizeram junta de uma complexa rede de fatores de
parte de exames vestibulares. Traga-as na pró- ordem situacional, cognitiva, sociocultural e
xima aula para vocês analisarem. interacional, são capazes de construir, para
Professor, oriente os alunos a selecionarem questões que ela, determinado sentido.
eles tenham dificuldade em resolver, para que, em classe, Portanto, à concepção de texto aqui apre-
possam ser discutidos e resolvidos os desafios de leitura sentada subjaz o postulado básico de que o
em pauta. sentido não está no texto, mas se constrói a
partir dele, no curso de uma interação.
Examine com seus alunos, no livro didático KOCH, I. G. V. O texto e a construção dos sentidos.
e na internet, exercícios de vestibular de Lín- 9. ed., 1a reimpressão. São Paulo: Contexto, abril 2008.
gua Portuguesa e peça que, em grupos, elabo- p. 30. <http://www.editoracontexto.com.br>.
rem quatro questões parecidas, usando como
base as resenhas críticas que produziram.

23
1. Formem grupos, de acordo com b) Quais foram “chatos” ou cansativos?
as orientações do professor. Elabo-
rem quatro questões semelhantes às c) Quais você compreendeu tão bem que é
dos vestibulares, utilizando como base as capaz de explicar sem dificuldade a um
resenhas críticas que produziram e os exercí- colega?
cios de vestibular que trouxeram. Forneçam
as respostas. Entreguem-nas ao professor. d) Quais conteúdos você gostaria que fos-
sem explicados novamente porque não
2. Sobre os conteúdos estudados nesta Situa- os entendeu bem?
ção de Aprendizagem, responda: Professor, esses questionamentos podem ser preciosos para
detectar os temas que precisam de novas intervenções.
a) Quais foram agradáveis de estudar?

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3
A LINGUAGEM DA MODERNIDADE...

Esta Situação de Aprendizagem tem por linguagem, de outro. Além disso, é uma oca-
objetivo familiarizar o aluno com dois concei- sião para aprofundar a capacidade argu-
tos complementares: modernidade social e lin- mentativa e expositiva dos alunos em textos
guagem, de um lado, e modernidade estética e próprios pela elaboração de uma antologia.

Conteúdos e temas: modernidade; antologia.

Competências e habilidades: pesquisar diferentes mídias com finalidade literária; ler e escrever textos
crítico-argumentativos; relacionar diferentes linguagens visando à produção de uma antologia literária;
analisar as intenções enunciativas dos textos literários na escolha dos temas, das estruturas e dos estilos,
como procedimentos argumentativos; relacionar, em diferentes textos literários, opiniões, temas, recursos
estilísticos, identificando o diálogo entre as ideias e o embate de interesses existentes na sociedade.

Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação oral e escrita do aluno e a preparação e
conhecimento de conteúdos e estratégias pelo professor; atitude de sensibilidade diante da realidade
local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; lousa.

Sugestão de avaliação: resolução de exercícios; elaboração de antologia.

Sondagem da a obras surgidas no século XIX até mea-


dos do século XX, momento em que houve
A palavra modernidade, dependendo da forte anseio dos artistas por romper radical-
área do conhecimento em que é usada, tem mente com toda a tradição anterior: que-
diferentes significados. Na literatura, por riam uma arte totalmente nova, sem marcas
exemplo, para muitos críticos, está associa- do passado.

24
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Conversas sobre o amanhã identificar qual deles lhes parece mais moder-
no e os motivos dessa escolha.
Sugerimos apresentar aos alunos os poe-
mas a seguir e solicitar que façam a leitura Promova um debate em sala de aula cen-
silenciosa. Ao lê-los, oriente-os para que não trado nas questões.
se preocupem em compreender tudo, mas em

Para você, professor!


Discussão oral
f Qual dos poemas parece mais moderno? Os textos poéticos aqui citados são bem
conhecidos e, muito possivelmente, apare-
Por quê?
çam no livro didático que adota. Verifique
f Na opinião de vocês, o que é modernidade? isso antes de tomar a decisão de como trans-
Reflita com seus alunos sobre os diversos sentidos miti-los a sua classe.
que as expressões “moderno” e “modernidade” po- Este não é o momento de “passar” a defini-
dem assumir nos diferentes campos do conhecimen- ção de moderno e modernidade, mas de colher
to. Oriente-os para que se concentrem no sentido
informações para compreender o que seus alu-
nos pensam sobre o assunto, para poder, então,
que essas expressões têm na literatura.
depois, planejar mais eficientemente a sua aula!

Poema 1 Poema 2
Versos íntimos Sou um guardador de rebanhos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável Sou um guardador de rebanhos.


Enterro de tua última quimera. O rebanho é os meus pensamentos
Somente a Ingratidão – esta pantera – E os meus pensamentos são todos sensações.
Foi tua companheira inseparável! Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
Acostuma-te à lama que te espera! E com o nariz e a boca.
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
Necessidade de também ser fera. E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro! Por isso quando num dia de calor
O beijo, amigo, é a véspera do escarro, Me sinto triste de gozá-lo tanto.
A mão que afaga é a mesma que apedreja. E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga, Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Escarra nessa boca que te beija! Sei a verdade e sou feliz.

ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. Texto CAEIRO, Alberto. O guardador de rebanhos. In:
proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro PESSOA,Fernando. Obra poética. Disponível em:
<http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. A Escola do Futuro da <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
Universidade de São Paulo. Disponível em: <http://www. DetalheObraForm.do?select_action=&co_
dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ obra=15723>. Acesso em: 30 maio 2013.
action=&co_obra=2066>. Acesso em: 30 maio 2013.

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Promova um debate em sala de aula cen- lecidas com o termo “fera” e a coerência e consistência na
trado nas questões. opinião sobre a segunda questão.

1. Releia o poema Versos íntimos, Roteiro para aplicação da Situação


de Augusto dos Anjos. de Aprendizagem 3
a) Observe: “Somente a Ingratidão – esta Os conteúdos a seguir visam à sua aplica-
pantera –/Foi tua companheira insepa- ção em rede e de modo progressivo. Leia todo
rável!”. Que diferença faz no poema o este roteiro antes de iniciar as suas aulas:
adjetivo em destaque? Em outras pa-
lavras, que diferença faria se o poema f modernidade: conceituar e definir moderni-
fosse escrito sem esse adjetivo, “Somen- dade relacionando-a ao Modernismo e às
te a Ingratidão – esta pantera –/Foi tua possibilidades expressivas permitidas pela
companheira”? língua materna;
Do ponto de vista do conteúdo, o adjetivo reforça a sensa- f antologia: elaboração de antologia com o
ção de dor e abandono que se associa ao ser humano. Do tema “A linguagem da modernidade da li-
ponto de vista da forma, o adjetivo ajuda a regular a métrica, teratura em língua portuguesa”.
o ritmo e a rima com “formidável”.
Explique a seus alunos os conteúdos a seguir:
b) Observe: “O Homem, que, nesta terra
miserável,/Mora, entre feras, sente inevi- Compreendendo a modernidade
tável/Necessidade de também ser fera”.
Uma das feras é mencionada pelo próprio Verifique, na ATPC, se há discussões em
eu lírico, a ingratidão, chamada de “pan- Filosofia e História sobre modernidade, con-
tera”. Na sua opinião, que outras feras temporaneidade, pós-modernidade, socie-
convivem com os seres humanos? A ne- dade do conhecimento etc. É importante
cessidade de ser fera é, de fato, inevitável? explicar para os alunos que o termo “mo-
A proposta desta questão é estimular o aluno a relacionar o dernidade” guarda sentidos um pouco dife-
texto com outros elementos, oriundos de seu conhecimento rentes ao falarmos de arte e literatura,
prévio. Observe a pertinência das relações que serão estabe- Filosofia ou História.

Roteiro de leitura
1. Leia com atenção o texto a seguir sobre modernidade. Sublinhe nos parágrafos:

f 1 e 2: o que é modernidade para a literatura;


f 3: a confusão que devemos evitar ao falar de modernidade;
f 4: os movimentos literários que podem ser considerados parte da modernidade. Uma caracterís-
tica própria da modernidade literária;
f 5 a 8: as características da modernidade literária.
E por falar em modernidade na escola...
(1) A palavra modernidade guarda sentidos diferentes ao falarmos de arte e literatura, fi-
losofia ou história. O conceito de modernidade literária não corresponde à divisão temporal
clássica da História, nem às correntes da Filosofia.

26
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

(2) Em História, modernidade é o período que se inicia com as Grandes Navegações.


A modernidade filosófica tem a sua origem com a ascensão da burguesia e a consequente
instauração dos valores românticos no quadro do pensamento europeu. Na literatura, con-
sideramos modernidade o momento em que, na transição do século XIX para o XX, muitos
artistas criam seus textos literários procurando romper com toda a tradição anterior, an-
siando por uma arte sem heranças do passado. Naturalmente, esse pensamento incuba-se a
partir do Romantismo, mas é quando se constata a falência da proposta pedagógica e moral
do Romantismo (e do movimento herdeiro dessa proposta, o Realismo-Naturalismo) que se
inicia propriamente a modernidade literária.
(3) O sentido da palavra modernidade, na literatura, no entanto, não pode ser confundido
com o sentido da expressão literatura modernista, em especial a brasileira surgida em 1922,
com a Semana de Arte Moderna. Embora seja verdade que desse movimento saíram os prin-
cípios de renovação estética e criação poética que, de uma forma ou de outra, influenciam a
produção literária até hoje.
(4) A literatura da modernidade, no quadro da Literatura Brasileira, de forma muito sim-
plificada, poderia incluir o Simbolismo, o Pré-Modernismo e o Modernismo. Além disso, a
atitude de modernidade encontra ressonâncias em alguns escritores realistas, românticos e,
até, árcades. Por exemplo, a visão do poeta como um desajustado diante do mundo burguês,
que é própria da modernidade, surge com o Romantismo. É nesse movimento literário que o
escritor começa a ser visto como um incompreendido por não repetir as fórmulas ou condu-
tas valorizadas pelo que é considerado “normalidade social”.
(5) A literatura da modernidade não quer mais ser construída como um reflexo, idealizado
ou não, da realidade ambiente – como ainda ocorria com o Romantismo e com o Realismo-
-Naturalismo –; quando se volta para essa realidade, é para ressignificá-la de modo bem
diverso. A literatura da modernidade liberta-se da ordem espacial, temporal e objetiva e pro-
cura diminuir as diferenças entre a proximidade e a distância, entre Terra e Céu.
(6) Outra característica é a dessacralização do mito da criação literária. O artista moderno
desvenda o processo de elaboração artística ao leitor, tornando-o cúmplice de sua criação
literária.
(7) Em outros momentos, o sentimento de ruptura com o mundo alia-se à linguagem poé-
tica da modernidade, construindo um poema em que a figura do poeta aparece como alguém
à margem da sociedade, mas crítico, engajado em uma causa social.
(8) Assim, ao falarmos de modernidade na escola, devemos ter claro o seu contexto de uso.
Além disso, ao pensarmos em modernidade na literatura, devemos ver que os textos literários
constroem uma imagem do ser humano em sociedade, de suas caminhadas e descobertas pelo
mundo. Uma das características mais marcantes da modernidade é o desejo de ruptura com
o passado, e até com o presente, com o qual não se concorda, para construir outro presente,
com a necessidade de dialogar com o passado na construção do novo presente. É, portanto,
um sentimento ambíguo, dividido, que, ao mesmo tempo que deseja romper com o passado,
necessita dele para superá-lo.

27
É o que podemos notar em Carlos Drum- a) Assinale V (verdadeira) ou F (falsa)
mond de Andrade. para cada uma das seguintes afirma-
ções:
2. Neste poema de Carlos Drummond de An-
drade (1902-1987), identifique as caracte- ( V ) o eu lírico posiciona-se contrariamen-
rísticas de modernidade que estudamos e te ao mundo instituído, propondo-se a
depois responda ao que se pede: destruí-lo, como se esse mundo fosse uma
pedreira, uma floresta ou um verme.

A paixão medida ( F ) o eu lírico deseja as palavras, intui-


ções, símbolos e outras armas do mundo
O poeta capitalista.
Declina de toda responsabilidade
Na marcha do mundo capitalista ( V ) o poema revela uma amarga visão de
E com suas palavras, intuições, símbolos desencanto com o mundo atual.
e outras armas
Promete ajudar ( F ) o eu lírico revela, em seu poema, certa
A destruí-lo simpatia com os ideais do capitalismo.
Como uma pedreira, uma floresta,
Um verme. b) Por que podemos dizer que esse poema
de Drummond é um bom exemplo da
ANDRADE, Carlos Drummond de. In: A paixão modernidade literária?
medida. São Paulo: Companhia das Letras (com futuro A modernidade deseja romper com as características do
lançamento). Carlos Drummond de Andrade. © Graña
passado e do presente, que impedem a construção de um
Drummond: <http://www.carlosdrummond.com.br>.
tempo futuro vibrante e moderno. O poema de Drummond
manifesta esse desejo de ruptura com o presente e com os
objetivos do mundo capitalista.
Para você, professor!
A linguagem poética é, quase sempre, ex- Observe, professor, que o eu lírico posicio-
perimental, possibilitando que se construam na-se contrariamente ao mundo instituído,
efeitos de sentido por combinações usualmente propondo-se destruí-lo, como se esse mundo
não pretendidas pelo vocabulário usual. O coti- fosse uma pedreira, uma floresta ou um verme.
diano ganha energia lírica: o léxico e a sintaxe Essa visão de desencanto com o mundo atual
dão voltas sobre si mesmos, buscam o passado é própria do avanço da modernidade, que foi
alcançando o futuro. fragmentando as esperanças dos indivíduos. É
tal caminhada de um desejo de ruptura com
o passado para construir um presente melhor
Carlos Drummond de Andrade é
ao desencanto com o presente e a necessidade
considerado um dos mais impor- de dialogar com o passado que chamaremos
tantes poetas brasileiros de todos de modernidade.
os tempos. Foi simpatizante do Partido Co-
munista na década de 1940, afastando-se pos- Na sequência, serão propostas atividades
teriormente para abrigar-se em um pensa- que, de forma panorâmica, exigirão pesquisas
mento cético que seria uma de suas principais sobre autores, obras e características moder-
características. nistas, parnasianas e simbolistas. O objetivo
desse estudo é uma preparação para elabora-

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Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

ção de uma antologia poética. Destacamos, 3. Sobre o Modernismo brasileiro, complete


ainda, que as respostas dadas são sugestões, o quadro sinóptico a seguir. Para isso, con-
mas, no processo de pesquisa, outras podem sulte com muita atenção o livro didático e
se revelar oportunas. outras fontes indicadas pelo professor.

Modernismo no Brasil: poesia


Período 1922-1930 Semana de Arte Moderna
Principais obras: Características:
Foi grande pesquisador da cultura brasileira.
Pauliceia desvairada (1922) Considerado por parte da crítica o mais impor-
Mário de tante intelectual brasileiro do século XX, produ-
Andrade Amar, verbo intransitivo ziu forte impacto na renovação literária e artísti-
(1927) ca do país, participando ativamente da Semana
(1893-1945)
de Arte Moderna de 1922, além de se envolver
(de 1934 a 1937) com a cultura nacional, traba-
Macunaíma (1928) lhando como diretor do Departamento Munici-
pal de Cultura de São Paulo.
Primeira A cinza das horas (1917) Percorreu diversos caminhos na lírica: começou
Geração Manuel Bandeira parnasiano e simbolista e amadureceu moder-
(1886-1968) Libertinagem (1930) nista. Sua obra foi toda marcada pela tuberculo-
Estrela da manhã (1936) se, que contraiu aos 18 anos.

Considerado o mais rebelde


Memórias sentimentais de dos participantes dessa época
João Miramar (1924) da modernidade brasileira:
Oswald de Andra- o Modernismo – Primeira
de (1890-1954) Geração. É o autor de um dos
O rei da vela (1937) mais importantes textos dessa
visão de literatura: O manifesto
antropofágico.
Período 1930-1945
Alguma poesia (1930)
Sentimento do mundo Alimentando-se do trabalho pioneiro da pri-
Carlos Drummond (1940) meira geração de poesia do Modernismo,
de Andrade (1902- Drummond engajou sua poesia socialmente e
1987) A rosa do povo (1945) foi cultivando, ao longo de sua carreira, certa
desilusão com o mundo.
Claro enigma (1951)
Segunda
Antologia poética (1962)
Geração
Viagem (1939)
Vaga música (1942) Sua obra caracteriza-se pela valorização da so-
Cecília Meireles noridade, do atemporal e de uma dimensão
(1901-1964) Mar absoluto (1945) espiritual de constante procura da própria iden-
tidade.
Romanceiro da
Inconfidência (1953)

29
A próxima atividade tem por objetivo XX é um momento de transição em que
o estudo de elementos do Parnasianismo e convivem duas correntes estéticas bastante
Simbolismo poético, para a construção de diferentes, mas com algumas semelhanças:
uma perspectiva diacrônica do estudo lite- Parnasianismo (Brasil) e Simbolismo (Por-
rário. tugal e Brasil). Complete o quadro sinóp-
tico a seguir sobre essas estéticas, com a
4. No que diz respeito à poesia em língua por- ajuda do professor e de fontes de pesquisa
tuguesa, o período entre os séculos XIX e por ele indicadas.

Parnasianismo (Brasil)
Marco inicial: Publicação da obra Fanfarras, de Teófilo Dias, em 1882.

Término: Semana de Arte Moderna, em 1922.

Principais autores: Principais características do movimento:


Olavo Bilac.
Busca da perfeição formal e da objetividade.
Alberto de Oliveira.
Valorização da “arte pela arte” que nega o engajamento político e social
Raimundo Correia.
das obras.
Martins Fontes.
Contenção dos sentimentos.
Vicente de Carvalho.
Descritivismo minucioso.
Francisca Júlia.

Simbolismo

Principais características do movimento:


Valorização da dimensão simbólica das palavras.
Individualismo e isolamento.
Valorização dos sentimentos e emoções.
Misticismo e religiosidade.
Interesse pelo inconsciente, bem como pela loucura.

Brasil Portugal
Publicação, em 1893, das obras Missal (prosa) e Publicação, em 1890, da obra Oaristos (poema), de
Marco inicial: Broquéis (poesia), de Cruz e Sousa. Eugênio de Castro.

Término: Semana de Arte Moderna, em 1922. Publicação da revista Orpheu, em 1915.

Cruz e Sousa. Camilo Pessanha.


Principais
Alphonsus de Guimaraens. Antônio Nobre.
autores: Pedro Kilkerry. Júlio Dantas.

Para que seus alunos compreendam melhor


as características dessa linguagem, sugerimos Elaborar uma antologia permite focar
a elaboração de uma antologia com o tema “A importantes conteúdos linguísticos e literá-
linguagem da modernidade da literatura em rios. Os alunos poderão desenvolver habili-
língua portuguesa”. dades que permitem estabelecer contato com

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Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

diferentes textos, com vozes de outras épo- pesquisas de mercado, decidiu contribuir para
cas, procurando, mesmo que indiretamente, a divulgação da literatura em língua portu-
responder à questão: O que é modernidade?. guesa, lançando uma antologia com o seguin-
Não se trata, assim, de “correr” nas caracte- te título: “A linguagem da modernidade na
rísticas das escolas literárias, mas de construir literatura em língua portuguesa”. Conforme
diálogos sólidos entre esses diversos textos. considerar conveniente, dê breves explica-
Naturalmente, é também uma excelente opor- ções sobre o assunto, sugerindo a leitura das
tunidade para que os alunos pratiquem a ar- páginas do livro didático adotado que apro-
gumentação. fundam tais conteúdos. Você pode auxiliar
Portanto, o desenvolvimento do diálogo os estudantes na seleção de textos, discutindo
entre diferentes vozes de autores, a apresenta- com eles critérios para essa seleção. A antolo-
ção do conceito de modernidade e a argumen- gia será composta das seguintes partes:
tação dos alunos que aproximam esses textos
deverão ser o foco que norteará a atividade. I. Capa bem atraente, que valorize a ideia
desenvolvida, explorando criativamen-
te o tema na forma do gênero textual
Projeto “capa”. Se julgar necessário, leve para
a sala de aula diferentes livros e discu-
Fase 1 ta com a classe as propostas das capas.
Não incentive o uso desnecessário de
Inicialmente, selecione na biblioteca ou autocolantes, estrelinhas, purpurina etc.
sala de leitura da escola antologias de varia- sem que haja sentido para isso, de acordo
dos temas e formatos, com textos pertencentes com o tema proposto pela antologia.
a diversos lugares e épocas. Divida a turma em
grupos. Escreva na lousa a pergunta: O que é II. Introdução, na qual se responderá à per-
antologia?. Se possível, distribua as antologias gunta: Como é a linguagem literária da
entre os grupos, permita que elas circulem modernidade? (É importante relacionar
pela classe. Mostre-as aos alunos e, conver- as modernidades estética e social.)
sando com eles, tente formar o conceito de an-
tologia, anotando as diferentes contribuições III. Corpo, composto de dez textos (poe-
para a resposta na lousa. mas, contos ou crônicas) produzidos
entre 1910 e 1950, de dez escritores di-
ferentes, de acordo com os diferentes
Para você, professor! temas propostos. Explique aos alunos
que poderão encontrar, no livro didáti-
O Dicionário Houaiss da língua portugue- co, informações sobre as épocas histó-
sa define antologia como “coleção de textos ricas de cada escritor. Ao fim de cada
em prosa e/ou em verso, geralmente de auto- texto, deverá constar uma pequena ex-
res consagrados, organizados segundo tema, plicação sobre o significado de sua obra
época, autoria etc.”. e as principais características da lingua-
Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição eletrô-
gem modernista nele encontradas. É
nica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
obrigatória a presença de:

f Fernando Pessoa;
Cada grupo funcionará como uma equipe f Mário de Andrade;
editorial em uma pequena empresa que, após f Manuel Bandeira;

31
f Carlos Drummond de Andrade; Antes dos alunos “porem as mãos na mas-
f Cecília Meireles. sa”, por assim dizer, eles devem pensar bem
no que e como pretendem fazer. Para isso,
IV. Parte final com uma breve biografia crí- peça que elaborem um projeto do que deve
tica dos escritores e características do seu ser feito (temas selecionados, agendamento
estilo. Reflitam sobre o modelo fornecido de reuniões, visitas à biblioteca ou à sala de
nesse Caderno ao falarmos do poema de leitura etc.). Explique quais os critérios que
Carlos Drummond de Andrade. orientarão seu olhar para a atividade:

V. Conclusão com uma breve resenha dos tex- f originalidade nos poemas selecionados;
tos lidos, feita pelo grupo. É importante f correção nas informações apresentadas;
que se identifiquem as relações entre tema, f clareza e coerência das explicações dadas;
estilo e contexto de produção. Deve ficar f limpeza e boa organização do trabalho;
claro, para o leitor, o conceito de moderni- f valor didático da obra em explicar o tema
dade, objetivo do trabalho. proposto.

As partes I a IV permitem que os alunos É muito importante que os alunos conhe-


identifiquem as relações entre tema, estilo e çam os critérios pelos quais a antologia será
contexto de produção. Sua tendência natural, avaliada. Por isso, escreva-os na lousa antes de
no entanto, será “recortar” e “colar” informa- iniciarem a produção do texto. 
ções. Crie, então, oportunidades de reflexão
sobre tais relações. Se necessário, utilize o livro
didático adotado. Explique aos alunos que essas Para você, professor!
relações devem aparecer na parte V, a resenha Esta é uma ótima ocasião para visitar
crítica, de maneira que o leitor possa identificar, com seus alunos a biblioteca ou sala de lei-
claramente, o conceito de modernidade. tura da escola. Seria apropriado que pelo
menos uma das aulas desta atividade de-
corresse em tal espaço. Caso contrário,
providencie livros de literatura para a pes-
Atenção! quisa de seus alunos. Você poderá retirá-
-los, segundo as diretrizes de sua escola,
Tomem cuidado com o uso indiscriminado da na biblioteca ou sala de leitura. Acautele
pesquisa na internet! Há muitos sites com in- seus alunos quanto aos riscos e benefícios
formações duvidosas. Ao final desta Situação da internet. Há muitos sites não confiáveis.
de Aprendizagem, apresentamos sugestões de No entanto, vale a pena conhecer alguns,
sites confiáveis de literatura. entre eles:

f <http://www.releituras.com>. Acesso
em: 30 maio 2013;
Para você, professor! f <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>.
Seja criativo ao propor a formatação do Acesso em: 30 maio 2013;
trabalho final. Sugira que os alunos lhe deem f <http://www.biblio.com.br>. Acesso em:
o formato de um livro. Se possível, troque 30 maio 2013;
ideias com o professor de Artes, para a pos- f <http://www.virtualbooks.com.br/v2/
sibilidade de uma atividade interdisciplinar.  capa/>. Acesso em: 30 maio 2013.

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Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Considere as habilidades listadas a ou autores? Compreendo as características


seguir, que procuramos desenvol- próprias da modernidade literária? Justifico
ver neste volume, para avaliar sua os efeitos de sentido produzidos em um texto
situação pessoal. literário pelo uso de palavras ou expressões
de sentido figurado?
Analisar e relacionar diferentes ideias e pon-
tos de vista a fim de construir conceitos literários. Refletiu? Então, agora escreva um peque-
no texto sobre o progresso de seu aprendizado
f Para sua reflexão: identifico pontos de vista neste período: em que aspectos houve cres-
presentes de modo explícito ou subentendido cimento; em quais há necessidade de maior
em textos literários? Desanimo diante da lei- atenção; o que pode ser feito para que haja
tura de um texto literário ou procuro encon- melhora etc. Pense também em como tornar
trar nele conceitos e ideias conhecidos que as aulas mais interessantes e participativas e
me permitam construir sentidos novos? em como motivar seus colegas e professor a
criarem um ambiente cada vez mais apropria-
Identificar e analisar características pró- do ao aprendizado.
prias da linguagem literária da modernidade. Professor, essa atividade tem por objetivo fazer um levanta-
mento de aspectos, sob o ponto de vista do aluno, dos temas
f Para sua reflexão: identifico, em um texto que precisam de novas intervenções. Compare as respostas
literário, processos explícitos e implícitos com suas percepções e selecione os temas e atividades que
de remissão ou referência a outros textos considerar oportunos e necessários para revisão.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4
VOCÊ É FASHION?

Esta Situação de Aprendizagem tem por ob- categorias da narrativa, visando tanto à produ-
jetivo familiarizar ainda mais o aluno com os ção da tira em quadrinhos, gênero comum no
conceitos de modernidade social e modernidade cotidiano da sociedade letrada atual, como da
estética. Ao mesmo tempo, serão trabalhadas as narrativa escolar, gênero próprio dos vestibulares.

Conteúdos e temas: a produção de tira em quadrinhos; a construção da personagem, do espaço e do


enredo.

Competências e habilidades: analisar tira em quadrinhos; desenvolver habilidades de leitura de diferen-


tes linguagens visando à construção de sentido em um texto, atendendo à intencionalidade comunicati-
va; relacionar aspectos lúdicos, informativos e críticos em um mesmo texto, identificando o diálogo de
ideias e o embate de valores; compreender processos linguísticos de formação do humor; elaborar um
projeto de texto, utilizando-o para produzir o texto final, mantendo as características de autoria e de
tomada de decisões diante de imprevistos; relacionar informações sobre os sistemas de comunicação
e informação; contrapor informações de um mesmo fato em diferentes gêneros textuais; estabelecer o
diálogo entre um gênero textual específico e um conteúdo predeterminado.

Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação oral e escrita do aluno e a preparação e
conhecimento de conteúdos e estratégias pelo professor; atitude de sensibilidade diante da realidade
local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua.

33
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; lousa; internet; tiras em quadri-
nhos de jornais e revistas.

Sugestão de avaliação: roteiro de história em quadrinhos; histórias em quadrinhos; narrativa escolar.

Sondagem
Professor, este é um momento de escuta da Para isso, propomos que utilize uma mú-
voz de seus alunos e de eles escutarem uns aos sica que, partindo de um fundo infantil, algo
outros. É também um momento diagnóstico associado ao mundo das tiras em quadrinhos,
das competências e habilidades que se preten- revele temas importantes e próprios do uni-
de desenvolver: “O que eles já trazem como verso adulto. Sugerimos João e Maria, de Chi-
parte deles de anos anteriores?”, “Que neces- co Buarque e Sivuca:
sidades são mais urgentes?”.

Discussão oral
Professor, uma discussão que você pode propor aos alu-
f Você gostava de ouvir contos de fadas? nos é perceberem que os temas apreciados pelas crian-
f De que contos de fadas você ainda se lem- ças são, muitas vezes, voltados para incentivar o consumo
bra? de certos produtos materiais ou culturais. Há quadrinhos
f Você conhece a história de João e Maria? sobre personagens infantis direcionados ao público adul-
f Você considera importante que adultos dis- to e vice-versa. Complete a discussão distinguindo os
cutam temas infantis? usos éticos e não éticos dos temas infantis.
f E as tiras em quadrinhos, estão associadas É importante, no entanto, recolher elementos das res-
ao universo adulto ou ao infantil? postas dos estudantes que caminhem em outras direções.

João e Maria Finja que agora eu era o seu brinquedo


Agora eu era o herói Eu era o seu pião, o seu bicho preferido
E o meu cavalo só falava inglês Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha
A noiva do cowboy era você além das outras três [medo
Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus No tempo da maldade acho que a gente nem
[canhões tinha nascido
Guardava o meu bodoque e ensaiava o rock
[para as matinês Agora era fatal que o faz de conta terminasse
Agora eu era o rei [assim
Era o bedel e era também juiz Pra lá desse quintal era uma noite que não tem
E pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz [mais fim
E você era a princesa que eu fiz coroar Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E era tão linda de se admirar E agora eu era um louco a perguntar
Que andava nua pelo meu país O que é que a vida vai fazer de mim?

© Cara Nova Editora Musical Ltda/Arlequim/© by


Não, não fuja, não
Marola Edições

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Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

1. Acompanhe com a classe a música apre- Roteiro para aplicação da Situação


sentada pelo professor. Ela também está de Aprendizagem 4
disponível na internet no endereço <http://
www.chicobuarque.com.br/construcao/ Leia todo este roteiro antes de iniciar suas
mestre.asp?pg=jooemari_77.htm>. Acesso aulas, de modo a trabalhar os conteúdos em
em: 5 jul. 2013. rede e progressivamente:

2. Responda às questões: f a produção da tira em quadrinhos: o proces-


so de produção de um texto – do projeto de
a) Que características da música remetem texto à elaboração final da tira em qua-
ao universo infantil? Exemplifique. drinhos;
A presença de heróis, bichos, reis e princesas é própria do f a construção da(s) personagem(ns), do es-
imaginário infantil, interpretação que é corroborada pelo paço e do enredo: análise dessas três catego-
texto ao afirmar que “guardava o meu bodoque e ensaiava o rias da narrativa – personagem(ns), espaço
rock para as matinês”. e enredo – e aplicação da análise na pro-
dução de uma tira em quadrinhos com um
b) Que características da música remetem conteúdo predeterminado.
ao universo adulto? Exemplifique.
Esse mundo mágico desaparece quando a amada “sumiu no O tema Modernidade e linguagem servirá
mundo” sem avisar, transformando o enunciador em “um de ponto de partida para a elaboração, em
louco a perguntar/o que é que a vida vai fazer de mim?”. duplas ou trios, de uma tira em quadrinhos,
gênero textual muito comum em nossa socie-
c) Misturando os dois universos em um dade.
único texto, que efeitos de sentido se
obtêm? Realizando a tira em quadrinhos
Os universos infantil e adulto se misturam no texto, refor-
çando o caráter transformador do amor romântico e a dor A língua poética da modernidade cria
daqueles que perdem a pessoa amada (“uma noite que não um estranhamento, procurando uma sin-
tem mais fim”). taxe desconstrutiva, reinventando (e reno-
vando) a metáfora e a comparação. Não é
d) Que marcas próprias da linguagem mo- de estranhar que seus processos renovadores
dernista encontramos na obra? provoquem uma impressão de anormalida-
A irreverência do tratamento dado ao tema, a manifestação de. Trata-se de uma literatura que não passa
de desencanto com o mundo, bem como a linguagem, são mais a existir como eco da sociedade ou um
resultado do avanço próprio da estética modernista. quadro ideal do mundo, visando a educar
moralmente o leitor.
e) Ser moderno e ser fashion é a mesma
coisa? Tiras em quadrinhos
Não. Embora em certos contextos possam ser sinônimos,
fashion é uma palavra que circula em um universo mais res- 1. Use algumas das palavras a seguir para
trito, usualmente o da moda. completar o texto.

textos – linhas – verbo – verbal – formal – informal – limite – sequência – visual – colorida

35
As tiras em quadrinhos são textos normalmente narrativos em que interagem a lingua-
gem verbal ea visual . Na tira em quadrinhos, sucessivos cortes, que normalmente
não ultrapassam quatro quadrinhos, permitem que se construa a impressão de sequência . Embo-
ra se realizem no meio escrito, as tiras buscam reproduzir a fala, a conversa informal nos balões
que mudam de formato e tipo de letra de acordo com o tom da voz.

Para você, professor!


A atividade é importante para que os alunos possam contrapor a interpretação da modernidade
entre dois textos diferentes elaborados por eles mesmos: a antologia, que já fizeram, e, agora, a tira
em quadrinhos. Valorize esse enfoque contrastivo. Para isso, destaque-o constantemente em seus co-
mentários e explicações, questionando o que muda ao falar de modernidade na antologia e na tira em
quadrinhos. O fato de os gêneros serem de naturezas tão diferentes facilitará grande número de possibi-
lidades de resposta. Atente, porém, ao fato de que a tira em quadrinhos obriga a selecionar um aspecto
considerado fundamental do conceito de modernidade e a investir nele com um olhar irônico.

2. Leia a tirinha a seguir e responda às questões:

Barata Fliti
© Fernando Gonsales

a) Qual é o título da tirinha e quem é o autor? que quadrinho isso aparece e o que cau-
O título é “Barata Fliti” e o autor é Fernando Gonsales. sa essa sensação?
No terceiro quadrinho. A sensação de humor é causada
b) O clímax da história, o momento de pela quebra da expectativa. Pensa-se que, com o veneno, a
suspense, ocorre um pouco antes do barata irá morrer, mas não é o que acontece.
desfecho, ou seja, do final, e causa ten-
são no leitor. Explique onde está o clí-
max e qual é seu efeito. Você já foi à sala de leitura de sua
O clímax aparece no segundo quadrinho, despertando no escola e começou a ler um roman-
leitor uma dúvida sobre o verdadeiro efeito do veneno na ce literário? Se ainda não o fez,
barata. não deixe de começar hoje. Se já o fez, conti-
nue lendo. A leitura literária nos conecta
c) A tirinha da Barata Fliti pretende cau- com a arte e com a vida!
sar no leitor um efeito de humor. Em
36
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Projeto do colégio ou no blog da turma. A partir desse


futuro que tais textos terão é que seus alunos
Produzindo uma tira em quadrinhos poderão refletir nas questões propostas.

Fase 1 Na sequência, explique aos alunos as ca-


racterísticas de uma tira em quadrinhos:
Seguindo as orientações do professor, re-
únam-se em duplas ou trios. Vocês são cartu- I. presença de título e autoria;
nistas e um respeitado jornal encomendou-lhes
uma tirinha para ser publicada na próxima edi- II. presença de cenário, que mantenha certa
ção. Porém, antes de começar a fazer a tirinha, relação com o tema, a personagem e o en-
vocês devem preparar um projeto de confecção, redo;
respondendo, primeiro, às seguintes questões:
III. presença de um clímax: por meio de uma
a) O que eu quero dizer com minha tira em ação, reflexão ou comentário, produz-se,
quadrinhos? Ou seja, qual o conteúdo de no leitor, um suspense. Ainda que a expec-
meu texto? tativa criada tenha em mente o leitor, ela,
muitas vezes, também é vivenciada pelas
b) Para que servirá meu texto? Ou seja, qual a outras personagens da história;
finalidade da tira em quadrinhos que estou
produzindo? IV. quebra da expectativa: é aqui que se en-
contra o humor, porque a resposta de
c) Para quem estou escrevendo essa tira em uma personagem não coincide com aque-
quadrinhos? Em outras palavras, quem vai la esperada pelo leitor ou até pelas demais
ler meu texto? personagens.

d) Como dizer o que quero nessa tira em qua- Como se consegue o humor em uma história
drinhos? Ou seja, que estratégias e meios em quadrinhos?
vou utilizar?
O humor é conseguido principalmente pela
Observe, professor, que é muito importante quebra da expectativa. A esse respeito, o mais
que essas perguntas sejam respondidas pelos importante é a maneira de apresentar o tema e
alunos; contudo, antes, é conveniente que elas o ponto de vista de uma personagem a uma dis-
sejam discutidas com eles. tância suficiente do senso comum para que pro-
voque no leitor uma sensação de estranho ou de
Isso nos leva a outra questão: “O que, efe- absurdo, o que leva ao humor. Note bem: a ma-
tivamente, pode ser feito com as tiras em qua- neira de apresentar a ideia é tão importante como
drinhos produzidas?”. a ideia em si – quando não, até mais importante!

É importante que os alunos sintam que Muitas vezes, o que causa essa sensação de
seus trabalhos não servem apenas para ter estranho ou absurdo é a ambiguidade, embora
uma nota. Assim, sempre que possível, faça nem todas provoquem a sensação de humor.
uso das produções dentro da realidade social Denomina-se ambiguidade a possibilidade de
escolar. Uma possibilidade é organizar uma um enunciado gerar mais de um sentido váli-
mostra ou exposição, ou afixar os textos pro- do em dado contexto. Na ambiguidade, optar
duzidos no mural da classe ou da escola ou, por um dos sentidos possíveis é uma questão
ainda, disponibilizá-los em uma seção do site que não pode ser decidida, pelo menos no ní-
37
vel linguístico. A ambiguidade pode ocorrer tação, sem a intenção de que o texto produzido esgote a
por lapso ou por intenção. tirinha.

Por exemplo, considere o caso: Fase 2

Jaqueline, o Jacson fez a sua lição. O próximo passo importante é que cada
dupla ou cada trio construa o roteiro da tira
Ficamos sem saber se o Jacson fez a lição em quadrinhos. Isso deve ser feito antes da
dele ou a dela. Isso porque o uso do termo produção da tira:
“sua” pode envolver tanto a segunda como a
terceira pessoa do discurso. a) personagens (nome, descrição);

Naturalmente, um enunciado pode ser am- b) cenário;


bíguo em um contexto e não o ser em outro.
Dizermos “Jaqueline, o Jacson fez sua lição” c) descrição dos acontecimentos no quadrinho 1;
só será realmente ambíguo se, no contexto,
não houver como discernir se o enunciador d) descrição dos acontecimentos no quadrinho 2;
está se referindo à lição de Jaqueline ou à de
Jacson. e) descrição dos acontecimentos no quadrinho 3.
Lembre aos alunos que nos quadrinhos devem aparecer o
Se achar oportuno, analise com seus clímax e a quebra de expectativa, esta, normalmente, no
alunos, as características que acabamos de último quadrinho.
explicar em diversas tiras em quadrinhos Antes de produzir o roteiro, incentive os alunos a pensarem bem
reais, que poderão ser facilmente encontradas na personagem protagonista.
em jornais, revistas ou na internet. Veja, por Para isso, é importante considerar alguns aspectos básicos
exemplo, o site <entretenimento.uol.com.br/ da teoria da narrativa, tais como personagens, espaço e
humor/> (acesso em: 30 maio 2013). Verifique tempo. Procure no livro didático as informações que julgar
se tais conteúdos são abordados no livro convenientes sobre esse assunto.
didático adotado.
Além disso, é preciso retomar o tema pro-
Selecione em um jornal uma tirinha posto: “Modernidade e linguagem”.
em quadrinhos. Cole-a no espaço re-
servado e escreva um texto argumen- Agora é o momento de considerar
tativo de aproximadamente dez linhas em que alguns aspectos básicos da teoria da
você apresente uma discussão sobre os seguin- narrativa, tais como personagens,
tes tópicos apresentados na tirinha escolhida: espaço e tempo. Procure no livro didático (ou
em outra fonte que o professor indique) infor-
f cenário; mações que julgar importantes sobre esse as-
f clímax; sunto e faça um resumo para apresentar a seu
f efeito de humor. grupo na próxima aula.

Você poderá pesquisar no site <http:// Fase 3


entretenimento.uol.com.br/humor> (acesso em:
30 maio 2013) ou em jornais de sua cidade. Tendo já discutido as questões básicas da
Professor, o objetivo é que o aluno analise a tira a partir dos narrativa com seu grupo e terminado na aula
elementos indicados. Observe a coerência da argumen- anterior o roteiro de sua tirinha, transformem-

38
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

-no em uma narrativa escolar, como aquelas Feito o roteiro, solicite que seus alunos o
feitas nas aulas de redação. transformem em uma narrativa escolar, como
Professor, aqui há um desafio considerável na transposição aquelas comumente feitas em aulas de reda-
de gêneros: parte-se de um “roteiro para tirinha” para uma ção. Se julgar conveniente, informe-lhes que
“narrativa escolar”. Estabeleça uma discussão prévia com os “narrativa escolar” é um gênero também pe-
alunos, retomando os elementos da narrativa, para que essa dido em vestibulares como parte do processo
adaptação de um texto para outro seja adequada. de seleção.

Mas eu não sei desenhar!

Todos gostam de fazer um bom trabalho. Mas quando o resultado sai bem diferente da-
quilo que se deseja, é comum ficarmos tristes. No entanto, a imaginação pode superar qual-
quer falta de aptidão para o desenho.

Alguns cartunistas, por exemplo, preferem até traços simples e fáceis para suas personagens, como
é o caso de Adão Iturrusgarai. Veja:
La vie en rose

© Adão Iturrusgarai

Para você, professor! Ao avaliar as produções, considere de que


forma elas manifestam os diferentes conteú-
O título dessa série de tiras em quadri- dos estudados em sala de aula.
nhos faz referência a uma canção francesa
famosa na primeira metade do século XX, Devolva-as, corrigidas, aos alunos para
consagrada na interpretação de Edith Piaf. que sejam utilizadas em sua autoavaliação.
A letra da música exalta uma versão ingê-
nua do amor que se harmoniza com a forma
como a personagem vê o mundo. Aprofundando conhecimentos
Um bom trabalho com a leitura, em sala
de aula, desenvolverá no aluno: o prazer de
Fase 4 ler (dimensão afetiva); o saber interpretar
(dimensão cognitiva); o saber produzir (di-
No caderno, elabore a tira em quadrinhos.
mensão pragmática). À escola cabe o dever
Considere que seu professor irá corrigi-la se-
gundo os conteúdos desenvolvidos neste capí- de objetivar o desenvolvimento de tais po-
tulo. tencialidades, como forma de emancipar e

39
ao mesmo tempo integrar o aluno no espaço
d) o Natal faz que as pessoas prefiram ir
sociocultural. para o Norte, em razão do aparecimen-
MURRIE, Zuleika de F. Universos da palavra: da alfa- to da neve.
betização à literatura. São Paulo: Iglu, 1995.
3. Denominamos ambiguidade a possibilida-
de de um enunciado gerar mais de um sen-
1. Leia o poema a seguir, de Fernan- tido válido em dado contexto. O substan-
do Pessoa. tivo presente, no terceiro verso da segunda
estrofe, aparece com um sentido ambíguo.
Explique esse sentido.
Chove. É dia de Natal. A ambiguidade está em saber se o autor refere-se ao
Chove. É dia de Natal. tempo presente ou ao substantivo “presente” (sinônimo
Lá para o Norte é melhor: de “dádiva”, com referência ao ato de se presentear).
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior. Expectativas de aprendizagem e grade de
E toda a gente é contente avaliação
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente. Ao final das Situações de Aprendizagem de
Antes isso que nevar. 1 a 4, esperamos que seus alunos compreen-
Pois apesar de ser esse dam melhor a língua portuguesa como ela
O Natal da convenção, aparece em sociedade. Com os gêneros textuais
Quando o corpo me arrefece trabalhados – antologia, conto, bilhete, narra-
Tenho o frio e Natal não. tiva escolar, poema, resenha crítica, roteiro de
Deixo sentir a quem quadra tira em quadrinhos e tira em quadrinhos –,
E o Natal a quem o fez, aprofundam-se dois conceitos fundamentais
Pois se escrevo ainda outra quadra para compreendermos a contemporaneidade:
Fico gelado dos pés. a modernidade na sociedade e na linguagem.
PESSOA, Fernando. In: Cancioneiro. Disponível em:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ Ao final, há uma importante pergunta a ser
DetalheObraForm.do?select_action=&co_ respondida:
obra=15728>. Acesso em: 30 maio 2013.
f Como a linguagem constrói a modernida-
de e o moderno?
2. Assinale a alternativa que apresenta o tema
poético: Destaque-se que essa relação é uma via de
mão dupla, como uma relação intrínseca pró-
a) a festa de Natal é uma convenção que pria da língua viva que se constitui na história
obriga as pessoas a serem cordiais, mes- e na qual a história se constitui. Reveja a dife-
mo sendo “frias” por dentro. rença entre modernidade e a escola literária
do Modernismo, bem como as diferenças de
b) o clima de alegria na época de Natal significado existentes na História e na Filoso-
aquece o coração frio do poeta. fia. Nosso foco é em torno do conceito de mo-
dernidade literária.
c) apesar de o espírito natalino aquecer o
coração das pessoas, o poeta ainda se Observe também que o ato de escrita é pro-
sente frio como a neve. cessual, assim como seu aprendizado. Por isso,

40
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

duas estratégias devem ser levadas em conta f analisar e relacionar diferentes ideias e
no processo avaliativo: a repetição de conteú- pontos de vista a fim de construir concei-
dos com grau de dificuldade crescente, o que tos literários;
permite retomar e aprofundar conhecimentos, f identificar e analisar características pró-
competências e habilidades, e a definição de prias da linguagem literária da moderni-
critérios claros e conhecidos pelo aluno no dade;
processo de avaliação. f identificar a tese e as ideias-chave em um
texto argumentativo;
f O que será avaliado no texto produzido f posicionar-se criticamente sobre concei-
pelo aluno? tos e pontos de vista de terceiros conforme
apresentados em diferentes textos;
É importante que se priorizem a adequação f desenvolver critérios de autocorreção de
ao gênero solicitado, com base nas caracterís- textos escritos argumentativos;
ticas ensinadas em sala de aula, a adequação f relacionar a elaboração de um projeto ao
ao tema proposto e a coerência na transmis- texto final, mantendo as características de
são dos conhecimentos. Conforme as possibi- autoria e de tomada de decisões diante
lidades, você poderá apresentar aos alunos os de imprevistos.
critérios de correção de textos nos principais
vestibulares. Considere os diferentes conteúdos traba-
lhados e recorra às anotações feitas durante
Desperte seu olhar com o objetivo de cole- as atividades para responder às seguintes per-
tar, em todo o processo de ensino-aprendiza- guntas:
gem, indícios de tensões, avanços e conquistas.
Interprete esses indícios para compreender as f Preocupa-se com a variedade linguística
dificuldades apresentadas pelos alunos, bem utilizada nas diversas situações comuni-
como para orientar suas metas, estabelecer no- cativas? Revela consciência de que não
vas diretrizes, propor atividades alternativas. falamos nem escrevemos do mesmo jeito
Situe o aluno no processo de ensino-apren- em todos os momentos de comunicação?
dizagem, promova a atitude de respon- Mostra preocupação em usar a linguagem
sabilidade pelo aprendizado no indivíduo. de modo formal quando necessário? Co-
Aprender não é apenas colher informações nhece o registro-padrão da língua portu-
transmitidas pelo professor, mas processá- guesa?
-las, transformá-las em algo, mais do que isso, f Compreende a literatura como fenômeno
construir cultura e conhecimento, o que, mui- ao mesmo tempo linguístico, artístico e so-
tas vezes, está além de conteúdos. cial? Manifesta um ponto de vista pessoal
e fundamentado sobre o que é um texto li-
Excetuando as habilidades específicas de terário? Estabelece o diálogo entre diferen-
leitura e escrita que desejamos ter desenvolvi- tes teorias literárias a fim de construir um
do nas diversas atividades de produção tex- ponto de vista?
tual feitas durante o volume (tanto em grupo f Consegue conceituar “modernidade”? Dis-
como individualmente), desejamos que cada tingue os conceitos de “modernidade” da
aluno tenha desenvolvido as seguintes habili- escola literária “Modernismo”? Identifica
dades básicas: características próprias da modernidade
em um texto literário? Relaciona essas ca-
f adequar o seu registro escrito e oral a situa- racterísticas entre si de modo a construir
ções formais de uso da linguagem; um conceito?

41
f Identifica a tese em um texto argumentati- f Preocupa-se em deixar clara, ao leitor, a
vo? Identifica as ideias-chave em um texto tese de um texto argumentativo, com base
argumentativo? na argumentação construída? Preocupa-se
f Identifica os conceitos e pontos de vista em apresentar estratégias no texto argu-
de terceiros? Distingue um fato da opinião mentativo produzido? Justifica o efeito de
pressuposta ou subentendida em relação a sentido produzido, no texto, pelas escolhas
esse mesmo fato, em segmentos descontí- lexicais e morfossintáticas feitas?
nuos de um texto? Estabelece relações en- f Projeta os textos produzidos? Distingue
tre segmentos do texto? texto de projeto de texto? Faz uso produti-
vo do projeto de texto elaborado?

PROPOSTA DE QUESTÕES PARA APLICAÇÃO EM AVALIAÇÃO

1. A leitura de manchetes de jornal pode ge- filme no exterior”.


rar ambiguidade. Esse fenômeno por vezes
se desfaz graças ao contexto. Das manche- d) “Pai de santo condena prostituição em
tes a seguir, assinale aquela que não permi- cerimônia do terreiro”.
te dupla leitura:
e) “Joinville divulgará o novo curso de
a) “Integrantes de quadrilha são presos no Giovanni Lima em propaganda”.
sul do Estado de São Paulo”. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida:
adequar seu registro escrito e oral a situações formais de uso
b) “Astrólogo prevê casamento na inter- da linguagem, para estimular o efeito de ambiguidade.
net”.
2. Leia atentamente a crítica cinematográfica
c) “Cineasta faz testes com meninas para a seguir.

Animação cria novo enfoque sobre a família


Sutilmente, A família do futuro contrabandeia várias novidades ao enrijecido padrão Disney. Co-
meçando pela questão da adoção, que, aliás, não está presente em A day with Wilbur Robinson, livro
de William Joyce que originou o roteiro. Até alguns anos atrás, não haveria possibilidade de Lewis,
nosso herói órfão, terminar o filme sem reencontrar sua mãe verdadeira e perdoá-la. A família como
algo que se constrói se sobrepõe à família como um dado natural. Não é pouco.
Lewis e seu amigo Wilbur Robinson passeiam pelo futuro e pelo passado pilotando uma máquina
do tempo que poderia estar no mais moderno videogame. O futuro é lindamente “retrô”. Todo seu
visual é inspirado no design futurista dos anos 20 e 30, incrementado pela fantasia que só os filmes de
animação podem ter.
Em vários sentidos, A família do futuro é um filme que recusa o ressentimento. Bonito e ágil, alcança
uma emoção profunda, rara nos filmes infantis de hoje. [...]

ARAÚJO, Inácio. Folha de S.Paulo, 4 abr. 2007.

42
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

A tese central defendida pela resenha é: d) A família do futuro é um filme que recu-
sa o ressentimento.
a) o filme A família do futuro trata do tema
do contrabando de novidades para a e) o filme A família do futuro valoriza a fa-
Disney. mília construída, mais que a natural.
Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida:
b) o herói, Lewis, termina o filme reencon- identificar a tese e as ideias-chave em um texto argumen-
trando a mãe e o amigo Wilbur Robinson. tativo.

c) o futuro é lindamente “retrô”, pois é 3. (Unesp/Vunesp – 2007) Leia atentamente o


inspirado no design futurista dos anos poema a seguir:
20 e 30.

Os velhos comigo sobre coisas


seladas em cofre de subentendidos
Todos nasceram velhos – desconfio.
a conversa infindável
Em casas mais velhas que a velhice,
de monossílabos, resmungos,
em ruas que existiram sempre – sempre!
tosse conclusiva.
assim como estão hoje
Nem me veem passar. Não me dão confiança.
soturnas e paradas e indeléveis
Confiança! Confiança!
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Dádiva impensável
Os mais velhos têm 100, 200 anos
nos semblantes fechados,
e lá se perde a conta.
nas felpudas redingotes,
Os mais novos dos novos,
nos chapéus autoritários,
não menos de 50 – enormidade.
nas barbas de milênios.
Nenhum olha para mim.
Sigo, seco e só, atravessando
A velhice o proíbe. Quem autorizou
a floresta de velhos.
existirem meninos neste largo municipal?
Quem infringiu a lei da eternidade ANDRADE, Carlos Drummond de. Os velhos. In:
que não permite recomeçar a vida? Boitempo: esquecer para lembrar. São Paulo: Companhia
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade das Letras (com futuro lançamento). Carlos Drummond
de ser também um velho desde sempre. de Andrade. © Graña Drummond: <http:// www.
carlosdrummond.com.br>.
Assim conversarão

No poema, o isolamento dos velhos leva o “velho desde sempre”.


eu poemático a pintar um quadro inverti- Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: po-
do, se considerada a habitual situação dos sicionar-se criticamente sobre conceitos e pontos de vista de
idosos, na realidade: não são eles os des- terceiros conforme apresentados em diferentes textos.
prezados, os ignorados, os esquecidos, os
abandonados – mas o menino, o não velho. 4. Que características da linguagem literá-
Com base nessa ideia, comente a solução ria modernista encontram-se no poema?
cogitada pelo eu poemático para entrar no Comente-as, comprovando-as no texto.
mundo dos velhos. Resposta esperada: entre outras, encontramos, no texto, a
Resposta esperada: desejando entrar no que lhe parece ser riqueza e expressividade da linguagem, perceptível na re-
um universo apenas acessível aos velhos, o eu poemático petição dos termos e no uso de termos do cotidiano com
exprime o desejo de ser um velho atemporal, ou seja, um um sentido filosófico (como “barbas”, “chapéu”, “felpudas”).

43
Sua linguagem é séria, combinando com o estilo melancó- No contexto do livro, a afirmação do caráter
lico, filosófico e reflexivo do poema. Professor, leve em con- verbal da poesia e a incitação a que se penetre
ta as dificuldades naturais de seus alunos para conseguirem “no reino das palavras”, presentes no excerto,
expressar a análise da riqueza da linguagem de Drummond. indicam que, para o poeta de A rosa do povo:
Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida:
identificar e analisar características próprias da linguagem a) praticar a arte pela arte é a maneira
literária da modernidade.  mais eficaz de se opor ao mundo capita-
lista.
5. (Fuvest – 2007)
b) a procura da boa poesia começa pela es-
trita observância da variedade-padrão
Procura da Poesia da linguagem.

Não faças versos sobre acontecimentos. c) fazer poesia é produzir enigmas verbais
Não há criação nem morte perante a poesia. que não podem nem devem ser interpre-
Diante dela, a vida é um sol estático, tados.
não aquece nem ilumina.
[...] d) as intenções sociais da poesia não a dis-
Penetra surdamente no reino das palavras. pensam de ter em conta o que é próprio
Lá estão os poemas que esperam ser escritos. da linguagem.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata. e) os poemas metalinguísticos, nos quais a
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. poesia fala apenas de si mesma, são su-
[...] periores aos poemas que falam também
de outros assuntos. 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Procura da
Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida:
poesia. In: A rosa do povo. São Paulo: Companhia
das Letras. Carlos Drummond de Andrade © Graña analisar e relacionar diferentes ideias e pontos de vista a fim
Drummond: <http://www.carlosdrummond.com.br>. de construir conceitos literários.

PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO

Professor, utilize o quadro de competências de atividades de recuperação. Desse modo,


e habilidades presente na apresentação deste inicialmente, identifique, com base nas habili-
Caderno para identificar as reais necessidades dades que notar deficitárias, quais são as reais
de recuperação de seus alunos. necessidades de recuperação do aluno.

É importante que cada um deles se desen- Adequar seu registro escrito e oral a situa-
volva como indivíduo autônomo ao apro- ções formais de uso da linguagem.
priar-se da linguagem na leitura e produção
de textos. Nas Situações de Aprendizagem de f Observaram-se melhoras na aquisição de
1 a 4, nosso foco foi a análise da modernidade um registro formal escrito e oral? Distingue
e da resenha crítica. Esses conteúdos permi- situações formais de comunicação daquelas
tiram-nos trabalhar pelo desenvolvimento de que são informais? Sabe adequar seu regis-
sete habilidades que devem orientar a escolha tro linguístico a essas diferentes situações?

44
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Analisar e relacionar diferentes ideias e Desenvolver critérios de autocorreção de


pontos de vista a fim de construir conceitos li- textos escritos argumentativos.
terários.
f Preocupa-se em ser entendido quando
f Identifica pontos de vista presentes de escreve? Ou transfere a responsabilida-
modo explícito ou subentendido em tex- de da compreensão do texto para o lei-
tos literários? Desanima diante da leitura tor? Justifica suas dificuldades apenas
de um texto literário ou procura encontrar com expressões como “eu quis dizer...”
nele conceitos e ideias conhecidos que per- ou esforça-se em tornar-se cada vez mais
mitam construir sentidos novos? Justifica claro e específico? Faz uso consciente e
o efeito de sentido produzido em um texto produtivo de estratégias, em um texto ar-
literário pela exploração de recursos orto- gumentativo, visando ao convencimento
gráficos ou morfossintáticos? do público?

Identificar e analisar características pró- Relacionar a elaboração de um projeto ao


prias da linguagem literária da modernidade. texto final, mantendo as características de auto-
ria e de tomada de decisões diante de imprevistos.
f Identifica, em um texto literário, proces-
sos explícitos e implícitos de remissão f Reconhece as diferenças entre um projeto
ou referência a outros textos ou autores? de texto e o próprio texto elaborado? Faz
Compreende as características próprias da uso do projeto de texto em sua produção
escola literária Modernismo? Justifica os escrita? Reconhece a importância de pla-
efeitos de sentido produzidos em um texto nejar aquilo que vai escrever, visando a
literário pelo uso de palavras ou expressões adequar-se melhor ao registro linguístico e
de sentido figurado? às intenções do texto?

Identificar a tese e as ideias-chave em um Elabore, também, um pequeno questioná-


texto argumentativo. rio para a classe que facilitará suas estratégias
de recuperação.
f Compreende o texto como uma produção
do outro que tem determinada proposta Durante este volume, que conteúdos:
textual? Distingue um texto argumentativo
de outro que não o seja? Identifica a tese e 1. Gostei de estudar? Por quê?
os argumentos de um texto? Encontra as
ideias-chave em um parágrafo? 2. Considerei pouco interessantes? Por quê?

Posicionar-se criticamente sobre conceitos e 3. Compreendi tão bem que poderia explicá-los
pontos de vista de terceiros conforme apresen- sem quaisquer problemas?
tados em diferentes textos.
4. Gostaria que fossem explicados novamente
f Assume a importância de suas opiniões ou porque não foram bem compreendidos?
comenta apenas quando instado? Respeita
os colegas e o professor ao apresentar suas Utilize-se das respostas a essas perguntas
ideias e opiniões? Identifica o ponto de vis- para elaborar estratégias de recuperação ime-
ta de terceiros, distinguindo-os dos fatos diata, de acordo com as necessidades específi-
apresentados? cas de sua turma. Seguem algumas sugestões.

45
Caso verifique que o aluno ainda não con- ções desenvolvidas. Incentive uma atitude de
seguiu apreender os conceitos e conteúdos es- pesquisa, mas coloque-se à disposição para
pecificados sobre a modernidade, propomos quaisquer dúvidas que surgirem.
que lhe peça que elabore uma resenha crítica
de um poema modernista, explicando, em um Se o problema for a elaboração de uma re-
texto de até 20 linhas, por que o considera senha crítica, solicite que traga duas resenhas
exemplo de modernidade. Para a produção críticas de cinema, uma que ele julgar bem es-
desse texto, é importante que o aluno consul- crita e outra que ele considerar que não apre-
te o material de que dispõe sobre o assunto. senta todos os elementos próprios do gênero.
Certifique-se de que ele tenha o caderno “em Peça-lhe que elabore um texto explicando por
ordem” e que disponha de acesso às informa- que as qualifica assim. 

RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR


E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA

Você, professor, pode usar os seguintes re- Livros


cursos para aprofundar o assunto da aula:
BASSO, Renato; ILARI, Rodolfo. O português
Filmes da gente. São Paulo: Contexto, 2011.
Estudo da língua falada no Brasil, na perspecti-
Macunaíma va de diferentes variedades linguísticas.
Direção: Joaquim Pedro de Andrade. Brasil,
1969. 108 min. Com Grande Otelo e Paulo José. BRETON, Philippe. A argumentação na comu-
Adaptação do livro homônimo, o filme inicia- nicação. Bauru: Edusc, 1994.
-se com o parto de Macunaíma, um herói que Discute a essência e a dinâmica do processo
é vazio em seu caráter, e conta sua complexa de argumentação, bem como aborda as diver-
trajetória de vida. Deixa claro o desejo de rup- sas implicações da argumentação no processo
tura com a visão formal de narrativa. comunicativo.

Vidas secas CITELLI, Adilson. O texto argumentativo. São


Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil, Paulo: Scipione, 1994.
1963. 103 min. Com Átila Iório e Maria Ribeiro. Estudo sistemático e didático do texto argu-
O filme, já considerado um clássico de nosso mentativo.
cinema, é a adaptação do livro homônimo.
Apresenta as preocupações reflexivas e sociais FRIEDRICH, Hugo. Estrutura da lírica mo-
próprias da modernidade. derna. São Paulo: Duas Cidades, 1991.
Um dos mais completos estudos sobre a mo-
Livro didático dernidade literária e suas manifestações, a
partir da análise da obra de diferentes poetas.
É importante também valorizar o livro di-
dático. Portanto, ao iniciar a discussão do tema LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a
proposto, peça aos alunos para usarem seus li- leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2002.
vros para pesquisa sobre o tema, voltando seus Reflexões teóricas sobre a formação escolar
olhares para textos que tenham especial foco na de leitores, particularmente, de leitores de li-
interação, como os textos com diálogos. teratura.
46
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

LANDOWSKI, Eric. Presenças do outro: gem do século XIX para o Modernismo, ob-
ensaios de sociossemiótica. Tradução de servando-os como bases para a modernidade.
Mary Amazonas Leite de Barros. São Paulo:
Perspectiva, 2003. Sites
Estudo sobre as relações entre o indivíduo e o
outro, na construção das identidades. Releituras
Site com grande variedade de textos literários
PERELMAN, Chaim; OLBRECHTSTYTECA, e biografias de autores da literatura em língua
Lucie. Tratado da argumentação: a nova portuguesa. Disponível em: <http://www.
retórica. Tradução de Maria Ermanita G. G. releituras.com>. Acesso em: 30 maio 2013.
Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Compêndio muito abrangente sobre a estru- Sites para encontrar resenhas críticas de ci-
tura e o funcionamento do texto argumenta- nema:
tivo a partir da releitura ampliada de temas
próprios da retórica. X <http://www.estadao.com.br/arteelazer>.
Acesso em: 30 maio 2013;
SÁNCHEZ MIGUEL, Emilio. Compreen- X <http://www.adorocinema.com/>. Acesso
são e redação de textos: dificuldades e aju- em: 30 maio 2013.
das. Tradução de Ernani Rosa. Porto Alegre:
Artmed, 2002. Outros sites nos quais é possível encontrar
Importante compêndio de estudo das princi- textos literários:
pais dificuldades de leitura dos alunos, com
muitas sugestões práticas de como podem ser X <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. Aces-
superadas. so em: 30 maio 2013;
X <http://www.biblio.com.br>. Acesso em:
WILSON, Edmund. O castelo de Axel. São 30 maio 2013;
Paulo: Companhia das Letras, 2004. X <http://www.virtualbooks.com.br/v2/
O autor analisa obras de escritores da passa- capa/>. Acesso em: 30 maio 2013.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5
VIDAS SECAS: REALIDADE PRESENTE
Esta Situação de Aprendizagem tem por de modo muito particular, do romance Vidas
objetivo preparar os alunos para resolver secas, de Graciliano Ramos. Além disso, espe-
questões de exames de acesso ao Ensino Supe- ramos que os alunos desenvolvam as habilida-
rior centradas na compreensão de textos do des de tomar notas de texto expositivo oral
Modernismo brasileiro, da geração de 1930 e, elaborado pelo professor.

Conteúdos e temas: a literatura e a construção da modernidade e do moderno; a crítica de valores


sociais no texto literário; análise estilística: nível sintático – a extensão dos períodos; contexto socio-
cultural e obra literária; a primeira e a segunda geração modernista da literatura brasileira.
Competências e habilidades: elaborar estratégias de resolução de questões de exames de acesso ao
Ensino Superior; reconhecer diferentes elementos que estruturam o texto narrativo: personagens,
marcadores de tempo e de localização, sequência lógica dos fatos; relacionar o contexto sociocultural

47
a uma determinada obra literária; utilizar conhecimentos formais para formular hipóteses sobre o
uso de determinadas variedades da língua portuguesa presentes em um texto.
Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com a preparação e o
conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor.
Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; questões de vestibular; obras
literárias diversas; áudio.
Sugestão de avaliação: resolução de exercícios e de questões de vestibular.

Sondagem transporte de passageiros. Neles, tábuas que servem como


bancos são colocadas na carroceria e uma lona é usada
Deixar o Cariri? Só no último pau de arara! como cobertura.

1. Para começar, você vai discutir com seus b) Você sabe onde se localiza Cariri?
colegas de classe uma letra de música bas- Cariri é uma região do Ceará (formada por municípios).
tante conhecida, Último pau de arara. An-
tes, porém, considere estas duas questões: 2. Agora, ouça a música Último pau de arara,
de Venâncio, Corumbá e José Guimarães, e
a) O que lhe sugere a expressão pau de arara? anote a letra no caderno. Procure identifi-
Professor, verifique se os alunos conhecem a expressão car seu tema central.
“pau de arara” que designa caminhões adaptados para o Tema central: seca no Nordeste.

Último pau de arara E puder com o chocalho pendurado no


[pescoço
A vida aqui só é ruim quando não chove Eu vou ficando por aqui, que Deus do Céu
[no chão [me ajude
Mas se chover dá de tudo, fartura tem de Quem sai da terra natal em outros cantos
[montão [não para
Tomara que chova logo, tomara, meu Só deixo o meu Cariri no último
[Deus, tomara [pau de arara (bis)
Só deixo o meu Cariri no último
Último pau de arara. Venâncio/
[pau de arara (bis)
Corumbá/José Guimarães. Universal
Music Publishing MGB Brasil Ltda.
Enquanto a minha vaquinha tiver o couro
[e o osso

3. Observe que o dicionário nos fornece diversas acepções para o termo pau de arara.

1. Suporte de madeira no qual os sertanejos conduzem araras, papagaios e outras aves trepadoras,
para vender. 2. Instrumento de tortura que consiste num pau roliço em que o torturado é pendurado
pelos joelhos e cotovelos flexionados; cambau. 3. Caminhão que transporta retirantes nordestinos. 4.
Derivação: por extensão de sentido (da acp. 3). Nordestino que migra ger. para o Sudeste do Brasil, via-
jando em paus de arara. 4.1. Derivação: por extensão de sentido. Uso: pejorativo. Qualquer nordestino.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

48
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

4. Podemos afirmar que a letra da música gira O uso do advérbio só no primeiro verso re-
em torno do tema: força:

a) a seca e suas consequências para os ha- a) o lugar onde a vida se mostra difícil e
bitantes da região. agonizante por causa da falta de chuva.

b) a falta de amor que o ser humano tem à b) as constantes ausências de chuva.


sua terra natal e ao seu gado.
c) a solidão do enunciador, que não tem
c) a necessidade de fazer a vontade de Deus. para quem contar as suas mágoas e dores.

d) o amor que um homem sente por sua d) a preocupação em valorizar a terra na-
arara Cariri. tal, que apenas faz sofrer quando não
chove.
5. Peça-lhes que, em grupo, identifiquem al-
guns dos principais problemas enfrentados 7. No verso “Enquanto a minha vaquinha ti-
pelos migrantes, tanto na sua terra natal ver o couro e o osso”, o uso do diminutivo
como na terra de destino, e que depois reforça:
compartilhem suas respostas.
Resposta pessoal, porém é preciso verificar a adequação das I. a relação afetiva que o enunciador estabe-
respostas dadas e procurar direcioná-las para uma reflexão lece com seu animal.
sobre problemas sociodemográficos.
II. a situação precária em que vive o animal.
Converse em sala de aula sobre o tema da
seca nordestina e da migração. Discuta os III. o desprezo do enunciador pelo animal.
problemas enfrentados pelos migrantes tanto
na sua terra natal como na terra de destino. Estão corretas:
Seja positivo em seus comentários e valorize a
coragem e ousadia daqueles que deixaram seu a) apenas I.
território para aventurar-se em outras terras
a fim de conseguir uma vida melhor para si e b) apenas II.
para a família.
c) apenas III.
Essa pode ser uma ótima ocasião para co-
nhecer melhor as histórias de vida dos alunos d) apenas I e II.
que têm na sua origem familiar histórias de
migração do Nordeste para o Estado de São e) apenas II e III.
Paulo. 6 e 7. Professor, esses dois testes chamam a atenção dos estu-
dantes para os recursos linguísticos que intensificam a temá-
6. Observe: tica da migração em perspectiva social.

“A vida aqui só é ruim quando não chove no 1. No caderno, seguindo o modelo


chão” apresentado nos Exercícios 6 e 7,
elabore uma atividade que possibili-
“A vida aqui é ruim quando não chove no te uma reflexão maior sobre o uso da lin-
chão” guagem em Último pau de arara.

49
Professor, verifique se o aluno relaciona conhecimento gra- dificuldades encontradas nos exames de aces-
matical e interpretação textual. so de tais instituições é ler os textos, em espe-
cial os literários, compreender o que eles di-
2. Troque a sua atividade com a de um cole- zem e obedecer ao que os comandos dos
ga. Cada um resolve o exercício que o ou- exercícios solicitam.
tro elaborou.
Professor, verifique se a resposta está certa. Se necessário,
faça intervenções individuais ou coletivas. Para você, professor!

Roteiro para aplicação da Se você também ministra aulas na 2a sé-


Situação de Aprendizagem 5 rie do Ensino Médio, deve notar que esta
Situação de Aprendizagem se aproxima es-
f A literatura e a construção da modernidade truturalmente da proposta para aquela sé-
e do moderno rie. Essa reiteração facilita a compreensão
do processo de aprendizagem de seus alu-
Estudar a literatura como espaço para os nos no desenvolvimento de uma habilidade
indivíduos construírem os conceitos de moder- comum: a resolução de questões de exames
nidade e de moderno. de acesso ao Ensino Superior.

f Análise estilística: nível sintático – a exten-


são dos períodos
Podemos ensinar como devem interagir com
Analisar aspectos estilísticos relacionados ao questões de exames de acesso ao Ensino Su-
conceito de período, bem como à sua extensão. perior e, ainda assim, fazer que compreendam
melhor o texto literário. Para isso, propomos as
f Contexto sociocultural, crítica de valores e atividades que seguem.
obra literária
Vidas secas e o poder da palavra
Relacionar o contexto sociocultural de pro-
dução e leitura da obra literária à crítica de 1. No caderno, responda às propostas a seguir:
valores sociais e humanos atualizáveis e per-
manentes no patrimônio literário nacional. a) Você já ouviu falar ou leu o romance
Vidas secas? Na sua opinião, o que se
f A primeira e a segunda geração modernista pode esperar de uma narrativa chama-
da literatura brasileira da Vidas secas?
Resposta pessoal, porém verifique se os alunos conhecem
Conceituar a primeira e a segunda gera- o romance e se conseguem extrair significados e interpre-
ção modernista da literatura brasileira (em tações interessantes, utilizando produtivamente as informa-
particular da literatura regionalista), desen- ções presentes no título.
volvendo estratégias de leitura de seus textos
literários. b) Leia o trecho a seguir e procure as re-
lações que existem entre ele e a letra de
Desejamos que nossos alunos estabeleçam música com que iniciamos esta Situação
para si horizontes claros de futuro, especial- de Aprendizagem.
mente neste momento de seu aprendizado. Professor, observe como os alunos interpretam as informa-
Muitos deles pensam agora de forma mais sé- ções das diferentes linguagens e as relacionam para obter
ria no ingresso no Ensino Superior. Uma das uma ideia geral da obra em questão.

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Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

© Maps World Produções Gráficas Ltda.


Vidas secas

O que desejava... An! Esquecia-se. Agora


se recordava da viagem que tinha feito pelo
sertão, a cair de fome. As pernas dos meninos
eram finas como bilros, sinhá Vitória tropicava
debaixo do baú de trens. Na beira do rio ha-
viam comido o papagaio, que não sabia falar.
Necessidade.
Fabiano também não sabia falar. Às vezes
largava nomes arrevesados, por embromação.
Via perfeitamente que tudo era besteira. Não
podia arrumar o que tinha no interior. Se
pudesse... [...] Tinha aqueles cambões pendurados ao
[...] Agora Fabiano conseguia arranjar as pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Si-
ideias. O que o segurava era a família. Vivia nhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
preso como um novilho amarrado ao mourão, meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
suportando ferro quente. Se não fosse isso, um crescessem, guardariam as reses de um patrão
soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O invisível, seriam pisados, maltratados, machu-
que lhe amolecia o corpo era a lembrança da cados por um soldado amarelo.
mulher e dos filhos. Sem aqueles cambões pe-
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 119. ed. Rio de Janeiro:
sados, não vergaria o espinhaço não, sairia dali
Record, 2012. p. 36-37.
como onça e faria uma asneira.

2. Responda no caderno: que enunciador é aquele que toma a pa-


lavra, que se expressa em um texto) de
a) O que o texto nos fala de Fabiano? Último pau de arara?
Quem ele é? Qual é a sua profissão? Ele Resposta pessoal. Observar a sensação de desalento em que
é uma pessoa feliz? os dois se encontram, procurando um sentido maior para a
Esse breve trecho nos diz que Fabiano se relaciona com Si- vida. E o fato de que eles se veem obrigados a fugir de seu
nhá Vitória e com os meninos, os quais, quando crescessem, lugar de origem.
seriam “brutos” como o pai, guardando reses e sendo pisados
por um soldado. Guardar reses é atividade de vaqueiro e ser
pisado não deixa ninguém feliz. Conheça melhor o autor da
obra: Graciliano Ramos nasceu
b) Você teve dificuldades para compreen- em 27 de outubro de 1892, na
der o texto? Se respondeu afirmativa- cidade de Quebrângulo, sertão de Alagoas,
mente, como as resolveu? em uma família que, ao todo, teria 16 filhos.
Resposta pessoal, porém é preciso identificar as dificuldades Viveu sua infância nas cidades de Viçosa,
gerais e retomar pontos que não foram bem compreendidos. Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE), so-
frendo pela seca e pelas surras que lhe eram
c) Que semelhanças você encontra entre dadas por seu pai, o que o fez ter, desde
Fabiano e o enunciador (lembramos cedo, uma experiência singular com a vio-

51
lência. Jornalista e escritor, foi perseguido br/handle/mec/2100>. (Acesso em: 4 nov.
pela ditadura do governo de Getúlio Var- 2013.) Compare o que é dito no áudio com
gas. Morreu em 20 de março do ano de sua resposta anterior e responda: O que o
1953, já considerado um dos melhores es- escritor de Vidas secas pretendia dizer com
critores da literatura brasileira, vítima de esse romance?
câncer. Espera-se que os alunos identifiquem a intenção do autor:
denunciar as difíceis condições sociais dos habitantes do ser-
tão nordestino.
3. Complete adequadamente os espaços do
texto a seguir. As reticências são, na escrita, os
três pontos “…” que aparecem no
fim, no início ou no meio de uma
O termo também em “Fabiano também frase, indicando um pensamento que ficou
não sabia falar” aproxima Fabiano do por terminar. Assim, transmite-se a ideia de
papagaio , sobre o qual se diz: “Na bei- omissão de algo que podia ter sido escrito,
ra do rio haviam comido o papagaio, que mas não foi.
não sabia falar. Necessidade”. Seguindo
a mesma linha de raciocínio, notamos que 1. Ao usar as reticências em “Não podia
Fabiano, ao ter consciência de que não sabe arrumar o que tinha no interior. Se pudes-
falar e da necessidade que sente disso para se...”, o narrador não demonstra a atitude
arrumar tudo o que tem no interior , permi- esperada de quem conta uma história. Ao
te que o leitor questione o real valor de uma fazer isso, que efeito de sentido ele con-
vida destroçada pela pobreza e pelo sofri- segue?
O narrador se aproxima mais de Fabiano, de sua dificuldade
mento e que não tem acesso à palavra .
de falar.

2. Como você completaria aquilo que o nar-


4. Observe: “Vivia preso como um novilho rador omitiu? O que, em sua opinião, Fa-
amarrado ao mourão, suportando fer- biano arrumaria no interior dele?
ro quente”. A expressão “suportando Resposta pessoal. Acolha as diferentes respostas dos alunos.
ferro quente” poderia ter sido substituída, Verifique se eles levam em conta o contexto ao responder,
sem significativa perda de sentido, por: refletindo sobre a realidade sociocultural em que se baseia
o romance.
a) sendo ferreteado.
3. Pesquise no livro didático, na internet e em
b) esquentando. outras fontes de consulta e elabore um bre-
ve resumo da obra Vidas secas, de Gracilia-
c) sendo esquentado. no Ramos.
Verifique se os alunos, ao elaborar o resumo, levaram em
d) derreteando. conta as características do gênero.

5. No laboratório de informática da escola Agora é o momento de explicar o contex-


ou em outro espaço que estiver ao seu to sociocultural e literário da obra. De for-
alcance, ouça o áudio disponível em ma dialogada e revelando boa preparação,
<http://objetoseducacionais2.mec.gov. explique o que foram a primeira e a segunda

52
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

geração do Modernismo brasileiro. Não há


necessidade de entrar em detalhes. Durante Para você, professor!
a explicação, peça que seus alunos tomem É importante conhecer quais as preten-
notas das informações que julgarem mais sões dos alunos no que diz respeito a seguir
importantes e que peçam para repetir, se ti- os estudos. Além disso, é importante consi-
verem dificuldade em anotar algo. Explique derar realisticamente, mas não com espírito
que esse método de aprendizado é muito co- de derrota, as dificuldades de compreensão
mum nas aulas do Ensino Superior. Prepare textual e de tomar notas da classe. O seu
texto expositivo deve levar em considera-
o texto-base de sua aula usando não apenas
ção essas dificuldades. O objetivo é que o
a pesquisa do livro didático que adotou,
tempo de exposição deste conteúdo não ul-
mas também o material de apoio encontra- trapasse a duração de uma aula.
do na biblioteca ou sala de leitura de sua es- Durante a sua leitura para a classe,
cola e na internet. Aprofunde o tema de certifique-se de ser claro e articular ade-
acordo com as necessidades específicas de quadamente o seu discurso para que todos
sua turma. possam compreendê-lo bem.

Na sua exposição, naturalmente, dê desta-


que aos dois temas que serão retomados nas Solicite aos alunos a seguinte pesqui-
questões do Enem. Além disso, forneça uma sa. Ela servirá de base para uma pro-
breve síntese de Vidas secas. dução de texto sobre o Modernismo.

O Modernismo brasileiro na primeira metade do século XX


Os três textos de apoio apresentados a seguir servirão de base a uma pesquisa a ser realizada
em duplas. Depois de obter conhecimentos sobre o tema pesquisado, cada dupla deve elaborar a
primeira versão de um texto expositivo sobre o tema O Modernismo brasileiro na primeira metade
do século XX.
O objetivo da pesquisa é entender melhor o contexto sociocultural da obra Vidas secas. Consi-
deramos contexto sociocultural como a inter-relação de circunstâncias sociais e culturais que acom-
panham um fato ou uma situação. Nesse caso, estudaremos o contexto de produção desse romance
publicado em 1938, isto é, no início do século XX. Ele faz parte do Modernismo, importante movi-
mento literário brasileiro:

a) para iniciar a pesquisa, leiam os textos e sublinhem as ideias que considerarem impor-
tantes. Deem especial atenção àquelas que se repetem ao longo dos textos;

b) dividam os textos lidos em trechos de um ou dois parágrafos. Escrevam uma frase


ao lado de cada trecho. Essa frase deve resumir a ideia central desse trecho e vai
lembrá-los do que tratam esses parágrafos;

c) comparem suas anotações com as informações do livro didático, complementando


aquelas que considerarem importantes.
Examine atentamente as instruções para que sejam seguidas pelos grupos.

Você pode orientá-los, nesse processo, a selecionar os principais acontecimentos do enredo.

53
Para você, professor!

É importante que os alunos sigam os passos aqui delineados a fim de que se desenvolvam as
habilidades de localizar informações relevantes do texto para solucionar um problema apresen-
tado e de inferir o sentido de palavras ou expressões, considerando seu contexto – habilidades
essas essenciais para a formação do leitor.

Elaboração da primeira versão do texto b) elaborem a primeira versão do texto. Ela


será a fase inicial da produção do texto
Depois da pesquisa, preparem-se para expositivo solicitado, portanto, haverá ou-
escrever, em dupla, o texto expositivo sobre tros momentos para aperfeiçoá-lo. Prestem
o Modernismo brasileiro. O texto poderá atenção a aspectos importantes que facili-
explicar que o Modernismo brasileiro é um tem a compreensão do que escreveram, tais
movimento artístico que engloba a pintura, a como:
escultura e a literatura, mas deverá ter como
foco central a produção literária. Assim, deve I. organização da exposição com um pa-
explicar as características do Modernismo na rágrafo inicial que explique o que é o
literatura e incluir, obrigatoriamente, a pri- Modernismo brasileiro e o que é o Mo-
meira e a segunda geração de escritores mo- dernismo na literatura, contextualizan-
dernistas. O texto produzido será usado em do o movimento, isto é, explicando por
atividades futuras. que ele aconteceu naquele momento da
história do Brasil;
Para orientar seu trabalho de produção es-
crita, sigam os passos indicados: II. presença de exemplos e sínteses dos assun-
tos principais que forem tratados: organi-
a) dediquem algum tempo identificando cla- zação dos demais parágrafos explicando
ramente o que se pretende com o texto que em que época o movimento aconteceu e,
vocês vão produzir. Observem: de maneira resumida, quais suas princi-
pais características e representantes;
I. trata-se de um texto expositivo, ou seja,
um texto feito para o estudo e a melhor III. elaboração de um parágrafo final com
compreensão de informações sobre um uma conclusão que explique o signifi-
objeto ou fato específico, enumerando cado desse movimento para a literatura
as características e fornecendo as devi- e para a sociedade brasileira;
das explicações;
IV. clareza das ideias . Ao escrever, prefiram
II. o objetivo é explicar o que é o Modernis- frases curtas, formadas por poucas ora-
mo brasileiro e suas características. Ob- ções. Uma frase com mais de duas ou
servem, no entanto, que há também um três linhas poderá ser dividida em duas,
limite temporal: a primeira metade do para facilitar a compreensão;
século e a necessidade de incluir a pri-
meira e a segunda geração modernista. V. uso da norma-padrão da língua portugue-
Recapitule os conceitos de texto expositivo e de Modernismo. sa. Prestem atenção à pontuação e ao

54
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

uso correto do vocabulário: consultem Esse texto será de grande utilidade para
constantemente o dicionário; você, professor, porque poderá ser usado
em diferentes ocasiões de seu exercício
VI. não esqueçam de criar um título ade- profissional.
quado ao tema proposto: O Modernis-
mo brasileiro na primeira metade do sé- Grifamos algumas ideias principais dos
culo XX. textos, para que possa auxiliar os alunos
Professor, siga as orientações dadas nos Itens I a VI como cri- na elaboração do texto.
térios de correção.

Texto 1: Modernismo brasileiro

O Modernismo Brasileiro é um movimento de amplo espectro cultural, desencadeado tardiamente nos


anos 20, nele convergindo elementos das vanguardas acontecidas na Europa antes da Primeira Guerra Mun-
dial – Cubismo e Futurismo – assimiladas antropofagicamente em fragmentos justapostos e misturados.
A predominância de valores expressionistas presentes nas obras de precursores como Lasar Segall,
Anita Malfatti e Victor Brecheret e no avançar do nosso Modernismo, a convergência de elementos
cubo-futuristas e posteriormente a emergência do surrealismo que estão na pintura de Tarsila do Ama-
ral, Vicente do Rego Monteiro e Ismael Nery. É interessante observar que a disciplina e a ordem da
composição cubista constituem estrutura básica das obras de Tarsila, Antonio Gomide e Di Cavalcanti.
No avançar dos anos 20, a pintura dos modernistas brasileiros vai misturar ao revival das artes egípcia,
pré-colombiana e vietnamita, elementos do Art Déco.
São Paulo se caracteriza como o centro das ideias modernistas, onde se encontra o fermento do novo. Do
encontro de jovens intelectuais com artistas plásticos eclodirá a vanguarda modernista. Diferentemente do
Rio de Janeiro, reduto da burguesia tradicionalista e conservadora, São Paulo, incentivado pelo progresso e
pelo afluxo de imigrantes italianos será o cenário propício para o desenvolvimento do processo do Moder-
nismo. Este processo teve eventos como a primeira exposição de arte moderna com obras expressionistas de
Lasar Segall em 1913, o escândalo provocado pela exposição de Anita Malfatti entre dezembro de 1917 e
janeiro de 1918 e a ‘descoberta’ do escultor Victor Brecheret em 1920. Com maior ou menor peso estes três
artistas constituem, no período heroico do Modernismo Brasileiro, os antecedentes da Semana de 22.
A Semana de Arte Moderna de 22 é o ápice deste processo que visava atualização das artes, e a sua
identidade nacional. Pensada por Di Cavalcanti como um evento que causasse impacto e escândalo.
Esta Semana proporcionaria as bases teóricas que contribuirão muito para o desenvolvimento artístico
e intelectual da Primeira Geração Modernista e o seu encaminhamento, nos anos 30 e 40, na fase da
Modernidade Brasileira.
PECCININI, Daisy Valle Machado. Modernismo Brasileiro. Arte do século XX-XXI: visitando o MAC na web. Disponível em:
<http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/index.html>. Acesso em: 30 maio 2013.

Texto 2: A primeira fase do Modernismo

O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a segunda
de 1930 a 1945. A primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renova-
dor e pela divulgação de obras e ideias modernistas.

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Os escritores de maior destaque dessa fase defendiam estas propostas: reconstrução da cultura bra-
sileira sobre bases nacionais; promoção de uma revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas
tradições culturais; eliminação definitiva do nosso complexo de colonizados, apegados a valores estran-
geiros. Portanto, todas elas estão relacionadas com a visão nacionalista, porém crítica, da realidade
brasileira.
Várias obras, grupos, movimentos, revistas e manifestos ganharam o cenário intelectual brasileiro,
numa investigação profunda e por vezes radical de novos conteúdos e de novas formas de expressão.
Entre os fatos mais importantes, destacam-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continui-
dade ao processo de divulgação das ideias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais:
o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta.
Esses movimentos representavam duas tendências ideológicas distintas, duas formas diferentes de
expressar o nacionalismo.
O movimento Pau-Brasil defendia a criação de uma poesia primitivista, construída com base na re-
visão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes
da realidade e da cultura brasileiras.
Em Antropofagia, a exemplo dos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devo-
ram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do coloniza-
dor europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural.
Em oposição a essas tendências, os movimentos Verde-Amarelismo e Anta defendiam um nacionalis-
mo ufanista, com evidente inclinação para o nazifascismo.
Dentre os muitos escritores que fizeram parte da primeira geração do Modernismo destacamos
Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Alcântara Machado, Menotti del Picchia,
Raul Bopp, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.

CABRAL, Marina. O Modernismo no Brasil. Brasil Escola.


Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/o-modernismo-no-brasil.htm>.
Acesso em: 30 maio 2013.

Texto 3: O Modernismo no Brasil – 2a fase

A literatura quase sempre privilegia o romance quando quer retratar a realidade, analisando ou
denunciando-a.
O Brasil e o mundo viveram profundas crises nas décadas de 1930 e 40, nesse momento o romance
brasileiro se destaca, pois se coloca a serviço da análise crítica da realidade.
O quadro social, econômico e político que se verificava no Brasil e no mundo no início da década
de 1930 – o nazifascismo, a crise da Bolsa de Nova Iorque, a crise cafeeira, o combate ao socialismo
– exigia dos artistas uma nova postura diante da realidade, nova posição ideológica.
Na prosa, foi evidente o interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira, com um
enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo-Naturalismo do século XIX.
O romance focou o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a
migração, os problemas do trabalhador rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados.
Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas, surgiu o romance urbano e psi-
cológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista.
A poesia da 2a fase modernista percorreu um caminho de amadurecimento. No aspecto formal,
o verso livre foi o melhor recurso para exprimir a sensibilidade do novo tempo, se caracteriza como

56
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

uma poesia de questionamento: da existência humana, do sentimento de “estar-no-mundo”, inquie-


tação social, religiosa, filosófica e amorosa.
Dentre os muitos poetas e escritores dessa fase destacamos:
Na prosa: Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego,
Erico Verissimo, Dionélio Machado.
Na poesia: Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Cecília Meireles,
Vinicius de Moraes.
CABRAL, Marina. O Modernismo no Brasil - 2a fase. Brasil Escola. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/
o-modernismo-no-brasil2-fase.htm>. Acesso em: 30 maio 2013.

Com base na sua pesquisa para a 1. Marisa escreve um e-mail para Anabela.
elaboração do texto expositivo, res- Ela deseja um bom exemplo que ajude os
ponda, no caderno, às questões a leitores de seu texto expositivo a entender
seguir. o pensamento antropofagista da primeira
geração modernista. Você pode ajudá-la?

Bela, não entendi muito bem esse lance de “devoração simbólica da cultura do colonizador euro-
peu, sem com isso perder nossa identidade cultural”, do Oswald de Andrade. Mas, por isso mesmo,
quero um bom exemplo dele para o meu texto. Aí, tipo assim, fui falar com meu pai e ele me explicou
que é como se fosse uma caipirinha feita de saquê. Pirei na batatinha, não entendi nada! Mas o cara é
bom, ele explicou:
“O saquê é uma bebida alcoólica feita de arroz, de origem japonesa, que ninguém imaginaria em uma
caipirinha. Mas aí os japoneses introduziram o saquê no Brasil e já viu, né? A rapaziada logo pensou em de-
vorar a cultura japonesa, fazendo-a ficar parte da brasileira. De que jeito? Inventaram a caipirinha de saquê.”
Mas, aí, minha mãe azarou tudo. Ela falou que esse exemplo não era bom para pôr no texto ex-
positivo da escola porque falava de bebidas alcoólicas. Ela falou também que japonês não é europeu.
Que o exemplo não era bom. Menina, o pai ficou brabo! E quem ficou na mão fui eu...
Então, não sei o que fazer! Preciso, com urgência, de um outro exemplo dessa “devoração simbó-
lica da cultura do colonizador europeu”!
Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

Diversas respostas são possíveis. Leve em conta o contexto e f revisão crítica de nosso passado históri-
as características do pensamento antropofagista da primeira co e de nossas tradições culturais;
geração modernista: reconstrução da cultura brasileira sobre f eliminação definitiva do nosso comple-
bases nacionais, revisão crítica do passado histórico e tradi- xo de colonizados, apegados a valores
ções do país etc. estrangeiros.

2. As características a seguir são próprias da Você acredita que essas preocupações ain-
poesia da primeira geração modernista: da são atuais? Por quê?
Diversas respostas são possíveis. Observe se os alunos conse-
f reconstrução da cultura brasileira sobre guem estabelecer relações entre variáveis das duas épocas e
bases nacionais; expressar seu ponto de vista de maneira coerente e assertiva.

57
Indique as páginas do livro didático adota- complementando aquelas que considerarem
do que abordam o tema desenvolvido. Peça importantes.
aos alunos que comparem as anotações que
fizeram com as informações do livro didático, O regional na literatura brasileira: a
questão da linguagem

Lembrando conhecimentos: sabemos que a literatura brasileira se reconhece como realida-


de diferente da literatura portuguesa a partir da independência do Brasil. Mas isso ocor-
reu mais como um desejo de ser algo diferente do que como uma verificação objetiva de
uma nova realidade. De fato, pouco havia em nossa produção literária que nos fizesse pensar em
uma literatura autônoma: não tínhamos uma tradição própria, nem autores ou leitores suficientes.
Nesse desejo de construir uma arte literária nossa, brasileira, com temas e sabor brasileiros, ganhou
muito destaque falar de nossa natureza e dos habitantes tipicamente regionais. Daí receberem um
valor todo especial personagens como o sertanejo e o índio.

1. Recorrendo ao livro didático e a outras seguir sobre o regionalismo na literatura


fontes de consulta, complete o texto a brasileira.

As preocupações regionalistas dos séculos XIX e XX vão se alimentar de obras literárias como o
José de Santa Rita Durão (1722-1784). O poema conta a his-
poema épico Caramuru (1781), escrito pelo frei ________________
tória de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, náufrago português que teria sido o primeiro europeu a
viver entre os índios. A obra apresenta um balanço da colonização em meio a uma descrição exagera-
da da natureza brasileira. O nacionalismo romântico expressou-se no que se chamou __________. Indianismo Um
índio idealizado e muito longe da realidade converteu-se em símbolo nacional._________________
Gonçalves de Magalhães
(1811-1882) escreveu a Confederação dos Tamoios (1856); __________ Gonçalves Dias (1823-1864), em seu poema
I-Juca Pirama, narra a história de um índio sacrificado por uma tribo inimiga. No romance, encon-
José de Alencar (1829-1877), que, tanto em O Guarani (1857) como em Iracema (1865), destaca
tramos ___________
de modo muito idealista as origens europeia e ameríndia do povo brasileiro. O outro romance india-
nista escrito por Alencar, __________,
Ubirajara não apresenta a figura do branco. O indianismo transforma
o nativo, antes apenas objeto da descrição ou da sátira, em herói, criando uma ilusão de gloriosos
antepassados para o povo brasileiro. Ao mesmo tempo, mascara a nossa origem __________, africana consi-
derada, na época, menos digna.

2. Imagine que você é um escritor re- f Como será física e psicologicamente esse
conhecido e bem-sucedido, que rece- índio?
be um e-mail de um jovem escritor, f Que variedade da língua portuguesa
cujo desejo é produzir um romance será usada pelo índio? Se falar o portu-
que tenha como personagem principal guês-padrão, ele não será convincente,
um índio. Esse autor, no entanto, está às mas, se falar uma variedade distante da
voltas com alguns problemas: norma, não será respeitado.

58
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

f Que variedade da língua portuguesa ainda são importantes para a estética brasileira contempo-
será usada pelo narrador? Se o índio e o rânea. Contudo, acolha as diferentes respostas verificando a
narrador falarem de modos muito dife- coerência das explicações dadas.
rentes, corre-se o risco de o índio parecer
inferior ao narrador. 3. O índio de Alencar é como cavaleiro me-
dieval, fala o português-padrão. As pala-
Escreva, no caderno, um e-mail de res- vras de Peri, em O Guarani, são ditas com
posta com suas sugestões para esse novo uma pronúncia doce e sonora que impres-
escritor. siona. Pense nisso enquanto lê o trecho do
Respostas pessoais, mas considere que essas preocupações romance a seguir.

[...]

O índio ficou um momento indeciso; mas de repente sua fisionomia expandiu-se.

Cortou a haste de um íris que se balançava ao sopro da aragem e apresentou a flor à menina.

– Escuta, disse ele. Os velhos da tribo ouviram de seus pais que a alma do homem quando sai do
corpo se esconde numa flor e fica ali até que a ave do céu vem buscá-la e a leva ali, bem longe. É por
isso que tu vês o guanumbi saltando de flor em flor, beijando uma, beijando outra, e depois batendo
as asas e fugindo.

Cecília, habituada à linguagem poética do selvagem, esperava a última palavra que devia fazê-la com-
preender o seu pensamento.

O índio continuou:

– Peri não leva a sua alma no corpo, deixa-a nesta flor. Tu não ficas só.

A menina sorriu e tomando a flor escondeu-a no seio.

– Ela me acompanhará. Vai, meu irmão, e volta logo.

– Peri não se afastará; se tu o chamares, ele ouvirá.

– E me responderás, sim?... para que eu te sinta perto de mim...

O índio, antes de partir, circulou a alguma distância o lugar onde se achava Cecília, de uma cor-
da de pequenas fogueiras feitas de louro, de canela, urataí e outras árvores aromáticas.

[...]

ALENCAR, José de. O guarani. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_


action=&co_obra=1843>. Acesso em: 30 maio 2013.

59
Discussão oral
1. Em dupla ou trio, comparem a personagem Peri, em O Guarani, com Fabiano, em Vidas
secas. Lembrem-se de que, na maior parte das vezes, os homens simples que vivem fora
das áreas urbanas – seja o índio, seja o sertanejo – não têm uma linguagem elaborada. O
escritor de literatura, no entanto, procura construir arte por meio da linguagem. Isso, de
fato, cria um impasse.

Na discussão, sigam o seguinte roteiro: Como se relacionam as personagens com a


linguagem? Qual delas parece mais verossímil? Por quê? Qual das personagens im-
pressiona mais a vocês, como leitores? Por quê? Que outras diferenças e semelhanças
com relação ao uso da linguagem vocês encontram entre as personagens?
Espera-se que os alunos observem que Peri domina melhor a linguagem do que Fabiano.

2. Discutam, em classe, os diferentes pontos de vista. A seguir, elaborem, no caderno, um


texto que traduza o pensamento de vocês com base nessa discussão.
Elabore um texto coletivo. Durante esse processo, comente a relação entre leitor e personagem, base de organização do texto.

Produção da versão final do texto 2. Releiam a versão final do texto produzido


expositivo por vocês para verificar se os critérios indi-
cados a seguir foram respeitados. Depois,
1. Redijam, em uma folha separada, a versão entreguem o texto para outra dupla, que
final do texto expositivo sobre o tema O deve fazer a leitura com base nesses mes-
Modernismo brasileiro na primeira metade mos critérios.
do século XX, incorporando também as in- Oriente os alunos a lerem com atenção os textos de seus co-
formações do texto elaborado na questão legas, com base nos critérios indicados no quadro.
anterior, feito em dupla ou trio, bem como
considerações importantes que surgiram 3. Entreguem o texto para análise do profes-
na discussão posterior. sor, cuja leitura contemplará esses mesmos
Retome as orientações anteriores. critérios:

Minha opinião Opinião do professor


Critérios Está Precisa Está Precisa
o.k. melhorar o.k. melhorar
Adequação entre título e texto

Presença de contextualização
Uso adequado da norma-padrão da
língua portuguesa
Informação apropriada e suficiente

Exemplos esclarecedores

60
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Antes de os alunos começarem a escrever a versão final, ex- solve esse impasse? Por quê? Responda
plique os critérios, apresentados no quadro. no caderno.
Resposta pessoal, mas verifique a coerência no texto dos alu-
Resolvendo o Enem nos e se eles consultaram, para a elaboração da resposta, o
comentário que segue a questão. Embora isso não pareça
a) Quando o escritor de literatura se põe apropriado, revela o desejo de acertar. É importante valorizar,
a falar do homem simples e sofrido que então, não o correto, mas o coerente e original.
vive nos campos, tem de enfrentar um
problema: não fazer da sua personagem b) Apresente agora o segundo texto da ques-
um ser esquisito, um objeto exótico e fol- tão do Enem. Peça-lhes que leiam o que
clórico. Em sua opinião, a proposta de pensa o estudioso Luís Bueno, comparan-
relação entre o narrador e a personagem do com a resposta dada por eles à questão
em Vidas secas, de Graciliano Ramos, re- anterior.

Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para
uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de
fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura ro-
manesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam.
Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o
pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de
segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que
Vidas secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma
riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.
CAMARGO, Luis Gonçalves Bueno de. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. Revista de Literatura Brasileira.
São Paulo, v. 2, p. 254, 2001.

Resposta pessoal, porém aproveite para provocar a reflexão c) A partir das informações que você ob-
dos alunos sobre a diferença entre erudição e sensibilidade, teve sobre o romance Vidas secas e da
ampliando as questões de Vidas secas à percepção singular leitura do texto de Luís Bueno, avalie as
dos alunos acerca da realidade. seguintes afirmativas, relativas às con-
cepções artísticas do romance social de
Peça novamente uma visão geral do texto 1930.
e, depois, juntos, sublinhem as palavras que
levantam dúvidas e recorram ao dicionário Questão 1
em busca de seu significado. Relacione esse
novo conhecimento com o sentido básico do I. o pobre, antes tratado de forma exótica
primeiro comentário feito. e folclórica pelo regionalismo pitoresco,
transforma-se em protagonista privile-
Agora introduza as questões do Enem. giado do romance social de 30.

61
II. a incorporação do pobre e de outros e) linguagem regionalista, para transmitir
marginalizados indica a tendência da informações sobre literatura, valendo-se
ficção brasileira da década de 30 de ten- de coloquialismo, para facilitar o entendi-
tar superar a grande distância entre o mento do texto.
intelectual e as camadas populares.

III. Graciliano Ramos e os demais autores Para você, professor!


da década de 30 conseguiram, com suas
obras, modificar a posição social do serta- É possível que alguns alunos já tenham
esquecido o primeiro texto de Vidas secas.
nejo na realidade nacional.
Se for necessário, retome-o.
É correto apenas o que se afirma em: Incentive a leitura integral de Vidas se-
cas! Comente a importância de sua leitura pa-
a) I. ra a construção de nossa identidade cultural.

b) II.

c) III. O que pensar dos exames de


acesso ao Ensino Superior?
d) I e II.
Como essas duas questões do Enem
e) II e III. exemplificam, os vestibulares e outros exa-
mes dão muita importância à competência
Questão 2 de ler e compreender o que se lê e, nesse
processo de compreensão, conseguir rela-
No texto de Luís Bueno, verifica-se que cionar os conhecimentos de linguagem e de
[Graciliano Ramos] utiliza: literatura. Assim, ao resolver esses exercí-
cios com muita atenção, você está também
a) linguagem predominantemente formal, se preparando para futuros desafios.
para problematizar, na composição de Vi-
das secas, a relação entre o escritor e o per-
sonagem popular. 1. Retornemos uma última vez ao
trecho de Vidas secas que já consi-
b) linguagem inovadora, visto que, sem aban- deramos.
donar a linguagem formal, dirige-se direta-
mente ao leitor.
Agora Fabiano conseguia arranjar as
c) linguagem coloquial, para narrar coerente- ideias. O que o segurava era a família. Vivia
mente uma história que apresenta o roceiro preso como um novilho amarrado ao mou-
pobre de forma pitoresca. rão, suportando ferro quente. Se não fosse
isso, um soldado amarelo não lhe pisava o
d) linguagem formal com recursos retóricos pé não.
próprios do texto literário em prosa, para [...] Tinha aqueles cambões pendurados
analisar determinado momento da litera- ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-
tura brasileira. -los? Sinha Vitória dormia mal na cama de

62
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

varas. Os meninos eram uns brutos, como o facilite o tom de voz e a articulação das pala-
pai. Quando crescessem, guardariam as re- vras.
ses de um patrão invisível, seriam pisados,
maltratados, machucados por um soldado 2. Que valores são reforçados, pela extensão
amarelo. dos períodos, no trecho a seguir de Vidas
secas? Responda no caderno.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 119. ed.
Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 37.

Olhou a catinga amarela, que o poente


Analise com os alunos a extensão dos pe- avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria
ríodos. Inicialmente, verifique se é necessário planta verde. Arrepiou-se. Chegaria, natu-
recapitular os conceitos de período, frase e ora- ralmente. Sempre tinha sido assim, desde
ção. Sobre a extensão dos períodos, observe: que ele se entendera. E antes de se entender,
antes de nascer, sucedera o mesmo – anos
Estruturar um período é também pensar bons misturados com anos ruins. A desgra-
na sua extensão. Isso significa observar o nú- ça estava em caminho, talvez andasse perto.
mero de orações que fazem parte do período, Nem valia a pena trabalhar.
bem como a extensão de cada uma delas e até
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 119. ed. Rio de
dos seus termos constitutivos.
Janeiro: Record, 2012. p. 23-24.

Todo texto ganha ritmo ao passo que se


combinam segmentos mais breves ou mais
longos. O maior beneficiado é o leitor (ou ou- O sentido é o mesmo em toda a obra: acompanhar o ritmo
vinte) que se envolve mais facilmente com o do pensamento fragmentado de Fabiano. É como se o leitor
texto. estivesse caminhando junto aos pensamentos que surgem na
personagem, aos pedaços, meio desconexos, sem uma clara
Depois de explicar o valor estilístico dos subordinação das ideias.
períodos curtos em Vidas secas, solicite que
resolvam o exercício. 3. Identifique, na literatura brasileira, outra
obra em prosa que tenha preocupações
Responda no caderno: regionalistas. Pesquise informações sobre
ela, anotando no caderno: obra; autor;
a) Nesse trecho, há predominância de perío- data da primeira publicação; personagens
dos curtos ou longos? principais; espaço e tempo da narrativa; e
No texto há predomínio de períodos curtos. as ações principais do enredo.
Verifique se os alunos tiveram dificuldades para elaborar a
b) Que valor expressivo a extensão dos perío- pesquisa. Analise também como essa pesquisa foi feita.
dos reforça no texto?
Reproduz o ritmo do pensamento fragmentado da persona- 4. Orientado pelo professor, resolva exercícios
gem Fabiano. É como se o leitor estivesse acompanhando o selecionados do livro didático sobre o tema
ritmo dos seus pensamentos que surgem aos pedaços, meio da primeira e segunda geração do Moder-
desconexos, sem subordinação das ideias. nismo brasileiro e regionalismo literário.
O livro didático deve fornecer respostas às questões escolhidas.
Dois ou três alunos devem ler, repetida-
mente, o texto a seguir em voz alta. Incentive 5. Discuta, em classe, no que esta Situação de
uma atitude adequada durante a leitura, que Aprendizagem foi importante para o de-

63
senvolvimento de habilidades que melho- d) Joana tinha que voltar antes do jantar
rem sua vida pessoal, cultural e profissio- para a casa de seus tios.
nal. Identifique conteúdos que possam ser
explicados novamente, por não terem sido e) Quando comprei esse carro, não imagi-
ainda bem compreendidos. nava tantas confusões.
Acompanhe a discussão e observe quais assuntos foram mal
compreendidos para, então, retomá-los. 2. Identifique se os períodos a seguir são
reunidos por coordenação ou por subordi-
Recapitulação do aprendizado da nação:
2a série do Ensino Médio
a) Todos se dizem interessados, mas só
1. Divida os períodos a seguir em orações. poucos se esforçam.
Destaque os verbos ou as locuções verbais Coordenação (adversativa).
e marque os conectores. Siga o modelo:
b) Não faça barulho se você chegar tar-
Começou a circular o Expresso 2222,/ de.
que parte direto de Bonsucesso pra depois. Subordinação (condicional).
(Gilberto Gil)
c) Talvez ela entenda que me deve uma sa-
a) Perguntei por Ana e fico sabendo que tisfação.
ela não mora mais no Brasil. Subordinação (objetiva direta).

b) Vivia preso como um novilho amarrado d) Fiz a tarefa de casa e fui brincar.
ao mourão, suportando ferro quente. Coordenação (aditiva).
(Graciliano Ramos)
e) Viajaremos de madrugada, como todos
c) Sei apenas que só posso ser feliz ao seu já sabem.
lado. Subordinação (conformativa).

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6
ELABORANDO UM PROJETO DE DISSERTAÇÃO

O objetivo desta Situação de Aprendiza- disso, consideraremos a estrutura do gênero


gem é ensinar os alunos a elaborar um proje- dissertativo-argumentativo e outros elemen-
to de texto dissertativo tendo em vista os exa- tos de construção da textualidade.
mes de acesso ao Ensino Superior. Além

Conteúdos e temas: estrutura sintática e construção da tese; texto argumentativo: dissertação escolar;
estruturação da atividade escrita: planejamento.

Competências e habilidades: comparar as características de diferentes gêneros na apresentação de um


mesmo tema; formular opinião adequada sobre determinado fato social; determinar categorias perti-
nentes para a análise e interpretação do texto literário; inferir o sentido de palavras ou expressões con-
siderando o seu contexto.

64
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica dos alunos, com a preparação e
conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; discussão e sistematização dos te-
mas discutidos.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; discussão oral.

Sugestão de avaliação: produção de projeto de texto dissertativo-argumentativo; resolução de exercí-


cios e situações-problema.

Sondagem tábeis, Ciência da Computação, Geofísica,


Meteorologia, Ciências Aeronáuticas etc.;
Pergunte aos alunos quem planeja fazer fa- f ciências biológicas: Biotecnologia, Ecolo-
culdade para dar continuidade aos seus estu- gia, Farmácia, Medicina, Medicina Veteri-
dos no futuro imediato, assim que terminar o nária, Nutrição, Oceanografia, Odontolo-
Ensino Médio, e quem pretende fazer no futu- gia, Zootecnia etc.;
ro próximo, dando uma pausa nos estudos. f ciências agrárias: Agronomia, Ecologia,
Mostre genuíno interesse em ouvir o que di- Engenharia de Horticultura;
zem os alunos. Queira saber que cursos pre- f artes: Cinema e Vídeo, Artes Plásticas, Ar-
tendem fazer e por quê. Pergunte sobre onde tes Cênicas, Audiovisual, Multimídia etc.
pretendem estudar e por quê.
Responda no caderno: Qual área e profis-
Pergunte-lhes também se têm medo do ves- são você gostaria de seguir? Por quê?
tibular. E do Enem? Esse é um questionamento de sondagem, para que novos tex-
tos ou encaminhamentos possam ser dados, com o objetivo
Ao final, explique que esta Situação de de abordar profissões ou áreas de interesse dos estudantes.
Aprendizagem tem como foco principal os
exames de acesso ao Ensino Superior. Para Roteiro para aplicação da
tanto, você pode utilizar a atividade a seguir. Situação de Aprendizagem 6
Tipologia textual: a argumentação f Estrutura sintática e a construção da tese

As profissões que exigem uma formação Conceituar tese a partir de sua estrutura sin-
específica no chamado Ensino Superior, de- tática.
pois de concluído o Ensino Médio, são dividi-
das em áreas, como a seguir: f Texto argumentativo: dissertação escolar

f ciências humanas e sociais: Administração, Estudar as características do texto disser-


Arquitetura e Urbanismo, Ciências Sociais, tativo escolar visando aos exames de acesso de
Direito, Gastronomia, Publicidade e Propa- Ensino Superior.
ganda, Licenciaturas em geral, Psicologia,
Turismo etc.; f Estruturação da atividade escrita: planeja-
f engenharias: Ambiental, Elétrica, Civil, mento
Mecânica, Naval, de Alimentos, de Agri-
cultura, de Petróleo e Gás, da Computação, Considerar a importância e o método do pla-
Biomédica etc.; nejamento das atividades escritas, em particu-
f ciências exatas: Astronomia, Ciências Con- lar do texto dissertativo escolar.

65
Continuaremos tratando dos exames de aces- superior às demais encontradas na na-
so ao Ensino Superior. Desta vez, concentrare- tureza.
mo-nos na redação, em particular no texto disser-
tativo escolar, aquele que é pedido em tais exames. II. a invenção da escrita é um dos maiores
marcos da história da humanidade.
1. Relacione as frases-síntese com os parágra-
fos do texto a seguir. Observe que uma frase III. animais e plantas apresentam a capaci-
vai sobrar. dade de comunicação.

I. a linguagem verbal humana representa IV. a comunicação faz parte do processo


uma capacidade de comunicação muito da vida dos seres humanos.

Comunicação é vida
( IV ) A comunicação faz parte do processo da vida. Quando nascemos, mesmo antes de come-
çarmos a falar, já nos comunicamos com nossos pais. Apenas pelo choro da criança, uma mãe pode
identificar quais são suas necessidades, se ela está com sono, fome ou alguma dor. Para cada necessi-
dade, há um choro diferente. Pelas expressões, gestos e sons emitidos pela criança, a mãe sabe se ela
está bem ou não.
( III ) Podemos nos comunicar com animais, ensiná-los, conhecer suas emoções, saber se estão
alegres ou agressivos. Também podemos observar a comunicação entre eles, os sons que emitem, os
sinais físicos de que se utilizam para ameaçar ou se proteger, reproduzir, marcar e proteger um territó-
rio. Até uma planta pode emitir sinais que alcançam outras plantas por meio de elementos químicos
que liberam no ar.
( I ) O ser humano, contudo, por meio da fala, da linguagem verbal, desenvolveu uma capacidade
de comunicação bem mais complexa do que aquela que encontramos no resto da natureza.

PAIS, Paulo Marcelo Vieira. Tecnologias de comunicação e informação: presença constante em nossas vidas. In: MURRIE,
Zuleika de Felice (Coord.). Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante: Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep,
2006. p. 157.

2. Leia o artigo de opinião a seguir. Procure identificar a tese e os argumentos que o constituem.

A leitura e a cidadania

Ler, hoje em dia, tornou-se uma forma essencial de nos constituirmos como parte da sociedade,
como cidadãos. Em todos os lugares, é necessário ler e, portanto, interpretar algo. A necessidade de
desvendar caracteres, letreiros, números faz que passemos a olhar, a questionar, a buscar decifrar o
desconhecido para atender às diferentes facetas de nossa vida. A necessidade de ler transforma o
nosso olhar e esse novo olhar que a leitura desenvolve é uma forma nova e melhor de ser cidadão.

Uma vez que nos tornamos leitores da palavra, invariavelmente, leremos o mundo sob a influência
dela. Isso ocorre de modo consciente ou não. Em nossa sociedade letrada, mundo e palavra estão de

66
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

tal modo associados que é impossível separá-los. Ler a palavra é também ler o mundo e passar a vê-lo
de outro modo.

Mas ler é uma prática que não se reduz às palavras. Antes mesmo de ler a palavra, já lemos o universo
que nos permeia: um cartaz, uma imagem, um som, um olhar, um gesto. São muitas as razões para a leitu-
ra. Todas elas permitem que tenhamos uma melhor experiência de cidadania. Cada leitor tem a sua manei-
ra de perceber e de atribuir significado ao que lê, mas a leitura é essencial para vivermos bem em sociedade.

Elaborado por José Luís Landeira especialmente para o São Paulo faz escola.

Qual é a tese (posição do enunciador) de- Um gênero argumentativo: a dissertação


fendida no texto?: escolar

a) a leitura melhora nossa experiência de 1. A seguir, você examinará alguns enunciados


cidadania. extraídos de vestibulares. Identifique o que
há em comum entre eles e anote no caderno.
b) a leitura é importante.
Primeiro, temos de compreender como fun-
c) as pessoas que não leem são ignorantes. ciona o processo de realização desse gênero
textual. Apresente estes enunciados aos alunos:
d) todos aqueles que leem muito se tornam
ricos e bem-sucedidos financeiramente. f Redija uma dissertação, a tinta, desen-
volvendo um tema presente nos textos a
3. Em um texto argumentativo, o autor pro- seguir.
cura convencer os leitores, com argumen- f (Enem – 1998) Com base nas ideias presen-
tos, de que sua tese é correta. Identifique, tes nos textos acima, redija uma disserta-
no artigo de opinão que leu, um argumen- ção sobre o tema.
to usado para defender a ideia expressa na f (Vunesp – 2007) Baseando-se em sua expe-
tese e explique, no caderno, como ele aten- riência, nos textos literários mencionados e
de ao objetivo do autor. no texto jornalístico a seguir, escreva uma
Várias possibilidades de resposta: do primeiro parágrafo, algo redação, no gênero dissertativo, sobre o se-
como “A necessidade social de ler, quando atendida, trans- guinte tema.
forma o nosso modo de ver o mundo”. Já do segundo, po- Os três enunciados pedem uma dissertação com base em
demos esperar algo como “A leitura da palavra modifica o textos lidos anteriormente pelo candidato.
modo como vemos o mundo”.
Elaborar textos dissertativos exige, de par-
4. Tome uma posição para cada tema a se- tida, dois conhecimentos básicos:
guir e, no caderno, elabore uma tese que
esclareça sua posição para possíveis leito- a) Conhecer o gênero dissertativo;
res: violência; aborto; sexo; leitura; políti-
ca; pena de morte; imprensa. b) Saber interpretar adequadamente os tex-
Verifique a coerência das respostas dadas e se os alunos apli- tos-base.
cam adequadamente o conceito estudado, ou seja, se expli-
citam a proposição que querem desenvolver ou provar e se 2. Orientados por você, professor, e com base
tomam uma posição clara diante dela. nos conhecimentos adquiridos, peça-lhes

67
que procurem definir, com suas palavras, f política;
o conceito de dissertação escolar como gê- f pena de morte;
nero dissertativo. As anotações devem ser f imprensa.
feitas no caderno.
Espera-se que os alunos considerem que o gênero disserta- Deixe claro a seus alunos que, para uma
tivo-argumentativo refere-se a textos que, além de trazerem afirmação ser polêmica, ela deve permitir a
informações e explicações sobre determinado assunto, ex- sua negação, ou seja, ela poderá ser negada
põem o posicionamento do autor e o uso de argumentos pelo seu interlocutor. Por esse mesmo motivo
no sentido de persuadir o interlocutor de que tal posiciona- é que não podemos considerar a afirmação “A
mento é o correto. violência das cidades” como uma tese, pois
não é possível encontrar a sua negativa. Ne-
Explique para a classe a seguinte questão: gando “A violência das cidades”, encontra-
O que é um texto argumentativo? mos algo como “a não violência das cidades”,
o que não nos permite a construção clara de
O que as instituições de Ensino Superior sentido.
compreendem como “texto argumentativo” é
aquele no qual se expõe um tema, defendendo Mas seria uma afirmação válida se dissésse-
uma ideia central. mos: “A violência das cidades leva a sérios pro-
blemas familiares”. A frase pode ser facilmente
Para isso, é necessário ter uma posição defi- negada – “A violência das cidades não leva a
nida sobre o assunto tratado, criando uma tese sérios problemas familiares” – e é suficiente-
que se defenderá ao longo do texto. Diante de mente polêmica em muitos círculos escolares
um tema amplo – por exemplo, o trabalho –, de leitura, espaço onde circula a dissertação es-
temos necessidade de fazer um recorte a fim de colar, gênero de que estamos tratando.
que nosso texto tenha um objetivo. Não pode-
mos falar tudo sobre o trabalho, temos de esco- Recomendamos que as teses sigam a fór-
lher sobre o que vamos falar. Então, temos de mula sintática e inserimos algumas atividades
fazer uma afirmação a respeito desse recorte do focadas nessa temática:
tema, e essa afirmação deve provocar polêmica
no grupo que desejamos que leia o nosso texto.
sujeito + verbo (ou locução verbal) +
complementos ou predicativos.
Ou seja, dificilmente a afirmação “o traba-
lho é algo importante” seria uma tese válida
de um texto argumentativo, visto que afirmar f complementos: objeto direto, indireto e
isso não levantaria polêmica na grande maio- complementos adverbiais;
ria dos leitores de nossa sociedade. f predicativos: predicativo do sujeito ou do
objeto.
Assim, a partir de certos temas amplos, co-
mo os listados a seguir, peça a seus alunos que 1. Identifique os itens cujas frases
elaborem possíveis teses para serem desenvol- mantêm a seguinte estrutura:
vidas:
Sujeito + verbo (ou locução verbal) + com-
f violência; plementos ou predicativos
f aborto;
f sexo; a) A comunicação faz parte do processo
f leitura; da vida.

68
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

b) Podemos nos comunicar com animais. “problemas familiares” devem ser esclareci-
das.
c) Apenas pelo choro da criança.
Preparando o caminho para o texto
d) Uma mãe pode identificar as necessida-
des de uma criança. A afirmação: “A violência das cidades con-
duz a sérios problemas familiares” tem como
e) Faz parte do processo. palavras-chave “violência” e “problemas fami-
liares”. Em um texto argumentativo, como
f) Comunicação é vida. uma dissertação escolar para um exame de
vestibular, não poderíamos deixar essas duas
2. Elabore, no caderno, um argumento para palavras sem esclarecimentos. Um dos modos
justificar as teses a seguir. Siga o modelo. de esclarecer palavras é dar definições para
elas; outro é estabelecer, em um tema amplo
Tese: Boa saúde depende também de bons (problemas familiares, por exemplo), quais as-
amigos. pectos ou situações serão discutidos.

Argumento: bons amigos melhoram nosso 1. Responda às questões no caderno:


humor, o que nos traz melhor saúde.
a) Cite os tipos de violência que você co-
a) Tese: Desenvolver a leitura amplia a nhece.
nossa qualidade de vida. Sugestão de respostas: violência armada, de rua, física, verbal.

b) Tese: Os vícios corrompem a dignidade b) Que diferentes problemas familiares são


humana. comuns na comunidade em que mora?
Sugestão de respostas: brigas, agressão física, imoralidade,
c) Tese: Todos devem se preocupar com casos extremos noticiados pela mídia.
sua formação cultural.
Sobre “violência”, temos que delimitar o seu
d) Tese: O lazer diminui o estresse. sentido; para isso, pensemos: O que é violência
Resposta pessoal, porém verifique a coerência das respostas em nosso texto? Apenas a violência armada na
dadas e se os alunos aplicam adequadamente o conceito es- rua? A agressão física familiar também será
tudado: justificativa lógica de algo que se deseja comprovar. considerada violência? E o que dizer dos insul-
tos e de outras formas de violência verbal?
A seguir, temos de desenvolver procedimen-
tos argumentativos. O que é isso? A mesma tarefa deve ser desenvolvida para
“problemas familiares”: Que sentido desejare-
São os recursos utilizados por quem escre- mos dar a essas palavras no texto? Brigas?
ve visando a que o leitor acredite na tese que o Agressão física? Imoralidade? Casos extremos
texto está defendendo, sentindo-se motivado noticiados pela mídia?
a fazer o que se propõe.
Isso tudo deve ficar bem claro para quem
Um deles é esclarecer o sentido das pala- vai escrever antes de começar o texto, para
vras-chave da tese. Pensemos em “A violên- que mantenha coerência em todo o desenvol-
cia das cidades conduz a sérios problemas vimento e coesão entre os argumentos apre-
familiares”. As palavras-chave “violência” e sentados e a tese defendida.

69
No entanto, o principal procedimento ar-
gumentativo é encontrar argumentos que sus- TRIMMMMMMMMMMMM
tentem a tese.
Heloísa: Alô!
Como encontrar os argumentos? Perguntan-
do “por quê?” para a tese. Por exemplo: “A Pedro: Oi, Helô, tô precisando de você,
violência das cidades conduz a sérios proble- gata! Seguinte: vou escrever um artigo de
mas familiares.” Por quê? As respostas encon- opinião com a tese A imprensa deve ser res-
tradas funcionam como argumentos, que de- ponsável ao transmitir informações. O que
verão ser desenvolvidos no texto dissertativo você acha da ideia?
solicitado.
Heloísa:

A argumentação é um processo Pedro: Então, o problema é o seguinte,


textual que exige organização: os gata, como você acha que eu tenho de de-
argumentos devem se encadear limitar as palavras-chave? Ou seja, o que
uns aos outros, dando ao leitor a sensação deve ser, no meu texto, responsabilidade?
de unidade. Uma excelente ideia pode ser De que imprensa você acha que eu devo
perdida se não soubermos organizar os ar- falar? E informações: Devo falar de todas
gumentos ou se estes forem fracos. as informações ou só de algumas? Quais?
Puxa! Estou superatrapalhado. Você me
ajuda?
2. Pedro é estagiário em um importante jor-
nal do Estado de São Paulo. Quando um Heloísa:
dos redatores do caderno dirigido aos
jovens e adolescentes fica repentinamen- Pedro: Olha, Helô, muito obrigado, tá?
te doente, Pedro é convidado a fazer um Fico devendo mais essa pra você! Mas, se
artigo de opinião sobre o tema imprensa. eu precisar de mais alguma coisa, volto a
Entusiasmado, logo pensa na seguinte te ligar, ok?
tese: A imprensa deve ser responsável ao
transmitir informações. Entretanto, antes
de escrever, ele precisa organizar as ideias As linhas gerais das respostas de Heloísa devem ser:
que vai usar na construção de seu texto. O 1: Considera a ideia pertinente.
primeiro passo é definir de modo claro as 2: As palavras-chave são: “imprensa”, “transmitir informa-
palavras-chave de sua tese. Por exemplo, o ções”, “responsável”.
conceito de responsabilidade muda muito
de pessoa para pessoa, e Pedro necessita b) Uma vez resolvida a questão das pa-
ter bem claro com qual sentido essa pala- lavras-chave, Pedro precisa agora criar
vra aparecerá no texto. Ele não quer errar alguns argumentos para defender sua
e resolve telefonar para Heloísa, sua ami- tese. Depois de muito pensar, ele opta
ga e também jornalista: por três argumentos que lhe parecem
bons:
a) leia o diálogo de Pedro e Heloísa no tex-
to a seguir e o complete, tomando o lu- f as informações da imprensa são o princi-
gar de Heloísa e dando as respostas que pal instrumento de manutenção da demo-
ela daria. cracia;

70
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

f a sociedade precisa conhecer a verdade dos de Pedro se dirige a um tipo muito especial de
fatos; leitor e é pensando nesse leitor que decidimos
f acontecimentos importantes para a nação se os argumentos são bons ou não.
não podem ser tratados como uma simples Resposta pessoal, mas é preciso verificar se a resposta de
distração. Heloísa estará coerente com o público leitor, constituído de
jovens e adolescentes.
Ele escreve, então, um e-mail para sua ami-
ga Heloísa apresentando-lhe os argumentos e c) Pedro decide elaborar um projeto que
pedindo a ela uma opinião. E o termina com o ajude a visualizar seu texto. O pro-
as seguintes palavras: “Me diz logo se vc gos- blema, agora, é dar hierarquia aos ar-
tou dos argumentos que bolei e p q, ok?”. gumentos, ou seja, decidir qual deles
é o mais importante e qual o menos
Agora, escreva no caderno a resposta de importante. Complete o quadro a se-
Heloísa com sua opinião sobre a qualidade guir, tomando as decisões no lugar de
dos argumentos. Leve em conta que o texto Pedro.

Projeto de texto

Tema Imprensa.

Tese A imprensa deve ser responsável ao transmitir informações.

Termos que vou


Responsabilidade.
definir no texto

Argumento
As informações de imprensa são o principal instrumento de manutenção da democracia.
principal

Argumento
Acontecimentos importantes não podem ser tratados como uma simples distração.
secundário

Argumento
A sociedade precisa ser informada sobre os fatos.
terciário

d) No caderno, justifique as escolhas que ções”, mas principalmente o que entendemos por “respon-
fez no exercício anterior. sável”. O conceito de responsabilidade difere muito de pes-
c) e d). Ao analisar os projetos dos alunos, considere o que soa para pessoa e precisamos ter bem claro com que sentido
nos informa sobre esse tema o Caderno do Professor. usaremos esse termo em nosso texto.
Imaginemos a seguinte tese: “A imprensa deve ser responsá- Tendo claro o sentido que essas três palavras-chave terão em
vel ao transmitir informações.” Primeiro, devemos esclarecer nosso texto dissertativo, é hora de avançar para o próximo
o que entendemos por “imprensa” e “transmitir informa- passo.

71
Levantar uma série possível de argumentos. Vale a pena lem- -los em ordem crescente de importância.
brar que um texto dissertativo escolar deve ter entre dois e O argumento que consideramos mais importante para de-
quatro bons argumentos. Eis alguns exemplos: fender a nossa tese será o último a ser considerado na elabo-
tBTJOGPSNBÎÜFTEBJNQSFOTBTÍPPQSJODJQBMJOTUSVNFOUPEF ração do texto, pois ele fica sempre para o final.
manutenção da democracia; Se, de imediato, apresentarmos o nosso melhor argumento
tBTPDJFEBEFQSFDJTBTFSJOGPSNBEBTPCSFPTGBUPT e ele não convencer, de que adiantará oferecer os outros ao
tBDPOUFDJNFOUPTJNQPSUBOUFTQBSBBOBÎÍPOÍPQPEFNTFS leitor? Claro que aquilo que consideramos “melhor argu-
tratados como uma simples distração. mento” depende de nossa intencionalidade comunicativa: A
Agora, vamos hierarquizar esses argumentos, ou seja, colocá- quem se dirige o texto?

1. Associe a ideia presente no grupo de expressões a cada item:

a) concordar ( c ) certamente, sem dúvida alguma, sabe-se bem que, é evidente que

b) duvidar ( a ) não é difícil concordar com, concordamos com, não é fácil negar que

c) dar certeza ( b ) talvez, é possível que, é provável que, não há garantias de que

d) alternar ( d ) por um lado... por outro lado, estabelecer relações entre ... e ..., sob
outra perspectiva

2. Complete o texto a seguir com os conectores que faltam. Encontre-os no caça-palavras.

Q U A A X C X V R C A A S D V R D E V I T Z C
P A R A Q U E C F G F S J D G F K I L A A E B
O C A R E T C B J M A S M F G T C A E U U I P
R S C F T Y H G Z E T I T J O P L G D E T E A
Q V C D C X R T E C O M O A Z C B R E S W N F
U C D R T D E R A S S W B T P O R U Q E A T A
E N T O A W E U E T A Q W V B F E I P O M A M
P A Q R A T Q E U R T C M O P O R T A N T O C

Eu amo você, língua portuguesa


Às vezes me sinto feliz e expresso minha felicidade ao seu lado, companheira amiga, mistério que
estou sempre descobrindo. A felicidade tem corpo e cor e pulsa no meu coração e corre a se encontrar

72
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

então
com você, (1) __________ porque
a felicidade vira palavra e eu sofro um pouco (2) __________ não sei qual
a melhor palavra para expressar o que sinto... Alegria? Contentamento? Entusiasmo?
Certos momentos, você sabe, inunda-me uma tristeza sem fim. Mar cheio de ondas, covas profun-
das de dor e melancolia, então eu olho ao redor e vejo-me tão só, tão só que nem palavras tenho. (3)
Mas
__________ até nessa angústia completa sinto a necessidade de que você esteja por perto. É a primei-
ra coisa que procuro: nomear a minha dor.
Em outro momento estou inventivo e encontro mil planos para melhorar o mundo, para fazer a
vida dos outros mais feliz, para resolver todos os problemas, (4) __________
para que todos se sintam mais
completos e verdadeiros. Nessas horas, também você está em mim e eu mergulho nas suas entranhas
e tento levá-la, a sua riqueza, até o outro que me escuta. Às vezes é tão difícil!
Faltam exércitos de grandes pensadores, (5) __________
como existem na língua inglesa ou francesa.
Faltam muitos poetas, filósofos, sábios, cientistas pensando em português. Expressar raciocínios mais
elaborados em português é um verdadeiro desafio. É preciso ter paciência... Você é um diamante, que
vai ganhando brilho na lapidação de sua história. História de amor, que você faz com os que apren-
deram a amar o seu idioma nas dificuldades de quem você é e de quem nós somos.
(6) __________
Assim eu amo e amar é dizer que se ama e eu amo em português. Não consigo me ima-
ginar dizendo I love you para o ser amado e isso ter o mesmo gosto, a mesma sensação boa de amor
portanto
que é dizer, mesmo com erro gramatical: “Eu te amo, (7) __________ você é o meu amor!”. E é isso
que digo agora, minha língua mãe, em que aprendi a ser quem sou: eu te amo, você é o meu amor.
Elaborado por José Luís Landeira e João Henrique Mateos especialmente para o São Paulo faz escola.

A leitura para construir a argumentação

Discussão oral
1. Recapitule oralmente: O que você lembra sobre a obra Vidas secas, de Graciliano Ramos,
trabalhada na Situação de Aprendizagem anterior?
Use esta discussão para recapitular a Situação de Aprendizagem anterior.

2. Qual é a função social de um poema, isto é, por que as pessoas leem poesia?
Espera-se que os alunos compreendam que a poesia pode tanto entreter como construir nossa identidade como ser psíquico
e social.

Observe que, até agora, não falamos do textos a fim de que os alunos possam extrair
papel da leitura dos textos para a construção deles o tema e, a partir daí, elaborar um pro-
do texto argumentativo. Propomos, no entan- jeto de texto dissertativo. Sugerimos os textos
to, atividades que tomem como base alguns a seguir.

73
Ao ler o poema a seguir, procure Este açúcar veio
identificar a crítica presente nele. Ob- de uma usina de açúcar em Pernambuco
serve, por exemplo, como pode ficar ou no Estado do Rio
caro, em termos humanos, um momento aparen- e tampouco o fez o dono da usina.
temente tão simples e prazeroso como tomar um
café de manhã.
Este açúcar era cana
O açúcar e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
O branco açúcar que adoçará meu café no regaço do vale.
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim Em lugares distantes, onde não há hospital
nem surgiu dentro do açucareiro por nem escola,
[milagre. homens que não sabem ler e morrem
aos vinte e sete anos
plantaram e colheram a cana
Vejo-o puro que viraria açúcar.
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor Em usinas escuras,
que se dissolve na boca. Mas este açúcar homens de vida amarga
não foi feito por mim. e dura
produziram este açúcar
Este açúcar veio branco e puro
da mercearia da esquina e tampouco o fez com que adoço meu café esta manhã em
[o Oliveira, [Ipanema.
dono da mercearia.
GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2006.

1. No caderno, escreva as ideias do poema a) biológico, destacando a necessidade do


que considerou mais importantes. açúcar para uma boa saúde.
Identifique quais as dificuldades enfrentadas pelos alunos
para compreender o poema e, se for o caso, retome as ideias b) afetivo, atribuindo-lhe inocência e lumi-
mais importantes. nosidade.

2. No primeiro verso, Ferreira Gullar usa o c) intelectual, caracterizando o açúcar


adjetivo branco antes do substantivo açú- que, sendo um substantivo, deve apare-
car: “O branco açúcar que adoçará meu cer sempre com um adjetivo.
café”. O poeta, entretanto, poderia ter for-
mulado esse verso da forma mais comum, d) histórico, observando sua importância
sem o adjetivo. Ao usar o termo branco, o no mundo globalizado e consumista.
poema reforça um valor:
3. Observe:

74
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
Para você, professor!
e dura
produziram este açúcar Relacione a proposta textual de Ferreira
branco e puro Gullar com a de Graciliano Ramos: obser-
com que adoço meu café esta manhã em ve que os dois são nomes importantes do
[Ipanema que se chama de “literatura engajada”, ou
seja, aquela que visa a defender um posi-
cionamento político-social de denúncia e
O branco muitas vezes está associado à de conscientização do leitor.
pureza e à inocência. O gesto de adoçar o
café parece inocente e sofisticado, sobretudo
se pensarmos que é realizado numa bela ma-
nhã no bairro elegante de Ipanema, no Rio 1. No caderno, elabore um poema
de Janeiro. que revele seu olhar crítico a respei-
to de alguma injustiça social. Siga
Explique, no caderno, como a antítese es- de perto o estilo de Ferreira Gullar, poeta
curas/branco, presente no poema, reforça uma contemporâneo que também fez de sua
visão crítica da sociedade. obra de arte um instrumento para trans-
O escuro é associado ao trabalho de pessoas que levam uma formar o mundo.
vida amarga e dura para que alguns privilegiados possam Professor, foram propostas algumas atividades com poema
desfrutar de um momento de prazer. de Ferreira Gullar e você pode ter mostrado outros, na apre-
sentação do autor. Você pode tomar o poema lido ou outros
que tenha selecionado como referência e pedir uma reescri-
ta aos alunos, com mudança temática. Assim a apropriação
Discussão oral da estrutura poética, por parte do aluno, pode se dar de for-
ma mais orientada.
f O que é trabalho escravo nos dias de
hoje? 2. Leia o próximo texto pensando no poema
Chame a atenção para as desigualdades sociais no de Ferreira Gullar, que acabamos de exa-
Brasil. Além disso, ouça os alunos, observando se minar. Relacione os dois textos.
eles respeitam a vez de falar dos colegas.

O que é trabalho escravo

[...]
Conheça melhor o autor da obra: Muitas vezes, quando peões reclamam
Ferreira Gullar nasceu no dia 10 das condições ou querem deixar a fazenda,
de setembro de 1930, na cidade de capatazes armados os fazem mudar de
São Luís, capital do Maranhão, quarto filho ideia. “A água parecia suco de abacaxi, de
dos 11 que teriam seus pais. É considerado tão suja, grossa e cheia de bichos.” Ma-
um dos nomes mais importantes da poesia teus, natural do Piauí, e seus companhei-
brasileira contemporânea. Sua obra é marca- ros usavam essa água para beber, lavar
da pelo olhar crítico à sociedade, preocupado roupa e tomar banho. [...] “Sempre que
principalmente com as injustiças sociais. vejo um trabalhador cego ou mutilado
pergunto quanto o patrão lhe pagou pelo

75
Os dois textos denunciam as injustiças causadas pela ga-
dano e eles têm me respondido assim: ‘Um
nância exagerada de quem vê o trabalhador como ser
olho perdido, R$ 60,00. Uma mão perdi-
inferior.
da, R$ 100,00’. E assim por diante. Estra-
nho é que o corpo com partes perdidas
Produzindo seu projeto
tem preço, mas se a perda for total não
vale nada”, afirma um integrante da equi- Após a leitura dos textos O açúcar e O que é
pe de fiscalização do Ministério do Traba- trabalho escravo, elabore um projeto de texto ar-
lho e Emprego. gumentativo. Lembre-se dos passos dados por
Repórter Brasil. Agência de Notícias. Pedro em exercício anterior. A seguir, preencha
Disponível em: <http://www.reporterbrasil.org.br/ o quadro. O professor irá verificá-lo. Guarde-o,
conteudo.php?id=4>. Acesso em: 30 maio 2013.
pois futuramente você irá usá-lo para construir
seu texto.

Projeto de texto argumentativo


Tema central Exploração do trabalhador
Tese
Termos que vou
definir no texto
Argumento
principal
Argumento
secundário
Argumento
terciário

Verifique se há coerência entre as diferentes partes. O tema as frases que julgar importantes nas definições
central é “a exploração do trabalhador”, os projetos de texto lidas. Compare-as com as anotações feitas nas
devem respeitar os limites desse tema. Discuta-o com seus atividades de “A leitura para construir a argu-
alunos. mentação” e faça uma lista definitiva, retirando
e adaptando as ideias que achar inconsistentes.
Corrija as atividades e reserve um espaço Essa é uma atividade de revisão e sistematização das caracte-
em uma aula da Situação de Aprendizagem 7 rísticas de textos dissertativos-argumentativos.
para comentar os resultados, destacando os
pontos fortes e identificando aqueles que pre- Sérgio, seu colega da classe vizinha,
cisam de maior atenção. inscreveu-se para fazer o Enem
(Exame Nacional do Ensino Mé-
As atividades de “Lição de casa” a seguir dio). Ele está apreensivo por achar que não
retomam alguns pontos desenvolvidos nesta conseguirá fazer a redação e pediu sua ajuda
Situação de Aprendizagem. nessa questão. O que você o aconselharia a
fazer?
Procure no livro didático o que ele Essa é uma atividade para observação de aspectos estudados
diz a respeito de argumentação e de na Situação de Aprendizagem que podem precisar de novas
texto dissertativo. Liste no caderno intervenções.

76
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7
UMA MANHÃ ESPECIAL NA VIDA DE MAIKON

© Maps World Produções Gráficas Ltda.


Esta atividade propõe uma reflexão sobre
a escrita, em especial no que diz respeito à
transição entre os registros orais e escritos,
formais e informais, dentro e fora da norma-
-padrão. Além disso, desejamos analisar al-
gumas marcas de origem social e técnica que
revelam uso de variação linguística. A Situa-
ção de Aprendizagem apresenta-se a partir
de uma sequência narrativa: a procura de
Maikon por emprego.

Conteúdos e temas: adequação linguística e ambiente de trabalho; construção linguística de superfície


textual: paralelismo, coordenação e subordinação.

Competências e habilidades: identificar no texto marcas de uso de variação linguística; formular opinião
adequada sobre determinado fato social; desenvolver uma atitude reflexiva na atividade escrita formal;
utilizar conhecimentos formais para formular hipóteses sobre o uso de determinadas variedades da
língua portuguesa, presentes em um texto oral ou escrito.

Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno e a preparação e o conhe-
cimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; discussão e sistematização dos temas discu-
tidos; dramatização de situações-problema.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; discussão oral.

Sugestão de avaliação: resolução de exercícios e situações-problema; produção de texto oral; produção


de texto sintético do gênero “recado” de site de relacionamento.

Sondagem Por que o valor da nota não mudou? Por-


que o valor da nota não depende do que acon-
Mostre para a classe uma nota de 10 ou 5 tece fora dela.
reais que esteja em boas condições. Peça que re-
conheçam o seu valor. Proponha que imaginem
que alguém esqueceu a nota dentro da calça que Para você, professor!
vai para lavar. Depois disso, só de raiva, essa
pessoa resolve xingar a nota com os piores pala- Qual a intenção desta dinâmica? Tra-
vrões. A seguir, pergunte: “depois dessa situa- ta-se de concluir por meio de vivências
ção, quanto vale a nota agora?”. Naturalmente, que a dignidade humana não muda diante
a nota continua mantendo o mesmo valor! das discriminações e problemas da vida.
Esse enfoque deve estar na atitude do pro-
Agora, promova a reflexão:

77
a que o texto se propõe, contemplando, em par-
fessor desde o primeiro momento. Não se ticular, o mundo do trabalho.
trata de fazer um show ou de mostrar uma
atitude depreciativa com o dinheiro; a no- f Construção linguística de superfície textual:
ta, aqui, é uma metáfora da vida humana. paralelismo. Coordenação e subordinação

Analisar o paralelismo, particularmente como


Roteiro para aplicação da ele se manifesta na construção dos períodos do tex-
Situação de Aprendizagem 7 to nos processos de coordenação e subordinação.

f Adequação linguística, produção do texto e Recapitule os pontos principais da última


ambiente de trabalho atividade (Sondagem). Considere o anúncio
classificado apresentado a seguir e discuta
Relacionar a produção escrita às finalidades com seus alunos.

Discussão oral AUXILIAR DE VENDAS – LIVRARIA


Exp. 1 ano em vendas, conhecimentos básicos
Com a orientação do professor, discuta de arte.
com seus colegas: Somente nesta 2a f: (11) 2355-5533
R. Santo Anselmo, 36. Perdizes. São Paulo/SP
f Onde se encontram anúncios de emprego?
f Qual é a finalidade desse gênero textual?
f Por que a sociedade valoriza tanto um bom f O que deve fazer Maikon se desejar esse em-
emprego? prego?
f O que é, de fato, um bom emprego? f Qual é o melhor meio para agendar a entrevis-
ta de emprego: carta, telefone, e-mail ou com-
Ainda oralmente, responda: parecer pessoalmente ao local do trabalho?
Anúncios de emprego se encontram em diferentes lu-
f De que trata o texto? gares, como seções de classificados, por exemplo. O
f O que se exige? texto em questão solicita um auxiliar de vendas de livra-
ria, marcando entrevista na segunda-feira seguinte.

Para você, professor!

No que se refere à última questão, comente as possibilidades de cada uma das opções. De todas,
a mais vantajosa é o contato telefônico antes do comparecimento pessoal. O telefonema deve ser
dado na segunda-feira, de preferência de manhã, o que demonstra interesse e permite agendar uma
entrevista já para o mesmo dia.
Observe atentamente a participação e o envolvimento dos alunos. A atitude de escuta deve estar
presente não apenas em relação ao professor, mas também em relação aos colegas. A dignidade huma-
na é condição de todos, por isso, todos devem ser ouvidos e respeitados ao enunciar seus comentários.

78
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Agendamento telefônico

1. Coloque-se no lugar de Maikon e complete o agendamento telefônico de entrevista de emprego


a seguir.

TRIMMMMMMMMMMMM

© Maps World Produções Gráficas Ltda.

© Hudson Calasans
Atendente: Livraria de Arte, bom dia!

Maikon:

Atendente: Só com experiência comprovada


de um ano em vendas.

Maikon:

Atendente: Sim, estamos agendando entre-


vistas para amanhã. Onze horas, pode ser?

Maikon:
Atendente: Então está marcado; até ama-
Atendente: Bem, então qual é o seu nome e nhã. Não se atrase.
telefone para contato?
Maikon:
Maikon:
Atendente: Até amanhã.

Analise a coerência das respostas oferecidas, dado o contexto Acolha as diferentes opiniões, mas lembre-se de que o site
da atividade (situação formal de procura de emprego). de relacionamento permite uma especificidade de lingua-
gem que está de acordo com aquela que foi usada por
Depois do telefonema para marcar a Paula.
entrevista de emprego, Maikon acessa
a internet. Fica feliz ao ver na sua pá- 2. Imagine o anúncio de um emprego que,
gina do site de relacionamento um recado de sua neste momento, seria de seu interesse. Es-
namorada, Paula, que está morando na Paraíba. creva-o no caderno, seguindo o modelo
apresentado no início desta Situação de
1. O texto do recado está bem escrito? Está Aprendizagem.
adequado? Por quê? Analise se as orientações dadas foram, de fato, seguidas.

79
© Maps World Produções Gráficas Ltda.
Responda no caderno: Que diferenças você
encontra entre a forma como o recado no site
de relacionamento e o texto para o exame ad-
missional foram escritos? Por que isso ocorre?
Trata-se do uso de variedades diferentes da linguagem. O
uso formal da linguagem para o exame de admissão não é
comum em sites de relacionamento. Assim como o “interne-
tês” não é adequado em exames de admissão, a não ser em
contextos muito específicos.

Para você, professor!

Observe também que o tema tratado


Tome cuidado, professor, para não julgar no texto tem relação direta com os nossos
a variedade linguística usada. É possível que estudos deste semestre, em especial do
alguém pergunte a sua opinião. Limite-se a começo do volume. É uma possibilidade
comentar que se trata de uma variedade de de reforçar a diferença entre “modernida-
português bem diferente daquela que se usou de” e Modernismo, fazendo a ponte com
para marcar a entrevista. a Situação de Aprendizagem 5.

Entrevista
2. Maikon ficou nervoso. Leu o texto várias
1. Finalmente, chegou o momento da entrevis- vezes. Depois, o texto foi retirado e Maikon
ta. O candidato à vaga e o futuro empregador teve de escrever tudo o que lembrava ter
– na verdade, dois funcionários que represen- lido. Teve dificuldades para compreender
tavam o dono da livraria – tiveram uma con- alguns termos, mas, finalmente, escreveu:
versa. Maikon recebeu um texto para ler. Ele
teria cinco minutos para lê-lo silenciosamen-
te e compreendê-lo. O texto é o seguinte. A modernidade em um país subde-
senvolvido é ver o passado da cultura e
é também acompanhando de uma con-
A modernidade em um país subdesen- ciência crítica do mundo que é se pen-
volvido sar a respeito do mundo e agente não se
O conceito de modernidade em um país tem certeza de como é o mundo A busca
subdesenvolvido requer um olhar dialógico
para o passado cultural acompanhado de
é a busca pelo presente, portanto esse
uma consciência crítica do mundo exterior. A presente está sendo realizado na comu-
busca pela modernidade é a busca pelo tempo nidade a que a gente pertencemos.
presente, mas esse presente está sendo agora
realizado na comunidade a que pertencemos.
Ou seja, não se confunde a condição de subde-
senvolvimento de um país com o seu passado, Para você, professor!
como se o presente se reduzisse a um desenvol-
vimento tecnológico que o país subdesenvolvi- É muito importante reproduzir os des-
do não tem e que deve encontrar lá fora. vios da norma-padrão que aparecem com
frequência no texto. Esses desvios são a ba-

80
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

derarem desnecessários para que o texto


se das atividades a seguir, que permitirão
fique, ao final, mais coeso.
formular hipóteses sobre o uso de determi-
nadas normas gráficas e ortográficas, pre-
sentes em um texto.
A língua portuguesa tem muitas va-
riedades e também todos os falantes des-
Maikon sai confiante do teste, achando sa língua já conhecem pelo menos uma
que já “faturou” o emprego. Mas será que está dessas variedades antes de entrarem na
tudo tão fácil assim? Pergunte a seus alunos escola. O que acontece, porém, é que,
se, com o texto que produziu, Maikon conti- na escola, onde encontramos uma outra
nuará na seleção do emprego ou será desclas- variedade da língua – a chamada culta
sificado. Ouça com atenção os comentários, padrão – privilegiada e escolhida como
demonstrando interesse em saber os motivos modelo para quando várias situações de
dos “sim” e “não” dos alunos. fala e escrita (entrevista de emprego, por
exemplo!). O privilégio de uma variedade
a) Comente com seus colegas de classe as linguística em lugar de outras se deve sem-
reais possibilidades, de acordo com a pre a razões históricas, sociais, culturais
comunidade onde vocês vivem, de Mai- e econômicas. O estudo dessa variedade
kon ter sido aprovado ou não para a padrão pode levá-lo a entender melhor os
vaga de emprego e seus motivos. mecanismos da língua, mas suas regras,
Verifique as diferentes opiniões dos alunos e a sua real com-
sua ordem. E esse entendimento permite
preensão do uso formal da linguagem.
que você escolha como usar a língua nas
mais diferentes situações comunicativas.
b) Em dupla ou em trio, comparem os Nesse caso, aprender novas regras e nor-
dois textos, o original e o que Maikon
mas contudo é aprender novas possibili-
escreveu, e reescrevam o texto de Mai-
dades de uso da língua.
kon, destacando os principais proble-
mas que fizeram que ele fosse desclassi- Texto adaptado de: AGUIAR, Eliane Aparecida
ficado. de. Das palavras ao contexto. In: MURRIE,
A seguir, diga-lhes que Maikon não passou nessa primeira Zuleika de Felice (Coord.). Linguagens, códigos e
suas tecnologias: livro do estudante: Ensino Médio.
fase da seleção. Diga-lhes que o maior problema de Maikon
Brasília: MEC/Inep, 2006. p. 142-143.
não residiu em fazer a síntese do texto lido, mas ‘’em passar
essas ideias para o papel, ou seja, estruturar por escrito aquilo
que ele compreendeu. Observe a coerência da resposta, tendo em vista o ob-
jetivo da atividade: adequação textual, com foco no uso
Comente com a classe os possíveis proble- de conectivos.
mas que teriam levado Maikon a usar uma
variedade escrita tão informal. De que forma Quando os alunos terminarem, mas sem
aquilo que não é problema quando se escreve que eles entreguem o texto, explique-lhes os
nos sites de relacionamento, por exemplo, po- principais problemas.
de representar um empecilho quando se tem
que escrever um texto formal?

3. O texto a seguir, que foi adaptado para esta A modernidade em um país subdesen-
atividade, apresenta excesso de conectivos. volvido é (1) ver o passado da cultura e é
Peça aos alunos que retirem os que consi- também (2) acompanhando (3) de uma con-

81
ciência (4) crítica do mundo que é se pensar (7) Há dois problemas aqui: primeiro, repeti-
a respeito do mundo e agente (5) não se (6) ção excessiva e desnecessária do termo “mun-
tem certeza de como é o mundo (7) A busca do”. Além disso, falta o ponto final na frase.
é a busca pelo presente (8), portanto (9) esse
presente está sendo realizado na comunida- (8) Que busca é essa? Há um uso excessivo
de a que a gente pertencemos (10). do termo “busca” aqui. Bastaria dizer: “É a
busca pelo presente” ou “Trata-se da busca
pelo presente”.
(1) Qual a diferença entre “é ver” e “requer
um olhar”? O maior problema está no uso do (9) O termo “portanto” indica conclusão: o
verbo ser (é) como sinônimo de requer, que no texto original fazia uso do conector “mas”, que
texto tem o sentido de “exigir”. indica oposição de ideias e pode ser substituído
por “contudo, porém, entretanto, todavia” etc.
(2) É necessário esse “é também”? A expres- O conector “portanto” indica conclusão e pode
são “e é também” visa a dar coesão ao texto, ser substituído por “logo” ou “então”. Não se
mas é desnecessária. Erra-se por falta, mas trata da relação adequada, o que quebra o pa-
também se erra por excesso. Aqui sobra um ralelismo do texto.
elemento coesivo que constrói um paralelismo
estranho ao leitor. (10) A gente pertencemos? Na norma-
-padrão da língua portuguesa, o sujeito
(3) Acompanhando ou acompanhado? Há concorda em número com o verbo. Há du-
diferenças entre o gerúndio e o particípio no as possibilidades: “a gente pertence” ou
que respeita ao uso. O gerúndio indica uma “nós pertencemos”. Esta última é mais
ação em curso, que pode ser imediatamente an- apropriada para o registro formal da nor-
terior ou posterior à do verbo na oração princi- ma-padrão da língua portuguesa.
pal, o que não faz sentido no texto escrito por
Maikon. O particípio expressa o estado resul- 4. Peça-lhes que acompanhem, agora, a con-
tante de uma ação acabada, ou seja, que a versa telefônica a seguir e observe o uso do
consciência crítica deve estar pronta e real- gerúndio. Apenas três usos dele, de fato,
mente ao lado dessa visão de mundo necessá- traduzem bem a ideia de tempo passando:
ria para compreender a modernidade. “sua reserva estará valendo”, “estou pro-
curando os documentos” e “estou esperan-
(4) Consciência e não conciência. do”. Os demais são exagerados. Os alunos
devem identificá-los e substituí-los.
(5) A gente e não agente. Seria, no entan-
to, mais formal usar a primeira pessoa do
plural, nós. TRIMMMMMMMMMMMM

(6) Se tem ou tem? O uso do termo “se” Telefonista: Teatro Arte, boa tarde!
deixaria o verbo reflexivo, o que não é
Lena: Oi, eu queria reservar dois ingres-
solicitado pela estrutura do texto construído.
sos para a peça O auto da barca do inferno,
Tal como está escrito, o resumo apresenta um
é possível?
sujeito identificado (a gente) e um objeto dire-
to que não coincide com o sujeito (certeza de
Telefonista: Eu não posso estar fazendo
como é o mundo). Ou seja, sujeito e objeto
isso, mas posso estar passando o seu telefo-
não coincidem.

82
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

nema para a pessoa que está sendo encarre-


quer, sem significativa perda de sentido,
gada disso. O.k.?
pelo sinônimo:
Lena: O.k.!
a) é.
Atendente: Boa tarde! Pois não?
b) exige.
Lena: Oi, eu queria reservar dois ingres-
sos para a peça de hoje à noite, O auto da c) deseja muito.
barca do inferno, é possível?
d) quer de novo.
Atendente: Eu posso estar reservando
isso agora, mas você deverá estar me pas- e) refaz.
sando algumas informações e sua reserva
estará valendo somente até uma hora antes 2. Identifique quais das frases a seguir usam
de a peça estar começando. inadequadamente o verbo reflexivo:

Lena: O.k., eu estou procurando os do- a) Ela se me disse que estava ocupada e
cumentos do meu namorado, espere um por isso não ia com Leo à entrevista.
momentinho, por favor.
b) Leo fez-se corajoso e foi para a entrevis-
Atendente: Claro! Estou esperando, sem ta sozinho.
problemas.
c) O entrevistador se atrasou meia hora.

Telefonista: Eu não posso fazer isso, mas posso passar o seu d) Leo se comportou de modo excelente
telefonema para a pessoa encarregada disso. O.k.? durante a entrevista.
Atendente: Eu posso reservar isso agora, mas você deverá me
passar algumas informações e sua reserva estará valendo so- e) O entrevistador se despediu de Leo com
mente até uma hora antes de a peça começar. muita educação.

Peça, então, aos alunos que comparem as f) Leo se comprou um presente para a sua
suas anotações pessoais com aquelas que aca- mãe para comemorar os resultados.
baram de estudar, para que possam fazer uma
autoavaliação, identificando campos do estu- 3. Analise como as orações se relacionam e
do da linguagem em que devem se aprimorar. reconheça o tipo de coordenação (alterna-
tiva, conclusiva, explicativa, adversativa ou
Conforme as necessidades e possibilidades aditiva) estabelecida pelo conectivo da ora-
de sua turma, recapitule os conteúdos de sin- ção em destaque:
taxe referentes a coordenação, subordinação e
paralelismo. a) A garota é muito linda e fica a toda hora
olhando para Paulo.
1. Observe: “O conceito de mo- Aditiva.
dernidade em um país subdesen-
volvido requer um olhar dialógico b) A garota é muito linda ou os rapazes to-
para o passado cultural”. Poderíamos dos da classe estão confusos.
apropriadamente substituir o verbo re- Alternativa.

83
c) A garota é muito linda, contudo ninguém lavra – em que apenas um tem a palavra)
quis sair com ela. ou escrita e uma totalmente dialógica (dia:
Adversativa. dois), há inúmeras possibilidades, conside-
rando as particularidades que compõem
d) A garota é muito linda, pois esnobou sair cada uma das situações:
com o Robertinho.
Explicativa. f presença dos parceiros no mesmo tempo;
f contrato de troca: a resposta é permitida
e) A garota é muito linda, portanto já deve ter ou não por meio do mesmo gênero textual;
namorado. f ambiente físico comum ou não;
Conclusiva. f canal oral ou gráfico.

Situações de comunicação Analisemos alguns dos gêneros textuais en-


tre os quais Maikon transitou no seu proces-
1. Entre uma situação de comunicação total- so de seleção. Para isso, complete o quadro a
mente monológica (mono: um; logos: pa- seguir, orientando-se pelas perguntas-modelo.

Conversa
Anúncio Prova: Recado de
Conversa na
Perguntas-modelo de emprego síntese site de rela-
telefônica entrevista cionamento
no jornal de texto
de emprego

Presença dos
parceiros ao mesmo Não. Sim. Sim. Não. Não.
tempo?

Contrato de troca:
A resposta é Não. Sim. Sim. Não. Sim.
permitida?

Ambiente físico Não.


Não. Não. Sim. Sim.
comum?

Canal oral ou
Gráfico. Oral. Oral. Gráfico. Gráfico.
gráfico?

84
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

2. Depois de compreender essas explica- escrita e deixando claro o seu empenho em


ções, Maikon se sentiu triste e deprimi- aplicar-se mais da próxima vez.
do. Ficou com vontade de desistir de Neste caso, a linguagem não precisa ser formal.
tudo. Achou que nunca chegaria a lugar
algum, sentiu-se indigno. Discuta, em
classe, as razões e a validade dessa atitu-
de. A seguir, no caderno, escreva-lhe um Para você, professor!
SMS (um torpedo), via celular, animando
Maikon a melhorar, identificando aspec- Com esta Situação de Aprendizagem,
tos em que isso poderá, de fato, ser feito. os alunos deverão desenvolver maior cons-
Considere que seu celular dispõe apenas de ciência no momento da escrita, o que vai
160 caracteres (incluindo espaços e sinais facilitar a Situação de Aprendizagem se-
de pontuação) por mensagem. guinte, que retoma a redação de acesso ao
Verifique, nas respostas, o equilíbrio entre a dimensão emo- Ensino Superior. Desejamos que os alunos
cional e os conteúdos cognitivos desenvolvidos, e se os alu- valorizem gradativamente o processo de
nos respeitam o número de caracteres disponíveis. produção textual, tanto formal como psí-
quica e cognitivamente: escrever requer
uma determinada atitude frente à palavra,
Para você, professor!
uma “enciclopédia” interiorizada de conhe-
cimentos e estratégias linguísticos e extra-
Retome a dinâmica desenvolvida na linguísticos, que inclui o domínio da nor-
sondagem. Relacione as duas situações: ma-padrão e a habilidade de projetar o
Maikon não diminui o seu valor e sua dig- texto dissertativo. Tudo isso será importan-
nidade pelos problemas externos. Deve, no te a seguir. Portanto, antes de passar para a
entanto, esforçar-se para superar as dificulda- próxima Situação de Aprendizagem, certifi-
des pelas quais passa e não esperar que elas que-se do progresso dos alunos.
desapareçam sozinhas ou magicamente.

© Maps World Produções Gráficas Ltda.


Traga para a próxima aula questões
de vestibular encontradas em sites,
no livro didático e em outros livros
disponíveis na biblioteca ou na sala de leitura
da escola que tratem de conteúdos discutidos
nas últimas aulas. Certifique-se de também
trazer as respostas.
Professor, oriente os alunos a selecionar questões de vestibu-
lar que abordem os temas tratados.

Produção escrita
Solicite que assumam mais uma vez o papel
de Maikon e escrevam um recado no site de re- Peça que os alunos elaborem, no ca-
lacionamento para a namorada dele, explican- derno, um resumo dos conteúdos
do o que ocorreu na seleção de emprego, de- que consideraram mais significativos
monstrando compreensão do seu problema de nesta Situação de Aprendizagem.

85
SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 8
MOMENTO DE ESCRITA: A REDAÇÃO
DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR
Os alunos escreverão um texto dissertativo prioritários, tais como: compreensão dos tex-
de uma prova do Enem. Para isso, ativarão to- tos-base, elaboração de projeto de texto, atitude
dos os conhecimentos desenvolvidos até ago- reflexiva na produção textual, revisão do texto
ra neste volume. A orientação do professor de- produzido, domínio da norma-padrão da lín-
ve incidir sobre alguns aspectos considerados gua portuguesa.

Conteúdos e temas: estruturação da atividade escrita: planejamento, construção do texto e revisão;


texto argumentativo: dissertação escolar de acesso ao Ensino Superior.

Competências e habilidades: propor a reescrita de partes de um texto, utilizando os recursos do sistema


de pontuação; formular opinião adequada sobre determinado fato social; desenvolver uma atitude
reflexiva na atividade escrita formal.

Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno e a preparação e o co-
nhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; discussão e sistematização dos temas
discutidos.

Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; discussão oral.

Sugestão de avaliação: produção de dissertação escolar de acordo com modelo do Enem; resolução de
exercícios e situações-problema.

Sondagem
Desenvolver o texto dissertativo-argumenta-
Discuta em classe o tema do trabalho tivo visando ao acesso ao Ensino Superior.
infantil. O que os alunos conhecem sobre o
assunto? O que pensam a respeito? Ouça aten- Comente os pontos fortes do projeto de
tamente os diversos comentários e desenvolva texto realizado ao final da Situação de Apren-
na sala uma atitude de escuta que estimule o dizagem 6. Identifique também os pontos em
respeito não apenas pela palavra do professor, que houve dificuldades e sugira possibilidades
mas também pelo comentário do colega. para superá-las. Se possível, identifique pági-
nas do livro didático que tratam especifica-
Roteiro para aplicação da mente desse tema.
Situação de Aprendizagem 8
Colhendo informações
f Estruturação da atividade escrita: planeja-
mento, construção do texto e revisão
O gênero “dissertação escolar”:
Conhecer, estruturar e sintetizar as diferen- nesta Situação de Aprendizagem,
tes partes da atividade escrita argumentativa. vamos desenvolver um gênero
textual argumentativo comum em exames e
f Texto argumentativo: dissertação escolar de concursos – a dissertação escolar. Ela é co-
acesso ao Ensino Superior mumente pedida em vestibulares e proces-

86
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

sos seletivos de emprego. Trata-se de um mo projeto de texto?


gênero textual argumentativo, assim como Veja se é possível e razoável aceitar algumas das sugestões
o artigo de opinião ou a resenha. dadas.

2. No Brasil, ainda existe o problema do tra-


1. Com base no projeto de texto argumentati- balho infantil? Em que regiões você acha
vo que você fez na Situação de Aprendiza- que esse problema é mais corrente?
gem 6, reflita: Analise a coerência das respostas e se os alunos têm ideia da
dimensão do trabalho infantil no Brasil, conforme o gráfico a
a) No que você teve mais dificuldades? ser analisado na atividade seguinte .
Utilize essas informações para retomar alguns conteúdos e/
ou complementar suas aulas com outras atividades elabora- A seguir, apresente aos alunos uma pro-
das por você. posta de redação do Enem. Ressalte que, an-
tes, eles devem fazer quatro leituras.
b) O que você propõe para que essas difi-
culdades sejam superadas em um próxi- 3. Leia o texto a seguir.

© Maps World Produções Gráficas Ltda.


Trabalho infantil no Brasil

Há 5,457 milhões de crianças


e adolescentes entre 5 e 17 anos
que trabalham no país.

Nordeste 42,74% (2,332 milhões)


Sudeste 29,0% (1,583 milhão)
Sul 16,88% (921 mil)
Centro-Oeste 6,65% (363 mil)
Norte 4,73% (258 mil) Fonte: IBGE/PNAD, 2001.
Fonte dos dados: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
populacao/condicaodevida/trabalho_infantil/trabinf2001.pdf>.
Acesso em: 30 maio 2013.

Questões a serem respondidas no caderno: percentual, com apenas 5,25%.

a) Em que região o percentual de crianças b) Reescreva a frase a seguir, substituindo


trabalhadoras é mais alto? Em que re- o verbo haver por existir:
gião o percentual é mais baixo? Forme
uma frase comparativa usando o conec- Há 5,457 milhões de crianças e adolescentes
tivo enquanto. entre 5 e 17 anos que trabalham no país.
A região Nordeste possui o maior percentual de trabalho in- Existem 5,457 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17
fantil, com 42,2%, enquanto a região Norte detém o menor anos que trabalham no país.

87
Junte as orações a seguir conferin-
do-lhes o sentido pedido entre pa- Discussão oral
rênteses. Inicie a frase de acordo a) Você considera um problema grave o
com a sugestão. Siga o modelo: fato de haver trabalho infantil no Bra-
sil? Por quê?

(contradição) b) Na sua opinião, quais são as causas da ex-


Passou por todos os processos avaliativos ploração do trabalho infantil em nosso país?
com sucesso. Permita que o maior número possível de alunos
Não conseguiu o cargo de diretora. participe. Observe a coerência e clareza na expo-
Inicie com: Passou por todos os processos sição de argumentos.
avaliativos com sucesso, mas (ou porém,
entretanto) não conseguiu o cargo de dire-
tora.
A crueldade do trabalho
infantil
a) (tempo)
O mundo terá menos injustiças sociais. A crueldade do trabalho infantil é um
A sociedade vive livre de preconceitos. pecado social grave em nosso país. A dig-
Inicie com: Quando a sociedade... nidade de milhões de crianças brasileiras
Quando a sociedade viver livre de preconceitos, o mundo está sendo roubada diante do desrespeito
terá menos injustiças sociais. aos direitos humanos fundamentais que
não lhes são reconhecidos: por culpa do
b) (causa) poder público, quando não atua de forma
Havia feito o exame escrito. prioritária e efetiva, e por culpa da família
Não precisou passar pela prova prática. e da sociedade, quando se omitem diante
Inicie com: Não precisou... do problema ou quando simplesmente o
Não precisou passar pela prova prática, uma vez que/porque
ignoram em decorrência da postura indi-
já havia feito o exame escrito.
vidualista que caracteriza os regimes so-
ciais e políticos do capitalismo contempo-
c) (condição) râneo, sem pátria e sem conteúdo ético.
Você decide ir ao cinema.
Eu vou com você. MEDEIROS NETO, Xisto Thiago de. A crueldade
Inicie com: Se você... do trabalho infantil. Diário de Natal, 21 out. 2000.
Se você decidir ir ao cinema, eu irei com você.

1. Oriente os alunos para que transcrevam do


Leia jornais sempre que possível. texto para o caderno:
Os textos jornalísticos vão ajudá-
-lo a compreender melhor os di- a) o argumento que o enunciador usa para
ferentes assuntos que serão abordados no mostrar que “A crueldade do trabalho
decorrer deste ano letivo, em que daremos infantil é um pecado social grave em
ênfase especial aos exames vestibulares e nosso país”;
outros processos seletivos, que sempre “A dignidade de milhões de crianças brasileiras está sendo
abordam temas da atualidade. roubada diante do desrespeito aos direitos humanos funda-
mentais que não lhes são reconhecidos.”

88
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

b) as causas apresentadas para justificar Quando se fala dos motivos pelos quais a
esse argumento. família também é culpada pela exploração do
“por culpa do poder público” e “por culpa da família e da trabalho infantil, o texto apresenta um argu-
sociedade”. mento considerado senso comum. Peça-lhes
que o identifique.
2. Comente em classe a seguinte frase: Você acre- O enunciador diz que as famílias preservam “a integridade
dita que o ditado popular “O trabalho dignifi- moral dos filhos, incutindo-lhes valores, tais como a dignida-
ca o homem” também serve para as crianças? de, a honestidade e a honra do trabalhador”.
Verifique o posicionamento da turma sobre o trabalho infantil.

Discussão oral
O senso comum é um conjunto de
crenças consideradas verdadeiras Qual é a necessidade de termos leis?
em determinada sociedade, mes- Acolha os diferentes pontos de vista. Observe que a per-
mo que elas não o sejam. Essas gunta pode ser bastante polêmica; mantenha, contudo,
crenças são entendidas como pertencentes a a defesa da importância das leis para o bem-estar social.
toda a humanidade, mesmo que apenas com-
partilhadas por uma comunidade. Acreditar
que misturar leite e manga pode matar é um
4. Leia este texto.
exemplo de senso comum. Por vezes, o senso
comum transforma uma verdade particular
em algo universal, como quando se diz que
todos os políticos são desonestos ou que os Art. 4o – É dever da família, da comuni-
brasileiros são muito acolhedores. O uso do dade, da sociedade em geral e do Poder Pú-
senso comum empobrece o texto argumenta- blico assegurar, com absoluta prioridade, a
tivo e dificulta a construção de ideias lógicas. efetivação dos direitos referentes à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao espor-
te, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
3. Verifique o próximo texto. à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.

O trabalho infantil na agricultura mo- BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei


derna no 8.069, de 13 de julho de 1990.

Submetidas aos constrangimentos da


miséria e da falta de alternativas de integra- Peça aos alunos que respondam se o artigo
ção social, as famílias optam por preservar 4o do Estatuto da Criança e do Adolescente
a integridade moral dos filhos, incutindo- é respeitado em suas comunidades. Solicite a
-lhes valores, tais como a dignidade, a ho- justificativa de suas respostas.
nestidade e a honra do trabalhador. Há um Acolha os diferentes pontos de vista. Observe se a forma
investimento no caráter moralizador e dis-
como se justifica de fato estabelece uma relação coerente
ciplinador do trabalho, como tentativa de
com o ponto de vista do aluno.
evitar que os filhos se incorporem aos gru-
pos de jovens marginais e delinquentes,
ameaça que parece estar cada vez mais pró-
xima das portas das casas. Para você, professor!
MARIN, J. O. B. O trabalho infantil na agricultura Os textos podem ser apresentados to-
moderna. Revista UFG, v. 7, n. 1, jun. 2004.
dos de uma só vez ou um de cada vez, se-

89
guidos de uma discussão de seus conteú- cipal; (e) argumento secundário; (f) argumen-
dos. O importante é que haja um momento to terciário; (g) exemplo(s) que comprove(m)
de diálogo da classe com os textos-base. os argumentos; (h) outras ideias importantes.

Observações:
Nessa discussão, não deixe de perguntar:
f esclarecer que, ao desenvolver o tema pro-
posto, eles devem utilizar os conhecimen-
Discussão oral tos adquiridos e as reflexões feitas ao longo
de sua formação;
f Qual é o tema central, em comum, de f fazer a seleção, organização e relação de
todos os textos que examinamos até argumentos, fatos e opiniões para defender
agora nesta Situação de Aprendizagem? um ponto de vista e suas propostas, sem fe-
f Como eles evidenciam contradições en- rir os direitos humanos;
tre ideal e realidade? f o texto deve ser escrito na modalidade pa-
f Qual é o perigo de examinarmos o assun- drão da língua portuguesa;
to apenas a partir do senso comum? f o texto não deve ser escrito em forma de
O tema comum é a infância, em particular o traba- poema (versos) ou narração;
lho infantil como chave que permite ver a diferença f o texto deve ter, no mínimo, 15 linhas
entre o ideal da lei e a dura realidade cotidiana. O escritas.
senso comum tende a uma visão romântica e idea-
lista do problema, deixando de lado importantes Comente com os alunos o enunciado do
aspectos do problema. exercício. Em especial o que significa “modali-
dade padrão da língua portuguesa” (retome,
na Situação de Aprendizagem 7, a narrativa
Peça aos alunos que encontrem no de Maikon) e a exigência de não escrever o
livro didático, em jornais ou revis- texto em versos ou narração.
tas três frases que revelem o senso
comum sobre determinado problema. Eles de- Proponha que, antes de tudo, os alunos
vem anotá-las e apresentá-las à classe na pró- elaborem um projeto de texto (recapitule a Si-
xima aula, justificando, no caderno, por que tuação de Aprendizagem 6), conforme o es-
consideram que elas revelam senso comum. quema a seguir.
Professor, tendo em vista as discussões sobre senso comum
desenvolvidas até aqui, nesta Situação de Aprendizagem, ob-
Projeto de texto dissertativo
serve e comente a pertinência das frases trazidas pelos alunos.

Tema central
Por fim proponha:
Tese
Preparando o caminho para o texto
Termos que vou definir
1. Com base nas ideias presentes nos textos an- no texto
teriores, prepare um projeto de texto sobre o
seguinte tema: O trabalho infantil na realida- Argumento principal
de brasileira. Anote, no caderno, as seguintes
informações sobre seu projeto de texto dis- Argumento secundário
sertativo: (a) tema central; (b) tese; (c) termos
que vai definir no texto; (d) argumento prin- Argumento terciário

90
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Exemplo(s) que sentido e os torne relevantes para o segui-


comprove(m) os argu- mento do discurso. São os aspectos dessa
mentos elaboração – dessa formalização – que for-
necem um dos ângulos pelos quais se pode
Outras ideias que desejo apreender melhor o que distingue uma ar-
aproveitar para o texto gumentação de uma demonstração.

PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, L.


Tratado da argumentação. Trad. Maria
Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo:
Para você, professor! Martins Fontes, 1996. p. 136.

Observe que introduzimos dois itens


novos em relação ao esquema apresentado
Afixe na lousa os critérios segundo os
na Situação de Aprendizagem 6: “Exem-
quais o texto será corrigido:
plo(s) que comprove(m) os argumentos” e
“Outras ideias que desejo aproveitar para o
a) demonstrar domínio da norma-padrão
texto”. O objetivo desses itens é que os alu-
da língua escrita;
nos incorporem ao seu projeto elementos
que possam depois aproveitar para a cons-
b) compreender a proposta de redação e
trução do texto dissertativo-argumentativo. aplicar conceitos das diferentes áreas do
conhecimento para desenvolver o tema,
dentro dos limites estruturais do texto
Quando o projeto de texto estiver pronto, é dissertativo-argumentativo;
hora de redigir, transformar esse projeto no
texto dissertativo-argumentativo. Essa passa- c) selecionar, relacionar, organizar e inter-
gem exige que se acrescentem exemplos e expli- pretar informações, fatos, opiniões e argu-
cações que acompanhem os argumentos. Além mentos em defesa de um ponto de vista;
disso, é necessário tomar cuidado na passagem
de um argumento para outro e que se façam d) demonstrar conhecimentos dos meca-
parágrafos que não se confundam com frases, nismos linguísticos necessários para a
ou seja, que tenham mais de um período. construção da argumentação;

Recapitule especialmente o conceito de e) elaborar proposta de solução para o


tese, solicitando que sigam a estrutura sintáti- problema abordado, mostrando respei-
ca que propusemos: to aos valores humanos e considerando
a diversidade sociocultural.
sujeito + verbo (ou locução verbal) +
complementos (ou predicativos) Comente o significado de tais critérios. Re-
lacione o que eles pedem com aquilo que está
sendo ensinado e aprendido no curso neste
ano letivo.
Aprofundando conhecimentos

A utilização dos dados tendo em vista a Para você, professor!


argumentação não pode ser feita sem uma Comente com os alunos que escrever
elaboração conceitual que lhes confira um
bem não é apenas seguir a norma-padrão

91
da língua portuguesa – embora isso, em f Qual é o argumento intermediário de
textos formais, seja importante. Aplicar que disponho?
conceitos das diferentes áreas do conheci- f Como ele se relaciona com o tema e
mento para desenvolver o tema significa com a tese?
fazer uso de conhecimentos de outras disci- f Existe algum modo de exemplificar esse
plinas para desenvolver a redação. Para es- argumento? Qual?
se tema, História, Geografia e Filosofia cer-
tamente têm contribuições importantes que d) Quarto parágrafo – argumento mais forte
devem ser resgatadas. Além disso, elaborar
uma proposta de solução para o problema f Qual o argumento mais convincente de
não significa ser irrealista e jogar toda a que disponho?
responsabilidade para o poder público ou f Como ele se relaciona com o tema e
para outra entidade superior. Expressões com a tese?
como “O governo deveria acabar com o f Existe algum modo de exemplificar esse
trabalho infantil” ou “Só Deus pode termi- argumento? Qual?
nar com esse problema” significam notas f Que relações existem entre esse argu-
baixas na correção. mento e os dois anteriores?

e) Último parágrafo – conclusão


2. Não há uma fórmula para fazer um texto
dissertativo, mas exploraremos uma possi- f Uma síntese de minhas ideias até o pre-
bilidade nesta Situação de Aprendizagem. sente momento.
Acreditamos que este modelo poderá ser a f Que solução proponho para esse pro-
base para outras possibilidades criativas de blema do trabalho infantil?
construção do texto argumentativo. Pro- f Como essa solução se relaciona com a
ponha que, para cada pergunta a seguir, o realidade?
aluno faça uma frase. Observe se os parágrafos dos alunos efetivamente respon-
dem às questões propostas.
a) Primeiro parágrafo – introdução
1. No caderno, reescreva essas ora-
f Do que vai tratar esta redação? (Que te- ções em ordem direta, ou seja, respei-
se vai ser defendida?) tando a ordem sujeito–verbo–com-
f Por que este tema é importante? plementos ou predicativos do sujeito ou do
objeto, sem, entretanto, mudar seu sentido:
b) Segundo parágrafo – argumento mais
fraco a) Com razão, os homens desejam a paz.
Os homens desejam a paz com razão. Ou: Os homens dese-
f Qual o argumento menos convincente jam, com razão, a paz.
de que disponho?
f Como ele se relaciona com o tema e b) Viram as crianças, entusiasmadas, o fil-
com a tese? me.
f Existe algum modo de exemplificar esse As crianças viram o filme entusiasmadas.
argumento? Qual?
c) Às segundas, terças e sextas de manhã,
c) Terceiro parágrafo – argumento inter- estudo Língua Portuguesa.
mediário Estudo Língua Portuguesa às segundas, terças e sextas de manhã.

92
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

d) Viveu Ronaldo, durante toda sua vida, c) selecionou, relacionou, organizou e in-
experiências excepcionais. terpretou informações, fatos, opiniões e
Ronaldo viveu experiências excepcionais durante toda sua vida. argumentos em defesa de um ponto de
vista;
Produzindo a dissertação escolar
d) demonstrou conhecimentos dos meca-
1. Com o projeto de texto pronto e as ques- nismos linguísticos necessários para a
tões respondidas, é o momento de redigir construção da argumentação;
sua dissertação escolar, gênero textual mui-
to comum em vestibulares e outros exames e) elaborou proposta de solução para o
de acesso ao Ensino Superior, tais como o problema abordado, demonstrando res-
Enem. Seu texto deve atender aos seguintes peito aos valores humanos e conside-
critérios: rando a diversidade sociocultural.

f ser escrito na modalidade padrão da lín- 3. Após a elaboração do texto, considere os se-
gua portuguesa; guintes critérios para avaliar seu trabalho:
f não ser escrito em forma de poema (ver- (1) compreensão da proposta de redação; (2)
sos) ou narração; seleção e organização de informações, fatos
f ter, no mínimo, 15 (quinze) linhas escritas. e opiniões; (3) tese adequada e original; (4)
argumentos eficientes; (5) comprovação ade-
quada dos argumentos; (6) exemplos eficien-
Ao desenvolver o tema proposto, tes; (7) conclusão eficiente; (8) se a proposta
procure utilizar os conhecimentos de solução para o problema abordado res-
adquiridos e as reflexões feitas ao peita os valores humanos e considera a di-
longo de sua formação. Selecione, organize versidade sociocultural; (9) uso adequado da
e relacione argumentos, fatos e opiniões norma-padrão da língua portuguesa.
para defender seu ponto de vista e suas pro-
postas sem ferir os direitos humanos. 4. Depois de corrigido, o texto lhe será devol-
vido. Compare o ponto de vista do profes-
sor com o seu. Discuta em classe aspectos
2. Antes de entregar seu texto ao professor, da escrita em que todos os alunos devem
troque-o com um colega para obter contri- melhorar. Reescreva seu texto seguindo as
buições que possam melhorá-lo. orientações e devolva-o para a correção
final, com a primeira versão. Observe que
Entre os critérios utilizados para corrigir não se trata de escrever outro texto, mas de
seu texto, o professor verificará se você: aprimorar o que você já fez.
Professor, siga de perto os passos 1 a 4 sugeridos, garantindo
a) demonstrou domínio da norma-padrão assim uma oportunidade para seus alunos melhorarem como
da língua escrita; produtores de textos.

b) compreendeu a proposta de redação e Os alunos deverão responder às se-


aplicou conceitos das diferentes áreas do guintes questões no caderno:
conhecimento para desenvolver o tema,
dentro dos limites estruturais do texto 1. O que você mais gostou de estudar? Por
dissertativo-argumentativo; quê?

93
2. O que considerou desinteressante nesta Si- nós, neste volume, algumas habilidades se
tuação de Aprendizagem? Por quê? destacaram:

3. Explique com suas palavras o que é argu- f estabelecer relação entre a tese e os argu-
mentar. mentos apresentados para defendê-la ou
1 a 3. Professor, as questões que surgirem no momento da re- refutá-la;
visão das perguntas devem ser consideradas (especialmente f elaborar estratégias de produção de textos
o que se referir à argumentação) em seu planejamento para argumentativos;
o próximo volume. f inferir tese, tema ou assunto principal em
um texto;
Corrija as atividades e reserve uma aula do f relacionar informações sobre concepções
próximo volume para entregar os textos e co- artísticas e procedimentos de construção
mentar os resultados, destacando os pontos do texto literário com os contextos de pro-
fortes e identificando os pontos que precisam dução e circulação social da arte, para atri-
de maior atenção. buir significados de leituras críticas em di-
ferentes situações;
f utilizar conhecimentos formais para for-
Expectativas de aprendizagem e grade de mular hipóteses sobre o uso de determina-
avaliação das variantes da língua portuguesa presen-
tes em um texto;
Após terminar as Situações de Aprendizagem f compreender a literatura como sistema so-
de 5 a 8, podemos transformar o momento de cial que concretiza valores sociais e huma-
avaliação em uma oportunidade de compreen- nos atualizáveis e permanentes no patrimô-
der os acertos e problemas do processo de apren- nio literário nacional;
dizado da turma e de rever projetos e percursos. f elaborar estratégias de resolução de questões
Ainda há tempo para mudanças e para aprimo- de exames de acesso ao Ensino Superior.
rar estratégias que produziram bons resultados.
Para esse fim, precisamos estar atentos às dife- Essas habilidades constituem o alicerce da
rentes fontes de consulta de que dispomos: tan- avaliação que findará o volume. Nela, procura-
to as realizadas nas Situações de Aprendizagem remos compreender o desenvolvimento dos alu-
como as propostas nas avaliações. nos nessas habilidades identificadas como cen-
trais naquilo que elas representam de
Desejamos que nossos alunos e alunas se apropriação criativa e crítica da linguagem, tan-
desenvolvam como cidadãos autônomos no to no papel de enunciador como no de coenun-
que diz respeito à leitura e à escrita; que te- ciador. Compreendemos criatividade como al-
nham autonomia ao prestar exames de acesso go processual, assim como a leitura e a escrita.
ao Ensino Superior. Isso inclui considerar co- Processo que parte de um diálogo com a tradi-
mo a linguagem constrói algumas das rela- ção, seja para continuá-la, para romper com ela
ções próprias do campo do trabalho. Para ou para manter com ela alguma referência.

PROPOSTA DE QUESTÕES PARA APLICAÇÃO EM AVALIAÇÃO

O texto a seguir será a base das questões Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o
1 e 2. No romance Vidas secas, de Graciliano patrão para receber o salário. Eis parte da cena.

94
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

Não se conformou: devia haver engano. [...] Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se
descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que
era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra
fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 119. ed.


Rio de Janeiro: Record, 2012. p. 94.

1. No fragmento transcrito, um erro faz que Resposta esperada: há muitas possibilidades. Algumas de-
patrão e empregado se situem em posições las são: o interesse por temas nacionais, com a presença
opostas. O texto permite-nos notar que: do regionalismo nordestino (seca, migração, problemas do
trabalhador rural, miséria, ignorância); e a procura por uma
I. Fabiano não gostava de misturar trabalho linguagem mais brasileira.
com relacionamentos afetivos, por isso Habilidade de leitura/escrita: contextualizar histórica e so-
não queria entregar o que era dele de mão cialmente o texto literário. A exploração do ritmo da lingua-
beijada. gem relacionando a sintaxe da narrativa com a fluência dos
pensamentos de Fabiano.
II. o patrão termina a discussão ameaçando
Fabiano de demissão. 3. Observe: A gente sabe que tem gente que
escorrega na gramática.
III. Fabiano prefere calar-se a correr o risco
de ser demitido e ter de “procurar serviço Reescrevendo a frase em uma versão for-
noutra fazenda”. mal, encontramos:

Estão corretas: a) A gente sabemos que temos que escor-


regar na gramática.
a) apenas I e II.
b) Nós sabemos que temos que cometer er-
b) apenas II e III. ros de gramática.

c) apenas I e III. c) Nós sabemos que há pessoas que come-


tem erros de gramática.
d) todas.
d) A gente sabemos que existem pessoas
e) nenhuma. que escorregam gramaticalmente.
Habilidade de leitura/escrita: localizar informações relevantes
do texto para solucionar determinado problema apresentado. e) Nós sabemos que tem pessoas que co-
metem escorregões na gramática.
2. Identifique duas características próprias Habilidade de leitura/escrita: identificar o valor semântico de
do Modernismo brasileiro de 1930 no tre- diferentes elementos linguísticos na construção coesiva de
cho lido de Vidas secas. Exemplifique-as. um texto.

95
4. Das frases a seguir, qual serviria de tese d) O planeta Terra é formado principal-
para um texto dissertativo destinado à lei- mente de água.
tura por professores e alunos da 3a série do
Ensino Médio?: e) A felicidade.
Habilidade de leitura/escrita: elaborar estratégias de leitura e
a) O oxigênio é importante para a vida. produção de textos argumentativos.

b) A vida humana. 5. Milessa escreveu um bilhete para o seu


patrão, informando-o sobre os resulta-
c) Os homossexuais têm direito a cons- dos de uma importante transação co-
truir família. mercial:

O Dr. Ruy disse que se fechou-se o acordo comercial, portanto não pelo preço que agente espera-
va, lamentável mente.

Milessa

Reescreva o bilhete adequando os desvios esperávamos (ou a gente esperava ou nós esperávamos), la-
da norma-padrão à variedade formal dessa mentavelmente. Milessa”
norma na língua portuguesa. Habilidade de leitura/escrita: usar adequadamente a norma-
Resposta esperada: “Dr. Ruy disse que se fechou o acordo co- -padrão da língua portuguesa.
mercial, porém (ou mas ou contudo) não pelo preço que

PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO

Elaborar textos argumentativos, em espe- 4. Considera que deveriam ser explicados de


cial a dissertação escolar, foi um dos grandes novo porque não conseguiu entendê-los
núcleos em torno dos quais giraram nossos bem?
trabalhos neste volume.
Use as respostas para elaborar estratégias
Utilize, como ponto de partida, o questio- de recuperação imediata de acordo com as ne-
nário a seguir, associado aos quadros de conteú- cessidades específicas da turma.
dos e habilidades propostos.
Se forem dificuldades individuais, além
Durante este volume, que conteúdos: de ficar atento aos alunos que necessitam de
apoio, sugira a formação de grupos de estu-
1. Gostou de estudar? Por quê? do. Uma boa estratégia é orientar a forma-
ção de grupos de estudo com alunos que
2. Considerou desinteressantes? Por quê? ainda têm dificuldades e alunos que afirmam
que poderiam explicar os conteúdos do vo-
3. Compreendeu tão bem que poderia expli- lume para os colegas. A interação entre pa-
cá-los para um colega sem dificuldades? res é ótimo instrumento para a construção

96
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

de aprendizagens. Todos ganham: quem pre- o texto ali planejado, depois de fazer as devi-
cisa de apoio cresce e quem dá o apoio das correções nesse projeto.
aprende mais.
Se, por outro lado, o aluno ainda apresenta
Se um grande número de alunos apresentar dificuldades de compreensão do texto moder-
dificuldades em certos conteúdos, retome-os nista, em particular de Vidas secas, peça que es-
usando novas estratégias. Seguem algumas su- colha um capítulo da obra e identifique nele as
gestões. características desse período da nossa literatura.

Caso verifique que um aluno não conseguiu Em qualquer um dos casos, verifique se os
incorporar devidamente as habilidades propos- alunos dispõem, no caderno, das anotações
tas no que diz respeito a estabelecer relações necessárias para fazer as pesquisas. Peça que
entre a tese e os argumentos apresentados, su- identifiquem, nos apontamentos, quais as reais
gerimos que devolva a ele o projeto de texto dificuldades que encontraram e que as estu-
feito na Situação de Aprendizagem 8, junto dem com atenção. Durante esse processo, fi-
com a redação desenvolvida (acompanhada que à disposição para o esclarecimento de dú-
das anotações que você fez), e peça que escreva vidas e dificuldades.

RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR


E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA

Se for conveniente, o professor pode usar Livros


os seguintes recursos para aprofundar o as-
sunto da aula. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura
brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
Filme Importante manual de História da Literatura
para consulta do professor.
Vidas secas
Direção: Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 1963. CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão.
103 min. São Paulo: Ática, 1988.
Excelente adaptação do livro clássico, com O autor sugere linhas de reflexão sobre as rela-
algumas diferenças em relação ao texto ori- ções existentes entre a linguagem e a persuasão.
ginal. Exiba o filme na sua totalidade ou em
partes, após a leitura do livro pelos alunos e _______. O texto argumentativo. São Paulo:
antes da avaliação final. Scipione, 1994.
Texto que apresenta a linguagem como uma
Livro didático realizadora de intenções e meio pelo qual se
constroem teses, assumem pontos de vista e
É importante também valorizar o livro di- superam preconceitos.
dático. Assim, ao iniciar a discussão de cada
tema proposto, indique aos alunos as páginas GUIMARÃES, Elisa. A articulação do texto.
do livro que ampliam o assunto. São Paulo: Ática, 1995.

97
O livro promove a reflexão sobre a articula- Museu de Arte Contemporânea de São Paulo
ção do texto, em especial os procedimentos Disponível em: <http://www.mac.usp.br>.
linguísticos e discursivos que fundamentam a Acesso em: 30 maio 2013.
estabilidade textual.
ONG Repórter Brasil
KOCH, Ingedore G. V. Desvendando os segre- Disponível em: <http://www.reporterbrasil.
dos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. org.br>. Acesso em: 30 maio 2013.
A autora apresenta importantes questões pró-
prias da linguística textual, que fornecem fun- Organização Internacional do Trabalho
damentação teórica para a construção textual Disponível em: <http://www.oitbrasil.org.
dos sentidos. br>. Acesso em: 30 maio 2013.

Sites Site de apoio aos professores


Disponível em: <http://www.brasilescola.
Biblioteca Virtual com/literatura>. Acesso em: 30 maio 2013.
Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.
usp.br>. Acesso em: 30 maio 2013. Televisão Estatal do Brasil
Disponível em: <http://www.tvbrasil.ebc.com.
br>. Acesso em: 30 maio 2013.

98
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

QUADRO DE CONTEÚDOS DO ENSINO MÉDIO


1a série 2a série 3a série
Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem

As diferentes mídias A linguagem e a crítica de valores sociais A literatura e a construção da modernidade


A língua e a constituição psicossocial do A palavra e o tempo: texto e contexto social e do modernismo
indivíduo Como fazer para gostar de ler literatura? Linguagem e o desenvolvimento do olhar
A língua portuguesa na escola: o gênero O estatuto do escritor na sociedade crítico
textual no cotidiano escolar Os sistemas de arte e de entretenimento A crítica de valores sociais no texto literário
A literatura na sociedade atual O século XIX e a poesia Adequação linguística e ambiente de
Lusofonia e história da língua portuguesa Literatura e seu estatuto trabalho
A exposição artística e o uso da palavra O escritor no contexto social-político- A língua portuguesa e o mundo do trabalho
Comunicação e relações sociais -econômico do século XIX
Discurso e valores pessoais e sociais O indivíduo e os pontos de vista e valores Leitura e expressão escrita
Literatura e Arte como instituições sociais sociais
Variedade linguística: preconceito Romantismo e Ultrarromantismo Estratégias de pré-leitura
linguístico Valores e atitudes culturais no texto r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP
literário do texto e antecipação de sentidos a partir
Leitura e expressão escrita de diferentes indícios
Leitura e expressão escrita Estruturação da atividade escrita
Estratégias de pré-leitura r1MBOFKBNFOUP
r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP Estratégias de pré-leitura r$POTUSVÉÈPEPUFYUP
do texto e antecipação de sentidos a partir r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP r3FWJTÈP
de diferentes indícios do texto e antecipação de sentidos a partir Textos prescritivos (foco: escrita)
Estruturação da atividade escrita de diferentes indícios r1SPKFUPEFUFYUP
r1SPKFUPEFUFYUP Estruturação da atividade escrita Texto narrativo (foco: leitura e escrita)
r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r1SPKFUPEFUFYUP r"OBSSBUJWBNPEFSOB
r3FWJTÈP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r$BSUVNPV)2
Textos prescritivos (foco: escrita) r3FWJTÈP Texto lírico (foco: leitura)
Projeto de atividade midiática (reportagem Texto narrativo (foco: leitura) r"MÎSJDBNPEFSOB
fotográfica, propaganda, documentário em r5FYUPTFNQSPTBSPNBODF Texto argumentativo (foco: leitura e escrita)
vídeo, entre outros) r$PNÊEJB r3FTFOIBDSÎUJDB
Texto lírico (foco: leitura) Textos prescritivos (foco: escrita) Argumentação, crítica e mídia impressa
Poema: diferenças entre verso e prosa r1SPKFUPEFUFYUP Intencionalidade comunicativa
Texto narrativo (foco: leitura) Texto lírico (foco: leitura) Texto narrativo (foco: leitura)
Conto tradicional Poema: visão temática r3PNBODFEFUFTF
Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) Texto lírico (foco: leitura)
Volume 1

Texto argumentativo (foco: escrita)


r0QJOJ×FTQFTTPBJT r"SUJHPEFPQJOJÈP r1PFTJBFDSÎUJDBTPDJBM
Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r"OÙODJPQVCMJDJUÃSJP Texto argumentativo (foco: escrita)
r5PNBEBEFOPUBT Argumentação, expressão de opiniões e r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS
r3FTVNPEFUFYUPBVEJPWJTVBM OPWFMB mídia impressa Mundo do trabalho e mídia impressa
televisiva, filme, documentário, entre Intencionalidade comunicativa Intencionalidade comunicativa
outros) Estratégias de pós-leitura Estratégias de pós-leitura
r-FHFOEB r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP
Relato (foco: leitura e escrita) das habilidades desenvolvidas em novos das habilidades desenvolvidas em novos
r/PUÎDJB contextos de leitura contextos de leitura
Informação, exposição de ideias e mídia Texto prescritivo (foco: escrita)
impressa r1SPKFUPEFUFYUP Funcionamento da língua
Intencionalidade comunicativa Texto narrativo (foco: leitura e escrita)
r1SPKFUPEFBUJWJEBEFFYUSBDVSSJDVMBS r3PNBODF A língua portuguesa e os exames de acesso
Texto narrativo (foco: leitura) r$POUPGBOUÃTUJDP ao Ensino Superior
r$SÔOJDB Texto lírico (foco: leitura) Aspectos formais do uso da língua:
Texto teatral (foco: leitura) r1PFNBBEFOÙODJBTPDJBM ortografia e concordância
Diferenças entre texto teatral e texto Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) Aspectos linguísticos específicos da
espetacular r"SUJHPEFPQJOJÈP construção do gênero: uso do numeral
r'ÃCVMB Argumentação, expressão de opiniões e Categorias da narrativa: personagem,
Texto lírico (foco: leitura) mídia impressa espaço e enredo
r1PFNB Intencionalidade comunicativa Construção da textualidade
Texto expositivo (foco: leitura e escrita) Estratégias de pós-leitura Identificação das palavras e ideias-chave
r'PMIFUP r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP em um texto
r3FTVNP das habilidades desenvolvidas em novos Intertextualidade: interdiscursiva,
O texto literário e a mídia impressa contextos de leitura intergenérica, referencial e temática
Intencionalidade comunicativa Linguagem e adequação vocabular
Estratégias de pós-leitura Valor expressivo do vocativo
r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP O problema do eco em textos escritos
das habilidades desenvolvidas em novos Resolução de problemas de oralidade na
contextos de leitura produção do texto escrito
Adequação linguística e trabalho
Análise estilística: nível sintático
Conhecimentos linguísticos e de gênero textual
Construção da textualidade
Construção linguística da superfície textual:
paralelismos, coordenação e subordinação
Estrutura sintática e construção da tese
Intertextualidade: interdiscursiva,
intergenérica, referencial e temática

99
1a série 2a série 3a série
Funcionamento da língua Funcionamento da língua Lexicografia: dicionário, glossário,
enciclopédia
Análise estilística: verbo, adjetivo e Análise estilística: conectivos
substantivo Aspectos linguísticos específicos da Compreensão e discussão oral
Aspectos linguísticos específicos da construção da textualidade
construção do gênero Construção linguística da superfície textual: A oralidade nos textos escritos
Construção da textualidade uso de conectores Discussão de pontos de vista em textos
Identificação das palavras, sinonímia e Coordenação e subordinação literários
ideias-chave em um texto Formação do gênero A importância da tomada de turno
Intertextualidade: interdiscursiva, Intertextualidade: interdiscursiva, Expressão de opiniões pessoais
intergenética, referencial e temática intergenérica, referencial e temática Identificação de estruturas e funções
Lexicografia: dicionário, glossário, Lexicografia: dicionário, glossário,
enciclopédia enciclopédia
Visão crítica do estudo da gramática Períodos simples e composto
O conceito de gênero textual Valor expressivo do período simples
r"OÃMJTFFTUJMÎTUJDBBEWÊSCJPFNFUPOÎNJB
Volume 1

Polissemia
r"TQFDUPTMJOHVÎTUJDPTFTQFDÎàDPTEB
Compreensão e discussão oral construção do gênero
r$PFTÈPFDPFSËODJBDPNWJTUBTÆ
A oralidade nos textos escritos construção da textualidade
Discussão de pontos de vista: Literatura Identificação das palavras e ideias-chave
e Arte em um texto
Expressão oral e tomada de turno Interação entre elementos literários e
Expressão de opiniões pessoais linguísticos
Situação comunicativa: contexto e Processos interpretativos inferenciais:
interlocutores metáfora

Compreensão e discussão oral

Discussão de pontos de vista em textos


criativos (publicitários)
Concatenação de ideias
Discussão de pontos de vista em textos
opinativos
Expressão de opiniões pessoais

Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem

A literatura como sistema intersemiótico Ética, sexualidade e linguagem África e Brasil: relações hipersistêmicas
O eu e o outro: a construção do diálogo e Literatura e seu estatuto (cultura, língua e sociedade)
do conhecimento O escritor no contexto social-político- Diversidade e linguagem
A construção do caráter dos enunciadores -econômico do século XIX Trabalho, linguagem e realidade brasileira
A palavra: profissões e campo de trabalho As propostas pós-românticas e a literatura Literatura modernista e tendências do Pós-
O texto literário e o tempo realista e naturalista -modernismo
Literatura e realidade social Linguagem e projeto de vida
Leitura e expressão escrita Comunicação, sociedade e poder
Ruptura e diálogo entre linguagem e
Estratégias de pré-leitura tradição Leitura e expressão escrita
r$POIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSPEPUFYUP
e a antecipação de sentidos a partir de Leitura e expressão escrita Estratégias de pré-leitura
diferentes indícios r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP
Estruturação da atividade escrita Estratégias de pré-leitura do texto e antecipação de sentidos a partir
Volume 2

r1SPKFUPEFUFYUP r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP de diferentes indícios


r$POTUSVÉÈPEPUFYUP do texto e antecipação de sentidos a partir Estruturação da atividade escrita
r3FWJTÈP de diferentes indícios r1MBOFKBNFOUP
Texto prescritivo (foco: escrita) Estruturação da atividade escrita r$POTUSVÉÈPEPUFYUP
r1SPKFUPEFUFYUP r1MBOFKBNFOUP r3FWJTÈP
Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r5FYUPQSFTDSJUJWP GPDPFTDSJUB

r&TUSVUVSBUJQPMÓHJDB r3FWJTÈP r1SPKFUPEFUFYUP


Texto expositivo (foco: leitura e escrita) Texto prescritivo (foco: escrita) Texto argumentativo (foco: escrita)
r'ÔMEFS r1SPKFUPEFUFYUP r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS
r&OUSFWJTUB Texto expositivo (foco: leitura e escrita) Texto literário narrativo e lírico (foco:
Texto lírico (foco: leitura) r3FQPSUBHFN leitura e escrita)
r0QPFNBFPDPOUFYUPIJTUÓSJDP r$PSSFTQPOEËODJB r"OÃMJTFDSÎUJDBEFUFYUPMJUFSÃSJP
Texto narrativo (foco: leitura) Texto narrativo (foco: leitura) r"QSPTB BQPFTJB BQBSÓEJB B
r0DPOUP r0TÎNCPMPFBNPSBM modernidade e o mundo atual
r$PNÊEJBFUSBHÊEJB TFNFMIBOÉBTF Texto lírico (foco: leitura) Texto prescritivo (foco: leitura e escrita)
diferenças) r0TÎNCPMPFBNPSBM r&YBNFTEFBDFTTPBP&OTJOP4VQFSJPSPV
As entrevistas e a mídia impressa r1PFNBBSVQUVSBFPEJÃMPHPDPNB de seleção profissional
Relações entre literatura e outras expressões tradição Mundo do trabalho e mídia impressa
da Arte Relato (foco: escrita)
Intencionalidade comunicativa r&OTBJPPVQFSàMCJPHSÃàDP
Estratégias de pós-leitura

100
Língua Portuguesa e Literatura – 3ª série – Volume 1

1a série 2a série 3a série


r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP A expressão de ideias e conhecimentos e a Compreensão e discussão oral
das habilidades desenvolvidas em novos mídia impressa
contextos de leitura. Intencionalidade comunicativa A oralidade nos textos escritos
r1SPTBMJUFSÃSJBDPNQBSBÉÈPFOUSF Estratégias de pós-leitura Discussão de pontos de vista em textos
diferentes gêneros de ficção r5FYUPMJUFSÃSJP GPDPMFJUVSB
literários
r$PSEFM r$POUPBSVQUVSBDPNBUSBEJÉÈP A importância da tomada de turno
r&QPQFJB r1PFNBTVCKFUJWJEBEFFPCKFUJWJEBEF Expressão de opiniões pessoais
Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) Texto expositivo (foco: leitura e escrita) Identificação de estruturas e funções
Ethos e produção escrita r&OUSFWJTUB Intencionalidade comunicativa
A opinião crítica e a mídia impressa Relato (foco: leitura e escrita) Texto literário (foco: leitura e escrita)
Estratégias de pós-leitura r3FQPSUBHFN r"OÃMJTFDSÎUJDB
r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP Texto informativo (foco: leitura e escrita) Texto argumentativo (foco: escrita)
das habilidades desenvolvidas em novos r'ÔMEFSPVQSPTQFDUP r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS
contextos de leitura A expressão de opiniões pela instituição Texto prescritivo (foco: leitura e escrita)
Intencionalidade comunicativa jornalística r&YBNFTEFBDFTTPBP&OTJOP4VQFSJPSPV
Intencionalidade comunicativa de seleção profissional
Funcionamento da língua Estratégias de pós-leitura Texto expositivo (foco: oral e escrita)
r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP r%JTDVSTP
Análise estilística: verbo, adjetivo, das habilidades desenvolvidas em novos Intencionalidade comunicativa
substantivo contextos de leitura Estratégias de pós-leitura
Aspectos linguísticos específicos da r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP
construção do gênero Funcionamento da língua das habilidades desenvolvidas em novos
Volume 2

Construção da textualidade contextos de leitura


Construção linguística da superfície textual: A sequencialização dos parágrafos
coesão Análise estilística: preposição Funcionamento da língua
Identificação das palavras, sinonímia e Aspectos linguísticos específicos da
ideias-chave em um texto construção do gênero Conhecimentos linguísticos e de gênero
Intertextualidade: interdiscursiva, Coesão e coerência com vistas à construção textual
intergenérica, referencial e temática da textualidade Construção da textualidade
Intersemioticidade Intertextualidade: interdiscursiva, Construção linguística da superfície
Análise estilística: pronomes, artigos e intergenérica, referencial e temática textual: reformulação, paráfrase e
numerais Lexicografia: dicionário, glossário, estilização
Conhecimentos linguísticos e de gênero enciclopédia Intertextualidade: interdiscursiva,
textual Análise estilística: orações coordenadas e intergenérica, referencial e temática
Lexicografia: dicionário, glossário, subordinadas Lexicografia: dicionário, glossário,
enciclopédia A sequencialização dos parágrafos enciclopédia
Relações entre os estudos de literatura e Conhecimentos linguísticos e de gênero O clichê e o chavão
linguagem textual
Compreensão e discussão oral
Compreensão e discussão oral Compreensão e discussão oral
Expressão de opiniões pessoais
Discussão de pontos de vista em textos Concatenação de ideias Estratégias de fala e escuta
literários Intencionalidade comunicativa Hetero e autoavaliação
Expressão de opiniões pessoais Discussão de pontos de vista em textos Conhecimentos da linguagem
Estratégias de escuta opinativos Revisão dos principais conteúdos
Hetero e autoavaliação Hetero e autoavaliação
Estratégias de escuta

101
CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares
NOVA EDIÇÃO 2014-2017 Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda
Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus. Meira de Aguiar Gomes.
COORDENADORIA DE GESTÃO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Área de Ciências Humanas Área de Ciências da Natureza
Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro
Coordenadora
Teônia de Abreu Ferreira.
Maria Elizabete da Costa Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende
Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara
Diretor do Departamento de Desenvolvimento Santana da Silva Alves.
Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati.
Curricular de Gestão da Educação Básica
João Freitas da Silva História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio
Margarete dos Santos e Walter Nicolas Otheguy de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline
Diretora do Centro de Ensino Fundamental Fernandez. de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto
dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação
Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson
Profissional – CEFAF Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de
Luís Prati.
Valéria Tarantello de Georgel Almeida e Tony Shigueki Nakatani.

Coordenadora Geral do Programa São Paulo PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula
faz escola PEDAGÓGICO Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno,
Valéria Tarantello de Georgel Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes
Área de Linguagens
M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio
Coordenação Técnica Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine
Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael
Roberto Canossa Budisk de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel
Plana Simões e Rui Buosi.
Roberto Liberato Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes
Suely Cristina de Albuquerque BomÅm e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali
Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila
Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da
EQUIPES CURRICULARES Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S.
Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes,
Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura
Área de Linguagens Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves
C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko
Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz.
S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M.
Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus.
Ventrela. Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva,
Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Área de Ciências Humanas
Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria
Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson
Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt,
dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio
Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto
Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal.
Silveira.
dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos,
Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio
Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza,
de Souza Bispo, Marina Tsunokawa Shimabukuro, Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez,
Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos,
Nogueira. Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de
José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório,
Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria
Campos e Silmara Santade Masiero. Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato
Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos
e Sonia Maria M. Romano.
Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene
Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves
Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M. História: Aparecida de Fátima dos Santos
Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves.
de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete
Área de Matemática Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina
Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso
Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana
Yamanaka, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de
Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo,
Aparecido Cornatione. Sílvia Regina Peres. Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria
Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas.
Área de Ciências da Natureza Área de Matemática
Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves,
Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e
Rodrigo Ponce. Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Tânia Fetchir.
Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima,
Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Apoio:
Maria da Graça de Jesus Mendes. Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Fundação para o Desenvolvimento da Educação
Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, - FDE
Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina
Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, CTP, Impressão e acabamento
Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Log  Print GráÅca e Logística S. A.
GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís
EDITORIAL 2014-2017 CONTEÚDOS ORIGINAIS Martins e Renê José Trentin Silveira.

COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu


FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e
CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS Sérgio Adas.
Presidente da Diretoria Executiva CADERNOS DOS ALUNOS
Antonio Rafael Namur Muscat Ghisleine Trigo Silveira História: Paulo Miceli, Diego López Silva,
Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e
CONCEPÇÃO
Vice-presidente da Diretoria Executiva Raquel dos Santos Funari.
Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo,
Alberto Wunderler Ramos Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza
coordenadora! e Ruy Berger em memória!.
Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe,
GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS
Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina
À EDUCAÇÃO AUTORES
Schrijnemaekers.

Direção da Área Linguagens


Coordenador de área: Alice Vieira. Ciências da Natureza
Guilherme Ary Plonski
Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes.
Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo
Coordenação Executiva do Projeto
Makino e Sayonara Pereira. Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene
Angela Sprenger e Beatriz Scavazza
Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta
Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana,
Gestão Editorial
Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso
Denise Blanes
Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo.
Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira.
Equipe de Produção
Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite,
LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto,
Editorial: Amarilis L. Maciel, Angélica dos Santos
Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida
Angelo, Bóris Fatigati da Silva, Bruno Reis, Carina
Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria
Carvalho, Carla Fernanda Nascimento, Carolina Fidalgo. Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo
H. Mestriner, Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão,
Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro,
Eloiza Lopes, Érika Domingues do Nascimento, LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel
Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão,
Flávia Medeiros, Gisele Manoel, Jean Xavier, Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues
Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume.
Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Leandro Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia
Calbente Câmara, Leslie Sandes, Mainã Greeb González.
Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol,
Vicente, Marina Murphy, Michelangelo Russo, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo
Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet
Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Paula de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti,
Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar,
Felix Palma, Priscila Risso, Regiane Monteiro Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell
José Luís Marques López Landeira e João
Pimentel Barboza, Rodolfo Marinho, Stella Roger da PuriÅcação Siqueira, Sonia Salem e
Henrique Nogueira Mateos.
Assumpção Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e Yassuko Hosoume.
Tiago Jonas de Almeida. Matemática
Coordenador de área: Nílson José Machado. Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse
Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca Matemática: Nílson José Machado, Carlos Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe
Micsik, Érica Marques, José Carlos Augusto, Juliana Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa
Prado da Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda
Acunzo Forli, Maria Magalhães de Alencastro e Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião.
Vanessa Leite Rios. Walter Spinelli.
Caderno do Gestor
Edição e Produção editorial: Jairo Souza Design Ciências Humanas Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de
GráÅco e Occy Design projeto gráÅco!. Coordenador de área: Paulo Miceli. Felice Murrie.

Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas

* Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são S2+1m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação.
indicados sites para o aprofundamento de conhecimen-
tos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; língua portuguesa,
e como referências bibliográficas. Todos esses endereços ensino médio, 3a série / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Débora Mallet
eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, João Henrique Nogueira Mateos, José Luís Marques López
um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Landeira. - São Paulo: SE, 2014.
Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites
indicados permaneçam acessíveis ou inalterados. v. 1, 104 p.

Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino
* Os mapas reproduzidos no material são de autoria de
Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB.
terceiros e mantêm as características dos originais, no que
diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos ISBN 978-85-7849-550-3
elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos).
1. Ensino médio 2. Língua portuguesa 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Angelo, Débora
* Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no Mallet Pezarim de. III. Aguiar, Eliane Aparecida de. IV. Mateos, João Henrique Nogueira. V. Landeira, José
Caderno do Professor para apoiar na identificação das Luís Marques López. VI. Título.
atividades. CDU: 371.3:806.90
Validade: 2014 – 2017

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