Georreferenciamento
Georreferenciamento
Georreferenciamento
1 – INTRODUÇÃO
As geotecnologias podem ser entendidas como as novas tecnologias ligadas às geociências e correlatas,
as quais trazem avanços significativos no desenvolvimento de pesquisas, em ações de planejamento, em
processos de gestão, manejo e em tantos outros aspectos relacionados à estrutura do espaço geográfico.
Pesquisa*: conjunto de atividades e procedimentos realizados para a descoberta de novos conhecimentos
científicos, realizados segundo diretrizes metodológicas providas de embasamento cientifico, visando à
produção de resultados que possam ser considerados como confiáveis e passíveis de serem reproduzidos.
Conhecimento: produto resultante do processo de aprendizagem gerado a partir de ideias, teorias e
conceitos concebidos pela sociedade. O conhecimento se daria pela fé (religião/mito), razão (filosofia),
pesquisa (ciência), cultura (senso comum) e criatividade (arte).
Ciência*: conjunto de conhecimentos teóricos, práticos ou técnicos organizados e sistematizados
resultantes de observação, pesquisa e análise de determinados fenômenos e fatos que compõem a
realidade.
Técnica: conjunto de procedimentos que fazem uso de um determinado método na busca de um resultado
específico.
Epistemologia*: estudo dos princípios, das hipóteses e do conhecimento gerado pelas diversas ciências,
com o objetivo de determinar a sua origem lógica, o seu valor e seus objetivos.
Paradigma*: padrão de postura tomado como modelo a ser seguido.
Método: caminho ou encadeamento de procedimentos adotadas para a obtenção do conhecimento
científico.
Metodologia: conjunto de diretrizes estabelecidas que conduzem a realização de uma pesquisa.
Princípios: proposições imutáveis que servem de base para o desenvolvimento de uma teoria geradora de
conhecimento.
Hipótese: conjunto das proposições que espera-se que sejam verificadas ao final de uma pesquisa.
Dados*: registros de informações resultantes de uma investigação que podem ser utilizados em meio
computacional.
Informação*: conjunto de registros e dados interpretados e dotados de significado lógico.
Sistema*: conjunto integrado de elementos interdependentes, estruturado de tal forma que estes possam
relacionar-se para a execução de determinada função.
Sistema de informação*: sistema utilizado para coletar, armazenar, recuperar, transformar e visualizar
dados e informações a ele vinculados.
CAP. 2 – GEOGRAFIA TECNOLÓGICA
CIG: Ciência da Informação Geográfica, uma possível revolução no conhecimento geográfico a partir do
uso de SIGs (Dobson, 1993, 2004).
Numa primeira abordagem, Goodchild cita Clarke (1994), que apresenta essa ciência como “a disciplina
que usa sistemas de informações geográficas como ferramenta para entender o mundo”. Em outra de suas
interpretações, coloca a ciência como um “deposito de conhecimentos que são implementados nos SIGs e
que tornam os SIGs possíveis”. Numa terceira perspectiva, o autor apresenta que a CIG “desenvolve, nos
resultados acumulados de muitos séculos de investigações, interesses em como descrever, mensurar e
representar a superfície da Terra”.
Bosque Sendra (1999) segue nessa direção citando que “a análise geográfica, fundamento da CIG e dos
SIGs, tem boa parte de sua origem em trabalhos de geógrafos”.
Nova Proposta Paradigmática
SIG e Geoprocessamento
Será utilizada a sigla SIG para designar Sistema de Informações Geográficas. Tal opção deve-se ao fato
de tratar-se de um sistema computacional que trabalha um número infinito de informações de cunho
geográfico.
O desenvolvimento dos SIGs deve-se, entre outros fatores, à evolução do computador (hardware) e de
programas específicos (software) que conseguem resolver os problemas de quantificação de maneira mais
rápida e eficaz que outrora.
Nessas condições, além de necessidade de uso do meio computacional, faz-se necessária a existência de
uma base de dados georreferenciados, que são os dados que estão associados a um sistema de coordenadas
conhecido, ou seja, vinculam-se a pontos reais dispostos no terreno, caracterizados, em geral, pelas suas
coordenadas de latitude e longitude.
Pode-se, então, definir SIG como um sistema constituído por um conjunto de programas computacionais,
o qual integra dados, equipamentos e pessoas com o objetivo de coletar, armazenar, recuperar, manipular,
visualizar e analisar dados espacialmente referenciados a um sistema de coordenadas conhecido.
Pode-se considerar o geoprocessamento como uma tecnologia, ou mesmo um conjunto de tecnologias,
que possibilita a manipulação, a análise, a simulação de modelagens e a visualização de dados
georreferenciados. Trata-se, portanto, de uma técnica agregada ou não ao uso de um SIG.
Aplicações de um SIG
Em geral, os produtos gerados por um SIG vinculam-se ao espaço físico, podendo, entretanto, trabalhar
fenômenos climáticos, humanos, sociais e econômicos, entre outros. A partir desses espaços devidamente
“mapeados” e trabalhados pelo SIG, pode-se conhecer melhor uma região, possibilitando, assim, o
fornecimento de subsídios para uma futura tomada de decisões.
Ações vinculadas ao planejamento, à gestão, ao monitoramento, ao manejo, à caracterização de espaços
urbanos ou rurais certamente serão melhor trabalhadas com o auxílio de um SIG. Num município qualquer,
pode-se extrair, como exemplo, as seguintes aplicações em termos de planejamento urbano:
Mapeamento atualizado do município;
Zoneamentos diversos (ambiental, socioeconômico, turístico e etc.);
Monitoramento de áreas de risco e de proteção ambiental;
Estruturação de redes de energia, água e esgoto;
Adequação tarifária de impostos;
Estudos e modelagens de expansão urbana;
Controle de ocupações e construções irregulares;
Estabelecimento e/ou adequação de modais de transporte e etc.
Deve-se destacar, entretanto, a necessária existência de mapas atualizados e de dados
georreferenciados na prefeitura do município em questão. Um SIG desvinculado de um banco de dados
consistente pouco ou nada tende a produzir de eficiente.
Outra aplicação bastante prática dos SIGs, mais especificamente vinculada a o geoprocessamento, diz
respeito à realização de análises de cunho espacial por meio de mapas temáticos diversos. Uma das
técnicas trabalha a sobreposição.
Geografia Tecnológica ou Ciência da Geoinformação?
A constituição de uma Ciência da Informação Geográfica, ou, como preferimos denominar, Ciência da
Geoinformação, ficaria caracterizada pela aglutinação dos conhecimentos inerentes à confecção de SIGs
e às suas utilizações práticas.
A “geomática, enquanto tecnologia de informação, é multifacetada”, tratando-se “da área tecnológica que
visa à aquisição, ao armazenamento, a análise, a disseminação e o gerenciamento de dados espaciais”
(Ministério da Educação, 2000, p. 9).
Cabe introduzir Matos (2001), que aponta a geomática como uma nova designação para a evolução
experimentada pela cartografia, vinculada a uma ciência de construção de modelos descritivos da realidade
com ênfase na sua caracterização espacial, com uma vertente computacional bastante destacada.
Em se tratando de terminologia, a geomática será entendida como técnica, e não como ciência.
CAP. 3 – BASES CATOGRÁFICAS
As observações realizadas levaram, portanto, à ideia de que a forma do Planeta não seria a de uma esfera
perfeita, pois ocorre um “achatamento” nos seus pólos. Assim, sua forma estaria próxima a de um
elipsoide, figura matemática cuja superfície é gerada pela rotação de uma elipse em torno de um de seus
eixos.
Outro termo bastante utilizado para definir a forma do Planeta, o geoide, pode ser conceituado como uma
superfície coincidente com o nível médio e inalterado dos mares e gerada por um conjunto infinito de
pontos, cuja medida do potencial do campo gravitacional da Terra é constante e com direção exatamente
perpendicular a esta. O geoide seria, assim, a superfície que representaria da melhor forma a superfície
real do planeta.
Entretanto, as dificuldades no uso do geoide como superfície representativa da Terra conduziram à
utilização do elipsoide de revolução, dada suas propriedades, como figura utilizada pela Geodésia para
seus trabalhos.
Outros conceitos que merecem destaque são o de meridiano, ou seja, cada um dos círculos máximos que
cortam a Terra em duas partes iguais, passam pelos polos Norte e Sul e cruzam-se entre si nesses pontos;
e o de paralelo, que representaria cada círculo que corta a Terra perpendicularmente em relação aos
meridianos. O cruzamento de um paralelo com um meridiano representa, consequentemente, um ponto de
coordenadas (λ, φ) específicas.
A localização precisa de pontos sobre a superfície da Terra se dá, portanto, com a utilização de um sistema
de coordenadas. Este possibilita, por meio de valores angulares (coordenadas esféricas) ou lineares
(coordenadas planas), o posicionamento preciso de um ponto em um sistema de referência.
A prática com SIGs define a utilização de diversos sistemas de coordenadas, dois dos mais utilizados são:
o Sistema de Coordenadas Geográficas, baseado em coordenadas geodésicas, e o Sistema UTM, baseado
em coordenadas plano-retangulares.
Sistema de Coordenadas Geográficas
A forma mais utilizada para a representação de coordenadas em um mapa se dá pela aplicação de um
sistema sexagesimal denominado Sistema de Coordenadas Geográficas. Os valores dos pontos localizados
na superfície terrestre são expressos por suas coordenadas geográficas, latitude e longitude, contendo
unidades de medida angular, ou seja, graus (º), minutos (’) e segundos (”).
As Coordenadas Geográficas localizam, de forma direta, qualquer ponto sobre a superfície terrestre. O
valor da coordenada deve vir acompanhado da indicação do hemisfério correspondente: N ou S para a
coordenada norte ou sul (latitude), e E (do inglês East) ou W (do inglês West) para a coordenada leste ou
oeste (longitude), respectivamente, podendo-se utilizar L e O para leste e oeste. Foi convencionada,
também, a utilização dos sinais + ou – para a indicação das coordenadas N e E (sinal positivo) e S e W
(sinal negativo). Assim, quando o ponto estiver localizado ao sul do equador, a leitura da latitude será
negativa, e, ao norte, positiva. Da mesma forma, quando o ponto estiver situado a oeste de Greenwich, a
longitude terá valor negativo, e a leste, valor positivo.
Sistema Universal Transversal de Mercator (UTM)
O sistema UTM é, talvez, o mais empregado em trabalhos que envolvam SIGs. Suas facilidades dizem
respeito à adoção de uma projeção cartográfica que trabalha com paralelos retos e meridianos retos
equidistantes. Essa projeção, concebida por Gerhard Kremer, conhecido como Mercator, publicada em
1569, originou tal sistema.
Além de apresentar o sistema de coordenadas geográficas, o sistema UTM caracteriza-se por adotar
coordenadas métricas planas ou plano-retangulares. Tais coordenadas possuem especificidades que
aparecem nas margens das cartas, acompanhando uma rede de quadrículas planas.
A origem do sistema é estabelecida pelo cruzamento do equador com um meridiano padrão específico,
denominado Meridiano Central (MC). As coordenadas lidas a partir do eixo N (norte-sul) de referência,
localizado sobre o equador terrestre, vão se reduzindo no sentido sul do eixo. As coordenadas do eixo E
(leste-oeste), contadas a partir do MC de referência, possuem valores crescentes no sentido leste e
decrescentes no sentido oeste.
Coordenadas Obtidas em Trabalhos de Campo
Levantamentos Topográficos
Os levantamentos topográficos são próprios para gerar cartas topográficas de escalas maiores do que
1:5.000, sendo exageradamente minuciosos, entretanto, para mapear grandes áreas (em escalas pequenas).
Sistemas de Posicionamento por Satélite
Os sistemas em operação utilizados para esse fim – Global Position System (GPS), Global Navigation
Satellite System (Glonass) e Galileo – são baseados no recebimento de dados em terra via satélite. Dada a
crescente evolução de tais sistemas, verifica-se que estes, aos poucos, tendem a substituir, em boa parte
dos casos, os levantamentos tradicionais topográficos.
Sistema de Posicionamento Global (GPS)
O sistema de posicionamento por satélite mais utilizado atualmente no Brasil, o GPS, foi concebido nos
EUA com fins militares. Entretanto, por causa da crescente demanda, acabou se disseminando pelo mundo,
constituindo-se, atualmente, como uma ferramenta de enorme utilidade para os mais diversos fins.
Esse sistema faz uso de dezenas de satélites que descrevem órbitas circulares inclinadas em relação ao
plano do equador, com duração de 12 horas siderais.
As coordenadas geográficas e da altitude de um ponto são lidas por meio de um processo semelhante à
triangulação. Para isso, são selecionados, no mínimo, os quatro satélites melhor posicionados em relação
aos aparelhos situados na superfície terrestre.
As coordenadas adquiridas por GPS podem ser lidas de duas formas básicas:
Com um posicionamento absoluto, em que se utiliza apenas um receptor GPS para a realização das
leituras, de forma isolada, quando a precisão exigida é fixada pela acurácia do aparelho. Essa
maneira de posicionamento é utilizada nos processos de navegação em geral; por exemplo, em
embarcações, automóveis e levantamentos expeditos realizados em campo.
Com um posicionamento relativo, quando se utilizam pelo menos duas estações de trabalho que
fazem a leitura simultânea dos mesmos satélites. No caso do uso de dois aparelhos, um deles, que
deve estar situado sobre um ponto/estação de referência onde as coordenadas são conhecidas, serve
para corrigir os erros provocados pelas interferências geradas nas transmissões; o outro é utilizado
para a realização das leituras necessárias ao levantamento. Como os dois receptores leem os
mesmos dados, no mesmo instante, é possível estabelecer uma relação entre as leituras e efetuar
um ajuste ou uma correção diferencial com o auxílio de um programa específico, geralmente
fornecido pela empresa fabricante dos aparelhos. Essa forma da utilização é indispensável quando
se requer grandes precisões – maiores do que no método absoluto. Para tal, deve-se utilizar
aparelhos de precisão geodésica. Estações fixas de rastreamento contínuo (differential GPS –
DGPS) fornecem dados para os usuários realizarem essa correção.
Pode-se classificar os receptores GPS em quatro categorias principais, em função de sua precisão, de
acordo com as características apresentadas pelos fabricantes.
No trabalho com SIGs, o uso da escala gráfica é preferível em razão de sua funcionalidade para impressão.
A Escala Nominal ou Equivalente é apresentada nominalmente, por extenso, por uma igualdade entre o
valor representado no mapa e sua correspondência no terreno. Exemplos:
1 cm = 10 km (um centímetro corresponde a dez quilômetros)
1 cm = 50 m (um centímetro corresponde a cinquenta metros)
Escolha da Escala
A escolha deve seguir dois preceitos básicos, que dizem respeito:
ao fim a que se destina o produto obtido, ou seja, à necessidade ou não da precisão e
detalhamentos do trabalho efetuado; e
à disponibilidade de recursos para impressão, ou seja, basicamente com relação ao tamanho do
papel a ser impresso.
Erro gráfico pode ser definido como o aparente deslocamento existente entre a posição real teórica de um
objeto e sua posição no mapa final, é potencialmente desenvolvido durante a confecção do desenho.
O erro gráfico mão deve ser inferior a 0,1 mm, independentemente do valor da escala. Entretanto, em
certos casos, é aceitável um valor compreendido entre 0,1 mm e 0,3 mm.
ε=e.N
em que:
ε – erro gráfico, em metros
e – erro correspondente no terreno, em metros
1
N – denominador da escala (E = 𝑁 )
O erro gráfico reduz sua intensidade com o aumento da escala.
Conversão de Unidades
Uma ocorrência bastante frequente é o uso de unidades de medidas fora do Sistema Internacional (SI). Um
exemplo dessa situação diz respeito à digitalização de cartas e imagens. A resolução de uma imagem
digital é dada pelo seu numero de pixels (picture elements), ou seja, cada ponto que forma a imagem, e
pela sua densidade, medida em dpi (dots per inch), isto é, pontos por polegadas.
CAP. 5 – ESTRUTURA DE UM SIG
Desde a sua concepção, um SIG deve ser compreendido como uma vigorosa ferramenta para apoiar a
tomada de decisão por parte do usuário.
Os SIGs podem possuir constituições e funções diferenciadas. Desse modo, um SIG pode apresentar uma
estrutura genérica, quando concebido para fins diversos.
Certos SIGs – entendidos como softwares -, comerciais ou não, podem ser adaptados para trabalhos a eles
relacionados. Nesse grupo, encaixam-se sistemas como os desenvolvidos pela Clark University (Idrisi),
pela Esri (ArcGis), pelo Inpe (Spring) e tantos outros.
Por outro lado, um SIG pode apresentar uma estrutura aplicada, utilizada para um fim específico.
Estrutura de um SIG
Um SIG é constituído pelos seguintes componentes:
Hardware, isto é, a plataforma computacional utilizada;
Software, ou seja, os programas, módulos e sistemas vinculados;
Dados, a saber, os registros de informações resultantes de uma investigação; e
Peopleware, ou seja, os profissionais e/ou usuários envolvidos.
Os diversos sistemas de informações geográficas possuem determinados programas associados que
realizam operações específicas de acordo com a sua finalidade.
Um SIG pode ser entendido, assim, como uma reunião de outros sistemas associados, os quais são
constituídos por programas com módulos (outros programas) diversos que, por sua vez, podem constituir-
se em outros sistemas independentes.
Funções de um SIG
As funções serão entendidas como os próprios módulos do sistema a elas relacionados. Entre estes, podem
ser destacados:
Aquisição e edição de dados;
Gerenciamento do banco de dados;
Análise geográfica de dados; e
Representação de dados.
Sistema de Gerenciamento dos Dados
O sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD) pode ser entendido como a porção do sistema que
permite a sua manipulação. Especialmente desenhado para lidar com dados espaciais e alfanuméricos, esse
sistema deverá controlar a organização físico-lógica dos dados, o seu armazenamento, a sua recuperação
e a sua atualização. O SGBD será também o responsável pela integridade dos dados e deverá permitir o
acesso simultâneo por parte de vários usuários, cujos acessos poderão ser mais ou menos restritos.
O gerenciamento dos dados em um SIG compreende, portanto, todas as fases de desenvolvimento de um
SGBD, desde sua concepção inicial até o seu uso prático. O SGBD pode ser considerado como o “cérebro”
do sistema, respondendo por todas as conexões realizadas.
Entender-se-á gestão como o conjunto de processos que vinculam o planejamento, o controle e a execução
de determinadas ações. Já o gerenciamento estaria, nesta abordagem, mais vinculado à operacionalização
de tais ações. Essas considerações são importantes na medida em que se entende que um SIG trabalha a
gestão do espaço – tarefa de cunho técnico-científico – e não o seu gerenciamento – tarefa administrativa.
Apenas internamente, os dados são gerenciados por um sistema próprio, o SGBD.
Pode-se caracterizar diversas propriedades vinculadas às aplicações do sistema, tais como aquisição,
armazenagem, edição, recuperação e representação de dados.
Aquisição de dados
A introdução de dados no sistema é feita por meio da aquisição direta, em meio digital, de dados
alfanuméricos ou espaciais pré-processados ou não, pela confecção e lançamento de dados em planilhas,
pelo uso de sistemas de posicionamento por satélite e pelos processos de digitalização e vetorização.
Os dados espaciais presentes no sistema são contemplados pelos dados alfanuméricos que os caracterizam.
Os dados incorporados ao sistema devem ser passíveis de edição. A capacidade de edição dos dados deve
permitir desde a supressão total ou parcial do dado ou de uma entidade até a inclusão de novas
informações.
Armazenagem de dados
O SGBD de um SIG deve ser capaz de armazenar e relacionar os dados para a obtenção de informação
que possa ser analisada espacialmente, ou seja, informação geográfica. Os dados alfanuméricos são
armazenados em formato de tabelas/planilhas. Os dados gráficos são armazenados na forma de matrizes
(formato raster) e na forma de vetores (pontos, linhas e polígonos).
Edição de dados
A edição de dados é entendida, como a maneira pela qual o sistema pode adicionar, suprimir ou substituir
dados nele contidos.
Arquivos alfanuméricos
Com relação a dados alfanuméricos, um exemplo de sua edição é a atualização de dados de população
resultantes de levantamentos censitários.
Arquivos gráficos
Para arquivos gráficos, as preocupações crescem em função das suas propriedades intrínsecas. Uma
característica presente nos SIGs diz respeito à possibilidade de troca em formato de dados de raster para
vetorial ou vice-versa.
Arquivos vetoriais – estruturação topológica
A estruturação topológica constitui-se como relações espaciais entre os elementos gráficos vetoriais, em
termos de conectividade (se os elementos estão ligados ou não), contiguidade (identificação do contato de
elementos) e proximidade (distância entre dois elementos). Como os arquivos vetoriais estruturam-se em
pontos, linhas e polígonos reproduzidos digitalmente por meio da vetorização de arquivos, erros e
inconsistência são bastante comuns.
Linhas inacabadas, por exemplo, devem ser editadas a fim de que os nós (pontos inicial e final de uma
linha) sejam conectados para a consistência (qualidade e precisão) do arquivo. Um polígono aberto, com
nós desconectados, não é reconhecido como tal pelo programa e não contempla outros elementos a ele
relacionados, como o cômputo de sua área, seu perímetro etc. Em geral, para evitar pequenos erros, é
utilizado um recurso para a ligação de nós desconectados. Trata-se da aplicação de um algoritmo que faz
uso de um círculo com raio de tolerância predeterminado (snap tolerance), utilizado como parâmetro para
ligar nós suficientemente próximos.
É importante ser destacado que a distancia tolerada deve ser concebida dentro de um possível erro gráfico
admissível.
Arquivos matriciais – sobreposição de camadas de dados espaciais
Em termos de arquivos matriciais, ou em estrutura raster, os softwares trabalham possibilidades diversas
de acordo com suas especificações e necessidades. A aquisição e a edição de uma imagem de satélite
dividida em diversas porções – bandas – do espectro eletromagnético, por exemplo, estarão ligadas à
capacidade do software empregado e à qualificação do profissional que nele trabalha.
Para um SIG, especificamente, talvez o procedimento mais importante diga respeito à capacidade do
sistema em executar a sobreposição de camadas de dados espaciais, conhecida como overlay na literatura.
Os SIGs, em geral, como boa parte dos softwares gráficos, separam os dados das camadas de informações
(layers). Num SIG, essas camadas são georreferenciadas, isto é, estão vinculadas a um banco de dados
georreferenciados e podem ser livremente manipuladas, gerando informações adicionais às preexistentes.
A tarefa de sobreposição de camadas pode se dar tanto em arquivos raster quanto em arquivos vetoriais.
Na estrutura raster, as informações processadas geram um arquivo de igual tamanho aos arquivos
originais; já o arquivo vetorial sofrerá um acréscimo substancial (dependendo da quantidade de informação
presente). Além dessa condição, a manipulação de camadas raster tem se mostrado bem mais eficiente,
dadas as características dos arquivos e da possibilidade maior de controle de ações. Em um arquivo
matricial, o trabalho é realizado pixel a pixel, e tal condição é passível de sofrer verificações no decorrer
dos cruzamentos realizados.
Conversão, importação e exportação de arquivos de dados
Formatos híbridos e/ou específicos de cada software deverão ser passíveis de conversões para serem
exportados para outros.
Análise Geográfica dos Dados
As características dessa função referem-se às potencialidades que o sistema tem de realizar
simultaneamente análises de dados espaciais e seus atributos alfanuméricos. Essas aplicações são
fundamentais para esse tipo de sistema, tornando-o diferenciado dos softwares gráficos e de outros
sistemas.
Essa função é, a mais importante para trabalhos científicos e análises espaciais diversas que exijam
técnicas sofisticadas e profissionais altamente qualificados. Entre as principais subdivisões vinculadas,
destacam-se: a reclassificação, a sobreposição, a vizinhança e contextualização de imagens.
Reclassificação
A reclassificação de um arquivo constitui-se na substituição de valores de entidades gráficas por outros,
conforme a necessidade do usuário. Ao se trabalhar com arquivos matriciais, cada pixel pode ser redefinido
de acordo com parâmetros predeterminados.
Sobreposição
A sobreposição de entidades gráficas pode ser feita tanto em arquivos vetoriais quanto matriciais.
Pode-se distinguir duas formas de sobreposição:
Sobreposição lógica: quando se faz uso de operadores lógicos (análise booleana);
Sobreposição aritmética: quando são utilizados operadores matemáticos (adição, subtração,
multiplicação, divisão e etc.).
A sobreposição lógica trabalha os arquivos (vetoriais ou matriciais) a partir do empilhamento de diferentes
camadas de dados. Em arquivos vetoriais, essa sobreposição traz como vantagem a manutenção dos
vínculos do arquivo-imagem com os dados alfanuméricos, além da possibilidade de articulação das
camadas. Em arquivos matriciais, o procedimento de sobreposição de camadas gera um novo arquivo,
dissociado dos originais.
Análise booleana
A utilização de análise booleana é bastante comum ao se trabalha com SIG. Os operadores booleanos
podem ser:
<AND>: operador “e”, significando intersecção;
<OR>: operador “ou”, significando união;
<XOR>: operador exclusão do “ou”, isto é, “desunião”;
<NOT>: operador “não”, isto é, negação;
<IMP>: implicação;
<EQV>: equivalência.
No caso da sobreposição aritmética, a estrutura do arquivo é completamente alterada, não sendo utilizada
para formatos vetoriais. Assim, em uma imagem raster, cada pixel é modificado de acordo com o operador
utilizado.
Vizinhança e contextualização
As aplicações de vizinhança e de contextualização dos dados gráficos dizem respeito à exploração das
características do entorno do espaço analisado. Nelas incluem-se operadores de distância, cálculos
relacionados com o melhor caminho a ser seguido, interpolação de pontos (geração de mapas de isolinhas
e de modelos numéricos de terreno), análises de proximidade e de redes, cálculos de volumes e etc.
Análises estatísticas
Os dados contidos no SGBD podem ser trabalhados estatisticamente dentro do próprio sistema ou com o
auxilio de softwares próprios. Dessa forma, pode-se extrair informações geradas pelo uso da estatística,
com dados disponíveis em tabelas, gráficos ou mapas derivados. Entre as funções presentes na maioria
dos SIGs, destacam-se regressões, interpolações, correlações, estabelecimento de médias, desvios padrão,
variâncias e etc.
Função de Recuperação de Dados
A propriedade de recuperação de dados é vista como a possibilidade aberta pelo sistema de consultar dados
por meio de atributos específicos, localizados nas planilhas que formam o BD e pelas coordenadas
dispostas nas imagens e/ou nos mapas. Essa aplicação caracteriza-se por recuperar os dados existentes no
banco de dados por meio de inferências realizadas, via monitor, às entidades espaciais presentes nos mapas
a ele vinculados ou em uma planilha de dados.
Representação de Dados
Após o uso analítico do SIG, as respostas derivadas deverão ser representadas gráfica ou textualmente, a
fim de que o produto obtido possa ser entendido inclusive por leigos. Dessa forma, o SIG devera possuir
um mínimo de recursos para que os resultados possam ser visualmente agradáveis e compreensíveis. O
sistema, portanto, deve ser capaz de produzir tabelas, mapas, gráficos e relatórios providos de suas
características intrínsecas.
Ferramentas para a introdução de títulos, legendas, quadrículas com sistemas de coordenadas, textos
complementares, símbolos e etc. nos mapas gerados são imprescindíveis para qualquer sistema desse tipo.
CAP. 6 – SENSORIAMENTO REMOTO E SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS