Percepções Da Diferença - VOL-10
Percepções Da Diferença - VOL-10
Percepções Da Diferença - VOL-10
0 10
VOLUME
PERCEPÇÕES DA DIFERENÇA
N EGROS E B RANCOS NA E SCOLA
Vários autores
APRESENTAÇÃO
Gislene Santos
COLEÇÃO PERCEPÇÕES DA DIFERENÇA.
NEGROS E BRANCOS NA ESCOLA
VOLUME 10
ELES TÊM
A CARA PRETA
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário-Executivo
José Henrique Paim Fernandes
Apoio:
Ministério da Educação - Secretaria de Educação
Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD)
Programa UNIAFRO.
Realização:
NEINB - Núcleo de Apoio à Pesquisas em
Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro,
da Universidade de São Paulo - USP.
Coordenação da coleção: Gislene Aparecida dos Santos
Projeto gráfico: Jorge Kawasaki
Pinturas das capas: Zulmira Gomes Leite
Ilustrações: Marcelo d’Salete
Editoração: Nove&Dez Criação e Arte
Revisão: Lara Milani
VOLUME 10
ELES TÊM
A CARA PRETA
Organização
Gislene Aparecida dos Santos
1a edição
São Paulo
Ministério da Educação
2007
INTRODUÇÃO
O volume Eles têm a Cara Preta da coleção “Percepções da Diferença. Negros
e Brancos na Escola” apresenta textos e planos de aula utilizados no curso Negras
Imagens. Mídias e Artes na Educação Infantil. Alternativas à implementação
da Lei 10.639/03.
Este curso foi elaborado pelas pesquisadoras Luciene Cecília Barbosa e
Rosangela Malachias, sendo coordenado por Malachias e Antônia Aparecida
Quintão Cezerilo, todas integrantes do Núcleo de Apoio à Pesquisas em Es-
tudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro - NEINB - da Universidade
de São Paulo.
O curso Negras Imagens foi selecionado, dentre outras propostas, pelo Gru-
po de Educação para a Diversidade Étnico-Cultural, da Secretaria Municipal da
Educação (SME) 1 por enfocar a Mídia como espaço crítico e inerente ao pro-
cesso educativo. A formação visou atingir os seguintes objetivos: (a) construir
alternativas didáticas para a consolidação da igualdade étnico-racial nos espaços
de educação infantil; (b) promover a compreensão teórica e a aplicação prática da
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 11
PLANO DE AULA
Público-alvo: professores da rede pública, agentes escolares e educadores em
geral das Coordenadorias de Educação de Pirituba (zona oeste) e de Campo Limpo
(zona sul).
Tempo mínimo previsto: 4 horas por aula.
Formato: (a) exposição teórica com exibição de filme (cerca de 20 minutos);
(b) oficinas com exposição teórica, filme, trabalho em equipes.
Estrutura necessária: para o formato (a), sala e/ou auditório; para o formato (b),
sala que possibilite dinâmicas de grupo.
Equipamentos: TV, vídeo, CD player, flip chat (ou folhas grandes de papel par-
do), lousa, canetas piloto, jornais, revistas.
Justificativa
Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) recomendam abordagens que
contemplem a diversidade étnica do país, e a Lei 10.639 de 10/1/03 estabelece
a obrigatoriedade do ensino da história da África e da cultura afro-brasileira.
Ambas as legislações favorecem o oferecimento dessa disciplina e de oficinas
que objetivam a formação de educadores no âmbito das relações étnico-raciais
travadas no Brasil.
O conteúdo da palestra introdutória e das oficinas aborda a trajetória dos movi-
mentos negros na cidade de São Paulo, do início do século XX à contemporanei-
dade (1910-2004), exemplificando como a educação tem sido a principal meta de
sua ação para a inclusão.
Detalhamento da aula
Discriminações negativas de raça, gênero ou classe são culturalmente aprendi-
das e propagadas na família, na escola, na sociedade e nos meios de comunicação.
Para combatê-las, há que querer mudar, primeiro individualmente, pois muitas
vezes os agentes do preconceito, do racismo e da discriminação negativa não se
reconhecem como tal.
A formação continuada dos educadores possibilita a sensibilização individual
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 13
Objetivos
· oferecer subsídios teóricos (e práticos) aos professores de diferentes discipli-
nas, para que, em sala de aula, possam ter instrumentos e argumentos contrários
ao racismo e ao preconceito.
· construir, coletiva e criticamente, alternativas de “mediação” e “educomu-
nicação”.
Metodologia
(1) A (re)leitura dos Direitos Humanos (fundamentais) e a sua inerência ao
conceito de desenvolvimento humano.
(2) A análise de imagens e mensagens comunicacionais que evidenciam a dis-
criminação “negativa” de raça/etnia e gênero.
(3) O exercício dos quatro pilares da educação (J. Delors), definidos pela Unes-
co, que embasam metodologicamente a prática da inclusão social e do respeito à
pluralidade cultural.
(4) O conhecimento e propagação de conceitos internacionalmente usados pe-
los movimentos sociais: ação afirmativa, empowerment, advocacy.
Referências bibliográficas
ANDREWS, George Reid. Ação afirmativa: um modelo para o Brasil. In:
SOUZA, Jessé (Org.). Multiculturalismo e racismo - uma comparação Brasil e
Estados Unidos. Brasília: Paralelo 15, 1997.
BLAJBERG, Jennifer Dunjwa. O legado do apartheid formal e os desafios
enfrentados na reconstrução e desenvolvimento da África do Sul - 1994-1995. In:
MUNANGA, Kabengele (Org.). Estratégias de combate ao racismo. São Paulo:
Edusp/Estação Ciência, 1996.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Transdisciplinaridade. São Paulo: Palas Athe-
na, 1997.
14 Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola
TEXTO EXPLANATIVO
Movimentos negros: passado e presente. Resistências e conquistas2
O presente texto objetiva ilustrar o quanto, no Brasil, as mobilizações políticas
e culturais de personagens e instituições negras, particularmente na cidade de São
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 15
Passos metodológicos
No momento inicial de nossas oficinas3 convidamos os educadores a parti-
ciparem atentamente ouvindo e exercitando mental e dinamicamente a dialética
histórica, ou seja, a atentarem para a perspectiva espaço/tempo, passado/presente.
Esse exercício propicia a compreensão da influência internacional nas lutas sociais
e políticas travadas no Brasil, em especial na cidade de São Paulo, em diferentes
períodos do século XX e da contemporaneidade.
16 Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola
A começar pela postura do governo federal nos últimos dez anos, gestões de
Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva, podemos constatar o au-
mento de medidas direcionadas às populações indígenas e afro-descendentes. Isso
não é mero acaso.
Em 2001, durante a III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discrimina-
ção, a Xenofobia e a Intolerância Correlata, em Durban, África do Sul, o governo
federal assumiu o compromisso de promover políticas de ações afirmativas dire-
cionadas à população negra. Poderíamos então afirmar que nesse ato oficial o Esta-
do brasileiro reconheceu o direito dos negros 9, nacional e internacionalmente.
Porém, cabe ressaltar que antes da III Conferência, o presidente da República
Fernando Henrique Cardoso, numa atitude até então inédita, reconheceu o racismo
vigente no país. Em 1996, em Brasília, aconteceu o 1o. Seminário sobre Ações
Afirmativas, que comparou experiências vivenciadas nos Estados Unidos e na
África do Sul países reconhecidamente segregacionistas. Pesquisadores, estudio-
sos, jornalistas e ativistas do movimento negro tomaram conhecimento da inten-
ção governamental de reconhecer oficialmente a existência do racismo no Brasil
e de elaborar políticas compensatórias destinadas aos afro-brasileiros população
negra. Criou-se um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) responsável por essa
missão. Todavia, o GTI não recebeu dotação orçamentária para tanto10.
Um ano antes, em 1995, durante as comemorações do tricentenário de Zumbi
dos Palmares, entidades do movimento negro de todo o Brasil haviam promovido,
em Brasília, uma marcha11 política que exigia do governo uma pauta de políticas
públicas efetivas de combate ao racismo.
Em 1996, o governo FHC lançou o seu Programa Nacional de Direitos Huma-
nos (PNDH), outra ação inovadora que favoreceu a imagem do país no exterior. O
PNDH apresentou políticas públicas específicas a grupos historicamente excluídos
(negros, indígenas, mulheres, jovens, portadores de deficiência, idosos...) a serem
implementadas pelo governo federal visando à minimização e futura erradicação
das desigualdades.
As conquistas sociais observadas nas ações governamentais são as respostas de
anos de mobilização negra e de outros movimentos sociais, todavia, a transforma-
ção das reivindicações em leis, conquista inegável, não garante a sua prática. Por
isso, quando o ativismo social apresenta as suas armas, que necessariamente não
são de fogo, a história se movimenta, e essa dinâmica, que envolve o passado e o
presente, deve ser propagada e vivida. Assim se constrói um futuro diferente.
idéias – aqui entendidas como ideologia produzida pela universidade, espaço ins-
titucional de legitimação do poder –, a inexistência da democracia racial. A am-
pliação dos estudos sobre a escravidão negra no Brasil e nos países do Caribe
favoreceu a comparação de sistemas e o conhecimento das trajetórias de afro-des-
cendentes em outras partes do mundo.
de ser “o rei das selvas”22 - leia-se rei de uma África de maioria populacional ne-
gra -, também é branco. (Jesus Cristo, nascido no Oriente Médio, região da Pales-
tina, não poderia ter olhos azuis e cabelos louros, mas é dessa forma que as artes
plásticas e o cinema o retratam.)
Ao propormos análises educomunicativas, sugerimos que a mídia seja um veí-
culo utilizado educativa e criticamente.
Se na contemporaneidade as imagens da África continuam associadas à mi-
séria, à fome, ao contágio pela aids e aos conflitos étnicos, cabe aos educadores
construir possibilidades de leituras que aproximem o atual estágio de subdesenvol-
vimento ao enriquecimento europeu.
Acervos artísticos africanos de valor financeiro incalculável compostos por es-
culturas, máscaras, jóias, trajes ocupam espaço nos museus de Londres e no Lou-
vre, em Paris. Resultam em parte dos saques feitos por europeus e já demandaram
lutas judiciais. O Egito reivindica a devolução de obras sem sucesso. Ainda no
que se refere às artes plásticas, excelentes como metodologia de análise histórica,
pode-se destacar o cubismo de Pablo Picasso, como movimento artístico inovador
inspirado nas máscaras africanas.
A arte africana é conceitual e retrata os significados. É também de cunho reli-
gioso e não pode ser compreendida fragmentariamente. Seus conceptores, em geral,
não assinam suas peças por entender que a sua produção compõem um grupo.
O MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) da USP e a Pinacoteca do Estado
surgem como espaços alternativos ao conhecimento da arte negra e indígena (no
MAE) e da afro-brasileira (na Pinacoteca).
As sugestões acima ilustram possibilidades do aprender a aprender e do apren-
der a fazer, mas já dissemos no início deste texto que a luta anti-racista não é tão
simples. Ela depende da vontade individual de cada pessoa no exercício do apren-
der a ser e do aprender a conviver para a superação dos preconceitos e das dis-
criminações negativas. Somente assim conseguiremos construir uma coletividade
equânime e um Brasil realmente democrático.
Referências bibliográficas
BERND, Zilá. Negritude e literatura na América Latina. Porto Alegre:
Mercado Aberto, 1987.
CONE, James. Malcolm X et Martin Luther King – Les effets d’une collère
noire. Genève: Labor et Fides, 1991.
CUNHA JR., Henrique. África-Brasil no pensamento escolar. Kawé Pes-
quisa. Ano I, no. 1, jan/dez./2002.
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 25
Notas
1
O Grupo de Educação para a Diversidade Étnico Cultural instituído pela
Portaria nº 4.902. de 28 de julho de 2005 – Secretaria Municipal de Educação
de São Paulo -Gabinete
2
Texto originalmente produzido para um projeto de formação de professores
elaborado pelo CEERT – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e
Desigualdades.
3
A autora ministra palestras e oficinas sobre relações raciais direcionadas a
educadores e público em geral. O texto tenta descrever alguns momentos desses
encontros.
4
Um dos conceitos empregados e sugeridos é a educomunicação, que pode ser
definida como a análise crítica da mídia (conjunto dos meios de comunicação).
As práticas educomunicativas são aquelas que buscam e elaboram novas
linguagens midiáticas expressas e/ou impressas em veículos comunicacionais
alternativos (rádio, jornais, murais, internet, blogs, sites, fanzines, filmes VHS
etc.) que podem ser elaborados na escola.
5
Hamilton Cardoso foi um dos mais importantes intelectuais do movimento
negro paulistano, conhecido no Brasil e no exterior. Co-fundador do Movimento
Negro Unificado (MNU), era crítico e sintonizado com as idéias e os conceitos
produzidos por pensadores locais e de outros países. Faleceu em 1999, com
pouco mais de 40 anos. Em seu funeral, foi homenageado por intelectuais negros
e brancos.
6
Ação afirmativa, discriminação positiva, reparações, empowerment, advocacy,
inclusão social...
7
Ministério da Educação – Conselho Nacional de Educação. Assunto: Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Relatores: Petronilha
Beatriz Gonçalves e Silva, Carlos Roberto Jamil Cury, Francisca Novantino e
Marília Ancona-Lopez. Processo no. 23001.000215/2002-96. Parecer no. CNE/
CP 003/2004 (p. 12).
8
Os europeus, colonizadores da África, foram competentes em produzir
ideologias e pré-noções racistas contra os povos não-brancos, considerados
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 27
PLANO DE AULA
Público-alvo: professores da rede pública, agentes escolares e educadores em
geral das Coordenadorias de Educação.
Tempo mínimo previsto: 4 horas por aula.
Formato: (a) exposição teórica com exibição de filme (cerca de 20 minutos);
(b) oficinas com exposição teórica, filme, trabalho em equipes.
Estrutura necessária: para o formato (a), sala e/ou auditório; para o formato (b),
sala que possibilite dinâmicas de grupo.
Equipamentos: jornais e revistas, vídeo e DVD player, datashow, aparelho de
som, quadro branco ou lousa.
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 29
Justificativa
A análise crítica da mídia numa perspectiva educomunicativa propicia debates
e reflexões que contribuem para o exercício da cidadania plena, como propõe a Lei
Federal 10.639/03. Esta proposta encontra apoio teórico na Comunicação, Educa-
ção, História e Ciências Sociais, propiciando por meio de uma leitura crítica dos
meios de comunicação a interdisciplinaridade entre diferentes campos do conheci-
mento no espaço escolar. Tem como objetivo analisar as imagens de negros e não-
negros na mídia impressa e as representações das relações étnico-raciais de alguns
produtos da mídia televisiva, como os filmes, os comerciais e a teledramaturgia.
Nesse contexto, não é possível falar em relações étnico-raciais sem considerar
que vivemos numa sociedade multirracial, portanto, torna-se necessário refletir
sobre o processo da construção da identidade de negros e não-negros. O ponto de
partida dessa reflexão será o conceito de branquidade. Os estudos nessa perspecti-
va indicam a importância de enfocar também o comportamento do branco nas rela-
ções raciais, pois, na maioria dos estudos, o enfoque tem sido somente a população
negra. A superação de comportamentos pautados pelo racismo e pela branquidade
só será possível por meio de uma tomada de consciência de ambos os envolvidos
- os discriminados e os discriminadores. O desafio é reformular não apenas as ima-
gens que temos uns dos outros, mas também, e principalmente, de nós mesmos.
Objetivos
· contribuir na formação dos professores para o exercício da Lei Federal
10.639/03.
· analisar as situações e representações de negros e não-negros nos meios de
comunicação, sobretudo na mídia televisiva.
· promover o exercício das práticas educomunicativas como alternativas de
combate aos preconceitos em sala de aula.
Metodologia
Aula expositiva e interativa com a participação do grupo em debates, relatos e
análise de produtos midiáticos.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Joel Zito. A negação do Brasil. Identidade racial e estereótipos
sobre o negro na história da telenovela brasileira. Tese de doutorado, Escola de
Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo (mimeo), 1999
BARBOSA, Luciene Cecília. Louca paixão: questões raciais na telenovela
30 Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola
TEXTO EXPLANATIVO
Referências bibliográficas
ARAÚJO, Joel Zito. A negação do Brasil. Identidade racial e estereótipos
sobre o negro na história da telenovela brasileira. Tese de doutorado, Escola de
Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo (mimeo), 1999
BARBOSA, Luciene Cecília. Louca paixão: questões raciais na telenovela
sob o olhar do receptor. Dissertação de mestrado, Escola de Comunicações e Ar-
tes, Universidade de São Paulo, 2002.
BOSI, Ecléa. A opinião e o estereótipo. Revista Contexto, 1997.
CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Pau-
lo: Perseu Abramo, 2000.
FRANKENBERG, Ruth. The construction of white women and race mat-
ter. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1995, p. 43-44.
LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense,
2003.
LE GOFF, J. História e memória. Campinas-SP: Unicamp, 1990.
LIMA, Solange M. Couceiro de. A identidade da personagem negra na te-
lenovela brasileira. Relatório Científico apresentado à FAPESP, dezembro, 1998
MARTIN-BARBERO, Jesús. Dos meios às mediações: comunicação, cul-
tura e hegemonia. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1997.
MARTIN-BARBERO, Jesús e Rey Germán. Os exercícios do ver: hegemo-
nia audivisisual. Ficção televisiva. São Paulo: Senac, 2001.
MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de Raça,
Racismo, Identidade e Etnia. 2004.
MOTTER, Maria L. A telenovela: documento histórico e lugar de memó-
ria. Revista da USP, n°. 48, 2001, p. 48.
MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de Raça,
Racismo, Identidade e Etnia. 2004.
PIZA, Edith. Porta de vidro. Entrada para a branquitude. In: CARONE,
Iray & BENTO, Maria A. S. (Orgs.). A psicologia social do racismo: estudos sobre
branquitude e braqueamento no Brasil. 2002.
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 33
Nota
2
Educomunicação a inter-relação entre processos e tecnologias da informação e
da comunicação e as demais áreas do conhecimento e da vida social, ampliando
as habilidades e competências e envolvendo diversas linguagens e formas de
expressão para a construção da cidadania.
Justificativa
Este curso/oficina configura-se numa alternativa ao atendimento da Lei
10.639/03, que institui a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-bra-
sileira em todos os níveis de ensino.
Público-alvo
Professores do ensino fundamental e médio.
34 Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola
Objetivos
· oferecer subsídios a professores do ensino fundamental e médio para o reco-
nhecimento da importância da África no desenvolvimento dos países europeus e,
principalmente, do Brasil.
· propiciar o emprego de instrumentos e argumentos didáticos contrários às vá-
rias formas de discriminação negativa e preconceito contra a cultura afro-brasileira.
· analisar do ponto de vista da geografia conteúdos e temas tradicionalmente
históricos, sociológicos, culturais e antropológicos.
Metodologia
A metodologia empregada fará uso de uma abordagem analítica de construção/
desconstrução de textos, mapas, filmes, slides, revistas, livros, artigos jornalísti-
cos e científicos ocidentais em contraposição à cosmologia e à visão de mundo
africana.
Os paradigmas metodológicos fundamentam-se nos quatro pilares da educação
definidos pela Unesco (Delors, 2002), que favorecem o conhecimento e o exercí-
cio dos Direitos Humanos.
Detalhamento da oficina
O curso/oficina está estruturado em três módulos:
1. Desconstruindo mitos – rei europeu em florestas africanas; Tarzan
e outras mentiras
1.1. Regionalização africana
1.2. Reinos africanos
2. O colonialismo e o imperialismo
2.1. Axé X espaço vital: sabedoria X racionalidade
2.2. Inventando raça e nação – a modernidade no mundo
TEXTO EXPLANATIVO
Ideologia e mentalidade
A problematização de um estudo requer a escolha de conceitos e estratégias
que articulem passado e presente, possibilitando a compreensão do fenômeno atu-
al pelo confronto das relações históricas passadas às relações cotidianas atuais. No
caso específico do estudo das relações sociais brasileiras, implica detectar o conte-
údo racial de natureza ideológica presente no projeto de formação e modernização
da nação, encontrando a relação dessa dimensão histórica com o cotidiano vivido
e vivenciado por professores e alunos nos diferentes ambientes de sociabilidade,
família, comunidade, escola e trabalho. E este também é outro grande desafio.
Na tentativa de superá-lo, a oficina foi dividida em três momentos. O primeiro
partiu de duas premissas: ideologia, entendida como um sistema de idéias delibe-
radamente elaboradas com propósitos preestabelecidos de dominação e controle, e
mentalidade, entendida como hábito, naturalização de comportamento, aquilo que
repetimos e reproduzimos sem reflexão. Em outras palavras, como incorporação
objetiva e subjetiva, consciente e inconsciente pela sociedade, das ideologias ou
da ideologia vigente.
Assim, nesse primeiro momento, a oficina foi conduzida de forma associativa.
As premissas ideologia e mentalidade foram os fundamentos trabalhados, porém,
sem serem mencionados. Buscou-se com isso evidenciar as ideologias como uma
concepção de mundo, um sistema de idéias que implica comportamentos individu-
ais e coletivos naturalizados, portanto, mentalidades.
O segundo momento foi reflexivo e começou com a exibição do filme Tarzan
e sua companheira (Tarzan and his mate) produção em preto-e-branco de 1934,
estrelada por Johnny Weissmuller e Maureen O’Sullivan, precedida de três per-
guntas: quem conhecia a história de Tarzan, “o rei da selva”? Quantos entre os
presentes já tinham assistido ao filme em qualquer uma de suas versões? Em que
ano foi filmado o primeiro episódio da série?
O terceiro momento da oficina foi expositivo, com a apresentação das noções
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 37
básicas de espaço vital e força vital4, concepções filosóficas de mundo que expres-
sam cosmovisões distintas e antagônicas em valores morais e éticos.
I – África e mito
Como atividade inicial da oficina, solicitamos aos professores participantes
que escrevessem em folhas avulsas palavras associadas primeiramente a África
e depois a mito. Objetivávamos listar palavras e idéias implícitas e explícitas aos
dois termos e, ao final da oficina, avaliar em que medida e de que forma esses dois
conceitos estão presentes no cotidiano escolar.
Ainda que esperadas, as associações à palavra África não deixaram de ser sur-
preendentes. Isso porque, mesmo quando positivas, apresentavam-se impregnadas
de estereótipos5, como “alegre”, “mística”, “quente” etc. Nenhuma associação que
sugerisse organização, nobreza, conhecimento, sucesso, ciência etc.
Já em relação à palavra mito esperávamos que as associações transitassem entre
as dualidades real e imaginário, falso e verdadeiro, crença e descrença. Aconteceu,
porém, para além do esperado, que o termo mito foi freqüentemente associado à
palavra Grécia. Esta última associação foi bastante interessante, pois permitiu de
maneira inesperada para aquele momento da oficina introduzir o universo mítico
da cultura africana e sua importância como elemento estruturador de valores mo-
rais e éticos da vida social de algumas nações africanas, bem como demonstrar a
semelhança entre alguns símbolos, signos e função social dos orixás africanos e os
deuses da mitologia greco-romana, a qual está presente nos conteúdos dos livros
didáticos e paradidáticos de história e é positivamente ensinada em sala de aula.
fala: Jane, a companheira de Tarzan que na maior parte do filme precisa ser salva
do ataque de alguma “fera” ou qualquer outro perigo “selvagem”.
cipantes fizemos leituras de alguns trechos das principais idéias sobre o Brasil ex-
pressas por pensadores europeus do século XIX, como Arthur de Gobineau e Henry
Thomas Buckle10, como também de algumas idéias e debates promovidos pela elite
política e intelectual brasileira do mesmo período, que, influenciada pelas idéias em
voga na época, debatia-se na tentativa de encontrar alternativas que viabilizassem o
Brasil enquanto nação e rebatessem as visões pessimistas a respeito do país.
Este último ponto da oficina possibilitou uma discussão sobre a imigração eu-
ropéia em seus aspectos quantitativos, ou seja, como uma estratégia de assimila-
ção biológica do imigrante, e também em seus aspectos qualitativos, em outras
palavras, como uma estratégia de assimilação cultural dos valores “civilizatórios”
europeus.
Dessa forma finalizamos a oficina escancarando as contradições das relações
raciais do Brasil, onde a mistura racial ao longo da história do país constituiu tanto
problema como solução da nação.
Referências bibliográficas
ALTUNA, A. R. P. Cultura tradicional banto. Luanda: Secretariado Arqui-
diocesano de Pastoral, 1985.
ARAÚJO, C. Ubiratan. Viagem à escravidão. Revista Nossa História,
n°. 3, 2004.
BERGHE, Pierre L. van den. Estereótipo. In: CASHMORE, Ellis,
BANTON, Michael et al. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo:
Summus, 2000.
CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: senhores, escravos e abo-
licionistas da corte nas últimas décadas da escravidão. São Paulo: Cia das
Letras, 1990.
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 41
Notas
1
Uma das dificuldades de reconstituição da história da África e dos africanos
no Brasil decorre da existência de poucos documentos confiáveis que registrem a
captura, travessia e desembarque de africanos no Brasil. Araújo (2004) aponta
que, durante a fase colonial, aos traficantes de escravizados interessava apagar
todos os vestígios e ligações dos africanos com a África. Como estratégia,
misturaram e agruparam etnias diferentes, com o propósito de dificultar a
organização dos escravizados. Na fase marcada pela proibição do tráfico, os
registros de captura foram adulterados, perdendo-se dessa forma as informações
sobre a origem geográfica dos africanos capturados, bem como as informações
sobre o local de desembarque no Brasil. Tal prática tinha como objetivo estender
42 Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola
10
Joseph Arthur de Gobineau, diplomata e escritor francês que teve como
grande obra Ensaio sobre as desigualdades das raças humanas (1853-55), em
que expõe sua teoria sobre a hierarquia entre as raças humanas. Henry Thomas
Buckle, historiador inglês que escreveu História da civilização na Inglaterra
(1857-61) e muito influenciou a elite brasileira.
PLANO DE AULA
Público-alvo: professores da rede pública, agentes escolares e educadores em
geral das Coordenadorias de Educação.
Tempo mínimo previsto: 4 horas por aula.
Equipamentos: TV e vídeo, projetor de slides, retroprojetor, mapa da África.
Justificativa
Tendo em vista a Lei Federal 10.639/03, que introduz a obrigatoriedade da
inclusão da temática da história e cultura afro-brasileira e africana, estas aulas
visam: (1) oferecer subsídios sobre esse tema a partir de linguagens artísticas; (2)
propiciar uma articulação entre passado e presente visando ao combate ao precon-
ceito, à discriminação e ao racismo.
Objetivos
· oferecer um espaço reflexivo para que os docentes exercitem as linguagens ar-
tísticas, oferecendo sugestões para trabalharem esses conteúdos em sala de aula;
· indicar referencial bibliográfico adequado para o trabalho em sala de aula.
Detalhamento da aula
(1) Vídeo Matriz afro, baseado em O povo brasileiro, obra de Darcy Ribeiro.
Iniciar a explanação com a questão: A palavra ÁFRICA lhe sugere o quê? Conte-
údos sobre:
· o continente africano;
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 45
Referências bibliográficas
· Guia temático do MAE: África: culturas e sociedades
· Catálogos da Pinacoteca: Arte e religiosidade no Brasil: heranças africanas;
Cosmologias e altares; Arturos; Fragmentos, negras memórias, memórias de negro.
· Livro Histórias que minha vó contava, de Mãe Beata. São Paulo:Terceira
Margem, 2005.
46 Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola
Nota
1
Para um detalhamento desta temática, ler o volume 6 desta Coleção.
Plano de aula
Público-alvo: professores da rede pública, agentes escolares e educadores em
geral das Coordenadorias de Educação de Pirituba (zona oeste) e de Campo Limpo
(zona sul).
Tempo mínimo previsto: 4 horas por aula.
Formato: (a) exposição teórica com exibição de filme (cerca de 20 minutos);
(b) oficinas com exposição teórica, filme, trabalho em equipes.
Estrutura necessária: para o formato (a), sala e/ou auditório; para o formato (b),
sala que possibilite dinâmicas de grupo.
Equipamentos: TV, vídeo, CD player, flip chat (ou folhas grandes de papel par-
do), lousa, canetas piloto, jornais, revistas.
Justificativa: dar subsídios para a elaboração de aulas com conteúdos que aten-
dam à Lei 10.639/03, que institui a obrigatoriedade do ensino de história e cultura
afro-brasileira em todos os níveis de ensino.
Detalhamento da aula
Arte africana
O filme Kiriku e a feiticeira, de Michel Ocelot, oferece um olhar atento para
aspectos estéticos da cultura africana como: figura e fundo, luz e sombra, contras-
tes, cores e composição. Esses elementos revelam uma estética diferente da dos
desenhos de tradição ocidental, como os de Walt Disney. Possibilita comparações
tanto dos aspectos formais como dos de ordem moral.
Alguns pontos que podem ser explorados para o diálogo com base no filme:
· formação sociocultural;
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 47
· diferença de modelos;
· estética própria;
· aspectos da cultura africana;
· ética, personalidade e caráter;
· estereótipos.
1. Arte afro-brasileira
Paralelos e diferenças entre produção artística e produção publicitária
Não é de hoje que a arte empresta seus saberes para a publicidade; existem
muitos paralelos e diferenças que podem e devem ser explorados para um melhor
conhecer. Por meio dos paralelos entre arte e publicidade podemos acessar cada
vez mais esses conhecimentos, de forma a utilizar o que aprendemos ao longo de
anos sobre leitura de imagens na sua grande maioria publicitárias (nas TVs, revis-
tas, jornais, internet etc.) para a leitura de obras de arte.
Referências bibliográficas
Fundação Finambrás – Projeto Cultural Artista do Merco Sul - Copyright
Banco Velox. Tarsila do Amaral - Copyright Aracy Amaral – Texto e cronologia
“Primitivism” In 20th Century Art – The Museum of Modern Art, New York, As
of December1987
Published in conjunction with an exhibition of the same title shown at the
following museums: The Museum of Modern Art, New York Detroit Institute of
Arts Dallas Museum of Art.
Copyright 1984 by The Museum of Modern Art “Matisse and the Fauves”
copyright 1984 by Jack D. Flam “Brancusi” copyright 1984 by Sidney Geist.
FABRIS, Annateresa. Candido Portinari. São Paulo: Edusp, 1996.
Willett, Frank. African art. London: Thames and Hudson, 1995.
Revista
Arte e Cultura da América Latina. Sociedade Científica de Estudos da Arte.
Ano III, nº. 4, março de 1993.
Vídeo
Ocelot, Michel. Kiriku e a feiticeira. França, 1998
Gostaria de iniciar minha fala retomando uma canção que acredito que muitos
de vocês conheçam, já cantaram ou ainda cantam com as turmas de alunos nos es-
paços em que atuam. Digo isso porque, como aluno, eu aprendi a cantar e, quando
entrei no magistério, ouvi colegas cantando também.
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 49
conta do conteúdo racista que uma simples canção pode traduzir, mas há outras
questões que estão postas no cotidiano da escola e são bem sutis, mesmo sendo
tão violentas e agressivas.
De todas as questões que permeiam essas relações, vou me centrar em três que
acho mais relevantes: o papel dos livros de literatura infantil; a questão do corpo
da criança negra e as imagens que se têm dele; e a presença de educadores(as)
negros(as) na escola.
No que diz respeito à literatura infantil, podemos dizer que na rede municipal,
em todas as escolas de educação infantil, há espaços (mais ou menos específicos)
para a leitura e a conto de histórias. Olhando para nossa prática cotidiana, recupe-
rando os livros que costumeiramente lemos para as crianças, quantos desses livros
trazem personagens negros? Princesas negras, príncipes negros? Rainhas e reis?
Quantos trazem personagens negros em situação de destaque? Já existe bastante
material produzido com essa preocupação. Será que eles estão circulando na esco-
la? Ou, por outro lado, temos clareza quando pegamos em nossas mãos um mate-
rial que é ideologicamente racista?
Certa vez, quando realizava uma pesquisa numa escola de São Paulo, presen-
ciei no parque uma cena em que as crianças decidiram brincar de rainha. Uma me-
nina negra disse: “– Então eu sou a princesa!”, ao que outra aluna, de imediato e
com o apoio dos outros respondeu: “– Como? Não existe princesa ‘preta’”. Minha
vontade na hora era fazer uma intervenção, mas havia a professora e eu confiava
que ela faria algo (ao menos desejava que ela fizesse).
Os alunos foram, em grupo, consultar a professora. Contaram – do seu jeito
– a história toda. A professora, com ar enfadonho, ouviu e respondeu prontamen-
te: “– É verdade, Isabela, não existe princesa preta. Faz de conta que você é uma
visita no reino”.
Pois é... A Isabela era, novamente, a estrangeira.
Talvez a própria professora fosse vítima da ausência de referências positivas
sobre os negros nos livros e contos infantis. Talvez ela pensasse (como a maio-
ria dos alunos e também dos professores) que África, negritude e monarquia não
combinam. Mas, talvez, algo pudesse ser feito para ajudar a Isabela e as outras
crianças, juntamente com a professora da turma: a fruição de uma literatura infan-
til preocupada com as identidades raciais das crianças, com o sentido de pertenci-
mento. Trouxe aqui dois livros de literatura infantil que têm esse aspecto: um mais
conhecido, Menina bonita do laço de fita, e outro menos conhecido mas tão belo
quanto, Histórias africanas para contar e recontar.
Outro aspecto, também muito marcante para a questão que nos preocupa hoje,
são as imagens associadas ao corpo das crianças negras. É uma questão comple-
xa, mas precisamos compreender, de uma vez por todas, o papel da imagem do
Coleção Percepções da Diferença - Negros e brancos na escola 51
Nota
1
Fala proferida na Abertura do curso “Negras Imagens” direcionado à
formação de professores de Educação Infantil da PMSP – Maio de 2006.
GLOSSÁRIO DA COLEÇÃO
Auto-aceitação: ato ou efeito de aceitar a si mesmo; acolhimento. Dis-
posição de experimentar, acolher e assumir responsabilidades pelos pró-
prios pensamentos, sentimentos e ações.
Auto-estima: sentimento amoroso que uma pessoa é capaz de nutrir
por si mesma. Reconhecimento e valorização das próprias qualidades, po-
tencialidades e atributos físicos e respeito às próprias imperfeições e limi-
tações.
Axé: palavra de origem iorubá que significa força vital. Trata-se da for-
ça-ser que estrutura o universo. Em língua bantu: ntu.
Casa-grande: habitação senhorial, geralmente o centro de uma pro-
priedade rural (engenho de açúcar, fazenda de café ou gado) em que habi-
tavam o senhor proprietário, seus familiares e agregados.
Discriminação positiva: termo usado atualmente com a finalidade de
reparar erros que foram secularmente cometidos e endossados pela socie-
dade. Exemplos: bancos diferenciados para idosos no transporte coletivo;
cota mínima para mulheres nas representações de partidos políticos; co-
ta mínima para indígenas e afro-descendentes nas instituições de ensino
superior.
Discriminação racial: ato de discriminar uma pessoa tendo como ba-
se sua raça/cor da pele, com a intenção de preteri-la, ofendê-la, excluí-la
ou inferiorizá-la. Pode ser um ato explícito, dirigido diretamente à pes-
soa-alvo, ou um ato camuflado.
Discriminar: separar com base em categorias. Por exemplo, ao criar
a categoria cor, discrimina-se o azul do amarelo, do roxo, do preto, do
cor-de-rosa. Ao criar a categoria som: discrimina-se o som alto do bai-
xo, do agudo, do grave. A discriminação deixa de ser somente um ato de
separação que visa organizar algo dentro de categorias inventadas pelos
humanos quando é apoiada em valores por meio dos quais são estabele-
cidas hierarquias.
Estereótipo: clichê, rótulo, modelo rígido e anônimo, com base no
qual são produzidos, de maneira automática, imagens ou comportamen-
tos. Chavão repetido sem ser questionado. Parte de uma generalização
apressada: toma-se como verdade universal algo que foi observado em
um só indivíduo.
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1. Percepções da diferença.
Autora: Gislene Aparecida dos Santos
2. Maternagem. Quando o bebê pelo colo.
Autoras: Maria Aparecida Miranda e Marilza de Souza Martins
3. Moreninho, neguinho, pretinho.
Autor: Cuti
4. Cabelo bom. Cabelo ruim.
Autora: Rosangela Malachias
5. Professora, não quero brincar com aquela negrinha!
Autoras: Roseli Figueiredo Martins e Maria Letícia Puglisi Munhoz
6. Por que riem da África?
Autora: Dilma Melo Silva
7. Tímidos ou indisciplinados?
Autor: Lúcio Oliveira
8. Professora, existem santos negros? Histórias de identidade religiosa negra.
Autora: Antônia Aparecida Quintão
9. Brincando e ouvindo histórias.
Autora: Sandra Santos
10. Eles têm a cara preta!
Vários autores
Ministério
da Educação