FIGUEIREDO, Nice Menezes De. Desenvolvimento e Avaliação de Coleções (1993) PDF
FIGUEIREDO, Nice Menezes De. Desenvolvimento e Avaliação de Coleções (1993) PDF
FIGUEIREDO, Nice Menezes De. Desenvolvimento e Avaliação de Coleções (1993) PDF
&
Avaliação
de Coleções
Nice Menezes
de Figueiredo
MULTIMíDIA
Nice Menezes de Figueiredo
])esenvolvllnento
&
Avaliação
de Coleções
RabislUls
Rio de Janeiro
1993
COPYRIGHT © 1993 da autora
EDITORAÇÃO E IMPRESSÃO:
Rabiskus Multimídia Ltda.
Av. Gomes Freire, 663 Gr. 1102
Centro - Rio de Janeiro - RJ
Te!.: (021) 222.9188
Impresso no Brasil
184p.
CDD 025.2
CDU
APRESENTAÇÃO
J
adaptação dos capítulos iniciais da obra clássica de Helen
Haines que, apesar de ter sido publicada há quase sessenta
anos, os conceitos ali transmitidos ainda fundamentam
grande parte da atividade neste campo até hoje em dia.
Segue-se artigo que, de certa maneira, atualiza o texto
anterior, trazendo conceitos sobre compartilhamento de
recursos e técnicas bibliométricas. Dois artigos de revisão
da literatura introduzem as metodologias para avaliação de
coleções, conhecimento imprescindível para uma atuação
bibliotecária dinâmica. Seguem-se textos de ordem prática,
propondo metodologias para avaliação de coleções de
periódicos e de referência. O texto final refere-se a uma
pesquisa efetuada para a CAPES, que mostra a situação
das atividades de seleção e de aquisição em bibliotecas
universitárias brasileiras, em 1981; um estudo que precisa
ser renovado.
A Autora
SUMÁRIO
Seleção de Livros
1- Introdução ... .... .............. ....... ... ............................. ... ...... ....... 9
2- O papel da coleção.... ..... .......... ......... ......... .... ...... ..... ........... 13
3- Conceitos de seleção de livros ........... ................ ............... ... 15
4- Os objetivos da biblioteca e a política de seleção ..... ............ 23
5- Definições: níveis da coleção ou códigos dos níveis da
coleção ....................................... ... .................. .... ....... ..... 30
6 - Elementos de uma declaração de política de desenvolvimento
de coleção ........................................................... ........ .. ....... 31
7 - Apresentação dos textos de Haines ........ ............ ................ .. 32
7.1 Introdução .. ..... .... ...................... .................... .................. 32
7.2 Pessoas e livros .... .. ..................... .... ............. .................. 33
7.3 Livros para as pessoas: princípios da seleção ... ..... .. ...... 36
7.4 Testando os valores do livro .......... ........... ...... ........ ... ..... 40
7.5 Testes para não ficcção .......... ....................... .. .......... ..... 43
7.6 Testes para ficção .................................... ...... .. ............... 44
8 - Referências bibliográficas........... ..................................... ..... 48
Avaliação de Coleções
1 - Introdução ....... ........ ....... .. .... ... ......... ........... .. ....................... 75
2 - Métodos de avaliação de coleções ......... ..... ..... ........ .. .......... 76
2.1 Compilação de estatísticas ....... ..... ....... .............. ...... .... .. 77
5
2.1 .1 Tamanho bruto... ..... ..... .... ....... ............ ... .. .. ......... 78
2.1.2 Volumes entrados por ano ... ............... .... .... .... .... 79
2.1.3 Fórmulas .... ......... ........... ..... .. .............. ..... ........... 79
2.1.4 Comparações ......... .. ............................ .. .... ......... 79
2.1.5 Equilíbrio de assuntos.. ....................... .. .... ....... .. . 79
2.1.6 Pedidos não atendidos .............. .. .. .. ........ .. .. .... .. .. 79
2.1.7 Emprésti mos entre bibl iotecas .... .. ...................... 80
2.1.8 Tamanho de excelência.. ... ...................... .. ......... 80
2.1.9 Circulação .... .. .. .. .. ... .... .. .......... .. ........ ...... .. ..... ... .. 81
2.1 .10 Gastos...................................................... ........ ... 82
2.2 Verificação de listas, catálogos e bibliografias .. .. .... ........ 83
2.2.1 Catálogos-padrão e listas gerais básicas ............. 84
2.2.2 Catálogos de bibliotecas importantes ................. . 84
2.2.3 Bibliografias especializadas e listas básicas de
assunto ............ .. ................................................. 84
2.2.4 Listas correntes ... ............................... ................ . 85
2.2.5 Obras de referência .. ..... ............................ .... .... . 85
2.2.6 Periódicos .......... ...... ........ .......................... ......... 85
2.2 .7 Listas autorizadas ................ ... .. .. ...... .......... .. .. .... 86
2.2.8 Listas para casos específicos ..... .... .. .. .... .. ..... .. ... . 86
2.2.9 Citações ............... ... ....... ................ ... ......... ...... ... 86
2.3 Obtenção da opinião dos usuários ..... .. .......... ....... .......... 87
2.3.1 Corpo docente e pesquisadores.. ........................ 89
2.3.2 Estudantes .............................. .......... .. ........... ..... 89
2.3.3 O público em geral....................... ...... .... ......... .... 89
2.3.4 Bibliotecários.... ........ ..................... .. ...... ..... .. .. ..... 90
2.4 Observação direta .............. .. .. .. .. .. ........ ...... ........ ............. 90
2.5 Apl icação de padrões.. .................... ............ ....... ........ ..... 91
2.5 .1 Verificação da adequação dos recursos totais ..... 92
2.5.2 Teste da capacidade de fornecer um documento 92
2.5.3 Teste do uso relativo de várias bibliotecas .. ........ 93
2.6 Conclusões ...... .. .. .. .... .......... ................... ............. ... ... ..... 93
3 - Referências bilbiográficas ... ... ..... .... .............. .. .. ... ...... .. ..... .... 95
6
Seleção e Aquisição de Material em Bibliotecas
Universitárias Brasileiras
1- Introdução ......... .... ........... .. .. .. .................. ... .... ... ......... .. . ... ... 137
2- Análise do levantamento ... .... ........ ........ ...... ..... ...... ........ .. ... .. 138
3- Conclusões .. ....... ...... .......... .................................................. 148
4- Questionário aplicado para pesquisa sobre seleção e aquisição
de material bibliográfico em bibliotecas universitárias
brasileiras .......... ................ ... .. ... ............... ... .............. ... ..... .. 149
7
SELEÇÃO DE LIVROS
1 - INTRODUÇÃO
9
A atividade de selecionar livros nasceu então numa época de
mudanças, e quando a própria natureza da biblioteconomia estava
sendo formatizada. Seleção de livros tem sido considerado como uma
das atividades básicas do bibliotecário, uma arte tão profundamente
específica deste profissional , que nenhum bibliotecário poderia sentir-
se realizado se não estivesse, de alguma maneira , praticando esta
"arte". 21
Autores sobre o assunto têm sempre procurado enfatizar esta
atividade como uma das bases fundamentais do profissional bibliotecário.
Shera considera o bibliotecário, primeiramente, como um bibliófilo, e
"como sua responsabilidade básica, a de colocar nas estantes da sua
biblioteca aqueles livros que mais contribuem para o crescimento
intelectual da sua clientela".22
Spiller, na sua obra sobre a seleção de livros, declarou que
"juntamente com o trabalho de referência, de aconselhamento de
leitoras, a seleção de livros representa a esfera da biblioteconomia que
distingue a profissão de muitas outras ocupações administrativas". 24
Spiller comenta a controvérsia existente no passado sobre a atividade
de seleção, se é uma "arte" ou "ciência". A definição desta atividade
- como uma "arte" data do século XVII, e tem-se mantido através dos
séculos, sendo ainda definida porWheeler & Goldhor, na obra clássica
Practical administration of public libraries, publicada em 1962. Por outro
lado, Metcalf, como citado por Edelman, dizia que seleção "é a mais
importante atividade pela qual o bibliotecário é responsável" . 7
Spiller critica a tendência de ter se considerado esta atividade como
uma arte: "foi uma tendência enganadora, pois "arte" pressupõe uma
atividade para a qual se requer uma inclinação, um jeito especial, um
certo grau de habilidade ou mesmo de mística, que é inatingível por
aqueles não dotados do toque mágico". Ele segue criticando os
bibliotecários por terem-se permitido, por um tempo demasiadamente
longo, permanecer escudados atrás desta definição vaga e imprecisa,
e por terem dado demasiada importância a essa definição. Concorda
que não se pode negar o valorda experiência, e sua influência, junto ao
instinto natural, para a seleção correta - assim como um sexto sentido
- mas termina dizendo que seleção é, primeiramente , um problema de
organização. 24
Broadus reafirma que "uma seleção inteligente envolve uma vida
inteira estudando pessoas e materiais" (não se prende a livros somente).
Acrescenta ele, que, "desenvolver e modelar a coleção de uma
biblioteca é o coração da biblioteconomia , envolvendo a filosofia
essencial da profissão .3
Um editorial do Library Journal, publicado em 1 de janeiro de 1960,
declara que "seleção de livros é a mais importante, mais interessante
e mais difícil responsabilidade do profissional bibliotecário".
10
No prefácio da 4a edição do livro de Carter/Bonk & Magrill Buíldíng
líbrary co/lectíons, Ulveling corrobora o pensamento de Spiller acima,
dizendo: "Juntamente com orientação de leitores, seleção de livros é o
ápice profissional da biblioteconomia . Todas as outras atividades não
são mais do que funções de suporte. O fato de muitas vezes, aquelas
funções auxiliares terem tido uma atenção desproporcional na literatura,
é de ser deplorado". 5
Na introdução desta obra, livro texto utilizado pela maioria das
escolas de Biblioteconomia americanas, os autores chamam a atenção
para o fato de que, "a atividade fundamental do bibliotecário é realizada
de maneira tão reservada e discreta (a leitura atenta de um período
bibliográfico em um canto quieto de sala) que um observador pode
interpretá-Ia de maneira errada , e interpretar também erroneamente o
papel de bibliotecário". 5
O que Shera chama de "a responsabilidade ímpar do bibliotecário"
(The líbrarían 's uníque responsabílífy) é a de atuar como "um mediador
entre o homem e os registros gráficos que a sua e a geração que o
precedeu produziu". E que "a meta do bibliotecário é a de maximizar a
utilidade social dos registros gráficos para o benefício da humanidade". 23
E ele acrescenta: "o melhor que o bibliotecário pode fazer para facilitar
um contato frutífero é se utilizar amplamente de todos os recursos para
garantir o mais possível que os melhores materiais para cada obj etivo
em particular, encontre o caminho para o leitor".23
Da mesma maneira como Shera critica o fato de o bibliotecário ter-
se afastado da bibliografia (The líbrarían's refreaf from bíblíography)
dando maior atenção a áreas para as quais não estava equipado para
atuar - mas que lhe ofereceriam maior nível social - ele também se
refere à falha do bibliotecário em não ter sido capaz de desenvolver um
relacionamento realmente profissional com o leitor, de não ter sabido
atuar como um intermediário entre o leitor e a informação. E ele cita
Bundy & Wasserman quando eles declaram que o bibliotecário
acomodou -se a esta situação "pelo fato de que tem pequeno
conhecimento sobre muitas coisas, mas não possui entendimento
verdadeiro sobre coisa alguma".23
Deste modo, Shera veio reforçar as declarações dos autores
anteriormente citados, e foi mais adiante, procurando explicar o porquê
da negligência dos bibliotecários com relação à atividade de seleção,
pois que, embora considerada um conhecimento básico e característico
do bibliotecário, tem sido relegada em favorde atividades não tipicamente
biblioteconômicas. É de se lembrar a explicação oferecida por Spiller
(acomodação, pois que seleção era considerada uma "arte" que somente
poucos poderiam realizar) e o fato mencionado por Ulveling, da
preponderância da literatura em outras áreas, que não nesta, típica de
11
bibliotecári os. Spiller oferece outro dado sob este aspecto, quando
menciona que "não fo i publicad o nenhum livro na Inglaterra sobre o
assunto, nos últimos v inte anos". 24
Em um artigo datado de 1968, Sable fala da "morte da seleção de
livros como uma prática biblioteconômica que vem morrendo nas duas
últimas décadas, e que agora o fim se comp letou: seleção de livros não
existe mais".21 E ele apóia a sua afirmação em vários fatores :
Diz Sable que, com este apoio, "a biblioteca pública pode fornecer
praticamente quase tudo que qualquer leitor desej e, e a seleção, assim,
se torna dispensável" . 21 .
Mas este artigo deve ter mostrado uma posi ção muito individual e
discutido uma situação extrema mente passageira, pois, em outro
artig o, somente sete anos depois, Bone aponta um quadro totalmente
diferente: "por motivo de uma cha mada "fase prolongada" de baixa
econômica , as bibliotecas americanas esta riam necessitando dar maior
importância a uma cuidadosa seleção de livros e desenvolvimento da
coleção".2 E o autor chama a atenção para o fato de que , mais do que
nunca, este aspecto importante de responsabilidade do bibliotecário,
não deve ser relegado humildemente a ning uém mais (o "novo
bibliotecário" mencionado por Sable?).
E Bone conti nua, declarando que o profissional selecionador de
livros deve estar pronto para atestar a sua posição:
"Os bibliotecários de biblioteca pública dev em estar preparados
para dizer que eles não podem cede r a cada demanda feita pelo público,
12
que o material selecionado para assuas coleções deve, necessariamente,
ser consistente com as metas e objetivos da instituição, para as quais
a comunidade teve participação para serem formuladas; os bibliotecários
de bibliotecas acadêmicas devem estar preparados para dizer à
administração e ao corpo docente das universidades e faculdades que
os bibliotecários também entendem de objetivos educacionais e são
largamente educados para ajudar a atender a estes objetivos, com
práticas profissionais e con hecimentos de assuntos; os bibliotecários de
bibliotecas escolares devem esta r preparados para dizer aos
administradores escolares e às suas comunidades que não somente
entendem do processo educacional, mas também da variedade de
recursos que podem ajudar os jovens a aprenderem". 68
Este papel, termina Bone, exigirá "indivíduos do mais alto calibre
intelectual , que continuarão a ler e a se auto-educarem , que
permanecerão sensíveis às necessidades dos seus clientes, que serão
dedicados aos seus altos padrões profissionais.2
Em um artigo cons iderado cláss ico na literatura e ai nda
absolutamente atua l e adequado à situação mundial , apesarde ter sido
escrito há 30 anos, Monroe alerta os bibliotecários para o papel que
deve ser desempenhado pela biblioteca , ou especificamente neste
caso, pela coleção da biblioteca, num tempo que ela chamou "de crise".
E, de certa maneira como iremos ver, a autora foi capaz de prever a
importância e o valor que teria a informação para a própria sobrevivência
individual, nas décadas seguintes. Ou seja, ela foi capaz de predizer o
fato de que na década de 1980, informação era considerada sinônimo
de poder, e quem quer que seja que controla a informação terá poder,
pois esta é a "era da informação" (the information age).
Escrevia Monroe, profeticamente, em 1962:
2 ~ O PAPEL DA COLEÇÃO
14
Por outro lado, como ensina r ao profissional, se são de todo inexistentes
textos na nossa língua e adaptados às nossas próprias necessidades de
desenvolvimento?
Ainda no levantamento rea lizado pela CAPES, anotamos a existência
de 22 textos em português, distribuídos entre artigos apresentados em
congressos, artigos de periódicos, traduções, folhetos, partes ou capítulos
traduzidos de textos não especializados em seleção; nove textos em
espanhol , entre livros, artigos , folhetos e partes de obras não
especializadas; em francês verificamos a existência de sete textos,
entre livros e partes de obras não especializadas, e em inglês, notamos
a existência de 17 textos, entre livros, artigos e obras não especializadas,
além de artigo de enciclopédia.
Um estudo mais detalhado nos levaria ao levantamento individual
das bibliografias utilizadas nos sete cursos mencionados, mas
acreditamos não ser necessário chegar a esta especificação. O quadro
apontado já nos parece suficiente para comprovarmos a assertiva
acima , de que são de todo inexistentes textos adequados, na nossa
língua, à disciplina de seleção de livros.
Os 22 textos em português do levantamento acima, em conjunto,
não serviriam de base para um curso para seleção de livros, pois não
tocaram em princípios ou conceitos, normas ou políticas de seleção,
mas sim, em aspectos secundários, sendo abordados de maneira
apenas superficial, sem qualquer valor didático maior para o ensino de
seleção*.
O resultado desta negligência e a acomodação dela resultante , ou
a negligência resultando da acomodação, ou, ainda, a falta de percepção
para a importância da atividade de seleção, na vida profissional çlo
bibliotecário, veio a se constituir numa das origens do problema sentido
hoje em dia pela classe : a falta de reconhecimento da profissão e dos
serviços bibliotecários, que são considerados tão dispensáveis quanto
as coleções de bibliotecas - por sua vez, representativas do profissiona l
bibliotecário e dos serviços bibliotecários .. .
Procuramos trazer aqui, portanto, uma contribuição para auxiliar o
despertar da profissão para a necessidade de efetivo exercício desta
atividade elevada etípica do verdadeiro profissional em Biblioteconomia .
15
Vale a pena comentar o texto de Haines e confrontá-lo com outros
mais atuais, o que fará apenas reforçar tudo o que ela expressou de
maneira tão bonita, há tantos anos atrás, e que hoje em dia representa
ainda a base de toda a atividade de seleção.
Na introdução, Haines faz considerações sobre o valor da leitura,
dos benefícios que podem ser obtidos, como diz ela "através do simples
atode leitura". Oqueela afirmava então, é, hoje emdia, fato comprovado
em inúmeros estudos, pesquisas, dissertações e teses, nas áreas de
Educação, Psicologia, Comunicação, etc. O Library Trends publicou,
em 1975, uma revisão intitulada: Reaserch in lhe fields Df reading and
communication, enquanto o Advances in Librarianship apresentou um
levantamento denominado The impacl of reading on human behavior,
e outro, em 1974, intitulado The use of resources in lhe learning
experience.
É um tópico atualíssimo, mormente quando se procura provar os
males da televisão, confrontando-se os benefícios da leitura conduzida
criteriosamente. .
No capítulo I, Haines levanta um dos pontos mais correntes hoje em
dia, ou seja, a necessidade de que os serviços bibliotecários visem,
primordialmente, aqueles a quem eles são dirigidos. Segundo ela
"somente quando a biblioteca relaciona e integra as influências variadas
e o uso dos livros com os interesses e atividades variadas da vida
humana é que ela preenche o seu objetivo moderno".
Assim, ela levanta o papel da biblioteca pública na vida da
comunidade, detalha as maneiras de como descobrir as necessidades
da comunidade e, ainda, chama a atenção para a cooperação
indispensável entre todas as instituições de ensino da comunidade para
que a biblioteca possa cumprir aquele objetivo moderno de servir à sua
clientela da melhor maneira possível. São conceitos-chaves que
perduram até hoje e são insistentemente lembrados e citados na nossa
literatura especializada.
Wellard, numa obra publicada apenas dois anos após o Living wilh
books em 1937, escreveu um capítulo magistral e até hoje valioso sobre
o estudo da comunidade, que deve serestudado portodos os interessados
no assunto; comenta ele sobre o problema da seleção de livros: "Deve-
se admitir que os livros, afinal de contas, são escritos para serem lidos
por leitores reais, não hipotéticos; desta maneira o conhecimento
destes leitores deve ser levado em conta quando fazemos a análise de
um livro para o selecionarmos para a biblioteca".27
No entanto, até hoje, parece não haver uma fórmula certa para
estes estudos de comunidade, muita coisa ainda deixando a desejar
quanto aos resultados obtidos. Assim, um autor mais atual comenta:
"Nosso problema é que na verdade, não sabemos, nem nesta era de
16
automação, o que as pessoas querem ler; muitos não sabem eles
mesmos o que querem ler, até que encontram o livro".11 E aqui nos
ocorre uma analogia com o serviço de referência: o fato de que muitos
usuários não sabem exatamente o que perguntar, senão quando já
estão quase perto da obtenção da resposta . Disto se conclui que muito
pouca coisa é ainda conhecida sobre o comportamento, as reações e
as associações da mente humana, ou das pessoas propriamente ditas.
Daí, talvez, o problema básico, cerne de todo o serviço bibliotecário,
que tem por princípio atender às necessidades de informação reais e
em potencial de pessoas.
Haines identifica dois fatores básicos no planejamento da coleção:
fornecimento e demanda - conceitos debatidos até hoje. Sable comenta
que: "sugerir que a biblioteca deva adquirir todos os títulos que
aparecem na lista de os mais vendidos é o mesmo que sugerir que os
usuários sabem dirigir a biblioteca melhor que os bibliotecários". 21
Por outro lado, outro autor, Cabeceiras, discute as três diretrizes de
seleção, quais sejam: selecionar apenas o melhor livro, ou o de maior
demanda ou o de menor custo.
Ele levanta pontos pertinentes, também levantados por outros
autores. Assim quanto à aquisição apenas do melhor livro, isto envolve,
logicamente, muita subjetividade por parte do selecionador que,
possivelmente, correrá o risco de incursionar pelo terreno da censura.
E esta teoria poderá levar o selecionador a incorrer na falha de estar
selecionando livros que não respondem às necessidades da comunidade
e, então, se pergunta: de que adianta ter uma biblioteca de melhores
livros, se eles não são usados, ou o são muito pouco?
A segunda teoria, pode levar a outro extremo, isto é, a de ficarmos
com uma coleção de lixo literário, mas que se justifica por ser a
demanda dos usuários. Obviamente, conclui o autor, é necessário
flexibilidade em selecionar o melhor versus o que é mais demandado.
Quanto ao custo menor, esta teoria mantém que ambas as teorias
anteriores pode ser atendidas se todos os livros selecionados tiverem
como consideração primária a versão menos cara de cada livro em
particular. Um uso integral desta teoria levaria a coleção da biblioteca
para uma situação de livros de aspecto desagradável, não só fisicamente
como também quanto ao conteúdo. "Estas teorias merecem consideração
por parte do bibliotecário e são essenciais para se formular a política de
seleção", conclui Cabeceiras. 4
Outro autor mais moderno também faz observações a respeito
deste aspecto da seleção, e acrescenta: "cuidado com o bibliotecário
que diz: eu acho que deveríamos ter (teríamos a obrigação de ter)
17
aquele livro. Selecionar livros com base no prestígio é má seleção de
livros. Um livro adquirido por um preço 30% mais barato será um
desperdício de dinheiro, se ele não vier a ser adquirido pelo preço
total" . "
Ainda sobre este problema de demanda, She ra nos oferece as
considerações a seguir. Diz ele : "é na biblioteca pública que os
problemas de seleção se tornam mais difíceis. Os seus objetivos são
muito menos bem definidos do que aqueles de outros tipos de bibliotecas
e, frequentemente, ela não possui o lastro de conhecimento que as
outras comunidades acadêmicas e de pesquisa podem fornecer. Como
consequência, duas escolas de pensamento se desenvolveram a
respeito da seleção de livros para bibliotecas públicas. A primeira que
foi chamada de teoria de demanda, mantém que, por motivo de ser a
biblioteca pública uma instituição pública mantida por um tesouro
municipal, ela deve responder às demandas do público ao qual deve
supostamente servir, isto é, deve dar ao público Q que ele quer. A teoria
contrária a esta é a teoria do valor, que mantém que é responsabilidade
do bibliotecário estocar apenas "os melhores livros". Mas esta filosofia
levanta a questão: quais livros são melhores" para quais propósitos, e
para quem? No fim, o bibliotecário deve apoiar-se na filosofia de "o que
a biblioteca deve ser", e suplementá-Ia com o seu próprio julgamento,
senso de valores e gosto literário".22
Devem-se salientar, também, dois pontos levantados por Haines,
com relação ao bibliotecário, na sua atitude como profissional: deve ler
regularmente um jornal diário, isto é, o bibliotecário é um profissional
que tem necessidade de estar atualizado com o que ocorre no seu
âmbito de trabalho, na sua cidade, no seu país, no mundo. Somente
assim terá ele a possibilidade de prever a demanda que haverá sobre
os seus serviços - uma questão chave para o bom serviço bibliotecário
- além de, é lógico, esta leitura constituir-se numa base sólida para o seu
próprio desenvolvimento e o crescimento intelectual. Diz ela, também,
que o bibliotecário precisa ter "um interesse genuíno e simpatia pelas
pessoas"; hoje em dia, diríamos que o bibliotecário precisa ter empatia,
saber entender a linguagem corporal dos seus usuários, e assim por
diante. Mas o que ela preconizava era, simplesmente, que aquele que
não tem aptidão para o trato com as pessoas não deveria ser bibliotecário ,
pois que as pessoas e as suas necessidades de leitura e/ou de
informação são o próprio sentido do serviço bibliotecário.
Segundo este conceito, no capítulo II ela chama a atenção para isto:
"o bibliotecário que olha a sempre mutável multidão de leitores somente
como um fluxo interminável de estúpidos irracionais consumidores do
18
trivial e do baixo deve procurar outra profissão" . É uma maneira muito
clara e bastante forte para alertar aqueles que não tem simpatia por
pessoas a que não entrem nesta profissão de prestação de serviços a
pessoas. À época em que escreveu o livro, vigorava este conceito de
que leitores de biblioteca pública era uma massa que não deveria
merecer maiores considerações por parte dos bibliotecários - idéia que
Haines tentou corrigir com os dizeres acima.
De fato , aos bibliotecários de biblioteca pública cabe o papel de
educadores, e a importância e o valor da sua tarefa são inestimáveis.
Entre nós, existe, hoje emdia, também um certotipode menosprezo por ·
este tipo de bibliotecário, valorizando-se mais aqueles que trabalham
em bibliotecas universitárias e especializadas. É um erro que nos ·
parece bastante grave, pois que, num país em fase de desenvolvimento,
o trabalho que pode ser prestado pelos bibliotecários das bibliotecas
públicas pode ser muito mais relevante, importante e útil ao país como .
um todo, do que aquele prestado a uma pequena minoria, a pequena .
elite intelectual da nação. É a maioria tida como educacionalmente
inferior - que é a nossa massa de população - que deve merecer um
maior apoio e auxílio, e aos bibliotecários de bibliotecas públicas que
recebem esta massa realmente nossa, cabe maior consideração por
parte dos seus colegas de classe, já que estão na tarefa de tentarelevar
o nível de desenvolvimento da população através "do simples ato da
leitura".
A admoestação de Haines aos bibliotecários de biblioteca pública
que "olham a sempre mutável multidão de leitores somente como um
fluxo interminável de estúpidos e irracionais" foi corroborada por
Wellard, quando. se referiu ao "leitor-padrão", uma idéia existente na
época . Se fosse possível estabelecero tipo de leitor-padrão de biblioteca
pública, seria possível também estabelecerem-se coleções e serviços
para este público homogêneo; mas os estudos de usuários ou de
comunidade, dos quais Wellard foi um dos pioneiros, mostraram que
não há leitor-padrão, mas sim, cada leitor varia de acordo com a sua
necessidade do momento . Wellard aconselhou os bibliotecários a
evitarem este conceito de leitor-padrão, de uma lado, e os tipos
generalizados de leitores indicado pelas estatísticas da biblioteca, que
nada mostram dos leitores propriamente ditos, de outro. 27
Shera também tratou do mesmo problema, referindo-se ao "leitor
geral" como se existisse, diz ele, "um tipo de espécime biológico ou
psicológico que pudesse ser identificado, caracterizado e motivado de
maneira particular. Mas este leitor generalizado não existe, da mesma
maneira como não existe o homem econômico. Cada, leitor é "especial",
aos seus próprios olhos, e deve ser assim tratado pelo bibliotecário.22
19
No texto a seguir, Haines oferece alguns exemplos simples e
básicos para pequenos exercícios de avaliação de coleções que são
altamente recomendáveis às nossas bibliotecas, no nível em que se
encontram. Vale acrescentar que, dentro deste campo de assunto de
avaliação, a literatura que mais de perto diz respeito aos nossos
problemas é aquela de 1930, 40 e 50. A partir dos anos sessenta, com
a implantação do computador nas bibliotecas americanas, os métodos
de avaliação de coleções e/ou de serviços se tornaram extremamente
complexos e sofisticados e, portanto, não mais aplicáveis às nossas
necessidades atuais.
Os doze princípios traçados por Haines para a seleção de livros
representam, ainda hoje, as linhas mestras, os pilares da atividade de
seleção em bibliotecas públicas, aplicáveis muito deles a outros tipos
de bibliotecas.
O capítulo 111 é, talvez, o mais importante, pois que nele estão
traçadas as diretrizes para o trabalho do dia-a-dia do bibliotecário
colecionadorde livros. Os testes preconizados porHainessão utilizados
até hoje pelos bibliotecários americanos, e, segundo Lyman, "vinte e
cinco anos após a publicação do livro de Haines, a seleção se estende
por formatos inumeráveis, assuntos e ambientes mutáveis. Os critérios
mudaram, mas os princípios essenciais permaneceram. Os bibliotecários
continuam a considerar úteis os testes, como foram preconizados por
Haines".16
Ela chama atenção para o problema da "coleção bem equilibrada"
- um conceito também existente na época e, que já não era mais
considerado válido. Consistia em que a biblioteca, tendo um pouco de
cada coisa, acabava não tendo o suficiente para atender à demanda em
certas áreas, ou tendo demais para cobrir assuntos sem qualquer
demanda da comunidade. Assim, ela definia como mais válida "uma
coleção desenvolvida cuidadosamente, para suprir a demanda do
público mais evidente".
Wellard, por sua vez, também tocou neste conceito, dizendo que
coleção bem equilibrada "é uma teoria que deve serdesafiada. Existem,
naturalmente, livros clássicos e eruditos que devem ser encontrados
em toda biblioteca pública. Mas eles não devem "lá estar por serem
eruditos, mas porque são potencialmente úteis a um grupo conhecido
de leitores. Utilidade é um conceito fora de dúvida".27 E acrescenta:
"esta coleção equilibrada acaba sendo nada mais nada menos do que
o reflexo dos gostos, desgostos e indiferença do bibliotecário" . 27
Completeza, um outro conceito que era corrente na época, e que
hoje em dia não é mais aceito. A coleção deve ser desenvolvida de
20
acordo com um plano definido numa ampla base de generalizações, já
dizia Haines.
Segundo Wellard, "o problema da seleção de livros é fornecer ao
leitor, cujos interesses e capacidade são conhecidas, o livro que se
ajustar àqueles interesses e capacidades melhor do que qualquer outro
livro".27 Outro autor, Thompson, discorda da linha traçada por Haines,
dizendo que "deve haver algum método de seleção, mas não deve
necessariamente ser a seleção de livros individuais. Devemos procurar
uma política básica, pela qual separamos, em geral, o mais urgentemente
necessário do menos urgentemente necessário. Devemos lidar com
generalidades, pois, se lidarmos com especificidade, otempo consumido
pode ser equivalente ao custo de uma cobertura completa de campos
pertinentes para a biblioteca".26
Um conceito básico salientado e repetido por Haines no texto diz
respeito à cooperação estreita que deve ser mantida pela biblioteca e
demais entidades da comunidade para atender às necessidades dos
seus usuários. Novamente, é um tópico atualíssimo, pois nada mais
objetivaram as cooperativas de biblioteca, os sistemas, consórcios e
redes criadas nestas últimas décadas.
Na época na qual o livro foi escrito, os Estados Unidos atravessavam
uma época difícil, reerguendo-se da recessão histórica do fim dos anos
vinte, e as incertezas e as inseguranças eram muitas. Também o futuro
não parecia muito promissor, "sob o espectro da alucinação atômica".
De maneira muito semelhante como o fez Monroe, anos mais tarde, no
seu texto inspirado Haines coloca sobre o bibliotecário uma grande
responsabilidade: a de, "conhecendo e utilizando livros, esclarecer
preconceitos, ampliar o entendimento de questões vitais, fortalecer a
aceitação pública e praticar a cooperação e a tolerância entre as nações
como único solvente de muitos problemas tensos e persistentes da vida
de hoje". E ela finaliza alertando para os problemas da censura que,
anos mais tarde, iria abalar a democracia americana, na época que
ficou conhecida com de "McCarthismo".
Haines discorre, a seguir, em detalhes, sobre os testes para ficção
e não ficção, após delinear as divisões básicas às quais os livros podem
.pertencer, como base à atividade de seleção.
É realmente , uma atividade das mais difíceis e elevadas realizada
pelo bibliotecário, o ter que decidir sobre se o livro merece, ou não, por
seu valor, ser incorporado à coleção já existente. Até hoje, este assunto
ainda suscita dílemas.
Num texto mais atual, Gill comenta que "a maior parte da seleção
de livros é ainda feita na base do palpite, um amálgama de experiência
21
baseada em trabalho com usuários, sensibilidade para as diretrizes e
estilos dos interesses populares, e preconceito puro de nossa parte" . 11
Taube, um outro autor clássico, tem as seguintes considerações
sobre este aspecto de seleção: é possível distinguir cinco critérios
relativamente independentes que determinam as políticas de seleção
de livros, a saber: o aditivo, o de referência, o crítico, o documentário
e o monetário.
Um livro tem um valor positivo quando a sua adição na biblioteca
aumenta o tamanho da biblioteca, mas um livro tem diferentes valores
aditivos para diferentes bibliotecas. A relevância do valor aditivo à
prática de seleção de livros é ilustrada pelo fato de que as bibliotecas
são classificadé;ls pelos tamanhos de suas coleções. Assim, antes que
um livro possa ter um valor aditivo para coleções especiais, ele deve ter
um certo tipo de impressão, ser escrito numa época especial , ou ser
publicado em algum lugar especial.
Todo livro tem algum valor como referência, mas ograu em que ele
serve a este propósito determina o seu valor como obra de referência
e sua seleção pelas bibliotecas.
Por "valor crítico" subentende-se o valor usualmente conferido em
julgamento que críticos, recensões ou bibliotecários fazem a respeito
de livros comuns. Em geral, existe uma concordância ampla a respeito
de valores de livros, entre autoridades competentes, e somente no que
diz respeito aos aspectos secundários que desacordos podem aparecer.
Qualquer tipo de material impresso ou manuscrito tem valor
documentário, se puder ser usado pelo historiador literário, político ou
social. Acredita-se que os valores "aditivos" e "documentário" tendem
a coincidir. O valor documentário de qualquer tipo de material tende a
aumentar ou a cair, de acordo com as mudanças das tendências, e os
problemas de erudição podem variar em diferentes instituições e
regiões, dependendo dos interesses dos eruditos locais.
O valor monetário é o denominador comum de todos os Iivros. 25
A seguir, Haines toca em dois outros princípios básicos de seleção:
"selecione livros que tendam ao desenvolvimento e enriquecimento da
vida" e "deixe que a base da seleção seja positiva, não negativa".
Wellard também tem um comentário bastante objetivo a este respeito:
"a seleção de livros, diferentemente da crítica literária, diz respeito tanto
ao leitor quanto ao livro. O grande problema - não é um dilema - do
selecionador, é observar o equilíbrio entre o princípio utilitário, isto é, as
reais necessidades de leitura, interesses e habilidade da clientela total
da biblioteca e o princípio humanístico baseado nos padrões literários". 27
Shera também toca neste assunto, dizendo apenas: "nem todos os
livros têm valor permanente, e livros demais não têm valor algum". 22
22
Outro autor nos traz uma idéia altamente prática: "nós temos que
evitar a atitude superior de que a nossa seleção de livros deva voltar-
se apenas para os livros de alto nível, e que temos que nos desculpar
pelo resto. Se adquirirmos apenas livros de alto padrão, nós teremos
uma coleção pequena e muito poucos leitores". Ou ainda: "nós estamos
gastando dinheiro público. Um livro na cabeceira do leitor equivale a
dois na estante de títulos encomendados pelo bibliotecário" . 11
São finais as palavras de Shera sobre este assunto: "uma biblioteca
não é meramente um aglomerado de livros colocados juntos por uma
série de circunstâncias fortuitas, mas uma criação significativa, projetada
para, intencionalmente, estimular no usuário uma atividade cerebral" .22
E, éomo Haines, ele atribui ao bibliotecário a "responsabilidade de
trazer o melhor do mundo dos livros para o usuário, nas maneiras que
mais aproximadamente satisfaçam necessidades, pressupondo ,
naturalmente, que aquelas necessidades são legítimas e não hostis aos
melhores interesses e bem-estar da sociedade". 22
Chamam a atenção as considerações feitas a respeito da leitura
técnica do livro, bem diferente daquela mais simples para a tarefa de
catalogação. De maneira clara, fica demonstrado o trabalho profundo
e cuidadoso que deve ser desenvolvido para a análise do livro com a
finalidade de seleção, para a decisão de acrescentar-se ou não um novo
título à coleção.
Haines termina o capítulo enfatizando a necessidade de o
bibliotecário adquirir um sólido julgamento crítico para a atividade de
seleção, conhecimento que ela reconhece ser difícil, mas que deve ser
obtido por aqueles que querem bem cumprir uma das mais elevadas
atividades intelectuais que poderá vir a ser realizada por um profissiQnal
bibliotecário.
23
Wellard já declarava, em 1937, que os objetivos da biblioteca são
coletivos, no sentido de que a comunidade é que é a beneficiária dos
serviços da biblioteca, não o indivíduo: o reconhecimento e a aceitação
desta função social, e os objetivos da biblioteca é que determinarão os
métodos e as práticas de seleção. De acordo com esta interpretação,
sustenta Wellard, os métodos e práticas de seleção não serão
bibliográficos, mas sim sociológicos, o tipo do livro sendo mais importante
que o volume individualmente. Acrescenta Wellard que "a seleção de
livros mais adequada é aquela que realiza os objetivos da função social
(da biblioteca), através do conhecimento da comunidade a ser servida" . 27
Haines enfatiza que o "serviço bibliotecário não é somente a
provisão de livros, mas sim, levar o livro certo ao leitor certo, pois que,
sem um leitor, o livro é inútil, e sem leitores, a biblioteca está morta.
Considere-se, em primeiro lugar, o público para o qual a biblioteca
existe, continua Haines, pois que não existe mundo vivo de livros
separado do mundo vivo de leitores. Somente quando a biblioteca
integra estes dois elementos é que ela preenche o seu objetivo
moderno. 14
Um autor mais atual faz a analogia entre seleção de livros e
arquitetura.
Em ambas, o profissional está tentando construir alguma coisa na
qual deve ser dada expressão à função e à forma. Alguns dos edifícios
mais imaginativos foram criados por um arquiteto, tendo que fazer
frente a severas limitações e confinamentos. É função do bibliotecário,
enfrentando problemas semelhantes, produzir uma seleção de livros
coerente, que é a marca do selecionar eficiente. 11 Relata ele que, num
estudo feito recentemente na Inglaterra para um levantamento das
políticas de seleção existentes nas 115 bibliotecas públicas inglesas
envolvidas, somente 67 responderam, e destas, somente 30 forneceram
uma declaração escrita da política de seleção adotada. Pergunta o
autor: "por quais critérios e com quais objetivos as outras 85 bibliotecas,
incluindo a minha própria, selecionam os seus livros? Como o pessoal
envolvido na seleção sabe o propósito da atividade na qual estão
trabalhando?"11
Tendo em vista que esta é uma situação quase rotineira nas
bibliotecas, - isto é, a falta de objetivos e critérios para o gasto dos
orçamentos concedidos - , ele propõe que se estabeleça outra maneira
de distribuir verba, ou seja: com base em projetos apresentados; é uma
idéia perfeitamente válida e aplicável, tangível e fácil de ser delineada.
Já o estabelecer objetivos e critérios mensuráveis não apresenta igual
facilidade. Assim, ele sugere que, em geral, as alocações de despesa
24
sejam feitas tendo em vista, primeiramente, a população e os problemas
levantados, devidamente pesquisados e definidos, e apresentados pelo
pessoal ao chefe da biblioteca. Este estabelecerá uma lista de prioridades
em consulta com o pessoal. Assim, os problemas que poderiam surgir
seriam: alocação de verba para substituição de livros retirados do
acervo em um ano, baseada em percentagem de retiradas anteriores;
fundos adicionais para uma área em crescimento de demanda; verba
para prover mais livros quando a faculdade local expandir o seu
curriculo; verba para desenvolver coleções de novos ramais de
bibliotecas públicas; fundo para reforço na coleção de uma biblioteca
cujouso está declinando; verba para diminuir o tempo de espera para
certas categorias de livros, e assim por diante. As vantagens deste
sistema, explica o autor, seriam : primeiramente, as bibliotecas estariam
gastando os seus orçamentos com um propósito definido e mensurável;
segundo, estaríamos numa situação bem favorável para demonstrar
como estamos gastando as verbas; e, terceiro, na solicitação de mais
verba estaríamos na posição de poder fornecer detalhes sobre todos os
projetos válidos que não foram realizados por insuficiência de fundos . 11
Analisando o aspecto realmente prático do estabelecimento de uma
política de seleção, Cabeceiras levanta treze pontos específicos que
deverão constar da política de seleção de qualquer biblioteca:
25
..
g - auxiliares bibliográficosde seleção -devem ser consultados
para assegurar que o livro considerado é, na verdade, o
melhor para a biblioteca;
h - recursos afiliados - um livro não deve ser adquirido se está
convenientemente acessível ou pode estar mais apropriada-
mente guardado na coleção de outra agência da comunidade;
i - influência cultural- o livro deve apoiar a posição local no que
diz respeito a grupos culturais, políticos, étcnicos, religiosos
ou sociais;
j - censura - a política com respeito à censura deve serdesen-
volvida por uma comissão representativa dos interesses
seccionais e diversificados dos usuários da biblioteca;
k - equilíbrio da coleção de livros - os livros selecionados
devem manter a coleção adequadamente proporcional às
necessidades e ao uso dos usuários;
I - objetividade do selecionado r - os livros devem ser selecio-
nados para atender às necessidades dos usuários e não ao
que o bibliotecário imagina serem aquelas necessidades;
m - "mídia" alternativos - a consideração da "mídia" alternativos
podem influenciar grandemente na direção que a biblioteca
seguirá a respeito da aquisição de material impresso e não-
-impresso. 4
26
Embora, na prática, estas funções se interrelacionem , conceitualmente
elas devem ser julgadas separadamente.)
A avaliação da coleção (collectíon evaluatíon), por sua vez, é, na
maioria das vezes, considerada como uma função do desenvolvimento
da coleção, e deve estar rel.acionada com o planejamento, seleção e
desbastamento das coleções. 18
Como já tratamos desse assunto em outra publicação 1, não
trata remos deste aspecto de avaliação de coleções neste texto. No
entanto, ficam registradas como sendo as melhores revisões para este
assunto, as de 800n 2 e Lancaster3 • Existe, também, outra revisão, que,
de certa maneira, atualiza o trabalho acima mencionado. 4
Seleção propriamente dita será tratada a seguir.
Vejamos as sugestões apresentadas na reunião da RSTD:
"A política de desenvolvimento da coleção deve definir as metas e
os objetivos da biblioteca, identificar as necessidades da comunidade
que ela serve, a curto e longo prazos, avaliar o grau de força e fraqueza
dos recursos existentes e determinar a profundidade e o escopo da sua
política de aquisição. O principal desta política, usualmente, consiste
em listar os assuntos, com anotações acompanhando e indicando o
grau de cobertura recomendada . Delimitações por língua, data , formato
e custo oferecem outros refinamentos".6
Uma explicação nos parece válida, também, quanto ao que é e ao
que não é uma política de seleção. "Primeiramente, não substitui a
seleção de livros. Quando muito, define uma estrutura e fornece
parâmetros, mas nunca seleciona um livro específico. Cada título tem
de ser individualmente escolhido por um corpo de selecionadores, por
carta branca ou por planos de aprovação. Também, - não importa quão
específica e detalhada a política seja -, o julgamento individual ainda
precisará ser aplicado, em última análise. Mais, ainda, uma política por
27
escrito, delineada de maneira ampla, ou especificamente detalhada,
não deve ser fossilizada para a eternidade . Assim como as instituições
crescem , também as coleções e as políticasde seleção devem crescer.
Portanto , a presença de uma política exarada por escrito não pode
substituir um discernimento inteligente, nem um sentido sempre alerta
para as mudanças das necessidades da comunidade . Por este motivo ,
é altamente desejável- , na verdade, imperativo -, que tal política sofra
revisão periódica, regularmente .8
Outra sugestão, bem prática, apresentada na mesma reunião,
oferece os princípios gerais que devem estar contidos na política de
desenvolvimento da coleção, para bibl iotecas públicas. t
"I( preparação de uma política para o desenvolvimento da coleção
envolve mais do que o mero estabelecimento de princípios gerais.
Envolve:
28
Parece-nos oportuno oferecer algumas sugestões também quanto
à elaboração da política de desenvolvimento de coleção para uma
biblioteca universitária. Segundo Osborn, eis, em resumo, o que uma
política de desenvolvimento de coleção deve fazer:
29
r1
Finalmente, nesta reunião da RTSD foram discutidas as diretrizes
elaboradas pela Divisão, para formulação de políticas de
desenvolvimento da coleção, das quais vale a pena destacar:
30
6 - ELEMENTOS DE UMA DECLARAÇÃO DE POlÍTICA DE
DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÃO
31
f - unidade da biblioteca ou selecionador responsável pela
seleção básica naquela área.
a- jornais;
b- coleções de microformas;
c- manuscritos;
d- publicações governamentais;
e- mapas;
f- materiais audiovisuais;
g- fitas de dados (data-tapes).
7.1 - Introdução
32
Considere-se o que os livros podem significar para o desenvolvimento
individual: na formação do caráter, na ativação da inteligência, no
enriquecimento dos recursos, no aprofundamento da sensibilidade.
Eles oferecem material para a formação do caráter através do
conhecimento e do pensamento. A formação do caráter é um processo
contínuo e inconsciente de auto-educação na escola diária da vida;
quando a mente alcança o uso e o controle destes fios, todo o panorama
da vida no mundo, passada e presente, se torna constantemente mais
variada e interessante, enquanto, ao mesmo tempo, os poderes de
reflexão e julgamento da própria mente são exercitados e fortalecidos.
Os livros dão à vida um significado mais profundo. Não há no
trabalho diário, ocupação humilde, que não possa se tornar mais
interessante ou mais útil, através dos livros. Eles são os meios para se
alcançar eficiência, são fontes inexauríveis de prazer. E eles nos
mostram a vida como era no passado e como é no mundo de hoje.
Aqueles que são capazes de utilizar livros como companhia, são
raramente solitários; nem sentem a necessidade de encontrar alguma
ação, a mais trivial, para preencher uma hora vazia. Eles têm amigos
que virão quando desejados, trazendo distração, aconselhamento, ou
absorção do espírito - amigos que, ao contrário da variedade humana,
podem ser afastados, quando perdem o interesse, e escolhidos
adequados a qualquer temperamento e ao interesse do momento.
Biblioteconomia é a única vocação que se dedica a levar livros à
vida comum do mundo. Os materiais com os quais os bibliotecários
trabalham são os que fornecem o entendimento, o conhecimento e a
razão que podem informar a mente e dirigir a vontade para fazer frente
aos desafios do tempo, para ajustar-se às suas compulsões, para
discernir e guiar as forças moldando o futuro .
33
Qualquer tipo oe serviço bibliotecário que se destina a aproximar
pessoas e livros deve ser baseado numa inteligente seleção de livros.
Os bibliotecários devem saber como selecionar livros de maneira
inteligente. Livros que são a expressão da vida e do pensamento
humano, que oferecem conhecimento que satisfazem e estimulam o
desenvolvimento individual, que alargam e clareiam a inteligência.
Considere-se, primeiramente, o público para o qual a biblioteca
existe. Pois que não existe mundo vivo de livros, separado do mundo
vivo de leitores. Somente quando a Biblioteconomia relaciona e integra
as influências variadas e o uso dos livros com interesses e as atividades
variadas da vida humana, é que ela preenche o seu objetivo moderno.
No entanto, a demanda feita na biblioteca pública pela sua massa
de leitores, é mais forte nas linhas de menor resistência mental - para
o popular, o superficial e o elementar na literatura, para fins quer de
recreação, quer de elevação.
Assim, o papel do biblioteca é duplo. Deve suprir as demandas da
maioria dos usuários, tão eficientemente quanto possível, e, ao mesmo
tempo, prestar serviço pessoal intensivo àquela minoria de leitores que
conhecem e amam a literatura, e têm capacidade de encontrar livros
para a mente, e inspiração para o espírito.
A biblioteca pública é uma parte integrante da atividade da
comunidade, um órgão do corpo social da comunidade. Funciona em
resposta ou por antecipação a toda a gama de necessidades da
comunidade. Presumivelmente, estas necessidades são as necessidades
de todas as pessoas da comunidade, não apenas daquelas que são
usuários da biblioteca; mas, na verdade, estas necessidades se tornam
evidentes pela demanda do público; a demanda na biblioteca vem
somente daqueles que, de algumas maneira, desejam fazer uso dela.
A demanda pode muitas vezes ser criada, estimulada e influenciada;
mas, se a demanda não existir, o material para supri-Ia não será
utilizado.
Assim, na provisão de livros, e no planejamento de seus serviços,
a biblioteca pública sempre deve considerar o suprimento em relação
à demanda; deve ter sempre em mente a grande variação nos valores
da demanda - a demanda mais forte nem sempre representa o valor
mais alto; e deve sempre ajustar estes dois fatores entre si e relacioná-
los a um terceiro, que são os recursos disponíveis na biblioteca na forma
de livros e o orçamento existente.
Esta é a basetriangulardo problema da biblioteca pública e os seus
objetivos. Exposta por Melvil Dewey, numa frase de onze palavras, tem
sido o lema da ALA desde a sua organização, em 1876: "a melhor
leitura, para o maior número (de pessoas), pelo menor custo". Como
34
=
descobrir as necessidades da comunidade é o primeiro problema do
bibliotecário, para o estabelecimento de relações com o público.
Como selecionar os livros a fim de atender àquelas necessidades
é o segundo; e isto implica o terceiro, como julgar o valor de cada livro.
Deve ser lembrado que os problemas de seleção são mais simples
numa grande biblioteca do que numa pequena, porque os livros padrões
já foram adquiridos, a seleção não precisa sertão restrita, pois a gama
de demanda é mais ampla . Numa grande biblioteca, também, a seleção
é geralmente dividida entre departamentos, cada um responsável por
seu próprio assunto. A pequena biblioteca pública, no entanto, pode
muitas vezes criar um relacionamento mais estreito, direto e pessoal
com a sua comunidade como um todo, do que um sistema de biblioteca
altamente formalizado e inter-relacionado, numa grande cidade.
Existem vários caminhos abertos para a descoberta das
necessidades da comunidade. É necessário conhecer as atividades,
interesses, organizações, instituições e características distintas da vida
na comunidade, para entender os canais, através dos quais, a demanda
de livros pela massa possa ser estimulada e desenvolvida. Numa
comunidade rural , haverá canais de interesse que não existem em uma
cidade urbana, ou numa cidade industrial, ou num centro universitário.
Cada um tem seus componentes distintos, diferenciados dos outros.
Novos canais estão constantemente se abrindo, à medida que o escopo
da biblioteca se expande,
É importante familiaridade com todos os elementos culturais e
raciais da população. Na biblioteca pública deve haver, para os leitores
estrangeiros, literatura de seu próprio país e em sua própria língua.
Deve haver uma relacionamento estreito entre a biblioteca e todas
a agências de educação da comunidade. A biblioteca da escola local,
por fazer uso de livros como parte da educação, deve ser olhada pela
biblioteca pública como um campo comum de cooperação na seleção
de livros.
Assim também deverão ser consideradas escolas de outros tipos,
escolas noturnas, cursos de extensão das universidades, instituições de
ensino superior e de pesquisa especializada. Deve ser estabelecida
uma união amiga da biblioteca pública com todas essas entidades. Essa
união, com entidade e diretrizes de educação formal, será de utilidade
mútua na correlação dos recursos de livros na comunidade e na ligação
com a educação informal, através dos livros que a biblioteca pública
mantém.
Cooperação ativa com organizações de trabalhadores dá à biblioteca
uma grande oportunidade de preencher seu alto objetivo como uma
agência de auto-educação através da leitura, podendo com isto ganhar
suporte na comunidade e reconhecimento da classe de trabalhadores
em todos os níveis.
35
Mesmo a pequena biblioteca pública pode manter uma coleção de
depósito no local de reunião dos trabalhadores, chamar a atenção dos
membros dos sindicatos para livros na opinião deles úteis e interessantes,
oferecer uma boa representação de literatura trabalhista na sua seleção
de livros, fornecer os mais importantes periódicos na área e prover
material adequado para as atividades educacionais dos trabalhadores
nas aulas, reuniões, conferências, etc.
Jornais locais são um elo importante entre a biblioteca e o público.
Nestes jornais o bibliotecário descobre os interesses e as necessidades
imediatas da comunidade, e se familiariza com as pessoas importantes
e com a diferentes organizações locais. As colunas destes jornais
podem tornar-se forte apoio para a biblioteca.
Além da familiaridade com a comunidade e suas características e
necessidades especiais, deve haver um amplo conhecimento dos
problemas do dia-a-dia, gerais, nacionais, locais. Para assegurar isto,
o bibliotecário deve ler regularmente um jornal diário e se manter em
contato com a enorme gama de tópicos nas revistas; isto ajuda, de
maneira especial, no reconhecimento das correntes de interesses
popular e na antecipação dos pedidos dos leitores.
Uma surpreendente variedade e multiplicidade de contatos pode
ser reconhecida e desenvolvida pela biblioteca, se cada um dos seus
membros ficar responsável por um círculo especial de influência na
comunidade. Naturalmente, quanto mais relações pessoais puderem
ser estabelecidas, melhor; um interesse genuíno e uma simpatia pelas
pessoas é indispensável, por parte dos bibliotecários encarregados
destas tarefas de relacionamento com a comunidade.
36
k
da natureza e das experiências humanas, penetrando sob as aparências,
pode manter essa atitude. Leitores de bibliotecas públicas são tipos
humanos, diversos, variados. Nenhuma coleção representativa da
biblioteca é composta apenas de "lixo", embora ela contenha, muito
material impresso de vários valores: recreacional, prático, educacional
intelectual, ético e empírico. Nenhum público leitor consome apenas
ficção efêmera e rebotalho; nem os livros que formam o grosso de
qualquer coleção de literatura de ficção de biblioteca pública são
definidos de maneira correta por essa frase.
A leitura em uma biblioteca pública é tecida por diferentes fios -
fracos e fortes, alegres e sombrios, falsos e genuínos; e a leitura do
indivíduo é formada pela textura do todo. O serviço bibliotecário, na sua
relação com o público, é impessoal e pessoal. A parte que os livros
podem ter na vida de um indivíduo é revelada aos poucos para todo
bibliotecário, cujo trabalho leva a um relacionamento pessoal com os
leitores.
A melhor definição do objetivo da seleção de livros é ainda
encontrada na conhecida frase: "fornecer o livro certo para o leitor certo,
no tempo certo". Isto envolve conhecimento da extensão e do caráter
das demandas dos leitores, conhecimento dos livros que respondem a
estas demandas e satisfação daquelas demandas em termos de livros
de alto valor.
Quais são os mais altos valores do livro, e como são eles
determinados? Este fator oferece a maior dificuldade. A primeira
tentativa original e construtiva para definir e analisar este fator foi feita
pelo bibliotecário inglês McColvin, num pequeno volume: The theory of
book selectíon for public líbraríes.
A premissa de McColvin é a de que a biblioteca pública deve ser a
provedora universal, através de livros, das necessidades e dos desejos
de todos os homens. Já que nós não podemos dar tudo o que eles
precisam, devemos pelo menos avaliar as suas necessidades e desejos.
A seleção de livros reduz-se a duas áreas: demanda e fornecimento.
A demanda deve ser diferenciada em quantidade, valor e variedade.
Nem a quantidade de demanda, sozinha, é índice como nem o valor
sozinho, pois a demanda de maior quantidade é, muitas vezes, pelo
livro de menor valor e uma demanda de valor pode não conter
quantidade (os livros fornecidos não são utilizados). As duas qualidades,
portanto, devem ser relacionadas para que um princípio matemático
possa ser aplicado. Pesquisa e experimentação sobre a base estabelecida
por McColvin deve tornar a seleção de livros, no futuro, um processo
mais científico do que no passado.
O que se entende por completeza (comprehensíveness) de uma
coleção de biblioteca? Não completeza na representação dos assuntos,
mas uma abrangência de fornecimento que responde à demanda, e a
desenvolve.
37
Em qualquer biblioteca pública esta abordagem analítica para a
seleção de livros pode ser iniciada, através de estudo e comparação de
vários registros de uso da biblioteca. Por exemplo, para a averiguação
da "quantidade", a estatística da circulação das classes de não ficção
para adultos deve ser comparada anualmente com o número de livros
adquiridos na mesmas classes; uma análise indicará que classes têm
sido enfatizadas ou negligenciadas, e isso deve ser retificado
posteriormente na seleção de livros. "Valor" na demanda de ficção pode
ser medida por uma comparação semelhante à da circulação e do
fornecimento de diferentes grupos de assuntos, como ficção clássica e
de maior nível, ficção padrão boa, ficção leve, ficção de detetive e de
gênero de western. A quantidade de "reservas" feitas para livros deve
ser verificada contra o fornecimento , e o fornecimento aumentado de
acordo com uma política definida, baseada na demanda e no valor.
Os pedidos dos leitores devem ser estudados para a indicação da
"variedade"; deve ser mantido registro para livros que responderiam a
estas demandas e não foram considerados para a compra, embora
selecionados, indicando-se tal decisão. Inspeção sistemática das
estantes da biblioteca, notando a frequência da circulação pelo exame
das papeletas de datas, é uma maneira útil de medir a demanda em
grupos pequenos de assuntos. Uma das maneiras mais simples e
comuns de testar a amplitude e qualidade da coleção como um todo é
através da prática de verificar o acervo da biblioteca contra os títulos
incluídos nas bibliografias e listas padrões de confiança . No
desenvolvimento ou na revisão de grupos de assuntos, as consultas a
sugestões feitas por especialistas de fora da biblioteca são sempre
desejáveis e geralmente adotadas.
Estudo, experiência, observação e experimentação concentrados
em qualquer objetivo, logo se transformam em princípios e métoqos.
Desta maneira, através do serviço bibliotecário destinado a aproximar
pessoas e livros e a fornecer aos leitores os livros que vão ao encontro
de demandas, necessidades e gostos, surgiram certos princípios que
são comumente aceitos como fundamentais na seleção de livros.
Aqueles que se aplicam mais diretamente aos amplos aspectos de
demanda/fornecimento de bibliotecas públicas são :
38
d - torne a sua coleção de história local tão extensa e útil quanto
possível;
e - forneça materiais para todos os grupos organizados cujas
atividades ou interesses possam ser relacionadas com
livros;
f - forneça materiais para leitores reais e em potencial, satisfa-
zendo, tanto quanto possível, as demandas existentes e
demandas prováveis, por acontecimentos, condições ou
utilização crescente f!a biblioteca;
g - evite a seleção de livros para os quais a demanda não é evi-
dente, e substitua livros que tenham positivamente
ultrapassado a sua utilidade;
h - embora a demanda seja a base e a razão para o fornecimento
de materiais, lembre-se de que os grandes trabalhos da
literatura são pedras fundamentais da própria estrutura da
biblioteca e, portanto, selecione alguns livros de valor
permanente, não importa se serão ou não largamente
utilizados;
i - mantenha imparcialidade na seleção; não favoreça interes-
ses ou opiniões particulares; em assuntos controversos ou
sectários, quando a compra se torna indesejável, doações
podem ser aceitas;
j - forneça, tanto quanto possível, livros que irão responder às
demandas de especialistas ou de outras pessoas cujos
trabalhos serão benéficos para a comunidade;
k - não tente desenvolver uma coleção "completa"; selecione
os melhores livros sobre o assunto, os melhores livros de
um autor, o mais útil volume de uma série, e não faça uso
de "coleções completas" que não possuem utilidade evidente
ou específicas; .
I - um princípio que é muitas vezes afirmado, mas nunca
aplicado com cuidado é: dê preferência a um livro inferior,
que será lido e não a um superior, que não será lido. Isto
envolve "valores" opostos e merece a maior consideração
na seleção de ficção.
39
publicações recentes e, no caso de livros de importância e
interesse assegurados, deve haver o mínimo possível de
demora na seleção e aquisição;
b - mantenha-se atualizado quanto às correntes mutáveis de
pensamentos e opinião, e dê representação adequada às
forças da Ciência, sociais e intelectuais, que estão
remodelando o mundo moderno.
40
Na determinação das necessidades da biblioteca, é importante
saber quando a utilização cooperativa de recursos de outras bibliotecas
da comunidade será oportuna. Bibliotecas de instituições de pesquisa,
de universidades ou escolas, bibliotecas especializadas em Medicina e
Direito e coleções mantidas por outros corpos especializados, todas
têm material que a biblioteca pública pode deixar de adquirir e que
responderá a demandas especiais, ocasionalmente. A biblioteca pública
pode ter um relacionamento de interdependência amigável com tais
coleções, de maneira que a duplicação de material caro especializado
possa ser evitado e os leitores possam vir a conhecer canais adicionais
através dos quais a informação está acessível.
As necessidades da biblioteca são fundamentalmente as
necessidades dos usuários, mas existe uma implicação maior. Para seu
próprio conhecimento e bem-estar, a biblioteca deve continuadamente
fortalecer o equipamento de livros básicos e procurar enriquecimento
constante na qualidade do material que forma a sua substância .
Naturalmente, a verba da biblioteca é o poder controlador na prática
da seleção de livros. A quantia varia de acordo com as condições
individuais. A única certeza é que nunca é adequada para responder às
necessidades e aos desejos. Isto força o alerta constante na compra, o
uso de técnicas econômicas e a contínua avaliação de demandas
opostas e de méritos relativos dos livr os.
Existem dois princípios comumente aceitos que se relacionam com
os livros propriamente ditos e que sublinham a seleção em todos os
campos da literatura. O primeiro destes condensa o objetivo e o ideal
da seleção de livros: "selecione livros que tenderem ao desenvolvimento
e enriquecimento da vida". Muito próximo deste: "deixe que a base da
seleção seja positiva, e não negativa. Se o melhor que se pode dizer de
um livro é que não fará dano à ninguém, não há razão válida para a sua
seleção; todo livro deve ser de serviço real de alguém, em inspiração,
informação ou recreação".
Considere o que significa "livros que tendem para odesenvolvimento
e enriquecimento da vida". O conhecimento de tais livros requer um
bom conhecimento literário, ou conhecimento de livros básicos. Mas
tais livros não são encontrados somente entre obras antigas e aceitas;
eles aparecem no fluxo sempre constante de novas publicações, e o
selecionador deve estar alerta e ser perspicaz para reconhecê-los e
apreciá-los.
Sob a sombra da alucinação atômica, muitos padrões profundamente
estabelecidos no pensamento da maioria das pessoas deverão mudar.
No bibliotecário repousa a responsabilidade cada vez maior de,
conhecendo e utilizando livros, esclarecer preconceitos, ampliar o
entendimento de questões vitais, fortalecer a aceitação pública e
41
praticar a cooperação e a tolerância entre as nações, como unlco
solvente de muitos problemas tensos e persistentes da vida de hoje em
dia. Assim, os bibliotecários não devem aceitar objeções censoriais de
leitores de mente estreita, e nem se render a preconceitos ou opiniões
tradicionalistas.
A seguir, vamos considerar os aspectos especiais que devem ser
observados nos livros para um julgamento inteligente sobre os mesmos.
Os livros têm sido geralmente olhados como pertencentes a uma das
seguintes divisões:
42
/
específico. Os livros que pertencem a estas divisões são também ~
especificamente definidos como História ou biografia, ou poesia, e daí
para a frente, através de todas as classes da literatura.
Existem diferentes padrões ou critérios para testar os valores dos
livros em cada uma destas classes. História, por exemplo, deve ser
baseada em fontes válidas, biografia deve dizer respeito a pessoas
interessantes, ou ser feita de modo interessante; viagem deve combinar
observação precisa e descrição interessante.
Estilo, isso é, uma expressão clara, polida ou nobre - é um elemento
necessário em livrosde inspiração, mas menos necessário em trabalhos
que tratam inteiramente de informação.
Estilo, entretanto, acrescenta valor a qualquer livro, sua presença
ou ausência é o teste principal da qualidade de um livro como literatura.
Existem, também, testes específicos que são comuns a muitos
tipos de livros. Numa análise de perto, estes testes serão vistos como
testes para livros de informação, testes para livros de inspiração e
testes para livros de recreação; mas na aplicação geral de ordem
prática , eles são usualmente divididos em dois grupos: testes para não
ficção e testes para ficção. Em cada grupo, os testes são de dois tipos:
testes para o assunto, autoridade e qualidade do livro, e testes para as
características bibliográficas e físicas. Considere alguns exemplos dos
testes mais usados.
ASSUNTO
1 - Qual é o assunto ou tema?
2 - Qual é o escopo? Completo? Parcial? História do assunto, ou
discussões de certos aspectos ou condições?
3 - São cobertos assuntos adicionais?
4 - É o livro sucinto? Exaustivo? Seletivo? Equilibrado?
5 - É o tratamento concreto? Abstrato?
6 - É popular? Erudito? Técnico? Semitécnico? É para o leitorcomum?
Estudante? Especialistas?
7 - Data (usualmente importante em relação ao assunto).
AUTORIDADE
1 - Quais são as especificações do autor? Qual é a sua formação?
Experiência? Preparo especial para escrever este livro?
2 - Utilizou-se de fontes de referência? Seu material secundário é de
confiança?
3 - É o trabalho baseado em observação pessoal ou pesquisa?
4 - É correto? Inexato?
43
5 - O autor entende perfeitamente o período, fatos, ou teorias com as
quais ele lida?
6 - Qual o ponto de vista do autor? Parcial? Moderado? Conservador?
Radical?
QUALIDADES
1 - O trabalho mostra algum grau de poder criativo?
2 - É a forma apropriada ao pensamento?
3 - Existe originalidade de concepção? Ou expressão?
4 - O estilo gráfico é claro? Grau de legibilidade? Atrativo? Profundo?
Poder imaginativo?
5 - Tem vitalidade? Interesse? Tem probabilidade de perdurar como
uma contribuição permanente à literatura?
CARACTERíSTICAS FíSICAS
1 - Existe um índice adequado?
2 - Existem ilustrações? Mapas? Diagramas ou gráficos? Bibliografias?
Apêndices? Alguns outros aspectos de referência?
3 - É o tipo gráfico claro? Papel bom?
VALORES PARA O LEITOR
1 - Informação?
2 - Contribuição para a cultura?
3 - Estímulo para os interesses?
4 - Recreação ou entretenimento?
5 - Que leitura relacionadas oferece?
6 - A que tipo de leitura atraí?
44
Testes para a qual ificação do autor e para as características físicas
são de menor consideração em livros de inspiração e recreativos -
ensaios, peças, poesias, novelas; são julgados pelas suas próprias
qualidades, não pela experiência ou erudição do autor. Entretanto , em
qualquer campo da literatura, um autor que ganhou certa reputação
será sempre julgado, em parte, na base daquela reputação.
Um conhecimento sólido e profundo de literatura, e ampla
familiaridade com autores contemporâneos é de grande valor na prática
de seleção de livros porque este conhecimento concederá uma
discriminação rápida, quase instintiva, notrato de publicações correntes.
Excelência de impressão e papel, conveniência de tamanho e
encadernação satisfatória são importantes em livros de qualquer tipo.
Um bom índice é indispensável em todo o livro de informação : notas,
bibliografias e outros instrumentos para referência são essenciais para
muitos tipos de livros. A importância de ilustrações depende em grande
parte do caráter ou do objetivo do livro.
Diz-se que um assunto recebeu tratamento "concreto" quando o
autor apresenta ou analisa fatos, e as declarações são feitas de maneira
direta, resumida e verificável; tratamento "abstrato", quando o autor os
apresenta como parte de uma teoria filosófica ou de uma maneira
especulativa ou hipotética.
A data do livro é de importância variável. No caso de trabalhos
antigos, de valor, raros, ela denota se o livro é ou não uma edição antiga ,
e é então de um interesse especial a colecionadores, ou uma edição de
valor. Em publicações padrões e correntes de literatura de inspiração
ou de recreação, a data da publicação é de menor importância , pois o
valor do livro não depende tanto de sua atualidade, mas de sua
qualidade literária . Em literatura informacional, a data de publicação é
muitas vezes significativa e indica o valor atual do livro; em todos os
campos da Ciência e da Tecnologia, a data da publicação é extremamente
importante.
Consideramos a seguir algumas observações para a leitura técnica
adequada do livro:
45
escopo e ponto de vista do livro, ou dão informações sobre o
autor e seu trabalho.
46
Julgamento crítico, no entanto, não deve ser estático. Deve ser
equilibrado e forte, mas também flexível. Deve permitir ao bibliotecário
reconhecer e usar todos os valores que um livro pode apresentar para
leitores diferentes sem consideração ao seu próprio apelo pessoal mais
imediato. Existem livros de qualidade literária medíocre que possuem
valores de reforço espiritual, estímulo psicológico, e auto
desenvolvimento, para muitos leitores de diferentes necessidades e
capacidades.
Leitura pessoal constante deve acompanhar e suplementar o
estudo e a prática de seleção de livros. Mas, o teste de valores dos livros
não depende do julgamento pessoal dos livros. Nenhum cérebro
humano pode entender e avaliar o conteúdo total da literatura. Ampla
gama de conhecimento de livros e poder sólido de julgamento crítico
intuitivo devem ser estabelecidos, em primeiro lugar.
NOTAS:
47
8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
48
9 - FIELD, C.W. - The librarian as selector. Catholic Library World, 46 (1):
4-7, July-August, 1974.
11 - GILL, P. - Book selection: by with criteria and with what objective? Library
Review, 28: 3-7, Spring, 1979.
14 - HAINES, H. - Living with books. 2nd. ed. New York, Columbia University
Press, 1950.
16 - LYMAN, H. H. - Reading and the adult new reader. Chicago, ALA, 1976.
259p.
49
d
SELEÇÃO E AQUISiÇÃO:
DA VISÃO CLÁSSICA À MODERNA
APLICAÇÃO DE TÉCNICAS
BIBLlOMÉTRICAS
1 - INTRODUÇÃO
51
d
As bibliotecas não podem crescer indefinidamente. Deve haver um
tamanho ótimo para toda a biblioteca que, indubitavelmente, varia de
situação para situação, e nós não sabemos o que vem a ser esse ótimo.
$empre deverá, portanto, existir seleção, até nas maiores bibliotecas.
Nem todos os livros têm valor permanente, e muitos livros nem mesmo
tem valor, Somente grandes livros são clássicos, imortais. Livros, como
pessoas, têm "direito" a morrer. A biblioteca é um "organismo em
crescimento", observou Ranganthan ...
Assim, pode-se afirmar que, "a verdadeira biblioteca não é,
meramente, um aglomerado de livros que se agruparam por uma série
de circunstâncias fortuitas mas, ainda conforme Shera 3 , é "uma criação
significativa destinada a estimular, no usuário, o desenvolvimento
intelectual" .
Desta forma, o incorporar ou descartar algum livro da coleção altera
as características do todo e a importância do (livro) item determina a
magnitude desta mudança. Seguindo o raciocínio de Shera 3 , o
desenvolvimento da coleção da biblioteca é um ato de criação intelectual
e o bibliotecário para realizá-lo deve conhecer livros e homens, e os usos
que os últimos farão dos primeiros.
Como todas as bibliotecas estão a serviço de uma instituição, suas
dotações refletem, inevitavelmente, as políticas dessa instituição e "a
cooperação nos domínios da aquisição e do compartilhamento de
recursos permitem melhor e mais efetivo emprego de insumos escassos,
ainda que ao preço de investimentos em novas infra-estruturas"2.
Dentro das considerações de Wilson 2, nas bibliotecas, como em
tudo o mais, a regra do 80:20 aplica-se, mais do que nunca, quando se
considera a relação custo/benefício. A British Library Document SUpply
Center com um núcleo de 6.000 a 7.000 periódicos pode satisfazer 80%
da demanda de empréstimo interbibliotecário da maioria dos países;
mas mantém 50.000 títulos de periódicos correntes para poder satisfazer
pouco mais do que 90% de todas as demandas. Se, por um lado, os
bibliotecários questionam sobre o que agregar às coleções, por outro
lado aos administradores interessa quantificar o menor investimento
que pode ser feito em uma coleção para satisfazer uma determinada
proporção de demanda.
As coleções são formadas por aquisição de itens e isto implica em
caracterizar o que adquirir - em termos de necessidades legitimadas
pelos usuários reais ou potenciais- onde e como adquirir. Assim, afirma
Shera 3 , "aquisição requer conhecimento sobre: os campos de
conhecimento envolvidos, a bibliografia da área e o comércio livreiro
relevante".
52
No domínio do comportamento a mensuração é difícil e as pessoas
ajustam as demandas às suas expectativas. Altos e baixos nos orçamentos
de aquisição causam somente um efeito marginal no âmbito das
Ciências Humanas e Sociais, mas podem acarretar maiores prejuízos
nas áreas da Ciência/Tecnologia.
Se a leitura influi na formação de valores, na criatividade e na
capacidade intelectual e operacional, é grande a responsabilidade que
cabe ao bibliotecário para equilibrar o desenvolvimento da coleção, da
qual só ele tem a visão de conjunto. Cada especialista, como usuário da
coleção, conhece e examina o seu campo apenas. Além disso,
experimentalmente se comprova que prevalece a lei do menor esforço,
já que as pessoas preferem a facilidade de acesso à qualidade da
coleção. Talvez, a lei do menor esforço explique porque há uma
percentagem insignificante de empréstimo interbibliotecário em relação
à utilização de recursos locais 2 .
Para a maioria das bibliotecas as necessidades de seus usuários
devem ser prioritárias e isto significa, segundo Wilson 2 :
53
2 - SELEÇÃO
54
Todavia , é importante o bom senso do profissional que para bem
atender sua clientela deve lembrar que esses critérios envolvem
julgamento de valor, gosto literário e pesquisa de mercado. Além disso,
a todo o tempo pode-se questionar:
55
",
5 - consideração do que e quanto adquirir no formato de não-
impressos, e qual a relação destes materiais com o que já
existe na coleção;
6 - determinação de um núcleo básico, continuamente
atualizado, e de quanto deve ser reservado para novos
interesses;
7 - conhecimento de recursos disponíveis através de cooperação
entre bibliotecas e outras alternativas ao alcance dos usuários;
8 - fatores como: espaço de armazenamento, grau de deterio-
ração e obsolescência dos materiais, índices, perdas ... "
56
Níveis da coleção - exaustiva, de pesquisa, de trabalho, ocasional (para
atualização e criatividade).
57
necessário. Estudando bibliotecas especializadas, Mount 8 aponta como
fatores a serem considerados para descarte os que seguem:
58
Cobertura - descartar os títulos menos valiosos e conservar só os
melhores sobre determinado tópico . Reduzir o número de duplicatas.
Em dados acumulados, estatísticas, só interessa o trabalho mais recente.
59
Língua da publicação - periódicos em línguas estranhas podem ter
resumos e artigos em línguas acessíveis. É preferível manter os
periódicos publicados em línguas mais acessíveis.
60
torna indispensável seleção de títulos para o racional desenvolvimento
da coleção, de tal forma que a recuperação de informação seja ágil e
adequada .
As técnicas bibliométricas têm uma linha de evolução histórica que
vem desde 1962, quando Lotka investigou a produtividade de autores de
assuntos científicos e constatou que uma larga proporção da literatura
é produzida por pequeno número de autores. Estudando a lei de Lotka ,
Solla Price, novamente e, na década de 60, modificou-a inferindo que:
1/3 da literatura levantada é produzida por menos de 1/10 dos autores,
levando a uma média de 3,5 documentos por autor e 60% dos autores
produzindo um único documento.
Os estudos de Solla Price 10 apontam também o que é chamado de
Efeito Mateus, o princípio de que sucesso atrai sucesso e fracasso atrai
fracasso, expresso no Evangelho MT 25,29: - "a quem muito tem muito
será dado, a quem nada tem até o pouco, que parece que tem, será
tirado". Este efeito indica que os mais produtivos produzem sempre
mais.
Solla Price estabeleceu também o princípio do Elitismo - "toda a
população de tamanho N tem uma elite igual a..j N (raiz quadrada de N)".
Por exemplo, e conforme apontou o estudo de Lima 11 sobre o periódico
Scientometrics, para uma população de: 1164 artigos a elite é igual a 34;
294 periódicos a elite é 17. A determinação da elite pode apontar o
núcleo, o "core" da população e, em se tratando da seleção para
desenvolvimento da coleção, dos títulos que devem ser analisados para
serem incorporados ao acervo.
Um dos marcos teóricos da bibliometria é o estudo da dispersão da
literatura realizado em 1934, por Bradford. Ele estabeleceu uma relação
entre artigos de interesse para um especialista e os periódicos em que
podem ocorrer esses artigos. Em seus estudos de documentação , em
1948, Bradford propôs formas de ordenar o caos documentário e
constatou que organizando uma grande coleção em ordem decrescente
de relevância para um determinado assunto, destacam-se três zonas,
cada uma com 1/3 do total de artigos devotados ao assunto em pauta.
Descobriu também que 50% ou mais dos artigos aparecem em um
número muito pequeno de títulos de periódicos.
A lei de Bradford tem sido usada para explicar o comportamento da
literatura, principalmente de periódicos. Brookes 12 , ao estudar o
remanejamento de coleções através de métodos quantitativos apresentou
a seguinte formulação para a lei de Bradford: "Se periódicos científicos
forem dispostos em ordem decrescente de produtividade de artigos
sobre um determinado tema, pode-se distinguir um núcleo de periódicos
61
c1
mais particularmente devotados a este tema e vários grupos ou zonas
que incluem o mesmo número de artigos que o núcleo, sempre que o
número de periódicos existentes no núcleo e nas zonas sucessivas seja
da ordem de 1: n: n 2 : n3 : n4 : •.• "
Com o emprego da lei de Bradford, Brooks 12 analisou volumes de
periódicos que podem ser descartados quando o número de artigos
relevantes, por ano, cai a um nível pré-determinado. Line analisou
periódicos para predizer a obsolescência de títulos individuais em
relação a uma área de assunto.
Trueswell 13 propôs a distribuição de Bradford como instrumento
válido, para prever circulação e uso da coleção em bibliotecas, por ter
observado que 80% das demandas feitas pelos usuários são atendidas
por20% da coleção. A regra 80-20 é importante quando se considera que
é impraticável desenvolver uma coleção que reúna todos os itens
publicados em qualquer área do conhecimento .
Goffman e Morris 14 mediram circulação de periódico para estudar o
uso e poder programar aquisição.
Bourne apresentou a biblioteca que atende 90% ou 80% das
demandas feitas, já que o investimento para atender 100% da demanda
é desproporcional aos resultados obtidos e, portanto, inconveniente.
Leimkuhler indicou que o armazenamento de uma grande coleção
de pesquisa pode ser relativamente ineficiente em termos de busca e
recuperação e que, portanto, pode-se propor um depósito ativo e
seletivo onde 20% da coleção satisfaça a 2/3 das necessidades dos
usuários, aumentando o nível de recuperação ede satisfação. Leimkuhler
propôs dividir a coleção em zonas de alta e baixa probabilidade de
sucesso e estudar a relação custo/benefício .
Para decidir sobre descarte, Cole estudou o uso de periódicos em
relação à sua idade e através do estudo de citações confirmou que o
aumento na idade do periódico corresponde à diminuição no uso.
Buckland e Woodburn, com a lei de Bradford e a fórmula de Cole,
analisaram coleções de periódicos e demonstraram formas de fazer
melhor uso do espaço e dos recursos disponíveis nas bibliotecas. Títulos
com pouco uso após os primeiros anos não devem ser encadernados; é
mais econômico descartar do que encadernar. Em alguns casos, depósitos
centrais e empréstimos entre bibliotecas podem atender as poucas
solicitações existentes, com economia de verbas, espaço e serviços.
"Alguns autores, como Clapp/Jordan, Carter e Beasley, apresentam
fórmulas matemáticas para avaliação do tamanho da coleção, incluindo
variáveis como: recursos, população servida, circulação, capacidade de ·
pesquisa, etc", observa Guerreiro 15 ao concluir que a maior contribuição
62
de tais fórmulas é o aproveitamento de sua metodologia porque são
baseadas em padrões e estatísticas estrangeiras e, portanto, pouco
aplicáveis à nossa realidade.
Lehnus usou o acoplamento bibliográfico, introduzido por Kessler,
onde "documentos científicos que possuem uma relação expressiva
entre si, são bibliograficamente unidos", porterem uma ou mais citações
em comum. Kessler atribui o estudo do acoplamento bibliográfico a F ano
que sugeriu essa possibilidade de analisar o documento científico pelo
uso, mais do que pelo conteúdo. Todavia foi Kessler que elaborou e
testou a hipótese que deu origem ao postulado.
Estudos de crescimento e obsolescência de literatura e os de uso de
periódicos, como o realizado por Urquhart, apontam que o uso é
acentuado em apenas uma parcela pequena da coleção. Tais
constatações justificam o estudo de técnicas e métodos para
racionalmente avaliar as coleções e programar o seu desenvolvimento.
Inegavelmente, é muito mais fácil processar, acessar, e manter
atualizada uma coleção com menor número de títulos, provendo, ao
mesmo tempo, maior aproveitamento de conteúdo desta coleção.
São fatores determinantes, nos serviços de informação a economia
de recursos financeiros e de trabalho em termos de tempo de
processamento, busca, recuperação e disseminação da informação pois
que influem na relação custo-benefício e, diretamente, nas decisões que
envolvem políticas de seleção e de aquisição.
Para avaliar coleções e serviços é interessante o uso de técnicas
bibliométricas para analisar estatisticamente o tamanho, o crescimento
e a distribuição da bibliografia científica, avaliando ao mesmo tempo, a
estrutura social dos grupos que produzem a literatura científica e as
interações existentes entre os que produzem e os que consomem essa
literatura 16.
A análise da ciência através da produção escrita é objeto de estudo
de historiadores, sociólogos e documentalistas e oferece subsídios ao
desenvolvimento de metodologias que podem ser adequados às situações
nacionais para avaliar áreas da literatura, e das relações usuário-
coleção.
Ainda que exista um grande número de métodos quantitativos para
avaliar coleções o ideal é que se combine com eles os métodos
qualitativos para bem fundamentar a tomada de decisão. Avaliação
sempre envolve julgamento de valor, por menos subjetivos que sejam
os métodos quantitativos, e deve prevalecer o conhecimento técnico ao
lado do bom senso 15 .
É importante consultar a literatura de avaliação de coleção para
verificar o que já foi dito e feito e os fenômenos e as leis que a regem .
63
...
Muitosdos estudos que aqui enumeramos aparecem em estudo realizado
por Lima (1983) 11 e nas revisões de Lopes Piriero (1972) 17, Braga
(1974)18, Line & Sandison (1974)19, Figueiredo (1977)9, Sá (1977)16,
Guerreiro (1980) 15 e Figueiredo (1948) 20.
Análisesquantitativas de coleções, de uso e de serviços bibliotecários
são instrumentos auxiliares na tomada de decisão em relação à seleção,
aquisição, descarte, desbastamento, remanejamento, avaliação e revisão
da coleção. Para essa área de estudos apresentamos aqui a terminologia
proposta por Figueired0 2o :
64
se refere mais à recomposição de títulos raros para armazenamento
especial.
4 - AQUISiÇÃO
·
U nlverso ~
de População
Recursos de
Bibliográficos Usuários
f-
A - Seleção;
B - Verificação e empenho para aquisição;
C - Processamento.
65
A - Seleção
1 - Estabelece a política de seleção para material impresso e
não impresso. O serviço de informação tem um papel inte-
rativo entre o universo de recursos bibliográficos e a popu-
lação de usuários. A figura apresentada por Lancaster 21 em
"Pautas para la evaluación de sistemas y servicios de
información" ilustra esta interação.
2 - Avalia e seleciona o material através de revisão de literatura,
catálogos de publicações e itens pré-determinados.
3 - Avalia a coleção já existente.
4 - Aprova solicitações de usuário e itens para descarte.
S - Usa as listas de permutas e doações para preencher lacunas
na coleção.
6 - Encoraja a participação do pessoal da instituição na seleção.
7 - Mantém seleção corrente para acréscimos.
8 - Mantém listas de material a serem considerados para
descarte.
C - Processamento
1 - Recebe as aquisições, verifica erros ou defeitos e devolve
ao vendedor, quando for o caso.
2 - Repõe itens desaparecidos ou faltantes nas coleções.
3 - Mantém registros de aquisição (pedidos e recebidos).
4 - Aprova solicitações de pagamento.
S - Prepara mapas de aquisição e pagamento.
6 - Requisita, recebe e expede ordens de pagamento.
7 - Mantém registros financeiros de aquisição (ordens de
pagamento).
66
8 - Registra o material recebido e o prepara para empréstimo.
67
.....
filosofia e das diretrizes institucionais. O programa estabelece prioridades
e procedimentos para adquirir o material informacional.
68
determina não duplicar material deve ser revista com a
necessária flexibilidade para garantir o atendimento satisfa-
tório de todos os envolvidos através de um núcleo básico
para atender consultas mais freqüentes. A alta freqüência de
consulta pode justificar duplicações de itens.
69
8 - Resultados das análises quantitativas para determinar
núcleos ou elites.
9 - Evitar duplicatas desnecessárias.
10 - Localizar títulos recém-publicados (guias, revistas e
catálogos).
11 - Assinaturas de periódicos que interessa manter.
12 - Possibilidade de obter cópias de documentos, artigos e
separatas.
13 - Acesso a bases de dados e serviços de busca bibliográfica
on-Iíne.
14 - Serviços de índices e resumos disponíveis.
15 - Mecanismos de controle de política de aquisição.
16 - Mecanismos de controle das operações de aquisição.
17 - Deficiências e facilidades de comércio livreiro no País.
18 - Restrições e trâmites da importação de publicações.
19 - Material reprográfico disponível (equipamento).
20 - Disponibilidade de equipamento de saída (leitora de
microformas ... ).
5 - CONCLUSÕES
70
L
o compartilhamento de recursos intensifica o uso, evita a ociosidade
de equipamentos e melhora a relação custo/ benefício. Acordos e
convênios podem resultar em melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis e obtidos com economia de processamento técnico e de
espaço para armazenamento de materiais.
Para bem desempenharsuas funções o bibliotecário deve estabelecer
princípios de seleção e aquisição que variam conforme o tipo de
biblioteca, o ambiente, as circunstâncias e o momento histórico. Como
esses princípios traduzem as filosofias e diretrizes da instituições,
devem ser flexíveis e atualizáveis ao se descrever as políticas atuais da
coleção, os assuntos de interesse, os níveis de profundidade, a
abrangência e a cobertura das coleções.
A ordenação do "caos documentário" proposta por Bradford e
desenvolvida por inúmeros pesquisadores, tem contribuído para explicar
o comportamento da literatura e as propriedades da informação registrada.
Sendo os métodos quantitativos úteis instrumentos para a tomada de
decisão, é importante que sejam considerados pelo bibliotecário.
A habilidade técnica do profissional, aliada a sua capacidade
intelectual, deve dar origem a bibliotecas eficientes onde coleções
satisfatórias sejam úteis e benéficas às comunidades a que pretendam
servir. Ao colocar o universo de registros informacionais disponível e
acessível à população de usuários, com o mínimo de dispêndio e com
os melhores resultados, otimizando a relação custo/benefício, está o
biblotecário bem cumprindo a sua missão profissional.
71
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
72
14 - GOFFMAN, W. MORRIS, T. G. - Bradford's law and library acqusitions.
Nature, 226: 922-3, 1970.
73
AVALIAÇÃO DE COLEÇÕES
1 - INTRODUÇÃO
75
a uma observação física, verificação sistemática e manipulação
estatística, se não mesmo a um julgamento rápido de sua qualidade.
É geralmente aceito que quantidade e qualidade de uma coleção de
biblioteca depende quase que inteiramente do programa de aquisição,
incluindo a política de aquisição, os procedimentos de aquisição e,
mais importante, dos métodos de seleção. Assim, uma avaliação da
coleção de biblioteca é, efetivamente, uma avaliação dos seus métodos
de seleção, embora não possa sempre ser possível (ou mesmo de
interesse) apontar a causa precisa (um mecanismo específico de
aquisição ou seleção) e seu efeito (uma mudança definida ocorrida na
qualidade da coleção) usando, os métodos comumente empregados
para avaliar uma coleção de biblioteca.
É também correntemente aceito que qualquer avaliação da coleção
da biblioteca deve levar em consideração as metas estabelecidas pela
biblioteca, os seus objetivos, missão, ou o que quer que seja que defina
a sua razão de ser, no contexto, quando cabível, das metas, objetivos
ou missão da organização relacionada ou mesmo pertencente ao
mesmo sistema ao qual a biblioteca pertença. Ainda mais
especificamente, um teste padrão agora disponível pode ser utilizado
para avaliar a capacidade da biblioteca no fornecimento de um material
requerido de sua própria coleção, ou de outra qualquer, um
desenvolvimento natural trazido pelo amplo crescimento de redes de
bibliotecas, sistemas, centros de recursos bibliográficos e outros projetos
cooperativos entre bibliotecas, assim como também , pela aceitação
crescente do fato de que nenhuma biblioteca, quer seja rica, resoluta ou
estabelecida há longo tempo, pode ter tudo que qualquer pessoa possa
vir a querer.
As bibliotecas técnicas, particularmente, têm sido estudadas
extensiva e intensivamente em anos recentes, especialmente para o
desenvolvimento de critérios para medir os níveis de eficiência em
dadas situações ...
A literatura em avaliação, apenas da coleção e dos elementos da
seleção anteriormente existentes no processo de aquisição, é bastante
ampla e trata mais de bibliotecas acadêmicas, possivelmente porca usa
da prevalência e das pressões dos padrões de credenciamento para
instituições, pela importância conferida aos status acadêmico destas
instituições com relação à biblioteca que possuem.
76
propósitos. Estas técnicas foram aplicadas em configurações diversas,
algumas vezes independentemente mas, mais frequentemente, em
conjunto com uma ou mais técnicas. Os diferentes níveis de sucesso
alcançado dependeram de quão bem o método escolhido poderia
realmente alcançar o propósito intencional da avaliação. Por exemplo,
a quantidade da coleção - o seu tamanho numérico - tem sido
relativamente fácil de se determinar, presumindo-se que haja exatidão,
objetividade e uso de unidade padrão de medida por parte do enumerador.
A qualidade da coleção - sua excelência relativa ou o seu valor ou
mérito numa situação particular - tem sido sempre mais difícil de ser
julgado de maneira objetiva .
A literatura numerosa e, em parte, repetitiva, identifica cinco
métodos razoavelmente distintos para avaliar coleções de biblioteca,
mais um ou dois que não cabem perfeitamente dentre os cinco:
77
mas tão pouco o são alguns dos outros métodos frequentemente
usados para avaliar coleções. Parte do problema, neste caso, é que
nem a comunidade nem os objetivos da biblioteca podem ser descritos
facilmente em termos que possam ser avaliados fácil e objetivamente.
De qualquer forma, a compilação de estatísticas em bibliotecas tem
sido uma atividade dos bibliotecários por muitos anos. 2 Estatísticas
podem ser compiladas sobre o seguinte:
78
j
2.1.2 - Volumes entrados por ano
É uma contagem direta por classes ou por unidade. Este dado é
considerado mais significativo que a média de crescimento, e é usado
em avaliação ao lado do tamanho bruto . 8 "O teste real é o número de
volumes relevantes disponíveis a um leitor em cada tópico em cada
biblioteca".9
2.1.3 - Fórmulas
São baseadas em um núcleo aceitável, mais volumes porestudantes,
para o corpo docente, por áreas de bacharelados e de pós-graduação
(Clapp-Jordan); 10 baseada no total de volumes, volumes acrescentados
anualmente, número de periódicos correntes (Carter), 11 baseada nos
recursos, população, circulação, capacidade de pesquisa (Beasley)5 .. .
2.1 .4 - Comparações
Dizem respeito a estudos feitos na mesma biblioteca em tempos
diferentes ou entre bibliotecas comparáveis (em cidades ou instituições
similares) ao mesmo tempo. Outros fatores sendo iguais, progresso ou
melhoria numa biblioteca podem ser medidos pela mudança no tamanho
da sua coleção total ou de certas partes dela, de um ano (ou de uma
década) para outro. Tamanhos relativos de bibliotecas comparáveis
indicam adequações relativas das suas coleções, outros fatores sendo
iguais.
Uma suposição em tais comparações é que as bibliotecas compram
livros bons e maus em proporções comparáveis, uma suposição válida
o bastante para muitos propósitos 12 particularmente se bibliotecários
profissionais competentes fazem a seleção. 13
79
ou departamento de serviço público na biblioteca, ou mesmo por um
serviço de disseminação seletiva de informação. 17
Mas pedidos não atendidos, devendo logicamente ser em menor
número e assim menos trabalhosos para registrar, quando são
descobertos, deveriam ser anotados e comparados a totais periódicos
em intervalos regulares . Teria que ser pressuposto que a falta ou perda
de livros teria que ser de material pertencente à biblioteca , em primeiro
lugar, e que questões não respondidas aconteceram porque a fonte
provável não estava disponível, e não porque o bibliotecário cometeu
algum erro.
80
maneira de se saber isto pela aplicação do método de estimativa
baseado na distribuição Bradford/Zipf22, como sugerido por Brookes.
Dois outros autores usam a lei de dispersão de Bradford para
estabelecer a coleção mínima de periódicos médicos numa "coleção
dinâmica de biblioteca", determinado o "núcleo dos periódicos" através
dados da circulação, o "núcleo dos melhores usuários" (e suas
preferências de periódicos) e combinando estes dados. O orçamento
determinará o nível de desempenho (medido pelas zonas de Bradford)
possível numa biblioteca. 23
Em um artigo posterior, Brookes recomenda que o valor de P (P é
o desempenho da coleção da biblioteca no fornecimento de itens
desejados) "seja determinado por um ponto de eliminação (cut-off) no
qual se torna mais econômico emprestar do que comprar os periódicos
necessários".24 Numa base menos técnica, as datas da última circulação
têm sido usadas para determinar o número ótimo de livros para um
núcleo de coleção de livros mais passíveis de serem usados numa
biblioteca, determinado o nível desejado de desempenho ...25
2.1.9 - Circulação
Pode ser calculada pelo total, por adultos, por crianças, pelo corpo
docente, por estudantes, por classe de assunto, pela data de compra do
livro, pela data do último uso, pelas transações por ano, ou por unidade.
Estatísticas brutas da circulação são úteis para comparações, por
exemplo, com dados para anos diferentes ou para bibliotecas diferentes,
e elas tendem a ser usadas para demonstrar às autoridades mais altas
quão bem a biblioteca está servido à sua clientela.
Bibliotecas públicas, mais do que bibliotecas universitárias, são as
que provavelmente separam as estatísticas por classes e por unidade
mas ambas, geralmente, mantêm registro do uso por categorias de
usuários. 26 Bibliotecas especializadas são particularmente interessadas
no uso de materiais de aquisição recente: estes materiais devem ser
usados pelo menos uma vez antes de completarem um ano na
coleção. 27 Pequenas bibliotecas públicas também fazem estudos de
aquisições recentes para verificação da política corrente de seleção:
80% das últimas compras foram encontradas de acordo com um estudo
como tendo circulado 5-6 vezes dentro de três meses. 28
A última data de circulação também tem sido usada para estabelecer
núcleos ótimos de coleções, como observado na seção anterior ...
Estatísticas de circulação proporcional por classes de assunto,
81
compiladas num período definido, são excelentes para verificação das
normas gerais da seleção e da méd ia das aquisições, quando comparadas
com estatísticas das coleções proporcionais por classe de assunto. A
média do uso de coleções em classes de assuntos específicos, ambas
expressadas como porcentagens dos totais respectivos, é o "fator de
uso" para aquela classe de assunto e pode ser determinada tão
especificamente ou em quantos detalhes forem desejados, desde que
ambas, a circulação e as estatísticas da coleção sejam, primeiramente,
tão específicas e detalhadas, de maneira idêntica. 29
Fatores de uso podem medir a intensidade de uso de toda a parte
da coleção principal, ou de coleções separadas, como: livros de
referência, de reseNa, livros-textos, ou qualquer outra categoria especial;
podem ser usados em vários tipos de circulação, tais como: noturna,
interna, entre bibliotecas, etc. O período de levantamento pode ser tão
longo ou tão curto de acordo com o que as condições e o pessoal o
permitam ... Muitos bibliotecários, naturalmente, estão sempre
conscientes do uso proporcional de suas coleções, querou não, através
de cálculos formais. Bibliotecáriosde bibliotecas públicas, especialmente
aquelas com pequenas coleções, têm uma real necessidade de estarem
cientes do uso feito do que eles selecionaram para suas bibliotecas;
como antes assinalado, eles não têm o tamanho em seu próprio favor
e, assim, a qualidade, em termos de interesses e necessidades locais,
é de importância primária .. .
2.1.10 - Gastos
Podem ser encontrados, anua Imente, para livros e periódicos e para
salários e avaliados em relação ao número de matrículas, ou por
unidade. Presumivelmente, o valor monetário total de uma coleção de
biblioteca pode ser uma estatística a mais pela qual avaliá-Ia. Raramente,
se alguma vez, contudo, este dado bruto foi usado ou proposto como
uma medida adequada.
Gastos correntes, de outro lado, são usados regularmente na
avaliação de bibliotecas, juntamente com outras estatísticas e outros
procedimentos de mensuração, etêm sido recomendados como medidas
adequadas para avaliar coleções,30 na suposição, talvez, de que a
adequação da coleção depende, em grande parte, do seu suporte
contínuo, não só para materiais como também para o desenvolvimento
profissional. Salários e gastos com livros figuram em recomendações
que fazem parte de padrões de bibliotecas. 31
82
Deve ter ficado aparente agora, que nenhuma coleção de biblioteca
deva ser avaliada somente pelos seus méritos próprios, pois que, sem
suporte financeiro adequado e um corpo de pessoal profissional
competente para desenvolvê-Ia, organizá-Ia e explorá-Ia de maneira
adequada, uma coleção de biblioteca é apenas uma acumulação de
diferentes tipos de artefatos, ocupando espaço e existindo apenas para
ser contado.
83
percentagem de títulos encontrados na biblioteca. Presumivelmente,
quanto mais títulos contidos na coleção, melhor a biblioteca, mas
quantos devem constar para merecerem um "A" em qualidade e
adequação? De qualquer maneira, a verificação de listas é muito
comum na avaliação de coleções de bibliotecas, individualmente ou em
grupos, e os resultados dizem alguma coisa realmente sobre a coleção
da biblioteca em relação à lista usada. Apesa r do tempo, custo e fatiga
na verificação de listas, as melhores medidas de adequação são ainda
"aquelas às quais nos acostumamos - a lista de seleção de livros e as
bibliografias especializadas de assuntos, frequentemente revisadas e
mantidas atualizadas por peritos, de acordo com o uso".32
Listas especialmente compiladas, dirigidas a uma biblioteca ou
bibliotecas em particular com propósito bem definidos, são geralmente
consideradas muito mais de confiança como avaliadoras de qualidade
do que listas publicadas impressas disponíveis no mercado (mesmo
aquelas com títulos assinalados), as quais podem ser utilizadas de
maneira mais proveitosa como guias de seleção - para o quê a maioria
delas é dirigida em primeiro lugar. A literatura no uso de verificação de
listas para avaliação de coleções é muito extensa e vem desde 1930. 33
84
úteis como listas de verificações de assuntos ou áreas e, frequentemente,
são usadas com listas padrões e gerais em levantamentos completos
de grandes bibliotecas universitárias.
2.2 .6 - Periódicos
Estas listas incluem aquelas de títulos recebidos correntemente,
títulos mantidos e encadernados, co leções retrospectivas, e aqueles
listados em diretórios padrões ou outras com pilações (por ex.: universal ,
ou por assunto, língua, país, região, tipo de biblioteca, tipo de usuário)
ou cobertos por serviços de indexação e resumos padrões ou
especializados. A coleção de periódicos, como a coleção de referência ,
é sempre examinada cuidadosamente em qualquer avaliação de
biblioteca, e mais completamente em bibliotecas técn icas.
Perspectivas úteis sobre a coleção de periódicos de uma biblioteca
podem ser obtidas de maneira rápida através de uma tabela composta
dos números recebidos correntemente e da coleção retrospectiva,
85
arranjados por assuntos (tão específicos quanto se queira) e por país
(ou estado) de origem . Sabendo os assuntos de interesse dos usuários
de biblioteca ou da instituição maior a que esta se subordina, e os países
ou cidades do mundo onde os interesses por estes assuntos são fortes
(em pesquisa, desenvolvimento, aplicação), o avaliador pode
rapidamente perceber pontos fracos e fortes na coleção em ambas
coberturas de assunto e país, em assuntos importantes para a biblioteca
analisada. 34 De maneira similar, uma tabela arranjada por assunto e por
tipo de publicador (sociedade profissional, associação comercial, agência
do governo, instituto de pesquisa, instituição acadêmica, entidades
comerciais) pode ser útil para a verificação da adequação e propriedade
do material recebido e mantido .
2.2.9 - Citações
Incluídas aqui notas de rodapé, referências, bibliografias em trabalhos
significativos no campo ou campos de interesse da biblioteca. Uma
variedade de tipos de publicações tem sido usada ou recomendada
86
como fonte de citação: teses,37 trabalhos definitivos,38 bibliografias
finais,39 periódicos, periódicos mais usados numa biblioteca particular, 40
livros-textos, revisões do estado-da-arte e publicações de pesquisas do
corpo docente, 41 para mencionar algumas.
A avaliação é usualmente baseada no fato de a obra escolhida ter
podido ser escrita, ou pelo menos uma parte substancial dela, baseada
no material da biblioteca avaliada. Uma suposição é que a biblioteca
sendo avaliada e aquela que o autor provavelmente usou são muito
similares no propósito, tamanho e cobertura de assunto. Outra suposição
é que o trabalho sendo verificado é do tipo que poderia e deveria ser
escrito baseado na biblioteca em avaliação . Um problema é que os
autores são seres humanos e, mais provavelmente, usam e citam o que
quer que esteja mais à mão. Também, eles podem ou não estar
motivados de maneira similar ou estimulados em ambientes diferentes,
e, assim, o trabalho provavelmente não teria sido escrito em nenhum
outro lugar - mas somente naquele em que o escreveu (que pode não
ser a biblioteca avaliada). Ainda outro problema é que instituições
similares podem muito bem enfatizar aspectos diferentes da mesma
disciplina e, de qualquer maneira, o clima intelectual, cultural e social
em uma instituição é, normalmente, marcadamente diferente de qualquer
outro.
De uma maneira geral, a verificação de bibliografias, catálogos e
listas pode ser útil na avaliação de uma coleção de bibliotecas. Para
resultados mais proveitosos, no entanto, as listas usadas devem ser
cuidadosamente selecionadas ou especialmente compiladas para
combinar com as metas e os objetivos do levantamento e as metas e.
os objetivos da biblioteca ou das bibliotecas sendo avaliadas. E elas
devem ser usadas com outras técnicas de avaliação, a fim de que se
atinja a máxima corroboração possível dos resultados do levantamento.
87
As maiores desvantagens no uso da opinião dos usuários são que
a maioria dos usuários são, pro vave lmente, passivos a respeito das
coleções da biblioteca e, assim dev em ser aproximados individualmente
e entrevistados um de cada vez; partes da coleção podem não ser
cobertas por causa do interesse restrito dos usuários naquela época ou
por causa da falta de especialistas de assunto no campo; peritos podem
não concordar; e o calibre de usuários atuais (e, assim, as suas
demandas) pode ser muito alto ou muito baixo para o nível intencional
ou esperado da coleção . Mas, de todas as maneiras pelas quais se
avaliam a coleção da biblioteca, descobrir o que os usuários pensam
dela vem a ser o mais aproximado de uma avaliação em termos dos
objetivos ou missão da biblioteca.
Opinião do usuário ou opinião do consumido r, porquanto os usuários
da biblioteca são, com efeito, os consumidores do que a biblioteca
produz para o uso, é também parâmetro seguro e pode ser a mais
potente realimentação disponível para o processo de seleção da
biblioteca , particularmente em bibliotecas públicas ou em bibliotecas
especializadas, onde as coleções são mais dirigidas ao contemporâneo,
se não às necessidades e demandas imediatas.
Vários autores discutiram os prós e os contras de entrevistar os
usuários da biblioteca, em projetos mais prolongados da avaliação da
coleção em geral. 42
Talvez o maior pro blema , no entanto, na obtenção da opini ão do
usu ário, éque os usuá rios são também seres humanos e podem não ser
sempre consistentes ou cooperativos. Ainda mais, muitos usuários não
estão mesmo cientes do que a biblioteca deveria razoavelmente fazer
por eles; assim como podem eles julgar o que é adequado? Os usuários
se tornam condicionados ao que eles consideram ser uma coleção boa
ou má para as suas necessidades, porisso, ou eles retornam regularmente
a ela , ou dela se afastam de maneira definitiva, e a biblioteca nunca
saberá.
A inadequação de uma coleção depende largamente do quanto o
usuário estaria disposto a contar co m a coleção (ou não contar). Se ele
se acostuma com as faltas e lacunas e a não encontrar obras que
aparecem em listas padrões ou que são citadas em bibliografias
básicas; se ele não se habitua a não ser atendido ou a ser simplesmente
ignorado quando faz um pedi do para adições à coleção; se as suas
necessidades de literatura nunca foram desenvolvidas além do que ele
poderia encontra r facilmente à mão, ou se ele nunca tinha visto nada
88
melhor, então quase que qualquer coleção pode ser perfeitamente
adequada.
A adequação da coleção para apoiar as necessidades dos usuários
depende das demandas feitas a ela pelo usuário e quão bem ele sente
que as demandas são satisfeitas. Se suas demandas são moderadas,
então uma coleção modesta pode ser perfeitamente adequada . Se suas
demandas são extensas e altamente especializadas, então mesmo
uma coleção completa e forte poderá vir a não ser o suficiente adequada
para satisfazê-lo.
2.3.2 - Estudantes
São fontes de opinião a respeito dos níveis de adequação da
coleção para atender às suas necessidades. As necessidades dos
estudantes são também consideradas na avaliação de uma coleção de
biblioteca, apesar de que os insucessos deles em obterem o que
querem possam resultar, na maioria das vezes, da "escolha inadequada
de tópicos de teses" ... 45
89
contínua não está sendo realizada corretamente nas bibliotecas públicas",
parcialmente porque, talvez, as bibliotecas públicas, diversamente das
de escolas ou universidades não tenham padrões para credenciamento
ou comissões de credenciamento para as pressionarem" ... 46
Outros autores sugerem que parte da razão por esta falha dos
bibliotecários de bibliotecas públicas é devida ao fato destes profissionais:
a) servirem de maneira mínima a mais séria (e mais numerosa) fração
de usuários em potencial da comunidade b) não possuírem habilidade
para o desenvolvimento das coleções com profundidade; e c) não
possuirem corpos docentes com quem interagir ou de quem obter
conselho no desenvolvimento das coleções".47 Outro autor, apesar de
admitir que os usuários de bibliotecas públicas não são muito verbais
sobre suas opiniões acerca da coleção da biblioteca, "eles precisam ser
indagados" ... 48
2.3.4 - Bibliotecários
Podem ser inquiridos sobre a adequação de suas coleções. Os
melhores avaliadores de coleção, dentro da própria biblioteca, de
acordo com um autor recente, são os bibliotecários de referência. Eles
podem dizer "o que é suficiente, o que é adequado" para esta biblioteca,
e eles devem manter-se em contato com o que o público deseja. 49
Bibliotecários de referência, naturalmente, deverão ser entrevistados
durante a avaliação de bibliotecas, e eles mais frequentemente do que
se considera, são aqueles que verificam as listas, catálogos e bibliografias
debatidas anteriormente.
90
Para o avaliadorque sabe alguma coisa de manutenção de estoque ,
um exame das prateleiras mostrará de imediato a condição da coleção,
a proporção do que está deteriorado ou caindo aos pedaços, os
periódicos que têm uso pesado ou pouco uso, as obras que devem ser
descartadas ou reencadernadas e a atmosfera geral de toda a área de
armazenagem .
Estantes vazias podem significar que todos os livros de uma classe
estão fora e que não há livros para mais ninguém, assim, a política de
aquisição deve ser examinada. Estantes cheias de livros não usados
podem significar que eles nunca foram retirados e assim, novamente a
política de aquisição deve ser examinada . "Tudo o mais depende
inteiramente da experiência do avaliador e da correção da sua
percepção".50
91
áreas de ensino que caracterizam a universidade" ... Há exigência para
que o acervo esteja devidamente registrado , catalogado e classificado;
qua nto ao pessoa l, a norma se refere a "pessoal técn ico habilitado e
responsável". (Resoluções n° 18/1977 e nO 7/1978 do CFE).
Os dois últimos métodos de avaliação de coleção a serem discutidos
levam em consideração não somente a coleção de uma biblioteca, mas
também em cada caso, se a adequação da coleção sendo estudada
determina que passos mais adiante devem ser tomados (i.é. , se outras
bibliotecas serão visitadas) a fim de satisfazer as necessidades
particularesdosusuáriosda biblioteca . Os dois métodos serão agrupados
posto que são de alguma maneira semelhantes neste aspecto de
"estender-se" (to reach out).
92
A avaliação é assim, baseada na rapidez requerida para fornecer
um dos documentos de um teste de amostragem de 300 documentos
da própria coleção da biblioteca ou de outras bibliotecas. Rapidez esta
expressa por uma "rapidez média" na escala de 1 a 5, onde 1 significa
que todos os itens do teste estão nas estantes da biblioteca testada, e
5 significa que a biblioteca não possui nenhum dos itens do teste e que,
havendo que emprestá-los, levaria mais de uma semana . 51
2.6 - Conclusões
Dentre os conceitos e idéias que apareceram e reapareceram nesta
revisão da literatura sobre avaliação de coleções de bibliotecas, quatro
parecem poss uir implicações de mais longo alcance para o
desenvolvimento e avaliação de todos os tipos de bibliotecas:
1 - A ênfase nas metas e os objetivos da biblioteca corpo
fundamentos para a política de seleção ou aquisição, e
como su porte dentro do qual a coleção da bibli oteca
deve ser avaliada .
2 - A ênfase na qualidade e nas necessidades dos usuários
mais do que na quantidade e em listas padrões apenas,
93
M
como fatores decisivos no desenvolvimento da coleção
e da sua avaliação.
3 - Aaceitação deque nenhuma biblioteca pode sercomple-
tamente auto-suficiente, e que a crescente cooperação
bibliotecária pode vir a ser a única solução possível para
prover coleções adequadas de biblioteca para atingir às
necessidades dos usuários, onde quer que eles estejam .
4 - A necessidade básica de existir profissionais bibliotecários
competentes em pontos estratégicos como seleção e
serviços públicos, a fim de assegurar o desenvolvimento
e o uso adequado da coleção da biblioteca.
94
3 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - Por exemplo: CARTER, Mary O., and BONK, Waliace J. - Building Library
Collections. 3d. Metuchen, N. J., Scarecrow Press, 1969, pp. 134-35;
LYLE , Guy R. The Administration of the College Library, 3d. ed. New
York, H. w. Wilson Co., 1961, p. 399.
95
11 - CARTER, Allan M. - An Assessment of Quality in Graduate Education.
Washington, O. C. American Council on Education, 1966. There was no
mention of a library resources index in the revised edition of this
publication: ROOSE, Kenneth O., and ANOERSEN, Charles J. A Rating
of Graduate Programs. Washington, O. C., American Council on
Education, 1970.
96
24 - BROOKES, B. C. - Optimun. P% Library of Scientific Periodicals. Nature,
232:461, Aug. 13, 1971. For comment, see: SANDISON, A. Library
Optimum. Nature, 234:368, Dec. 10, 1971 .
32 - CLAPP ANO JORDAN , op. cit, p. 380. vide também Carter and Bonk, op.
cit, pp. 119-32.
33 -In General Background Reading, vide Bone, Carter and Bonk, Cassata and
Dewey, Hirsh, Lyle, McDiarmid, Merritt, Tauber, and Williams, passim.
97
M
42 -ARMSTRONG, Charles M. - Measurement and Evaluation of the Public
Library. In Goldhor, ed., op. cit., pp. 15-24; MERRITT, op. cit., pp.
58-59; TAUBER, Maurice F. Survey Method in Approaching Library
Problems, Library Trends, 13:23-24, July 1964 e WILLlAMS op. cit.
pp. 33-34.
46 - BONE, Larry Earl, and RAINES, Thomas A. - The Nature of the Urban Main
Library: Its Relation to Selection and Collection Building. Library
Trends, 20:631 , ApriI1972.
50 - WILLlAMS, op. cit., p. 34. Veja também: CARTER and BONK, op. cit., p.
137; LYLE, The Administration of the College Library, op. cit. pp.
399-400; MERRITT, op. cit., pp. 59, 62-63.
98
METODOLOGIAS PARA AVALIAÇÃO
DE COLEÇÕES
Incluindo procedimentos para revisão,
descarte e armazenamento.
1 0
INTRODUÇÃO
99
(1979). O uso de fórmulas, como abordagem estatística, destaca as
fórmulas de Clapp-Jordan , Washington State , California state ,
Association of College and Research Libraries (ARL) e a de Beasley para
bibliotecas públicas.
O ponto inicial para o estudo de uso de uma coleção é a análise dos
registros de circulação, que podem ser tanto manuais como resultantes
de automação ou computadorizados; cada um tem as suas vantagens
e limitações, que devem ser consideradas. Entre os estudos de uso são
destacados os de McClellan, Fussler & Simon e o de Trueswe!1.
São feitas observações sobre empréstimos e uso interno na biblioteca,
em comparação com o uso no Brasil e em países industrializados.
Também se considera o uso do COMUT como instrumento de avaliação
do uso de periódicos.
Dos possíveis métodos de avaliação de coleções de periódicos são
citados: uso de dados brutos não trabalhados, densidade do uso,
contagem de citação, avaliação da lista da coleção de periódicos pelos
usuários. Para a decisão de cancelamento de assinatura deve ser
considerado o fator custo-eficácia.
Os estudos de disponibilidade de documentos se apresentam em
duas abordagens e também são apresentados o "teste de fornecimento
de documentos" e o "estudo de disponibilidade na estante" .
Destaca-se que , apesar de nenhum método ser adequado,
isoladamente, cada um se torna mais eficaz quando suplementado por
um ou mais métodos.
Evans recomenda , e são apresentados, oito passos para a avaliação
de coleções.
O segundo tópico do trabalho apresenta sugestões para
procedimentos de revisão, desbastamento, remanejamento, descarte e
armazenamento de materiais bibliográficos.
Uma coleção deve ser representativa das necessidades de informação
da comunidade , e elas mudam; assim, é preciso haver substituições,
acréscimos e atualizações para melhorar a disponibilidade e
acessibilidade das coleções.
A revisão da coleção deve se basearem vários critérios de importância
relativa e no consenso do pessoal da biblioteca envolvida.
O desbastamento e o remanejamento podem dividir a coleção em
vários níveis de acessibilidade em que se procura prevero padrão de uso
futuro da coleção através de análise de uso presente e passado.
A decisão de armazenamento em depósito deve levar em conta
estimativas de vários custos envolvidos e também que bibliotecas de
pesquisa ou de último recurso têm que manter muitos títulos antigos e
100
edições já ultrapassadas, enquanto que a maioria das bibliotecas deve
realizar revisão regular e desbastamento da coleção.
O custo envolvido para manter uma grande coleção é muito alto e
um programa de desbastamento poderá tornar a coleção mais atraente
e fácil de ser utilizada pelo leitor.
O fator mais importante para manter obras na biblioteca pública é a
deman<:la ampla da comunidade, enquanto que nas bibliotecas
especializadas a preocupação é manter a coleção atualizada com as
necessidades correntes de informação dos usuários, que se constituem
em uma clientela homogênea.
As bibliotecas universitárias, devido à explosão da informação,
tiveram que aceitar como impraticável a meta de possuir na coleção todo
o conhecimento humano registrado. A busca de soluções mais adequadas
aponta o fornecimento de serviços mais personalizados e do mais alto
nível, com coleções descentralizadas. Há vantagens e desvantagens
em qualquer das soluções. Já a biblioteca escolar desbasta a coleção
com freqüência para poder acompanhar mudanças no currículo e nos
programas.
Quanto a barreiras ao descarte, Evans relata interessante teste para
o candidato a bibliotecário , que embora pareça pilhéria deve ser
realmente considerado, pois está relacionado com os condicionamentos
emocionais e aspectos psicológicos que trazem reflexos no
comportamento do profissional.
O descarte é explicitado através de várias pesquisas e exemplos de
como desacelerar a ocupação do espaço necessário à guarda da
coleção e de que soluções podem · ser adotadas quando o edifício
principal teve a sua capacidade esgotada.
Algumas soluções são muito onerosas e outras, como maior número
de microformas e descarte intensivo, podem não ser interessantes para
o usuário.
A solução encontrada pela Biblioteca da Universidade de Purdue,
com 500.000 volumes, é apresentada nas diversas fases de seu
programa para rea rranjo físico do interior do edifício.
As diretrizes da ALA oferecem critérios para serem considerados
pelos administradores de bibliotecas com relação a remanejamento,
descarte ou preservação do material. São apresentados critérios de uso,
valor, qualidade, leitura nas estantes e papeleta do livro, duplicação
indesejável, remanejamento para periódicos e material em deteriorização.
As técnicas de revisão e desbastamento podem ser orientadas pelas
sugestões de Mosher e outras, inclusive pelos critérios para
101
6<
remanejamento e descarte ou pelos modelos de armazenamento
cooperativo para guarda de material de baixa demanda.
Os problemas brasileiros são considerados e todo este trabalho tem
o objetivo de auxiliar na decisão que envolve questões relacionadas com
o desenvolvimento de coleções.
2 - GLOSSÁRIO
102
3 - METODOLOGIAS PARA AVALIAÇÃO DE COLEÇÕES
103
Outra abordagem é a de se tentar ava liar a completeza da coleção
de uma biblioteca em alguma área específica de assunto. Para isto,
seleciona-se vários livros recentes ou artigos de revisão sobre o assunto
e agrupa-se as bibliografias associadas a estes livros/artigos para formar
uma ampla bibliografia de fontes citadas correntemente pelos
especialistas desta área . Esta bibliografia é, então, utilizada para avaliar
a cobertura deste assunto na biblioteca.
Na avaliação de uma coleção devem ser lançadas questões
relacionadas ao valor ou eficácia do uso feito desta coleção:
a) Compilação de estatísticas
Tamanho bruto
Volumes entrados por ano
Fórmulas
Comparações
Equilíbrio de assuntos
Pedidos não atendidos
Empréstimos-entre-bibliotecas
Tamanho de excelência
Circulação
Gastos
104
b) Verificação de listas, catálogos e bibliografias
Catálogos padrão e listas gerais básicas
Catálogos de bibliotecas importantes
Bibliografias especializadas e listas básicas de assuntos
Listas correntes
Obras de referência
Periódicos
Listas autorizadas
Listas para casos específicos
Citações
c) Obtenção de opinião dos usuários
Corpo docente e pesquisadores
Estudantes
Público em geral
Bibliotecários
d) Observação direta
e) Aplicação de padrões
f) Testes de adequação dos recursos totais (internos e
externos)
Capacidade de fornecer um documento
Uso relativo de várias bibliotecas
a) Quantitativas
Tamanho absoluto da coleção
Tamanho da coleção por categorias:
tipo de material
área de assunto
data, língua
Média do crescimento corrente
Tamanho com relação a outras variáveis, inclusive número
de volumes per capita e por item circulado
Gastos com a coleção, inclusive per capita e com relação
ao orçamento total
b) Qualitativas
Métodos "impressionistas" (subjetivos) - (especialistas de
assuntos, eruditos, bibliotecários)
105
Avaliação baseada em listas padrões ou coleções de
outras instituições
c) Fatores de Uso
Quantidade do uso da coleção, como refletido nas estatís-
ticas de circulação e uso interno
106
c) compilação de estatísticas:
tamanho;
volumes acrescentados em um dado período;
gastos para materiais bibliotecários;
fórmulas;
estatísticas da circulação;
pedidos atendidos e não atendidos;
empréstimos-entre-bibliotecas; e
tamanho de excelência. Núcleo de coleção de livros ou
periódicos, presumivelmente mais usados
d) citação de trabalhos dos usuários;
e) opinião dos usuários;
f) aplicação de padrões; e
g) testes para os recursos totais e para o fornecimento de
documentos
a) impressionistas;
b) verificação de listas;
c) estatísticas;
d) de uso
107
- se
o método estatístico, segundo Evans, compila dados sobre o
número de volumes no total da coleção e em suas várias partes. Coleta
dados também sobre os gastos para aquisição e a relação desta quantia
com o tamanho da coleção, com o total do orçamento da instituição e de
outros dados similares. É um método limitado pois, embora não possa
haver qualidade sem uma certa quantidade, a quantidade , sozinha, não
garante qualidade. Hoje em dia, metas para coleções são grandemente
baseadas em qualidade , que vem a significar utilidade, mais do que
quantidade. A fraqueza básica deste método está , assim, no uso feito
destas estatísticas para se fazer julgamento de valor, quando, na
verdade , elas só mostram quantidade.
Advogando a necessidade de serem desenvolvidas abordagens
quantitativas para avaliar coleções, que possam ser utilizadas para
tomadas de decisão mas que, ainda assim, retenham a virtude da
simplicidade, enquanto se mantêm relevantes aos programas e serviços
da biblioteca, Evans se estende em descrever o uso de fórmulas como
abordagens estatísticas. As fórmulas que chamaram mais atenção,
ultimamente, são as de Clapp-Jordan, Washington 8tate, California
8tate, e a da Association of College and Research Libraries (ARL) para
bibliotecas de faculdades e universidades, e a de Beasley para bibliotecas
públicas.
A fórmula de Clapp-Jordan é baseada na afirmativa dos autores de
que a adequação da coleção da biblioteca universitária pode ser medida
pelo número de livros que ela contém; mas o tamanho mínimo depende
de muitas variáveis, incluindo tamanho e composição do corpo docente
e discente, do currículo, dos métodos de instrução, da localização
geográfica do campus e das acomodações físicas da biblioteca .
Propuseram, então , uma fórmula mais tarde revista e que ficou assim:
v =50.750+100F+12E+12H+335U+3.05M+23.500D onde:
F =docentes
E =total de estudantes em tempo integral (TI)
H =total de alunos de graduação em estudo independente
U = número de assuntos na graduação
M =áreas de cursos de mestrado
D = áreas de cursos de doutorado
V = volumes
e 50 .750 é uma constante derivada de várias listas-padrão de coleções
básicas para bibliotecas de cursos de graduação . Representa a coleção
mínima viável para uma coleção de biblioteca universitária. A coleção
básica é assim discriminada:
108
LIVROS DOCUMENTOS
PERiÓDICOS TOTAL
TiTUlOS VOLUMES VOLUMES
109
- subtrair do total 5% quando a faculdade ficar a menos de
40 km distante de uma outra instituição pública de ensino
superior.
Serviço Potencial ~ =~
p p
.s
sendo:
B = recursos bibliográficos
C = circulação
P = população servida
=
S fator pesquisa
110
Esse tipo de estudo pode ser dividido em:
111
exemplo, a classe 59 resultou em 2.75% do total da circulação em 1977,
mas somente 1.34% do total de circulação em 1978. Estes dados podem
ser coletados manualmente, como o foram por McClellan, ou por
sistema computadorizado .
Fussler & Simon, em 1961, realizaram um dos estudos mais
conhecidos deste tipo, na Universidade de Chicago, com finalidade de
identificar livros passíveis de serem demandados de maneira infreqüente ,
e, assim, podendo ficar menos acessíveis e serem guardados em
depósitos menos dispendiosos. O estudo utilizou:
112
dados existentes sobre as características dos usuários com o uso da
coleção, i. e., retiradas por assuntos, para saber quem está lendo o quê.
Por outro lado, a quantidade de informação que pode ser extraída de
um sistema computadorizado sendo, naturalmente, dependente do tipo
e quantidade dos dados que estão armazenados requer, antes de tudo,
que se defina quais os dados que vão oferecer os melhores resultados
para análise. Assim, um número de chamada é um identificador do
documento que tem grande valor para análise subseqüente, enquanto
que o número de registro tem valor mínimo.
Desde que cada item emprestado leva um número específico, em
um sistema computadorizado é possível extrair-se dados referentes e
quais itens são mais ou menos usados, o que serve de suporte para a
tomada de decisão quanto às necessidades de duplicação e de baixas.
Uma maneira de fazer isto é relacionar o número de dias que um livro
ficou emprestado, com o número de total de dias que a biblioteca
permaneceu aberta; se a biblioteca, por exemplo, ficou aberta 280 dias
em um ano, a circulação de um item pode ser expressa em termos de
quantos dias o item ficou ausente das prateleiras (190/280) o que, na
realidade, apresenta a probabilidade deste item estar na prateleira
quando procurado pelo usuário.
Dados de circulação para duas cópias de um item podem ser
combinados e relacionados a um potencial de disponibilidade de 560
dias, e os dados para itens disponíveis em três ou mais cópias podem
ser manipulados de maneira idêntica.
Desvantagens deste método de análise de registros de circulação:
113
materiais de Química tenderão a ser usados na biblioteca cinco vezes
mais do que os de Física.
A relação entre o uso interno e empréstimos, no Brasil, conforme
estudo feito por McCarthy, é o oposto do que o descoberto em países
industrializados, pois no Brasil os livros são muito mais utilizados na
biblioteca do que fora dela. As razões são claras, segundo McCarthy: há
pouca tradição de empréstimos de livros para se ler em casa, entre as
nações latinas. No Brasil, grande parte do uso da biblioteca é feito por
crianças em idade escolar e elas preferem trabalhar na biblioteca, em
vez de em suas casas, onde dominam as televisões e as moradias são
amontoadas, com inúmeros irmãos e irmãs, o que torna o estudo difícil.
Pode também ser questionado que o uso interno na biblioteca é mais
eficiente, pois permite uso mais intenso da coleção.
As possíveis maneiras de se estudar o uso interno são através:
114
colocados nas caixas. Sem este fator de correção pode-se obter uma
estimativa bastante errônea do uso de materiais na biblioteca.
Outra precaução se refere ao estabelecimento do que vamos
considerar que seja contado como "uso": a contagem de materiais
deixados sobre as mesas, apenas, não inclui os que foram recolocados
pelos usuários, e exclui os consultados somente nas estantes e não
levados à mesa. Foi demonstrado que quando a interpretação de uso é
generalizada, a contagem pode ser 20 vezes mais do que o uso indicado
apenas pela contagem de material deixado sobre as mesas.
Na segunda abordagem, concentrando-se em uma amostragem
apenas de usuários, a melhor maneira é a de se centralizar em usuários
que estão sentados em lugares particulares, em horas determinadas e
dias selecionados. Este procedimento oferece um quadro mais completo
do uso interno do que aquele que se baseia somente na cooperação do
usuário; identifica os usuários, pode correlacionar tipo de usuário com
tipo de material usado e também identificar usuários que trazem seu
próprio material para estudar na biblioteca. Por outro lado, com esta
técnica é mais difícil fazer extrapolação para o total de uso interno em
período determinado e, também, não dá indicação de materiais
consultados nas estantes e não levados para as mesas/caixas.
Neste tipo de estudo são particularmente importantes as avaliações
do uso de periódicos, que não circulam em todas as bibliotecas; também
são utilizadas avaliações para a revisão da coleção, tendo em vista a
eliminação de certos títulos. Possíveis métodos de avali ar coleções de
periódicos:
115
d
nas áreas de Ciência e Tecnologia, sistema apoiado por instituições do
governo e em ampla expansão, aconselha-se que outro instrumento
para a avaliação do uso da coleção de periódicos seja a mensuração da
utilização deste sistema pelas bibliotecas do país.
Estes vários métodos de coleta de dados podem dar como resultado
listas ordenadas diferentemente, que podem se assemelhar apenas nos
títulos do topo da lista. Sugere-se a adoção de vários métodos. Em
último caso, para a decisão de cancelamento de assinatura deve ser
considerado o fator custo-eficácia: uso x custo .
Outra metodologia para avaliação de coleções é a de "estudos de
disponibilidade de documentos" que tem como objetivo avaliar a
capacidade da biblioteca em prover aos usuários os documentos que
necessitam, no momento que deles necessitam. Existem, basicamente,
duas abordagens:
a) compilação de uma lista de citações de documentos que
representam as necessidades dos usuários, e aplicar esta
lista para determinar:
• quantos destes documentos existem na biblioteca; e
• quão disponível cada documento está na ocasião do teste.
b) obtenção da cooperação dos usuários da biblioteca a fim de
identificar falhas para encontrar documentos procurados
durante um período específico de tempo.
116
assunto. Se quisermos terminar com um conjunto de 300 citações
retiradas randomicamente de uma amostragem de, digamos, 2.000
citações, devemos primeiro selecionarum grupo de artigos recentemente
publicados para gerar as 2.000 citações. Se cada artigo selecionado na
área de assunto contém uma média de cinco citações, devemos extrair
400 artigos recentes a fim de obter as 2.000 citações.
A maneira mais direta é selecionar os 400 artigos, randomicamente,
de fascículos correntes de periódicos nas estantes da biblioteca a ser
avaliada. Mas esta abordagem deve serevitada, porque muitos periódicos
têm uma forte tendência de se citarem mutuamente e uma amostragem
extraída desta maneira seria preconceituosa, a favor da biblioteca que
está sendo avaliada. Isto porque o conjunto de citações assim extraídas
pode incluir uma proporção maior de citações de periódicos mantidos
pela biblioteca, do que com relação à amostragem extraída por um
método independente da biblioteca a ser avaliada. Uma abordagem
melhor, portanto, seria extrair a amostragem de 400 artigos de fascículos
recentes de periódicos em estantes de outra biblioteca diferente da que
está sendo avaliada. Esta biblioteca deve ser pelo menos tão grande
quanto a avaliada e, preferentemente, maior.
A aplicação deste teste, baseado no conjunto de citações, é feita em
um único dia, e é essencialmente uma simulação, pois simula 400
usuários entrando na biblioteca naquele dia, cada um procurando por um
item bibliográfico determinado. Para cada item desejamos saber:
a) se está na coleção; e
b) onde está fisicamente localizado na ocasião da administração
do teste.
117
a) 10 1 (menos de 10 minutos);
b) 10 1 a 10 2 (10 minutos e 2 horas);
c) 10 2 a 10 3 (2 horas e um dia);
d) 10 3 a 10 4 (um dia e uma semana); e
e) 10 4 a 10 5 (mais de uma semana) .
118
desta coleção, de acordo com De Prospo et aI., um exemplo de uma
biblioteca hipotética.
Este teste de fornecimento de documento é, essencialmente, como
foi assinalado, uma simulação, o que é menos satisfatório do que um
teste real. Assim , é preferível estudar capacidade de fornecimento de
documentos de uma biblioteca pela identificação das falhas encontradas
por usuários reais, durante um período específico de observação . Esta
é a abordagem do "estudo de disponibilidade na estante", que pode ser
realizado através de:
119
método fornece dados sólidos e objetivos, baseados nos quais se
executa a avaliação, servindo ainda como uma verificação dos outros
métodos, e é muito útil também para desbastar a coleção e mantê-Ia útil
e viva.
A grande desvantagem é a considerável quantidade de trabalho
necessário à coleta de dados. Entretanto, para a biblioteca com sistemas
computadorizados para sua operação, esta coleta é relativamente fácil
e menos dispendiosa de ser realizada. Não foram ainda estabelecidos,
contudo, quais os níveis adequados ou aceitáveis de uso. Também, não
foram estabelecidas as relações entre o valor intelectual de um livro e
sua circulação, mas, principalmente, não se pode presumir que porque
um livro é retirado da biblioteca, ele é realmente utilizado .
Apesarde nenhum método ser adequado, isoladamente, cada um se
torna mais eficaz quando suplementado por um ou outros métodos.
Evans recomenda os seguintes passos para a avaliação de coleções:
120
velhos devem ser substituídos por edições mais recentes ou por títulos
novos no mesmo assunto . Um coleção que possui grande número de
títulos obsoletos apresenta dificuldades desnecessárias aos seus usuários.
Um programa de revisão/desbastamento da coleção é aconselhado
se a disponibilidade e acessibilidade da coleção podem ser melhoradas
pelo remanejamento de materiais, ou se o espaço atual não é mais
adequado para abrigar a coleção ou se, ainda, o envelhecimento e a
deterioração dos materiais se acelerar com a retenção dos mesmos na
situação de abarrotamento em que se acham.
A revisão da coleção , para identificar os títulos que devem ser
remanejados , descartados ou preservados, deve se basear em vários
critérios, sendo a importância relativa de cada um determinada pela
necessidade local. Vários membros da biblioteca devem examinar cada
porção da coleção, desde que é requerido um bom julgamento da
utilidade presente da obra, e é melhor se ouvir a opinião de várias
pessoas para se chegar a um consenso .
O objetivo do desbastamento, para finalidade de descarte, é eliminar
os livros e outros itens que não mais são de interesse do leitor. O
desbastamento é, algumas vezes, baseado na condição física do livro,
mas se é um título ainda útil, deve ser reposto. Bibliotecas públicas
muitas vezes adquirem múltiplas cópias para atender à demanda de um
título, em formato de livro de bolso; quando passa o interesse pelo livro,
muitas dessas cópias podem ser descartadas. Edições antigas,
ultrapassadas por edições mais recentes, também podem serdescartadas,
desde que existam livros mais recentes na coleção. Mas muitas bibliotecas
não vão querer descartar um cópia antiga de obra clássica, só porque
não circulou nos últimos anos; uma edição mais atraente pode ocasionar
o uso, bem como a colocação do livro em exposição ou local privilegiado.
Desbastamento, para o fim de remanejamento para um depósito,
significa identificar aqueles materiais com menor demanda e torná-los
menos acessíveis do que outras partes da coleção, com maiordemanda.
A fim de dividir a coleção em vários níveis de acessibilidade deve-se
procurar prever o padrão do uso da coleção, através da análise dos
cartões de retirada e papeletas de datas de vencimentos para verificar
a última data em que o livro circulou, ou a freqüência da circulação nos
últimos anos. A identificação inicial dos livros a serem desbastados deve
ser revista pelos membros da biblioteca responsáveis pela avaliação.
A decisão de armazenamento em depósito deve levar em
consideração estimativas do custo envolvido: no armazém ou depósito ,
121
na mudança, no transporte, transf erência e alteração dos registros,
custo para os usuários em tempo perdido.
Bibliotecas de pesquisa ou de último recurso, cujo objetivo primário
é apoiar a pesquisa numa frente bem ampla, têm que manter muitos
títulos antigos e edições já ultrapassadas, mas a maioria das bibliotecas
deve realizar revisão regulare desbastamento da coleção. Um programa
de desbastamento sólido, regularmente conduzido, leva a não se tornar
necessário expandir o edifício, mas, principalmente, tornará a coleção
mais atraente e fácil de utilizar pelo leitor.
Em bibliotecas públicas, o fator mais importante para a manutenção
das obras é a demanda . Materiais sem mais interesse para o público
devem, portanto, ser considerados para descarte. Assim, também , as
duplicatas desnecessárias e volumes obsoletos e deteriorados. O custo
envolvido em manter uma grande coleção é também uma consideração.
As bibliotecas especializadas são as que exercem políticas mais
rigorosas para desbastamento, por motivo de espaço e por se tratar de
materiais técnicos, com rápida obsolescência. A maior preocupação
destas bibliotecas é manter a coleção atualizada com as necessidades
correntes dos usuários. É tarefa mais fácil, portanto , do que em
bibliotecas públicas, devido aos padrões já previstos para uso, pela
clientela homogênea, por serem de tamanho pequeno e de metas
restritas. Custo, espaço , material corrente são as considerações mais
importantes para a manutenção da coleção e, assim, o desbastamento
é feito sem maiores hesitações.
As bibliotecas universitárias já tiveram como objetivo selecionar,
adquirir, organizar, preservar e tornar acessível todo o conhecímento
humano registrado . Demanda nunca foi considerada como medida de
valor pois os livros de valor para pesquisa têm pouco uso. Devido" à
explosão da informação, têm que desbastar as coleções; assim, no início
da década de 50, concluiu-se que completeza de coleção de bibliotecas
era uma meta impraticável, desnecessária e impossível. Com relação às
bibliotecas universitárias, uma das medidas tomadas para evitar a
duplicação dos edifícios foi a descentralização da coleção pelo formato
do material, i. e., separando-se a coleção dos livros raros, manuscritos,
documentos oficiais, mapas, etc. A contrapartida foi o oferecimento de
serviços mais personalizados e de maior nível. As desvantagens foram:
problemas operacionais, duplicatas da coleção de referência, possível
problema de acessibilidade (horário mais restrito, local menos acessível
que a central). Outra medida foi aseparaçãodo acervo em coleções para
os cursos de graduação em outros edifícios (undergraduate libraries) e
coleção de pesquisa, mantido no edifício central. Da década de 70 para
122
ti
cá, a tendência tem sido o estabelecimento de bibliotecas nos cursos
profissionais, descentralizando as coleções.
As bibliotecas escolares têm necessidade de correlacionar a coleção
com o currículo escolar e, geralmente, têm espaço reduzido . Assim,
desbastam a coleção com frequência, removendo o material obsoleto .
Três razões básicas são sempre citadas para desbastamento:
a) economia do espaço;
b) melhoria da acessibilidade; e
c) economia de verba
123
c
a) Psicológica - os bibliotecários foram treinados a conseNar o
material bibliográfico e há sempre a idéia de que alguém
poderá precisar dele um dia;
b) Política - às vezes pode não ser conveniente ou oportuno tal
desbastamento; ou quando se pergunta ao usuário, geral-
mente em bibliotecas universitárias, a resposta é: "pode
desbastar as coleções dos outros professores, a minha parte
é o mínimo de que necessito para o ensino";
c) Tempo - é uma tarefa muito trabalhosa e exige tempo para
ser bem executada;
d) Legal - entre nós, os problemas são maiores por haver
discordância quanto a desbastar material permanente , i. e. ,
materiais bibliográficos; e
e) Status - tamanho ainda é considerado importante, diz alguma
coisa quanto à qualidade da coleção da biblioteca.
a) falta de tempo;
b) pretendem, tem a intenção, mas adiam sempre;
c) medo de cometer erro; e
d) relutância em se desfazer de livros.
Quanto a este último aspecto, Evans relata o fato de que deveria ser
necessário aos candidatos dos cursos de Biblioteconomia, a partir da
década de 80, passarem por um outro teste. Em consultório médico,
teriam a pressão arterial medida e, após uma conversa inicial, o médico
tomaria de um livro e solicitaria ao candidato que o rasgasse; isto feito,
a pressão seria novamente medida para verificação do efeito deste ato:
se subisse demasiadamente, este candidato não poderia ser aprovado ,
pois que o bibliotecário do futuro vai ter que se desfazerde alguma parte
da coleção da sua biblioteca - não desta maneira extrema, contudo - e
a sua reação terá que ser equilibrada e racional para esta tomada de
decisão.
A literatura oferece duas maneiras bastante simples de selecionar
certo tipo de material, já tendo em vista um futuro descarte, em caso de
remanejamento de coleção. Na Universidade de Yale, estes livros são
guardados em caixas, após a aquisição/processamento e não são
incorporados à coleção; é o que chamam de Book retirement program.
Na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), a ficha de
124
encomenda, com o número de registro, é intercalada no catálogo do
público e o livro é guardado à parte, pelo número de registro (localização
fixa) sem ser classificado (temporary one entry).
De qualquer maneira, existem muitas sugestões na literatura para se
desacelerar a ocupação do espaço necessário à guarda da coleção.
Rouse sugere:
125
e) Estabelecer armazenamento à parte 27.0%
f) Microfilmar coleções de periódicos 52.8%
08S .: Algumas destas medidas foram tomadas simultaneamente.
126
..
de espaço de crescimento para material impresso; 5, somente, têm
planos concretos para aumentar o armazenamento. Algumas das soluções
adotadas:
127
d) reunião com o pessoal da mudança (colocadores dos livros
nas estantes) e outros membros do quadro de pessoal ,
explicando o plano e métodos de operação; e
e) providências quanto à comunicação visual adequada a fim
de que todos pudessem acompanhar a mudança.
128
..
Critério de duplicação indesejável - Importante observar durante
a leitura das estantes as duplicatas não mais necessárias (livros
textos) que ocupam espaço significativo nas estantes.
129
- Seja prático . Se o objetivo é desbastar múltiplas cópias
obsoletas, textos ou edições ultrapassadas, a melhor
maneira é pela leitura simples e rápida das estantes,
nenhuma metodologia complexa é requerida para isto.
130
!.
a) Como serão os livros selecionados para o armazenamento?
b) Como serão eles fisicamente armazenados?
b) Uso moderado
- Acesso livre, - Leitura casual posslvel.
no campus , convencional
131
..:J
ALTERNATIVAS BENEFíCIOS CUSTOS
- Acesso livre, fora do campus, - Leitura casual possível
convencional somente para quem pode ir
ao local. Recuperação
com demora.
c) uso Pesado
- Acesso livre, no campus, - Leitura casual possível.
convencional
132
c) depósito integrado seletivo , semelhante ao anterior, distin-
guindo-se pelo escopo e tamanho da coleção. Os materiais
enviados pelas bibliotecas-membro são incorporados à
coleção, quando a limitação do espaço o permite, e as
duplicatas são descartadas. Possui quadro de pessoal
tre inado que realiza trabalho de seleção e aquisição para
suplementar as coleções para membros, bem como para
fortalecer os recursos da região .
133
extenso de estantes compactas, microformas e o material é altamente
selecionado para retenção. Outras categorias de materiais identificados
para possíveis futuros programas de armazenamento cooperativo incluem
aqueles em línguas exóticas, publicações não comerciais, materiais em
formatos não convencionais (mapas, fitas magnéticas), aqueles que
requerem procedimentos especiais para aquisição e obtenção.
O Center for Research Libraries é citado como exemplo de maior
sucesso de uma operação que se concentra em materiais de baixa
demanda , enquanto que o British Library Document Supply Center é o
exemplo de maior sucesso de uma instituição central com o objetivo de
fornecer acesso rápido e seguro a materiais correntes e de alta demanda,
basicamente periódicos.
Finalmente, se a avaliação da coleção nos leva a ter que considerar
o descarte de materiais, os seguintes critérios têm que ser estudados
para a tomada de decisão:
a) duplicatas;
b) doações indesejadas ou não solicitadas;
c) livros obsoletos, especialmente em Ciência ;
d) edições ultrapassadas por revisões correntes;
e) livros infectados, sujos, gastos;
f) livros com letras pequenas, papel quebradiço, páginas
extraviadas;
g) volumes de coleção, não necessários e não usados; e
h) periódicos sem índice (não aplicável às coleçõesde periódicos
brasileiros) .
134
atitude negativa com relação ao processo de descarte". É-se levado a
pensarque são barreiras legais que ocasionam esta atitude, mas Moraes
explica que: "não é a legislação que impede o processo de retirada e/ou
descarte, uma vez que não existe uma lei específica, mas o entrave
decorre da própria atitude, positiva ou negativa, do bibliotecário".
Conclui, finalmente, a autora, declarando que "os bibliotecários possuem
um alto conceito sobre retirada e/ou descarte de materiais bibliográficos
mas reagem negativamente a este processo na sua biblioteca. Atribui-
se esta atitude, passiva e negativa, a diversos fatores : ausência de
diretrizes que orientem a seleção do material descartável, difusão da
legislação e apoio institucional".
A autora oferece como sugestão, apoiada na opinião unânime dos
profissionais que responderam o questionário enviado, a criação de
Depósitos Cooperativos Regionais, que centralizariam as coleções
descartadas, aliviando o ônusdo armazenamento por parte das bibliotecas
e, ao mesmo tempo, conservariam as coleções retrospectivas existentes
no país.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
135
4 - FIGUEIREDO, N. M. de - Avaliação de coleção e estudo de usuários.
Brasília, ABDF, 1979.
14 - ___ Managing llibrary collections: the process of review and pruning. In:
STUEART, R. D. ed. Collection development in libraries: a treatise.
Greenwhich, Conn., Jai Press, V. 1. pt. 11. p. 159-81.
136
SELEÇÃO E AQUISiÇÃO DE MATERIAL
EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
BRASILEIRAS
1 - INTRODUÇÃO
137
base sólida para a reformulação e o fortalecimento do ensino desta
disciplina, tipicamente bibliotecária, para a formação dos recursos
humanos da área.
Os resultados deste levantamento são realmente desalentadores,
mas correspondem aos que se esperava.
2 - ANÁLISE DO LEVANTAMENTO
138
dificuldades em preencher o questionário no seu todo - explica-se assim
também, talvez, o baixo percentual (24,4%) de respostas recebidas em
relação ao total de questionários enviados. Mesmo aquelas que se
esforçaram em responder não foram capazes de lidar a contento com
todas as questões. Apesar dos problemas, um número razoável o fez de
maneira correta, interessada e responsável- o que não podemos deixar
de louvar e apreciar devidamente.
Outro detalhe que nos chamou a atenção, no item XXIV, e que talvez
também tenha contribuído para os dados incompletos no questionário,
foi o número de elevado de bibliotecas setoriais (48), ou de Departamentos
(19) ou de Institutos (14) ainda existentes, que são fortemente dependentes
das Bibliotecas Centrais (55), e que se sentiram com dificuldades e/ou
impossibilitados de responder integralmente ao questionário. Muitas
questões diziam respeito ao órgão centralizador das atividades de
seleção/aquisição.
Em uma análise preliminar, não sentimos que fosse necessária uma
tabulação em nível regional - de interesse maior no aspecto aquisição
- visto que os tópicos sobre seleção abordados no questionário não
trariam qualquer distorção no diagnóstico global a que se pretendeu
chegar.
Outra observação bastante relevante é a que se refere ao fato de
terem sido poucas, na realidade pouquíssimas, as bibliotecas que
enviaram as cópias dos documentos solicitados. E, sob este aspecto, já
podemos oferecer a primeira análise do questionário propriamente dito.
Os poucos documentos que nos chegaram às mãos foram Regimentos,
Estatutos, Manuais de Serviço e Guias de Bibliotecas. Estes são
documentos meramente normativos ou, quando muito, além das normas
descrevem atribuições e execução de tarefas, mas não oferecem
qualquer possibilidade para embasar um estudo qualitativo das atividades
de seleção/aquisição de materiais. Ainda que importantes, tais
documentos não constituem, na forma em que estão redigidos, base
para mensuração daquelas atividades, passo inicial para qualquer
estudo de avaliação, quer com finalidade quantitativa ou qualitativa. Ou
seja , os objetivos de uma instituição devem ser definidos de maneira
absolutamente clara e precisam ser mensuráveis para possibilitar
exatamente a avaliação sistemática e periódica da instituição no
cumprimento dos objetivos pré-fixados. Não são objetivos como os que
seguem abaixo e que exemplificam de maneira direta o que está contido
nos Regimentos/Estatutos/Manuais, que serviriam de base para uma
avaliação das atividades de seleção/aquisição executadas pelas
bibliotecas universitárias do país. Notrabalho que estamos apresentando
139
para este Seminário debatemos longamente sobre este tópico: os
objetivos da biblioteca e a política de seleção.
Exemplo de objetivos apresentados e sem possibilidade de
mensuração:
140
- livros ....... ....... ......... ..... .. .... .... ......... 28
- periódicos .... .. .. .. .. ........ .. .. .......... .. ... 31
- AV.............. .... .......... .......... .. .......... . 03
- microformas .. ...... .... ...... .. .. ........ ...... 06
- outros (? interrogação nossa) .......... 07
141
_ _ -'.;A
Pergunta-se aqui: Como pode esta Comissão, sem ter conhecimento
dos objetivos da biblioteca e da sua política de seleção, contribuir
efetivamente para a execução das responsabilidades acima??? Baseado
em qual documento ou norma funcionam estas Comissões? Repetimos
que isto é algo misterioso,já que tais documentos são quase inexistentes
e quando existem não são divulgados ...
Entre outras funções desta Comissão são respondidas apenas as de
ca ráter administrativo em geral, como de supervisão da biblioteca e dos
seus serviços e de apoio e assessoria à Direção . No caso da Comissão
não se desincumbir das funções listadas (item IX), a maioria das
respostas assinalou que o Bibliotecário-Chefe é quem as executa (71
respostas) ou o Setor de Seleção (15) e outros (24), com respostas
bastante diversificadas, salientam "bibliotecários".
Na questão da verba própria anual para manter a coleção de
referência (item X), um número razoável de bibliotecas respondeu
possuir tal verba, quarenta e três (43) versus noventa (94) que alegaram
não possuir. A relação desta verba com o total do orçamento para a
aquisição foi assinalado (item XI), com percentagem de:
142
- Professores individualmente..... .... ... ...... ... ... 99
- Bibliotecários-chefe ... .. .... ... ... ........ ......... ... ... 97
- Sugestões de alunos...... .. .......... ..... .. ... ... ... .. 92
- Departamento como um todo .. ................ ... .. 43
- Setor de seleção da biblioteca .... ... ... ....... ..... 32
- Comissão de Biblioteca ......... ...... ...... ... ... ..... 30
- Outros ..... ..... .... .. ...... ..... ...... .. .. ... .. ... .. ... ... ... .. 27
143
Na questão da verificação, antes da aquisição, de título solicitado
existente em biblioteca local (item XVI), parece ter havido interpretações
diversas quanto à expressão "biblioteca local". No nosso entender
"biblioteca local" é situada na mesma cidade. Alguns questionados
levantaram dúvidas a respeito mas, de qualquer maneira, setenta e
quatro (74) bibliotecas assinalaram fazeresta verificação rotineiramente,
trinta (30) em casos especiais e oito (8) ocasionalmente. Esta verificação
nos parece totalmente relevante à formação de uma coleção que
pretenda corresponder à demanda dos seus usuários, sem duplicar
desnecessariamente títulos não requeridos pelo uso. A não existência
dessa verificação é, portanto, altamente danosa ao desenvolvimento da
coleção .
Quanto à política de descarte (item XVII), um problema de difícil
solução devido à legislação existente, apenas três bibliotecas
responderam possuí-Ia em documento , enquanto cento e vinte e três
(123) declararam não possuir documento e doze (12) assinalaram que
este documento integra a política de seleção da biblioteca. Como já
informamos, não nos foram enviadas cópias de documentos que nos
possibilitassem uma análise mais completa.
A questão sobre normas para a aceitação de doações (item XVIII),
foi respondida de forma semelhante à questão anterior, embora com um
número um pouco maior de bibliotecas respondendo que tal norma
integra a política de seleção, quinze (15), versus quatro (4) que possuem
documento próprio e cento e dezoito (118) que não possuem qualquer
documento sobre o assunto.
Estesdois resultados mencionados acima exemplificam sobejamente
a falta de apoio administrativo para a atividade de seleção . Destacamos
que estas falhas, sem dúvida, devem ser atribuídas diretamente aos
Bibliotecários-chefes e de maneira indireta às nossas escolas que não
preparam os futuros profissionais de maneira adequada para exercer a
importante tarefa de seleção e desenvolvimento da coleção nas nossas
bibliotecas, e não enfatizam que a coleção é a base de todos os serviços
que são prestados pela biblioteca à comunidade .
No item XIX: A biblioteca realizou, nos últimos cinco (5) anos,
qualquer avaliação de suas coleções? Sessenta e três (63) responderam
ter realizado a avaliação de livros e sessenta e duas (62) a avaliação de
periódicos. Uma resposta aparentemente positiva que foi grandemente
distorcida pelas respostas a itens anteriores. Sem a existência expressa
dos objetivos da biblioteca e sem os documentos de política para
seleção, para descartes e para aceitação de doações a avaliação de
144
coleções nos parece altamente casuística, sem meta definida e sem
sistematização .
As metodologias (item XIX) mais utilizadas para estas avaliações
foram:
- Verificação nas estantes .... .. .... ..... ........ ........ .. .. ..... .... ... 47
- Confrontando dados de aquisição x circulação .. .. .... ..... . 42
- Verificação de proporções existentes por classe de
assuntos .. .... .... .. ...... .. .... .. ..... ... ...... .... ....... ... ...... .... .... 27
- Confrontando classes de assunto com bibliografias
especializadas. .. ........ ... ........ ... .. ........ ...... ...... ... .... ... .. 06
- Outras (incluindo : estudo de citações e frequência de
consultas a títulos de periódicos) .... .... .. ......., ... ...... .... 08
145
ou de convênios, especificada mente: 27 para livros e 25 para periódicos.
No entanto, um número maior declarou estar envolvido em programa
cooperativo para aquisição de materiais:
146
enquanto várias (37) alegaram possuir tal controle. A malona (80)
respondeu não possuir orçamento próprio e específico para o
desenvolvimento da coleção bibliográfica , porém outras (57) alegaram
possuir tal orçamento . Estas duas questões mostram a baixa estima ou
consideração merecida pelos bibliotecá rios dentro das suas organizações,
onde poucos são ouvidos e também não possuem controle sobre verbas
que são destinadas ao desenvolvimento das coleções de suas bibliotecas.
Poucos possuem verba para gerir suas próprias coleções bibliográficas,
base de grande parte dos serviços prestados pela biblioteca. Da mesma
maneira como na seleção, as respostas destacam que o maior responsável
pela aquisição (item XXXII) é o bibliotecário (104) enquanto quarenta e
três (43) bibliotecas assinalaram outros profissionais como os
responsáveis poresta tarefa . Novamente , aparece o Bibliotecário-chefe
como responsável desta vez pela aquisição, formando-se o binômio
seleção/aquisição que depende inteiramente da atuação do Bibliotecário-
chefe. Esta atuação é expressa pela capacidade de supervisão e
delegação para bem distribuir estas tarefas entre os diferentes níveis de
seu quadro de pessoal, isto é, delegar as atividades intelectuais aos
profissionais bibliotecários e as de suporte aos pessoal administrativo.
Um número representativo de bibliotecas utiliza intermediários (item
XXXIII) para a compra de livros (84) e periódicos (82). Enquanto a
maioria faz a aquisição (item XXXIV) através do serviço de compras da
própria Universidade (76) há uma parcela de bibliotecas (46) que compra
diretamente do fornecedor. A maioria das bibliotecas assinalou que fa z
avaliação do acervo (item XXXV) para orientar a aquisição (94) contra
v inte e nove (29) que responderam negativamente. Esta questão
contradiz o item XIX onde sessenta e três (63) e sessenta e dois (62)
bibliotecas, respectivamente, alegaram fazer avaliação da coleção para
fins de seleção de livros e periódicos.
Para intercâmbio, muitas bibliotecas utilizam material da própria
Universidade (81) enquanto várias (37) não o fazem (item XXXV).
Uma grande maioria das bibliotecas assinalou (item XXXVII) não ter
realizado estudo de usuários (1 06) versus vinte e sete (27) que declaram
ter realizado este estudo. Algumas bibliotecas esclareceram estar
elaborando projeto ou planejamento deste estudo para os próximos
meses.
Também a maioria absoluta (item XXXVIII) respondeu não existir
treinamento para os selecionadores (127) contra cinco (5) que
responde rem oferecer tal treinamento. Pelos esclarecimentos feitos,
contudo, apenas uma nos pareceu oferecer o treinamento conforme o
147
- - - - -------
que apresentamos em nosso trabalho preparado para divulgação durante
este Seminário.
Quanto à revisão (item XXXIX) ou o mecanismo para a supervisão
da consistência na seleção, aparece o Bibliotecário-chefe como o
elemento-chave (52) enquanto que o Setor de Seleção e a Comissão de
Biblioteca aparecem como elementos principais em, respectivamente,
dezesseis (16) e treze (13) bibliotecas. Destaca-se novamente aqui o
papel do Bibliotecário-chefe, desta vez como revisor principal ou no
maior número de vezes como revisorde uma tarefa que é.realizada por
ele mesmo.
A questão final (item XL) diz respeito ao uso do serviço de empréstimo
entre bibliotecas nos últimos cinco (5) anos. Foi um dos itens que menos
respostas recebeu . A maioria das bibliotecas parece não fazer uso deste
mecanismo de enriquecimento das coleções e outras alegaram não
possuir os dados computados.
O registro do movimento anual de empréstimo entre bibliotecas
oferece uma amplitude de seis até duzentos itens. Nesta questão (item
XL) o resultado é díspare, portanto não tabulável.
3 - CONCLUSÕES
148
"A aquisição de material bibliográfico é centralizada, no que diz
respeito à verba orçamentária . A seleção é praticamente inexistente.
limitamo-nos a atender as autorizações (pedidos dos professores e
pesquisadores) provenientes dos Departamentos, porordem de chegada".
"Este ano não foi comprado nenhum livro. A verba apenas foi para
o pagamento de assinaturas de periódicos. Ainda há uma esperança.
Estamos apenas em agosto do corrente ano" .
"Às vezes, o Departamento faz o pedido de compras sem passar pela
biblioteca, recebe o material e nem sequer comunica à biblioteca , que
por acaso toma conhecimento do fato".
149
IV. É este documento revisado periodicamente?
SIM15 NÃO 30 mês .......... .... ... ano ........ .
Se positivo, indique a data da última revisão
Se negativo indique quando entrou em vigor
150
X. A Bt possui verba própria anual para manter a sua coleção biblio-
gráfica de referência?
SIM 43 NÃO 94
151
XVI. Há verificação da existência do título solicitado em biblioteca.
local, antes da aquisição?
Rotineiramente 74
Ocasionalmente 08
Em casos especiais 30
152
XXII. Está a Biblioteca envolvida em algum programa cooperativo de
aquisição planificada, ou em convênio para adquirir materiais?
Livros 27 Periódicos 25
34 Para áreas de assuntos especializados
05 Para áreas geográficas determinadas
05 Para aquisição de material muito caro
04 Para aquisição de material de uso ocasional
00 Para aquisição de material de formato não padrão
153
XXVIII. A biblioteca tem controle sobre as verbas de convênio relati-
vas a aquisição de material bibliográfico?
SIM 37 NÃO 61
XXXIV. A Biblioteca
compra diretamente 47
compra através de serviço de Compra da Instituição 76
154
XXXVII. A Bt realizou algum estudo de usuários?
SIM 27 NÃO 106 mês .......... ....... .... .. ano ... ... .. ... .
Se positivo, indique a data do último estudo
Se negativo, indique quando pretende realizar
155
METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO
DE COLEÇÕES DE
PERiÓDICOS EM
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
1 - INTRODUÇÃO
157
tomar medidas que visam a racionalização administrativa nas bibliotecas
universitárias, com a consequente otimização dos serviços, redução
dos desperdícios e melhor aproveitamento dos recursos.
158
2 - Alertar para a possibilidade de criação de depósitos regionais
localizados nestas bibliotecas, centralizando a aquisição de
material oneroso ou de potencial para a pesquisa e de baixa
demanda, a guarda de coleções de periódicos obsoletos e
em duplicata e a guarda de material não convencional
(dissertações , t eses , relatórios de pesquisa, mapas,
documentos oficiais, catálogos de universidades, etc.).
159
2 - PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO DAS
COLEÇÕES DE PERiÓDICOS NAS BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS
2.1 - Objetivo
Identificar títulos que respondem pelo maior uso quantitativo da
coleção de periódicos em bibliotecas universitárias em todas as áreas do
conhecimento .
2.2 - Metodologia
De acordo com critérios de avaliação de coleções, a metodologia
adotada deverá ser dividida em três abordagens:
2.3 - Material
Instrumentos de Coleta de Dados:
F-i - Uso na Biblioteca;
F-2 - Comutação;
F-3 - Identificação dos usuários (anexo, tabela de classificação
de áreas);
F-4 - Opinião dos usuários (anexo, lista de periódicos de
interesse).
Instrumentos da Tabulação
T-1 - Uso na Biblioteca - título
T -2 - Uso na Biblioteca - idioma
T-3 - Uso na Biblioteca - Período
T-4 - Títulos não existentes na Biblioteca
T -5 - Listagem de Títulos mais importantes - assinalação semanal.
160
2.4 - Métodos
161
f - Após o preenchimento pelos usuários, os formulários F-3 e
F-4 devem ser devolvidos ao bibliotecário que os grampeará juntos.
162
F-1 - EMPRÉSTIMO/CONSULTA DE PERiÓDICOS
F - EMPRÉSTIMO/CONSULTA DE PERiÓDICOS
TíTUlO: ... .... ....... . ........... ... ........ ......... ............ ..... ......... ... ..... . ..... .. . .. .. .
ÁREA DE ASSUNTO
D EST.GRAD. D EST. PG
CURSO ... ... ............. ... .... ..... ... .. ... .. . ........... ... ..... . .. ... .. .. ..... .. ... ..... .. ... .. ..
D PROFESSOR D PESQUISADOR
ÁREA DE ATUAÇÃO
OUTROS .... ....... ...... ..... .... .. ... ... . .... . .. .. .. .... ... ....... .. ... .... ... ... .. .. ' .... .. .... . .
F-3
Prezado Leítor
A bíblioteca está coletando dados para realizar uma avaliação de
uso de sua coleção de periódicos. A sua colaboração é imprescindív el
para isto.
Identifique-se no quadro abaixo:
163
F-4 - FORMULÁRIO PARA REGISTRO DE OPINIÃO DO USUÁRIO
Preencher com os códigos dos 15 periódicos mais importantes
para você, considerando o 1 o mais importante
6 11
2 7 12
3 8 13
4 9 14
5 10 15
T-1
Identificação da Biblioteca (Carimbo)
Responsável:
N° de ÁREA DE
TíTULO TOTAL %
ORDEM ASSUNTO
164
T-2
Identificação da Biblioteca (carimbo)
Responsável:
IDIOMA TOTAL %
PORTUGUÊS
INGLÊS
ALEMÃO
FRANCÊS
ESPANHOL
ITALIANO
OUTROS
T-3
Identificação da Biblioteca (Carimbo)
Responsável:
PERíODO TOTAL %
1980 ·
1975 · 1979
1970 · 1974
1960 · 1969
1940 · 1959
1900 · 1939
· 1899
165
Identifi cação da Biblioteca (Carimbo)
Responsável: ........ ... ..... ... ...... ... .. .. .. .. ... ........ .. ... ........ ... ........... .
Título
T-5
Formulário para registro de títulos mais importantes
Semana 1. 2. etc.
1 6 11
I i I I I, II I I I I I I
-r
i I i I
2 7 12
I II I i I I
I
I I
I I
i
I
3 8 13
! ! I I I Ii I I i I II
I
4 I 9 14 II
I III II I I I I I I
5 10 15
I I II I I I I I I I I
166
AVALIAÇÃO DA COLEÇÃO DE
REFERÊNCIA NAS BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS:
PROPOSTA DE METODOLOGIA
1 - INTRODUÇÃO
167
A implantação das medidas sugeridas foi grandemente facilitada
pelo fato de na Colômbia já existir uma Rede de Bibliotecas Universitá-
rias, organismo inter-universitário que atua sob a coordenação da
Divisão de Documentação e Informação do Instituto Colombiano de
Fomento à Educação Superior (ICFES) e que fixa políticas, determina
as ações e avalia os programas que se desenvolvem em nível nacional
e local entre as bibliotecas de Educação Superior do País 1 •
168
2 - JUSTIFICATIVA
Estas duas falhas, sem dúvida, afetam o uso deste material nas
bibliotecas . Além deste problema de coleções incompletas e/ou
desatualizadas, existem barreiras de ordem física e intelectual para a
utilização deste material, quais sejam:
169
informação dos usuários, bem como contribuam para a otimização do
seu uso, podem ocasionar o aperfeiçoamento organizacional da própria
biblioteca e, por conseguinte, a melhora dos programas de ensino,
pesquisa e extensão da universidade.
3 - OBJETIVO GERAL
4 - OBJETIVOS ESPECíFICOS
170
a retirada de material não específico, e o reagrupamento de
títulos dispersos. Compilação de lista detalhada da coleção
existente, por ordem de assunto e tipo de material.
2 - Apl icação de técnicas de O&M para melhor arranjo da seção
e coleção de referência/informação para facilitar a sua
utilização pelo usuário, inclusive com o uso de comunicação
visual, formação de "coleções de referência rápida" e
adoção de mobiliário indicado.
3 - Realização de estudo dos usuários das seções de referên-
cia/informação para caracterizá-los e identificar as suas
necessidades de informação, através de método de obser-
vação, da aplicação de questionários e entrevistas e pela
análise dos registros de uso.
4 - Preparação de programa de treinamento de usuários para
cientificá-los da variedade, extensão e manejo da coleção
de referência/informação, com a aplicação de teste piloto .
S - Realização de programa de treinamento em serviço para o
pessoal profissional e auxiliar lotado na seção de referência/
informação, a fim de habilitá-lo à prestação correta do
serviço, inclusive quanto à postura profissional, uso e mane-
jo adequado dos títulos da coleção.
6 - Estudo para a adequação da coleção de referência às
necessidades informacionais dos usuários das bibliotecas
através de:
a - grupo de bibliotecários do sistema realizam levantamento
nas fontes bibliográficas para o estabelecimento das listas mínimas de
títulos por assunto, que deverão existir nas coleções; estas coleções
devem ser constituídas de: 1) coleção de fundo geral de obras de caráter
cultural e informativo em língua portuguesa; 2) coleção de interesse
local; 3) coleção de obras especializadas em línguas estrangeiras.
b - Professores do Departamento de Biblioteconomia da
Universidade, especializados em Bibliografia Brasileira e outras, revi-
sam estas listas mínimas, inclusive com a consulta a outros professores
e especialistas no assunto, estabelecendo a lista mínima ideal e também
a percentagem de material brasileiro que deve existir nas bibliotecas,
com vistas à elaboração de padrões mínimos para estas coleções.
c - Bibliotecários e auxiliares de referência/informação man-
tém estatística de uso da coleção de referência durante o período de três
meses, registrando, também, questões não respondidas por falta de
apoio bibliográfico.
171
7 - Compatibilização da lista mlnlma ideal elaborada pelos
professores e especialistas com os títulos registrados no uso
real das coleções nas bibliotecas, para a identificação da
coleção de referência adequada às necessidades informa-
cionais dos usuários.
8 - Elaboração de uma política para completar/atualizar as
coleções, através de aquisição por compra, pedido de
doação, intercâmbio e/ou remanejamento de títul os entre as
bibliotecas do sistema.
6 - FASES DO PROJETO
6.1 - Planejamento
- Diagnóstico da situação das coleções de referência/informação
nas bibliotecas selecionadas do sistema.
- Levantamento das características e necessidades de informação
dos usuários da seção de referência.
- Levantamento nas fontes bibliográficas para o estabelecimento da
lista mínima de referência/ informação desejável nas bibliotecas
selecionadas do sistema.
6.2 - Execução
- Aplicação de técnicas de O&M nas seções de referência/informa-
ção.
- Preparação de programa para treinamento de usuários.
- Realização de programa de treinamento em serviço.
- Compatibilização da lista mínima compilada com o uso real
registrado nas bibliotecas.
- Estabelecimento da política para completar/atualizar coleções de
referência/informação nas bibliotecas do sistema.
- Estatística de uso e de questões não respondidas (três meses,
durante o período letivo).
- Revisão de listas mínimas.
6.3 - Avaliação
Acompanhamento das ações propostas na execução, através do
estudo dos levantamentos realizados, de reuniões/discussões para
definição da composição da lista mínima de obras de referência/
172
L
informação para formar as coleções das bibliotecas e para completar/
atualizar as coleções seguindo os seguintes passos:
- Estudo do levantamento da situação das coleções.
- Análise das características e necessidades de informação dos
usuários.
- Estudo do resultado do levantamento bibliográfico.
- Análise da aplicação de O&M nas bibliotecas.
- Teste piloto do programa para treinamento dos usuários.
- Análise do treinamento em serviço .
- Discussão para a compatibilização da lista mínima/uso real.
- Discussão para o estabelecimento da política para completar/
atualizar as coleções.
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OBS.: O cronograma deverá ser reformatado, sempre que necessário, de tal forma que o estudo de usuários seja feito durante o período letivo.
AVALIAÇÃO DAS COLEÇÕES DE
REFERÊNCIA NAS
BIBLIOTECAS BRASILE IRAS:
UMA PROPOSTA DE METODOLOGIA
175
coleções. A curva da coleção avaliada foi plotada e comparada com a
ideal. Segundo Weech, este método presumia uma relação entre a data
do copyright e o valor do material de referência e, assim, pode não ser
válido para todos os materiais de referência, indicando mais o valor da
coleção em relação à recuperação de informação corrente 4 •
Bunge foi muito mais crítico quanto a este método, pois que,
segundo ele, foi baseado em suposições não testadas ainda, como a da
existência de uma distribuição "ótima" de datas de copyright em uma
coleção a qual é relacionada à eficácia do serviços.
176
o tamanho da biblioteca, a quantidade de títulos listados em várias
bibliografias e a experiência de bibliotecários de referência capazes,
Katz diz que parece ser seguro fazer três suposições:
177
6 - Verificar se há um método sistemático de aquisição baseado na
necessidade (uso ou currículo) e que instrumentos de revisão são
utilizados.
178
2 - Duas deficiências principais podem ser identificadas: falta de
atualização em áreas de Ciência e Tecnologia e falta de títulos suficien-
tes para cobertura de áreas como Ciências Sociais e humanidades.
179
1.7 - Dividir a coleção de referência , onde couber, de acordo com
os assuntos (Ciência/Tecnologia, Ciências Sociais/Humanida-
des/coleção geral), em outros andares ou alas;
1.8 - Formação de uma coleção de 20/25 títulos para referência
rápida;
1.9 - Amplo uso de comunicação visual com indicadores para
orientação dos usuários;
1 - Bibliografias Brasileiras;
180
4 - Edições atualizadas de Guias de Referência para o material
em língua estrangeira.
181
2 - Ouvir a opinião do usuário , neste caso proposta de maneira
altamente objetiva , medindo a utilização da coleção a disposição dele e
para cujo uso foi previamente treinado ,
182
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4- _ _ _ p.322.
8- _ _ _ p.106.
9- _ _ _ p.108.
10 - _ __ _ _ _ p. 109.
12- _ __ _ _ _ p.173.
183
MODELOS DAS FICHAS PARA A AVALIAÇÃO
Autor
Título
Autor
Título
Data Período
I
Tipo de Serviço
184
ERRATA
33 5°/2" ... nao que dizer ... .. . nao quer dizer ...
"