Interpretação e Superinterpretação. Umberto Eco
Interpretação e Superinterpretação. Umberto Eco
Interpretação e Superinterpretação. Umberto Eco
Interpretação e
Superinterpretação
Título original: INTERPRETATION AND OVERINTERPRETATION.
Copyright © Camhridge University Press, 1992.
Copyright © 1993, Livraria Martins Fontes Editora Ltda.,
São Paulo, para a presente edição.
V edição
julho de 1993
2*I.23*8 edição
março de 2005
Tradução
MF
Revisão da tradução e texto final
Monica Stahel
Revisão gráfica
Ivete Batista dos Santos
Produção gráfica
Geraldo Alves
05-1474________________________________________ CDD-801.95
índices para catálogo sistemático:
1. Crítica literária 801.95
2. Crítica literária e semiótica 801.95
3. Semiótica e crítica literária 801.95
II
III
I had no human fe a r s :
She seemed a thing that could not feel
The touch of earthly years.
No motion has she now, no force;
She neither hears nor sees,
Rolled round in earth’s diurnal course
With rocks and stones and trees.
e tu SoLeVI (...)
mlraVA IL ciei Sereno (...)
Le VIe DorAte (...)
queL ch’Io SentIVA in seno (...)
che penSIeri soAVI (...)
LA VIta umana (...)
doLer dl mIA SVentura (...)
moStrAVl dl Lontano.
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ENTRE AUTOR E TEXTO 101
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102 INTERPRETAÇÃO E SUPERINTERPRETAÇAO
fazer isso. Para entendê-la, não preciso saber com que in
teligência ela concebeu as várias sub-rotinas, e muito
menos como aparecem no BASIC ou em algum outro
editor de textos. Na verdade, basta ela mostrar que, com
seu programa, só conseguirei o tipo de tabulações e cál
culos de que preciso para a declaração de imposto de
renda através de um conjunto extraordinariamente desa
jeitado e cansativo de manobras, manobras que eu pode
ria evitar se quisesse usar o instrumento certo para o pro
pósito certo.
Esse exemplo ajuda-me a fazer a mesma crítica a
Eco, por um lado, e a M iller e De Man por outro. Pois a
moral do exemplo é que não deveriamos buscar mais
precisão ou generalidade do que é necessário ao propósi
to específico em questão. Entendo a idéia de que pode
mos saber “como um texto funciona” usando a semiótica
para analisar sua operação tal como se decifram certas
sub-rotinas de processamento de textos do BASIC: pode
mos fazê-lo se quisermos, mas não fica claro por que, para
a maioria dos propósitos que motivam os críticos literá
rios, nos deveriamos dar a esse trabalho. Entendo a idéia
de que aquilo que De Man chama de “linguagem literá
ria” tem como função a dissolução das oposições metafí
sicas tradicionais, e que a leitura enquanto tal tem algo a
ver com a aceleração dessa dissolução, em analogia com
a afirmação de que uma descrição quantum-mecânica do
que acontece dentro de seu computador ajuda a entender
a natureza dos programas em geral.
Em outras palavras, desconfio tanto da idéia estrutu-
ralista de que saber mais sobre os “mecanismos textuais”
é essencial para a crítica literária, quanto da idéia pós-
124 INTERPRETAÇÃO E SUPERINTERPRETAÇÂO
Introdução
C apítulo 1
C apítulo 2
Capítulo 3
C apítulo 4
C apítulo 5
C apítulo 6