NeutroATerra N4 Out2009 PDF
NeutroATerra N4 Out2009 PDF
NeutroATerra N4 Out2009 PDF
ARTIGOS TÉCNICOS
RRA
A
Astratec, Li h i Consultant
Lighting C l
EVENTOS
FICHA TÉCNICA
DIRECTOR: Doutor José António Beleza Carvalho
PUBLICAÇÃO SEMESTRAL: ISSN: 1647‐5496
EDITORIAL
Caros leitores
Os objectivos que se pretendem com a publicação da “Neutro à Terra”continuam os mesmos, ou seja, divulgar assuntos de
carácter técnico‐científico, com uma abordagem crítica, mas construtiva, de forma que esta publicação possa ser vista como
uma referência em assuntos relacionados com a Engenharia Electrotécnica. Neste âmbito, deve‐se destacar o novo
enquadramento regulamentar das Infra‐estruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED) e das Infra‐estruturas de
Telecomunicações em Loteamentos e Urbanizações (ITUR), que exigiu a criação de novos manuais técnicos, nos quais, alguns
dos colaboradores desta revista tiveram uma acção relevante como consultores da ANACOM. Estes documentos estiveram em
consulta pública e encontram‐se para aprovação pela Comunidade Europeia.
O correcto dimensionamento dos dispositivos de protecção das pessoas contra contactos indirectos em instalações eléctricas de
baixa tensão, é uma das condições fundamentais para que uma instalação possa ser utilizada e explorada com conforto e em
perfeitas condições de segurança. De acordo com a normalização em vigor, é, também, uma das condições essenciais para a
certificação ou licenciamento das instalações eléctricas por parte das entidades ou organismos responsáveis, a quem estão
atribuídas estas competências. Nesta publicação, apresenta‐se um artigo que aborda o dimensionamento dos dispositivos de
protecção das pessoas contra contactos indirectos em dois diferentes regimes de neutro.
Outro assunto de grande interesse apresentado nesta publicação, tem a ver com a utilização de veículos eléctricos. Na
realidade, os impactos ambientais e económicos dos combustíveis fósseis têm uma forte proveniência do sector dos
transportes. Assim, nos últimos anos, tem‐se verificado um aumento do desenvolvimento dos veículos eléctricos,
principalmente das soluções híbridas. No artigo que é apresentado são comparadas as características da propulsão eléctrica e
térmica, são referidos os principais tipos de sistemas de propulsão eléctrica, terminando com uma abordagem acerca das
tendências futuras dos veículos eléctricos.
Nesta publicação da revista “Neutro à Terra”, pode‐se ainda encontrar outros artigos relacionados com assuntos
reconhecidamente importantes e actuais, como o dimensionamento de sistemas automáticos de segurança através de detecção
de monóxido de carbono, o dimensionamento de centrais fotovoltaicas para microprodução, e um artigo sobre sistemas de
gestão de iluminação. No entanto, quero destacar a publicação de um artigo sobre optimização energética em ascensores. Além
da importância que assunto toma na área da Engenharia Electrotécnica, interessa referir que corresponde a um trabalho de fim
de curso realizado por dois recém‐licenciados do Departamento de Engenharia Electrotécnica, que atesta a qualidade do
trabalho que se tem realizado.
Nesta publicação, inicia‐se a apresentação do tema “Divulgação”. Pretende‐se fundamentalmente divulgar os laboratórios do
Departamento de Engenharia Electrotécnica, onde são realizados vários dos trabalhos correspondentes a artigos publicados
nesta revista O primeiro laboratório escolhido foi o Laboratório de Instalações Eléctricas.
Estando certo que esta edição da revista “Neutro à Terra” vai novamente satisfazer as expectativas dos nossos leitores,
apresento os meus cordiais cumprimentos.
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EM DESTAQUE
Telecomunicações
Novo Enquadramento Regulamentar
A Resolução do Conselho de Ministros n.º 120/2008, de 30 de Julho, definiu como prioridade estratégica para o País no sector
das comunicações electrónicas a promoção do investimento em redes de nova geração.
Contendo orientações estratégicas do Governo para as redes de nova geração (RNG) como sejam a abertura eficaz e não
discriminatória de todas as condutas e outras infra‐estruturas de todas as entidades que as detenham, a previsão de regras
técnicas aplicáveis às infra‐estruturas de telecomunicações em loteamentos, urbanizações e conjuntos de edifícios (ITUR), a
adopção de soluções que eliminem ou atenuem as barreiras verticais à instalação de fibra óptica e que evitem a monopolização
do acesso aos edifícios pelo primeiro operador, havia que definir um regime integrado, eventualmente complexo, mas que
estabelecesse as linhas fundamentais de interacção, neste contexto, entre os vários agentes do processo tendente à
operacionalização de redes de comunicações electrónicas.
electrónicas
Nota: As regras e procedimentos publicados pelo ICP‐ANACOM ao abrigo e em cumprimento do Decreto‐Lei n.º 59/2000, de
19 de Abril, mantêm ‐se
se em vigor até que sejam substituídos por outros publicados ao abrigo do Decreto
Decreto‐Lei
Lei n.
n.º 123 de 21
de Maio de 2009.
‐ Decreto‐Lei
Decreto Lei n
nº 258/2009, de 25 de Setembro
Considerando as imprecisões contidas no Decreto ‐Lei n.º 123/2009, de 21 de Maio, este Decreto‐Lei procede a pequenas
rectificações nalguns artigos, dada a dificuldade prática na aplicação dos preceitos.
O novo regime jurídico das Infra‐estruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED) e das Infra‐estruturas de Telecomunicações
em Loteamentos, Urbanizações e Conjuntos de Edifícios (ITUR), exigiu a criação de novos manuais de normas técnicas, que
estiveram em consulta p
pública e agora
g encontram‐se p
para aprovação
p ç p pela Comunidade Europeia,
p ,p prevendo‐se a sua p
publicação
ç
em Janeiro/Fevereiro de 2010.
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Doutor José António Beleza Carvalho
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto
O correcto dimensionamento dos dispositivos de protecção Este regime de neutro caracteriza‐se por todas as massas da
das pessoas contra contactos indirectos em instalações instalação serem ligadas ao ponto da alimentação ligado à
eléctricas de Baixa Tensão (BT), é uma das condições terra, próximo do transformador ou do gerador da
fundamentais para que uma instalação possa ser utilizada e alimentação da instalação, por meio de condutores de
explorada com conforto e em perfeitas condições de protecção.
segurança. De acordo com a normalização em vigor, é,
também, uma das condições essenciais para a certificação ou O ponto da alimentação ligado à terra é, em regra, o ponto
licenciamento das instalações eléctricas por parte das neutro.
entidades ou organismos responsáveis, a quem estão
atribuídas estas competências. De acordo com a legislação em vigor, nas instalações fixas
pode‐se utilizar um só condutor com as funções de condutor
A função dos dispositivos de protecção das pessoas contra os de protecção e de condutor neutro (designado por condutor
contactos indirectos será o corte automático da alimentação PEN) desde que o condutor de protecção tenha uma secção
da instalação eléctrica, que, em caso de defeito, e em não inferior a 10mm2, se de cobre ou a 16mm2, se de
consequência do valor e da duração da tensão de contacto, alumínio e, a parte da instalação comum (esquema TN‐C)
evitará o risco de se produzirem efeitos fisiopatológicos não esteja localizada a jusante de um dispositivo diferencial.
perigosos nas pessoas. Esta medida de protecção obriga à
coordenação entre o Regime de Neutro (ou Esquema de Este regime de neutro encontra‐se representado na Figura 1.
Ligação à Terra (ELT)) adoptado na instalação, e as
características dos condutores de protecção e dos respectivos Neste regime de neutro um defeito de isolamento é similar a
dispositivos de protecção. um curto‐circuito entre fase e neutro, e o corte deve ser
assegurado pelo dispositivo de protecção contra curtos‐
Neste artigo são apresentados alguns exemplos de cálculo circuitos, com um tempo máximo de corte especificado que
dos dispositivos de protecção das pessoas contra contactos é função da tensão limite convencional (UL) admissível para
indirectos, de acordo com o Regime de Neutro adoptado o local da instalação, ou seja, 25V ou 50V em corrente
para a instalação eléctrica. alternada, sendo o valor definido pela classificação do local
quanto às influências externas.
PE
Figura 1: Regime terra pelo neutro, ou esquema TN (Fonte Schneider Electric)
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ARTIGO TÉCNICO
Segundo a norma CEI 364 o tempo de corte do dispositivo de A curva deste dispositivo de protecção é apresentada na
protecção deverá ser de 0,4s para UL=50V e, 0,2s para figura 3.
UL=25V.
Figura 3: Curva de disparo TM250D.
(Fonte Schneider Electric)
O circuito tem um comprimento de 40m, a secção do Neste regime de neutro a impedância da malha de defeito Zs
condutor
d d fase
de f d 95mm2 e a do
é de d condutor
d d protecção
de ã será:
é de 50mm2. K .U 0
Zs = (1)
Id
O circuito está protegido com disjuntor NS 250N (Merlin
Gerin) equipado com disparador magnetotérmico TM 250 em que K toma o valor de 0,8 para instalações eléctricas, U0
garantida com este dispositivo de protecção. garanta a protecção contra contactos indirectos, é necessário
para os disjuntores que:
6|
ARTIGO TÉCNICO
Para a protecção por fusíveis, é necessário que: Para o circuito apresentado na figura 2, o comprimento
máximo protegido do circuito, para uma regulação do
K .U 0
Zs ≤ (3) disparador magnético de 5xIn (Im=1250A) será de:
If
0,8.230.95
l≤ ≤ 214m (9)
em que If é a corrente convencional de funcionamento do 0,0225.(1 + 19).1250
fusível.
para uma regulação do disparador magnético de 10xIn
Considerando que os condutores de fase e de protecção têm segundo a norma CEI 364 deverá ser de 0,4s para UL=50V e,
será então:
Assim, torna‐se importante calcular o valor da tensão de
l
Z s ≈ Rs = ρ .(1 + m) (5) contacto em caso de defeito.
sf
U c = RPE .I d
em que ; (11)
em que:
sf
m= (6)
Id =
K .U 0
=
K .U 0
s PE Zs i (12)
ρ . .(1 + m)
O comprimento máximo protegido do circuito será então,
então sf
para disjuntores: então:
K .U 0 .s f
K .U 0 .s f U c = RPE .
l≤ (7) ρ .l.(1 + m) (13)
ρ .(1 + m).I m
l
e para fusíveis será de: RPE = ρ
sPE
K .U 0 .s f
l≤ (8)
U c = K .U 0 .
m
ρ .(1 + m).I f 1+ m (14)
|7
ARTIGO TÉCNICO
Para o exemplo em consideração, representado na figura 2, Neste regime de neutro, a presença de um primeiro defeito
tem‐se: não origina valores de tensão de contacto perigosos para as
pessoas.
1,9
U c = 0,8 * 230 * = 120,6V (15)
1 + 1,9
No entanto, é obrigatório a presença de um Controlador
Pelas curvas de segurança, e para a tensão limite Permanente de Isolamento (CPI), de maneira a sinalizar o
convencional de 25V, o dispositivo deve actuar num tempo defeito e permitir a sua eliminação o mais rapidamente
inferior a 180ms. possível.
Como se pode verificar na curva de funcionamento do A manifestação de um segundo defeito, sem que tenha sido
disjuntor, apresentada na figura 3, o dispositivo actuará num eliminado o primeiro, implicaria agora a existência de
tempo inferior ao referido e compatível com o especificado tensões de contacto muito perigosas, devendo ser tomadas
pela norma CEI 364. as medidas adequadas de forma a evitar riscos de efeitos
fisiopatológicos perigosos nas pessoas susceptíveis de ficar
Assim, para esta instalação, e para este regime de neutro, em contacto com partes condutoras simultaneamente
pode‐se garantir que o disjuntor apresentado protege acessíveis.
efectivamente as pessoas contra contactos indirectos.
Como tal, a protecção das pessoas neste regime de neutro é
orientada para o dimensionamento dos dispositivos de
protecção actuarem na situação de segundo defeito.
Figura 4: Painel de regulação do relé electrónico TM250D. Também se devem eliminar todas as situações que possam
(Fonte Schneider Electric) contribuir para diminuir a fiabilidade do sistema. Assim, não
se deve distribuir o condutor neutro, pois poderá correr‐se o
2. CÁLCULOS NO REGIME DE NEUTRO “IT”
risco de manifestar‐se um segundo defeito sem que o
primeiro tenha sido sinalizado, actuando a protecção e
Este esquema de ligação à terra apresenta como principal
perdendo‐se todas as vantagens inerentes à utilização deste
vantagem, a garantia de continuidade de serviço em
regime de neutro.
presença de um primeiro defeito de isolamento.
Figura 5: Esquema de Ligação à Terra IT. (Fonte Schneider Electric)
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ARTIGO TÉCNICO
Este regime de neutro caracteriza‐se por as partes activas da O circuito tem um comprimento de 76m, a secção do
instalação eléctrica serem isoladas da terra ou ligadas a esta condutor de fase e de protecção é de 25mm2. O circuito está
através de uma impedância de valor elevado. As massas dos protegido com disjuntor especifico para protecção de saídas
aparelhos de utilização são ligadas à terra, individualmente motor NS 80H (Merlin Gerin) equipado com disparador
ou por grupos. “motor” integrado MA 80.
A situação mais comum nas instalações onde é adoptado Pretende‐se verificar se neste regime de neutro, a protecção
este regime de neutro, é todas as massas, incluindo as da das pessoas contra contactos indirectos está efectivamente
fonte, estarem ligadas a um mesmo eléctrodo de terra garantida com este dispositivo de protecção.
(figura 5). Assim, as condições de eliminação da corrente de
um segundo defeito são então garantidas pelas mesmas Também no caso deste regime de neutro é fundamental
condições indicadas para o esquema TN. para o correcto dimensionamento do dispositivo de
protecção, conhecer a curva de actuação do dispositivo, de
Neste regime de neutro IT, a protecção das pessoas contra maneira a obter‐se o valor da corrente correspondente ao
contactos indirectos é fundamentalmente garantida por dois limiar de funcionamento do disparador magnético do
tipos de equipamentos: aparelho de protecção.
• pelos CPI, essencialmente destinados à vigilância do
primeiro defeito, embora possam também ser utilizados A curva deste dispositivo de protecção é apresentada na
como dispositivos de protecção nas situações em que for figura 7.
necessário provocar o corte ao primeiro defeito;
• pelos dispositivos de protecção contra sobreintensidades
(disjuntores e fusíveis). Estes dispositivos são utilizados
nas situações em que ao segundo defeito são aplicadas
as condições de protecção definidas para o esquema TN;
Figura 7: Curva de disparo MA80.
(Fonte Schneider Electric)
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ARTIGO TÉCNICO
Também neste regime de neutro, tal como no regime TN, Para uma regulação do disparador magnético de 14xIn
um defeito é efectivamente um curto‐circuito entre uma (Im=1120A) será de:
fase e o condutor de protecção.
0,8. 3.230.25
l≤ ≤ 79m (22)
Então, para este circuito, sem neutro distribuído, a 2.0,0225.(1 + 1).1120
impedância da malha de defeito será:
Atendendo que o comprimento do circuito é de 76m,
K . 3.U 0
Zs ≤ (16) verifica‐se que para qualquer regulação do disparador MA (6
Im a 14xIn), o disjuntor garante a protecção das pessoas contra
em que Im é a corrente de actuação do disparador magnético contactos indirectos.
do dispositivo.
No entanto, tal como no regime de neutro TN, também se
Neste regime de neutro considera‐se como boa aproximação deve verificar se o tempo de actuação do dispositivo é
que ao segundo defeito, o comprimento da malha de defeito compatível com o especificado pelas curvas de segurança,
é duplo em relação ao primeiro defeito. para a tensão limite convencional definida para o local da
instalação, que como já foi referido, segundo a norma CEI
Então, a impedância da malha de defeito será neste caso: 364 deverá ser de 0,4s para UL=50V e, 0,2s para UL=25V.
l l
Z s ≈ Rs = 2 * ( ρ f + ρ PE ) (17) Assim, torna‐se importante calcular o valor da tensão de
sf s PE
contacto em caso de segundo defeito.
Considerando também que os condutores de fase e de
protecção têm as mesmas características, a impedância da U c = RPE .I d (23)
malha de defeito será então:
em que, através de uma dedução idêntica à efectuada para o
l
Z s ≈ Rs = 2 * ( ρ .(1 + m)) (18) regime de neutro TN, obtêm‐se:
sf
m
em que ;
U c = K . 3.U 0 . (24)
sf 2.(1 + m)
m= =1 (19)
s PE
Para o exemplo em consideração, representado na figura 6,
O comprimento máximo protegido deste circuito será então, tem‐se:
para disjuntores:
1
U c = 0,8 * 3 * 230 * = 79,7V (25)
K . 3.U 0 .s f 2 * (1 + 1)
(20)
l≤
2.ρ .(1 + m).I m Pelas curvas de segurança, e para a tensão limite
convencional de 25V, o dispositivo deve actuar num tempo
Para o circuito apresentado na figura 6, o comprimento inferior a 280ms.
máximo protegido do circuito, para uma regulação do
disparador magnético de 6xIn (Im=480A) será de: Como se pode verificar na curva de funcionamento do
disjuntor, apresentada na figura 7, o dispositivo actuará num
0,8. 3.230.25
l≤ ≤ 184m (21) tempo inferior ao referido e compatível com o especificado
2.0,0225.(1 + 1).480 pela norma CEI 364.
10|
ARTIGO TÉCNICO
Assim, também para esta instalação, e para este regime de como tensão de contacto limite, 25V ou 50V. Assim, torna‐se
neutro, pode‐se garantir que o disjuntor apresentado importante calcular o valor da tensão de contacto em caso
protege efectivamente as pessoas contra contactos de defeito e, através da curva de segurança dos 25V ou 50V,
indirectos. conforme o caso, obter o tempo máximo de actuação do
dispositivo para que a tensão de contacto nunca ultrapasse o
3. CONCLUSÕES valor da tensão limite convencional.
Neste artigo apresentou‐se dois exemplos de cálculo e Este facto obriga, também, a conhecer muito bem as curvas
dimensionamento dos dispositivos de protecção das pessoas de funcionamento dos dispositivos de protecção, para
contra contactos indirectos. Um exemplo para o regime de verificar se esta regra do tempo de actuação também é
neutro TN, e outro para o regime de neutro IT. garantida. No caso dos disjuntores, a zona de funcionamento
magnético dos disparadores é quase instantânea, não sendo
Atendendo a que nestes regimes de neutro, e para o caso a regra do tempo de actuação problemática para este tipo de
dos exemplos apresentados, uma situação de defeito é equipamento de protecção.
sempre uma situação de curto‐circuito entre um condutor
activo e a massa do equipamento de utilização, ou seja, um O facto torna‐se mais importante quando os dispositivos de
curto‐circuito entre um condutor activo e o condutor de protecção são fusíveis.
protecção, são, normalmente, os dispositivos de protecção
contra sobreintensidades que terão a função de também O regime de neutro TT, para o dimensionamento dos
garantir a protecção das pessoas contra contactos indirectos. dispositivos de protecção das pessoas contra contactos
indirectos, não obriga necessariamente a conhecer todas as
Na realidade, nos exemplos que são apresentados, o que se características da instalação.
teve que fazer foi verificar se realmente o dispositivo de
protecção contra curtos‐circuitos também verificava as A análise do dimensionamento dos dispositivos de protecção
condições necessárias à protecção das pessoas contra para o regime TT será efectuada num próximo artigo.
contactos indirectos.
Bibliografia
Este facto foi analisado através da verificação do máximo
[1] Regras Técnicas das Instalações Eléctricas de Baixa Tensão" ‐
comprimento protegido.
(Decreto‐Lei n.º 226/2005 de 28 de Dezembro)
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Publicidade
12|
Engº Pedro Miguel Azevedo de Sousa Melo
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto
Veículos Eléctricos
p de Motores
Características e Tipos
RESUMO obtidos no motor de combustão interna – maiores potências
e mais baratos, com menores custos de produção [1].
Os impactos ambientais e económicos dos combustíveis
fósseis têm uma forte proveniência do sector dos As sucessivas crises energéticas nos finais do século XX, as
transportes. Este facto tem motivado, nas últimas décadas, crescentes preocupações ambientais e a tomada de
um aumento do desenvolvimento dos veículos eléctricos, consciência dos limites das reservas de combustíveis fósseis
principalmente, das soluções híbridas. Tais desenvolvimentos colocaram em evidência os veículos eléctricos como
resultam da integração de diversos domínios da engenharia, alternativa aos transportes convencionais. Paralelamente, o
sendo de destacar os novos materiais e concepções de sector dos transportes é responsável por enormes
motores eléctricos, a electrónica de potência, os sistemas de quantidades de energia consumida, cujos valores aumentam
controlo e os sistemas de armazenamento de energia. consideravelmente todos os anos.
Neste artigo procura‐se apresentar as principais Em particular, nos meios urbanos, a substituição dos meios
características dos sistemas de propulsão eléctrica actuais. de transporte actuais por veículos eléctricos trará enormes
Começa‐se fazer uma comparação entre os veículos reduções nos níveis de poluição atmosférica, bem como nos
eléctricos e os convencionais, baseados nos motores térmicos índices de ruído.
de combustão interna. Pela sua importância, é feita uma
referência sucinta aos sistemas de armazenamento de Também em termos gerais, as emissões das centrais
energia. eléctricas, baseadas em combustíveis fósseis, associadas à
generalização dos veículos eléctricos serão muito inferiores
São comparadas as características da propulsão eléctrica e ao somatório das emissões dos motores de combustão
térmica, sob a perspectiva das exigências dos sistemas de interna, actualmente em circulação.
tracção. São referidos os principais tipos de sistemas de
propulsão eléctrica (motor, conversor e controlador), As razões assentam nos rendimentos muito superiores dos
vantagens e desvantagens relativas. motores eléctricos, bem como na capacidade de efectuarem
frenagens regenerativas.
Por último, uma abordagem acerca das tendências futuras
dos veículos eléctricos. Neste cenário, é de referir também o contributo das fontes
renováveis de energia eléctrica na redução das emissões de
1. INTRODUÇÃO poluentes para a atmosfera.
Embora o tema dos veículos eléctricos tenha conhecido uma A tabela 1 apresenta uma comparação entre veículos
divulgação alargada, sobretudo nas duas últimas décadas, eléctricos e convencionais (baseados em motores térmicos)
não se trata de uma novidade propriamente dita. No final [2].
do século XIX eram relativamente populares e, até finais da
década de 1910, as suas vendas tiveram alguma expressão. A proliferação dos veículos eléctricos será ditada pela
Somente a partir da década de 30, os veículos eléctricos aceitação dos utilizadores dos actuais meios de transportes
desapareceram, devido aos desenvolvimentos (nos designados países desenvolvidos trata‐se da
generalidade dos seus cidadãos).
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ARTIGO TÉCNICO
Tabela 1 – Características de Veículos Eléctricos e Convencionais
Baterias, super condensadores,
Fonte de Energia Gasolina e Gasóleo
células de combustível
Elevado (fundamentalmente,
Peso Próprio Leves, em termos comparativos
devido às baterias)
devido às baterias)
Pode prescindir de caixa de Sistema de Engrenagens (caixa
Transmissão de Potência
velocidades de velocidades)
Tal significa que, no mínimo, os veículos eléctricos têm de 2.1. Sistema de Gestão de Energia
apresentar características semelhantes às dos actuais,
baseados em motores térmicos, tais como: segurança, O sistema de gestão de energia (implementado pelo
conforto, fiabilidade, robustez e desempenhos, com preços controlador) assume importância fundamental, uma vez que
competitivos. o fluxo de energia, quer no “modo motor” – baterias→
motor, quer no “modo regenerativo” – motor→ baterias,
Para tal, muito têm contribuído os progressos obtidos, nos deverá ter sempre associado elevados rendimentos.
últimos anos, nos seguintes domínios: electrónica de
potência (novas arquitecturas de conversores), máquinas No funcionamento em modo regenerativo (períodos de
eléctricas (novas concepções de motores e evolução dos desaceleração do veículo), a diminuição da energia cinética
materiais), sistemas de controlo (gestão optimizada dos do veículo não se traduz em dissipação, mas antes em
fluxos de energia, com bons desempenhos na tracção) e armazenamento de energia.
sistemas de armazenamento de energia.
2.2. Sistema de Armazenamento de Energia
2. CARACTERÍSTICAS DOS VEÍCULOS ELÉCTRICOS
Actualmente, na questão da autonomia dos veículos
Em termos básicos, um veículo eléctrico assenta na eléctricos reside o seu principal ponto fraco.
integração dos seguintes componentes (Figura 1):
‐ sistema de gestão de energia; Este facto explica a razão da generalidade dos fabricantes de
‐ sistema de armazenamento de energia; automóveis disponibilizarem apenas veículos híbridos
‐ sistema de propulsão eléctrica. (motor térmico + motor(es) eléctrico(s)).
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ARTIGO TÉCNICO
Figura 1 – Estrutura de um Veículo Eléctrico (baseado em [3])
Não obstante a necessidade de grandes melhorias nas primeiros mas têm valores superiores aos das células de
características dos sistemas de armazenamento de energia, combustível.
há a registar evoluções importantes nos últimos anos.
São de referir os desenvolvimentos nas baterias baseadas
Embora se afaste do tema principal a tratar neste artigo, é em níquel (Ni) e iões de lítio (Li), principalmente nestas
feita, em seguida, uma breve referência ao estado actual últimas (elevada densidade de energia).
daqueles sistemas [2], [4].
b) Super Condensadores
As principais características destes sistemas são:
‐ energia específica (Wh/Kg); Apresentam valores muito elevados de potência específica.,
‐ potência específica (W/Kg); no entanto, têm valores baixos de energia específica, pelo
‐ densidade de energia (Wh/volume); que são usados como complemento das baterias ou células
‐ densidade de potência (W/volume); de combustível.
‐ vida útil (nº de ciclos);
‐ temperatura de funcionamento ; Têm tempos de carga muito curtos.
‐ custo.
Possuem características importantes para permitir bons
a) Baterias comportamentos dinâmicos (potência suficiente para as
acelerações e capacidade de recuperação de energia nas
Têm valores de energia específica superiores aos super frenagens).
condensadores e inferiores às células de combustível.
Têm ciclos de funcionamento mais elevados do que as
No que se refere à potência específica, são inferiores aos baterias.
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ARTIGO TÉCNICO
O seu impacto ambiental é nulo, apresentado rendimentos As exigências impostas pelos veículos eléctricos implicam
elevados. Têm elevados valores de energia específica motores com características particulares, sendo de destacar:
(superiores aos das baterias e super condensadores), mas elevadas densidades de potência e de binário, rendimentos
baixos valores de potência específica (inferiores aos altos em diferentes regimes de carga (não apenas o nominal)
daqueles). e custos moderados.
Continuam a ser alvo de pesquisas, com vista a melhorar as O sistema de propulsão eléctrica deverá permitir dispor de
suas características e custos. elevadas potências instantâneas, com bons rendimentos, em
todos os modos de funcionamento [3], [5].
Figura 2 – Estrutura Básica do Sistema de Propulsão Eléctrica (setas a cinzento: fluxo de energia)
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ARTIGO TÉCNICO
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ARTIGO TÉCNICO
Normalmente, ambos os enrolamentos dos motores DC são A capacidade de processamento necessária à implementação
equipados com conversores de potência – “Choppers” dos sistemas de controlo por orientação de campo é elevada,
baseados em MOSFET’s (Metal Oxide Semiconductor Field‐ uma vez que estes se baseiam em modelos dinâmicos do
Effect Transistor) –, permitindo o funcionamento em modo motor, fortemente não lineares, expressos em referenciais
regenerativo (conversor ligado à armadura) e na zona de distintos. Também a variação dos parâmetros do motor (em
enfraquecimento de campo (conversor ligado à excitação) particular, a resistência rotórica) tem importância
[7]. determinante na eficácia destes sistemas de controlo.
permitiram melhorar os desempenhos dinâmicos deste tipo acresce também os elevados rendimentos associados aos
de motores, possibilitando o funcionamento nas duas zonas fluxos de energia – modo motor e frenagem regenerativa.
ausência de “desacoplamento” natural das grandezas físicas configuração estatórica semelhante à das máquinas AC
18|
ARTIGO TÉCNICO
Actualmente, são de destacar os ímanes baseados em Deste modo, o binário desenvolvido tem duas componentes:
elementos de terras raras, em particular, ligas de neodímio, uma resultante da interacção do campo magnético fixo e do
ferro e boro (Nd‐Fe‐B). campo de reacção do induzido; uma segunda componente
resultante do binário de anisotropia.
Relativamente aos motores síncronos convencionais, têm
maiores densidades de potência (redução de peso e Assim, na zona de funcionamento com binário constante
volume), melhores rendimentos (eliminação das perdas (baixas velocidades) – Figura 3 – são obtidos elevados
rotóricas), maior robustez e fiabilidade (ausência de anéis e valores de binários.
escovas).
Estes são motores com elevadas densidades de binário.
Em relação a estas últimas, estão ao nível dos motores de
indução trifásicos, tendo ainda melhores rendimentos e Os conversores de potência mais usuais assemelham‐se aos
maiores densidades de potência [8]. anteriores, com tensões de alimentação reguladas pela
tecnologia PWM.
A Figura 5 apresenta dois cortes seccionais de configurações
destes motores. Os sistemas de controlo são baseados no controlo vectorial –
controlo do ângulo de binário.
Os ímanes são colocados no interior da estrutura rotórica. O desenvolvimento de novas estratégias de controlo das
componentes da reacção do induzido – eixos d, q – (por ex.,
Por um lado, torna possíveis velocidades mais elevadas, uma com maior imunidade às variações dos parâmetros do
vez que a fixação dos ímanes permite suportar forças motor), que podem incluir novas configurações de máquinas
centrifugas mais elevadas; por outro lado, esta configuração de ímanes permanentes, continua a ser alvo de interesse da
d t este
dota t tipo
ti de
d motores
t d características
de t í ti anisotrópicas
i tó i investigação, com vista a melhorar as suas características [8].
(Ld≠Lq), mais concretamente, anisotropia inversa (Ld<Lq).
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ARTIGO TÉCNICO
No rotor são colocados ímanes permanentes, à semelhança 3.5. Motor de Relutância Comutada
dos motores anteriores.
Estes motores são muito semelhantes aos motores de passo
Os enrolamentos do estator são alimentados por uma fonte de relutância variável, necessitando de um conversor e
exterior, sendo através destes que se dá a entrada de controlador dedicados.
energia eléctrica.
Com efeito, os enrolamentos do estator são alimentados
Há dois aspectos fundamentais a referir: com impulsos de corrente (uma fase de cada vez), em função
da posição do rotor, o que implica também a inclusão de
‐ A função de comutação do colector/escovas é sensores de posicionamento rotórico.
substituída por um sistema de comutação electrónica: a
comutação das correntes nos enrolamentos do estator é Apresentam uma construção simples, robusta e fiável, à
feita em função do conhecimento, em cada instante, da semelhança dos motores AC anteriores.
posição do campo magnético rotórico. Normalmente,
são utilizados sensores de efeito de Hall para este fim. A Figura 6 apresenta um corte seccional de uma
configuração real deste tipo de motor.
‐ Atendendo à configuração deste tipo de motores, a
distribuição espacial do campo magnético do rotor no
entreferro é, em cada instante, do tipo rectangular (mais
precisamente, trapezoidal). As correntes que circulam
nos enrolamentos estatóricos têm uma evolução
temporal do tipo rectangular (trapezoidal). Em
comparação com distribuições de campos magnéticos e
correntes sinusoidais, com os mesmos valores de pico
(motores anteriores), os binários desenvolvidos são
consideravelmente mais elevados, atendendo aos Figura 6 – Motor Trifásico de Relutância Comutada ( 6 pólos no
Deste modo, para além das vantagens comuns aos motores por empilhamentos de chapas de materiais ferromagnéticos.
densidades de potência, superiores às dos motores respectivos núcleos polares. De notar que na estrutura
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ARTIGO TÉCNICO
Tal como os motores “brushless” DC, caracterizam‐se por Como tal, far‐se‐á em seguida, uma síntese das
distribuições de campo no espaço rectangulares. São características dos sistemas baseados em motores AC,
máquinas anisotrópicas, cujo princípio de funcionamento anteriormente apresentados.
assenta no desenvolvimento de um binário de relutância.
a) Robustez e simplicidade
Apresentam excelentes características para a tracção – Os sistemas com motores de indução trifásico e de relutância
binários muito elevados nas baixas velocidades e zona de comutada apresentam maior robustez e fiabilidade, com
funcionamento com potência constante caracterizada por menor necessidade de operações de manutenção.
características próprias: usualmente, existem dois rendimentos, bem como densidades de potência e binário,
semicondutores de potência por fase (por ex., IGBT´s, em particular, o motor “brushless” DC. De destacar também
MOSFET´s), o que poderá implicar um elevado número de o motor de relutância comutada em termos de densidade de
|21
ARTIGO TÉCNICO
funcionamento com potência constante. Apresentam A aceitação e proliferação dos veículos eléctricos
excelentes desempenhos dinâmicos, podendo prescindir da dependerão de múltiplos factores, sendo de destacar os
caixa de velocidades. sociais, ambientais, económicos e tecnológicos. O papel dos
estados de cada país (por ex., através de incentivos fiscais
Como foi referido, a classificação dos sistemas DC, com base para aquisição de veículos eléctricos) e dos fabricantes de
nos critérios apresentados, é muito inferior à dos sistemas automóveis (segurança, fiabilidade, conforto, desempenhos)
AC, com excepção para os custos e conversores de potência. assumirá importância crucial.
controlo vectorial. Vehicles”, Proceedings of the IEEE, Vol. 95, Nº4, April 2007.
[5] Nanda, Gaurav, Kar, Narayan, “A Survey and Comparison of
Characteristics of Motor Drives Used in Electric Vehicles”, IEEE,
Os motores de ímanes permanentes e de relutância
2006.
comutada têm vindo a ganhar terreno em relação ao motor
[6] Naunin, Dietrich, “Electric Vehicles”, IEEE, 1996.
de indução trifásico. Com efeito, aliam a fiabilidade deste a [7] Weiss, Helmut, “Revitalization, Performance Measurement, and
melhores rendimentos, densidades de potência e binário, e Improvement of Electric Vehicles”, IEEE, 2008.
elevadas gamas de velocidade de funcionamento. Como [8] Krishnan, R., “Electric Motor Drives – Modeling, Analysis and
desvantagens, o custo (motores de ímanes permanentes) e Control”, Prentice Hall, 2001.
sistemas de controlo complexos (motores de relutância [9] Chan, C.C, et al., “Novel Permanent Magnet Motor Drives for
Electric Vehicles”, IEEE Transactions on Industrial Electronics,
comutada). Os sistemas baseados nestes motores
vol.43, n
nº2,
2, April 1996.
apresentam, actualmente, o maior potencial de
[10] Bill Drury, “The Control Techniques Drives and Control
desenvolvimento e de aplicações futuras.
Handbook”, The Institution of Electrical Engineers, 2001.
22|
ARTIGO TÉCNICO Luís Peixoto, Sérgio Filipe Carvalho Ramos, Eng.ºs
Televes / Instituto Superior de Engenharia do Porto
|23
ARTIGO TÉCNICO
Figura 2 ‐ Diagrama redes ITED num edifício colectivo.
24|
ARTIGO TÉCNICO
|25
ARTIGO TÉCNICO
LOCAL
ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto
Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431, 4200-072 Porto
Tel: 228 340 500 – Fax: 228 321 159
Info: [email protected]
www.isep.ipp.pt
www.dee.isep.ipp.pt
26|
Engº António Augusto Araújo Gomes
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto
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ARTIGO TÉCNICO
3. Efeitos do Monóxido de Carbono na Saúde Os grupos mais susceptíveis aos efeitos do CO são as
crianças, as pessoas idosas e as pessoas com doenças
O Monóxido de Carbono (CO) penetra no organismo através cardíacas, respiratórias ou anemia. Os trabalhadores de
da respiração e entra nos pulmões e no sangue, garagens e polícias de trânsito estão muito expostos à
combinando‐se com a hemoglobina, diminuindo a presença deste gás, pois os automóveis libertam para a
capacidade de transporte de oxigénio dos pulmões até aos atmosfera elevadas quantidades de monóxido de carbono.
tecidos. As nossas casas podem, igualmente, ter problemas de
acumulação de CO, sendo que em Portugal entre os anos de
A exposição a este poluente traduz‐se em dificuldades 1995 e 2003, o número de mortes ocorridas por efeito tóxico
respiratórias e asfixia, principalmente para os indivíduos com de monóxido de carbono foi de 268, o que corresponde a
problemas cardiovasculares. Para além disso este poluente quase 30 mortes por ano.
provoca também a diminuição da percepção visual, destreza
manual e capacidade de trabalho. 4. Protecção Geral Contra a Intoxicação por Monóxido de
Carbono
Existem dois tipos de intoxicação por monóxido de carbono:
‐ A intoxicação crónica, cujos sintomas são dores de Caso se verifique uma intoxicação por inalação de Monóxido
cabeça, náuseas, vómitos e cansaço, a qual se poderá de Carbono, deverão de imediato ser tomadas algumas
desenvolver de forma lenta e afecta pessoas medidas para protecção da vítima, nomeadamente:
habitualmente expostas às concentrações elevadas de ‐ Arejar o local;
CO; ‐ Desligar os aparelhos que possam estar na origem do
‐ A intoxicação aguda, que provoca vertigens, fraqueza acidente;
muscular, distúrbios visuais, taquicardia, perturbações ‐ Evacuar a vítima para fora da atmosfera tóxica, o mais
de comportamento, desmaios e, no limite, o coma e rapidamente possível, e colocá¬‐la em repouso,
mesmo a morte. preferencialmente, deitada;
‐ Chamar os serviços médicos de emergência
No que se refere ao sector residencial, a análise dos
acidentes resultantes de intoxicações com CO, efectuadas Contudo, dever‐se‐á sempre tomar medidas que permitam
com base nos dados do sistema EHLASS / Sistema Europeu prevenir a ocorrência deste tipo de acidentes que poderão
de Vigilância de Acidentes Domésticos e de Lazer, entre os passar por:
anos de 1987 e 1999 mostra que a maioria dos ‐ Garantir que os aparelhos de queima são instalados de
acidentes/intoxicações por gás ou Monóxido de Carbono acordo com as normas e especificações técnicos em vigor
ocorrem no Outono/Inverno e têm a sua origem em e por entidades reconhecidas;
equipamentos para aquecimento (por exemplo salamandras ‐ Proceder à manutenção regular dos aparelhos que
e caldeiras) que, normalmente por esquecimento, são utilizem combustíveis fósseis, recorrendo aos serviços de
deixadas acesas durante a noite. entidades reconhecidas;
‐ Providenciar, periodicamente, inspecções às instalações
A perigosidade destes acidentes reflecte‐se no elevado de gás, realizadas por entidades devidamente
número de hospitalizações e óbitos registados anualmente, reconhecidas para o efeito.
com origem no Monóxido de Carbono (9% dos acidentes ‐ Proceder à limpeza regular dos queimadores dos fogões
ocorridos por intoxicação / envenenamento). A taxa de a gás, caso estes apresentarem sinais de estarem
letalidade (relação entre o numero de óbitos e o número de obstruídos, no caso da mistura ar‐gás não se efectuar nas
vítimas) também é elevada: 5%. melhores condições, originando maior produção de CO;
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ARTIGO TÉCNICO
‐ Não manter em funcionamento o motor do automóvel Edifícios (SCIE), no seu artigo 185.º, determina as
dentro de uma garagem fechada, uma vez que a características dos sistemas automáticos de detecção de gás
quantidade de CO libertada pode tornar‐se perigosa. combustível, nomeadamente no que se refere à constituição
‐ Não adquirir aparelhos que não respeitem as normas de dos mesmos.
segurança;
Assim um sistema de detecção automática de Monóxido de
As medidas anteriormente mencionadas poderão ser Carbono será constituído pelos seguintes elementos,
complementadas com a instalação de um Sistema de devidamente homologados e compatíveis entre si:
Detecção Automática de Monóxido de Carbono, que de uma ‐ Unidade de controlo e sinalização;
forma autónoma e automática detecta as concentrações ‐ Detectores;
perigosas de monóxido de carbono e, de acordo com essas ‐ Sinalizadores óptico‐acústicos;
concentrações, promove medidas de sinalização e de ‐ Transmissores de dados;
redução desses níveis de concentração, por extracção e/ou ‐ Cabos
insuflação de ar. ‐ Canalizações
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ARTIGO TÉCNICO
É um equipamento electrónico programável, capaz de técnicas dos fabricantes dos equipamentos, de modo a
interpretar correctamente as informações vindas dos verificar quais as áreas de protecção efectivas dos mesmos.
detectores automáticos e de outros tipos de inputs, de
monitorizar o funcionamento dos diversos elementos e c) Altura de Colocação
respectivos circuitos, gerar sinalização e executar comandos,
em conformidade com a programação predefinida. O Monóxido de carbono é um gás menos denso que o ar,
pelo que tem tendência para subir e, por conseguinte,
As Unidade de Controlo e Sinalização podem ser, em termos acumular‐se na parte superior das instalações.
funcionais, divididas em dois grupos principais:
Gás Fórmula Volume Molar Densidade em
‐ Sistema de Zonas;
Relação ao Ar
São sistemas de pequenas dimensões em que as acções
Monóxido CO 22,40 0,967
são definidas por zona.
Carbono
‐ Sistema Endereçável.
São sistemas de grandes dimensões em que as acções Tabela 1 – Características do Monóxido de Carbono
podem ser definidas por elemento.
O Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em
‐ Detectores Edifícios (SCIE), no seu artigo 180.º determina que os
detectores do sistema automático de monóxido de carbono
Tem como função realizar a medição dos níveis de devem ser instalados a uma altura de 1,5 m do pavimento.
concentração de monóxido de carbono e de transmitir essa
informação à central. d) Sinalizadores Óptico‐Acústicos
30|
ARTIGO TÉCNICO
do Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios. No caso particular do Monóxido de Carbono, quanto mais
. rápido for detectada a sua presença, menores serão os
f) Alimentação de Energia Eléctrica perigos e danos provocados por ele, podendo mesmo
poupar‐se vidas.
O sistema de detecção automática de monóxido de carbono
deve, em situação normal de funcionamento, ser alimentado No projecto e instalação de sistemas de segurança, em geral
pela rede eléctrica 230V/50 Hz. e, de detecção automática de Monóxido de Carbono, em
particular, é fundamental o conhecimento profundo dos
O Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em aspectos regulamentares que enquadram a área, assim como
Edifícios (SCIE), no seu artigo 180.º determina que o sistema o conhecimento técnico e tecnológicos sobre os
automático de detecção de monóxido de carbono deverá equipamentos disponíveis no mercado, de modo a garantir
dispor de uma fonte local de energia, capaz de garantir o que os equipamentos especificados são os mais indicados,
funcionamento do mesmo por um período não inferior a 60 quer em termos características e qualidade, quer em termos
minutos em caso de falha de energia da rede. económicos.
Devendo, em cada peça desenhada, constar da legenda os A qualidade de vida e a protecção das pessoas constituem,
símbolos utilizados nessa peça. cada vez mais, um processo concomitante das sociedades
modernas, para isso contribuindo em geral os sistemas
6. Considerações Finais automáticos de segurança e, em particular, os sistemas
automáticos de detecção de Monóxido de Carbono.
Este artigo visou abordar aspectos regulamentares, técnicos,
Fontes de Informação Relevantes
Fontes de Informação Relevantes
tecnológicos e conceptuais, ao nível do projecto e da
instalação de Sistemas Automáticos de Detecção de [1] Decreto‐Lei n.º 220/2008 de 12 de Novembro, regime
Monóxido de Carbono. jurídico da segurança contra incêndios em edifícios.
[2] Portaria n.º 1532/2008 de 29 de Dezembro, Regulamento
Uma segura, fiável e rápida detecção de presença de gases Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios.
tóxicos, que possam colocar em perigo a vida de pessoas e [3] www.dgge.pt
animais, é um componente crucial de um conceito geral de [4] www.fichet.pt
sistemas de segurança e protecção. [5] Fire Protection Handbook, NFPA
[6] www.nfpa.org
|31
Engº Roque Filipe Mesquita Brandão
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto
Centrais Fotovoltaicas
p p ç
para a Microprodução
1. Enquadramento e reflecte‐se no ambiente, devido à produção crescente de
Gases com Efeito de Estufa (GEE).
Portugal, produz apenas uma pequena parte da energia que
consome, toda a restante energia consumida é importada. No ano de 2008 a potência instalada em Portugal era de
14916 MW, sendo que 30,7% dessa potência é da
Portugal apresenta uma forte dependência energética do responsabilidade das centrais hidroeléctricas, 39,01% da
exterior, das maiores da UE. responsabilidade de centrais termoeléctricas e 30,29% é
referente a produção em regime especial (P.R.E.). De entre
Não explorando quaisquer recursos energéticos fósseis no os P.R.E. destacam‐se os 2624 MW da responsabilidade de
seu território desde 1995 (quando deixou de extrair carvão), produtores eólicos e apenas 50 MW instalados em sistemas
a sua própria produção de energia assenta exclusivamente fotovoltaicos [1].
no aproveitamento dos recursos renováveis, como sendo a
água, o vento, a biomassa e outros em menor escala. No entanto Portugal, à excepção do Chipre, tem a melhor
insolação anual de toda a Europa, com valores 70%
Esta situação tem consequências directas na nossa superiores aos verificados na Alemanha. Esta diferença leva
economia, uma vez que o custo dos combustíveis fósseis a que o custo da electricidade produzida em condições
importados encarece a produção de bens e serviços em idênticas seja 40% menor em Portugal. Este aspecto é uma
território nacional. Para além disso tem também implicações enorme vantagem que tem de ser capitalizada.
sociais, pois representa custos acrescidos para o consumidor
Fig.1 Irradiação solar (kWh/m2)
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ARTIGO TÉCNICO
Fig.2 Microprodução descentralizada
34|
ARTIGO TÉCNICO
A radiação tem o seu ponto máximo de incidência quando pelos painéis fotovoltaicos não pode ser ligada directamente
orientado a Sul com uma inclinação de 30°, mas consegue‐se à rede eléctrica.
eléctrica
como um ângulo azimutal, isto é, ângulo formado entre a inversores, que fazem a conversão de corrente contínua em
corrente alternada, com características similares à da rede
eléctrica, no que diz respeito à tensão, frequência, forma de
onda distorção harmónica,
onda, harmónica etc.
etc
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ARTIGO TÉCNICO
36|
ARTIGO TÉCNICO
Este fenómeno também acontece na interligação entre Um outro aspecto importante, no caso de instalação em
painéis, sendo a série de painéis limitada em corrente pelo telhados é o peso do sistema. É preciso garantir que o peso
painel que tem menor valor de corrente e em tensão pelo da estrutura, painéis e inversor não causem colapso da
menor valor de tensão das “strings” ligadas em paralelo. estrutura do edifício.
Por exemplo quando um painel de uma “string” está coberto Se a opção da central passar pela instalação de seguidores
por sombras, o valor da corrente da série de painéis em que solares, para movimentação mono axial ou bi axial, a
este está colocado vai ser limitado pela corrente deste, logo estrutura de suporte terá que ser dimensionada para
fica limitada a potência da série. permitir a instalação dos motores necessários à realização
das deslocações. Embora haja estudos que garantam ganhos
Desta forma a potência superior produzida pelos painéis não de produção na ordem dos 25% com a instalação de sistemas
atingidos pelo sombreamento tem de ser dissipada o que dotados de seguidores solares, questões como o aumento da
leva a que existam locais nos painéis em que a dissipação de manutenção do sistema terão que ser ponderadas.
potência provoca aquecimento que pode danificar
irreversivelmente um painel. A resistência aos ventos é também uma característica a ter
em conta no dimensionamento da estrutura de suporte.
Normalmente as estruturas são dimensionadas para suportar
ventos até 150 Km/h e por isso nenhum dos apoios da
estrutura de suporte deverá ter menos de 10 cm² de
superfície.
d) Estrutura de Suporte
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ARTIGO TÉCNICO
f) Simulação
Fig.9 – Exemplo de dados obtidos do simulador
importância crucial pois, é possível inferir daí informações perdas do sistema, são também informações muito
sobre a viabilidade técnica e económica do projecto. importantes de analisar porque são informações válidas para
o cálculo dos indicadores de viabilidade económica do
uns em versão freeware, outros em que é necessária licença Um outro indicador importante dado pelo software é o
Um dos programas mais completos é o PVSyst [4]. efectivamente produzida pelo sistema e a energia que seria
Desenvolvido pelo Institut of Environmental Sciences da produzida por um sistema “ideal”, a trabalhar nas condições
Universidade de Genebra, este software permite o estudo, STC De
STC. D salientar
li t que sistemas
it com PR superiores
i a 70%
dimensionamento, simulação e análise de dados de podem já ser considerados eficientes.
projectos fotovoltaicos.
38|
ARTIGO TÉCNICO
Normalmente este tipo de softwares disponibiliza uma base comercializadores e instaladores deste tipo de sistemas de
de dados muito completa sobre as condições meteorológicas produção de energia.
dos diversos locais do planeta e possui informação sobre as
características dos componentes dos inúmeros fabricantes Neste artigo foram abordados os aspectos aos quais se deve
existentes no mercado. dar atenção aquando do dimensionamento de centrais
fotovoltaicas.
A qualidade e fiabilidade dos resultados obtidos pela
simulação tornam esta ferramenta indispensável no Dada a necessidade de se projectar e instalar estes sistemas
dimensionamento deste tipo de sistemas. com a máxima rapidez, alguns dos assuntos aqui abordados
são descurados na prática. No entanto, ficou provada a
necessidade de um estudo cuidado de todos os
componentes do sistema pois só assim se consegue obter o
máximo proveito das instalações.
5. REFERÊNCIAS
|39
Publicidade
40|
ARTIGO TÉCNICO Engª Sónia Viegas
Astratec, Lighting Consultant
Os custos da construção dos edifícios e posteriormente a sua Para os que possuem o sentido da visão, a iluminação é um
manutenção, são cada vez mais elevados. bem essencial, esta pode ser natural ou artificial, sendo
sempre benéfico privilegiar a iluminação natural, a
A dimensão e a densidade de ocupação, que hoje iluminação artificial tem sofrido evoluções tecnológicas com
caracterizam os edifícios, os objectivos de flexibilidade de o passar dos anos, com origem na descoberta do fogo e
utilização e contenção de custos de funcionamento, são cada desenvolvimento da energia eléctrica, sendo que a
vez mais uma necessidade, tornando indispensável a iluminação foi o primeiro serviço disponibilizado pelas
racionalização do projecto e a optimização da exploração dos empresas produtoras de electricidade.
edifícios.
A iluminação pode ser definida como o efeito visual obtido
Quer sejam através de imposições legais, como os recentes no cérebro dos observadores, resultante da luz ali existente,
diplomas relativos ao Sistema de Certificação Energética ou seja é o nível energético existente nesse local, que é o
(SCE), Regulamento das Características de Comportamento resultado da soma de todas as radiações electromagnéticas
Térmico dos Edifícios (RCCTE) e Regulamento dos Sistemas que lá existem e cujas frequências são visíveis pelos seres
Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE), quer humanos.
surjam das próprias necessidades de evolução da actual
sociedade, assistimos a uma exigência cada vez maior dos Para se fazer bom uso da iluminação, esta deve estar no local
requisitos de conforto, de segurança e flexibilidade. Esta correcto, no tempo preciso, na intensidade e quantidade
preocupação não se pode esgotar no correcto e eficaz certa e com a cor e qualidade ideal, oferecendo condições de
projecto dos sistemas implementados, mas é importante não salubridade, conforto, segurança e eficiência energética.
descurar a sua performance ao longo do seu tempo de vida
útil dos Sistemas. O melhor ou pior desempenho energético de um Sistema de
iluminação depende essencialmente dos seguintes factores:
A automatização e integração de sistemas nos edifícios é um • Eficiência dos diferentes componentes do sistema:
tema actual e que se vem tornando obrigatório dadas as lâmpadas, balastros e armaduras;
necessidades actuais de cumprir os requisitos energéticos, • A utilização dada à instalação, sendo muito importante
de segurança, de conforto, de sustentabilidade e adequar o tipo de controlo utilizado e a luz natural
adaptabilidade em todas as fazes da vida de uma edificação: disponível;
projecto, construção e utilização, englobando a sua • A manutenção efectuada nas instalações.
manutenção e remodelações. De acordo com estas
necessidades as características tecnológicas evoluíram desde Um dos grandes avanços tecnológicos baseados em
os tempos em que não existia nenhuma automatização nos microprocessadores, foi criar a possibilidade de se efectuar
edifícios, passando pelos sistemas centralizados em que, um “controlo inteligente” da iluminação, proporcionando
num único ponto, era possível saber o estado dos uma maior flexibilidade e oferecendo uma melhor gestão da
equipamentos do edifício e exercer controlo sobre eles, mas iluminação. Através deste controlo é possível criar um
sem integração dos vários sistemas, até aos sistemas de ambiente esteticamente agradável e, ao mesmo tempo,
gestão integrados com arquitecturas distribuídas. poupar energia.
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ARTIGO TÉCNICO
Os factores que têm influência neste controlo podem ser o 3. O SISTEMA DE GESTÃO DE ILUMINAÇÃO ‐ LUTRON
tipo de ocupação, as funções desenvolvidas no espaço, a
hora do dia e os níveis de iluminação exterior. Sendo um O Sistema de Controlo de Iluminação da LUTRON, que tem
sistema de controlo dotado de “inteligência”, este tem a sido um dos pioneiros na regulação de iluminação, desde a
capacidade de memorização dos níveis de iluminação para década de 60, após Joel Spira ter inventado o seu primeiro
efectuar ajustes automáticos, ou seja, a programação dos regulador em 1959.
cenários de iluminação.
Algumas características do Sistema LUTRON:
O controlo de iluminação pode ser realizado com uma
arquitectura independente ou em rede centralizada ou • Poupança de energia com a regulação da potência de
distribuída, sendo que uma arquitectura em rede tem mais fluxo;
vantagens, inclusive a da integração com os restantes • Capacidade para regular os vários tipos de iluminação,
sistemas de gestão e controlo existentes no edifício e assim como:
flexibilidade da instalação. 1. Incandescência e Halogéneo (230V, transformador
magnético, transformador electrónico de fase
Os reguladores de iluminação permitem o chamado directa, transformador electrónico de fase inversa –
“arranque suave” que por exemplo para as lâmpadas ELVI)
incandescentes lhe pode prolongar o tempo de vida útil que 2. Fluorescência ‐ Balastro electrónico regulável
tendem a apresentar falhas de funcionamento quando são (analógico 1‐10v, DSI ou DALI)
ligadas e o filamento sofre um choque térmico, podendo 3. Néon (transformador magnético) e LED´s
também oferecer protecção contra picos de corrente. • Programação de vários cenários de iluminação;
• Transição gradual entre os vários cenários de iluminação,
Regular a iluminação também origina poupanças indirectas, proporcionando maior conforto e também valorizando
com a redução da carga térmica da iluminação e os aspectos decorativos;
consequente economia energética relacionada com os • Possibilidade de utilização de comando à distância por
sistemas AVAC. meio de infravermelhos;
42|
ARTIGO TÉCNICO
• Possibilidade de integração com outros sistemas (ex. Quando as luzes estão desligadas, não há consumo de
Comandos de cortinas); energia, logo a utilização de TRIAC's para regulação do fluxo
• Possibilidade de gravação de cenários para posterior luminoso irá gerar poupanças energéticas, relativamente ao
simulação de presença, sendo que esta função poderá tempo de vida útil da lâmpada, este não é afectado pelo
estar interligada com os sistemas de segurança; número de vezes que esta liga e desliga, mas sim pela
• Possibilidade de regulação automática da iluminação temperatura que atinge, reduzir a temperatura aumenta o
através de relógio astronómico, detectores de presença tempo de vida útil da lâmpada, tabela 1.
e sensores de iluminação;
• Filtro RTISS, RTISS‐TE e SOFTSWITCH para estabilidade da Tabela 1 − Relação de poupança com uma lâmpada incandescente
iluminação (extraído de LUTRON)
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ARTIGO TÉCNICO
Utilizando este sistema de regulação e apesar de se ligarem A escolha do método de controlo da luz eléctrica (lâmpadas)
e desligarem as luzes, este processo acontece de uma forma tem um papel importante para a regulação eficaz da
tão rápida que não é perceptível para o olho humano, por iluminação.
outro lado a nossa percepção da luz é superior ao real, ver
figura 2. Se se utilizar um controlo do tipo on/off, este não será o
método mais eficaz, por outro lado um controlo
proporcional permite saídas de sinal adaptativas ao longo do
tempo (dia), normalmente este é o método mais indicado
para o controlo e regulação da iluminação, sendo assumido
que a principal fonte de iluminação é a da luz solar, nos
casos que a fonte de luz é uma mistura de luz solar com luz
eléctrica/artificial ‐ loop de controlo proporcional fechado,
existem métodos que permitem filtrar e eliminar totalmente
o contributo da luz eléctrica – loop de controlo proporcional
aberto. Assim, o posicionamento, a direcção e da área de
vista do sensor de iluminação, são factores relevantes para a
escolha do método de controlo.
44|
ARTIGO TÉCNICO
quanto mais elevado o sinal do sensor, mais baixo o nível de • Utilizam correcção de co‐seno espacial, o que representa
iluminação eléctrica. No controlo on/off são definidos três correctamente as fontes de luz em vários ângulos de
níveis que correspondem à luz incidente no sensor, que incidência;
podem ser definidos como “valor desejado”, “elevado” e • Ângulo de visão vertical de 60 graus e 180 graus na
“fraco”, o intervalo de valores entre estes níveis deve ser horizontal fornecem um amplo ângulo de visão
grande o suficiente para fornecer a histerese do sistema adequada para sistemas de controlo proporcional;
(diferença máxima obtida entre as leituras de um ciclo de • A visão é orientada para o lado, proporcionando direcção
calibração, expressa em percentagem do alcance), quando ao sensor e tornando‐o facilmente adaptável a uma
um determinado limiar é ultrapassado, o sistema de controlo variedade de locais de montagem;
actua de forma a obter de novo valores aceitáveis. • Grande alcance dinâmico (0 a 20000 Lx) e resposta linear
dentro deste intervalo.
A relação entre a iluminação fornecida pelos candeeiros de
tecto e pelos candeeiros de pé ou secretária, nem sempre é Com sistemas de controlo centralizado de iluminação é
muito boa, mas melhora à medida que nos afastamos das possível efectuar comutação, regulação e gestão de energia
janelas, então deve escolher‐se como localização e controle de sombra de forma centralizada ou localizada,
preferencial para o sensor de iluminação uma distância de gerir todo o sistema, incluindo a gestão da manutenção de
cerca de “duas janelas” para o interior da sala. Quando se agendamento, sistema de diagnóstico e relatórios do estado
controla simultaneamente as luzes e as cortinas, o sensor da instalação, bem como a integração com o SGIT de outros
deve estar localizado mais próximo da janela para receber a fabricantes pode ser realizada através de BACnet, Lonworks,
influência directa da janela a ser controlada, devendo então RS232, ou CCI/CCO (entradas e saídas de contactos).
localizar‐se o sensor à distância de cerca de “uma janela”.
A hora do nascer e do pôr‐do‐sol mudar todos os dias, o
Antes de dar por terminada a instalação do sistema de relógio astronómico integrado no sistema permite
controlo de iluminação, este deve ser calibrado, é necessário programar eventos para o amanhecer e/ou anoitecer,
dizer ao sistema qual o nível de iluminação desejado e enquanto que um programador horário normal apenas
definir o nível a contribuição da iluminação artificial permite criação de eventos a horas fixas.
requerida para um dia típico de iluminação natural, os
valores medidos durante a noite ou com as As possibilidades de programação deste sistema têm as
cortinas/persianas fechadas (se forem do tipo blackout seguintes características:
total), que definimos a contribuição da iluminação artificial • Programação de sequências: sequências de iluminação
sem influência de qualquer iluminação natural, com toda a automáticas disponíveis para cada espaço, as sequências
iluminação ligada, os valores medidos pelo sensor são podem ter vários passos e cada passo pode ter uma
registados, esta informação pode então ser utilizada durante temporização programada de 0,2 segundos a 90 minutos
o dia para subtrair a contribuição da iluminação artificial com incremento de 0,1 segundos;
medida continuamente pelo sensor, tornando o sistema • Partições: Controlo adaptativo da iluminação em espaços
dotado de um controlo proporcional em loop aberto. configuráveis;
• Compensação da iluminação exterior: Selecção
Os sensores de iluminação da LUTRON têm as seguintes automática de cenas pré‐programadas com regulação da
características: iluminação artificial (lâmpadas) e natural
• Uma resposta espectral que está perto de resposta do (cortinas/persianas).
olho humano;
|45
José Jacinto Ferreira, Miguel Leichsenring Franco, EngºS
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto
Ascensores
p ç Energética
Optimização g
1. ENQUADRAMENTO Performance of Buildings” (Desempenho Energético de
Edifícios)2 , transposta parcialmente para o direito nacional
Segundo um estudo recente da União Europeia1 , o sector pelo Decreto‐Lei nº 78/2006 de 04 de Abril, e a Directiva
dos edifícios será responsável por cerca de 40% do consumo 2005/32/CE de 06 de Julho de 2005 – “EuP – Energy Using
total de energia neste espaço geográfico. Products” (Requisitos de concepção ecológica dos produtos
que consomem energia)3 .
Cerca de 70% do consumo de energia deste sector verificar‐
se‐á nos edifícios residenciais. Os ascensores não são referidos explicitamente nestas duas
directivas, quando se aborda a temática do aumento da
Em Portugal, mais de 28% da energia final e 60% da energia eficiência energética.
eléctrica é consumida em edifícios.
Na Directiva EPB são referidos essencialmente equipamentos
Por forma a dar cumprimento ao Protocolo de Kyoto, no qual técnicos dos edifícios como sistemas de aquecimento,
se definiu uma drástica redução da emissão de CO2, a climatização e iluminação, bem como sistemas de
Comunidade Europeia emanou várias directivas que se isolamento térmico dos edifícios.
relacionam directa ou indirectamente com a temática da
utilização de energia. Na EuP, por sua vez, também não se indicam
especificamente os ascensores, embora sejam referidos por
As mais importantes são entre outras, a Directiva exemplo motores eléctricos, que farão parte integrante de
2002/91/CE de 16 de Dezembro de 2002 ‐ “EPB ‐ Energy um ascensor.
1 Ver Directiva 2002/91/CE de 16.12.2002.
2O objectivo desta directiva passa pela promoção da melhoria do desempenho energético dos edifícios na Comunidade, tendo em conta as condições climáticas
externas e as condições locais, bem como as exigências em matéria de clima interior e a rentabilidade económica. Esta Directiva estabelece requisitos em termos
de:
a) enquadramento geral para uma metodologia de cálculo do desempenho energético integrado dos edifícios;
b) aplicação de requisitos mínimos para o desempenho energético de novos edifícios;
c) aplicação de requisitos mínimos para o desempenho energético dos grandes edifícios existentes que sejam sujeitos a importantes obras de renovação;
d) certificação energética dos edifícios;
e) inspecção regular de caldeiras e instalações de ar condicionado nos edifícios e, complementarmente, avaliação da instalação de aquecimento quando as
caldeiras tenham mais de 15 anos.
O Decreto‐Lei nº 78/2006 de 04 de Abril – Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar (SCE),
(SCE) transpõe parcialmente para a ordem jurídica
nacional esta directiva comunitária, tendo como finalidade assegurar a aplicação regulamentar, nomeadamente no que respeita às condições de eficiência
energética, à utilização de sistemas de energias renováveis e, ainda, às condições de garantia da qualidade do ar interior, de acordo com as exigências e
disposições contidas em:
a) Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) – Decreto‐Lei 80/2006 de 04 de Abril, e
b) Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização dos Edifícios (RSECE) – Decreto‐Lei 79/2006 de 04 de Abril.
3 Esta directiva cria um quadro de definição dos requisitos comunitários de concepção ecológica dos produtos consumidores de energia com o objectivo de
ggarantir a livre circulação
ç destes p
produtos nos mercado interno.
Prevê ainda a definição de requisitos a observar pelos produtos consumidores de energia abrangidos por medidas de execução, com vista à sua colocação no
mercado e/ou colocação em serviço. Contribui para o desenvolvimento sustentável, na medida em que aumenta a eficiência energética e o nível de protecção do
ambiente, e permite ao mesmo tempo aumentar a segurança do fornecimento de energia.
Nota: a presente directiva não é aplicável a meios de transporte de pessoas ou mercadorias.
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ARTIGO TÉCNICO
De acordo com um estudo da S.A.F.E – “Agência Suiça para a 2. O MODELO DE APOIO PARA A DETERMINAÇÃO DO
Utilização Eficiente da Energia”, realizado em 2005, os CONSUMO ANUAL
ascensores podem representar uma parte significativa do
consumo de energia num edifício (o consumo energético de Com o objectivo de desenvolver sugestões de optimização
um ascensor poder representar em média 5% do consumo energética num dado ascensor já existente, com base no
total de energia de um edifício de escritórios). Na Suiça consumo energético medido, optou‐se por recorrer à norma
estima‐se que o somatório do consumo de energia dos cerca alemã VDI 4707:2009, publicada em Março de 2009 pela
de 150.000 ascensores instalados represente cerca de 0,5% Associação dos Engenheiros Alemães (Verein Deutscher
do total de 280 GWh de consumo energético do país. Ingenieure). É assim possível realizar uma avaliação e
classificação universal e transparente da eficiência
A redução do consumo de energia nos edifícios poderá ser energética de ascensores, com base em critérios
obtida através da melhoria das características construtivas, standardizados.
reduzindo dessa forma as necessidades energéticas, através
de medidas de gestão da procura, no sentido de reduzir os 2.1 Objectivos da norma
consumos na utilização e através do recurso a equipamentos
energeticamente mais eficientes. 1. Permitir uma avaliação e classificação universal e
transparente da eficiência energética de ascensores,
No preâmbulo da Directiva EuP refere‐se que “a melhoria da baseada em métodos de cálculo e teste dos seus
eficiência energética – de que uma das opções disponíveis consumos energéticos;
consiste na utilização final mais eficiente da electricidade – é 2. Disponibilizar a construtores civis, arquitectos,
considerada um contributo importante para a realização dos projectistas, empresas instaladoras e de manutenção de
objectivos de redução das emissões de gases com efeito de ascensores e a operadores um enquadramento que lhes
estufa na Comunidade.” permita incluir a procura de energia de ascensores na
sua avaliação da eficiência energética do edifício e assim
Daí que seja importante estudar também a optimização seleccionar os equipamentos mais adequados;
energética de ascensores. 3. Servir de base para um rating energético de ascensores
no âmbito da eficiência energética total do edifício,
No presente artigo será apresentado um resumo do estudo dando origem à elaboração de um certificado energético.
sobre o consumo energético realizado a uma amostra
composta por 20 ascensores eléctricos instalados pela 2.2 Âmbito da norma
Schmitt‐Elevadores, Lda. em Portugal.
A Norma VDI 4707:2009 aplica‐se à avaliação e classificação
Para a determinação do consumo anual de energia a partir de novos ascensores de pessoas e de cargas, quanto à sua
dos dados obtidos, foi utilizado um modelo, desenvolvido eficiência energética. Pode igualmente ser utilizada para a:
com base na norma alemã VDI 4707:20094. a. determinação da eficiência energética de ascensores já
instalados;
Com base nos dados obtidos foram então identificadas b. comprovação dos parâmetros fornecidos pelos
diversas hipóteses de optimização, que poderão e deverão fabricantes de ascensores;
ser implementadas. c. determinação do consumo energético estimado.
4 Para uma descrição mais detalhada consultar o ponto 2.
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ARTIGO TÉCNICO
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ARTIGO TÉCNICO
Tabela 1 ‐ Categorias de Utilização
Categoria de Utilização
de Utilização 1 2 3 4 5
Tipo de Edifício e
Tipo de Edifício e de
de Edifício de
Edifício de Edifício de
Edifício de Edifício de
Edifício de Edifício de habitação
Edifício de habitação
Utilização habitação com até habitação com até habitação com até com mais de 50
6 apartamentos 20 apartamentos 50 apartamentos apartamentos
Hospital de pequena Grande Hospital
ou média dimensão
As manobras de referência são constituídas pelo seguinte realizadas com uma cabina vazia.
ciclo de manobra:
Para corrigir os valores em relação ao espectro de cargas
1. Início da manobra de referência com a porta do ascensor apresentados na tabela em cima, as necessidades
aberta; energéticas de manobra determinadas com a cabina vazia
2. Fechar a porta do ascensor; são multiplicados pelos seguintes factores de carga:
3. Viagem para cima ou para baixo utilizando todo o curso • 0,7 para ascensores com contrapeso (peso da cabina
do ascensor; mais 40% ou 50% da carga nominal);
4. Abrir e fechar imediatamente a porta do ascensor; • 1,2 para ascensores sem qualquer compensação ou com
5. Viagem para baixo ou para cima utilizando todo o curso uma compensação até 30% do peso da cabina;
do ascensor;
6. Abrir a porta; Nota: o factor de carga não é utilizado quando as
Carga em % da carga nominal % de Manobras
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ARTIGO TÉCNICO
As necessidades energéticas de manobra podem ser necessidades energéticas por dia e os dias de operação por
determinadas por medição ou pelo somatório de valores ano.
conhecidos de necessidades energéticas individuais.
Procedimento de cálculo:
As necessidades energéticas de manobra em Watt‐hora (Wh) 1. Carga nominal Q em kg
determinadas nas manobras de referência são divididas pela 2. Necessidade energética Pstand‐by em W
carga nominal da cabina e pela distância percorrida durante 3. Necessidade energética Emanobra em mWh/(kg.m)
a manobra de referência. Para garantir uma boa qualidade 4. Tempo de utilização tmanobra em horas por dia
de dados, as manobras de referência deverão ser realizadas 5. Distância percorrida snominal em m durante o tempo de
diversas vezes. utilização por dia
6. Snominal = Vnominal x tmanobra [1]
As medições dos valores de consumo de energia devem ser
feitas a seguir ao interruptor principal do circuito de E s tan d −by = Ps tan d −by × t s tan d −by [2]
potência e a seguir ao interruptor para os circuitos de
iluminação. Obtém‐se assim a necessidade energética diária:
A iluminação da casa de máquinas e da caixa do ascensor E manobra = E manobra ,especifico × s no min al × Q [3]
não serão consideradas, para a determinação do consumo de
energia. E dia = E s tan d −by + E manobra [4]
Dever‐se‐ão ter em conta também para efeitos de medição As necessidades energéticas nominais anuais são dadas por:
os circuitos eléctricos de interligação de ascensores em
grupo, devendo‐se somar esses valores aos consumos em E Ano = E dia × 365 [6]
stand‐by (proporcionalmente para cada ascensor do grupo).
2.5 Necessidades energéticas e classes de eficiência
Para além dos circuitos e das cargas já mencionadas, podem energética
existir ainda outros circuitos independentes para alimentar
cargas necessárias para o funcionamento do ascensor (por Ao ascensor é atribuído uma classe de necessidade
exemplo aquecimento ou arrefecimento). Os valores de energética tomando por base as tabelas 1 e 2, e de acordo
consumo de energia para estas cargas têm de ser igualmente com as necessidades energéticas de stand‐by e de manobra.
determinados e documentados separadamente.
As classes de eficiência energética para um ascensor são
As medições devem ocorrer em condições reais de determinadas a partir dos valores de consumo de energia em
funcionamento do ascensor, não se podendo desligar stand‐by e em manobra, projectando a potência em stand‐by
quaisquer cargas, que normalmente estejam activas durante e a necessidade energética em manobra com os tempos
o normal funcionamento do ascensor. médios de stand‐by e viagem para a obtenção do consumo
diário, de acordo com a tabela 1 e dividindo o valor obtido
As necessidades energéticas esperadas para operação de um pelo número de metros percorridos e pela carga nominal.
ascensor podem ser projectadas calculando as necessidades
energéticas por ano usando os valores de necessidade Obtém‐se assim a energia necessária total específica para o
energética de stand‐by e de manobra de acordo com a ascensor.
parcela temporal na categoria de utilização do ascensor, as
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ARTIGO TÉCNICO
Classe A B C D E F G
[7]
Os valores característicos poderão ser entregues pelo
Pstand‐by deverá ser indicado em mW e tmanobra em h. fabricante ao construtor ou utilizador do ascensor no âmbito
de um orçamento. Se não foi indicada nenhuma categoria de
Tabela 3 ‐ Classes de necessidade energéticas – stand‐by utilização, o fabricante poderá apresentar valores
característicos para diferentes categorias. Estes valores
Classes de necessidades energéticas – stand‐by
podem ser apresentados num certificado energético.
Potência ≤50 ≤100 ≤200 ≤400 ≤800 ≤1600 >1600
/Output
(W)
Na figura 1 apresenta‐se um exemplo de um certificado
Classe A B C D E F G
energético para um ascensor já existente:
Certificado Energético para Ascensores segundo a norma VDI 4707 (Versão 03-2009)
Classe de Eficiência Energética (VDI 4707):
Número Ascensor: VN106072
Tipo de Ascensor: Sem casa de máquinas, suspensão central A 0
Descrição: Edíficio Douro
Local de Instalação: Rua da Boavista, 232 B 0
Cód. Postal 4150-322 Porto
Carga Nominal: 630 kg C C
Velocidade: 1,0 m/s
Curso: 15,00 m Dias utilização: 365
D 0
Nº Pisos 6 Factor de carga: 0,7
≤ 100 W ≤ 1,89 mWh/(m·kg) Necessidades energéticas anuais nominais de circuitos independentes: 3771 kWh
(Classe B) (Classe D)
365 Dias de operação por ano
414 kWh 3357 kWh
Tempo médio Tempo médio Edifício de habitação com mais de 50 apartamentos; Edifício de escritórios
de Manobra 3 de stand-by Tipo de Edifício e de em altura com mais de 10 pisos; Grande Hotel; Hospital de pequena ou
(horas por dia): (> 2 ... 4,5) (horas por dia): 21 utilização típica: média dimensão; Ascensor de carga integrado no processo produtivo com
um turno
Figura 1 – O Certificado Energético
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ARTIGO TÉCNICO
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ARTIGO TÉCNICO
Solução: Desligar o sistema de cortina fotoeléctrica ou Solução: Temporizar o extractor, isto é, ele só deverá ser
cortina fotoeléctrica quando a porta de cabina se activado quando a cabina iniciar uma manobra e deverá
encontra fechada. desligar‐se 30 segundos após a última manobra.
6. Luz de cabina: em muitos ascensores, principalmente 10. Sistema de comunicação bi‐direccional: desde 1998,
em ascensores sem porta de cabina, a luz de cabina com a introdução da Directiva Ascensores, é obrigatória
encontra‐se permanentemente acesa, mesmo quando o a instalação de um sistema de comunicação bi‐
ascensor não se encontra em movimento. direccional entre a cabina do ascensor e uma central de
atendimento permanente, 24 horas por dia, 365 dias
Solução 1: Eliminar a iluminação permanentemente por ano, para todos os ascensores instalados a partir
acesa na cabina. Através de um temporizador, desligar a dessa data.
iluminação 3 minutos após a última manobra realizada.
Solução: dado se tratar de um sistema de segurança,
Solução 2: Recurso a leds para iluminação da cabina, recomenda‐se que o sistema não seja desligado ou
substituindo as lâmpadas fluorescentes, incandescentes colocado em modo sleep. A poupança energética poderá
ou de halogéneo existentes. Estas lâmpadas led têm o ser obtida através da aplicação de sistemas com fontes
mesmo formato das lâmpadas de halogéneo ou das de alimentação mais eficientes, o que já está a ocorrer
lâmpadas fluorescentes (leds em forma tubolar). nos novos sistemas da Schmitt‐Elevadores, Lda.
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ARTIGO TÉCNICO
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ARTIGO TÉCNICO
analisar apenas a eficiência energética, mas também o Efficient Energy Use), vários estudos sobre a eficiência
balanço energético. Assim, no caso dos ascensores, energética de ascensores;
dever‐se‐á ter em conta, para além do período de
operação, também o fabrico e a manutenção dos 5. Verificam‐se diversas barreiras à adopção de ascensores
mesmos, o fornecimento de matérias‐primas, bem como eficientes em termos energéticos:
a sua reciclagem: a análise do ciclo de vida do produto.
a) O Comprador e o utilizador do ascensor não têm
3. A norma VDI4707:2009 apenas analisa a eficiência interesses coincidentes: Na grande maioria das
energética de ascensores. Contudo, para a avaliação da situações, o ascensor não é fornecido directamente
eficiência energética do sistema “edifício com ao cliente final, mas a uma empreiteiro geral que o
ascensor(es)” dever‐se‐ão considerar ainda outros incorpora no edifício. Este orienta‐se
critérios (não abrangidos pela referida norma), como por fundamentalmente pelo preço de aquisição do
exemplo as perdas caloríficas através da ventilação ascensor e não pelos custos de energia eléctrica e de
(obrigatória) da caixa do ascensor. operação que este venha a provocar no futuro, que
será sempre suportado pelo utilizador.
4. Verificou‐se que a temática da eficiência energética é
ainda pouco explorada pela indústria de ascensores, seja b) Em edifícios existentes, ocorre uma grande
através da incorporação nos ascensores das novas resistência à incorporação de novos componentes
tecnologias já disponíveis em outras aplicações, seja que possam por em causa a operação e a
através da divulgação de informação relevante em disponibilidade dos ascensores existentes. Em novos
termos do desempenho energético dos equipamentos edifícios é mais fácil incorporar as novas tecnologias.
comercializados. Existem ainda muito poucos estudos
realizados neste âmbito na Europa, com uma notável Pelo que se recomenda uma sensibilização do cliente
excepção da Suíça que tem vindo a patrocinar, através de final bem como de projectistas (arquitectos e gabinetes
uma organização estatal (a SAFE ‐ Swiss Agency for de engenharia).
Distribuição de consumos em função da
categoria de utilização
5
Standby
2 Manobra
1 2 3 4 5
Manobra 34,8% 44,4% 69,4% 88,4% 88,3%
Standby 65,2% 55,6% 30,6% 11,6% 11,7%
Figura 2 – Distribuição de consumos anuais em função da categoria de utilização
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ARTIGO TÉCNICO
6. Recomenda‐se que o consumo energético dos sistemas de reinjecção de energia: o consumo em stand‐
ascensores seja considerado também no âmbito do by representa “apenas” cerca de 12% do consumo total.
Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização
dos Edifícios (RSECE) – Decreto‐Lei 79/2006 de 04 de 2. Do total dos 20 ascensores eléctricos estudados apenas 2
Abril. Dessa forma existiria desde logo uma maior apresentam uma classe de eficiência energética “A”. São
atenção na fase de projecto por parte dos projectistas precisamente os 2 ascensores que são equipados com
relativamente à aplicação de ascensores eficientes máquinas com redutor, mas com apenas uma velocidade
energeticamente, para que pudessem ver aprovado o e sem velocidade variável por variação de frequência.
seu projecto. Estando numa categoria de utilização “1”, ambos os
ascensores têm um baixo consumo de stand‐by. Contudo
4.2 Conclusões Específicas do ponto de vista do conforto, da segurança – devido ao
facto de terem uma máquina com apenas uma
A partir do estudo da amostra de 20 ascensores eléctricos é velocidade, não se consegue uma paragem nivelada ao
possível identificar as seguintes conclusões: piso, havendo normalmente um degrau à saída da cabina
– do ruído (actuação dos contactores e dos travões) e do
1. O consumo do ascensor em stand‐by (estado em que se desgaste do material recomendar‐se‐ia a substituição da
encontra o ascensor quando não está em movimento, máquina e a aplicação de um sistema de variação de
ascendente ou descendente), pode variar entre 12% e velocidade por variação de frequência.
65% do consumo total de energia anual do mesmo
ascensor, em função da categoria de utilização do 3. Do estudo realizado, pode‐se concluir ainda que é muito
mesmo. difícil, se não impossível, atingir a classe de eficiência
energética “A”, em ascensores com categorias de
Do gráfico é possível concluir que quanto menor for a utilização de 1 a 3. Para as categorias mais elevadas só se
categoria de utilização, mais relevante se torna o conseguirá atingir a classe de eficiência energética “A”,
consumo energético de um ascensor em stand‐by ao recorrendo a um sistema de reinjecção de energia.
longo de um ano, pelo que o investimento a realizar na
melhoria
lh i dad eficiência
fi iê i energética
é i se deve
d concentrar em 4. Para além da avaliação da optimização energética deverá
todas as medidas que possam reduzir o consumo em ser realizada também a avaliação económica. Para a
stand‐by. Assim, para a categoria de utilização 1 grande maioria das situações estudadas o investimento
(intensidade de utilização muito baixa e frequência de só se amortiza passados mais de 5 anos, pelo que a
utilização muito baixa) a que corresponde, por exemplo, realização desse investimento fará sentido quando se
um edifício de habitação (que representará a situação pretender modernizar o equipamento (por fadiga dos
com o maior
i número
ú d ascensores instalados
de i l d em materiais, por exemplo) ou como forma de aumentar o
Portugal), o consumo anual de energia em stand‐by conforto, a segurança e diminuir o ruído e o desgaste do
representa 65% do consumo energético total do ascensor, ou por alguma imposição legal.
ascensor. Por outro lado, quanto maior for a intensidade
de utilização e a frequência de utilização, maior é o 5. Estima‐se que em Portugal, dos cerca de 120.000
consumo energético durante a manobra. Na categoria de ascensores instalados, cerca de 90% ainda foram
utilização
tili ã 5 (correspondente
( d t a um grande
d hospital
h it l ou um instalados com tecnologias menos eficientes do ponto de
grande edifício de escritórios) valerá a pena concentrar vista energético, pelo que existe um grande potencial de
os esforços de investimento em melhorias no poupança no consumo de energia eléctrica.
desempenho energético das máquinas de tracção e em
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ARTIGO TÉCNICO
6. Os resultados obtidos poderão contribuir para a [4] CASTANHEIRA, Luís; BORGES GOUVEIA, Joaquim –
formação de um critério de qualidade para ascensores e Energia, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
para a sua operação, e dessa forma para uma gestão Porto, Spi – Sociedade Portuguesa de Inovação, 2004.
sustentável. ISBN 972‐8589‐45‐X.
[5] CÓIAS, Vítor; FERNANDES, Susana – Reabilitação
5. BIBLIOGRAFIA Energética dos Edifícios: Porquê? Oz – Diagnóstico
Levantamento e Controlo de Qualidade em Estruturas
[1] ALMEIDA, Aníbal, PATRÃO, Carlos, FONSECA, Paula, e Fundações, Lda, 2006.
MOURA, Pedro – Manual de boas práticas de eficiência [6] KÜNTSCHER, Dietmar – Energiesparende
energética. Lisboa, ISR – Departamento de Engenharia Aufzugsysteme – Lift‐Report nº2 – Ano 32, 2006.
Electrotécnica e de Computadores Universidade de [7] FITZGERALD, A.; KINGSLEY, Charles; UMANS, Stephen –
Coimbra e BCSD Portugal – Conselho Empresarial para Electric Machinery. Nova Iorque, McGraw Hill, 2003.
o Desenvolvimento Sustentável, 2005. ISBN 0‐07‐123010‐6.
[2] BARNEY, Gina – Elevator Traffic Handbook – Theory [8] FRANCHI, C. – Acionamentos Eléctricos. Editora Érica,
and Practice. Nova Iorque, Spon Press, 2003. ISBN 0‐ Ltda, 2007. ISBN 978‐85‐365‐0149‐9.
415‐27476‐I. [9] GAMBOA, José – Ascensores e Elevadores. Lisboa, Rei
[3] BOLLA, Mario – Verbesserung der Energieeffizienz von dos Livros, 2005. ISBN 972‐51‐1007‐2.
Aufzügen und Förderanlagen durch Entwicklung eines [10] JANOVSKY, Lumomír – Elevator Mechanical Design. 3ª
Neuartigen Frequenzumformers – Jahresbericht 2007. Edição. Mobile USA, Elevator World, Inc., 1999. ISBN 1‐
Seftigen, Bundesamt für Energie, Suiça, 2007. 886‐536‐26‐0.
58|
LEGISLAÇÃO
o Portaria
P t i n.ºº 1532/2008,
1532/2008 de
d 29 de
d Dezembro
D b
Aprova e publica o Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (SCIE).
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EVENTOS
No dia 1 de Julho de 2009 realizou‐se no auditório E do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) um Workshop
subordinado ao tema “Discussão do Manual ITED‐NG e da 1.ª edição do Manual ITUR”.
O evento, organizado pelo grupo de docentes e director da Pós‐graduação em Telecomunicações, Segurança e Domótica, foi
dirigido a projectistas, instaladores, certificadores, professores, estudantes e, contou, ainda, com a presença de diversas
entidades institucionais deste sector.
A realização do evento deveu‐se, ao facto de se encontrarem em consulta pública as propostas de manuais ITEG‐NG e ITUR e
se pretender apresentar e discutir essas propostas, de forma a obter contributos das diversas entidades, profissionais e
estudantes presentes, para posteriormente fazer chegar a ANACOM uma súmula dos aspectos discutidos.
Dado o tema em discussão, o painel de oradores convidados foi constituído por consultores da ANACOM para a elaboração dos
referidos manuais, tendo sido desta forma garantida isenção e qualidade de todas as comunicações realizadas.
Os trabalhos foram iniciados com a abertura institucional realizada pelo Presidente do Departamento de Engenharia
Electrotécnica e director do Curso de Especialização Pós‐graduada em Infra‐estruturas de Telecomunicações, Segurança e
Domótica, o Professor Doutor José António Beleza Carvalho.
Seguiram‐se as comunicações:
o Infra‐estruturas de Telecomunicações em Urbanizações ‐ Nova Regulamentação
Engº Jorge Miranda, ANACOM
o ITED/ITUR ‐Nova Geração ‐ Tecnologia Fibra Óptica
Engº António Vilas‐Boas, Ordem Engenheiros
o ITED/ITUR ‐Nova Geração ‐ Tecnologia Cabo Coaxial
Engº Hélder Martins, Televés
o ITED/ITUR ‐Nova Geração ‐ Tecnologia Par de Cobre
Engº Luís Pizarro, Ordem Engenheiros
No final das intervenções foi reservado um período para discussão, em que o painel esteve à disposição dos participantes para
esclarecer as dúvidas e responder às perguntas realizadas.
Tendo sido o sentimento geral de todos que este evento se revelou de extrema importância e que as palestras foram de
excelente qualidade, a organização está de parabéns e com a responsabilidade acrescida de organizar novos eventos na área
de intervenção do curso de especialização pós graduada em Infra‐estruturas telecomunicações, segurança e domótica.
60|
EVENTOS
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DIVULGAÇÃO
Apoia a leccionação de diversas unidades curriculares do curso de Licenciatura em Engenharia Electrotécnica ‐ Sistemas Eléctricos
de Energia ‐ Bolonha, da Pós‐Graduação em Infra‐Estruturas de Telecomunicações, Segurança e Domótica e da Pós‐Graduação em
Eficiência Energética e Utilização Racional de Energia Eléctrica.
Está equipado com diversas bancadas de testes e ensaios e equipamentos modulares nas áreas técnicas anteriormente referidas.
Possui diversos equipamentos de medição essenciais à execução de certificações ITED, equipamentos no âmbito da certificação,
exploração e manutenção das instalações eléctricas e equipamentos no âmbito da realização de auditorias energéticas e da
monitorização da qualidade de serviço.
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CURIOSIDADE
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