NeutroATerra N4 Out2009 PDF

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Nº4 ⋅ 2º semestre de 2009 ⋅ ano 2 ⋅ ISSN: 1647‐5496 

EUTRO À TERRA Revista Técnico-Científica |Nº4| Outubro 2009


http://www.neutroaterra.blogspot.com

“Os objectivos que se pretendem com a publicação


da “Neutro à Terra”continuam os mesmos, ou seja,
divulgar assuntos de carácter técnico‐científico, com
uma abordagem crítica, mas construtiva, de forma
que esta publicação possa ser vista como uma
referência em assuntos relacionados com a
Engenharia Electrotécnica.…”
Doutor Beleza Carvalho

Instalações Máquinas  Telecomunicações Segurança Energias Domótica Eficiência


Eléctricas Eléctricas Renováveis Energética
Pág. 5 Pág. 13 Pág. 23 Pág. 27 Pág. 33 Pág.41 Pág. 47

Instituto Superior de Engenharia do Porto – Engenharia Electrotécnica – Área de Máquinas e Instalações Eléctricas


EDITORIAL

Doutor José António Beleza Carvalho


Instituto Superior de Engenharia do Porto

ARTIGOS TÉCNICOS
RRA

05| Protecção das Pessoas em Instalações Eléctricas de Baixa Tensão.


Cálculo dos Dispositivos de Protecção.
Doutor José António Beleza Carvalho
Instituto Superior de Engenharia do Porto
À TER

13|| Veículos Eléctricos. Características e Tipos


p de Motores.
Engº Pedro Miguel Azevedo de Sousa Melo 
Instituto Superior de Engenharia do Porto

23| Infra‐Estruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED). O que mudará com o ITEDRNG?


Engº Luís Peixoto
Televes Electrónica Portuguesa
Engº Sérgio Filipe Carvalho Ramos
Instituto Superior de Engenharia do Porto
27| Sistemas Automáticos de Segurança.
Segurança Detecção de Monóxido de Carbono.
Carbono
EUTRO

Engº António Augusto Araújo Gomes


Instituto Superior de Engenharia do Porto

33| Centrais Fotovoltaicas para a Microprodução


Engº Roque Filipe Mesquita Brandão
Instituto Superior de Engenharia do Porto

41| Sistema de Gestão de Iluminação ‐ LUTRON


Engª Sónia Viegas
E

A
Astratec, Li h i Consultant
Lighting C l

47| Ascensores ‐ Optimização Energética


Engº José Jacinto Ferreira
Engº Miguel Leichsenring Franco
Instituto Superior de Engenharia do Porto

EVENTOS

60| Workshop “Discussão do Manual ITED‐NG e da 1.ª edição do Manual ITUR”

FICHA TÉCNICA
DIRECTOR: Doutor José António Beleza Carvalho

PRODUÇÃO GRÁFICA: António Augusto Araújo Gomes

PROPRIEDADE: Área de Máquinas e Instalações Eléctricas


Departamento de Engenharia Electrotécnica
Instituto Superior de Engenharia do Porto

CONTACTOS: [email protected] ; [email protected]

PUBLICAÇÃO SEMESTRAL:  ISSN: 1647‐5496
EDITORIAL

Caros leitores

Os objectivos que se pretendem com a publicação da “Neutro à Terra”continuam os mesmos, ou seja, divulgar assuntos de
carácter técnico‐científico, com uma abordagem crítica, mas construtiva, de forma que esta publicação possa ser vista como
uma referência em assuntos relacionados com a Engenharia Electrotécnica. Neste âmbito, deve‐se destacar o novo
enquadramento regulamentar das Infra‐estruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED) e das Infra‐estruturas de
Telecomunicações em Loteamentos e Urbanizações (ITUR), que exigiu a criação de novos manuais técnicos, nos quais, alguns
dos colaboradores desta revista tiveram uma acção relevante como consultores da ANACOM. Estes documentos estiveram em
consulta pública e encontram‐se para aprovação pela Comunidade Europeia.

O correcto dimensionamento dos dispositivos de protecção das pessoas contra contactos indirectos em instalações eléctricas de
baixa tensão, é uma das condições fundamentais para que uma instalação possa ser utilizada e explorada com conforto e em
perfeitas condições de segurança. De acordo com a normalização em vigor, é, também, uma das condições essenciais para a
certificação ou licenciamento das instalações eléctricas por parte das entidades ou organismos responsáveis, a quem estão
atribuídas estas competências. Nesta publicação, apresenta‐se um artigo que aborda o dimensionamento dos dispositivos de
protecção das pessoas contra contactos indirectos em dois diferentes regimes de neutro.

Outro assunto de grande interesse apresentado nesta publicação, tem a ver com a utilização de veículos eléctricos. Na
realidade, os impactos ambientais e económicos dos combustíveis fósseis têm uma forte proveniência do sector dos
transportes. Assim, nos últimos anos, tem‐se verificado um aumento do desenvolvimento dos veículos eléctricos,
principalmente das soluções híbridas. No artigo que é apresentado são comparadas as características da propulsão eléctrica e
térmica, são referidos os principais tipos de sistemas de propulsão eléctrica, terminando com uma abordagem acerca das
tendências futuras dos veículos eléctricos.

Nesta publicação da revista “Neutro à Terra”, pode‐se ainda encontrar outros artigos relacionados com assuntos
reconhecidamente importantes e actuais, como o dimensionamento de sistemas automáticos de segurança através de detecção
de monóxido de carbono, o dimensionamento de centrais fotovoltaicas para microprodução, e um artigo sobre sistemas de
gestão de iluminação. No entanto, quero destacar a publicação de um artigo sobre optimização energética em ascensores. Além
da importância que assunto toma na área da Engenharia Electrotécnica, interessa referir que corresponde a um trabalho de fim
de curso realizado por dois recém‐licenciados do Departamento de Engenharia Electrotécnica, que atesta a qualidade do
trabalho que se tem realizado.

Nesta publicação, inicia‐se a apresentação do tema “Divulgação”. Pretende‐se fundamentalmente divulgar os laboratórios do
Departamento de Engenharia Electrotécnica, onde são realizados vários dos trabalhos correspondentes a artigos publicados
nesta revista O primeiro laboratório escolhido foi o Laboratório de Instalações Eléctricas.

Estando certo que esta edição da revista “Neutro à Terra” vai novamente satisfazer as expectativas dos nossos leitores,
apresento os meus cordiais cumprimentos.

Porto, Novembro de 2009


José António Beleza Carvalho

|3
EM DESTAQUE

Telecomunicações
Novo Enquadramento Regulamentar

A Resolução do Conselho de Ministros n.º 120/2008, de 30 de Julho, definiu como prioridade estratégica para o País no sector
das comunicações electrónicas a promoção do investimento em redes de nova geração.

Contendo orientações estratégicas do Governo para as redes de nova geração (RNG) como sejam a abertura eficaz e não
discriminatória de todas as condutas e outras infra‐estruturas de todas as entidades que as detenham, a previsão de regras
técnicas aplicáveis às infra‐estruturas de telecomunicações em loteamentos, urbanizações e conjuntos de edifícios (ITUR), a
adopção de soluções que eliminem ou atenuem as barreiras verticais à instalação de fibra óptica e que evitem a monopolização
do acesso aos edifícios pelo primeiro operador, havia que definir um regime integrado, eventualmente complexo, mas que
estabelecesse as linhas fundamentais de interacção, neste contexto, entre os vários agentes do processo tendente à
operacionalização de redes de comunicações electrónicas.
electrónicas

‐ Decreto‐Lei nº 123/2009, de 21 de Maio


Estabelece o regime aplicável à construção de infra‐estruturas aptas ao alojamento de redes de comunicações electrónicas,
à instalação de redes de comunicações electrónicas e à construção de infra‐estruturas de telecomunicações em
loteamentos, urbanizações, conjuntos de edifícios e edifícios.
Revoga:
a) O Decreto ‐Lei n.º 59/2000, de 19 de Abril;
b) O Decreto ‐Lei n.º 68/2005, de 15 de Março;
c) Os n.os 5 a 7 do artigo 19.º e os n.os 5 a 7 do artigo 26.º da Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro.

Nota: As regras e procedimentos publicados pelo ICP‐ANACOM ao abrigo e em cumprimento do Decreto‐Lei n.º 59/2000, de
19 de Abril, mantêm ‐se
se em vigor até que sejam substituídos por outros publicados ao abrigo do Decreto
Decreto‐Lei
Lei n.
n.º 123 de 21
de Maio de 2009.

‐ Declaração de Rectificação n.º 43/2009, 25 de Junho


Rectifica o Decreto‐Lei n.º 123/2009, de 21 de Maio.

‐ Decreto‐Lei
Decreto Lei n
nº 258/2009, de 25 de Setembro
Considerando as imprecisões contidas no Decreto ‐Lei n.º 123/2009, de 21 de Maio, este Decreto‐Lei procede a pequenas
rectificações nalguns artigos, dada a dificuldade prática na aplicação dos preceitos.

O novo regime jurídico das Infra‐estruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED) e das Infra‐estruturas de Telecomunicações
em Loteamentos, Urbanizações e Conjuntos de Edifícios (ITUR), exigiu a criação de novos manuais de normas técnicas, que
estiveram em consulta p
pública e agora
g encontram‐se p
para aprovação
p ç p pela Comunidade Europeia,
p ,p prevendo‐se a sua p
publicação
ç
em Janeiro/Fevereiro de 2010.

|4 4|
Doutor José António Beleza Carvalho
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto

Protecção das Pessoas em Instalações Eléctricas de Baixa Tensão


p
Cálculo dos Dispositivos ç
de Protecção
RESUMO 1. CÁLCULOS NO REGIME DE NEUTRO “TN”

O correcto dimensionamento dos dispositivos de protecção Este regime de neutro caracteriza‐se por todas as massas da
das pessoas contra contactos indirectos em instalações instalação serem ligadas ao ponto da alimentação ligado à
eléctricas de Baixa Tensão (BT), é uma das condições terra, próximo do transformador ou do gerador da
fundamentais para que uma instalação possa ser utilizada e alimentação da instalação, por meio de condutores de
explorada com conforto e em perfeitas condições de protecção.
segurança. De acordo com a normalização em vigor, é,
também, uma das condições essenciais para a certificação ou O ponto da alimentação ligado à terra é, em regra, o ponto
licenciamento das instalações eléctricas por parte das neutro.
entidades ou organismos responsáveis, a quem estão
atribuídas estas competências. De acordo com a legislação em vigor, nas instalações fixas
pode‐se utilizar um só condutor com as funções de condutor
A função dos dispositivos de protecção das pessoas contra os de protecção e de condutor neutro (designado por condutor
contactos indirectos será o corte automático da alimentação PEN) desde que o condutor de protecção tenha uma secção
da instalação eléctrica, que, em caso de defeito, e em não inferior a 10mm2, se de cobre ou a 16mm2, se de
consequência do valor e da duração da tensão de contacto, alumínio e, a parte da instalação comum (esquema TN‐C)
evitará o risco de se produzirem efeitos fisiopatológicos não esteja localizada a jusante de um dispositivo diferencial.
perigosos nas pessoas. Esta medida de protecção obriga à
coordenação entre o Regime de Neutro (ou Esquema de Este regime de neutro encontra‐se representado na Figura 1.
Ligação à Terra (ELT)) adoptado na instalação, e as
características dos condutores de protecção e dos respectivos Neste regime de neutro um defeito de isolamento é similar a
dispositivos de protecção. um curto‐circuito entre fase e neutro, e o corte deve ser
assegurado pelo dispositivo de protecção contra curtos‐
Neste artigo são apresentados alguns exemplos de cálculo circuitos, com um tempo máximo de corte especificado que
dos dispositivos de protecção das pessoas contra contactos é função da tensão limite convencional (UL) admissível para
indirectos, de acordo com o Regime de Neutro adoptado o local da instalação, ou seja, 25V ou 50V em corrente
para a instalação eléctrica. alternada, sendo o valor definido pela classificação do local
quanto às influências externas.

PE

Figura 1: Regime terra pelo neutro, ou esquema TN  (Fonte Schneider Electric)

|5
ARTIGO TÉCNICO

Segundo a norma CEI 364 o tempo de corte do dispositivo de A curva deste dispositivo de protecção é apresentada na
protecção deverá ser de 0,4s para UL=50V e, 0,2s para figura 3.
UL=25V.

Seguidamente, apresenta‐se um circuito de uma instalação


eléctrica de BT, trifásica (400V), onde é adoptado o regime
de neutro TN‐C, ou seja, a função de neutro e de protecção
estão combinadas num único condutor (PEN).

Este circuito é apresentado na figura 2.

Figura 3: Curva de disparo TM250D.
(Fonte Schneider Electric)

Como se pode verificar, a actuação do disparador magnético


deste disjuntor poderá ser regulada para funcionar entre 5 a

Figura 2: Exemplo de cálculo. Regime TN‐C  10 vezes o valor nominal (In), ou seja, entre 1250 e 2500A.

O circuito tem um comprimento de 40m, a secção do Neste regime de neutro a impedância da malha de defeito Zs

condutor
d d fase
de f d 95mm2 e a do
é de d condutor
d d protecção
de ã será:

é de 50mm2. K .U 0
Zs = (1)
Id
O circuito está protegido com disjuntor NS 250N (Merlin
Gerin) equipado com disparador magnetotérmico TM 250 em que K toma o valor de 0,8 para instalações eléctricas, U0

curva D. é a tensão simples nominal da instalação e Id é a corrente de


defeito
defeito.

Pretende‐se verificar se neste regime de neutro, a protecção


das pessoas contra contactos indirectos está efectivamente Para que a protecção contra curtos‐circuitos também

garantida com este dispositivo de protecção. garanta a protecção contra contactos indirectos, é necessário
para os disjuntores que:

Uma condição fundamental para o correcto


K .U 0
di
dimensionamento
i t do
d dispositivo
di iti ded protecção,
t ã é conhecer
h a Zs ≤ (2)
Im
sua curva de actuação, de maneira a obter‐se o valor da
corrente correspondente ao limiar de funcionamento do em que Im é a corrente de actuação do disparador magnético

disparador magnético do aparelho de protecção. do dispositivo.

6|
ARTIGO TÉCNICO

Para a protecção por fusíveis, é necessário que: Para o circuito apresentado na figura 2, o comprimento
máximo protegido do circuito, para uma regulação do
K .U 0
Zs ≤ (3) disparador magnético de 5xIn (Im=1250A) será de:
If
0,8.230.95
l≤ ≤ 214m (9)
em que If é a corrente convencional de funcionamento do 0,0225.(1 + 19).1250
fusível.
para uma regulação do disparador magnético de 10xIn

A d d a que neste regime


Atendendo i d neutro um defeito
de d f i é (Im=2500A)
(Im 2500A) será de:

efectivamente um curto‐circuito entre uma fase e o 0,8.230.95


l≤ ≤ 107 m
condutor de protecção, a impedância da malha de defeito
0,0225.(1 + 19).2500 (10)
será então:

Atendendo que o comprimento do circuito é de 40m,


l l
Z s ≈ Rs = ρ f + ρ PE (4) verifica‐se que em qualquer dos casos o disjuntor garante a
sf s PE
protecção das pessoas contra contactos indirectos.

em que ρf é a resistividade de condutor de fase, ρPE a


resistividade do condutor de protecção, l é o comprimentos No entanto, deve‐se também verificar se o tempo de
dos condutores, sf a secção do condutor de fase e sPE a actuação do dispositivo é compatível com o especificado
secção do condutor de protecção. pelas curvas de segurança, para a tensão limite convencional
definida para o local da instalação, que como já foi referido,

Considerando que os condutores de fase e de protecção têm segundo a norma CEI 364 deverá ser de 0,4s para UL=50V e,

as mesmas características, a impedância da malha de defeito 0,2s para UL=25V.

será então:
Assim, torna‐se importante calcular o valor da tensão de
l
Z s ≈ Rs = ρ .(1 + m) (5) contacto em caso de defeito.
sf
U c = RPE .I d
em que ; (11)

em que:
sf
m= (6)
Id =
K .U 0
=
K .U 0
s PE Zs i (12)
ρ . .(1 + m)
O comprimento máximo protegido do circuito será então,
então sf
para disjuntores: então:

K .U 0 .s f
K .U 0 .s f U c = RPE .
l≤ (7) ρ .l.(1 + m) (13)
ρ .(1 + m).I m
l
e para fusíveis será de: RPE = ρ
sPE
K .U 0 .s f
l≤ (8)
U c = K .U 0 .
m
ρ .(1 + m).I f 1+ m (14)

|7
ARTIGO TÉCNICO

Para o exemplo em consideração, representado na figura 2, Neste regime de neutro, a presença de um primeiro defeito
tem‐se: não origina valores de tensão de contacto perigosos para as
pessoas.
1,9
U c = 0,8 * 230 * = 120,6V (15)
1 + 1,9
No entanto, é obrigatório a presença de um Controlador
Pelas curvas de segurança, e para a tensão limite Permanente de Isolamento (CPI), de maneira a sinalizar o
convencional de 25V, o dispositivo deve actuar num tempo defeito e permitir a sua eliminação o mais rapidamente
inferior a 180ms. possível.

Como se pode verificar na curva de funcionamento do A manifestação de um segundo defeito, sem que tenha sido
disjuntor, apresentada na figura 3, o dispositivo actuará num eliminado o primeiro, implicaria agora a existência de
tempo inferior ao referido e compatível com o especificado tensões de contacto muito perigosas, devendo ser tomadas
pela norma CEI 364. as medidas adequadas de forma a evitar riscos de efeitos
fisiopatológicos perigosos nas pessoas susceptíveis de ficar
Assim, para esta instalação, e para este regime de neutro, em contacto com partes condutoras simultaneamente
pode‐se garantir que o disjuntor apresentado protege acessíveis.
efectivamente as pessoas contra contactos indirectos.
Como tal, a protecção das pessoas neste regime de neutro é
orientada para o dimensionamento dos dispositivos de
protecção actuarem na situação de segundo defeito.

Figura 4: Painel de regulação do relé electrónico TM250D.  Também se devem eliminar todas as situações que possam
(Fonte Schneider Electric) contribuir para diminuir a fiabilidade do sistema. Assim, não
se deve distribuir o condutor neutro, pois poderá correr‐se o
2. CÁLCULOS NO REGIME DE NEUTRO “IT”
risco de manifestar‐se um segundo defeito sem que o
primeiro tenha sido sinalizado, actuando a protecção e
Este esquema de ligação à terra apresenta como principal
perdendo‐se todas as vantagens inerentes à utilização deste
vantagem, a garantia de continuidade de serviço em
regime de neutro.
presença de um primeiro defeito de isolamento.

Figura 5: Esquema de Ligação à Terra IT. (Fonte Schneider Electric)

8|
ARTIGO TÉCNICO

Este regime de neutro caracteriza‐se por as partes activas da O circuito tem um comprimento de 76m, a secção do
instalação eléctrica serem isoladas da terra ou ligadas a esta condutor de fase e de protecção é de 25mm2. O circuito está
através de uma impedância de valor elevado. As massas dos protegido com disjuntor especifico para protecção de saídas
aparelhos de utilização são ligadas à terra, individualmente motor NS 80H (Merlin Gerin) equipado com disparador
ou por grupos. “motor” integrado MA 80.

A situação mais comum nas instalações onde é adoptado Pretende‐se verificar se neste regime de neutro, a protecção
este regime de neutro, é todas as massas, incluindo as da das pessoas contra contactos indirectos está efectivamente
fonte, estarem ligadas a um mesmo eléctrodo de terra garantida com este dispositivo de protecção.
(figura 5). Assim, as condições de eliminação da corrente de
um segundo defeito são então garantidas pelas mesmas Também no caso deste regime de neutro é fundamental
condições indicadas para o esquema TN. para o correcto dimensionamento do dispositivo de
protecção, conhecer a curva de actuação do dispositivo, de
Neste regime de neutro IT, a protecção das pessoas contra maneira a obter‐se o valor da corrente correspondente ao
contactos indirectos é fundamentalmente garantida por dois limiar de funcionamento do disparador magnético do
tipos de equipamentos: aparelho de protecção.
• pelos CPI, essencialmente destinados à vigilância do
primeiro defeito, embora possam também ser utilizados A curva deste dispositivo de protecção é apresentada na
como dispositivos de protecção nas situações em que for figura 7.
necessário provocar o corte ao primeiro defeito;
• pelos dispositivos de protecção contra sobreintensidades
(disjuntores e fusíveis). Estes dispositivos são utilizados
nas situações em que ao segundo defeito são aplicadas
as condições de protecção definidas para o esquema TN;

Seguidamente, apresenta‐se um circuito de uma instalação


eléctrica de BT, trifásica (400V), onde é adoptado o regime
de neutro IT, sem neutro distribuído (situação comum neste
regime de neutro) . Este circuito é apresentado na figura 6.

Figura 7: Curva de disparo MA80.
(Fonte Schneider Electric)

Como se pode verificar, a actuação do disparador magnético


deste disjuntor verifica‐se entre 6 a 14 vezes o valor nominal
Figura 6: Exemplo de cálculo. Regime IT  (In=80A), ou seja, entre 480 e 1120A.

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ARTIGO TÉCNICO

Também neste regime de neutro, tal como no regime TN, Para uma regulação do disparador magnético de 14xIn
um defeito é efectivamente um curto‐circuito entre uma (Im=1120A) será de:
fase e o condutor de protecção.
0,8. 3.230.25
l≤ ≤ 79m (22)
Então, para este circuito, sem neutro distribuído, a 2.0,0225.(1 + 1).1120
impedância da malha de defeito será:
Atendendo que o comprimento do circuito é de 76m,
K . 3.U 0
Zs ≤ (16) verifica‐se que para qualquer regulação do disparador MA (6
Im a 14xIn), o disjuntor garante a protecção das pessoas contra
em que Im é a corrente de actuação do disparador magnético contactos indirectos.
do dispositivo.
No entanto, tal como no regime de neutro TN, também se
Neste regime de neutro considera‐se como boa aproximação deve verificar se o tempo de actuação do dispositivo é
que ao segundo defeito, o comprimento da malha de defeito compatível com o especificado pelas curvas de segurança,
é duplo em relação ao primeiro defeito. para a tensão limite convencional definida para o local da
instalação, que como já foi referido, segundo a norma CEI
Então, a impedância da malha de defeito será neste caso: 364 deverá ser de 0,4s para UL=50V e, 0,2s para UL=25V.

l l
Z s ≈ Rs = 2 * ( ρ f + ρ PE ) (17) Assim, torna‐se importante calcular o valor da tensão de
sf s PE
contacto em caso de segundo defeito.
Considerando também que os condutores de fase e de
protecção têm as mesmas características, a impedância da U c = RPE .I d (23)
malha de defeito será então:
em que, através de uma dedução idêntica à efectuada para o
l
Z s ≈ Rs = 2 * ( ρ .(1 + m)) (18) regime de neutro TN, obtêm‐se:
sf
m
em que ;
U c = K . 3.U 0 . (24)

sf 2.(1 + m)
m= =1 (19)
s PE
Para o exemplo em consideração, representado na figura 6,
O comprimento máximo protegido deste circuito será então, tem‐se:
para disjuntores:
1
U c = 0,8 * 3 * 230 * = 79,7V (25)
K . 3.U 0 .s f 2 * (1 + 1)
(20)
l≤
2.ρ .(1 + m).I m Pelas curvas de segurança, e para a tensão limite
convencional de 25V, o dispositivo deve actuar num tempo
Para o circuito apresentado na figura 6, o comprimento inferior a 280ms.
máximo protegido do circuito, para uma regulação do
disparador magnético de 6xIn (Im=480A) será de: Como se pode verificar na curva de funcionamento do
disjuntor, apresentada na figura 7, o dispositivo actuará num
0,8. 3.230.25
l≤ ≤ 184m (21) tempo inferior ao referido e compatível com o especificado
2.0,0225.(1 + 1).480 pela norma CEI 364.

10|
ARTIGO TÉCNICO

Assim, também para esta instalação, e para este regime de como tensão de contacto limite, 25V ou 50V. Assim, torna‐se
neutro, pode‐se garantir que o disjuntor apresentado importante calcular o valor da tensão de contacto em caso
protege efectivamente as pessoas contra contactos de defeito e, através da curva de segurança dos 25V ou 50V,
indirectos. conforme o caso, obter o tempo máximo de actuação do
dispositivo para que a tensão de contacto nunca ultrapasse o
3. CONCLUSÕES valor da tensão limite convencional.

Neste artigo apresentou‐se dois exemplos de cálculo e Este facto obriga, também, a conhecer muito bem as curvas
dimensionamento dos dispositivos de protecção das pessoas de funcionamento dos dispositivos de protecção, para
contra contactos indirectos. Um exemplo para o regime de verificar se esta regra do tempo de actuação também é
neutro TN, e outro para o regime de neutro IT. garantida. No caso dos disjuntores, a zona de funcionamento
magnético dos disparadores é quase instantânea, não sendo
Atendendo a que nestes regimes de neutro, e para o caso a regra do tempo de actuação problemática para este tipo de
dos exemplos apresentados, uma situação de defeito é equipamento de protecção.
sempre uma situação de curto‐circuito entre um condutor
activo e a massa do equipamento de utilização, ou seja, um O facto torna‐se mais importante quando os dispositivos de
curto‐circuito entre um condutor activo e o condutor de protecção são fusíveis.
protecção, são, normalmente, os dispositivos de protecção
contra sobreintensidades que terão a função de também O regime de neutro TT, para o dimensionamento dos
garantir a protecção das pessoas contra contactos indirectos. dispositivos de protecção das pessoas contra contactos
indirectos, não obriga necessariamente a conhecer todas as
Na realidade, nos exemplos que são apresentados, o que se características da instalação.
teve que fazer foi verificar se realmente o dispositivo de
protecção contra curtos‐circuitos também verificava as A análise do dimensionamento dos dispositivos de protecção
condições necessárias à protecção das pessoas contra para o regime TT será efectuada num próximo artigo.
contactos indirectos.

Bibliografia
Este facto foi analisado através da verificação do máximo
[1] Regras Técnicas das Instalações Eléctricas de Baixa Tensão" ‐
comprimento protegido.
(Decreto‐Lei n.º 226/2005 de 28 de Dezembro)

Efectivamente, nestes dois regimes de neutro, para se poder


[2] Técnicas e Tecnologias em Instalações Eléctricas" ‐ L. M. Vilela
dimensionar correctamente os dispositivos de protecção, é
Pinto – Edição Certiel
fundamental conhecer bem as características do circuito,
nomeadamente comprimento da instalação, tipo de [3] Instalações Eléctricas de Baixa Tensão. A Concepção e o
condutores, trajecto dos cabos, secção dos condutores, etc. Projecto" – Aulas de IELBT, José Beleza Carvalho, ISEP

Outro factor importante, é verificar se o dispositivo actua


[4] Instalações Eléctricas Industriais" ‐ João Mamede Filho ‐ Editora
num tempo compatível com especificado pelas normas de
LTC 5ª Edição
segurança. Este facto depende das condições do local da
instalação eléctrica.
[5] Esquemas de Ligação à Terra em BT (Regimes de Neutro)”
Caderno Técnico nº 172 ‐ Bernard Lacroix e Roland Calvas.
De acordo com estas condições, a legislação em vigor impõe Edição: Schneider Electric

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Engº Pedro Miguel Azevedo de Sousa Melo 
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto

Veículos Eléctricos
p de Motores
Características e Tipos
RESUMO obtidos no motor de combustão interna – maiores potências
e mais baratos, com menores custos de produção [1].
Os impactos ambientais e económicos dos combustíveis
fósseis têm uma forte proveniência do sector dos As sucessivas crises energéticas nos finais do século XX, as
transportes. Este facto tem motivado, nas últimas décadas, crescentes preocupações ambientais e a tomada de
um aumento do desenvolvimento dos veículos eléctricos, consciência dos limites das reservas de combustíveis fósseis
principalmente, das soluções híbridas. Tais desenvolvimentos colocaram em evidência os veículos eléctricos como
resultam da integração de diversos domínios da engenharia, alternativa aos transportes convencionais. Paralelamente, o
sendo de destacar os novos materiais e concepções de sector dos transportes é responsável por enormes
motores eléctricos, a electrónica de potência, os sistemas de quantidades de energia consumida, cujos valores aumentam
controlo e os sistemas de armazenamento de energia. consideravelmente todos os anos.

Neste artigo procura‐se apresentar as principais Em particular, nos meios urbanos, a substituição dos meios
características dos sistemas de propulsão eléctrica actuais. de transporte actuais por veículos eléctricos trará enormes
Começa‐se fazer uma comparação entre os veículos reduções nos níveis de poluição atmosférica, bem como nos
eléctricos e os convencionais, baseados nos motores térmicos índices de ruído.
de combustão interna. Pela sua importância, é feita uma
referência sucinta aos sistemas de armazenamento de Também em termos gerais, as emissões das centrais
energia. eléctricas, baseadas em combustíveis fósseis, associadas à
generalização dos veículos eléctricos serão muito inferiores
São comparadas as características da propulsão eléctrica e ao somatório das emissões dos motores de combustão
térmica, sob a perspectiva das exigências dos sistemas de interna, actualmente em circulação.
tracção. São referidos os principais tipos de sistemas de
propulsão eléctrica (motor, conversor e controlador), As razões assentam nos rendimentos muito superiores dos
vantagens e desvantagens relativas. motores eléctricos, bem como na capacidade de efectuarem
frenagens regenerativas.
Por último, uma abordagem acerca das tendências futuras
dos veículos eléctricos. Neste cenário, é de referir também o contributo das fontes
renováveis de energia eléctrica na redução das emissões de
1. INTRODUÇÃO poluentes para a atmosfera.

Embora o tema dos veículos eléctricos tenha conhecido uma A tabela 1 apresenta uma comparação entre veículos
divulgação alargada, sobretudo nas duas últimas décadas, eléctricos e convencionais (baseados em motores térmicos)
não se trata de uma novidade propriamente dita. No final [2].
do século XIX eram relativamente populares e, até finais da
década de 1910, as suas vendas tiveram alguma expressão. A proliferação dos veículos eléctricos será ditada pela
Somente a partir da década de 30, os veículos eléctricos aceitação dos utilizadores dos actuais meios de transportes
desapareceram, devido aos desenvolvimentos (nos designados países desenvolvidos trata‐se da
generalidade dos seus cidadãos).

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ARTIGO TÉCNICO

Tabela 1 – Características de Veículos Eléctricos e Convencionais 

Veículos Eléctricos Veículos c/ Motores


/ Térmicos

Tipo de Motor Motor Eléctrico Motor de Combustão Interna 

Baterias, super condensadores, 
Fonte de Energia Gasolina e Gasóleo
células de combustível
Elevado (fundamentalmente, 
Peso Próprio Leves, em termos comparativos
devido às baterias)
devido às baterias)
Pode prescindir de caixa de  Sistema de Engrenagens (caixa 
Transmissão de Potência
velocidades de velocidades)

Frenagem Regenerativa Dissipativa

Rendimento Elevado Baixo

Impactos Ambientais Reduzidos Elevados

Custo Inicial Elevado Médio

Custos de Manutenção Reduzidos Muito Elevados

Tal significa que, no mínimo, os veículos eléctricos têm de 2.1. Sistema de Gestão de Energia
apresentar características semelhantes às dos actuais,
baseados em motores térmicos, tais como: segurança, O sistema de gestão de energia (implementado pelo
conforto, fiabilidade, robustez e desempenhos, com preços controlador) assume importância fundamental, uma vez que
competitivos. o fluxo de energia, quer no “modo motor” – baterias→
motor, quer no “modo regenerativo” – motor→ baterias,
Para tal, muito têm contribuído os progressos obtidos, nos deverá ter sempre associado elevados rendimentos.
últimos anos, nos seguintes domínios: electrónica de
potência (novas arquitecturas de conversores), máquinas No funcionamento em modo regenerativo (períodos de
eléctricas (novas concepções de motores e evolução dos desaceleração do veículo), a diminuição da energia cinética
materiais), sistemas de controlo (gestão optimizada dos do veículo não se traduz em dissipação, mas antes em
fluxos de energia, com bons desempenhos na tracção) e armazenamento de energia.
sistemas de armazenamento de energia.
2.2. Sistema de Armazenamento de Energia
2. CARACTERÍSTICAS DOS VEÍCULOS ELÉCTRICOS
Actualmente, na questão da autonomia dos veículos
Em termos básicos, um veículo eléctrico assenta na eléctricos reside o seu principal ponto fraco.
integração dos seguintes componentes (Figura 1):
‐ sistema de gestão de energia; Este facto explica a razão da generalidade dos fabricantes de
‐ sistema de armazenamento de energia; automóveis disponibilizarem apenas veículos híbridos
‐ sistema de propulsão eléctrica. (motor térmico + motor(es) eléctrico(s)).

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ARTIGO TÉCNICO

Figura 1 – Estrutura de um Veículo Eléctrico (baseado em [3])

Não obstante a necessidade de grandes melhorias nas primeiros mas têm valores superiores aos das células de
características dos sistemas de armazenamento de energia, combustível.
há a registar evoluções importantes nos últimos anos.
São de referir os desenvolvimentos nas baterias baseadas
Embora se afaste do tema principal a tratar neste artigo, é em níquel (Ni) e iões de lítio (Li), principalmente nestas
feita, em seguida, uma breve referência ao estado actual últimas (elevada densidade de energia).
daqueles sistemas [2], [4].
b) Super Condensadores
As principais características destes sistemas são:
‐ energia específica (Wh/Kg); Apresentam valores muito elevados de potência específica.,
‐ potência específica (W/Kg); no entanto, têm valores baixos de energia específica, pelo
‐ densidade de energia (Wh/volume); que são usados como complemento das baterias ou células
‐ densidade de potência (W/volume); de combustível.
‐ vida útil (nº de ciclos);
‐ temperatura de funcionamento ; Têm tempos de carga muito curtos.
‐ custo.
Possuem características importantes para permitir bons
a) Baterias comportamentos dinâmicos (potência suficiente para as
acelerações e capacidade de recuperação de energia nas
Têm valores de energia específica superiores aos super frenagens).
condensadores e inferiores às células de combustível.
Têm ciclos de funcionamento mais elevados do que as
No que se refere à potência específica, são inferiores aos baterias.

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ARTIGO TÉCNICO

c) Células de Combustível A Figura 2 ilustra a sua constituição:


‐ motor eléctrico;
Estes sistemas produzem energia eléctrica, através da ‐ conversor de potência;
reacção química do hidrogénio e oxigénio, sendo o vapor de ‐ ‐ controlador;
água o único produto da reacção. ‐ sistema de transmissão mecânica.

O seu impacto ambiental é nulo, apresentado rendimentos As exigências impostas pelos veículos eléctricos implicam
elevados. Têm elevados valores de energia específica motores com características particulares, sendo de destacar:
(superiores aos das baterias e super condensadores), mas elevadas densidades de potência e de binário, rendimentos
baixos valores de potência específica (inferiores aos altos em diferentes regimes de carga (não apenas o nominal)
daqueles). e custos moderados.

Continuam a ser alvo de pesquisas, com vista a melhorar as O sistema de propulsão eléctrica deverá permitir dispor de
suas características e custos. elevadas potências instantâneas, com bons rendimentos, em
todos os modos de funcionamento [3], [5].

2.3. Sistema de Propulsão Eléctrica Na Figura 3 estão representadas as características mecânica


(Tel(nr)) e de potência (Pel(nr)) típicas dos sistemas de
Os sistemas de propulsão eléctrica (“drives”) apresentam propulsão eléctrica.
estruturas semelhantes às das “drives” industriais, em uso há
já vários anos. No entanto, atendendo às especificidades dos Está também incluída a característica mecânica típica de um
veículos eléctricos – arranques e paragens sucessivas, motor térmico (tracejado).
regimes de carga e condições ambientais distintas, etc. –, as
suas características são, em geral, muito diferentes das É visível a excelente adaptação dos sistemas eléctricos aos
“drives” industriais [5]. É sobre este sistema que se procurará requisitos de qualquer veículo de tracção.
incidir com mais detalhe.

Figura 2 – Estrutura Básica do Sistema de Propulsão Eléctrica (setas a cinzento: fluxo de energia)

16|
ARTIGO TÉCNICO

Actualmente, as principais escolhas são as seguintes:


‐ Motor de Corrente Contínua (DC);
‐ Motor de Indução Trifásico;
‐ Motor Síncrono de Ímanes de Permanentes;
‐ Motor “Brushless” DC;
‐ Motor de Relutância Comutada.

3.1. Motor de Corrente Contínua (DC)

Historicamente, o início da tracção eléctrica esteve


intimamente associado ao motor série (DC).
Figura 3 – Características de Veículos Eléctricos e Convencionais

As razões prendem‐se com a sua característica mecânica,


No sistema eléctrico são obtidos elevados binários nas baixas vocacionada para as exigências inerentes aos sistemas de
velocidades; normalmente, acima da velocidade nominal do tracção, e com a simplicidade dos respectivos sistemas de
motor, o binário desenvolvido decresce, mantendo‐se controlo e da sua implementação (controlo independente do
aproximadamente constante a potência desenvolvida. Esta campo magnético e do binário).
zona de funcionamento – zona de enfraquecimento do
campo – é crucial em termos da gama de velocidades São também de referir a utilização de outras variantes
permitida. É, pois, uma zona importante do funcionamento clássicas de motores DC: excitação independente e “shunt”.
dos motores eléctricos
lé dos sistemas de propulsão
l [ ]
[3].

No entanto, os motores de corrente contínua convencionais


Comparando com a característica de um motor de apresentam rendimentos relativamente baixos, bem como
combustão, há a salientar que o binário desenvolvido no baixas densidades de potência, para além de exigirem
arranque é inferior neste último. elevados níveis de manutenção (fiabilidade reduzida). Para
tal, muito contribui a existência do sistema colector/escovas,
A zona de
d funcionamento
f i com potência
ê i constante é o qual impõe também limites nas velocidades.
conseguida, no caso dos motores térmicos, somente com a
inclusão de um sistema de transmissão múltipla, não sendo Em certos casos, são usados motores DC de ímanes
necessário nos sistemas eléctricos. permanentes (não têm enrolamento de excitação, este é
substituído por ímanes permanentes).
De notar também que o valor nominal da potência do motor
d combustão
de b ã é necessariamente
i mais
i elevado,
l d ou seja,
j um Embora apresentem melhores rendimentos, não eliminam
veículo eléctrico cujo funcionamento está circunscrito à zona os inconvenientes do comutador mecânico (colector), para
das baixas velocidades, terá associado um motor com menor além das limitações de potência e preço, associados aos
potência nominal [6]. ímanes permanentes. A título de exemplo [7]: carro de golfe,
sem controlo no modo de enfraquecimento de campo
3. TIPOS DE SISTEMAS DE PROPULSÃO ELÉCTRICA (apenas baixas velocidades).

Os sistemas de propulsão eléctrica são caracterizados pelo


tipo de motor associado.

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ARTIGO TÉCNICO

Normalmente, ambos os enrolamentos dos motores DC são A capacidade de processamento necessária à implementação
equipados com conversores de potência – “Choppers” dos sistemas de controlo por orientação de campo é elevada,
baseados em MOSFET’s (Metal Oxide Semiconductor Field‐ uma vez que estes se baseiam em modelos dinâmicos do
Effect Transistor) –, permitindo o funcionamento em modo motor, fortemente não lineares, expressos em referenciais
regenerativo (conversor ligado à armadura) e na zona de distintos. Também a variação dos parâmetros do motor (em
enfraquecimento de campo (conversor ligado à excitação) particular, a resistência rotórica) tem importância
[7]. determinante na eficácia destes sistemas de controlo.

Os avanços verificados na electrónica de potência Os conversores de potência mais utilizados baseiam‐se em


(principalmente, a partir da década de 80 do século IGBT´s (Insulated Gate Bipolar Transistor), sendo as tensões
passado), permitiram a implementação de sistemas de aplicadas ao motor obtidas por modulação de largura de
controlo para máquinas de corrente alternada (AC), embora impulsos (PWM).
mais complexos do que no caso DC.
Os sistemas de controlo são actualmente baseados em
Uma vez que são motores com concepções mais simples e processadores digitais de sinal (DSP).
robustas (menor manutenção e preço), com maiores
densidades de potência e rendimentos, tornaram‐se A Figura 4 apresenta a estrutura dos inversores mais
preferenciais aos tradicionais sistemas DC. comuns.

3.2. Motor de Indução Trifásico

São muito utilizados, atendendo à sua simplicidade


construtiva e robustez, principalmente a variante em gaiola
de esquilo, apresentando rendimentos mais elevados
relativamente aos motores DC.
Figura 4 – Inversor de Motor de Indução Trifásico 

Embora não possuam características naturais para a tracção ( t


(setas a vermelho: semicondutores de potência controlados)
lh i d t d tê i t l d )

eléctrica, a implementação de sistemas baseados no


controlo vectorial – controlo por orientação de campo – Como referido, aos comportamentos dinâmicos exigidos,

permitiram melhorar os desempenhos dinâmicos deste tipo acresce também os elevados rendimentos associados aos

de motores, possibilitando o funcionamento nas duas zonas fluxos de energia – modo motor e frenagem regenerativa.

indicadas na Figura 3: binário constante e potência


constante. São características fundamentais a garantir pelos sistemas de
controlo, que continuam a ser alvo de investigação.

O controlo por orientação de campo assenta numa filosofia


semelhante à dos motores DC (controlo independente do 3.3. Motor Síncrono de Ímanes de Permanentes

fluxo e do binário). No entanto, a sua implementação é


muito mais complexa, uma vez que, no motor de indução Estes motores, designados na literatura anglo‐saxónica por

trifásico não existe um circuito próprio para a excitação – “permanent


permanent magnet brushless AC motors
motors”, apresentam uma

ausência de “desacoplamento” natural das grandezas físicas configuração estatórica semelhante à das máquinas AC

(correntes) que controlam o campo magnético e o binário. polifásicas convencionais.

18|
ARTIGO TÉCNICO

A principal diferença reside no rotor, onde o enrolamento de Onde:


excitação não existe, bem como o sistema de anéis e Ld coeficiente de auto‐indução longitudinal do enrolamento
escovas, sendo substituído por ímanes permanentes com induzido;
elevadas densidades de energia, em resultado dos Lq coeficiente de auto‐indução transversal do enrolamento
progressos obtidos nas últimas décadas neste domínio. induzido.

Actualmente, são de destacar os ímanes baseados em Deste modo, o binário desenvolvido tem duas componentes:
elementos de terras raras, em particular, ligas de neodímio, uma resultante da interacção do campo magnético fixo e do
ferro e boro (Nd‐Fe‐B). campo de reacção do induzido; uma segunda componente
resultante do binário de anisotropia.
Relativamente aos motores síncronos convencionais, têm
maiores densidades de potência (redução de peso e Assim, na zona de funcionamento com binário constante
volume), melhores rendimentos (eliminação das perdas (baixas velocidades) – Figura 3 – são obtidos elevados
rotóricas), maior robustez e fiabilidade (ausência de anéis e valores de binários.
escovas).
Estes são motores com elevadas densidades de binário.
Em relação a estas últimas, estão ao nível dos motores de
indução trifásicos, tendo ainda melhores rendimentos e Os conversores de potência mais usuais assemelham‐se aos
maiores densidades de potência [8]. anteriores, com tensões de alimentação reguladas pela
tecnologia PWM.
A Figura 5 apresenta dois cortes seccionais de configurações
destes motores. Os sistemas de controlo são baseados no controlo vectorial –
controlo do ângulo de binário.

A presença do campo constante do rotor não torna possível


o funcionamento no modo de enfraquecimento de campo,
através dos sistemas de controlo usuais nas máquinas
síncronas convencionais. Assim, o funcionamento na zona de
velocidades elevadas (Figura 3) implica controlar a
componente desmagnetizante do campo de reacção do
induzido, em fase com a posição do campo rotórico
Figura 5 – Motor Síncrono de Ímanes Permanentes [8] (componente longitudinal – eixo d).

Os ímanes são colocados no interior da estrutura rotórica. O desenvolvimento de novas estratégias de controlo das
componentes da reacção do induzido – eixos d, q – (por ex.,
Por um lado, torna possíveis velocidades mais elevadas, uma com maior imunidade às variações dos parâmetros do
vez que a fixação dos ímanes permite suportar forças motor), que podem incluir novas configurações de máquinas
centrifugas mais elevadas; por outro lado, esta configuração de ímanes permanentes, continua a ser alvo de interesse da
d t este
dota t tipo
ti de
d motores
t d características
de t í ti anisotrópicas
i tó i investigação, com vista a melhorar as suas características [8].
(Ld≠Lq), mais concretamente, anisotropia inversa (Ld<Lq).

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ARTIGO TÉCNICO

3.4. Motor “Brushless” DC As características referidas das correntes estatóricas, bem


como a comutação electrónica, implicam a inclusão de
Do ponto de vista construtivo, este tipo de motores têm uma conversores de potência e sistemas de controlo dedicados.
estrutura semelhante aos motores DC convencionais, sendo
eliminados o enrolamento da armadura e o sistema Estes últimos são bastante mais simples do que no caso dos
colector/escovas. motores síncronos de ímanes permanentes [8], [9].

No rotor são colocados ímanes permanentes, à semelhança 3.5. Motor de Relutância Comutada
dos motores anteriores.
Estes motores são muito semelhantes aos motores de passo
Os enrolamentos do estator são alimentados por uma fonte de relutância variável, necessitando de um conversor e
exterior, sendo através destes que se dá a entrada de controlador dedicados.
energia eléctrica.
Com efeito, os enrolamentos do estator são alimentados
Há dois aspectos fundamentais a referir: com impulsos de corrente (uma fase de cada vez), em função
da posição do rotor, o que implica também a inclusão de
‐ A função de comutação do colector/escovas é sensores de posicionamento rotórico.
substituída por um sistema de comutação electrónica: a
comutação das correntes nos enrolamentos do estator é Apresentam uma construção simples, robusta e fiável, à
feita em função do conhecimento, em cada instante, da semelhança dos motores AC anteriores.
posição do campo magnético rotórico. Normalmente,
são utilizados sensores de efeito de Hall para este fim. A Figura 6 apresenta um corte seccional de uma
configuração real deste tipo de motor.
‐ Atendendo à configuração deste tipo de motores, a
distribuição espacial do campo magnético do rotor no
entreferro é, em cada instante, do tipo rectangular (mais
precisamente, trapezoidal). As correntes que circulam
nos enrolamentos estatóricos têm uma evolução
temporal do tipo rectangular (trapezoidal). Em
comparação com distribuições de campos magnéticos e
correntes sinusoidais, com os mesmos valores de pico
(motores anteriores), os binários desenvolvidos são
consideravelmente mais elevados, atendendo aos Figura 6 – Motor Trifásico de Relutância Comutada ( 6 pólos no 

maiores valores eficazes. No entanto, existirá uma maior estator e 4 pólos no rotor)   [10]

componente alternada no binário desenvolvido.


Os circuitos magnéticos do estator e do rotor são formados

Deste modo, para além das vantagens comuns aos motores por empilhamentos de chapas de materiais ferromagnéticos.

síncronos de ímanes permanentes – robustez, fiabilidade,


elevados rendimentos – há a salientar as elevadas Os enrolamentos do estator são colocados em torno dos

densidades de potência, superiores às dos motores respectivos núcleos polares. De notar que na estrutura

anteriores. rotórica (pólos salientes) não existem enrolamentos nem


ímanes permanentes.

20|
ARTIGO TÉCNICO

Tal como os motores “brushless” DC, caracterizam‐se por Como tal, far‐se‐á em seguida, uma síntese das
distribuições de campo no espaço rectangulares. São características dos sistemas baseados em motores AC,
máquinas anisotrópicas, cujo princípio de funcionamento anteriormente apresentados.
assenta no desenvolvimento de um binário de relutância.
a) Robustez e simplicidade

Apresentam excelentes características para a tracção – Os sistemas com motores de indução trifásico e de relutância

binários muito elevados nas baixas velocidades e zona de comutada apresentam maior robustez e fiabilidade, com

funcionamento com potência constante caracterizada por menor necessidade de operações de manutenção.

intervalos alargados de velocidades.


b) Rendimento, densidade de Potência e binário

Os conversores de potência utilizados apresentam Os motores de ímanes permanentes têm os melhores

características próprias: usualmente, existem dois rendimentos, bem como densidades de potência e binário,

semicondutores de potência por fase (por ex., IGBT´s, em particular, o motor “brushless” DC. De destacar também

MOSFET´s), o que poderá implicar um elevado número de o motor de relutância comutada em termos de densidade de

semicondutores no conversor, no caso de motores com bi á i


binário.

elevado número de fases. No entanto, como as correntes do


c) Custo
estator têm forma rectangular (trapezoidal), as perdas de
Os motores de ímanes permanentes são os mais caros,
comutação nestes conversores são bastante inferiores às
essencialmente, devido ao custo dos ímanes permanentes.
que ocorrem nos motores de indução e síncronos de ímanes
permanentes. Isto permite a utilização de semicondutores
d) Conversores de potência e sistema de controlo
com valores nominais mais baixos, podendo compensar o
Os conversores dos motores de indução trifásicos e dos
acréscimo do número.
motores síncronos de ímanes permanentes apresentam
estruturas semelhantes; os seus sistemas de controlo
Os sistemas de controlo são bastante complexos, atendendo
assentam no controlo vectorial, embora nos primeiros
aos níveis de saturação que ocorrem no circuito magnético,
(controlo por orientação de campo) a sua implementação
particularmente, nas extremidades dos pólos do estator.
seja mais complexa, atendendo à influência que a variação
dos parâmetros do motor tem na sua eficácia. Nos motores
O binário desenvolvido não é constante; existe uma
de ímanes permanentes, o funcionamento no modo de
componente alternada (“ripple”), principalmente nas
enfraquecimento de campo implica a utilização de
velocidades baixas, que tende a diminuir com o número de
estratégias próprias.
fases do motor. Uma outra desvantagem é o ruído acústico.
Os conversores dos motores de relutância comutada
Aqui, as componentes mecânicas do motor têm também um
incluem, normalmente, um maior número de
papel importante na sua diminuição [10].
semicondutores de potência (interruptores controlados),
considerando o mesmo número de fases. Atendendo às não
3.6. Análise Comparativa dos Diferentes Sistemas
linearidades do circuito magnético destes motores, os
sistemas de controlo são bastante complexos.
Pelas razões já apresentadas, a utilização dos motores DC
convencionais nos veículos eléctricos encontra‐se cada vez
e) Desempenhos
mais limitada, praticamente nas aplicações de pequena
Os motores DC “brushless” e os motores de relutância
potência.
comutada desenvolvem binários mais elevados nas baixas
velocidades, com grandes intervalos de velocidade no

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ARTIGO TÉCNICO

funcionamento com potência constante. Apresentam A aceitação e proliferação dos veículos eléctricos
excelentes desempenhos dinâmicos, podendo prescindir da dependerão de múltiplos factores, sendo de destacar os
caixa de velocidades. sociais, ambientais, económicos e tecnológicos. O papel dos
estados de cada país (por ex., através de incentivos fiscais
Como foi referido, a classificação dos sistemas DC, com base para aquisição de veículos eléctricos) e dos fabricantes de
nos critérios apresentados, é muito inferior à dos sistemas automóveis (segurança, fiabilidade, conforto, desempenhos)
AC, com excepção para os custos e conversores de potência. assumirá importância crucial.

4. CONCLUSÕES A revitalização dos veículos eléctricos implica necessidades


de desenvolvimentos em múltiplos domínios científicos e
Os constrangimentos energéticos presentes nas últimas tecnológicos, tais como: autonomia de alimentação,
décadas, quer ao nível da limitação de recursos, quer pelos electrónica de potência, máquinas eléctricas e sistemas de
impactos ambientais associados às fontes convencionais, controlo.
tornam as alternativas de transportes baseadas na propulsão
eléctrica cada vez mas consistentes. O desenvolvimento de sistemas de armazenamento de
energia com maior autonomia será determinante para a
Os motores DC foram os primeiros a ser aplicados na tracção proliferação, a curto prazo, dos veículos híbridos e, a
eléctrica, devido às suas características naturais e médio/longo prazo, dos veículos puramente eléctricos.
simplicidade dos sistemas de controlo. Os elevados níveis de
Bibliografia
manutenção exigidos, densidades de potência e
rendimentos relativamente baixos, a par da evolução dos [1] Situ,
Si Lixin,
Li i “Electric
“El i Vehicle
V hi l Development:
D l Th Past,
The P P
Present &
Future”, 3rd International Conference on Power Electronics
conversores de potência e sistemas de controlo de motores
Systems and Applications, 2009.
AC, conduziram à preferência por estes últimos.
[2] Gulhane, Mr. Vidyadhar , et al., “A Scope for the Research and
Development Activities on Electric Vehicle Technology in Pune
O motor de indução trifásico, amplamente utilizado no City”, IEEE, 2006.
sector industrial pela sua robustez, fiabilidade e custo, é [3] Chan, C.C., “An Overview of Electric Vehicle Technology”,
também uma opção clara para a tracção, atendendo aos Proceedings of the IEEE, Vol. 81, Nº9, September 1993.
bons desempenhos dinâmicos conseguidos através do [4] Chan, C.C., “The State of the Art of Electric, Hybrid, and Fuel Cell

controlo vectorial. Vehicles”, Proceedings of the IEEE, Vol. 95, Nº4, April 2007.
[5] Nanda, Gaurav, Kar, Narayan, “A Survey and Comparison of
Characteristics of Motor Drives Used in Electric Vehicles”, IEEE,
Os motores de ímanes permanentes e de relutância
2006.
comutada têm vindo a ganhar terreno em relação ao motor
[6] Naunin, Dietrich, “Electric Vehicles”, IEEE, 1996.
de indução trifásico. Com efeito, aliam a fiabilidade deste a [7] Weiss, Helmut, “Revitalization, Performance Measurement, and
melhores rendimentos, densidades de potência e binário, e Improvement of Electric Vehicles”, IEEE, 2008.
elevadas gamas de velocidade de funcionamento. Como [8] Krishnan, R., “Electric Motor Drives – Modeling, Analysis and
desvantagens, o custo (motores de ímanes permanentes) e Control”, Prentice Hall, 2001.

sistemas de controlo complexos (motores de relutância [9] Chan, C.C, et al., “Novel Permanent Magnet Motor Drives for
Electric Vehicles”, IEEE Transactions on Industrial Electronics,
comutada). Os sistemas baseados nestes motores
vol.43, n
nº2,
2, April 1996.
apresentam, actualmente, o maior potencial de
[10] Bill Drury, “The Control Techniques Drives and Control
desenvolvimento e de aplicações futuras.
Handbook”, The Institution of Electrical Engineers, 2001.

22|
ARTIGO TÉCNICO Luís Peixoto, Sérgio Filipe Carvalho Ramos, Eng.ºs
Televes / Instituto Superior de Engenharia do Porto

Infra‐Estruturas de Telecomunicações em Edifícios (ITED)


Oqque mudará com o ITEDRNG?
A defesa dos interesses dos consumidores de comunicações Sendo permitida a aplicação de apenas uma Caixa de Coluna,
electrónicas passa por infra‐estruturas de telecomunicações por piso, que albergará os cabos e equipamentos referentes
modernas, fiáveis e adaptadas aos serviços dos operadores às três tecnologias Cabo Coaxial (CC), Fibra óptica (FO) e Par
públicos. de Cobre (PC). Espera‐se que o instalador organize com rigor
a colocação dos mesmos na caixa evitando os possíveis
É com este parágrafo que se iniciam as prescrições técnicas cruzamentos, respeitando raios de curva e identificando
do novo Manual de Infra‐estruturas de Telecomunicações claramente todos os cabos.
em Edifícios (ITED) alterado e renovado de acordo com as
Novas Normas Europeias e sobretudo com a necessidade de Duas Fibras, dois Cabos coaxiais e um cabo Par de cobre na
se adaptarem os edifícios às Redes de Nova Geração. entrada do Armário de Telecomunicações Individual (ATI)
são as cablagens mínimas obrigatórias para fracções
O novo manual ITED não sendo um manual de ruptura autónomas presentes numa Instalação Colectiva.
relativamente ao 1º é mesmo assim bastante inovador tanto
em conceitos de infra‐estrutura como de equipamentos e No caso de uma Moradia na ligação entre a Caixa de Entrada
respectivas especificações. Moradia Unifamiliar (CEMU) e o ATI torna‐se apenas
obrigatória a passagem de Cabo par de cobre Categoria 6,
Afirmar que o novo manual ITED se relaciona com a sendo facultativa a instalação de cabo das restantes
obrigação de instalar fibra óptica nos edifícios trata‐se de tecnologias, Fibra e Cabo Coaxial.
uma afirmação bastante redutora daquilo que representa na
realidade o novo Manual ITED. Por fogo habitacional, em cada divisão – Quartos, e Sala ‐
será obrigatória a instalação de uma Tomada Mista ( TV
Para além da introdução da fibra óptica, o novo manual 5…2150 MHz + RJ45 Cat. 6 ) e ainda um Tomada RJ45. Na
introduz melhoras nas condutas, nos equipamentos, Cozinha reserva‐se a obrigatoriedade de apenas uma
respectivas aplicações e métodos de comprovação, cujas Tomada Mista.
principais diferenças para o anterior se pretendem destacar
neste artigo.

Desde de logo se obriga à instalação de um sistema colectivo


de Antenas SMATV (Satellite Master Antenna Television) e
um outro de CATV (Cable Television, ou Community Antenna
Television) em edifícios que possuam 2 ou mais fogos.

A rede de CATV tem que obrigatoriamente partir em estrela


desde o Armário de Telecomunicações do Edifício (ATE)
inferior enquanto que a rede de SMATV seguirá a tipologia
que melhor se adeqúe ao edifício, partindo normalmente do
ATE superior em cascata de derivadores.
Tabela 1 – Caracterização das Classes e das Categorias em PC

|23
ARTIGO TÉCNICO

A Zona de Acesso Privilegiada (ZAP) passa a ser obrigatória ‐Fibra Óptica;


de colocação em qualquer fogo sendo no mínimo constituída ‐ Cabo Coaxial;
por: ‐ Cabo Par de Cobre .
• Duas Tomadas Mistas (TV 5…2150 MHz + RJ45 Cat. 6);
• Duas Tomadas Fibra Óptica. A fibra óptica a instalar nas ITED será Monomodo e a
conéctica a utilizar será SC/APC.

O cabo coaxial deverá cumprir especificações perfeitamente


definidas até aos 3GHz e pelos limites especificados para a
resistência óhmica, o condutor central terá que ser
integralmente em Cobre.
Figura 1 – Exemplo de uma tomada ZAP

A cablagem estruturada para o interior do edifício deverá


Esta pequeníssima abordagem sobre o Novo Manual ITEDRNG garantir a Classe E de ligação em cabo de Cat6.
não
ã poderia
d i concluir‐se
l i sem uma breve
b referência
f ê i aos
limites de qualidade dos mais influentes equipamentos que A figura 2 apresenta um diagrama ilustrativo do manual
compõem uma infra‐estrutura ITED: ITEDRNG num edifício colectivo.

ITEDRNG – Nova e diferente concepção de condutas

Figura 2 ‐ Diagrama redes ITED  num edifício colectivo.

24|
ARTIGO TÉCNICO

O novo paradigma da obrigatoriedade da instalação das três


tecnologias obrigará à reestruturação das caixas, armários,
bastidores ou espaço dedicados à recepção e derivação da
cablagem.

Com efeito, haverá cada vez mais uma preocupação


Tabela 2 – Caracterização das TCD‐C (Tecnologias de Comunicação 
crescente em dotar os edifícios com espaço suficiente para o
por Difusão, em cabo coaxial)
alojamento dos equipamentos activos que serão necessários
alojar no seu interior.

O Armário de Telecomunicações de Edifício (ATE), que


constitui a fronteira entre a entrada dos diferentes
operadores e a rede colectiva terá de ser convenientemente
projectada de modo a alojar as três categorias. Essa solução
poderá passar pela previsão de um espaço (sala técnica),
armário único ou multi‐armário.

Relativamente ao Armário de Telecomunicações Interior


(ATI), que faz parte da rede individual de tubagens, poderá
ser constituído por uma ou duas caixas e pelos seus
equipamentos (activos e passivos), de interligação entre a
rede colectiva e a rede individual de cabos. O ATI poderá ser
Tabela 3 – Classes de Fibra Óptica constituído por um armário bastidor, ficando a solução ao
critério do projectista.
No que respeita à utilização específica de tubos de secção
circular, dever‐se‐ão considerar a tubagem que consta das No que concerne à execução dos projectos de infra‐
Normas EN 50086‐2‐2
50086 2 2 ou EN 50086‐2‐4
50086 2 4 onde são estruturas de telecomunicações, os projectistas vêem
especificados os tipos de tubos, bem como a respectiva reconhecidas e incrementadas as suas obrigações e
adaptação ao local de instalação. responsabilidades.

Ao projectista será, pois, exigida responsabilidade pelo seu


projecto até ao final da obra devendo efectuar o
acompanhamento da execução, dar todo o apoio ao
instalador e dono de obra e, após reconhecimento dos
ensaios de funcionalidades por parte do instalador, assinar o
livro de obra. A semelhança do que foi vertido pelo decreto‐
lei 59/2000, o projecto ITED entregue nos serviços

Tabela 4 – Tipos de Tubos a usar nas ITED’s municipais não carece de aprovação ou verificação prévia.

|25
ARTIGO TÉCNICO

Para cada tipo de edifício, nomeadamente no que se refere à ‐ Memória Descritiva;


sua utilização, prever‐se‐ão soluções mínimas a adoptar em ‐ Medições e mapa de quantidades dos trabalhos;
cada caso. ‐ Orçamento;
‐ Fichas técnicas.
Caberá, no entanto, ao projectista, conjuntamente com o
dono de obra, aferir das desejáveis necessidades de Com entrada em vigor do Novo Manual de Infra‐estruturas
telecomunicações para os diversos tipos de edifícios tendo de Telecomunicações em Edifícios (Janeiro / Fevereiro de
em conta o cumprimento dos requisitos mínimos 2010), haverá a obrigatoriedade para todos os técnicos que
estabelecidos para cada um deles. trabalham nesta área, projectistas e instaladores, em obter
formação reconhecida nesta área.
O projecto de Infra‐estruturas de Telecomunicações em
Edifícios deverá ser, tipicamente, um projecto de execução, A actualização de conhecimentos, aliado ao estrito
devendo obedecer ao artigo 70.º do Decreto‐Lei 123/2009, cumprimento da legislação em vigor contribuirá, sem
de 21 de Maio, ou seja, deverá ser constituído por: precedentes, para a edificação de edifícios dotados de infra‐
‐ Informação identificadora do projectista ITED; estruturas adequadas às actuais e futuras tecnologias de
‐ Identificação do edifício a que se destina, telecomunicações.
nomeadamente a sua finalidade;

OBJECTIVOS GERAIS E ENQUADRAMENTO


Promover competências aos pós-graduados no âmbito do projecto, execução e
fiscalização de instalações de infra-estruturas de telecomunicações em
edifícios e urbanizações, sistemas de segurança, domótica e gestão técnica
centralizada.
DESTINATÁRIOS
O curso destina-se a bacharéis e licenciados recém formados na área da
Engenharia Electrotécnica e/ou Engenharia Electrónica, assim como quadros
no activo que pretendam adquirir competências no âmbito das
telecomunicações, segurança e domótica

LOCAL
ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto
Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 431, 4200-072 Porto
Tel: 228 340 500 – Fax: 228 321 159
Info: [email protected]
www.isep.ipp.pt
www.dee.isep.ipp.pt

26|
Engº António Augusto Araújo Gomes
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto

Sistemas Automáticos de Segurança


ç de Monóxido de Carbono
Detecção
Resumo expostas a uma atmosfera susceptível de lhes provocar
intoxicações e, até, mesmo a morte.
A segurança de pessoas e bens é um aspecto fundamental na
qualidade de vida das pessoas. O Monóxido de Carbono não se vê, não se cheira, não se
ouve, mas mata.
Os sistemas automáticos de segurança em geral,
geral e os sistemas
automáticos de detecção de Monóxido de Carbono (CO) em
2. Principais Fontes de Monóxido de Carbono
particular, visam assegurar a protecção das pessoas em locais cuja
qualidade atmosférica as possa por em perigo.
O Monóxido de Carbono (CO), que constitui a maior parte da
O Monóxido de Carbono é um gás inflamável, que se mistura poluição do ar, é resultado, essencialmente, da combustão
facilmente no ar ambiente, muito perigoso devido à sua elevada incompleta de combustíveis fósseis.
toxicidade
i id d e que sendo
d inodoro,
i d i l e insípido,
incolor i í id não
ã permite
i que
os ocupantes das instalações tenham consciência de estar expostas
Os incêndios florestais e o tráfego rodoviário são os
a uma atmosfera susceptível de lhes provocar intoxicações e, até,
principais exemplos de fontes de poluição por Monóxido de
mesmo a morte.
Carbono, podendo ser, também, formado por oxidação de

O Monóxido de Carbono, que constitui a maior parte da poluição


poluentes orgânicos, tais como o metano.

do ar, é resultado, essencialmente, da combustão incompleta de


combustíveis fósseis. No sector residencial, muitos aparelhos usados no dia‐a‐dia
funcionam com base em combustíveis – sólidos (lenhas,
O Monóxido de Carbono forma com a hemoglobina do sangue, um carvão), líquidos (petróleo, gasóleo) ou gasosos (gás natural,
composto mais estável do que hemoglobina e o oxigénio, podendo
propano, butano ou GPL), cuja queima pode, também, ser
levar à morte por asfixia. Concentrações abaixo de 400 ppm (parte
fonte de CO, nomeadamente:
por milhão – medida de concentração) no ar causam dores de
‐ Caldeiras (a lenha, carvão, gás e gasóleo)
cabeça e acima deste valor são potencialmente mortais.
‐ Salamandras (a lenha ou carvão)

O presente artigo aborda, em geral, a temática da detecção de ‐ Esquentadores (a gás)


monóxido de carbono, no que se refere aos aspectos ‐ Aquecedores portáteis (a GPL, ou a petróleo)
regulamentares, técnicas e tecnológicos da mesma, que possam ‐ Fogões (a lenha, carvão e gás)
servir as pessoas em geral e os projectistas e instaladores em ‐ Braseiras (a carvão)
particular.

As condutas e chaminés obstruídas ou mal dimensionadas,


1. Monóxido de Carbono provocando uma deficiente saída dos produtos da
combustão, podem igualmente, motivar o aumento da
O Monóxido de Carbono (CO) é formado pela combinação de concentração de monóxido carbono.
um átomo de carbono e um átomo de oxigénio.
As garagens e aparcamentos de veículos automóveis
É um gás extremamente perigoso devido à sua elevada cobertos são, igualmente, locais com elevado potencial
toxidade, que se mistura facilmente no ar ambiente, e que produção e concentração de Monóxido de Carbono e, por
sendo inodoro, incolor e insípido, não permite que os conseguinte, de perigo potencial para as pessoas que os
ocupantes das instalações tenham consciência de estar utilizam.

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ARTIGO TÉCNICO

3. Efeitos do Monóxido de Carbono na Saúde Os grupos mais susceptíveis aos efeitos do CO são as
crianças, as pessoas idosas e as pessoas com doenças
O Monóxido de Carbono (CO) penetra no organismo através cardíacas, respiratórias ou anemia. Os trabalhadores de
da respiração e entra nos pulmões e no sangue, garagens e polícias de trânsito estão muito expostos à
combinando‐se com a hemoglobina, diminuindo a presença deste gás, pois os automóveis libertam para a
capacidade de transporte de oxigénio dos pulmões até aos atmosfera elevadas quantidades de monóxido de carbono.
tecidos. As nossas casas podem, igualmente, ter problemas de
acumulação de CO, sendo que em Portugal entre os anos de
A exposição a este poluente traduz‐se em dificuldades 1995 e 2003, o número de mortes ocorridas por efeito tóxico
respiratórias e asfixia, principalmente para os indivíduos com de monóxido de carbono foi de 268, o que corresponde a
problemas cardiovasculares. Para além disso este poluente quase 30 mortes por ano.
provoca também a diminuição da percepção visual, destreza
manual e capacidade de trabalho. 4. Protecção Geral Contra a Intoxicação por Monóxido de
Carbono
Existem dois tipos de intoxicação por monóxido de carbono:
‐ A intoxicação crónica, cujos sintomas são dores de Caso se verifique uma intoxicação por inalação de Monóxido
cabeça, náuseas, vómitos e cansaço, a qual se poderá de Carbono, deverão de imediato ser tomadas algumas
desenvolver de forma lenta e afecta pessoas medidas para protecção da vítima, nomeadamente:
habitualmente expostas às concentrações elevadas de ‐ Arejar o local;
CO; ‐ Desligar os aparelhos que possam estar na origem do
‐ A intoxicação aguda, que provoca vertigens, fraqueza acidente;
muscular, distúrbios visuais, taquicardia, perturbações ‐ Evacuar a vítima para fora da atmosfera tóxica, o mais
de comportamento, desmaios e, no limite, o coma e rapidamente possível, e colocá¬‐la em repouso,
mesmo a morte. preferencialmente, deitada;
‐ Chamar os serviços médicos de emergência
No que se refere ao sector residencial, a análise dos
acidentes resultantes de intoxicações com CO, efectuadas Contudo, dever‐se‐á sempre tomar medidas que permitam
com base nos dados do sistema EHLASS / Sistema Europeu prevenir a ocorrência deste tipo de acidentes que poderão
de Vigilância de Acidentes Domésticos e de Lazer, entre os passar por:
anos de 1987 e 1999 mostra que a maioria dos ‐ Garantir que os aparelhos de queima são instalados de
acidentes/intoxicações por gás ou Monóxido de Carbono acordo com as normas e especificações técnicos em vigor
ocorrem no Outono/Inverno e têm a sua origem em e por entidades reconhecidas;
equipamentos para aquecimento (por exemplo salamandras ‐ Proceder à manutenção regular dos aparelhos que
e caldeiras) que, normalmente por esquecimento, são utilizem combustíveis fósseis, recorrendo aos serviços de
deixadas acesas durante a noite. entidades reconhecidas;
‐ Providenciar, periodicamente, inspecções às instalações
A perigosidade destes acidentes reflecte‐se no elevado de gás, realizadas por entidades devidamente
número de hospitalizações e óbitos registados anualmente, reconhecidas para o efeito.
com origem no Monóxido de Carbono (9% dos acidentes ‐ Proceder à limpeza regular dos queimadores dos fogões
ocorridos por intoxicação / envenenamento). A taxa de a gás, caso estes apresentarem sinais de estarem
letalidade (relação entre o numero de óbitos e o número de obstruídos, no caso da mistura ar‐gás não se efectuar nas
vítimas) também é elevada: 5%. melhores condições, originando maior produção de CO;

28|
ARTIGO TÉCNICO

‐ Não manter em funcionamento o motor do automóvel Edifícios (SCIE), no seu artigo 185.º, determina as
dentro de uma garagem fechada, uma vez que a características dos sistemas automáticos de detecção de gás
quantidade de CO libertada pode tornar‐se perigosa. combustível, nomeadamente no que se refere à constituição
‐ Não adquirir aparelhos que não respeitem as normas de dos mesmos.
segurança;
Assim um sistema de detecção automática de Monóxido de
As medidas anteriormente mencionadas poderão ser Carbono será constituído pelos seguintes elementos,
complementadas com a instalação de um Sistema de devidamente homologados e compatíveis entre si:
Detecção Automática de Monóxido de Carbono, que de uma ‐ Unidade de controlo e sinalização;
forma autónoma e automática detecta as concentrações ‐ Detectores;
perigosas de monóxido de carbono e, de acordo com essas ‐ Sinalizadores óptico‐acústicos;
concentrações, promove medidas de sinalização e de ‐ Transmissores de dados;
redução desses níveis de concentração, por extracção e/ou ‐ Cabos
insuflação de ar. ‐ Canalizações

5. Detecção Automática de Monóxido de Carbono A figura 1, mostra a arquitectura geral de um sistema de


detecção de monóxido de carbono:
5.1. Definição
Gestão Técnica
Centralizada
Um sistema de detecção e alarme de Monóxido de Carbono
(CO) é uma instalação técnica com a capacidade de medir e
comparar automaticamente a concentração de Monóxido de
Sinalizadores
Carbono, e quando essas concentrações atingirem valores Ópticos-
Detectores Unidade de
acima dos valores pré‐estabelecidos, sinalizar e executar Automáticos Acústicos
Controlo e
todas as acções definidas como necessárias, para garantir o Sinalização
Sistemas de
aviso e a protecção dos seres vivos.
Extracção/Insu
flação Ar

5.2. Enquadramento Regulamentar


Outros
Imputs Outros
Outputs
O enquadramento regulamentar de segurança contra
incêndio em edifícios, encontra‐se definido pela Portaria n.º
1532/2008 de 29 de Dezembro aprovou e publicou o
Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Alimentação Alimentação
Rede Emergência
Edifícios (SCIE), conforme determinado no artigo 15ª do
Decreto‐Lei n.º 220/2008 de 12 de Novembro que aprovou o
regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios Figura 1 – Arquitectura Geral de um Sistema Automático de 
(SCIE) e, que, entre outros aspectos, aborda a questão da Detecção de Monóxido de Carbono
detecção de gases e do controlo da poluição do ar.
‐ Unidade de Controlo e Sinalização
5.3. Constituição Geral do Sistema
A Unidade de Controlo e Sinalização (Central de Detecção e
O Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio em Alarme) é o “cérebro” do sistema.

|29
ARTIGO TÉCNICO

É um equipamento electrónico programável, capaz de técnicas dos fabricantes dos equipamentos, de modo a
interpretar correctamente as informações vindas dos verificar quais as áreas de protecção efectivas dos mesmos.
detectores automáticos e de outros tipos de inputs, de
monitorizar o funcionamento dos diversos elementos e c) Altura de Colocação
respectivos circuitos, gerar sinalização e executar comandos,
em conformidade com a programação predefinida. O Monóxido de carbono é um gás menos denso que o ar,
pelo que tem tendência para subir e, por conseguinte,
As Unidade de Controlo e Sinalização podem ser, em termos acumular‐se na parte superior das instalações.
funcionais, divididas em dois grupos principais:
Gás Fórmula Volume Molar Densidade em 
‐ Sistema de Zonas;
Relação ao Ar
São sistemas de pequenas dimensões em que as acções
Monóxido  CO 22,40 0,967
são definidas por zona.
Carbono
‐ Sistema Endereçável.
São sistemas de grandes dimensões em que as acções Tabela 1 – Características do Monóxido de Carbono
podem ser definidas por elemento.
O Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em
‐ Detectores Edifícios (SCIE), no seu artigo 180.º determina que os
detectores do sistema automático de monóxido de carbono
Tem como função realizar a medição dos níveis de devem ser instalados a uma altura de 1,5 m do pavimento.
concentração de monóxido de carbono e de transmitir essa
informação à central. d) Sinalizadores Óptico‐Acústicos

a) Tecnologias O Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em


Edifícios (SCIE), no seu artigo 180.º determina quando for
As tecnologias detecção, varia de fabricantes pata fabricante atingida a concentração de 200 ppm de monóxido de
de equipamento, mas, de um modo geral, as mais utilizadas carbono, as pessoas devem ser avisadas através de um
são as seguintes: alarme óptico e acústico colocado junto às entradas do
‐ Electroquímicos; espaço em questão, por cima das portas de acesso e no
‐ Pelistor; interior nos nós de circulação.
‐ Catalitico
‐ Semicondutor. A referida sinalização é realizada através de sinalizadores
óptico‐acústicos, normalmente construídos em caixa
b) Área
Á de Protecção metálica, que possuirão no visor frontal a inscrição
«Atmosfera Saturada‐CO», a qual será iluminada em caso de
O Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em alarme e possuirão também, um avisador acústico
Edifícios (SCIE), no seu artigo 180.º, determina que os incorporado, com som intermitente.
detectores do sistema automático de monóxido de carbono
devem ser distribuídos uniformemente de modo a cobrir e) Canalizações
áreas inferiores a 400 m² por cada detector.
Neste particular salienta‐se o disposto no Artigo 77.º ‐
Dever‐se‐á, no entanto, ter em atenção as especificações Protecção dos circuitos das instalações de segurança,

30|
ARTIGO TÉCNICO

do Regulamento de Segurança Contra Incêndio em Edifícios. No caso particular do Monóxido de Carbono, quanto mais
. rápido for detectada a sua presença, menores serão os
f) Alimentação de Energia Eléctrica perigos e danos provocados por ele, podendo mesmo
poupar‐se vidas.
O sistema de detecção automática de monóxido de carbono
deve, em situação normal de funcionamento, ser alimentado No projecto e instalação de sistemas de segurança, em geral
pela rede eléctrica 230V/50 Hz. e, de detecção automática de Monóxido de Carbono, em
particular, é fundamental o conhecimento profundo dos
O Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em aspectos regulamentares que enquadram a área, assim como
Edifícios (SCIE), no seu artigo 180.º determina que o sistema o conhecimento técnico e tecnológicos sobre os
automático de detecção de monóxido de carbono deverá equipamentos disponíveis no mercado, de modo a garantir
dispor de uma fonte local de energia, capaz de garantir o que os equipamentos especificados são os mais indicados,
funcionamento do mesmo por um período não inferior a 60 quer em termos características e qualidade, quer em termos
minutos em caso de falha de energia da rede. económicos.

g) Simbologia de Projecto Cada vez mais, existem parques de estacionamento cobertos


e os espaços para actividades de lazer e de compras são,
A simbologia a utilizar no projecto de Sistemas de Detecção também, dotados de parques de estacionamento cobertos,
Automática de Monóxido de Carbono é a seguinte: potenciando o perigo de concentrações de CO perigosos
para as pessoas.
Central de Detecção de Monóxido
de Carbono
A existência de equipamentos de detecção automática da
Sinalizador de Atmosfera Perigosa 
presença de gases tóxicos confere às pessoas uma maior
(CO)
confiança nos espaços de utilização e, consequentemente,
Detector de Monóxido de Carbono
uma maior qualidade de vida.

Devendo, em cada peça desenhada, constar da legenda os A qualidade de vida e a protecção das pessoas constituem,
símbolos utilizados nessa peça. cada vez mais, um processo concomitante das sociedades
modernas, para isso contribuindo em geral os sistemas
6. Considerações Finais automáticos de segurança e, em particular, os sistemas
automáticos de detecção de Monóxido de Carbono.
Este artigo visou abordar aspectos regulamentares, técnicos,
Fontes de Informação Relevantes
Fontes de Informação Relevantes
tecnológicos e conceptuais, ao nível do projecto e da
instalação de Sistemas Automáticos de Detecção de [1] Decreto‐Lei n.º 220/2008 de 12 de Novembro, regime
Monóxido de Carbono. jurídico da segurança contra incêndios em edifícios.
[2] Portaria n.º 1532/2008 de 29 de Dezembro, Regulamento
Uma segura, fiável e rápida detecção de presença de gases Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios.
tóxicos, que possam colocar em perigo a vida de pessoas e [3] www.dgge.pt
animais, é um componente crucial de um conceito geral de [4] www.fichet.pt
sistemas de segurança e protecção. [5] Fire Protection Handbook, NFPA
[6] www.nfpa.org

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Engº Roque Filipe Mesquita Brandão
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto

Centrais Fotovoltaicas
p p ç
para a Microprodução
1. Enquadramento e reflecte‐se no ambiente, devido à produção crescente de
Gases com Efeito de Estufa (GEE).
Portugal, produz apenas uma pequena parte da energia que
consome, toda a restante energia consumida é importada. No ano de 2008 a potência instalada em Portugal era de
14916 MW, sendo que 30,7% dessa potência é da
Portugal apresenta uma forte dependência energética do responsabilidade das centrais hidroeléctricas, 39,01% da
exterior, das maiores da UE. responsabilidade de centrais termoeléctricas e 30,29% é
referente a produção em regime especial (P.R.E.). De entre
Não explorando quaisquer recursos energéticos fósseis no os P.R.E. destacam‐se os 2624 MW da responsabilidade de
seu território desde 1995 (quando deixou de extrair carvão), produtores eólicos e apenas 50 MW instalados em sistemas
a sua própria produção de energia assenta exclusivamente fotovoltaicos [1].
no aproveitamento dos recursos renováveis, como sendo a
água, o vento, a biomassa e outros em menor escala. No entanto Portugal, à excepção do Chipre, tem a melhor
insolação anual de toda a Europa, com valores 70%
Esta situação tem consequências directas na nossa superiores aos verificados na Alemanha. Esta diferença leva
economia, uma vez que o custo dos combustíveis fósseis a que o custo da electricidade produzida em condições
importados encarece a produção de bens e serviços em idênticas seja 40% menor em Portugal. Este aspecto é uma
território nacional. Para além disso tem também implicações enorme vantagem que tem de ser capitalizada.
sociais, pois representa custos acrescidos para o consumidor

Fig.1 Irradiação solar (kWh/m2)

|33
ARTIGO TÉCNICO

2. Produção Descentralizada Entre 1990 e 1995 promoveu um programa de instalação de


painéis fotovoltaicos ligados à rede em 1.000 telhados, vindo
Em Portugal, a produção de energia eléctrica através de a atingir a marca de 2.250 equipamentos, com potência
instalações de pequena escala, utilizando fontes renováveis média de 2,6 kWp por telhado, abrangendo mais de 40
de energia ou processos de conversão de elevada eficiência cidades. Este projecto foi um sucesso, o que deu origem a
energética, pode contribuir para uma alteração do panorama um novo programa. O “100.000 telhados solares” foi
energético português, de forte dependência do exterior. lançado, com o objectivo de alcançar 500 MW de geração de
energia solar [2]. No final de 2008 a Alemanha tinha mais de
Com a entrada em vigor do Decreto‐Lei nº 363/2007 de 2 de 5GW de potência instalada de origem fotovoltaica,
Novembro, cujo objecto é o de estabelecer o regime jurídico apresentando taxas de crescimento de 1,5 GW/ano.
aplicável à produção de electricidade por unidades de
microprodução, a produção descentralizada, nomeadamente 3. Componentes de uma Central Fotovoltaica
a produção através de centrais fotovoltaicas, atingiu uma
grande dinâmica. Como o dimensionamento de centrais de microprodução
fotovoltaicas é um assunto ainda novo mas em rápida
Com a produção mais próxima dos locais de consumo evolução, nomeadamente em termos de necessidade de
energético consegue reduzir‐se os custos de transporte e instalação, a formação de todos os agentes envolvidos no
distribuição, permitindo a autonomia e redundância processo é ainda uma lacuna.
energética.
É normal verem‐se cometidos alguns erros de
Com a ligação destes equipamentos de produção às redes de dimensionamento, instalação e operação dos sistemas.
baixa tensão, o paradigma do sistema energético muda.
Aspectos como a localização, a escolha do inversor, a escolha
As redes de baixa tensão passam a assumir um protagonismo do tipo de painel fotovoltaico a instalar, o estudo da
cada vez maior em termos da obtenção de uma maior estrutura de suporte, a análise da potência à entrada (DC) e a
eficiência económica e energética. injectar (AC) e a simulação do sistema antes da instalação
A nível mundial também há a preocupação da produção são muitas vezes descurados pelos técnicos e projectistas,
descentralizada, salientando‐se a Alemanha que foi um dos mas que assumem uma importância extrema para que o
países pioneiros na utilização da energia fotovoltaica sistema escolhido funcione nas condições óptimas.
distribuída.

Fig.2 Microprodução descentralizada

34|
ARTIGO TÉCNICO

a) Localização direcção do Sul e a projecção da linha do sol, próximo do


intervalo compreendido entre 150° Este e 208° Oeste.
O sistema fotovoltaico pode ser instalado em qualquer
superfície com boa exposição solar. O mesmo se passa se em vez de se analisar a radiação, se
analisar a energia recebida. É facilmente perceptível pela
Para optimizar o rendimento do sistema fotovoltaico, este é figura 4 que o ponto de orientação em que a energia
adaptado às características arquitectónicas do edifício, recebida é maior é com uma inclinação de 30° e orientada a
podendo ser instalado em telhados inclinados ou planos, Sul. No entanto é possível com uma inclinação e orientação
integrados nas fachadas ou em campo aberto. A orientação diferentes obter a mesma energia.
dos painéis também é um aspecto muito importante. Como
Portugal está situado no hemisfério Norte a orientação ideal
é voltada para sul.

A localização da instalação é muito importante para se poder


realizar um projecto mais coerente e real. Cada local tem
uma incidência do sol distinta, alterando assim a produção
de energia eléctrica.

O estudo realizado na Alemanha, no Institut für Solare


Energiesysteme (ISE), em Fraunhofer [3] consegue dar uma
perfeita noção da variação da radiação solar com o ângulo de Fig. 4‐ Variação da energia produzida.

inclinação e a sua orientação (figura 3). De salientar que o


referido instituto trabalha no estudo de sistemas b) Inversor

fotovoltaicos há mais de 20 anos.


Nos sistemas conectados à rede, a corrente DC produzida

A radiação tem o seu ponto máximo de incidência quando pelos painéis fotovoltaicos não pode ser ligada directamente

orientado a Sul com uma inclinação de 30°, mas consegue‐se à rede eléctrica.
eléctrica

ter praticamente a mesma radiação com variações de ângulo


de inclinação entre aproximadamente os 17° e os 43°, bem Para tal existem equipamentos, denominados por

como um ângulo azimutal, isto é, ângulo formado entre a inversores, que fazem a conversão de corrente contínua em
corrente alternada, com características similares à da rede
eléctrica, no que diz respeito à tensão, frequência, forma de
onda distorção harmónica,
onda, harmónica etc.
etc

Os inversores, como qualquer outro componente de um


sistema fotovoltaico, devem dissipar o mínimo de potência,
produzir uma tensão com uma taxa de distorção harmónica
baixa e em sincronismo com a rede eléctrica, quando o
sistema estiver conectado à rede.
rede

Fig. 3 – Variação da Radiação solar kWh/m2

|35
ARTIGO TÉCNICO

No caso de inversores conectados à rede eléctrica, estes


podem ser classificados em dois tipos, os que são comutados
pela própria rede, que utilizam o sinal da mesma para se
sincronizarem e os auto‐comutados, onde um circuito
electrónico no inversor controla e sincroniza o sinal ao sinal
da rede.

Um dos critérios mais importantes na escolha do inversor é o


seu rendimento. Sendo este o elemento que converte a
energia continua vinda dos painéis fotovoltaicos em energia Fig. 5‐ Inversor de rede 
alternada, quanto maior for o seu rendimento menores
serão as perdas da conversão.
Algumas marcas desenvolveram inversores específicos para c) Painel Fotovoltaico
serem usados em Portugal, no entanto deverá ser escolhido
um inversor com um rendimento superior a 95%, com A escolha dos painéis fotovoltaicos a instalar deve atender a
invólucro resistente (aconselhável IP 65) e com um bom vários factores, o primeiro deles é o custo por Wp.
sistema de refrigeração.
O site www.renovaveisnahora.pt disponibiliza uma lista de Com a elevada concorrência que existe hoje em dia no
inversores que se encontram certificados em Portugal. O mercado, uma análise atenta aos painéis disponíveis poderá
produtor pode instalar um outro inversor, mas a certificação trazer alguns ganhos nos custos de aquisição. No entanto,
da instalação ficará pendente até ser apresentado o factores como o rendimento e o espaço disponível para a
certificado de conformidade do equipamento. instalação, são também aspectos a ter em conta aquando da
escolha dos painéis fotovoltaicos a instalar.
Existem vários aspectos condicionantes da escolha dos
inversores, mas no caso da microgeração um dos maiores Outro aspecto importante na escolha dos painéis
factores que limitam a escolha dos inversores e o fotovoltaicos, são as perdas por efeito de “mismatch”. Estas
rendimento do sistema são as perdas por “mismatch”. A perdas são causadas pela interligação entre as células solares
tensão DC máxima permitida à entrada do inversor, a ou entre os painéis que não possuem características iguais,
corrente máxima, o número de seguidores MPP e o número ou estão sujeitas(os) a condições diferentes. Estas perdas são
máximo de “strings” permitidas pelo inversor, importante um sério problema nos painéis fotovoltaicos pois, a saída
para limitar a influência das perdas por mismatch, são deste vai ser limitada pela célula ou células com as condições
também dados que assumem elevada importância aquando mais desfavoráveis.
da selecção do inversor a aplicar na instalação.

Fig. 6 – Efeito do sombreamento nos sistemas fotovoltaicos.

36|
ARTIGO TÉCNICO

Este fenómeno também acontece na interligação entre Um outro aspecto importante, no caso de instalação em
painéis, sendo a série de painéis limitada em corrente pelo telhados é o peso do sistema. É preciso garantir que o peso
painel que tem menor valor de corrente e em tensão pelo da estrutura, painéis e inversor não causem colapso da
menor valor de tensão das “strings” ligadas em paralelo. estrutura do edifício.

Por exemplo quando um painel de uma “string” está coberto Se a opção da central passar pela instalação de seguidores
por sombras, o valor da corrente da série de painéis em que solares, para movimentação mono axial ou bi axial, a
este está colocado vai ser limitado pela corrente deste, logo estrutura de suporte terá que ser dimensionada para
fica limitada a potência da série. permitir a instalação dos motores necessários à realização
das deslocações. Embora haja estudos que garantam ganhos
Desta forma a potência superior produzida pelos painéis não de produção na ordem dos 25% com a instalação de sistemas
atingidos pelo sombreamento tem de ser dissipada o que dotados de seguidores solares, questões como o aumento da
leva a que existam locais nos painéis em que a dissipação de manutenção do sistema terão que ser ponderadas.
potência provoca aquecimento que pode danificar
irreversivelmente um painel. A resistência aos ventos é também uma característica a ter
em conta no dimensionamento da estrutura de suporte.
Normalmente as estruturas são dimensionadas para suportar
ventos até 150 Km/h e por isso nenhum dos apoios da
estrutura de suporte deverá ter menos de 10 cm² de
superfície.

Fig. 7 – Sombreamento de painéis

d) Estrutura de Suporte

As estruturas de suporte são fundamentais para a instalação


d uma centrall fotovoltaica,
de f l i exigindo
i i d algum
l cuidado
id d na
escolha de entre as diversas variedades disponíveis no
mercado.

Uma análise cuidada ao local de instalação da central para


aferir se o terreno é regular ou irregular, ou no caso de ser
para instalação
i t l ã em telhado
t lh d se ele
l é inclinado
i li d ou não,
ã é
essencial para o correcto dimensionamento da estrutura de
suporte. Fig. 8‐ Exemplos de estruturas de suporte

|37
ARTIGO TÉCNICO

e) Potência DC Vs Potência AC Com este software é possível simular o funcionamento da


central e aferir qual o melhor posicionamento dos painéis
Os painéis fotovoltaicos são caracterizados pela sua potência por forma a minimizar o efeito do sombreamento e a
nominal máxima. maximizar a energia produzida.

Essa potência, que obrigatoriamente deve constar na ficha


técnica do produto, é obtida em condições STC (Standard
Test Conditions), ou seja, com uma radiação de 1000 W/m2,
25° C e AM=1,5.

Como essas condições quase nunca não se verificam em


condições reais de instalação e como existem perdas nos
equipamentos, é aceitável fazer‐se um
sobredimensionamento da potência instalada por forma a se
ter disponível na saída a máxima potência permitida para a
instalação.

Em instalações reais é normal sobredimensionar‐se o


número de painéis a instalar, como forma de compensar este
efeito.

No entanto, é preciso ter algum cuidado com o


sobredimensionamento por forma a não se ultrapassar a
máxima potência permitida à entrada do inversor.

f) Simulação
Fig.9 – Exemplo de dados obtidos do simulador

A simulação do sistema dimensionado e a análise dos


relatórios produzidos pelo simulador deverão assumir Informação sobre a energia prevista ser produzida e sobre as

importância crucial pois, é possível inferir daí informações perdas do sistema, são também informações muito

sobre a viabilidade técnica e económica do projecto. importantes de analisar porque são informações válidas para
o cálculo dos indicadores de viabilidade económica do

Existem inúmeros simuladores disponibilizados no mercado, j


projecto em estudo.
d

uns em versão freeware, outros em que é necessária licença Um outro indicador importante dado pelo software é o

de instalação e utilização. Performance Ratio (PR) do sistema fotovoltaico. Este


indicador dá informação sobre a relação de energia

Um dos programas mais completos é o PVSyst [4]. efectivamente produzida pelo sistema e a energia que seria

Desenvolvido pelo Institut of Environmental Sciences da produzida por um sistema “ideal”, a trabalhar nas condições
Universidade de Genebra, este software permite o estudo, STC De
STC. D salientar
li t que sistemas
it com PR superiores
i a 70%
dimensionamento, simulação e análise de dados de podem já ser considerados eficientes.
projectos fotovoltaicos.

38|
ARTIGO TÉCNICO

Normalmente este tipo de softwares disponibiliza uma base comercializadores e instaladores deste tipo de sistemas de
de dados muito completa sobre as condições meteorológicas produção de energia.
dos diversos locais do planeta e possui informação sobre as
características dos componentes dos inúmeros fabricantes Neste artigo foram abordados os aspectos aos quais se deve
existentes no mercado. dar atenção aquando do dimensionamento de centrais
fotovoltaicas.
A qualidade e fiabilidade dos resultados obtidos pela
simulação tornam esta ferramenta indispensável no Dada a necessidade de se projectar e instalar estes sistemas
dimensionamento deste tipo de sistemas. com a máxima rapidez, alguns dos assuntos aqui abordados
são descurados na prática. No entanto, ficou provada a
necessidade de um estudo cuidado de todos os
componentes do sistema pois só assim se consegue obter o
máximo proveito das instalações.

5. REFERÊNCIAS

[1] REN, Dados Técnicos Electricidade, Valores provisórios


2008
[2] WAED, www.localpower.org
Fig. 10 ‐ Energia produzida/ perdas mensais [3] Burger, Bruno, “Auslegung und Dimensionierung von
Wechselrichtern für netzgekoppelte PV‐Anlagen”, ISE,
4. CONCLUSÕES www.ise.fraunhofer.de
[4] PVsyst, www.pvsyst.com
Dado o recente aumento de instalações de microprodução,
nomeadamente de centrais fotovoltaicas, e a rápida
evolução que se tem verificado nesta área obrigam a uma
cada
d vez maior
i necessidade
id d de
d formação
f ã dos
d projectistas,
j i

|39
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40|
ARTIGO TÉCNICO Engª Sónia Viegas
Astratec, Lighting Consultant

Sistema de Gestão de Iluminação


LUTRON
1. INTRODUÇÃO 2. ILUMINAÇÃO

Os custos da construção dos edifícios e posteriormente a sua Para os que possuem o sentido da visão, a iluminação é um
manutenção, são cada vez mais elevados. bem essencial, esta pode ser natural ou artificial, sendo
sempre benéfico privilegiar a iluminação natural, a
A dimensão e a densidade de ocupação, que hoje iluminação artificial tem sofrido evoluções tecnológicas com
caracterizam os edifícios, os objectivos de flexibilidade de o passar dos anos, com origem na descoberta do fogo e
utilização e contenção de custos de funcionamento, são cada desenvolvimento da energia eléctrica, sendo que a
vez mais uma necessidade, tornando indispensável a iluminação foi o primeiro serviço disponibilizado pelas
racionalização do projecto e a optimização da exploração dos empresas produtoras de electricidade.
edifícios.
A iluminação pode ser definida como o efeito visual obtido
Quer sejam através de imposições legais, como os recentes no cérebro dos observadores, resultante da luz ali existente,
diplomas relativos ao Sistema de Certificação Energética ou seja é o nível energético existente nesse local, que é o
(SCE), Regulamento das Características de Comportamento resultado da soma de todas as radiações electromagnéticas
Térmico dos Edifícios (RCCTE) e Regulamento dos Sistemas que lá existem e cujas frequências são visíveis pelos seres
Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE), quer humanos.
surjam das próprias necessidades de evolução da actual
sociedade, assistimos a uma exigência cada vez maior dos Para se fazer bom uso da iluminação, esta deve estar no local
requisitos de conforto, de segurança e flexibilidade. Esta correcto, no tempo preciso, na intensidade e quantidade
preocupação não se pode esgotar no correcto e eficaz certa e com a cor e qualidade ideal, oferecendo condições de
projecto dos sistemas implementados, mas é importante não salubridade, conforto, segurança e eficiência energética.
descurar a sua performance ao longo do seu tempo de vida
útil dos Sistemas. O melhor ou pior desempenho energético de um Sistema de
iluminação depende essencialmente dos seguintes factores:
A automatização e integração de sistemas nos edifícios é um • Eficiência dos diferentes componentes do sistema:
tema actual e que se vem tornando obrigatório dadas as lâmpadas, balastros e armaduras;
necessidades actuais de cumprir os requisitos energéticos, • A utilização dada à instalação, sendo muito importante
de segurança, de conforto, de sustentabilidade e adequar o tipo de controlo utilizado e a luz natural
adaptabilidade em todas as fazes da vida de uma edificação: disponível;
projecto, construção e utilização, englobando a sua • A manutenção efectuada nas instalações.
manutenção e remodelações. De acordo com estas
necessidades as características tecnológicas evoluíram desde Um dos grandes avanços tecnológicos baseados em
os tempos em que não existia nenhuma automatização nos microprocessadores, foi criar a possibilidade de se efectuar
edifícios, passando pelos sistemas centralizados em que, um “controlo inteligente” da iluminação, proporcionando
num único ponto, era possível saber o estado dos uma maior flexibilidade e oferecendo uma melhor gestão da
equipamentos do edifício e exercer controlo sobre eles, mas iluminação. Através deste controlo é possível criar um
sem integração dos vários sistemas, até aos sistemas de ambiente esteticamente agradável e, ao mesmo tempo,
gestão integrados com arquitecturas distribuídas. poupar energia.

|41
ARTIGO TÉCNICO

Os factores que têm influência neste controlo podem ser o 3. O SISTEMA DE GESTÃO DE ILUMINAÇÃO ‐ LUTRON
tipo de ocupação, as funções desenvolvidas no espaço, a
hora do dia e os níveis de iluminação exterior. Sendo um O Sistema de Controlo de Iluminação da LUTRON, que tem
sistema de controlo dotado de “inteligência”, este tem a sido um dos pioneiros na regulação de iluminação, desde a
capacidade de memorização dos níveis de iluminação para década de 60, após Joel Spira ter inventado o seu primeiro
efectuar ajustes automáticos, ou seja, a programação dos regulador em 1959.
cenários de iluminação.
Algumas características do Sistema LUTRON:
O controlo de iluminação pode ser realizado com uma
arquitectura independente ou em rede centralizada ou • Poupança de energia com a regulação da potência de
distribuída, sendo que uma arquitectura em rede tem mais fluxo;
vantagens, inclusive a da integração com os restantes • Capacidade para regular os vários tipos de iluminação,
sistemas de gestão e controlo existentes no edifício e assim como:
flexibilidade da instalação. 1. Incandescência e Halogéneo (230V, transformador
magnético, transformador electrónico de fase
Os reguladores de iluminação permitem o chamado directa, transformador electrónico de fase inversa –
“arranque suave” que por exemplo para as lâmpadas ELVI)
incandescentes lhe pode prolongar o tempo de vida útil que 2. Fluorescência ‐ Balastro electrónico regulável
tendem a apresentar falhas de funcionamento quando são (analógico 1‐10v, DSI ou DALI)
ligadas e o filamento sofre um choque térmico, podendo 3. Néon (transformador magnético) e LED´s
também oferecer protecção contra picos de corrente. • Programação de vários cenários de iluminação;
• Transição gradual entre os vários cenários de iluminação,
Regular a iluminação também origina poupanças indirectas, proporcionando maior conforto e também valorizando
com a redução da carga térmica da iluminação e os aspectos decorativos;
consequente economia energética relacionada com os • Possibilidade de utilização de comando à distância por
sistemas AVAC. meio de infravermelhos;

42|
ARTIGO TÉCNICO

• Possibilidade de integração com outros sistemas (ex. Quando as luzes estão desligadas, não há consumo de
Comandos de cortinas); energia, logo a utilização de TRIAC's para regulação do fluxo
• Possibilidade de gravação de cenários para posterior luminoso irá gerar poupanças energéticas, relativamente ao
simulação de presença, sendo que esta função poderá tempo de vida útil da lâmpada, este não é afectado pelo
estar interligada com os sistemas de segurança; número de vezes que esta liga e desliga, mas sim pela
• Possibilidade de regulação automática da iluminação temperatura que atinge, reduzir a temperatura aumenta o
através de relógio astronómico, detectores de presença tempo de vida útil da lâmpada, tabela 1.
e sensores de iluminação;
• Filtro RTISS, RTISS‐TE e SOFTSWITCH para estabilidade da Tabela 1 − Relação de poupança com uma lâmpada incandescente 

iluminação (extraído de LUTRON)

% de Luz Poupança Vida Útil da


A LUTRON efectua a regulação da iluminação através de
Energética Lâmpada
TRIAC's, um TRIAC é um interruptor de estado sólido que
90% 10% 2 vezes mais
abre e fecha 120 vezes/segundo.

75% 20% 4 vezes mais


A regulação é efectuada controlando a proporção do tempo
da luz ligada versus desligada, quanto mais tempo o TRIAC
50% 40% 20 vezes mais
está aberto mais brilhante é a luz visível, pelo contrário,
quanto mais tempo o TRIAC está fechado, mais ténue está a 25% 60% > 20 vezes mais
luz, ver figura 1.

Figura 1 – Relação da iluminação com a posição do triac (extraído de LUTRON)

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ARTIGO TÉCNICO

Utilizando este sistema de regulação e apesar de se ligarem A escolha do método de controlo da luz eléctrica (lâmpadas)
e desligarem as luzes, este processo acontece de uma forma tem um papel importante para a regulação eficaz da
tão rápida que não é perceptível para o olho humano, por iluminação.
outro lado a nossa percepção da luz é superior ao real, ver
figura 2. Se se utilizar um controlo do tipo on/off, este não será o
método mais eficaz, por outro lado um controlo
proporcional permite saídas de sinal adaptativas ao longo do
tempo (dia), normalmente este é o método mais indicado
para o controlo e regulação da iluminação, sendo assumido
que a principal fonte de iluminação é a da luz solar, nos
casos que a fonte de luz é uma mistura de luz solar com luz
eléctrica/artificial ‐ loop de controlo proporcional fechado,
existem métodos que permitem filtrar e eliminar totalmente
o contributo da luz eléctrica – loop de controlo proporcional
aberto. Assim, o posicionamento, a direcção e da área de
vista do sensor de iluminação, são factores relevantes para a
escolha do método de controlo.

A Lutron usa o método de controlo proporcional, o que pode


ser configurado como em loop aberto ou fechado.
Figura 2 – Relação entre luz perceptível e real 
(extraído de LUTRON) Quando se controla no mesmo sistema a regulação de
cortinas/persianas e de luz eléctrica (lâmpadas), as cortinas
Para controlo da iluminação natural são utilizados sensores /persianas têm uma saída de controlo on/off, enquanto que
de luz (iluminação), que avaliam continuamente a luz do dia a iluminação eléctrica é regulada em loop de controlo
disponível, para garantir o nível de luz dentro um intervalo proporcional, sendo que não é fornecida ordem de
pré determinado De modo geral,
pré‐determinado. geral os sensores de iluminação abertura/fecho das cortinas/persianas enquanto os valores
respondem à luz que é incidente na superfície do sensor, do sensor de iluminação se encontrarem no intervalo pré‐
além da luz directa do sol, que na maioria dos casos não se definido (banda morta do sistema), se o sinal do sensor de
quer que seja reflectida nas superfícies, a outra fonte de luz iluminação ultrapassar este intervalo, então as
natural é proveniente da reflexão (e relativamente difusa) da cortinas/persianas são actuadas para obter o valor central do
luz solar no céu e nas nuvens. intervalo, para garantir que não são dadas ordens constantes
de actuação aos motores (vistos que esta acção seria muito
Para um controlo eficiente da luz natural dentro dos desagradável para os utilizadores do espaço e desgastante
edifícios, é necessário orientar o sensor de iluminação (luz) para os motores).
de forma a que consiga medir a luz solar reflectida na
proporção exacta em que varia nas superfícies que se O sensor de iluminação converte a quantidade de luz
pretendem controlar. O local ideal será aquele em que o detectada num sinal de corrente contínua que pode variar,
sensor consegue medir o máximo de iluminação solar,
solar mas por exemplo, entre 0 e 3 mA ao longo do dia, sendo que o
não é influenciado por outras fontes exteriores de brilho sinal de saída do controlador proporcional que determina os
(luz). níveis de regulação das lâmpadas é proporcional a este sinal,

44|
ARTIGO TÉCNICO

quanto mais elevado o sinal do sensor, mais baixo o nível de • Utilizam correcção de co‐seno espacial, o que representa
iluminação eléctrica. No controlo on/off são definidos três correctamente as fontes de luz em vários ângulos de
níveis que correspondem à luz incidente no sensor, que incidência;
podem ser definidos como “valor desejado”, “elevado” e • Ângulo de visão vertical de 60 graus e 180 graus na
“fraco”, o intervalo de valores entre estes níveis deve ser horizontal fornecem um amplo ângulo de visão
grande o suficiente para fornecer a histerese do sistema adequada para sistemas de controlo proporcional;
(diferença máxima obtida entre as leituras de um ciclo de • A visão é orientada para o lado, proporcionando direcção
calibração, expressa em percentagem do alcance), quando ao sensor e tornando‐o facilmente adaptável a uma
um determinado limiar é ultrapassado, o sistema de controlo variedade de locais de montagem;
actua de forma a obter de novo valores aceitáveis. • Grande alcance dinâmico (0 a 20000 Lx) e resposta linear
dentro deste intervalo.
A relação entre a iluminação fornecida pelos candeeiros de
tecto e pelos candeeiros de pé ou secretária, nem sempre é Com sistemas de controlo centralizado de iluminação é
muito boa, mas melhora à medida que nos afastamos das possível efectuar comutação, regulação e gestão de energia
janelas, então deve escolher‐se como localização e controle de sombra de forma centralizada ou localizada,
preferencial para o sensor de iluminação uma distância de gerir todo o sistema, incluindo a gestão da manutenção de
cerca de “duas janelas” para o interior da sala. Quando se agendamento, sistema de diagnóstico e relatórios do estado
controla simultaneamente as luzes e as cortinas, o sensor da instalação, bem como a integração com o SGIT de outros
deve estar localizado mais próximo da janela para receber a fabricantes pode ser realizada através de BACnet, Lonworks,
influência directa da janela a ser controlada, devendo então RS232, ou CCI/CCO (entradas e saídas de contactos).
localizar‐se o sensor à distância de cerca de “uma janela”.
A hora do nascer e do pôr‐do‐sol mudar todos os dias, o
Antes de dar por terminada a instalação do sistema de relógio astronómico integrado no sistema permite
controlo de iluminação, este deve ser calibrado, é necessário programar eventos para o amanhecer e/ou anoitecer,
dizer ao sistema qual o nível de iluminação desejado e enquanto que um programador horário normal apenas
definir o nível a contribuição da iluminação artificial permite criação de eventos a horas fixas.
requerida para um dia típico de iluminação natural, os
valores medidos durante a noite ou com as As possibilidades de programação deste sistema têm as
cortinas/persianas fechadas (se forem do tipo blackout seguintes características:
total), que definimos a contribuição da iluminação artificial • Programação de sequências: sequências de iluminação
sem influência de qualquer iluminação natural, com toda a automáticas disponíveis para cada espaço, as sequências
iluminação ligada, os valores medidos pelo sensor são podem ter vários passos e cada passo pode ter uma
registados, esta informação pode então ser utilizada durante temporização programada de 0,2 segundos a 90 minutos
o dia para subtrair a contribuição da iluminação artificial com incremento de 0,1 segundos;
medida continuamente pelo sensor, tornando o sistema • Partições: Controlo adaptativo da iluminação em espaços
dotado de um controlo proporcional em loop aberto. configuráveis;
• Compensação da iluminação exterior: Selecção
Os sensores de iluminação da LUTRON têm as seguintes automática de cenas pré‐programadas com regulação da
características: iluminação artificial (lâmpadas) e natural
• Uma resposta espectral que está perto de resposta do (cortinas/persianas).
olho humano;

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José Jacinto Ferreira, Miguel Leichsenring Franco, EngºS
ARTIGO TÉCNICO Instituto Superior de Engenharia do Porto

Ascensores
p ç Energética
Optimização g
1. ENQUADRAMENTO Performance of Buildings” (Desempenho Energético de
Edifícios)2 , transposta parcialmente para o direito nacional
Segundo um estudo recente da União Europeia1 , o sector pelo Decreto‐Lei nº 78/2006 de 04 de Abril, e a Directiva
dos edifícios será responsável por cerca de 40% do consumo 2005/32/CE de 06 de Julho de 2005 – “EuP – Energy Using
total de energia neste espaço geográfico. Products” (Requisitos de concepção ecológica dos produtos
que consomem energia)3 .
Cerca de 70% do consumo de energia deste sector verificar‐
se‐á nos edifícios residenciais. Os ascensores não são referidos explicitamente nestas duas
directivas, quando se aborda a temática do aumento da
Em Portugal, mais de 28% da energia final e 60% da energia eficiência energética.
eléctrica é consumida em edifícios.
Na Directiva EPB são referidos essencialmente equipamentos
Por forma a dar cumprimento ao Protocolo de Kyoto, no qual técnicos dos edifícios como sistemas de aquecimento,
se definiu uma drástica redução da emissão de CO2, a climatização e iluminação, bem como sistemas de
Comunidade Europeia emanou várias directivas que se isolamento térmico dos edifícios.
relacionam directa ou indirectamente com a temática da
utilização de energia. Na EuP, por sua vez, também não se indicam
especificamente os ascensores, embora sejam referidos por
As mais importantes são entre outras, a Directiva exemplo motores eléctricos, que farão parte integrante de
2002/91/CE de 16 de Dezembro de 2002 ‐ “EPB ‐ Energy um ascensor.

1 Ver Directiva 2002/91/CE de 16.12.2002.

2O objectivo desta directiva passa pela promoção da melhoria do desempenho energético dos edifícios na Comunidade, tendo em conta as condições climáticas
externas e as condições locais, bem como as exigências em matéria de clima interior e a rentabilidade económica. Esta Directiva estabelece requisitos em termos
de:
a) enquadramento geral para uma metodologia de cálculo do desempenho energético integrado dos edifícios;
b) aplicação de requisitos mínimos para o desempenho energético de novos edifícios;
c) aplicação de requisitos mínimos para o desempenho energético dos grandes edifícios existentes que sejam sujeitos a importantes obras de renovação;
d) certificação energética dos edifícios;
e) inspecção regular de caldeiras e instalações de ar condicionado nos edifícios e, complementarmente, avaliação da instalação de aquecimento quando as
caldeiras tenham mais de 15 anos.
O Decreto‐Lei nº 78/2006 de 04 de Abril – Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar (SCE),
(SCE) transpõe parcialmente para a ordem jurídica
nacional esta directiva comunitária, tendo como finalidade assegurar a aplicação regulamentar, nomeadamente no que respeita às condições de eficiência
energética, à utilização de sistemas de energias renováveis e, ainda, às condições de garantia da qualidade do ar interior, de acordo com as exigências e
disposições contidas em:
a) Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) – Decreto‐Lei 80/2006 de 04 de Abril, e
b) Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização dos Edifícios (RSECE) – Decreto‐Lei 79/2006 de 04 de Abril.

3 Esta directiva cria um quadro de definição dos requisitos comunitários de concepção ecológica dos produtos consumidores de energia com o objectivo de
ggarantir a livre circulação
ç destes p
produtos nos mercado interno.
Prevê ainda a definição de requisitos a observar pelos produtos consumidores de energia abrangidos por medidas de execução, com vista à sua colocação no
mercado e/ou colocação em serviço. Contribui para o desenvolvimento sustentável, na medida em que aumenta a eficiência energética e o nível de protecção do
ambiente, e permite ao mesmo tempo aumentar a segurança do fornecimento de energia.
Nota: a presente directiva não é aplicável a meios de transporte de pessoas ou mercadorias.

|47
ARTIGO TÉCNICO

De acordo com um estudo da S.A.F.E – “Agência Suiça para a 2. O MODELO DE APOIO PARA A DETERMINAÇÃO DO
Utilização Eficiente da Energia”, realizado em 2005, os CONSUMO ANUAL
ascensores podem representar uma parte significativa do
consumo de energia num edifício (o consumo energético de Com o objectivo de desenvolver sugestões de optimização
um ascensor poder representar em média 5% do consumo energética num dado ascensor já existente, com base no
total de energia de um edifício de escritórios). Na Suiça consumo energético medido, optou‐se por recorrer à norma
estima‐se que o somatório do consumo de energia dos cerca alemã VDI 4707:2009, publicada em Março de 2009 pela
de 150.000 ascensores instalados represente cerca de 0,5% Associação dos Engenheiros Alemães (Verein Deutscher
do total de 280 GWh de consumo energético do país. Ingenieure). É assim possível realizar uma avaliação e
classificação universal e transparente da eficiência
A redução do consumo de energia nos edifícios poderá ser energética de ascensores, com base em critérios
obtida através da melhoria das características construtivas, standardizados.
reduzindo dessa forma as necessidades energéticas, através
de medidas de gestão da procura, no sentido de reduzir os 2.1 Objectivos da norma
consumos na utilização e através do recurso a equipamentos
energeticamente mais eficientes. 1. Permitir uma avaliação e classificação universal e
transparente da eficiência energética de ascensores,
No preâmbulo da Directiva EuP refere‐se que “a melhoria da baseada em métodos de cálculo e teste dos seus
eficiência energética – de que uma das opções disponíveis consumos energéticos;
consiste na utilização final mais eficiente da electricidade – é 2. Disponibilizar a construtores civis, arquitectos,
considerada um contributo importante para a realização dos projectistas, empresas instaladoras e de manutenção de
objectivos de redução das emissões de gases com efeito de ascensores e a operadores um enquadramento que lhes
estufa na Comunidade.” permita incluir a procura de energia de ascensores na
sua avaliação da eficiência energética do edifício e assim
Daí que seja importante estudar também a optimização seleccionar os equipamentos mais adequados;
energética de ascensores. 3. Servir de base para um rating energético de ascensores
no âmbito da eficiência energética total do edifício,
No presente artigo será apresentado um resumo do estudo dando origem à elaboração de um certificado energético.
sobre o consumo energético realizado a uma amostra
composta por 20 ascensores eléctricos instalados pela 2.2 Âmbito da norma
Schmitt‐Elevadores, Lda. em Portugal.
A Norma VDI 4707:2009 aplica‐se à avaliação e classificação
Para a determinação do consumo anual de energia a partir de novos ascensores de pessoas e de cargas, quanto à sua
dos dados obtidos, foi utilizado um modelo, desenvolvido eficiência energética. Pode igualmente ser utilizada para a:
com base na norma alemã VDI 4707:20094. a. determinação da eficiência energética de ascensores já
instalados;
Com base nos dados obtidos foram então identificadas b. comprovação dos parâmetros fornecidos pelos
diversas hipóteses de optimização, que poderão e deverão fabricantes de ascensores;
ser implementadas. c. determinação do consumo energético estimado.

4  Para uma descrição mais detalhada consultar o ponto 2.

48|
ARTIGO TÉCNICO

2.3 Valores característicos Estes dois valores de necessidade energética determinam a


classe de eficiência energética do ascensor, dependendo da
A necessidade energética, isto é, o valor esperado de sua intensidade de utilização.
consumo de energia, calculado com base em determinadas
premissas, pode ser caracterizada com base na: Existem sete classes de necessidade energética e de
1. Necessidade energética de stand‐by eficiência energética, representadas pelas letras A a G. A
e classe A representa a menor necessidade energética, e logo a
2. Necessidade energética de manobra. melhor eficiência energética.

A necessidade energética de stand‐by é a necessidade A necessidade energética global de um ascensor depende,


energética total do ascensor, quando este se encontra em para além da sua concepção, especialmente da sua
modo stand‐by, isto é, quando o sistema de tracção se utilização. Dependente do tipo de edifício, da utilização do
encontra desligado. ascensor e do número de passageiros, são definidas 5
categorias de utilização que diferem entre si devido ao
Só serão consideradas as partes do equipamento eléctrico e tempo médio de manobra diário. Dependendo da parcela
os componentes que contribuem para a prontidão de temporal entre a necessidade energética de stand‐by e de
reacção e de funcionamento do ascensor (por exemplo, a manobra, podem ser calculadas várias classes de eficiência
iluminação da casa de máquinas e da caixa do ascensor não energética para as 5 categorias de utilização.
são consideradas).
Na tabela 1 seguinte são apresentadas as 5 categorias de
A necessidade energética de manobra é a necessidade utilização, os tempos médios de manobra e de stand‐by,
energética total do ascensor durante a manobra para um bem como exemplos de ascensores que se enquadram
ciclo de manobras previamente definido e com uma nessas categorias.
determinada carga específica.
2.4 Determinação das especificações e dos valores
O valor resultante da necessidade energética específica em característicos
mWh/(kg.m) está relacionada com a distância percorrida em
metros e com a carga nominal em kg. As necessidades energéticas de stand‐by podem ser
determinadas por medição ou pela soma dos valores de
A utilização de cargas distintas da carga nominal para cálculo necessidades energéticas individuais, desde que
da necessidade energética específica devem ser suficientemente conhecidos.
documentadas.
As necessidades energéticas de stand‐by são determinadas 5
Estes valores de necessidade energética específica podem minutos após a conclusão da última manobra.
ser utilizados para comparar a eficiência energética de
diferentes ascensores. As necessidades energéticas de manobra são determinadas
para manobras de referência utilizando‐se cargas individuais
Dependendo dos valores de necessidade energética, os com referência à carga nominal de acordo com a seguinte
ascensores são divididos em classes de necessidade tabela 2.
energética de stand‐by e de manobra.

|49
ARTIGO TÉCNICO

Tabela 1 ‐ Categorias de Utilização

Categoria de Utilização
de Utilização 1 2 3 4 5

Intensidade de Utilização Muito baixa Baixa Média Elevada Muito elevada

Frequência de Utilização Muito rara Rara Pontualmente Elevada Muito elevada

Tempo Médio de Manobra  0,2 (≤0,3) 0,5 (>0,3‐1) 1,5 (>1‐2) 3(>2‐4,5) 6(>4,5)


(horas / por dia)

Tempo Médio de Stand‐by 23,8 23,5 22,5 21 18


(horas / por dia)

Tipo de Edifício e
Tipo de Edifício e de 
de Edifício de
Edifício de  Edifício de
Edifício de  Edifício de
Edifício de  Edifício de habitação 
Edifício de habitação
Utilização habitação com até  habitação com até  habitação com até  com mais de 50 
6 apartamentos 20 apartamentos 50 apartamentos apartamentos

Pequeno edifício de  Pequeno edifício de  Pequeno edifício de  Pequeno edifício de  Pequeno edifício de 


escritórios e de  escritórios e de  escritórios e de  escritórios e de serviços escritórios e de serviços em 
serviços com pouco  serviços com 2 a 5  serviços com até 10  em altura com mais de  altura com mais de 100 m
movimento pisos pisos 10 pisos

Pequeno hotel Hotel de dimensão  Grande hotel


média

Hospital de pequena  Grande Hospital
ou média dimensão

Ascensor de carga  Ascensor de carga  Ascensor de carga Ascensor de carga integrado 


com pouco  com movimento  integrado no processo  no processo produtivo com 
movimento médio produtivo com 1 turno vários turnos

As manobras de referência são constituídas pelo seguinte realizadas com uma cabina vazia.
ciclo de manobra:
Para corrigir os valores em relação ao espectro de cargas
1. Início da manobra de referência com a porta do ascensor apresentados na tabela em cima, as necessidades
aberta; energéticas de manobra determinadas com a cabina vazia
2. Fechar a porta do ascensor; são multiplicados pelos seguintes factores de carga:
3. Viagem para cima ou para baixo utilizando todo o curso • 0,7 para ascensores com contrapeso (peso da cabina
do ascensor; mais 40% ou 50% da carga nominal);
4. Abrir e fechar imediatamente a porta do ascensor; • 1,2 para ascensores sem qualquer compensação ou com
5. Viagem para baixo ou para cima utilizando todo o curso uma compensação até 30% do peso da cabina;
do ascensor;
6. Abrir a porta; Nota: o factor de carga não é utilizado quando as

7. Fim da manobra de referência. necessidades energéticas de manobra são determinadas


tomando
d por base
b o espectro de
d cargas indicado
i di d na tabela
b l 2.
2

As manobras de referência são somadas de acordo com o


rácio temporal indicado na tabela 1. Tabela 2 ‐ Espectro de Cargas

Carga em % da carga nominal % de Manobras

Para ascensores com uma massa de contrapeso igual ao peso 0% 50%

da cabina mais 40% ou 50% da carga nominal, ou para 20% 30%

ascensores com uma massa de compensação inferior a 30% 50% 10%

do peso da cabina ou para ascensores sem qualquer 75% 10%

compensação, as manobras de referência podem ser 100% 0%

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ARTIGO TÉCNICO

As necessidades energéticas de manobra podem ser necessidades energéticas por dia e os dias de operação por
determinadas por medição ou pelo somatório de valores ano.
conhecidos de necessidades energéticas individuais.
Procedimento de cálculo:
As necessidades energéticas de manobra em Watt‐hora (Wh) 1. Carga nominal Q em kg
determinadas nas manobras de referência são divididas pela 2. Necessidade energética Pstand‐by em W
carga nominal da cabina e pela distância percorrida durante 3. Necessidade energética Emanobra em mWh/(kg.m)
a manobra de referência. Para garantir uma boa qualidade 4. Tempo de utilização tmanobra em horas por dia
de dados, as manobras de referência deverão ser realizadas 5. Distância percorrida snominal em m durante o tempo de
diversas vezes. utilização por dia
6. Snominal = Vnominal x tmanobra [1]
As medições dos valores de consumo de energia devem ser
feitas a seguir ao interruptor principal do circuito de E s tan d −by = Ps tan d −by × t s tan d −by [2]
potência e a seguir ao interruptor para os circuitos de
iluminação. Obtém‐se assim a necessidade energética diária:

A iluminação da casa de máquinas e da caixa do ascensor E manobra = E manobra ,especifico × s no min al × Q [3]
não serão consideradas, para a determinação do consumo de
energia. E dia = E s tan d −by + E manobra [4]

Dever‐se‐ão ter em conta também para efeitos de medição As necessidades energéticas nominais anuais são dadas por:
os circuitos eléctricos de interligação de ascensores em
grupo, devendo‐se somar esses valores aos consumos em E Ano = E dia × 365 [6]
stand‐by (proporcionalmente para cada ascensor do grupo).
2.5 Necessidades energéticas e classes de eficiência
Para além dos circuitos e das cargas já mencionadas, podem energética
existir ainda outros circuitos independentes para alimentar
cargas necessárias para o funcionamento do ascensor (por Ao ascensor é atribuído uma classe de necessidade
exemplo aquecimento ou arrefecimento). Os valores de energética tomando por base as tabelas 1 e 2, e de acordo
consumo de energia para estas cargas têm de ser igualmente com as necessidades energéticas de stand‐by e de manobra.
determinados e documentados separadamente.
As classes de eficiência energética para um ascensor são
As medições devem ocorrer em condições reais de determinadas a partir dos valores de consumo de energia em
funcionamento do ascensor, não se podendo desligar stand‐by e em manobra, projectando a potência em stand‐by
quaisquer cargas, que normalmente estejam activas durante e a necessidade energética em manobra com os tempos
o normal funcionamento do ascensor. médios de stand‐by e viagem para a obtenção do consumo
diário, de acordo com a tabela 1 e dividindo o valor obtido
As necessidades energéticas esperadas para operação de um pelo número de metros percorridos e pela carga nominal.
ascensor podem ser projectadas calculando as necessidades
energéticas por ano usando os valores de necessidade Obtém‐se assim a energia necessária total específica para o
energética de stand‐by e de manobra de acordo com a ascensor.
parcela temporal na categoria de utilização do ascensor, as

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ARTIGO TÉCNICO

Para a atribuição das necessidades específicas de energia a Tabela 4 ‐ Classes de eficiência energética ‐ manobra

classes de eficiência energética, os valores limite para a Classes de necessidades energéticas – manobra


manobra e para as necessidades de stand‐by pertencentes a Consumo  ≤ ≤ ≤ ≤ ≤ ≤ >
uma mesma classe são combinados de acordo com as energético  0,56 0,84 1,26 1,89 2,80 4,20 4,20
específico 
tabelas 3 e 4 utilizando‐se a seguinte equação: (mWh/(kg.m))

Classe A B C D E F G

Ps tan d −by ,max × t s tan d −by ×1000


E Ascensor ,max = E manobra ,max +
Q × v no min al × t manobra × 3600 2.6 Certificado Energético

[7]
Os valores característicos poderão ser entregues pelo

Pstand‐by deverá ser indicado em mW e tmanobra em h. fabricante ao construtor ou utilizador do ascensor no âmbito
de um orçamento. Se não foi indicada nenhuma categoria de
Tabela 3 ‐ Classes de necessidade energéticas – stand‐by utilização, o fabricante poderá apresentar valores
característicos para diferentes categorias. Estes valores
Classes de necessidades energéticas – stand‐by
podem ser apresentados num certificado energético.
Potência  ≤50 ≤100 ≤200 ≤400 ≤800 ≤1600 >1600
/Output 
(W)
Na figura 1 apresenta‐se um exemplo de um certificado
Classe A B C D E F G
energético para um ascensor já existente:

Certificado Energético para Ascensores segundo a norma VDI 4707 (Versão 03-2009)
Classe de Eficiência Energética (VDI 4707):
Número Ascensor: VN106072
Tipo de Ascensor: Sem casa de máquinas, suspensão central A 0
Descrição: Edíficio Douro
Local de Instalação: Rua da Boavista, 232 B 0
Cód. Postal 4150-322 Porto
Carga Nominal: 630 kg C C
Velocidade: 1,0 m/s
Curso: 15,00 m Dias utilização: 365
D 0
Nº Pisos 6 Factor de carga: 0,7

Valores medidos: Potência em stand-by 54,00 W E 0


Necessidade energética para
uma manobra de referência F 0
seg. VDI 4707: 36,50 Wh 1,3518519

Necessidade Energética Necessidade Energética G 0


de Stand-by (VDI 4707): de Manobra (VDI 4707):

≤ 100 W ≤ 1,89 mWh/(m·kg) Necessidades energéticas anuais nominais de circuitos independentes: 3771 kWh
(Classe B) (Classe D)
365 Dias de operação por ano
414 kWh 3357 kWh

Categoria de Utilização (VDI 4707) 4 1,518518519


,5 85 85 9 Só é p
possível comparar
p classes energéticas
g dentro da mesma categoria
g de utilização!
ç

Intensidade de Utilização: elevada - elevada

Tempo médio Tempo médio Edifício de habitação com mais de 50 apartamentos; Edifício de escritórios
de Manobra 3 de stand-by Tipo de Edifício e de em altura com mais de 10 pisos; Grande Hotel; Hospital de pequena ou
(horas por dia): (> 2 ... 4,5) (horas por dia): 21 utilização típica: média dimensão; Ascensor de carga integrado no processo produtivo com
um turno

Certificado elaborado em 28-06-2009 por


Data Nome Assinatura e carimbo da empresa

Figura 1 – O Certificado Energético

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ARTIGO TÉCNICO

3. IDENTIFICAÇÃO DE HIPÓTESES DE OPTIMIZAÇÃO 2. Os Displays nos patamares: os sinalizadores, com


indicação do piso em que se encontra
Para se poderem adoptar as diferentes hipóteses de momentaneamente o ascensor, bem como as setas de
optimização que são em baixo propostas, ter‐se‐á de medir o sinalização estão continuamente com as lâmpadas ou
seu impacto no consumo de energia, bem como determinar com os segmentos ligados.
o seu impacto em termos económicos.
Solução: Recurso a leds para os displays nos patamares e
3.1 Ascensor em Stand‐by dentro da cabina, eliminando dessa forma as pequenas
lâmpadas incandescentes. Todos os ascensores
Diz‐se no preâmbulo da Directiva Comunitária EuP que produzidos actualmente pela Schmitt‐Elevadores
“como princípio geral, o consumo de energia dos produtos possuem já esta solução implementada.
que consomem energia em estado de vigília ou desactivados
deverá ser reduzido ao mínimo necessário para o seu 3. Painel de botoneira de cabina: situação idêntica à dos
funcionamento normal.” displays nos patamares, porquanto dentro da cabina
também existem sinalizadores com indicação do piso em
O consumo em stand‐by é provocado por vários sistemas do que a cabina se encontra no momento
ascensor:
1. O Comando do Ascensor: mesmo com a máquina Solução: ver ponto anterior.
imobilizada, o autómato do ascensor está sempre activo
para poder reagir de imediato a um qualquer comando 4. Variador de frequência: quando o ascensor é dotado de
do exterior. Paralelamente estará a controlar um sistema de variação de frequência, o variador estará
continuamente todas as seguranças do ascensor. O(s) sempre activo, mesmo quando o ascensor não se
transformador(es) normalmente utilizados têm perdas, encontra em movimento.
apesar de não haver qualquer solicitação directa.
Solução: Após análise do padrão de tráfego do ascensor,
Solução: Após análise do padrão de tráfego do ascensor, temporizar um período da noite em que o variador de
desligar durante as “horas mortas”, algumas das funções frequência é colocado em modo sleep. Num prédio de
do comando, introduzindo um modo sleep. Desta forma, habitação, este período será tipicamente entre a 1.00
será possível por exemplo selectivamente desligar alguns horas e as 6.00 horas da manhã. O variador ficará
pisos do edifício – solução aplicável por exemplo num durante esse perído em modo “sleep”, sendo reactivado
edifício de escritórios, que funciona em pleno apenas quando ocorrer um comando externo. O tempo de
entre as 08.00 horas e as 20.00 horas. Poder‐se‐á desligar reacção do ascensor, perante um comando externo será
também algumas das funções de controlo e supervisão maior do que em modo contínuo de utilização.
do comando. Ter‐se‐á, contudo, de admitir um tempo de Consegue‐se obter uma poupança de até 50% no
reacção maior, quando durante o modo sleep ocorrer consumo energético provocado pelo variador de
algum comando externo. Quanto aos transformadores, frequência. Este sistema já se encontra implantado em
prevê‐se a instalação de fontes de alimentação mais todos os novos sistemas de elevação da Schmitt‐
eficientes, por exemplo através da aplicação de Elevadores, Lda.
componentes de electrónica de potência. Ambas as
soluções estão já contempladas na última geração de 5. Cortina fotoeléctrica ou célula fotoeléctrica: sistema de
comandos electrónicos, modelo Schmitt+Sohn protecção dos utentes, instalado na porta de cabina do
Microtronic MC10. ascensor.

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ARTIGO TÉCNICO

Solução: Desligar o sistema de cortina fotoeléctrica ou Solução: Temporizar o extractor, isto é, ele só deverá ser
cortina fotoeléctrica quando a porta de cabina se activado quando a cabina iniciar uma manobra e deverá
encontra fechada. desligar‐se 30 segundos após a última manobra.

6. Luz de cabina: em muitos ascensores, principalmente 10. Sistema de comunicação bi‐direccional: desde 1998,
em ascensores sem porta de cabina, a luz de cabina com a introdução da Directiva Ascensores, é obrigatória
encontra‐se permanentemente acesa, mesmo quando o a instalação de um sistema de comunicação bi‐
ascensor não se encontra em movimento. direccional entre a cabina do ascensor e uma central de
atendimento permanente, 24 horas por dia, 365 dias
Solução 1: Eliminar a iluminação permanentemente por ano, para todos os ascensores instalados a partir
acesa na cabina. Através de um temporizador, desligar a dessa data.
iluminação 3 minutos após a última manobra realizada.
Solução: dado se tratar de um sistema de segurança,
Solução 2: Recurso a leds para iluminação da cabina, recomenda‐se que o sistema não seja desligado ou
substituindo as lâmpadas fluorescentes, incandescentes colocado em modo sleep. A poupança energética poderá
ou de halogéneo existentes. Estas lâmpadas led têm o ser obtida através da aplicação de sistemas com fontes
mesmo formato das lâmpadas de halogéneo ou das de alimentação mais eficientes, o que já está a ocorrer
lâmpadas fluorescentes (leds em forma tubolar). nos novos sistemas da Schmitt‐Elevadores, Lda.

7. Motor da porta de cabina: está constantemente em 3.2 Ascensor em movimento


carga, para garantir que a porta de cabina se mantém
fechada. Hipóteses para a redução do consumo de energia com o
ascensor em movimento:
Solução: A porta de patamar manter‐se‐á fechada,
mesmo que a porta de cabina não esteja em carga. Logo, 1. Modernização de ascensores existentes, através da
poder‐se‐á desligar o motor da porta de cabina 2 substituição de máquinas com redutor (de 1 ou 2
minutos após a última manobra realizada. Desta forma o velocidades) por máquinas sem redutor (geearlss), mas
motor da porta de cabina deixa de estar com controlo por variação de frequência.
permanentemente em carga e a consumir energia.
2. A aplicação de variadores de velocidade por variação de
8. Sistema de excesso de carga: sistema electrónico que frequência em ascensores com sistemas de tracção por
controla a carga máxima que pode entrar na cabina, máquinas de 1 ou 2 velocidades permitirá uma redução
estando continuamente ligado. (estimada pelos fabricantes de máquinas) de até 30% no
consumo de energia. Paralelamente aumenta‐se o
Solução: Desligar o sistema de excesso de carga 3 conforto de utilização do ascensor (menores ruídos e
minutos após a última manobra; menores vibrações), garante‐se uma paragem mais
nivelada ao piso e um menor desgaste mecânico do
9. Extractor instalado no tecto da cabina: quando o ascensor (os arranques e as paragens do ascensor são
ascensor for dotado de um extractor, este poderá estar muito menos bruscas). Deverá recorrer‐se a variadores
continuamente ligado. de frequência de última geração (VEV – Variadores
Electrónicos Regenerativos), que produzirão menores
perdas.

54|
ARTIGO TÉCNICO

Este sistema de gestão de tráfego disponibilizará então


3. Prever sistemas de reinjecção de energia gerada pela o(s) ascensor(es) necessário(s), optimizando o número
máquina na rede (Recuperação de Energia). de manobras a realizar pelos ascensores e distribuindo
os passageiros a transportar pelos diferentes ascensores
Um ascensor ideal deveria reinjectar na rede, em existentes no edifício.
movimento ascendente, a mesma energia que consumiu
anteriormente à descida (carga mínima e carga máxima, 3.3 Outras acções
respectivamente, em ascensores eléctricos).
Apresentam‐se em seguida outras acções, que embora não
A relação energia reinjectada face à energia absorvida estando relacionadas directamente com o funcionamento do
seria então de 1:1. Mas um ascensor real tem perdas ascensor, permitirão uma redução do consumo de energia
devido à aceleração, à travagem, à paragem, aos atritos e no edifício e não só especificamente no ascensor:
ao próprio sistema de tracção. Esta energia não é
recuperável. Assim, o grau de recuperação de energia 1. Instalação de luminárias de baixo consumo na casa de
(relação entre a energia reinjectada durante a viagem máquinas do ascensor (quando esta existir);
ascendente dividida pela energia necessária para ambas
as manobras – subida e descida) não ultrapassa 2. Instalação de luminárias de baixo consumo na caixa do
normalmente os 50%. Em ascensores de dimensões ascensor;
reduzidas o grau de recuperação de energia não
ultrapassará os 30%. Logo, só fará sentido (do ponto de 3. Sistema de arrefecimento da casa de máquinas
vista económico e energético) a instalação de um controlado por termóstato;
sistema de reinjecção em ascensores de grandes cargas e
que realizem muitas manobras. 4. Sistema de ventilação forçada da caixa do ascensor
controlado por termóstato, para minimizar as perdas
4. Recurso a comandos electrónicos, que adaptem o seu caloríficas;
funcionamento a uma melhor gestão do tráfego, por
exemplo, através do funcionamento em grupo. 5. Instalação de luminárias de baixo consumo nos
patamares, podendo o seu accionamento ser
Em edifícios de habitação, com dois ou mais ascensores comandado por sensores de movimento;
numa mesma caixa instalados antes dos anos 90,
tipicamente cada ascensor funciona em autonomia. 4. CONCLUSÕES
Através da modernização do comando, mediante a
instalação de um comando electrónico em grupo, será 4.1 Conclusões Gerais
possível fazer a gestão de funcionamento da bateria.
Desta forma será enviado apenas um ascensor de cada Em termos gerais é possível extrair as seguintes conclusões:
vez a cada solicitação, colocando‐se em movimento o
ascensor que se encontrar mais próximo do local onde 1. A concepção de ascensores eficientes em termos de
foi enviado o comando externo. A avaliação do padrão energia contribuirá para um menor impacto ambiental;
de tráfego poderá ser feita no próprio ascensor ou por
um sistema de gestão de tráfego centralizado no edifício, 2. Para se atingir o objectivo universal de utilização racional
quando este tem vários ascensores instalados. de energia (eléctrica) num edifício, não se deverá

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ARTIGO TÉCNICO

analisar apenas a eficiência energética, mas também o Efficient Energy Use), vários estudos sobre a eficiência
balanço energético. Assim, no caso dos ascensores, energética de ascensores;
dever‐se‐á ter em conta, para além do período de
operação, também o fabrico e a manutenção dos 5. Verificam‐se diversas barreiras à adopção de ascensores
mesmos, o fornecimento de matérias‐primas, bem como eficientes em termos energéticos:
a sua reciclagem: a análise do ciclo de vida do produto.
a) O Comprador e o utilizador do ascensor não têm
3. A norma VDI4707:2009 apenas analisa a eficiência interesses coincidentes: Na grande maioria das
energética de ascensores. Contudo, para a avaliação da situações, o ascensor não é fornecido directamente
eficiência energética do sistema “edifício com ao cliente final, mas a uma empreiteiro geral que o
ascensor(es)” dever‐se‐ão considerar ainda outros incorpora no edifício. Este orienta‐se
critérios (não abrangidos pela referida norma), como por fundamentalmente pelo preço de aquisição do
exemplo as perdas caloríficas através da ventilação ascensor e não pelos custos de energia eléctrica e de
(obrigatória) da caixa do ascensor. operação que este venha a provocar no futuro, que
será sempre suportado pelo utilizador.
4. Verificou‐se que a temática da eficiência energética é
ainda pouco explorada pela indústria de ascensores, seja b) Em edifícios existentes, ocorre uma grande
através da incorporação nos ascensores das novas resistência à incorporação de novos componentes
tecnologias já disponíveis em outras aplicações, seja que possam por em causa a operação e a
através da divulgação de informação relevante em disponibilidade dos ascensores existentes. Em novos
termos do desempenho energético dos equipamentos edifícios é mais fácil incorporar as novas tecnologias.
comercializados. Existem ainda muito poucos estudos
realizados neste âmbito na Europa, com uma notável Pelo que se recomenda uma sensibilização do cliente
excepção da Suíça que tem vindo a patrocinar, através de final bem como de projectistas (arquitectos e gabinetes
uma organização estatal (a SAFE ‐ Swiss Agency for de engenharia).

Distribuição de consumos em função da 
categoria de utilização
5

Standby
2 Manobra

0% 20% 40% 60% 80% 100%

1 2 3 4 5
Manobra 34,8% 44,4% 69,4% 88,4% 88,3%
Standby 65,2% 55,6% 30,6% 11,6% 11,7%

Figura 2 – Distribuição de consumos anuais em função da categoria de utilização

56|
ARTIGO TÉCNICO

6. Recomenda‐se que o consumo energético dos sistemas de reinjecção de energia: o consumo em stand‐
ascensores seja considerado também no âmbito do by representa “apenas” cerca de 12% do consumo total.
Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização
dos Edifícios (RSECE) – Decreto‐Lei 79/2006 de 04 de 2. Do total dos 20 ascensores eléctricos estudados apenas 2
Abril. Dessa forma existiria desde logo uma maior apresentam uma classe de eficiência energética “A”. São
atenção na fase de projecto por parte dos projectistas precisamente os 2 ascensores que são equipados com
relativamente à aplicação de ascensores eficientes máquinas com redutor, mas com apenas uma velocidade
energeticamente, para que pudessem ver aprovado o e sem velocidade variável por variação de frequência.
seu projecto. Estando numa categoria de utilização “1”, ambos os
ascensores têm um baixo consumo de stand‐by. Contudo
4.2 Conclusões Específicas do ponto de vista do conforto, da segurança – devido ao
facto de terem uma máquina com apenas uma
A partir do estudo da amostra de 20 ascensores eléctricos é velocidade, não se consegue uma paragem nivelada ao
possível identificar as seguintes conclusões: piso, havendo normalmente um degrau à saída da cabina
– do ruído (actuação dos contactores e dos travões) e do
1. O consumo do ascensor em stand‐by (estado em que se desgaste do material recomendar‐se‐ia a substituição da
encontra o ascensor quando não está em movimento, máquina e a aplicação de um sistema de variação de
ascendente ou descendente), pode variar entre 12% e velocidade por variação de frequência.
65% do consumo total de energia anual do mesmo
ascensor, em função da categoria de utilização do 3. Do estudo realizado, pode‐se concluir ainda que é muito
mesmo. difícil, se não impossível, atingir a classe de eficiência
energética “A”, em ascensores com categorias de
Do gráfico é possível concluir que quanto menor for a utilização de 1 a 3. Para as categorias mais elevadas só se
categoria de utilização, mais relevante se torna o conseguirá atingir a classe de eficiência energética “A”,
consumo energético de um ascensor em stand‐by ao recorrendo a um sistema de reinjecção de energia.
longo de um ano, pelo que o investimento a realizar na
melhoria
lh i dad eficiência
fi iê i energética
é i se deve
d concentrar em 4. Para além da avaliação da optimização energética deverá
todas as medidas que possam reduzir o consumo em ser realizada também a avaliação económica. Para a
stand‐by. Assim, para a categoria de utilização 1 grande maioria das situações estudadas o investimento
(intensidade de utilização muito baixa e frequência de só se amortiza passados mais de 5 anos, pelo que a
utilização muito baixa) a que corresponde, por exemplo, realização desse investimento fará sentido quando se
um edifício de habitação (que representará a situação pretender modernizar o equipamento (por fadiga dos
com o maior
i número
ú d ascensores instalados
de i l d em materiais, por exemplo) ou como forma de aumentar o
Portugal), o consumo anual de energia em stand‐by conforto, a segurança e diminuir o ruído e o desgaste do
representa 65% do consumo energético total do ascensor, ou por alguma imposição legal.
ascensor. Por outro lado, quanto maior for a intensidade
de utilização e a frequência de utilização, maior é o 5. Estima‐se que em Portugal, dos cerca de 120.000
consumo energético durante a manobra. Na categoria de ascensores instalados, cerca de 90% ainda foram
utilização
tili ã 5 (correspondente
( d t a um grande
d hospital
h it l ou um instalados com tecnologias menos eficientes do ponto de
grande edifício de escritórios) valerá a pena concentrar vista energético, pelo que existe um grande potencial de
os esforços de investimento em melhorias no poupança no consumo de energia eléctrica.
desempenho energético das máquinas de tracção e em

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ARTIGO TÉCNICO

6. Os resultados obtidos poderão contribuir para a [4] CASTANHEIRA, Luís; BORGES GOUVEIA, Joaquim –
formação de um critério de qualidade para ascensores e Energia, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
para a sua operação, e dessa forma para uma gestão Porto, Spi – Sociedade Portuguesa de Inovação, 2004.
sustentável. ISBN 972‐8589‐45‐X.
[5] CÓIAS, Vítor; FERNANDES, Susana – Reabilitação
5. BIBLIOGRAFIA Energética dos Edifícios: Porquê? Oz – Diagnóstico
Levantamento e Controlo de Qualidade em Estruturas
[1] ALMEIDA, Aníbal, PATRÃO, Carlos, FONSECA, Paula, e Fundações, Lda, 2006.
MOURA, Pedro – Manual de boas práticas de eficiência [6] KÜNTSCHER, Dietmar – Energiesparende
energética. Lisboa, ISR – Departamento de Engenharia Aufzugsysteme – Lift‐Report nº2 – Ano 32, 2006.
Electrotécnica e de Computadores Universidade de [7] FITZGERALD, A.; KINGSLEY, Charles; UMANS, Stephen –
Coimbra e BCSD Portugal – Conselho Empresarial para Electric Machinery. Nova Iorque, McGraw Hill, 2003.
o Desenvolvimento Sustentável, 2005. ISBN 0‐07‐123010‐6.
[2] BARNEY, Gina – Elevator Traffic Handbook – Theory [8] FRANCHI, C. – Acionamentos Eléctricos. Editora Érica,
and Practice. Nova Iorque, Spon Press, 2003. ISBN 0‐ Ltda, 2007. ISBN 978‐85‐365‐0149‐9.
415‐27476‐I. [9] GAMBOA, José – Ascensores e Elevadores. Lisboa, Rei
[3] BOLLA, Mario – Verbesserung der Energieeffizienz von dos Livros, 2005. ISBN 972‐51‐1007‐2.
Aufzügen und Förderanlagen durch Entwicklung eines [10] JANOVSKY, Lumomír – Elevator Mechanical Design. 3ª
Neuartigen Frequenzumformers – Jahresbericht 2007. Edição. Mobile USA, Elevator World, Inc., 1999. ISBN 1‐
Seftigen, Bundesamt für Energie, Suiça, 2007. 886‐536‐26‐0.

58|
LEGISLAÇÃO

Segurança Contra Incêndio em Edifícios

Síntese dos principiais diplomas:

o Decreto‐Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro


Estabelece o regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios (SCIE).

o Portaria
P t i n.ºº 1532/2008,
1532/2008 de
d 29 de
d Dezembro
D b
Aprova e publica o Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (SCIE).

o Despacho n.º 2074/2009, de 15 de Janeiro


Define os critérios técnicos para determinação da densidade de carga de incêndio modificada, para efeitos do disposto nas
alíneas g) e h) do n.º 2 do artigo 12.º do Decreto ‐Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro.

o Portaria n.º 64/2009, de 22 de Janeiro


Estabelece o regime de credenciação de entidades para a emissão de pareceres, realização de vistorias e de inspecções das
condições de segurança contra incêndio em edifícios (SCIE).

o Portaria n.º 610/2009, de 8 de Junho


R
Regulamenta
l t o funcionamento
f i t do
d sistema
it i f
informático
áti previsto
i t no n.ºº 2 do
d artigo
ti 32.º
32 º do
d Decreto
D t ‐Lei
L i n.ºº 220/2008,
220/2008 de
d 12
de Novembro.

o Portaria n.º 773/2009, de 21 de Julho


Define o procedimento de registo, na Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), das entidades que exerçam a
actividade de comercialização, instalação e ou manutenção de produtos e equipamentos de segurança contra incêndio em
edifícios (SCIE).
(SCIE)

o Portaria n.º 1054/2009, de 16 de Setembro


Taxas por serviços de segurança contra incêndio em edifícios prestados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil
(ANPC).

||5959
EVENTOS

Workshop “Discussão do Manual ITED‐NG e da 1.ª edição do Manual ITUR”

No dia 1 de Julho de 2009 realizou‐se no auditório E do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) um Workshop
subordinado ao tema “Discussão do Manual ITED‐NG e da 1.ª edição do Manual ITUR”.

O evento, organizado pelo grupo de docentes e director da Pós‐graduação em Telecomunicações, Segurança e Domótica, foi
dirigido a projectistas, instaladores, certificadores, professores, estudantes e, contou, ainda, com a presença de diversas
entidades institucionais deste sector.

A realização do evento deveu‐se, ao facto de se encontrarem em consulta pública as propostas de manuais ITEG‐NG e ITUR e
se pretender apresentar e discutir essas propostas, de forma a obter contributos das diversas entidades, profissionais e
estudantes presentes, para posteriormente fazer chegar a ANACOM uma súmula dos aspectos discutidos.

Dado o tema em discussão, o painel de oradores convidados foi constituído por consultores da ANACOM para a elaboração dos
referidos manuais, tendo sido desta forma garantida isenção e qualidade de todas as comunicações realizadas.

Os trabalhos foram iniciados com a abertura institucional realizada pelo Presidente do Departamento de Engenharia
Electrotécnica e director do Curso de Especialização Pós‐graduada em Infra‐estruturas de Telecomunicações, Segurança e
Domótica, o Professor Doutor José António Beleza Carvalho.

Seguiram‐se as comunicações:
o Infra‐estruturas de Telecomunicações em Urbanizações ‐ Nova Regulamentação
Engº Jorge Miranda, ANACOM
o ITED/ITUR ‐Nova Geração ‐ Tecnologia Fibra Óptica
Engº António Vilas‐Boas, Ordem Engenheiros
o ITED/ITUR ‐Nova Geração ‐ Tecnologia Cabo Coaxial
Engº Hélder Martins, Televés
o ITED/ITUR ‐Nova Geração ‐ Tecnologia Par de Cobre
Engº Luís Pizarro, Ordem Engenheiros

No final das intervenções foi reservado um período para discussão, em que o painel esteve à disposição dos participantes para
esclarecer as dúvidas e responder às perguntas realizadas.

Tendo sido o sentimento geral de todos que este evento se revelou de extrema importância e que as palestras foram de
excelente qualidade, a organização está de parabéns e com a responsabilidade acrescida de organizar novos eventos na área
de intervenção do curso de especialização pós graduada em Infra‐estruturas telecomunicações, segurança e domótica.

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EVENTOS

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DIVULGAÇÃO

Instituto Superior de Engenharia do Porto


Departamento de Engenharia Electrotécnica
Laboratório de Instalações Eléctricas
O laboratório de Instalações eléctricas do Departamento de Engenharia Electrotécnica do Instituto Superior de Engenharia do
Porto, enquadra as valências de Instalações Eléctricas, Telecomunicações, Domótica e Sistemas Automáticos de Segurança.

Apoia a leccionação de diversas unidades curriculares do curso de Licenciatura em Engenharia Electrotécnica ‐ Sistemas Eléctricos
de Energia ‐ Bolonha, da Pós‐Graduação em Infra‐Estruturas de Telecomunicações, Segurança e Domótica e da Pós‐Graduação em
Eficiência Energética e Utilização Racional de Energia Eléctrica.

Está equipado com diversas bancadas de testes e ensaios e equipamentos modulares nas áreas técnicas anteriormente referidas.

Possui diversos equipamentos de medição essenciais à execução de certificações ITED, equipamentos no âmbito da certificação,
exploração e manutenção das instalações eléctricas e equipamentos no âmbito da realização de auditorias energéticas e da
monitorização da qualidade de serviço.

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CURIOSIDADE

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