Pentecost Es

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 146

Capítulo 4 — O Pentecostes

Este capítulo é baseado em Atos 2:1-39.


Ao voltarem os discípulos do Olivete para Jerusalém, o povo fitava-os,
esperando descobrir-lhes no rosto expressões de tristeza, confusão e derrota,
mas viram alegria e triunfo. Os discípulos não pranteavam desapontadas
esperanças. Viram o Salvador ressurgido, e Sua promessa na despedida lhes
ecoava constantemente aos ouvidos. {AA 19.1}
Em obediência à ordem de Cristo, esperaram em Jerusalém o cumprimento
da promessa do Pai — o derramamento do Espírito. Não esperaram ociosos.
Diz o registro que “estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a
Deus”. Lucas 24:53. Reuniram-se também para, em nome de Jesus,
apresentar seus pedidos ao Pai. Sabiam que tinham um representante no Céu,
um advogado junto ao trono de Deus. Em solene reverência, ajoelharam-se em
oração, repetindo a promessa: “Tudo quanto pedirdes a Meu Pai, em Meu
nome, Ele vo-lo há de dar. Até agora nada pedistes em Meu nome; pedi, e
recebereis, para que o vosso gozo se cumpra”. João 16:23, 24. Mais e mais
alto eles estenderam a mão da fé, com o poderoso argumento: “É Cristo quem
morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de
Deus, e também intercede por nós”. Romanos 8:34. {AA 19.2}
Ao esperarem os discípulos pelo cumprimento da promessa, humilharam o
coração em verdadeiro arrependimento e confessaram sua incredulidade. Ao
trazerem à lembrança as palavras que Cristo lhes havia dito antes da morte,
entenderam mais amplamente seu significado. Verdades que lhes tinham
escapado à lembrança lhes voltavam à mente, e eles as repetiam uns aos
outros. Reprovavam-se por não haverem compreendido o Salvador. Como
numa seqüência, cena após cena de Sua maravilhosa vida passou perante
eles. Meditando sobre Sua vida pura, santa, sentiram que nenhum trabalho
seria árduo demais, nenhum sacrifício demasiado grande, contanto que
pudessem testemunhar na própria vida, da amabilidade do caráter de Cristo.
Oh! se pudessem viver de novo os passados três anos, pensavam, quão
diferentemente agiriam! Se pudessem somente ver o Mestre outra vez, com
que ardor procurariam mostrar quão profundamente O amavam, e quanto se
haviam entristecido por terem-nO ferido com uma palavra ou um ato de
incredulidade! Mas estavam confortados com o pensamento de que haviam
sido perdoados. E determinaram que, tanto quanto possível, expiariam sua
incredulidade confessando-O corajosamente perante o mundo. {AA 19.3}
Os discípulos oraram com intenso fervor para serem habilitados a se
aproximar das pessoas e, em seu trato diário, falar palavras que levassem os
pecadores a Cristo. Pondo de parte todas as divergências, todo o desejo de
supremacia, uniram-se em íntima comunhão cristã. Aproximaram-se mais e
mais de Deus e, fazendo isso, sentiram que era um privilégio poderem
associar-se tão intimamente com Cristo. A tristeza lhes inundava o coração ao
se lembrarem de quantas vezes O haviam mortificado por terem sido tardos de
compreensão, falhos em entender as lições que, para seu bem, Ele estivera
buscando ensinar-lhes. {AA 20.1}
Esses dias de preparo foram de profundo exame de coração. Os discípulos
sentiram sua necessidade espiritual, e suplicaram do Senhor a santa unção
que os devia capacitar para a obra da salvação. Não suplicaram essas
bênçãos apenas para si. Sentiam a responsabilidade que pesava sobre eles.
Compreendiam que o evangelho devia ser proclamado ao mundo e clamavam
pelo poder que Cristo prometera. {AA 20.2}
Durante a era patriarcal, a influência do Espírito Santo tinha sido muitas
vezes revelada de maneira muito notável, mas nunca em Sua plenitude. Agora,
em obediência à palavra do Salvador, os discípulos faziam suas súplicas por
esse dom e, no Céu, Cristo acrescentou Sua intercessão. Ele reclamou o dom
do Espírito para que pudesse derramá-lo sobre Seu povo. {AA 20.3}
“E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo
lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados”. Atos 2:1,
2. {AA 20.4}
O Espírito veio sobre os discípulos que, expectantes, oravam, com uma
plenitude que alcançou cada coração. O Ser infinito revelou-Se em poder a Sua
igreja. Era como se por séculos essa influência estivesse sendo reprimida e,
agora, o Céu se regozijasse em poder derramar sobre a igreja as riquezas da
graça do Espírito. E sob a influência do Espírito, palavras de arrependimento e
confissão misturavam-se com cânticos de louvor por pecados perdoados. Eram
ouvidas palavras de gratidão e de profecia. Todo o Céu se inclinou na
contemplação da sabedoria do incomparável e incompreensível amor. Absortos
em admiração, os apóstolos exclamaram: “Nisto consiste o amor”! 1 João 4:10.
Eles se apossaram do dom que lhes era repartido. E que se seguiu? A espada
do Espírito, de novo afiada com poder e banhada nos relâmpagos do Céu,
abriu caminho através da incredulidade. Milhares se converteram num dia. {AA
20.5}
Disse Cristo a Seus discípulos: “Digo-vos a verdade, que vos convém que
Eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for,
enviar-vo-Lo-ei” “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará
em toda a verdade; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido, e vos anunciará o que há de vir”. João 16:7, 13. {AA 20.6}
A ascensão de Cristo ao Céu foi, para Seus seguidores, um sinal de que
estavam para receber a bênção prometida. Por ela deviam esperar antes de
iniciarem a obra que lhes fora ordenada. Ao transpor as portas celestiais, foi
Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi essa cerimônia
concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e
Cristo foi, de fato, glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda
a eternidade. O derramamento pentecostal foi uma comunicação do Céu de
que a confirmação do Redentor havia sido feita. De conformidade com Sua
promessa, Jesus enviou do Céu o Espírito Santo sobre Seus seguidores, em
sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na
Terra, tornando-Se o Ungido sobre Seu povo. {AA 20.7}
“E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais
pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e
começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia
que falassem”. Atos 2:3, 4. O Espírito Santo, assumindo a forma de línguas de
fogo, repousou sobre a assembléia. Esse era um emblema do dom então
outorgado aos discípulos, o qual os capacitava a falar com fluência línguas com
as quais antes não tinham tomado contato algum. A aparência de fogo
significava o zelo fervente com que os apóstolos trabalhariam, e o poder que
assistiria sua obra. {AA 21.1}
“E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as
nações que estão debaixo do céu”. Atos 2:5. Durante a dispersão, os judeus
tinham sido espalhados por quase todas as partes do mundo habitado, e em
seu exílio tinham aprendido a falar várias línguas. Muitos desses judeus
estavam, nessa ocasião, em Jerusalém assistindo às festas religiosas que
então se realizavam. Cada língua conhecida estava por eles representada.
Essa diversidade de línguas teria sido um grande obstáculo à proclamação do
evangelho; Deus, portanto, de maneira miraculosa, supriu a deficiência dos
apóstolos. O Espírito Santo fez por eles o que não teriam podido fazer por si
em toda uma existência. Agora, podiam proclamar as verdades do evangelho
em toda parte, falando com perfeição a língua daqueles por quem trabalhavam.
Esse miraculoso dom era para o mundo uma forte evidência de que o trabalho
deles tinha a aprovação do Céu. Daí por diante, a linguagem dos discípulos era
pura, simples e correta, falassem eles no idioma materno ou numa língua
estrangeira. {AA 21.2}
“E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque
cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se
maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses
homens que estão falando? Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria
língua em que somos nascidos?” Atos 2:6-8. {AA 21.3}
Os sacerdotes e príncipes estavam excessivamente enraivecidos ante essa
manifestação extraordinária, mas não ousavam demonstrar sua má disposição,
por temor de se exporem à violência do povo. Tinham assassinado o
Nazareno; mas eis que ali estavam os Seus servos, indoutos da
Galileia, contando em todas as línguas então faladas, a história de Sua vida e
ministério. Os sacerdotes, resolvidos a atribuir o poder miraculoso dos
discípulos a alguma causa natural, declararam estarem eles embriagados por
terem bebido demais do vinho novo preparado para o banquete. Alguns dos
mais ignorantes dentre o povo creram na acusação, mas os mais inteligentes
sabiam que isso era falso; e os que compreendiam as diferentes línguas
testificavam da correção com que eram usadas pelos discípulos. {AA 21.4}
Em resposta à acusação dos sacerdotes, Pedro destacou que essa
demonstração era um direto cumprimento da profecia de Joel, onde é predita a
descida de tal poder sobre homens a fim de habilitá-los para uma obra
especial. “Varões judeus, e todos os que habitais em Jerusalém,” disse ele,
“seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão
embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia. Mas isto é o que
foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do Meu
Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas
profetizarão, e os vossos mancebos terão visões, e os vossos velhos sonharão
sonhos; e também do Meu Espírito derramarei sobre os Meus servos e Minhas
servas naqueles dias, e profetizarão”. Atos 2:14-18. {AA 22.1}
Com clareza e poder Pedro testificou da morte e ressurreição de Cristo:
“Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, varão aprovado
por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por Ele fez no
meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a Este... crucificastes e matastes
pelas mãos de injustos; ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte,
pois não era possível que fosse retido por ela”. Atos 2:22-24. {AA 22.2}
Pedro não se referiu aos ensinos de Cristo a fim de justificar sua atitude,
porque sabia que o preconceito de seus ouvintes era tal que suas palavras
sobre o assunto seriam de nenhum efeito. Em vez disso, falou de Davi, que era
considerado pelos judeus como um dos patriarcas da nação. “Porque”,
declarou, “dEle disse Davi: Sempre via diante de Mim o Senhor, porque está à
Minha direita, para que Eu não seja comovido; por isso se alegrou o Meu
coração, e a Minha língua exultou; e ainda a Minha carne há de repousar em
esperança; pois não deixarás a Minha alma no Hades, nem permitirás que o
Teu santo veja a corrupção. Atos 2:25-27. {AA 22.3}
“Varões irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi,
que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura” Ele
“disse da ressurreição de Cristo: que a Sua alma não foi deixada no Hades,
nem a Sua carne viu a corrupção. Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos
nós somos testemunhas”. Atos 2:29, 31-32. {AA 22.4}
É uma cena cheia de interesse. Eis o povo afluindo de todas as direções
para ouvir os discípulos testificarem da verdade como é em Jesus. Eles se
acotovelam, lotando o templo. Sacerdotes e príncipes estão presentes,
fisionomias carregadas de malignidade, o coração ainda cheio de permanente
ódio contra Cristo, as mãos maculadas com o sangue do Redentor do mundo,
sangue esse derramado quando O crucificaram. Pensavam encontrar os
apóstolos acovardados e temerosos sob a mão forte da opressão e assassínio,
mas encontram-nos acima de todo temor, cheios do Espírito, proclamando com
poder a divindade de Jesus de Nazaré. Ouvem-nos declarando com ousadia
que Aquele tão recentemente humilhado, escarnecido, ferido por mãos cruéis e
crucificado é o Príncipe da vida, agora exaltado à direita de Deus. {AA 22.5}
Alguns dos que ouviam os apóstolos tinham tomado parte ativa na
condenação e morte de Cristo. Suas vozes tinham-se misturado com a da
turba, pedindo Sua crucificação. Quando Jesus e Barrabás foram colocados
perante eles no tribunal, e Pilatos perguntou: “Qual quereis que vos solte?”
(Mateus 27:17) eles clamaram: “Este não, mas Barrabás”. João 18:40. Quando
Pilatos lhes apresentou Cristo, dizendo: “Tomai-O vós, e crucificai-O; porque eu
nenhum crime acho nEle” (João 19:6), “Estou inocente do sangue dEste justo”,
eles exclamaram: “O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos
filhos”. Mateus 27:24, 25. {AA 23.1}
Agora, eles ouvem os discípulos declararem que era o Filho de Deus que
havia sido crucificado. Sacerdotes e príncipes tremeram. Um sentimento de
convicção e angústia se apoderou do povo. “E, ouvindo eles isto,
compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: Que faremos, varões irmãos?” Atos 2:37. Entre os ouvintes dos
discípulos havia judeus devotos, sinceros em sua fé. O poder que acompanhou
as palavras de Pedro convenceu-os de que Jesus era, de fato, o Messias. {AA
23.2}
“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do
Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a
todos os que estão longe; a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar”. Atos
2:38, 39. {AA 23.3}
Pedro deixou claro ao povo convicto o fato de que haviam rejeitado a Cristo
por terem sido enganados pelos sacerdotes e príncipes; e que se eles
continuassem a buscar conselho desses homens, e esperassem por eles para
reconhecerem a Cristo em vez de ousar fazê-lo por si mesmos, jamais O
aceitariam. Esses homens poderosos, embora fazendo profissão de piedade,
eram ambiciosos de riquezas e glórias terrestres. Não desejavam vir a Cristo
para receber esclarecimento. {AA 23.4}
Sob a influência dessa celestial iluminação, as passagens da Escritura que
Cristo tinha explanado aos discípulos apresentavam-se perante eles com o
brilho da verdade perfeita. O véu que os impedia de ver o fim do que fora
abolido estava agora removido, e eles compreendiam com perfeita clareza o
objetivo da missão de Cristo e a natureza de Seu reino. Puderam falar com
poder a respeito do Salvador e, ao desdobrarem perante seus ouvintes o plano
da salvação, muitos ficavam convictos e persuadidos. As tradições e
superstições inculcadas pelos sacerdotes foram varridas de sua mente, e os
ensinos do Salvador, aceitos. {AA 23.5}
“De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua
palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas”. Atos 2:41. {AA
24.1}
Os líderes judeus tinham imaginado que a obra de Cristo terminaria com
Sua morte; mas em vez disso, testemunharam as maravilhosas cenas do dia
do Pentecostes. Ouviram os discípulos dotados de poder e energia até então
desconhecidos pregando a Cristo e viram suas palavras confirmadas por sinais
e maravilhas. Em Jerusalém, o centro do judaísmo, milhares declararam
abertamente sua fé em Jesus de Nazaré como o Messias. Os discípulos
estavam assombrados e sobremodo jubilosos com a abundante colheita de
conversos. Eles não consideravam essa maravilhosa colheita como resultado
de seus próprios esforços; sabiam que estavam somando ao trabalho de outros
homens. Desde a queda de Adão, Cristo estivera confiando a servos
escolhidos a semente de Sua Palavra, para ser lançada nos corações
humanos. Durante Sua vida na Terra, Ele semeara a semente da verdade e a
regara com Seu sangue. As conversões ocorridas no dia
do Pentecostes foram resultado dessa semeadura, a colheita da obra de
Cristo, revelando o poder de Seus ensinos. {AA 24.2}
Apenas os argumentos dos apóstolos, conquanto convincentes e claros, não
teriam removido o preconceito que resistira a tanta evidência. Mas o Espírito
Santo com divino poder convenceu os corações pelos argumentos. As palavras
dos apóstolos eram como afiadas setas do Todo-poderoso, convencendo as
pessoas de sua terrível culpa por haverem rejeitado e crucificado o Senhor da
glória. {AA 24.3}
Sob a influência dos ensinos de Cristo, os discípulos tinham sido induzidos a
sentir sua necessidade do Espírito. Mediante a instrução do Espírito receberam
a habilitação final, saindo no desempenho de sua vocação. Não mais eram
ignorantes e iletrados. Haviam deixado de ser um grupo de unidades
independentes, ou elementos discordantes em conflito. Sua esperança não
mais repousava sobre a grandeza terrestre. Todos eram “unânimes” (Atos
2:46) e “era um o coração e a alma da multidão dos que criam”. Atos 4:32.
Cristo lhes enchia os pensamentos; e eles visavam ao avançamento de Seu
reino. Na mente e no caráter, haviam-se tornado semelhantes a seu Mestre, e
os homens “tinham conhecimento que eles haviam estado com Jesus”. Atos
4:13. {AA 24.4}
O Pentecostes trouxe-lhes uma iluminação celestial. As verdades que não
puderam compreender enquanto Cristo estava com eles, eram agora
reveladas. Com uma fé e certeza que nunca antes conheceram, aceitaram os
ensinamentos da Sagrada Palavra. Não mais lhes era questão de fé, ser Cristo
o Filho de Deus. Sabiam que, ainda que revestido da humanidade, Ele era, de
fato, o Messias, e contaram sua experiência ao mundo com uma confiança que
inspirava a convicção de que Deus estava com eles. {AA 24.5}
Eles podiam falar no nome de Jesus com segurança; pois era Ele seu Amigo
e Irmão mais velho. Levados em íntima comunhão com Cristo, assentaram-se
com Ele nos lugares celestiais. Com uma linguagem convincente vestiam suas
idéias quando testificavam dEle. Tinham o coração sobrecarregado com a
benevolência tão ampla, tão profunda, de tão vasto alcance que foram
impelidos a ir aos confins da Terra, testificando do poder de Cristo. Estavam
cheios de um intenso desejo de levar avante a obra que Ele tinha iniciado.
Sentiam a enormidade de seu débito para com o Céu, e a responsabilidade de
sua obra. Fortalecidos pela concessão do Espírito Santo, saíram com zelo para
estender os triunfos da cruz. O Espírito os animava, e falava por intermédio
deles. A paz de Cristo brilhava na face deles. Tinham-Lhe consagrado a vida
para serviço, e seu próprio semblante evidenciava a entrega que haviam
feito. {AA 25.1}

Capítulo 5 — O dom do Espírito

Quando Cristo fez a Seus discípulos a promessa do Espírito, estava Se


aproximando do fim de Seu ministério terrestre. Estava à sombra da cruz, com
plena consciência do peso da culpa que havia de repousar sobre Ele como o
portador do pecado. Antes de Se oferecer como a vítima sacrifical, instruiu
Seus discípulos com respeito a um dom essencial e completo que ia conceder
a Seus seguidores — o dom que haveria de pôr-lhes ao alcance os ilimitados
recursos de Sua graça. “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador,
para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não
pode receber, porque não O vê, nem O conhece: mas vós O conheceis, porque
habita convosco, e estará em vós”. João 14:16, 17. O Salvador estava
apontando para o futuro, ao tempo em que o Espírito Santo deveria vir para
fazer uma poderosa obra como Seu representante. O mal que se vinha
acumulando por séculos, devia ser resistido pelo divino poder do Espírito
Santo. {AA 26.1}
Qual foi o resultado do derramamento do Espírito no dia do Pentecostes?
As boas-novas de um Salvador ressuscitado foram levadas até as mais
longínquas partes do mundo habitado. À medida que os discípulos
proclamavam a mensagem da graça redentora, os corações se entregavam ao
poder da mensagem. A igreja viu conversos vindo para ela de todas as
direções. Extraviados converteram-se de novo. Pecadores uniram-se aos
crentes em busca da Pérola de grande preço. Alguns que haviam sido os mais
ferrenhos inimigos do evangelho tornaram-se seus campeões. Cumpriu-se a
profecia: “O que dentre eles tropeçar... será como Davi, e a casa de Davi...
como o anjo do Senhor”. Zacarias 12:8. Cada cristão via em seu irmão uma
revelação do amor e benevolência divinos. Só um interesse prevalecia; um
elemento de emulação absorveu todos os outros. A ambição dos crentes era
revelar a semelhança do caráter de Cristo, bem como trabalhar pelo
desenvolvimento de Seu reino. {AA 26.2}
“E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do
Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”. Atos 4:33. Pelas suas
atividades agregaram-se à igreja homens escolhidos que, recebendo a palavra
da verdade, consagraram a vida à obra de levar aos outros a esperança que
lhes enchia o coração de paz e satisfação. Não podiam ser reprimidos nem
intimidados por ameaças. O Senhor falava por seu intermédio e, à medida que
iam de lugar a lugar, o evangelho era pregado aos pobres e manifestavam-se
milagres da divina graça. {AA 26.3}
Deus pode atuar tão poderosamente quando os homens se entregam ao
controle de Seu Espírito. {AA 27.1}
A promessa do Espírito Santo não é limitada a uma época ou povo. Cristo
declarou que a divina influência do Espírito deveria estar com Seus seguidores
até o fim. Desde o dia do Pentecostes até ao presente, o Confortador tem sido
enviado a todos os que se rendem inteiramente ao Senhor e a Seu serviço. A
todos os que aceitam a Cristo como Salvador pessoal, o Espírito Santo vem
como consolador, santificador, guia e testemunha. Quanto mais intimamente os
crentes andam com Deus, tanto mais clara e poderosamente testificam do
amor do Redentor e da Sua graça salvadora. Os homens e mulheres que
através dos longos séculos de perseguição e prova desfrutaram, em larga
escala, a presença do Espírito em sua vida, permaneceram como sinais e
maravilhas no mundo. Revelaram, diante dos anjos e dos homens, o
transformador poder do amor que redime. {AA 27.2}
Os que, no Pentecostes, foram dotados com poder do alto, não ficaram por
isso livres de tentações e provas. Enquanto testemunhavam da verdade e da
justiça, eram repetidamente assediados pelo inimigo de toda a verdade, o qual
procurava roubar-lhes a sua experiência cristã. Eram compelidos a lutar com
todas as faculdades dadas por Deus, a fim de alcançarem a estatura de
homens e mulheres em Cristo Jesus. Diariamente, oravam por novos
suprimentos de graça, para que pudessem subir mais e mais na escala da
perfeição. Sob a operação do Espírito Santo, mesmo os mais fracos, pelo
exercitar fé em Deus, aprendiam a melhorar as faculdades conseguidas, e a se
tornarem santificados, refinados e enobrecidos. Tendo se submetido em
humildade à modeladora influência do Espírito Santo, recebiam a plenitude da
Divindade e eram modelados à semelhança do divino. {AA 27.3}
O tempo decorrido não operou mudança na promessa dada por Cristo ao
partir, de que enviaria o Espírito Santo como Seu representante. Não é por
qualquer restrição da parte de Deus que as riquezas de Sua graça deixam de
fluir para a Terra em favor dos homens. Se o cumprimento da promessa não é
visto como poderia ser, é porque a promessa não é apreciada como deveria.
Se todos estivessem dispostos, todos seriam cheios do Espírito. Onde quer
que a necessidade do Espírito Santo seja um assunto de que pouco se pense,
ali se verá sequidão espiritual, escuridão espiritual e espirituais declínio e
morte. Quando assuntos de menor importância ocupam a atenção, é sinal de
que está faltando o divino poder, necessário para o crescimento e prosperidade
da igreja, ainda que oferecido em infinita plenitude, o qual traz após si todas as
demais bênçãos. {AA 27.4}
Uma vez que é esse o meio pelo qual havemos de receber poder, por que
não sentimos fome e sede pelo dom do Espírito? Por que não falamos sobre
ele, não oramos por ele e não pregamos a seu respeito? O Senhor está mais
disposto a dar o Espírito Santo àqueles que O servem do que os pais a dar
boas dádivas a seus filhos. Cada obreiro deve fazer sua petição a Deus pelo
batismo diário do Espírito. Grupos de obreiros cristãos se devem reunir para
suplicar auxílio especial, sabedoria celestial, para que saibam como planejar e
executar sabiamente. Principalmente, devem eles orar para que Deus batize
Seus embaixadores escolhidos nos campos missionários, com uma rica
medida do Seu Espírito. A presença do Espírito com os obreiros de Deus dará
à proclamação da verdade um poder que nem toda a honra ou glória do mundo
dariam. {AA 27.5}
O Espírito Santo habita no consagrado obreiro de Deus, onde quer que ele
possa estar. As palavras dirigidas aos discípulos são-no também a nós. O
Consolador é tanto nosso quanto deles. O Espírito concede a força que
sustenta a pessoa que se esforça e luta em todas as emergências, em meio ao
ódio do mundo e ao reconhecimento de seus próprios fracassos e erros. Em
tristezas e aflições, quando as perspectivas se afiguram escuras e o futuro
aterrador, e nos sentimos desamparados e sós — é tempo de o Espírito Santo,
em resposta à oração da fé, conceder conforto ao coração. {AA 28.1}
Manifestar êxtases espirituais sob circunstâncias extraordinárias não é prova
conclusiva de que uma pessoa é cristã. Santidade não é arrebatamento: é
inteira entrega da vontade a Deus; é viver por toda a palavra que sai da boca
de Deus; é fazer a vontade de nosso Pai celestial; é confiar em Deus na
provação, tanto nas trevas como na luz; é andar pela fé e não pela vista; é
apoiar-se em Deus com indiscutível confiança, descansando em Seu amor. {AA
28.2}
Não é essencial que sejamos capazes de definir exatamente o que seja o
Espírito Santo. Cristo nos diz que o Espírito é o Consolador, o “Espírito de
verdade, que procede do Pai”. João 15:26. É declarado positivamente, a
respeito do Espírito Santo, que, em Sua obra de guiar os homens em toda a
verdade, “não falará de Si mesmo”. João 16:13. {AA 28.3}
A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem
explicar, porque o Senhor não lhes revelou. Com fantasiosos pontos de vista,
podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano;
mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a igreja. Com relação a
tais mistérios — demasiado profundos para o entendimento humano — o
silêncio é ouro. {AA 28.4}
A função do Espírito Santo é distintamente especificada nas palavras de
Cristo: “E quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do
juízo”. João 16:8. É o Espírito Santo que convence do pecado. Se o pecador
atender à vivificadora influência do Espírito, será levado ao arrependimento e
despertado para a importância de obedecer aos reclamos divinos. {AA 28.5}
Ao pecador arrependido, faminto e sedento de justiça, o Espírito Santo
revela o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. “Ele... há de receber do
que é Meu, e vo-lo há de anunciar”, disse Cristo. João 16:14. “Esse vos
ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho
dito”. João 14:26. {AA 28.6}
O Espírito é dado como agente de regeneração, para tornar eficaz a
salvação operada pela morte de nosso Redentor. O Espírito está
constantemente buscando atrair a atenção das pessoas para a grande oferta
feita na cruz do Calvário, a fim de desvendar ao mundo o amor de Deus, e abrir
às mentes convictas as preciosidades das Escrituras. {AA 29.1}
Havendo operado a convicção do pecado, e apresentado perante a mente a
norma de justiça, o Espírito Santo afasta as afeições pelas coisas da Terra, e
enche o espírito com o desejo de santidade. “Ele vos guiará em toda a
verdade”, declarou o Salvador. João 16:13. Se os homens se dispuserem a ser
moldados, haverá a santificação de todo o ser. O Espírito tomará as coisas de
Deus e as gravará no seu coração. Por Seu poder o caminho da vida se
tornará tão claro que ninguém o errará. {AA 29.2}
Desde o princípio, tem Deus operado por Seu Espírito Santo, mediante
agentes humanos, para a realização de Seu propósito em benefício da
humanidade caída. Isso se manifestou na vida dos patriarcas. À igreja no
deserto, no tempo de Moisés, também deu Deus Seu “bom Espírito, para os
ensinar”. Neemias 9:20. E nos dias dos apóstolos, Ele atuou poderosamente
por Sua igreja através do Espírito Santo. O mesmo poder que susteve os
patriarcas, que a Calebe e Josué deu fé e coragem, e eficiência à obra da
igreja apostólica, tem sustentado os fiéis filhos de Deus nos séculos
sucessivos. Foi mediante o poder do Espírito Santo que na idade escura os
cristãos valdenses ajudaram a preparar o caminho para a Reforma. Foi o
mesmo poder que deu êxito aos esforços de nobres homens e mulheres que
abriram o caminho para o estabelecimento das modernas missões, e para a
tradução da Bíblia para as línguas e dialetos de todas as nações e povos. {AA
29.3}
E ainda hoje, Deus está usando Sua igreja para tornar conhecido Seu
propósito na Terra. Hoje, os arautos da cruz vão de cidade em cidade e de
lugar em lugar, preparando o caminho para o segundo advento de Cristo. A
norma da lei de Deus está sendo exaltada. O Espírito do Onipotente está
movendo o coração dos homens, e os que respondem a essa influência
tornam-se testemunhas de Deus e Sua verdade. Em muitos lugares podem ser
vistos homens e mulheres consagrados comunicando a outros a luz que lhes
iluminou o caminho da salvação mediante Cristo. E enquanto deixam sua luz
brilhar, como fizeram os que foram batizados com o Espírito no dia
do Pentecostes, recebem mais e mais do poder do Espírito. Assim é a Terra
iluminada com a glória de Deus. {AA 29.4}
Por outro lado, há alguns que, em vez de aproveitar sabiamente as
oportunidades presentes, estão esperando indolentes por alguma ocasião
especial de refrigério espiritual, pelo qual suas habilidades para iluminar outros
sejam grandemente aumentadas. Esses negligenciam os deveres e privilégios
do presente e deixam que sua luz se apague, enquanto esperam um tempo em
que, sem nenhum esforço de sua parte, sejam feitos os recipientes de bênçãos
especiais, pelas quais sejam transformados e tornados aptos para o
serviço. {AA 29.5}
É certo que, no tempo do fim, quando a causa de Deus na Terra estiver
prestes a terminar, os sinceros esforços dos consagrados crentes sob a guia
do Espírito Santo serão acompanhados por especiais manifestações de favor
divino. Sob a figura das chuvas temporã e serôdia, que caem nas terras
orientais ao tempo da semeadura e da colheita, os profetas hebreus
predisseram a dotação de graça espiritual em medida extraordinária à igreja de
Deus. O derramamento do Espírito nos dias dos apóstolos foi o começo da
primeira chuva, ou temporã, e glorioso foi o resultado. Até o fim do tempo, a
presença do Espírito deve ser encontrada com a verdadeira igreja. {AA 30.1}
Ao avizinhar-se o fim da ceifa da Terra, uma especial concessão de graça
espiritual é prometida a fim de preparar a igreja para a vinda do Filho do
homem. Esse derramamento do Espírito é comparado com a queda da chuva
serôdia; e é por esse poder adicional que os cristãos devem fazer as suas
petições ao Senhor da seara “no tempo da chuva serôdia” Em resposta, “o
Senhor, que faz os relâmpagos, lhes dará chuveiro de água”. Zacarias 10:1.
“Ele... fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês”. Joel
2:23. {AA 30.2}
A menos, porém, que os membros da igreja de Deus hoje estejam em viva
associação com a Fonte de todo o crescimento espiritual, não estarão prontos
para o tempo da ceifa. A menos que mantenham suas lâmpadas bem acesas,
deixarão de receber a graça adicional em tempos de maior necessidade. {AA
30.3}
Apenas os que estão a receber constantemente novos suprimentos de
graça, terão o poder proporcional a sua necessidade diária e sua capacidade
de usar esse poder. Em vez de aguardar um tempo futuro em que, mediante
uma concessão especial de poder espiritual, recebam uma habilitação
miraculosa para conquistar almas, rendem-se diariamente a Deus, para que os
torne vasos próprios para o Seu uso. Aproveitam cada dia as oportunidades do
serviço que encontram a seu alcance. Diariamente, testificam em favor do
Mestre, onde quer que estejam, seja em alguma humilde esfera de atividade no
lar, ou em algum setor de utilidade pública. {AA 30.4}
Há para o consagrado obreiro uma maravilhosa consolação em saber que
mesmo Cristo, durante Sua vida na Terra, buscava diariamente Seu Pai em
procura de nova provisão da necessária graça, e saía dessa comunhão com
Deus para fortalecer e abençoar a outros. {AA 30.5}
Contemplemos o Filho de Deus curvado em adoração a Seu Pai! Conquanto
fosse o Filho de Deus, robustecia Sua fé por meio da prece, e mediante a
comunhão com o Céu trazia a Si mesmo força para resistir ao mal e ministrar
às necessidades dos homens. Como o Irmão mais velho de nossa raça,
conheceu as necessidades dos que, cercados de enfermidades e vivendo num
mundo de pecado e tentação, desejam, contudo, servi-Lo. Ele sabe que os
mensageiros que acha por bem enviar, são homens fracos e falíveis, mas a
todos que se dedicam inteiramente ao Seu serviço, promete auxílio divino. Seu
próprio exemplo é uma garantia de que a diligente e perseverante súplica a
Deus em fé — fé que leva a uma inteira confiança nEle e consagração sem
reserva a Sua obra — será eficaz em trazer aos homens o auxílio do Espírito
Santo na batalha contra o pecado. {AA 30.6}
Todo obreiro que segue o exemplo de Cristo, estará apto a receber e
empregar o poder que Deus prometeu a Sua igreja para a maturação da seara
da Terra. Manhã após manhã, ao se ajoelharem os arautos do evangelho
perante o Senhor, renovando-Lhe seus votos de consagração, Ele lhes
concederá a presença de Seu Espírito, com Seu poder vivificante e
santificador. Ao saírem para seus deveres diários, têm eles a certeza de que a
invisível atuação do Espírito Santo os habilita a ser “cooperadores de Deus”. 1
Coríntios 3:9. {AA 31.1}

Ora naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma


murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram
desprezadas no ministério cotidiano”. Atos 6:1. {AA 48.1}
A igreja primitiva era constituída de muitas classes de pessoas de diferentes
nacionalidades. Ao tempo do derramamento do Espírito Santo, no dia
do Pentecostes, “em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos,
de todas as nações que estão debaixo do céu”. Atos 2:5. Entre os que
adotavam a fé dos hebreus, reunidos em Jerusalém, havia alguns comumente
conhecidos como gregos; entre estes e os judeus da Palestina tinha havido
desde muito tempo desconfiança e mesmo antagonismo. {AA 48.2}
O coração daqueles que se converteram mediante o trabalho dos apóstolos,
abrandou-se e uniu-se pelo amor cristão. A despeito de preconceitos
anteriores, todos estavam em harmonia uns com os outros. Satanás sabia que,
enquanto essa união continuasse a existir, ele seria impotente para deter o
progresso da verdade do evangelho; e procurou tirar vantagem de anteriores
hábitos de pensar, na esperança de que, por esse meio, pudesse introduzir na
igreja elementos de desunião. {AA 48.3}
Chegando a Éfeso, Paulo encontrou doze crentes que, como Apolo, tinham
sido discípulos de João Batista e como ele alcançado algum conhecimento da
missão de Cristo. Eles não tinham a habilidade de Apolo, mas com a mesma
sinceridade e fé estavam procurando espalhar o conhecimento que
possuíam. {AA 156.4}
Esses irmãos nada sabiam da missão do Espírito Santo. Quando
interrogados por Paulo se haviam recebido o Espírito Santo, responderam:
“Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo” “Em que sois batizados
então?” interrogou Paulo, e eles responderam: “No batismo de João”. Atos
19:2, 3. {AA 156.5}
Então, o apóstolo expôs perante eles as grandes verdades que são o
fundamento da esperança do cristão. Falou-lhes da vida de Cristo na Terra, e
de Sua cruel morte de vergonha. Contou-lhes como o Senhor da vida quebrara
os grilhões da tumba e ressurgira triunfante da morte. Repetiu as palavras da
comissão do Salvador aos discípulos: “É-Me dado todo o poder no Céu e na
Terra. Portanto ide, e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e
do Filho e do Espírito Santo”. Mateus 28:18, 19. Falou-lhes também da
promessa de Cristo de enviar o Consolador, por cujo poder grandes sinais e
maravilhas seriam feitos, e contou-lhes quão gloriosamente havia essa
promessa sido cumprida no dia de Pentecostes. {AA 156.6}
Com profundo interesse e grata alegria os irmãos atentaram para as
palavras de Paulo. Pela fé aprenderam a maravilhosa verdade do sacrifício
expiatório de Cristo, e receberam-nO como seu Redentor. Foram, então,
batizados em nome de Jesus; “e, impondo-lhes Paulo as mãos” (Atos 19:6),
receberam também o batismo do Espírito Santo que os capacitou a falar as
línguas de outras nações e a profetizar. Dessa forma estavam habilitados a
trabalhar como missionários em Éfeso e circunvizinhanças, e também a sair
para proclamar o evangelho na Ásia Menor. {AA 157.1}
Por mais de três anos, Éfeso foi o centro do trabalho de Paulo. Uma
florescente igreja foi estabelecida ali, e dessa cidade o evangelho se espalhou
através da província da Ásia, tanto entre judeus como entre gentios. {AA 162.1}
O apóstolo estivera planejando por algum tempo outra viagem missionária.
Ele “propôs, em espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela
Acaia, dizendo: Depois que houver estado ali, importa-me ver também Roma”
Em harmonia com esse plano, enviou “à Macedônia dois daqueles que o
serviam, Timóteo e Erasto”; mas sentindo que a causa em Éfeso ainda requeria
sua presença, decidiu permanecer até depois do Pentecostes. Logo,
entretanto, ocorreu um acontecimento que apressou sua partida. Atos 19:21,
22. {AA 162.2}
Uma vez ao ano, eram realizadas em Éfeso cerimônias especiais em honra
da deusa Diana. Estas atraíam grande número de pessoas de todas as partes
da proví

Capítulo 37 — A última viagem de Paulo a Jerusalém

Este capítulo é baseado em Atos 20:4-38; 21:1-16.


Paulo tinha grande desejo de alcançar Jerusalém antes da Páscoa, para
que assim tivesse uma oportunidade de encontrar-se com os que vinham de
todas as partes do mundo para assistir à festa. Acariciava sempre a esperança
de servir, de algum modo, como instrumento na remoção dos preconceitos de
seus patrícios incrédulos, a fim de que fossem levados a aceitar a preciosa luz
do evangelho. Desejava também visitar a igreja de Jerusalém e levar-lhes os
donativos que as igrejas gentílicas enviavam para os irmãos pobres da Judéia.
E por essa visita esperava promover mais firme união entre os judeus
conversos e os conversos gentios. {AA 217.1}
Tendo completado seu trabalho em Corinto, determinou navegar
diretamente para um dos portos na costa da Palestina. Haviam-se tomado
todas as disposições e ele estava prestes a tomar o navio quando teve aviso
de uma trama dos judeus para tirar-lhe a vida. Até então, tinham sido frustrados
todos os esforços dos adversários da fé para acabar com a obra do
apóstolo. {AA 217.2}
O êxito que alcançou a pregação do evangelho havia despertado de novo a
ira dos judeus. Chegavam de cada canto informações da disseminação da
nova doutrina, segundo a qual os judeus eram libertados da observância dos
ritos da lei cerimonial, e os gentios eram admitidos a iguais privilégios com os
judeus como filhos de Abraão. Paulo, em sua pregação em Corinto, apresentou
os mesmos argumentos que expunha com tanta veemência em suas epístolas.
Sua categórica afirmação: “Não há grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão” (Colossences 3:11), foi considerada pelos inimigos como ousada
blasfêmia, e decidiram que sua voz devia ser silenciada. {AA 217.3}
Tendo sido avisado da conspiração, Paulo decidiu dar a volta pela
Macedônia. Teve assim de renunciar ao plano de chegar a Jerusalém em
tempo para as festividades da Páscoa, mas esperava lá estar para
o Pentecostes. {AA 217.4}
Na companhia de Paulo e Lucas estavam “Sópater, de Beréia, e dos de
Tessalônica, Aristarco e Segundo, e Gaio, de Derbe, e Timóteo, e dos da Ásia,
Tíquico e Trófimo”. Atos 20:4. Paulo trazia consigo grande soma de dinheiro
das igrejas gentílicas, e pretendia depô-la nas mãos dos irmãos encarregados
do trabalho na Judéia; e para esse fim combinou com várias igrejas
contribuintes que representantes seus o acompanhassem a Jerusalém. {AA
217.5}
Em Filipos, Paulo demorou-se para celebrar a Páscoa. Só Lucas ficou com
ele, partindo os demais membros da comitiva para Trôade, a fim de ali o
esperarem. Os filipenses eram dentre os conversos do apóstolo os mais
amorosos e sinceros, e durante os oito dias da festa ele desfrutou pacífica e
feliz comunhão com eles. {AA 218.1}
Embarcando em Filipos, Paulo e Lucas alcançaram os companheiros cinco
dias mais tarde, em Trôade, e demoraram-se sete dias com os crentes naquele
lugar. Na última noite de sua estada ali os irmãos se ajuntaram “para partir o
pão” O fato de que seu amado mestre ia partir, promoveu um ajuntamento
maior que o de costume. Reuniram-se num “cenáculo” (Atos 20:7, 8), no
terceiro andar. Ali, no fervor de seu amor e solicitude por eles, o apóstolo
pregou até a meia-noite. {AA 218.2}
Numa das janelas abertas estava assentado um jovem por nome Êutico.
Nessa perigosa posição adormeceu, e caiu ao solo. Num momento tudo era
susto e confusão. O jovem foi levantado morto, e muitos se acercaram dele
com gritos e lamentações. Mas Paulo, passando por entre os irmãos
atribulados, abraçou-o e fez uma fervorosa oração para que Deus restaurasse
a vida ao morto. Sua petição foi atendida. Sobrepondo-se aos clamores e
lamentações, ouviu-se a voz do apóstolo dizendo: “Não vos perturbeis, que a
sua alma nele está” Com júbilo, os crentes voltaram a se reunir no cenáculo.
Havendo participado da comunhão, Paulo “ainda lhes falou largamente até à
alvorada”. Atos 20:10, 11. {AA 218.3}
O navio em que Paulo e seus companheiros deviam prosseguir viagem
estava prestes a partir e os irmãos apressaram-se a subir a bordo. O apóstolo,
porém, preferiu tomar o caminho mais perto, por terra, entre Trôade e Assôs,
encontrando-se com seus companheiros nesta cidade. Isto lhe deu um pouco
de tempo para meditação e oração. As dificuldades e perigos relacionados com
sua próxima visita a Jerusalém, a atitude da igreja ali para com ele e sua obra,
bem como a condição das igrejas e o interesse da obra do evangelho em
outros campos, eram assuntos de ardente e solícito pensar; e ele aproveitou
essa oportunidade especial para buscar de Deus força e guia. {AA 218.4}
Enquanto os viajantes navegavam rumo ao sul, para Assôs, passaram pela
cidade de Éfeso, que fora por tanto tempo cenário dos trabalhos do apóstolo.
Paulo havia desejado muito visitar a igreja ali; pois tinha importante instrução e
conselho a dar-lhes. Havendo, porém, ponderado, determinou apressar-se;
pois desejava “estar, se lhe fosse possível, em Jerusalém no dia
do Pentecostes”. Atos 20:16. Chegando, porém, a Mileto, cerca de cinqüenta
quilômetros de Éfeso, soube que lhe seria possível comunicar-se com a igreja
antes que o navio partisse. Enviou portanto uma mensagem imediatamente aos
anciãos, pedindo para que viessem depressa a Mileto, para que pudesse vê-los
antes de continuar a viagem. {AA 218.5}

Pouca menção se faz no livro de Atos quanto ao último trabalho do apóstolo


Pedro. Durante os ativos anos de ministério que se seguiram ao derramamento
do Espírito no dia do Pentecostes, ele se encontrava entre os que se
empenhavam incansavelmente para entrar em contato com os judeus que
vinham a Jerusalém para adorar por ocasião das festividades anuais. {AA
289.1}
Aumentando o número de crentes em Jerusalém e outros lugares visitados
pelos mensageiros da cruz, os talentos do apóstolo Pedro se provaram de
inestimável valor para a primitiva igreja cristã. A influência de seu testemunho
referente a Jesus de Nazaré se estendia amplamente. Sobre ele havia sido
posta dupla responsabilidade. Dava perante os incrédulos positivo testemunho
com respeito ao Messias, trabalhando fervorosamente para a conversão deles,
fazendo ao mesmo tempo trabalho especial pelos crentes, fortalecendo-os na
fé em Cristo. {AA 289.2}
Foi depois de haver sido levado à renúncia do eu e à inteira confiança no
poder divino, que Pedro recebeu o chamado para agir como um subpastor.
Cristo havia dito a Pedro, antes de O haver negado: “Quando te converteres,
confirma teus irmãos”. Lucas 22:32. Essas palavras denotavam a ampla e
eficiente obra que o apóstolo devia fazer no futuro pelos que viessem para a fé.
Para essa obra, a própria experiência do pecado, do sofrimento e
arrependimento de Pedro o havia preparado. Não antes que tivesse ele
reconhecido sua fraqueza, poderia conhecer a necessidade que tem o crente
de confiar em Cristo. Em meio à tormenta da tentação ele compreendeu que o
homem só pode andar seguramente quando, em absoluta desconfiança
própria, confia no Salvador. {AA 289.3}

A vida do apóstolo estava em harmonia com seus ensinos. O amor de Cristo


que ardia em seu coração, induziu-o a empenhar-se em fervorosa e incansável
atividade por seus semelhantes, especialmente por seus irmãos na igreja
cristã. {AA 306.2}
Cristo ordenara aos primeiros discípulos amarem-se uns aos outros como
Ele os amara. Assim deviam dar testemunho ao mundo de que Cristo estava
formado neles, a esperança da glória. “Um novo mandamento vos dou”, disse
Ele, “que vos ameis uns aos outros”. João 13:34. Ao tempo em que essas
palavras foram pronunciadas, os discípulos não as puderam compreender; mas
depois de haverem testemunhado os sofrimentos de Cristo, depois de Sua
crucificação, ressurreição e ascensão ao Céu, e após haver o Espírito Santo
repousado sobre eles no dia do Pentecostes, tiveram mais clara compreensão
do amor de Deus, e da natureza desse amor que deviam possuir uns pelos
outros. Então, pôde João dizer a seus companheiros: “Nisto conhecemos o
amor: que Cristo deu a Sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos
irmãos”. 1 João 3:16. {AA 306.3}
Depois da descida do Espírito Santo, quando os discípulos saíram para
proclamar um Salvador vivo, seu único desejo era a salvação dos perdidos.
Rejubilavam-se na doçura da comunhão com os santos. Eram ternos,
prestativos, abnegados, voluntários em fazer qualquer sacrifício pelo amor da
verdade. Em seu contato diário entre si, revelavam aquele amor que Cristo lhes
ordenara. Por palavras e obras de altruísmo, procuravam acender esse amor
em outros corações. {AA 306.4}
Um tal amor deviam os crentes sempre acariciar. Deviam viver em
obediência voluntária ao novo mandamento. Tão intimamente tinham de estar
unidos com Cristo a ponto de estar habilitados a cumprir todos os seus
reclamos. Sua vida devia magnificar o poder de um Salvador que poderia
justificá-los por Sua justiça. {AA 306.5}

Revelado aos discípulos — Estudemos as palavras proferidas por Cristo


no cenáculo, na véspera de Sua crucifixão. Aproximava-se a hora de Seu
julgamento, e Ele buscou confortar os discípulos, que deviam ser tão
rigorosamente provados. {CBVc 184.2}
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na
casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito,
pois vou preparar-vos lugar.” “Disse-Lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para
onde vais e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim. Se vós
Me conhecêsseis a Mim, também conheceríeis a Meu Pai; e já desde agora O
conheceis e O tendes visto. [...] “Senhor, mostra-nos o Pai”, disse Filipe, “o que
nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não Me tendes
conhecido, Filipe? Quem Me vê a Mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o
Pai? Não crês tu que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras
que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai, que está em Mim, é
quem faz as obras”. João 14:1, 2, 5-10. {CBVc 184.3}
Os discípulos ainda não compreendiam as palavras de Cristo quanto a Sua
relação para com Deus. Muito do Seu ensino ainda lhes era obscuro. Cristo
desejava que eles tivessem um mais claro, mais distinto conhecimento de
Deus. {CBVc 184.4}
“Disse-vos isso por parábolas”, disse Ele; “chega, porém, a hora em que vos
não falarei mais por parábolas, mas abertamente vos falarei acerca do
Pai”. João 16:25. {CBVc 184.5}
Quando, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi derramado sobre os
discípulos, eles entenderam mais claramente as verdades que Jesus lhes
dissera por parábolas. Muito dos ensinos que lhes haviam sido um mistério,
tornou-se-lhes claro. Mas nem mesmo então receberam os discípulos o pleno
cumprimento da promessa de Cristo. Receberam relativamente a Deus todo o
conhecimento que lhes era possível suportar, mas o completo cumprimento da
promessa de que Cristo lhes havia de mostrar plenamente o Pai estava por vir.
Assim acontece hoje em dia. Nosso conhecimento de Deus é parcial e
imperfeito. Quando o conflito terminar, e o Homem Cristo Jesus reconhecer
perante o Pai os Seus fiéis obreiros, que num mundo de pecado dEle têm dado
um verdadeiro testemunho, compreenderão eles claramente o que agora lhes é
mistério. {CBVc 184.6}
Cristo levou consigo para as cortes celestes a Sua glorificada humanidade.
Aos que O recebem, Ele dá poder para se tornarem filhos de Deus, para que
enfim possa recebê-los como Seus, para com Ele habitar por toda a
eternidade. Se durante esta vida forem leais a Deus, afinal “verão o Seu rosto,
e na sua testa estará o Seu nome”. Apocalipse 22:4. E qual é a felicidade do
Céu, senão ver a Deus? Que maior alegria poderia sobrevir ao pecador salvo
pela graça de Cristo do que contemplar o rosto de Deus, e conhecê-Lo como
Pai? {CBVc 185.1}
As Escrituras indicam claramente a relação entre Deus e Cristo,
apresentando com igual clareza a personalidade e individualidade de cada
um. {CBVc 185.2}
“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho. O
qual, sendo [...] a expressa imagem da Sua pessoa, e sustentando todas as
coisas pela palavra do Seu poder, havendo feito por Si mesmo a purificação
dos nossos pecados, assentou-Se à destra da Majestade, nas alturas; feito
tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do
que eles. Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, hoje Te
gerei? E outra vez: Eu Lhe serei por Pai, e Ele Me será por Filho?” Hebreus
1:1, 3-5. {CBVc 185.3}
A personalidade do Pai e do Filho, bem como a unidade existente entre
Eles, é apresentada no capítulo dezessete de João, na oração de Cristo por
Seus discípulos: “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que,
pela Sua palavra, hão de crer em Mim; para que todos sejam um, como Tu, ó
Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o
mundo creia que Tu Me enviaste”. João 17:20, 21. {CBVc 185.4}
A unidade que existe entre Cristo e Seus discípulos não anula a
personalidade de nenhum. São um em desígnio, mente, em caráter, mas não
em pessoa. É assim que Deus e Cristo são um. {CBVc 185.5}
O caráter de Deus revelado em Cristo — Tomando sobre Si a
humanidade, Cristo veio ser um com a humanidade, e ao mesmo tempo revelar
às pecadoras criaturas humanas o Pai celestial. Aquele que estivera na
presença do Pai, desde o princípio, Aquele que era a expressa imagem do
invisível Deus, era o único habilitado a revelar à humanidade o caráter divino.
Em tudo Ele foi feito semelhante a Seus irmãos. Fez-Se carne, tal qual nós
somos. Sentia fome e sede e fadiga. Era sustentado pelo alimento, e
refrigerado pelo sono. Partilhou da sorte dos homens; era, todavia, o imaculado
Filho de Deus. Era um estrangeiro e peregrino na Terra — estava no mundo,
mas não era do mundo; tentado e provado como o são os homens e as
mulheres de hoje, e vivendo não obstante uma vida isenta de pecado. Terno,
compassivo, cheio de simpatia, sempre atencioso para com os outros, Ele
representava o caráter de Deus, achando-Se continuamente empenhado em
serviço para com o Senhor e o homem. {CBVc 185.6}
“O Senhor Meu ungiu”, disse Ele,
“Para pregar boas-novas aos mansos;
enviou-Me a restaurar os contritos de coração,
a proclamar liberdade aos cativos” {CBVc 186.1}
Isaías 61:1.
“A dar vista aos cegos”. {CBVc 186.2}
Lucas 4:19.
“A apregoar o ano aceitável do Senhor; [...]
“A consolar todos os tristes”. {CBVc 186.3}
Isaías 61:2.
“Amai a vossos inimigos”, ordena-nos Ele; “bendizei os que vos maldizem,
fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos
perseguem, para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus” (Mateus
5:44, 45); “porque Ele é benigno até para com os ingratos e maus”. Lucas 6:35.
“Faz que o Seu Sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos
e injustos”. Mateus 5:45. “Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai
é misericordioso”. Lucas 6:36. {CBVc 186.4}
“Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, [...]
O Oriente do alto nos visitou,
para alumiar aos que estão assentados em trevas e sombra de morte,

omo pode alguém ser considerado justo diante de Deus? Como pode o
pecador ser justificado? Somente por meio de Cristo podemos ter harmonia
com Deus e com a santidade; mas como chegar a Cristo? Muitos fazem a
mesma pergunta que outros fizeram no dia do Pentecostes, quando,
convencidos do pecado, exclamaram: “Que faremos?” A primeira palavra da
resposta dada por Pedro foi: “Arrependei-vos”. Atos 2:37, 38. Em outra ocasião,
logo depois disso, ele disse: “Arrependei-vos [...] para serem cancelados os
vossos pecados”. Atos 3:19. {CCn 17.1}

Quando Cristo subiu ao Céu, Seus seguidores ainda sentiam Sua presença.
Era uma presença pessoal, cheia de amor e luz. Jesus, o Salvador, Aquele que
andara, falara e orara com eles, que lhes trouxera palavras de esperança e
conforto ao coração, estava sendo levado para o Céu. Ao subir, Seus lábios
ainda proferiam a mensagem de paz. Enquanto uma nuvem de anjos O
recebia, os discípulos ouviam o som da Sua voz: “Eis que estou convosco
todos os dias até a consumação do século”. Mateus 28:20. Ele subiu ao Céu
em forma humana. Os discípulos sabiam que Ele estava diante do trono de
Deus ainda como seu Amigo e Salvador. Sabiam que Sua simpatia ainda era a
mesma e que ainda Se identificava com o sofrimento da humanidade. Ele
estava apresentando diante de Deus os méritos do Seu precioso sangue,
mostrando Suas mãos e pés feridos, em memória do preço que pagou por
Seus remidos. Sabiam que Ele subira ao Céu para preparar um lugar para eles,
e que viria outra vez para levá-los para Si. {CCn 46.4}
Ao reunirem-se depois da ascensão, eles estavam ansiosos por apresentar
suas petições para o Pai em nome de Jesus. Reverentemente, prostraram-se
em oração, repetindo a promessa: “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la
concederá em Meu nome. Até agora nada tendes pedido em Meu nome; pedi e
recebereis, para que a vossa alegria seja completa”. João 16:23, 24. Os
discípulos erguiam cada vez mais alto a mão da fé, apresentando o poderoso
argumento: “É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual
está à direita de Deus e também intercede por nós”. Romanos 8:34. E
o Pentecostes trouxe a presença do Consolador, de quem Cristo disse: Ele
“estará em vós”. João 14:17. Mais tarde, Ele disse: “Convém que Eu vá,
porque, se Eu não for, o Consolador não virá para vós outros”. João 16:7. Daí
por diante, por meio do Espírito, Cristo habitaria continuamente no coração de
Seus filhos. Sua união com Ele passou a ser então mais íntima do que quando
Ele estava pessoalmente com eles. A luz, o amor e o poder do Cristo que
habitava neles se refletiam em sua vida, de modo que as pessoas, ao vê-los,
“admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus”. Atos dos
Apóstolos 4:13. {CCn 47.1}
Tudo o que Cristo era para os discípulos, Ele deseja ser para os Seus filhos
hoje; pois na última oração, com o pequeno grupo de discípulos ao Seu redor,
Ele disse: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem
a crer em Mim, por intermédio da sua palavra”. João 17:20. {CCn 47.2}
Jesus orou por nós, pedindo para que pudéssemos ser um com Ele, assim
como Ele é um com o Pai. Que união extraordinária! Disse o Salvador a
respeito de Si mesmo: “O Filho nada pode fazer de Si mesmo”; “o Pai, que
permanece em Mim, faz as Suas obras”. João 5:19; 14:10. Assim, se Cristo
habitar em nosso coração, Ele operará em nós “tanto o querer como o
realizar”. Filipenses 2:13. Trabalharemos como Ele trabalhou; manifestaremos
o mesmo espírito. E assim, amando-O e nEle habitando, “cresçamos em tudo
nAquele que é a cabeça, Cristo”. Efésios 4:15. {CCn 47.3}

Orar pelo Espírito Santo — Devemos orar pela descida do Espírito Santo
com tanto fervor quanto os discípulos oraram no dia do Pentecostes. Se dEle
necessitaram naquele tempo, muito mais necessitamos nós agora. Trevas
morais, como uma mortalha cobrem a Terra Toda espécie de falsas doutrinas,
heresias e enganos satânicos estão desviando a mente dos homens. Sem o
Espírito e o poder de Deus será em vão trabalharmos para apresentar a
verdade. — Testimonies for the Church 5:158 (1882). {CEv 104.3}
Quando sob provas os jovens mostrarem que sentem genuína
responsabilidade pelas almas e intenso desejo de salvar o próximo, eles verão
almas convertidas. De seu trabalho será segada uma messe para o Senhor.
Saiam eles como verdadeiros missionários para levar avante a obra de
disseminar os livros que contêm a verdade presente. Ao saírem, ascendam
suas orações a Deus por maior luz e pela guia de Seu Espírito, para que
possam saber como dizer uma palavra a seu tempo. Quando virem uma
oportunidade para praticar um ato de bondade agarrem-na como se estivessem
trabalhando por salário. Lembrem-se eles de que assim procedendo, estão a
serviço do Senhor. —

Deus deseja revigorar Seu povo pelo dom do Espírito Santo, batizando-o de
novo com Seu amor. Não há necessidade de haver escassez do Espírito na
igreja. Depois da ascensão de Cristo, o Espírito Santo desceu sobre os
discípulos, que com fé e oração O estavam esperando, e desceu com plenitude
e poder tais que atingiu todos os corações. Futuramente a Terra há de ser
iluminada com a glória de Deus. Santa influência há de irradiar para o mundo,
procedente dos que são santificados pela verdade. A Terra há de ser
circundada de uma atmosfera de graça. O Espírito Santo há de operar em
corações humanos, revelando aos homens as coisas de Deus. — Testimonies
for the Church 9:40. {CI 67.2}
Está o Senhor desejoso de fazer uma grande obra em favor de todos
quantos verdadeiramente nEle crêem. Se os membros da igreja se dispuserem
a participar da obra que podem fazer, empenhando-se em atividades por conta
própria, vendo cada qual quanto pode realizar na conquista de almas para
Jesus, veremos muitos abandonarem as fileiras de Satanás para manter-se
sob a bandeira de Cristo. Se nosso povo agir em conformidade com a luz que
lhes é fornecida nestas poucas instruções, certamente veremos a salvação
operada por Deus. Seguir-se-ão reavivamentos prodigiosos. Pecadores serão
convertidos, e muitas pessoas serão acrescentadas à igreja. Ao unirmos o
nosso coração ao de Cristo, e colocarmos nossa vida em harmonia com a Sua
obra, virá sobre nós o Espírito que desceu sobre os discípulos no dia
de Pentecostes. — Testimonies for the Church 8:246. {CI 67.3}

Quando, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi derramado sobre os


discípulos, compreenderam eles as verdades proclamadas por Cristo em
parábolas. Os ensinos que lhes haviam sido mistérios foram esclarecidos. A
compreensão que lhes adveio com o derramamento do Espírito fê-los
envergonharem-se de suas teorias fantasiosas. Suas suposições e
interpretações eram loucura quando comparadas com o conhecimento das
coisas celestiais que então receberam. Foram guiados pelo Espírito; e raiou luz
no seu entendimento anteriormente obscurecido. {CI 77.3}
Os discípulos não haviam, porém, recebido o cumprimento total da
promessa de Cristo. Receberam todo o conhecimento de Deus que poderiam
suportar, mas o cumprimento integral da promessa de que Cristo lhes mostraria
claramente o Pai, ainda estava por vir. Assim acontece hoje. Nosso
conhecimento de Deus é parcial e imperfeito. Quando o conflito houver
terminado, e Jesus Cristo Homem confessar perante o Pai Seus leais obreiros
que, num mundo de pecado, Lhe serviram de testemunhas fiéis,
compreenderão eles o que agora lhes são mistérios. {CI 77.4}
Cristo levou consigo para as cortes celestiais a Sua humanidade glorificada.
A quantos O recebem, concede Ele a faculdade de tornarem-se filhos de Deus,
para que no final Deus os receba como Seus para com Ele viverem através de
toda a eternidade. Se, durante esta vida, forem fiéis a Deus, no final “verão o
Seu rosto, e nas suas testas estará o Seu nome”. Apocalipse 22:4. E qual é a
felicidade do Céu senão a de ver a Deus? Que maior júbilo poderá ter o
pecador salvo pela graça de Cristo, do que contemplar a face de Deus, e tê-Lo
por Pai? {CI 77.5}
Por sua falta de consagração e piedade, e por deixarem de alcançar uma
norma religiosa elevada, levam outros a contentarem-se com sua posição.
Homens de juízo finito não podem ver que, imitando esses homens que tantas
vezes lhes abriram os tesouros da Palavra de Deus, certamente hão de pôr em
perigo sua salvação. Jesus é o único modelo verdadeiro. Cada qual tem de
agora estudar a Bíblia por si mesmo, de joelhos perante Deus, com o coração
humilde e dócil de uma criança, se quiser saber o que é que o Senhor dele
requer. Por muito alto que qualquer pastor tenha estado no favor de Deus, se
negligenciar seguir a luz que lhe é dada por Deus, se se recusar a ser ensinado
como uma criancinha, entrará em trevas e enganos satânicos, e levará outros
para o mesmo caminho. {CI 342.5}
Nenhum de nós jamais receberá o selo de Deus, enquanto o caráter tiver
uma nódoa ou mácula sequer. Cumpre-nos remediar os defeitos de caráter,
purificar de toda a contaminação o templo da alma. Então a chuva serôdia cairá
sobre nós, como caiu a temporã sobre os discípulos no dia de Pentecostes.
[...] {CI 343.1}
Ninguém necessita dizer que não há esperança para o seu caso, e que não
pode viver a vida de cristão. Mediante a morte de Cristo, amplas providências
foram tomadas em favor de cada pessoa. Jesus é o nosso auxílio sempre
presente em tempo de necessidade. Tão-somente O invoque com fé, e Ele
prometeu ouvir e atender suas petições. {CI 343.2}
Em visões da noite passaram perante mim representações de um grande
movimento reformatório entre o povo de Deus. Muitos estavam louvando a
Deus. Os enfermos eram curados, e outros milagres eram operados. Viu-se um
espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia
de Pentecostes. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo
perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do
Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se
abriam por toda parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia
iluminado pela influência celestial. Grandes bênçãos eram recebidas pelo fiel e
humilde povo de Deus. Ouvi as vozes de ações de graças e louvor, e parecia
haver uma reforma como a que testemunhamos em 1844. {CSa 580.1}
Contudo, alguns se recusavam a converter-se. Não estavam dispostos a
andar nos caminhos de Deus, e quando, para poder avançar a obra divina,
eram feitos pedidos de ofertas voluntárias, alguns se apegavam egoistamente
às suas posses terrestres. Esses ambiciosos foram separados do grupo de
crentes. — Testemunhos Selectos 3:345. {CSa 580.2}

A mulher enchera-se de alegria ao escutar as palavras de Cristo. A


maravilhosa revelação fora quase demasiado forte para ela. Deixando o
cântaro, voltou à cidade, para levar a outros a mensagem. Jesus sabia porque
ela se fora. O cântaro esquecido revelava eloqüentemente o efeito de Suas
palavras. O veemente desejo de seu coração era obter a água da vida; e
olvidou seu objetivo em ir ao poço, esquecendo a sede do Salvador, que se
propusera satisfazer. Coração transbordante de alegria, apressou-se em ir
comunicar a outros a preciosa luz que recebera. {DTN 125.3}
“Vinde e vede um Homem que me disse tudo quanto tenho feito”, disse ela
aos homens da cidade. “Porventura, não é este o Cristo?” João 4:29. Suas
palavras tocaram o coração deles. Havia em sua fisionomia expressão nova,
uma transformação em todo o seu aspecto. Despertou-se-lhes o interesse em
ver a Jesus. “Saíram pois da cidade, e foram ter com Ele”. João 4:29, 30. {DTN
125.4}
Jesus, ainda sentado à borda do poço, pôs-Se a olhar para os campos de
trigo que se estendiam diante dEle, seu delicado verdor banhado pelos
dourados raios do Sol. Chamando a atenção dos discípulos para a cena,
serviu-Se dela como de um símbolo: “Não dizeis vós que ainda há quatro
meses até que venha a ceifa? Eis que Eu vos digo: Levantai os vossos olhos, e
vede as terras, que já estão brancas para a ceifa.” E olhava, enquanto assim
dizia, aos grupos que se vinham dirigindo ao poço. Faltavam quatro meses
para a ceifa do cereal; havia, entretanto, uma colheita pronta para o
ceifeiro. {DTN 125.5}
“O que ceifa”, disse, “recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para
que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem. Porque nisto
é verdadeiro o ditado, que um é o que semeia, e outro o que ceifa”. João 4:35-
37. Aí indica Jesus o sagrado serviço que devem a Deus os que recebem o
evangelho. Cumpre-lhes ser instrumentos vivos em Suas mãos. Ele lhes exige
o serviço individual. E quer semeemos ou ceifemos, trabalhamos para Deus.
Um espalha a semente; outro ajunta na ceifa; e tanto o semeador como o
ceifeiro recebem galardão. Regozijam-se ambos na recompensa do seu
labor. {DTN 125.6}
Jesus disse aos discípulos: “Eu vos enviei a ceifar onde vós não
trabalhastes; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho”. João 4:38.
O Salvador antecipa aqui a grande colheita do dia de Pentecostes. Os
discípulos não deviam considerá-la como resultado dos próprios esforços.
Entravam no trabalho de outros homens. Desde a queda de Adão, Cristo
estivera sempre a confiar a semente da Palavra a Seus escolhidos servos, para
ser semeada nos corações humanos. E uma invisível influência, sim, uma força
onipotente, operava silenciosa, mas eficazmente para produzir a colheita. O
orvalho, a chuva e o Sol da graça de Deus haviam sido dados para refrescar e
nutrir a semente da verdade. Cristo estava prestes a regar a semente com Seu
próprio sangue. Seus discípulos tinham o privilégio de ser coobreiros dEle e
dos santos homens da antiguidade. Pelo derramamento do Espírito Santo,
no Pentecostes, milhares se haviam de converter em um dia. Isso era o
resultado da semente lançada por Cristo, a colheita de Seu labor. {DTN 126.1}
Nas palavras dirigidas à mulher à borda do poço, fora lançada boa semente,
e quão rapidamente se obteve a colheita! Os samaritanos vieram a ouvir Jesus,
e nEle creram. Aglomerando-se ali em torno dEle, assediaram-nO com
perguntas, recebendo ansiosamente Suas explicações de muitas coisas que
para eles haviam sido obscuras. Escutando-O, suas perplexidades se
começaram a desvanecer. Eram como um povo em meio de grande treva,
seguindo um súbito raio de luz, até chegarem à claridade do dia. Mas não se
satisfizeram com essa breve entrevista. Ansiavam ouvir mais, e dar a seus
amigos também oportunidade de ouvir esse maravilhoso Mestre. Convidaram-
nO a ir a sua cidade, pedindo-Lhe que ficasse com eles. Durante dois dias
deteve-Se em Samaria, e muitos mais creram nEle. {DTN 126.2}
Os fariseus desprezavam a simplicidade de Jesus. Passavam-Lhe por alto
os milagres, e pediam-Lhe um sinal de que era o Filho de Deus. Os
samaritanos, porém, não pediram sinal, e Jesus não operou nenhum milagre
entre eles, a não ser a revelação dos segredos da vida da mulher, junto ao
poço. Entretanto, muitos O receberam. Em sua nova alegria, disseram à
mulher: “Já não é pelo teu dito que nós cremos, porque nós mesmos O temos
ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do
mundo”. João 4:42. {DTN 126.3}
Os samaritanos criam que o Messias havia de vir como o Redentor não só
dos judeus, mas do mundo. O Espírito Santo dEle predissera, por meio de
Moisés, como um profeta enviado por Deus. Por intermédio de Jacó fora
declarado que a Ele se congregariam os povos; e de Abraão, que nEle seriam
benditas todas as nações da Terra. Nessas escrituras baseavam os
samaritanos sua fé no Messias. O fato de haverem os judeus interpretado mal
os últimos profetas, atribuindo ao primeiro advento a glória da segunda vinda
de Cristo, levara os samaritanos a desprezar todos os sagrados escritos, com
exceção dos que foram dados por meio de Moisés. Ao demolir, porém, o
Salvador, essas falsas interpretações, muitos aceitaram as últimas profecias e
as palavras do próprio Cristo com relação ao reino de Deus. {DTN 126.4}
Jesus começara a derrubar a parede de separação entre os judeus e os
gentios, e a pregar salvação a todo o mundo. Conquanto judeu, misturava-Se
sem restrições com os samaritanos, anulando os costumes farisaicos de Sua
nação. Apesar de seus preconceitos, aceitou a hospitalidade desse povo
desprezado. Dormiu sob seu teto, comeu com eles à mesa — partilhando do
alimento preparado e servido por suas mãos — ensinou em suas ruas, e tratou-
os com a máxima bondade e cortesia. {DTN 127.1}
Ao aproximar-se a noite, um silêncio estranho pairou sobre o Calvário. A
multidão dispersou-se, e muitos volveram a Jerusalém com espírito bem
diverso do que tinham pela manhã. Muitos haviam afluído à crucifixão por
curiosidade, e não por ódio para com Cristo. Contudo, acreditavam nas
acusações dos sacerdotes e olhavam-nO como malfeitor. Sob uma agitação
fora do natural, uniram-se à turba em injuriá-Lo. Quando, porém, a Terra foi
envolta em trevas, e se sentiram acusados pela própria consciência, acharam-
se culpados de uma grande injustiça. Nenhum gracejo ou riso de escárnio se
ouviu em meio daquela terrível escuridão; e, dissipada ela, fizeram o caminho
de volta a casa em solene silêncio. Estavam convencidos de que as acusações
dos sacerdotes eram falsas, de que Jesus não era nenhum impostor; e
algumas semanas mais tarde, quando Pedro pregou no dia de Pentecostes,
achavam-se entre os milhares que se converteram a Cristo. {DTN 544.1}

Os discípulos deviam ter o mesmo poder que Cristo possuía para curar
“todas as enfermidades e moléstias entre o povo”. Curando em Seu nome as
doenças do corpo, davam testemunho de Seu poder para a cura da
alma. Mateus 4:23. E um novo dom foi então prometido. Deviam pregar entre
outras nações, e receberiam poder de falar outras línguas. Os apóstolos e seus
cooperadores eram homens iletrados, todavia mediante o derramamento do
Espírito, no dia de Pentecostes, sua linguagem, fosse no próprio idioma ou
num estrangeiro, tornou-se pura, simples e correta, tanto nas palavras como na
pronúncia. {DTN 580.3}
Assim deu Cristo aos discípulos sua missão. Tomou plenas medidas para a
seqüência da obra, assumindo Ele próprio a responsabilidade do êxito da
mesma. Enquanto Lhe obedecessem à palavra e trabalhassem em ligação com
Ele, não poderiam falhar. Ide a todas as nações, ordenou-lhes. Ide às mais
longínquas partes do globo habitado, mas sabei que Minha presença ali Se
achará. Trabalhai com fé e confiança, pois nunca virá tempo em que Eu vos
abandone. {DTN 580.4}
A comissão do Salvador aos discípulos incluía todos os crentes. Abrange
todos os crentes em Cristo até ao fim dos séculos. É um erro fatal supor que a
obra de salvar almas depende apenas do pastor ordenado. Todos a quem veio
a celestial inspiração, são depositários do evangelho. Todos quantos recebem
a vida de Cristo são mandados trabalhar pela salvação de seus semelhantes.
Para essa obra foi estabelecida a igreja, e todos quantos tomam sobre si os
seus sagrados votos, comprometem-se, assim, a ser coobreiros de
Cristo. {DTN 580.5}

Os primeiros discípulos saíram pregando a Palavra. Eles revelaram Cristo em


sua vida. E o Senhor andava com eles, “confirmando a Palavra com os sinais
que se seguiram”. Marcos 16:20. Estes discípulos se prepararam para a obra.
Antes do dia de Pentecostes se reuniram e tiraram dentre eles todas as
desinteligências. Estavam de um mesmo sentimento. Acreditavam na
promessa de Cristo, de que a bênção seria dada, e oravam com fé. Não
pediam a bênção apenas para si; estavam preocupados com a
responsabilidade quanto à salvação de almas. O evangelho devia ser levado
até aos confins da Terra, e eles reclamavam a doação do poder que Cristo
prometera. Foi então que o Espírito Santo foi derramado, e milhares se
converteram num dia. {DTN 585.1}

Capítulo 87 — “Para meu Pai e vosso Pai”

Este capítulo é baseado em Lucas 24:50-53; Atos 1:9-12.


Chegou o momento de Cristo ascender ao trono do Pai. Estava prestes a
voltar para as cortes celestiais, como divino vencedor, levando consigo os
troféus da vitória. Antes de Sua morte, declarara ao Pai: “Eu acabei a obra que
Tu Me encarregaste que fizesse” (João 17:4, Trad. Figueiredo). Depois de Sua
ressurreição, demorou-Se na Terra por algum tempo, a fim de que os
discípulos ficassem familiarizados com Ele em Seu corpo ressurgido e
glorificado. Agora estava pronto para as despedidas. Tornara autêntico o fato
de que era um Salvador vivo. Os discípulos não necessitavam mais de
relacioná-Lo com o sepulcro. Podiam pensar nEle como glorificado perante o
Universo celestial. {DTN 587.1}
Como local de Sua ascensão, escolheu Jesus aquele tantas vezes
consagrado por Sua presença, enquanto habitava entre os homens. Não o
Monte Sião, o lugar da cidade de Davi, não o Monte Moriá, sítio do templo,
deviam ser assim honrados. Ali fora Jesus escarnecido e rejeitado. Ali as ondas
de misericórdia, voltando ainda em mais poderosa vaga de amor, foram
devolvidas por corações duros como as pedras. Dali Jesus, fatigado e oprimido
de coração, saíra em busca de descanso no Monte das Oliveiras. O
santo shekinah, partindo do primeiro templo, pousara sobre a montanha
oriental, como se relutasse em abandonar a escolhida cidade; assim estava
Cristo sobre o Olivete, contemplando com o coração anelante a Jerusalém. Os
bosques e depressões da montanha haviam sido consagrados por Suas
orações e lágrimas. Essas mesmas encostas ecoaram as triunfantes
aclamações da multidão que O proclamava rei. Na descida desse monte
encontrara Ele um lar em companhia de Lázaro, em Betânia. No Jardim de
Getsêmani, ao sopé do Olivete, orara e Se angustiara sozinho. Desse monte
devia ascender ao Céu. No cume do mesmo pousarão Seus pés quando vier
outra vez. Não como varão de dores, mas como glorioso e triunfante rei estará
sobre o Monte das Oliveiras, enquanto as aleluias dos hebreus se misturarão
com os hosanas dos gentios, e as vozes dos remidos, qual poderosa hoste,
hão de avolumar-se na aclamação: “Coroai-O Senhor de todos.” {DTN 587.2}
Com os onze discípulos, dirige-Se Jesus agora para o monte. Ao passarem
pela porta de Jerusalém, muitos olhares curiosos seguem o pequeno grupo,
chefiado por Aquele que, poucas semanas antes, fora condenado pelos
principais, e crucificado. Não sabiam os discípulos que essa seria sua última
entrevista com o Mestre. Jesus passou o tempo em conversa com eles,
repetindo as anteriores instruções. Ao aproximarem-se de Getsêmani, Ele
guardou silêncio, a fim de que se lembrassem das lições que lhes dera na noite
de Sua grande agonia. Olhou outra vez para a videira pela qual representara a
união de Sua igreja consigo e com o Pai; repetiu as verdades que então
desdobrara. Tudo quanto O rodeava eram recordações de Seu não retribuído
amor. Os próprios discípulos, que tão caros Lhe eram ao coração, na hora de
Sua humilhação O vituperaram e abandonaram. {DTN 587.3}
Por trinta e três anos peregrinara Cristo na Terra; suportara-lhe o desdém, o
insulto e a zombaria; fora rejeitado e crucificado. Agora, quando prestes a
ascender para Seu trono de glória — ao repassar as ingratidões do povo que
viera salvar — não retiraria dele Sua simpatia e amor? Não se concentrariam
Seus afetos naquele reino onde era apreciado e onde imaculados anjos
esperavam Suas ordens para as cumprir? — Não; eis Sua promessa aos
amados que deixa na Terra: “Eu estou convosco todos os dias, até à
consumação dos séculos”. Mateus 28:20. {DTN 588.1}
Chegando ao Monte das Oliveiras, Jesus vai abrindo o caminho até o cume,
à vizinhança de Betânia. Ali Se detém, e os discípulos reúnem-se-Lhe em
torno. Raios de luz parecem irradiar-Lhe do semblante, enquanto os contempla
amorosamente. Não lhes lança em rosto suas faltas e fracassos; as últimas
palavras que lhes chegam aos ouvidos, vindas dos lábios do Senhor, são da
mais profunda ternura. Com as mãos estendidas numa bênção, e como numa
firme promessa de Seu protetor cuidado, ascende Jesus lentamente dentre
eles, atraído para o Céu por um poder mais forte que qualquer atração
terrestre. Ao subir mais e mais, os assombrados discípulos, numa tensão
visual, buscam um último vislumbre de seu Senhor assunto. Uma nuvem de
glória O oculta aos seus olhos; e ao recebê-Lo o carro da nuvem de anjos,
soam-lhes ainda aos ouvidos as palavras: “Eis que Eu estou convosco todo os
dias, até à consumação dos séculos”. Mateus 28:20. A flutuar veio baixando
até eles, ao mesmo tempo, a mais suave e mais jubilosa música produzida pelo
coro angélico. {DTN 588.2}
Enquanto os discípulos continuam a olhar para cima ouvem, qual música
maviosa, vozes que se lhes dirigem. Voltam-se e vêem dois anjos em forma
humana, os quais lhes falam, dizendo: “Varões galileus, por que estais olhando
para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no Céu, há de vir
assim como para o Céu O vistes ir”. Atos dos Apóstolos 1:11. {DTN 588.3}
Esses anjos eram do grupo que estivera esperando numa nuvem brilhante,
para acompanhar Jesus à morada celestial. Os mais exaltados, dentre a
multidão angélica, eram os dois que foram ao sepulcro na ressurreição de
Cristo e com Ele estiveram durante Sua vida na Terra. Ardente era o desejo
com que o Céu aguardava o fim de Sua estada num mundo manchado pela
maldição do pecado. Chegara agora a ocasião de o Universo celestial receber
o seu Rei. Não ansiaram os dois anjos unir-se à multidão que saudava a
Jesus? Em simpatia e amor pelos que Ele deixara, porém, ficaram para os
confortar. “Não são porventura todos espíritos ministradores, enviados para
servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” Hebreus 1:14. {DTN
588.4}
Cristo ascendera ao Céu na forma humana. Os discípulos viram a nuvem
recebê-Lo. O mesmo Jesus que andara, e falara e orara com eles; Aquele que
partira com eles o pão; que com eles estivera nos botes, no lago; e que fizeram
com eles, naquele mesmo dia, a penosa subida do Olivete — o mesmo Jesus
fora agora para partilhar do trono do Pai. E os anjos lhes asseguraram que
Aquele mesmo que viram subir ao Céu, voltaria outra vez assim como subira.
Virá “com as nuvens, e todo o olho O verá”. Apocalipse 1:7. “Porque o mesmo
Senhor descerá do Céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta
de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão”. 1 Tessalonicenses 4:16.
“Quando o Filho do homem vier em Sua glória, e todos os santos anjos com
Ele, então Se assentará no trono da Sua glória”. Mateus 25:31. Então se
cumprirá a promessa do próprio Senhor aos discípulos. “Se Eu for, e vos
preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo, para que onde
Eu estiver estejais vós também”. João 14:3. Bem podiam os discípulos se
regozijar na esperança da vinda do Senhor. {DTN 589.1}
Quando voltaram a Jerusalém, o povo olhava para eles com espanto.
Pensava-se que, depois do julgamento e crucifixão de Cristo, se mostrariam
abatidos e envergonhados. Seus inimigos esperavam ver-lhes no rosto uma
expressão de tristeza e derrota. Ao invés disso, havia simplesmente alegria e
triunfo. Sua fisionomia era iluminada por uma felicidade que não provinha da
Terra. Não lamentavam malogradas esperanças, mas estavam cheios de
louvor e ações de graças a Deus. Com regozijo contavam a maravilhosa
história da ressurreição de Cristo e de Sua ascensão ao Céu, e seu
testemunho foi recebido por muitos. {DTN 589.2}
Não mais tinham os discípulos qualquer desconfiança do futuro. Sabiam que
Jesus estava no Céu e que continuavam a ser o objeto de Seu compassivo
interesse. Sabiam que tinham um amigo junto ao trono de Deus e estavam
ansiosos por apresentar ao Pai suas petições em nome de Jesus. Em solene
respeito curvavam-se em oração, repetindo a firme Promessa: “Tudo quanto
pedirdes a Meu Pai, em Meu nome, Ele vo-lo há de dar. Até agora nada
pedistes em Meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se
cumpra”. João 16:23, 24. Estenderam mais e mais alto a mão da fé, com o
poderoso argumento: “Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou
dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por
nós”. Romanos 8:34. E o Pentecostes lhes trouxe plenitude de alegria na
presença do Consolador, exatamente como Cristo prometera. {DTN 589.3}
Todo o Céu estava esperando para saudar o Salvador à Sua chegada às
cortes celestiais. Ao ascender, abriu Ele o caminho, e a multidão de cativos
libertos à Sua ressurreição O seguiu. A hoste celestial, com brados de alegria e
aclamações de louvor e cântico celestial, tomava parte na jubilosa
comitiva. {DTN 590.1}
Ao aproximar-se da cidade de Deus, cantam, como em desafio, os anjos
que compõem o séquito: {DTN 590.2}
“Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e
entrará o Rei da Glória”! {DTN 590.3}
Jubilosamente respondem as sentinelas de guarda: “Quem é este Rei da
Glória?” {DTN 590.4}
Isto dizem elas, não porque não saibam quem Ele é, mas porque querem
ouvir a resposta de exaltado louvor: “O Senhor forte e poderoso, o Senhor
poderoso na guerra. Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó
entradas eternas, e entrará o Rei da glória”! {DTN 590.5}
Novamente se faz ouvir o desafio: “Quem é este Rei da Glória?” pois os
anjos nunca se cansam de ouvir o Seu nome ser exaltado. E os anjos da
escolta respondem: “O Senhor dos Exércitos; Ele é o Rei da Glória!” Salmos
24:7-10. {DTN 590.6}
Então se abrem de par em par as portas da cidade de Deus, e a angélica
multidão entra por elas, enquanto a música prorrompe em arrebatadora
melodia. {DTN 590.7}
Ali está o trono, e ao seu redor, o arco-íris da promessa. Ali estão querubins
e serafins. Os comandantes das hostes celestiais, os filhos de Deus, os
representantes dos mundos não caídos, acham-se congregados. O conselho
celestial, perante o qual Lúcifer acusara a Deus e a Seu Filho, os
representantes daqueles reinos imaculados sobre os quais Satanás pensara
estabelecer seu domínio — todos ali estão para dar as boas-vindas ao
Redentor. Estão ansiosos por celebrar-Lhe o triunfo e glorificar seu Rei. {DTN
590.8}
Mas Ele os detém com um gesto. Ainda não. Não pode receber a coroa de
glória e as vestes reais. Entra à presença do Pai. Mostra a fronte ferida, o
atingido flanco, os dilacerados pés; ergue as mãos que apresentam os
vestígios dos cravos. Aponta para os sinais de Seu triunfo; apresenta a Deus o
molho movido, aqueles ressuscitados com Ele como representantes da grande
multidão que há de sair do sepulcro por ocasião de Sua segunda vinda.
Aproxima-Se do Pai, em quem há alegria a cada pecador que se arrepende;
que sobre ele Se regozija com júbilo. Antes que os fundamentos da Terra
fossem lançados, o Pai e o Filho Se haviam unido num concerto para redimir o
homem, se ele fosse vencido por Satanás. Haviam-Se dado as mãos, num
solene compromisso de que Cristo Se tornaria o fiador da raça humana. Esse
compromisso cumprira Cristo. Quando, sobre a cruz soltara o brado: “Está
consumado” (João 19:30), dirigira-Se ao Pai. O pacto fora plenamente
satisfeito. Agora Ele declara: “Pai, está consumado. Fiz, ó Meu Deus, a Tua
vontade. Concluí a obra da redenção. Se a Tua justiça está satisfeita, ‘quero
que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo’”. João 17:24. {DTN 590.9}
Ouve-se a voz de Deus proclamando que a justiça está satisfeita. Está
vencido Satanás. Os filhos de Cristo, que lutam e se afadigam na Terra, são
“agradáveis [...] no Amado”. Efésios 1:6. Perante os anjos celestiais e os
representantes dos mundos não caídos, são declarados justificados. Onde Ele
está, ali estará a Sua igreja. “A misericórdia e a verdade se encontraram; a
justiça e a paz se beijaram”. Salmos 85:10. Os braços do Pai circundam o
Filho, e é dada a ordem: “E todos os anjos de Deus O adorem”. Hebreus
1:6. {DTN 591.1}
Com inexprimível alegria, governadores, principados e potestades
reconhecem a supremacia do Príncipe da Vida. A hoste dos anjos prostra-se
perante Ele, ao passo que enche todas as cortes celestiais a alegre aclamação:
“Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria,
e força, e honra, e glória, e ações de graças”! Apocalipse 5:12. {DTN 591.2}
Hinos de triunfo misturam-se com a música das harpas angélicas, de
maneira que o Céu parece transbordar de júbilo e louvor. O amor venceu.
Achou-se a perdida. O Céu ressoa com altissonantes vozes que proclamam:
“Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de
graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre”. Apocalipse 5:13. {DTN
591.3}
Daquela cena de alegria celestial, chega até nós na Terra, o eco das
maravilhosas palavras do próprio Cristo: “Eu subo para Meu Pai e vosso Pai,
Meu Deus e vosso Deus”. João 20:17. A família no Céu e a família na Terra,
são uma só. Para nosso bem subiu nosso Senhor, para nosso bem Ele vive.
“Portanto pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a
Deus, vivendo sempre para interceder por eles”. Hebreus 7:25. {DTN 591.4}

As perseguições dos protestantes pelo romanismo, por cujo intermédio a


religião de Jesus Cristo quase foi aniquilada, serão mais que igualadas quando
o protestantismo e o papado se unirem. — Mensagens Escolhidas 3:387. {EF
147.2}
Satanás tem milhares de meios de agressão disfarçados, que serão usados
contra o leal povo de Deus que guarda os mandamentos, para compeli-los a
violentar a consciência. — Carta 30a, 1892. {EF 147.3}
Não precisamos surpreender-nos com coisa alguma que ocorra agora. Não
precisamos maravilhar-nos de nenhuma manifestação de horror. Os que
espezinham a lei de Deus com pés profanos têm o mesmo espírito dos homens
que insultaram e traíram a Jesus. Sem qualquer remorso, eles farão as obras
de seu pai, o diabo. — Mensagens Escolhidas 3:416. {EF 147.4}
Os que desejam avivar a memória e ser instruídos na verdade, precisam
estudar a história da Igreja primitiva durante e imediatamente após o dia
de Pentecostes. Estudai atentamente, no livro de Atos, as experiências de
Paulo e dos outros apóstolos, pois o povo de Deus, em nosso tempo, terá de
passar por experiências similares. — Para Conhecê-lo, 118. {EF 148.1}
Capítulo 13 — A chuva serôdia

A obra do Espírito Santo é comparada à chuva

“E fará descer a chuva, a temporã e a serôdia.” No Oriente a chuva temporã


cai no tempo da semeadura. Ela é necessária, para que a semente possa
germinar. Sob a influência de fertilizantes aguaceiros, brota o tenro rebento.
Caindo perto do fim da estação, a chuva serôdia amadurece o grão, e o
prepara para a foice. O Senhor emprega essas operações da Natureza para
representar a obra do Espírito Santo. Ver Zacarias 10:1; Oseias 6:3; Joel 2:23-
28. {EF 183.1}
Como o orvalho e a chuva são dados primeiro para fazer com que a
semente germine, e então para amadurecer a colheita, assim é dado o Espírito
Santo para levar avante, de um estágio para outro, o processo de crescimento
espiritual. O amadurecimento do grão representa a terminação do trabalho da
graça de Deus na alma. Pelo poder do Espírito Santo deve a imagem moral de
Deus ser aperfeiçoada no caráter. Devemos ser completamente transformados
à semelhança de Cristo. {EF 183.2}
A chuva serôdia, amadurecendo a seara da Terra, representa a graça
espiritual que prepara a igreja para a vinda do Filho do homem. Mas a menos
que a chuva temporã haja caído, não haverá vida; a ramagem verde não
brotará. Se a chuva temporã não fizer seu trabalho, a serôdia não desenvolverá
a semente até a perfeição. — Testemunhos para Ministros e Obreiros
Evangélicos, 506. {EF 183.3}
A chuva temporã veio em 31 d.c., no Pentecostes

Em obediência à ordem de Cristo, esperaram em Jerusalém o cumprimento


da promessa do Pai — o derramamento do Espírito. Não esperaram ociosos.
Diz o registro que “estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a
Deus”. — Nos Lugares Celestiais, 24.53. ... {EF 184.1}
Ao esperarem os discípulos pelo cumprimento da promessa, humilharam o
coração em verdadeiro arrependimento e confessaram sua incredulidade. ... Os
discípulos oraram com intenso fervor para serem habilitados a se aproximar
dos homens, e em seu trato diário, falar palavras que levassem os pecadores a
Cristo. Pondo de parte todas as divergências, todo o desejo de supremacia,
uniram-se em íntima comunhão cristã. — Atos dos Apóstolos, 35-37. {EF
184.2}
Só depois de haverem os discípulos entrado em união perfeita, quando não
mais contendiam pelas posições mais elevadas, foi o Espírito derramado. —
Testemunhos Seletos 3:211. {EF 184.3}
O derramamento do Espírito nos dias dos apóstolos foi o começo da
primeira chuva, ou temporã, e glorioso foi o resultado. Até ao fim do tempo,
a presença do Espírito deve ser encontrada com a verdadeira igreja. — Atos
dos Apóstolos, 54-55. {EF 184.4}
Conseqüências da chuva temporã no Pentecostes

Sob a influência do Espírito, palavras de penitência e confissão misturavam-


se com cânticos de louvor por pecados perdoados. ... Milhares se converteram
num dia. ... {EF 185.1}
O Espírito Santo... os capacitava a falar com fluência línguas com as quais
não tinham nunca tomado contato. ... O Espírito Santo fez por eles o que não
teriam podido fazer por si mesmos em toda uma existência. — Atos dos
Apóstolos, 38-40. {EF 185.2}
Seus corações estavam sobrecarregados com benevolência tão ampla, tão
profunda, de tão vasto alcance que foram impelidos a ir aos confins da Terra,
testificando do poder de Cristo. — Atos dos Apóstolos, 46. {EF 185.3}
Qual foi o resultado do derramamento do Espírito no dia do Pentecostes?
As boas novas de um Salvador ressuscitado foram levadas até às mais
longínquas partes do mundo habitado. ... A igreja viu conversos vindo para ela
de todas as direções. Extraviados converteram-se de novo. ... A ambição dos
crentes era revelar a semelhança do caráter de Cristo, bem como trabalhar
pelo desenvolvimento de Seu reino. — Atos dos Apóstolos, 48. {EF 185.4}
A promessa da chuva serôdia

O derramamento do Espírito nos dias dos apóstolos foi a “chuva temporã”, e


glorioso foi o resultado. A chuva serôdia será mais abundante, porém. —
Testemunhos Seletos 3:211. {EF 185.5}
Ao avizinhar-se o fim da ceifa da Terra, uma especial concessão de graça
espiritual é prometida a fim de preparar a igreja para a vinda do Filho do
homem. Esse derramamento do Espírito é comparado com a queda da chuva
serôdia. — Atos dos Apóstolos, 55. {EF 186.1}
Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo
do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado
desde os tempos apostólicos. O Espírito e o poder de Deus serão derramados
sobre Seus filhos. — O Grande Conflito, 464. {EF 186.2}
Esta obra será semelhante à do dia de Pentecostes. Assim como a “chuva
temporã” foi dada, no derramamento do Espírito Santo no início do evangelho,
para efetuar a germinação da preciosa semente, a “chuva serôdia” será dada
em seu final para o amadurecimento da seara. — O Grande Conflito, 611. {EF
186.3}
A chuva serôdia produzirá o alto clamor

Nesse tempo a “chuva serôdia”, ou o refrigério pela presença do Senhor,


virá, para dar poder à grande voz do terceiro anjo e preparar os santos para
estarem de pé no período em que as sete últimas pragas serão derramadas. —
Primeiros Escritos, 86. {EF 186.4}
Ouvi os que estavam revestidos da armadura falar sobre a verdade com
grande poder. Isto produzia efeito. ... Perguntei o que havia operado esta
grande mudança. Um anjo respondeu: “Foi a chuva serôdia, o refrigério pela
presença do Senhor, o alto clamor do terceiro anjo.” — Primeiros Escritos,
271.{EF 186.5}
A chuva temporã produz conversão; a chuva serôdia desenvolve um
caráter semelhante ao de Cristo

Em nenhum ponto de nossa experiência podemos nós dispensar a


assistência daquilo que nos habilita a fazer justamente o começo. As bênçãos
recebidas sob a chuva temporã, são-nos necessárias até ao fim. ... Ao irmos ao
Senhor em busca do Espírito Santo, Este operará em nós mansidão e
humildade, bem como consciente confiança de que Deus nos concederá a
aperfeiçoadora chuva serôdia. — Testemunhos para Ministros e Obreiros
Evangélicos, 507-509. {EF 187.1}
O Espírito Santo procura habitar em cada alma. Caso seja Ele bem-vindo
como hóspede honrado, os que O receberem se tornarão completos em Cristo.
A boa obra começada será terminada; os pensamentos santos, as celestiais
afeições e os atos semelhantes aos de Cristo tomarão o lugar dos
pensamentos impuros, dos sentimentos perversos e dos atos obstinados. —
Conselhos sobre Saúde, 561. {EF 187.2}
Podemos ter tido uma medida do Espírito de Deus, mas tanto pela oração
como pela fé devemos buscar continuamente mais do Espírito. Nunca dá
resultado cessarmos os nossos esforços. Se não progredirmos, se não nos
colocarmos na atitude em que tanto possamos receber a chuva temporã como
a serôdia, perderemos nossa alma e a responsabilidade jazerá à nossa porta.
... {EF 187.3}
As convocações da igreja, como nas reuniões campais, as assembléias da
igreja local, e todas as ocasiões em que há trabalho pessoal em favor das
almas, são oportunidades determinadas por Deus para dar tanto a chuva
temporã como a serôdia. — Testemunhos para Ministros e Obreiros
Evangélicos, 508. {EF 188.1}
Quando o caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, a bênção virá.
Satanás não pode impedir uma chuva de bênção de cair sobre o povo de Deus,
mais do que fechar as janelas do Céu para que a chuva não caia sobre a Terra.
— Mensagens Escolhidas 1:124. {EF 188.2}
Devemos orar fervorosamente pela descida do Espírito Santo

Devemos orar tão fervorosamente pela descida do Espírito Santo como os


discípulos oraram no dia de Pentecostes. Se eles precisaram disso naquele
tempo, nós, hoje, mais ainda. — Testemunhos para a Igreja 5:158. {EF 188.3}
A descida do Espírito Santo sobre a igreja é olhada como estando no futuro;
é, porém, o privilégio da igreja tê-la agora. Buscai-a, orai por ela, crede nela.
Precisamos tê-la, e o Céu espera para concedê-la. — Evangelismo, 701. {EF
188.4}
A medida do Espírito Santo que recebermos será proporcional à intensidade
de nosso desejo, à fé exercida neste sentido e ao uso que fizermos da luz e do
conhecimento que nos forem concedidos. — The Review and Herald, 5 de
Maio de 1896. {EF 188.5}
Não estamos suficientemente dispostos a importunar o Senhor com nossas
petições, e a suplicar-Lhe o dom do Espírito Santo. O Senhor quer que O
importunemos a esse respeito. Deseja que apresentemos com insistência
nossas petições ao trono. — Fundamentos da Educação Cristã, 537. {EF
188.6}
Precisamos humilhar o coração em verdadeiro arrependimento

Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais


urgente de todas as nossas necessidades. Importa haver diligente esforço para
obter a bênção do Senhor, não porque Deus não esteja disposto a outorgá-la,
mas porque nos encontramos carecidos de preparo para recebê-la. Nosso Pai
celeste está mais disposto a dar Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam,
do que pais terrenos o estão a dar boas dádivas a seus filhos. Cumpre-nos,
porém, mediante confissão, humilhação, arrependimento e fervorosa oração,
cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua promessa para conceder-
nos Sua bênção. Só podemos esperar um reavivamento em resposta à oração.
— Mensagens Escolhidas 1:121. {EF 189.1}
Digo-vos que deve haver entre nós um reavivamento completo. Tem de
haver um ministério convertido. Precisa haver confissões, arrependimento e
conversões. Muitos que estão pregando a Palavra necessitam da graça
transformadora de Cristo no coração. Não devem permitir que coisa alguma os
impeça de fazerem uma obra cabal e esmerada antes que seja para sempre
demasiado tarde. — Carta 51, 1886. {EF 189.2}
A reforma deve acompanhar o reavivamento

Precisa haver um reavivamento e uma reforma, sob a ministração do


Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas diversas.
Reavivamento significa renovamento da vida espiritual, um avivamento das
faculdades da mente e do coração, uma ressurreição da morte espiritual.
Reforma significa uma reorganização, uma mudança nas idéias e teorias,
hábitos e práticas. A reforma não trará o bom fruto da justiça a menos que seja
ligada com o reavivamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem efetuar
a obra que lhes é designada, e no realizá-la, precisam fundir-se. — Mensagens
Escolhidas 1:128. {EF 189.3}
Temos de deixar de lado toda contenda e dissensão
Quando os obreiros tiverem a presença permanente de Cristo em sua alma,
quando estiver morto todo o egoísmo, quando não houver nenhuma rivalidade,
nenhuma contenda pela supremacia, quando existir unidade, quando eles se
santificarem, de maneira que o amor de uns pelos outros seja visto e sentido,
então os chuveiros da graça do Espírito Santo hão de vir tão seguramente
sobre eles como é certo que a promessa de Deus não faltará nem um jota ou
um til. Mas quando a obra de outros é diminuída para que os obreiros mostrem
a própria superioridade, eles demonstram que sua obra não apresenta a
assinatura que devia. Deus não os pode abençoar. — Mensagens Escolhidas
1:175. {EF 190.1}
Para subsistirmos no grande dia do Senhor, com Cristo como nosso refúgio,
nossa torre forte, temos de deixar de lado toda inveja, toda luta pela
supremacia. Temos de destruir completamente as raízes dessas coisas
profanas, para que não tornem a brotar na vida. Precisamos colocar-nos
inteiramente ao lado do Senhor. — Este Dia Com Deus, 258. {EF 190.2}
Ponham de parte os cristãos toda dissensão, e entreguem-se a Deus para a
salvação dos perdidos. Com fé peçam a bênção prometida, e virá. —
Testemunhos Seletos 3:211. {EF 191.1}
Amai-vos uns aos outros

Cristianismo é a revelação do mais terno afeto de uns pelos outros. ... Cristo
deve receber supremo amor dos seres que criou. E Ele requer também que o
homem nutra sagrada consideração por seus semelhantes. Toda alma salva
salvar-se-á por amor, o qual começa em Deus. A genuína conversão é uma
mudança do egoísmo para santificada afeição para com Deus e uns pelos
outros. — Mensagens Escolhidas 1:114-115. {EF 191.2}
Os atributos que Deus mais aprecia são o amor e a pureza. Estes atributos
devem ser acalentados por todo cristão. — Testemunhos para a Igreja
5:85. {EF 191.3}
O mais forte argumento em favor do evangelho é um cristão que sabe amar
e é amável. — A Ciência do Bom Viver, 470. {EF 191.4}
É necessário haver entrega total

Deus não aceitará nada menos do que entrega incondicional. Cristãos


indiferentes e corruptos não poderão entrar no Céu. Eles não encontrariam
felicidade ali, pois nada sabem dos elevados e santos princípios que governam
os membros da família real. O verdadeiro cristão mantém as janelas da alma
abertas em direção ao Céu. Ele vive em comunhão com Cristo. Sua vontade
está de acordo com a vontade de Cristo. Seu mais elevado desejo é tornar-se
cada vez mais semelhante a Cristo. — The Review and Herald, 16 de Maio de
1907. {EF 191.5}
Não podemos usar o Espírito Santo. Ele é que deve servir-Se de nós.
Mediante o Espírito opera Deus em Seu povo “tanto o querer como o efetuar,
segundo a Sua boa vontade”. Filipenses 2:13. Mas muitos não se submeterão
a isto. Querem-se dirigir a si mesmos. É por isso que não recebem o celeste
dom. Unicamente aos que esperam humildemente em Deus, que estão atentos
à Sua guia e graça, é concedido o Espírito. — O Desejado de Todas as
Nações, 672. {EF 192.1}
Desimpedir o caminho para a chuva serôdia

Vi que ninguém poderia participar do “refrigério” a menos que obtivesse a


vitória sobre toda tentação, orgulho, egoísmo, amor ao mundo, e sobre toda má
palavra e ação. Deveríamos, portanto, estar-nos aproximando mais e mais do
Senhor, e achar-nos fervorosamente à procura daquela preparação necessária
para nos habilitar a estar em pé na batalha do dia do Senhor. — Primeiros
Escritos, 71. {EF 192.2}
Cumpre-nos remediar os defeitos de caráter, purificar de toda a
contaminação o templo da alma. Então a chuva serôdia cairá sobre nós, como
caiu a temporã sobre os discípulos no dia de Pentecostes. — Testemunhos
Seletos 2:69. {EF 192.3}
Não há coisa alguma que Satanás tema tanto como que o povo de Deus
desimpeça o caminho mediante a remoção de todo impedimento, de modo que
o Senhor possa derramar Seu Espírito sobre uma enfraquecida igreja. ... Toda
tentação, toda influência contrária seja ela franca ou oculta, será resistida com
êxito, “não por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor
dos exércitos”. Zacarias 4:6. — Mensagens Escolhidas 1:124. {EF 192.4}
A chuva serôdia virá, e a bênção de Deus encherá toda alma que estiver
purificada de toda contaminação. É nossa obra hoje entregar nossa alma a
Cristo, para estarmos preparados para o tempo de refrigério pela presença do
Senhor — preparados para o batismo do Espírito Santo. — Mensagens
Escolhidas 1:191. {EF 193.1}

Ser trabalhadores diligentes no serviço de Cristo

Quando as igrejas se tornarem igrejas vivas e atuantes, o Espírito Santo


será concedido em resposta ao seu sincero pedido. ... Então as janelas do Céu
se abrirão para os aguaceiros da chuva serôdia. — The Review and Herald, 25
de Fevereiro de 1890. {EF 193.2}
O grande derramamento do Espírito de Deus, o qual ilumina a Terra toda
com Sua glória, não há de ter lugar enquanto não tivermos um povo
esclarecido, que conheça por experiência o que seja ser cooperador de Deus.
Quando tivermos uma consagração completa, de todo o coração, ao serviço de
Cristo, Deus reconhecerá esse fato mediante um derramamento, sem medida,
de Seu Espírito; mas isso não acontecerá enquanto a maior parte dos
membros da igreja não forem cooperadores de Deus. — Serviço Cristão,
253. {EF 193.3}
Quando a ignomínia da indolência e preguiça tiver sido afastada da igreja, o
Espírito do Senhor Se manifestará graciosamente. Revelar-se-á o poder
divino. A igreja verá a providencial operação do Senhor dos Exércitos. —
Testemunhos Seletos 3:308. {EF 193.4}
“Manter o vaso limpo e com o lado certo para cima”

Não precisamos nos preocupar com a chuva serôdia. Tudo quanto temos
que fazer é manter o vaso limpo e com o lado certo para cima e estar
preparados para receber a chuva celestial, orando continuamente: “Que a
chuva serôdia caia em meu vaso. Que a luz do anjo glorioso que se une ao
terceiro anjo resplandeça sobre mim; dá-me uma parte na obra; que eu soe a
proclamação; que eu seja um colaborador de Cristo.” Assim buscando a Deus,
permiti-me contar-vos, Ele vos está preparando todo o tempo, concedendo-vos
Sua graça. — Olhando Para O Alto, 277. {EF 194.1}
A resposta poderá vir com inesperada rapidez e irresistível poder, ou poderá
ser adiada por dias e semanas, e nossa fé passar por uma provação. Mas
Deus sabe como e quando responder a nossa oração. Nossa parte da obra é
pôr-nos em conexão com o conduto divino. Deus é responsável por Sua parte
da obra. Quem fez a promessa é fiel. A grande e importante questão para nós
é ser unidos e do mesmo parecer, pondo de lado toda inveja e malícia e, como
suplicantes humildes, vigiar e esperar. Jesus, nosso Representante e Cabeça,
está disposto a fazer para nós o que fez para os que oravam e vigiavam no dia
de Pentecostes. — Spirit of Prophecy 3:272. {EF 194.2}
Não tenho nenhum tempo específico de que falar, no qual tenha lugar o
derramamento do Espírito Santo — quando o poderoso anjo descer do Céu, e
se unir com o terceiro anjo na conclusão da obra para este mundo; minha
mensagem é que nossa única segurança é estarmos prontos para o refrigério
celeste, tendo nossas lâmpadas preparadas e ardendo. — Mensagens
Escolhidas 1:192. {EF 194.3}
Nem todos receberão a chuva serôdia

Foi-me mostrado que, se o povo de Deus não fizer esforços, de sua parte,
mas esperar apenas que sobre eles venha o refrigério, para deles remover os
defeitos e corrigir os erros; se nisso confiarem para serem purificados da
imundícia da carne e do espírito, e preparados para tomar parte no alto clamor
do terceiro anjo, serão achados em falta. — Testemunhos Seletos 3:214. {EF
195.1}
Temos esperança de ver toda a igreja reavivada? Tal tempo nunca há de vir.
Há na igreja pessoas não convertidas, e que não se unirão em fervorosa,
prevalecente oração. Precisamos entrar na obra individualmente. Precisamos
orar mais, e falar menos. — Mensagens Escolhidas 1:122. {EF 195.2}
Podemos estar certos de que quando o Espírito Santo for derramado, os
que não receberam nem apreciaram a chuva temporã, não verão nem
compreenderão o valor da chuva serôdia. — Testemunhos para Ministros e
Obreiros Evangélicos, 399. {EF 195.3}
Só os que estiverem vivendo de acordo com a luz que têm recebido poderão
receber maior luz. A não ser que nos estejamos desenvolvendo diariamente na
exemplificação das ativas virtudes cristãs, não reconheceremos as
manifestações do Espírito Santo na chuva serôdia. Pode ser que ela esteja
sendo derramada nos corações ao nosso redor, mas nós não a discerniremos
nem a receberemos. — Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos,
507. {EF 195.4}
Aqueles que não fazem esforços decididos, mas esperam simplesmente que
o Espírito Santo os force à ação, perecerão em trevas. Não vos deveis deixar
estar tranqüilamente, sem nada fazer na obra de Deus. — Serviço Cristão,
228. {EF 196.1}
{EF 196.2}

emelhante ao movimento de 1844

O poder que agitou o povo tão vigorosamente no movimento de 1844 será


revelado outra vez. A mensagem do terceiro anjo não será divulgada em
sussurros, mas com forte voz. — Testemunhos para a Igreja 5:252. {EF 202.1}
Vi que esta mensagem se encerrará com poder e força muito maiores do
que o clamor da meia-noite. — Primeiros Escritos, 278. {EF 202.2}
Semelhante ao dia de Pentecostes

É com intenso anseio que aguardo o tempo em que os acontecimentos do


dia de Pentecostes se repitam com maior poder do que naquela ocasião. João
diz: “Vi descer do céu outro anjo, que tinha grande autoridade, e a Terra se
iluminou com a sua glória.” Apocalipse 18:1. Então, como no Pentecostes,
cada pessoa ouvirá a verdade ser-lhe proferida em sua própria língua. — The
S.D.A. Bible Commentary 6:1055. {EF 202.3}
Em visões da noite passaram perante mim representações de um grande
movimento reformatório entre o povo de Deus. Muitos estavam louvando a
Deus. Os enfermos eram curados, e outros milagres eram operados. Viu-se um
espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia
de Pentecostes. — Testemunhos Seletos 3:345. {EF 202.4}
A grande obra do evangelho não deverá encerrar-se com menor
manifestação do poder de Deus do que a que assinalou o seu início. As
profecias que se cumpriram no derramamento da chuva temporã no início do
evangelho, devem novamente cumprir-se na chuva serôdia, no final do mesmo.
... {EF 203.1}
Servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa
consagração, apressar-se-ão de um lugar para outro para proclamar a
mensagem do Céu. Por milhares de vozes em toda a extensão da Terra, será
dada a advertência. Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais
e maravilhas seguirão aos crentes. — O Grande Conflito, 611-612. {EF 203.2}
Deus usará instrumentalidades que nos surpreenderão

Permiti-me dizer-vos que o Senhor trabalhará nesta última obra de um modo


muito fora da comum ordem de coisas e de um modo que será contrário a
qualquer planejamento humano. Haverá entre nós os que sempre desejarão
dominar a obra de Deus, para ditar até que movimentos se farão quando a obra
avançar sob a direção do anjo que se une ao terceiro anjo na mensagem a ser
dada ao mundo. Deus usará maneiras e meios pelos quais se verá que Ele
está tomando as rédeas em Suas próprias mãos. Surpreender-se-ão os
obreiros com os meios simples que Ele usará para efetuar e aperfeiçoar sua
obra de justiça. — Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos,
300. {EF 203.3}
Não imagineis que será possível traçar planos para o futuro. Seja
reconhecido que Deus está ao leme em todas as ocasiões e circunstâncias. Ele
agirá de maneiras apropriadas, e manterá, aumentará e edificará Seu povo. —
Counsels to Writers and Editors, 71. {EF 203.4}
O Confortador Se revelará, não de algum modo definido e preciso que o
homem possa determinar, mas segundo a ordem de Deus — em ocasiões e
maneiras inesperadas que honrem o Seu próprio nome. — The Ellen G. White
1888 Materials, 1.478. {EF 204.1}
Assim como outrora chamou pescadores para serem Seus discípulos, Ele
suscitará dentre o povo comum a homens e mulheres que realizem Sua obra.
Em breve haverá um avivamento que surpreenderá a muitos. Os que não
percebem a necessidade do que deve ser feito serão passados por alto, e os
mensageiros celestiais trabalharão com os que são chamados de pessoas
comuns, habilitando-as a levar a verdade para muitos lugares. — Manuscript
Releases 15:312. {EF 204.2}
Trabalhadores habilitados pelo Espírito Santo
Na última e solene obra se empenharão poucos grandes homens. ... Deus
realizará uma obra em nosso tempo que poucos esperam. Ele suscitará e
exaltará entre nós os que são mais adestrados pela unção de Seu Espírito, do
que pelo preparo exterior de instituições científicas. Estes meios não devem ser
desprezados ou condenados; eles são ordenados por Deus, mas só podem
fornecer as habilitações exteriores. Deus mostrará que não depende de seres
humanos instruídos e cheios de si. — Testemunhos para a Igreja 5:80-82. {EF
204.3}
Às almas que buscam diligentemente a luz e que aceitam de boa vontade
todo raio de iluminação divina vindo de Sua Santa Palavra, unicamente a
essas, será a luz comunicada. É por meio dessas almas que Deus revelará
aquela luz e poder que iluminarão toda a Terra com Sua glória. —
Testemunhos Seletos 2:377. {EF 205.1}
Disciplina de espírito, pureza de coração e pensamento é que são
necessários. Isto tem mais valor do que admirável talento, tato ou
conhecimento. Uma mente comum, acostumada a obedecer ao “Assim diz o
Senhor”, está mais bem habilitada para a obra de Deus, do que aqueles que
têm capacidades mas não as empregam corretamente. — The Review and
Herald, 27 de Novembro de 1900. {EF 205.2}
Os obreiros serão antes qualificados pela unção de Seu Espírito do que pelo
preparo das instituições de ensino. Homens de fé e oração serão constrangidos
a sair com zelo santo, declarando as palavras que Deus lhes dá. — O Grande
Conflito, 606. {EF 205.3}
Milhares convertidos num dia

Milhares da hora undécima verão e reconhecerão a verdade. ... Essas


conversões à verdade operar-se-ão com uma rapidez surpreendente para a
igreja, e unicamente o nome de Deus será glorificado. — Mensagens
Escolhidas 2:16. {EF 212.1}
Milhares se converterão à verdade num dia, os quais na hora undécima
verão e reconhecerão a verdade e as atuações do Espírito de Deus. — The
Ellen G. White 1888 Materials, 755. {EF 212.2}
Aproxima-se o tempo em que haverá tantos conversos em um dia como
houve no dia de Pentecostes, depois de os discípulos haverem recebido o
Espírito Santo. — Evangelismo, 692. {EF 212.3}

Por que muitos têm falhado no ganhar almas — Muitos apresentam as


doutrinas e teorias de nossa fé; sua apresentação, porém, é como o sal que
não tem sabor; pois o Espírito Santo não está operando em seu ministério
destituído de fé. Eles não abriram o coração para receber a graça de Cristo;
desconhecem a operação do Espírito; são como a farinha sem lêvedo; pois não
há um princípio a operar em todo o seu labor, e deixam de ganhar almas para
Cristo. Não se apoderam da justiça de Cristo; esta é uma veste não usada por
eles, uma desconhecida plenitude, uma fonte intacta. — The Review and
Herald, 29 de Novembro de 1892. {Ev 697.2}
É preciso intensidade para impressionar os descrentes — Necessitamos
mais zelo na causa de Cristo. A solene mensagem da verdade deve ser dada
com uma intensidade capaz de impressionar os descrentes com o fato de que
Deus está cooperando com os nossos esforços de que o Altíssimo é a fonte
viva de nossa força. — The Signs of the Times, 9 de Dezembro de 1886. {Ev
697.3}
Quando pomos o coração em unidade com Cristo, e a vida em harmonia
com Sua obra, o Espírito que caiu sobre os discípulos no dia
de Pentecostes será derramado sobre nós. — The Review and Herald, 30 de
Junho de 1903. {Ev 697.4}
Com o zelo dos apóstolos — Zelo pela glória de Deus, eis o que movia os
discípulos a dar testemunho da verdade com grande poder. Não deve esse
zelo inflamar nosso coração com o desejo de contar a história do amor que
redime, de Cristo e Cristo crucificado? Não deve o poder de Deus ser ainda
mais poderosamente revelado hoje do que nos dias dos apóstolos? — The
Signs of the Times, 17 de Fevereiro de 1914. {Ev 698.1}
A fonte de seu poder — Depois da ascensão de Cristo, os discípulos
reuniram-se em um lugar a fim de suplicar humildemente a Deus. E após dez
dias de esquadrinhar o coração e examinar-se a si mesmos, estava preparado
o caminho para o Espírito Santo penetrar no templo da alma limpo e
consagrado. Todos os corações foram cheios do Espírito, como se Deus
desejasse mostrar a Seu povo que Lhe pertenceria a prerrogativa de beneficiá-
los com o melhor das bênçãos celestes. ... A espada do Espírito cintilava à
direita e à esquerda. Novamente afiada com poder, penetrava até à divisão da
alma e do espírito, e das juntas e medulas. A idolatria que andara misturada
com o culto do povo, foi derribada. Novo território foi acrescentado ao reino de
Deus. Lugares antes estéreis e desolados, entoavam-lhe os louvores. — The
Review and Herald, 10 de Junho de 1902. {Ev 698.2}
Eles sentiam preocupação pelas almas — Observai que foi depois de os
discípulos haverem chegado à perfeita unidade, quando não mais lutavam pela
supremacia, que o Espírito foi derramado. Eles estavam de comum acordo.
Todas as diferenças haviam sido removidas. E o testemunho dado a seu
respeito depois que o Espírito fora derramado, é o mesmo. Notai a palavra:
“Era um o coração e a alma da multidão dos que criam.” O Espírito dAquele
que morreu para que os pecadores vivessem, animava toda a congregação dos
crentes. {Ev 698.3}
Os discípulos não pediam uma bênção para si mesmos. Achavam-se cheios
de preocupação por almas. O evangelho devia ser levado até aos confins da
Terra, e reclamavam a dotação de poder prometida por Cristo. Foi então que o
Espírito Santo foi derramado, e milhares foram convertidos em um dia. — The
Signs of the Times, 17 de Fevereiro de 1914. {Ev 699.1}
Uma igreja desperta — Quando tivermos sincera e inteira consagração ao
serviço de Cristo, Deus reconhecerá esse fato mediante um derramamento de
Seu Espírito sem medida; isto, porém, não terá lugar enquanto a maior parte da
igreja não estiver colaborando com Deus. — The Review and Herald, 21 de
Julho de 1896. {Ev 699.2}
A terra iluminada — Vi raios de luz provindo de cidades e vilas, dos lugares
altos e baixos da Terra. A Palavra de Deus era obedecida e, em resultado,
havia em cada vila e cidade monumentos seus. Sua verdade era proclamada
por todo o mundo. — Testemunhos Selectos 3:296, 297 (1909). {Ev 699.3}
Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a
Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo,
e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se abriam por toda
parte à proclamação da verdade. O mundo parecia iluminado pela influência
celestial. — Testimonies for the Church 9:126 (1909). {Ev 699.4}
Mediante instrumentos humildes — Ao chegar o tempo para que ela [a
mensagem do terceiro anjo] seja dada com o máximo poder, o Senhor operará
por meio de humildes instrumentos, dirigindo a mente dos que se consagram
ao Seu serviço. Os obreiros serão antes qualificados pela unção de Seu
Espírito do que pelo preparo das instituições de ensino. Homens de fé e oração
serão constrangidos a sair com zelo santo, declarando as palavras que Deus
lhes dá. Os pecados de Babilônia serão revelados. Os terríveis resultados da
imposição das observâncias da igreja pela autoridade civil, as incursões do
espiritismo, os furtivos mas rápidos progressos do poder papal — tudo será
desmascarado. Por meio destes solenes avisos o povo será comovido.
Milhares de milhares que nunca ouviram palavras como essas escutá-las-ão.
— O Grande Conflito entre Cristo e Satanás, 606 (1888). {Ev 699.5}
Multidões unir-se-ão aos exércitos do Senhor — Ver-se-ão ... muitos
correndo de uma parte para outra, constrangidos pelo Espírito de Deus, para
levar a luz a outros. A verdade, a Palavra de Deus, é como um fogo em seus
ossos, enchendo-os de ardente desejo de esclarecer os que se assentam nas
trevas. Muitos, mesmo entre os iletrados, proclamam agora as palavras do
Senhor. Crianças são impelidas pelo Espírito a ir e declarar a mensagem do
Céu. O Espírito será derramado sobre todos quantos se submeterem a Suas
sugestões e, pondo à margem todo o maquinismo humano, suas regras
inibidoras e cautelosos métodos, proclamarão a verdade com a força do poder
do Espírito. Multidões receberão a fé e unir-se-ão aos exércitos do Senhor. —
The Review and Herald, 23 de Julho de 1895. {Ev 700.1}
Milhares de vozes fazem soar a advertência — Servos de Deus, com o
rosto iluminado e a resplandecer de santa consagração, apressar-se-ão de um
lugar para outro a fim de proclamar a mensagem do Céu. Por milhares de
vozes em toda a extensão da Terra, será dada a advertência. Operar-se-ão
prodígios, os doentes serão curados, e sinais e maravilhas seguirão aos
crentes. Satanás também opera com prodígios de mentira, fazendo mesmo
descer fogo do céu, à vista dos homens. Assim os habitantes da Terra serão
levados a decidir-se. {Ev 700.2}
A mensagem há de ser levada não tanto por argumentos como pela
convicção profunda do Espírito de Deus. Os argumentos foram apresentados.
A semente foi semeada e agora brotará e frutificará. As publicações
distribuídas pelos missionários têm exercido sua influência; todavia, muitos que
ficaram impressionados, foram impedidos de compreender completamente a
verdade, ou de lhe prestar obediência. Agora os raios de luz penetram por toda
parte, a verdade é vista em sua clareza, e os leais filhos de Deus cortam os
liames que os têm retido. Laços de família, relações na igreja, são impotentes
para os deter agora. A verdade é mais preciosa do que tudo o mais. Apesar
das forças arregimentadas contra a verdade, grande número se coloca ao lado
do Senhor. — O Grande Conflito entre Cristo e Satanás, 612 (1888). {Ev 701.1}
A descida do Espírito Santo sobre a igreja é olhada como estando no futuro;
é, porém, o privilégio da igreja tê-la agora. Buscai-a, orai por ela, crede nela.
Precisamos tê-la, e o Céu espera para concedê-la. — The Review and Herald,
19 de Março de 1895. {Ev 701.2}
A chuva serôdia — Peçam os cristãos. ... com fé a bênção prometida, e ela
virá. O derramamento do Espírito nos dias dos apóstolos, foi a chuva temporã,
e gloriosos foram os resultados. A chuva serôdia, porém, será mais abundante.
— The Signs of the Times, 17 de Fevereiro de 1914. {Ev 701.3}

Em favor dos crentes de Éfeso o apóstolo orou: “Para que o Deus de nosso
Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de
revelação no pleno conhecimento dEle, iluminados os olhos do vosso coração,
para saberdes qual é a esperança do Seu chamamento [...] e qual a suprema
grandeza do Seu poder para com os que cremos”. Efésios 1:17-19. O
ministério do divino Espírito na iluminação do entendimento e abertura da
mente às profundezas da Santa Palavra de Deus foi a bênção que Paulo
suplicou sobre a igreja de Éfeso. {GCC 10.4}
Depois da maravilhosa manifestação do Espírito Santo no dia
de Pentecostes, Pedro exortou o povo a arrepender-se e batizar-se em nome
de Cristo, para a remissão de seus pecados; e disse ele: “Recebereis o dom do
Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para
todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus
chamar”. Atos dos Apóstolos 2:38, 39. {GCC 11.1}
Em imediata relação com as cenas do grande dia de Deus, o Senhor
prometeu, pelo profeta Joel, uma manifestação especial de Seu Espírito. Joel
2:28. Esta profecia recebeu cumprimento parcial no derramamento do Espírito,
no dia de Pentecostes. Mas atingirá seu pleno cumprimento na manifestação
da graça divina que acompanhará a obra final do Evangelho. {GCC 11.2}
A grande controvérsia entre o bem e o mal crescerá em intensidade no final
do tempo. Em todas as eras, a ira de Satanás tem se manifestado contra a
igreja de Cristo; e Deus tem derramado Sua graça e Espírito sobre Seu povo, a
fim de habilitá-lo a permanecer de pé diante do poder do maligno. Quando os
apóstolos de Cristo deveriam apresentar o evangelho ao mundo e registrá-lo
para todas as eras futuras, foram especialmente capacitados pela iluminação
do Espírito. À medida, entretanto, que a igreja se aproxima de sua final
libertação, Satanás deverá operar com grande poder. Ele se apresenta “cheio
de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta”. Apocalipse 12:12. Ele
operará “com todo poder, e sinais e prodígios da mentira”. 2 Tessalonicenses
2:9. Durante 6.000 anos esta poderosa mente, que uma vez foi a de mais
elevada posição entre os anjos de Deus, tem sido aplicada inteiramente à obra
de engano e ruína. E todas as profundezas da satânica habilidade e sutileza
adquiridas, toda a crueldade desenvolvida durante esta luta de tantos séculos,
serão lançadas contra o povo de Deus no conflito final. Nesse tempo de perigo
os seguidores de Cristo deverão apresentar ao mundo a advertência quanto ao
segundo advento do Senhor; e um povo deverá preparar-se a fim de
permanecer de pé diante dEle, em Sua vinda, e isto “sem mácula, e
irrepreensíveis”. 2 Pedro 3:14. Nesse tempo a dotação especial da divina graça
e poder não serão menos necessários à igreja do que nos dias
apostólicos. {GCC 11.3}
Mediante a iluminação do Espírito Santo, as cenas do prolongado conflito
entre o bem e o mal foram patenteadas à autora destas páginas. De quando
em quando me foi permitido contemplar a operação, nas diversas épocas, do
grande conflito entre Cristo, o Príncipe da vida, o Autor de nossa salvação, e
Satanás, o príncipe do mal, o autor do pecado, o primeiro transgressor da
santa lei de Deus. A inimizade de Satanás para com Cristo manifestou-se
contra os Seus seguidores. O mesmo ódio aos princípios da lei de Deus, o
mesmo expediente de engano, em virtude do qual se faz o erro parecer
verdade, pelo qual a lei divina é substituída pelas leis humanas, e os homens
são levados a adorar a criatura em lugar do Criador, podem ser divisados em
toda a história do passado. Os esforços de Satanás para representar de
maneira falsa o caráter de Deus, para fazer com que os homens nutram um
conceito errôneo do Criador, e assim O considerem com temor e ódio em vez
de amor; seu empenho para pôr de parte a lei divina, levando o povo a julgar-
se livre de suas reivindicações; e sua perseguição aos que ousam resistir a
seus enganos, têm prosseguido com persistência em todos os séculos. Podem
ser observados na história dos patriarcas, profetas e apóstolos, mártires e
reformadores. {GCC 11.4}
No grande conflito final, como em todas as eras anteriores, Satanás
empregará os mesmos expedientes, manifestará o mesmo espírito, e
trabalhará para o mesmo fim. Aquilo que foi, será, com a exceção de que a luta
vindoura se assinalará por uma intensidade terrível, tal como o mundo jamais
testemunhou. Os enganos de Satanás serão mais sutis, seus assaltos mais
decididos. Se fosse possível, transviaria os escolhidos. Marcos 13:22. {GCC
12.1}
À medida que o Espírito de Deus me ia revelando à mente as grandes
verdades de Sua Palavra, e as cenas do passado e do futuro, era-me ordenado
tornar conhecido a outros o que assim fora revelado — delineando a história do
conflito nas eras passadas, e especialmente apresentando-a de tal maneira a
lançar luz sobre a luta do futuro, em rápida aproximação. Na prossecução
deste propósito, esforcei-me por selecionar e agrupar fatos da história da igreja
de tal maneira a esboçar o desdobramento das grandes verdades que em
diferentes períodos foram dadas ao mundo, as quais excitaram a ira de
Satanás e a inimizade de uma igreja que ama o mundo, verdades que têm sido
mantidas pelo testemunho dos que “não amaram suas vidas até a
morte”. {GCC 12.2}
Nesses relatos podemos ver uma prefiguração do conflito perante nós.
Olhando-os à luz da Palavra de Deus, e pela iluminação de Seu Espírito,
podemos ver a descoberto os ardis do maligno e os perigos que deverão evitar
os que serão achados “irrepreensíveis” diante do Senhor em Sua vinda. {GCC
12.3}
Os grandes acontecimentos que assinalaram o progresso da Reforma nas
épocas passadas, constituem assunto da História, bastante conhecidos e
universalmente reconhecidos pelo mundo protestante; são fatos que ninguém
pode negar. Apresentei de maneira breve esta história, de acordo com a
perspectiva deste livro e com a brevidade que deveria necessariamente ser
observada, havendo os fatos sido condensados no menor espaço compatível
com sua devida compreensão. Em alguns casos em que um historiador
agrupou os fatos de tal modo a proporcionar, em resumo, uma visão
abrangente do assunto, ou resumiu convenientemente os pormenores, suas
palavras foram citadas textualmente; em alguns outros casos, porém, não se
nomeou o autor, visto como as transcrições não são feitas com o propósito de
citar aquele escritor como autoridade, mas porque sua declaração provê uma
apresentação do assunto, pronta e positiva. Narrando a experiência e
perspectivas dos que levam avante a obra da Reforma em nosso próprio
tempo, fez-se uso semelhante de suas obras publicadas.{GCC 12.4}
O objetivo deste livro não consiste tanto em apresentar novas verdades
concernentes às lutas dos tempos anteriores, como em ressaltar fatos e
princípios que têm sua relação com os acontecimentos vindouros. Contudo,
encarados como uma parte do conflito entre as forças da luz e das trevas, vê-
se que todos esses relatos do passado têm nova significação; e por meio deles
projeta-se uma luz no futuro, iluminando a senda daqueles que, semelhantes
aos reformadores dos séculos passados, serão chamados, mesmo com perigo
de todos os bens terrestres, a testificar “da Palavra de Deus, e do testemunho
de Jesus Cristo”. {GCC 13.1}
Desdobrar as cenas do grande conflito entre a verdade e o erro; revelar os
ardis de Satanás e os meios pelos quais lhe podemos opor eficaz resistência;
apresentar uma solução satisfatória do grande problema do mal, derramando
luz sobre a origem e a disposição final do pecado, de tal maneira a manifestar-
se plenamente a justiça e benevolência de Deus em todo o Seu trato com Suas
criaturas; e mostrar a natureza santa, imutável de Sua lei — eis o objetivo
deste livro. Que mediante sua influência muitos possam libertar-se do poder
das trevas, e tornar-se participantes “da herança dos santos na luz”, para
louvor dAquele que nos amou e Se deu a Si mesmo por nós, é a fervorosa
oração da autora. {GCC 13.2}
E.G.W.

Em imediata relação com as cenas do grande dia de Deus, o Senhor prometeu,


pelo profeta Joel, uma manifestação especial de Seu Espírito. Joel 2:28. Esta
profecia recebeu cumprimento parcial no derramamento do Espírito, no dia
de Pentecostes. Mas atingirá seu pleno cumprimento na manifestação da
graça divina que acompanhará a obra final do Evangelho. {GCC 11.2}

Essa obra será semelhante à do dia de Pentecostes. A “chuva temporã” foi


dada no início da pregação do evangelho para efetuar a germinação da
preciosa semente; assim a “chuva serôdia” será dada em seu final para o
amadurecimento da colheita. Oséias 6:3; Joel 2:23. A grande obra do
evangelho não deverá encerrar-se com menor manifestação do poder de Deus
do que a que assinalou o seu início. As profecias que se cumpriram no
derramamento da chuva temporã no início do evangelho, deverão cumprir-se
novamente na chuva serôdia, no final do mesmo. Eis aí os “tempos do
refrigério” contemplados pelo apóstolo Pedro, em antecipação. Atos dos
Apóstolos 3:19, 20. {GCC 266.5}
Servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa
consagração, apressar-se-ão de um lugar para outro para proclamar a
mensagem do Céu. Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais
e maravilhas seguirão os crentes. Satanás também opera com prodígios de
mentira, até mesmo fazendo descer fogo do Céu. Apocalipse 13:13. Assim os
habitantes da Terra serão levados a decidir-se. {GCC 266.6}
A mensagem há de ser levada não tanto por argumentos como pela
convicção profunda do Espírito de Deus. Os argumentos foram apresentados,
as publicações exerceram sua influência, mas ainda assim muitos foram
impedidos de compreender completamente a verdade. Agora esta é vista em
toda a sua clareza. Laços de família, relações com a igreja são impotentes para
deter os sinceros filhos de Deus. Apesar das forças arregimentadas contra a
verdade, grande número se coloca ao lado do Senhor. {GCC 267.1}

Capítulo 32 — O Pentecostes

Este capítulo é baseado em Atos dos Apóstolos 2:1.


Quando Jesus abriu o entendimento dos discípulos para o significado das
profecias concernentes a Ele próprio, assegurou-lhes de que todo o poder Lhe
era dado nos Céus e na Terra, e enviou-os a pregar o evangelho a toda a
criatura. Os discípulos, com o súbito reavivamento de sua velha esperança de
que Jesus haveria de tomar Seu lugar sobre o trono de Davi em Jerusalém,
indagaram: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a
Israel?” Atos dos Apóstolos 1:6. O Salvador em referência ao assunto pôs a
incerteza em suas mentes replicando que não lhes competia “conhecer tempos
ou épocas que o Pai reservou para Sua exclusiva autoridade”. Atos dos
Apóstolos 1:7. {HR 241.1}
Os discípulos começaram a esperar que o maravilhoso derramamento do
Espírito Santo influenciasse o povo judeu a aceitar a Jesus. O Salvador
absteve-Se de explanar mais alguma coisa, pois sabia que quando o Espírito
fosse derramado sobre eles em medida completa, suas mentes seriam
iluminadas e haveriam de compreender inteiramente o seu trabalho e retomá-lo
onde Ele o havia deixado. {HR 241.2}
Os discípulos reuniram-se num aposento superior, unindo-se em orações às
mulheres crentes, com Maria, mãe de Jesus e Seus irmãos. Estes irmãos, que
tinham sido descrentes, estavam agora plenamente firmados na fé pelas cenas
que acompanharam a crucifixão e pela ressurreição e ascensão do Senhor. O
número de pessoas reunidas era cerca de cento e vinte. {HR 241.3}
O derramamento do Espírito Santo

“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo


lugar; de repente veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu
toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles,
línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram
cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas, segundo o
Espírito lhes concedia que falassem.” O Espírito Santo, assumindo a forma de
línguas de fogo, repousou sobre a assembléia, como um emblema do dom
outorgado aos discípulos de falarem com fluência várias línguas diferentes,
com as quais nunca tinham tomado contato anteriormente. A aparência de fogo
significava o zelo fervente com que os apóstolos trabalhariam, e o poder que
assistiria suas palavras. {HR 242.1}
Sob esta celestial iluminação, as passagens da Escritura que Cristo tinha
explanado aos discípulos apresentavam-se a suas mentes com o brilho e a
beleza de clara e poderosa verdade. O véu que os impedira de ver o fim
daquilo que era abolido foi agora removido, e o objetivo da missão de Cristo e a
natureza de Seu reino foram compreendidos com perfeita clareza. {HR 242.2}
No poder do Pentecostes

Os judeus tinham sido dispersados por quase todos os países, e falavam


vários idiomas. Tinham vindo de longas distâncias a Jerusalém, e
temporariamente fixaram residência ali, para permanecer durante as festas
religiosas então em andamento e para observar seus reclamos. Quando
reunidos, eram de todas as línguas conhecidas. Esta diversidade de linguagem
era um grande obstáculo para o trabalho dos servos de Deus em anunciar a
doutrina de Cristo nas partes mais afastadas da Terra. Ter Deus suprido a
deficiência dos apóstolos de maneira milagrosa, foi para o povo a mais perfeita
confirmação do testemunho desses mensageiros de Cristo. O Espírito Santo
fez por eles o que não poderiam ter feito por si mesmos em toda uma vida; de
modo que eles podiam agora espalhar a verdade do evangelho no estrangeiro,
falando com perfeição a língua daqueles por quem estavam trabalhando. Este
miraculoso dom era a maior evidência que poderiam apresentar ao mundo de
que sua comissão levava o sinete do Céu. {HR 242.3}
“Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas
as nações debaixo do céu. Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a
multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na
sua própria língua. Estavam, pois, atônitos, e se admiravam, dizendo: Vede!
Não são, porventura galileus todos esses que aí estão falando? E como os
ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” {HR 243.1}
Os sacerdotes e principais ficaram grandemente irados com esta
maravilhosa manifestação, que era referida através de toda Jerusalém e
cercanias, mas não ousaram demonstrar sua má disposição, por temor de se
exporem ao ódio do povo. Tinham levado o Mestre à morte, porém aqui
estavam os Seus servos, iletrados homens da Galiléia, mostrando o
maravilhoso cumprimento da profecia e ensinando a doutrina de Jesus em
todas as línguas então faladas. Eles falavam com poder das maravilhosas
obras do Salvador, e desdobravam aos seus ouvintes o plano da salvação na
misericórdia e sacrifício do Filho de Deus. Suas palavras convenciam e
convertiam milhares que as ouviam. As tradições e superstição inculcadas
pelos sacerdotes foram varridas de suas mentes e eles aceitaram os puros
ensinamentos da Palavra de Deus. {HR 243.2}
O sermão de Pedro

Pedro mostrou-lhes que esta manifestação era o cumprimento direto da


profecia de Joel, na qual vaticinou que este poder seria derramado sobre
homens de Deus, a fim de capacitá-los para um trabalho especial. {HR 244.1}
Pedro traçou a linhagem de Jesus em linha direta à nobre casa de Davi. Não
usou nenhum dos ensinamentos de Jesus para provar sua verdadeira posição,
pois sabia que seus preconceitos eram tão grandes que isto não teria nenhum
efeito. Referiu-se, porém, a Davi, a quem os judeus consideravam um
venerável patriarca de sua nação. Disse Pedro: {HR 244.2}
“Porque a respeito dEle diz Davi: Diante de mim via sempre o Senhor,
porque está a minha mão direita, para que eu não seja abalado. Por isso se
alegrou o meu coração e a minha língua exultou; além disto também a minha
própria carne repousará em esperança, porque não deixarás a minha alma na
morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.” {HR 244.3}
Pedro aqui mostra que Davi não podia estar falando em referência própria,
mas, definidamente de Jesus Cristo. Davi morreu a morte natural como outros
homens; sua sepultura, com o venerável pó que continha, tinha sido
preservada com grande cuidado até aquele tempo. Davi, como rei de Israel, e
também como profeta, tinha sido especialmente honrado por Deus. Em
profética visão foi-lhe mostrada a vida futura e o ministério de Cristo. Viu
Sua rejeição, julgamento, crucifixão, sepultamento, ressurreição e
ascensão. {HR 244.4}
Davi testificou que a alma de Cristo não seria deixada no inferno (a
sepultura), nem Sua carne veria corrupção. Pedro mostrou o cumprimento
desta profecia em Jesus de Nazaré. Deus efetivamente O havia ressuscitado
do sepulcro antes que Seu corpo visse corrupção. E agora era o Ser exaltado
no Céu dos céus. {HR 245.1}
Nesta memorável ocasião grande número dos que até aqui ridicularizaram a
idéia de pessoa tão despretensiosa como Jesus ser o Filho de Deus, tornaram-
se completamente convencidos da verdade e reconheceram-nO como seu
Salvador. Três mil almas foram acrescentadas à igreja. Os apóstolos falavam
pelo poder do Espírito Santo; e suas palavras não podiam ser controvertidas,
pois eram confirmadas por poderosos milagres, operados por eles mediante o
derramamento do Espírito de Deus. Os próprios discípulos estavam atônitos
ante o resultado desta visitação, e com a rápida e abundante colheita de almas.
Todo o povo estava cheio de assombro. Aqueles que não abandonavam o
preconceito e fanatismo estavam tão intimidados que não ousaram nem pela
voz nem pela violência tentar deter esse poderoso trabalho, e, por este tempo,
sua oposição cessou. {HR 245.2}
Somente os argumentos dos apóstolos, embora claros e convincentes, não
teriam removido o preconceito dos judeus, que resistira a tantas evidências.
Mas o Espírito Santo enviou tais argumentos com divino poder a seus
corações. Eles eram como afiadas setas do Todo-poderoso, convencendo-os
de sua terrível culpa em haverem rejeitado e crucificado o Senhor da glória.
“Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e perguntaram a
Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para
remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” {HR
245.3}
Pedro levou ao íntimo do povo convicto o fato de que haviam rejeitado a
Cristo por terem sido enganados pelos sacerdotes e príncipes; e que se eles
continuassem a buscar conselho desses homens, e esperassem que esses
líderes reconhecessem a Cristo em vez de ousar fazê-lo por si mesmos, jamais
O aceitariam. Esses homens poderosos, embora fazendo profissão de piedade,
eram ambiciosos e zelosos por riquezas e glórias terrenas. Jamais viriam a
Cristo para receber iluminação. Jesus havia predito a terrível retribuição que
viria sobre o povo por sua obstinada incredulidade, não obstante as mais
poderosas evidências dadas a eles de que Jesus era o Filho de Deus. {HR
246.1}
Desde esse tempo em diante a linguagem dos discípulos era pura, simples e
correta em palavra e dicção, tanto falando eles sua língua nativa como uma
língua estrangeira. Estes homens humildes, que nunca tinham aprendido na
escola dos profetas, apresentavam verdades tão elevadas e puras que
maravilhavam os que as ouviam. Eles não podiam ir pessoalmente aos lugares
mais afastados da Terra; mas estavam ali para a festa, homens de todos os
quadrantes do mundo, e as verdades recebidas por eles foram levadas para
seus vários lares e anunciadas entre seu povo, ganhando almas para
Cristo. {HR 246.2}
Uma lição para nossos dias

Este testemunho com respeito ao estabelecimento da igreja cristã é-nos


dado não apenas como uma parte importante da história sagrada, mas também
como uma lição. Todos os que professam o nome de Cristo devem aguardar,
vigiar e orar com um só coração. Toda diferença deve ser posta de lado, e a
unidade e terno amor de uns para com os outros permear o todo. Então nossas
orações poderão subir juntas ao nosso Pai celestial com vigorosa, fervorosa fé.
Então poderemos aguardar com paciência e esperança o cumprimento da
promessa. {HR 246.3}
A resposta pode vir com súbita velocidade e sobrepujante poder, ou pode
demorar por dias e semanas, e nossa fé receber uma prova. Deus, porém,
sabe como e quando responder nossa oração. É nossa parte do trabalho
colocarmo-nos a nós mesmos em associação com o divino canal. Deus é
responsável por Sua parte do trabalho. Ele é fiel ao que prometeu. A grande e
importante questão conosco é ser um só coração e uma só mente, colocando
de lado toda a inveja e maldade, e, como humildes suplicantes, vigiarmos e
aguardarmos. Jesus, nosso Representante e Cabeça, está pronto para fazer
por nós o que fez pelos suplicantes, e vigilantes no dia de Pentecostes. {HR
247.1}
Capítulo 33 — A cura do coxo

Este capítulo é baseado em Atos dos Apóstolos 3-4.


Pouco tempo depois do derramamento do Espírito Santo, e imediatamente
depois de um período de fervorosa oração, Pedro e João, subindo ao templo
para adorar, viram um pobre e infeliz coxo, de quarenta anos de idade, cuja
vida não tinha sido senão de dor e enfermidade. Este desafortunado homem
havia desejado durante muito tempo ir a Jesus, para ser curado; mas
encontrava-se quase ao desamparo, e estava muito afastado do cenário dos
labores do grande Médico. Seus rogos finalmente induziram alguns amigos a
levá-lo à porta do templo. Mas, ao chegar ali, descobriu que Aquele, em quem
suas esperanças estiveram centralizadas, havia sido morto cruelmente. {HR
248.1}
Seu desapontamento provocou a simpatia dos que sabiam por quanto
tempo avidamente esperara ser curado por Jesus, e diariamente o levavam ao
templo, a fim de que os que passavam fossem pela piedade induzidos a dar-lhe
alguns centavos para lhe aliviar as presentes necessidades. Ao passarem
Pedro e João, pediu-lhes uma esmola. Os discípulos olharam-no com
compaixão. “Pedro, fitando-o juntamente com João, disse: Olha para nós.”
“Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de
Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” {HR 248.2}
O semblante do pobre homem havia descaído quando Pedro declarou sua
própria pobreza, mas iluminou-se de esperança e fé quando o discípulo
prosseguiu. “E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente os seus
pés e artelhos se firmaram; de um salto se pôs de pé, passou a andar e entrou
com eles no templo, saltando e louvando a Deus. Viu-o todo o povo a andar e a
louvar a Deus, e reconheceram ser ele o mesmo que esmolava, assentado à
porta Formosa do templo; e se encheram de admiração e assombro, por isso
que lhe acontecera.” {HR 248.3}
Os judeus estavam estupefatos de que os discípulos pudessem realizar
milagres semelhantes aos que foram realizados por Jesus. Ele, como
supunham, estava morto, e esperavam que tão maravilhosas manifestações
tivessem cessado com Ele. Contudo ali estava aquele homem, que durante
quarenta anos fora um desamparado coxo, regozijando-se agora em pleno uso
de seus membros, livre de dor, e feliz por crer em Jesus. {HR 249.1}
Os apóstolos viram o espanto do povo, e perguntaram-lhes porque estavam
maravilhados ante o milagre que haviam testemunhado, e considerando-os
com reverência como se fosse por seu próprio poder que haviam feito aquilo.
Pedro assegurou-lhes que aquilo fora feito mediante os méritos de Jesus de
Nazaré, a quem eles rejeitaram e crucificaram, mas que Deus ressuscitara da
morte ao terceiro dia. “Pela fé em o nome de Jesus, esse mesmo nome
fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por
meio de Jesus, deu a este saúde perfeita na presença de todos vós. E agora,
irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também as vossas
autoridades; mas Deus assim cumpriu o que dantes anunciara por boca de
todos os profetas que o Seu Cristo havia de padecer.” {HR 249.2}
Depois da realização deste milagre o povo reuniu-se no templo, e Pedro
dirigiu-lhes a palavra numa parte do templo, enquanto João falava a eles em
outra parte. Os apóstolos, tendo falado claramente do grande crime dos judeus
em rejeitar e matar o Príncipe da vida, foram cuidadosos em não levar os seus
ouvintes à exasperação ou desespero. Pedro estava disposto a diminuir a
atrocidade de sua culpa tanto quanto possível, presumindo que eles tinham
agido ignorantemente. Declarou que o Espírito Santo os estava chamando para
o arrependimento de seus pecados e conversão, e que não havia esperança
para eles exceto mediante a graça do Cristo que haviam crucificado; mediante
fé nAquele que unicamente pelo Seu sangue podia cancelar os seus
pecados. {HR 249.3}
Prisão e julgamento dos apóstolos

A pregação da ressurreição de Cristo, e que mediante Sua morte e


ressurreição Ele finalmente tiraria todos os mortos dos sepulcros, irritou
profundamente os saduceus. Sentiram que sua doutrina favorita estava em
perigo e sua reputação em risco. Alguns dos oficiais do templo, como o capitão
do templo, eram saduceus. O capitão, com a ajuda de alguns saduceus,
prendeu os dois apóstolos e os colocou na prisão, pois já era demasiado tarde
para que seu caso fosse examinado nessa noite. {HR 250.1}
No dia seguinte, Anás e Caifás, com outros dignitários do templo, reuniram-
se para julgar os prisioneiros, que foram então trazidos a sua presença.
Naquela mesma sala, diante desses mesmos homens, foi que Pedro
vergonhosamente negara seu Senhor. Tudo isso passou distintamente diante
da mente do discípulo que agora comparecia para o seu próprio julgamento.
Tinha agora a oportunidade para redimir-se de sua passada e ímpia
covardia. {HR 250.2}
Os presentes, que se lembravam da parte que Pedro havia desempenhado
no julgamento de seu Mestre, lisonjeavam-se de que ele seria intimidado pela
ameaça de prisão e morte. Mas o Pedro que negara a Cristo na hora de Sua
maior necessidade era impulsivo e cheio de confiança própria, diferindo
grandemente do Pedro que fora trazido perante o Sinédrio para ser
interrogado. Ele estava convertido; não era mais orgulhoso e jactancioso, mas
destituído de confiança própria. Estava cheio do Espírito Santo, e mediante
este poder havia-se tornado firme como uma rocha, corajoso, embora modesto,
em glorificar a Cristo. Estava pronto para remover a mancha de sua apostasia,
honrando o nome que uma vez repudiara. {HR 250.3}
A ousada defesa de Pedro

Até ali os sacerdotes tinham evitado mencionar a crucifixão ou ressurreição


de Jesus; mas agora, em cumprimento ao seu propósito, foram forçados a
indagar dos acusados por que poder haviam realizado a notória cura do
inválido. Então Pedro, cheio do Espírito Santo, dirigiu-se aos sacerdotes e
anciãos respeitosamente, e declarou: “Tomai conhecimento vós todos e todo o
povo de Israel de que, em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós
crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em Seu nome
é que este está curado perante vós. Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os
construtores, a qual se tornou a pedra angular. E não há salvação em nenhum
outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os
homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” {HR 251.1}
O selo de Cristo foi posto sobre as palavras de Pedro, e seu rosto foi
iluminado pelo Espírito Santo. Próximo a ele, como convincente testemunha,
estava o homem que havia sido milagrosamente curado. A aparência deste
homem, que apenas poucas horas antes era um desajudado coxo, mas agora
restaurado à perfeita saúde, e esclarecido acerca de Jesus de
Nazaré, acrescentava peso de testemunho às palavras de Pedro. Sacerdotes,
príncipes e povo estavam em silêncio. Os príncipes não tinham poder para
refutar suas declarações. Tinham sido obrigados a ouvir aquilo que menos
desejavam ouvir: o fato da ressurreição de Jesus Cristo, e Seu poder no Céu
de realizar milagres por meio de Seus apóstolos na Terra. {HR 251.2}
A defesa de Pedro, na qual ele confessou corajosamente de onde obtinha
sua força, apavorou-os. Ele se referiu à pedra rejeitada pelos construtores —
significando as autoridades da igreja, que deviam ter percebido o valor dAquele
a quem rejeitaram — mas que havia não obstante Se tornado na pedra de
esquina. Nestas palavras ele se referiu diretamente a Cristo, que era a pedra
fundamental da igreja. {HR 252.1}
O povo estava espantado ante a ousadia dos discípulos. Pensavam que, por
serem ignorantes pescadores, seriam vencidos pelo embaraço quando
confrontados pelos sacerdotes, escribas e anciãos. Mas, tiveram conhecimento
que eles tinham estado com Jesus. Os apóstolos falavam como Ele havia
falado, com um convincente poder que silenciava seus adversários. A fim de
ocultarem sua perplexidade, os sacerdotes e príncipes ordenaram que os
apóstolos fossem afastados, para que pudessem aconselhar-se entre si. {HR
252.2}
Concordaram todos que era inútil negar que o homem fora curado mediante
o poder concedido aos apóstolos em nome de Jesus crucificado. Alegremente
encobririam o prodígio por meio de falsidades; mas a obra fora feita em plena
luz do dia diante de uma multidão de pessoas, e já viera ao conhecimento de
milhares. Sentiram que a obra dos discípulos devia cessar imediatamente, ou
Jesus ganharia muitos adeptos, e sua própria desgraça poderia seguir-se, pois
estariam sujeitos a ser responsabilizados pelo assassínio do Filho de
Deus. {HR 252.3}
Apesar de seu desejo de destruir os discípulos, não ousaram fazer mais que
ameaçá-los com o mais severo castigo, se continuassem a falar ou agir em
nome de Jesus. Entretanto, Pedro e João declararam ousadamente que seu
trabalho tinha-lhes sido dado por Deus, e que não podiam deixar de falar as
coisas que tinham visto e ouvido. De boa vontade teriam os sacerdotes punido
esses nobres homens por sua inamovível fidelidade a sua sagrada vocação,
mas temeram o povo; “porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera”.
Assim, com repetidas ameaças e admoestações, foram os apóstolos
libertados. {HR 253.1}

Os gentios recebem o Espírito Santo

Pedro anunciou Jesus ao grupo de atentos ouvintes; Sua vida, ministério,


milagres, traição, crucifixão, ressurreição e ascensão, e Seu trabalho no Céu,
como Representante e Advogado do homem, intercedendo em favor dos
pecadores. Enquanto o apóstolo falava seu coração foi inundado do Espírito da
verdade de Deus, que anunciava ao povo. Seus ouvintes estavam atraídos
pelos ensinos que ouviam, pois seus corações haviam sido preparados para
receber a verdade. O apóstolo foi interrompido pela descida do Espírito Santo,
como foi manifestado no Dia de Pentecostes. “E os fiéis que eram da
circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os
gentios foi derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando em
línguas e engrandecendo a Deus. Então perguntou Pedro: Porventura pode
alguém recusar a água, para que não sejam batizados estes que, assim como
nós, receberam o Espírito Santo? E ordenou que fossem batizados em nome
de Jesus Cristo. Então lhe pediram que permanecesse com eles por alguns
dias.” {HR 289.1}
O derramamento do Espírito Santo sobre os gentios não foi o equivalente do
batismo. Os passos requeridos na conversão, em todos os casos são, fé,
arrependimento e batismo. Desse modo a verdadeira igreja cristã está
unificada em um Senhor, uma fé e um batismo. Temperamentos diversos são
modificados pela graça santificadora, e os mesmos princípios distintivos
regulam a vida de todos. Pedro cedeu às súplicas dos crentes gentios, e
permaneceu com eles por algum tempo, pregando a Jesus a todos os gentios
das proximidades. {HR 289.2}
Quando os irmãos na Judéia ouviram que Pedro tinha pregado aos gentios,
e que se havia encontrado com eles e comido em suas casas, ficaram
surpresos e ofendidos por tão estranho procedimento de sua parte. Temiam
que tal conduta, que lhes parecia presunçosa, tendesse a contradizer seus
próprios ensinamentos. Tão logo Pedro os visitou, eles o receberam com
severa censura, dizendo: “Entraste em casa de homens incircuncisos, e
comeste com eles.” {HR 290.1}

A experiência dos judeus repetida

Minha atenção foi chamada para a proclamação do primeiro advento de


Cristo. João foi enviado no espírito e poder de Elias a fim de preparar o
caminho para Jesus. Os que rejeitaram o testemunho de João não foram
beneficiados pelos ensinos de Jesus. A oposição da parte deles, à mensagem
que predizia a Sua vinda, colocou-os onde eles não podiam prontamente
receber a melhor evidência de que Ele era o Messias. Satanás levou os que
rejeitaram a mensagem de João a ir ainda mais longe, a ponto de rejeitar a
Cristo e crucificá-Lo. Com este procedimento, colocaram-se onde não podiam
receber as bênçãos do dia do Pentecostes, o que lhes teria ensinado o
caminho para o santuário celestial. {HR 386.1}
A ruptura do véu do templo mostrou que os sacrifícios e ordenanças
judaicos não mais seriam recebidos. O grande Sacrifício havia sido oferecido e
aceito, e o Espírito Santo, que desceu no dia de Pentecostes, levou a mente
dos discípulos do santuário terrestre para o celestial, onde Jesus havia entrado
com o Seu próprio sangue, a fim de derramar sobre os discípulos os benefícios
de Sua expiação. Mas os judeus foram deixados em trevas completas.
Perderam toda a luz que podiam ter recebido sobre o plano da salvação, e
ainda confiavam em seus inúteis sacrifícios e ofertas. O santuário celestial
havia tomado o lugar do terrestre, mas eles não tiveram conhecimento
da mudança. Assim não podiam ser beneficiados pela mediação de Cristo no
lugar santo. {HR 386.2}
Muitos olham com horror para a conduta dos judeus em rejeitar e crucificar a
Cristo; e, ao lerem a história dos vergonhosos maus-tratos que Lhe infligiram,
pensam que O amam e não O teriam negado como o fez Pedro, ou crucificado
como o fizeram os judeus. Mas Deus, que lê o coração de todos, tem posto à
prova esse professado amor por Jesus. {HR 387.1}
Todo o Céu observou com o mais profundo interesse a receptividade da
mensagem do primeiro anjo. Porém, muitos que professavam amar a Jesus, e
que derramavam lágrimas ao lerem a história da cruz, ridicularizavam as boas
novas de Sua vinda. Em vez de receber a mensagem com alegria, declararam
ser ela um engano. Odiavam os que amavam o Seu aparecimento, e
expulsaram-nos das igrejas. Os que rejeitaram a primeira mensagem não
podiam ser beneficiados pela segunda, nem o foram pelo clamor da meia-noite,
que devia prepará-los para entrarem com Jesus pela fé no lugar santíssimo do
santuário celestial. E pela rejeição das duas primeiras mensagens, ficaram com
o entendimento tão entenebrecido que não podiam ver qualquer luz na
mensagem do terceiro anjo, que mostra o caminho para o lugar
santíssimo. {HR 387.2}

Orar pelo Espírito — Devemos orar pela descida do Espírito Santo com tanto
fervor quanto os discípulos oraram no dia do Pentecostes. Se dEle
necessitaram naquele tempo, muito mais necessitamos nós agora. Trevas
morais como um manto cobrem a Terra. Toda espécie de falsas doutrinas,
heresias e enganos satânicos estão desviando a mente das pessoas. Sem o
Espírito e o poder de Deus, será em vão trabalharmos para apresentar a
verdade. — Testemunhos para a Igreja 5:158. {ME 108.1}

Alguns têm dito que achavam que nesta reunião vários dias deviam ser
passados em oração a Deus pelo Espírito Santo, como no dia de Pentecostes.
Desejo dizer-vos que as atividades que podem ser levadas avante nesta
assembléia constituem tanto uma parte do serviço de Deus como a oração. A
reunião de negócios deve estar tanto sob a direção do Espírito como a reunião
de oração. Há o perigo de termos uma religião sentimental e
impulsiva. Assumam as questões consideradas nesta assembléia um caráter
tão sagrado que a hoste celestial possa aprová-lo. Devemos guardar do modo
mais sagrado os aspectos comerciais de nossa obra. Todo aspecto das
atividades levadas avante aqui deve estar de acordo com os princípios do
Céu. {ME3 336.3}
Deus quer que vos coloqueis numa posição em que Ele possa soprar sobre
vós o Espírito Santo, em que Cristo possa habitar no coração. Ele deseja que
no começo desta reunião abandoneis todo conflito, toda contenda, toda
dissensão, toda murmuração que tendes abrigado. O que necessitamos é
muito mais de Cristo e nada do próprio eu. Diz o Salvador: “Sem Mim nada
podeis fazer.”... {ME3 337.1}
Chegamos a um ponto em que Deus irá operar em favor de Seu povo. Ele
quer que eles sejam um povo representativo e distinto de todos os outros
povos em nosso mundo. Deseja que se coloquem numa posição vantajosa
porque deu Sua vida para que se encontrem ali. Não decepcioneis ao Senhor.
— Manuscrito 29, 1901. {ME3 337.2}

Semente para a colheita do pentecostes — Em breve fará Deus grandes


coisas por nós, se nos achegarmos humildes e confiantes aos Seus pés. [...]
Mais de mil se converterão brevemente em um dia, a maioria dos quais
reconhecerá haver sido primeiramente convencida através da leitura de nossas
publicações. — The Review and Herald, 10 de Novembro de 1885. {OP 120.1}
{OP 120.2}

Capítulo 33 — Do Sinai a Cades

Este capítulo é baseado em Números 11-12.


A construção do tabernáculo não se iniciou senão algum tempo depois que
Israel chegou ao Sinai; e tal edificação sagrada foi pela primeira vez erguida no
início do segundo ano a partir do êxodo. A isto se seguiram a consagração dos
sacerdotes, a celebração da Páscoa, o recenseamento do povo e a conclusão
de vários arranjos essenciais à sua organização civil ou religiosa, de modo que
passaram quase um ano no acampamento junto ao Sinai. Ali o seu culto
tomara forma mais definida, foram dadas as leis para o governo da nação, e
levara-se a efeito uma organização mais eficaz como preparo para a sua
entrada na terra de Canaã. {PP 269.1}
O governo de Israel caracterizou-se pela organização mais completa,
maravilhosa tanto pelo seu acabamento como pela sua simplicidade. A ordem,
tão admiravelmente ostentada na perfeição e arranjo de todas as obras criadas
por Deus, era manifesta na economia hebréia. Deus era o centro da autoridade
e do governo, o Soberano de Israel. Moisés desempenhava o papel de seu
chefe visível, em virtude de indicação divina, a fim de administrar as leis em
Seu nome. Dos anciãos das tribos foi mais tarde escolhido um concílio de
setenta, para auxiliar a Moisés nos negócios gerais da nação. Vinham em
seguida os sacerdotes, que consultavam o Senhor no santuário. Chefes ou
príncipes governavam as tribos. Abaixo destes estavam os capitães de
milhares, capitães de cem, capitães de cinqüenta, e capitães de dez; e, por
último, oficiais que poderiam ser empregados no desempenho de deveres
especiais. Deuteronômio 1:15. {PP 269.2}
O arraial dos hebreus estava arranjado em ordem exata. Estava dividido em
três grandes partes, tendo cada uma a sua posição designada no
acampamento. No centro estava o tabernáculo, a morada do Rei invisível. Em
redor estavam estacionados os sacerdotes e levitas. Além destes estavam
acampadas todas as outras tribos. {PP 269.3}
Aos levitas foi confiado o cuidado do tabernáculo e de tudo que ao mesmo
se referia, tanto no acampamento como em viagem. Quando o arraial se punha
em marcha, deveriam desarmar a tenda sagrada; ao chegarem a um ponto de
parada, deveriam armá-la. A pessoa alguma de outra tribo se permitia
aproximar-se, sob pena de morte. Os levitas estavam separados em três
divisões, conforme os descendentes dos três filhos de Levi; e a cada uma foi
designada sua posição e obra especial. Na frente do tabernáculo, e mais
próximo dele, estavam as tendas de Moisés e Arão. Ao Sul estavam os
coatitas, cujo dever era cuidar da arca e de outros aparelhamentos; ao Norte
estavam os meraritas, que foram encarregados das colunas, dos encaixes, das
tábuas, etc.; na retaguarda os gersonitas, a quem foi confiado o cuidado das
cortinas. {PP 269.4}
Especificou-se também a posição de cada tribo. Cada uma deveria marchar
e acampar-se ao lado de sua própria bandeira, conforme o Senhor havia
ordenado: “Os filhos de Israel assentarão as suas tendas, cada um debaixo da
sua bandeira, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, defronte da
tenda da congregação, assentarão as suas tendas.” “Como assentaram as
suas tendas, assim marcharão, cada um no seu lugar, segundo as suas
bandeiras”. Números 2:2, 17. Àquela multidão mista que do Egito acompanhara
Israel não foi permitido ocupar as mesmas seções das tribos; deveriam, porém,
morar nos arredores do acampamento; e deveria a sua descendência ser
excluída da comunidade até a terceira geração. Deuteronômio 23:7, 8. {PP
270.1}
Foi ordenada uma limpeza escrupulosa bem como uma ordem estrita por
todo o arraial e arredores. Pôs-se em execução um regulamento sanitário
completo. A toda pessoa que estivesse imunda por qualquer motivo, era
vedado entrar no acampamento. Tais medidas eram indispensáveis para a
conservação da saúde em meio de uma multidão tão vasta; e também
necessário era que se mantivessem ordem e pureza perfeitas, para que Israel
pudesse desfrutar da presença de um Deus santo. Assim Ele declarou: “O
Senhor teu Deus anda no meio do teu arraial, para te livrar e entregar os teus
inimigos diante de ti: pelo que o teu arraial será santo.” {PP 270.2}
Em todas as jornadas de Israel, “a arca do concerto do Senhor caminhou
diante deles [...] para lhes buscar lugar de descanso”. Números 10:33. Levado
pelos filhos de Coate, o receptáculo sagrado que continha a santa lei de Deus
devia ir na vanguarda. Diante dele iam Moisés e Arão; e os sacerdotes,
levando trombetas de prata, estavam estacionados perto. Esses sacerdotes
recebiam ordens de Moisés, as quais comunicavam ao povo por meio das
trombetas. Era dever dos dirigentes de cada companhia dar instruções
definidas com respeito a todos os movimentos a serem feitos, conforme eram
indicados pelas trombetas. Quem quer que negligenciasse conformar-se com
as instruções dadas, era punido de morte. {PP 270.3}
Deus é um Deus de ordem. Tudo que se acha em conexão com o Céu, está
em perfeita ordem; a sujeição e a perfeita disciplina assinalam os movimentos
da hoste angélica. O êxito apenas pode acompanhar a ordem e a ação
harmoniosa. Deus requer ordem e método em Sua obra hoje, não menos do
que nos dias de Israel. Todos os que estão a trabalhar para Ele devem fazê-lo
inteligentemente, não de maneira descuidada, casual. Ele quer que Sua obra
seja feita com fé e exatidão, para que sobre ela ponha o sinal de Sua
aprovação. {PP 270.4}
Deus mesmo dirigiu os israelitas em todas as suas viagens. O local para o
seu acampamento era indicado pela descida da coluna de nuvem; e enquanto
devessem permanecer acampados a nuvem repousava sobre o tabernáculo.
Quando deviam continuar sua jornada, ela se elevava muito acima da tenda
sagrada. Uma invocação solene ao Senhor assinalava tanto as paradas como
as partidas. “Era pois que, partindo a arca, Moisés dizia: Levanta-Te, Senhor, e
dissipados sejam os Teus inimigos, e fujam diante de Ti os aborrecedores. E,
pousando ela, dizia: Volta, ó Senhor, para os muitos milhares de
Israel”. Números 10:35, 36. {PP 270.5}
Uma distância de apenas onze dias de viagem existia entre o Sinai e Cades,
nas fronteiras de Canaã; e foi com a perspectiva de logo entrarem na
esplêndida terra que as hostes de Israel retomaram sua marcha, quando
finalmente a nuvem deu sinal para prosseguir. Jeová operara prodígios,
tirando-os do Egito; e que bênçãos não poderiam eles esperar, agora que
haviam solenemente pactuado aceitá-Lo como seu Soberano, e sido
reconhecidos como o povo escolhido do Altíssimo? {PP 271.1}
Todavia foi com quase relutância que muitos deixaram o lugar em que por
tanto tempo estiveram acampados. Tinham vindo quase a considerá-lo como
sua morada. Dentro do abrigo daquelas rochas, Deus reunira Seu povo,
separados de todas as outras nações, a fim de lhes declarar Sua santa lei.
Gostavam de olhar para o monte sagrado, em cujos picos esbranquiçados e
áridas saliências tantas vezes se mostrara a glória divina. O cenário estava tão
intimamente associado com a presença de Deus e dos santos anjos, que
parecia demasiado sagrado para que fosse deixado com indiferença, ou
mesmo alegremente. {PP 271.2}
Ao sinal das trombetas, contudo, o acampamento todo se pôs em marcha,
sendo o tabernáculo carregado ao centro, e estando cada tribo na sua
designada posição, sob a sua própria bandeira. Todos os olhares estavam
volvidos ansiosamente para ver em que direção a nuvem seguiria. Quando ela
se moveu em direção ao Oriente, onde apenas havia aglomerações
montanhosas, negras e desoladas, um sentimento de tristeza e dúvida surgiu
em muitos corações. {PP 271.3}
Avançando eles, o caminho se tornou mais difícil. Seu percurso estendia-se
através de barrancos e desolação estéril. Tudo em redor deles era o grande
deserto — “terra de charnecas e de covas”, “terra de sequidão e sombra de
morte”, “terra em que ninguém transitava, e na qual não morava homem
algum”. Jeremias 2:6. As gargantas de pedra, de longe e de perto, estavam
repletas de homens, mulheres e crianças, com animais e carros, e longas
fileiras de rebanhos e gado. Sua marcha era necessariamente lenta e
trabalhosa; e as multidões, depois de seu longo acampamento, não estavam
preparadas para suportar os perigos e incômodos do caminho. {PP 271.4}
Depois de três dias de viagem, ouviram-se francas queixas. Estas se
originaram com a mistura de gente, muitos dentre a qual não se achavam
unidos completamente com Israel e estavam continuamente a espreitar
qualquer motivo de censura. Os queixosos não se agradavam com a direção
da marcha, e estavam continuamente a achar defeito no modo como Moisés os
estava a guiar, embora bem soubessem que ele, assim como todos, estavam
seguindo a nuvem que os guiava. O descontentamento é contagioso, e logo
espalhou-se pelo arraial. {PP 271.5}
Novamente começaram a clamar pedindo carne para comer. Se bem que
abundantemente supridos de maná, não estavam satisfeitos. Os israelitas,
durante seu cativeiro no Egito, tinham sido compelidos a passar com o mais
trivial e simples alimento; mas o bom apetite provocado pela privação e árduo
trabalho tornava-o saboroso. Muitos dos egípcios, entretanto, que agora se
achavam entre eles, tinham estado acostumados a regime farto; e estes foram
os primeiros a queixar-se. Ao dar o maná, precisamente antes de Israel chegar
ao Sinai, o Senhor lhes concedera carne em resposta aos seus clamores; mas
esta lhes foi fornecida apenas um dia. {PP 272.1}
Deus poderia tão facilmente tê-los provido de carne como de maná; impôs-
se-lhes, porém, uma restrição, para o seu bem. Era Seu propósito supri-los de
alimento mais adaptado às suas necessidades do que o regime estimulante a
que muitos se haviam acostumado no Egito. O apetite pervertido devia ser
posto em uma condição mais sadia, a fim de que pudessem usar o alimento
originariamente provido ao homem: os frutos da Terra, que Deus dera a Adão e
Eva no Éden. Foi por esta razão que os israelitas foram em grande medida
privados do alimento cárneo. {PP 272.2}
Satanás tentou-os a considerar esta restrição como injusta e cruel. Fê-los
cobiçar coisas proibidas, porque viu que a satisfação desenfreada do apetite
tenderia a produzir a sensualidade, e por este meio o povo poderia ser mais
facilmente submetido ao seu domínio. O autor da moléstia e da miséria
assaltará os homens no ponto em que ele pode ter o maior êxito. Por meio de
tentações que visam o apetite, tem ele, em grande parte, levado homens ao
pecado, desde o tempo em que induziu Eva a comer do fruto proibido. Foi por
este mesmo meio que levou Israel a murmurar contra Deus. A intemperança no
comer e no beber, determinando, como o faz, a satisfação das paixões baixas,
prepara aos homens o caminho para desrespeitarem todos os deveres morais.
Ao serem assaltados pela tentação, pouco poder têm eles para resistir. {PP
272.3}
Deus tirou do Egito os israelitas para que os pudesse estabelecer na terra
de Canaã como um povo puro, santo e feliz. Para a realização deste objetivo,
sujeitou-os a um processo de disciplina, tanto para o seu bem como para o
bem de sua posteridade. Estivessem eles dispostos a vencer o apetite, em
obediência às Suas sábias restrições, e teriam sido desconhecidas entre eles a
fraqueza e a moléstia. Seus descendentes teriam possuído força tanto física
como mental. Teriam tido clara percepção da verdade e do dever,
discernimento penetrante e são juízo. Mas sua falta de vontade para se
sujeitarem às restrições e reclamos de Deus, impediu-os em grande parte de
alcançarem a elevada norma que desejava atingissem, bem como de
receberem as bênçãos que estava pronto para lhes conferir. {PP 272.4}
Diz o salmista: “Tentaram a Deus nos seus corações, pedindo carne para
satisfazerem o seu apetite. E falaram contra Deus, e disseram: Poderá Deus
porventura preparar-nos uma mesa no deserto? Eis que feriu a penha, e águas
correram dela; rebentaram ribeiros em abundância: poderá também dar-nos
pão, ou preparar carne para o Seu povo? Pelo que o Senhor os ouviu, e Se
indignou”. Salmos 78:18-21. Murmurações e tumultos tinham sido freqüentes
durante a jornada do Mar Vermelho ao Sinai; mas, compadecendo-Se de sua
ignorância e cegueira, Deus não visitara então o pecado com juízos. Mas
desde aquele tempo Ele Se lhes revelara em Horebe. Haviam recebido grande
luz, visto que tinham sido testemunhas da majestade, do poder e da
misericórdia de Deus; e sua incredulidade e descontentamento incorriam em
maior delito. Ademais, haviam eles pactuado aceitar a Jeová como seu Rei, e
obedecer à Sua autoridade. Sua murmuração era agora rebelião, e como tal
devia receber imediato e assinalado castigo, para que Israel fosse preservado
da anarquia e ruína. “O fogo do Senhor ardeu entre eles, e consumiu os que
estavam na última parte do arraial”. Números 11:1. Os mais culpados dos
queixosos foram mortos pelo relâmpago da nuvem. {PP 273.1}
O povo, aterrorizado, rogou a Moisés que pedisse ao Senhor por eles.
Moisés o fez, e o fogo apagou-se. Em lembrança deste juízo ele deu àquele
lugar o nome de Taberá, que quer dizer, “queima”. {PP 273.2}
Mas o mal logo foi pior do que antes. Em vez de levar os sobreviventes à
humilhação e ao arrependimento, este terrível juízo pareceu apenas aumentar-
lhes a murmuração. Em todas as direções o povo estava reunido à porta de
suas tendas, chorando e lamentando. “E o vulgo [a mistura de gente], que
estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel
tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos
dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos e dos melões, e
dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; coisa
nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos”. Números 11:4-6.
Assim manifestaram seu descontentamento pelo alimento que o Criador lhes
provera. Tinham, contudo, prova constante de que o mesmo se adaptava às
suas necessidades; pois, apesar das fadigas que suportavam, não havia um
que fosse fraco, em todas as suas tribos. {PP 273.3}
O coração de Moisés desfaleceu. Pleiteara que Israel não fosse destruído,
mesmo que sua própria posteridade se tornasse então uma grande nação. Em
seu amor por eles, rogara fosse antes o seu nome riscado do livro da vida do
que se deixassem eles a perecer. Por eles arriscara tudo, e este era o modo
em que correspondiam. Todas as suas dificuldades, mesmo os sofrimentos
imaginários, atribuíam a ele; e suas ímpias murmurações tornavam duplamente
pesado o fardo de cuidados e responsabilidades sob que ele cambaleava. Em
sua angústia foi tentado mesmo a não confiar em Deus. Sua oração foi quase
uma queixa. “Por que fizeste mal a Teu servo, e por que não achei graça a
Teus olhos, que pusesses sobre mim o cargo de todo este povo? [...] Donde
teria eu carne para dar a todo este povo? porquanto contra mim choram,
dizendo: Dá-nos carne a comer. Eu só não posso levar a todo este povo,
porque muito pesado é para mim”. Números 11:11, 13, 14. {PP 273.4}
O Senhor atendeu-lhe à oração, e ordenou-lhe convocar dos anciãos de
Israel setenta homens, não somente avançados em idade, mas que
possuíssem dignidade, juízo são e experiência. “E os trarás perante a tenda da
congregação, e ali se porão contigo”, disse Ele. “Então Eu descerei e ali falarei
contigo e tirarei do Espírito que está sobre ti, e O porei sobre eles; e contigo
levarão o cargo do povo, para que tu só o não leves”. Números 11:16, 17. {PP
274.1}
O Senhor permitiu a Moisés escolher por si mesmo os homens mais fiéis e
aptos para com ele participarem da responsabilidade. Sua influência ajudaria a
sustar a violência do povo e sufocar a insurreição; contudo, graves males
resultariam finalmente de sua promoção. Eles nunca teriam sido escolhidos
caso Moisés houvesse manifestado uma fé que correspondesse às provas que
tivera do poder e bondade de Deus. Mas ele exagerara seus encargos e
trabalhos, quase perdendo de vista que era apenas o instrumento pelo qual
Deus operara. Não tinha desculpa, por condescender, por pouco que fosse,
com o espírito de murmuração, que era a maldição de Israel. Se tivesse
depositado inteira confiança em Deus, o Senhor tê-lo-ia guiado continuamente,
e lhe teria dado forças para toda emergência. {PP 274.2}
Determinou-se a Moisés preparar o povo para o que Deus estava prestes a
fazer para eles. “Santificai-vos para amanhã, e comereis carne; porquanto
chorastes aos ouvidos do Senhor, dizendo: Quem nos dará carne a comer, pois
bem nos ia no Egito? Pelo que o Senhor vos dará carne, e comereis. Não
comereis um dia, nem dois dias, nem cinco dias, nem dez dias, nem vinte dias;
mas um mês inteiro, até vos sair pelos narizes, até que vos enfastieis dela;
porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós, e chorastes diante
dEle, dizendo: Por que saímos do Egito?” {PP 274.3}
“Seiscentos mil homens de pé é este povo, no meio do qual estou”,
exclamou Moisés; “e Tu tens dito: Dar-lhes-ei carne, e comerão um mês inteiro.
Degolar-se-ão para eles ovelhas e vacas, que lhes bastem? ou ajuntar-se-ão
para eles todos os peixes do mar?” {PP 274.4}
Foi-lhe reprovada a falta de confiança: “Será pois encurtada a mão do
Senhor? Agora verás se a Minha palavra acontecerá ou não”. Números 11:18-
23. {PP 274.5}
Moisés repetiu à congregação as palavras do Senhor, e anunciou a
designação dos setenta anciãos. O encargo imposto pelo grande dirigente
àqueles homens escolhidos, bem poderia servir de modelo de integridade
judicial para os juízes e legisladores dos tempos modernos: “Ouvi a causa
entre vossos irmãos, e julgai justamente entre o homem e seu irmão, e entre o
estrangeiro que está com ele. Não atentareis para pessoa alguma em juízo,
ouvireis assim o pequeno como o grande. Não temereis a face de ninguém,
porque o juízo é de Deus”. Deuteronômio 1:16, 17. {PP 274.6}
Moisés convocou agora os setenta ao tabernáculo. “Então o Senhor desceu
na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, O pôs sobre
aqueles setenta anciãos; e aconteceu que, quando o Espírito repousou sobre
eles, profetizaram, mas depois nunca mais”. Números 11:25. Como os
discípulos no dia de Pentecostes, foram dotados de “poder do alto”. Lucas
24:49. Aprouve assim ao Senhor prepará-los para a Sua obra, e honrá-los na
presença da congregação, a fim de que se estabelecesse confiança neles
como homens divinamente escolhidos para se unirem com Moisés no governo
de Israel. {PP 275.1}
De novo se demonstrou o espírito nobre e abnegado do grande chefe. Dois
dos setenta, considerando-se humildemente como indignos de uma posição de
tal responsabilidade, não se reuniram com seus irmãos no tabernáculo; mas o
Espírito de Deus veio sobre eles onde se achavam, e também exerceram o
dom de profecia. Sendo informado a tal respeito, Josué quis pôr cobro a tal
irregularidade, receando que a mesma tendesse para divisão. Zeloso pela
honra de seu senhor, disse ele: “Senhor meu, Moisés, proíbe-lho.” A resposta
foi: “Tens tu ciúmes por mim? Oxalá que todo o povo do Senhor fosse profeta,
que o Senhor lhes desse o Seu Espírito!” {PP 275.2}
Um vento forte, soprando do mar, trouxe então bandos de codornizes,
“quase caminho dum dia de uma banda, e quase caminho dum dia doutra
banda, à roda do arraial, e quase dois côvados sobre a terra”. Números 11:28,
29, 31. Todo aquele dia e aquela noite, e o dia seguinte, o povo trabalhou
ajuntando alimento miraculosamente provido. Obtiveram imensa quantidade.
“O que menos tinha, colhera dez ômeres”. Números 11:32. Tudo que não era
necessário usar-se no momento, foi conservado, secando-se de modo que o
suprimento, conforme fora prometido, foi suficiente para um mês inteiro. {PP
275.3}
Deus deu ao povo aquilo que não era para seu máximo bem, porque
persistiram em desejá-lo; não queriam satisfazer-se com as coisas que se
mostrariam ser para eles um benefício. Seus rebeldes desejos foram
satisfeitos, mas foram entregues ao sofrimento das conseqüências. Comeram
sem restrições, e seus excessos foram prontamente punidos. “E feriu o Senhor
o povo com uma praga mui grande”. Números 11:33. Grande número foi
ceifado pela febre ardente, enquanto os mais culpados entre eles foram feridos
logo que provaram o alimento cobiçado. {PP 275.4}
Em Hazerote, o próximo acampamento depois de saírem de Taberá, uma
prova ainda mais amarga esperava Moisés. Arão e Miriã tinham ocupado
posição de grande honra e de chefia em Israel. Ambos eram favorecidos com o
dom de profecia e, por determinação divina, tinham estado ligados a Moisés no
livramento dos hebreus. “E pus diante de ti a Moisés, Arão, e Miriã” (Miquéias
6:4), são as palavras do Senhor pelo profeta Miquéias. A força de caráter de
Miriã cedo se mostrara, quando criança vigiara ao lado do Nilo a pequena cesta
em que estava escondido o bebê Moisés. De seu domínio próprio e tato Deus
Se servira como instrumento para preservar o libertador de Seu povo. Dotada
abundantemente dos dons da poesia e música, Miriã dirigira as mulheres de
Israel no cântico e na dança, à margem do Mar Vermelho. Na afeição do povo
e honras do Céu, estava ela apenas abaixo de Moisés e Arão. Entretanto, o
mesmo mal que a princípio trouxera discórdia no Céu, surgiu no coração desta
mulher de Israel, e ela não deixou de encontrar quem com ela simpatizasse em
seu descontentamento. {PP 275.5}
Na designação dos setenta anciãos, Miriã e Arão não tinham sido
consultados, e seus ciúmes despertaram-se contra Moisés. Por ocasião da
visita de Jetro, enquanto os israelitas estavam a caminho do Sinai, a pronta
aceitação por parte de Moisés do conselho de seu sogro despertou em Arão e
Miriã um receio de que sua influência junto ao grande chefe excedesse à
deles. {PP 276.1}
Na organização do conselho dos anciãos, entenderam que sua posição e
autoridade haviam sido desprezadas. Miriã e Arão nunca haviam conhecido o
peso dos cuidados e responsabilidades que repousava sobre Moisés; contudo,
visto que tinham sido escolhidos para o auxiliarem, consideraram-se co-
participantes seus e na mesma medida, do cargo da liderança, e acharam
desnecessária a designação de mais auxiliares. {PP 276.2}
Moisés compenetrara-se da importância da grande obra a ele confiada,
como nenhum outro jamais a sentira. Estava ciente de sua própria fraqueza, e
fez de Deus o seu Conselheiro. Arão tinha-se em mais elevada conta, e
confiava menos em Deus. Fracassara quando se lhe confiara responsabilidade,
dando prova de fraqueza de caráter pela sua vil condescendência na questão
do culto idólatra no Sinai. Miriã e Arão, porém, cegos pela inveja e ambição,
perderam isto de vista. Arão fora altamente honrado por Deus pela designação
de sua família para o ofício sagrado do sacerdócio; todavia, mesmo isto
aumentava agora o desejo de exaltação própria. “Porventura falou o Senhor
somente por Moisés? não falou também por nós?” Números 12:2.
Considerando-se igualmente favorecidos por Deus, entenderam ter direito à
mesma posição e autoridade. {PP 276.3}
Cedendo ao espírito de descontentamento, Miriã achou motivos de queixa
nos acontecimentos que Deus de maneira especial dirigira. O casamento de
Moisés lhe fora desagradável. O haver ele escolhido uma mulher de outra
nação, em vez de tomar esposa dentre os hebreus, foi uma ofensa à sua
família e ao orgulho nacional. Zípora era tratada com mal-disfarçado
desprezo. {PP 276.4}
Embora fosse chamada “mulher cusita” (Números 12:1), era a esposa de
Moisés midianita e, assim, descendente de Abraão. Na aparência pessoal ela
diferia dos hebreus, tendo a pele de cor um pouco mais escura. Se bem não
fosse israelita, Zípora era adoradora do verdadeiro Deus. Tinha disposição
tímida, acanhada, e era gentil, afetuosa, e grandemente sensível à vista do
sofrimento; e foi por esta razão que Moisés, quando a caminho para o Egito,
consentiu que ela voltasse a Midiã. Ele quis poupar-lhe a dor de testemunhar
os juízos que deveriam cair sobre os egípcios. {PP 276.5}
Quando Zípora se reuniu a seu povo no deserto, viu que os encargos dele
lhe estavam esgotando as forças, e deu a conhecer seus temores a Jetro, que
sugeriu medidas para o aliviarem. Nisso estava a principal razão da antipatia
de Miriã para com Zípora. Doendo-se muito da suposta negligência
manifestada a ela e Arão, considerou a esposa de Moisés como a causa,
concluindo que sua influência o impedira de os tomar em seus conselhos como
antes fazia. Houvesse Arão permanecido firme pelo que era reto, e poderia ter
reprimido o mal; mas, em vez de mostrar a Miriã a pecaminosidade de sua
conduta, compartilhou-lhe os sentimentos, deu ouvidos às suas palavras de
queixa, e assim veio a partilhar de seus ciúmes. {PP 277.1}
Suas acusações foram suportadas por Moisés em paciente silêncio. Foi a
experiência ganha durante os anos de labuta e espera em Midiã — aquele
espírito de humildade e longanimidade ali desenvolvidos — que preparou
Moisés para defrontar com paciência a incredulidade e murmuração do povo, e
o orgulho e inveja daqueles que deveriam ser seus inabaláveis auxiliadores.
Moisés era “mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a
Terra” (Números 12:3), e foi por isto que se lhe conferiu sabedoria e guia
divinas mais do que aos outros. Dizem as Escrituras: “Guiará os mansos
retamente, e aos mansos ensinará o Seu caminho”. Salmos 25:9. Os mansos
são guiados pelo Senhor, porque são dóceis e dispostos a serem instruídos.
Eles têm o desejo sincero de conhecer e fazer a vontade de Deus. A promessa
do Salvador é: “Se alguém quiser fazer a vontade dEle, pela mesma doutrina
conhecerá”. João 7:17. E Ele declara pelo apóstolo Tiago: “Se algum de vós
tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não
lança em rosto, e ser-lhe-á dada”. Tiago 1:5. Mas esta promessa é apenas para
aqueles que estão dispostos a seguir inteiramente ao Senhor. Deus não força a
vontade de ninguém; daí o não poder Ele levar aqueles que são demasiado
orgulhosos para serem ensinados, os quais se inclinam a ter o seu próprio
caminho. Quanto ao homem de coração dobre — aquele que procura seguir
sua própria vontade, ao mesmo tempo que professa fazer a vontade de Deus
— está escrito. “Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma
coisa”. Tiago 1:7. {PP 277.2}
Deus escolhera a Moisés, e sobre ele pusera o seu Espírito; e Miriã e Arão,
pelas suas murmurações, eram culpados de deslealdade, não somente para
com o chefe que lhes fora designado, mas para com o próprio Deus. Os
sediciosos faladores foram convocados ao tabernáculo, e levados perante
Moisés. “Então, o Senhor desceu na coluna de nuvem e Se pôs à porta da
tenda; depois, chamou a Arão e a Miriã.” Sua pretensão ao dom profético não
foi negada; podia ser que Deus lhes tivesse falado em visões e sonhos. Mas a
Moisés, a quem o Senhor mesmo declarou “fiel em toda a Minha casa”, uma
comunhão mais íntima fora concedida. Com ele o Senhor falava boca a boca.
“Por que pois, não tiveste temor de falar contra o Meu servo, contra Moisés?
Assim, a ira do Senhor contra eles se acendeu; e foi-Se.” A nuvem
desapareceu do tabernáculo em sinal do desprazer de Deus, e Miriã foi
castigada. Ela ficou “leprosa, como a neve”. Números 12:5-10. Arão foi
poupado, mas teve severa repreensão no castigo de Miriã. Agora, com o
orgulho humilhado até ao pó, Arão confessou seu pecado, e rogou que sua
irmã não fosse deixada a perecer por aquele flagelo repugnante e mortal. Em
resposta às orações de Moisés, a lepra foi purificada. Miriã foi, contudo,
excluída do acampamento durante sete dias. O símbolo do favor divino não
repousou de novo sobre o tabernáculo até que ela fosse banida do
acampamento. Em atenção à sua elevada posição, pesarosos pelo golpe que
sobre ela fora desferido, a multidão toda permaneceu em Hazerote, esperando
sua volta. {PP 277.3}
Esta manifestação do desprazer do Senhor destinava-se a ser um aviso a
todo o Israel, para reprimir o crescente espírito de descontentamento e
insubordinação. Se a inveja e descontentamento de Miriã não houvessem sido
repreendidos de maneira assinalada, disto teria resultado um grande mal. A
inveja é uma das mais satânicas características que podem existir no coração
humano, e uma das mais funestas em seus efeitos. Diz o sábio: “Cruel é o furor
e a impetuosa ira, mas quem parará perante a inveja?” Provérbios 27:4. Foi a
inveja que a princípio causou a discórdia no Céu, e a condescendência com a
mesma acarretou males indizíveis entre os homens. “Onde há inveja e espírito
faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa.” Tiago 3:16. {PP 278.1}
Não deve ser considerado coisa vã falar mal de outros, ou fazer-nos juízes
de seus intuitos ou ações. “Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão,
fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, não és observador da lei, mas
juiz.” Tiago 4:11. Não há senão um juiz, a saber, Aquele que “trará à luz as
coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações”. 1
Coríntios 4:5. E qualquer que tomar a si o julgar e condenar seus semelhantes,
está usurpando a prerrogativa do Criador. {PP 278.2}
A Bíblia nos ensina especialmente a nos precavermos quanto a fazer
acusações contra aqueles a quem Deus chamou para agirem como Seus
embaixadores. O apóstolo Pedro, descrevendo uma classe de declarados
pecadores, diz: “Atrevidos, obstinados, não receando blasfemar das
dignidades; enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não
pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor”. 2 Pedro 2:10, 11. E
Paulo, em suas instruções àqueles que são postos na administração da igreja,
diz: “Não aceiteis acusação contra o presbítero, senão com duas ou três
testemunhas”. 1 Timóteo 5:19. Aquele que pôs sobre os homens a pesada
responsabilidade de chefes e instrutores de Seu povo, responsabilizará o povo
pela maneira por que tratam os Seus servos. Devemos honrar aqueles a quem
Deus honrou. O juízo que caiu sobre Miriã deveria ser uma repreensão a todos
os que se entregam à inveja, e murmuram contra aqueles sobre quem Deus
põe o encargo de Sua obra. {PP 278.3}

Capítulo 52 — As festas anuais

Este capítulo é baseado em Levítico 23.


Havia três assembléias anuais de todo o Israel para adoração no
santuário. Êxodo 23:14-16. Siló foi por algum tempo o local para essas
reuniões; mas Jerusalém se tornou mais tarde o centro do culto da nação, e ali
se congregavam as tribos para as festas solenes. {PP 394.1}
O povo estava rodeado de tribos ferozes, aguerridas, que se achavam
ávidas por tomarem suas terras; contudo, três vezes ao ano, a todos os
homens robustos, a toda a gente em condições de poder fazer viagem,
ordenava-se que deixassem seus lares e se dirigissem ao lugar da assembléia,
próximo do centro daquela terra. O que impediria seus inimigos de se lançarem
sobre essas casas desprotegidas, e devastá-las pelo fogo e pela espada? O
que impediria a invasão do país, a qual levaria Israel em cativeiro a algum
adversário estrangeiro? — Deus prometera ser o protetor de Seu povo. “O anjo
do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem, e os livra”. Salmos 34:7.
Enquanto os israelitas subiam para adorar, o poder divino imporia uma
restrição aos seus inimigos. A promessa de Deus era: “Eu lançarei fora as
nações de diante de ti, e alargarei o teu termo; ninguém cobiçará a tua terra,
quando subires para aparecer três vezes no ano diante do Senhor teu
Deus”. Êxodo 34:24. {PP 394.2}
As primeiras destas solenidades, a Páscoa e a festa dos pães asmos,
ocorriam em Abibe, o primeiro mês do ano judaico, correspondente ao fim de
Março e princípio de Abril. Era passado o frio do inverno, terminara a chuva
serôdia, e toda a natureza se regozijava no frescor e beleza da primavera. A
relva era verde nas colinas e vales, e flores silvestres por toda parte
adornavam os campos. A Lua, já quase cheia, tornava deleitosas as noites. Era
a estação tão belamente descrita pelo cantor sagrado: {PP 394.3}
“Eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi;
aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega,
e a voz da rola ouve-se em nossa terra;
a figueira já deu os seus figuinhos,
a as vides em flor exalam o seu aroma”. {PP 394.4}
Cânticos 2:11-13.
Por toda a terra bandos de peregrinos estavam a caminho para Jerusalém.
Todos dirigiam os passos para o lugar em que se revelava a presença de
Deus: os pastores deixavam seus rebanhos, os guardas do gado as suas
montanhas, pescadores o Mar de Galiléia, os lavradores os seus campos, e os
filhos dos profetas as escolas sagradas. Jornadeavam em pequenas etapas,
pois que muitos iam a pé. As caravanas estavam constantemente a receber
acréscimos, e freqüentemente se tornavam muito grandes antes de chegarem
à santa cidade. {PP 394.5}
A alegria da natureza despertava nos corações de Israel júbilo e gratidão
para com o Doador de todos os bens. Cantavam-se os grandiosos salmos
hebreus, exaltando a glória e majestade de Jeová. Ao som da trombeta que
dava os sinais, juntamente com a música dos címbalos, erguia-se o coro de
ações de graças, avolumado por centenas de vozes: {PP 395.1}
“Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor. {PP 395.2}
Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém [...]
Onde sobem as tribos do Senhor, [...] {PP 395.3}
Para darem graças ao nome do Senhor. [...]
Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam”. {PP 395.4}
Salmos 122:1-6.
E ao verem em redor de si as colinas onde os gentios costumavam acender
os fogos de seus altares, cantavam os filhos de Israel: {PP 395.5}
“Elevo os meus olhos para os montes; de onde me virá o socorro? {PP 395.6}
O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a Terra”. {PP 395.7}
Salmos 121:1, 2.
“Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião,
que não se abala, mas permanece para sempre.
Como estão os montes à roda de Jerusalém, {PP 395.8}
Assim o Senhor está em volta do Seu povo, desde agora e para sempre”. {PP
395.9}
Salmos 125:1, 2.
Transpondo as colinas que ficavam à vista da santa cidade, olhavam com
temor reverente para as multidões de adoradores que caminhavam para o
templo. Viam o fumo do incenso a ascender, e, ao ouvirem as trombetas dos
levitas anunciando o serviço sagrado, tomavam-se da inspiração do momento,
e cantavam: {PP 395.10}
“Grande é o Senhor e mui digno de louvor,
na cidade do nosso Deus, no Seu monte santo. {PP 395.11}
Formoso de sítio, e alegria de toda a Terra é o monte de Sião sobre os lados
do norte,
a cidade do grande Rei”. {PP 395.12}
Salmos 48:1, 2.
“Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios.”
“Abri-me as portas da justiça;
entrarei por elas, e louvarei ao Senhor.”
“Pagarei os meus votos ao Senhor;
que eu possa fazê-lo na presença de todo o meu povo, nos átrios da casa do
Senhor,
no meio de ti, ó Jerusalém! Louvai ao Senhor”. {PP 395.13}
Salmos 122:7; 118:19; 116:18, 19.
Todas as casas em Jerusalém eram amplamente abertas aos peregrinos, e
forneciam-se aposentos gratuitamente; mas isto não era suficiente para a vasta
assembléia, e armavam-se tendas em todo o espaço disponível na cidade e
nas colinas adjacentes. {PP 395.14}
No décimo quarto dia do mês, à tarde, celebrava-se a Páscoa,
comemorando as suas cerimônias solenes e impressionantes o livramento do
cativeiro do Egito, e apontando ao futuro sacrifício que libertaria do cativeiro do
pecado. Quando o Salvador rendeu Sua vida no Calvário, cessou a significação
da Páscoa, e a ordenança da Ceia do Senhor foi instituída como memorial do
mesmo acontecimento de que a Páscoa fora tipo. {PP 395.15}
A Páscoa era seguida pelos sete dias da festa dos pães asmos. O primeiro
e sétimo dia eram dias de santa convocação, nos quais nenhum trabalho servil
devia ser feito. No segundo dia da festa, as primícias da ceifa do ano eram
apresentadas perante Deus. A cevada era o primeiro cereal a produzir-se na
Palestina, e no início da festa estava começando a amadurecer. Um molho
deste cereal era movido pelo sacerdote diante do altar de Deus, em
reconhecimento de que todas as coisas eram dEle. Antes que esta cerimônia
se realizasse não se devia fazer a colheita. {PP 396.1}
Cinqüenta dias depois, a partir da oferta das primícias, vinha
o Pentecostes, também chamado a festa da ceifa, e festa das semanas. Como
expressão de gratidão pelo cereal preparado como alimento, dois pães
assados com fermento eram apresentados diante de Deus.
O Pentecostes ocupava apenas um dia, que era dedicado ao culto
religioso. {PP 396.2}
No sétimo mês vinha a festa dos tabernáculos, ou da colheita. Esta festa
reconhecia a generosidade de Deus nos produtos do pomar, do olival e da
vinha. Era a reunião festiva encerradora do ano. A terra havia outorgado o seu
produto, as colheitas estavam guardadas nos celeiros; os frutos, o azeite e o
vinho estavam armazenados, as primícias reservadas, e agora o povo vinha
com seus tributos de ações de graças a Deus, que os havia assim abençoado
ricamente. {PP 396.3}
A festa devia ser eminentemente uma ocasião para regozijo. Ocorria
precisamente depois do grande dia da expiação, quando haviam obtido a
certeza de que sua iniqüidade não mais seria lembrada. Em paz com Deus
vinham agora diante dEle para reconhecer Sua bondade e louvá-Lo pela Sua
misericórdia. Estando terminados os labores da ceifa, e ainda não iniciadas as
labutas do novo ano, o povo estava livre de cuidados, e podia entregar-se às
influências sagradas e jubilosas do momento. Embora unicamente aos pais e
aos filhos fosse ordenado comparecer às festas, todavia, tanto quanto possível,
a casa toda devia a elas assistir, e à hospitalidade daqueles eram bem-vindos
os servos, os levitas, o estrangeiro, e os pobres. {PP 396.4}
Como a Páscoa, a Festa dos Tabernáculos era comemorativa. Em memória
de sua vida peregrina no deserto, o povo devia agora deixar suas casas, e
habitar em cabanas, ou em caramanchéis, formados dos ramos verdes “das
formosas árvores, ramos de palmas, ramos de árvores espessas, e salgueiros
de ribeiros”. Levítico 23:40, 42, 43. {PP 396.5}
O primeiro dia era uma santa convocação, e aos sete dias da festa
acrescentava-se um oitavo, que era observado de modo semelhante. {PP
396.6}
Nessas assembléias anuais o coração de velhos e jovens se animava no
serviço de Deus, ao mesmo tempo em que a associação da gente das várias
regiões do país fortalecia os laços que os ligavam a Deus e uns aos outros.
Bom seria que o povo de Deus na atualidade tivesse uma Festa dos
Tabernáculos — uma jubilosa comemoração das bênçãos de Deus a eles.
Assim como os filhos de Israel celebravam o livramento que Deus operara a
seus pais, e sua miraculosa preservação por parte dEle durante suas jornadas
depois de saírem do Egito, devemos nós com gratidão recordar-nos dos vários
meios que Ele ideou para nos tirar do mundo, e das trevas do erro, para a luz
preciosa de Sua graça e verdade. {PP 396.7}
Para os que moravam distantes do tabernáculo, mais de um mês em cada
ano deve ter sido ocupado com a assistência às festas anuais. Este exemplo
de devoção a Deus deve dar ênfase à importância do culto religioso, e à
necessidade de subordinar nossos interesses egoístas, mundanos, aos que
são espirituais e eternos. Incorremos em perda quando negligenciamos o
privilégio de nos associarmos, a fim de fortalecer-nos e encorajar-nos uns aos
outros no serviço de Deus. As verdades de Sua Palavra perdem sua vivacidade
e importância em nossa mente. Nosso coração deixa de iluminar-se e
despertar-se pela influência santificadora, e nós decaímos em espiritualidade.
Em nossas relações mútuas como cristãos, perdemos muito pela falta de
simpatia de uns para com os outros. Aquele que se encerra dentro de si
mesmo, não está preenchendo a posição que era desígnio de Deus ele
ocupasse. Todos nós somos filhos de um mesmo Pai, dependentes uns dos
outros para alcançar a felicidade. As reivindicações de Deus e da humanidade
tocam a nós. É o cultivo apropriado dos elementos sociais de nossa natureza o
que nos une intimamente com nossos irmãos, e nos proporciona felicidade em
nossos esforços para sermos bênçãos aos outros. {PP 397.1}
A festa dos tabernáculos não era apenas comemorativa, mas também típica.
Não somente apontava para a peregrinação no deserto, mas, como festa da
ceifa, celebrava a colheita dos frutos da terra, e indicava, no futuro, o grande
dia da colheita final, em que o Senhor da seara enviará os Seus ceifeiros para
ajuntar o joio em feixes para o fogo, e colher o trigo para o Seu celeiro.
Naquele tempo os ímpios todos serão destruídos. Eles se tornarão “como se
nunca tivessem sido”. Obadias 16. E toda voz, no Universo inteiro, unir-se-á em
jubiloso louvor a Deus. Diz o escritor do Apocalipse: “Ouvi a toda a criatura que
está no céu, e na Terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as
coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro,
sejam ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o
sempre”. Apocalipse 5:13. {PP 397.2}
O povo de Israel louvava a Deus na Festa dos Tabernáculos, ao evocarem à
mente a Sua misericórdia pelo seu livramento da escravidão no Egito, e o Seu
terno cuidado para com eles durante sua vida peregrina pelo deserto.
Regozijavam-se também pela consciência que tinham do perdão e aceitação,
mediante o serviço do dia da expiação, apenas terminado. Mas, quando os
resgatados do Senhor houverem sido com segurança recolhidos na Canaã
celestial — livres para sempre do cativeiro da maldição, sob o qual “toda a
criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Romanos 8:22)
— regozijar-se-ão com indizível alegria e plenos de glória. A grande obra
expiatória de Cristo em prol do homem ter-se-á então completado, e seus
pecados terão sido para sempre eliminados. {PP 397.3}
“O deserto e os lugares secos se alegrarão disto;
e o ermo exultará e florescerá como a rosa. {PP 398.1}
Abundantemente florescerá, e também regurgitará de alegria e exultará;
a glória do Líbano se lhe deu, a excelência do Carmelo e Sarom;
eles verão a glória do Senhor, a excelência do nosso Deus. {PP 398.2}
Então os olhos dos cegos serão abertos, e os ouvidos dos surdos se abrirão.
Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará;
porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo.
E a terra seca se transformará em tanques, e a terra sedenta em mananciais
de águas;
e ali haverá um alto caminho, um caminho que se chamará o caminho santo;
o imundo não passará por ele, mas será para aqueles:
Os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.
Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá a ele, nem se achará nele;
mas os remidos andarão por ele.
E os resgatados do Senhor voltarão,
e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças;
gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido”. {PP 398.3}
Isaías 35:1, 2, 5-10.

Capítulo 8 — O ministério de João

O apóstolo João passara a infância na sociedade dos incultos pescadores


galileus. Não gozara do preparo das escolas, mas, pela comunhão com Cristo,
o grande Ensinador, obteve a mais elevada educação que o homem mortal
pode receber. Sorveu avidamente da fonte da Sabedoria e, então, procurou
conduzir outros àquela fonte de água que salta “para a vida eterna”. A
simplicidade de suas palavras, o sublime poder das verdades por ele
anunciadas e o fervor espiritual que caracterizavam seus ensinos, davam-lhe
acesso a todas as classes. Contudo, mesmo os crentes não podiam
compreender os sagrados mistérios da verdade divina esclarecida em seus
discursos. Ele parecia estar constantemente imbuído do Espírito Santo.
Procurava induzir o povo a apegar-se ao invisível. A sabedoria com a qual ele
falava, fazia que suas palavras caíssem como o orvalho, abrandando e
subjugando a alma. {Sa 67.1}
Depois da ascensão de Cristo, João tornara-se um fiel, ardente trabalhador
pelo Mestre. Juntamente com outros, gozara do derramamento do Espírito
Santo no dia de Pentecostes e, com zelo e poder novos, continuou falando ao
povo as palavras da vida. Foi ameaçado de prisão e morte, mas não se deixou
intimidar. {Sa 67.2}
Multidões de todas as classes saem para ouvir a pregação dos apóstolos e
são curadas as suas enfermidades mediante o nome de Jesus — esse nome
tão odiado entre os judeus. Os sacerdotes e príncipes tornam-se frenéticos em
sua oposição, ao verem que os doentes são curados e o nome de Jesus é
exaltado como o Príncipe da vida. Eles temem que em breve todo o mundo
haverá de crer nEle e então os acusem de assassinos do poderoso Médico.
Mas quanto maiores seus esforços para impedirem este excitamento, tanto
mais crêem nEle os homens e se apartam dos ensinos dos escribas e fariseus.
Enchem-se de indignação e, lançando mão de Pedro e João, atiram-nos na
prisão comum. Porém, o anjo do Senhor, de noite, abre as portas da prisão,
tira-os para fora e lhes diz: “Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo
todas as palavras desta vida”. {Sa 68.1}
Com fidelidade e zelo, João testemunhou de seu Senhor em toda a ocasião
oportuna. Ele viu que os tempos eram cheios de perigos para a igreja. Por toda
parte existiam enganos satânicos. A mente do povo vagueava por labirintos de
cepticismo e de doutrinas enganosas. Alguns que professavam ser fiéis à
causa de Deus, eram enganadores. Negavam a Cristo e Seu evangelho,
estavam produzindo danosas heresias e vivendo em transgressão da lei
divina. {Sa 68.2}

Capítulo 23 — O selo de Deus

“Então me gritou aos ouvidos com grande voz, dizendo: Fazei chegar os
intendentes da cidade, cada um com as suas armas destruidoras na mão.” {T5
207.2}
“E clamou ao homem vestido de linho, que tinha o tinteiro de escrivão à sua
cinta. E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de
Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que
gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela. E
aos outros disse, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o
vosso olho, nem vos compadeçais. Matai velhos, mancebos, e virgens, e
meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal
não vos chegueis; e começai pelo Meu santuário. E começaram pelos homens
mais velhos que estavam diante da casa.” Ezequiel 9:1, 3-6. {T5 207.3}
Jesus está prestes a deixar o propiciatório do santuário celestial, a fim de
usar vestes de vingança, e derramar Sua ira em juízo sobre aqueles que não
corresponderam à luz que Deus lhes deu. “Visto como se não executa logo o
juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está
inteiramente disposto para praticar o mal.” Eclesiastes 8:11. Em vez de se
sensibilizarem pela paciência e longanimidade que o Senhor tem exercido para
com eles, os que não temem a Deus nem amam a verdade, fortalecem o
coração no mau caminho. Há, porém, limites até para a longanimidade de
Deus, e muitos estão ultrapassando tais limites. Sobrepujaram os limites da
graça, e portanto Deus deve intervir e reivindicar Sua honra. {T5 207.4}
Disse o Senhor acerca dos amorreus: “E a quarta geração tornará para cá;
porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia.” Gênesis
15:16. Posto que essa nação se salientasse por sua idolatria e corrupção, não
havia contudo enchido a taça de sua iniqüidade, e Deus não queria dar a
ordem para sua destruição completa. O povo deveria ver o poder divino
manifestado de maneira destacada, para que ficasse sem desculpa. O
compassivo Criador desejava suportar-lhes a iniqüidade até à quarta geração.
Então, se não se visse mudança para melhor, Seus juízos cairiam sobre
eles. {T5 208.1}
Com infalível precisão, o Ser infinito ainda mantém, por assim dizer, uma
conta com todas as nações. Enquanto Sua misericórdia se oferece com
convites ao arrependimento, essa conta permanecerá aberta; quando, porém,
os algarismos atingem um certo total que Deus fixou, começa o ministério de
Sua ira. Encerra-se a conta. Cessa a paciência divina. Não mais há intercessão
de misericórdia. {T5 208.2}
O profeta, olhando através dos séculos, teve uma revelação a respeito
desse tempo. As nações da atualidade têm recebido misericórdias inéditas. As
mais escolhidas bênçãos de Deus lhes foram concedidas, mas ao seu débito
se acham registrados crescente orgulho, cobiça, idolatria, menosprezo de Deus
e vil ingratidão. Estão a passos rápidos encerrando sua conta com Deus. {T5
208.3}
Mas o que me faz tremer é o fato de que aqueles que têm recebido maior
luz e privilégios tornaram-se contaminados pela iniqüidade que prevalece.
Influenciados pelos injustos que os cercam, muitos dos que professam a
verdade se tornaram frios e são levados ao sabor das fortes correntes do mal.
O geral escárnio lançado contra a verdadeira piedade e santidade, leva os que
não se acham intimamente ligados a Deus a perder a reverência por Sua lei.
Se seguissem a luz e de coração obedecessem à verdade, essa santa lei lhes
pareceria até mais preciosa quanto mais é desprezada e rejeitada. Ao tornar-se
mais claro o desrespeito à lei de Deus, torna-se mais distinta a linha de
demarcação entre seus observadores e o mundo. O amor aos preceitos divinos
aumenta da parte de algumas pessoas, ao mesmo tempo que aumenta o
desprezo por parte de outras pessoas. {T5 209.1}
A crise está se aproximando rapidamente. Os acontecimentos rapidamente
se intensificam demonstrando que o tempo do castigo divino se aproxima.
Conquanto Lhe repugne punir, não obstante castigará, e rapidamente. Aqueles
que andam na luz verão sinais do perigo que se aproxima; mas não deverão
sentar-se em silenciosa e despreocupada expectativa de ruína, conformando-
se com a crença de que Deus abrigará Seu povo no dia da ira. Longe disso,
deverão compreender que é seu dever trabalhar diligentemente para salvar
outros, esperando, com grande fé, auxílio da parte de Deus. “A oração feita por
um justo pode muito em seus efeitos.” Tiago 5:16. {T5 209.2}
O fermento da piedade não perdeu inteiramente seu poder. Na ocasião em
que o perigo e a crise da igreja crescem, o grupo que permanece na luz estará
suspirando e clamando por causa das abominações cometidas na Terra. Mais
especialmente, porém, suas orações subirão em favor da igreja porque seus
membros estão agindo segundo a maneira do mundo. {T5 209.3}
As fervorosas orações desses poucos fiéis não serão em vão. Quando vier o
Senhor para exercer vingança, virá também como protetor de todos os que
conservaram pureza de fé e se guardaram incontaminados do mundo. É nessa
ocasião que Deus prometeu vingar Seus escolhidos, que a Ele clamam de dia
e de noite, embora Ele Se demore em defendê-los. {T5 210.1}
A ordem é: “Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca
com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de
todas as abominações que se cometem no meio dela.” Ezequiel 9:4. Esses que
suspiram e gemem haviam estado a pregar as palavras da vida; haviam
reprovado, aconselhado e suplicado. Alguns dos que estavam desonrando a
Deus, arrependeram-se e humilharam o coração diante dEle. Mas a glória do
Senhor apartara-se de Israel; se bem que muitos ainda mantivessem os
aspectos formais da religião, faltava Seu poder e Sua presença. {T5 210.2}
Ao tempo em que Sua ira se manifestar em juízos, esses humildes e
devotados seguidores de Cristo se distinguirão do resto do mundo pela
angústia de sua alma, a qual se exprime em lamentos e pranto, reprovações e
advertências. Ao passo que outros procuram lançar uma capa sobre o mal
existente, e desculpam a grande impiedade reinante em toda parte, os que têm
zelo pela honra de Deus e amor às pessoas, não se calarão a fim de conseguir
o favor de ninguém. Seu espírito justo aflige-se dia a dia pelas obras e
costumes profanos dos ímpios. São impotentes para deter a impetuosa torrente
da iniqüidade, e assim se enchem de dor e sobressalto. Lamentam diante de
Deus o verem a religião desprezada nos próprios lares daqueles que
receberam grande luz. Lamentam-se e afligem o espírito porque se encontram
na igreja orgulho, avareza, egoísmo e engano quase de toda espécie. O
Espírito de Deus, que impulsiona a aceitar a reprovação, é espezinhado, ao
passo que os servos de Satanás triunfam. Deus é desonrado, a verdade
tornada de nenhum efeito. {T5 210.3}
A classe que não se entristece por seu próprio declínio espiritual, nem chora
sobre os pecados dos outros, será deixada sem o selo de Deus. O Senhor
comissiona Seus mensageiros, os homens que têm armas destruidoras nas
mãos: “Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos
compadeçais. Matai velhos, jovens, e virgens, e meninos, e mulheres, até
exterminá-los; mas a todo homem que tiver o sinal não vos chegueis; e
começai pelo Meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que
estavam diante da casa.” Ezequiel 9:5, 6. {T5 211.1}
Vemos aí que a igreja — o santuário do Senhor — foi a primeira a sentir o
golpe da ira de Deus. Os anciãos, aqueles a quem Deus dera grande luz, e que
haviam ocupado o lugar de depositários dos interesses espirituais do povo,
haviam traído o seu depósito. Colocaram-se no ponto de vista de que não
precisamos esperar milagres e as assinaladas manifestações do poder de
Deus, como nos dias da antigüidade. Os tempos mudaram. Estas palavras
fortaleceram-lhes a incredulidade, e dizem: O Senhor não fará bem nem mal. É
demasiado misericordioso para visitar Seu povo em juízos. Assim, paz e
segurança é o grito de pessoas que nunca mais erguerão a voz como trombeta
para mostrar ao povo de Deus suas transgressões, e à casa de Jacó os seus
pecados. Esses cães mudos, que não querem ladrar, são aqueles que sentirão
a justa vingança de um Deus ofendido. Adultos, jovens e crianças, todos
perecerão juntos. {T5 211.2}
As abominações pelas quais os fiéis suspiravam e gemiam era tudo quanto
podia ser discernido por olhos finitos, mas os pecados incomparavelmente
piores, os que provocavam o zelo de um Deus puro e santo, achavam-se
encobertos. O grande Esquadrinhador dos corações sabe de todo pecado
cometido secretamente pelos obreiros da iniqüidade. Essas pessoas chegam a
sentir-se seguras em seus enganos e, por causa da longanimidade divina,
dizem que o Senhor não vê, e depois procedem como se Ele houvesse
abandonado a Terra. Ele, porém, irá expor a hipocrisia e revelar perante outros
os pecados que ocultavam com tanto cuidado. {T5 211.3}
Nenhuma superioridade de classe, dignidade ou sabedoria humana,
nenhuma posição no serviço sagrado, guardará os homens de sacrificar o
princípio quando abandonados a seu próprio, enganoso coração. Aqueles que
têm sido considerados como dignos e justos, demonstram-se cabeças de
facção na apostasia, e exemplos na indiferença e no abuso das misericórdias
de Deus. Ele não tolerará por mais tempo seu ímpio procedimento, e em Sua
ira, os tratará sem misericórdia. {T5 212.1}
É com relutância que o Senhor retira Sua presença daqueles que foram
abençoados com grande luz e experimentaram o poder da Palavra em ministrar
aos outros. Foram antes servos fiéis, favorecidos com Sua presença e guia;
mas dEle se apartaram e induziram outros ao erro, e caíram, portanto, no
desagrado divino. {T5 212.2}
O dia da vingança de Deus está precisamente diante de nós. O selo de
Deus será colocado somente na testa daqueles que suspiram e clamam por
causa das abominações cometidas na Terra. Aqueles que se ligam ao mundo
por laços de simpatia, estão comendo e bebendo com os ébrios e certamente
serão destruídos com os que praticam a iniqüidade. “Os olhos do Senhor estão
sobre os justos, e os Seus ouvidos atentos às suas orações; mas o rosto do
Senhor é contra os que fazem males.” 1 Pedro 3:12. {T5 212.3}
Nossa maneira de proceder determinará se receberemos o selo do Deus
vivo, ou seremos abatidos pelas armas destruidoras. Já algumas gotas da ira
de Deus caíram sobre a Terra; quando, porém, as sete últimas pragas forem
derramadas sem mistura no cálice de Sua indignação, então para sempre será
demasiado tarde para o arrependimento e procura de um abrigo. Nenhum
sangue expiatório lavará então as manchas do pecado. {T5 212.4}
“E naquele tempo Se levantará Miguel, o grande príncipe, que Se levanta
pelos filhos de Teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve,
desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o
Teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro.” Daniel 12:1. Quando vier
este tempo de angústia, todo caso estará decidido; não mais haverá graça,
nem misericórdia para o impenitente. O selo do Deus vivo estará sobre o Seu
povo. Esses poucos remanescentes, incapazes de se defenderem no conflito
mortal com os poderes da Terra, arregimentados pelas forças do dragão,
fazem de Deus a sua defesa. Pela mais elevada autoridade terrestre foi feito o
decreto para que, sob pena de perseguição e morte, adorem a besta e
recebam seu sinal. Queira Deus auxiliar Seu povo agora, pois sem Sua
assistência, que poderão eles fazer naquele tempo, em tão terrível conflito? {T5
212.5}
Ânimo, fortaleza, fé e implícita confiança no poder de Deus para salvar, não
nos vêm num instante. Essas graças celestiais são adquiridas pela experiência
dos anos. Por uma vida de santo esforço e firme apego à retidão, os filhos de
Deus estiveram selando o seu destino. Assediados de inúmeras tentações,
souberam que deveriam resistir firmemente ou ser vencidos. Compreenderam
que tinham uma grande obra para fazer, e em qualquer momento poderiam ser
chamados a depor sua armadura; e se chegassem ao final de sua vida com
seu trabalho inacabado, isso significaria perda eterna. Aceitaram avidamente a
luz do Céu, como fizeram os primeiros discípulos, dos lábios de Jesus. Quando
estes primitivos cristãos foram exilados para as montanhas e desertos; quando
abandonados em masmorras para morrer de fome, de frio, ou pela tortura;
quando o martírio parecia ser o único caminho para saírem de sua angústia,
regozijaram-se de que fossem considerados dignos de sofrer por amor de
Cristo, que por eles foi crucificado. O digno exemplo deles será um conforto e
animação para o povo de Deus, que passará por um tempo de angústia tal
como nunca houve. {T5 213.1}
Nem todos os que professam guardar o sábado serão selados. Muitos há,
mesmo entre os que ensinam a verdade a outros, que não receberão na testa o
selo de Deus. Tinham a luz da verdade, souberam a vontade de seu Mestre,
compreenderam todos os pontos de nossa fé, mas não tiveram as obras
correspondentes. Aqueles que estiveram tão familiarizados com as profecias e
com os tesouros da sabedoria divina, deveriam ter agido de conformidade com
sua fé. Deveriam ter dirigido sua casa segundo os mesmos princípios, para que
por meio de uma família bem ordenada pudessem apresentar ao mundo a
influência da verdade no coração humano. {T5 213.2}
Por sua falta de consagração e piedade, e por deixarem de alcançar uma
norma religiosa elevada, levam outros a contentarem-se com sua posição.
Homens de juízo finito não podem ver que, imitando esses homens que tantas
vezes lhes abriram os tesouros da Palavra de Deus, certamente hão de pôr em
perigo sua salvação. Jesus é o único modelo verdadeiro. Cada qual tem de
agora estudar a Bíblia por si mesmo, de joelhos perante Deus, com o coração
humilde e dócil de uma criança, se quiser saber o que é que o Senhor dele
requer. Por muito alto que qualquer pastor tenha estado no favor de Deus, se
negligenciar seguir a luz que lhe é dada por Deus, se se recusar a ser ensinado
como uma criancinha, entrará em trevas e enganos satânicos, e levará outros
para o mesmo caminho. {T5 214.1}
Nenhum de nós jamais receberá o selo de Deus, enquanto o caráter tiver
uma nódoa ou mácula sequer. Cumpre-nos remediar os defeitos de caráter,
purificar de toda a contaminação o templo da alma. Então a chuva serôdia cairá
sobre nós, como caiu a temporã sobre os discípulos no dia
de Pentecostes. {T5 214.2}
Satisfazemo-nos muito facilmente com nossas realizações. Sentimo-nos
ricos e acrescidos de bens, e não sabemos que somos desgraçados,
miseráveis, pobres, cegos e nus. Apocalipse 3:17. Hoje é o tempo para
atender-se à admoestação da Testemunha verdadeira: “Aconselho-te que de
Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos
brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que
unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.” Apocalipse 3:18. {T5 214.3}
Devemos nesta vida enfrentar terríveis provas e fazer grandes sacrifícios,
mas a paz de Cristo é a recompensa. Tem havido tão pouca abnegação, tão
pouco sofrimento por amor a Cristo, que a cruz é quase inteiramente
esquecida. Devemos ser co-participantes de Cristo em Seus sofrimentos, se
quisermos sentar-nos em triunfo com Ele em Seu trono. Enquanto preferirmos
o caminho fácil da condescendência própria, e nos amedrontarmos com a
abnegação, nunca se afirmará a nossa fé, e não poderemos conhecer a paz de
Jesus nem a alegria que provêm do sentimento da vitória. Os mais exaltados
daquela multidão de resgatados que estão em pé diante do trono de Deus e do
Cordeiro, vestidos de branco, conhecem a luta necessária para vencer, pois
vieram de grande tribulação. Aqueles que se renderam às circunstâncias em
vez de empenhar-se neste conflito, não saberão como ficar em pé naquele dia
em que haverá angústia em toda alma, e, ainda que Noé, Jó e Daniel
estivessem na Terra, não poderiam salvar nem filho nem filha, pois cada um
deve livrar sua alma por sua própria justiça. {T5 215.1}
Ninguém necessita dizer que não há esperança para o seu caso, e que não
pode viver a vida de cristão. Mediante a morte de Cristo, amplas providências
foram tomadas em favor de cada pessoa. Jesus é o nosso auxílio sempre
presente em tempo de necessidade. Tão-somente O invoque com fé, e Ele
prometeu ouvir e atender suas petições. {T5 215.2}
Sim, fé viva e eficaz! Dela necessitamos; devemos possuí-la, ou
desfaleceremos e fracassaremos no dia da prova. As trevas que hão de cair
em nosso caminho não deverão desanimar-nos nem levar-nos ao desespero. É
o véu com que Deus cobre Sua glória, ao vir Ele para comunicar Suas ricas
bênçãos. Deveríamos saber isso por nossa experiência passada. No dia em
que Deus tiver uma contenda com o Seu povo, essa experiência será uma
fonte de conforto e esperança. {T5 215.3}
É agora que devemos conservar-nos e a nossos filhos incontaminados do
mundo. É agora que devemos lavar as vestes de nosso caráter, tornando-as
alvas no sangue do Cordeiro. Agora é que devemos vencer o orgulho, as
paixões, e a indolência espiritual. Agora é que devemos despertar e fazer
decididos esforços para dar simetria ao nosso caráter. “Hoje, se ouvirdes a Sua
voz, não endureçais o vosso coração.” Hebreus 4:7. Encontramo-nos em
situação muitíssimo difícil, esperando e aguardando o aparecimento de nosso
Senhor. O mundo está em trevas. “Mas vós, irmãos”, diz Paulo, “já não estais
em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão.” 1
Tessalonicenses 5:4. Sempre foi propósito de Deus tirar das trevas luz, da
tristeza alegria, do cansaço descanso, para serem fruídos pela alma
expectante, anelante. {T5 215.4}
Que estão fazendo, irmãos, na grande obra de preparação? Os que se
estão unindo com o mundo, estão-se amoldando ao modelo mundano, e
preparando-se para o sinal da besta. Os que desconfiam do eu, que se
humilham diante de Deus, e purificam a alma pela obediência à verdade, estão
recebendo o molde divino, e preparando-se para receber na fronte o selo de
Deus. Quando sair o decreto, e o selo for aplicado, seu caráter permanecerá
puro e sem mácula para toda a eternidade. {T5 216.1}
Agora é o tempo de preparar-nos. O selo de Deus jamais será colocado à
testa de um homem ou mulher impuros. Jamais será colocado à testa de um
homem ou mulher cobiçosos ou amantes do mundo. Jamais será colocado à
testa de homens ou mulheres de língua falsa ou coração enganoso. Todos os
que recebem o selo devem ser imaculados diante de Deus — candidatos para
o Céu. Pesquisem as Escrituras por vocês mesmos, para que possam
compreender a terrível solenidade do tempo presente. {T5 216.2}

Capítulo 26 — A obra do pastor evangelista


Há muitas coisas que necessitam ser corrigidas nas Associações de
Colúmbia e do Norte do Pacífico. [Esses territórios atualmente formam a União
do Norte do Pacífico.] O Criador esperava que esses irmãos produzissem fruto
de acordo com a luz e os privilégios concedidos, mas ficou desapontado. Ele
lhes deu todas as vantagens, mas eles não se aprimoraram em mansidão,
piedade e beneficência. Não seguiram tal conduta, não revelaram esse caráter,
nem exerceram aquela influência que honraria mais a seu Criador, enobreceria
a si mesmos e os faria uma bênção aos semelhantes. Há egoísmo em seu
coração. Gostam de seguir os próprios caminhos e buscar comodidades,
honras, riquezas, e seu prazer nas mais rudes ou refinadas formas. Se
seguirmos a conduta do mundo e a tendência de nossa mente, será isso para
nosso maior bem? Não terá Deus, que formou o homem, algo melhor para
nós? {T5 249.1}
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados.” Efésios 5:1. Os
cristãos devem ser como Cristo. Devem ter o mesmo espírito, exercer a mesma
influência, e ter a mesma excelência moral que Ele possuía. Os idólatras e
corruptos de coração precisam se arrepender e voltar-se para Deus. Os que
são orgulhosos e cheios de justiça própria devem humilhar o eu, arrepender-se
e tornar-se mansos e humildes de coração. Os que têm a mente voltada para
as coisas do mundo, precisam fazer com que os laços do coração sejam
arrancados do lixo, ao redor do qual eles se apegaram, e se entrelacem em
Deus; eles precisam voltar a mente para as coisas espirituais. Os desonestos e
mentirosos precisam se tornar justos e verdadeiros. Os ambiciosos e avarentos
precisam esconder-se em Jesus e buscar a Sua glória, e não a deles mesmos.
Eles precisam menosprezar a própria santidade e ajuntar tesouros no Céu. Os
que não oram precisam sentir a necessidade tanto da oração secreta como da
familiar, e precisam fazer suas súplicas a Deus com muito fervor. {T5 249.2}
Como adoradores do Deus verdadeiro e vivo precisamos produzir frutos que
correspondam à luz e privilégios que desfrutamos. Muitos estão adorando
ídolos em lugar do Senhor do Céu e da Terra. Qualquer coisa que os homens
amem e na qual confiem em vez de amarem ao Senhor e nEle confiarem
integralmente, torna-se um ídolo e como tal é registrado nos livros do Céu. Até
mesmo as bênçãos freqüentemente se tornam maldição. As afinidades do
coração humano, fortalecidas pelo exercício, são às vezes pervertidas a ponto
de se tornarem uma armadilha. Se alguém é censurado, sempre há quem se
compadeça dele. Eles passam inteiramente por alto o dano efetuado à causa
de Deus pela influência maléfica de alguém cuja vida e caráter de modo algum
se assemelha à do Modelo. Deus envia os Seus servos com uma mensagem
àqueles que professam ser seguidores de Cristo; mas alguns são filhos de
Deus apenas no nome, e rejeitam a advertência. {T5 250.1}
Deus dotou o homem com um maravilhoso poder de raciocínio. Aquele que
capacitou a árvore a produzir sua colheita de bons frutos, criou o homem apto a
produzir os preciosos frutos da justiça. Ele plantou o homem em Seu jardim, e
carinhosamente teve cuidado dele, e esperou que produzisse fruto. Na
parábola da figueira Cristo diz: “Há três anos venho procurar fruto.” Lucas 13:7.
Por mais de dois anos tem o Proprietário buscado pelo fruto ao qual tem direito
de esperar dessas associações. Mas como sua procura tem sido
recompensada? Quão ansiosamente observamos uma árvore ou planta
predileta, esperando que ela recompense nosso cuidado produzindo botões,
flores e frutos; e quão desapontados ficamos ao encontrar apenas folhas. Mas
com que maior ansiedade e meigo interesse não observa nosso Pai celestial o
crescimento espiritual daqueles que Ele criou a Sua própria imagem, e
pelos quais consentiu em dar o Seu Filho, para que pudessem ser exaltados,
enobrecidos, e glorificados. {T5 250.2}
O Senhor tem seus agentes escolhidos para ir ao encontro dos homens em
seus erros e apostasias. Seus mensageiros são enviados a dar um claro
testemunho a fim de erguê-los de sua condição de desinteresse e abrir-lhes as
preciosas palavras da vida, as Escrituras Sagradas, à compreensão. Esses
homens não são meramente pregadores, mas pastores, portadores de luz,
vigilantes fiéis, que verão os perigos ameaçadores e advertirão o povo.
Precisam eles assemelhar-se a Cristo em seu diligente zelo, tato amável,
esforços pessoais, em suma, em todo o seu ministério. Necessitam estar em
vital ligação com Deus e tão familiarizados com as profecias e as lições
práticas do Antigo e Novo Testamentos, que possam sacar do tesouro da
Palavra de Deus coisas novas e antigas. {T5 251.1}
Alguns desses pastores cometem erros no preparo de seus sermões.
Exploram cada minúcia com tal exatidão, que não dão espaço ao Senhor para
conduzir e impressionar sua mente. Cada ponto é estabelecido, estereotipado,
por assim dizer, e eles não conseguem sair dessa linha planejada. A continuar
assim, produzirão para si mesmos estreiteza de mente, limitados pontos de
vista, e em breve ficarão destituídos de vida e energia como os montes de
Gilboa de orvalho e chuva. Eles devem abrir seu coração e permitir que o
Espírito Santo tome posse para impressionar a mente. Quando tudo é
assentado de antemão, e eles sentem que não podem alterar essa linha de
sermões, o efeito é pouco melhor do que aquele produzido pela leitura de um
sermão. {T5 251.2}
Deus gostaria que esses pastores fossem totalmente dependentes dEle,
mas, ao mesmo tempo, deveriam eles estar integralmente providos para toda
boa obra. Nenhum assunto pode ser tratado diante de todas as congregações
da mesma maneira. O Espírito de Deus, se Lhe permitirem fazer Sua obra,
impressionará a mente com idéias adequadas para atender os casos daqueles
que estão em necessidade. Mas os sermões formais, insípidos, de muitos que
usam ao púlpito, têm muito pouco do vitalizante poder do Espírito Santo. O
hábito de fazer esse tipo de sermão destrói efetivamente a utilidade e a
capacidade do pastor. Essa é a única razão por que os esforços dos obreiros
em _____e _____ não têm sido melhor sucedidos. Deus tem sido impedido de
fazer mais para impressionar-lhes a mente no púlpito. {T5 251.3}
Outra causa do fracasso nessas associações é que o povo a quem o
mensageiro é enviado, deseja moldar-lhe as idéias e colocar-lhe na boca as
palavras que deve falar. Os vigias de Deus não devem estudar meios de
agradar ao povo, nem ouvir suas palavras, nem expressá-las; devem antes
ouvir o que diz o Senhor, e qual é Sua mensagem para o povo. Se se
basearem em sermões preparados anos atrás, poderão deixar de atender às
necessidades do momento. Seu coração deve estar aberto para que o Senhor
possa impressionar a mentalidade, e então terão condições de transmitir ao
povo a preciosa verdade acolhedora do Céu. Deus não Se agrada com esses
pastores de mentalidade estreita, que dedicam a capacidade dada pelo Senhor
a assuntos de pouca importância e falham em crescer no divino conhecimento,
até a estatura completa de homens em Cristo Jesus. Ele deseja que Seus
pastores possuam amplitude mental e verdadeira coragem moral. Tais homens
estarão preparados para enfrentar oposição, sobrepujar dificuldades e conduzir
o rebanho de Deus, em lugar de serem guiados por ele. {T5 252.1}
Há ao mesmo tempo muito pouco do Espírito e poder de Deus no trabalho
dos vigias. O Espírito que caracterizou a maravilhosa reunião no dia
de Pentecostes, está esperando a fim de manifestar o Seu poder sobre os
homens que agora se acham colocados entre os vivos e os mortos, como
embaixadores de Deus. O poder que tão fortemente sacudiu o povo no
movimento de 1844 se revelará novamente. A mensagem do terceiro anjo irá
avante, não em voz baixa, mas num alto clamor. {T5 252.2}
Muitos que professam possuir grande luz estão andando em fagulhas de
seu brilho. Eles precisam ungir os seus lábios com a brasa viva do altar, para
que possam difundir a verdade como homens inspirados. É grande o número
dos que vão para o púlpito com discursos sem vida, sem nenhuma luz do
Céu. {T5 252.3}
Há demais da própria personalidade e muito pouco de Jesus nos pastores
de todas as denominações. Se Cristo tivesse vindo na majestade de um rei,
com a pompa que acompanha os grandes homens da Terra, muitos O teriam
aceito. Mas Jesus de Nazaré não ofuscou os sentidos com uma exibição de
glória externa, a fim de fazer disso a base de Sua reverência. Ele veio como
um homem humilde, a fim de ser Mestre e Modelo, bem como Redentor da
raça humana. Tivesse Ele incentivado a pompa, e sido seguido por uma
comitiva de grandes homens da Terra, como poderia Ele ter ensinado
humildade? Como poderia Ele ter apresentado as verdades candentes que
ensinou em Seu Sermão da Montanha? Seu exemplo foi tal que Ele deseja ser
imitado por Seus seguidores. Onde ficaria a esperança dos humildes desta vida
se Ele tivesse vindo em exaltação, e vivido como um rei na Terra? Jesus
conhecia as necessidades do mundo melhor do que as próprias pessoas. Ele
não veio como um anjo, revestido da armadura celestial, mas como homem. No
entanto, com Sua humildade se achavam combinados inerente poder e
grandeza que espantaram os homens que O amaram. Embora possuindo tal
amabilidade e modesta aparência, Ele andava entre eles com a dignidade e
poder de um rei de origem celeste. As pessoas ficavam assombradas,
confusas. Tentavam arrazoar sobre o assunto, mas não se mostrando
dispostas a renunciar às próprias idéias, cederam lugar a dúvidas e se
apegaram à velha expectativa de um Salvador que viria em grandeza
terrena. {T5 253.1}
Quando Jesus proferiu o Sermão da Montanha, Seus discípulos se
aglomeraram em torno dEle, e a multidão, cheia de intensa curiosidade,
também procurou se aproximar o máximo possível. Esperava-se algo fora do
comum. Rostos ansiosos e disposição atenta evidenciavam o mais profundo
interesse. A atenção de todos parecia fixa no Orador. Seus olhos estavam
iluminados de inefável amor, e a expressão celestial em Seu semblante
emprestava significado especial a cada palavra pronunciada. Anjos do Céu se
achavam presentes em meio à multidão atenta. Ali estava, também, o
adversário, com seus anjos maus, preparados para neutralizar, tanto quanto
possível, a influência do Mestre celestial. As verdades ali enunciadas
atravessaram os séculos e têm sido uma luz em meio às trevas generalizadas
do erro. Muitos têm encontrado nelas o que a alma mais necessita — um firme
alicerce de fé e prática. Mas nessas palavras emitidas pelo maior Mestre que o
mundo já conheceu, não há ostentação de eloquência humana. A linguagem é
simples, e os pensamentos e sentimentos se caracterizam por sua extrema
simplicidade. Os pobres, os incultos, os mais ignorantes conseguem
compreendê-las. O Senhor do Céu Se dirigia em misericórdia e bondade às
pessoas que viera salvar. Ele as ensinava como tendo autoridade, falando
palavras que continham vida eterna. {T5 253.2}
Todos devem imitar o Modelo o máximo possível. Embora não possam ter a
mesma percepção de poder que Jesus possuía, eles podem de tal modo ligar-
se à Fonte de poder que Jesus poderá neles habitar, e eles nEle, e assim Seu
espírito e poder serão neles revelados. {T5 254.1}
Andem na luz como Ele está na luz. É o mundanismo e o egoísmo que nos
separam de Deus. As mensagens vindas do Céu são de natureza tal que
despertam oposição. As fiéis testemunhas de Cristo e da verdade reprovarão o
pecado. Suas palavras serão como um martelo a quebrar o coração
empedernido, como um fogo a consumir matéria inútil. Há necessidade
constante de fervorosas e decididas mensagens de advertência. Deus deseja
ter homens fiéis ao dever. Na ocasião apropriada Ele envia Seus fiéis
mensageiros para fazerem uma obra semelhante à de Elias. {T5 254.2}

oder concedido aos apóstolos

No dia de Pentecostes, o Infinito revelou-Se com poder à igreja. Por


intermédio do Espírito Santo, Ele desceu das alturas do Céu como um vento
impetuoso na casa onde os discípulos estavam reunidos. Foi como se, por
séculos, essa influência estivesse restringida, e então o Céu passasse a se
regozijar em poder derramar sobre a igreja as riquezas do poder do Espírito. E,
sob a influência do Espírito, as palavras de penitência e confissão se
misturaram com cânticos de louvor por pecados perdoados. Palavras de
agradecimento e de profecia foram ouvidas. Todo o Céu se curvou para
observar e adorar a sabedoria sem igual e incompreensível amor. Perdidos em
maravilhas, os apóstolos e discípulos exclamaram: “Nisto está o amor.” 1 João
4:10. Eles se apossaram da dádiva distribuída. O que aconteceu? Milhares se
converteram num dia. A espada do Espírito, novamente afiada com poder e
banhada por raios do Céu, rompeu sobre os descrentes. {T7 31.2}
O coração dos apóstolos estava repleto de uma benevolência tão profunda,
mas tão profunda, que os impeliu a testificar até aos confins da Terra. Deus os
proibiu de gloriar-se a não ser na salvação de nosso Senhor Jesus Cristo.
Encheram-se de intenso interesse em ajudar a acrescentar à igreja os que
deveriam ser salvos. Convidaram os crentes a se levantar e fazer sua parte,
para que todas as nações pudessem ouvir a verdade, e a Terra encher-se da
glória do Senhor. {T7 31.3}
O mesmo poder deve ser revelado hoje

Pela graça de Cristo os apóstolos foram feitos o que eram. Foi sincera
devoção, humildade e fervente oração o que os levou a íntima comunhão com
Ele. Assentaram-se com Ele nos lugares celestiais. Compreenderam a
enormidade do débito para com Ele. Mediante perseverante e fervorosa oração
obtiveram a dotação do Espírito Santo, e saíram, carregados com o fardo da
salvação de almas, cheios de zelo para estender os triunfos da cruz. E com
seus esforços muitas pessoas foram trazidas das trevas para a luz, e diversas
igrejas foram estabelecidas. {T7 32.1}
Seremos menos fervorosos do que os apóstolos? Não haveremos de,
fundamentados em fé viva, reclamar as promessas que os levaram a, da
profundeza de seu ser, implorar ao Senhor Jesus o cumprimento de Sua
palavra: “pedi e recebereis”? João 16:24. Não virá o Espírito de Deus hoje, em
resposta à oração fervorosa e perseverante, suprindo de poder os homens?
Não está Deus hoje dizendo aos Seus obreiros que oram, que confiam e
crêem, que estão abrindo as Escrituras aos ignorantes da verdade: “Eis que Eu
estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos”? Mateus 28:20.
Por que, então, a igreja é tão fraca e tão pouco espiritual? {T7 32.2}
Assim como os discípulos se encheram do poder do Espírito, e saíram para
proclamar o evangelho, também hoje os servos de Deus devem fazer o
mesmo. Cheios de um desejo altruísta de dar a mensagem de misericórdia
àqueles que estão nas trevas do erro e descrença, devemos tomar o trabalho
do Senhor. Deu-nos a parte que nos cabe realizar em cooperação com Ele, e
também enternecerá o coração dos descrentes para levarem avante o Seu
trabalho nas regiões mais distantes. Muitos já estão recebendo o Espírito
Santo, e não demorará muito quando o caminho será bloqueado por desatenta
indiferença. {T7 32.3}
Para que foi registrada a história da obra dos discípulos, trabalhando com
zelo santo, animados e vitalizados pelo Espírito Santo, se não para que hoje o
povo do Senhor obtivesse inspiração para por Ele trabalhar ardorosamente? O
que o Senhor fez por Seu povo naquele tempo é igualmente ou mais
necessário que faça pelos Seus na atualidade. Tudo que os apóstolos
realizaram, deve hoje repetir cada membro da igreja. E nós devemos trabalhar
com tanto maior fervor, e ser acompanhados do Espírito Santo em medida
tanto maior, pois o aumento da impiedade exige um mais decidido apelo ao
arrependimento. {T7 33.1}
Em quem a luz da verdade presente está brilhando deve existir compaixão
por aqueles que estão nas trevas. A luz de todos crentes deve refletir raios
claros e distintos. Ele está esperando que hoje seja realizado um trabalho
semelhante ao que o Senhor fez através de Seus comissionados mensageiros,
após o Pentecostes. Nesse tempo, quando chegar o fim de todas as coisas,
não deveria o zelo da igreja ser ainda maior do que aconteceu na igreja
primitiva? O zelo pela glória de Deus levou os discípulos a dar testemunho da
verdade com extraordinário poder. Não deveria esse zelo incendiar nosso
coração com o desejo de contar a história do amor divino, de Cristo
crucificado? Não deveria o poder de Deus ser ainda mais poderosamente
revelado hoje do que no tempo dos apóstolos? {T7 33.2}

Um movimento de reforma
Em visões da noite, passaram perante mim representações de um grande
movimento de reforma entre o povo de Deus. Muitos estavam louvando a
Deus. Os enfermos eram curados e outros milagres eram realizados. Viu-se um
espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia
de Pentecostes. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo
perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do
Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se
abriam por toda parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia
iluminado pela influência celestial. Grandes bênçãos eram recebidas pelo fiel e
humilde povo de Deus. Ouvi vozes de ações de graças e louvor, e parecia
haver uma reforma como a que testemunhamos em 1844. {T9 126.1}
Contudo, alguns se recusavam a converter-se. Não estavam dispostos a
andar nos caminhos de Deus, e quando, para poder avançar a obra divina,
eram feitos pedidos de ofertas voluntárias, alguns se apegavam egoistamente
às suas posses terrestres. Esses ambiciosos foram separados do grupo de
crentes. {T9 126.2}

Capítulo 21 — As associações alemã e escandinava

Loma Linda, Califórnia


1 de Setembro de 1905
Queridos irmãos:
Alguns de nossos ministros me escreveram, perguntando se a obra entre os
alemães e escandinavos não deveria ser conduzida por organizações
separadas. Esse assunto me foi apresentado várias vezes. Quando me
encontrava em College View, o Senhor me concedeu um testemunho direto, e
desde então o assunto me tem sido apresentado outras vezes. {T9 195.1}
Em certa ocasião, pareceu-me estar numa reunião de concílio, onde essas
questões estavam sendo consideradas. Alguém com autoridade ficou em pé no
meio daquela assembléia e apresentou os princípios que devem ser
observados na obra de Deus. A instrução concedida foi de que, se tal
separação ocorresse, não seria de molde a levar avante os interesses do
trabalho entre as diversas nacionalidades. Não conduziria ao mais elevado
desenvolvimento espiritual. Erguer-se-iam muros, os quais teriam de ser
removidos no futuro. {T9 195.2}
De acordo com a luz que Deus me concedeu, organizações separadas, em
vez de propiciarem unidade, criariam discórdia. Se nossos irmãos buscarem
juntos o Senhor em humildade, aqueles que pensam ser necessário separar
organizações para os alemães e os escandinavos, perceberão que o Senhor
deseja que todos trabalhem unidos como irmãos. {T9 195.3}
Pudessem aqueles que pretendem dividir a obra de Deus levar avante seus
propósitos, alguns se exaltariam para realizar uma obra que não deve ser feita.
Tal tipo de arranjo retardaria grandemente a causa de Deus. Se quisermos
levar adiante a obra com maior sucesso, os talentos encontrados entre
os ingleses e americanos devem unir-se com os talentos dos que pertencem a
todas as demais nacionalidades. E cada nacionalidade deve cooperar
intensamente com as demais. Existe apenas um Senhor e uma só fé. Nosso
esforço deve ser no sentido de atender a oração de Cristo em favor dos
discípulos, de que todos se tornassem um. {T9 195.4}
“Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade. Assim como Tu Me
enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo. E por eles Me santifico a
Mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” João
17:17-19. {T9 196.1}
“Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua
palavra, hão de crer em Mim; para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és
em Mim, e Eu, em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo
creia que Tu Me enviaste.” João 17:20-21. {T9 196.2}
É necessário compreender que a perfeita unidade entre os obreiros é
necessária para o bom desempenho da obra de Deus. Tendo em vista
preservar a paz, todos precisam buscar sabedoria do grande Ensinador. Que
todos sejam cuidadosos se pensam apresentar proposições ambiciosas,
capazes de criar dissensões. {T9 196.3}
Temos de sujeitar-nos uns aos outros. Nenhum homem constitui, sozinho,
um todo completo. Através da submissão da mente e da vontade ao Espírito
Santo, seremos sempre aprendizes do grande Ensinador. {T9 196.4}
Estudemos o segundo capítulo de Atos. Na igreja primitiva, o Espírito de
Deus atuou com poder através daqueles que se uniram harmoniosamente. No
dia do Pentecostes, encontravam-se todos de acordo, e num mesmo
lugar. {T9 196.5}
Devemos demonstrar ao mundo que os homens de todas as nacionalidades
são um em Cristo Jesus. Removamos, então, toda barreira, alcançando a
unidade no serviço do Mestre. {T9 196.6}
Ao erguerem barreiras nacionalistas, vocês apresentam ao mundo um plano
de concepção humana, que Deus jamais irá endossar. Aos que se ocupam de
tal atividade, diz o apóstolo Paulo: “Porque ainda sois carnais, pois, havendo
entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não
andais segundo os homens? ... Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão
ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu
plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta
é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que
planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão, segundo o
seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de
Deus e edifício de Deus.” 1 Coríntios 3:3-9. {T9 197.1}
A operação manifesta do Espírito Santo
Pouco antes de deixá-los, Cristo deu aos discípulos a promessa: “Mas
recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-Me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos
confins da Terra.” “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em
nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as
coisas que Eu vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias,
até à consumação dos séculos.” Enquanto essas palavras Lhe estavam nos
lábios, ascendeu, recebendo-O uma nuvem de anjos e O escoltando até à
cidade de Deus. Voltaram os discípulos a Jerusalém, sabendo agora, com
certeza, que Jesus era o Filho de Deus. Sua fé estava desanuviada e eles
esperavam, preparando-se pela oração e pela humilhação do coração diante
de Deus, até vir o batismo do Espírito Santo. {TM 65.1}
“E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo
lugar; e de repente veio do Céu um som, como de um vento veemente e
impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas
por eles línguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada
um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras
línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” Havia nessa
assembléia zombadores, que não reconheceram a obra do Espírito Santo e
disseram: “Estão cheios de mosto.” {TM 66.1}
“Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-
lhes: Varões judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto
notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados,
como vós pensais, sendo a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo
profeta Joel.” Lede a história. O Senhor estava operando a Seu próprio modo;
mas houvesse tal manifestação entre nós, a quem são chegados os fins dos
séculos, e não haveria tais zombadores, como naquela ocasião? Os que não
ficaram sob a influência do Espírito Santo, não a compreenderam. Para esta
classe os discípulos pareciam homens embriagados. {TM 66.2}
Testemunhas da cruz
Depois do derramamento do Espírito Santo, os discípulos, vestidos da
armadura divina, saíram como testemunhas, para contar a maravilhosa história
da manjedoura e da cruz. Eram homens humildes, mas saíram com a verdade.
Após a morte de seu Senhor eram um grupo indefeso, desapontado e
desanimado — como ovelhas sem pastor; mas agora saem como
testemunhas da verdade, sem outra arma senão a Palavra e o Espírito de Deus
para triunfar sobre toda a oposição. {TM 66.3}
Seu Salvador fora rejeitado e condenado, e pregado na ignominiosa cruz.
Os sacerdotes judeus e príncipes haviam declarado com escárnio: “Salvou aos
outros, e a Si mesmo não pode salvar. Se é o rei de Israel, desça agora da
cruz, e creremos nEle.” Mas essa cruz, esse instrumento de vergonha e tortura,
trouxe esperança e salvação ao mundo. A igreja se reuniu; seu desespero e
consciente inutilidade os abandonara. Seu caráter fora transformado e eles se
uniram pelos laços do amor cristão. Embora não tivessem riquezas, embora
fossem contados pelo mundo como meros pescadores ignorantes, foram feitos
pelo Espírito Santo testemunhas de Cristo. Sem honras ou reconhecimento
terrenos, eram os heróis da fé. De seus lábios saíram palavras de eloquência e
poder divino que abalaram o mundo. {TM 67.1}
O terceiro, quarto e quinto capítulos de Atos, dão um relato de seu
testemunho. Os que rejeitaram e crucificaram o Salvador esperavam ver os
discípulos desanimados, abatidos e prontos para negar a seu Senhor. Com
espanto ouviram o testemunho claro e ousado, dado sob o poder do Espírito
Santo. As palavras e obras dos discípulos representaram as palavras e obras
de seu Mestre; e todos os que os ouviam diziam: Estes aprenderam de Jesus.
Eles falam como Ele falava. “E os apóstolos davam com grande poder,
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia
abundante graça.” {TM 67.2}
Os principais dos sacerdotes e autoridades julgavam-se competentes para
decidir o que os apóstolos deveriam fazer e ensinar. Ao saírem por todas as
partes pregando a Jesus, os homens que estavam sob a operação do Espírito
Santo fizeram muitas coisas que os judeus não aprovavam. Havia perigo de
que as idéias e doutrinas dos rabinos fossem desacreditadas. Criavam os
apóstolos um maravilhoso excitamento. O povo levava para a rua os seus
doentes, e os afligidos por espíritos imundos; as multidões se aglomeravam ao
seu redor e os que haviam sido curados davam louvores a Deus e glorificavam
o nome de Jesus, Aquele mesmo que os judeus haviam condenado,
escarnecido, sobre quem haviam cuspido, a quem haviam coroado de espinhos
e feito com que fosse açoitado e crucificado. Esse Jesus era exaltado acima
dos sacerdotes e governadores. Até mesmo declaravam os apóstolo haver Ele
ressuscitado dos mortos. Decidiram as autoridades judaicas que esta obra
precisava e devia ser impedida, pois demonstrava que eram culpados do
sangue de Jesus. Viam que os conversos à fé se estavam multiplicando. “E a
multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada
vez mais.” {TM 67.3}
Muitos já têm estado há muito em condição sonolenta. Ao passo que alguns
têm trabalhado intensamente, manifestando incansável energia, têm outros
permanecido como espectadores, e têm estado prontos a fazer declarações de
caráter crítico quanto aos métodos e resultados. Isto estão prontos a fazer,
embora nunca tenham exercitado a mente em originar quaisquer planos pelos
quais almas preciosas pudessem ser salvas para Cristo. Estão prontos a
descobrir faltas nos que fazem alguma coisa. Quando estas almas indolentes
despertam, e mostram algum sinal de estarem voltando à consciência, ficam
desapontadas se outros não lhes dão imediatamente lugares agradáveis na
obra. É para eles um grande choque descobrir que o trabalho não pode
ser feito sem esforços dolorosos, de abnegação e de crucificação do eu.
Esperam êxito e pensam deverem ter a mesma espécie de êxito que os
apóstolos tiveram no dia de pentecostes. Esse sucesso eles terão quando
passarem pela experiência do sacrifício humilde e abnegado, como os
apóstolos. Quando apresentarem súplicas tão fervorosas, de corações
quebrantados, contritos e crentes, como as que apresentaram os apóstolos,
então a mesma proporção de êxito lhes coroará os labores. “Porque assim diz
o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é santo: Num alto e
santo lugar habito, e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar
o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” “Mas eis para
quem olharei: para o pobre e abatido de espírito, e que treme da Minha
Palavra.”{TM 206.2}

Orai pela chuva serôdia

“Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia; o Senhor que faz os


relâmpagos, lhes dará chuveiro de água.” “E fará descer a chuva, a temporã e
a serôdia.” No Oriente a chuva temporã cai no tempo da semeadura. Ela é
necessária, para que a semente possa germinar. Sob a influência de
fertilizantes aguaceiros, brota o tenro rebento. Caindo perto do fim da estação,
a chuva serôdia amadurece o grão, e o prepara para a foice. O Senhor
emprega essas operações da Natureza para representar a obra do Espírito
Santo. Como o orvalho e a chuva são dados primeiro para fazer com que a
semente germine, e então para amadurecer a colheita, assim é dado o Espírito
Santo para levar avante, de um estágio para outro, o processo de crescimento
espiritual. O amadurecimento do grão representa a terminação do trabalho da
graça de Deus na alma. Pelo poder do Espírito Santo deve a imagem moral de
Deus ser aperfeiçoada no caráter. Devemos ser completamente transformados
à semelhança de Cristo. {TM 506.1}
A chuva serôdia, amadurecendo a seara da Terra, representa a graça
espiritual que prepara a igreja para a vinda do Filho do homem. Mas a menos
que a chuva temporã haja caído, não haverá vida; a ramagem verde não
brotará. Se a chuva temporã não fizer seu trabalho, a serôdia não desenvolverá
a semente até a perfeição. {TM 506.2}
Deve haver “primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na
espiga”. Deve haver um desenvolvimento constante das virtudes cristãs, um
avanço constante na experiência cristã. Isso devemos nós buscar com intenso
desejo, para que possamos adornar a doutrina de Cristo, o nosso
Salvador.* {TM 506.3}
Muitos têm em grande medida deixado de receber a chuva temporã. Não
têm obtido todos os benefícios que Deus assim para eles tem provido.
Esperam que as falhas sejam supridas pela chuva serôdia. Quando a maior
abundância da graça estiver para ser outorgada, esperam poder abrir o
coração para recebê-la. Estão cometendo um erro terrível. O trabalho que
Deus começou no coração humano mediante Sua luz e conhecimento, deve
estar continuamente avançando. Cada indivíduo deve estar cônscio de sua
própria necessidade. Deve o coração ser esvaziado de toda a mancha,
purificado para habitação do Espírito. Foi pela confissão e pelo abandono do
pecado, por meio de fervorosa oração e da entrega pessoal a Deus, que os
discípulos se prepararam para o derramamento do Espírito Santo no dia
de Pentecostes. O mesmo trabalho, apenas em grau mais elevado, deve ser
feito agora. Então o agente humano só teve de pedir a bênção e esperar que o
Senhor aperfeiçoasse a obra a seu respeito. Foi Deus que começou a obra, e
Ele terminará Sua obra, tornando o homem perfeito em Jesus Cristo. Mas não
se deve negligenciar a graça representada pela chuva temporã. Só os que
estiverem vivendo de acordo com a luz que têm recebido poderão receber
maior luz. A não ser que nos estejamos desenvolvendo diariamente na
exemplificação das ativas virtudes cristãs, não reconheceremos as
manifestações do Espírito Santo na chuva serôdia. Pode ser que ela esteja
sendo derramada nos corações ao nosso redor, mas nós não a discerniremos
nem a receberemos. {TM 507.1}
Em nenhum ponto de nossa experiência podemos nós dispensar a
assistência daquilo que nos habilita a fazer justamente o começo. As bênçãos
recebidas sob a chuva temporã, são-nos necessárias até ao fim. No entanto só
isso não nos basta. Embora acariciemos as bênçãos da primeira chuva, não
devemos, do outro lado, perder de vista o fato de que sem a chuva serôdia,
para encher a espiga e amadurecer o grão, a colheita não estará pronta para a
ceifa, e o trabalho do semeador terá sido em vão. Necessita-se da graça divina
no começo, da graça divina em cada passo de avanço; só a graça divina pode
completar a obra. Não há lugar para nós descansarmos em descuidada atitude.
Nunca devemos esquecer as advertências de Cristo: “Vigiai em oração.” “Vigiai
pois em todo o tempo, orando.” A ligação a cada momento com o Agente divino
é essencial ao nosso progresso. Podemos ter tido uma medida do Espírito de
Deus, mas tanto pela oração como pela fé devemos buscar continuamente
mais do Espírito. Nunca dá resultado cessarmos os nossos esforços. Se não
progredirmos, se não nos colocarmos na atitude em que tanto possamos
receber a chuva temporã como a serôdia, perderemos nossa alma e a
responsabilidade jazerá à nossa porta. {TM 507.2}
“Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia.” Não fiqueis satisfeitos,
pensando que no curso ordinário da estação a chuva cairá. Pedi-a. O
crescimento e a perfeição da semente não repousa sobre o lavrador. Só Deus
pode amadurecer a colheita. Mas se exige a cooperação do homem. A obra de
Deus por nós exige a ação de nossa mente, o exercício de nossa fé. Devemos
buscar-Lhe os favores de todo o coração, se queremos alcançar os chuveiros
da graça. Devemos aproveitar toda a oportunidade de nos colocarmos no
conduto da bênção. Cristo disse: “Onde estiverem dois ou três reunidos em
Meu nome, aí estou Eu no meio deles.” As convocações da igreja, como nas
reuniões campais, as assembléias da igreja local, e todas as ocasiões em que
há trabalho pessoal em favor das almas, são oportunidades determinadas por
Deus para dar tanto a chuva temporã como a serôdia. {TM 508.1}
Mas ninguém pense que ao freqüentar essas reuniões, já fez o seu dever. A
mera freqüência a todas as reuniões que se realizam não trará em si mesma
uma bênção à alma. Não é lei imutável que todos os que assistam a reuniões
gerais ou a reuniões locais recebam grandes recursos do Céu. Podem as
circunstâncias parecer favoráveis a um abundante derramamento dos
chuveiros da graça. Mas Deus mesmo deve ordenar que caia a chuva. Não
devemos portanto ser remissos nas súplicas. Não devemos confiar na
operação comum da providência. Devemos orar para que Deus descerre a
fonte da água da vida. E nós mesmos devemos receber água viva. Oremos,
pois, com coração contrito e com maior fervor, para que agora, no tempo da
chuva serôdia, os chuveiros da graça sejam derramados sobre nós. Em todas
as reuniões em que estivermos presentes, nossas orações devem ser feitas no
sentido de que, agora mesmo, Deus conceda fervor e ânimo a nosso coração.
Ao irmos ao Senhor em busca do Espírito Santo, Este operará em nós
mansidão e humildade, bem como consciente confiança de que Deus nos
concederá a aperfeiçoadora chuva serôdia. Se com fé orarmos pela bênção,
recebê-la-emos conforme Deus nos prometeu. {TM 508.2}
A contínua concessão do Espírito Santo à igreja é representada pelo profeta
Zacarias por meio de outro símbolo, que contém uma admirável lição de
encorajamento para nós. Diz o profeta: “E tornou o anjo que falava comigo, e
me despertou, como a um homem que é despertado de seu sono, e me disse:
Que vês? E eu disse: Olho, e eis um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite
no cimo, com as suas sete lâmpadas; e cada lâmpada posta no cimo tinha sete
canudos. E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e
outra à sua esquerda. E falei, e disse ao anjo que falava comigo, dizendo:
Senhor meu, que é isto? ... E respondeu, e me falou, dizendo: Esta é a palavra
do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força, nem por violência, mas pelo
Meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos. ... E, falando-lhe outra vez, disse:
Que são aqueles dois raminhos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de
ouro e que vertem de si ouro? ... Então Ele disse: Esses são os dois filhos do
óleo, que estão diante do Senhor de toda a Terra.” {TM 509.1}
Das duas oliveiras, o óleo dourado era conduzido através de tubos de ouro,
para o bojo do castiçal e daí para as lâmpadas de ouro que iluminavam o
santuário. Da mesma sorte, dos santos que permanecem na presença de
Deus, Seu Espírito é transmitido aos instrumentos humanos que se consagram
ao Seu serviço. A missão dos dois ungidos é comunicar luz e poder ao povo de
Deus. É para receber bênção para nós que eles estão na presença de Deus.
Como as oliveiras esvaziam-se nos tubos de ouro, assim procuram os
mensageiros celestes comunicar tudo que de Deus receberam. Todo o tesouro
celestial aguarda que o peçamos e recebamos; e, à medida que recebemos a
bênção, devemos naturalmente transmiti-la a outros. É assim que as lâmpadas
sagradas são alimentadas, e a Igreja se torna portadora de luz no mundo. {TM
510.1}
Esta é a obra que o Senhor deseja que cada alma esteja preparada para
fazer neste tempo, quando os quatro anjos seguram os quatro ventos, para que
não soprem até que os servos de Deus sejam selados em suas testas. Não há
tempo agora para agradar a si mesmo. As lâmpadas da alma devem ser
espevitadas. Devem ser supridas com o óleo da graça. Deve-se tomar toda a
precaução para evitar toda a decadência espiritual, para que o grande dia do
Senhor não nos surpreenda como um ladrão de noite. Cada testemunha em
favor de Deus, deve agora trabalhar inteligentemente nos ramos indicados pelo
Senhor. Devemos obter diariamente uma viva e profunda experiência na obra
de aperfeiçoar um caráter cristão. Devemos receber diariamente o santo óleo,
para que o possamos transmitir aos outros. Todos os que quiserem podem ser
faróis para este mundo. Em Jesus, devemos fazer desaparecer o próprio eu.
Devemos receber a Palavra de Deus nos conselhos e instruções,
comunicando-a alegremente. Há, agora, necessidade de muita oração. Cristo
ordena: “Orai sem cessar”; isto é, conservai o espírito elevado a Deus, a fonte
de todo o poder e eficiência. {TM 510.2}
Podemos por muito tempo ter seguido no caminho estreito, mas não é
seguro tomar isso como prova de que o seguiremos até ao fim. Se com Deus
temos andado na comunhão do Espírito, é porque O procuramos diariamente
pela fé. Das duas oliveiras é-nos comunicado o óleo que verte pelo tubos de
ouro. Mas os que não cultivam o espírito e o hábito de oração não podem
esperar receber o áureo azeite da bondade, paciência, longanimidade,
delicadeza e amor. {TM 511.1}
Deve cada um conservar-se separado do mundo, que está cheio de
iniqüidade. Não devemos andar com Deus por algum tempo e depois separar-
nos de Sua companhia, e andar nas centelhas que nós mesmos acendemos.
Deve haver firme continuação, perseverança nos atos de fé. Devemos louvar a
Deus; demonstrar Sua glória num caráter justo. Nenhum de nós alcançará a
vitória sem que haja um esforço perseverante e incansável, proporcional ao
valor do objeto que procuramos, a vida eterna. {TM 511.2}
A dispensação em que vivemos deve ser, para os que pedem, a
dispensação do Espírito Santo. Pedi-Lhe a bênção. É tempo de sermos mais
dedicados em nossa devoção. É-nos confiado o trabalho árduo mas feliz e
glorioso, de revelar Cristo aos que se acham em trevas. Somos chamados para
proclamar as verdades especiais para este tempo. Para tudo isto, é essencial o
derramamento do Espírito Santo. Devemos orar para esse fim. O Senhor
espera que Lho peçamos. Ainda não empreendemos essa tarefa com todo o
coração. {TM 511.3}
Que posso dizer a meus irmãos em nome do Senhor? Que medida de
nossos esforços foi feita de acordo com a luz que ao Senhor aprouve dar? Não
podemos depender da forma ou do maquinismo externo. O que precisamos é
da vivificadora influência do Espírito Santo de Deus. “Não por força, nem por
violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.” Orai sem cessar,
e vigiai, trabalhando de conformidade com vossas orações. Ao orardes, crede,
confiai em Deus. Estamos no tempo da chuva serôdia, tempo em que o Senhor
outorgará liberalmente o Seu Espírito. Sede fervorosos em oração, e vigiai no
Espírito.* {TM 512.1}
De que maneira O serviremos, para aprender dAquele que é nosso Mestre?
Podemos examinar-Lhe a palavra, e familiarizar-nos com Sua vida e Suas
obras. Devemos receber Suas palavras como sendo pão para nossa alma. Em
qualquer esfera em que o homem seja colocado, deixou-nos o Senhor Jesus
sinais de Seus passos. Faremos bem em segui-Lo. Devemos alimentar o
Espírito pelo qual Ele falou; devemos apresentar a verdade como esta é em
Jesus. Devemos segui-Lo, especialmente na pureza de coração, no amor. O eu
deve estar escondido com Cristo, em Deus; então, quando Cristo, que é a
nossa vida, aparecer, também nós apareceremos, com Ele, em glória. —
Special Testimonies to Ministers and Workers 9:58. {TM 512.2}

“Recebereis poder”, 21 de Outubro

Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis


Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria e até aos confins da Terra. Atos dos Apóstolos 1:8. {CT 331.1}
Após a ressurreição, Cristo ascendeu para Seu honroso lugar. Diante do
universo celestial e dos mundos não caídos, devia Ele ser entronizado. O pai
impressionaria a mente dos crentes com a gloriosa recepção de Seu Filho no
lar que Ele deixara. Em nosso favor Se tornara pobre, para que por Sua
pobreza enriquecêssemos. ... {CT 331.2}
Ao ascender Cristo, Suas mãos se estenderam em bênção sobre Seus
discípulos. Enquanto olhavam atônitos para o alto, procurando captar o último
vislumbre da ascensão do Senhor, foi Ele recebido pela jubilosa hoste celestial
de querubins e serafins. Enquanto estes O acompanhavam ao lar celeste,
cantavam triunfalmente: “Reinos da Terra, cantai a Deus, salmodiai ao Senhor,
Aquele que encima os Céus.” Salmos 68:32. {CT 331.3}
Cristo decidira conceder um dom àqueles que haviam estado com Ele e aos
que nEle creriam, porque aquela era a ocasião de Sua ascensão e
entronização, um jubileu no Céu. Que dom podia Cristo conceder, rico o
suficiente para assinalar e Abrilhantar Sua ascensão ao trono intercessório?
Devia ser digno de Sua grandeza e realeza. Cristo enviou Seu representante, a
terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo. Nada podia superar esse Dom.
... {CT 331.4}
No dia de Pentecostes, Cristo deu aos discípulos o Espírito Santo como
seu Consolador. Devia habitar sempre com Sua igreja. Durante a era patriarcal,
a influência desse Espírito fora freqüentemente revelada de modo notável, mas
não em sua plenitude. O Espírito esperava pela crucifixão, ressurreição e
ascensão de Cristo. Durante séculos haviam sido feitas orações pelo
cumprimento da promessa, pela comunicação do Espírito; e nem uma dessas
fervorosas súplicas fora esquecida. Agora por dez dias fizeram os discípulos
suas petições, e Cristo no Céu lhes acrescentou Sua intercessão. Reclamou o
dom do Espírito para que pudesse derramá-Lo sobre Seu povo. ... Tendo
[Cristo] chegado ao Seu trono, o Espírito foi concedido conforme Ele o
prometera, e como um vento veemente e impetuoso veio sobre os que estavam
reunidos, enchendo toda a casa. Veio com plenitude e poder, como se por
séculos essa influência estivesse sendo reprimida, mas agora derramada sobre
a igreja, para ser comunicada ao mundo. Que se seguiu a esse
derramamento? Milhares se converteram num dia. — Manuscrito 44, 1898. {CT
331.5}
O poder que abalou o mundo, 22 de Outubro

Derramarei do Meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas


filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos
velhos. Atos dos Apóstolos 2:17. {CT 332.1}
Após o derramamento do Espírito Santo os discípulos, vestidos com a
armadura divina, saíram como testemunhas para contar a maravilhosa história
da manjedoura e da cruz. Eram homens humildes, mas saíram com a verdade.
Após a morte de seu Senhor, formavam um grupo impotente, decepcionado e
desalentado — como ovelhas sem pastor; mas agora saíam como testemunhas
da verdade, sem outra arma a não ser a Palavra e o Espírito de Deus, para
triunfar sobre toda oposição. ... Foram transformados no caráter e unidos nos
laços do amor cristão. ... De seus lábios saíam palavras de divina eloqüência e
poder que abalaram o mundo. {CT 332.2}
O terceiro, quarto e quinto capítulos de Atos apresentam um relato de seu
testemunho. Aqueles que haviam rejeitado e crucificado o Salvador esperavam
encontrar Seus discípulos desanimados, abatidos e prontos a repudiar seu
Senhor. Com espanto, ouviram o claro e ousado testemunho dado sob o poder
do Espírito Santo. As palavras e obras dos discípulos representavam as
palavras e obras de seu Mestre, e todos os que os ouviram diziam: Eles
aprenderam com Jesus; falam como Ele falava. “Com grande poder, os
apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos
eles havia abundante graça.” Atos dos Apóstolos 4:33. {CT 332.3}
Os principais dos sacerdotes e príncipes julgavam-se competentes para
decidir o que os apóstolos deviam fazer e ensinar. Ao saírem pregando a Jesus
por toda parte, os homens dirigidos pelo Espírito Santo fizeram muitas coisas
que os judeus não aprovavam. Havia o perigo de que as idéias e doutrinas dos
rabis sofressem descrédito. {CT 332.4}
Os apóstolos estavam criando um maravilhoso entusiasmo. As pessoas
traziam seus enfermos... e aqueles que haviam sido curados prorrompiam em
louvores a Deus e glorificavam o nome de Jesus, justamente Aquele a quem os
judeus haviam condenado, escarnecido, coroado com espinhos, açoitado e
crucificado. Esse Jesus foi enaltecido acima dos sacerdotes e príncipes. Os
apóstolos declaravam até mesmo que Ele ressuscitara dentre os mortos. Os
líderes judeus decidiram que essa obra precisava ser contida, pois
demonstrava serem eles culpados do sangue de Jesus. — Carta 38, 1896. {CT
333.1}
O Espírito Santo virá novamente, 26 de Outubro

Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador
aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras
e as últimas chuvas. Tiago 5:7. {CT 336.4}
Temos ensinado, temos esperado que um anjo desça do Céu e que a Terra
seja iluminada com a sua glória. Então contemplaremos uma colheita de
pessoas semelhante àquela testemunhada no dia de Pentecostes. Esse
poderoso anjo não vem trazendo uma mensagem suave, afável, mas palavras
calculadas para instigar o coração de homens e mulheres em suas
profundezas. ... Devemos nós, realmente, como instrumentos
humanos, cooperar com os divinos em fazer soar a mensagem desse poderoso
anjo que deve iluminar a Terra com a sua glória? {CT 336.5}
Quão grande e disseminado deve ser o poder do príncipe do mal, a ponto de
somente ser subjugado pelo grande poder do Espírito! A deslealdade a Deus, a
transgressão em todas as formas, têm-se espalhado por nosso mundo.
Aqueles que preservam sua lealdade a Deus, que são ativos em Seu serviço,
tornam-se o alvo de todos os dardos e armas do inferno. Se aqueles que têm
recebido grande luz não possuem fé e obediência correspondentes, tornam-se
logo fermentados com a apostasia predominante; outro espírito os controla.
Embora tenham sido exaltados ao Céu no aspecto dos privilégios e
oportunidades, estão em condição pior que os mais zelosos defensores do
erro. ... {CT 337.1}
Outros que não possuem tão grande luz, que nunca se identificaram com a
verdade, responderão sob a influência do Espírito à luz que sobre eles brilha. A
verdade que perdeu o seu poder sobre os que há muito lhe têm menosprezado
os preciosos ensinos, parece bela e atraente àqueles que estão prontos para
andar na luz. ... {CT 337.2}
Em meio à confusão de doutrinas enganosas, o Espírito de Deus será um
guia e um escudo para aqueles que não se opõem às evidências da verdade.
... Não temos tempo para parlamentar com a carne e o sangue. O poder de
Satanás detém aparentemente a supremacia; ele busca converter todas as
coisas no mundo ao seu propósito, incutir nos seres humanos o seu próprio
espírito e natureza. O conflito será terrível. ... A confederação dos agentes
satânicos, unida com pessoas más, é como instrumento de injustiça, lançando
sua força total no campo de batalha — o mal contra o bem. ... {CT 337.3}
Quando o Espírito foi derramado do alto, a igreja foi inundada de luz, mas
Cristo era a Fonte daquela luz. Seu nome estava em cada língua; Seu amor
enchia cada coração. Assim será quando o anjo que desce do Céu, tendo
grande poder, iluminar a Terra toda com a sua glória. — Carta 25b, 1892. {CT
337.4}

Discernindo entre a verdade e o erro, 24 de Dezembro

Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em


palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena
convicção. 1 Tessalonicenses 1:5. {CT 404.1}
A verdade como esta é em Jesus é o que nos desperta a consciência e
transforma a mente, pois vem acompanhada até o coração pelo Espírito Santo.
Sem a iluminação do Espírito de Deus, não somos capazes de discernir entre a
verdade e o erro, e cairemos sob as magistrais tentações e enganos que
Satanás trará sobre o mundo. Estamos perto do fim do conflito entre o Príncipe
da luz e o príncipe das trevas, e em breve os enganos do inimigo provarão
nossa fé, para mostrar de que espécie é ela. ... {CT 404.2}
Mas, a despeito de o príncipe das trevas trabalhar para cobrir a Terra com
trevas, e com densa escuridão os povos, o Senhor manifestará Seu poder
convertedor. Deve-se realizar na Terra uma obra semelhante à que ocorreu por
ocasião do derramamento do Espírito Santo nos dias dos primeiros discípulos,
quando pregaram a Jesus, e a Ele crucificado. Muitos serão convertidos num
dia, pois a mensagem avançará com poder. Poder-se-á dizer então: “O nosso
evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em
poder, no Espírito Santo.” ... {CT 404.3}
A obra do Santo Espírito é incomensuravelmente grande. É dessa fonte que
vêm poder e eficiência ao obreiro de Deus; e o Espírito Santo é o Consolador,
como a presença pessoal de Cristo no ser. Toda pessoa que olha para Cristo
com fé singela e infantil é feito participante da natureza divina mediante a
atuação do Espírito Santo. Quando guiados pelo Espírito de Deus, os cristãos
podem saber que são feitos completos nAquele que é o cabeça de todas as
coisas. Assim como Cristo foi glorificado no dia de Pentecostes, assim será
novamente glorificado no encerramento da obra do evangelho, quando Ele
preparar um povo para suportar a prova final na última batalha do grande
conflito. ... {CT 404.4}
O povo de Deus deve ser chamado para fora de sua associação com os
mundanos e praticantes do mal, a fim de posicionar-se em favor do Senhor na
batalha contra os poderes das trevas. Quando a Terra for iluminada com a
glória de Deus, veremos uma obra semelhante àquela realizada quando os
discípulos, cheios do Espírito Santo, proclamaram com poder um Salvador
ressurreto. Depois que a luz do Céu penetrou na mente entenebrecida
daqueles que haviam sido enganados pelos inimigos de Cristo, foi rejeitada a
falsa imagem dEle, pois mediante a eficiência do Espírito Santo viam-nO agora
exaltado como Príncipe e Salvador, para dar arrependimento a Israel, e
remissão dos pecados. — Manuscrito 143, 1901. {CT 404.5}

Verdadeira religião, 30 de Dezembro

Mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em Meu


nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que
vos tenho dito. João 14:26. {CT 411.1}
Que promessa fez nosso Senhor Jesus Cristo a Seus discípulos, para
conceder-lhes consolo em vista de Sua partida? Foi a promessa do Espírito
Santo de Deus. A divina influência do Espírito Santo devia cooperar com a
mente humana e trazer-lhe à lembrança tudo o que Cristo havia falado. A
grande necessidade deste tempo de perigo é o Espírito Santo, pois ele trará ao
recebedor, em seu séquito, todas as outras bênçãos. A verdade, recebida com
fé, transformará o caráter. {CT 411.2}
À luz da verdade que brilha em nossos dias, somos reprovados pela
escassez do Espírito Santo. ... Enquanto indivíduos se contentarem com a
mera teoria da verdade, carecendo da operação diária do Espírito de Deus
sobre o coração, a qual se manifesta na transformação exterior do caráter,
estão-se privando da qualificação que os capacitaria para uma eficiência maior
na obra do Mestre. ... {CT 411.3}
O batismo do Espírito Santo como no dia de Pentecostes levará a um
reavivamento da verdadeira religião e à execução de muitas obras
maravilhosas. Seres celestiais estarão entre nós, e homens e mulheres falarão
movidos pelo Espírito de Deus. Mas se o Senhor atuasse sobre o povo como o
fez no dia de Pentecostes e depois dele, muitos que agora alegam crer na
verdade conheceriam tão pouco da operação do Espírito Santo que clamariam:
“Cuidado com o fanatismo!” Diriam daqueles que estivessem cheios do
Espírito: “Estão embriagados!” Atos dos Apóstolos 2:13. ... {CT 411.4}
Quando as pessoas anseiam por Cristo e buscam tornar-se um com Ele,
então aqueles que estão contentes com uma forma de piedade exclamarão:
“Tenham cuidado; não cheguem a extremos.” {CT 411.5}
Quando anjos do Céu vierem para o nosso meio e trabalharem mediante
instrumentos humanos, haverá sólidas e substanciais conversões, segundo a
ordem das conversões do dia de Pentecostes. Agora... sejam cuidadosos e
não se envolvam com excitação humana. Mas enquanto alguns devem ser
cuidadosos para não envolver-se com excitação humana, nós não deveríamos
estar entre os que suscitam indagações e acariciam dúvidas com referência à
obra do Espírito de Deus, pois haverá aqueles que questionarão e criticarão
quando o Espírito Santo tomar posse de homens e mulheres, porque seu
próprio coração não foi impressionado, mas permanece frio e insensível. —
Carta 27, 1894. {CT 411.6}

Harmoniosamente juntos, 2 de Janeiro

Aquele que diz que permanece nEle, esse deve também andar assim
como Ele andou. 1 João 2:6. {EDD 3.1}
Muitos estão no terreno encantado do inimigo. Coisas de somenos
importância — insensatas reuniões sociais, cânticos, gracejos, zombarias —
absorvem-lhes a mente, e servem a Deus com um coração dividido. Nessas
coisas há alguém invisível em vosso meio, ajudando-vos — Satanás está
presente, cheio de exultação infernal. A declaração de Cristo: “Ninguém pode
servir a dois senhores” (Mateus 6:24), é desatendida. {EDD 3.2}
Após a ascensão de Cristo, o Espírito Santo não desceu imediatamente.
Decorreram dez dias depois de Sua ascensão até que fosse concedido o
Espírito Santo. Esse tempo foi pelos discípulos dedicado à mais diligente
preparação para o recebimento dessa tão preciosa dotação. Os ricos tesouros
do Céu foram vertidos sobre eles depois de haverem examinado
diligentemente o próprio coração e renunciado a todo ídolo. Achavam-se diante
de Deus, humilhando sua alma, fortalecendo sua fé, confessando seus
pecados. E seus corações estavam em harmonia um com o outro. “Ao cumprir-
se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente,
veio do Céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa
onde estavam assentados.” Atos dos Apóstolos 2:1, 2. A igreja necessita de
uma experiência similar justamente aqui no grande centro da Obra. Estamos
examinando o coração, preparando-nos para receber a graça celestial? O
Senhor está à espera para ser benigno. {EDD 3.3}
O Senhor Se revelará a Seu povo, mas devem estar unidos e empenhados
na obra de buscar o Senhor. ... A obra a ser levada avante neste tempo é
sumamente importante. É uma questão de vida e morte. ... {EDD 3.4}
Terá o inimigo, precisamente neste tempo solene, permissão para introduzir
um estado de coisas — de diversão e prazer — que absorva a mente,
enchendo-a de pensamentos vãos e frívolos em que não haja lugar para Deus,
para a eternidade ou para o Céu? — Manuscrito 38, 1890. {EDD 3.5}

Guia-nos em toda a verdade, 23 de Janeiro

Quando vier, porém, o Espírito da verdade Ele vos guiará a toda a


verdade; porque não falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. João 16:13. {FFD 29.1}
Todo servo de Deus deve ser guiado pelo Espírito Santo. Não é do homem
que caminha o dirigir os seus passos. Nossa estrada, por mais acidentada que
seja, nos é traçada pelo Senhor; e nela nos cumpre andar. — Manuscrito 42,
1901. {FFD 29.2}
Cristo tomou providências para que Sua igreja seja um corpo organizado,
iluminado pela luz celeste, possuindo a glória de Emanuel. Seu desígnio é que
todo cristão seja circundado de uma atmosfera de luz e paz. Não há limites à
utilidade de uma pessoa que, pondo à margem o próprio eu, dá lugar à atuação
do Espírito Santo em seu coração e vive uma vida inteiramente consagrada a
Deus. ... {FFD 29.3}
A nós hoje, da mesma maneira que aos primeiros discípulos, pertence a
promessa do Espírito. Deus dotará em nossos dias homens e mulheres de
poder do alto, assim como dotou os que no dia de Pentecostes ouviram as
palavras de salvação. Nesta hora mesmo, Seu Espírito e Sua graça estão ao
alcance de todos quantos deles necessitam, e que Lhe peguem na palavra. —
Testemunhos para a Igreja 8:18-20. {FFD 29.4}
Ensinem a seus filhos que eles têm o privilégio de receber cada dia o
batismo do Espírito Santo. — Orientação da Criança, 69, 70. {FFD 29.5}
Os que são atentos estudantes da Palavra, seguindo a Cristo com
humildade de alma, não irão a extremos. O Salvador nunca foi a extremos,
nunca perdeu o domínio de Si mesmo, nunca violou as leis do bom gosto.
Sabia quando convinha falar, e quando guardar silêncio. Estava sempre na
posse de Si mesmo. ... {FFD 29.6}
Os que seguem o exemplo de Cristo não serão extremistas. Cultivarão a
calma e a posse de si mesmos. A paz que se manifestava na vida de Cristo se
patenteará na deles. — Obreiros Evangélicos, 314. {FFD 29.7}
Santa influência se deverá irradiar para o mundo da parte daqueles que se
acham santificados pela verdade. ... O Espírito Santo deve atuar no coração
humano, apresentando-lhe as coisas de Deus. — Testemunhos para a Igreja
9:40

Pedindo sabedoria e poder, 14 de Janeiro

Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por Ti, ó Deus,
suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus
vivo. Salmos 42:1-2. {JM 21.1}
Aqueles foram dotados com poder do alto, no Pentecostes, não ficaram
isentos de tentações e provas, por causa disso. Enquanto testemunhavam da
verdade e da justiça, eram repetidamente assediados pelo inimigo de toda a
verdade, que procurava despojá-los de sua experiência cristã. Eram
compelidos a lutar com todas as forças dadas por Deus, a fim de alcançar a
estatura de homens e mulheres em Cristo Jesus. Oravam diariamente por
novos suprimentos de graça, para que pudessem subir mais e mais na escala
da perfeição. {JM 21.2}
Sob a operação do Espírito Santo, mesmo os mais fracos, pelo exercício da
fé em Deus, aprendiam a melhorar as faculdades conseguidas, e a se tornarem
santificados, refinados e enobrecidos. Tendo se submetido em humildade à
modeladora influência do Espírito Santo, recebiam a plenitude da Divindade e
eram modelados à semelhança do divino. {JM 21.3}
O tempo decorrido não operou qualquer mudança na promessa dada por
Cristo ao partir, ou seja, de enviar o Espírito Santo como Seu representante.
Não é por qualquer restrição da parte de Deus que as riquezas de Sua graça
não fluem para a Terra em favor dos homens. Se o cumprimento da promessa
não é visto como poderia ser, é porque a promessa não é apreciada como
deveria ser. Se todos estivessem dispostos, todos seriam cheios do Espírito.
Onde quer que a necessidade do Espírito Santo seja um assunto de que pouco
se pense, ali se verá sequidão espiritual, declínio, morte e escuridão espirituais.
[...] {JM 21.4}
Grupos de obreiros cristãos devem se reunir para suplicar auxílio especial,
sabedoria celestial, para que saibam como planejar e executar sabiamente.
Devem orar especialmente para que Deus batize Seus embaixadores
escolhidos nos campos missionários, com uma rica medida do Seu Espírito. A
presença do Espírito com os obreiros de Deus dará à proclamação da verdade
um poder que nem toda a honra ou glória do mundo dariam. — Atos dos
Apóstolos, 49-51. {JM 21.5}

Aqueles foram dotados com poder do alto, no Pentecostes, não ficaram


isentos de tentações e provas, por causa disso. Enquanto testemunhavam da
verdade e da justiça, eram repetidamente assediados pelo inimigo de toda a
verdade, que procurava despojá-los de sua experiência cristã. Eram
compelidos a lutar com todas as forças dadas por Deus, a fim de alcançar a
estatura de homens e mulheres em Cristo Jesus. Oravam diariamente por
novos suprimentos de graça, para que pudessem subir mais e mais na escala
da perfeição. {JM 21.2}
Sob a operação do Espírito Santo, mesmo os mais fracos, pelo exercício da
fé em Deus, aprendiam a melhorar as faculdades conseguidas, e a se tornarem
santificados, refinados e enobrecidos. Tendo se submetido em humildade à
modeladora influência do Espírito Santo, recebiam a plenitude da Divindade e
eram modelados à semelhança do divino. {JM 21.3}
O tempo decorrido não operou qualquer mudança na promessa dada por
Cristo ao partir, ou seja, de enviar o Espírito Santo como Seu representante.
Não é por qualquer restrição da parte de Deus que as riquezas de Sua graça
não fluem para a Terra em favor dos homens. Se o cumprimento da promessa
não é visto como poderia ser, é porque a promessa não é apreciada como
deveria ser. Se todos estivessem dispostos, todos seriam cheios do Espírito.
Onde quer que a necessidade do Espírito Santo seja um assunto de que pouco
se pense, ali se verá sequidão espiritual, declínio, morte e escuridão espirituais.
[...] {JM 21.4}
Grupos de obreiros cristãos devem se reunir para suplicar auxílio especial,
sabedoria celestial, para que saibam como planejar e executar sabiamente.
Devem orar especialmente para que Deus batize Seus embaixadores
escolhidos nos campos missionários, com uma rica medida do Seu Espírito. A
presença do Espírito com os obreiros de Deus dará à proclamação da verdade
um poder que nem toda a honra ou glória do mundo dariam. — Atos dos
Apóstolos, 49-51

Capacidade para testemunhar, 12 de Setembro

Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição


do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Atos 4:33. {JM
262.1}
Qual foi o resultado do derramamento do Espírito no dia do Pentecostes?
As boas-novas de um Salvador ressuscitado foram levadas até as mais
longínquas partes do mundo habitado. O coração dos apóstolos estava repleto
de uma benevolência tão profunda, mas tão profunda, que os impeliu a
testificar até aos confins da Terra. Deus os proibiu de gloriar-se a não ser na
salvação de nosso Senhor Jesus Cristo. {JM 262.2}
Ao proclamarem a verdade tal como é em Jesus, corações se rendiam ao
poder da mensagem. A igreja viu conversos a ela afluírem de todas as
direções. Pessoas apostatadas, de novo se converteram. Pecadores uniam-se
aos cristãos em busca da pérola de grande preço. Os que haviam sido os mais
fortes oponentes do evangelho tornaram-se os seus campeões. [...] A única
ambição dos crentes era revelar a semelhança do caráter de Cristo e trabalhar
pelo engrandecimento de Seu reino. [...] {JM 262.3}
Em resultado de seus trabalhos, acrescentaram-se à igreja homens
escolhidos que, recebendo a Palavra da vida, consagravam-se à obra de
comunicar a outros a esperança que lhes enchera de paz e alegria o coração.
Centenas proclamavam a mensagem: “O reino de Deus está próximo”. Marcos
1:15. Não podiam ser impedidos nem intimidados por ameaças. O Senhor por
eles falava; e, aonde quer que fossem, os doentes eram curados e aos pobres
era pregado o evangelho. De maneira assim poderosa pode Deus atuar
quando os homens se entregam ao controle de Seu Espírito! {JM 262.4}
A nós hoje, tão certamente como aos primeiros discípulos, pertence a
promessa do Espírito. [...] {JM 262.5}
É importante notar que só depois de haverem os discípulos entrado em
união perfeita, quando não mais contendiam pelas posições mais elevadas, foi
o Espírito derramado. Estavam unânimes. Todas as divergências haviam sido
postas de lado. E o testemunho dado a seu respeito depois de derramado o
Espírito é o mesmo. Note a expressão: “Era um o coração e a alma da multidão
dos que criam”. Atos 4:32. O Espírito dAquele que morreu para que os
pecadores vivessem dirigia a inteira congregação de crentes. — Australasian
Union Conference Record, 1 de Junho de 1904. {JM 262.6

O arrependimento autêntico, 9 de Dezembro


Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração e
perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?
Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado
em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e
recebereis o dom do Espírito Santo. Atos 2:37-38. {JM 350.1}
Como pode alguém ser justo diante de Deus? Como pode o pecador ser
justificado? É unicamente por meio de Cristo que podemos ser postos em
harmonia com Deus, com a santidade; mas como devemos chegar a Cristo?
Muitos fazem hoje a mesma pergunta que fez a multidão no dia
de Pentecostes, quando, convencidos do pecado, clamaram: “Que
faremos?” Atos 2:37. A primeira palavra da resposta de Pedro foi: “Arrependei-
vos”. Atos 2:38. Pouco tempo depois, em uma outra ocasião, ele disse:
“Arrependei-vos [...] e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos
pecados”. Atos 3:19. {JM 350.2}
O arrependimento compreende tristeza pelo pecado e afastamento do
mesmo. Não renunciaremos ao pecado enquanto não reconhecermos a sua
malignidade; enquanto dele não nos afastarmos sinceramente, não haverá em
nós uma mudança real da vida. {JM 350.3}
Muitos há que não compreendem a verdadeira natureza do arrependimento.
Multidões de pessoas se entristecem pelos seus pecados, efetuando mesmo
exteriormente uma reforma, porque receiam que seu mau procedimento lhes
traga sofrimentos. Mas não é este o arrependimento segundo o sentido que lhe
dá a Bíblia. Lamentam antes os sofrimentos, do que o próprio pecado. Tal foi a
tristeza de Esaú quando viu que perdera para sempre o direito da
primogenitura. [...] {JM 350.4}
Judas Iscariotes, depois de haver traído seu Senhor, exclamou: “Pequei,
traindo sangue inocente”. Mateus 27:4. A confissão foi arrancada de sua alma
culpada, por uma horrível consciência de condenação e temerosa expectação
do juízo. As conseqüências que o aguardavam enchiam-no de terror; mas não
houve em sua alma uma profunda e dolorosa tristeza por haver traído o
imaculado Filho de Deus e negado o Santo de Israel. [...] Todos esses
lamentaram as conseqüências do pecado, mas não se entristeceram pelo
próprio pecado. {JM 350.5}
Quando, porém, o coração cede à influência do Espírito de Deus, a
consciência é despertada, e o pecador discerne alguma coisa da profundeza e
santidade da lei de Deus, base de Seu governo no Céu e na Terra. [...] O
pecador [...] vê o amor de Deus, a beleza da santidade, a exaltação da pureza;
[e] anseia por ser purificado e reintegrado na comunhão do Céu. — Caminho a
Cristo, 23-24. {JM 350.6}

Haverá outro pentecostes! 5 de Setembro

Delas e dos lugares ao redor do meu outeiro, eu farei bênção; farei


descer a chuva a seu tempo, serão chuvas de bênçãos. Ezequiel
34:26. {Ma 259.1}
Sob a figura das chuvas temporã e serôdia, que caem nas terras orientais
ao tempo da semeadura e da colheita, os profetas hebreus predisseram a
dotação de graça espiritual em medida extraordinária à igreja de Deus. O
derramamento do Espírito nos dias dos apóstolos foi o começo da primeira
chuva, ou temporã, e glorioso foi o resultado. ... Ao avizinhar-se o fim da ceifa
da Terra, uma especial concessão de graça espiritual é prometida a fim de
preparar a igreja para a vinda do Filho do homem. Esse derramamento do
Espírito é comparado com a queda da chuva serôdia. — Atos dos Apóstolos,
54, 55. {Ma 259.2}
A grande obra do evangelho não deverá encerrar-se com menor
manifestação do poder de Deus do que a que assinalou o seu início. As
profecias que se cumpriram no derramamento da chuva temporã no início do
evangelho, devem novamente cumprir-se na chuva serôdia, no final do mesmo.
... {Ma 259.3}
Servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa
consagração, apressar-se-ão de um lugar para outro para proclamar a
mensagem do Céu. Por milhares de vozes em toda a extensão da Terra, será
dada a advertência. Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais
e maravilhas seguirão aos crentes. Satanás também opera com prodígios de
mentira, fazendo mesmo descer fogo do céu, à vista dos homens. Apocalipse
13:13. Assim os habitantes da Terra serão levados a decidir-se. {Ma 259.4}
A mensagem há de ser levada não tanto por argumentos como pela
convicção profunda do Espírito de Deus. Os argumentos foram apresentados.
A semente foi semeada e agora brotará e frutificará. ... Agora os raios de luz
penetram por toda parte, a verdade é vista em sua clareza, e os leais filhos de
Deus cortam os liames que os têm retido. Laços de família, relações na igreja,
são impotentes para os deter agora. A verdade é mais preciosa do que tudo
mais. Apesar das forças arregimentadas contra a verdade, grande número se
coloca ao lado do Senhor. — O Grande Conflito entre Cristo e Satanás, 611,
612. {Ma 259.5}

Pentecoste, 4 de Julho

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no


mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento
impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. Atos dos
Apóstolos 2:1, 2. {MG 191.3}
O Espírito veio sobre os discípulos, que expectantes oravam, com uma
plenitude que alcançou cada coração. O Ser infinito revelou-Se em poder a Sua
igreja. Era como se por séculos esta influência estivesse sendo reprimida, e
agora o Céu se regozijasse em poder derramar sobre a igreja as riquezas da
graça do Espírito. E sob a influência do Espírito, palavras de penitência e
confissão misturavam-se com cânticos de louvor por pecados perdoados. Eram
ouvidas palavras de gratidão e de profecia. Todo o Céu se inclinou na
contemplação da sabedoria do incomparável e incompreensível amor. Absortos
em admiração, os apóstolos exclamaram: “Nisto está a caridade!” 1 João 4:10.
Eles se apossaram do dom que lhes era repartido. E que se seguiu? A espada
do Espírito, de novo afiada com poder e banhada nos relâmpagos do Céu,
abriu caminho através da incredulidade. Milhares se converteram num dia.
... {MG 191.4}
A ascensão de Cristo ao Céu foi, para Seus seguidores, um sinal de que
estavam para receber a bênção prometida. Por ela deviam esperar antes de
iniciarem a obra que lhes fora ordenada. Ao transpor as portas celestiais, foi
Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi esta cerimônia
concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e
Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda
a eternidade. O derramamento pentecostal foi uma comunicação do Céu de
que a confirmação do Redentor havia sido feita. De conformidade com Sua
promessa, Jesus enviara do Céu o Espírito Santo sobre Seus seguidores, em
sinal de que Ele, como Sacerdote e Rei, recebera todo o poder no Céu e na
Terra, tornando-Se o Ungido sobre Seu povo. — Atos dos Apóstolos, 38,
39. {MG 192.1}
Deus está disposto a nos dar bênção semelhante quando a buscarmos
assim fervorosamente. O Senhor não fechou o reservatório do Céu depois de
haver derramado o Seu Espírito sobre os primeiros discípulos. Podemos
receber também da plenitude de Suas bênçãos. O Céu está repleto dos
tesouros de Sua graça, e os que vão a Deus em fé podem reivindicar tudo que
Ele prometeu. — The S.D.A. Bible Commentary 6:1055. {MG 192.2}
A função do Espírito, 5 de Julho

Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do


juízo. João 16:8. {MG 192.3}
Ia ser dado [o Espírito] como agente de regeneração, sem o qual o sacrifício
de Cristo de nenhum proveito teria sido. O poder do mal se estivera
fortalecendo por séculos, e alarmante era a submissão dos homens a esse
cativeiro satânico. Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da
poderosa operação da terceira pessoa da Trindade, a qual viria, não com
energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o Espírito que torna
eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do Espírito que
o coração é purificado. Por Ele torna-se o crente participante da natureza
divina. Cristo deu Seu Espírito como um poder divino para vencer toda
tendência hereditária e cultivada para o mal, e gravar Seu próprio caráter em
Sua igreja. — O Desejado de Todas as Nações, 671. {MG 192.4}
Enquanto nos entregamos como instrumentos para a operação do Espírito
Santo, a graça de Deus opera em nós para que reneguemos velhas e fortes
tendências formando novos hábitos. — Parábolas de Jesus, 354. {MG 192.5}
O Espírito de Deus, recebido na alma, aviva todas as suas faculdades. Sob
o guia do Espírito Santo, a mente que sem reserva se dedica a Deus,
desenvolve-se harmoniosamente, e é fortalecida para compreender e cumprir
as reivindicações de Deus. O caráter fraco, vacilante, transforma-se em outro,
forte e inabalável. ... {MG 193.1}
É o Espírito que faz com que resplandeçam nas mentes entenebrecidas os
brilhantes raios do Sol da Justiça; que faz com que o coração dos homens arda
dentro deles com a despertada compreensão das verdades eternas; isso
apresenta ao espírito a grande norma da justiça, e convence do pecado; isso
inspira fé nAquele que, unicamente, pode salvar do pecado; isso opera a
transformação do caráter, retirando a afeição dos homens das coisas temporais
e perecíveis, e fixando-as na herança eterna. O Espírito recreia, refina e
santifica os seres humanos, preparando-os para se tornarem membros da
família real, filhos do celeste Rei. — Obreiros Evangélicos, 286, 287. {MG
193.2}
Um consolador como Cristo, 6 de Julho

Mas Eu vos digo a verdade: Convém-vos que Eu vá, porque se Eu não


for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, Eu for, Eu vo-Lo
enviarei. João 16:7. {MG 193.3}
O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o
Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando manifesto o poder da
graça divina a todos quantos recebem e crêem em Cristo como um Salvador
pessoal. — Evangelismo, 615. {MG 193.4}
O Espírito Santo habita no consagrado obreiro de Deus, onde quer que ele
possa estar. As palavras dirigidas aos discípulos são-no também a nós. O
Consolador é tanto nosso quanto deles. — Atos dos Apóstolos, 51. {MG 193.5}
Não existe consolador como Cristo, tão terno e tão verdadeiro. Ele Se
compadece de nossas fraquezas. Seu Espírito fala ao coração. Podem as
circunstâncias separar-nos de nossos amigos; o vasto e turbulento oceano
pode rolar entre nós e eles. Embora prevaleça ainda sua sincera amizade,
talvez sejam incapazes de demonstrá-la fazendo por nós aquilo que com
gratidão haveríamos de receber. Mas circunstância alguma, nenhuma distância
pode separar-nos do Consolador celestial. Onde quer que estejamos, aonde
quer que vamos, Ele sempre ali está, concedido em lugar de Cristo, para agir
por Ele. Está sempre à nossa mão direita, para nos falar palavras amáveis e
calmas; para apoiar, suster, erguer e animar. A influência do Espírito Santo é a
vida de Cristo no coração. Esse Espírito atua em todo aquele que recebe a
Cristo, e por meio dEle. Os que experimentam em si essa habitação do Espírito
revelam seus frutos: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fé. — The Review and Herald, 26 de Outubro de 1897. {MG 193.6}
O Espírito Santo sempre habita com aquele que está procurando aperfeiçoar
o caráter cristão. O Espírito Santo fornece o motivo puro, o princípio vivo, ativo,
que sustenta em cada emergência e em cada tentação a pessoa crente, que
luta e se esforça. O Espírito Santo sustenta o crente em meio ao ódio do
mundo, à hostilidade de parentes, em meio aos desapontamentos, à
compreensão da própria imperfeição e em meio aos erros da vida. Confiando
na incomparável pureza e perfeição de Cristo, a vitória é certa para aquele que
olha para o Autor e Consumador de nossa fé. ... Ele levou os nossos pecados,
a fim de que por meio dEle pudéssemos ter distinção moral e apego à
perfeição do caráter cristão. — The Review and Herald, 30 de Novembro de
1897. {MG 194.1}
Representante de Cristo, 7 de Julho

E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do


século. Mateus 28:20. {MG 194.2}
Quando Cristo ascendeu ao Pai, não deixou os Seus seguidores sem
auxílio. O Espírito Santo, como Seu representante, e os anjos celestiais, como
espíritos ministradores, são enviados para ajudar os que, contra forças
superiores, militam a boa milícia da fé. Lembrai-vos sempre de que Jesus é
vosso ajudador. Ninguém compreende tão bem como Ele as vossas
peculiaridades de caráter. Vigia sobre vós e, se estiverdes dispostos a ser
guiados por Ele, lançará ao vosso redor influências para o bem que vos
habilitarão a cumprir toda a Sua vontade a vosso respeito. {MG 194.3}
A vida cristã é uma milícia. Mas “não temos que lutar contra a carne e o
sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais”. Efésios 6:12. Nesse conflito da justiça contra a injustiça, só
podemos ser bem-sucedidos mediante o auxílio divino. ... {MG 194.4}
O Senhor Jesus age por meio do Espírito Santo; pois Este é Seu
representante. Por meio dEle, infunde na alma vida espiritual, vivificando as
energias para o bem, purificando-a da corrupção moral e habilitando-a para
Seu reino. Jesus tem grandes bênçãos a conceder, ricos dons a distribuir entre
os homens. É o maravilhoso Conselheiro, infinito em sabedoria e força; e, se
reconhecermos o poder de Seu Espírito e nos sujeitarmos a ser por Ele
moldados, estaremos perfeitos nele. Que pensamento é este! Em Cristo “habita
corporalmente toda a plenitude da divindade; e estais perfeitos
nEle”. Colossences 2:9, 10. Nunca o coração humano conhecerá a felicidade
até que se submeta a ser moldado pelo Espírito de Deus. O Espírito conforma
a alma renovada com o Modelo, Jesus Cristo. Mediante a influência do Espírito,
a inimizade contra Deus transforma-se em fé e amor, o orgulho em humildade.
A alma percebe a beleza da verdade, e Cristo é honrado em excelência e
perfeição de caráter. Ao efetuarem-se essas mudanças, os anjos rompem num
hino arrebatador, e Deus e Cristo Se regozijam nas almas moldadas à
semelhança divina. — Mensagens aos Jovens, 17, 55, 56. {MG 195.1}
Como orvalho, chuva e luz solar, 8 de Julho

Serei para Israel como orvalho, ele florescerá como o lírio e lançará as
suas raízes como o cedro do Líbano. Oséias 14:5. {MG 195.2}
Dentre as lições quase inumeráveis ensinadas pelos vários processos do
crescimento, algumas das mais preciosas são apresentadas na parábola do
Salvador, sobre a semente. ... {MG 195.3}
A semente tem em si mesma um princípio germinativo, princípio este que o
próprio Deus implantou; entretanto, abandonada a si mesma, ela não teria
poder para germinar. O homem tem sua parte a desempenhar no produzir o
crescimento da semente; mas há um ponto além do qual ele nada pode fazer.
Deve confiar em Alguém que uniu a sementeira e a ceifa por laços
maravilhosos de Seu poder onipotente. {MG 195.4}
Há vida na semente, há poder no solo; mas, a menos que o poder infinito se
exerça dia e noite, a semente nada nos devolverá. As chuvas devem refrescar
os campos sedentos; o Sol deve comunicar calor; a eletricidade deve ser
levada à semente sepultada. A vida que o Criador implantou, somente Ele a
pode despertar. Cada semente brota, cada planta se desenvolve pelo poder de
Deus. ... {MG 195.5}
A germinação da semente representa o começo da vida espiritual, e o
desenvolvimento da planta é uma figura do desenvolvimento do caráter. Não
pode haver vida sem crescimento. {MG 196.1}
A planta ou deve crescer ou morrer. Assim como o seu crescimento é
silencioso e imperceptível, mas contínuo, assim é o crescimento do caráter.
Nossa vida pode ser perfeita em cada estágio de seu desenvolvimento;
contudo, se o propósito de Deus para conosco se cumpre, haverá constante
progresso. {MG 196.2}
A planta cresce, recebendo aquilo que Deus proveu para o sustento de sua
vida. Da mesma forma o crescimento espiritual é alcançado pela cooperação
do poder divino. Assim como a planta cria raízes no solo, devemos nós criar
raízes em Cristo. Assim como a planta recebe a luz solar, o orvalho e a chuva,
devemos nós receber o Espírito Santo. Se nosso coração permanecer em
Cristo, Ele virá para nós “como a chuva, como chuva serôdia que rega a
terra”. Oséias 6:3. Como o Sol da Justiça, Ele surgirá sobre nós com salvação
“debaixo das Suas asas”. Malaquias 4:2. Cresceremos “como o lírio”. Seremos
“vivificados como o trigo”, e cresceremos “como a vide”. Oséias 14:5, 7. —
Educação, 104-106. {MG 196.3}
Ilumina as escrituras, 9 de Julho

Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as


coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. 1 Coríntios
2:10. {MG 196.4}
É assim que Deus Se agradou comunicar Sua verdade ao mundo por meio
de agências humanas que Ele próprio, pelo Seu Espírito, faz idôneas para essa
missão, dirigindo-lhes a mente no tocante ao que devem falar ou escrever. Os
tesouros divinos são deste modo confiados a vasos terrestres sem contudo
nada perderem de sua origem celestial. O testemunho nos é transmitido nas
expressões imperfeitas de nossa linguagem, conservando todavia o seu caráter
de testemunho de Deus, no qual o crente submisso descobre a virtude divina,
superabundante em graça e verdade. {MG 196.5}
Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário à
salvação. As Santas Escrituras devem ser aceitas como autorizada e infalível
revelação de Sua vontade. Elas são a norma do caráter, o revelador das
doutrinas, a pedra de toque da experiência. ... Todavia, o fato de que Deus
revelou Sua vontade aos homens por meio de Sua Palavra, não tornou
desnecessária a contínua presença e direção do Espírito Santo. Ao contrário, o
Espírito foi prometido por nosso Salvador para aclarar a Palavra a Seus servos,
para iluminar e aplicar os seus ensinos. — O Grande Conflito entre Cristo e
Satanás, 8, 9. {MG 196.6}
Os que cavam abaixo da superfície descobrem às escondidas gemas da
verdade. O Espírito Santo acha-Se presente com o sincero indagador. Sua
iluminação resplandece sobre a Palavra, gravando a verdade na mente com
nova importância. O pesquisador enche-se de um senso de paz e alegria
nunca dantes experimentadas. A preciosidade da verdade é compreendida
como nunca dantes. Uma nova luz celeste brilhe sobre a Palavra, iluminando-a
como se cada letra se tingisse de ouro. O próprio Deus falou à mente e ao
coração, tornando a Palavra espírito e vida. — Mensagens Escolhidas
2:39. {MG 197.1}
O Espírito Santo está implantando a graça de Cristo no coração de muito
nobre pesquisador da verdade, ativando suas simpatias contrariamente a sua
natureza e à sua anterior educação. A “luz verdadeira, que alumia a todo o
homem que vem ao mundo” (João 1:9), está brilhando em sua alma; e esta luz,
se aceita, guiará seus passos para o reino de Deus. — Profetas e Reis, 376,
377. {MG 197.2}
Mestre da verdade, 10 de Julho

Quando vier, porém, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a


verdade. João 16:13. {MG 197.3}
O Consolador é chamado “o Espírito de verdade”. Sua obra é definir e
manter a verdade. Ele primeiro habita o coração como o Espírito de verdade, e
torna-Se assim o Consolador. Há conforto e paz na verdade, mas nenhuma
paz ou conforto real se pode achar na falsidade. É por meio de falsas teorias e
tradições que Satanás adquire seu domínio sobre a mente. Encaminhando os
homens para falsas normas, deforma o caráter. Por intermédio das Escrituras o
Espírito Santo fala à mente, e grava a verdade no coração. Assim expõe o erro,
expelindo-o da alma. É pelo Espírito de verdade, operando pela Palavra de
Deus, que Cristo submete a Si Seu povo escolhido. — O Desejado de Todas
as Nações, 671. {MG 197.4}
É desígnio de Deus que, mesmo nesta vida, as verdades de Sua Palavra se
vão sempre desdobrando perante Seu povo. Só há um meio de obter esse
conhecimento. Só nos é possível chegar a compreender a Palavra de Deus
mediante a iluminação do Espírito pelo qual ela foi dada. “Ninguém sabe as
coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Porque o Espírito penetra todas as
coisas, ainda as profundezas de Deus.” 1 Coríntios 2:11, 10. — Caminho a
Cristo, 109. {MG 197.5}
De Deus, a fonte da sabedoria, procede todo conhecimento valioso para o
homem, tudo quanto a inteligência pode aprender e conservar. O fruto da
árvore que representa o bem e o mal não deve ser ansiosamente apanhado
pela recomendação de alguém que foi outrora um anjo de luz e glória. Ele disse
que, se o homem comer desse fruto, saberá o bem e o mal; todavia deixai-o de
lado. O verdadeiro conhecimento não provém de homens infiéis ou ímpios. A
Palavra de Deus é luz e verdade. A verdadeira luz irradia de Jesus Cristo, que
“alumia a todo homem que vem ao mundo”. João 1:9. Do Espírito Santo
procede conhecimento divino. Ele sabe de que a humanidade necessita para
promover paz, felicidade e sossego aqui no mundo, e para assegurar o
descanso eterno no reino de Deus. — Conselhos aos Professores, Pais e
Estudantes, 360, 361. {MG 198.1}
Nunca deve a Bíblia ser estudada sem oração. Antes de abrir suas páginas,
devemos pedir a iluminação do Espírito Santo, e ser-nos-á dada. ... O Espírito
de verdade é o único mestre eficaz da verdade divina. — Caminho a Cristo, 91,
92. {MG 198.2}
Um guia fiel, 11 de Julho

Que este é Deus, o nosso Deus para todo o sempre; Ele será nosso
guia até à morte. Salmos 48:14. {MG 198.3}
Nenhuma verdade é mais claramente ensinada na Escritura do que aquela
segundo a qual Deus, pelo Seu Espírito Santo, dirige de maneira especial Seus
servos sobre a Terra, nos grandes movimentos que têm por objetivo promover
a obra da salvação. Os homens são instrumentos nas mãos de Deus, por Ele
empregados para cumprirem Seus propósitos de graça e misericórdia. — O
Grande Conflito entre Cristo e Satanás, 343. {MG 198.4}
Sou animada e beneficiada ao compreender que o Deus de Israel ainda guia
Seu povo, e que continuará a ser com eles, até ao fim. ... {MG 198.5}
Se já houve um tempo em que necessitássemos da guia especial do Espírito
Santo, esse tempo é o atual. Necessitamos de inteira consagração. É mais que
tempo de darmos ao mundo uma demonstração do poder de Deus em nossa
própria vida e em nosso ministério. {MG 198.6}
O Senhor deseja ver a obra da proclamação da mensagem do terceiro anjo
sendo levada avante com eficiência crescente. Como Ele trabalhou em todas
as épocas para dar vitórias a Seu povo, assim neste século almeja Ele levar a
triunfante cumprimento Seus desígnios para Sua igreja. Ordena a Seus santos
crentes que avancem unidos, indo de força para força maior, da fé a mais
certeza e confiança na verdade e justiça de Sua causa. {MG 199.1}
Devemos ficar firmes qual rocha aos princípios da Palavra de Deus,
lembrando-nos de que Ele está conosco para dar-nos poder para enfrentar
cada novo acontecimento. ... Devemos conservar como deveras sagrada a fé
que foi consolidada pela instrução e aprovação do Espírito de Deus, desde
nossa experiência inicial até os nossos dias. Devemos guardar
cuidadosamente, como preciosíssima, a obra que o Senhor tem estado a levar
adiante por meio de Seu povo observador dos mandamentos, e que pelo poder
de Sua graça, tornar-se-á mais vigorosa e eficiente à medida que o tempo
avança. O inimigo está procurando obscurecer o discernimento do povo de
Deus, e enfraquecer sua eficiência, mas caso eles trabalhem segundo a
direção do Espírito de Deus, Ele abrirá diante deles portas de oportunidade. ...
Sua vida cristã será de constante desenvolvimento, até que o Senhor desça do
Céu com poder e grande glória para pôr Seu selo de final triunfo sobre os Seus
fiéis. — Mensagens Escolhidas 2:406, 407. {MG 199.2}
Nosso guia pessoal, 12 de Julho

Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a


esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este
é o caminho, andai por ele. Isaías 30:21. {MG 199.3}
Não tenho maior desejo do que ver nossa juventude imbuída do espírito da
religião pura que os levará a tomar a cruz e seguir a Cristo. Prossegui, jovens
discípulos de Jesus, controlados pelo princípio, envolvidos nas vestes de
pureza e de justiça. Vosso Salvador vos conduzirá à posição melhor adequada
aos vossos talentos e onde possais servir melhor. — Conselhos sobre
Educação, 97. {MG 199.4}
“Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.” Tiago 1:5. Essa
promessa é de maior valia do que ouro e prata. Se com o coração humilde
buscardes a direção divina em qualquer dificuldade ou embaraço que tiverdes,
Sua palavra vos será garantida de que vos será dada resposta misericordiosa.
E Sua palavra não pode falhar. — Testemunhos Seletos 2:136, 137. {MG
199.5}
Ao nos aproximarmos do fim do tempo, a falsidade estará tão misturada com
a verdade, que somente os que têm a guia do Espírito Santo serão capazes de
distinguir a verdade do erro. Precisamos fazer todo esforço para guardar o
caminho do Senhor. De modo nenhum devemos afastar-nos de Sua guia e pôr
nossa confiança no homem. Aos anjos do Senhor está determinado que
mantenham estrita vigilância sobre os que põem sua fé no Senhor, e esses
anjos devem ser nossa especial ajuda em todo tempo de necessidade. Cada
dia devemos ir ao Senhor em plena certeza de fé, e dEle esperar sabedoria. ...
Os que são guiados pela Palavra do Senhor distinguirão com certeza entre a
falsidade e a verdade, entre o pecado e a justiça. — The S.D.A. Bible
Commentary 7:907. {MG 200.1}
“Emanuel, Deus conosco.” Mateus 1:23. Isto significa tudo para nós. Que
amplo fundamento estabelece para a nossa fé! Que esperança repleta de
imortalidade isto põe diante do crente! Deus conosco em Cristo Jesus, para
nos acompanhar a cada passo da jornada para o Céu! O Espírito Santo
conosco, servindo-nos de Consolador, de Guia em nossas perplexidades, para
dar lenitivo às nossas dores e proteger-nos na tentação! — Carta 31,
1892. {MG 200.2}
Aquele que faz a vontade de Deus, que anda na vereda por ele indicada,
não pode tropeçar nem cair. A luz do Espírito de Deus, a guiá-lo, dá-lhe clara
percepção de seu dever, conduzindo-o direito até ao fim de sua obra. — O
Desejado de Todas as Nações, 527. {MG 200.3}
A voz mansa e delicada, 13 de Julho

Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração. Hebreus


3:7, 8. {MG 200.4}
A consciência é a voz de Deus, ouvida em meio ao conflito das peixões
humanas; quando resistida, o Espírito de Deus é entristecido. — Testimonies
for the Church 5:120. {MG 200.5}
Os homens têm o poder de extinguir o Espírito de Deus; é-lhes deixada a
faculdade de escolher. É-lhes permitida liberdade de ação. Podem ser
obedientes mediante o nome e a graça de nosso Redentor, ou desobedientes,
e sofrer as conseqüências. — Obreiros Evangélicos, 174. {MG 200.6}
O Senhor requer de nós que obedeçamos à voz do dever, quando há outras
vozes insistindo em que sigamos direção oposta. É necessário que haja de
nossa parte fervente atenção para perceber a voz que fala da parte de Deus.
Precisamos resistir e vencer as inclinações, e obedecer à voz da consciência
sem discussão ou comprometimento, pois do contrário os seus rogos cessam e
a vontade e o impulso assumem o controle. A palavra do Senhor vem a todos
nós que não temos resistido ao Seu Espírito com a determinação de não ouvir
nem obedecer. Esta voz é ouvida em advertências, em conselhos, em
reprovação. A mensagem do Senhor é luz para o Seu povo. Se esperarmos por
altos chamados ou melhores oportunidades, a luz poderá ser retirada, e
ficarmos em trevas. {MG 201.1}
Os rogos do Espírito, negligenciados hoje porque o prazer ou as inclinações
levam a direção oposta, podem ser impotentes para convencer, ou mesmo
para impressionar, amanhã. Aproveitar as oportunidades do presente, com
coração pronto e disposto, é a única maneira de crescer na graça e no
conhecimento da verdade. Devemos estimar sempre o senso de que,
individualmente, estamos diante do Senhor dos exércitos; nenhuma palavra,
nenhum ato, nem mesmo um pensamento, devem ser tolerados que ofendam
os olhos do Eterno. Se sentirmos que em toda parte somos os servos do
Altíssimo, seremos mais circunspectos; nossa inteira vida terá para nós um
significado e santidade que as honras da Terra jamais poderão dar. {MG 201.2}
Os pensamentos do coração, as palavras dos lábios, e todo ato da vida,
tornarão mais valioso o nosso caráter, se a presença de Deus é continuamente
sentida. Seja a linguagem do coração: “O Senhor está neste lugar.” Gênesis
28:16. Então a vida será pura, o caráter sem mácula, a alma continuamente
erguida para o Senhor. — Testimonies for the Church 5:69, 70. {MG 201.3}

Línguas de fogo, 15 de Janeiro

E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou


uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e
passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que
falassem. Atos dos Apóstolos 2:3, 4. {RP 22.1}
Se examinardes as Escrituras com espírito humilde e dócil, vossos esforços
serão recompensados abundantemente. “O homem natural não aceita as
coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las,
porque elas se discernem espiritualmente.” 1 Coríntios 2:14. A Bíblia deve ser
estudada com oração. Devemos orar como o fez Davi: “Desvenda os meus
olhos, para que eu contemple as maravilhas da Tua lei.” Salmos 119:18.
Ninguém pode ter adequada compreensão da Palavra de Deus sem a
iluminação do Espírito Santo. Se nos achegarmos a Deus de maneira correta,
Sua luz incidirá sobre nós em raios abundantes e claros. {RP 22.2}
Esta foi a experiência dos primeiros discípulos. As Escrituras declaram que,
“ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;
de repente, veio do Céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda
a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles,
línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram
cheios do Espírito Santo, e passaram a falar em outras línguas, segundo o
Espírito lhes concedia que falassem”. Atos dos Apóstolos 2:1-4. Deus está
disposto a nos dar uma bênção semelhante, quando a buscarmos com o
mesmo fervor. {RP 22.3}
O Senhor não fechou o reservatório do Céu depois de haver derramado Seu
Espírito sobre os primeiros discípulos. Nós também podemos compartilhar da
plenitude de Sua bênção. O Céu está repleto das riquezas de Sua graça, e os
que se achegam a Deus com fé podem reivindicar tudo o que Ele prometeu. Se
não temos Seu poder, é por causa de nossa letargia, indiferença e indolência
espirituais. Saiamos desta formalidade e apatia. {RP 22.4}
Há uma grande obra a ser feita para este tempo, e não compreendemos a
metade do que o Senhor quer fazer por Seu povo. Falamos sobre a mensagem
do primeiro anjo e sobre a mensagem do segundo anjo, e pensamos que
temos alguma compreensão da mensagem do terceiro anjo; mas não devemos
contentar-nos com o nosso conhecimento atual. Nossas súplicas, mescladas
com fé e contrição, devem ascender a Deus, para compreensão dos mistérios
que Ele quer tornar conhecidos a Seus santos. — The Review and Herald, 4 de
Junho de 1889. {RP 22.5}

De comum acordo, 5 de Outubro

Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no


mesmo lugar. Atos dos Apóstolos 2:1. {RP 287.1}
A nós hoje, tão certamente como aos primeiros discípulos, pertence a
promessa do Espírito. Deus dotará hoje homens e mulheres com poder do alto,
da mesma maneira que dotou aqueles que, no dia de Pentecoste, ouviram a
palavra de salvação. Nesta mesma hora Seu Espírito e Sua graça se acham à
disposição de todos quantos deles necessitam e Lhe pegarem na palavra. {RP
287.2}
Notai que só depois de haverem os discípulos entrado em união perfeita,
quando não mais contendiam pelas posições mais elevadas, foi o Espírito
derramado. Estavam unânimes. Todas as divergências haviam sido postas de
lado. E o testemunho dado a seu respeito depois de derramado o Espírito, é o
mesmo. Notai a expressão: “Era um o coração e a alma da multidão dos que
criam.” Atos dos Apóstolos 4:32. O Espírito dAquele que morreu para que os
pecadores vivessem, animava toda a congregação de crentes. {RP 287.3}
Os discípulos não pediram uma bênção para si. Arcavam sob o peso da
preocupação pelas almas. O evangelho deveria ser levado aos confins da
Terra, e reclamaram a dotação de poder que Cristo prometera. Foi então
derramado o Espírito Santo, e milhares se converteram num dia. {RP 287.4}
Assim pode ser agora. Ponham de parte os cristãos toda dissensão, e
entreguem-se a Deus para a salvação dos perdidos. Com fé peçam a bênção
prometida, e virá. O derramamento do Espírito nos dias dos apóstolos foi a
“chuva temporã”, e glorioso foi o resultado. Mas a chuva serôdia será mais
abundante. Qual é a promessa para os que vivem nos últimos dias? — “Voltai à
fortaleza, ó presos de esperança; também hoje vos anuncio que vos
recompensarei em dobro.” Zacarias 9:12. “Pedi ao Senhor chuva no tempo da
chuva serôdia; o Senhor, que faz os relâmpagos, lhes dará chuveiro de água, e
erva no campo a cada um.” Zacarias 10:1. — Testemunhos Selectos 3:210,
211. {RP 287.5}

apítulo 19 — O que poderia ter acontecido


Santa Helena, Califórnia
5 de Janeiro de 1903
À Igreja de Battle Creek:
Um dia, por volta do meio-dia, eu estava escrevendo acerca da obra que
poderia ter sido realizada durante a última reunião da Associação Geral, caso
os homens que estão nos cargos de confiança tivessem seguido a vontade e
os caminhos de Deus. Os que receberam grande luz não andaram de acordo
com essa luz. O encontro foi encerrado e a situação não foi resolvida. As
pessoas não se humilharam diante de Deus como deveriam ter feito, e o
Espírito Santo não foi concedido. {T8 104.1}
Eu tinha escrito isso muito tempo antes, quando eu tinha perdido a
consciência e me parecia estar testemunhando a cena em Battle Creek. {T8
104.2}
Estávamos reunidos no auditório do Tabernáculo. Foram feitas orações, um
hino foi cantado, e outra oração foi oferecida. Fervorosa súplica foi feita a
Deus. A reunião foi destacada pela presença do Espírito Santo. A obra foi
profunda e algumas pessoas presentes choravam visivelmente. {T8 104.3}
Um daqueles ergueu-se de sua posição inclinada e declarou que no
passado não estivera em união com algumas pessoas, que não sentira amor
por elas, mas que agora via a si mesmo tal qual era. Com grande solenidade
repetiu as palavras da mensagem à igreja laodiceana: “‘Como dizes: Rico sou,
e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um
desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu)’, Sim, essa é a minha
condição. Abriram-se-me os olhos. Meu espírito tem sido duro e injusto. Pensei
de mim mesmo como sendo justo, mas agora meu coração foi quebrantado, e
posso ver minha necessidade do precioso conselho dAquele que me conhece
completamente. Oh, quão graciosas e compassivas são as
palavras: ‘Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te
enriqueça se vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da
tua nudez; e que unjas os olhos com colírio, para que vejas.’” Apocalipse 3:17-
18.{T8 104.4}
O orador volveu-se para os que haviam estado a orar, dizendo: “Temos algo
a fazer. Necessitamos confessar nossos pecados e humilhar o coração diante
de Deus. “Ele realizou confissões de coração quebrantado, e então dirigiu-se a
vários dos irmãos, um após o outro, estendendo-lhes a mão, e pedindo perdão.
Aqueles a quem ele falara ergueram-se de um salto, realizando também suas
confissões e solicitando perdão, e logo se abraçavam uns aos outros,
chorando. O espírito de confissão espalhou-se por toda a congregação. Foi
uma experiência pentecostal. Ergueram-se louvores a Deus, noite adentro,
estendendo-se quase até à manhã, e a obra foi realizada. {T8 105.1}
As seguintes palavras foram repetidas muitas vezes, com enunciação bem
clara: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e
arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir
a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo.” Apocalipse 3:19,
20. {T8 105.2}
Ninguém se orgulhava de ter feito uma confissão sincera, e aqueles que
dirigiam essa obra eram os únicos que tinham alguma influência, mas não
antes de terem corajosamente confessado seus pecados. {T8 105.3}
Havia uma alegria como nunca antes fora vista no Tabernáculo. {T8 105.4}
Então voltei à minha consciência e, por um pouco de tempo, não sabia onde
estava. A caneta ainda estava em minha mão. E ouvi as seguintes palavras:
“Isso é o que deveria ter acontecido. Deus está esperando para realizar tudo
isso pelo Seu povo. Todo o Céu está esperando para conceder a graça.” Eu
fiquei imaginando onde poderíamos ter chegado se isso tivesse ocorrido
durante as últimas reuniões da Associação Geral, então a agonia do
desapontamento me envolveu quando me apercebi de que aquilo que eu
testemunhara não tinha de fato acontecido. {T8 105.5}

Você também pode gostar