Conjuntos C Exercícios
Conjuntos C Exercícios
Conjuntos C Exercícios
O Conceito de Conjunto
27
28 O Conceito de Conjunto
O conjunto do Exemplo (e) n~ao tem elementos; um tal conjunto ¶e chamado o conjunto
vazio, sendo denotado pelo s¶³mbolo ¿.
Usaremos letras mai¶usculas para denotar conjuntos, e letras min¶usculas para de-
notar elementos. Se a ¶e um elemento de um conjunto A, escrevemos a 2 A (leia-se: \a
¶e um elemento de A" ou \a pertence a A"), enquanto que a 6 2 A signi¯ca que a n~ao ¶e
elemento de A.
A ordem em que aparecem os elementos num conjunto n~ao tem import^ancia. As-
sim, o conjunto fa; b; cg ¶e o mesmo que fb; c; ag, etc. Al¶em disso, como os elementos de
um conjuntos s~ao distintos, fa; a; bg, por exemplo, n~ao ¶e uma nota»c~ao apropriada de um
conjunto, e deveria ser substitu¶³da por fa; bg. Se a ¶e um elemento de um conjunto, a e
fag s~ao considerados diferentes, isto ¶e, a 6
= fag. Pois fag denota o conjunto consistindo
do elemento a somente, enquanto que a ¶e apenas o elemento do conjunto fag.
(x 2 A) ) (x 2 B); porque A ½ B
) (x 2 C); porque B ½ C
(x 2 A) ) (x 2 C)
2.1.1 Exerc¶³cios
1. Demonstre que o conjunto de letras da palavra \catarata" e o conjunto de letras da
palavra \catraca" s~ao iguais.
2. Decida, dentre os seguintes conjuntos, quais s~ao subconjuntos de quais:
(a) A = ftodos os n¶umeros reais satisfazendo x2 ¡ 8x + 12 = 0g
(b) B = f2; 4; 6g
(c) C = f2; 4; 6; 8; : : : g
(d) D = f6g
3. Liste todos os subconjuntos do conjunto f¡1; 0; 1g.
4. Demonstre que [(A ½ B) ^ (B ½ A)] , (A = B) [Nota: FreqÄ uentemente, em
matem¶atica, o melhor meio de demonstrar que A = B ¶e mostrar que A ½ B e B ½ A.]
5. Demonstre que (A ½ ¿) ) (A = ¿).
6. Demonstre que
(a) [(A Ã B) ^ (B ½ C)] ) (A Ã C)
(b) [(A ½ B) ^ (B Ã C)] ) (A Ã C)
7. D^e um exemplo de um conjunto cujos elementos s~ao tamb¶em conjuntos.
8. Em cada um dos seguintes itens, determine se a a¯rma»c~ao ¶e verdadeira ou falsa.
Se for verdadeira, demonstre-a. Se for falsa, mostre-o atrav¶es de um exemplo (um tal
exemplo, mostrando que uma proposi»c~ao ¶e falsa, ¶e chamado um contra-exemplo).
(a) Se x 2 A e A 2 B ent~ao x 2 B.
(b) Se A ½ B e B 2 C ent~ao A 2 C.
(c) Se A 6
½ B e B ½ C ent~ao A 6 ½ C.
(d) Se A 6½BeB6 ½ C ent~ao A 6
½ C.
(e) Se x 2 A e A 6 ½ B ent~ao x 62 B.
(f) Se A ½ B e x 6 2 B ent~ao x 6
2 A.
9. Dado um conjunto com n elementos, demonstre que existem exatemente C(n; r)
subconjuntos com r elementos.
30 O Conceito de Conjunto
2.2 Especi¯ca»c~
ao de conjuntos
Um modo de construir um novo conjunto, a partir de um conjunto dado, ¶e especi¯car
aqueles elementos, do conjunto dado, que satisfazem uma propriedade particular. Por
exemplo, seja A o conjunto de todos os estudantes desta universidade. A proposi»c~ao \x
¶e paulista" ¶e verdadeira para alguns elementos x de A e falsa para outros. Empregaremos
a nota»c~ao
fx 2 A j x ¶e paulistag
para especi¯car o conjunto de todas os estudantes paulistas desta universidade. Similar-
mente,
fx 2 A j x n~ao ¶e paulistag
especi¯ca o conjunto de estudantes n~ao paulistas desta universidade.
Como regra, a todo conjunto A e a toda proposi»c~ao p(x) sobre x 2 A, existe um
conjunto fx 2 A j p(x)g, cujos elementos s~ao precisamente aqueles elementos x 2 A
para os quais a a¯rma»c~ao p(x) ¶e verdadeira. Numa abordagem axiom¶atica da teoria dos
conjuntos, esta regra ¶e habitualmente postulada como um axioma, chamado o Axioma
da Especi¯ca»c~ao. O s¶³mbolo fx 2 A j p(x)g ¶e lido: o conjunto de todos os x em A tais
que p(x) ¶e verdadeira. A nota»c~ao da forma fx 2 A j p(x)g, que descreve um conjunto ¶e
chamada a nota»c~ao de constru»c~ao do conjunto.
R= fx j x ¶e um n¶umero realg
Q= fx j x ¶e um n¶umero racionalg
Z= fx j x ¶e um n¶umero inteirog
N= fx j x ¶e um n¶umero naturalg
I= fx 2 R j 0 · x · 1g
R+ = fx 2 R j x > 0g
Note que N ½ Z ½ Q ½ R e N ½ R+ ½ R.
¶ bem poss¶³vel que elementos de um conjunto possam ser tamb¶em conjuntos. Por
E
exemplo, o conjunto de todos os subconjuntos de um conjunto dado A tem conjuntos
como seus elementos. Este conjunto ¶e chamado conjunto das partes 2 de A, e ¶e denotado
2
Na teoria dos conjuntos, a exist^encia do conjunto das partes n~ao ¶e tida como o¶bvia. Como a
exist^encia de um conjunto das partes n~ao ¶e conseqÄ
u^encia do axioma da especi¯ca»c~ao, um novo axioma
¶e necess¶ario; este axioma ¶e habitualmente chamado o Axioma do Conjunto das Partes e pode ser assim
enunciado: Para cada conjunto, existe um conjunto de conjuntos que consiste de todos os subconjuntos
do conjunto dado.
O Conceito de Conjunto 31
por }(A).
Teorema 2.3 Se A consiste de n elementos, ent~ao seu conjunto das partes }(A) cont¶em
exatamente 2n elementos.
2.2.1 Exerc¶³cios
1. Exiba entre chaves os elementos de cada um dos seguintes conjuntos.
A = fx 2 N j x < 5g
B = fx 2 Z j x2 · 25g
C = fx 2 Q j 10x2 + 3x ¡ 1 = 0g
D = fx 2 R j x3 + 1 = 0g
E = fx 2 R+ j 4x2 ¡ 4x ¡ 1 = 0g
2. Denote cada um dos seguintes conjuntos pela nota»c~ao de constru»c~ao do conjunto.
A = f1; 2; 3g
B = f¡1; ¡ 23 ; ¡ 13 ; 0g
3
Veja problema 9, Exerc¶³cios 2.1.1
32 O Conceito de Conjunto
C = f1; 3; p
5; 7; 9; : :p
:g
D = f1 ¡ 3; 1 + 3g
3. Quais s~ao os elementos do conjunto das partes do conjunto fx; fy; zgg? Quantos
elementos tem esse conjunto das partes?
4. Seja B um subconjunto de A, e seja }(A : B) = fX 2 }(A) j X ¾ Bg.
(a) Seja B = fa; bg e A = fa; b; c; d; eg. Liste os membros do conjunto }(A : B);
quantos s~ao eles?
(b) Demonstre que }(A : ¿) = }(A).
5. Sejam A um conjunto com n elementos e B um subconjunto com m elementos,
n ¸ m.
(a) Encontre o n¶umero de elementos do conjunto }(A : B).
(b) Deduza o Teorema 2.3 a partir de (a), fazendo B = ¿.
2.3 Uni~
oes e interse»c~
oes
Na aritm¶etica, podemos somar, multiplicar, ou subtrair dois n¶ umeros quaisquer. Na teoria
dos conjuntos, h¶a tr^es opera»c~oes | uni~ao, interse»c~ao, e complementa»c~ao | respectiva-
mente an¶alogas µas opera»c~oes adi»c~ao, multiplica»c~ao, e subtra»c~ao de n¶umeros.
A[¿ =A
A\X =A
A[A=A
A\A=A
A[B =B[A
A\B =B\A
A [ (B [ C) = (A [ B) [ C
A \ (B \ C) = (A \ B) \ C
A \ (B [ C) = (A \ B) [ (A \ C)
A [ (B \ C) = (A [ B) \ (A [ C)
Demonstra»c~ao. Deixaremos as demonstra»c~oes das partes (a), (b) e (c) para o leitor,
como exerc¶³cios.
(d) De acordo com a De¯ni»c~ao 2.3,
x 2 A [ (B [ C) , x 2 A _ (x 2 B [ C)
e
x 2B[C ,x 2B_x 2C
Assim,
x 2 A [ (B [ C) , x 2 A _ (x 2 B _ x 2 C)
Pela Lei Associativa (para a disjun»c~ao), (x 2 A) _ (x 2 B _ x 2 C) ¶e equivalente a
(x 2 A _ x 2 B) _ (x 2 C). A u ¶ltima a¯rma»c~ao, pela De¯ni»c~ao 2.3, ¶e equivalente a
(x 2 A [ B) _ (x 2 C), e portanto x 2 (A [ B) [ C.
Assim, temos
x 2 A [ (B [ C) , x 2 (A [ B) [ C
Pela de¯ni»c~ao 2.1, A [ (B [ C) = (A [ B) [ C.
A demonstra»c~ao acima pode ser condensada em uma exposi»c~ao limpa de passos
l¶ogicos essenciais, com a justi¯cativa de cada passo escrita µa direita para f¶acil refer^encia:
34 O Conceito de Conjunto
x 2 A [ (B [ C) , (x 2 A) _ (x 2 B [ C) Def. de [
, (x 2 A) _ [(x 2 B) _ (x 2 C)] Def. de [
, [(x 2 A) _ (x 2 B)] _ (x 2 C) Assoc. para _
, (x 2 A [ B) _ (x 2 C) Def. de [
, x 2 (A [ B) [ C Def. de [
x 2 A \ (B [ C) , (x 2 A) ^ (x 2 B [ C) Def. de \
, (x 2 A) ^ [(x 2 B) _ (x 2 C)] Def. de [
, [(x 2 A) ^ (x 2 B)] _ [(x 2 A) ^ (x 2 C)]
Lei Dist. da l¶ogica (Cap. 1)
, (x 2 A \ B) _ (x 2 A \ C) Def. de \
, x 2 (A \ B) [ (A \ C) Def. de [
2.3.1 Exerc¶³cios
1. Demonstre que A ½ B , A [ B = B.
2. Demonstre que A ½ B , A \ B = A.
3. Demonstre as partes (a), (b), e (c) do Teorema 2.4.
4. Demonstre a segunda metade do Teorema 2.4(d).
5. Demonstre a segunda metade do Teorema 2.4(e).
6. Demonstre que
(a) A ½ C e B ½ C implica A [ B ½ C.
(b) A ½ B e A ½ C implica A ½ B \ C.
[Sugest~ao: Use o Teorema 1.5, do Cap¶³tulo 1, se desejar.]
7. Demonstre que (A \ B) [ C = A \ (B [ C) , C ½ A.
8. Demonstre que se A ½ B ent~ao }(A) ½ }(B).
9. Demonstre que A [ B = A \ B , A = B.
10. Demonstre que se A ½ B, ent~ao A [ C ½ B [ C e A \ C ½ B \ C, para qualquer
conjunto C.
11. Demonstre que se A ½ C e B ½ D ent~ao A [ B ½ C [ D.
O Conceito de Conjunto 35
2.4 Complementos
Existe, na teoria dos conjuntos, uma opera»c~ao conhecida como complementa»c~ao, que ¶e
similar µa opera»c~ao de subtra»c~ao na aritm¶etica.
x 2 A \ B 0 ´ (x 2 A) ^ (x 2 U ¡ B) Def. de \, Def. de 0
´ (x 2 A) ^ [(x 2 U ) ^ (x 6
2 B)] Def. 2.5
´ (x 2 A \ U) ^ (x 6
2 B)] Assoc. de ^, Def. de \
´ (x 2 A) ^ (x 6
2 B) A\U =A
, x 2 (A ¡ B) Def. 2.5
Demonstra»c~ao. As demonstra»c~oes das partes (a), (b), e (c) usam apenas de¯ni»co~es e
s~ao deixadas ao leitor, como exerc¶³cio. Daremos uma demonstra»c~ao da parte (d):
Demonstra»c~a de (a):
x 2 (A [ B)0 ´ » [x 2 A [ B] Def. de 0
´ » [(x 2 A) _ (x 2 B)] Def. de [
´ » (x 2 A) ^ » (x 2 B) De M. da l¶ogica
´ (x 2 A0 ) ^ (x 2 B 0 ) Def. de 0
´ x 2 (A0 \ B 0 ) Def. de \
4
Lembremo-nos que a nega»c~ao de x 2 B, » (x 2 B), ¶e denotada por x 6
2 B.
O Conceito de Conjunto 37
2.4.1 Exerc¶³cios
1. Sejam A e B conjuntos. Demonstre que A ¡ B = A ¡ (A \ B).
2. Demonstre as partes (a), (b), e (c) do Teorema 2.5.
3. Sejam A e B conjuntos. Demonstre que B ½ A0 se e somente se A \ B = ¿.
4. Sejam A e B conjuntos. Demonstre que (A ¡ B) [ B = A se e somente se B ½ A.
5. Demonstre o Teorema 2.6(b).
6. Sejam A, B, e C tr^es conjuntos quaisquer. Demonstre que
(a) (A ¡ C) [ (B ¡ C) = (A [ B) ¡ C,
(b) (A ¡ C) \ (B ¡ C) = (A \ B) ¡ C.
7. Sejam A e B dois conjuntos quaisquer. Demonstre que A e B ¡ A s~ao disjuntos, e
que A [ B = A [ (B ¡ A). (Isto mostra como representar a uni~ao A [ B como uma
uni~ao disjunta.)
8. Sejam A, B, e C tr^es conjuntos quaisquer. Demonstre que
(a) (A \ B \ C)0 = A0 [ B 0 [ C 0
(b) (A [ B [ C)0 = A0 \ B 0 \ C 0 .
Generalize estes resultados a proposi»co~es envolvendo n conjuntos
A1 ; A2 ; A3 ; : : : ; An :
(A ¡ B) [ (B ¡ A) = (A [ B) ¡ (A \ B):
38 O Conceito de Conjunto
Figura 1.
Figura 2.
Figura 3.
O Conceito de Conjunto 39
Figura 4.
Figura 5.
Figura 6.
2.5.1 Exerc¶³cios
1. Desenhe um diagrama de Venn para A ½ B.
2. Desenhe diagramas de Venn para A \ B 0 , A0 \ B e A0 \ B 0 .
3. Desenhe diagramas de Venn para A [ B 0 , A0 [ B e A0 [ B 0 .
Nos problemas de 4 a 10, desenhe diagramas de Venn e d^e argumentos heur¶³sticos
de que cada uma das a¯rma»c~oes ¶e plaus¶³vel.
4. A \ (B \ C) = (A \ B) \ C.
5. A [ (B [ C) = (A [ B) [ C.
6. A [ (B \ C) = (A [ B) \ (A [ C).
7. (A [ B)0 = A0 \ B 0 .
8. (A \ B)0 = A0 [ B 0 .
9. A \ (B ¡ A) = ¿ e A [ (B ¡ A) = A [ B.
10. (A [ B) ¡ (A \ B) = (A ¡ B) [ (B ¡ A).
Por exemplo, a fam¶³lia de conjuntos, f1; 2g; f2; 4g; f3; 6g; : : : ; fn; 2ng; : : : , pode
ser considerada como uma fam¶³lia indexada de conjuntos, indexada pelo conjunto N dos
n¶umeros naturais, sendo An = fn; 2ng para cada n 2 N. Esta fam¶³lia de conjuntos pode
ser denotada por ffn; 2ng j n 2 Ng.
Uma fam¶³lia arbitr¶aria de conjuntos pode parecer n~ao ser indexada, mas na maioria
dos casos podemos facilmente encontrar um conjunto ¡ que pode ser usado para indexar
a fam¶³lia de conjuntos dada.
Se a fam¶³lia F ¶e indexada pelo conjunto ¡, a seguinte nota»c~ao alternativa pode ser usada:
[
A° = fx 2 U j x 2 A° para algum ° 2 ¡g
°2¡
Solu»c~ao. Esta fam¶³lia de conjuntos pode ser considerada como indexada por ¡ =
f1; 2; 3; : : : ; ng, sendoSAi = fi; i + 1; : : : ; 2i ¡ 1g, para cada i 2 ¡. O problema
se reduz a encontrar ni=1 fi; i + 1; : : : ; 2i ¡ 1g. Observe que cada inteiro entre 1 e
2n ¡ 1 pertence a algum Ai na fam¶³lia, e nenhum outro elemento pertence a qualquer
desses Ai . Portanto,
[
n
fi; i + 1; : : : ; 2i ¡ 1g = f1; 2; 3; : : : ; 2n ¡ 1g
i=1
Teorema 2.7 Seja fA° j ° 2 ¡g uma fam¶³lia vazia de conjuntos; isto ¶e, ¡ = ¿. Ent~ao
S
(a) °2¿ A° = ¿.
T
(b) °2¿ A° = U .
S
Demonstra»c~ao. (a) Para mostrar
S °2 ¿ A° = ¿, mostramos equivalentemente que x 6
2
°2¿ °
A para todo x (em U ):
0 1
S S
x6
2 A° ´ » @x 2 A° A Nota»c~ao
°2 ¿ °2¿
´ » (x 2 A° para algum ° 2 ¿) Def. 2.6
2 A° para todo ° 2 ¿)
´ (x 6 N.Q. (Cap. 1)
´ (° 2 ¿ ! x 62 A° )
O Conceito de Conjunto 43
A u¶ltima a¯rma»c~ao ¶e, pelo Teorema 1.7 do Cap¶³tulo 1, verdadeira para todo x 2 U ,
pois ° 2 ¿ ¶e uma contradi»c~ao. Isto completa a demonstra»c~ao da parte (a).
T
(b) Demonstraremos que x 2 °2¿ A° , para todo x em U. Observe que
T
x2 A° ´ (x 2 A° ; 8° 2 ¿) Def. 2.7
°2¿
´ (° 2 ¿ ! x 2 A° )
A u¶ltima asser»c~ao ¶e, como explicamos na demonstra»c~ao da parte (a), uma a¯r-
ma»c~ao verdadeira para todo x 2 U . A demonstra»c~ao est¶a terminada.
Esta u¶ltima asser»c~ao pode ser expressa, pela De¯ni»c~ao 2.4, como
x 2 A \ B° para algum ° 2 ¡
S
o que, pela De¯ni»c~ao 2.6, ¶e precisamente x 2 °2¡ (A \ B° ). Assim, pela De¯ni»c~ao 2.1,
³S ´ S
A\ °2¡ ° =
B °2¡ (A \ B° ).
2.6.1 Exerc¶³cios
1. Sejam ¡ = f1; 2; 3; 4g, e A1 = fa; b; c; dg, A2 = fb; c; dg, A3 = fa; b; cg, A4 =
fa; bg. S
Encontre o seguinte.
(a) T4i=1 Ai .
(b) 4i=1 Ai .
2. Para dois n¶umeros reais quaisquer a e b, por intervalo fechado [a; b] entendemos o
conjuntoT fx 2 R j a · x · bg. Se a > b, [a; b] = ¿. Encontre os seguintes conjuntos.
(a) Sn2N [0; 1=n]
(b) n2N [0; 1=n]
T
(c) 99n=1 [0; 1=n] ³T ´0 S
3. Demonstre o Teorema 2.8(b): °2¡ A ° = °2¡ A0° .
³T ´ T
4. Demonstre o Teorema 2.9(b): A [ °2¡ B° = °2¡ (A [ B° ).
5. Expanda
(a) (A1 [ A2 ) \ (B1 [ B2 [ B3 ) em uma uni~ao de interse»c~oes, e
(b) (A1 \ A2 ) [ (B1 \ B2 \ B3 ) em uma interse»c~ao de uni~oes. [Sugest~ao: Use o
Teorema 2.9 v¶arias vezes.]
6. Expanda
S Sn
(a) (Tmi=1 Ai ) \ ( Tj=1 Bj ) em uma uni~
ao de interse»c~oes, e
m n
(b) ( i=1 Ai ) [ ( j=1 Bj ) em uma interse»c~ao de uni~oes. [Veja Problema 5.]
7. SejamSfA° j ° 2 ¡g S e fB± j ± 2 ¢g duas fam¶³lias de conjuntos. Expanda
(a) (T°2¡ A° ) \ ( T±2¢ B± ) em uma uni~ao de interse»co~es, e
(b) ( °2¡ A° ) [ ( ±2¢ B± ) em uma interse»c~ao de uni~oes. [Veja Problemas 5 e 6.]
primeira vez, n~ao perceberia o que h¶a de errado em considerar \o conjunto de todos os
conjuntos" ou o assim chamado \conjunto universal" no sentido absoluto. Na verdade,
por um per¶³odo de tempo (pelo menos de 1895, quando Georg Cantor pioneiramente
criou uma teoria dos conjuntos, at¶e 1902, quando o Paradoxo de Russel apareceu),
a exist^encia de um tal conjunto universal era considerada como certa. Foi o famoso
¯l¶osofo ingl^es Bertrand Russel (1872{1970)5 que chocou a comunidade matem¶atica em
1902, declarando que a admiss~ao de um conjunto de todos os conjuntos levaria a uma
contradi»c~ao. Este ¶e o famoso Paradoxo de Russel. Apresentaremos este paradoxo na
forma de dois lemas aparentemente contradit¶orios, dos quais um teorema ¶e conseqÄu^encia.
Demonstra»c~ao. Em vista dos Lemas 2.1 e 2.2, o conjunto de todos os conjuntos n~ao
pode existir. Pois, se existisse, levaria µa contradi»c~ao \R 6
2 R e R 2 R".
2.8 Um coment¶
ario hist¶
orico
A teoria moderna dos conjuntos ¶e geralmente considerada ter sido criada em 1859 pelo
matem¶atico famoso Georg Cantor8 (1845{1918), que notou a necessidade de uma tal
teoria quando estudava s¶eries trigonom¶etricas. Cantor escreveu: \Por um `conjunto'
entenderemos qualquer cole»c~ao dentro de um todo de objetos distintos de¯nidos, de
nossa intui»c~ao ou pensamento". Esta de¯ni»c~ao n~ao proibe ningu¶em de considerar o
\conjunto" de todos os conjuntos, como o fez Bertrand Russel. A di¯culdade real na
¶
de¯ni»c~ao de Cantor de um conjunto ¶e a palavra \cole»c~ao". O que ¶e uma cole»c~ao? E
claro que podemos procur¶a-la em um dicion¶ario e encontrar algo como estas de¯ni»c~oes:
\cole»c~ao: um grupo de objetos coletados."
\grupo: um agregado ou cole»c~ao."
\agregado: uma cole»c~ao."
Estas di¯cilmente nos ajudar~ao. Quando um matem¶atico d¶a uma de¯ni»c~ao, n~ao
¶e para que seja um mero sin^onimo, tal como o s~ao \cole»c~ao" e \conjunto", ou uma
de¯ni»c~ao circular como encontrar¶³amos em um dicion¶ario. Aparentemente, Cantor n~ao
estava consciente de que o termo \conjunto" era realmente inde¯n¶³vel.
Para evitar qualquer di¯culdade, tal como o Paradoxo de Russel na teoria dos
conjuntos, devemos aceitar os termos \conjunto" e \elemento" como termos inde¯nidos,
ou primitivos, e guiar estes conceitos primitivos por um n¶umero de axiomas, incluindo o
Axioma da Especi¯ca»c~ao e o Axioma do Conjunto das Partes, que foram apresentados
na se»c~ao 2.2. Outros axiomas, tais como \A = B" se e somente se A e B cont¶em os
mesmos elementos" (Axioma da Extens~ao), \¿ ¶e um conjunto" (Axioma do Conjunto
Vazio), \Se A e B s~ao conjuntos, ent~ao tamb¶em o ¶e fA; Bg" (Axioma do Emparelha-
mento), e \Se F ¶e um conjunto de conjuntos ent~ao F ¶e um conjunto" (Axioma das
Uni~oes) s~ao freqÄ
uentemente dados em tratamentos axiom¶aticos da teoria dos conjuntos.
O Paradoxo de Russel n~ao foi o u¶nico a aparecer na teoria dos conjuntos. Logo
depois do seu aparecimento, muitos paradoxos foram constru¶³dos por v¶arios matem¶aticos
e l¶ogicos. Como uma conseqÄu^encia de todos esses paradoxos, muitos matem¶aticos e
l¶ogicos contribu¶³ram a v¶arias formula»c~oes da \teoria axiom¶atica dos conjuntos", cada
uma projetada de modo a evitar esses paradoxos e, ao mesmo tempo, a preservar o
corpo principal da teoria dos conjuntos de Cantor. Entretanto, at¶e o momento da escrita
destas notas9 , ningu¶em apareceu com um sistema axiom¶atico completamente satisfat¶orio
para a teoria dos conjuntos.
Apesar das di¯culdades supracitadas, a teoria dos conjuntos de Cantor j¶a penetrou
em todos os ramos da matem¶atica moderna, e provou ser de import^ancia particular
nos fundamentos da an¶alise moderna e da topologia. Na verdade, mesmo os mais
8
Georg Cantor nasceu em S~ao Petersburgo, R¶ ussia, em 1845, mudou-se para a Alemanha em 1856,
estudou matem¶atica na Universidade de Berlim (1863{1869), e ensinou na Universidade de Halle (1969{
1905). Um dos interesses de Cantor eram as s¶eries trigonom¶etricas, que o levaram a investigar os
fundamentos da an¶alise. Como resultado, ele criou o trabalho revolucion¶ario sobre a teoria dos conjuntos
e uma aritm¶etica dos n¶
umeros trans¯nitos.
9
1974
O Conceito de Conjunto 47
simples e bem constru¶³dos sistemas axiom¶aticos da teoria dos conjuntos s~ao inteiramente
adequados para a constru»c~ao de virtualmente toda a matem¶atica cl¶assica (e.g., a teoria
dos n¶umeros reais e complexos, ¶algebra, topologia, etc.).
48 Relac
»o~ es e Func
»o~ es