Provas 702bio
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Provas 702bio
ª Fase 16 Páginas
Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos.
2009
GRUPO II
Vários são os insetos produtores de fio de seda, mas apenas sete espécies são criadas para fins
comerciais. O bicho-da-seda da amoreira, Bombix mori, contribui com 95% da produção mundial
de seda, enquanto outros, como Antheraea yamamai, Antheraea pernyi, Antheraea mylitta,
Antheraea assama, Atlacus ricini e Philosamia cynthia, contribuem com os restantes 5%. O
bicho-da-seda, na fase de lagarta, fia a seda ao redor do seu corpo e, depois de 3 dias de fiação,
o casulo fica completo. A lagarta converte-se em pupa, no interior do casulo, e ao fim de,
aproximadamente, 10 a 12 dias, transforma-se em borboleta (fase adulta), rompendo o casulo e
quebrando o longo fio de seda em muitos fios curtos.
O fio de seda de B. mori é produzido em glândulas com células especializadas na sua síntese.
O fio é constituído principalmente por três componentes proteicos: a fibroína, a sericina e a P25.
A fibroína é o principal componente do fio de seda, e a sericina é uma proteína que possui
propriedades adesivas, fundamental para manter as fibras de fibroína unidas. A P25 é uma
glicoproteína que tem um papel importante na manutenção da integridade do fio de seda.
A glândula sericígena, estrutura onde é produzida o fio de seda, ilustrada na Figura 2, é dividida
morfologicamente em três partes: posterior, mediana e anterior. Na região posterior, as células
sintetizam as moléculas de fibroína e de proteína P25, que formam o fio insolúvel e, na região
mediana, segregam a sericina. Estas moléculas são lançadas no lúmen da glândula, deslocando-
se para a região anterior, onde ocorre a estruturação do fio de seda, pronto para a formação do
casulo.
2. As proteínas que constituem o fio de seda são sintetizadas nas células secretoras, enquanto
o fio é estruturado no lúmen da glândula.
Relacione o processo de transporte destas proteínas para o lúmen com as suas características
estruturais.
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4. Selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.
Os insetos, apesar de serem ectotérmicos, podem ser animais muito ativos, porque...
(A) possuem um exosqueleto quitinoso.
(B) dependem das variações da temperatura do meio.
(C) têm uma superfície respiratória muito eficaz.
(D) apresentam um sistema circulatório aberto.
GRUPO IV
Ginkgo biloba é uma espécie arbórea, cujos ancestrais surgiram no final da Era Primária. Esta
espécie chegou à atualidade, porque encontrou refúgio em vales profundos, quentes e húmidos,
no Sudoeste da China, permanecendo inalterada desde há milénios.
Árvore de grande porte, de 25 a 40 metros de altura, alberga no interior das suas células uma
alga verde unicelular, que participa no seu metabolismo. Esta associação rara é uma
endossimbiose.
Quando Jocelyne T. Guiller procedia a estudos citológicos em G. biloba, observou que as suas
células em cultura, desprovidas de parede, entravam em necrose em poucas semanas. Em
paralelo, surgiam, neste meio, amontoados de formações esféricas de um verde brilhante.
Constatou, posteriormente, tratar-se de uma alga unicelular do género Coccomyxa.
Posta a possibilidade de ter ocorrido contaminação externa do meio de cultura, a observação de
intensa proliferação da alga, no interior de células de G. biloba em necrose, veio confirmar a
origem endógena desta alga.
Observações feitas posteriormente permitiram detetar a existência de Coccomyxa, num estado
celular transitório imaturo, em células não necrosadas de diferentes tecidos de G. biloba. Estas
formas precursoras da alga não apresentam quaisquer organitos visíveis num citoplasma
homogéneo. Supõe-se que a existência de formas imaturas da alga em células vivas de G. biloba
se deve à repressão exercida pelo genoma da árvore sobre o genoma do intruso tolerado. Este
passa a poder manifestar-se quando as células daquela entram em necrose, possibilitando,
então, a proliferação da alga.
Esta relação simbiótica, que se revela estável, poderá ter começado no momento em que uma
alga do género Coccomyxa, ocasionalmente alojada perto do gâmeta feminino, terá sido
conduzida até ele com os gâmetas masculinos. Incluída no ovo, a alga terá resistido à digestão
intracelular, ajustando o seu processo de divisão no interior do hospedeiro.
Estudos genéticos de amostras de Coccomyxa recolhidas em G. biloba, em diferentes locais do
globo, demonstraram semelhanças genéticas entre estas algas. Estas semelhanças sugerem
que este tipo de simbiose intracelular foi e continua a ser transmitida de geração em geração.
Adaptado de T. Guiller, J., Pour la Science, Fevereiro 2008
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1. Selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.
A relação existente entre Coccomyxa e Ginkgo biloba é uma endossimbiose, porque...
(A) a alga e a planta apenas sobrevivem se permanecerem juntas.
(B) as algas do género Coccomyxa provêm de um ancestral comum.
(C) as algas vivem no interior das células da árvore, com benefício para ambas.
(D) a alga simbionte com Ginkgo biloba desenvolve-se em células necróticas.
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O camelo também só começa a transpirar quando a temperatura corporal atinge os 40 oC. O
calor armazenado durante o dia e perdido a noite, quando o ar esta mais frio, não havendo perda
de agua por evaporação. Apesar dessas adaptações, se passar uma semana sem comer nem
beber perde ate 25% do seu peso, condição que seria letal para a maioria dos animais. Apos um
período sem acesso a agua, a manutenção do volume sanguíneo, a custa do fluido intersticial,
não compromete a circulação. Os eritrócitos são pequenos e ovais, podendo, em condições
ainda mais extremas, continuar a circular se ocorrer um aumento de viscosidade do sangue.
Em contrapartida, quando tem agua disponível, pode ingerir uma grande quantidade sem dai
resultarem problemas osmóticos. Isto só e possível, porque a agua e absorvida lentamente ao
nível do estomago e do intestino, dando tempo a que se estabeleça o equilíbrio do meio interno.
Alem disso, os eritrócitos podem aumentar ate 240% o seu volume, enquanto, na maioria das
espécies, a lise dos eritrócitos ocorre com um aumento de 150% do seu volume.
Para melhor compreender os mecanismos envolvidos na adaptação ao deserto, uma equipa de
cientistas desenvolveu uma investigação em Camelus dromedarius, durante a qual foram
comparadas as taxas de perda de agua por transpiração, em animais tosquiados e em animais
não tosquiados. Os resultados obtidos encontram-se no gráfico da Figura 1.
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(A) impede ... plasmólise
(B) permite ... turgescência
(C) permite ... plasmólise
(D) impede ... turgescência
7. No seculo XIX, o camelo foi introduzido pelo homem na Austrália, onde atualmente se
encontra uma população selvagem, descendente de indivíduos que escaparam aos seus
proprietários. Esta população cresceu descontroladamente, porque não existem predadores
locais. Em 2005, no deserto no Sul da Austrália, foram abatidos cerca de 3000 camelos
selvagens, porque estavam a afetar os escassos recursos destinados ao gado bovino e ao
gado ovino.
Relacione a necessidade de abate de camelos com as alterações verificadas na dinâmica do
ecossistema natural, apos a introdução deste animal no deserto australiano.
GRUPO IV
O pinheiro bravo (Pinus pinaster) esta sujeito a uma doença designada por doença da
murchidão do pinheiro. As arvores afetadas apresentam, ao fim de algumas semanas, uma
diminuição no fluxo de resina, amarelecimento e emurchecimento progressivos das folhas,
começando pelas mais jovens. A murchidão do pinheiro e causada pelo Nematode da Madeira
do Pinheiro (NMP), Bursaphelenchus xylophilus, um pequeno animal que mede menos de 1,5
mm de comprimento e infecta as arvores através de um inseto vetor, o Monochamus
galloprovincialis.
O pinheiro e infetado através do inseto vetor quando este se alimenta. Uma vez no interior da
planta, ocorre uma rápida proliferação do Bursaphelenchus xylophilus, que se alimenta
inicialmente dos tecidos dos canais resiníferos. Posteriormente, o NMP invade os canais
resiníferos associados ao xilema e outros tecidos corticais, provocando a destruição das
paredes celulares e, simultaneamente, a formação de bolhas de ar nos vasos xilemicos,
provocando a sua morte.
Em arvores mortas ou em restos de madeira infetada, o inseto vetor coloca os seus ovos, que
virão a transformar-se em pupas. Estas são invadidas por agregados de larvas de NMP, que se
alojam no sistema respiratório do inseto vetor. Este, ao alimentar-se, alastra a infeção pela
população de pinheiros.
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1. Selecione a única alternativa que contem os termos que preenchem, sequencialmente, os
espaços seguintes, de modo a obter uma afirmação correta.
O emurchecimento dos pinheiros infetados pelo NMP resulta da diminuição da pressão
_______, ao nível das folhas, por interrupção da circulação da seiva _______.
(A) de turgescência … bruta
(B) osmótica … bruta
(C) de turgescência … elaborada
(D) osmótica … elaborada
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6. Selecione a única alternativa que permite obter uma afirmação correta.
No combate a doença da murchidão do pinheiro, o extermínio do inseto vetor seria uma
estratégia de sucesso, uma vez que...
(A) o NMP não poderia completar o seu ciclo de vida.
(B) o ciclo de proliferação do NMP seria interrompido.
(C) a população do NMP de cada pinheiro ficaria isolada.
(D) a dispersão do NMP tenderia a aumentar.
Numa segunda fase da investigação, o meio de cultura mínimo foi colocado em vinte e dois tubos
de ensaio. No tubo 1, mantiveram unicamente o meio de cultura mínimo. No tubo 2, adicionaram
ao meio de cultura mínimo vinte aminoácidos diferentes. A cada um dos outros tubos, de 3 a 22,
adicionaram um dos vinte aminoácidos presentes no tubo 2. Ao tubo 6 foi adicionada a lisina e
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ao tubo 12 foi adicionada a arginina. Após a montagem dos tubos de ensaio, foram dispersos
esporos da estirpe mutante pela superfície de todos os meios de cultura. Os resultados
encontram-se expressos na Figura 3.
Figura 3 – Resultados obtidos após a inoculação de esporos da estirpe mutante em vinte e dois
meios de cultura diferentes.
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Dettman, Harbinski e
Taylor, 2001 (adaptado)
Figura 4 – Filogenia de
alguns grupos taxonómicos
do género Neurospora.
6. A indústria alimentar tem cada vez mais dificuldade em prevenir e erradicar a contaminação
fúngica. Esta dificuldade tem levado progressivamente ao uso de fungicidas. No entanto, após
anos de uso de fungicidas, constatou-se o aparecimento de fungos resistentes.
Selecione a única opção que permite obter uma afirmação correta.
Numa perspetiva darwinista, a alteração da resistência aos fungicidas poderia ser explicada
como resultante…
(A) da existência, nos fungos, de genes selecionados pela aplicação continuada de fungicidas.
(B) do surgimento de fungos mutantes resistentes, após a aplicação continuada de fungicidas.
(C) da necessidade de adaptação individual dos fungos, em resposta à aplicação continuada
de fungicidas.
(D) da sobrevivência diferencial dos fungos mais resistentes à aplicação continuada de
fungicidas.
7. Alguns fungos habitam na interface das raízes das plantas com o solo e, ao introduzirem-se
nas células das raízes sem causar danos, desencadeiam uma associação simbiótica permanente
com a planta, denominada micorriza.
Explique em que medida as micorrizas contribuem para a prática de uma agricultura sustentável.
GRUPO IV
As Feófitas são algas castanhas macroscópicas, que apresentam dimensões muito variadas,
podendo atingir cerca de cem metros de comprimento. Sendo um grupo maioritariamente
marinho, com cerca de 1500 espécies, encontra-se geralmente próximo da superfície do mar. O
talo das Feófitas diferencia-se em três partes: o disco de fixação, que lhes permite fixarem-se a
um substrato, o estipe, cilíndrico e alongado, e a lâmina, que encima o estipe. Possuem como
pigmentos fotossintéticos as clorofilas a e c, associadas a carotenóides, que lhes conferem a cor
castanha. A parede celular contém fundamentalmente celulose, apresentando outras
substâncias como a algina, utilizada no fabrico de doces, gelados e na indústria farmacêutica,
tendo a laminarina como substância de reserva.
A maior das algas castanhas, Macrocystis, também denominada «sequóia dos mares», pode
ultrapassar cem metros de comprimento. O crescimento de Macrocystis é assegurado pela
atividade de uma região merismática, localizada na junção do estipe com a lâmina. Esta alga não
necessita de um mecanismo para o transporte interno de água. Contudo, precisa de conduzir
glícidos das zonas superiores do talo, mais bem iluminadas, para as zonas mais profundas.
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O estipe possui cordões de células alongadas, que se assemelham ao floema, por apresentarem
placas crivosas.
No ciclo de vida de outra Feófita, a Laminaria, representado na Figura 6, as fases haplóide e
diplóide são perfeitamente distintas. A alga é o esporófito e, na sua superfície, desenvolvem-se
esporângios, produtores de esporos. Estes originam gametófitos filamentosos e microscópicos,
que produzem gâmetas, oosferas e anterozóides. Após a sua união, os zigotos desenvolvem-se
em novas algas de Laminaria.
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As células do esporófito, no ciclo de vida de Laminaria, são geneticamente idênticas ao
_______ e as células dos gametófitos _______ pares de cromossomas homólogos.
(A) esporo … apresentam
(B) zigoto … apresentam
(C) esporo … não apresentam
(D) zigoto … não apresentam
8. Faça corresponder a cada uma das funções celulares, expressas na coluna A, o respetivo
constituinte da ultra-estrutura celular, referido na coluna B.
Escreva, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes.
Utilize cada letra e cada número apenas uma vez.
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casca resistente e espessa, podendo permanecer em repouso por longos períodos de tempo e
sobreviver à dessecação e ao congelamento. Ao eclodirem, esses ovos originam fêmeas.
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(A) a variabilidade e a recombinação génica.
(B) as mutações e a recombinação génica.
(C) a variabilidade e a seleção natural.
(D) as mutações e a seleção natural.
7. Os fatores que determinam a eclosão dos ovos de dormência têm sido objeto de vários
trabalhos de investigação. Num trabalho experimental, produziram-se, em laboratório, ovos de
dormência de uma população de um rotífero de água doce, Brachionus calyciflorus. Numa
primeira experiência, os ovos foram mantidos em meios com diferentes concentrações dos
principais sais existentes no ambiente aquático. Posteriormente, foi avaliada a taxa de eclosão
dos ovos, como consta do gráfico da Figura 4.
Na segunda experiência, realizada em câmaras de germinação, os ovos foram mantidos a
diferentes temperaturas durante cinco dias, sendo nula a taxa de eclosão no primeiro dia. Os
resultados obtidos estão representados no gráfico da Figura 5.
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Explique em que medida os resultados do trabalho experimental descrito podem ser
conclusivos em relação aos efeitos da salinidade e da temperatura na taxa de eclosão dos
ovos de dormência da população de Brachionus calyciflorus.
GRUPO IV
Herbert Taylor, em 1957, a fim de compreender a evolução dos cromossomas durante um ciclo
celular, cultivou raízes de uma planta vascular, Bellevalia romana, em dois meios de cultura
inorgânicos, meios de cultura 1 e 2, aos quais adicionou colchicina numa baixa concentração,
bloqueando desta forma a migração dos cromatídeos para polos opostos. As raízes foram
inicialmente cultivadas no meio de cultura 1, ao qual se acrescentaram nucleótidos de timina
marcados radioactivamente com trítio (H3 ). Após algum tempo de permanência no meio de
cultura 1, dois grupos de raízes foram transferidos para o meio de cultura 2, tal como se
representa na Figura 8, permanecendo neste meio por diferentes períodos de tempo. A Figura 9
representa, esquematicamente, os cromossomas de células das raízes de Bellevalia romana
mantidas no meio de cultura 2 durante tempos diferentes, tempo A e tempo B,
nos quais os grãos escuros revelam a presença de radioatividade.
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1. Selecione a única opção que apresenta a distribuição dos nucleótidos radioativos e não
radioativos em duas moléculas de DNA, provenientes da replicação de uma molécula de DNA
sem elementos radioativos, após incubação num meio com timina radioativa, representada por
T.
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2. Selecione a única opção que permite obter uma afirmação correta.
Por ter atingido a máxima espiralização dos seus cromossomas, uma célula do meio de cultura
2, no tempo A, permite identificar a...
(A) metafase, possuindo cada cromatídeo uma cadeia polinucleotídica radioativa.
(B) anafase, possuindo cada cromossoma uma cadeia polinucleotídica radioativa.
(C) metafase, possuindo cada cromatídeo duas cadeias polinucleotídicas radioativas.
(D) anafase, possuindo cada cromossoma duas cadeias polinucleotídicas radioativas.
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Utilize cada letra e cada número apenas uma vez.
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Prova 702/Época Especial 13 Páginas
Na resposta a cada um dos itens de 1 a 5, selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
1. O fluxo de iões entre o interior e o exterior da célula, através da membrana celular, é regulado
por proteínas
(A) intrínsecas, que atravessam a membrana plasmática.
(B) extrínsecas, que se encontram na face externa da membrana plasmática.
(C) intrínsecas, que se encontram na face interna da membrana plasmática.
(D) extrínsecas, que atravessam a membrana plasmática.
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(D) mediado e ativo.
7. Explicite, com base nos dados fornecidos, as três vantagens da utilização da optogenética em
relação à técnica de estimulação de neurónios através de elétrodos.
GRUPO IV
Germinação de Esporos e Desenvolvimento da Fase Gametófita em Fetos
Num ecossistema, a ocorrência e a distribuição dos esporófitos (entidades multicelulares
produtoras de esporos) das plantas da classe Polypodiopsida dependem do estabelecimento e
do desenvolvimento dos seus gametófitos (entidades multicelulares produtoras de gâmetas).
Para melhor compreender a biologia destes fetos, é necessário o conhecimento de todos
os estágios do seu ciclo biológico haplodiplonte, bem como do seu comportamento em função
de diversos fatores ambientais.
Foi realizado um estudo sobre a germinação de esporos sob diferentes condições de
irradiância e sobre o desenvolvimento dos gametófitos de duas espécies de fetos arborescentes
– Alsophila setosa e Cyathea atrovirens. Isolaram-se esporófitos férteis, que foram
acondicionados em sacos de papel, à temperatura ambiente, durante 48 horas, para recolha dos
esporos libertados. Amostras de 20 mg de esporos foram colocadas em 20 mL de um meio de
cultura padrão, numa câmara para germinação e cultura, em cinco prateleiras sujeitas a
diferentes intensidades de fluxo de fotões (μmol m–2 s–1). Para cada tratamento, foram
realizadas cinco repetições, com fotoperíodo de 12 h luz e temperatura de 24± 1 ºC.
O acompanhamento das culturas foi feito desde a inoculação dos esporos até à formação
do gametófito. Foram efetuados registos da germinação nos 6.º, 9.º e 12.º dias.
A capacidade de germinação dos esporos no escuro também foi verificada, tendo os
resultados sido negativos.
Registaram-se diferenças na capacidade de germinação dos esporos e no
desenvolvimento dos gametófitos, em cada prateleira. Em Alsophila setosa, aos 15 dias de
cultivo, 64% dos gametófitos, em média, apresentavam-se numa fase com emergência de
rizóides e de células fotossintéticas, enquanto em Cyathea atrovirens apenas 58% dos
gametófitos se apresentavam nessa fase.
Os dados referentes à germinação dos esporos de ambas as espécies foram
transformados em percentagens e estão registados nos gráficos seguintes.
Alsophila setosa
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Cyathea atrovirens
Na resposta a cada um dos itens de 1 a 6, selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
1. Em Alsophila setosa, a intensidade luminosa para a qual se verifica uma diferença maior na
percentagem de germinação do 6.º para o 12.º dia é
(A) 150 μmol m–2 s–1.
(B) 100 μmol m–2 s–1.
(C) 125 μmol m–2 s–1.
(D) 60 μmol m–2 s–1.
4. Uma das condições que contribuíram para a fiabilidade dos resultados foi o facto de
(A) os esporos mantidos na escuridão não terem germinado.
(B) terem sido registadas diferenças na percentagem de germinação dos esporos das duas
espécies.
(C) os esporos terem sido mantidos em condições semelhantes ao longo dos dias.
(D) terem sido realizadas repetições da catividade experimental.
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(A) haplóide e da fecundação cruzada.
(B) diplóide e da fecundação cruzada.
(C) haplóide e da autofecundação.
(D) diplóide e da autofecundação.
8. Explique, com base nos resultados experimentais relativos à germinação dos esporos e ao
desenvolvimento inicial dos gametófitos, em que medida se pode concluir que Cyathea atrovirens
apresenta vantagem competitiva na ocupação de novos nichos ecológicos.
Prova 702/2.ª Fase 16 Páginas
Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos.
2011
GRUPO II
Recifes de Coral e «Branqueamento»
Os recifes de coral, em todo o mundo, têm vindo a constituir-se como laboratórios
naturais no estudo da dinâmica dos ecossistemas quando sujeitos a alterações.
Uma associação extremamente importante para os recifes é a simbiose que ocorre entre
as espécies de corais e as algas unicelulares conhecidas como zooxantelas, o que acontece em
condições ambientais estáveis. Estas algas vivem no interior dos tecidos dos corais construtores
dos recifes, libertando para os corais compostos orgânicos nutritivos e oxigénio (O2). Também
estão envolvidas na secreção do cálcio que os corais captam ativamente da água, contribuindo
para a calcificação dos exoesqueletos carbonatados das espécies de corais construtoras de
recifes. Por sua vez, as zooxantelas sobrevivem e crescem utilizando os produtos formados no
metabolismo do coral, como dióxido de carbono (CO2), compostos azotados e fósforo.
Nos últimos trinta anos, tem-se verificado um branqueamento dos corais, resultante da
redução acentuada de zooxantelas ou da redução da concentração dos pigmentos
fotossintéticos nos cloroplastos das mesmas, ficando exposta a coloração branca dos
exoesqueletos carbonatados
dos corais. Várias hipóteses, todas baseadas no aumento da temperatura da água do mar, têm
sido avançadas para explicar o processo celular de branqueamento. Temperaturas elevadas da
água do mar parecem afetar os processos celulares que conferem às zooxantelas proteção
contra a toxicidade do oxigénio. Por outro lado, a fotossíntese aumenta a temperaturas da água
superiores a 30 ºC.
Em 2000 e em 2002, os recifes das ilhas Fiji suportaram fortes aumentos da temperatura
da água, o que provocou um branqueamento generalizado, embora tenham sido encontradas
diferenças de local para local. Verificou-se que algumas espécies de corais são mais resistentes
do que outras, já que suportam, sem sofrer branqueamento, temperaturas elevadas da água do
mar durante mais tempo. Como consequência do branqueamento, os corais tornam-se
quebradiços e acabam por morrer, o que conduz à desestruturação dos recifes.
1. As zooxantelas pertencem, segundo a classificação de Whittaker modificada, ao Reino
(A) Plantae.
(B) Fungi.
(C) Monera.
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(D) Protista.
8. Nos recifes de corais, a maior parte do CO2 disponível na água encontra-se sob a forma de
iões bicarbonato (HCO3–).
Ordene as letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência cronológica dos acontecimentos
responsáveis pela formação do exoesqueleto dos corais construtores de recifes.
Escreva, na folha de respostas, apenas a sequência de letras.
A. Os corais que possuem algas simbiontes captam ativamente iões cálcio (Ca2+) da água.
B. Forma-se o hidrogenocarbonato de cálcio (Ca (HCO3)2).
C. O carbonato de cálcio (CaCO3) é incorporado no exoesqueleto dos corais.
D. Os iões cálcio (Ca2+) reagem com os iões bicarbonato (HCO3–).
E. Precipita-se o carbonato de cálcio (CaCO3) e forma-se ácido carbónico (H2CO3).
9. Explique, segundo a perspetiva neodarwinista, o desenvolvimento de corais resistentes aos
fenómenos de branqueamento, a partir de uma população ancestral.
GRUPO IV
Guppies do Rio Aripo
Durante muitos anos, David Reznick e John Endler, cientistas da Universidade da
Califórnia, estudaram as diferenças entre duas populações de peixes guppies, Poecilia reticulata,
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que vivem no rio Aripo, em Trindade e Tobago, em dois pequenos lagos separados um do outro
por uma cascata que impede a migração dos peixes.
As diferenças encontradas entre as duas populações são essencialmente a idade média
e o tamanho com que os peixes atingem a maturidade sexual e iniciam a reprodução.
Os principais predadores destes peixes são o killifish (predador K), que consome
predominantemente guppies de tamanho pequeno e juvenis, e o pike-cichlid (predador P), que
consome principalmente guppies de tamanho grande e adultos.
Os guppies que vivem em lagos onde existem predadores P tendem a ser mais
pequenos, a atingir o estado adulto mais cedo e a produzir mais ovos de cada vez, ou seja, a
reproduzirem-se de modo a que não atinjam o tamanho com que são preferencialmente
consumidos, uma vez que os machos param de crescer quando atingem a maturidade sexual.
Contrariamente, os guppies que vivem em lagos onde existem predadores K têm tendência para
atingir rapidamente um tamanho que ultrapasse o que é preferido pelos predadores.
Os cientistas colocaram duas hipóteses para explicar as diferenças entre as duas
populações de guppies:
Hipótese 1: As variações existentes entre as duas populações são devidas a diferenças
no ambiente físico.
Hipótese 2: As variações existentes entre as duas populações são devidas à existência
de predadores com preferências alimentares diferentes. Para testarem as suas hipóteses, os
cientistas efetuaram duas experiências, que se encontram registadas nos quadros seguintes:
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Na resposta a cada um dos itens de 1 a 6, selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2. Na experiência 2, nas populações transferidas para locais com predadores K, os guppies com
maior vantagem evolutiva são os que apresentam
(A) maturação sexual mais tardia.
(B) menor peso na maturidade sexual.
(C) maior produção de ovos.
(D) fêmeas de menor tamanho.
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Prova 702/1.ª Fase 15 Páginas
2011
GRUPO II
Processamento Alternativo
O património genético de todas as células vivas está inscrito no seu DNA.
Nos seres eucariontes, o RNA sintetizado sofre um processamento ou maturação antes
de abandonar o núcleo. Durante este processo, diversas secções do RNA, inicialmente
transcritas, são removidas. Estas porções são chamadas intrões. As porções não removidas –
exões – ligam-se entre si, formando um mRNA maduro, que será traduzido numa proteína.
Todavia, entre o DNA e as proteínas esconde-se um outro código, o que explica que,
apesar de o DNA humano não conter mais do que uma vintena de milhares de genes, as nossas
células retirem dele informação para fabricar centenas de milhares de proteínas diferentes.
Na Figura 3, está representado um processamento alternativo em que são produzidas
duas moléculas diferentes de mRNA a partir do mesmo gene. Este processamento obedece a
regras de um código bem preciso, que era até há pouco tempo inimaginável.
A partir de uma mesma sequência de DNA, a célula pode produzir não um, mas mais de
uma dezena de mRNA diferentes. Em cada tecido, a célula reconhece, na sequência de um
primeiro intrão, a informação que nesse momento conduz à conservação ou à supressão do exão
seguinte. Eis aqui uma nova forma de controlar o código da vida, que permite à célula saber
como processar o RNA pré-mensageiro de acordo com o seu papel no organismo. É graças a
este processo que as células se distinguem umas das outras e ajustam os seus comportamentos
às circunstâncias. Na Figura 4, está representada a produção de diferentes moléculas de mRNA
a partir do mesmo
gene, em diferentes tecidos. Assim, a partir de um único gene, o organismo é capaz de conceber
diferentes proteínas cuja funcionalidade é específica.
Baseado em Science & Vie, Outubro de 2010
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Na resposta a cada um dos itens de 1 a 7, selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
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4. Numa célula eucariótica, a sequência dos acontecimentos que conduzem à síntese de uma
proteína é
(A) transcrição – processamento – ligação do mRNA aos ribossomas.
(B) processamento – ligação do mRNA aos ribossomas – transcrição.
(C) transcrição – ligação do mRNA aos ribossomas – processamento.
(D) processamento – transcrição – ligação do mRNA aos ribossomas.
5. Dada a sequência de nucleótidos 5’ AATGCCTTG 3´, pertencente a uma das cadeias de DNA,
a sequência de nucleótidos da cadeia complementar é
(A) 5’ TTACGGAAC 3´.
(B) 3’ TTACGGAAC 5´.
(C) 5’ UUACGGAAC 3´.
(D) 3’ UUACGGAAC 5´.
6. O percurso sequencial das proteínas, desde que são sintetizadas até à sua secreção pela
célula, é
(A) complexo de Golgi – vesículas de exocitose – retículo endoplasmático rugoso.
(B) retículo endoplasmático rugoso – vesículas de exocitose – complexo de Golgi.
(C) complexo de Golgi – retículo endoplasmático rugoso – vesículas de exocitose.
(D) retículo endoplasmático rugoso – complexo de Golgi – vesículas de exocitose.
GRUPO IV
Produção Industrial de Citrato
O citrato ou ácido cítrico é usado pela indústria farmacêutica e pela indústria de alimentos
e de bebidas. Desta forma, há um crescente interesse pela procura de soluções para a sua
produção em larga escala, a partir de microrganismos.
Para que a extração de citrato seja comercialmente viável, foram estudadas as condições
ideais de vários fatores que devem ser levados em consideração neste processo, como, por
exemplo, os constituintes do meio de cultura, o pH, a temperatura e o microrganismo utilizado.
Foi também tido em consideração o facto de, em condições favoráveis, o fungo utilizado se
reproduzir, predominantemente, por esporulação.
O citrato é um composto intermédio do ciclo de Krebs, sintetizado na mitocôndria.
Quando a produção de energia nas células é elevada, o fungo Aspergillus niger é capaz de
acumular o citrato, possibilitando a sua extração.
Com o objetivo de otimizar a produção de citrato em Aspergillus niger, foi estudada a influência
da fonte de carbono nessa produção, nomeadamente, o tipo e a concentração dos glícidos. Para
o efeito foi realizado o seguinte estudo experimental:
Adicionaram-se ao meio de cultura (polpa de citrinos seca – PC) glícidos comerciais
como fonte de carbono: glucose (60, 120 e 240 g/L) e sacarose (54, 108 e 216 g/L). A mobilização
dos substratos pelo Aspergillus niger decorreu durante 4 dias a 30 ºC, pH 5,5 e humidade inicial
de 65%, com adição de solução salina e de metanol a 4%.
O fungo possui a capacidade de hidrolisar a sacarose em moléculas de glucose e de
frutose, por ação da enzima invertase extracelular (sacarase).
A Tabela 1 traduz a variação da produção de citrato pelo Aspergillus niger, em meio de cultura,
com adição de diferentes fontes de carbono comerciais.
53
TABELA 1
Na resposta a cada um dos itens de 1 a 6, selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
1. O citrato é produzido pelo fungo Aspergillus niger, através de uma via de reações
(A) anabólicas, que ocorrem, sequencialmente, no citoplasma e na mitocôndria.
(B) catabólicas, que ocorrem, sequencialmente, no citoplasma e na mitocôndria.
(C) anabólicas, que ocorrem, sequencialmente, nos ribossomas e na mitocôndria.
(D) catabólicas, que ocorrem, sequencialmente, nos ribossomas e na mitocôndria.
54
(D) é diretamente proporcional ao aumento de concentração de glucose.
55
TABELA 1
Mb Megabases
Pb Pares de bases
++ Fortemente patogénicas
+ Moderadamente patogénicas
– Raramente patogénicas
Na resposta a cada um dos itens de 1. a 6., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
56
(A) maior valor AT/GC e possuem pares de cromossomas homólogos.
(B) menor valor AT/GC e possuem pares de cromossomas homólogos.
(C) maior valor AT/GC e não possuem pares de cromossomas homólogos.
(D) menor valor AT/GC e não possuem pares de cromossomas homólogos.
7. Faça corresponder cada estrutura celular referida na coluna A à(s) respetiva(s) função(ões)
associada(s) à obtenção de energia dos nutrientes pelos fungos, que consta(m) da coluna B.
Escreva, na folha de respostas, apenas as letras e os números correspondentes.
Utilize cada letra e cada número apenas uma vez.
8.
Explique por que razão se pode admitir que, perante uma mudança ambiental, Candida albicans
apresente vantagem competitiva sobre Candida lusitaniae.
GRUPO IV
Efeito do stress hídrico nas trocas gasosas em Tabebuia aurea
A água é o maior fator limitante no desenvolvimento das plantas. O stress produzido pelo
défice hídrico estimula a produção de ácido abcísico (ABA), que faz os iões potássio saírem das
células guarda, influenciando a taxa de transpiração. Contudo, como a abertura estomática é
uma característica que é adaptável às condições ambientais, cada espécie tem um
comportamento diferente quando sujeita a défice hídrico.
Para avaliar os efeitos do défice hídrico nas trocas de CO2 e de H2O, utilizaram-se, cinco
meses após a sua germinação, plantas de Tabebuia aurea.
Dois grupos de seis plantas foram colocados em estufa com as seguintes condições:
temperatura média de 20 ºC, humidade relativa (atmosférica) de 60 ± 10% e uma intensidade de
luz de 65% da intensidade média da luz diurna.
Após a aclimatação, os dois grupos de plantas foram sujeitos, durante 21 dias, às
seguintes condições hídricas:
• Grupo A – manteve-se a irrigação diária.
• Grupo B – suspendeu-se a irrigação durante os primeiros 14 dias;
– a partir do 14.º dia reiniciou-se a irrigação diária.
Foram medidas as trocas gasosas em todas as plantas, utilizando-se sempre as mesmas
folhas, durante 21 dias. Todas as outras condições permaneceram idênticas nos dois grupos de
plantas, tendo sido feitas medições diárias em todas as plantas de cada grupo.
Os gráficos seguintes mostram a variação da taxa de transpiração e da taxa
fotossintética ao longo dos 21 dias, nos dois grupos de plantas.
57
Na resposta a cada um dos itens de 1. a 5., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2. No 8.º dia de medição da taxa de transpiração, no grupo sujeito a stress hídrico assinalou-se
(A) uma diminuição da pressão osmótica nas células guarda.
(B) um aumento da entrada de iões K+ nas células guarda.
(C) uma diminuição da saída de água das células guarda.
(D) um aumento de turgescência das células guarda.
3. Nas plantas não sujeitas a stress hídrico, a transpiração foliar é relativamente constante,
porque a pressão osmótica, nas células guarda, se mantém
(A) elevada, com dispêndio de energia metabólica.
(B) baixa, sem dispêndio de energia metabólica.
(C) elevada, sem dispêndio de energia metabólica.
(D) baixa, com dispêndio de energia metabólica.
4. No grupo submetido a stress hídrico, após o 14.º dia, deverá aumentar a quantidade de
açúcares transportados nos
(A) vasos lenhosos, devido à diminuição da assimilação de CO2.
(B) elementos dos tubos crivosos, devido ao aumento da assimilação de CO2.
(C) elementos dos tubos crivosos, devido à diminuição da assimilação de CO2.
(D) vasos lenhosos, devido ao aumento da assimilação de CO2.
58
5. Na fotossíntese, durante a fase não dependente diretamente da luz, ocorre
(A) produção de moléculas de ATP.
(B) libertação de oxigénio com origem nas moléculas de H2O.
(C) incorporação de carbono com origem nas moléculas de CO2.
(D) redução de moléculas de NADPH.
59
Figura 2
Baseado em Marahiel, M., «Le renouveau des antibiotiques», Les dossiers de la
recherche, n.º 41, novembro de 2010
Na resposta a cada um dos itens de 1. a 5., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
1. A descoberta da atividade das NRPS foi possível quando se adicionaram aos extratos
celulares das bactérias substâncias que impediram
(A) a tradução.
(B) a transcrição.
(C) a replicação.
(D) o processamento.
3. Um dos modos de atuação da gramicidina S, como antibiótico, ocorre ao nível das proteínas
membranares responsáveis pelo transporte ativo de iões Na+ e K+, interferindo na
(A) difusão destes iões através da bicamada fosfolipídica.
(B) difusão destes iões através de permeases.
(C) diferença de tonicidade entre o meio intracelular e o meio extracelular.
(D) manutenção da isotonia entre o meio intracelular e o meio extracelular.
5. A identificação de lactato num meio de cultura de Escherichia coli é indicadora de que nesta
bactéria ocorreu um processo
(A) de fosforilação oxidativa de reduzido rendimento energético.
(B) de fosforilação oxidativa em que o aceitador final de eletrões é o oxigénio.
(C) oxidativo de elevado rendimento energético.
(D) oxidativo em que o aceitador final de eletrões é o piruvato.
60
6. Faça corresponder cada um dos polímeros existentes em fungos, expressos na coluna A, à
respetiva designação, que consta da coluna B.
Escreva, na folha de respostas, as letras e os números correspondentes.
Utilize cada letra e cada número apenas uma vez.
GRUPO IV
Contaminação por urânio nas drenagens de minas
Na região Centro de Portugal, todas as minas de rádio e de urânio estão encerradas,
embora ainda existam resíduos a céu aberto, responsáveis pela contaminação das águas
próximas.
Para explicar a presença de duas espécies de fungos pluricelulares aquáticos (da classe
dos Ascomycetes) em águas contaminadas com metais pesados, os investigadores colocaram
duas hipóteses:
Hipótese 1: Se a presença das espécies de fungos pluricelulares aquáticos no curso de
água contaminado ocorre devido à tolerância ao aumento da concentração de metais, então
espera‑se que estirpes das duas espécies obtidas, quer de águas não contaminadas, quer de
águas contaminadas, se comportem igualmente bem quer em meios de cultura preparados com
água contaminada, quer em meios de cultura preparados com água não contaminada.
Hipótese 2: Se a presença das espécies de fungos pluricelulares aquáticos no curso de
água contaminado é explicada por adaptações genéticas aos contaminantes, então espera-se
que estirpes das duas espécies obtidas de águas contaminadas se comportem melhor num meio
de cultura preparado com água contaminada do que num meio de cultura preparado com água
não contaminada.
Com o objetivo de testarem as suas hipóteses, os investigadores realizaram a
experiência seguinte:
Método:
1 – Foram isoladas estirpes de duas espécies de fungos pluricelulares aquáticos através
da recolha de folhas submersas com esporos de Tricladium splendens e de Varicosporium
elodeae numa ribeira de referência e numa ribeira contaminada com metais pesados.
2 – Amostras das duas espécies de fungos colhidas no curso de água de referência
foram deixadas crescer em meio de agar com extrato de malte (MEA), preparado com água do
curso de água de referência. Amostras das duas espécies de fungos colhidas no curso de água
contaminado foram deixadas crescer em MEA, preparado com água do curso de água
contaminado. Todas as amostras foram deixadas crescer durante 15 dias, sob o fotoperíodo do
mês de abril, à temperatura de 20 ºC.
61
3 – Após 15 dias de incubação, cortaram-se fragmentos de 3 mm de diâmetro da periferia
de cada uma das quatro colónias em crescimento. Foram inoculados fragmentos em meio MEA
preparado com água de um curso contaminado e com água de um curso de referência, de acordo
com a Tabela 1. Realizaram-se três repetições por tratamento.
4 – O diâmetro das colónias foi medido em duas direções perpendiculares, até a colónia
se encontrar a 1 cm da periferia da caixa.
Na resposta aos itens de 1. a 4., selecione a única opção que permite obter uma afirmação
correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
3. De acordo com os dados obtidos na experiência, é correto afirmar que, para ambas as
espécies, o meio preparado com água
(A) contaminada é limitante para as estirpes obtidas na ribeira de referência.
(B) de referência é limitante para as estirpes obtidas na ribeira contaminada.
62
(C) contaminada é limitante para as estirpes obtidas na ribeira contaminada.
(D) de referência é limitante para as estirpes obtidas na ribeira de referência.
5. Explique, com base nos dados, qual das duas hipóteses, hipótese 1 ou hipótese 2, é apoiada
pelos resultados obtidos na experiência relativos a V. elodeae.
7. Os fungos pluricelulares são constituídos por hifas, que no seu conjunto formam um micélio.
A Figura 4 representa o ciclo de vida de um fungo pluricelular da classe Ascomycetes.
Na resposta aos itens 7.1. e 7.2., selecione a única opção que permite obter uma afirmação
correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
Prova 702/1.ª
Fase 15 Páginas
Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos.
2012
63
VERSÃO 1
GRUPO II
Evolução por fusão
A representação da história evolutiva dos seres vivos pode aparecer sob a forma de
árvores filogenéticas. A árvore representada na Figura 2 mostra a formação de novos taxa, que
implicam a fusão de materiais genéticos provenientes de espécies diferentes, através de
fenómenos como a endossimbiose, a hibridação e a transferência de genes. Por exemplo, a
maior parte das plantas com flor evoluiu a partir de cruzamentos entre espécies diferentes
(hibridação); algumas bactérias possuem genes de vírus que as infetaram; genes de uma
bactéria podem circular para outra, através de pontes celulares (transferências horizontais de
genes).
Elysia chlorotica, animal marinho do filo dos moluscos, consome uma alga cujos
cloroplastos conserva apenas durante dez meses. A maior parte das proteínas destes
cloroplastos é codificada por genes que se encontram no genoma nuclear da alga. O núcleo das
células do molusco adquiriu alguns destes genes. Assim, para que os cloroplastos neste molusco
se possam manter funcionais, têm de contar com proteínas que são codificadas pelo genoma do
molusco, permitindo, desta forma, a síntese de clorofila. Elysia chlorotica transforma-se num
«vegetal transitório».
Lynn Margulis afirmava que certas partes das células eucarióticas são, de facto,
bactérias. As células de numerosos eucariontes contêm bactérias, por vezes de várias espécies,
que são transmitidas através das divisões celulares.
Estes exemplos permitem inferir que a simbiose é uma das forças primárias da evolução,
dando origem a fusões de genomas e ao aparecimento de novas espécies (simbiogénese). Esta
possibilidade de evolução por fusão constitui um novo mecanismo que se junta aos restantes
mecanismos que constituem a teoria neodarwinista, com implicações quer no aparecimento de
novas espécies, quer no ritmo da evolução biológica. Na realidade, a evolução por fusão e a
evolução por divergência não se excluem: são ambas mecanismos de inovação biológica,
criando uma diversidade sobre a qual atua a seleção natural.
Na resposta a cada um dos itens de 1. a 8., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
64
2. Na Figura 2, as bifurcações significam que
(A) membros de duas espécies diferentes podem cruzar-se livremente na natureza.
(B) é sempre possível uma convergência num grupo filogenético.
(C) se verificam fenómenos de convergência e de divergência ao longo da evolução.
(D) espécies com características diferentes partilham planos anatómicos semelhantes.
GRUPO IV
Produção de β-caroteno em larga escala por algas unicelulares
Dunaliella salina é uma alga unicelular que, em resposta a condições de stress severo
de sal, de luz e de nutrientes, acumula elevadas concentrações de β-caroteno. As numerosas
gotículas de óleo que se acumulam no cloroplasto desempenham um papel fundamental na
captação de luz e protegem a alga de danos foto-oxidativos.
Com o objetivo de promover a produção de β-caroteno em larga escala recorrendo à
utilização de D. salina, os investigadores estudaram a influência de vários fatores, entre os quais
o choque hipersalino, a disponibilidade de nutrientes e a intensidade luminosa.
Para este estudo, foi realizado o seguinte procedimento experimental:
65
Método:
1 – Cultivou-se, durante várias semanas, a uma temperatura de 23 °C e a uma
iluminação de 120 μmol m–2 s–1, uma estirpe de D. salina em dois meios de cultura, um com
concentração de NaCl ajustada a 4% e um outro meio com concentração de NaCl ajustada a
9%.
2 – Para estudar a resposta de D. salina a um súbito aumento da concentração de NaCl,
as células em crescimento, pré-adaptadas num meio de cultura contendo NaCl a 4%, foram
transferidas para um meio fresco contendo NaCl a 4%, a 9%, a 18% e a 27%, tendo sido medida
a acumulação de carotenoides durante 15 dias (Gráfico 1A).
3 – Para observar se a aclimatação a altas salinidades faz decrescer a suscetibilidade
desta microalga a stress salino severo, as células de D. salina pré-adaptadas a 9% foram
transferidas para um meio fresco contendo NaCl a 9%, a 18% e a 27%, tendo sido medida a
acumulação de carotenoides durante 15 dias (Gráfico 1B).
4 – A influência de suplementos de nutrientes e da luminosidade no crescimento celular
e na acumulação de carotenoides está traduzida, respetivamente, nos Gráficos 2A e 2B.
(+ Nutrientes = com suplemento de nutrientes; – Nutrientes = sem suplemento de nutrientes; BL
= baixa luminosidade de 65 μmol m–2 s–1; AL = alta luminosidade de 150 μmol m–2 s–1).
Gráfico 2A Gráfico 2B
1. Na experiência cujos resultados estão traduzidos no Gráfico 1A, o controlo contém células
pré‑adaptadas a NaCl a 4% que foram transferidas para um meio com
(A) NaCl a 4%.
(B) NaCl a 9%.
(C) NaCl a 18%.
(D) NaCl a 27%.
66
4. Durante a fotossíntese, na fase diretamente dependente da luz, ocorre
(A) oxidação de NADP+.
(B) fosforilação de ADP.
(C) descarboxilação de compostos orgânicos.
(D) redução de CO2.
67
Na resposta a cada um dos itens de 1. a 6., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
1. Relativamente à atividade antimicrobiana das amostras testadas no ensaio 1 (Gráfico 1), a
análise dos resultados da investigação permite afirmar que
(A) os isolados das fumarolas inibiram, pelo menos, sete dos indicadores.
(B) os isolados GTM inibiram, pelo menos, um dos indicadores.
(C) os isolados das grutas lávicas inibiram, pelo menos, cinco dos indicadores.
(D) os isolados GBO inibiram, pelo menos, um dos indicadores.
68
2. Como controlo do ensaio 2, colocou-se em cada um dos poços
(A) um dos meios de cultura líquidos, inoculado com o isolado em estudo.
(B) apenas o microrganismo indicador em estudo.
(C) um dos meios de cultura líquidos, sem o isolado em estudo.
(D) apenas o isolado em estudo.
7. Explique, com base nos dados e tendo em conta a finalidade da investigação, a vantagem de
isolar e caracterizar as substâncias com atividade antimicrobiana do isolado GTM1B2 em
detrimento dos outros isolados GTM.
GRUPO IV
A produção de biocombustíveis com recurso a culturas como a soja depende, em termos de
produtividade, da ocupação exclusiva de grandes extensões de solo. As microalgas afiguram-se
69
como uma alternativa para a produção de combustíveis, uma vez que têm a capacidade de
duplicar a sua biomassa várias vezes por dia e de produzir, pelo menos, quinze vezes mais óleo
por hectare do que as culturas alimentares concorrentes.
Para otimizar os processos de produção e extração dos óleos, recorre-se ao aumento do teor
lipídico, bloqueando as vias metabólicas responsáveis pela acumulação de compostos
energéticos, como o amido, e à diminuição do catabolismo dos lípidos. O silenciamento por
mutação de genes das vias metabólicas referidas ou a redução significativa da quantidade de
mRNA desses mesmos genes também podem conduzir a um aumento do teor lipídico celular.
Após a extração dos óleos para a produção de biodiesel, os glúcidos (hidratos de carbono)
existentes no bolo vegetal remanescente podem ser utilizados como substrato para a produção
de etanol. O dióxido de carbono, resultante do processo de fermentação, pode, por sua vez, ser
utilizado na produção de mais biomassa (microalgas), o que permite o funcionamento em sistema
fechado e uma otimização de todo o processo bioenergético.
Baseado em Tavares, J.E.B., «Cultivo de microalgas do género Botryococcus
visando a produção de biodiesel», Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, 2009
Na resposta a cada um dos itens de 1. a 5., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
5. O aumento do teor lipídico nas microalgas pode ser conseguido através da redução da
(A) síntese dos lípidos e do bloqueio das vias anabólicas dos glúcidos.
(B) degradação dos lípidos e do bloqueio das vias catabólicas dos glúcidos.
(C) síntese dos lípidos e do bloqueio das vias catabólicas dos glúcidos.
(D) degradação dos lípidos e do bloqueio das vias anabólicas dos glúcidos.
70
7. Considere os dados seguintes:
•• a concentração dos micronutrientes existentes nas células da raiz das plantas é, na maior parte
dos casos, mais elevada nas células da raiz do que no solo;
•• a sobreirrigação dos solos pode conduzir ao seu encharcamento, reduzindo as trocas gasosas
entre as células da raiz das plantas e o solo.
Explique de que modo o encharcamento dos solos pode afetar a acumulação de micronutrientes
na raiz das plantas.
71
Na
resposta a cada um dos itens de 1. a 6., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
1. Na experiência cujos resultados estão traduzidos no Gráfico 1, o controlo contém células de
leveduras que foram colocadas, sequencialmente,
(A) num meio sem adição de H2O2 e num meio com uma dose subletal de H2O2.
(B) em dois meios, ambos com uma dose subletal de H2O2.
(C) em dois meios, ambos sem adição de H2O2.
(D) num meio sem adição de H2O2 e num meio com uma dose letal de H2O2.
4. Segundo o modelo de mosaico fluido, proposto por Singer e Nicholson em 1972, a membrana
plasmática apresenta
(A) uma distribuição homogénea de proteínas.
(B) moléculas lipídicas com grande mobilidade lateral.
(C) proteínas transportadoras que ocupam posições fixas.
(D) glúcidos associados a lípidos na superfície interna.
72
7. Numa situação de stresse oxidativo devido a fatores extrínsecos, a sinalização realizada pela
membrana plasmática é extremamente importante na regulação da composição em proteínas da
própria membrana.
Ordene as letras de A a E, de modo a reconstituir a sequência cronológica dos acontecimentos
numa situação de resposta adaptativa a stresse oxidativo em S. cerevisiae.
Escreva, na folha de respostas, apenas a sequência de letras.
A. Inibição de alguns genes e indução da transcrição de outros.
B. Reconhecimento de sinais por glicoproteínas da membrana plasmática.
C. Modificações pós-traducionais ao nível do complexo de Golgi.
D. Síntese de proteínas pelos ribossomas associados ao retículo endoplasmático.
E. Transporte, em vesículas, de proteínas a integrar na membrana plasmática.
8. Explique, com base nos resultados traduzidos nos Gráficos 2A e 2B, de que modo a variação
da fluidez da membrana plasmática pode contribuir para regular o fluxo de H2O2 durante a
resposta adaptativa em S. cerevisiae.
GRUPO IV
As leguminosas são plantas vasculares que excretam flavonoides e outras substâncias
químicas para o solo. Estas excreções atraem bactérias fixadoras de nitrogénio* atmosférico que
induzem na planta a formação de nódulos radiculares, onde as bactérias se alojam e se
multiplicam. Os flavonoides também induzem a transcrição de genes nod das bactérias, cujos
produtos participam na síntese de moléculas (fatores nod) responsáveis pela diferenciação dos
nódulos radiculares.
A fixação biológica do nitrogénio é catalisada pela nitrogenase, enzima facilmente danificada
pela presença do oxigénio molecular. As plantas são incapazes de utilizar a forma elementar do
nitrogénio, pelo que beneficiam com esta associação, fornecendo, por sua vez, às bactérias os
nutrientes necessários à sua sobrevivência.
Baseado em Heritage, J. et al., Microbiologia em Ação, Editora Replicação, 2002
* De acordo com as normas IUPAC, o termo nitrogénio substitui o termo azoto.
Na resposta a cada um dos itens de 1. a 6., selecione a única opção que permite obter uma
afirmação correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
1. O nitrogénio captado pela bactéria é fixado sob a forma de ião amónio (NH4+), que
rapidamente é convertido em
(A) ácidos gordos.
(B) glucose.
(C) celulose.
(D) aminoácidos.
4. Os nódulos das raízes apresentam uma típica cor rosada devido à produção de uma forma de
hemoglobina, denominada leg-hemoglobina, cuja função é
(A) evitar a acumulação de oxigénio livre.
(B) atrair bactérias fixadoras de nitrogénio.
(C) fornecer oxigénio para as reações anabólicas.
(D) oxidar a enzima nitrogenase.
73
5. Bactérias e plantas têm em comum
(A) a composição química da parede celular.
(B) a presença de membrana celular e de mitocôndrias.
(C) a composição química do DNA.
(D) a presença de cloroplastos e de ribossomas.
74