Viola de Lereno
Viola de Lereno
Viola de Lereno
^>--A<-;
<&
Do e.tAi7tf/>LEBE:N0 /> rosto
.!•> /I/'/lZ/7 C7J7 7777/7Y/7 COT*
LERENO:
COLLECCÃO
DAS S U A S C A N T I G A S ,
OFFERECIDAS-
A O S SEUS A M I G O S .
VOLUME / ,
x x ; < x : o x s o s - i o >cx>- x x
L I S B O A :
NA OFFICINA NUNESIANA.
Anno 1798.
Com licença da Meza do Dtse-.rd-avgo
do Pano.
* K 3 ••?*
D A
S E N H O R A
CONDEÇA D E POMBEIRO.
C A N T I G A S .
A MIRA formosa,
Escuta os louvores,
Que os simples Pastores
Vem hoje entoar:
O teu Nome illustre ,
Subindo ás Estrellas,
Nos Bosques de Bellas
Já vai resôar:
OfFren-
*K 4 #>
OfFrendas singelas
Das suas campinas,
Cheirosas boninas
Te vem ofFertar:
E o Pomo, que pende
Para ti nascido,
Para ti colhido
Te vem entregar
O Pomo da China ,
Que cresce em teus campos,
Cos figos que lampos
Eu ouço chamar :
Os Limões pontudos,
Esféricas Limas,
C o as nozes qu'estimas
Te dão a gostar.
Em
Em honra a teu Nome
Contentes trabalhão ,
N'um louro o entalhão
Por vê-lo durar :
Em honra a teus Filhos
Seis plantas creárão,
E a outras preparão
Bastante lugar.
Assim
Assim tua vida
Durar sempre possa,
Que he vida q'adoça
O nosso pezar:
Seremos alegres,
N ã o digo mentira ,
O tempo em q'Araira
Bellas animar.
Moda de Tirce.
C A N T I G A S .
V, E , Lereno desgraçado,
O teu destino cruel ;
A m a r , e morrer de amores,
Por quem te não he fiel.
Vem
*y 7 x*
Vem os terríveis ciúmes
Rodear-te de tropel,
Has de contínuo sorTrellos
Por quera te não he fiel.
Nun-
«K s ^*
Nunca belleza , e constância
Guardarão próprio nivel;
SoíFre por Lilia mas sofFre
Por quem te não he fiel.
Teu
*K 9 X*
Teu juramento.
C A N T I G A S .
N, As leves azas
Do vario vento
Voou, perdeo-se
Teu juramento:
Oh que tormento!
Lilia me jura,
h não conhece
Amor, ternura.
Chamas os Numes
Do Erhereo assento ,
E he seu opprobrio
Teu juramento :
Oh , &c.
Ao
*K io X*
Ao teu perjúrio
Cupido attento,
Punir proraette
Teu juramento:
Oh, &c.
Lá onde o Léthes
Vai somnolento
Chegou voando
Teu juramento:
Oh, &c
Nas frias agoas
Do esquecimento
Vai mergulhar-se
Teu juramento:
Oh, &c.
D'amor não tinhas
Conhecimento
Nem sahio d'alma
Teu juramento:
O h , &c.
*K " X*
Lereno triste
No seu lamento
Chora baldado
Teu juramento:
Oh , &c.
Bem fica.
C A N T I G A S .
A i ! , &c.
O Fado me aparta
Dos olhos, que adoro ;
Dizei-lhe o que eu choro
De assim me ausentar :
A i ! , &c.
A i ! , &c.
A i ! , &c.
Recado.
O Ra a Deos, Senhora Ulina ;
Diga-me , como passou ;
Conte-me , teve saudades ?
Não , não ;
Nem de mira mais se lembrou :
O amor antigo
Já lhe passou,
E a fé jurada ?
Tudo gorou.
Di-
*y 14 ;>#>
Can-
«K ls X*
Cantou algumas Modinhas?
E que Modinhas cantou?
Lembrou-lhe alguma das minhas?
Não, não ,
Nem, &c O amor, &c.
M O D A .
Vol. 1. Quem
l8
*K X*
C A N T I G A S .
Em
<&K ip X*
Em vez de manadas,
E largos Currais ;
Serão os meus Ais
Offrendas também:
Eu não te appareço
Com rico surrão;
Mas meu Coração
JMaior valor tem :
A
«K 20 )&
C A N T I G A S .
D, Estinou-me a Natureza
Para ser seu Orador;
Deo-me por primeiro thema
A doce União de Amor:
Amor dá o tom
Para a Companhia,
Sem elle se vive
Em sera-sabedoria.
Nem
«X 21 X*
Nem fora ditoso o Mundo,
Nem tivera morador,
Quando nelle se acabasse
A doce União de Amor:
Amor, &c.
Dos desgostos desta vida
Peior fora o dissabor,
Se acaso os não temperasse
A doce União de Amor:
Amor , &c.
Amor, &c.
No
«X 22 K*
No mesmo Reino do pranto
Hum terno, amante Cantor
Susteve as penas cantando
A doce União de Amor:
Amor, &c.
Amor, &c.
Amor, SÍC.
CA-
*y H x%
Salta alegre ao lume d'agoa
O escamoso N a d a d o r ,
E talvez saltando explica
A doce União de Amor:
A m o r , &c.
Amor, &c.
A m o r , &c.
Amor, &c.
«X 24 X*
C A N T I G A S ,
Amor
«X 25 X*
Amor nos unio em vida,
Na morte nos quer juntar;
E u , para ver como morres,
Vou morrendo de vagar :
O veneno do ciúme
Já principia a lavrar;
Entre pungentes suspeitas
Vou morrendo de vagar:
O uni-
«X * X*
Quando não vejo os teus olhos,
Sinto-me então espirar;
Sustentado d'esperanças ,
Vou morrendo de vagar:
Os Ciúmes , e as Saudades
Cruel morte me vem dar;
Eu vou morrendo aos pedaços ,
Vou morrendo de vagar:
Mi-
*X *7 X*
Minuete.
L, filia , Oh Lilia ,
Tu não escutas
Soar nas grutas
O meu clamor!
Não me appareces,
Não te eterneces,
Da minha dôr?
Lilia , oh Lilia ,
Morro de amor,
Lilia , oh Lilia ,
Lá d'onde assistes ,
Ouve os ais tristes
Do teu Pastor:
Não
*X 28 x*
Não tardes mais,
Vem aos meus ais,
E ao meu clamor,
Lilia , oh Lilia ,
Morro de amor:
^S£~pOOOOQ3£^~
Nada de diívidas.
C A N T I G A S .
Não
«X 2p X*
Não acreditou meus Votos,
Ao depois de eu lho jurar;
Veja agora , que são puros,
Ah não torne a duvidar:
Porque, &c.
Porque, &c.
Porque, &c.
Se
«X Io X*
Se em meio das outras Bellas,
O seu Nome eu fiz soar;
Náo tem de qüe desconfie,
Ah não torne a duvidar:
Porque, &c.
Porque, &c.
«X 3i X*
A' Madrugada.
C A N T A T A.
O concavo Saveiro
Palemo põe em nado,
E o curvo anzol iscado
Já vai lançando ao M a r :
Meu
«X 32 X*
Meu alvo Cordeirinho
A esta parte salta ;
Só Lilia aqui me falta,
Por Lilia vou chamar:
Ah Lilia se me negas
A tua companhia,
Que pouco importa o dia,
Que fazes malograr.
m ora
* ' ! • l i l>i
VIOLA DE LERENO.
Foi. I. Num. 2 .
Perdi a Alegria.
C A N T I G A S .
^ ^ . U a n d o eu não amava,
Alegre vivia;
Agora, que eu amo,
Perdi a alegria :
Tudo m'entristéce ,
Tudo m'enfastiaj
Perdi o socego,
Perdi a aleQria.
«X 2 ) #
Dos outros amantes
tombando me ria;
Agora ehorando
Pago a zombaria:
T u d e , &c#
A lyra tocando,
Acs mais divertia ;
Choro hoje ao sóm delia
De noite e de dia:
Tudo r &c*
Foi bem desejada
Minha companhia;
O meu pezar hoje
A todos desvia:
Tudo , &C3
C A N T I G A S .
Compadecei-vos ternos
Da niinha saudade
Lede nos meus verdade
De Amor que não negais.
C A N T I G A S . . . d'improvisai.
Só a Iastimoza Echo
O tentou arremedar ;
Também se ouvio entre as Penhas
A o , &c.
C A N T I G A S .
O U T R A S .
Zabumba
C A N T I G A S .
Já fuzila a Artilharia
Sintft as bailas sibillar;
Nuvens já dce?pesso fumo
Vão a luz do Sol turbar:
Tan, &c.
Oiço o bum, bum bum das Pejas,
Vejo Espadas lampejar;
Lá vâo pernas, lá vão braços,
Lá cabeças pelo ar:
T a n , &c.'"
«K 17 >fr
A batalha está ganhada
Vão o Campo saquear;
Vem bandeiras arrastando
Toca em fim a retirar:
T a n , &c.
Venha a nós, viva quem vence
Quem morreu deixalo estar;
E da Pátria no regaçcf*.
f)s Heroes tem descançar-
T a n , &CJ
Os que salvão da pelei ja
Veiji a Amor as graças.dar;
E em signal da sua gloria
Juntão flores ao Cocar:
Tan, &cí
Osf olhos, que virão tristes
Vem agora consolar;
A saudade se esvoáça,
Torna a posse ao seu lugar:
Tan, &c:
Vah I N. *>
4K i« ) #
Vem família , vem VÍ2ÍnÍiciS
Boa vinda festejar;
È da bocca gloriosa
Grandes couzas escutar:
Tan, -Sécl
Despe a veste, mostra o peito,
Oüer sizuras procurar;
Mas o tempo sarou tudo,
Nem signal se pode achar:
T a n , &c.
C A N T I G A S .
C A N T I G A S .
O lindíssimo semblante
Ninguém vê da minha bella,
Que não ofFereça a Amor
Ser seu Escravo por ella :
Huns olhos, &c.
Eu não quero da Fortuna
Os bens, que em seu Cofre tem,
Que todos elles não valem
Ametade do meu bem:
Huns olhos, &c.
Soldado de Amor.
C A N T I G A S .
Eu sou Soldado,
Eu sirvo Amor,
Jurei Bandeiras,
Nunca serei desertor.
De Cupido os Regimentos
Não tem Zabumba , ou Tambor ;
Tem hum certo mover d'olhos,
Que chama muito melhor :
Eu sou &c.
Dos Amorozos perigos
Eu não tenho nunca horror;
Tenho valor de soffrelos,
Cfciíanto mais, quanto melhor:
Eu sou, &c.
A fraqueza dfalgum Chefe
Aos Soldados faz temor
Eu nâo tenho que temer-me;
Sirvo a hum Nume vencedor
Eu sou, &c.
Em quanto Amor bem me pague
Heíde servir bem Amor
Elfina seja meu soldo
Nunca serei dezertor
Eu sou, &c.
« K 26 )<{*
C A N T I G A S .
E s T R E B I L H O .
As respeitáveis Bandeiras
Vereis ao ar desfraldando
Elias mesmas vem mostrando
Quanto são de respeitar
Em toda a parte estimada
Gente brioza , e Guerreira
Em toda a parte a primeira
Affrontando a terra , e o mar
Hide, &c.
«K 3* )$
Vós qúe sofFresteis por elfes
A terna, e justa saudade
Que ou Amor, ou amizade
Ternos vos fez supporrar
Dai-lhe os braços recebeios
E nos mais ternos affagos
O Ceo vos torna assim pago
Do que a sorte quiz roubar
Hide, &c.
m
VIOLA DE LERENO.
Foi. I Num. $ . ,
Suspiros do coração.
CANTIGAS.
C A N T I G A S .
D *' sde o orí nei**"» T» *i"?"ito,
Fm que vicre o ^es^o m*u ;
Desde então me estivasse?
Coai que gosto iniu s..u t^u!
Amor assim preparara
Este no/a estado meu;
Oa's-me escravo; terno escraVd,
Jj^sde enta» inla sou te a.
O teu C J M Ç I O batia ,
Barí-í í-ambsm o meu ;
Tu soceíaste , e estás livre,
Eu inquieto inda sou teu.
PRIMAVERA.
CANTIGAS.
Kl ••«•• a i i IP
Vol. I. N. 36
«X 18 x»
Ha gente que nos vigia ,
Por ver onde as vistas vão;
E por vós he que adevinhão
O que, &c.
Cuidado, &c.
Apenas se conhecer
Que tenho alguma paixão,
Começa a ralhar a Inveja
Do que , ^&c.
Cuidado, &c.
RAIVAS GOSTOSAS.
ESTRIBILHO.
AO MEU PENSAMENTO.
EsTRlBlLHO.
IMPROVISO.
Loucamente me fugias
Para periuros rivais ;
Vinhas delles, e me vias
Cada , &c.
IMPROVISO.
CANTIGAS.
Tu podes , se tu quizeres,
Cs meus dias dilatar:
Ah meu Bem ! faze que eu possa
Viver , &c.
*X 32 )<i*
VIOLA DE LERENO.
Foi. I. Num. 4*
C A N T I GAS.
fvoubaste-me o Coração;
Que trocáras pelo meu ;
Não fica assim bem a troca ,
Na o és minha , c inda sou teu.
«X s)«»
Teu me fizerão teus olhos
Com hum brando mover seu;
Ah ! torna a olhar-me benigna,
Vê > meu bem, que inda sou teu*
C A N T I G A S ,
Doença atrevida ;
Que esconde o seu passo,
Ergue o duro braço
Oh. Ceos ! contra quem ?
Os olhos o rirão,
E ainda o não crem„
Turbou da Saúde
A usada carreira ;
E em varia maneira
Seu passo detém.
Amor , já sei donde
.Teu susto provém.
«X 7 »
Apressa, ó Virtude ,
Ao Ceo dirigida,
Suplica esta Vida
Mais Vida de alguém:
O bem que troxeres
Será nisso bem.
A veia se rasga,
O sangue já corre,
Marilia não morre,
Oh Ceos ! inda bem :
Já dar-nos podemos
Geral parabém.
*X * )*•
C A N T I G A S .
Lisonjeiras esperanças
Nas lindas mãos me mostrou;
Quando eu hia a segurallas
Batteu , &c.
C A N T I G A S.
C A N T I G A S .
E Scuta , Cupido,
Meus ais magoados,
Que vão desgraçados
Pedir-te favor.
Tem dó de hum afflicto ~
Que triste assim morre;
Escuta , soccorre
Hum terno amador.
* X 15- H *
Vê como revoao
Meus terncs suspiros ,
Que a longos retiros
Os faço transpor.
Nas pálidas faces
O pranto já corre;
F?cuta , soccorre
Hum terno amador.
CRIME GOSTOSO.
C A N T I G A S .
w Uem quizer saber se eu amo,
Repare em meus olhos bem;
Que elles não sabem caiar
A paixão que o peito tem.
*X 17 H*
C A N T I G A S ,
T&OP/Í DE ^AÍOR,
Moda em huma Solfa de Player.
CANTIGAS.
A",Lerta Pastores
De amor inimigos ,
Q! os justos castigos
Já vejo chegar.
Amor escoltado
De mil Cupidinhos
Nos campos visinhos
Já sinto marchar.
Os fogos terríveis
Já perro chamejão ,
Já perto lampejão
Os ferros mortass.
•X 23 X *
Rebeldes Pastores,
Pagai-lhe o tributo,
Apressa, que escuto
Do ataque os sinaes.
De enganos volantes
A tropa ferina,
Primeiro a campina
Vem atalaiar.
Amor os armara
De ardentes desejos t
Com que malfazejos
Vem tudo assolar.
Fingida esperança;
Q! amor tem a soldo ;
Erguendo áureo toldo
Vos vem enganar.
AUi quer brindar-vos
Com paz affectada ,
E tem de emboscada
P e enganos milhar,
*K 24 X*
Raivoso ciúme
Lhe cebre a direita ,
Tem leve suspeita
No esquerdo lugar.
Dispostos nos ílancos
Vem duros cuidados,
Frenezins soldados
M.áqs de accommodar.
Debalde a razão
Valer-vos deseja ,
Que sempre fraqueja
Nas guerras de Amor.
Será meu conselho
Render-se a partido ,
Que oppôr-se a Cupido
Foi sempre o peior.
CANTIGAS.
Estribilho.
Hei de amar sem interesse;
Basta 53 ver que o merece ,
Merece, merece.
• * C 27 K*
CANTIGAS.
Foi I. Num 5 .
Cumprimento do voto*
C A N T I G A S .
Do juramento o sentido
A saber não interpetro;
Prometi ser firme, e basta ;
Eu não falto ao que prometto.
*X 3 X*
C A N T I G A S.
Do
C A N T I GAS.
C A N T I G A S .
A Illurtre Am ira.
C A N T I G A S .
N, A fresca Bellas
Ao som da lyra;
A Illustre Amira
Quero eu cantar :
Amira , Amira, Amira
Ouça o Ceo, a Terra, e o Mar.
Viçosos campos
De que he Senhora ;
Lhe mandou Flora
Alcatifar :
Amira, &c
Lindas boninas
Plantas viçosas;
Ficão vaidosas
De ella as pizar:
Amira, &c.
A mole relva
Que isto entapiza;
O pé que a piza
Gosta beijar:
Amira, Scc.
*X 13 )4>
Vejo dobrar-se
Troncos hirsutos;
Porque ella os frutos
Lhe vá tomar:
Amira , Sccl
Freixos erguidos
A'coma estendem ;
Tanto a defendem
De ao Sol crestar t
Amira, &c*
As Aves mesmo
Tal gosto inspira ,
Que o neme Amira
Lhe ouço cantar :
Amira, Scoi
Todos em honra
Da Natureza ,
Sua belleza
Devem honrar ;
Amira, &e$
« K 14 X*
A Armania.
C A N T I G A S .
D Izei humanos
Se a Natureza ,
Melhor belleza
Pôde formar ?
Armania linda j
Vinde louvar.
Notai a graça
Dos seus cabellos,
E os olhos bellos
Vede raiar:
Armania, &c.
*X i$ X*
A cor das faces
He a da Aurora,
Que hum dia cora
Dá luz ao ar :
Armania &c.
Das graças cofre
A boca linda,
Onde Amor inda
Se vai fartar:
Armania, &c-j
Orfeo esqueça
Que com o seu canto,-
As pedras tanto
Fez abalar :
Armania, -Scc.
Ltreno melancólico.
C A N T I G A S :
C A N T I G A S .
Lisongeiras esperanças
Mostra amor na esquerda mão
Com seus prêmios seduzido
Resistir não pude não :
Quem , Scc.
Clamor de Lereno.
A Serra de Cintra
Lereno trepava ;
K a sua Corila
Vãmente chamava:
Corila. Corila
Vãmente chamava.
*X 26 X*
Descia dos montes,
Os Valles buscava;
E os gritos saudosos;
E os ais redobrava :
Corila, &c.
A voz de Lereno
Cos ecos tornava;
Em vão que a Pastora
O não escutava:
Corila a &c<
O Zefyro brando
C£ alli suçurrava;
No mesmo suçurro
Lereno assustava :
Corila , Scc.
A fonte vizinha
Q então murmurava ;
A voz de Corila
Se lhe assemelhava:
Corila, Scc.
«X 27 »
O triste Serrano
Em vão se cançava;
Perdia o seu tempo
Seus gritos baldava '.
Coriia , Scc.
Tornava a subir,
A descer tornava;
Se infeliz subia ,
Eu infeliz baixava :
Coriu j Scc.
«X 28 x*
C A N T I G A S .
PARTIDA
Traduccão , e Glosa da Portento ie
METASTAZ10.
C A N T I G A S .
Foi I. Num.6.
GLOSA.
CANTIGAS DE IMPROVISO.
Aproveito o privilegio
Dos Pindaricos Cantores;
Já começo a erguer-me ás nuvens
Sobre, &c.
Ais.
C A N T I G A S .
z=f«
A Tirqueia.
C A N T I G A S .
C A N T I G A S .
H Ei de offerecer a Amor
Minha humilde petição;
Esperando hum como pede
A minha amante paixão.
Hei de pedir-lhe que veja
A quem dei meu coração;
C£ em a vendo, logo approva
A minha amante paixão.
«X lé x*
Nunca Amor vio iguais olhos
Rosto igual nunca vio não;
Nem verá paixão que iguale
A n.inhg amante paixão.
Nada de saudades.
C A N T I G A S .
E Então.
C A N T I G A S .
Lzira formosa,
Desgraça foi ver-te ,
Seguio-se o render-te
O meu coração.
Amor de render-me
Achou o motivo ,
Eu já sou cativo,
Eu amo; e então?
Então ?
4K 23 X*
Se a outrem voltada
Tu fazes carinhos,
Ciúmes daninhos
Ferindo-me estão:
Mais triste me síâ-ío
Do que se presume ;
Já tenho ciúme;
Eu amo; c então?
Então ?
tX 24 X*
Â's vezes eu finjo
Os bens que eu mais quero;
Fingindo eu espero,
Que os bens chegaráÓA*
Vendo a tempestade
Espero a bonança;
Já tenho esperança,
E u amo: e então ?
Então?
C A N T I G A S .
Hei de castigallo;
Ha de lhe doer;
Dar-lhei pancadas
Para a prender:
Vê as barbas doVisinho,
Do ciúme cm fogo arder;
As suas nãò põem de molho ,
Quer só tudo o que elle quer:
Hei d e , Scc.
Se he preciso contcntar-se
Com metade do prazer;
-Ao y contentao metades,
Quer só tudo o que elle quer:
Hei d e , Scc,
*K 27 X*
Ha mil destes corações,
Diga o mundo o que disser;
Quem ama não quer conselhos;
Quer só tudo o que elle quer:
Hei de, Scc:
C A N T I G A S .
Queixas a Amor.
C A N T I G A S .
As doçuras promettidas
Fsnerei, traidor , em vão ;',
Diz", se acaso estes golpes
As tuas doçuras são ?
Isto, & c
<*X 31 )4»
Foi. I. Num. 7«
C A N T I G A S ;
Benifita.
C A N T I G A S .
V Içõsa Bemfica ,
Fez-te a natureza ;
Abrigo á saúde
Morada á belleza:
Não ha não ha
Terra mais rica;
Todos te invejão
Viçosa Bemfica.
As outras Aldêas
Já clamao raivosas;
Que tu lhes roubaste
As Ninfas formosas:
Não, &c.
* X 5 )•$»
Elias te enriquecem
Quem te honra são ellas;
E todas te chamão
O Paiz das bellas:
N ã o , &c.
Já deixa Cythera ,
E Pafos, e Gnido;
E faz em Bemfica
Morada Cupido :
Não, & c
Pastoras , cautella;
Cautella Pastores ,
Que está nestes campG9
O Deos dos Amores:
Não, &c.
C A N T I G A S .
Estribilho.
Nasceu Mareia linda Mareia,
Seu nome vamos Cantar.
C A N T I G A S .
H Ei de amar-te le me amarcs ;
Querer-te se me quizeres ,
Deixar-te-hei se me deixares ,
Farei o que tu fizeres.
Estribilho.
Farei farei.. - que hei de fazer?
Farei o que tu fizeres.
Se gostares dos mais homens
Gostarei das mais mulheres ;
Hei de seguir o teu gosto,
Farei o qus tu fizeres.
Estr. Scc.
( Se ternura não mostrarei
Mais ternura não esperes,
Serei cruel se tu fores ,
Farei o que tu fizeres.
Estr. &c.
C A N T I G A S .
Em contínuo sofrimento
Ha contínua raridade,
Vivendo em quem se deseja ;
Não se morre de saudade.
Estr.
«K 16 tf*
He por' própria experiência;
Que eu conheço esta verdade,
Se eu vivo áem ver Belmira ,
Não se morre de saudade.
Estr.
C A N T I G A S .
Se a Filomella parar
O seu suave reclamo,
He que canta , quem eu amo ,
Não tem mais que perguntar.
Estribilho , Scc,
Triste Lereno.
C A N T I G A S .
T: Ris te Lereno'
Perde o seu gado ,
Soffre esta perda
Firme. e callado.
Estribilho.
Porém não pôde
Soffrer , coitado ?
O perder Lilia ,
Seu bem amado.
«X 19 tf*
Tem-lhe a seara
O Sol crestado,
E a nova perda
Vio sem enfado.
Porém , Sccl
Era prudente,
Era caliado ,
Nem hum gemido
Tinha soltado.
Porém , &<y
«X 20 X*
Hoje com vozes
Sobresaltado,
Grita Lereno
Dezassizado.
Estribilho.
Porque não pôde
Soffrer callado, &e.
Saibao os outros
Qjaem tem amado,
Elle o confessa ,
Que he desgraçado.
Porque , Scc
Bosques , Searas ,
Choupana , e Gado
Davao-lhe sempre,
Menos cuidado.
Porque, &c°
Pôde hum menino
Cego , e vendado
O seu segredo
Tornar baldado?
Porque, Scc.
*X 21 X*
Seja o exemplo
De hum desgraçado ,
Lição aos outros
Do mesmo estado.
Porque, Scc.
C A N T I G A S .
Estribilho.
Agora que os Campos perdem , &c.
Estribilho.'
Agora que os Campos perdem ; Scc.
«X 23 X*
Estribilho.
Agora que os Campos perdem . &c.
Estribilho.
Agora que os Campos perdem , Scc.
Estribilho.
Agora que os Campos perdem , &c
Estribilho.
Agora que os Campos perdem , &c
Estribilho.
Agora que os Campos perdem Scc.
«X 25 tf*
M O T E .
Gloza improvizo.
E U venho
Onde os mais
achar os pezares ,
achao prazer ;
Amor que dá vida a todos,
Si a mim me faz morrer
Estribilho.
Estribilho.
Amor que pôde , &c.
Estribilho.
Amor que pôde , Scc.
Estribilho.
Amor que pc*de , ôcc.
«X 27 X*
Estribilho.
Amor que pôde, & c
Estribilho.
Amor que pôde , &c.
Estribilho,
Amor que pôde, Scc.
C A N T I G A
Estribilho.
Amor que rode ,
Mc quiz valer ,
Já não sou morto,
Torno a viver.
*X 29 X*
Estribilho.
Amor que pode , Scc,
Estribilho.
Amor que pode , & c
Estribilho.
Amor 1 Scc.
«X -3° X*
Hum Amante morre e vive
Como o piedoso Amor quer ;
Quiz-me morto, morri Jogo ;
Quer-me vivo , eu vou viver»
Estribilho.
Amor, Scc.
Estribilho.
Amor, &c.
Estribilho.
Amor, &c.
Estribilho.
Amor, & c
Estribilho.
Amor, Scc*
Estribilho.
Amor, Scc.
VIOLA DE LERENO.
Foi. I. -fr»m* O»
A. B. C. de Amor.
mm
H Uma
Qjer, que
Men:na
eu lhe dê
Lições de Amores
Por A. B. C.
A. — He amante,
Não ardilosa:
B. — He benigna,
Não boliçosá:
C.— He constante,
Kâo curiosa:
Tome, Menina ,
Lição gostosa.
Huma, &c.
«X i X*
D. -- Delicada
Não desdenhosar
E.--Engraçada,^
Não enganosaj
F.-Fiel,
Náo furiosa.
Tome, Menina f
Lição gostosa.
Huma, &c.
G . - H e galante,
Mas não golosai
I.'~He ser justa,
Não invejosa;
L. — Leal,
Não lacrimosa.
Tume* Menina,
Lição gostosa*
Huma, Scc*
M . - H e ser irielgá ,*
Nao mentirosa í
N. — Andar nedia,
Não nojosa:
Oi — Obediente ,
Nunca orgulhosa?
Tome, Menina,
Lição gostosa.
Huma, &c.
P. «•* He prudente ,(
Não perguiçosa*
Q.—He quieta,.
Nada queixosa:
R. — Rizonha ,
Não rigorosa,
Tome, Menina,
Lição gostosa.
Huma, &c,
«X 4 X*
S. *• He sincera ,
Não suspcitosaí
T,— He ser terna
Nunca teimosa:
V.-- Verdadeira ,
Nada vaidosa:
Tone, Menina,
Lipw goitosa.
Huma, &o.
X. — Xocarreira ,
Pouco xorosa ;
Z-r— Zombadeira
Pouco zelosa:
Tome, Menina,
Lição gostosa.
Huma, Scc.
«V( r X*
Derois d'as Letras
Bem decorar,
Quer, que eu lh*encine
A soletrar?
Tome sentido
Ví de vagar
A m, a, r ,
Soletre amar.
Quero ensinala
Tim por tím tim;
E lições dar-lhe
A^é ao fim :
Olhe, Menina,
Bem para mim ,
S i m,
Diga-me sim.
*X 6 )ü
Mas se lhe falia
Hum maganão ;
Entáo he outra
Nova lição:
A mão levante
Dê bofetão ;
N,a,6,
Diga-lhe nao.
C A N T I G A S ,
Declaração de Lereno,
O
\ £ Ueres, que eu diga ,
Chara o meu nome
Chara inimiga,
Eu to direi.
Eu sou Lereno
De baixo estado,
Chossa nem gado
Dar poderei.
Mas se tu queres
Melhor morada ,
Vem, minha amada,
Que eu ta darei.
«X io x*
Entra em minha alma
Entra em segredo,
Contente, e ledo
Te adorarei.
Amor Generoso.
C A N T I G A S .
L / E mais ventuross ,
Meu bem , Chego a ver-te ,
O mal de perder-te
Se torna em hum bem.
A Amor agradeço
Que assim te \ rocura
Fm outro a ventura
Que em mim não a tem.
O mal de perder-te
Se torna em hum bem.
t X 14 X*
O mal, Scc.
Comtigõ vaidoso
De Amor vou ao Templo ,
Servir de hum exemplo
Que o mundo não tem.
Abraço sem raiva
Meu próprio rival,
E estimo o meu mal
Porque he o teu bem.
O mal, &c;
«X i* X*
Não sigo dos zelos
A triste loucura,
E he tua ventura
A que me ccnvem.
He minha paixão
Mais justa, e mais forte,
Que faz tua sorte
A minha também.
O mal, &CÍ
O mal „ &c-
*H Í6 X*
C A N T I G A S *
Razão e respeito
A voz me sustem ,
E os ais receosos
Vão mudos, e vem.
Mas podem teus olhos,
Que a elles convém,
Nos meus achar quanto
Meu coração tem.
Ah! &c.
Os ternos Amofes
Meu pranto escutando,
Em torno voando
Aqui se detém.
E os ais , que se quebrão
Nestes troncos secos,
Os levão aos eccos,
Que os tornao também."
A h ! &C
Vol* 1. N. 8.
<& 18 tf*
Guerra de Amor.
C A N T I G A S .
A, .S Armas i Amor,
Amor , haja guerra ,
Que já do teu nome
Se zomba na terra.
E se já tens gasto
Os teus passadores ,
Elfina te empreste
Olhos vencedores.
Não haja mais livre
Hum só coração ,
Vai banir do mundo
A fria izenção.
E se j á , &c<>
«X 19 tf*
Do sangue dos ímpios
O chão seja tinto ,
E sintão os outros
Ò mesmo que eu sinto.
E se, Scc.
Os que blasfemarão
Q^expiem seus erros,
Humildes rojando
Os teus duros ferros.
E se, & c
E se, &c.
Confessem sentindo
Arder o teu lume,
Que devem guardar-te
Respeitos de Nume.
E se, &c.
E se, Scc.
«X 21 tf*
Não haja Pastora,
Não haja Pastor,
Que zombe hum momento
Do nome de Amor.
E se , &c.
De Elfina o triunfo
De Amor gloria seja ,
E huns morrão de amores ,
E outrcs de inveja.
E se , &c.
m 22 tf*
C A N T I G A S .
Da lindíssima garganta
Columna qu'isto segura,
Sahe a vós suave , e pura,
Que recreia, e que m'encanta.
«X 17 X*
No seu seio , que o pudor
Encobre sempre excessivo,
Eu bem vejo cheio o archivo
Dos mimosos bens de Amor.
A cintura delicada
Põe mil graças em aperto,
E o amante mais experto
Pára a l ü , não vê mais nada.
«X 28 tf*
Adeoses a Livia.
OUvi, ó campos
Ouvi, ó Ceos
Quanto me custa
Dezir Adeos.
Eu vou-me, eu parto
Dizendo Adeos.
Ajunta Livia
Clamores seus ,
E sahe d'entre ambos
Hum terno Adeos.
E u , Scc.
Bosque amoroso,
Nos troncos teus
Fique o meu nome ,
E O meu Adeos.
Eu , &c.
*K 32 tf»
A triste Ecco
Nos gritos seus
Repita sempre,
Adeos, Adeos.
EUi, &c.
Lembro Lereno,
E estes ais seus ,
Que triste solta
Dizendo Adeos.
E u , &c.
Sâo derradeiros
Suspiros meus,
Basta, não posso
Dizer Adeos.
Eu vou-me, eu parto,
Adeos, Adeos!
Í N D I C E
DAS CANTIGAS DESTE PRI-
MEIRO VOLUME.
NUMERO I.
N U M E R O II.
Perdi a Alegria . . . . . . . 1
A huns lindos olhos . . . . . . 4
Ao Som da Lyra a chorar . . . . 5
Serei triste até morrer 9
Zabumba 13
O Nome de teu Pastor 20
2 Í N D I C E .
NUMERO III.
Suspiros do coração , . , . 1
Inda sou teu S
Primavera 10
Quando os mortaes quer render 14
Amor sabido vai gualdido . . 17
Raivas g o s t o s o s . . . . . . )í)
jio meu pensamento . . . . 21
Cada vez querer, te eu mais . 24
Puros Votos eu jurei . . . . 27
Viver só para te amar A . . 30
NUMERO IV.
NUMERO V.
Cumprimento do voto. , : . . . !
lAga o Mundo o que quizer . . . 3
Coração não gostes delia
Que cila não goita de ti . . . . 6
O meu livre coração . . . . . . 9
A illusire Amira 11
A Armania . 14
Lereno melancólico 17
Não se resista a Amor 23
Clamor de Lereno 25
A lerta que Amor faz guerra . . 28
Partida : Tradurção , e Glosa
da Partenza de Metastasio . . . 30
NUMERO VI.
NUMERO VIL
NUMERO VIII.
A, B. C. de Amor 1
Ter amor não he defeito. . . . . 6
Declaração de Lereno 9
Moda das Caldas 10
Amor generoso . . . . . . . 13
Outras d mesma solfa lfi
Guerra de Amor 18
Não o saiba ninguém mais . . . . 22
Retrato da minha linda Pastora . . 24
Adeoses a Liuia . . . . . . . 2$
íL^s
i»fl
BRASILIANA DIGITAL
1. Você apenas deve utilizar esta obra para fins não comerciais.
Os livros, textos e imagens que publicamos na Brasiliana Digital são
todos de domínio público, no entanto, é proibido o uso comercial
das nossas imagens.