A Transferência e Contratransferência Na Psicanálise Contemporânea

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CURSO DE PSICOLOGIA

Carolina Schiavoni

Evelyn Carinne Santos

Joelma Bento da Silva

Josiana Carla da Silva Rodrigues

Karina Souza de Lima

Karine Araújo Medeiros

Leandro Valnei Marques

Rosana Camargo Cruz

Roseli Oliveira Rodrigues

A Transferência e Contratransferência na Psicanálise Contemporânea

Guarulhos 2016
Carolina Schiavoni

Evelyn Carinne Santos

Joelma Bento da Silva

Josiana Carla da Silva Rodrigues

Karina Souza de Lima

Karine Araújo Medeiros

Leandro Valnei Marques

Rosana Camargo Cruz

Roseli Oliveira Rodrigues

A Transferência e Contratransferência na Psicanálise Contemporânea

Projeto de pesquisa especialmente


redigido como parte dos requisitos
para avaliação na disciplina de
Projeto Integrado VI, do curso de
Psicologia, sob orientação do
Professor Cesar Villaça.

Guarulhos 2016
SUMÁRIO

1.1 INTRODUÇÃO..............................................................................................4

1.2 JUSTIFICATIVA............................................................................................5

1.3 OBJETIVOS..................................................................................................6

1.4. REVISÃO TEÓRICA....................................................................................7

1.4.1 Caracterização do conceito transferência e contratransferência na


psicanálise contemporânea..............................................................................7
1.4.2 Transferência positiva.................................................................11

1.4.3 Transferência negativa................................................................11

1.4.4 Transferência erótica e amor de transferência.........................12

1.4.5 Contratransferência.....................................................................13

1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................16

1.6 REFERÊNCIA............................................................................................17
4

1.1 INTRODUÇÃO

O ser humano é essencialmente um ser relacional. Para ocorrência do


processo de socialização ao qual passa todos os seres humanos, é exigida a
presença do outro. Esse processo é gradual e se inicia, desde os primeiros
anos de vida. Transferência e contratransferência são conceitos centrais na
compreensão da relação terapêutica nas diversas vertentes da psicanálise.
Uma característica da psicanálise contemporânea e a preocupação com seu
aspecto relacional ou vincular. Este encontro analítico passou a ser observado
e estudado como uma relação que produz um impacto emocional mútuo, na
troca de informações, na comunicação em nível verbal e não-verbal,
intencionais ou não, entre o paciente-analista. Refletir sobre a transferência
contemporaneamente significa preocupar-se com o que é transmitido sobre o
funcionamento mental do paciente e eventualmente do analista, isto é de sua
contratransferência, através do que ocorre na relação paciente-analista, no
nível consciente mas principalmente inconsciente.
A transferência surge do contato emocional dos pacientes com a situação
analítica e por se tratar de uma relação dinâmica, é algo vivo. Por outro lado,
sabemos que a transferência leva o analista a apresentar uma resposta
emocional frente ao seu paciente. É preciso destacar que esse encontro
envolve duas pessoas, duas vivências. Desse relacionamento surgirão afetos,
sentimentos, vivências inconscientes que vão engendrar mutualidade,
tratamento relacional que está inserido no âmbito da intersubjetividade. Assim
sendo – paciente e analista –, estão irremediavelmente vivos. Dessa forma,
consideramos o efeito da presença na vida psíquica de cada participante do
encontro. Estamos, portanto, não só no domínio do intrapsíquico. (PALHARES,
2008). A oposição transferência e contratransferência constitui, por
conseguinte, o eixo essencial do processo analítico. Assim sendo, a teoria da
transferência se articula necessariamente com a da contratransferência. Freud
sempre deixou claro que o domínio desse assunto era consequência da
experiência clínica e, acima de tudo, da própria análise do analista, tida por ele
como uma “necessidade fundamental” de todo psicanalista militante. A
ocorrência da transferência parece ter um caráter ambivalente, e essa relação
se destaca tanto no relacionamento analista-paciente quanto o inverso, ou seja,
dificultando a fluidez da análise. No entanto a transferência é condição para
que o tratamento ocorra e, ao mesmo tempo, a maior resistência possível ao
tratamento. Freud descreveu três diferentes tipos de transferência: a negativa,
a erótica e a positiva. Sendo que a negativa e a erótica eram consideradas
5

como as que dificultavam o trabalho terapêutico, e a positiva como a que


auxiliava o trabalho terapêutico.

Castro (2005) diz que em 1910, surgiu o conceito de contratransferência,


como sendo uma reação do analista provocada pela transferência do paciente,
e, como tal, algo a ser superado ou ultrapassado para que o analista volte a
trabalhar em condições adequadas. No trabalho de 1912, Freud conclui que o
médico tenta compelir o paciente a ajustar seus impulsos emocionais ao nexo
do tratamento e da história de sua vida, submetendo-os à consideração
intelectual e a compreendê-los à luz de seus valores psíquicos. E que “esta
luta, entre o médico e o paciente, entre o intelecto e a vida instintual, entre a
compreensão e a procura da ação, é travada, quase exclusivamente nos
fenômenos das transferências”.
Segundo Isolan (2005), a contratransferência inicialmente passou pelas
mesmas vicissitudes da transferência, sendo vista como uma manifestação
indesejável no tratamento. O conceito de contratransferência foi introduzindo
por Freud que o definiu como sendo aquilo que "surge no médico como
resultado da influência que exerce o paciente sobre os seus sentimentos
inconscientes". (FREUD, 1969, p.125-36).

1.2 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho enfatiza a importância da relação entre o profissional e o


paciente, tem a finalidade de mostrar como a transferência e
contratransferência e suas diferentes abordagens, refletem na relação entre
analista e analisado. A relação entre paciente e psicoterapeuta é de
fundamental importância para adesão ao tratamento e consequentemente a
melhora do indivíduo .A transferência e a contratransferência é um fenômeno
presente nessa relação. Segundo Zimerman (2000), a transferência é o
fenômeno essencial e que se baseia o processo de qualquer terapia analítica.
De acordo com Laplanche e Pontais (2004) esse processo é um conjunto das
relações inconscientes do analista à pessoa do analisado a pessoa do
analista, onde a relação terapêutica é construída em um nível mais primitivo de
comunicação, onde desejos inconscientes se transferem para determinado
objeto dando ênfase à experiências do encontro emocional, que podem tanto
ser de natureza positiva quanto negativa, desse modo se tornando um
obstáculo a analise, esse obstáculo deve ser neutralizado e superado.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Problematização

Sendo a transferência projeções relacionadas a reações emocionais do


paciente dirigidas ao analista, e sendo a contratransferência o fenômeno onde
o terapeuta dirigi ao paciente suas reações emocionais, estes se dão em todas
as relações interpessoais, e pode o analista não acompanhar a evolução deste
na psicoterapia, não acompanhando as transformações que a terapia sofre no
decorrer do tratamento?

1.3.2 Objetivo geral

Enfatizar que a teoria da contratransferência se articula necessariamente com


a da contratransferência, constituindo assim o eixo essencial do processo
analítico.

1.3.3 Objetivo específico

Estabelecer que toda transferência implica em alguma forma de


contratransferência, formando assim um vínculo transferencial-
contratransferencial
7

1.4 REVISÃO TEÓRICA

1.4.1 Caracterização do conceito transferência e contra transferência na


psicanálise contemporânea

A expressão clássica "transferência" não cabe somente à psicanálise é um


termo substantivo que envolve uma multiplicidade de significados distintos,
como transporte, um deslocamento de valores, de direitos, de entidades e um
deslocamento material de objetos. Na psicologia o termo transferência é
utilizado em diversas ocasiões, entra como transferência sensorial,
transferência de sentimentos, transferência de aprendizagem e transferência
de hábitos (Wolft; Falcke, 2011).

O termo psicanalítico foi aplicado por Sigmund Freud e Sandor Ferenzi entre
1900 e 1909 para explicar um processo que ocorre no tratamento psicanalítico,
esse construto de transferência, se relaciona às reações emocionais
inconscientes despertadas no Analisado (Roudinesco; Plom,1997; Zimermam,
1999).

Freud considerou o fenômeno da transferência um comprometimento primordial


como instrumento para cura no processo psicanalítico e que as manifestações
de transferência são um importante instrumento de diagnóstico terapêutico,
porque vai informar ao Analista o mundo interior do Analisado, as relações do
Analisado vividas com as figuras parentais e outras pessoas são
transferências, assim a transferência se torna um processo estruturante no
tratamento psicanalítico (Laplanche; Pontalis, 2001 et al.).

Freud discerniu as manifestações transferenciais como sentimentos


inconscientes do Analisado frente ao Analisando como manifestações de uma
relação espremida das figuras parentais e outras pessoas e, que essa relação
do Analisado com suas figuras parentais revivida no fenômeno transferencial as
distingue em duas possíveis transferências, uma positiva, essa sendo uma
transferência de sentimento, termos para com o Analisando, e a transferência

negativa, onde ocorre a transferência de sentimentos hostis, assim resultando


uma nação de neuroses de transferência, essas neuroses de transferência
para Freud são a repressão dos precoces traumas sexuais (Roudinesco; Plom,
1997 et al.).

No caso Dora (1905) Freud descreve que a analisada não se lembra de nada
que está reprimido, mas que o espremido se mostra na atuação da mesma no
processo de Analise, diz que a analisada revivencia o reprimido não como
sendo uma lembrança, mas através de uma ação repetitiva de impulsos e
fantasias se tornando uma necessidade para o Analisado e dificultando a
fluidez da Análise. Freud reconheceu o fracasso na análise por não ter
reconhecido as manifestações transferenciais no caso Dora (Lopes, 2011;
Zimermam, 1999).

Freud em 1909 deixou de considerar as manifestações transferenciais como


um fenômeno contra produtivo no processo psicanalítico, sendo que até então
o fenômeno era considerado por ele um obstáculo, uma resistência para a
fluidez da Analise. No mesmo ano na história Homem dos Ratos, Freud
descreve o fenômeno transferencial como um caminho penoso, mas
necessário, para que o Analisado revivenciasse os conflitos com o pai morto
internalizado no inconsciente do sujeito, sendo assim surge a primeira
referência do fenômeno transferencial como um importante instrumento de
diagnóstico terapêutico que irá informar ao Analista o mundo interno do
Analisado (Zimermam, 1999; Laplanche; Pontal, 2001).

Reconceituando o termo transferência por Freud, pois, em 1895 o termo da


transferência era conceituado como uma resistência inconsciente e agia como
um obstáculo no trabalho do Analista, as manifestações transferenciais sempre
estiveram presentes nas inter-relações pessoais, ela surge nos primórdios da
psicanálise que dificultava o processo analítico (Roudinesco; Plow, 1997;
Castro, 2005).

A transferência ocorre em todas as relações humanas, ela possui um


movimento de dentro para fora e de fora para dentro, na prática psicanalista ela

se mostra nos vínculos humanos, Freud nos diz que a teoria da repressão,
onde se encontra toda a estrutura da psicanálise e vem a ser uma tentativa de
elucidar o fenômeno transferencial e a resistência, a transferência não quer
permitir que o material recalcado venha para a consciência e seu aparecimento
é assinado como sendo generalizado e com frequência, pois a transferência
tem de estar presente em toda e qualquer processo psicanalítico sério
(Palmarés, 2008; et al.).

Freud reconheceu que o fenômeno transferencial é um comportamento


essencial no processo psicanalítico, sendo o fenômeno que vai diferir a
psicanálise de outras psicoterapias, sendo a transferência um instrumento de
cura no processo psicanalítico, pois constitui tanto para o Analisado como para
o Analisando uma maneira de se identificar os elementos dos conflitos infantis,
a transferência irá mostrar a problemática singular do Analisado frente ao
Analisando de ser um mero observador e o tornando um intérprete do
fenômeno transferencial em uma relação interpessoal (Castro, 2005;
Laplanche; Pontalis, 2001).

A transferência faz com que o Analisado repita suas necessidades não


satisfeitas e emoções dolorosas que afetaram de maneira consciente e
inconsciente por circunstâncias sentidas e relacionadas na vida do Analisado,
se o analista não escutar a transferência do Analisado, ele não irá conseguir
libertar as necessidades não satisfeitas e as lembranças reprimidas, e essa
resistência pode se transformar em uma eterna compulsão a repetição por
parte do Analisado (Palhares, 2008; Zimermam, 1999).

O termo transferência por si só já nos mostra uma notação de algo vivo e


porque emerge da relação do Analisado com o processo analítico e que
também conduz o Analisando a devolver uma reação emocional controlada,
consciente e adquirida o Analisado, Freud nos diz que para o Analisando agir
como um espelho e refletir somente o que o Analisado lhe mostrar e, que a
partir dos derivados inconscientes do Analisando e Analisado ocorrerá uma
comunicação e essa comunicação irá reconstruir o inconsciente do Analisado
(Zimermam, 1999; Palhares, 2008; Castro, 2005).

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A transferência não ocorre de forma desejada nem pelo Analisado e nem sua
contra transferência pelo Analisando. A transferência ocorre naturalmente, o
processo Analítico não envia a transferência apenas propícia a sua
redescoberta, mas ela é facilitada pela instalação do setting, assim
favorecendo a regressão do Analisado. A transferência se mostra no desejo, os
primeiros vínculos afetivos voltam a serem sentidos e vivenciados no momento
atual do processo de análise os desejos surgem por necessidades que não
foram satisfeitas na figura do analista, os primeiros vínculos afetivos são as
relações vividas na infância do Analisando com seus familiares e outras
pessoas assim fica ao setting uma importância considerável no processo de
Análise, pelo motivo de o setting passar a representar para o Analisado um
espaço novo e singular, no qual o Analisado irá revivenciar e modificar as
vivências emocionais que lhe foram traumáticas, mal resolvidas e
desestruturadas (Lopes, 2011; Palmarés, 2008; Zimermam, 1999).

As manifestações transferências acontecem pelo encontro e o enlace de duas


pessoas, envolve sentimentos, afetos e vivências inconscientes, a transferência
se distingue em três formas, a transferência positiva traz sentimentos, que são
admissíveis à consciência, por serem sentimentos amistosos e afetuosos.
Transferência negativa são os sentimentos hostis e agressivos e irão passar
sentimentos de hostilidade em relação ao analista, essa hostilidade poderá vir
como inveja, ciúmes e rivalidade para com seu analista. Transferência Erótica,
quando o Analisado transfere para a pessoa do analista os seus sentimentos
de amor, o Analisado perde o foco pela análise e fica absorvido pelo amor ao
analista, então aqui se deve interromper a análise ou mudar de analista
(Roudinesco; Plom, 1997 et al.).
Freud em 1920 em mais além do princípio do prazer nos diz que a
transferência não se dá pelo tratamento psicanalítico, mas, ela ocorre devido
às neuroses, essas neuroses são a repressão dos processos traumáticos
sexuais do Analisando, pois o Analisado vai substituir o que não consegue falar,
e ao invés de recordar ele passa a ter uma ação repetitiva e inconsciente
dificultando a fluidez da análise, essa ação repetitiva e inconsciente se dá por

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impulsos e fantasias, assim tornando-se uma necessidade para o Analisado,


por isso a repetição (Laplace; Pontapés, 2001 et al.).

As manifestações transferenciais são de suma importância para que o


tratamento ocorra, e caso ela não venha ser compreendida pelo analista ela
poderá vir a interromper a comunicação com o inconsciente do Analisado vindo
a se fechar e assim se transformando em resistência, pois é através do
fenômeno da transferência que o analista vai se apropriar do inconsciente que
se insinua na fala do cliente, esse se apropriar do inconsciente para Freud são
os conteúdos da sexualidade infantil do Analisado (Roudinesco; Plom, 1997 et
al.).

Freud consagrou os termos transferências em positivas e negativas e só em


1915 referiu-se a transferência erótica, chamada por Freud de "amor de
transferência".

1.4.2 Transferência positiva

A transferência positiva se refere às pulsões e derivados da libido, são as


transferências de sentimentos amistosos e afetuosos, sendo que os
sentimentos inconscientes se tiverem a forma de amor não sexual do Analisado
pelo analista ele permanece na forma positiva, e quando o Analisado passa ao
Analisando sentimentos de carinho e simpatia conscientes e inconscientes,
sendo que os sentimentos inconscientes não podem ter conotação sexual, se
não perde a forma positiva. Cabe ao Analisando saber distinguir os fenômenos
transferenciais, pois, em algumas vezes o que pode parecer ser uma
transferência positiva, pode estar sendo negativa no processo Analítico, pois a
transferência pode estar em forma de idealização e não em admiração entre
Analisado e Analisando. Também pode ocorrer uma aparente transferência
positiva, e quando o Analisado assume fielmente as combinações de
pontualidade, verbalização e concordâncias falsas com as interpretações do
Analisando, esse caso ocorre quando o Analisado possui uma forte estrutura
narcisista. (Lopes, 2011; Palhares, 2008; Zimermam, 1999).

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1.4.3 Transferência negativa

Freud se referia a transferência negativa, quando predominava as pulsões


agressivas, com sentimentos de hostilidade em relação ao analista, a
transferência negativa se mostra na forma de ciúme, rivalidade, inveja,
voracidade e em destrutividade e etc., mas, por todo e qualquer ser humano
possuírem conflitos relacionados à agressividade, a experiência de
transferência negativa se mostra de grande importância no processo Analítico.
Essa importância da transferência negativa se dá por todo e qualquer
Analisado possuírem conflitos manifestos e latentes relacionados à
agressividade, se uma análise não passar pela transferência negativa, pode-se
dizer que ela ficou no mínimo incompleta. O Analisando deve estar atento
manifestações de agressividade do Analisado, pois os mesmos podem estar
representando a construção de uma confiança e de um vínculo entre Analisado
e Analisando.

A importância de uma análise passar pela transferência negativa se dá na


importante experiência do Analisado se permitir a atacar o seu analista, por
diversas maneiras, às vezes de formas cruéis, cabe ao analista não se
intimidar, nem revidar e nem desistir, deve o analista manter-se firme e fiel em
sua posição, isso vai mostrar para o Analisado que ele não é perigoso e nem
tão destruidor como imagina e também não é tão frágil como sempre temeu
(Lopes, 2011; Palhares, 2008; Zimermam, 1999).

1.4.4 Transferência erótica e amor de transferência


Freud se refere ao "amor de transferência" como sendo um problema que
acontece com certa frequência no processo terapêutico, pois, é quando o
Analisado transfere para a pessoa do analista os seus sentimentos de amor, ou
seja, quando o Analisando sente estar apaixonado pelo analista. Freud
afirmava ser uma forma defensiva do Analisado no fenômeno transferencial,
assim o Analisado perde o foco na análise e fica absorvido pelo amor ao
analista. Freud advertia aos analistas para não se deixarem confundir por essa
reação como sendo um amor legítimo, e também advertia aos analistas para

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não reprimirem o amor nos Analisados, mas que o trata como irreal, e que os
perseguissem até suas origens inconscientes, pois o Analisado fica
inteiramente sem compreensão interna, ele irá focar as sessões para o amor
ao analista, assim perdendo o interesse no tratamento, e querendo que esse
amor seja retribuído, assim o Analisado coloca suas defesas em prática para
não lembrar a ter de admitir certas situações vividas no passado, sendo assim
deve-se interromper a análise ou mudar de analista. Assim a transferência
Erótica se mostra por sentimentos amistosos e carinhosos até uma intensa
atração sexual obcecada, permanente consciente ego sintônico e resistente no
processo Analítico. Chama-se de "transferência erotizada" quando se
predominam as pulsões ligadas ao ódio, com fantasias agressivas, com o
intuito de controle do Analisado sobre o Analisando, assim querendo o possuir
de maneira voraz (Lopes, 2001; Zimermam, 1999).

1.4.5 Contratransferência

É mais um mérito de Freud, definida a relação analítica não somente a partir da


perspectiva do Analisado, mas também do analista sendo essa relação,
recíproca de transferência e contra transferência, por serem processos
idênticos, cada qual inconsciente experiência o outro como sendo alguém
importante do seu passado, o fenômeno da contratransferência é abordado por
Freud em dois artigos, sendo eles, "As perspectivas futuras da terapêutica
psicanalista" e no segundo sobre "Amor de transferência" onde conceitua a
contratransferência com precisão. A contextualização e a inserção da
contratransferência na teoria psicanalítica se dá com a preocupação de Freud
como aumento de profissionais exercendo a psicanálise, Freud diz que o
avanço da teoria e da prática psicanalítica faz com que a análise irá merecer
com o tempo o respeito e apoio das pessoas, pois ainda não o tinha e que na
medida em que a psicanálise começar a influir no meio social e cultural fará a

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repercussão como efeito geral em seu próprio progresso (Etchegoyen, 1989;


Zimermam, 1999; Gonçalves, 2012).

Pode-se dizer que Freud considerou de início que a contratransferência


aparece como um obstáculo no processo Analítico, mas também presumiu que
a compreensão da contratransferência, vinha a significar um grande avanço
para a técnica psicanalítica, sendo que a contratransferência vai permitir ao
analista escutar, pelos seus sentimentos o que o Analisado diz, e ainda mais o
que ele não diz. Pelo fato de o Analisado ignorar o plano consciente, cabe ao
analista ter consciência do que está ocorrendo e ele saber manusear os seus
sentimentos na relação terapêutica. A contratransferência está inclusa na
técnica psicanalítica, seja com a denominação original, ou em algum conceito,
que a inclui como identificação projetiva, Freud iguala a contratransferência a
um sentimento que surge no analista pela influência do Analisado, assim
restringindo-se aos pontos cegos do Analisando (Zasla Vshy; Santos, 2005 et
al.).

Freud afirma que quanto mais o Analisado for o Analisando, menos ele será
afetado aos efeitos da contratransferência, a análise pessoal se torna essencial
para o controle da contratransferência no processo Analítico, então cabe ao
Analisando controlar os sentimentos que foram despertados nele pela
influência do Analisado, e saber manejá-los adequadamente para manter sua
postura neutra frente à transferência do Analisado, sendo que é através de sua
neutralidade que o analista vai conseguir manter-se no processo investigativo
do inconsciente do Analisado, e assim conseguindo desenvolver ao Analisado
uma reação emocional controlada consciente e adequada, pois, é pela
neutralidade frente aos conflitos emocionais do Analisado, que o analista se
permite permanecer na atenção em escuta do cliente, sendo assim a reação da
contratransferência não pode ser considerado só como um obstáculo, pois
temos de considerar seus aspectos positivos como sendo um meio de extrema
importância para a compreensão do inconsciente do Analisado e sendo um
importante instrumento de diagnóstico terapêutico que vai informar ao
Analisando o mundo interno do Analisado (Wolft; Falcke 2011et al.).

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A contratransferência para Freud se mostra como um grave obstáculo a ser


superado pelo analista, também se mostra como um útil instrumento para o
tratamento, mas tem a qualidade de dar um destino diferente à antiga relação
de objeto que tende a se repetir, no momento que a contratransferência é
resolvida, o analista não ficará excluído, pois mesmo a contratransferência
sendo uma manifestação inconsciente, ela dá a possibilidade para o analista
reconhecê-la, pois ela deixa emergir derivados conscientes no processo de
análise, cabe ao analista reconhecer a existência dela em sim mesmo e
superá-la (Zimermam, 1999; et al.).

É inevitável a necessidade que haja um domínio do analista sobre sua


contratransferência, pois pode ocasionar uma possível rigidez artificial no
analista, Freud nos diz para o Analisando agir como um espelho e refletir
somente o que o paciente lhe mostra, e que a partir dos derivados
inconscientes do Analisando e Analisado, ocorrerá uma comunicação e essa
comunicação irá reconstruir o inconsciente do Analisado, pois na medida em
que o inconsciente do analista engloba o do Analisado, o Analisando deve se
servir da contratransferência como um instrumento facilitador da compreensão
do inconsciente do analista e não levar a uma comunicação dos sentimentos
do Analisando para o Analisado, sendo necessário ao Analisando saber
informar os elementos de sua contratransferência para com o Analisado
(Roudinesco; Plon; Etchegoyen, 1989).
Freud diz que a contratransferência são os sentimentos e as reações
neuróticas do psicanalista, assim vindo a atrapalhar o processo psicanalítico se
a mesma não for percebida pelo analista, pois ela causa uma interação entre o
inconsciente do Analisado e do Analisando, sendo a contratransferência e a
transferência do analista em relação ao Analisado, ou seja, a resposta do
analista frente a transferência do Analisado. A transferência e a
contratransferência são fenômenos muitas vezes possíveis de se confundirem,
pois inicialmente a contratransferência passa pelo mesmo destino da
transferência, sendo ela uma manifestação indesejada, pois são os
sentimentos e as reações neuróticas do psicanalista, ela age como uma

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resistência inconsciente, não permitindo ao analista ultrapassar seus


complexos e suas resistências, por esse motivo há também a necessidade do
analista passar pelo processo de análise, para que ele consiga diminuir suas
manifestações de contratransferência frente ao Analisado (Zimermam, 1999; et
al.).

1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o desenvolvimento desse projeto, apresentamos a caracterização e


conceito sobre a transferência e contra transferência com base psicanalítica,
voltada principalmente para a contemporaneidade, ou seja, a evolução do
conceito e como tais termos eram compreendidos desde sua primeira aparição
até os dias de hoje. O que antes era considerado como obstáculo numa análise
por acreditar ser uma resistência à fluidez da mesma, hoje se entende como
necessário para que o cliente possa reviver seus conflitos primordiais e, para
que o psicólogo possa se utilizar dessa ferramenta como diagnóstico a partir do
mundo interior do cliente que virá a tona, como também, possibilita que o
psicólogo elabore melhor em si mesmo o processo de contra transferência.
O processo de transferência mostra-se de grande importância para toda e
qualquer relação humana, desse modo, objetivamos apresentar que esse
mecanismo é também fundamental para uma análise psicanalítica, até mesmo
para que seja completa e possa ser diferenciada das demais abordagens,
sendo assim, esse mecanismo tem grande importância e influência no
processo como instrumento que proporciona a cura, por envolver tanto o
psicanalista como o cliente e também por possibilitar a apropriação do
inconsciente deste último a partir da sua fala.

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REFERÊNCIAS

CAMPOS, E.B.V.; SOUZA J.G.E. A contratransferência e a importância das


capacidades do analista na prática psicanalítica contemporânea.
Impulso, v. 24, n. 60, p. 1-10, 2014.

ETCHEGOYEN, H. Fundamentos da técnica psicanalítica. 2. ed. Tradução


de Pedro Tamem. Porto Alegre: Artmed, 2003.

GONÇALVES, C.A.B. A contratransferência na clínica contemporânea:


abertura para o inédito. 2012. 94 f. Dissertação (Mestre em Psicologia) –
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2012.

LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J.B. Vocabulário de Psicanálise. 4. ed. São


Paulo: Martins Fontes, 2001.

PALHARES, M.C.A. Transferência e contratransferência: a clínica viva. Revista


Brasileira de Psicanálise, v. 42, n. 1, p. 100-111, 2008.

ROUDINESCO, E.; PLON, M. Dicionário de Psicanálise. Tradução de Vera


Ribeiro e Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

WOLFF, C.; FALCKE, D. A contratransferência na clínica psicanalítica


contemporânea. Aná. Psicológica, v. 29, n. 2, p. 201-214, 2011. Disponível em
<http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S087082312011000200002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso
em 25 maio 2016.

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma


abordagem didática. Porto Alegre: Artmed, 1999.

ZUSMAN, J.A. O analista trabalhando: reflexões sobre a teoria da técnica.


2006. Disponível em:
<http://www.abp.org.br./capsa/capsa2006_josealberto.doc>. Acesso em 06 Abril
2016.

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