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CAPÍTULO
ANATOMIA DA
CAVIDADE ORAL
Miguel Carlos Madeira
Horácio Faig Leite
Roelf J. Cruz Rizzolo
dentes em oclusão, estas duas partes comunicam-se pelo espaço entre os últimos
molares e a borda anterior do ramo da mandíbula.
A cavidade da boca tem como limites: anterior e lateralmente os lábios e boche-
chas, posteriormente o istmo da garganta, superiormente o palato e inferiormente o
soalho da boca, onde encontramos fixada a língua.
São formações limitantes da cavidade da boca: os lábios, bochechas, palato, soa-
lho e istmo da garganta.
1.1.1 LÁBIOS
1. Rima da boca
2. Ângulo da boca
3. Filtro
4. Sulco nasolabial
5. Sulco labiomarginal
A face interna dos lábios está relacionada com o vestíbulo da boca e com os
arcos dentais, sendo revestida por uma mucosa de coloração rósea e aspecto liso
brilhante. Esta face interna continua com a mucosa alveolar fazendo uma reflexão
em forma de fundo de saco, o fórnice do vestíbulo. No vestíbulo podemos notar
uma prega mucosa mediana, o frênulo (freio) do lábio; outras pregas podem apa-
recer como os freios laterais (Figuras 1.2 e 1.3). O frênulo do lábio superior é nor-
malmente mais pronunciado do que o inferior e algumas vezes pode necessitar de
uma redução cirúrgica (frenectomia). Na parte mucosa do lábio inferior, podemos
notar pequenas elevações das glândulas salivares menores aí encontradas e que
podem ser sentidas com a ponta da língua ou com a palpação digital. A camada
muscular dos lábios é formada pelo músculo orbicular da boca e por algumas
fibras musculares que convergem para as bordas livres dos lábios.
7. Mucosa alveolar
8. Fórnice do vestíbulo
9. Freio labial superior
10. Freio lateral
7. Mucosa labial
8. Fórnice do vestíbulo
9. Freio labial inferior
10. Freio lateral
1.1.2 BOCHECHA
1. Dente superior
2. Dente inferior
3. Fórnice do vestíbulo
4. Bochecha
5. Prega pterigomandibular
1.1.3 VESTÍBULO
1. Mucosa alveolar
2. Gengiva
3. Junção mucogengival
4. Freio labial superior
1.1.4 PALATO
1. Papila incisiva
2. Pregas palatinas
transversas
3. Rafe palatina
4. Mucosa do palato
1. Palato mole
2. Úvula
3. Arco palatoglosso
4. Arco palatofaríngeo
5. Istmo da garganta
1. Margem da língua
2. Freio da língua
3. Carúncula sublingual
4. Prega sublingual
5. Mucosa do soalho bucal
1.1.7 LÍNGUA
1. Doce
2. Salgado
3. Ácido
4. Amargo
5. Papilas circunvaladas
6. Papilas fungiformes
7. Sulco terminal
8. Tonsila lingual
9. Arco palatoglosso
10. Tonsila palatina
11. Valécula epiglótica
12. Prega glossoepiglótica
mediana
Figura 1.11 – Língua, com demarcação das zonas do gosto por linhas interrompidas
1. Glândula parótida
2. Glândula parótida acessória
3. Ducto parotídeo
4. Glândula submandibular
5. Linfonodo submandibular
Figura 1.12 – Peça anatômica com glândula parótida, ducto parotídeo, glândula submandibular e linfonodos sub-
mandibulares
1.2.4 MASTIGAÇÃO
A pressão do alimento pela língua contra o palato duro ocorre como sendo
mais uma modalidade de mastigação, ou complementação da mastigação, mas
que toma pequena parte no processo.
São quase todos os músculos envolvidos na mastigação inervados por meio
dos ramos do nervo trigêmeo. As exceções ficam por conta do nervo facial (mús-
culos da expressão facial e estilo-hióideo e ventre posterior do digástrico), nervo
hipoglosso (músculos da língua e gênio-hióideo) e nervo vago, via plexo faríngeo
(levantador do véu palatino, palatoglosso, palatofaríngeo e da úvula). São, pois,
quatro nervos que determinam ações variadas, umas diferentes das outras, mas
em perfeita coordenação ou sincronia. Trabalhando assim, sob um largo espectro
de informações nervosas simultâneas e sincrônicas, são evitados movimentos ex-
temporâneos ou fora de sequência que venham a ferir a bochecha ou morder a
língua.
Citados como foram, nos movimentos gerais da mandíbula e no ato da mas-
tigação, os músculos mandibulares serão também citados na fala, na sucção, na
deglutição, por serem indispensáveis nessas ações. Até agora foram mencionados
apenas os músculos que dão dinâmica à articulação da mandíbula. Somente com
eles não seria possível realizar uma boa e completa mastigação. A movimentação
do alimento dentro da boca depende da contração dos músculos da língua, do
palato, das bochechas, dos lábios e do soalho da boca.
Por isso, todos esses músculos passam a ser agora sucintamente descritos.
Masseter - Margem inferior do - Nos dois terços inferiores - Nervo massetéri- - Levanta (com força)
osso zigomático (parte da face lateral do co, ramo do man- a mandíbula
superficial) e margem ramo da mandíbula dibular (trigêmeo)
inferior do arco zigomático
(parte profunda)
Temporal - Soalho da fossa - Bordas e face medial do - Nervos temporais - Levanta a mandíbula
temporal e super- processo coronoide (crista profundos, ramos (mais velocidade
fície medial da temporal) e borda anterior do mandibular do que potência)
fáscia temporal do ramo da mandíbula (trigêmeo) - Retrai a mesma com
a porção posterior
Pterigóideo - Fossa pterigóidea - Face medial da re- - Nervo pterigóideo - Eleva a mandíbula;
medial gião do ângulo medial, ramo do age como sinergista
da mandíbula mandibular (trigêmeo) do masseter
Pterigóideo - Face lateral de lâ- - Fóvea pterigóidea - Nervo pterigóideo - Protrai (e com os
lateral mina lateral do e margem anterior lateral, ramo do digástricos abaixa) a
processo pterigoi- do disco da ATM mandibular (trigêmeo) mandíbula pela con-
de e superfície in- tração bilateral
fratemporal da simultânea
asa maior do esfe- - Movimenta para um
noide dos lados pela
contração unilateral
- Estabiliza o disco
articular
Digástrico - Incisura mastóidea - Fossa digástrica - Ventre anterior: nervo - Retrai (e com os
- O tendão intermédio milo-hióideo, ramo pterigóideos laterais
prende-se pela alça do alveolar inferior, abaixa) a mandíbula
digástrica (indiretamente) que é ramo do
ao osso hioide nervo mandibular
- Ventre posterior: ramo
digástrico, do nervo facial
Estilo-hióideo - Processo estiloide - Osso hioide - Ramo estilo-hióideo - Puxa o hioide para
do nervo facial cima e para trás
Milo-hióideo - Linha milo-hióidea - Rafe milo-hióidea - Nervo milo-hióideo, - Eleva o soalho da boca,
e corpo do hioide ramo do alveolar hioide e língua Protrai
inferior, que é ramo do o hioide ou retrai (e
mandibular (trigêmeo) abaixa) a mandíbula
* Este Quadro 1.1, bem como os próximos Quadros 1.2 e 1.3, foram modificados dos originais que se encon-
tram nos livros de dois dos autores deste capítulo, CRUZ RIZZOLO & MADEIRA (2010).
46 Sistema digestório: integração básico-clínica
Genioglosso Espinha mentoniana Ápice, dorso e raiz Nervo hipoglosso Abaixa a língua.
superior da língua Fibras médias e
posteriores protraem.
Fibras anteriores
retraem a ponta
Hioglosso Corno maior e corpo Aspecto lateral Nervo hipoglosso Abaixa e ajuda a
do osso hioide da língua retrair a língua
Tensor do véu Fossa escafoide Contorna o hâmulo Ramo do nervo Torna tenso o
palatino pterigóideo e mandibular do palato mole
insere-se na trigêmeo
aponeurose palatina
Levantador do Aspecto inferior da Aponeurose palatina Nervo vago Eleva o palato mole
véu palatino parte petrosa do
temporal
Da úvula Espinha nasal posterior Mucosa da úvula Nervo vago Movimenta a úvula
Orbicular da boca Quase todo cutâneo; fóveas Pele e mucosa dos Comprime os lábios contra
incisivas da maxila e mandíbula lábios; septo nasal os dentes; fecha a boca;
protrai os lábios
Levantador do lábio superior Margem infra-orbital Lábio superior Levanta o lábio superior
Levantador do lábio superior Processo frontal Asa do nariz e Levanta o lábio superior e a
e da asa do nariz da maxila lábio superior asa do nariz (dilata a narina)
Levantador do ângulo da boca Fossa canina da maxila Ângulo da boca Levanta o ângulo da boca
Abaixador do ângulo da boca Base da mandíbula (da Ângulo da boca Abaixa o ângulo da boca
região molar ao tubér-
culo mentoniano)
Abaixador do lábio inferior Base da mandíbula, acima Lábio inferior Abaixa o lábio inferior
da origem do abaixador
do ângulo da boca
1.2.6 DEGLUTIÇÃO
palato mole, formam um diafragma bem fechado entre as partes nasal e oral da
faringe, ajudados pela contração das fibras mais superiores do constritor superior
da faringe. Desta maneira, o bolo alimentar fica impedido de adentrar a parte
nasal da faringe (MOORE, 1994; JOHNSON & MOORE, 1999).
“Se uma pessoa ri durante este estágio, os músculos do palato mole relaxam
e podem permitir a entrada de algum alimento na porção nasal da faringe. Nes-
ses casos, o alimento é expelido através do nariz, especialmente se for líquido”
(MOORE, 1994).
A faringe é levantada, junto com a laringe, pelos músculos estilofaríngeo e
palatofaríngeo de encontro à epiglote que, como já visto, se movimentam para
fechar a passagem de ar à laringe e evitar a invasão de fragmentos de comida.
Assim que o bolo alimentar chega à parte oral da faringe, pressiona certas
áreas mucosas, cuja inervação é estimulada para deflagrar reflexos. Iniciado o re-
flexo, os músculos constritores da faringe contraem-se uniforme e sucessivamente,
de cima para baixo, impelindo o bolo ao esôfago.
1.2.7 SUCÇÃO
1.2.8 FALA
Os sons são produzidos pela laringe (fonação) durante a expiração, mas mo-
dificam-se quando o ar passa pela boca e/ou pelo nariz. Durante a fala normal,
o ar escapa livremente pela cavidade da boca na produção das vogais. Mesmo
assim, o grau de abertura da boca determina maior ou menor ressonância da voz,
com variação do timbre. Este pode ser mais aberto ou mais fechado nas vogais,
definindo a entonação própria de cada uma delas.
Boca aberta totalmente, no entanto, inclui a elevação do palato mole; se
estiver abaixado, parte do ar é desviada pela cavidade nasal, provocando, como
efeito acústico, o tom anasalado da voz.
Ligeira e rápida obstrução do ar pelo palato mole ocorre na emissão de
consoantes. Contudo, maior obstrução é dada pela língua, dentes e lábios, verda-
deiros responsáveis pela produção das letras consoantes, com exceção do fonema
H. O impedimento temporário é breve, mas suficiente para a formulação das con-
soantes chamadas labiais ou bilabiais (M, P, B), labiodentais (F, V), linguodentais
(D, T), linguopalatinas (Z, Q, G).
Assim, o som é emitido quando o ar expelido passa pela laringe em fluxos
oscilantes (e não uniforme como na respiração normal) determinados pela adução/
abdução das pregas vocais em frequências variáveis e em maior ou menor volume,
pressão e rapidez, que regulam a sonoridade. Depois, o som é articulado por bar-
reiras naturais que se abrem ou se fecham acionadas pelos músculos do palato, da
língua, da boca e, obviamente, os músculos da mastigação. A estes músculos devem
ser adicionados os do tórax e da laringe, onde a fonação se inicia.
N. facial-intermédio (VII) Componente sensitivo - Sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua
N. glossofaríngeo (IX) Componente sensitivo - Somestésica: tonsila palatina, mucosa faríngea, base da língua
*Em razão de sua pequena participação na inervação da boca, a descrição do n. vago foi omitida deste texto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS